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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019

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CapaAndré Brik

Nasceu em Curitiba em 1972. Arquiteto, ilustrador e di-retor de arte, estudou Design Gráfico na School of Visual Arts e na Parsons School of Design em NY. É influenciado pela publicidade sachplakat dos anos 1920 e pelo cartazis-mo polonês com seus elementos sóbrios, fundos em cores contrastantes, trocadilhos visuais, geometria estilizada e ironia sutil. Suas ideias surgem na observação das formas e cores dos objetos cotidianos que são estilizadas em ele-mentos geométricos básicos, recebendo assim um novo significado visual.

Sobre a obra: “Onion Matryoshka"

“Como uma tradicional avó judia, minha ‘babe’ demons-trava seu amor pelos netos através de seus deliciosos pra-tos de origem polonesa. Na maioria das receitas os ingre-dientes incluíam muita cebola.

Recentemente, ao tentar reproduzir sua famosa sopa de matzeballs, percebi que as metades de cebola usadas na receita se desgrudavam em domos que se encaixavam so-brepostos um dentro do outro, como em uma matrioska ou babushka, as bonecas de madeira da Europa Oriental.”

Conheça o trabalho de André Brik: www.brik.com.br

esta edição temos uma sincronicidade de temas: a matéria sobre Marie Curie, considerada a mulher mais influente da história, de acordo com uma pes-quisa internacional escrita por Luiz Fernando Bu-dant e o filme sobre essa personagem trazido pela comunidade polônica de Mar del Plata. E ainda sobre

o papel das mulheres, um texto exalta a importância do trabalho e da presença das imigrantes polonesas nos versos da profa. Maria do Carmo. A belíssima capa de André Brik remete às memórias afeti-vas de sua infância e dos pratos feitos pela avó, enquanto Mielec na página de culinária nos presenteia com uma receita feita com esse vegetal. Com isso celebramos mais uma vez a arte, a natureza e a vida, lembrando o poema de Pablo Neruda (1904-1973), que faz uma homenagem à “redonda rosa d’água, baile imóvel de anêmona nevada”, e que inicia assim:

CebolaLuminosa redomapétala a pétalacresceu a tua formosuraescamas de cristal te acrescentarame no segredo da terra escuraarredondou-se teu ventre de orvalho. Sob a terra foi o milagre...(Odes Elementais, 1954)

Zapraszamy! Izabel LIVISKI

Diretora de Redação.

AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASILNúmero 11 - Julho / Agosto 2019

Editora Chefe: Izabel LiviskiDiagramação: Axel GillerCorrespondente Internacional: Everly GillerRevisão: Mariano KawkaCapa: André BrikAuxiliar Administrativo: Ieda Laise Port

REALIZAÇÃO: Casa da Cultura Polônia Brasil

APOIO:Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba

"Este projeto é cofinanciado com recursos do Ministério das Relações Exteriores da República da Polônia"

[email protected]

Convidamos os interessados a anunciar suas empresas e seus produtos em nosso boletim.

Contato:

EDITORIAL

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Mulher Imigrante

De avental, às margens do rio Itajaí-Mirimlavando a roupa.Com tantas qualidades apregoadas na televisão,como sobreviveste à falta de sabão em pó?

Polaca de lenço na cabeça,frente ao fogão a lenhana cozinha – que era o espaçomais amplo de tua vida.Receitas, para que tê-las ou lê-las,Se ingredientes não havia?

Mulher polonesa, atenta às exigências de uma boa mesa.Como ser anfitriã, somentecom o milho, a farinha de mandioca,e sem o sal, centeio ou qualquer outro recheiopara agradar a família?Mulher, cozinheira de forno e fogão, criaste e recriaste a arte milenarde assar o pão – símbolo da hospitalidadede uma nação.

Como mãe, dona de casa,às vezes médica, às vezes sábia,procuraste transformar a paisagemcom toda sorte de coresnos papéis recortados – ‘wycinanki’-,tentando dar vez e voz à emoção maior:Saudades da Polônia!

Sem celular, onde encontrar um disque-pierógui?Jantar fora, não dá.Também não há congelados, nem micro-ondas, nem pedidos com entrega e frete grátis...Que fazer com o vazio da lembrança?A memória quase não alcança maisas recordações deixadasno outro lado do Oceano Atlântico.

Mulher:desde a saída de Opole, de Łódź, da Polônia – enfim!Tua história foi contada pelos nomes dos homensnos embarques.Assim, teu nome aparecia como ‘senhora de fulano’,ou seja: não possuías identidade própria,como se a própria identidade não te dessepertencimento no contexto da história!

Mas o que seria agora, dessa mesma história,(tão aventureira quanto significativa)se não houvesse participação do feminino, tão singular em comportamento quanto em atitude?,ainda mais agora, em agosto de 2019, quando dos 150 anos de imigração polonesa para o Sul do Brasil?Mulher:A imagem de alguém especialque através de sua participação(talvez até involuntária; quem saberá?)nos caminhos de estradas líquidas, ora mar/oceano, ora rio,ou no enfrentamento de bugres, enchentes,animais bravios;morando no meio da mata,ouvindo chorinho de recém-nascido na casa rústica:te (re)inventaste,viraste heroína, tão forte,tão fênix.

Mulher polonesa:Eternizaste momentos deMulher Imigrante,mesmo sem porta-retratos, compartilhamentos pelo Facebookou sequer fotos e mensagens pelo WhatsApp,muito menos ainda por correspondências via carta ou cartão postal,pois tudo isso não havia.Mas, sim, tua imagem icônica (haja imaginação!) ficou indelevelmente marcadapelos sonhos que sonhaste,pelos caminhos que percorreste (Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro – futura Brusque; depois Pilarzinho, já em Curitiba),pela liberdade que viveste na nova terra chamada Brasil!

Maria do Carmo Ramos KRIEGEREstudiosa e pesquisadora sobre a imigração polonesa em Brusque/SC, é autora

de mais de uma centena de artigos e quatro livros sobre o tema.

Foto: João Urban

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Madame Skłodowska-Curie

Maria Salomea Skłodowska nasceu em Varsóvia, em 7 de novembro de 1867. Até hoje, foi a única mulher duas ve-zes laureada com o prêmio Nobel: em física (1903, quan-do dividiu o prêmio com Pierre Curie, seu marido, e com Antoine Henri Becquerel) e; em química (1911). Ademais, consta ter sido a primeira professora da mui prestigiada Universidade de Sorbonne.

Maria Skłodowska passou a infância em sua cidade natal, Varsóvia. A Varsóvia em que nasceu, contudo, não ficava na Polônia. Nem mesmo Polônia havia. Seu pai, Władysław Skłodowski, e sua mãe, Bronisława Boguska, eram professores. As famílias de ambos tiveram partici-pação ativa no Levante de Janeiro (1863-1864), o que lhes levou a uma difícil situação financeira.

As leis da época proibiam que mulheres frequentassem o ensino superior. Por conta disso, sua irmã mais velha, Bronisława, não pôde dar sequência a seus estudos. Esta situação revoltou Maria, que conseguiu um emprego para que pudesse sustentar sua irmã na França, onde as mu-lheres podiam frequentar a universidade.

Anos mais tarde, em 1891, a própria Maria partiria para a França, a fim de estudar. E foi na mesma França que Ma-ria passou a ser conhecida como Marie e acabaria por se casar com o físico Pierre Curie, em 16 de julho de 1895.

Maria, agora Marie Skłodowska-Curie, e seu marido fo-ram responsáveis por grandes avanços nos estudos refe-rentes ao fenômeno da radiação, razão pela qual ganha-ram, em 1903, o Nobel de física.

Pierre falece três anos depois, em 1906.Em 1911, Maria recebe pela segunda vez o Nobel, desta

vez em química, pela “descoberta do rádio e do polônio, pelo isolamento do rádio e pelo estudo da natureza e da composição deste elemento”.

As contribuições da grande cientista não podem ser es-quecidas por diversos motivos. Embora as circunstâncias de sua vida a tenham afastado de sua terra natal, Maria era uma grande patriota e nomeou o polônio em home-

nagem à sua pátria. Também dá testemunho de seu amor à terra natal o fato de começar suas falas públicas com a expressão je suis née à Varsovie (eu nasci em Varsóvia).

Mas mais fundamental, parece-me, é em um outro pla-no. Nossa cultura decidiu que a ciência é um espaço de ho-mens, um espaço masculino. Maria precisou sair de sua terra para poder estudar – era mulher. Maria enfrentou machismo em sua carreira acadêmica. Se olharmos a lista de laureados com o Nobel de física ou química, veremos um número bastante reduzido de mulheres (interessan-temente, uma das laureadas foi, justamente, Irène Juliot--Curie, filha de Maria Skłodowska-Curie).

Maria Skłodowska-Curie morreu em 4 de julho de 1934, poucos meses após retornar de uma viagem à Polônia, vi-timada por uma anemia aplástica, consequência da expo-sição à radiação que sofreu ao longo de sua vida.

Que a memória desta grande cientista seja sempre lembrada!

Luiz Henrique BUDANTÉ bacharel em letras-polonês pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde deu aulas como professor substituto de 2015 a 2017. Traduziu o livro Aquele bárbaro sotaque polonês de Aleksandra Pluta, e se dedica à literatura polonesa e à tradução.

ESPAÇO DE PESQUISA

Painel em Varsóvia – Fonte: arquivo do autor

Marie Curie em seu laboratório. Fonte: https://socientifica.com.br/2018/08/10/cientista-marie-curie-elei-ta-a-mulher-mais-influente-da-historia/

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Festival de Etnias do Paraná

O mês de julho foi mais que especial pra comunidade polonesa de Curitiba e região. O Teatro Guaíra sediou o 58° Festival Folclórico de Etnias do Paraná, evento realizado pela Aintepar - Asso-ciação Interétnica do Paraná. Os polo-neses são representados na Aintepar

por dois grupos tradicionais, o Wisła e o Junak que se apresentaram respecti-vamente nos dias 03 e 12 de julho.

Tanto o Wisła, quanto o Junak le-varam aos seus públicos o melhor do folclore polonês de acordo com suas visões folclóricas diferenciadas, o que

enriquece as formas de manifestação da cultura polonesa no Brasil.

Este ano, o espetáculo do Wisła con-tou com um público mais que especial: poloneses folcloristas de vários países da América do Sul, direção, coreógrafo e dançarinos do Grupo Śląsk, represen-tantes do Ministério das Relações Ex-teriores da Polônia e do Presidente da Współnota Polska. Ambos realizaram a abertura do Congresso da Juventu-de Polônica durante o Espetáculo do Wisła que deu boas vindas a todos.

Ao Junak coube a honra de encerrar o 58° Festival Folclorico de Etnias do Paraná, sem dúvida o maior festival do estilo no Brasil, que reúne 18 gru-pos associados à Aintepar.

Lourival de ARAUJO Fº 2° Secretário da Aintepar Apresentação do grupo Folclórico Polonês Junak, no Folclorize. Foto: Brunno Covello

Na apresentação do Grupo Junak, foi contada de forma lúdica a lenda do Dragão de Wawel, através de um completo repertório de danças e encenações. Foto: Brunno Covello

Grupo Karolinka encanta público em Bydgoszcz na Polônia A alegria com que os dançarinos do Grupo Karolinka

representam as danças folclóricas vem ganhando cada vez mais fãs. Em turnê pela Polônia, os jovens mostraram canções e danças tanto polonesas quanto brasileiras, en-chendo de orgulho os moradores de sua cidade natal, São Mateus do Sul.

Na cidade de Bydgoszcz, na Polônia, realizaram o espetá-culo intitulado “Bom Dia Polsko” que reuniu, além do Karo-linka, os anfitriões do Zespół Pieśni i Tańca Ziemia Bydgoska e, de Curitiba, o Wisła - Grupo Folclórico Polonês do Paraná. O espetáculo, que aconteceu na praça em frente à Filarmô-nica Pomorska, reuniu mais de mil pessoas, que prestigia-ram danças e cantos poloneses e brasileiros. A imprensa local destacou que as apresentações de folclore polonês e brasileiro conquistaram o coração do público.

Para acompanhar todas as informações sobre a turnê na Polônia, acompanhe o Karolinka nas redes sociais:

fb.com/grupokarolinka e instagram.com/grupokarolinka

Levante Assessoria de ComunicaçãoLarissa DRABESKI

Jornalista.Foto: Tomasz Czachorowski

TURISMO

COTIDIANO

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PERSONAGEM DO MÊS

Entrevista com o vereador Tito Zeglin

O Boletim TAK! convidou o Vereador Tito Zeglin para uma entrevista nesta edição, e nos sentimos muito hon-rados em trazer sua trajetória política e seu empenho pessoal sempre voltados para a valorização, manuten-ção e divulgação da cultura ligados à Polônia, e aos po-lônicos.

Jornalista e radialista formado pela PUC/PR (1976), trabalhou como apresentador de programas de rádio nas emissoras de Curitiba e região: Colombo, Paraná e Iguassu. Em 1982 entrou para a vida pública, sendo eleito vereador em Curitiba. Em 2016 foi reeleito com 7.447 votos, para o oitavo mandato como representan-te da população curitibana na Câmara Municipal. En-tretanto, conta com orgulho que seu primeiro ofício foi como caixeiro viajante e propagandista de laboratório.

TAK! - Quais as suas principais realizações como vereador em Curitiba?

TZ – Dentre projetos/leis de minha autoria estão a Lei da Gorjeta, que esclarece sobre o pagamento facul-

tativo da taxa de 10% em bares e restaurantes; a proi-bição do uso de celular em agências bancárias; a Lei do Lacre, que obriga a utilização de lacre inviolável nas embalagens de alimentos entregues em domicílio; a lei que estabelece o peso máximo do material escolar a ser transportado por aluno do pré-escolar e do ensino fun-damental; entre outras que vêm ao encontro dos inte-resses da população curitibana.

Ao longo da minha trajetória no parlamento curiti-bano, já ocupei o cargo de vice-presidente por três ve-zes, presidi a Comissão de Participação Legislativa e fiz parte das comissões de Segurança e de Economia, Finanças e Fiscalização. Atualmente sou membro das comissões de Acessibilidade e Direitos da Pessoa com Deficiência, Economia, Finanças e Fiscalização, Serviço Público e Saúde, Bem-Estar Social e Esporte. Novamen-te estou na 1ª vice-presidência da Câmara Municipal de Curitiba

TAK! - Poderia falar sobre as suas ações voltadas especificamente à valorização da cultura polonesa e polônica?

Tito Zeglin no exercício da prefeitura, discute o projeto de restauração do portal polonês com a coordenadora do Bosque do Papa, Danuta Lisicki de Abreu.

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PERSONAGEM DO MÊS

TZ – Como descendente de poloneses, sempre pro-curei valorizar a cultura polonesa em minha atuação parlamentar. Menciono, de forma especial a lei ordi-nária 11.553/2005, que institui o dia 2 de maio como o Dia Municipal da Imigração Polonesa e a lei ordiná-ria 11.785/2006, que institui em Curitiba a Semana da Colônia Polonesa. Também sempre procurei valorizar o trabalho prestado por poloneses, descendentes e entidades que preservam os costumes poloneses. Cito como exemplos:

- lei ordinária 8094/1992, que concede o título de Ci-dade Irmã de Curitiba à Cidade de Cracóvia;

- lei ordinária 7467/1990, que concede o título de Ci-dadão Honorário de Curitiba ao sr. Mieczyslaw Klimas;

- lei ordinária 7745/1991, que concede o título de Vul-to Emérito de Curitiba ao sr. Antônio Domakoski;

- lei ordinária 8569/1994, que concede o título de Ci-dadão Honorário de Curitiba a Dom Ladislau Biernaski, Bispo Auxiliar de Curitiba;

- lei ordinária 9731/1999 que concede o título de Ci-dadão Honorário de Curitiba ao sr. Marek Makowski;

- lei ordinária 14498/2014, que concede o título de cidadão honorário ao professor doutor Waldemiro Gremski (reitor da PUC/PR);

- voto de Louvor a Sociedade Marechal Pilsudski, pela comemoração dos 100 anos de sua fundação (2005);

- voto de Congratulações e Aplausos à Sociedade Po-lono-Brasileira Tadeusz Kościuszko (2015);

- voto de Congratulações e Aplausos para a Sociedade União Juventus pelas comemorações dos 120 anos de sua fundação (2018);

- voto de louvor e congratulações ao Conjunto de Canto e Dança Junak pelos 50 anos de existência e pela brilhante participação na apresentação do 49º Festival Folclórico e de Etnias do Paraná (2010);

- indicação do Prêmio Papa João Paulo II à sra. Danuta Maria Lisicki de Abreu (2011);

- indicação do Prêmio Papa João Paulo II à Casa da Cultura Polônia Brasil (2016);

- indicação da Representação Central da Comunidade

Brasileiro Polonesa do Brasil – BRASPOL para ser agra-ciada com o Prêmio Pablo Neruda de Direitos Humanos (2010);

- indicação da Banda Coração Nativo Polscy Muzykan-ci para ser agraciada com o Prêmio João Batista Gnoato (2008).

Em reconhecimento à imensurável influência da cul-tura polonesa em Curitiba, promovemos em 2009 uma sessão solene em homenagem aos 140 anos da imigra-ção polonesa no Brasil, contando, na ocasião, com a en-tão cônsul geral da Polônia, Dorotta Joanna Barys, Dom Ladislau Biernaski (então bispo da diocese de São José dos Pinhais), os desembargadores Márico Dionízio Gap-ski e João Kopitowski, dentre diversos representantes de congregações eclesiásticas, instituições representa-tivas e grupos folclóricos.

Ao longo dos anos, recebemos diversas comitivas de governantes, empresários, líderes religiosos e outras lideranças da Polônia. Cito como exemplo mais recente a visita do deputado federal Jan Dziedziczak, em agos-to/2018. Como prefeito em exercício de Curitiba, em novembro/2010), trabalhei pela recuperação do portal Polonês, na rua Mateus Leme (Centro Cívico), que esta-va degradado pelo tempo.

TAK! – Qual o seu posicionamento pessoal frente à polonidade?

TZ – Acredito que é fundamental estimularmos as mais diversas ações que visem a preservação da cultu-ra polonesa, através do legado de costumes e tradições de nossos antepassados. É muito importante que as novas gerações possam levar adiante este trabalho de preservação da identidade polonesa. Temos inúmeras riquezas neste sentido, desde a economia (agricultura e comércio), arte (música e literatura), gastronomia e arquitetura que precisam ser preservadas, especial-mente em Curitiba e região metropolitana, onde temos a maior colônia polonesa no Brasil.

Entrevista concedida por email em junho de 2019, à:

Izabel LIVISKI Fotógrafa, professora, pesquisadora da História das Artes Visuais na Polônia e no Brasil,

Diretora de Redação do Boletim TAK!

Colaborou nesta matéria:

Julio Cesar RHUTES SERAFIM Natural de Curitiba, jornalista graduado pela Universidade Positivo, com atuação em assessoria de imprensa,

mídia impressa, rádio e mídias digitais.

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Maria Curie − Uma vida apaixonada

No domingo dia 2 de junho, no Museu Bruzzone, o C. C. Cine Po-laco Mar del Plata projetou o filme Maria Curie − O valor do conheci-mento. Trata-se de uma coprodução franco-polonesa-alemã de 2016, com a duração de 95 minutos e a direção da francesa Marie Noëlle. Uma extraordinária obra-prima da atriz polonesa Karolina Gruszka no papel de Marie Curie. O filme se desenvolve entre os anos 1903 e 1911, quando a cientista polonesa recebe primeiro o Prêmio Nobel de Física, e depois o de Química.

Maria Skłodowska nasceu em Varsóvia, território polonês ocupa-do, no dia 17.11.1867. Em 1891 se estabeleceu na França, onde se ca-sou com o doutor e cientista Pierre Curie em 1895. Foi a primeira mu-lher a ganhar um Prêmio Nobel e também a primeira a ganhar dois. Juntamente com seu esposo, dedi-cou-se de corpo e alma ao desco-brimento e ao estudo do rádio e das suas aplicações terapêuticas, conseguindo um desenvolvimen-to que determinou um importante avanço em seu uso na medicina. Karolina Grudzka interpreta uma mulher apaixonada pela sua vida científica e que em 1906, ao enviu-var, deve enfrentar uma sociedade

patriarcal que menospreza os seus estudos e desenvolvimentos práti-cos. A sua luta para poder lecionar na Universidade Sorbonne em Pa-ris. O escândalo que provoca o ro-mance com seu colega e físico Paul Langevin (interpretado por Arieh Worthalter) e o assédio dos jorna-listas e dos círculos sociais, que a difamavam como adúltera. A Paris do início do século XX e seus con-ceitos morais puritanos e machis-tas que restringiam a liberdade in-dividual feminina e pressionavam com a opinião pública o desenvol-vimento intelectual das mulheres. Vemos e admiramos uma Marie Curie na vanguarda das mulheres que buscavam uma nova posição na sociedade. A fotografia é de Mi-chał Englert, e a música, de Bruno Coulais.

Prestem atenção na cena final do filme, onde Marie avança e sua filha Irene a segue passo a passo. A filha atrás da mãe, e assim foi o desti-no: em 1935, Irene ganhou o Prê-mio Nobel de Química. Finalizando o filme, junto com a ficha técnica, e em algumas cenas de rua atuais, Marie Curie pedalando a sua bici-cleta ou caminhando junto a ela se mistura com as pessoas e cruza com outras personagens da época.

A diretora nos quer dizer que os descobrimentos científicos daque-la época nos acompanham hoje e vivem junto conosco? Vocês podem opinar. Marie Curie, excelente obra da sétima arte. Parabéns a Karoli-na Gruszka e Marie Noëlle.

Tradução: Mariano KAWKA

Eduardo Román SZOKALA Mar del Plata, é colunista da Głos Polski (Buenos Aires-Argentina).

Foto - divulgação.

AQUÍ MAR DEL PLATA

Jasmine com a bandeira da Polônia.

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VERSO & (ES) TROVA

“Sete parmo”

Noite estrelada, deitado num capacho sobre a lata da kombi Teresa,

revejo pelo vidro traseiro o domingo passado corrido e brincado no sítio de tias-avós:

Verônica, velhinha e miúda e Martha, que falava cantado.

Na cabeça, a "Moda da Mula Preta"* forjava

em mim a imagem da cobra malvada, de tocaia num pé de carqueja,

no céu, entre as estrelas, um bote eterno a esperar por nós.

*Composição de Raul Torres, gravada originalmente por Tonico e Tinoco. Link da música no youtube:

https://youtu.be/9MLvcuP0Qao

Claudio BOCZON Artista plástico, poeta e polaco – não necessariamente nesta ordem. Criando a partir de elementos, histórias e memórias

reminiscentes do passado ou encontradas no cotidiano, sua produção artística é direcionada a um jogo entre a sobreposição e a transparência, o ocultamento e a revelação. “Abaretama” – Claudio Boczon, técnica mista sobre tecido, 2018.

CULINÁRIA

“Guardar” ou salvaguardar a memória (alimentar) polono-brasileira?

Entre os dias 3 e 7 de julho ocorreu em Curitiba o Congres-so da Juventude Polônica na América do Sul, realizado atra-vés de convênios entre organizações polônicas da América e a instituição polaca Wspólnota Polska. Dentre as atividades do congresso ocorreu a Oficina de Culinária Polonesa minis-trada pela cozinheira curitibana Ana Turek.

Na ocasião pude conhecer e me aproximar de Ana, umas das mulheres que considero guardiã da memória alimen-tar de uma culinária no Paraná que podemos definir como polono-brasileira. Quando utilizo o termo “guardiã” (ou guardião) da memória (seja alimentar ou não) me refiro às pessoas que conhecem muito bem as tradições culturais de uma sociedade e são capazes de mantê-las vivas e em mo-vimento. Pessoas que são referências para as diferentes ge-rações naquele conhecimento que portam, responsáveis e interessadas em transmitir tais saberes para aqueles que se aproximam ou estão próximos delas.

Dessa forma quero definir a cozinha praticada por Ana Tu-rek. Ela não fez da culinária polono-brasileira somente uma fonte de renda para sua casa, nem tampouco uma fonte de

poder, se posicionado em relação a outros cozinheiros ou cozinheiras como “dona das tradições”. Mas até onde pude enxergar, vi uma cozinheira muito generosa, com interesse em transmitir suas receitas, guardando somente aquelas re-ceitas que considera serem raras ou de difícil execução, cuja preocupação dela estava no risco de distorção daquele saber tão difícil de ser acionado.

Com isso quero dizer que algumas receitas ainda não ha-viam sido ensinadas por ela, devido seu receio das pessoas não “a executarem corretamente”, colocando seu nome e seu saber em risco. Como exemplo ela apontou para a torta de sementes de papoula. Sabe que o ingrediente é raro ou caro no Brasil e que existem alguns segredos que precisam ser observados na preparação, como por exemplo, o cozimento correto da semente de papoula e as etapas exatas do prepa-ro da torta, bem como aqueles toques de sabor que fazem a magia da comida acontecer.

Durante nossa conversa, antes de Ana iniciar todo seu espetáculo com as panelas, ela insistiu em dizer que não se considera uma cozinheira “profissional”, no sentido de que

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CULINÁRIA

não atravessou uma formação acadê-mica ou técnica que a conduzisse para essa posição. Explicou também que ela “talvez” não conheça “tanto assim” da culinária, mas com firmeza demons-trou que sua cozinha é uma cozinha de memória, aprendida desde a infância, transmitida através dos antepassados que vieram da Polônia.

Ana nasceu na região de Curitiba, descendendo de uma família de pola-cos imigrantes e se casou também com um descendente de poloneses. Portan-to, seu conhecimento culinário vem de receitas de família, transmitidas oral-mente. Destas receitas de família não percebi nenhum receio dela em “guar-dar” o saber enquanto algo absoluta-mente secreto e pessoal. Vi, antes, que ela buscou “salvaguardar” a tradição alimentar, ou seja, “salvar” do passado, “guardar” na memória, que está sem-pre em movimento de reconstrução e transmitir, pois a memória, quando não é transmitida não se sustenta, se perde. É neste movimento da memória que reside seu saber e seu poder.

Assim, como tantos outros guar-diões da memória ancestral, Ana não deixou o conhecimento se perder, pois quanto mais cozinha ou se pratica uma tradição e quanto mais a transmite, mais resistente ela se torna, pois a me-mória se mantém ativa. Dessa forma, ela, bastante sedenta de conhecimen-tos culinários, chegou a viajar para a Polônia mergulhando em algumas cozinhas profissionais cuja linguagem não se comunicava imediatamen-te com a cozinha da casa da sua mãe, das avós, das vizinhas, ou seja, da sua comunidade polônica no Brasil. Pois esta culinária vivenciada no Brasil se adaptou ao longo das décadas com o clima, os produtos e a cultura local. A

culinária polonesa na imigração sofreu suas fusões e só pode ser reconhecida nas singularidades das práticas fami-liares e nas formas como as preservam e transmitem.

Quando eu mergulhei na minha pes-quisa sobre a transmissão dos saberes culinários entre descendentes de polo-neses da região centro-sul do Paraná, visitando mais de 40 famílias, percebi que cada uma tinha sua própria recei-ta de qualquer prato que eu apontasse como questão nas entrevistas. Havia pontos em comum nas receitas, mas as variações logo se tornaram evidentes. Ana também revelou que sua torta de papoula não veio das cozinhas de ho-téis ou de grandes restaurantes da Po-lônia que visitou, mas de uma “senhora polaca” que ela conheceu durante sua passagem pela Polônia e que, igualmen-te, também havia herdado receitas de seus antepassados. Segundo Ana, “nem mesmo na Polônia” se conhecia bem a receita da torta de semente de papou-las. Imagina só o nó a ser desenrolado quando se trata da memória alimentar e de sua transmissão? Pois antes de pen-sar numa “culinária polonesa” é preciso refletir sobre tantas influências e des-continuidades que a comida atravessou na própria Polônia e da mesma forma entre os imigrantes no Brasil.

Mas não há como negar que existem pratos que serão reconhecidos tanto na Polônia quanto nas comunidades polônicas da América. O exemplo mais emblemático é o do pierogi. Mas na ofi-cina, nem passamos perto de aprender receitas de pierogi, prato tão comum e conhecido. Será que é tão conhecido assim? Às vezes me pergunto quantos descendentes conseguem de fato ela-borar a receita sem olhar na internet. Tenho a impressão que as novas gera-

ções estão construindo sua memória em outro lugar, não mais nos gestos e na oralidade dos guardiões. Pois a mi-nha geração, já ambientada ao espaço tecnológico, passa muito mais tempo assistindo ou comendo o que alguns cozinham do que de fato preparando suas próprias refeições. Não me refiro à produção de alguma coisa que sacia a fome, mas o cozinhar das receitas de família, as mais complexas, as mais demoradas e as mais saborosas e cria-tivas. Eu espero estar errada nesta mi-nha conclusão, talvez precipitada.

Mas acho que foi por isso que os jo-vens presentes naquela oficina estavam tão entusiasmados com o conhecimen-to de Ana. Jovens que não paravam de anotar tantas dicas de como transfor-mar ingredientes simples como farinha, leite, ovos e açúcar numa miríade de re-ceitas e, melhor do que isso, em receitas que comunicavam uma ideia de “poloni-dade”, de pertencimento étnico.

Os elementos brasileiros que apa-receram nas receitas estavam repre-sentados nas frutas tropicais e nas castanhas do norte do Brasil que se amalgamaram às técnicas de preparo da tradição polonesa. Por fim os pratos executados foram a sopa de cogumelos (Zupa Grzybowa), o Knedle, uma mas-sa cozida no vapor servida na versão salgada com frango e molho de queijo (tipo bechamel) e também doce, com geleia de frutas. Para coroar os sabores da oficina experimentamos a tão rara e especial torta de sementes de papoula com crocante de castanha do Pará, en-feitada como doce de leite, chocolate e figos, como toque especial da cozinha local.

Neli Maria TELEGINSKI Doutora em História pela UFPR, professora de História no UNICENTRO e SEED/PR.

Pesquisadora em História e Culturas da Alimentação.

Ana Turek, ao centro com os participantes da Oficina de Culinária Polonesa

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201911

Królowa Cebulowa - Cebola, a “Rainha”!

A cebola é um dos vegetais mais antigos conhecidos pelo homem. Há cerca de 5.000 anos desfrutamos das suas propriedades únicas. Apesar da passagem do tem-po, as cebolas não perderam sua popularidade e são usa-das de várias maneiras. E não somente na cozinha.

Quem não gosta de cebolas? Eu particularmente pos-so provar dela em todas as formas, crua, cozida, frita, as-sada, etc. nas várias modalidades, branca, roxa, e a mais comum, a cebolinha. Interessante também que ela tem propriedades medicinais. Lembro que no inverno minha mãe fazia um xarope à base de cebola, bastava descas-car uma, cortar em rodelas, colocar no pote de vidro e em cada camada uma colher grande de açúcar, cobrir, deixar na geladeira um ou dois dias para a cebola soltar o caldo, e depois, se tiver tosse ou dor de garganta, tomar 3 vezes por dia uma colher. Interessante que o xarope não ficava com cheiro de cebola, era muito suave. A cebola tem pro-priedades anti-inflamatórias, é cicatrizante, bactericida e baixa o colesterol no sangue, além de conter vitamina C. Em 100 g encontram-se: 7,4 mg de vitamina C, tiamina - 0,046 mg, riboflavina - 0,027 mg, niacina - 0,116 mg, B6 - 0,120 mg, ácido fólico - 19 μg, A - 2 UI, E - 0,02 mg, K - 0,4 μg e minerais: cálcio - 23 mg, ferro - 0,21 mg, magnésio - 10 mg, fósforo - 29 mg, potássio - 146 mg, sódio - 4 mg, zinco - 0,17 mg.

Uma curiosidade: já que o Brasil foi descoberto na épo-ca das navegações, ela era usada contra o escorbuto. Os marinheiros, comerciantes e baleeiros a levavam para as longas viagens. Por tudo isso, vamos comer cebolas!

Aproveitando a época de frio (no Brasil), acredito que uma dica seria a sopa de cebola. Vamos precisar de:

- 1 kg de cebola, 2 colheres de sopa de azeite,1 colher de sopa de açúcar, 250 ml de vinho branco, caldo de le-gumes de 750 ml.

- 1 baguete, queijo amarelo, noz-moscada moída, sal, pimenta-do-reino.

Preparo: Descasque as cebolas, cubra com azeite de oliva, depois com o açúcar, e deixe um pouco carameliza-do em fogo médio. Em seguida despeje o vinho, deixando evaporar. Acrescente o caldo quente, cozinhe por 15-20 minutos com a tampa. Tempere a gosto com sal, pimenta e noz-moscada.

Corte a baguete em fatias de 1 cm, cubra com queijo ra-lado, asse por 5-6 min a 200°C. Sirva a sopa com a baguete ainda quente.

A sopa na Polônia é sempre servida como entrada, de-pois vem o prato principal, que pode ser uma tarta cebu-lowa. Vamos aos ingredientes:

Massa da torta: 100g de manteiga gelada, 200g de fari-nha de trigo, 1 ovo, 1/2 colher de chá de sal

Recheio: 150g de bacon, 4 cebolas grandes,100g de queijo cheddar e óleo

Creme: 2 ovos, 150 ml de creme de leite (18%) mistu-rados, sal, pimenta, noz-moscada, alho granulado.

Para as camadas: a lho-poró, e champignons, queijo tipo mozarela ou outro cortados.

Preparo: Corte a manteiga em pedaços e amasse junta-mente com os demais ingredientes para a massa. Abra a massa com um rolo, e pode revestir uma forma redonda de 27 cm de diâmetro. Fure a massa com um garfo, leve ao forno a uma temperatura de 190 graus por cerca de 15 minutos, para dourar um pouco. À parte, frite a cebo-la com o bacon na frigideira. Se necessário, coloque um pouco de água − a cebola deve ficar mole. Enquanto isso, preparamos a massa de ovos: batemos os ovos com cre-me de leite e especiarias. Cubra a massa pré-assada, com cogumelos, alho-poró e queijo. Despeje sobre a massa o creme (a mistura dos ovos com creme de leite preparada antes). Asse a 190 graus por cerca de 20-30 minutos até que fique sólido. Smacznego!

Grzegorz Andrzej MIELEC Há 15 anos no Brasil, bem conectado com a Polônia, trabalha na Casa Sanguszko de Cultura Polonesa em São Paulo

preparando almoços na Capelania Polonesa, repassando os sabores da culinária guardados na memória da época de infância e adolescência.

KUCHNIA POLSKA I BRAZYLIJSKA / CULINÁRIA POLONESA E BRASILEIRA

Fonte: https://www.hellozdrowie.pl/artykul-cebula-krolowa-warzywniaka/

Fonte da imagem: https://www.polskatradycja.pl/kuchnia-polska.html

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Congresso da Juventude Polonesa da América do Sul

Financiado pelo Senado Polonês e por iniciativa da Asso-ciação Wspólnota Polska – organização polonesa com sede em Varsóvia, aconteceu em Curitiba o Congresso de Juven-tude Polônica na América do Sul entre os dias 4 a 7 de julho na cidade de Curitiba. Compareceram no congresso mais de 150 jovens da Argentina, Brasil, Paraguai, Chile e Uruguai.

De acordo com Dariusz Bonisławski, presidente da Asso-ciação Wspólnota Polska, o Congresso da Juventude Polônica na América do Sul é um evento particularmente importante no calendário deste ano. Ela diz respeito não apenas ao curso de ação prioritária que é a juventude, mas também à região prioritária que é a América do Sul. O objetivo do encontro foi conhecer a comunidade da diáspora polonesa, escutar suas ne-cessidades, integrar e ativar esses grupos e despertar o interesse dos jovens pela cultura da Polônia, além de criar uma plataforma

para debate, discussão e elaboração conjunta de uma estratégia para o próximo encontro. A prioridade do congresso também foi fortalecer a identidade nacional polonesa, bem como mostrar diferentes possibilidades de cooperação com a Wspólnota Pol-ska e instituições governamentais, que apoiam a Polônia".

Estiveram presentes também na abertura do encontro vá-rias autoridades, entre elas, o vice governador Darci Piana, o vereador Tito Zeglin, o senhor Dariusz Bonislawski, presiden-te da Wspólnota Polska, e o vice-presidente, sr. Krzysztof La-chmanski, a sra. Marta Olkowska, encarregada de negócios da Embaixada da Polônia, a sra. Dorota Bogutyn, Cônsul-geral in-terina da Polônia em Curitiba, a sra. Dorota Ortyńska, vice-côn-sul, o Reitor da Missão Católica Polonesa no Brasil Zdzisław Małczewki, e os senhores, Rizio Wachowciz e André Hamers-ki, respectivamente presidente e vice-presidente da Braspol.

Durante os dias 4 a 7 de julho o congresso desenvolveu múltiplas atividades buscando a interação dos jovens dos países da América do Sul. O evento foi sediado na Sociedade Józef Piłsudski e co organizado pelo presidente Sr. Lourival Araújo Filho. A Casa da Cultura Polônia Brasil foi parceira no evento e recebeu os participantes em sua sede na Sociedade Polono Brasileira Tadeusz Kościuszko em duas oficinas: Téc-nicas de Filmagem com Celular e Culinária Polonesa.

Veja mais em: http://wspolnotapolska.org.pl/mlodziezpolonijna/kurytyba.php

Everly GILLER

Sociedade Tadeusz Kościuszko em Curitiba recebe busto de herói polonês

Segundo Schirlei Freder, “a vinda do busto de gesso de Ta-deusz Kościuszko representa o esforço de muitas pessoas e considero importante relatar como isso ocorreu para que a me-mória dos envolvidos possa ser mantida. Em outubro de 2017, na cidade de Cracóvia, aconteceu um importante evento para celebrar o “Ano de Kościuszko”, nos 200 anos de sua morte.

Na ocasião participamos do encontro e apresentamos o histórico da Sociedade com a contribuição do Professor Mar-cin Raiman que além de fazer a tradução, era conhecedor da realidade da Sociedade Kościuszko em Curitiba. Foi feita a solicitação ao coordenador do evento Professor Mieczysław Rokosz, que também é presidente do Comitê de Kopiec Koś-ciuszki de Cracovia para o envio de um busto ao Brasil, para que pudéssemos também homenagear o herói polonês.

A partir dali ocorreram uma série de comunicações, etapas em que contamos com o apoio e compromisso fundamental do Cônsul da Polônia em Curitiba Sr. Marek Makowski que in-termediou os contatos com o Professor Mieczysław Rokosz e os diretores da Sociedade Srs. José Rendak, Sr. Elio Dembinski, Zbigniew Wiacek e Denise Sielski e, quase dois anos depois, por meio da disponibilidade da Cônsul em exercício Sra. Dorota Bo-gutyn, foi possível que o busto pudesse chegar ao Brasil.

A entrega solene ocorreu no dia 03 de julho de 2019 dando início aos estudos para a definição do material a ser escolhi-do para a confecção do busto definitivo para as celebrações dos 130 anos da fundação da Sociedade Polono-Brasileira

Tadesuz Kościuszko, em Curitiba/PR. Esteve presente ao ato, a Comitiva do Departamento de

Cooperação com a Comunidade Polonesa e os Poloneses no Exterior do Ministério das Relações Exteriores da República da Polônia, constituída pelos seguintes membros:

- Sra. Iwona Kozłowska, Diretora do Departamento de Cooperação com a Comunidade Polonesa e os Poloneses no Exterior; Sra. Regina Jurkowska, Gerente; Sr. Piotr Nowot-niak e Sra. Barbara Pawłowska; Sra. Hanna Krajewska, Dire-tora de Arquivo da Academia Polonesa de Ciências.

O busto é uma doação do Comitê de Kopiec Kościuszki através do Ministério das Relações Exteriores da República da Polônia e do Consulado Geral em Curitiba”, finaliza.

Schirlei FREDER Diretora de Cultura da Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko, e Presidente da Casa da Cultura Polônia Brasil.

Fotos: Schirlei FREDER e Adam ORLOWSKI

EVENTOS

Participantes da solenidade de entrega do molde para a Sociedade Tadeusz Kościuszko.

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Abreviaturas e siglas (Skróty i skrótowce) A. Abreviaturas

Abreviatura (skrót) é a representação de uma palavra, em forma reduzida, mediante alguma(s) das suas sílabas.

Regras para o uso das abreviaturas em polonês:

1. Usa-se o ponto após a abreviatura formado pela letra inicial ou pelas letras iniciais da palavra:g. (= godzina), p. (= pan, pani), r. (= rok), s. (= strona, siostra), godz. (= godzi-na), prof. (= profesor), ul. (= ulica).

Observações:

a) A abreviatura de uma palavra única termina numa consoante. Exceções: o. (= ojciec - frei) e abreviaturas em-prestadas: ha (= hektar).

b) Há abreviaturas ambíguas, cujo significado deve ser interpretado a partir do texto em que foram utilizadas: s. (= strona, siostra).

2. Para indicar o plural, adotamos abreviaturas dupli-cadas, unindo as abreviaturas de uma letra, com ponto no final: oo. (= ojcowie), ss. (= strony, siostry); as abreviaturas mais longas (de mais letras) são repetidas, com o ponto após cada uma delas: prof.prof. (= profesorowie).

No caso de palavras flexionadas, tanto no singular como no plural, não adicionamos as terminações que indicam a flexão:

Z prof. (= professorem) Kowalskim pojechaliśmy na konfe-rencję do Paryża.

Informacja dla prof. prof. (= profesorów) Kowalskiego i Nowaka.

Atenção: as abreviaturas do tipo dr (= doktor), inż. (= inżynier), mgr (= magister), prof. (= profesor) são usadas apenas com os nomes, nunca como expressões autônomas.

3. Usa-se apenas um ponto após a abreviatura de uma expressão de duas ou mais palavras: bm. (= bieżącego mie-siąca), cdn. (= ciąg dalszy nastąpi), itd. (= i tak dalej).

4. Se numa expressão de duas ou mais palavras a se-gunda palavra ou alguma das seguintes começa com vo-gal, a abreviatura dessa expressão leva o ponto após a abreviatura de cada palavra: m.in. (= między innymi), n.e. (= naszej ery), p.n.e. (= przed naszą erą), o.o. (= ograniczona odpowiedzialność).

5. Usa-se o ponto após as abreviaturas de unidades mo-netárias estrangeiras: dol. (= dolar).

6. Não se usa o ponto após unidades monetárias polone-sas: zł (= złoty), gr (= grosz).

7. Não se usa o ponto após abreviaturas de medidas e pesos e para as utilizadas na matemática, na física e na química (que têm um caráter internacional): g (= gram), ha (= hektar), kg (= kilogram), m (= metr), A (= amper), log (= logarytm), v (= prędkość), Ra (= rad), P (= fosfor).

8. Não se usa o ponto após as abreviaturas compostas da primeira e da última letra da palavra abreviada, se essa abreviatura é utilizada no nominativo: dr (= dyrek-tor), nr (= numer), wg (= według).

Igualmente não se usa o ponto após abreviaturas com-postas da primeira e da última letra e de uma das letras intermediárias indicando consoante: mgr (= magister), płk (= pułkownik).

Usa-se o ponto se esse tipo de abreviatura é utilizado num caso que não seja o nominativo: Podaj to dr. Nowako-wi; Byłem na spotkaniu z mgr. Kwiatkowskim.

Nesse caso, em vez de colocar o ponto, podemos tam-bém escrever da seguinte forma: Podaj to drowi Nowako-wi; Byłem na spotkaniu z mgrem Kwiatkowskim.

Após abreviaturas desse tipo referentes a mulheres, não usamos o ponto: Podajto dr Nowak; Byłem na spotka-niu z mgr Kwiatkowską.

9. Não se usa o ponto após abreviaturas de livros bíbli-cos: Mt (= Ewangelia według Mateusza), Dz (= Dzieje Apo-stolskie).

B. Siglas

Sigla (skrótowiec) é a grafia abreviada de uma palavra ou locução substantiva, por meio das suas letras iniciais ou mediais.

Regras para o uso das siglas em polonês:

1. As siglas são escritas com letras maiúsculas e sem pontos: ONZ (= Organizacja Narodów Zjednoczonych), UJ (= Uniwersytet Jagielloński).

2. Se a sigla contém letras que significam conjunção ou preposição, estas permanecem como letras minúsculas: PiS (= Prawo i Sprawiedliwość), RdR (= Ruch dla Rzeczy-pospolitej).

3. No caso dos dígrafos (cz, rz, sz), só se usa a primeira letra: PCK (= Polski Czerwony Krzyż), RP (= Rzeczpospolita Polska).

Uma exceção a essa regra é o dígrafo ch, em que se escre-ve o c maiúsculo e o h minúsculo: ChRL (= Chińska Republika Ludowa).

4. Para “Polônia”, há duas siglas: a polonesa RP (= Rzecz-pospolita Polska) e a internacional PL (= Poland).

Mariano KAWKAProfessor, tradutor, lexicógrafo. Licenciado em Letras Português-Inglês pela PUC-PR e Mestre em Língua Portuguesa pela

mesma Universidade. Autor do Dicionário Polonês-Português/Português-Polonês, publicado em 2015 no Brasil (Porto Alegre) e na Polônia (Varsóvia).

DESVENDANDO A LÍNGUA POLONESA

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Os poloneses no Espírito SantoO estado brasileiro do Espírito Santo, no Sudeste brasi-

leiro, sob o ponto de vista da sua “composição étnica”, tem uma das maiores proporções de pessoas de descendência europeia no Brasil, fruto da imigração dos séculos XIX e XX. Possui uma grande colônia italiana e alemã (pomera-na). Ademais desses dois importantes grupos, instalou-se nesse estado uma considerável população polonesa, sobre a qual nos concentramos nesta edição.

Espremido entre Minas Gerais e o oceano Atlântico, o Espírito Santo é marcado por condições climáticas, bem como relacionadas ao solo, configuração geomorfológica, situação social, entre outras características, que o dife-renciavam dos estados sulinos, igualmente ocupados por grupos imigrantes. Apesar dessa condição, foi também caracterizado pelo surgimento de colônias rurais, de pe-quenos produtores europeus, com mão de obra familiar, voltados à produção de alimentos para o mercado interno e localizados no interior.

A chegada dos poloneses é motivo de dúvidas. Segun-do alguns dados relacionados à presença de alemães no século XIX, um primeiro grupo (com 444 indivíduos) te-ria chegado a Vitória em dezembro de 1872 e, entre maio e julho de 1873, desembarcaram outros 118 poloneses (FRANCESCHETTO, 2014, p. 1076).

A maioria era procedente da região da Prússia Ociden-tal (entre outras regiões), naquela altura pertencente à partição alemã do antigo território polonês. Sendo assim,

acompanhavam a vinda dos imigrantes pomeranos na dé-cada de 1870, nos mesmos navios e portos de embarque (FRANCESCHETTO, 2014, p. 1076).

Apesar desses dados do século XIX, é em 1928, já depois de 10 anos da volta da independência polonesa, que po-demos confirmar, oficialmente, a vinda de grupos impor-tantes de poloneses, de forma vinculada com as políticas emigratória e colonial da Segunda República Polonesa, do período entre guerras.

Esse projeto está intimamente relacionado à Sociedade de Colonização ou Sociedade Colonizadora de Varsóvia Ltda. (Towarzystwo Kolonizacyjne w Warszawie), funda-da em 1926 com o objetivo de criar colônias polonesas na América Latina e outros países, sendo uma entidade pri-vada com apoio estatal polonês. Essa instituição incluiu projetos em outros estados brasileiros, como Minas Ge-rais, Bahia, Pará e Paraná, contudo o mais acabado ocor-reu no Espírito Santo.

Aqui, nos baseamos no nosso artigo “Os poloneses no Espírito Santo e a política colonial polonesa (1928-1939)”, publicado em 2018, o qual foi baseado no relatório Sprawo-zdanie z podróży służbowej na kolonie Towarzystwa Koloni-zacyjnego w Stanie Espírito Santo, de 1939, escrito por Sy-lwester Błaszczyk, um representante daquela Sociedade.

Conforme Malacarne (2004), em outubro de 1928, um contrato é assinado entre o estado do Espírito Santo e a Sociedade de Colonização, a fim de introduzir colonos po-loneses no norte capixaba. Foram 11 anos de administra-ção da instituição na região. Entre os principais interme-diários, estava Walery Koszarowski, um representante da instituição polonesa.

O governo do Espírito Santo concedeu gratuitamente 50 mil hectares de terra, em zona de matas, ao norte do Rio Doce, entre Colatina e São Mateus, a serem divididos em 2 mil lotes de 20 a 30 hectares. Os colonos deveriam pagar pela passagem e pelos lotes à Sociedade e recebiam apoio para a sua instalação, ademais de infraestrutura, apoio técnico e benfeitorias econômicas e sociais. Era uma re-gião relativamente montanhosa, de matas pouco férteis, com raras madeiras de qualidade e glebas médias. No pra-zo de 8 anos deveriam ser localizados 1.800 imigrantes na área.

Havia reservas de terrenos na sede para a construção de estabelecimentos federais, estaduais e municipais, bem como ruas, praças, logradouros públicos e fazenda--modelo, campo de experimentação, escolas agrícolas, po-mares, viveiros, entre outros estabelecimentos.

Dadas as dificuldades de cumprimento dos prazos, em setembro de 1936 o contrato foi prolongado para dez anos e concedidos mais 45.000 hectares a 30 km da primeira concessão, na região de Cachoeira. Do anterior, apenas 10% havia sido utilizado, tendo ficado 30% na “inutilida-de”, e o resto ocupado por intrusos.

Ao todo, dessas concessões foram constituídos três nú-cleos no Espírito Santo. Os dois primeiros frutos do con-trato de 1928: Águia Branca (Orzeł Biały), que era sede da Sociedade, e Monte Claro, em referência à padroeira da Polônia, Nossa Senhora de Jasna Góra (Częstochowa). Fi-cava à margem esquerda do Rio Pancas, a 14 km de Águia

CONEXÃO HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE

Capa do caderno de propaganda da Sociedade de Colonização sobre a colonização do Estado do Espírito Santo. Disponível no Arquivo dos Padres Vicentinos.

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201915

Branca. O terceiro núcleo, criado após 1936, com a expansão da concessão, se localizava em Cachoeira, chamado São Gabriel da Palha, em que havia um escritório da Sociedade.

A empresa realizou propagandas na Polônia, através da publicação de folhetos com imagens, explicações sobre o Espírito Santo e diversas publicações em periódicos. Sendo assim, quanto aos números da co-lonização, os primeiros imigrantes poloneses chegaram à colônia Águia Branca em 1929 e vieram da Polônia, até 1939, em 38 transportes, soman-do 361 famílias. Grande parte dos colonos instalados saiu da colônia, segundo aponta Malacarne (2004). Eles fugiam da febre amarela e das condições climáticas, preferindo as

colônias polonesas mais populosas no Paraná e Rio Grande do Sul.

A Sociedade foi administrada por funcionários poloneses enviados, como o Pe. Franciszek Sokół, que as-sumiu a administração da colônia em 1 de abril de 1935. Junto ao padre, teriam vindo famílias do Peru, que não haviam se adaptado aos proje-tos coloniais naquela região. Ainda as comunidades foram atendidas por escolas (com ensino em polonês até a nacionalização varguista), igrejas, um médico e uma sociedade étnica, ainda que em condições precárias.

A precariedade, aliás, marcou a ocupação polonesa da região, tanto sob o ponto de vista econômico da agricultura, como de adaptação cli-mática, saúde, dificuldades financei-

ras da concessionária e no aspecto das condições sociais de ocupação e desenvolvimento dos colonos.

Poucos poloneses ficaram na re-gião (em função das fugas e da febre amarela). Em 1939, apenas 86, das 361 famílias, estavam nas colônias. Estes, no entanto, marcaram a paisa-gem da região, sobretudo nomeando seu entorno com diferentes toponí-mias (Vila Valério, homenageando Walery Koszarowski, Córrego Fran-cisco – em homenagem ao padre Franciszek Sokół, Monte Claro, Águia Branca, etc.). Esse traço é perceptível especialmente com o nome da atual cidade de Águia Branca, onde existe uma casa da cultura em homenagem à presença polonesa.

Referências:

FRANCESCHETTO, Cilmar. Imigrantes no Espírito Santo: base de dados da imigração es-trangeira no Espírito Santo nos séculos XIX e XX. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2014.

MALACARNE, Altair. Águia Branca: uma rap-sódia polono-brasileira na selva capixaba. São Ga-briel da Palha: Gráfica Comeri, 2004.

TRINDADE, Rhuan T. Z. Os poloneses no Espírito Santo e a política colonial polonesa (1928-1939). In: Isabel Cristina Arendt; Jorge Luiz da Cunha; Rodrigo Luis dos Santos. (Org.). Migrações: pers-pectivas e avanços teórico-metodológicos. 1ed. São Leopoldo: Oikos, 2018, v. 1, p. 795-809.

Rhuan Targino Zaleski TRINDADEGraduado e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná, atua na área de

pesquisa sobre imigração, colonização e etnicidade polonesa no Brasil.

CONEXÃO HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE

Museu do imigrante polonês de Águia Branca, Espírito Santo.

HISTÓRIA

O herói polonês do Holocausto de quem nunca ouvimos falar

Konstanty Rokicki e seus colegas diplomatas em Berna falsificaram milhares de passaportes para salvar vidas judias. Ele morreu como uma pessoa desconhecida − até agora.

Konstanty Rokicki (1899-1958) foi um funcionário consular polonês que trabalhou como vice-cônsul da Repú-blica da Polônia em Riga e Berna.

Rokicki, um diplomata e agente do serviço de inteligência polonês que morreu desconhecido e pobre, surge agora como um dos heróis esqueci-dos do Holocausto. Ele procurou sal-var as vidas de milhares de judeus utilizando-se do artifício de falsifi-

car passaportes paraguaios.Três quartos de século depois que

Rokicki usou as suas incomuns ha-bilidades para enganar os nazistas, sessenta anos após a sua morte de câncer do pulmão, os meus diplo-matas, membros da minha equipe da Embaixada Polonesa na Suíça, ficaram espantados quando reco-nheceram os nítidos traços da sua caligrafia numa série de passapor-tes falsificados. Os documentos de viagem foram descobertos em 2017 por jornalistas poloneses e cana-denses que nos pediram para con-firmarmos um dos mais valorosos

capítulos no resgate de judeus, du-rante a guerra, das garras do Holo-causto.

Rokicki foi vice-cônsul da Legação (Embaixada) Polonesa da Polônia em Berna, Suíça, durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando com o Embaixador Aleksander Ładoś e o seu delegado, o Conselheiro Stefan Ryniewicz. Ele morreu em 1958 e foi sepultado num cemitério para pobres na Suíça. Agora está sendo reconhecido pelo Centro Mundial de Memória do Holocausto Yad Va-shem, em Jerusalém, com o título de “Justo entre as Nações”.

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Permitam-me partilhar alguns fa-tos adicionais do que ficamos saben-do até agora:

1. A operação de resgate em Ber-na foi muito maior do que jamais imaginamos

Todos os passaportes paraguaios que foram expedidos em Berna en-tre 1941 e 1943 receberam uma nu-meração sucessiva em cinco diferen-tes números de série. Com base nos números de série mais elevados en-contrados em cada série, calculamos que pelo menos 1.056 passaportes tenham sido expedidos para 2.500 pessoas. Além disso, documentos confirmando a cidadania paraguaia foram falsificados para 2 000 outros judeus. Adicionalmente, Ładoś, Ro-kicki e Ryniewicz deram luz verde a organizações judaicas para a ob-tenção de documentos de Honduras, Haiti e Peru e defenderam os seus parceiros judeus quando a polícia suíça procurou intervir. Calculamos que entre 8 000 e 10 000 judeus da Polônia, Holanda, Alemanha, Áustria e uma dúzia de outros países tive-ram a chance de evitar a deportação graças a Rokicki e seus colegas, o que aumentou as chances para a so-brevivência deles.

2. Rokicki não agiu sozinho, ele foi membro de uma equipe

Rokicki era conhecido como um dos principais ases do Serviço Mili-tar de Inteligência (“Dwójka”) que trabalharam na década de 1920 na União Soviética. Em Berna ele tra-balhou sob o comando de Ładoś e Ryniewicz, e este foi também seu amigo pessoal. Rokicki teve também o apoio do seu colega judeu Juliusz Kühl, que trabalhou na Legação. Todos eles sabiam dos passaportes, apoiaram essa operação e dela par-ticiparam. Encontramos provas de que em muitos casos Rokicki agiu seguindo instruções e ordens dire-tas de seus superiores. Um dos mui-tos exemplos: Um pedido para “orga-nizar” um passaporte para a família de Herbert Kruskal, sua esposa e três filhos, foi enviado ao Embaixa-dor Ładoś. Um passaporte foi então emitido com a caligrafia de Rokic-ki, claramente após ele ter recebido essa ordem de Ładoś. A família intei-ra sobreviveu.

Quando o conluio foi descober-to, o Embaixador Ładoś inter-veio pessoalmente no Ministério das Relações Exteriores da Suíça ameaçando o país com um escân-dalo internacional, e Ryniewicz foi acalmar o chefe da Fremdenpolizei [Polícia Estrangeira] suíça, Hein-rich Rothmund. “Trata-se de vidas humanas” − argumentaram ambos. A Suíça se absteve de tomar outras providências.

3. Rokicki seguiu as ordens do go-verno polonês, mas foi mais longe

A maioria dos diplomatas euro-peus que foram declarados Justos entre as Nações agiram por conta própria e com o constante medo dos seus próprios superiores. Mas este é um caso completamente diferente. Ładoś e seus diplomatas, que trans-grediram a lei suíça, foram apoiados pelos seus superiores.

Quando em abril de 1943 o gover-no polonês no exílio ficou sabendo do que acontecia em Berna, imedia-tamente aplaudiu a operação ilegal de falsificação, porquanto ela havia sido motivada por “razões puramen-te humanitárias”. O governo então pediu que tais passaportes fossem concedidos a dezenas ou até a cente-nas de ativistas judeus individuais e a líderes religiosos. O governo tam-bém cobriu em parte dos custos da operação e assegurou o reconheci-mento dos passaportes pelo Estado paraguaio e outros.

4. Rokicki não conhecia as pes-soas que ele resgatou

Não existem provas de que Rokic-ki conhecesse qualquer das pessoas para as quais ele expediu os passa-portes. Como aconteceu com muitos libertadores massivos do Holocaus-to, ele operou um sistema e traba-lhou com base em listas e dados que lhe eram fornecidos por dois sócios judeus de confiança − Abraham Sil-berschein, do Congresso Mundial Ju-daico, e Chaim Eiss, representante do Agudath Yisrael.

Nenhuma das pessoas que foram resgatadas sabia de Rokicki. A maio-ria deles achava que os passapor-tes lhes haviam sido fornecidos por seus parentes na Suíça. Somente em 2017 alguns dos sobreviventes que restavam começaram a descobrir que todos os passaportes pareciam iguais. Algumas das pessoas que ha-viam sido resgatadas nem sequer sabiam que os passaportes tinham sido expedidos para elas. Alguns dos documentos foram capturados pelos nazistas e utilizados em seus esque-mas de resgate. No entanto, a expe-dição desses passaportes evitou que milhares de pessoas fossem enviadas aos campos de extermínio.

HISTÓRIA

Retrato de Konstanty Rokicki.

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201917

HISTÓRIA

5. Rokicki morreu pobre e desconhecido

Rokicki e Kühl agiam como intermediários no paga-mento de suborno ao advogado suíço que representava o Paraguai. Embora se acredite que Rokicki tenha pago cerca de meio milhão de francos em subornos ao cônsul honorário “paraguaio”, e que o dinheiro fosse proveniente de doadores judeus, e em alguns casos poloneses, suíços e holandeses, ele pessoalmente não lucrou com a opera-ção. Depois que deixou o seu posto consular em 1946 e se recusou a trabalhar para o governo polonês comunista do pós-guerra, a polícia suíça acreditou que ele era pobre demais para obter a permissão de permanecer no país. Mais tarde, vários relatos o apresentaram como uma pes-soa necessitada. No final da década de 1950 Rokicki viveu num lar para pobres.

Vocês não ouviram falar de Rokicki antes. Isso é normal, já que ele não deixou memórias.

Rokicki morreu de câncer no dia 18 de julho de 1958 e foi sepultado num setor para pessoas pobres no cemitério de Lucerna. O seu último rasto é uma correspondência da-tada de julho de 1957, quando ele vivia no lar dos pobres. Nela, Rokicki pedia 15 francos como reembolso pelas suas refeições.

O lugar do seu sepultamento só foi descoberto 60 anos mais tarde.

Texto: Jakub KUMOCH Embaixador da Polônia na Suíça.

Colaboração: Israel BLAJBERG

Publicado no jornal Times of Israel do dia 02/05/2019https://blogs.timesofisrael.com/a-polish-holocaust-hero-you-

-havent-heard-of/

Tradução: Mariano KAWKA

COMUNIDADES POLÔNICAS

Sociedade Polônia De Florianópolis

Temos a grata satisfação de informar-lhes que, no dia 30 de maio, tomou posse a nova diretoria da Socie-dade Polônia – Towarzystwo–Polônia, eleita a para o biênio 2019/2021, assim constituída:

Presidente: Neide Walendowsky Sprícigo 1º Vice–Presidente: Mª Regina Sobierajski dos Santos

2º Vice–Presidente: Denise Jenczak Melchiors

1º Secretário: Anne Claire Labanowski

2º Secretário: Lúcia Soboleski Zuchowski

3º Secretário: Serlene Lucyr Wolf

1º Tesoureiro: Tadeu Schvinski

2º Tesoureiro: Erico Szpoganicz

3º Tesoureiro: Sueli Walendowsky

Conselho Fiscal

Titulares: Jorge Zuchowski José Christiano Ventura Daniel Rodrigues Kinchescki

Suplentes: Matheus Felipe da Silva Leal Dorival Milak

Ao assumirmos os rumos desta Sociedade Po-lônia, fundada em 6 de março de 1991, temos o firme propósito de continuarmos atuando para congregar poloneses, seus descendentes e simpatizantes, atra-vés da realização de atividades culturais e sociais, voltadas para o associado, considerando os valores da etnia polonesa. Nos propomos, também, a participar de ações da comunidade, assim como manter entro-samento com outras entidades/associações polônicas no Estado e no Brasil, com vistas a resgatar, difundir e valorizar os costumes e a milenar cultura da nação polonesa.

No corrente ano, além das programações costumei-ras, será dado ênfase a comemorações alusivas aos 150 anos da Imigração polonesa para o Brasil.

Na certeza de podermos contar com sua especial atenção, desde já externamos nossos profundos senti-mentos de respeito e consideração. Cordialmente,

Neide Walendowsky SPRICIGO Presidente.

SOCIEDADE POLÔNIA – TOWARZYSTWO POLÔNIA Declarada de Utilidade Pública Estadual

pela Lei Nº 9.949-95

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019 18

INTERNACIONAL

Ogólnopolski Konkurs Wiedzy o Brazylii - XIX edycja Concurso Nacional de Conhecimento sobre o Brasil - 19ª edição

No dia 4 de junho no Liceu Ruy Bar-bosa* em Varsóvia aconteceu a 19° edição do Concurso Nacional dos Co-nhecimentos sobre o Brasil dirigido aos alunos do ensino médio e, para-lelamente, a 5° edição do concurso regional dirigido aos alunos do ensi-no fundamental (7° e 8° ano). O tema desta edição foi o folclore a as lendas do Brasil. A competição foi composta por duas etapas. Na primeira parte -

teórica, foi preciso responder a ques-tões relacionadas com conhecimen-tos gerais sobre o Brasil. A segunda etapa, prática, consistiu em preparar uma apresentação de qualquer forma artística (por exemplo, peça curta, drama, apresentação musical ou ou-tra forma criativa de interpretação) sobre o assunto determinado pelos organizadores, e um poema inspirado na história e cultura do Brasil.

Além do diretor da escola, o Sr. Piotr Cacko, e autoridades, estavam presen-tes no evento o Embaixador do Brasil Sr. Hadil Rocha Vianna, o Adido de Defesa Cel. Cezar Carriel Benetti, bem como o Embaixador Sr. Marek Mako-wski, os quais entregaram os prêmios aos vencedores do concurso.

*O Liceum foi fundado em 1908, porém em 1º de setembro de 1959, a escola recebeu o nome de Ruy Barbosa, uma homenagem ao estadista brasileiro, lutador pelas liberdades democráti-cas, que durante a Segunda Conferência de Paz de Haia, se pronunciou em pról da independên-cia da Polônia. No Liceum Ruy Barbosa os alunos podem aprender o idioma português. No mesmo local do Liceum, funciona a Sociedade Polono--Brasileira (Towarzystwo Polsko-Brazylijskie). Marek Makowski foi eleito para o cargo de vice--presidente da Sociedade Polono-Brasileira que funciona no mesmo local do Liceum. Vale a pena acrescentar, que a Sociedade está celebrando neste ano seus 90 anos de existência Veja mais em: http://www.lo50.edu.pl/

Foto e texto: Everly GILLERCatarinense de Caçador. Em 1983 formou-se em Pintura e Licenciatura em

Desenho na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Mais tarde com o apoio do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, cursou por

2 anos o ateliê de Gravura em Metal da Academia de Belas Artes em Cracóvia. Formada em Letras Polonês na Universidade Federal do Paraná. Mora em

Varsóvia desde 2018.

Concurso Nacional de Conhecimento sobre o Brasil - 19ª edição.

I Encontro Internacional de Estudos Poloneses, 10 anos do Curso de Letras-Polonês: Experiências e Desafios

O Curso de Letras-Polonês e o De-partamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas (DEPAC) da Universi-dade Federal do Paraná (UFPR) têm a honra de anunciar a realização do Pri-meiro Encontro Internacional de Es-

tudos Poloneses, que visa comemorar:

> Os 10 Anos do Curso Letras Polo-nês na UFPR, período em que se for-maram profissionais de língua, litera-tura e cultura polonesas, com ênfase

na formação de professores, pesquisa-dores e tradutores;

> A realização de uma série de pro-jetos de extensão e de pesquisa foca-dos nos temas de formação docente, tradução literária, multilinguismo, entre outros;

> O intercâmbio de aprendizagem, ensino e pesquisa com colegas de ou-tras instituições de ensino superior no Brasil, na Polônia e em outros países.

O evento será realizado no Campus Reitoria, em Curitiba-PR, no período de 30 de novembro a 4 de dezembro de 2019. Maiores informações e deta-lhes sobre o evento podem ser consul-tados na página: https://www.polonesufpr10anos.com.br/ ou por e-mail: [email protected]

Profa. Dr.ª Aleksandra PIASECKA-TILLCoordenadora da Comissão Organizadora.

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201919

INTERNACIONAL

“Karta Polaka” chega ao BrasilA boa notícia é que no dia 4 de junho de 2019, em Var-

sóvia, o presidente da República da Polônia assinou a emenda da Karta Polaka (Identidade Polonesa) que prevê sua ampliação para descendentes de poloneses de todos os países do mundo e não apenas às pessoas que vivem nos 15 países que antigamente constituíam a União Soviética, como vinha acontecendo até agora. A decisão da mudança baseou-se na experiência po-sitiva de 10 anos de aplicação da Lei da Karta Polaka, que se tornou um instrumento importante de auxílio aos descendentes de poloneses vivendo no exterior não somente por terem acesso ao mercado de trabalho polonês, mas também fortalecendo seus laços com o patrimônio cultural nacional, com o idioma e as tra-dições polonesas. Um forte argumento em prol da ampliação da Karta Polaka foram os inúmeros pedidos das comunidades polônicas, principalmente do Brasil e Argentina.

Para conseguir a Karta Polaka, os interessados de-vem comprovar seu vínculo com a polonidade, in-cluindo no mínimo, o conhecimento básico da língua

polonesa; provar que um dos pais ou avós ou dois bi-savós tinham nacionalidade polonesa; ou apresentar um certificado da organização, clube ou associação da diáspora polonesa comprovando sua participação e envolvimento em atividades em benefício da cultu-ra e do idioma polonês. As organizações polônicas que poderão emitir esses certificados ainda não foram de-finidas.

A Karta Polaka é um documento que confirma o per-tencimento à Nação Polonesa. Isso significa que os descendentes que forem beneficiados com esse docu-mento poderão ir para a Polônia com o propósito de estabelecer residência temporária ou permanente, porém não outorga a um estrangeiro a nacionalida-de ou cidadania do país. Depois de comprovarem que estão residindo há um ano em território polonês, os portadores do documento poderão solicitar a cida-dania polonesa com grandes chances de ser aceita. A lei sancionada prevê certos direitos aos descendentes que optarem por morar no país de seus antepassa-dos, como por exemplo a oportunidade de trabalhar legalmente, sem a necessidade de qualquer outra au-torização, de visitar gratuitamente museus estatais e receber descontos para viagens de trens pela Polônia. Oferecerá também facilidade no acesso para frequen-tar cursos profissionais em geral e do idioma polonês.

Apesar da Lei entrar em vigor no dia 14 de julho de 2019, isso não significa que já a partir dessa data o do-cumento poderá ser emitido pelo consulado ou embai-xada da Polônia. É conveniente procurar informações sobre prazos e trâmites diretamente nas páginas web das duas repartições.

http://orka.sejm.gov.pl/proc8.nsf/ustawy/3362_u.htm

Everly GILLER

A Karta Polaka, já é uma realidade, inclusive para os brasileiros descendentes de poloneses. Karta = CartãoKarta kredytowa = Cartão de créditoKarta pokładowa = Cartão de embarqueKarta pocztowa = Cartão postalPolak = polonês - Polaka = do polonêsGóral = montanhês - Górala = do montanhêsRobotnik = trabalhador - Robotnika = do trabalhador

Não há dúvidas que Karta Polaka quer dizer “Cartão do Polonês”.

Conquistando esse Cartão do Polonês, você, descendente de poloneses, poderá ficar na Polônia o tempo que quiser e fazer o que permitido for, inclusive trabalhar e/ou es-tudar.

Novos tempos!!!

Andre HAMERSKI BRASPOL – RS

Espaço BRASPOL

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019 20

EVENTOS

Arte do Cartaz: Axel GIILER

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201921

Fundação José Walendowsky

A Diretoria da Fundação José Walendowsky esteve reuni-da na tarde de segunda-feira, 10 de junho, com o Prefeito de Brusque-SC, Dr. Jonas Paegle, o Vice Ari Vechi e o Chefe de Gabinete Dr. Aurinho Silveira de Souza. O encontro aconte-ceu no Gabinete do Prefeito, e a pauta da reunião definiu a concessão de um terreno localizado na Rua Francisco Sassi, com área superior a 8 mil metros quadrados, para a Funda-

ção. Neste terreno será construída a Praça Imigrantes da Polônia. A concessão será efetuada pelo Poder Executivo na forma de “Cessão de Uso”. Um Projeto de Lei será enviado ao Legislativo Brusquense com esta proposta. A Praça de-verá ser inaugurada juntamente com o Marco dos 150 anos da Imigração Polonesa no Brasil, no dia 25 de agosto, Dia Municipal da Imigração Polonesa em Brusque e no Brasil.

Selo comemorativo dos 150 anos da imigração polonesa no Brasil

25 de agosto de 1869 – 25 de agosto de 2019Brusque – SC

O Selo personalizado alusivo aos 150 anos da Imi-gração Polonesa no Brasil é uma iniciativa da Funda-ção José Walendowsky, entidade com sede em Brusque, Santa Catarina, que tem como objetivo preservar a me-mória da imigração polonesa. Foi elaborado a partir de proposta do Clube Filatélico Brusquense pelo artista visual Fagner Maximo da Silveira, de Criciúma, sul de Santa Catarina. O Selo para as comemorações do ses-quicentenário tem o intuito de homenagear os coloni-zadores, através dos elementos da dança e das cores. É apresentada a data do início da colonização, bem como as bandeiras do Brasil e da Polônia. As cores represen-tam a vestimenta da dança Krakowiak, com suas ren-das e cores marcantes.

A “Krakowiak é uma dança nacional de origem popular da região sul da Polônia, conhecida em sua forma atual desde o século XV. Tomou o nome da cidade de Krako-wia, antiga capital real da Polônia. Esta coreografia em determinado momento é interrompida pela presença do BABA DZIAD que ao imitar os jovens, realiza gestos en-graçados e estes por sua vez acompanham os seus movi-mentos tentando ridicularizá-la pelo fato dela carregar seu namorado nas costas”.

O Selo tem eu seu plano o Casal em movimento ao lado do mapa do Brasil, dando destaque para a cidade de Brusque, cidade onde iniciou-se a imigração em 1869. Foram emitidos 1.200 selos, e a data de lançamento será no dia 25 de agosto de 2019.

Grupo da Fundação JW em reunião com o prefeito de Brusque.

COTIDIANO

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019 22

De Auschwitz à Gávea: A menina de Ostrowiec que derrotou os nazistas

Junho de 2019. Noite fria de do-mingo. A cena era tão fantástica quanto natural: a senhora ameri-cana, miúda e ágil em seus 84 anos e suas 3 filhas se encontram com pessoas da comunidade judaica, em um play da Gávea - Rio. Em comum: todos têm raízes em Ostrowiec, Po-lônia, cidade judaica onde tudo pa-rava no Shabbat, Yom Kippur nem pensar.

A senhora se chama Ruth Web-ber (Rutka Muszkies), e veio vi-sitar o ramo brasileiro dos Mus-zkies. Com efeito, o encontro se dá no play da neta do seu tio Icek Aron Muszkies, que emigrou para o Brasil em 1929, antes, portanto, de Ruth ter nascido.

A menina Ruth passou toda a guerra em guetos e campos, dos 4 aos 9 anos, quando finalmente o pe-sadelo acabou, com as tropas sovié-ticas derrubando os portões de Aus-chwitz. Em um filme rodado pelo Exército Vermelho, Ruth é a menina alta na fileira de trás da imagem fa-

mosa que correu o mundo. Sessenta anos depois esse dia, 27 de janeiro de 1945, seria escolhido pela ONU como o Dia Internacional em Memó-ria das Vitimas do Holocausto, com apoio do Brasil.

Ruth foi mandada para um orfana-to, onde sua irmã Helen a descobriu. Apenas as três haviam sobrevivido, de uma grande família. Mas apesar de tudo a vida lhes iria sorrir, dei-xando para trás os nazistas e seus cúmplices derrotados. Elas segui-ram em 1948 para o Canadá, onde em 1956 Ruth se casou com outro imigrante polonês, Mordechaj Wy-goda (Mark Webber), mudando-se para Michigan, onde tiveram 3 fi-lhas e 5 netos.

Mas a história não terminaria as-sim... Wojtek Mazan, 35, historiador de Ostrowiec, colecionava retratos antigos, com o carimbo "Rembrandt". Conseguiu coletar cerca de 150 fotos de casamentos, batizados, eventos, enfim, um importante testemunho da vida da cidade nos anos 30.

Durante anos Wojtek tentou descobrir quem teria sido este fo-tógrafo do estúdio Rembrandt, até relacionar a imagem das crianças de Auschwitz com a entrevista de Ruth ao Museu do Holocausto - USHMM. Ficou claro que o tal fotó-grafo era Szmul Muszkies, pai de Ruth, cujo irmão Icek Aron Musz-kies tinha emigrado para o Brasil em 1929.

Finalmente pôde editar o livro com as suas 150 imagens: Szmul Muszkies - Professional Photogra-pher. A portrait of Ostrowiec’s re-sidents in the 1930s, taken at the „Rembrandt” photography studio, lançado em 29 de outubro de 2016 em Ostrowiec, com a presença de Ruth, filhas e demais parentes dos EUA, Israel e Brasil.

Na noite fria daquele domingo da Gávea faltou o calor carioca, mas sobrou o calor humano. Fez-se uma rodinha, onde cada um contou um pouco da sua história. De como seus pais e avós, tangidos pela intolerân-cia e falta de perspectivas, deixaram o pequenino shtetl, a meio caminho entre a capital e Cracóvia, refazendo suas vidas, legando uma rica histó-ria a seus filhos e netos, trabalhando pelo progresso do Brasil.

O encontro vai terminando, o tempo passou mais depressa do que gostaríamos. Nas despedidas as promessas de novos encontros e, se você que nos lê também tem raí-zes em Ostrowiec, junte-se ao nosso grupo - Descendentes de Ostrowiec - no Facebook.

Israel BLAJBERGBrasileiro nato de 1ª. Geração, 1945, Rio de Janeiro, com raizes em Ostrowiec e

Ilza. Engenheiro, Professor e Tradutor. Jornalista e Conferencista sobre tematica brasileira, polonesa, judaica, 2ª. Guerra Mundial, Holocausto. Realizou diversas

viagens de estudo à Polônia.

Contato: [email protected]

A família Muszkies no final da década de 1930, Malka, Helen, Ruth e SzmulFonte: http://jewsofostrowiec.com/ruth-webber/

MEMÓRIA

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 201923

As fotos em destaque nesta edição são da Colônia D.Pedro II em Campo Magro. Uma das imagens traz uma perspec-tiva aérea geral, mostrando a natureza e urbanidade da região, a outra em estilo “macro” revela um detalhe gráfico, resultante do jogo de luz e sombra.

FOTOS DO MÊS

Colônia D.Pedro II, imagem feita com drone. Foto: Everson Luis Gogola e Mário Santana da Silva

Restaurante Nova Polska, Colônia D. Pedro II (detalhe). Foto: Izabel Liviski

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AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL - Número 11 - Julho / Agosto 2019 24

Realização: Apoio:

AGENDA CULTURAL POLÔNIA BRASIL Número 11 - Julho / Agosto 2019

"Este projeto é cofinanciado com recursos do Ministério das Relações Exteriores da República da Polônia"

CURSOS

Pismo Polonii Austriackiej "Polonika" lipiec/sierpień 2019

Recebemos a belíssima publicação da comunidade po-lônica na Áustria, da qual destacamos a capa, uma re-produção da obra “O Beijo” de Gustav Klimt (1862-1918), pintor simbolista austríaco.

INTERNACIONAL