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África, o berço de uma humanidade desumana. BREVE HISTÓRIA DO CONTINENTE AFRICANO O continente africano é comumente conhecido como o berço da humanidade, isso porque foi lá que se desenvolveu aproximadamente 5 milhões de anos, um tipo de hominídeo que habitava o sul e o leste da África, o Australopithecus. Há cerca de 2 milhões de anos, esse hominídeo evoluiu para formas mais avançadas: oHomo habilis e o Homo erectus. Foi na África, portanto, que surgiram diversas culturas sofisticadas, ou seja, as primeiras civilizações que realizavam atividades como a criação de animais, a agricultura, e o uso dos metais. Da África, os indivíduos da espécie Homo começaram a se espelhar pelo mundo.A primeira grande civilização africana começou no vale do Nilo por volta de 5000 a.C. O reino do Egito desenvolveu-se e influiu nas sociedades mediterrâneas e africanas por milhares de anos. “Em primeiro lugar, o Egito foi uma das primeiras terras antigas a tecer os fios da civilização com uma cultura realmente marcante” (CASSON apud. SCHMIDT, 2006, p. 99). Entre o fim do século III a.C. e início do século I, Roma conquistou o Egito, Cartago e outras áreas do norte da África. O império dividiu-se em duas partes no século IV. Todos os territórios a oeste da Líbia continuaram pertencendo ao Império do Ocidente, governado por Roma, enquanto os territórios a leste, inclusive o Egito, passaram a fazer parte do Império Bizantino, sob o comando de Constantinopla. No século V, os vândalos conquistaram grande parte do norte da África e governaram até o século VI, quando foram derrotados pelas

ÁFRICA - o Berço de Uma Humanidade Disumana - TEXTO COMPLEMENTAR 5º ANO

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breve histórico sobre o continente africano

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África, o berço de uma humanidade desumana.

BREVE HISTÓRIA DO CONTINENTE AFRICANO

O continente africano é comumente conhecido como o berço da humanidade, isso porque foi lá que se desenvolveu há aproximadamente 5 milhões de anos, um tipo de hominídeo que habitava o sul e o leste da África, o Australopithecus.

Há cerca de 2 milhões de anos, esse hominídeo evoluiu para formas mais avançadas: oHomo habilis e o Homo erectus.

Foi na África, portanto, que surgiram diversas culturas sofisticadas, ou seja, as primeiras civilizações que realizavam atividades como a criação de animais, a agricultura, e o uso dos metais. Da África, os indivíduos da espécie Homo começaram a se espelhar pelo mundo.A primeira grande civilização africana começou no vale do Nilo por volta de 5000 a.C. O reino do Egito desenvolveu-se e influiu nas sociedades mediterrâneas e africanas por milhares de anos. “Em primeiro lugar, o Egito foi uma das primeiras terras antigas a tecer os fios da civilização com uma cultura realmente marcante” (CASSON apud. SCHMIDT, 2006, p. 99).

Entre o fim do século III a.C. e início do século I, Roma conquistou o Egito, Cartago e outras áreas do norte da África. O império dividiu-se em duas partes no século IV. Todos os territórios a oeste da Líbia continuaram pertencendo ao Império do Ocidente, governado por Roma, enquanto os territórios a leste, inclusive o Egito, passaram a fazer parte do Império Bizantino, sob o comando de Constantinopla.

No século V, os vândalos conquistaram grande parte do norte da África e governaram até o século VI, quando foram derrotados pelas forças bizantinas e a área foi absorvida pelo Império do Oriente. Os exércitos islâmicos invadiram a África em 623, depois da morte de Maomé, e rapidamente venceram a resistência bizantina no Egito.

A partir de suas bases no Egito, os árabes invadiram os reinos berberes do ocidente. Enquanto os berberes do litoral converteram-se ao islamismo, muitos outros se retiraram para os montes Atlas e o interior do Saara.

Os primeiros documentos da história da África oriental, que aparecem próximas do mar de Eritréia, descrevem a vida comercial da região e seus laços com o mundo fora da África. Imigrantes indonésios chegaram a Madagascar durante o primeiro milênio com novos produtos alimentares, sobretudo a banana, que foi logo introduzida no continente. Povos de fala banto, que se estabeleceram no interior, formaram reinos tribais e

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absorveram os povos bosquímanos e nilóticos.Os colonos árabes ocuparam a costa e estabeleceram cidades comerciais. No

século XIII, foram criadas algumas notáveis cidades-estados, voltadas para o mar, embora o seu impacto político sobre os povos do interior tenha sido mínimo até o século XIX.

O primeiro esforço contínuo dos europeus com relação à África só veio a partir de dom Henrique o Navegador, príncipe de Portugal. Depois de 1434, foram organizadas numerosas expedições e, em 1497-1498, Vasco da Gama contornou o cabo da Boa Esperança e chegou à Índia.

O comércio português atraiu os rivais comerciais europeus, que no século XVI criaram suas próprias feitorias e com o aumento do comércio de escravos para as Américas, as guerras pelo controle do comércio africano tornaram-se mais intensas. Durante os quatro séculos de tráfico de escravos, um número incalculável de africanos foi vítima desse comércio de vidas humanas.

Com o acúmulo de riqueza no século XIX houve a necessidade de conquistar novos mercados consumidores. Com isso ocorreu o Imperialismo, que foi a dominação dos países industrializados da Europa sobre países tidos como "atrasados" da África e Ásia.

O processo de independência das colônias em relação às metrópoles europeias é denominado historicamente como descolonização. Um dos fatos que mais favoreceu o processo de descolonização da África foi sem dúvida a Segunda Guerra Mundial que ocorreu na Europa entre 1939 e 1945. Como esse conflito armado que aconteceu no continente europeu o mesmo sofreu com a destruição e o declínio econômico.O enfraquecimento econômico e político de grande parte dos países europeus, especialmente aqueles que detinham colônias na África, foram aos poucos perdendo o controle sobre os territórios de sua administração.

ESCRAVIDÃO, UM GRANDE NEGÓCIO.

Quando os portugueses começaram a colonizar o Brasil, utilizaram o trabalho indígena, primeiro por meio de escambo, depois pela escravidão. Mas, diante dos obstáculos que encontravam para conseguir escravos índios, começaram a comprar escravos trazidos da África. Se os colonos tinham interesse em comprar escravos negros, maior interesse tinham os traficantes de vendê-los.

Desde os primeiros tempos da expansão portuguesa pelo litoral africano, século XV, os escravos negros estavam entre as mercadorias mais lucrativas. No início, os próprios portugueses atacavam as aldeias e capturavam os negros para vendê-los em Portugal.

Logo, porém, os traficantes começaram a estipular as guerras entre os diferentes reinos, comprando os prisioneiros dos vendedores ou de mercadores africanos.E, com o passar do tempo, algumas tribos africanas se especializaram na captura de escravos, trocando os cativos por produtos europeus e das colônias.

Como o tráfico de escravos africanos era muito lucrativo, mercadores de outros países da Europa procuraram entrar no negócio, por isso, portugueses, franceses, holandeses e ingleses muitas vezes disputaram o controle sobre os locais na África. No entanto, Antônio Risério destaca que:

A escravidão existia na África desde tempos imemoriais. Era uma realidade

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institucional, não somente exercida na prática, mas sancionada pelas leis e pelos costumes. Nos impérios do Mali e do Gao, escravos estabelecidos em colônias agrícolas cuidavam das grandes propriedades dos príncipes e dos ulemás, grupo islâmico da região de Gabu, oeste da África. (RISÉRIO, 2004, p. 63).

O tráfico de escravos não interessava apenas aos comerciantes: a Coroa portuguesa recebia 10% do valor desse comércio, e a própria Igreja justificava o trafico, já que os negros escravizados seriam convertidos ao catolicismo.

No decorrer do tempo, o tráfico foi crescendo. É difícil saber com certeza a quantidade de africanos que foram levados de sua terra pelos traficantes europeus. Calcula-se que esse número esteja próximo de 50 milhões de negros.

VIDA DE ESCRAVO.

Quando chegava da África, o negro se encontrava completamente solitário. Tinha sido brutalmente separado de sua família e de seu grupo e ia começar uma nova vida, a de escravo.

No Brasil, encontrava uma população dividida entre brancos, negros, mulatos e índios. Mesmo entre os africanos não encontrava amigos, nem solidariedade, pois geralmente não falavam a mesma língua, não compartilhavam os mesmos costumes ou a religião. Os colonos preferiam juntar negros originários de diferentes regiões da África, para evitar que eles se unissem o que poderia fortalecê-los.

Além disso, aqui no Brasil, o negro tinha dificuldade em constitui uma família, pois as mulheres negras eram em número muito menor do que os homens.Mesmo quando casados, os escravos não tinham a garantia de permanecer sempre com a família, porque seu senhor podia vendê-los separadamente, se assim o desejasse.

No final do século XIX, a quantidade de escravos alforriados aumentou. Muitos senhores concederam alforria porque preferiram contratar emigrantes europeus. Outros, porque combinaram com os ex-escravos para que eles ficassem e garantissem a colheita. Também houve os que libertaram porque realmente se sensibilizaram com o movimento abolicionista.

Mas muitos fazendeiros libertaram seus escravos por um único motivo: medo de morrer. As rebeliões, muitas vezes sangrentas, foram importantes argumentos para apressar a abolição, finalmente decretada no Brasil em 1888.

ALGUMAS HERANÇAS AFRICANAS

Os escravos vindos da África, inevitavelmente, deixaram suas marcas, imprimiram seus estilos de vida e enriqueceram o Brasil com sua cultura. Vejamos exemplos disso.

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CAPOEIRA

A capoeira é uma grande influência africana na cultura brasileira, ela chegou ao Brasil através dos escravos. No começo da colonização os portugueses traziam os escravos negros da África para vendê-los aqui.

A capoeira nasceu da luta dos negros. Eles trabalhavam nos engenhos contra sua vontade e aconteciam muitas fugas das senzalas.

Quando precisavam lutar era preciso usar o corpo, pois não tinham acesso às armas de guerra. Tinha vindo da África a tradição de uma luta chamada "dança das zebras", que é uma luta entre dois homens, disputando quem fica com a mulher para esposa.

Para combater durante as fugas, era preciso treinar os movimentos, e para isso os escravos tinham que se afastar dos engenhos e das minas. Eles iam se esconder em matos próximos às senzalas, essa vegetação tem o nome de capoeira, por isso o nome da luta. Mas nem sempre isso era possível. Nesse período da escravidão era muito comum que os escravos promovessem encontros festivos cantando e dançando.

Segundo LÍBANO, “podemos afirmar hipoteticamente que o nascimento da capoeira se deu nas grandes cidades do país, Salvador e Rio de Janeiro, ambiente propício, a partir de 1700. Mas as suas raízes se perdem na vastidão das savanas, berço da humanidade” (2004, p. 16).

CULINÁRIA AFRO-BRASILEIRA.

Nos engenhos de açúcar, para onde foram levadas, as cozinhas eram entregues às negras, pois, no começo, os colonizadores vieram sem suas mulheres. Responsáveis pela alimentação dos senhores brancos e com a necessidade de suprir sua própria demanda, os negros passaram a adaptar seus hábitos culinários aos ingredientes da colônia.

Na falta do inhame, usaram a mandioca; carentes das pimentas africanas usaram e abusaram do azeite-de-dendê, que já conheciam da África (as primeiras árvores vieram no começo do século XVI). Adeptos da caça incorporaram à sua dieta os animais a que tinham acesso: tatus, lagartos, cutias, capivaras, preás e caranguejos, preparados nas senzalas.

Da dieta portuguesa vieram, por exemplo, as galinhas e os ovos. Em princípio, eram dados apenas a negros doentes, pois se acreditava que fossem alimentos revigorantes. Aos poucos, a galinha passou a ser incluída nas receitas afro-brasileiras que nasciam como o vatapá e o xinxim, e que resistem até hoje, principalmente nos cardápios regionais.

Da dieta indígena, a culinária afro-brasileira incorporou, além da essencial mandioca, frutas e ervas. O prato afro-indígena brasileiro mais famoso é o caruru. Originalmente feito apenas de ervas socadas ao pilão, com o tempo ganhou outros ingredientes, como peixe e legumes cozidos. O acarajé, típico da cozinha afro-brasileira, mistura feijão-fradinho, azeite-de-dendê, sal, cebola, camarões e pimenta. A popular pamonha de milho, por sua vez, origina-se de um prato africano, o acaçá.

A vinda dos africanos não significou somente a inclusão de formas de preparo e

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ingredientes na dieta colonial. Representou também a transformação da sua própria culinária.

Vieram da África, entre outros, o coco, a banana, o café, a pimenta malagueta e o azeite-de-dendê. Sobre este, dizia Câmara Cascudo: “O azeite-de-dendê acompanhou o negro como o arroz ao asiático e o doce ao árabe” (CULINÁRIA Afrodescendente, 2009).

No Nordeste, são também populares o inhame, o quiabo, o gengibre, o amendoim, a melancia e o jiló.

Portanto, tanto os alimentos e ingredientes, quanto tudo que concerne da arte e cultura dos africanos que vieram para o Brasil na época da escravidão africana, durante o período de colonização, foi determinante para "explicar" o desenvolvimento da nossa cozinha brasileira e consequentemente a própria gastronomia afro-brasileira.··.

RELIGIÕES

Os negros trazidos da África na condição de escravo, geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, geralmente através de prática secreta.

Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras se formaram através do sincretismo religioso como o Batuque, Xambá e Umbanda.

Principalmente na Bahia onde o candomblé é muito comum, a presença das religiões africanas no Brasil é uma consequência do negócio escravo. Os escravos usados nos engenhos eram desembarcados principalmente na Bahia e em Pernambuco. Nos engenhos e nas minas havia manifestações da religião dos orixás. Nestas cerimônias, os negros faziam sacrifícios ou saudações aos orixás.

Estas manifestações só não eram proibidas porque os portugueses achavam que essas danças e festas eram apenas divertimento dos negros. Se os portugueses soubessem que essas festas faziam parte da religião dos negros seriam proibidas porque os escravos deveriam ser catequizados.

Um orixá seria um ser divino disfarçado de pessoa, com sua própria personalidade, uma bem diferente da outra.E ele, quando vivo teria poder sobre certas forças da natureza e algumas atividades com a pesca. Esse poder, depois que ele morre, se transmite por um momento para seu descendente, durante uma crise de possessão. Essa religião foi trazida pelos escravos e agora faz parte da cultura de lugares como a Bahia e Pernambuco.

FONTE: http://professor-josimar.blogspot.com.br/2010/06/africa-o-berco-de-uma-humanidade.html.