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Março de 2010 n° 121, ano X www.portaldocomercio.org.br CNC QUESTIONA METODOLOGIA DO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO PÁGINA 20 TERCEIRIZAÇÃO: EMPRESÁRIOS QUEREM MAIS DIÁLOGO PÁGINA 33 PROJETOS DE LEI NO CONGRESSO REDUÇÃO DOS JUROS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA DESENVOLVIMENTO DO TURISMO E ainda: AGENDA 2010

AGENDA 2010 · 2010-03-22 · nais foi a carta enviada à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ... Andréa Blois, Celso Chagas, Geraldo Roque e Joanna Marini Estagiária: Ana Luisa

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Março de 2010n° 121, ano X

www.por ta ldocomerc io.org.br

CNC QUESTIONA METODOLOGIA DO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHOpágina 20

TERCEIRIzAçãO: EMpRESáRIOS QUEREM MAIS DIáLOGOpágina 33

pROjETOS DE LEI NO CONGRESSO

REDUçãO DOS jUROS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA

REDUçãO DA CARGA TRIBUTáRIA

DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

E ainda:

AGENDA

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Agenda positivaChegou o mês de março, e o País, finalmente, parece voltar a sua velocidade

de cruzeiro. Isto significa a retomada das principais agendas e a necessidade

imperiosa de avançar em relação a alguns temas, sob pena de perdermos as

oportunidades que um mundo ainda em recuperação da crise está oferecendo.

A CNC reafirma seu compromisso histórico de representar os interesses do

comércio de bens, serviços e turismo, com o objetivo de que o setor possa se de-

senvolver e contribuir para que a sociedade e o País também se desenvolvam.

E, para chegar aos melhores resultados, um dos focos de atuação da Confede-

ração será a agenda legislativa, objeto da reportagem de capa desta edição.

É preciso muita atenção e cuidado com o tratamento dispensado a algumas

matérias por parte do Legislativo e do Executivo, principalmente se levarmos

em conta que estamos em ano eleitoral. Cabe aos representantes do setor em-

presarial ficar atentos à tramitação dos projetos de lei, para evitar que interes-

ses desconectados das necessidades do País e da sociedade prevaleçam e ga-

rantir que temas relevantes como a reforma tributária e previdenciária rece-

bam a atenção que merecem.

Um bom exemplo da atuação conjunta das confederações sindicais patro-

nais foi a carta enviada à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pedindo o

aprofundamento das discussões relativas à regulação dos contratos de ser-

viços terceirizados. Este é um tema importante demais para ficar sujeito a

voluntarismos ou a interesses de uma única classe.

Outro destaque desta edição é a posse de Antonio Airton Dias como novo

vice-presidente administrativo da CNC. Eleito por aclamação para o lugar

ocupado anteriormente pelo saudoso Flávio Sabbadini, Antonio Airton,

que é presidente da Fecomércio de Roraima, reafirma sua disposição de

ajudar a Confederação a “combater o bom combate”, como disse em seu

discurso de posse.

Boa leitura!

1CNC NotíciasMarço 2010 n°121 1

EDITORIAL

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Presidente: Antonio Oliveira Santos.

Vice-Presidentes: 1° – Abram Abe Szajman, 2° – Renato Rossi, 3° – Orlando Santos Diniz; Adelmir Araujo Santana, Carlos Fernando Amaral, José Arteiro da Silva, José Evaristo dos Santos, José Marconi M. de Souza, José Roberto Tadros, Josias Silva de Alburquerque, Lelio Vieira Carneiro.

Vice-Presidente Administrativo: Antonio Airton Oliveira Dias

Vice-Presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira.

Diretores: Antônio Osório; Bruno Breithaup; Canuto Medeiros de Castro; Carlos Marx Tonini; Darci Piana; Euclides Carli; Francisco Teixeira Linhares; Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante; Jerfferson Simões; Joseli Angelo Agnolin; Ladislao Pedroso Monte; Laércio José de Oliveira; Leandro Domingos Teixeira Pinto; Luiz Gastão Bittencourt da Silva; Marcantoni Gadelha de Souza; Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues; Norton Luiz Lenhart; Pedro Coelho Neto; Pedro Jamil Nadaf e Walker Martins Carvalho.

Conselho Fiscal: Hiram dos Reis Corrêa, Arnaldo Soter Braga Cardoso; Antonio Vicente da Silva.

CNC NOTÍCIASRevista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Ano X, nª 121, 2010

Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt

Assessoria de Comunicação (Ascom):[email protected]

Edição:Cristina Calmon (editora),

Luciana Rivoli Dantas (subeditor – Mtb 21622),

Redação:Andréa Blois, Celso Chagas, Geraldo Roque e Joanna Marini

Estagiária:Ana Luisa Alves e Fernanda Falcão

Design:Carolina Braga

Revisão:DA/CAA-RJ/Secretaria Administrativa – Beatriz Fontes

Impressão:Gráfica MCE

Colaboradores da CNC Notícias de março 2010: Simone Barañano (Fecomércio-RS), Catiúcia Ruas (SESC-RS), Silvia Bocchese de Lima (SESC-PR), Edith Afonseca, Renata Vizin e Guilherme Barroso (Apel/CNC), Humberto Figueiredo (CET/CNC), Márcia Leitão (Senac-DN), Marianne Lorena Hanson (DE/CNC) e Fábio Bentes (DE/CNC).

Créditos fotográficos: Carolina Braga (páginas 5, 14, 26, 32, 38 e 43); Cristina Bocayuva (páginas 7, 12, 14, 18, 19, 20, 35, 41, 50 e 51); Floriano Rios (página 11); Rodolfo Stuckert/SEFOT – Secom (página 13); Joanna Marini (páginas 16 e 22); Divulga-ção Fecomércio-RS (página 31); Thiago Cristino (página 37); Divulgação/SESC-DN (página 39); Guarim de Lorena (páginas 44 e 45); Divulgação/Êxito Eventos (página 48); Sergio Jr/CP Doc JB (3ª capa)

Ilustrações:Carolina Braga (capa, páginas 8, 23, 24, 27, 28, 29, 33 e 34)

Projeto Gráfico:Carolina Braga, Marcelo Almeida e Marcelo Vital

A CNC Notícias adota a nova ortografia.

CNC - BrasíliaSBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902PABX: (61) 3329-9500/3329-9501

CNC - Rio de JaneiroAv. General Justo, 307 CEP.: 20021-130PABX: (21) 3804-9200

Agenda CNC para 2010Entindade elabora agenda legislativa para defender interesses e necessidades dos empresários do setor terciário.

Capa

18Novo vice-presidente administrativo da CNCDiretoria elege o presidente do Sistema Fecomércio/SESC/Senac-RO, Antonio Airton Dias, para assumir a Vice-Presidência Administrativa da Confederação.

8

CNC NotíciasMarço 2010 n°12122

ErrataNa matéria da página 17 da edição de fevereiro (O ano da consolidação), a frase completa do 6º parágrafo é: “Na atual conjuntura econômica, as pesquisas da CNC mostraram que o consumidor ainda é capaz de se endividar”. No artigo Os juros do Banco Central, da mesma edição (pág.33), a frase correta no 16º parágrafo é: “Não se discutiu o grave problema da explosão demográfica, principal causa do empobrecimento e de grande parte da poluição”.

4 FIQUE POR DENTRO5 BOA DICA6 OPINIÃO8 CAPA - Ano novo, agenda nova

16 INSTITUCIONAL - 3ª reunião da Renalegis é realizada em Brasília - Balanço Renalegis

18 REUNIÃO DE DIRETORIA - Antonio Airton é o novo vice-presidente

administrativo da CNC - Metodologia do FAP e do RAT gera distorções

que prejudicam o empresariado - Fator Acidentário de Prevenção (FAP):

investimento em segurança e saúde ou mera fonte de receita

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S U M Á R I O

38Conselho de Turismo da CNC mostra seus resultadosDividido por macrotemas, Relatório de Atividades 2009 reproduz a metodologia das reuniões utilizada pelo órgão e aponta as perspectivas do turismo para 2010.

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44

Ignoradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego na definição da proposta para a regulação das terceirizações, as confederações

encaminharam carta à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Escola SESC de Ensino Médio inicia ano letivo com aula inaugural do senador Cristovam Buarque, assistida por estudantes de todo o Brasil.

Terceirização: empresários querem mais diálogo

De volta para o futuro

3CNC NotíciasMarço 2010 n°121 3

24 PESQUISA NACIONAL CNC - A intenção é manter o consumo - Famílias estão otimistas, mas juros podem frear consumo - ICF revela quadro favorável para o consumo, e região Norte

se destaca - Famílias com menos dívidas e mais condições de pagamento

31 PRODUTOS CNC - Emissão de certificados digitais ganha força na Fecomércio-RS - O papel das Federações e seus Multiplicadores no SEGS

33 SERVIÇOS - Terceirização: empresários querem mais diálogo - CBST debate a regulamentação da terceirização no Brasil

36 TURISMO - Lançamento dos Anais do XI CBRATUR - Deputada Raquel Teixeira assume a Presidência da CTD - Conselho de Turismo da CNC mostra seus resultados - Fórum Panrotas debate as tendências para o turismo - SESC Pantanal recebe embaixadores da União Europeia

40 ARTIGO - Conjuntura econômica - Os diversos gargalos dos portos nacionais

44 SISTEMA COMÉRCIO - De volta para o futuro - É possível - Eneac 2010 acontecerá em Natal, no Rio Grande do Norte - Pesquisa do Senac identifica demanda futura do setor do

comércio de bens, serviços e turismo

50 ACONTECEU

52 AGENDA

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Depois de Pão de Açúcar, Walmart, Sendas e Guanabara, foi a vez do Carrefour en-trar para o mundo dos supermercados online. Um ambiente beta, para os primeiros tes-tes, já está sendo operado pelos funcionários da rede e, até o final de março, deve ir ao

ar para o público externo. A decisão do grupo, li-derado por franceses, foi influenciada pelos bons resultados de alguns de seus concorrentes. A loja virtual do Walmart, por exemplo, já responde por 15% do faturamento da empresa no Brasil. Como primeira experiência, o delivery do Carrefour fun-cionará com certas limitações. Não será possível, por exemplo, comprar alimentos e materiais de limpeza, o foco serão eletrônicos, brinquedos e produtos para casa, assim como funciona o site do Walmart.

Carrefour.com

Encaixes práticos

A força das redes sociais

Quem não tem problemas na hora de organizar as coi-sas para viajar que atire a primeira pedra. São tantos cos-méticos, remédios e artigos de banho que a nécessaire, às vezes, ocupa mais espaço que as roupas. Pensando nisso, a marca Coza (www.coza.com.br), líder no mercado na-cional de utilidades plásticas com design, criou a linha Plug, composta por potes com capacidade de 6 ml e 30 ml, que podem ser conectados pela tampa, em tons variados, para atender a todos os gostos. Para quem vai passar al-guns dias fora de casa, os recipientes de plástico são ideais para shampoo, condicionador e cremes hidratantes. Outra opção é usá-los para armazenar condimentos ou mesmo para peças pequenas como pregos, botões e parafusos.

Elas se adaptam ao interesse, gosto musical e até aos investimentos pessoais. As comunidades online, ou redes sociais, são a febre da década. Enquanto, antes, eram taxadas de ambiente de nerds, hoje, quem não está em alguma delas é rotulado de ex-cluído digital. A edição de 30 de janeiro de 2010 da revista The Economist aborda, em sua matéria de capa, o mundo das redes e a permanência das comunidades virtuais na vida da população. Além de terem se tornado ferramentas de comunicação de massa, as redes sociais são o grande ambiente para troca de informações e de merchandising gratuito. Segundo pesquisa da Nielsen, desde fevereiro de 2009, as pessoas gastam mais tempo com comunidades virtuais do que com e-mails.

CNC NotíciasMarço 2010 n°12144

FIQUE POR DENTRO

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A Síntese da economia brasileira de 2009 – Edição comple-mentar, de autoria de Gabriel Luiz Gabeira, da Divisão Econômicada CNC, revela o comportamento de importantes agregados da economia brasileira e dos principais parceiros comerciais do País, evidenciando, a despeito da intensidade da crise internacional, os bons resultados que o Brasil vem obtendo no período.Traz tam-bém a análise dos principais indicadores da inflação, IPCA e INPC, as oscilações do comércio exterior, os problemas enfren-tados pelos fundos internacionais de investimentos e o acrés-cimo na dívida externa, todos referentes ao ano que passou. A publicação, recém-lançada, conta com 73 tabelas contendo da-dos do comércio retirados de fontes oficiais, que servem de fer-ramenta para empresários, analistas e estudiosos da economia.

CNC lança complemento da Síntese da economia brasileira 2009

Uma grande quebra de paradigma é o que o geólogo Geraldo Luís Lino faz, corajosamente, na obra A fraudedo aquecimento global – Como um fe-nômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. Nas 160 páginas que compõem a publicação, o autor expõe argumentos que ajudam o leitor a desenvolver uma opinião crí-tica sobre o assunto. Ele afirma que o aquecimento global supostamente cau-sado pelo homem está sendo manipula-do para converter a atividade científica em um processo de “assembleia de con-senso”, já que as mudanças climáticas são fenômenos naturais que ocorrem há centenas de milhões de anos e contra as quais a humanidade pouco pode fazer. Ainda declara que não há qualquer evi-dência científica concreta que vincule os combustíveis fósseis aos aumentos de temperatura ocorridos desde o final do século XIX e que os níveis do mar já foram mais altos que os atuais.

Publicado pela editora Senac Rio, o caderno Moda + Visão inverno 2010,organizado pela jornalista, pesquisa-dora e professora do Centro de Moda do Senac Rio, Iesa Rodrigues, traz a moda para a próxima estação. Após frequentar grandes desfiles interna-cionais e realizar um amplo estudo sobre as tendências para 2010, a au-tora adianta, por meio de uma aborda-gem prática e divertida, os looks, as cores, as estampas e as texturas que estarão em alta na próxima estação. As rendas e os veludos; as fibras e cores naturais; a irreverência dos íco-nes do rock e a inspiração nas cartas do baralho e nos jogos dão o tom das roupas e dos acessórios para homens, mulheres e crianças.

Argumentos sobre o clima

Tendências para o inverno 2010

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BOA DICA

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O Mercosul que emerge do Tratado de Assunção é, em essência, uma união aduaneira na qual, no seu

interior, se pratica o livre comércio e uma política comercial comum. Não cabe aqui reconstituir todo o histórico das negocia-ções consubstanciado em tratados que, a partir da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), desaguaram no Mercosul. Mas cabe, sim, indagar se este é o melhor momento para o ingresso da Ve-nezuela nessa união aduaneira.

Como é sabido, a Venezuela postula-va sua entrada no Mercosul desde 2006, o que dependia da aprovação dos congressos nacionais dos países membros. O Senado Federal brasileiro aprovou, recentemente, a pretensão venezuelana, sendo oportuno lembrar o argumento lançado pelo senador Pedro Simon, uma das melhores presenças naquela casa do Congresso, qual seja o de que tal aprovação tinha o condão de não isolar a Venezuela do resto do subconti-nente. Resta, contudo, para que o ingresso desse país no Mercosul se efetive, a apro-vação do Paraguai.

A indagação se justifica pela clara de-terioração da situação econômica da Vene-zuela, refletida na taxa de inflação de 25%, a mais alta dentre os países da América

do Sul, combinada com um retrocesso no PIB de 2,5%. Com uma balança comercial comprometida pela má-condução da polí-tica econômica, Hugo Chávez recorre ago-ra a um sistema dual de taxas de câmbio, na esperança de uma correção de rumo. A relação bolívar/dólar passa de 2,15 para 2,60, significando uma desvalorização de 17%, para os bens considerados essen-ciais, e um dólar passará, numa desvalori-zação de 50%, para 4,30, no caso dos bens supérfluos. O impacto dessas medidas terá um efeito mediato sobre a balança comer-cial, mas o efeito imediato será, certamen-te, inflação ainda mais alta do que a atual.

Hugo Chávez pretende colocar a “tropa nas ruas”, para evitar que os em-presários se aproveitem da situação, remarcando o preço das mercadorias compradas antes da desvalorização. É o velho argumento da realização de lucros abusivos, no desconhecimento de que a reposição dos estoques terá de ser feita a preços novos, em bolívares, que terão de incorporar a desvalorização, para que não haja desabastecimento.

Inevitavelmente, a experiência vene-zuelana de hoje traz à nossa memória o sis-tema de taxas múltiplas de câmbio, adotado no Brasil, em 1953, como resposta a uma

A Venezuela e o Mercosul

CNC NotíciasMarço 2010 n°12166

OPINIÃO

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Antonio Oliveira SantosPresidente da Confederação Nacional do

Comércio de Bens, Serviços e Turismo

intensa crise cambial, quando Oswaldo Aranha era ministro da Fazenda e Marcos Souza Dantas, diretor da Superintendência da Moeda e Crédito (SUMOC). Na famosa Instrução 70, havia cinco categorias de ta-xas, determinadas em função da essencia-lidade dos bens, e a compra da moeda es-trangeira se realizava na Bolsa de Valores. Vale notar que, contrastando com a expe-riência venezuelana de hoje, no caso brasi-leiro, o procedimento era um simulacro de regime de mercado, na medida em que as taxas das diferentes categorias resultavam, a cada leilão, de um jogo de oferta e pro-cura por moeda estrangeira. Nosso sistema de taxas múltiplas durou oito anos e, em-bora tenha representado, através dos ágios dos leilões, alentada contribuição à receita fiscal, nem por isso manteve as contas pú-blicas em boa ordem.

A nova política cambial da Venezue-la remete-nos ao passado, mas os tempos atuais são de prevalência do regime de ta-xas flutuantes de câmbio, ainda que os ban-cos centrais possam interferir na flutuação, refletindo um sistema conhecido como dirty float. O regime dual de taxas, em vigor na Venezuela, contraria a tendên-cia mundial, na direção da liberdade do mercado de câmbio.

O balanço de comércio, entre Brasil e Venezuela, foi, em 2009, amplamente fa-vorável ao nosso País. Dos 2,7 bilhões de dólares exportados, menos de 20% foram usados para importações de origem ve-nezuelana. Neste ano, a pauta brasileira de exportação ficará mais restrita e, em contraposição, derivados do petróleo se-rão importados a melhores preços, cotados em dólar.

Em resumo: a reforma cambial da Ve-nezuela resulta das distorções na adminis-tração dos abundantes recursos gerados pelo petróleo, que poderiam ter prevenido o descontrole do balanço de comércio e das contas públicas. Os 11 anos de Hugo Chávez no poder resultam numa queda de 90% no valor da moeda nacional, embo-ra nesse período o preço do petróleo tenha aumentado oito vezes. Com o alto preço do petróleo, foi possível ao governo da Vene-zuela manter elevados gastos sociais, mas insuficientes para resolver questões bási-cas do abastecimento e da oferta de ener-gia elétrica, assim como a deficiência nos transportes e noutros serviços essenciais. Fica patente como a desvalorização está em descompasso com um mínimo de harmo-nização, que é o pressuposto do Mercosul, como União Aduaneira.

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OPINIÃO

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CNC NotíciasMarço 2010 n°12188

CAPA

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Ano novo, agenda nova

Representatividade, para a Con-federação Nacional do Comér-cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é mais que uma palavra. É um compromisso com o setor que engloba cerca de 5 milhões de empreendedores de todo o Brasil e gera aproximadamente 20 mi-lhões de empregos diretos. Tama-nha responsabilidade requer uma agenda de trabalho planejada e organizada conforme as priori-dades e posicionamentos do Sis-tema Comércio. A exemplo dos últimos 65 anos, porém alinhada aos novos tempos, a agenda de trabalho da CNC será extensa em 2010. Afinal, para permanecer na rota de crescimento e desen-volvimento dos últimos anos, o

Brasil precisa de reformas: po-lítica, tributária, previdenciária. É preciso baixar os juros, um dos mais altos do mundo, aumentar a competitividade das empre-sas nacionais... Enfim, é preciso aparar arestas, promovendo me-lhores condições para o pleno desenvolvimento do setor produ-tivo, que, indo bem, gerará mais emprego, renda e riquezas. Como um organismo vivo, a CNC se movimenta para promover o co-mércio e defender suas bandeiras e, tendo como norte o seu plano estratégico, chegar ao consenso por meio da articulação e do diá-logo – seja com o próprio empre-sariado, com o Governo ou com a sociedade organizada.

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CAPA

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Atenta à sua missão de assegurar às empresas do setor terciário as me-lhores condições para gerar resul-

tados positivos e desenvolver a sociedade, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) elabo-rou uma extensa agenda de trabalho para 2010. Além do fortalecimento do Sistema Comércio, com a solidificação dos produ-tos disponibilizados pela Entidade às fe-derações e sindicatos filiados, ela realizará também, no âmbito legislativo, um amplo monitoramento das proposições ligadas aos interesses do setor terciário. Bancos de dados de proteção ao crédito, redução da jornada de trabalho, alterações no Estatuto das Micro e Pequenas Empresas, criação do Serviço Social do Turismo e do Servi-ço Nacional de Aprendizagem do Turismo estão entre as batalhas futuras.

A Diretoria da CNC tem participado ativamente, contando com o envolvimen-to direto dos presidentes das federações do comércio, nas ações de representação institucional e defesa dos interesses le-gítimos do comércio. “A existência de uma Agenda Legislativa é fundamental nesta entidade, que trabalha em função da defesa dos legítimos interesses do setor do comércio de bens, serviços e turismo”, resume Gil Siuffo.

Para o presidente Antonio Oliveira Santos, o Brasil venceu em 2009 a crise que abateu a economia mundial. “Agora é importante estar atento aos problemas tra-dicionais que afligem, permanentemente, a vida dos brasileiros, como a taxa de juros básica mais alta do mundo, a taxa de câm-bio supervalorizada, a falta de verbas para investimentos em infraestrutura, o dese-quilíbrio fiscal que alimenta a dívida inter-na e responde pela carga tributária sem pa-ralelo entre os países emergentes”, afirma.

Para operacionalizar o trabalho de ação parlamentar, a CNC conta com a equipe da Assessoria junto ao Poder Legislati-vo (Apel), composta por 14 profissionais competentes, entre assessores, analistas e técnicos. O trabalho do grupo é promover o estreitamento das relações entre parla-mentares e executivos do Sistema Comér-cio, fazendo com que deputados e senado-res conheçam a fundo o trabalho realizado pela Entidade em prol do desenvolvimento da atividade terciária, o que inclui as ações desenvolvidas pelo SESC e pelo Senac, os braços de desenvolvimento social e qualificação profissional do Sistema. Criadas há mais de 60 anos, as duas en-tidades estão presentes em todos os esta-dos do País, levando educação e saúde e proporcionando lazer a famílias de comer-ciários e populações carentes das regiões em que atua.

Atualmente, mais de 15 mil proposi-ções legislativas em tramitação no Senado e na Câmara dos Deputados são acom-panhadas pela Assessoria Legislativa da CNC. Algumas são de interesse geral da sociedade, como a que altera o Sistema Tributário Nacional (PEC 31/2007), a que propõe a criação de bancos de dados de proteção ao crédito (PL 836/2003) ou a que cria a Contribuição Social para a Saúde, uma nova contribuição financei-ra, nos moldes da CPMF (PLP 306/2008). Outras, como as relacionadas às relações trabalhistas, são mais afetas aos empresá-rios, mas geram impactos também nos tra-balhadores, como a que estabelece novos critérios para o reajuste ou correção sala-rial nos acordos e convenções coletivas do trabalho (PL 557/2007). E há, também, projetos específicos, como os relativos à organização sindical, ao SESC e ao Senac, à economia e ao sistema tributário.

Uma agenda de compromissos com o comércio

CNC elabora agenda legislativa para defender interesses e necessidades dos empresários do setor terciário

CNC NotíciasMarço 2010 n°1211010

CAPA

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As novas bandeiras no Congresso Nacional

Para 2010, a Agenda Legislativa da CNC prevê um trabalho ainda mais inten-so do que o realizado em 2009, ano em que obteve inúmeras vitórias a favor da sociedade e dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo. O documento-base sobre o qual a CNC trabalhará inten-samente contém 29 projetos considerados prioritários e está dividido em cinco tópi-cos: Interesse Geral; Organização Sindi-cal; Relações Trabalhistas; SESC e Senac; e Economia e Sistema Tributário.

Proposições de interesse geral

O primeiro capítulo, onde os projetos de lei em tramitação na Câmara dos De-putados foram agrupados como sendo de “interesse geral”, inclui nove proposições legislativas. Uma das principais bandei-ras da CNC é a derrubada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/1995, de autoria do deputado Inácio Arruda (PCdoB-CE), que pretende alterar os incisos XIII e XV do artigo 7º da Constituição Federal para reduzir a jornada de traba-lho para 40 horas semanais e aumentar de 50% para 75% a remuneração paga ao funcionário por serviço extraordinário. Para a Entidade, a medida, que aguarda votação no plenário da Câmara dos De-putados, onera o contrato de trabalho, já que propõe a diminuição da jornada sem a possibilidade de reduzir a remuneração, podendo gerar uma onda de demissões em massa no País. “A proposição não alcançará o resultado pre-tendido. Ao contrário, encare-cerá o custo da mão de obra, gerando fechamento de postos e demissões”, afirma o chefe da Divisão Sindical da CNC, o advogado Dolimar Pimentel. A opinião é compartilhada por outras entidades. No dia 10 de março, Gil Siuffo, Antonio Air-ton Dias, Laércio de Oliveira e Jerfferson Simões, acompa- nhados dos presidentes das demais confederações patro-

nais, reuniram-se com o deputado Michel Temer, presidente da Câmara, em Brasília, para conversar sobre o assunto, argumen-tando que a medida, se adotada, traria pre-juízos para os próprios trabalhadores.

O Projeto de Lei (PL) 4.302/1998, de autoria do Poder Executivo, que pretende regular a atividade de terceirização, tam-bém será acompanhado pela CNC, que é totalmente favorável ao parecer do relator da matéria, deputado Sandro Mabel.

Outra proposta a ser monitorada é o PL 836/2003, do deputado Bernardo Aris-ton, que possibilita a criação de bancos de dados de proteção ao crédito, com infor-mações de adimplemento do cadastrado. A CNC é favorável à proposta, que aguarda parecer do senador Marco Maciel (DEM-PE) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, com algumas ressalvas – entre elas o prazo estipulado para o arquivamento das informações dos consumidores. Para Zampieri, “tal como está, a proposta reduz a proteção atualmente existente para os comerciantes, no que con-cerne às informações de inadimplemento de seus consumidores, já que as veda quando puder impedir ou dificultar o crédito”.

A PEC 31/2007, de autoria do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que altera o Sistema Tributário Nacional, unificando a legislação do ICMS, também será monito-rada pela CNC. A Entidade aprova, com algumas ressalvas, a proposta de Refor-

Gil Siuffo e Antonio Airton, em reunião com Michel Temer: redução da jornada trará desemprego

11CNC NotíciasMarço 2010 n°121 11

CAPA

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ma Tributária, que tramita na Comissão Especial de Reforma Tributária (Cesp) e aguarda a apreciação do parecer do de-putado Sandro Mabel (PR-GO). Segundo a Apel, o substitutivo da Cesp apresenta melhorias em relação ao nosso Sistema Tributário atual, como a redução do nú-mero de tributos e a unificação da legis-lação do ICMS, a desoneração da folha de salários e a desoneração das exportações, com o recolhimento do ICMS no Estado de destino e a transferência a terceiros de saldos credores de ICMS e IVA-F após a implantação do Sistema Público de Escri-turação Digital (SPED). Mas, na opinião do consultor jurídico da CNC, Cid Hera-clito de Queiroz, a proposta não deve ser votada este ano e ainda não é a ideal: “Este projeto de reforma não reduz a carga tribu-tária e nem a burocracia fiscal. Além disto, não contribui para a competitividade dos produtos industrializados brasileiros no mercado externo”, afirma.

Organização sindical

Três projetos de lei destacam-se no capítulo da Agenda Legislativa da CNC destinado ao tema Organização Sindi-cal. O primeiro deles é o PL 3/2007, que acrescenta o § 4º ao artigo 13 da Lei Com-plementar nº 123, de 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, mantendo o pagamento da contribuição sindical pa-tronal das empresas classificadas nesta categoria. A CNC é favorável ao projeto, que reinsere a contribuição sindical no rol das obrigações das micro e pequenas em-presas. De autoria do deputado Antonio Carlos Thame (PSDB-SP), o projeto tra-mita na Comissão de Trabalho, Adminis-tração e Serviço Público, aguardando a apreciação do parecer favorável do depu-

tado Sandro Mabel. A criação da Contribuição Assistencial,

destinada a financiar a negociação coletiva e outras atividades sindicais, a ser descon-tada compulsoriamente de todos os traba-lhadores e servidores membros da categoria profissional, sindicalizados ou não, abor-dada no Projeto de Lei do Senado (PLS) 248/2006, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), também está entre as proposições a serem acompanhadas pela CNC, que de-fende o projeto, desde que preveja os mes-mos benefícios da contribuição assistencial às atividades sindicais patronais.

A CNC também acompanhará o PL 5.239/2009, do deputado Carlos Be-zerra, que altera o artigo 605 da CLT para determinar que as entidades sindicais serão obrigadas a promover a publicação de um edital relativo ao recolhimento da contri-buição sindical no Diário Oficial da União, do Estado ou em um jornal de grande cir-culação local em até 10 dias da data fixada para o depósito bancário.

Relações trabalhistasNa área de relações trabalhistas, um dos

principais projetos que merecerão a aten-ção da CNC é o PL 557/2007, de Tarcísio Zimmermann (PT-RS), que estabelece cri-térios para reajuste ou correção salarial nos acordos e convenções coletivas do traba-lho, proibindo que as cláusulas já vigentes sejam suspensas, reduzidas ou suprimidas

Cid Heraclito: projeto de reforma tributária

ainda não é o ideal

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antes de novo acordo, convenção ou con-trato coletivo de trabalho. Para a CNC, a proposta desvirtua o caráter das normas coletivas, desmotivando o empregador, ao conceder benefícios que pretendem criar durante determinado lapso de tempo, o que acabará prejudicando o próprio emprega-do. Para o assessor da CNC Enio Zampie-ri, a garantia de vigência dessas normas até que sobrevenha novo instrumento coletivo colocará fim às negociações, já que as en-tidades de empregados não terão nenhum interesse em negociar quaisquer benefícios concedidos transitoriamente, o que preju-dicará claramente o entendimento entre as partes. Outro projeto a ser monitorado é o PLP 8/2003, que pretende regulamen-tar o inciso I do artigo 7º da Constituição Federal, protegendo a relação de em-prego contra a despedida sem justa cau-sa. Contrária ao projeto, a CNC argu-menta que a estabilidade proposta pela matéria é incompatível com a Constituição Federal, visto que esta proteção já está assegurada por meio do pagamento da in-denização compensatória.

SESC e SenacTramita na Comissão de Assuntos Eco-

nômicos (CAE) do Senado dois dos prin-cipais projetos que serão monitorados pela CNC ao longo do ano. O primeiro deles é o PLS 131/2001, de autoria do senador Ge-raldo Althof (PFL-SC), que prevê a cria-

ção do Serviço Social da Saúde (Sess) e do Serviço Nacional de Aprendizagem na Saúde (Senass). O Sistema CNC-SESC-SENAC é contrário à aprovação do pro-jeto, já que as novas entidades não teriam condições de prestar os serviços que já são oferecidos pelo SESC e pelo Senac nesta área. “Provavelmente, seriam novos Sescoop, que hoje dependem de convênios com o SESC e o Senac para desenvolver algumas atividades para os trabalhadores”, afirma Enio Zampieri, referindo-se ao Ser-viço Nacional de Aprendizagem do Coope-rativismo, criado em 1998 e integrante do Sistema Cooperativista Nacional.

O Senac, do Sistema Comércio, ofe-rece mais de 50 tipos de cursos na área de saúde, com cerca de 100 mil matrícu-las realizadas por ano. A entidade pos-sui 300 unidades de educação profis-sional polivalentes, 414 laboratórios e salas-ambiente dedicadas à saúde, um campus universitário exclusivo para cur-sos nesta área, 12 carretas-escola e, ainda, uma balsa-escola, que atinge as regiões mais distantes do Amazonas, em que não há acesso por meio de automóvel. Presente em todos os Estados, o SESC atendeu, em 2008, 15 milhões de pessoas em todo o Brasil.

Também tramita na CAE, aguardan-do a apreciação do parecer do senador César Borges (DEM-BA), o PLS 174/ 2009, do senador Leomar Quintanilha

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(PMDB-TO), que pretende criar o Servi-ço Social do Turismo (Sestur) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Turismo (Senatur). Para a CNC, que há mais de 60 anos representa o turismo, por meio do SESC, a criação de novos serviços sociais neste segmento representa um retrocesso. “É improvável que, com a sua arrecada-ção setorial, duas novas entidades consi-gam montar, em todo o País, uma estru-tura tão dinâmica, eficiente e abrangente como a do SESC e do Senac”, afirma Gil Siuffo, vice-presidente financeiro e de Relações Institucionais da CNC. O SESC possui uma rede extra-hoteleira forma-da por 42 meios de hospedagem, 4,8 mil unidades habitacionais e 15 mil leitos, além de duas estâncias ecológicas (SESC Pantanal, no Mato Grosso, e SESC Tepe-quém, em Roraima), o que garantiu, em 2008, por exemplo, 2,9 milhões de aten-dimentos/ano, 1,42 milhão de turistas e 5 mil excursões e passeios. Já o Senac garante o acesso à educação profissional de qualidade a mais de 2 milhões de bra-sileiros por ano, em seus 305 centros de

educação profissional, cinco unidades espe-cializadas em turismo e hospitalidade, três faculdades com cursos regulares de turismo, seis hotéis-escola, 13 restaurantes-escola, duas confeitarias-es-cola, 21 carretas-esco-la e uma balsa-escola.

A perda de uma es-trutura deste porte tra-ria graves consequên- cias para os traba-lhadores do comér-cio, seus familiares e populações dos mu-

nicípios do entorno das unidades. Pen-sando nisso, além do trabalho político, a Assessoria de Turismo e Hospitalidade (Astur) da CNC, a cargo do executivo Eraldo Alves da Cruz, compilou em um documento o que chamou de “bandeiras do turismo para 2010”. Nele estão lista-das todas as ações que serão tomadas pela Câmara Empresarial de Turismo (CET), coordenada pelo empresário Norton Lenhart, pelo Conselho de Turismo (CTur), chefiado por Oswaldo Trigueiros, e pela própria Astur. O grupo pretende mostrar, por meio de ações junto a órgãos governa-mentais e empresariais, o quão compromis-sado o Sistema CNC-SESC-SENAC está com o desenvolvimento do turismo nacio-nal, consolidando assim a sua liderança no setor. Entre as pautas prioritárias dos exe-cutivos do Sistema Comércio, destacam-se, no âmbito interno, a instalação de câmaras empresariais de turismo nos Estados, e o desenvolvimento de pesquisas para iden-tificar as principais demandas do setor; no âmbito externo, a promoção da atividade como produto de exportação, a promoção do turismo social no País e, ainda, a pre-paração do Brasil para o recebimento de eventos de porte mundial, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Economia e Sistema TributárioNo capítulo Economia e Sistema

Tributário, a CNC lista uma série de pro-posições legislativas de interesse dos empresários do comércio. Entre elas, des-

Eraldo Alves: pesquisas

para identificar as principais

demandas do turismo

Norton Lenhart, presidente da Câmara

Empresarial de Turismo da CNC

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taque para o PL 4.804/2001, do deputa-do Edinho Bez (PMDB-SC), que preten-de regulamentar a atividade da empresa de emissão de cartões de crédito. “Esta iniciativa daria mais transparência ao negócio dos cartões, o que inclui as ta-xas cobradas dos comerciantes e con-sumidores”, afirma o chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, acrescentando que recen-temente o Congresso americano aprovou um projeto regulamentando a questão. “Lá, as novas regras limitam inclusive a liberdade de fixação de taxas, por parte dos bancos emissores de car-tões, sem que os clientes sejam infor- mados antecipadamente”, complementa.

O PLS 371/2007, do senador Gerson Camata (PMDB-ES), que dispõe sobre a sustação de cheques, também está na pauta de prioridades da Entidade em 2010. A matéria, que pro-põe restringir a prática da susta-ção indevida de cheques, bloqueando o valor do cheque sustado na conta-corrente do titular até a comprovação dos motivos da sustação, tramita na

CCJ, aguardando parecer do senador Antonio Carlos Junior.

O PL 2719/2007 é outra bandeira da CNC para 2010. De autoria do deputado Eduardo Fonte (PP-PE), pretende alte-rar a legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), elevan-do de 30% para 60% o limite máximo para a compensação de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa, apurados em períodos anteriores, para fins de determinação do lucro real e da base tributável da CSLL.

Outro projeto na pauta de priorida-des do Sistema CNC-SESC-SENAC é o PLS Complementar 219/2008, do sena-dor Demóstenes Torres (DEM-GO), que pretende alterar a legislação que trata do sigilo das operações de instituições finan-ceiras, assegurando ao Ministério Público o acesso a informações contábeis, fiscais e bancárias de pessoas físicas e jurídicas sem prévia autorização judicial. A CNC é contrária à aprovação da matéria, que tramita na CCJ, aguardando parecer do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

SIP, uma ferramenta estratégica para geração e troca de conhecimentoPara garantir a excelência na defesa do

setor terciário, a Apel trabalha com o auxí-lio de um software desenvolvido especial-mente para o acompanhamento das pro-posições legislativas: o SIP, ou Sistema de Informações Parlamentares, que fornece a federações e sindicatos filiados à CNC, via internet, mediante senha de acesso, infor-mações completas sobre todos os projetos de lei ligados direta ou indiretamente ao se-tor terciário, na Câmara dos Deputados e no Senado, incluindo status de sua tramitação, análise sobre cada projeto – se benéfico ou não para o comércio –, ações parlamentares já tomadas e estratégias relacionadas às in-formações legislativas.

Implementado em novembro de 2003, o SIP demonstrou resultados tão bons que gerou a demanda pela criação de versões regionais. Assim, a Apel desenvolveu o Projeto de Implantação das Assessorias Le-

gislativas (IAL), que tem como objetivo aprimorar a atividade de monitoramento e intervenção às proposições legislativas. A ideia é implementar ou criar departamentos nas federações nacionais e estaduais para realizar este trabalho. Atualmente, cinco federações do comércio realizam o acom-panhamento de projetos de lei estaduais (Ceará, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo) e outras 12 estão em fase de implementação (Acre, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Cata-rina). Juntas, elas formam a Rede Nacional de Assessorias Legislativas do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Renalegis), que se reúne mensalmente para discutir o trabalho de todos e gerar conhecimento legislativo para subsidiar as entidades do Sistema em sua tomada de decisões.

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Com o objetivo de reunir as fede-rações do comércio em torno dos temas legislativos, a Confedera-

ção Nacional do Comércio de Bens, Ser-viços e Turismo (CNC) realizou no dia 2 de março, com apoio da Assessoria junto ao Poder Legislativo (Apel), a 3ª Reunião Geral Ordinária da Renalegis, na sede da CNC, em Brasília. Participa-ram da reunião representantes de federa-ções regionais e nacionais.

Entre os principais pontos da progra-mação, a Apel apresentou a estrutura da Renalegis e prestou conta das proposi-ções selecionadas como de maior inte-resse do setor no ano passado, que foram acompanhadas pelo grupo, em todas as regiões do País.

A Apel sugeriu ao grupo a constru-ção da chamada Agenda de proposições para 2010, listando 29 projetos de lei que serão enviados aos componentes da rede, para que estes opinem sobre a importân-cia ou não do acompanhamento pelas as-sessorias das federações.

Foi reforçada a aten-ção às sugestões e aos projetos apresentados, para que sejam repas-sados ao conhecimento dos respectivos presi-dentes, a fim de se ob-ter o posicionamento de cada federação.

O grupo ainda rea- lizou debate sobre a nova composição das comissões da Câmara dos Deputados e de-cidiu interagir com os

3ª Reunião da Renalegis é realizada em Brasília

Com o volume crescente de trabalho, CNC promove mais um encontro da rede Renalegis, com a presença de

federações do comércio de todo o País

deputados, no sentido de aproximá-los do Sistema e sensibilizá-los sobre as ques-tões de real importância no setor empre-sarial do comércio e que afetam a socie-dade como um todo.

Durante a abertura, Roberto Velloso, chefe da Apel, apresentou aos presentes a agenda de eventos da Apel, em 2010. Nela, estão incluídos os lançamentos das publicações de eventos realizados no ano passado, como: O XI CBRATUR e o Programa Nacional de Educação (PNE), além da visita técnica ao SESC Pantanal e a Semana do Turismo, entre outros.

Estiveram presentes representantes de 20 entidades e federações, entre elas três nacionais: a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), a Fede-ração Nacional dos Despachantes Adu-aneiros (Feaduaneiros) e a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Ba-res e Similares (FNHRBS); e 27 fede-rações regionais de 17 Estados, além do Senac-DN e do SESC-DN.

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INSTITUCIONAL

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Balanço RenalegisO chefe da Asessoria junto ao Poder Legislativo (Apel), Roberto Velloso, fala sobre a Rede Nacional de Assessorias Legislativas do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Renalegis) e registra os pontos positivos do trabalho conjunto com as federações ligadas à CNC.

Há quanto tempo existe a Renalegis?A Renalegis é fruto dos Encontros das Assesso-

rias junto ao Poder Legislativo. O I Encontro acon-teceu em maio de 2006, com a participação de re-presentantes das federações do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e do Paraná, para um trabalho piloto. O objetivo inicial foi apresentar os trabalhos desenvolvidos pela Assessoria Legislativa da CNC e discutir novas técnicas de trabalho para o moni-toramento de ações parlamentares a serem imple-mentadas nas Assessorias Legislativas estaduais. O II Encontro foi realizado em setembro de 2008, na sede da CNC, em Brasília, e contou com a participa-ção de representantes e técnicos das 34 federações integrantes do Sistema CNC. O objetivo era difun-dir e nivelar conhecimentos sobre a cultura legisla-tiva em todo o Sistema CNC, incentivar a criação de Assessorias Legislativas em âmbitos estadual, mu-nicipal e distrital, e formar uma rede de articulação interinstitucional focada na defesa e promoção dos interesses empresariais e coletivos do comércio de bens, serviços e turismo.

Com que objetivo foi criada?A Renalegis foi criada com o objetivo oferecer

um ambiente democrático para troca de experiên-cias e discussão de determinadas iniciativas legisla-tivas entre todas as entidades integrantes do terceiro setor, de forma a aproximar as federações não só na tomada de decisão como também das bancadas parlamentares de seus respectivos Estados, para que transmitissem, diretamente, o posicionamento e as demandas dos representantes do comércio.

Que resultados conseguiu até aqui? Atualmente, a Renalegis acompanha e discute

11 proposições legislativas, distribuídas em alguns temas de interesse das federações. Um deles é o PL 774/2003, do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que dispõe sobre o adiamento dos feriados. A Fe-comercio de São Paulo intermediou o parecer do deputado Milton Monti (SP) e o contato dos demais

representantes da Renalegis com os respectivos membros da CCJC em seus Estados. A proposta foi incluída na pauta da comissão, e a matéria foi aprovada de acordo com os interesses da CNC e das federações filiadas.

Qual a sua avaliação deste trabalho?Extremamente positiva, pois há ampla partici-

pação das entidades e federações filiadas, exata-mente por conceberem que tal iniciativa fortalece a atuação de todo o Sistema na defesa dos interesses do comércio de bens, serviços e turismo; além de consolidar a representatividade das entidades junto aos Poderes Legislativos federal, estadual e muni-cipal. Outro ponto positivo que merece destaque é a profissionalização e a estruturação de assessorias legislativas nas federações que não possuíam qual-quer tipo de acompanhamento ou envolvimento no processo legislativo, seja no âmbito federal, seja no estadual ou municipal.

Existem novos projetos para a Renalegis?Sim. Na 3ª Reunião Ordinária da rede, o

grupo decidiu pela inclusão de 29 proposições para o debate, dividido em cinco macrotemas: Interesse Geral, Relações Trabalhistas, Orga-nização Sindical, SESC e Senac e Economia e Relações Tributárias. A Apel e a Câmara Bra-sileira de Serviços Terceirizáveis (CBST) es-tão trabalhando para a criação de uma Renale-gis focada em serviços tercerizáveis. Por isso, está sendo criado um grupo entre assessores da Apel, CBST, Fenacor, Fenavist, Febrac, Fe-nacon, Fenavist e Fenacor para discussão e debates de temas e proposições legislativas liga-dos ao segmento. Outro projeto da Renalegis será o de trabalhar pela inclusão de federações que ainda não integram a rede, tais como: Alagoas, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Tocantins. Além de intensificar o Projeto de Implantação de Assessorias Legislativas (IAL) em 12 outras federações.

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INSTITUCIONAL

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Antonio Airton: disposição para lutar o “bom combate” a favor de reformas estruturais para o País

ADiretoria da CNC elegeu por acla-mação, no dia 25 de fevereiro, o presidente da Federação do Co-

mércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima, Antonio Airton Dias, para assumir a Vice-Presidência Adminis-trativa da CNC, que estava sem titular des-de o falecimento de Flávio Sabbadini, em 15 de janeiro. A eleição aconteceu na sede da instituição, no Rio de Janeiro.

Ao tomar posse, o novo vice-presidente administrativo fez um discurso emociona-do, no qual agradeceu pela confiança e pelo apoio dos demais diretores e lem-brou seu antecessor: “Assumo com o compromisso de dar continuida-de ao trabalho iniciado por Sabba-dini e de servir sempre ao Sistema CNC-SESC-SENAC e ao sindica-lismo brasileiro”, disse. Entre as principais bandeiras a serem defen-didas, o empresário citou o “bom combate” contra a carga tributária,

as elevadas taxas de juros do País e a defesa inteligente por mudanças no modelo da Previdência Social.

Embora, normalmente, o colegiado não se reúna nos meses de fevereiro, o presi-dente Antonio Oliveira Santos convocou a Diretoria, em caráter extraordinário, a fim de cumprir o Estatuto da CNC, inciso II, artigo 26, que estabelecia a abertura de prazo de 10 dias a partir da última reunião, realizada em 28 de janeiro, para que os interessados à vaga pudessem se candidatar.

Antonio Airton é o

novo vice-presidente

administrativo da CNC

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REUNIÃO DE DIRETORIA

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Mudanças: Pedro Nadaf também assume novo cargo

Representante de tribo indígena de Roraima visita a CNC

Com a eleição de Antonio Airton para a Vice-Presidência Administrativa da CNC, a vaga de 2º diretor-secretário passa a ser ocupada pelo presi-dente da Fecomércio de Mato Grosso, Pedro Nadaf. A eleição para o preenchimento da vaga de 3º dire-tor-secretário será realizada posteriormente, a fim de respeitar o prazo para a inscrição de candidaturas, como determina o Estatuto da CNC.

Ao final da reunião, o índio Cristino Wapichana, repre-sentante do povo Wapichana, de Roraima, e convidado

de Antonio Airton, presenteou o presidente Antonio Oliveira Santos com um colar de sua tribo.

Gil Siuffo, Cristino Wapichana, Antonio Oliveira Santos e Antonio Airton

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REUNIÃO DE DIRETORIA

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É grande a con-trovérsia sobre a nova metodo-

logia para cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), me-canismo que a Previ-dência Social adotou desde janeiro deste ano para aumentar ou reduzir as alíquo-

tas da contribuição que financia os custos do chamado Risco Ambiental de Trabalho (RAT).

O assunto foi abordado na última reunião da Diretoria da CNC. De acor-do com o chefe da Divisão Jurídica da Entidade, Marcelo Barreto de Araújo, a nova forma de cálculo é ilegal e in-constitucional. No caso das alíquotas do RAT – que variam entre 1% e 3% e levam em consideração estatísticas de acidentes de trabalho, gravidade dos acidentes e custos para a Previdência Social –, Araújo afirmou que há ilega-lidade. “Segundo a jurisprudência do-minante, os decretos que estabelecem normas sobre essa tributação apenas complementam a lei. Então, o regula-mento pode dizer quais são as empresas que estão enquadradas no risco leve, outras no risco médio, outras no risco grave. Se o regulamento cometer abusos e arbitrariedades, é caso de ilegalidade, porque confronta o próprio conteúdo da lei, o próprio espírito da lei. Então, sob este aspecto, o regulamento não ataca a Constituição, mas ataca a lei”, afirmou.

Por outro lado, a CNC está avaliando a possibilidade de ajuizar uma Ação Dire-ta de Inconstitucionalidade (ADI) no Su-premo Tribunal Federal (STF), já que as normas do FAP ferem não apenas regras legais, mas também princípios de nature-za constitucional: embora o mecanismo esteja previsto em lei – artigo 10 da Lei nº 10.666, de 2003 –, coube a vários de-cretos e resoluções do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) estabelecer a metodologia de cálculo, o que contraria a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional (CTN).

Marcelo Araújo reportou ainda como o assunto está se desenvolvendo em ou-tras frentes, com participação da CNC: no CNPS, o assunto deve ser tratado em 30 de março. Neste Conselho, o representante da CNC, Roberto Nogueira, protocolou três diferentes petições dirigidas ao ministro da Previdência, José Pimentel, juntamente com outras confederações nacionais (CNI, CNT, CNF e CNA), em que pleiteiam, em síntese, a apresentação de informações mais claras do Governo quanto à aplicação do FAP e a suspensão da vigência desta tri-butação, até que seja realizada uma revisão completa de sua metodologia. Além disso, existe um grupo de estudos no âmbito da CNC que examina a jurisprudência forma-da no Poder Judiciário em relação ao FAP. “Estamos aprofundando essa pesquisa para apresentar um material de orientação, com subsídios que amparem possíveis me-didas judiciais com as quais sindicatos e empresas do comércio queiram ingressar”, destacou Marcelo Araújo.

Metodologia do FAP e do RAT gera distorções que

prejudicam o empresariadoDiferentes aspectos da nova metodologia adotada pelo Ministério da Previdência Social para definir

os critérios de risco no ambiente de trabalho são avaliados na reunião da Diretoria da CNC

Marcelo Barreto de Araújo, da

Divisão Jurídica da CNC: aspectos

legais e ações contra mudanças

do Ministério da Previdência

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REUNIÃO DE DIRETORIA

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Não pretendo entrar na natureza tri-butária do FAP. O título, provoca-tivo, é uma boa tese para futuro de-

bate. O FAP, simplificando, é uma alíquota que se aplica sobre o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) – agora chamado Risco Ambiental do Trabalho (RAT) –, formando uma nova alíquota que se aplica sobre uma base (massa salarial) e gera uma receita que irá cobrir uma determinada despesa. Na prática, ele atende ao conceito clássico de tributo.

Tem sido recorrente, nas reuniões da Diretoria da CNC, e de todas as entidades patronais, o debate acalorado do tema, com reclamações, justificadas, do FAP, que en-trou em vigência em 1º de janeiro de 2010. Hoje, o RAT – esse tributo disfarçado – re-presenta 1%, 2% ou 3% da folha de paga-mento de empresas e entidades, de acordo com o grau de acidentalidade da atividade em que a empresa está classificada, segun-do o seu enquadramento no Código Nacio-nal de Atividade Econômica (CNAE). Até aqui, não há nenhuma novidade.

Como membro do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), participei dos debates sobre o FAP. Devo dizer que, se a Previdência aplicasse apenas e unicamente a nova fórmula sobre a base então prevale-cente (Decreto 6.402, de 2007), essa discus-são provavelmente não estaria ocorrendo.

Fator Acidentário de Prevenção (FAP):

investimento em segurança e saúde ou

mera fonte de receita

E, se ocorresse, seria pontual, facilitando a correção de eventuais distorções.

O que, então, teria sido aprovado no CNPS? Basicamente, a introdução do concei-to bonus x malus, a ser aplicado individual-mente, em cada empresa. Ele encerra uma justiça fiscal, isto é, quem contribui mais para a despesa deve, também, contribuir mais para a receita. A recíproca também se aplica ao caso: quem contribui menos para a despesa pagaria menos.

Mas o Governo, certamente movido por alguma necessidade, cometeu o equívoco, para não forçar na adjetivação, de alterar o enquadramento das atividades nas tradi-cionais alíquotas de 1% (grau leve de aci-dentalidade), 2% (grau médio) e 3% (grau alto), previstas no Decreto 6.402, de 2007. Discricionariamente, reenquadrou as ativi-dades, por meio do Decreto 6.459, de 2009, que não passou pelo crivo do CNPS.

Isso significa o seguinte: das 1.301 subclasses da CNAE, dois terços foram reenquadradas em alíquotas mais altas. O resumo seria o seguinte: 4% do reenquadra-mento apontam para baixo; 29% apontam para a neutralidade; e 67% apontam para cima. A tabela abaixo mostra o enquadra-mento, antes e depois das mudanças (ainda sem a nova fórmula aprovada no CNPS).

Essa é a primeira parte do problema. Alterou-se a base de cálculo. Reduziu-se o

Enquadramento das subclasses por SAT (alíquotas)

AlíquotasDecreto 6402, de 2007 Decreto 6459, de 2009

Número de atividades

% do total

Número de atividades

% do total

SAT de 1% 627 48% 180 14%SAT de 2% 536 41% 391 30%SAT de 3% 138 11% 730 56%

Total 1301 100% 1301 100%

Roberto Nogueira Ferreira, Consultor da Presidência da CNC

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número de atividades enquadradas na menor alíquota, e aumentou-se o núme-ro de atividades que passarão a pagar mais, substancialmente. Ou seja, mesmo sem a nova fórmula aprovada no CNPS, haveria maior dispêndio das empresas na maioria dos casos.

Passemos, então, ao segundo ato. O que é o FAP? O FAP é uma unidade, um número, diferente para cada em-presa (conceito bonus x malus), que se aplica sobre a alíquota RAT (ou SAT). Se a alíquota da empresa no RAT é 3% e o seu FAT for 2% (máximo), ela pagará 6% sobre o total da folha de pagamento (o FAT decorre dos índices de acidentalidade do setor e da empresa: frequência, gravidade e custo do acidente para o INSS). Se, na mes-ma alíquota, RAT de 3%, o FAT for 0,5% (mínimo), a empresa pagará 1,5% sobre a folha de pagamento, pois estaria pagando de acordo com a sua contribuição individual ao evento. Esse é o conceito: contribua menos para a acidentalidade e pague menos sobre a folha de pagamento. Em tese, a alíquota do RAT, após a introdução do FAT, poderá va-riar de 0,5% a 6%.

O FAP, repito, leva em conta os índices de acidentalidade – freqüência, gravidade e custo – da empresa, comparando-os com os do setor de atividade a que pertença. O que se discutiu no CNPS foi investimen-to em segurança e saúde do trabalho, pois, ao se introduzir um elemento individu-al, considerando o histórico de doenças e acidentes de trabalho de cada empre-sa no cálculo da alíquota do RAT, o FAP objetivaria incentivar investimentos em segurança e saúde do trabalho. Em síntese, o conceito bonus x malus vem da ideia de que, ao punir empresas que apre-sentem maior acidentalidade, elas seriam estimuladas a ampliar investimentos em segurança e saúde do trabalho. O avesso é premiar empresas que apresentam menor índice de acidentalidade. Há um princípio de justiça na intenção, mas boas ideias mal aplicadas contaminam negativamente o princípio e o produto final. Esse parece ser o caso presente.

Abordemos o reenquadramento men-cionado. Exemplo: uma atividade que pa-gava 1% de RAT, reenquadrada para 3%, só por esse efeito pagará 200% a mais em relação a 2009. Suponhamos que o FAP de determinada empresa, com a nova fórmula e com os desvios feitos pela Previdência na sua aplicação (explico abaixo) seja 2%. A alíquota do RAT será de 6%, logo, o crescimento será de 500%. Esse é o exem-plo extremo. Obviamente, se o FAT da empresa for 0,5%, o seu RAT será 1,5%. Ainda assim, um crescimento de 50% so-bre o que foi pago em 2009. Ressalva: em 2010, por uma “bondade” da Previdência, o FAT máximo não será 2%, mas “apenas” 1,75%. No exemplo acima citado, consi-derando a “bondade”, a elevação não se-ria de 500%, mas de “somente” 425%.

Entretanto, como tudo que é ruim pode ficar ainda pior, resta uma brevís-sima, mas importante análise: teria a Ministério aplicado, corretamente, a fór-mula aprovada no CNPS? Utilizo-me de informações da CNI, já apresentadas ao CNPS, em nome do setor empresarial, com o nosso aval, para listar alguns pro-blemas decorrentes da aplicação incorreta da fórmula:

1.No caso de AUSÊNCIA DE ACI-DENTALIDADE na empresa:

• Custo da empresa para a Previdência é R$ 0,00;

• Filosofia aprovada no CNPS: Custo zero, FAP 0,5;

• Previdência usou técnica não apro-vada – adotou a média (posição metade) e não a ocorrência da empresa;

CNC NotíciasMarço 2010 n°1212222

REUNIÃO DE DIRETORIA

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• Previdência usou fórmula não aprova-da para FAP menor que 1;

• Todas as 880.000 empresas com FAP maior que 1 estão pagando mais, por uso “indevido” da fórmula.

2.No caso de Ausência de Afastamentos pela Previdência na empresa:

• Custo da empresa para Previdência é R$ 0,00;

• Previdência usou técnica não aprovada – Posição média (metade);

• Todas as empresas nessa situação, in-dependente do FAP, estão pagando mais.

Conclusão parcial: A combinação de re-enquadramento para cima, com a incorreta aplicação da fórmula aprovada no CNPS, só poderia dar no que deu.

Por que terá isso acontecido? Examine-mos o gráfico acima. Não é preciso análise profunda. A meritória preocupação – inves-timento em segurança e saúde do trabalha-dor – teria sido mero pretexto para fazer caixa? Os dados de despesas decorrentes de acidentes de trabalho, em 2009, na tabela abaixo, são preliminares. A informação atu-alizada é que a despesa decorrente de aci-dentes de trabalho, em 2009, foi equivalente a R$ 14,2 bilhões. E a receita proveniente do RAT, R$ 8,1 bilhões. Deficit de R$ 6,1 bilhões. Seria esse o real foco do FAP? Já se viu, atrás, que se a empresa investir e apre-sentar acidente zero, ainda assim pagará mais. É de se imaginar, nesse contexto, futu-ros superavits nessa conta. A filosofia gover-namental, no caso, parece basear-se na falsa premissa de que é melhor punir e arrecadar do que desenvolver e investir, em conjunto

com as empresas, políticas públicas voltadas para segurança e saúde do trabalho.

Perguntam-me, com membro do CNPS, o que institucionalmente aconselho. Do ponto de vista jurídico, o doutor Marcelo Barreto já indicou os caminhos, e o gru-po de trabalho instituído pelo presidente Antonio Oliveira Santos saberá trilhá-lo. Em relação ao campo administrativo, em-bora o CNPS deva voltar ao tema na reu-nião do dia 30 de março para, quem sabe, ao menos responder as três correspondên-cias protocoladas pelos representantes do patronato, sou realista o suficiente para não alimentar esperanças.

Resta a alternativa da pressão política. O principal instrumento político que o Con-gresso Nacional dispõe é o previsto no inci-so VI, artigo 59, da Constituição Federal: o Decreto Legislativo, instrumento adequado para sustar efeitos de atos do Poder Exe-cutivo. O Decreto Legislativo proporia a suspensão dos efeitos dos seguintes instru-mentos normativos: Decreto 6.459, de 2009 (que alterou o Anexo V do Decreto 3.048, de 1999, alterado posteriormente pelo De-creto 6.402, de 2007) e Resoluções 1.308 e 1.309, de 2009, do CNPS.

Três décadas acompanhando o Congres-so Nacional não me concedem o direito à ingenuidade. Não é simples a aprovação de um Decreto Legislativo, sobretudo na atual composição de força política. Mas a suges-tão de apresentá-lo mira além do objetivo “sustar efeitos” e alcança a intenção de am-pliar o debate e levá-lo para a arena política, no âmbito do Congresso Nacional. E que ele seja levado pela força conjunta de todas as entidades empresariais.

4,7

8,4

Receita Despesa

5,2

9,5

4,8

10,0

(R$ em bilhões - 2003 a 2009*)

Fonte: AEPS e Dsisprev. Sintese (Séries SSUB, CRESP e SEMISSÃO)* Previsão

Receita e Despesa Anual do SAT

5,3

10,2

6,4

10,711,6

7,48,1

12,3

23CNC NotíciasMarço 2010 n°121 23

REUNIÃO DE DIRETORIA

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CNC NotíciasMarço 2010 n°1212424

PESQUISA NACIONAL CNC

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Os resultados das pesquisas nacionais produzidas pela CNC em fevereiro mostram, entre outras conclusões, que as famílias brasileiras continuam otimistas quanto ao consumo nos próximos seis meses. Para 2010, a previsão da Entidade é de crescimento de 8,6% das vendas. No entanto, o segundo semestre do ano ainda é uma incógnita: a possibilidade de elevação da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 8,75% ao ano, pode prejudicar a concessão de crédito e, por tabela, afetar o consumo. “Há uma perspectiva boa, mas não de um aquecimento excessivo do consumo”, afirma Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da Confederação.

A intenção é manter o

consumo

25CNC NotíciasMarço 2010 n°121 25

PESQUISA NACIONAL CNC

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Da esquerda para a direita, os economistas

Bruno Fernandes, Marianne Hanson, Carlos

Thadeu de Freitas e Fábio Bentes divulgam

os resultados das pesquisas da CNC

Apesar de perceber que o custo de vida aumentou no início de 2010, devido ao pagamento de contas e

ao aumento de preços em janeiro, o consu-midor brasileiro ainda está otimista quanto ao consumo no primeiro semestre do ano. A manutenção desta expectativa até de-zembro vai depender da política monetária adotada pelo Banco Central para a taxa bá-sica de juros, a Selic, e dos reflexos na con-cessão de crédito, que, com inflação alta e juros altos, pode ter a oferta diminuída.

A julgar por esse cenário, é positiva a projeção de crescimento do comércio feita pela Divisão Econômica da Confe-deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada em 24 de fevereiro, junto aos resultados das pesquisas nacionais de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) e de En-dividamento e Inadimplência do Con-sumidor (PEIC), relativos a fevereiro.

A CNC estima uma expansão de vendas de 8,6% em 2010, uma varia-ção considerada realista e que, se con-firmada, ficará bem acima da variação de 5,9% apurada em 2009. A alta pre-vista se baseia nas projeções de cres-cimento da massa de rendimentos dos trabalhadores (7,5%), do crédito (5,7%) e na média das expectativas de inflação (4,8%).

“Há uma perspectiva boa, mas não de um aquecimento excessivo do consu-mo. A questão do crédito é importante: o prazo de concessão só será alongado quando houver a percepção de que não haverá alta de juros”, explicou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC e ex-diretor do Banco Central. As pesquisas foram criadas com o objetivo de antecipar o potencial das vendas do comércio e foram lançadas em janeiro deste ano.

Famílias estão otimistas, mas juros

podem frear consumoPesquisas divulgadas pela CNC mostram que consumidor

ainda está predisposto a assumir dívidas, mas não significa que irá fazê-lo – o termômetro será a política de juros do

Banco Central para o segundo semestre do ano

CNC NotíciasMarço 2010 n°1212626

PESQUISA NACIONAL CNC

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ICF revela quadro

favorável para o consumo,

e região Norte se destaca

Índice se manteve estável em um patamar elevado, com melhora na percepção do consumidor para compra de bens duráveis

Embora tenha se mantido pratica-mente estável de janeiro para fe-vereiro (135,5 para 135,8, em uma

escala de zero a 200 – um aumento de 0,2%), o Índice de Consumo das Famílias (ICF) revela uma intenção muito favorá-vel para o mês de fevereiro. Todos os itens que o compõem registraram avaliação

positiva das famílias, especialmente naqueles referentes às compras a prazo e à renda corrente, como mostram os tópicos a seguir. Em relação ao mês anterior, destacaram-se a avaliação po-sitiva quanto à compra de bens duráveis e a queda na satisfação quanto ao consumo atual.

Mais seguro47,8%

Igual ao anopassado

27,4%

Não sabe/não respondeu

11,2%

Menos seguro13,7%

27CNC NotíciasMarço 2010 n°121 27

PESQUISA NACIONAL CNC

Emprego atual: segurança ainda elevada

Na pesquisa de fevereiro, o item emprego atual atingiu 134,1 pontos, indi-cando satisfação dos entrevistados diante da empregabilidade corrente. Em relação ao mês anterior, houve ligeira queda na avaliação positiva das famí-lias (0,5%). Aquelas que percebem renda total acima de 10 salários mínimos ainda acusam um nível de satisfação (144,9 pontos) 9,6% maior que as demais. Regionalmente, destacaram-se as percepções positivas nas regiões Norte (141,3 pontos) e Nordeste (138,1 pontos), ambas com crescimento de 2,8% ante a pes-

quisa de janeiro. A percepção geral dos entrevistados nestas regiões tem sido consistente com a evolução recente do mercado

de trabalho. Segundo dados do Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados (Caged) do Ministério

do Trabalho e Emprego, o crescimento de 3,1% no emprego formal em 2009 foi impulsionado pelas capitais do Norte e Nordeste do País, onde se verifi-caram incrementos de 4,3% e 5%, respectivamente.

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Perspectiva profissional: expectativa de melhoria recua

A expectativa de melhoria profissional por parte das famílias brasileiras para os próximos seis meses acusou ligeira redução (-0,7%), mostrando-se, contudo, ainda elevada (134,9 pontos). Esse indicador deriva da percepção otimista por parte de 62% dos entrevistados contra 27,1% de pessimistas.Os resultados por faixa de renda não revelaram evoluções significati-vamente importantes entre as famílias mais ricas e mais pobres de um mês para o outro. Contudo, no corte regional as regiões Norte e Sul, evoluíram favoravelmente em relação ao mês anterior (+1,7% e +3,8%, respectivamente), enquanto as demais apresentaram ligeira deterioração.

Renda atual: queda nas avaliações positivas

Embora a maior parte dos entrevistados (54,1%) ainda perceba melhorias na renda atual, entre as pesquisas de janeiro e fevereiro, houve queda de 1,7% (para 143,7 pontos) neste in-

dicador e um aumento de cinco pontos percentuais en-tre aqueles que declaram estabilidade na renda corrente. Esta percepção encontra forte paralelo na evolução recente dos ganhos reais no rendimento médio habitualmente rece-bido pelas pessoas ocupadas apurado pela Pesquisa Men-sal de Emprego (PME) do IBGE. Entre janeiro e dezembro, houve desaceleração de 5,9% para 0,7% no comparativo anual. Regionalmente, destaca-se o Norte (153,7 pontos), região que, em termos relativos, apresentou os maiores ganhos sala- riais de admissão (+11,6%) em 2009, segundo o Caged. Os dados de fevereiro revelaram ainda uma maior dete-rioração na percepção dos entrevistados segundo renda fa-miliar. Enquanto nas famílias mais pobres houve queda de 1,4%, entre os mais ricos aferiu-se um recuo de 4,4%.

Compra a prazo: tendência de redução na distância entre as famílias

Apesar do elevado nível de satisfação no total das famílias (146,2 pon-tos), as facilidades no acesso ao crédito voltaram a evidenciar o el-evado diferencial (17 pontos) entre as famílias mais ricas (160,8 pon-tos) e mais pobres (143,8 pontos) no total das capitais pesquisadas. Entretanto, a evolução deste indicador revelou um menor distancia-mento entre os dois grupos de renda do que no mês anterior (20 pontos).No mês, a avaliação quanto às facilidades para obtenção de recursos para compras a prazo cresceu 0,7%, ritmo inferior ao da ampliação da demanda por empréstimos e financiamento por parte do consumidor. Segundo dados do Banco Central do Brasil, em 2009, as concessões de recursos livres para pessoa física cresceram 14,8% em termos reais, o equivalente a uma taxa mensal de 1,2%. Desse modo, o comportamento das famílias ainda não gera expectativas de forte aceleração na demanda por novos recursos.

Não sabe/não respondeu

10,9%

Sim62,0%

Não27,1%

Não sabe/Não respondeu

0,7%

Pior10,3%

Igual ao anopassado

34,9%

Melhor54,1%

Não sabe/Não respondeu

7,4%

Mais fácil62,3%

Mais di�cil16,2%

Igual ao anopassado

14,2%

CNC NotíciasMarço 2010 n°1212828

PESQUISA NACIONAL CNC

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Consumo atual: queda no nível de satisfaçãoCom queda de 4,9% em relação ao mês anterior, a percepção das famílias quanto ao consumo atual foi o indicador que apresentou a menor distância em relação ao ponto de indiferença (100). Patamar, este, alcançado pelas famílias com renda total de até 10 salários mínimos. Nos lares mais ricos, o nível de satisfação ainda encontra-se em 114,1 pontos, con-tudo, no corte por renda, foi o indicador que acusou maior deteriora-ção (-10,6%) em relação ao mês passado. À exceção do Norte do País, onde se verificou aumento de 9,8% na satisfação das famí-lias, todas as demais regiões apresentaram queda de satisfação, com a região Sul, inclusive, acusando avaliação negativa (96,2 pontos).Desse modo, a menor satisfação do consumo corrente ainda mostra-se significativamente afetada pelos efeitos da recente crise econômica. Entretanto, segundo os dados mais recentes da Pes-quisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, nota-se uma clara re-cuperação das vendas reais do varejo, em relação aos meses de outubro e novembro de 2008, a taxas superiores a 8% ao ano e, por-tanto, muito próximas do ritmo de expansão das vendas no pré-crise.

Momento para duráveis: fim da redução do IPI

O item foi o que acusou maior crescimento em relação ao mês anterior. Seu resultado adveio do crescimento expressivo da avaliação positiva das famílias quanto à aquisição de bens duráveis no momento atual (de 67,5% no mês ante-rior para 72% na pesquisa atual). “Há uma percepção menos otimista quanto ao consumo no geral, mas para os bens duráveis o otimismo é bom. A manutenção do IPI reduzido ajudou nos resultados”, disse Fábio Bentes, economista da CNC.

Nitidamente, a percepção do consumidor foi afetada pela expectativa de elevação dos preços correntes após o fim da redução das alíquotas do Im-posto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde abril de 2009, para itens de “linha branca”. De fato, durante sua vigência, para um IPCA de 3%, os preços destes bens registraram deflação, como segue; refrigeradores (-6,6%), máquinas de lavar (-9,2%) e fogão (-2,4%). Para os automóveis novos, cuja redução iniciou-se em dezembro de 2008, o efeito foi semelhante em relação à média geral de preços (-5,5% contra +4,6%, respectivamente). Cabe ressaltar ainda que a recomposição total das alíquotas de IPI para veículos ocorrerá apenas em abril do corrente ano.

Não sabe/Não respondeu

1,3%

Comprandomais

31,1%

Igual ao anopassado

38,5%Comprando

menos29,1%

Não sabe/Não respondeu

6,4%

Bom72,0%

Mau21,3%

29CNC NotíciasMarço 2010 n°121 29

PESQUISA NACIONAL CNC

Perspectiva de consumo: percepção mais favorável

Diante da robustez do mercado de trabalho e da evolução recente da renda nominal, 53,7% das famílias declararam-se mais segu-ras em relação ao consumo de curto prazo. A confirmação deste quadro é condizente com a recuperação do volume de vendas do comércio varejista, cujas taxas mensais têm acusado crescimen-to desde maio de 2009 e apresentado aceleração desde outubro aproximando-se do ritmo de expansão anterior à crise econômica.Neste mês, os consumidores revelaram comportamentos divergentes segundo corte de renda. Para as famílias mais pobres, a perspectiva de consumo aumentou 0,8%, já para aquelas com renda superior a 10 sa-lários mínimos registrou-se redução de 2,5% em relação à pesquisa de

janeiro. Regionalmente, os consumidores do norte do País estão mais propensos ao consumo de curto prazo (+7,2% ante o nível do mês anterior). No geral, este índice ascendeu 0,5% na comparação mensal.

Não sabe/Não respondeu

3,7%

Maior53,7%

Igual ao anopassado

27,9%

Menor14,7%

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O acesso fácil ao crédito, cujos pra-zos para pagamento permanecem longos, e a continuidade da me-

lhoria no emprego e na renda impactaram positivamente os resultados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplên-cia do Consumidor (PEIC), que revela que o percentual de famílias com dívidas apre-sentou aumento em fevereiro, em relação a janeiro (61,8% ante 61,2%). Apesar disso, no período, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso caiu de 29,1% para 25,6%, e os que não terão condições de pagar suas dívidas recuou de 10,2% para 8,6%.

Em fevereiro, o percentual de famílias que se consideram muito endividadas fi-cou em 13,4%, ante 13,7% em janeiro, e o das que se consideram pouco endivida-das aumentou para 26,2%, ante 25,8%. As famílias com renda familiar mensal até 10 salários mínimos estão mais endividadas do que as com renda superior a este pata-mar (63,9% e 49,6%, respectivamente). O percentual de famílias com dívidas ou con-tas em atraso é significativamente menor para quem possui renda familiar mensal maior que 10 salários mínimos (13,2%) do que para os grupos familiares com renda inferior a 10 salários (27,6%). A mesma re-

lação acontece entre os que acreditam que não terão condições de pagar suas dívidas (9,4% para as famílias que ganham até 10 salários mínimos, e 3,6% para as que ga-nham mais do que isso).

O tempo médio de atraso de quem pos-sui contas ou dívidas pendentes é de 58,8 dias – resultado um pouco menor que os 60 dias verificados em janeiro, e, para 40% das famílias nesta situação, o tempo de atraso nos pagamentos é superior a 90 dias. A parcela da renda comprometida com dívidas apresentou queda, passando de 28,5% em janeiro para 27,8% em feve-reiro. Já o tempo médio de comprometi-mento com dívidas ficou praticamente es-tável em fevereiro com relação a janeiro: 6,3 meses.

Para a economista da CNC Marianne Hanson, o cenário favorável para crédito e renda beneficia o aumento do endivida-mento nos próximos meses. Contudo, res-salta a responsável pela pesquisa, os riscos para o aumento da inadimplência serão maiores a partir do segundo semestre de 2010. Caso as expectativas de elevação na taxa Selic se confirmem, as condições se-rão menos favoráveis para o mercado de crédito, com reflexos inclusive no alonga-mento de prazos. “Os prazos maiores para pagamento têm sido um dos principais fatores para a sustentação da trajetória do crédito, já que a expansão do crédito ao consumidor tem se dado a taxas superiores ao crescimento da renda”, afirma.

Famílias com menos dívidas e mais

condições de pagamentoPEIC - Síntese dos Resultados

Jan - 2010 Fev - 2010Total de Endividados 61,2% 61,8%Dívidas ou Contas em Atraso 29,1% 25,6%Não Terão Condições de Pagar 10,2% 8,6%

CNC NotíciasMarço 2010 n°1213030

PESQUISA NACIONAL CNC

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O número de certificados emitidos em fevereiro triplicou em relação a janeiro

A emissão de certificados digitais já é sucesso na Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul. A en-tidade, que passou a ser uma autoridade de registro no final de 2009, já conta-biliza 26 emissões, sendo que, no mês de fevereiro, seus pedidos triplicaram, quando comparados a janeiro.

A busca crescente pelo produto é reflexo das novas regras adotadas pelo Governo, que tornam obrigatório o uso da certificação digital para pessoas jurí-dicas. Exemplo disso é que, em 2010, as empresas da categoria Lucro Presumido passarão ao grupo de que já fazem par-te aquelas do Lucro Real e Lucro Arbi- trado, e deverão realizar a declaração do Imposto de Renda exclusivamente por meio da certificação digital.

O serviço prestado pela Federação tem como principais atrativos o preço

competitivo e a agilidade, já que o in-teressado recebe na mesma hora o certi-ficado digital. “A Fecomércio-RS emite o e-CPF e o e-CNPJ. Além disso, dis- ponibiliza ao cliente todas as mídias disponíveis para que se faça o uso da certificação digital, que são, o smartcardou o token, de acordo com a escolha do cliente”, explica Neusa Machado, ge-rente do Núcleo Institucional Adminis-trativo da entidade.

Um dos diferenciais do produto dis-ponibilizado pela Fecomércio-RS é a sua capilaridade. Atualmente, 45 sin-dicatos em todo o Estado atuam como divulgadores ou ponto de atendimento.

Para mais informações sobre certi-ficação digital, entre em contato com a Gerência de Projetos da CNC, pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (21) 3804-9200, ramal 468, e (21) 2524-5972.

Emissão de certificados digitais ganha força na Fecomércio-RS

C 100 M70 Y 0

K 10

C 0 M 60 Y 100

K 0

31CNC NotíciasMarço 2010 n°121 31

PRODUTOS CNC

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Peças fundamentais para o bom fun-cionamento do Sistema de Excelên-cia em Gestão Sindical (SEGS), as

federações, representadas pelos seus multi-plicadores, impulsionam a implementação do Sistema de Excelência em Gestão Sindi-cal (SEGS) do início ao fim dos ciclos.

Juntamente ao trabalho desenvolvi-do pelos assessores do Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC, os mul-tiplicadores têm como função disseminar as práticas e incentivar os funcionários das entidades a implementar todas as etapas do SEGS.

De acordo com Márcia Alves, asses-sora do Deplan, as federações possuem um papel de extrema importância no SEGS: “O envolvimento delas no pro-grama faz com que a implementação aconteça mais rapidamente, tanto na própria federação como nos sindica-tos, que se referenciam por ela. Quanto mais a federação praticar o SEGS como uma ferra-menta de melho-ria contínua, mais ela estará dando suporte na gestão de suas entidades filiadas”.

As diretrizes da Presidência da fede-ração é que orientam o trabalho do mul-tiplicador. “Ele é o canal de comunicação entre a CNC, a federação e os sindicatos de sua base. Flexibilidade é uma condição indispensável para que o multiplicador consiga envolver as entidades nos trei-namentos e na implementação das práti-cas do SEGS”, declara Luciano Santana, assessor do Deplan.

Segundo Márcia Alves, quando uma entidade adere ao SEGS, o programa deve ser disseminado em todos os seus setores, com o envolvimento de cada um nas tarefas relacionadas à sua área de atuação. Exemplo: “Para monitorar um indicador financeiro, cabe ao setor de finanças fazer o acompanhamento, e as-sim por diante. Por isso, são necessários a dedicação e o envolvimento de todos, para que seja alcançada a excelência gestão”, completa.

O grau de envolvimento e dedicação dessas entidades no processo é o que determina o tamanho do sucesso na

busca pela excelência em gestão no Sistema Comércio

O papel das Federações e seus Multiplicadores no SEGS

Márcia Alves e Luciano Santana, assessores do Departamento de

Planejamento da CNC

CNC NotíciasMarço 2010 n°1213232

PRODUTOS CNC

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No dia 5 de janeiro, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, se reuniu com representantes das

centrais sindicais dos trabalhadores para concluir um anteprojeto de lei que regula-mentasse os contratos de prestação de ser-viços terceirizados. Uma pauta importan-te sobre assunto complexo, com todos os ingredientes para se tornar um momento significativo para a sociedade, se não fosse por dois “detalhes”: os empresários, uma das principais partes envolvidas, simples-mente não foram ouvidos nessa proposta, e o texto ignorou quase tudo o que já vinha sendo discutido anteriormente, inclusive no âmbito legislativo. Em 8 de fevereiro, as confederações patronais enviaram carta à ministra Dilma Rousseff, manifestando preocupação com a minuta do projeto, então em vias de ser encaminhada à Casa Civil. Segundo os termos da carta, a proposta, na prática, “representa o fim da terceiriza-ção e, se aprovada, trará impactos negativos para o emprego e para a competitividade da econo-mia nacional”.

Entre os principais pontos da minuta do projeto que inviabili-zam a terceirização, está a cha-mada responsabilidade solidária, pela qual a empresa tomadora de serviços responderá, indepen-dentemente de culpa, pelas obri-gações trabalhistas, previdenciá-

rias e quaisquer outras decorrentes do contrato, inclusive no caso de falência da empresa prestadora de serviços. A propos-ta veda, ainda, a contratação de serviços terceirizados na atividade fim e estabele-ce a obrigação das empresas tomadoras de informar aos sindicatos os motivos da terceirização, a atividade que pretende terceirizar, a quantidade de trabalhadores que serão terceirizados e os locais da pres-tação do serviço.

Embora conte com modernos proces-sos produtivos, lembra a carta, o Brasil não dispõe de uma lei específica sobre a terceirização. “Este vácuo legal deu mar-gem à incompreensão do instituto, geran-do insegurança jurídica para as empresas e, por vezes, deixando os trabalhadores sem proteção”, prossegue o texto, assina-

Terceirização: empresários querem mais diálogoIgnoradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego na definição da proposta para a regulação das terceirizações, as confederações encaminharam carta à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff

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SERVIÇOS

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do pelos presidentes de CNC, CNI, CNA, CNT e Consif.

Com o objetivo de estabelecer um marco legal para o setor, em 2007, as confederações participaram de um estu-do sobre o tema com a Se-cretaria de Relações do Tra-balho do MTE. Mas o formato tripartite que fora planejado, com Gover-no, trabalhadores e empresários reunidos, teve que ser reconfigurado, pois as cen-trais sindicais se recusaram a participar. O trabalho desenvolvido foi submetido a consulta pública no final de 2008 e, em-bora necessitasse ser aprimorado, garantia proteção para os trabalhadores e segurança jurídica para as empresas. O Ministério do Trabalho e Emprego, no entanto, acabou ignorando o documento e, junto com as centrais, elaborou uma nova minuta, intro-duzindo os mecanismos que caminham no sentido oposto ao do modelo de racionali-zação da moderna cadeia produtiva.

O setor empresarial defende que a ter-ceirização seja permitida nas atividades meio e fim. A razão é que a economia mo-derna caracteriza-se pela crescente des-verticalização das empresas, que decorre de inovações tecnológicas, concorrência intensa, novas relações de produção, de comércio e de trabalho, além do aumento do peso dos serviços na estrutura produ-tiva. “Como consequência, as empresas passaram a reter em seu âmbito as ativi-dades essenciais ao seu negócio e a con-tratar com terceiros, sob as mais variadas formas, as atividades que viabilizem a sua produção, comercialização e prestação de serviços”, justifica a carta das confedera-

ções patronais, observando que a terceiri-zação é fundamental para o setor produtivo e que sua restrição induz à informalidade. Os empresários reivindicam, também, que a responsabilidade solidária seja aplicada apenas em casos específicos.

“Há atualmente três projetos de lei so-bre terceirização em tramitação no Con-gresso, mostrando o quanto o assunto tem mobilizado os parlamentares”, afirma Reiner Ferreira Leite, da Assessoria junto ao Poder Legislativo (Apel). Do ponto de vista dos que acompanham a evolução do tema, tirar da cartola outra alternativa, sem a legitimação de todas as partes envolvi-das, soa como desprezo pela discussão de-mocrática e pelo encaminhamento institu-cional das soluções.

Tendo em vista a importância da tercei-rização para a economia do País, parece inconcebível que os avanços no setor não passem por soluções de consenso, com discussões envolvendo Governo, trabalha-dores e empresários. E é isso que as con-federações propõem na carta encaminhada à ministra Dilma Rousseff: a manutenção do diálogo, a única forma realmente legí-tima de se avançar rumo a uma regulação moderna, que garanta proteção aos direitos trabalhistas e segurança jurídica para as partes contratantes.

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SERVIÇOS

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Os integrantes da Câmara Brasi-leira de Serviços Terceirizáveis (CBST) da CNC reuniram-se no

dia 25 de fevereiro, na sede da Entidade, no Rio de Janeiro. O encontro contou com a participação do vice-presidente da CNC, Luiz Gil Siuffo Pereira, além de técnicos das divisões Sindical e Jurídica, da Asses-soria Parlamentar e do Departamento de Planejamento da Entidade.

A regulamentação do trabalho tempo-rário e do serviço de terceirização foi um dos principais assuntos na pauta do en-contro. A matéria é tema do Projeto de Lei nº 4.302/98, de autoria do Poder Executi-vo, e trata do trabalho temporário nas em-presas urbanas e das relações de trabalho nas empresas de prestação de serviços a terceiros. A proposição tramita na Comis-são de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados e aguarda pa-recer do relator, deputado Colbert Martins (PMDB-BA). O grupo decidiu marcar um encontro com o presidente da Câmara, Michel Temer, para formalizar o pensa-mento da Casa sobre o assunto e solicitar a inclusão do projeto na pauta de votação.

CBST debate a regulamentação da terceirização no Brasil

Reunidos no Rio de Janeiro, grupo aborda também a necessidade de modificações na lei das licitações e decide trabalhar na elaboração de um anteprojeto de lei que promova a desoneração da folha de pagamentos

No centro, Lélio Vieira Carneiro, Jerfferson Simões e Gil Siuffo

Outro tema debatido pelos empresá-rios foi a necessidade de modificações na lei que regula as licitações no País (Lei nº 8.666/93). Sobre este assunto, há um Projeto de Lei (PLC 32/07) no Senado Fe-deral que aguarda somente a inclusão na ordem do dia para ser votado. De autoria do Poder Executivo, o PLC 32/07 altera a Lei nº 8.666/93 com o objetivo de incor-porar dispositivos que regulamentem o chamado pregão eletrônico, tornando-o a principal modalidade licitatória.

Ao final do encontro, o coordenador da CBST, Jerfferson Simões, solicitou à Divisão Jurídica da CNC a elaboração de um anteprojeto de lei que promova a de-soneração da folha de pagamentos – um antigo pleito dos empresários do setor terciário. Depois de pronto, o documento será encaminhado à Presidência da Enti-dade como uma sugestão a ser trabalhada junto ao Legislativo. “Este será um dos projetos mais importantes já desenvolvi-dos pela Câmara Brasileira de Serviços Terceirizáveis, e, se aprovado, será de vital importância e interesse para todo o empresariado nacional”, afirmou Simões.

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SERVIÇOS

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No próximo dia 6 de abril, será lançado, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, os

Anais do XI Congresso Brasilei-ro da Atividade Turística – CBRA-TUR 2009. A obra, publicada pelo Sistema CNC-SESC-SENAC, em parce-ria com a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Fe-deral, com a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e com a Frente Parlamentar do Turismo, traz um completo registro das confe-rências e dos debates ocorridos duran-te o congresso, realizado no dia 25 de novembro de 2009, cujo tema central

foi a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil.

Integra ainda essa publicação, o documento-base do CBRATUR 2009, elaborado a partir das discussões em uma série de Fóruns Legislativos, or-ganizados nas cidades-sede da Copa de 2014, em parceria com as assembleias legislativas estaduais e as câmaras muni-cipais/distrital, que antecederam a reali-zação do evento. Neste documento, des-tacam-se o panorama de infraestrutura, os dados econômicos e sociais de cada uma das cidades-sede, além da apresen-tação dos desafios e dos investimentos decorrentes do megaevento esportivo.

Lançamento dos Anais do XI CBRATUR

Nova Edição: XII CBRATUR 2010

O evento de lançamento, que pre-tende reunir parlamentares, lideranças empresariais e gestores públicos liga-dos ao Turismo de todo o País, servirá também para a apresentação oficial do tema da 12ª edição do CBRATUR, pre-vista para 22 de junho próximo.

O CBRATUR 2010 tem por obje-tivo promover a troca de informações entre o setor e o futuro governante do País, destacando a relevância do turismo sustentável para o desenvolvi-mento nacional.

CDEIC comemora nova Diretoria no Restaurante-Escola Senac

No dia 3 de março, a Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câ-mara dos Deputados realizou, com apoio da CNC, no Restaurante-Escola do Senac, na Câmara dos Deputados, almoço de confraternização em comemoração à posse do deputado Marco Aurélio Ubiali, na Presidência da Comissão.

A eleição foi realizada em sessão dirigida pelo deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ). Ubiali foi indicado em chapa única e eleito por unanimidade.

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TURISMO

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Norton Luiz Lenhart e Eraldo Alves da Cruz, junto a empresários do setor turístico, membros da CET, recebem na CNC a deputada Rachel Teixeira, durante encontro do Comitê Gestor do MTur

Deputada Raquel Teixeira assume a Presidência da CTDA CNC esteve presente na posse da nova presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara

CNC homenageia Dia Nacional do TurismoNo Dia Nacional do Turismo, 2 de março, a CNC publicou nos jornais O Globo,

Folha de São Paulo, Jornal do Commercio, Correio Braziliense e no Estado de Minas um anúncio em que homenageia o setor (contracapa desta edição).

Há mais de seis décadas, a entidade defende ativamente o turismo brasileiro e os interesses legítimos dos empresários do setor. Atua de forma integrada com as 27 federa-ções estaduais do comércio, com a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares - entidade que reúne 64 sindicatos patronais do ramo – e outras seis federações nacionais de diferentes segmentos empresariais.

Além das ações específicas realizadas por seus órgãos executores SESC e Senac, a entidade tem o compromisso de promover e manter aberto o diálogo setorial e o fomento da atividade turística.

A reunião da Comissão de Turismo e Desporto (CTD) da Câmara dos Deputados, no dia 3 de março, foi

marcada pela posse da nova presidente da Comissão, deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO). O cargo foi transmitido pelo deputado Afonso Hamm (PP-RS), que as-sumiu a Comissão em fevereiro de 2009. A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) se fez presente por meio de Eraldo Alves da Cruz, vice-presidente do Conselho de Turismo (CTur) e Norton Luiz Lenhart, coordenador da Câmara Empresarial de Turismo (CET).

O deputado Afonso Hamm ressaltou as parcerias com entidades ligadas ao setor. “Essas entidades foram muito importantes nos debates e deliberações”. E lembrou eventos pro-vidos com apoio da CNC, do SESC e do Se-nac, como o Congresso Brasileiro de Atividades Turísticas (CBRATUR) e os Seminários de Educação Física e Es-porte Escolar.

A parceria da CNC com a CTD tam-bém foi ressaltada pelo deputado Alba-no Franco (PFL-SE), que fez referên-cia ao anúncio produzido pela CNC em homenagem ao Dia Nacional do Turis-mo. “Ontem, nos principais jornais do País, o Sistema CNC-SESC-Senac fez uma homenagem interessante ao Dia Internacional do Turismo, por isso queria ressaltar: ‘toda vez que você viaja pelo Brasil, dá mais um motivo para a CNC comemorar o dia de hoje’”, disse, refe-rindo-se ao texto do anúncio. “É muito importante essa parceria e valoriza-ção da CNC, porque também valoriza o trabalho dessa Comissão”, completou.

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TURISMO

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Conselho de Turismo da CNC lança Relatório de Atividades 2009 no

Fórum Panrotas

Com um balanço bastante positivo para apresentar, o Conselho de Turismo (CTur) da Confedera-

ção Nacional do Comércio de Bens, Ser-viços e Turismo (CNC) lança, no Fórum Panrotas 2010, o seu Relatório de Ativida-des 2009. Refletindo o momento de con-solidação e novos desafios por que passa o setor, a programação do Conselho ao lon-go de 2009 foi intensa e estreitamente vin-culada aos principais temas em discussão. Foram realizadas 14 reuniões, que resul-taram na geração de informações e docu-mentos, possibilitando à CNC a produção de propostas concretas encaminhadas ao Governo e à sociedade civil organizada.

Órgão de assessoramento técnico da Confederação, com quase 55 anos de ati-vidades pelo desenvolvimento do turismo brasileiro, o CTur é integrado por perso-nalidades com notório saber nessa área e constitui-se em um espaço de diálogo e reflexão, que ajuda a consolidar o pen-samento estratégico do setor. Para aper-feiçoar a metodologia do CTur e adequá-la aos novos tempos, as reuniões foram divididas por macrotemas. Em 2009, fo-ram três: política de concessão de vistos

para os grandes países emissores; o futuro da aviação comercial brasileira; e o turis-mo e a economia do Brasil.

As reuniões geraram a edição de três importantes documentos, distribuídos ao trade e a autoridades públicas, no intui-to de contribuir para a implementação de políticas que sejam efetivas para o de-senvolvimento do turismo no nosso País. O Relatório de Atividades do CTur traz ainda os principais eventos de que o Con-selho participou ao longo de 2009 e as perspectivas do turismo para 2010.

Conselho de Turismo da CNC mostra seus resultados

Dividido por macrotemas, Relatório de Atividades 2009 reproduz a metodologia das reuniões utilizada no ano passado,

trazendo também a participação nos principais eventos e as perspectivas do turismo para 2010

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TURISMO

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) marcou presença, nos dias 15 e 16 de março, no Fórum Panrotas – Tendên-cias do Turismo 2010, que realizado no Centro Fecomercio de Eventos, em São Paulo. Neste ano, a programação incluiu um painel sobre a nova classe média e o mer-cado de viagens, bem como debates sobre os entraves e as necessi-dades do mercado de aviação brasileiro. Até o fechamento desta edição, estavam con-

Entre os dias 18 e 21 de março, embai-xadores da União Europeia e parlamenta-res do Grupo Parlamentar Brasil-União Europeia, da Câmara dos Deputados, estarão reunidos na Estância Ecológica SESC Pantanal. Gestores e técnicos do Sistema CNC-SESC-SENAC também participarão do encontro.

Na agenda, um portfolio de atividades que permitirá aos participantes conhecer práticas preservacionistas na maior su-perfície inundável do mundo – o Panta-nal, cujo bioma ocupa, em território bra-sileiro, nada menos do que 150 mil km². O grupo conhecerá – a partir de visitas guiadas, passeios e atividades ecoturís-ticas – aspectos relevantes da vida das comunidades pantaneiras, sua cultura e relação com o meio ambiente, além de projetos socioeducacionais e de pre-servação ambiental desenvolvidos pelo SESC na região.

Para o Sistema CNC-SESC-SENAC, uma oportunidade de dar visibilidade às ações em curso na Estância e em outros

firmadas as participações do ministro do Turismo, Luiz Barretto, para falar sobre o crescimento e as oportunidades para o turismo do Brasil, e do presiden-te do Banco Central, que falaria sobre tendências, análises econômicas e desa-fios para o Brasil em 2010.

centros de referência do Sistema com vis-tas a um novo modelo de desenvolvimento calcado na sustentabilidade cultural, socio-econômica e ambiental.

O presidente do Sistema CNC-SESC-SENAC, Antonio Oliveira Santos, e o di-retor-geral do Departamento Nacional do SESC, Maron Emile Abi-Abib, darão as boas-vindas aos participantes em uma ceri-mônia que será realizada no dia 19 e para a qual foram convidados o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, e a secretária estadual de Desenvolvimento do Turismo, Vanice Marques. O presidente do Sistema Fecomércio-MT, Pedro Jamil Nadaf, tam-bém estará presente.

Fórum Panrotas debate as

tendências para o turismo

SESC Pantanal recebe embaixadores da União Europeia

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TURISMO

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Conjunturaeconômica

A inflação de janeiro causou um aba-lo nas expectativas do Governo e do mercado, que acreditam na estabilida-de do IPCA de 4,5% até o final do ano. São muitos os fatores que conspiram a favor da inflação. Em primeiro lugar, a pressão de demanda, com expansão do consumo acima do crescimento dos in-vestimentos e do PIB; em segundo lu-gar, uma inusitada expansão do crédito, puxado pelos bancos oficiais (BNDES, BB e CEF), gerando uma abundante li-quidez; em terceiro lugar, a atuação do Governo deficitário, gastando mais do que arrecada e concentrando esses gastos mais em custeio (contratação de pessoal, reajuste de salários e assistência social) e menos em investimentos. Durante algum tempo, a inflação foi contida pela baixa cotação das commodities no mercado internacional e pelo aumento das impor-tações, propiciado pela valorização da taxa de câmbio.

Era difícil entender por que o com-portamento de todos esses ingredientes não produzia inflação. A explicação mais

visível era de que havia uma capacida-de industrial ociosa e expressivos ganhos de produtividade, que compensavam as pressões da demanda e a expansão do crédito. Agora, o mês de janeiro acendeu uma luz amarela. O Banco Central, certa-mente, vai procurar encarecer o crédito, que é tudo que ele pode e sabe fazer. E o Governo, em meio à campanha eleitoral? Vai alterar a política fiscal inflacionária?

É importante não esquecer que o Ban-co Central não tem mais a influência que tinha até os anos 50 no controle da infla-ção, pois grande parte dos preços, hoje, ou são formados no mercado internacio-nal e nas Bolsas de Mercadorias, ou são preços administrados pelos Governos e empresas estatais, como é o caso do pe-tróleo, dos minérios, da celulose e das commodities agrícolas. A globalização acentuou esse processo, de modo que re-duziu ainda mais a importância relativa dos preços formados no mercado interno, sujeito às pressões da demanda agregada. Portanto, a manipulação da taxa de juros não tem mais a mesma eficácia.

A inflação de janeiro

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ARTIGO

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Ernane GalvêasConsultor econômico da CNC

A Grécia e o euro

Em meio ao problema da recessão eu-ropeia, surgiu uma agravante: a insolvên-cia da Grécia, consequência de um deficit fiscal anual de cerca de 13%, de um en-dividamento do Governo de aproximada-mente 100% e de um deficit externo de 12,4%, tudo em relação ao PIB.

A imprensa mundial e analistas espe-cializados discutem esse problema como uma ameaça à sobrevivência do euro, principal moeda da União Europeia. Pa-rece uma conexão equivocada.

O euro foi uma das invenções mais importantes no contexto da União Eu-ropeia, tanto política como econômica, que trouxe inegáveis benefícios para os países associados, propiciando enorme redução no custo das transações cambiais e considerável impulso nas correntes de comércio e de capitais.

A Grécia se revelou “uma maçã podre”, no conjunto da UE, pela desas-trada administração do governo anterior ao atual. O seu deficit fiscal anual, em 2009, chegou a incríveis 13% do PIB, um impressionante absurdo que con-tou com a conivência de vários bancos

europeus, que financiaram esse deficit,comprando títulos do Governo, que, agora, não tem como resgatá-los. Declarou-se insolvente.

A solução para a crise grega passa pela cobertura da União Europeia ou pela as-sistência do FMI, segundo o noticiário da imprensa, o que poderia ser um prêmio, a nosso ver injustificável, para o país irres-ponsável e/ou para os bancos que, tam-bém irresponsavelmente, adquiriram os títulos podres da Grécia.

Ao que tudo indica, há de ser encon-trada uma saída para a crise grega. Mas essa saída não pode atingir a confiança e a credibilidade do euro. Na verdade, a moeda, no caso, não importa, pois os tí-tulos poderiam ter sido emitidos em dóla-res, em ienes ou yuans. O que importa é a punição dos responsáveis. Nesse contex-to, seria o caso de declarar a Grécia em moratória e negociar a liquidação de sua dívida mediante pagamento, digamos, de 30% de seu valor de face, como já fize-ram outros países, inclusive a Argentina. O euro nada tem a ver com isso. O país e os credores que se danem.

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ARTIGO

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Costuma-se usar a palavra garga-lo para identificar os pontos que obstruem o normal seguimento

das exportações. Nessa linha, por indis-cutível unanimidade, o sistema portuário foi escolhido como o principal gargalo à necessária expansão dos embarques de produtos brasileiros para o exterior.

Em análise mais aprofundada, verifica-se que, no próprio sistema, existem vários gargalos menores impedindo o melhor desempenho dos serviços portuários e, consequentemente, do processamento da carga exportável. Talvez o erro inicial – o gargalo básico – seja a tradicional entrega dos portos aos partidos políticos da cha-mada “base aliada”. Atualmente, os órgãos da cúpula que (des)orienta o sistema são: Ministério dos Transportes, Secretaria Es-pecial de Portos (SEP) e a Agência Nacio-nal de Transportes Aquaviários (Antaq).

Vinculados a diferentes partidos – fora o que elegeu o Presidente da República –, os políticos indicados para direção desses órgãos têm outros programas e objetivos, quase sempre visando o pleito eleitoral em seus Estados. Será ingenuidade supor que

terão comando profissionalizado, indife-rente e isento, os setores subalternos – pre-sidência das Cias Docas, diretorias, supe-rintendências e gerências –, com a simples indicação de executivos competentes para dirigi-los. Disciplinados, jamais desobe-decerão a “voz do mestre” político que os indicou. A situação fica na mesma. O ideal seria que esses órgãos de cúpula fossem ocupados por técnicos competentes ou políticos do partido do Governo, como no caso dos Ministérios da Fazenda, das Re-lações Exteriores e do Planejamento.

Em decorrência não só das exigências desses três órgãos de cúpula, que preci-sam justificar sua existência, mas de ou-tras normas de repartições de mais sete Ministérios (Fazenda, Marinha, Justiça, Meio Ambiente, Saúde, etc), forma-se entrincado gargalo burocrático que com-plica a vida dos prestadores de serviço (terminais) e dos usuários (exportadores e importadores). Afora os 70 artigos da Lei 8630/93, de modernização dos portos, são agora mais de 500 outros artigos de Decretos, Portarias e Resoluções que pre-cisam ser cumpridos.

Os diversos gargalos dos

portos nacionais

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Carlos Tavares de Oliveira Assessor de Comércio Exterior da CNC

Na parte física, porém, os gargalos de acesso aos portos, rodoviários e fer-roviários, ainda são piores e mais fáceis de avaliar. Estima-se, mesmo, que as di-ficuldades rodoviárias para chegada da carga (contêineres, grãos, etc.) aos cais tornaram-se a principal deficiência dos portos brasileiros. O próprio Ministério da Agricultura estima que 20% da safra de grãos (cerca de 20 milhões de toneladas) estão sendo embarcados em portos bem distantes de qualquer programação lo-gística, causando inestimáveis prejuízos. Grande parte da produção de soja do Centro-Oeste e do Nordeste, percorrendo milhares de quilômetros, está sendo em-barcada por Santos.

Calcula-se que, com esse longo trajeto, o preço da saca de soja suba US$ 2, tor-nando-se, em alguns casos, inviável a sua colocação no mercado mundial, perden-do para o produto argentino e americano, sem esses problemas. Quase toda a safra de algodão da Bahia – apenas 2% é em-barcada pelo porto de Salvador – sai por Santos, a 1,7 mil km de distância. Segun-do o presidente da Associação Baiana dos

Produtores de Algodão, Carlos Jacobsen, esse transtorno “eleva em 30% o custo do frete” (ESP, 11/02/2010).

Na sequência dos gargalos, deve-se ressaltar, também, as dificuldades finais no acesso aos grandes portos, devido à falta de anéis rodoviários e ferroviários. Aí surge outro gargalo burocrático: a centralização da direção dos portos em Brasília dificulta o entrosamento e plane-jamento com os Estados, governados por partidos da oposição (como São Paulo). Seguindo a norma universal – já adotada satisfatoriamente no Rio Grande do Sul e no Paraná – a delegação da gestão dos portos deveria ser estendida a todos os Estados.

Deve-se reconhecer que, nos últimos anos do seu mandato, o presidente Lula tem cuidado dos portos – das vias de aces-so e dragagens – dentro das obras prioritá-rias do PAC, sob a supervisão da ministra Dilma Rousseff. O que o setor privado espera, particularmente os usuários do comércio, é a continuação desse bom pro-grama, seja qual for o candidato eleito, do Governo ou da oposição.

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Antonio Oliveira Santos: valorização

da ética, do respeito e da generosidade, sem

prejuízo à ciência

Depois de aproveitar as férias, o re-torno às aulas é um acontecimen-to para qualquer estudante. Ainda

mais em uma instituição como a Escola SESC de Ensino Médio, que reuniu seus alunos no dia 9 de março, para o início do ano letivo de 2010, com aula inaugural do senador Cristovam Buarque.

Além da emoção que marcou estudan-tes, educadores e colaboradores, tanto os novos alunos quanto os que estão no úl-timo ano foram recebidos com muita ex-pectativa. A cerimônia foi realizada às 11 horas, no teatro da escola, que fica no Rio de Janeiro.

O senador Buarque chegou ao teatro na companhia do presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e dos Conselhos Nacio-

nais do SESC e do Senac, Antonio Oliveira Santos, do diretor-geral do Departamen-to Nacional do SESC, Maron Emile Abi-Abib, da diretora da Escola SESC, Claudia Fadel, e da chefe do Ga-binete da Presi-dência da CNC, Lenoura Schmidt. No início da ceri-

mônia, o Hino Nacional foi executado por coral e banda da própria escola.

Oliveira Santos destacou o que dife-rencia a Escola SESC das demais e a torna um exemplo de inovação no ensino mé-dio. “Tentamos incutir, pelos exemplos e pelo ensino, comportamento. Não basta só a ciência. É preciso que o comportamento caracterize o ser humano na sua melhor essência”, explicou a uma plateia lotada. Segundo Oliveira Santos, ele próprio ex-professor, o importante é que cada um dos alunos – vindos dos 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal – adquira conheci-mento para a vida como cidadão. “A ética deve ser praticada no dia a dia. O respeito humano é fundamental. Aqui vocês apren-derão a respeitar colegas e professores. Além disso, existe a generosidade. Sejamos generosos para viver em comunidade”, afir-mou. Para o presidente da CNC, os alunos da Escola SESC se formam com a capaci-dade de serem líderes em seus Estados de origem. “Aqui vocês vão consolidar a ética, o respeito e a generosidade”, disse. “Nossos alunos já despontam com conquistas na área acadêmica”, complementou Claudia Fadel.

Cristovam Buarque iniciou sua aula lembrando a questão que propôs aos alu-nos em 16 de março de 2009, quando tam-bém conduziu a aula inicial da escola. O senador – que também é ex-ministro da Educação – abordou temas ligados à evo-lução que está ocorrendo no planeta e nas sociedades e os desafios em busca de um

De volta para o futuro

Escola SESC de Ensino Médio inicia ano letivo com aula inaugural do senador Cristovam Buarque,

assistida por estudantes de todo o Brasil

CNC NotíciasMarço 2010 n°1214444

SISTEMA COMÉRCIO

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Cristovam Buarque: caminhos para um mundo menos desigual nas mãos dos jovens

mundo sustentável, com menos desigual-dade e mais consciência ambiental. Além disso, citou sugestões e ideias dos alunos sobre os conceitos. “Devemos pensar em um ser humano diferenciado e melhor. Esta é a finalidade da Esem”, disse. Segun-do Buarque, valores éticos devem prece-der a racionalidade econômica atual, para aplicação de saídas técnicas que, ao lado de objetivos sociais, possam diminuir as diferenças no mundo.

De acordo com o senador, hoje em dia, vivemos uma realidade que gera o que ele chama de pensamento perplexo. “Assisti-mos à aceleração do saber técnico e cien-tífico com estagnação do desenvolvimen-to ético”, exemplificou. Para Buarque, o desemprego, o envelhecimento da po-pulação e a crescente escassez de re-cursos naturais são catástrofes dos tem-pos de hoje. Sob o aspecto geopolítico, Buarque acredita que as pessoas não de-vem abordar assuntos com o foco na pá-tria, e sim em nome da humanidade, o que seria uma saída para as guerras. “Na me-dição do progresso só entram coisas fabri-cadas. Devemos definir os valores éticos

que queremos para a humanidade, como o fim da exclusão social, a harmonia com a natureza e a promoção da cultura”, desta-cou, entre outros pontos.

Após sua aula, Cristovam Buarque deixou uma sugestão para os alunos da Escola SESC: a criação de um grupo para preparar ideias e sugestões a serem enviadas aos participantes da Confe-rência das Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá no Rio de Janeiro, em 2012. Segundo informações do Minsitério das Relações Exteriores, a Rio+20 avalia-rá a implementação dos compromissos assumidos pela comunidade interna-cional em relação ao desenvolvimento sustentável do planeta, 20 anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento (Rio 92). Entre os temas a serem debatidos, estará a contribuição da “economia verde” para o desenvolvi-mento sustentável e a eliminação da pobreza, assuntos abordados pelo senador Buarque na aula inaugural da Escola SESC.

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Toda vez que volto da Escola SESC de Ensino Médio, localiza-da em Jacarepaguá, na cidade do

Rio de Janeiro, tenho a sensação de estar voltando de um lugar fora do Brasil. Mas a Escola SESC de Ensino Médio fica no nosso País, mais precisamente no Rio de Janeiro, no bairro de Jacarepaguá.

Este é seu terceiro ano de funciona-mento. São quase 500 alunos escolhidos em todo o Brasil. Há alunos de cada um dos Estados e do Distrito Federal. Mais do que horário integral, o regime é re-sidencial. Os alunos moram dentro do campus da escola. Os professores tam-bém. As aulas são das 8h às 12h, com in-tervalo às 10h para um lanche; o almoço – de ótima qualidade –, é das 12h às 13; e, das 13h às 13h45, os alunos se reú-nem com seu orientador; das 13h45 às 17h, têm aulas com intervalo de 20 mi-nutos para um lanche; das 17h às 20h30, oficinas e jantar – combinados confor-me o aluno e seu coordenador de ofici-nas. As oficinas são de idiomas, artes, esporte, problemas da atualidade, etc. Das 20h30 às 22h, é o tempo obrigató-rio para estudos, dever de casa, leitura livre, assistir ao noticiário com orienta-

É possível

ção do professor; das 22h às 22h30, é oferecido mais um lanche e, às 22h30, as luzes são apagadas.

Este ritmo intenso deixa duas surpresas: esta escola é pública e os alunos adoram.

O conjunto das atividades, a forma das aulas, a combinação entre o rigor do estudo com o prazer das aulas, ao lado de atividades prazerosas, fez com que, em três anos, apenas quatro alunos tenham “pedido para sair” e apenas dois tenham sido reprovados. A meta é reprovação zero, mas sem aprovação automática. Ao contrário, são muitas avaliações, tanto por disciplina como por temas multidis-ciplinares, por apresentações orais e até “pelo olho”, do sentimento do empenho e potencial do aluno.

A carga sobre os professores é ain-da maior e há exigência de dedica-ção exclusiva. Mas eles são tão feli-zes quanto os alunos. Natural. Porque, além da satisfação com as condições de trabalho, eles têm salário ao redor de R$ 9 mil por mês, com ótimo aparta-mento dentro do campus, para morar com a família ao custo de R$ 150; almo-ço – de alta qualidade – no restaurante a R$ 1, obrigatório, porque deve ser re-

Cristovam Buarque Senador e especialista em educação

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alizado junto com os alunos. A seleção de professores é rigorosa, com base no currículo, na experiência e, sobretudo, na manifestação de entusiasmo. Nesses três anos, apenas um deixou a escola para ser professor universitário e dois, por não adaptação. No total, são quase 80 profes-sores com turmas de no máximo 15 alu-nos; 34 turmas para os quase 500 alunos.

As instalações são melhores do qual-quer universidade brasileira e mesmo do que qualquer escola gratuita no mun-do inteiro. A biblioteca terá, em breve, 40 mil exemplares. Piscina, quadras, tea-tro e cinemateca compõem um conjunto arquitetônico bonito e confortável e com todas as funções necessárias para uma boa educação. O alojamento, para cada três alunos, é muito aconchegante, mo-derno e confortável.

Os alunos são escolhidos no Brasil, sen-do 80% de famílias com renda menor do que cinco salários mínimos. Ao entrarem na escola, não há diferença entre esses e os ou-tros 20% que possuem rendas maiores, que, tampouco, pagam. As roupas, alojamentos, comida e aulas são iguais, absolutamente as mesmas. A escola quebra a desigualdade e oferece as mesmas oportunidades.

O custo disso? Muito menor do que não gastar o que isso custa. Além do mais, ninguém pergunta quanto custam as Olimpíadas (a Escola SESC fica em frente a dezenas de alojamentos fei-tos para os Jogos Pan-americanos de 2007), as hidroelétricas, os portos ou as estradas. Nem mesmo quanto vão cus-tar as 15 novas universidades federais criadas pelo governo atual. Para isso, não direi o custo, mas informo que o SESC está muito feliz de fazer esse in-vestimento sabendo que mudará defini-tivamente a vida desses jovens e, com isso, mudará o Brasil.

Ao longo de suas vidas, esses 500 meninos e meninas vão dar ao Brasil um retorno centenas de vezes maior do que o custo desses três anos de formação. A existência da Escola SESC mostra o que, e como, é possível fazer uma revolução na educação brasileira, na qualidade e no conteúdo da formação de competentes e dedicados brasileiros, se pararmos de perguntar quanto custa e começarmos a perguntar quanto, ao longo dos 120 anos da República, vem custando não fazermos, em todo o País, escolas como esta em Jacarepaguá.

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O maior evento do setor de limpe-za e conservação será realizado, este ano, em Natal, capital do

Rio Grande do Norte. A 5ª edição do En-contro Nacional de Empresas de Asseio e Conservação (Eneac) está marcada para acontecer entre os dias 7 e 10 de abril, no Serhs Natal Grand Hotel, localizado entre as praias de Ponta Negra e Areia Preta, na chamada Via Costeira de Natal, a 12 qui-lômetros do aeroporto Augusto Severo.

Realizado a cada dois anos, o Eneac tem como objetivo promover a integração e aprimorar conhecimentos sobre o seg-mento, além de valorizar e reconhecer as empresas que dele fazem parte. O encon-tro é uma oportunidade para discutir ques-tões mercadológicas e jurídicas relativas ao setor, bem como para expor novos pro-dutos, equipamentos e serviços utilizados, gerando negócios.

“O Eneac continua sendo o melhor ambiente para os fornecedores demons-trarem seus produtos e equipamentos, sem contar que a edição deste ano trará grandes surpresas para todos. Tenho cer-teza de que teremos um evento com re-

Eneac 2010 acontecerá em Natal, no Rio Grande do Norte

corde de participação”, afirma o presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental (Febrac), Laércio Oliveira, que fará a abertura oficial do Eneac no dia 7. A expectativa é de que mais de mil empresários do setor partici-pem do evento, cuja programação técnica acontece nos dias 8 e 9.

De acordo com a programação pre-liminar do Eneac, participarão do even-to o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, os senadores Marco Ma-ciel e Garibaldi Alves, o ministro Pedro Paulo Manus, do Tribunal Superior do Trablho (TST), o presidente do Sebrae Na-cional, Paulo Okamotto, e o presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança, Vigilância e Transporte de Valores (Fenavist), Jerfferson Simões, en-tre outros convidados.

A programação do Eneac 2010 inclui ainda a solenidade de entrega do prêmio Mérito em Serviços – criado em 2002 pela Febrac para valorizar as empresas que se dedicam à prestação de serviços – e o jantar de encerramento do evento, que acontecem dia 10.

Empresários se reunirão no Serhs Natal Grand Hotel

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Com o objetivo de mapear as de-mandas do mercado de trabalho para orientar a escolha dos cursos

oferecidos pelos Departamentos Regionais do Senac e atender a um dos indicadores do Programa Senac de Gratuidade (PSG), o Departamento Nacional (DN) da entida-de produziu a pesquisa Demanda Futura do Setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

Coordenado e editado pelo Senac-DN, e executado pela empresa GPP Planeja-mento e Pesquisas, o levantamento inves-tigou as tendências futuras do mercado profissional de alguns segmentos volta-dos ao setor, como beleza, gastronomia, gestão e comércio, hotelaria e saúde.

“A realização dos próximos eventos esportivos na cidade do Rio de Janei-ro incrementou a demanda ocupacional no segmento de hotelaria”, avalia o dire-tor de Planejamento e Comunicação do Senac Nacional, Jacinto Corrêa, responsá-vel pela equipe que produziu a sondagem.

A publicação destaca que as atividades de recepcionista em meio de hospedagem, bartender, chefe de cozinha e concierge são as profissões com maior potencial de crescimento futuro. Beleza e hotelaria fo-ram identificadas como os segmentos que requerem maior quantidade de mão de obra especializada.

Nos três quesitos avaliados pelo estu-do que abrangem a formação profissional (qualificação técnica, experiência profis-sional e domínio de outros idiomas), a

qualificação técnica é o principal requisito para as profissões de cabeleireiro (40,21%) e manicure (42,55%), um pouco acima da experiência (31,96% e 34,04%, respec-tivamente). Já o domínio de outros idiomas é consi-derado primordial por 34,43% dos entrevistados na escolha de recepcionistas em hotéis.

Algumas profissões estão em processo de substituição ou extinção. Telefonista, vendedor, auxiliar de enfermagem e bar-beiro são cursos de formação cada vez menos procurados, e a sugestão dada pela publicação é que sejam incorporados por outros cursos.

A pesquisa foi realizada nas capitais de todas as unidades da Federação, por meio de entrevista com 1.350 profissionais res-ponsáveis pelas áreas administrativa e de recursos humanos de diversas empresas. De acordo com Sidney Cunha, diretor-ge-ral do Senac Nacional, a pesquisa possi-bilita à entidade uma avaliação bem acu-rada de sua atuação diante das mudanças previstas no mercado e sinaliza caminhos para um melhor desempenho da institui-ção em relação ao PSG e ao seu portfolio de cursos de uma maneira geral. Pra saber mais acesse www.senac.com.br.

Pesquisa do Senac identifica demanda futura

do setor do comércio de bens, serviços e turismo

Levantamento realizado em todas as unidades da Federação permite averiguar as tendências do mercado profissional e melhorar o desempenho do Programa Senac de Gratuidade (PSG)

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O acordo criado durante a 15ª Con-ferência das Partes (COP), realizada em dezembro de 2009 pela Organi-zação das Nações Unidas (ONU) em Copenhague, na Dinamarca, deve ser trabalhado este ano para que, na próxima reunião do grupo, que vai acontecer em Cancún, no Caribe, o do-cumento represente o consenso entre os países participantes.

A Olimpíada do Conhecimento, pro-movida pelo Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (Senai), teve suas competições deste ano, entre 8 e 14 de março, sediadas no Rio de Janeiro, na ci-dade olímpica estruturada no Riocentro. O evento acontece a cada dois anos, des-de 1982, e tem como objetivo principal avaliar os alunos participantes por meio

Este foi o grande desafio apresentado pelo embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Mi-nistério das Relações Exteriores, durante reunião da Comissão de Desenvolvimen-to Sustentável e Energia da Câmara de Comércio Internacional (CCI), realizada em 26 de fevereiro na sede da CNC no Rio de Janeiro.

Machado afirmou que houve um pro-blema de ordem técnica na confecção do acordo. “Os chefes de governo que participaram do evento não encontra-ram um trabalho maduro o suficiente”, disse. O embaixador explicou que, de-vido a isso, um grupo de chefes de Estado se debruçou sobre os consensos possíveis, trabalho que resultou no acordo, que ao final não foi aprovado pela COP 15. “É uma peça política”, analisou.

de critérios de conhecimentos técnico e tecnológico, perfil pessoal e habilidades. Pela segunda vez, o Senac participou da competição em cinco ocupações comer-ciais: Cabeleireiro, Cozinha, Serviço de Restaurante, Técnico de Enfermagem e Maquiagem, com 63 competidores, todos jovens em busca de reconhecimento pro-fissional e uma vaga no WorldSkills 2011 – competição realizada entre países –, que acontecerá em Londres.

A Olimpíada do Conhecimento con-tribui para a melhoria do desempenho do futuro profissional e o aprimoramen-to dos processos utilizados. Do ponto de vista tecnológico, é um instrumento para o aperfeiçoamento das metodologias de avaliação e rendimento escolar, além de promover a atualização do corpo técnico e docente com relação a normas do Brasil e do exterior.

Conclusões da COP 15 devem ser endossadas pelos países este ano

Senac na Olimpíada do Conhecimento 2010

Da esquerda para a direita: Ernane

Galvêas, da CNC, Marcelo Vianna, da

CCI, e o embaixador Machado: debates

sobre a COP 15

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ACONTECEU

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A primeira reunião do ano do Conse-lho Técnico (CTec) da CNC, rea-lizada no dia 2 de março, teve um

tema histórico como eixo dos debates. No ano em que se comemora o bicentenário do início do processo de independência das antigas colônias da América espanho-la, o advogado, professor e escritor An-tonio Celso Alves Pereira apresentou um quadro minucioso do complexo processo, mostrando seus desdobramentos, com ên-fase na questão indígena e nos aspectos políticos e ideológicos da colonização.

De acordo com o professor, o impac-to do processo colonial foi diferenciado para as diferentes regiões e comunidades que estavam sob o domínio espanhol. Mas há uma coisa em comum: “Esses países têm procurado deixar claro que não aceitam a utilização da efeméride pela Espanha para reafirmar sua visão da colonização como um momento de avan-ço civilizacional”, afirma Antonio Celso. Segundo ele, a Espanha, mais do que nunca, quer deixar patente, no contexto da Europa, a sua condição de interlocu-tora privilegiada com a América Latina e, com isso, aprofundar a sua participa-ção no potencial mercado da região.

Antonio Celso citou o pesquisador ar-gentino Walter Mignolo, professor da Uni-versidade Duke, dos Estados Unidos, que, em entrevista sobre o tema ao jornal O Globo, em janeiro, citou um neologismo: colonialidade. A palavra teria um sentido diferente de colonialismo. Para o profes-

sor argentino, o colonialismo se refere a momentos históricos específicos, enquan-to colonialidade é a lógica da repressão, opressão, despossessão e racismo. “Se-gundo Walter Mignolo, se expusermos a história de forma linear, no horizonte da modernidade, as independências supera-ram e põem fim ao colonialismo. De outra forma, se a narrativa destaca a perspecti-va histórico-estrutural, as independências apenas rearticulam a colonialidade”, ob-serva Antonio Celso.

Na visão do argentino – prossegue Antonio Celso –, a partir das independên-cias, são os criollos (os descendentes dos espanhóis) que passam a mandar e a fa-zer o mesmo que faziam os governos da metrópole. A matriz de poder seguiu ope-rando. “Nessa visão histórica, a revolução colonial, para os nativos, foi o caos, a de-sordenação do seu mundo, que agora, no século XXI, está se reorganizando, princi-palmente na Bolívia, no Equador, na Gua-temala e em Chiapas (sul do México)”, explicou Antonio Celso.

A discussão do tema no CTec contou com a participação do professor colom-biano Ricardo Vélez Rodrigues, autor de trabalhos sobre o tema.

Conselho Técnico aborda bicentenário da independênciada América espanhola

Processo que resultou na libertação dos países da região é reavaliado, com ênfase na questão indígena e nos aspectos ideológicos da colonização

Professor Antonio Celso: Espanha quer ser interlocutora privilegiada

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ACONTECEU

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O II Encontro de Assessores de Comu-nicação do Sistema Comércio de Bens, Serviços e Turismo vai ser realizado nos dias 12 e 13 de abril na sede da CNC, no Rio de Janeiro. Na pauta de trabalho, está a operacionalização do Plano de Comunica-ção Integrada 2010 – 2011. No I Encontro, realizado em agosto de 2009, os assessores definiram nove diretrizes de comunicação e relacionamento com os stakeholders externos e internos.

Em termos de comunicação externa, as ações de comunicação terão como objetivo aumentar a visibilidade do Sistema Comér-cio (CNC, Fecomércios, SESC e Senac) junto a empresários do setor, imprensa, comerciários, Governo, sindicatos e socie-dade, por meio da divulgação institucio-

A 2ª edição do Salão Estadual do Turis-mo acontecerá, nos dias 23 e 24 de abril, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, e tem como objetivos promover o desenvol-vimento do turismo no interior do Estado, aumentar o fluxo de turistas e a geração de novos negócios.

O evento, que também espera aproximar agentes, operadores de viagens e organiza-dores de eventos, conta com a participação de 60 municípios e está 20% maior do que a edição passada, realizada em Petrópolis.

Durante os dois dias, os destinos turísti-cos do Estado do Rio de Janeiro, da região Sudeste e do trade turístico serão apresenta-dos a operadoras de turismo, agentes de via-

nal e mercadológica (marcas, produtos e serviços oferecidos).

No campo da comunicação interna, serão desenvolvidas ações para ampliar o fluxo de informação entre as assessorias de comu-nicação e conferir maior uniformidade às ações do Sistema Comércio. Nesse sentido, vai ser constituído um Comitê de Comuni-cação com representantes das federações nas regiões Norte/Centro-Oeste, Nordeste, Sul/Sudeste com a participação de representan-tes da CNC, do SESC-DN e do SENAC-DN.

Indicadores a serem definidos no II Encontro vão avaliar a evolução dos ser-viços de comunicação interna e externa, tais como relacionamento com a mídia, sa-tisfação dos clientes e percepção das mar-cas do Sistema Comércio.

gem, organizadores de eventos e jornalis-tas especializados. Simultaneamente, será realizado um congresso, que reunirá pales-trantes e autoridades para apresentação de temas importantes para o setor.

O evento é organizado pela Secreta- ria de Turismo do Rio de Janeiro (TurisRio) e pela Federação de Convention & Visitors Bureaux do Rio de Janeiro. Para mais informações, acesse o site: www.salaodeturismorj.com.br.

II Encontro de Assessores de Comunicação acontece em abril

2ª edição do Salão Estadual do Turismo

Salão Estadual de

R I O D E J A N E I R O - 2 0 1 0

2 3 e 2 4 d e A b r i l - P a r a t y - R J

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AGENDA

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HISTÓRIA EM IMAGEM

O guardião das letrasFilho de imigrantes judeus da Ucrânia, formado em Direito pela USP, já não

seria pouco se José Ephim Mindlin fosse conhecido pelo fato de ter fundado a Metal Leve, a fábrica de autopeças que se tornou emblemática do setor industrial brasileiro. Mas, além disso, Mindlin tinha uma grande paixão: os livros. E é por meio dela que se tornou ainda mais conhecido, despertando o carinho e a admira-ção dos brasileiros. Ao completar 95 anos no ano passado, tinha juntado um acervo com aproximadamente 40 mil exemplares, incluindo obras de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários (originais e provas tipográficas), periódicos, livros científicos e didáticos, iconografia e li-vros de artistas (gravuras). Uma coleção admirável, considerada a mais importan-te biblioteca privada do gênero, no Brasil. Entretanto, Mindlin, que entrou para a Academia Brasileira de Letras em 2006, dizia não se considerar dono da biblio-teca, apenas seu guardião. Em mais um gesto da generosidade que o caracteriza-va, ele doou o acervo à USP. Ao nos deixar, no dia 28 de fevereiro, fechou-se um capítulo, mas sua história continuará sendo contada para as próximas gerações.

(Sergio Jr/CP Doc JB)

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2 de Março - Dia Nacional do Turismo

www.portaldocomercio.org.br

Sistema CNC • SESC • SENAC

Hoje é o Dia Nacional do Turismo. E a CNC não poderia esquecer esta

data: é que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo tem como um de seus objetivos promover o desenvolvimento do

turismo. E é reforçando o compromisso com o crescimento do setor que a CNC

comemora este dia. Afinal, quando o turismo cresce, o Brasil cresce junto.