Agostinho sobre infalibilidade

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  • 7/31/2019 Agostinho sobre infalibilidade

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    Agostinho sobre infalibilidade

    Agostinho (354-430): S Deus jura de forma segura, porque s Ele infalvel.

    NPNF1: Vol. VIII, St. Augustin on the Psalms, Psalm 89, 4.

    Texto latino: Deus solus securus jurat, quia falli non potest.

    Ver em Psalmum LXXXVIII Enarratio, Sermo I, PL 37:1122.

    Agostinho (354-430): Mas a autoridade humana muitas vezes falha.

    FC, Vol. 5, Saint Augustine On Divine Providence and the Problem of Evil, Book 2,Chapter 9, 27 (New York: CIMA Publishing Co., Inc., 1948), p. 305.

    Texto latino: Humana vero auctoritas plerumque fallit. De Ordine, Liber Secundus,Caput IX, 27, PL 32:1008.

    Agostinho (354-430): Uma vez que ento, Deus, em cuja eternidade no hmudana alguma, o Criador e Ordenador do tempo, eu no vejo como se possadizer que Ele criou o mundo depois de decorridos espaos de tempo, a no ser quese possa dizer que antes do mundo havia alguma criatura por cujo movimento otempo poderia passar. E se as Sagradas e infalveis Escrituras dizem que noprincpio Deus criou os cus e a terra, para que se possa entender que Ele nadatinha feito previamente porque se Ele tivesse feito alguma coisa antes do resto,esta coisa seria dita ter sido feita "no princpio" - ento seguramente o mundo foifeito, no no tempo, mas simultaneamente com o tempo. Porque o que feito no

    tempo feito depois e antes de algum tempo - depois do que passado, antes doque futuro.

    NPNF1: Vol. II, The City of God, Book XI, Chapter 6.

    Texto latino: Cum igitur Deus, in cujus aeternitate nulla est omnino mutatio,creator sit temporum et ordinator, quomodo dicatur post temporum spatia mundumcreasse, non video; nisi dicatur ante mundum jam aliquam fuisse creaturam, cujusmotibus tempora currerent. Porro si Litterae sacrae maximeque veraces itadicunt, in principio fecisse Deum coelum et terram, ut nihil antea fecisseintelligatur, quia hoc potius in principio fecisse diceretur, si quid fecisset antecaetera cuncta quae fecit; procul dubio non est mundus factus in tempore, sed cum

    tempore. Quod enim fit in tempore, et post aliquod fit, et ante aliquod tempus; postid quod praeteritum est, ante id quod futurum est: De Civitate Dei, LiberUndecimus, Caput VI, PL 41:321-322.

    Agostinho (354-430): Quando o homem devidamente compreendido (ou, seisso no for possvel, ento, pelo menos, crido) ser feito imagem de Deus, semdvida que essa parte dele que o eleva acima das partes inferiores que tem emcomum com os animais, a qual o traz para mais perto do Supremo. Mas visto que asua mente, embora, naturalmente, capaz da razo e inteligncia est desabilitadapor vcios repreensveis e inveterados no apenas para unir-se com seu Senhorgozando de Deus, mas tambm para tolerar a sua luz imutvel, at que tenha sidogradualmente curada, e renovada, e capacitada de tal felicidade, tinha, em primeiro

    lugar, de ser impregnada com f, e assim purificada. E para que nessa f possaavanar o mais confiadamente para a verdade, a prpria verdade, Deus, o Filho deDeus, assumindo a humanidade sem destruir a Sua divindade, estabeleceu e

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    fundou esta f, que pode haver um caminho para o homem para o Deus do homematravs de um Deus-homem. Pois este o Mediador entre Deus e os homens, JesusCristo homem. Pois como homem que Ele o Mediador e o Caminho. Porque, se ocaminho repousa entre aquele que vai, e o lugar para onde ele vai, h esperana dealcan-lo, mas se no h caminho, ou se ele no sabe onde est, de que servesaber para onde ele deve ir? Ora, o nico caminho que infalivelmente seguro

    contra todos os erros, quando a mesma pessoa ao mesmo tempo Deus ehomem, Deus o nosso fim, homem o nosso caminho.

    NPNF1: Vol. II, The City of God, Book XI, Chapter 2.

    Texto latino: Hic est enim mediator Dei et hominum homo Christus Jesus. Per hocenim mediator, per quod homo; per hoc et via. Quoniam si inter eum qui tendit etillud quo tendit, via media est, spes est perveniendi: si autem desit, aut ignoreturqua eundum sit, quid prodest nosse quo eundum sit? Sola est autem adversusomnes errores via munitissima, ut idem ipse sit Deus et homo: quo itur, Deus; quaitur, homo. De Civitate Dei, Liber Undecimus, Caput II, PL 41:318.

    Agostinho (354-430): Deixe-me, portanto, dizer em poucas palavras suaCaridade, que o presbtero Bonifcio no foi achado por mim culpado de qualquercrime, e que eu nunca acreditei, e ainda no acredito, em qualquer acusao contraele. Como, ento, poderia ordenar que o seu nome fosse excludo do rol depresbteros, quando plenamente avisado pela palavra de nosso Senhor noevangelho: "Com o juzo com que julgais, sereis julgados". Pois, vendo que adisputa que surgiu entre ele e Spes foi por seu consentimento submetida arbitragem divina de uma forma que, se desejar, lhe pode ser dada a conhecer,quem sou eu, para ter a presuno de antecipar a deliberao divina excluindo ousuprimindo o seu nome? Como bispo, eu no devia precipitadamente suspeitardele, e como sou apenas um homem, eu no posso decidir infalivelmente sobrecoisas que esto escondidas de mim. Mesmo em assuntos seculares, quando

    um apelo feito para uma autoridade superior, todo o procedimentopersiste enquanto o caso aguarda a deciso da qual no h apelo, porque sealguma coisa for alterada enquanto o assunto est dependente da suaarbitragem, isto seria um insulto para o tribunal superior. E como grande adistncia entre mesmo a mais alta autoridade humana e a divina!

    NPNF1: Vol. I, Letters of St. Augustin, Letter 77 - To, 2.

    Texto latino: Breviter itaque dico Charitati vestrae, Bonifacium presbyterum innullo crimine apud me fuisse detectum, nequaquam me de illo tale aliquidcredidisse vel credere. Quomodo ergo juberem de numero presbyterorum nomenejus auferri, vehementer terrente Evangelio ubi Dominus ait: In quo judicio

    judicaveritis, judicabimini Cum enim causa quae inter illum et Spem exorta est, subdivino examine pendeat secundum placitum eorum, quod vobis si volueritis poteritrecitari; quis ego sum, ut audeam Dei praevenire sententiam in delendo velsupprimendo ejus nomine, de quo nec suspicari temere mali aliquid episcopusdebui, nec dilucide judicare homo de occultis hominum potui, cum in ipsis causissaecularibus, quando ad majorem potestatem refertur arbitrium judicandi,manentibus sicuti erant omnibus rebus, exspectetur illa sententia, unde jam nonliceat provocari, ne superiori cognitori fiat injuria, si ejus pendente judicio aliquidfuerit commutatum? Et utique multum interest inter divinam et humanamquamlibet excelsissimam potestatem. Domini Dei nostri misericordia nunquam vosdeserat, domini dilectissimi et honorandi fratres. Epistola LXXVII, 2, PL 33:266-267.

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    Concluso:

    Como podemos constatar Agostinho faz uso do termo "infalvel" nos seus escritos.

    Seria de esperar que ele o usasse em algum lugar para descrever a Igreja ou obispo de Roma se acreditasse que estas entidades eram infalveis.

    Mas o uso do termo infalvel nos escritos de Agostinho apenas encontrado paradescrever Deus e as Escrituras. Em lado nenhum se encontra ele a descrever oPapa ou a Igreja como infalvel.

    De modo que, isto nos deixa entender que para Agostinho, as nicas entidades queele acreditava serem infalveis, eram Deus e as Escrituras.