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ÍNDICE
01 . Introdução p.04
0 2 . At iv idade e c o n ô m i ca p . 0 6
0 3 . Pol í t ica f iscal p .08
0 4 . Conjuntura internacional p .11
0 5 . Juros p .14
0 6 . Câmbi o p . 18
0 7 . Bols a p . 20
2
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
NO BRASIL, ATÉ O PASSADO É INCERTO.
PEDRO MALAN
EX-MINISTRO DA FAZENDA DO GOVERNO FHC
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- 2
018
EPÍGRAFE DO MÊS…
A PRETEXTO DO MOMENTO
QUE VIVEMOS
3
O ex-presidente Lula foi
considerado inapto como candidato e
indeferido o registro de sua candidatura
pelo TSE.
Em verdade, a decisão do
Tribunal Superior Eleitoral de impugnar a
candidatura do petista Lula à Presidência
da República restitui a normalidade à
campanha eleitoral, uma vez que a
questão era óbvia até para os não versados
nos trâmites da lei: um candidato
condenado por órgão judicial colegiado
não pode pretender ocupar cargo eletivo,
pois trata-se do que está claramente
exposto na Lei Complementar 135/2010 –
a Lei da Ficha Limpa. Assim, a candidatura
do ex-presidente Lula era uma afronta à lei,
ou seja, Lula, como ficha suja, é
flagrantemente inelegível. Deste modo,
como candidato, Lula é passado, página
virada... sobretudo na visão do Ministro
Barroso, que avalia a decisão do TSE como
“definitiva”.
Entretanto, os advogados
do PT afirmam que existem recursos e que
o STJ e o STF podem suspender a
inelegibilidade, mesmo depois da decisão
do TSE. Ademais, enxergam nos votos dos
Ministros Edson Fachin e Rosa Weber
alguma esperança, já que Fachin mostrou
que a tese petista (respeito à “decisão” do
Comitê de Direitos Humanos da ONU) é
defensável e Rosa Weber deixou claro
que, até o STF julgar, Lula deveria ser
mantido candidato. Além disso, em um ato
absolutamente inexplicável, o TSE decidiu
que a coligação poderia prosseguir com a
propaganda eleitoral desde que Lula não
praticasse atos de campanha até que se
proceda à substituição de sua candidatura.
Fonte:
http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2018/2022802018/BR/280000625869
01 INTRODUÇÃO
4
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
5
O fato inconteste é que todo
o imbróglio criado parece ter sido
premeditado, transformando o aparato
judiciário brasileiro em palanque eleitoral.
Neste sentido, as Instituições falaram alto.
Em momento tão crucial para o país, o TSE
demonstrou firmeza e celeridade -
essenciais diante dos prazos exíguos de
uma campanha eleitoral muito mais curta
que as anteriores -, e espera-se que não
haja qualquer provimento adiante em
instâncias superiores.
Faz parte do jogo
democrático exaurir todas as
possibilidades, e o PT já disse que vai
recorrer da decisão do TSE e lutará pela
candidatura de Lula “por todos os meios”.
Contudo, para Lula já deu... ele pode sim, e
deverá ajudar muito (de sua cela) seu
indicado dada a sua “imensa relevância” no
processo, mas a clareza das chapas e do
processo também estão dados, e Lula está
fora do pleito. Esperemos somente que o
tumulto eleitoral vivenciado até agora se
dissipe e que a frase que abre este
Comentário do ex-Ministro Pedro Malan,
tão desconcertante quanto improvável,
não se aplique a este momento: “No Brasil,
até o passado é incerto”.
Mundo afora, em especial
os países emergentes estão em momento
difícil. Forte crise abateu a Argentina, ao
ponto que seu governo solicitou
antecipação da ajuda já acordada com o
FMI. Com a desvalorização acelerada de
sua moeda, o Banco Central argentino
elevou sua taxa de juros a 60%aa, na
esperança de conter a saída de dólares. Na
Turquia, os ânimos também estão
exaltados e se espera um aumento da taxa
de juros, porém abaixo da expectativa do
mercado e também de menor intensidade
do que visto na Argentina. O país
enfrentará um crescimento mais baixo e
um ajuste forçado mais prolongado. Nos
EUA, o presidente Donald Trump segue
dizendo precisa consertar os piores
acordos comerciais já feitos por qualquer
país do mundo. No Reino Unido, o eterno
período de transição em função do BREXIT
(saída dos britânicos da UE previsto para 29
Mar 2019) continua a chacoalhar o país e
confirma a primeira baixa: Mark Carney,
presidente do BoE, deixará o cargo no
próximo ano. Na China, o PBoC continua a
injetar recursos no sistema financeiro, com
objetivo de fornecer liquidez na economia.
O país também estuda retomar
financiamentos na África, como forma de
reforçar sua presença econômica no
continente.
Neste ambiente, os
Treasuries dos EUA fecharam o mês em
2,8604%. O S&P variou 3,01%, o NIKKEI
fechou em 1,38%, o DAX com -3,45% e o
FTSE 100 UK -4,08%. O Ibovespa terminou
o mês em 76.678 pontos (-3,21%) e o IBrX
em 31.591 pontos (-3,13%). Máximas no mês
para DIF19 em 6,93% e DIF21 em 9,91%. A
NTN-B 2050 terminou o mês em 5,86%, e o
Dólar (Ptax venda) a R$ 4,1353.
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
02 ATIVIDADE ECONÔMICA
Os números a seguir não
deixam muitas dúvidas. A atividade
econômica no Brasil está devagar, quase
parando. Existe uma frustração
generalizada com o ritmo de crescimento
da economia, reforçado por um
pessimismo de incertezas globais e
estresse eleitoral doméstico, fomentando
volatilidade e tensão nos mercados
financeiros. Se a fonte dos problemas pode
estar na política, corroboram essa fraqueza
da dinâmica da atividade possivelmente os
níveis de confiança deteriorados, uma
expectativa demasiadamente otimista do
início do ano, e a frustração da geração de
empregos em meio a taxas de
investimentos e poupança muito aquém do
esperado. Tudo isso em um contexto onde
o crescimento anda muito, mas muito
abaixo mesmo do PIB potencial.
O nível de confiança do
empresariado brasileiro está corroído. Sob
critério de médias móveis trimestrais, o
Índice de Confiança Empresarial (ICE) da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou
novamente em agosto, registrando o quinto
mês consecutivo de retração. O ICE
consolida os índices de confiança dos
quatro setores cobertos pelas Sondagens
Empresariais produzidas pelo FGV IBRE:
Indústria, Serviços, Comércio e Construção.
Por estar em um patamar baixo, estes
indicadores sugerem que a economia
continuará evoluindo muito gradualmente,
afetando as expectativas e
retroalimentando esse ciclo vicioso. Por
quê? Porque um dos mais importantes
fatores que geram incerteza e insegurança
atualmente é o impacto da campanha
eleitoral sobre as expectativas dos
investidores e dos consumidores. Não é
razoável supor que a confiança possa subir
de forma consistente até o final de outubro,
ou seja, até a definição do pleito eleitoral.
Depois disso, as expectativas estarão
condicionadas ao resultado das urnas – tão
simples como isto.
O desemprego ainda alto
deixa o consumo das famílias estagnado,
mas não há nada mais preocupante que os
números exibidos na FBCF. Trata-se de
contratação de crescimento futuro, sem ele
estamos fadados a avanços medíocres.
6
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Um crescimento mais robusto somente
virá com investimentos (não se pode contar
apenas com o consumo), e
fundamentalmente investimentos privados!
Isso pela razão de que precisamos
resolver, antes, o problema do
desequilíbrio fiscal estrutural, caso
contrário não há como se imaginar
investimentos públicos significativos.
As saídas estão dadas e a
chance de corrigirmos nossos erros, muito
próximas. Menos intervencionismo e mais
liberalismo. Mais ordem para termos mais
progresso.
Fonte: IBGE | Elaboração: Planner Redwood
7
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
PIB
Taxa trimestral (em relação ao mesmo período do ano anterior)
Taxa trimestre contra trimestre
imediatamente anterior 4º tri/2017 1º tri/2018 2º tri/2018 4º tri/2017 1º tri/2018 2º tri/2018
PIB 2,10 1,20 1,00 0,00 0,10 0,20
Agropecuária 6,10 -2,60 -0,40 0,00 1,30 0,00
Indústria 2,70 1,60 1,20 0,70 0,10 -0,60
Construção -1,60 -2,20 -1,10 0,10 -0,40 -0,80
Serviços 1,70 1,50 1,20 0,10 0,10 0,30
Comércio 4,40 4,50 1,90 0,20 0,10 -0,30
Atividades imobiliárias 2,10 2,80 3,00 0,40 0,40 1,20
Consumo das famílias 2,60 2,80 1,70 0,00 0,40 0,10
Consumo do Governo -0,40 -0,80 0,10 0,10 -0,30 0,50
FBCF 3,80 3,50 3,70 1,80 0,30 -1,80
Exportação 9,10 6,00 -2,90 -1,20 1,80 -5,50
Importação 8,10 7,70 6,80 1,90 0,80 -2,10
-8
-4
0
4
8
12
Evolução PIB e IBC-BR Taxa trimestral (emrelação ao mesmoperíodo do anoanterior)
Taxa acumuladaem quatrotrimestres (emrelação ao mesmoperíodo do anoanterior)
Taxa trimestrecontra trimestreimediatamenteanterior
IBC-BR
03 POLÍTICA FISCAL
8
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
O próximo presidente
enfrentará um quadro fiscal gravíssimo,
sem nenhuma chance de prorrogar as
reformas essenciais, em especial e
prioritariamente a previdenciária.
Entretanto, poucos são os
candidatos que tem um plano estruturado
e que conseguem, mesmo que com algum
esforço e boa vontade para entendimento,
convencer da dinâmica do processo e o
consequente equilíbrio fiscal. De toda
sorte, o alento é que dos mais bem
colocados candidatos, todos se
comprometem com o ajuste das contas
públicas e quase todos assumem que
aumento de impostos não está na sua
plataforma/plano de governo. Em outras
palavras, não existe detalhamento
suficiente nas propostas para tornar crível
o proposto, e nem mesmo maiores
explicações de formato e mudanças em
todas as despesas. Por outro lado, vários
atacam um dos principais instrumentos
desenvolvidos para um ajuste gradual e
sistematizado: o teto dos gastos. Na
verdade, não há saída para a disciplina
fiscal sem essa medida, o que não afasta,
adicionalmente, outras ações
complementares.
Dentre as medidas pouco
investidas atualmente está o foco em uma
reforma tributária que ataque incentivos
fiscais. Precisamos reavaliar a estrutura de
benefícios, tão mal e amplamente
direcionada a setores específicos, e corrigir
distorções do sistema tributário que só em
incentivos fiscais gastamos hoje 4,5% do
PIB, sem praticamente nenhum retorno
substancial. A conta simplesmente não
fecha. Os gastos do setor público atingiram
20% do PIB, e já no próximo ano, as
despesas com servidores e Previdência
sofrerão aumento de R$ 66 bilhões.
9
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
As medidas e sugestões
sempre revisitadas neste espaço envolvem
uma combinação de aumento de receitas
(em especial pelo lado da eficiência) e
redução de despesas, onde o próprio
Banco Mundial, por solicitação do ex-
Ministro Levy, divulgou em relatorio¹ no
ano passado estudo sobre efetividade das
despesas governamentais e uma
orientação para redesenho dos programas
ineficientes. Contudo, é fácil entender
porque as sugestões e recomendações
não evoluem, já que afetam grupos de
interesse que vão desde servidores
públicos (salários e aposentadorias em
média 67% acima do setor privado), até
empresários que se locupletam com
desonerações tributárias. De fato, as
alternativas existem e felizmente boa parte
dos assessores dos principais candidatos à
presidência da república se alinham em
maior ou menor intensidade com o
receituário que dá certo. Exceção feita à
equipe petista, que assume uma postura
diferenciada conforme diz Guilherme
Mello, um dos responsáveis pelo programa
econômico do PT na campanha
presidencial: "A ideia do PT tem uma
premissa diferente da maioria das
candidaturas. Queremos primeiro reativar a
economia e o emprego, para aí sim atacar
o déficit fiscal". Estamos sabendo, o rabo
pode sim abanar o cachorro.
Na linha do que dá certo, a
atual equipe econômica segue, ainda que
de forma comedida e absolutamente
constrangida pelos desmandos fiscais dos
demais poderes da república (assentidos,
em regra, pelo Comandante Chefe), com
algum provável sucesso rumo ao
atingimento da meta fiscal deste ano.
Guardadas as diferenças metodológicas de
apuração de resultado, as contas
consolidadas divulgadas pelo BACEN –
que incluem os resultados do governo
central (governo federal e Banco Central),
governos estaduais e municipais e
empresas estatais (exceto Petrobras e
Eletrobrás) – mostraram que o déficit
primário até Jul/18 alcançou R$ 17,8
bilhões. Ainda negativo, mas se traduz em
um resultado bem melhor do que o
observado em igual período do ano
passado (déficit de R$ 51,3 bilhões) e de
2016 (de R$ 36,5 bilhões).
¹”Um Ajuste Justo: Análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil”.
10
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Como no segundo semestre normalmente
se verificam aumentos de gastos com
pessoal e com a Previdência, dentre
outros, é possível que, sem maiores
surpresas, que a meta seja cumprida.
Independentemente deste potencial feito,
as contas da Previdência, já altamente
deficitárias, continuarão piorando – ou seja,
sem a reforma previdenciária, por maior
que seja o rigor fiscal, o déficit público
continuará a crescer.
Fonte: Tesouro Nacional | Elaboração: Planner Redwood
Benefícios Previdenciários
47,84%
Pessoal e Encargos Sociais 22,08%
Outras Despesas Obrigatórias
9,70%
2,17%
7,91%
2,72%
2,49%
4,10%
Despesas Discricionárias 20,37%
Composição das Despesas Primárias do Governo Central
PAC
Min. da Saúde
Min. do Des. Social
Min. da Educação
Demais
Emissões de TDA
Legislativo
Judiciário
04 CONJUNTURA INTERNACIONAL
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COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Uma forte crise financeira
ronda os países emergentes!
Uns mais vulneráveis e
outros menos suscetíveis, mas ainda na
mira, a estes movimentos como o Brasil
(por razões de grande reserva e conta
corrente “equilibrada”), sofrem com a
volatilidade global decorrente sobretudo
do novo normal capitaneado pelos EUA.
Trata-se de um movimento/fricção
realmente intenso em vários segmentos
(comercial, político, econômico, militar, etc.)
que, embora não mais isolado, tem como
ponto de desequilíbrio e fomentador dessa
nova ordem a maior economia do planeta.
Por não ter um padrão definido, a
previsibilidade da “ordem mundial” fica
prejudicada, e com isso e até que se
entenda razoavelmente a nova dinâmica,
movimentos de maior aversão a riscos,
especulativos ou mesmo de simples
proteção são exacerbados, afetando
substancialmente os países mais frágeis
econômico e institucionalmente e os que
não fizeram devidamente seu “dever de
casa”. Foi o que aconteceu na Turquia. Por
lá, a inflação deverá passar dos 20% este
ano, a atividade sofre e a desvalorização da
moeda assusta e compromete o bom
funcionamento da economia. Não tem
sido diferente com nossos vizinhos
argentinos, mais recentemente. O
receituário não seguirá muito distinto de
todos os demais países em igual situação,
ou seja, um choque fiscal importante.
Neste sentido, o governo argentino já
sinalizou com medidas como corte de
despesas (para alguns analistas ainda
insuficientes) e aumento de impostos, em
claro movimento de maior austeridade
visando um orçamento primário
equilibrado até 2019 (antes previsto para
2020) e um superávit de 1% do PIB em 2020
(de -3,9% do PIB no ano passado e -2,6% do
PIB este ano). Obviamente um custo
altíssimo para a sociedade argentina, um
remédio amargo para corrigir as distorções
do passado, mas que surtirá efeito se
levado adiante. O FMI parece acreditar nas
ações do governo e contratou auxílio à
Argentina. Dará certo!
Na Europa, as notícias de
política monetária do Banco Central
Europeu (BCE) não se alteram
significativamente nos últimos 30 dias,
permanecendo seu curso gradual de
normalização. Para Yves Mersch, integrante
do conselho do BCE, o setor financeiro na
Europa enfrenta "uma série de desafios",
com desempenho “fraco” e questões como
a necessidade de desalavancagem e de
lidar com o peso de regulações mais
estritas, fruto da recente crise financeira. Os
PMIs da Indústria, Serviços e o Composto,
para a Zona do Euro e em especial para
Alemanha, França e Reino Unido,
permanecem acima da marca de 50
pontos, mas em todos o PMI da Indústria
em agosto mostra retração, sendo que no
Reino Unido atingiu sua marca mínima em
25 meses. No campo político, os britânicos
seguem sofrendo pressões de Bruxelas
quanto a maiores concessões em sua
estratégia do BREXIT. A falta de consenso
entre Reino Unido e a União Europeia (UE)
é gritante. O negociador-chefe da UE para
o BREXIT, Michel Barnier, se opõe
“fortemente” às ideias da primeira-ministra
Theresa May, para o comércio entre os
dois lados após a saída britânica do bloco
europeu. Segundo Barnier, a oferta do
Reino Unido sobre alfândegas é ilegal e a
sugestão de regras comuns sobre
mercadorias para serem seguidas pelos
dois lados “mataria” o projeto europeu. As
tensões não param por aí, pois a Itália está
às vésperas de seu projeto orçamentário
para o próximo ano fiscal a ser
apresentado à UE, e os investidores estão
súper atentos à possibilidade de que o teto
de déficit público de 3% do PIB
estabelecido pelo bloco seja ultrapassado.
Diante disso, o ministro da economia
Giovanni Tria afirmou que o governo
italiano honrará os compromissos que tem
com a UE e asseverou que as ações a
serem tomadas acalmarão os mercados
financeiros. A Itália segue com rating Fitch
BBB, mas agora com a perspectiva de
estável para negativa.
12
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Na Ásia, a China não
interrompe suas sucessivas intervenções
no mercado com massivas injeções de
recursos, mas também agora “retoma” seus
projetos na África com financiamentos da
ordem de USD 60 bilhões por meio de
assistência, investimentos e empréstimos.
No Japão, o presidente do BoJ Haruhiko
Kuroda, parece cada vez mais “otimista”.
Ele acredita que os mercados globais se
recuperaram a níveis vistos antes da crise
financeira de 2008 e, depois de uma
política ultra-acomodatícia o BoJ reduziu o
volume de negócios no mercado de bônus
do governo japonês (JGBs) e permitiu que
o rendimento do JGB/10 anos flutuasse de
forma mais ampla.
Nos EUA, Donald Trump
continua em sua “cruzada” contra “todos” e
com resultados, ao menos para o curto
prazo, significativos para o povo americano.
Tópico da vez neste mês é o novo NAFTA,
porém ao menos aqui a solução parece
mais rápida com México... o Canada deve
ainda se ajustar se desejar participar,
segundo Trump. Neste caso, o presidente
americano precisa combinar com seu
Congresso. Ooops, novo normal! Ou não
precisa?
13
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Agosto foi o mês em que os
mercados financeiros sentiram o peso da
volatilidade eleitoral inerente ao processo
de escolha do próximo Presidente da
República. Entre os investimentos possíveis
(ao menos considerado os ativos líquidos),
não à toa, o destaque de rentabilidade
ficou a cargo dos fundos cambiais, uma
vez que a disparada da moeda americana
se acentuou expressivamente no último
mês, acompanhada de elevação
consistente dos juros futuros e de queda
do Ibovespa, alinhados com o movimento
explosivo do risco-Brasil (expresso pelo
EMBI e CDS). Em meio à tempestade
perfeita, a deterioração completa do
chamado “Pacote Brasil”, fruto em grande
parte da irresponsabilidade de alguns em
lançar o país em um caldeirão de
incertezas.
No âmbito do mercado de
juros futuros houve deslocamento de
todos os vértices ao longo da ETTF.
Enquanto o DI 19 registrou alta de 4,38%
em relação ao fechamento do mês
anterior, todos os demais vértices
apresentaram altas próximas de 10%, como
no caso do DI 21 que registrou elevação de
0,91 p.p. atingindo o patamar de 9,82%.
Cabe ainda ressaltar que todos os
vencimentos a partir de 2022 já registram
taxas acima dos 10% e acima dos 12%
quando considerados de 2025 em diante.
É claro o efeito da
volatilidade acima descrita sobre tal
movimento. No entanto, existe outro ponto
relevante a ser considerado nesta análise,
haja vista, o comportamento esperado para
os índices de preços e ancoragem das
expectativas, e os efeitos ditados pela taxa
de câmbio e que se fazem inerentes a tal
dinâmica. A alta da cotação da moeda
americana já reflete seus efeitos diretos
sobre o IGP-M, que acumula inflação de
8,26% nos últimos 12 meses. Uma vez dada
a janela próxima de 6 meses para o
repasse entre IGP-M e IPCA a alta nos
contratos de juros futuros já começa a
refletir, em partes, a possibilidade de que a
inflação, até aqui controlada e ancorada
para o horizonte próximo, venha a acelerar
e que, por conseguinte, as perspectivas de
um “leve” arrocho monetário para o
próximo ano sejam revistas para apertos
mais consistentes.
05 JUROS
14
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Fonte: IPEADATA| Elaboração: Planner Redwood
Se a Política Monetária será
mais apertada ou não dependerá, além de
cenários externos etc., também, dos
resultados das urnas. Isto porque, a
depender do novo presidente, poderemos
ter as expectativas ajustadas para um lado
ou outro, de acordo com suas convicções e
propensões às reformas – lembrar que o
descontrole fiscal “impede” redução das
taxas de juros. Afora isso, apesar da
contaminação da desvalorização do
câmbio, as demais variáveis (que o BACEN
também as considera!) como atividade
econômica e desemprego, não sugerem
altas da SELIC.
Certo mesmo é que, até as
eleições, faça chuva ou sol, a SELIC
permanecerá onde está.
15
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
-30%
-20%
-10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Evolução dos Índices de Preços
IPCA 12m IGP-M 12m IPA-DI Agri 12m IPA-DI Ind. 12m
SEMANAIS
JUROS CURVAS
ETTJ
16
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
6
7
8
9
10
11
12
13
Tax
a %
Vértices
03/08/18 10/08/18 17/08/18 24/08/18 31/08/18
JUROS CURVAS SEMANAIS
N T N - B
17
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Tax
a %
Vértices
03/08/18 10/08/18 17/08/18 24/08/18 31/08/18
06 CÂMBIO
Algumas imagens valem
mais do que mil palavras.
Para os menos próximos das
finanças e do comportamento dos
mercados a pergunta sobre qual o
significado da volatilidade e quais seus
efeitos práticos, basta que se apresente
um gráfico descrevendo o comportamento
da taxa de câmbio. Especialmente ao
longo deste ano, até aqui repleto de fortes
emoções afora o processo eleitoral, como
os efeitos da nova política comercial
americana e sua tensão com o governo
chinês, a crise na Turquia, greve dos
caminhoneiros, entre outros. O resultado
desta confluência de fatores é a
movimentação da cotação do Dólar, que
neste ano já teve seu mínimo próximo de
R$ 3,12 e atingiu máxima de R$ 4,21 (esta,
inclusive, próxima ao fechamento deste
mês).
Como fica ainda mais
evidente no gráfico a seguir, que
contempla não apenas a taxa de câmbio
como também sua volatilidade (implícita
nos contratos de opções de 3 meses), as
fortes oscilações da cotação da moeda
americana corroboraram no sentido de
acentuar sua tendência de alta e
resultando assim em uma valorização
frente ao Real de 25,01% ao longo deste
ano. No entanto, as causas de tal
comportamento derivam dos eventos e
fatores econômicos, que por sua vez
sensibilizam as expectativas dos agentes.
Neste mês, “jogaram contra”
a estabilidade da moeda brasileira as crises
cambiais sucedidas na Lira turca
(desvalorização de 33,08% frente ao dólar)
e o Peso argentino (desvalorização de
34,46% frente ao dólar), além da
instabilidade política brasileira amplamente
abordada neste comentário. Em situações
dessa natureza, é recorrente na história
econômica que a fuga de capitais em
países emergentes – seletividade de
países somente na entrada.
Em meio a este turbilhão de
informações negativas, o que tem “jogado
a nosso favor” é justamente aquele que
provavelmente possa ser o único legado
positivo dos governos petistas (ainda que
não pertença a estes o mérito de sua
realização), o nível confortável de divisas
em reserva.
18
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Em situação oposta a dos pares descritos
acima, o nível bastante razoável de dívida
externa vigente, conta corrente
“equilibrada” e as reservas internacionais
no montante de aproximadamente USD
380 bi, nos protegem quanto a possível
disseminação de percepção de insolvência
do país e consequentemente a fugas de
capitais e a maiores ataques especulativos.
Assim, a preservação deste trunfo é
imperativa, e qualquer proposta divergente
nesse quesito não se sustenta, ainda que
alguns dos atuais candidatos à presidência
não consigam alcançar tamanha
trivialidade.
Nessa linha, é imperioso
“cuidar” dessas reservas, em especial,
também, pelas inserções do BACEN via o
que se denomina de Política Cambial. Até
31 de agosto, o prejuízo com swaps
somava R$ 36,4 bi pelo resultado caixa e
R$ 29,7 bi pelo de competência. Por outro
lado, a rentabilidade das reservas
internacionais no ano está com resultado
líquido positivo, incluindo operações
cambiais. Bom isso? Não parece. Afinal, o
BACEN sempre alerta que tanto em
relação às operações de swap cambial
quanto à administração das reservas
internacionais, a autarquia não visa ao
lucro, mas fornecer hedge ao mercado em
tempos de volatilidade (no limite controle
da volatilidade e não da cotação) e manter
um colchão de liquidez para momentos de
crise. Será mesmo? Está conseguindo?
A imagem do gráfico mostra tudo!
Fonte: Blooomberg | Elaboração: Planner Redwood
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COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
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Risco, Volatilidade Implícita USD e Taxa de Câmbio
Câmbio CDS 5 anos Volatilidade Implicita (3M)
07 BOLSA
O mercado acionário não
escapou dos efeitos negativos que
afligiram o mercado financeiro brasileiro. O
Ibovespa fechou o mês cotado a 76.678
pontos, refletindo em queda de 3,21% e
acumulando ganho no ano de 0,36%
(convenhamos, zero!). Mas ainda mais
importante do que a bolsa em termos
Reais, devemos nos atentar para o
comportamento do incide em Dólar, uma
vez que a maior parte do fluxo no mercado
acionário vem de investidores externos.
Neste caso, o Ibovespa apresentou perda
mensal de 10,59% no mês e acumula no
ano perda de 18,16%. E a perspectiva futura
pode ser ainda pior...
Dando margem de análise
mais ampla, despreconceituosa e até, no
limite, alinhada no longo prazo, olhamos
além dos fundamentos. Assim,
considerando a análise gráfica e os
princípios da teoria Dow, o gráfico de
candlestick a seguir indica que não é
impossível imaginar o índice dolarizado cair
até a resistência de 11.847. Com a possível
reversão destacada, o que se tem é a
perspectiva de piora até o final do ano e
possivelmente ainda no começo do ano
que vem. A antecipação deste movimento e
as posições vendidas para o investidor
externo podem e devem acentuar o
movimento de queda do índice em moeda
local, o que de certa forma realimenta a
percepção geral de queda.
Mas até que ponto os
fundamentos para tal desvalorização
existem? Ainda que os balanços das
companhias mostrem alguma melhora em
níveis gerais, os dados sobre o crescimento
econômico em si não são muito
animadores. Como discutido na seção de
Atividade Econômica deste comentário,
embora o crescimento na margem tenha
tido melhoras nos últimos trimestres, isso
não se reflete quando analisamos a relação
de crescimento com os mesmos trimestres
de anos anteriores, muito em função da
queda no consumo das famílias e da
atividade Agropecuária. Mas dos dados
sobre o PIB brasileiro, nenhum é mais
desalentador para a bolsa de valores do
que a significativa queda na formação bruta
de capital fixo (no último trimestre teve
queda na margem de 1,80%).
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COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
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Investimento é contratação
de capacidade produtiva futura, que por
principio se refletirá em maiores receitas e
margens de lucro. Enquanto a “contratação
de crescimento futuro” não vier é difícil
imaginar um novo ciclo de alta longo e
consistente para a o mercado de ações.
Simples assim. Tudo mais vira basicamente
movimentos (especulativos?) de curto e
médio prazos.
Por estes motivos, o
principal índice da bolsa brasileira tem esse
intervalo de precificação que também está
rigorosamente atrelado aos resultados das
urnas. Existe inequivocamente uma
simbiose do Ibovespa com ditames do
novo governante do país. Um novo
presidente reformista levará, de imediato, o
benefício da dúvida dos investidores. Em
verdade, para os investidores pouco
importam as matizes de opinião dos
potenciais candidatos, vale mesmo a
coerência, a exequibilidade de seus planos
de governo e a constitucionalidade de seus
atos.
Um bom plano que resulte
em ordem e progresso inundará o Brasil de
recursos. Oportunidades não faltam!
Fonte: Broadcast | Elaboração: Planner Redwood
COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO- 2018
Evolução do Ibovespa em Dólares
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COMENTÁRIO MENSAL DA GESTÃO | AGOSTO - 2018
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