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i AGRADECIMENTOS Sem estas pessoas o trabalho aqui abordado, não teria sido possível, tendo em conta a agravante da falta de literatura publicada. Assim, presto-vos os meus mais sinceros agradecimentos, pela vontade, disponibilidade e apoio demonstrado pela vossa parte. João Nuno Fonseca Professor Rui Marques (IST) Eng.º Jorge Ferro (Núcleo de Instalações e Património - InCI, I.P.) Dr.ª Beatriz Fareleira (Departamento de Inspecção - InCI, I.P.) Eng.ª Maria Tibério (Departamento de Qualificação - InCI, I.P.) Dr.ª Isabel Rosa (Gabinete de Sistemas de Informação - InCI, I.P.) Dr.ª Ana Oliveira (Gabinete de Sistemas de Informação - InCI, I.P.) Dr.ª Lina Martins (AECOPS) Dr.ª Madalena (AECOPS) Paula Neves (AICCOPN) Cristina Cardoso (AICCOPN) Dr. Daniel Ferreira Almeida (AICEP) Paula Folgado (Ordem dos Engenheiros) José Luís Tomé (Biblioteca da Assembleia da República) Eng.º Philip Searle (Empreiteiro com actividade em Espanha) Todos os empreiteiros que foram sujeitos ao inquérito

AGRADECIMENTOS - IMPIC · Quadro 22 – Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de revalidação....45 Quadro 23 – Valores da parcela b segundo

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i

AGRADECIMENTOS

Sem estas pessoas o trabalho aqui abordado, não teria sido possível, tendo em conta a agravante da falta

de literatura publicada. Assim, presto-vos os meus mais sinceros agradecimentos, pela vontade,

disponibilidade e apoio demonstrado pela vossa parte.

João Nuno Fonseca

Professor Rui Marques (IST)

Eng.º Jorge Ferro (Núcleo de Instalações e Património - InCI, I.P.)

Dr.ª Beatriz Fareleira (Departamento de Inspecção - InCI, I.P.)

Eng.ª Maria Tibério (Departamento de Qualificação - InCI, I.P.)

Dr.ª Isabel Rosa (Gabinete de Sistemas de Informação - InCI, I.P.)

Dr.ª Ana Oliveira (Gabinete de Sistemas de Informação - InCI, I.P.)

Dr.ª Lina Martins (AECOPS)

Dr.ª Madalena (AECOPS)

Paula Neves (AICCOPN)

Cristina Cardoso (AICCOPN)

Dr. Daniel Ferreira Almeida (AICEP)

Paula Folgado (Ordem dos Engenheiros)

José Luís Tomé (Biblioteca da Assembleia da República)

Eng.º Philip Searle (Empreiteiro com actividade em Espanha)

Todos os empreiteiros que foram sujeitos ao inquérito

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ii

ABSTRACT

The aim of this thesis concerns the Portuguese civil construction regulator system. Particularly, this work

develops subjects related to titles that qualify the firms to the civil construction activity in Portugal: the

Building Permit and the Registration Title. It will be focused the main requirements that an enterprise has

to verify to enter and remain in the construction sector. The scope of dissertation concerns a detailed

description of the procedures concerning the access, the reclassification, the revalidation, the reevaluation

and the cancelling of the titles. During this study it will be analyzed for each procedure all the

documentation needed, the legal requirements and the burden cost associated. Then it is introduced an

international oversee of two distinct regulator systems in Spain and in France. This dissertation has an

entire chapter dedicated to a survey that was made to forty constructor enterprises that expressed their

personal feedback related to the process of entrance in the construction activity, in Portugal. The goal of

the experimental analysis is to show the performance of the Portuguese regulator institute, InCI, I.P.,

through the constructors’ point of view. Finally all the relevant ideas as well as the innovating proposals

and the opening new suggestions/proposes to study in the future, are summed up in the conclusion’s

chapter.

Keywords:

Civil construction, Portuguese regulator institute, contractor, laws, procedures, building permit.

RESUMO

O objectivo desta dissertação debruça-se sobre o sistema regulador português da construção civil.

Particularmente este trabalho desenvolve as matérias relativas aos títulos que habilitam uma empresa para

a actividade da construção civil em Portugal: o Alvará de Construção e o Título de Registo. Serão focados

os principais requisitos que uma empresa necessita de verificar para aceder e permanecer no sector da

construção. O âmbito desta dissertação prende-se com uma descrição detalhada dos procedimentos

associados ao ingresso, à reclassificação, à revalidação, à reavaliação e ao cancelamento dos títulos. Ao

longo deste estudo serão analisados para cada procedimento a documentação necessária, os requisitos

legais e os encargos financeiros associados. Posteriormente, é introduzido uma visão internacional de dois

sistemas reguladores distintos em Espanha e em França. Esta tese dispõe ainda de um capítulo

inteiramente dedicado a um inquérito realizado a quarenta empresas na indústria da construção civil, onde

expressaram o seu ponto de vista pessoal relacionado com o processo de ingresso na actividade da

construção civil, em Portugal. O objectivo dessa análise experimental foi demonstrar o desempenho do

instituto regulador português, InCI, I.P., do ponto de vista dos construtores. Finalmente, todas as ideias

relevantes, as propostas inovadoras e as propostas/sugestões em aberto a serem objecto de estudo no

futuro, são resumidas no capítulo das conclusões.

Palavras-chave:

Construção civil, instituto regulador português, empreiteiros, legislação, procedimentos, alvará.

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ACRÓNIMOS

InCI, I.P. – Instituto da Construção e do Imobiliário, Instituto Público

IMOPPI – Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário

ANEOP – Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas

AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas

ARICOP – Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas

AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

APIEE – Associação Portuguesa dos Industriais de Energia Energética

APIRAC – Associação Portuguesa da Indústria da Refrigeração e Ar Condicionado

AICOPA – Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores

ASSICOM – Associação dos Industriais de Construção da Madeira

APCMC – Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção

ANIMEE – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Eléctrico e Electrónico

PIB – Produto Interno Bruto

INE – Instituto Nacional de Estatística

FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo

VAB – Valor Acrescentado Bruto

FEPICOP – Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas

ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho

CEE – Comunidade Económica Europeia

JOEU – Jornal Oficial da União Europeia

DL – Decreto – Lei

EOP – Empreiteiros de Obras Públicas

ICC – Industrial de Construção Civil

CCT – Contrato Colectivo de Trabalho

TSSHT – Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho

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TSHT – Técnico de Segurança e Higiene do Trabalho

CAP – Certificado de Aptidão Profissional

ANET – Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos

SNCP – Sistema Nacional de Certificação Profissional

ISHST – Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

DGEG – Direcção-Geral de Energia e Geologia

ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações

CICCOPN – Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do

Norte

CENFIC – Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Sul

IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional

IES – Informação Empresarial Simplificada

IRN – Instituto dos Registos e Notariado

BI – Bilhete de Identidade

NIF – Número de Identificação Fiscal

NIPC – Número de Identificação de Pessoa Colectiva

CCEC – Comissão de Classificação de Empresas de Construção

CIFE – Comissão de Índices e Fórmulas de Empreitadas

CPA – Código do Procedimento Administrativo

CAE – Classificação Económica de Empresas

DGITA – Direcção-Geral de Informática Tributária e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros

DGCI – Direcção-Geral dos Impostos

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Índice Agradecimentos ........................................................................................................................................... i

Abstract ....................................................................................................................................................... ii

Acrónimos ..................................................................................................................................................iii

Índice de Quadros .................................................................................................................................... vii

Índice de Figuras .....................................................................................................................................viii

1. Introdução ........................................................................................................................................... 1

1.1. Âmbito ........................................................................................................................................ 1

1.2. Objectivos ................................................................................................................................... 7

1.3. Organização de Estudo e Metodologia ....................................................................................... 7

2. Requisitos de Entrada e Permanência na Actividade do Sector da Construção ........................... 9

2.1. Contextualização legislativa ................................................................................................... 9

2.2. Noções Gerais relacionadas com os títulos habilitantes em Portugal ................................... 11

2.2.1. CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS EM ALVARÁS E TÍTULOS DE REGISTO ............................ 12

2.2.2. CLASSES EM ALVARÁS...................................................................................................... 14

2.2.3. IDONEIDADE COMERCIAL.................................................................................................. 15

2.2.4. CAPACIDADE TÉCNICA...................................................................................................... 16

2.2.5. CAPACIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA ......................................................................... 20

2.2.6. REGIME PROBATÓRIO E REGIME NORMAL .......................................................................... 22

2.2.7. CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA NA ACTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO ..................................... 22

2.3. Análise Internacional de Sistemas Reguladores da Construção Civil................................... 23

2.3.1. LINHAS GERAIS DO SISTEMA REGULADOR ESPANHOL ........................................................ 24

2.3.2. LINHAS GERAIS DO SISTEMA REGULADOR FRANCÊS .......................................................... 27

3. Títulos habilitantes para a actividade da construção civil e Portugal ......................................... 31

3.1. Alvará de Construção ................................................................................................................ 31

3.1.1. Âmbito .................................................................................................................................. 31

3.1.2. Ingresso na Actividade ......................................................................................................... 33

a) Óptica da entidade requerente de Alvará .............................................................................. 33

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P. ............................................. 37

3.1.3. Reclassificação de Alvarás ................................................................................................... 38

a) Óptica da entidade requerente de Alvará .............................................................................. 39

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vi

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P. ............................................. 40

3.1.4. Revalidação de Alvarás ........................................................................................................ 44

a) Óptica da entidade requerente de Alvará .............................................................................. 44

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P. ............................................. 45

3.1.5. Reavaliação de Alvarás ........................................................................................................ 46

3.2. Título de Registo ....................................................................................................................... 47

3.2.1. Âmbito .................................................................................................................................. 47

3.2.2. Ingresso na Actividade ......................................................................................................... 49

a) Óptica da entidade requerente de Título de Registo ............................................................. 49

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P. ............................................. 50

3.2.3. Obtenção de Novas Subcategorias ........................................................................................ 50

a) Óptica da entidade requerente de Título de Registo ............................................................. 50

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P. ............................................. 51

3.2.4. Revalidação de Títulos de Registo........................................................................................ 51

3.2.5. Reavaliação de Títulos de Registo ........................................................................................ 52

3.2.6. Cancelamento Parcial ou Total de subcategorias do Título de Registo ................................ 52

3.2.7. Alterações em Alvarás e em Títulos de Registo ................................................................... 52

4. Análise Empírica do Processo de Aquisição de Alvará de Construção........................................ 54

4.1. Âmbito ...................................................................................................................................... 54

4.2. Estrutura do Inquérito ............................................................................................................... 56

4.3. Tratamento Estatístico e Apresentação dos Resultados ............................................................ 58

5. Conclusões e Recomendações .......................................................................................................... 67

5.1. Síntese Conclusiva .................................................................................................................... 67

5.2. Problemas em Aberto ................................................................................................................ 72

Referências bibliográficas ........................................................................................................................ 74

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – PIB em volume (preços de 2000). Taxas de variação anual em %. .......................................... 1

Quadro 2 – O peso do sector da construção na economia nacional. ............................................................ 3

Quadro 3 – Obras licenciadas e concluídas em 2008. ................................................................................. 3

Quadro 4 – Distribuição dos recursos humanos por categorias profissionais. ............................................ 5

Quadro 5 – Distribuição das empresas por classe de dimensão de pessoal remunerado, em 2006 e 2007.

(Pub. INE) .................................................................................................................................................... 6

Quadro 6 – Categorias e Subcategorias. .................................................................................................... 12

Quadro 7 – Classificação de empreiteiro/construtor geral. ....................................................................... 13

Quadro 8 – Subcategorias para os Títulos de Registo. .............................................................................. 14

Quadro 9 – Classes de Alvarás de Construção para o Portugal Continental. ............................................ 14

Quadro 10 – Classes de Alvarás de Construção para a Madeira e os Açores............................................ 15

Quadro 11 – “Quadro I” da Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro que estabelece o quadro mínimo de

pessoal. ....................................................................................................................................................... 16

Quadro 12 – “Quadro II” da Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro que estabelece o quadro mínimo de

técnicos da área da segurança e higiene do trabalho. ................................................................................. 16

Quadro 13 – Requisito de ingresso. Valores mínimos de capital próprio segundo as classes (2009). ...... 21

Quadro 14 – Requisitos de permanência. Valores mínimos de capital próprio, custos com pessoal,

volume de negocias, liquidez geral e autonomia financeira (2009). ........................................................... 21

Quadro 15 – Condições de permanência a cumprir segundo o tipo de regime: normal, probatório e final

do probatório. ............................................................................................................................................. 23

Quadro 16 – Evolução numérica do total dos alvarás, dos novos alvarás e dos que foram reclassificados,

entre 2006 a 2008 (Quadro de Indicadores Anuais) ................................................................................... 32

Quadro 17 – Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de ingresso. ........ 35

Quadro 18 – Valores da parcela b segundo as classes para o processo de ingresso. ................................. 35

Quadro 19 – Resumo das taxas previstas a pagar consoante o pedido realizado por cada empresa. ......... 36

Quadro 20 – Critérios de experiência em obra em função das classes para elevação de classe

imediatamente superior (2009). .................................................................................................................. 41

Quadro 21 – Critérios de experiência em obra em função das classes para elevação de classe não

imediatamente superior (2009). .................................................................................................................. 41

Quadro 22 – Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de revalidação. ... 45

Quadro 23 – Valores da parcela b segundo as classes para o processo de revalidação. ............................ 45

Quadro 24 – Redução média percentual da duração de três processos, entre 2007 e 2008. ...................... 60

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viii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do número de obras particulares licenciadas e concluídas nos últimos três anos. ...... 3

Figura 2 – Fogos licenciados e concluídos em 2008 distribuídos por regiões em Portugal Continental e

Arquipélagos da Madeira e dos Açores (fonte: INE). .................................................................................. 4

Figura 3 – Número de acidentes de trabalho mortais. ................................................................................. 4

Figura 4 – O cluster da indústria da construção. (slides TCOE teórica) ...................................................... 6

Figura 5 – Distribuição das empresas por classe de Alvará (2008). .......................................................... 31

Figura 6 – Distribuição de Alvarás e Títulos de Registo por região (2008). ............................................. 32

Figura 7 – Títulos habilitantes válidos (31 de Dezembro de 2008). .......................................................... 47

Figura 8 – Distribuição percentual das classificações do processo de aquisição de Alvará de construção

em termos de morosidade. .......................................................................................................................... 58

Figura 9 – Distribuição percentual das classificações do processo de ingresso na actividade em termos de

exigências burocráticas. .............................................................................................................................. 60

Figura 10 – Distribuição percentual das classificações do processo de ingresso na actividade em termos

da qualidade do atendimento. ..................................................................................................................... 61

Figura 11 – Distribuição percentual das classificações do processo de ingresso na actividade em termos

de dificuldades encontradas. ....................................................................................................................... 62

Figura 12 – Distribuição percentual das classificações do processo de ingresso na actividade em termos

de encargos financeiros. ............................................................................................................................. 63

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. ÂMBITO

O âmbito da presente dissertação consiste numa abordagem da regulação do mercado da construção civil

em Portugal. Este capítulo introdutório pretende fazer uma contextualização da regulação do sector da

construção no que respeita o acesso e a permanência no mercado da construção civil. Para tal, serão

objectos de análise as seguintes esferas: o mercado da construção civil, a entidade com funções

reguladoras no mesmo e as entidades sujeitas à regulação que constituem o tecido empresarial em

Portugal.

O Mercado da Construção Civil

A indústria da construção civil por possuir grande diversidade de oferta dentro de cada tipo de mercado

na economia faz com que seja um gerador significativo de emprego. Existem muitos mercados que

constituem a indústria da construção civil, sendo eles os seguintes: mercados clássicos (transportes,

serviços públicos, habitação, indústrias, etc), mercados recentes (centros comerciais, turismo e lazer,

telecomunicações, reabilitação de escolas e prisões, por exemplo, etc) e mercados futuros (teletrabalho,

energias renováveis, manutenção e reciclagem). Contudo, a envolvente macroeconómica no ano de 2008

fica marcada pela instabilidade dos mercados financeiros que advém das sucessivas revisões em baixa das

previsões de crescimento da economia e do elevado grau de incerteza face ao futuro. A crise financeira,

que teve início nos Estados Unidos da América com a crise do sub-prime ainda em 2007, alastrou-se à

economia real fazendo mergulhar a actividade económica a nível mundial numa recessão, instalada em

vários países europeus, com quem Portugal detém a maior parte das suas relações comerciais. O Produto

Interno Bruto (PIB), segundo o INE, apresentou uma variação anual nula em volume no ano de 2008,

contrastando com a variação de 1,9% no ano anterior. Esta situação tem como causa a procura externa

líquida (exportações líquidas de importações) ter apresentado um contributo negativo e a taxa de variação

anual da procura interna ter sofrido uma redução de 1,6% para 1,0%, entre 2007 e 2008. Analisando o

quadro 1, denota-se que a desaceleração das importações não resultou em resultados optimistas, já que as

despesas de consumo final registaram uma variação positiva de 1,4% em 2008 e as exportações de bens e

serviços diminuíram 0,5% em volume (vide website InCI, I.P.).

Quadro 1 – PIB em volume (preços de 2000). Taxas de variação anual em % (vide website INE)

2006 2007 2008

Despesas de Consumo Final 1,1 1,2 1,4

Formação Bruta de Capital -0,3 3,2 -0,1

Procura Interna 0,8 1,6 1,0

Exportações 8,7 7,5 -0,5

Importações 5,1 5,6 2,1

PIB 1,4 1,9 0,0

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2

O índice FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) foi o responsável pela desaceleração da procura interna

que diminuiu 0,1% em 2008 depois de ter alcançado um acréscimo de 3,2% em 2007. Segundo o

Relatório de Contas do InCI, I.P. “ (…) A FBCF no sector da construção em 2008 registou uma

diminuição de 5,8% em volume face a 2007, que se traduziu num contributo de -0,6 p.p. para a variação

do PIB. (…)”. Previsivelmente, a contribuição do sector da construção para o FBCF tem sido decrescente,

“ (…) entre 2006 e 2008 registou-se uma diminuição de cerca de 3 p.p. no contributo do sector da

construção para a FBCF (…)”, e este facto deve-se ao “(…) clima de incerteza quanto à evolução da

actividade económica e das restrições impostas pelas regras orçamentais, a que acresce o elevado grau de

endividamento das famílias e o necessário ajustamento do investimento em habitação, após a fase de

expansão que caracterizou a última década. (…)”. Ainda assim, o sector da construção engloba 41,6% do

investimento global do país, o que demonstra a sua representatividade a nível nacional.

O Valor Acrescentado Bruto, VAB, apresentou uma variação negativa de 0,2% em 2008 face à variação

positiva de 1,9% em 2007. Em 2008, as actividades financeiras e imobiliárias contribuíram positivamente

para a variação do VAB (aumento do VAB 2,6%), contrariamente ao sector da construção (diminuição de

5,1% em volume e com contributo negativo no VAB total de -0.3 p.p.). No mesmo ano o VAB na

construção contribuiu com 5% para o VAB total, ligeiramente menor que em 2007 (5,2%) e 2006 (5,3%).

A variação homóloga do VAB do ramo da construção em 2008 atingiu o seu valor mais negativo de -

10,5% (vide website InCI, I.P.).

Perspectivando uma grande obra pública, é fácil compreender que toda a mobilização de recursos,

humanos e tecnológicos, nas diferentes fases do projecto aliado à diversidade de mercados existentes,

gera muito emprego em várias áreas (arquitectura, mecânica, electrotecnia, geotecnia, hidrologia, entre

outras). Devido à magnitude do Cluster, a indústria da construção gerou cerca de 10,7% de postos de

emprego do total nacional, nos anos de 2006 e 2008, e 11,0%, em 2007. Segundo estatísticas do INE em

2008 a população activa ascendia os 5.624,9 mil indivíduos, portanto se o sector da construção

empregava 10,7% da população total no final de 2008, isso corresponde a 555,1 mil indivíduos. Quanto

ao desemprego, em 2008, haviam 427,1 mil indivíduos desempregados. Segundo um estudo da FEPICOP

“prolongar a crise no sector implicará uma perda de emprego na construção que pode ascender aos 95.000

postos de trabalho”, o que representaria “mais 2.000 a 3.000 milhões de euros em termos de despesa

pública directa”. Neste sentido é fundamental dar condições às empresas para estas serem “o verdadeiro

motor da recuperação económica” (CONCRETO, 2009).

O quadro 2 sintetiza a evolução dos índices FBCF, VAB e do emprego durante os últimos três anos.

Quanto à evolução e ao desenvolvimento sectorial, o número de edifícios licenciados e de edifícios

concluídos sofreram uma diminuição ao longo dos últimos três anos, à custa da crise económica. Em

termos homólogos, em 2008 a diminuição do número de edifícios licenciados foi de 13,9% e do número

de edifícios concluídos foi de 15,5% em relação a 2007. Dados mais recentes alegam que, no 2º trimestre

de 2009, 7,8 mil edifícios foram licenciados, valor que representa uma variação anual de -23,8%. O

número de fogos licenciados e concluídos apresentou uma variação homóloga negativa de 28,5% e 18%

respectivamente (figura 1).

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3

Quadro 2 – O peso do sector da construção na economia nacional (vide website do InCI, I.P. - Relatório de

Contas 2008)

Totais Nacionais Unidade 2006 2007 2008

FBCF (preços constantes 2000) 106 € 30.124,00 31.078,20 31.035,40

VAB (preços constantes 2000) 106 € 129.458,10 131.891,70 131.639,00

Emprego 103 € 5.159,50 5.169,70 5.197,80

Construção Unidade 2006 2007 2008

FBCF (preços constantes 2000) 106 € 13.742,30 137.190,00 12.920,80

VAB (preços constantes 2000) 106 € 6.827,30 6.875,60 6.521,70

Emprego 103 € 553,00 570,80 555,10

Peso da construção na economia Unidade 2006 2007 2008

FBCF (preços constantes 2000) % 45,60 44,10 41,60

VAB (preços constantes 2000) % 5,30 5,20 5,00

Emprego % 10,70 11,00 10,70

Figura 1 – Evolução do número de obras particulares licenciadas e concluídas nos últimos três anos (vide website

InCI, I.P.).

Segundo o quadro 3 (fonte: INE), em 2008, cerca de 39 mil edifícios foram licenciados e dentro desses

cerca de 23 mil correspondem a edifícios residenciais. O número total de fogos licenciados corresponde a

cerca de 46 mil. Foram concluídos perto de 33 mil edifícios.

Quadro 3 – Obras licenciadas e concluídas em 2008 (vide website InCI, I.P.).

Obras Licenciadas1 em 2008 Obras Concluídas2 em 2008

1º T 2ºT 3ºT 4ºT (P) Total 1ºT 2ºT 3ºT 4ºT (P) Total

Edifícios Residenciais e

não residenciais 10.761 10.197 9.160 8.935 39.053 8.895 8.635 8.388 7.011 32.929

Edifícios Residenciais 6.690 5.901 5.173 4.918 22.682 5.891 5.839 5.718 4.709 22.157

Fogos 14.232 12.760 9.991 9.334 46.317 12.658 13.794 12.569 10.020 49.041

O maior número de fogos licenciados e concluídos situa-se na região norte, seguida da região centro e da

Grande Lisboa, segundo a figura 2. Estas três regiões no total perfazem mais de 70% dos fogos

licenciados e concluídos em Portugal.

1 Construções novas, ampliações, alterações, reconstruções e demolições de edifícios 2 Construções novas, ampliações, alterações e reconstruções de edifícios

(P) Dados provisórios

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4

Figura 2 – Fogos licenciados e concluídos em 2008 distribuídos por regiões em Portugal Continental e Arquipélagos

da Madeira e dos Açores (vide website INE).

No que respeita a segurança no trabalho, o sector da construção está associado ao maior registo de

sinistralidade laboral. Em 2008, foi responsável por metade das mortes ocorridas procedentes de acidentes

de trabalho, sendo as quedas em altura o acidente mortal mais comum. No entanto, registou-se uma

diminuição no número de acidentes de trabalho em relação a 2007, como se apresenta na figura 3,

segundo dados da ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho).

Figura 3 – Número de acidentes de trabalho mortais (vide website InCI, I.P.).

Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

O organismo português que tem a cargo a regulação do mercado da construção civil é o Instituto da

Construção e do Imobiliário, InCI, I.P., aprovado pelo Decreto-Lei n.º 144/2007, de 27 de Abril. O “ (…)

InCI, I.P. é um instituto público dotado de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e

de património próprio que tem por missão regular e fiscalizar o sector da construção e do imobiliário,

dinamizar, supervisionar e regulamentar as actividades desenvolvidas neste sector, produzir informação

estatística e análises sectoriais e assegurar a actuação coordenada do Estado no sector. (…)”, segundo o

mesmo Decreto – Lei. Com já meio século de existência, o InCI, I.P. atravessou diversas fases na sua

história para alcançar a orgânica que possui actualmente. No anexo 1 é possível deslindar

cronologicamente a história do instituto regulador, pelas suas diferentes denominações e competências ao

longo dos anos no mercado da construção civil.

Com base nos últimos números de efectivos em 31 de Dezembro de 2008, existiam 131 pessoas a exercer

funções no InCI, I.P.. A carreira de Técnico Superior era a que detinha a maior parcela dos recursos

humanos, representando cerca de 34% do total de efectivos. Nesse mesmo ano registou-se um decréscimo

de cinco trabalhadores, face a 2007, como demonstra o quadro 4. Quanto à estrutura etária, o InCI, I.P. é

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constituído por 44% de pessoas com menos de 40 anos e 69% com menos de 50 anos. Do total dos

trabalhadores, 75% são mulheres.

Quadro 4 – Distribuição dos recursos humanos por categorias profissionais (vide website InCI, I.P.).

O InCI, I.P. é constituído por órgãos distintos: o Conselho Directivo, o Conselho Consultivo, o Fiscal

Único e as Comissões Técnicas Especializadas,3 cujas funções estão especificadas no Decreto-Lei n.º

144/2007, de 27 de Abril, que aprova a orgânica do instituto. A estrutura organizacional interna do InCI,

I.P., incorpora os seguintes níveis hierárquicos:

Conselho Directivo (CD);

Nível de Apoio Estratégico ao Conselho Directivo no qual participam o Gabinete de Controlo de

Gestão e Desempenho (GCGD), o Gabinete Jurídico (GJ) e o Gabinete de Sistemas de Informação (GSI),

que dependem directamente do Conselho Directivo;

Funções de suporte estão a cargo da Direcção Administrativa Financeira e de Recursos Humanos

(DAFRH) e as funções nucleares distribuem-se pela Direcção de Análise de Mercados (DAM), a

Direcção de Regulação (DR) e a Direcção de Coordenação e Iniciativas Estratégicas (DCIE). Todas estas

direcções dependem dos seus departamentos e sectores operacionais;

Dentro da Direcção Administrativa Financeira e de Recursos Humanos existem: o Núcleo de Finanças

e Contabilidade (NFC), o Núcleo de Recursos Humanos (NRH), o Núcleo Administrativo e Contratação

(NAC) e o Núcleo de Instalações e Património (NIP).

Dentro da Direcção de Regulação existem: o Departamento de Qualificação (DQ), o Departamento de

Inspecção (DI) e o Departamento de Sancionamento (DS).

No anexo 2 distribui-se o pessoal pelas unidades orgânicas acima descritas. As unidades que detêm as

funções nucleares englobam a grande maioria dos efectivos, cerca de 63% do quadro do pessoal. Destaca-

se, particularmente, o Departamento de Qualificação que conta com 42 colaboradores, cerca de 32% do

total dos efectivos. A principal função do Departamento de Qualificação é instruir e analisar as

atribuições dos títulos habilitantes, Alvarás e Títulos de Registo, bem como à verificação das condições

de permanência e avaliação do desempenho das empresas enquadradas nas actividades reguladas4 pelo

InCI, I.P., que serão os temas principais desta dissertação. De referir que 28,5% dos efectivos do

Departamento de Qualificação (12 colaboradores) estão afectos aos postos de atendimento localizados nas

3 As Comissões Técnicas Especializadas são a Comissão de Classificação de Empresas de Construção (CCEC) e a

Comissão de Índices e Fórmulas de Empreitadas (CIFE). 4 As actividades reguladas pelo InCI, I.P. são a construção, a mediação imobiliária e a angariação imobiliária.

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Lojas de Cidadão de Aveiro, Braga e Viseu. Todos os dados referentes à orgânica do InCI, I.P. foram

recolhidos no Relatório de Contas de 2008 (vide website InCI). É crucial estudar o funcionamento do

mercado da construção civil e a organização do tecido empresarial em Portugal para se exercer uma

regulação adequada. A abordagem da presente dissertação irá incidir apenas no sector da Construção,

excluindo assim a análise ao sector do Imobiliário.

O Tecido Empresarial em Portugal

Para se compreender o tecido empresarial é necessário dividir o Cluster nas diferentes fases de uma obra:

o projecto, a produção, a construção e a vida útil, apresentado na figura 4.

Figura 4 – O Cluster da indústria da construção civil.

A maior parte das empresas de construção civil são pequenas e médias empresas. O quadro 5 apresenta o

número de empresas em diversas áreas de mercado distribuídas por classe de dimensão de pessoal

remunerado.

Quadro 5 – Distribuição das empresas por classe de dimensão de pessoal remunerado, em 2006 e 2007 (INE, 2008).

Classe de dimensão de pessoal remunerado 2006 2007

0 8 070 7 324

1 – 4 92 411 93 378

5 – 9 12 583 12 469

10 ou mais 9 006 9 316

Total 122 070 122 487

Um estudo da DELOITTE em parceria com a ANEOP, refere que a aposta na internacionalização é a

principal aliada para a geração de receitas e aumento do volume de negócios. Esta é a solução que ajuda a

ultrapassar as limitações impostas pela dimensão do mercado nacional na actual crise económica.

Segundo as 50 maiores empresas do sector, envolvidas no estudo, mais de 70% desenvolvem actividade

fora de Portugal. A diversificação da actividade também é uma realidade, dado que 90% das empresas

afirma estar presente em outros sectores de actividade, além da construção. São pois empresas

multifacetadas com apostas nas concessões e no imobiliário, mas igualmente na indústria e no ambiente.

Cerca de 70% das grandes empresas inquiridas estão presentes em concessões, que resulta da tentativa de

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equilibrar as reduzidas margens do sector da construção e as características flutuações da actividade (vide

website DELOITTE).

O âmbito desta dissertação irá debruçar-se fundamentalmente na regulação das empresas de construção,

no que diz respeito ao seu acesso e permanência na actividade da construção. Em Portugal, no ano 2008,

estavam inscritas no InCI, I.P. aproximadamente 60.8835 empresas de construção.

1.2. OBJECTIVOS

Esta dissertação tem como objectivo compilar e analisar toda a informação acerca dos procedimentos

associados a Alvarás de Construção e aos Títulos de Registo, com o intuito de perceber como funciona a

regulação do ingresso e da permanência na actividade da construção. Os procedimentos serão abordados a

partir de três perspectivas centrais: a tramitação legislativa, o exercício da regulação praticada pelo InCI,

I.P. e o parecer das entidades que são objecto da regulação, na actividade da construção. Outro objectivo

principal é contrastar o sistema de regulação português com outros sistemas de regulação adoptados em

países europeus. Numa altura em que a conjuntura económica não oferece oportunidades favoráveis ao

investimento, é necessário tornar a economia, nomeadamente o sector da construção, mais simples e

desburocratizado, adoptando boas práticas já presentes em outros países ou reforçando as já existentes.

Por fim, e em jeito conclusivo, resumir os aspectos positivos e negativos mais relevantes acrescentando

propostas de melhoria e outras questões em aberto.

1.3. ORGANIZAÇÃO DE ESTUDO E METODOLOGIA

Depois da contextualização introdutória das diferentes envolventes do sector da construção, apresentado

neste primeiro capítulo, o capítulo 2 concentra-se, primeiramente, na abordagem de algumas definições

gerais para uma correcta compreensão das matérias sucessoras. As definições gerais abarcam desde

conceitos de classificação do Alvará e do Título de Registo, como as categorias, subcategorias e as

classes, até aos requisitos que são exigidos a uma entidade requerente, ou seja, idoneidade comercial,

capacidade técnica e capacidade económica e financeira. É também feita a descrição do regime normal e

do regime probatório e são resumidas as condições de permanência na actividade da construção civil.

Ainda dentro do mesmo capítulo é introduzida uma breve descrição de dois sistemas reguladores

internacionais da construção civil, referentes a Espanha e a França. O objectivo desta análise

internacional não é a descrição pormenorizada dos dois sistemas reguladores internacionais, mas sim

abordar o estabelecimento de certas definições regulativas e salientar aspectos contrastantes e

semelhantes entre eles e o sistema regulador da actividade da construção civil em Portugal, objecto de

estudo nos capítulos sucessores. Para apresentar este conteúdo recorreu-se a uma pesquisa baseada,

predominantemente, em páginas electrónicas.

Posteriormente, o capítulo 3 trata de compilar toda a informação referente a diferentes processos que

podem ocorrer no caso do alvará e do título de registo. O objectivo principal é dar a conhecer quais são

esses processos e como é que eles se desenrolam na óptica da entidade reguladora e das entidades

5 No InCI, I.P. existiam, em 2008, 60.883 registos de alvarás de construção e títulos de registo, contudo algumas

empresas, cujo número não foi apurado, possuem ambos os títulos habilitantes.

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requerentes. Neste capítulo destacam-se processos como o ingresso na actividade, a reclassificação, a

revalidação, a reavaliação, o cancelamento parcial ou total de subcategorias, entre outros. Os primeiros

três capítulos requereram pesquisa bibliográfica, maioritariamente através do portal do InCI, I.P., da

legislação corrente, de outras informações recolhidas em outras páginas electrónicas e na sede principal

do InCI, I.P., em Lisboa. O capítulo 4 é de teor experimental, onde se apresentarão os resultados obtidos

de um inquérito efectuado a algumas empresas de construção que tinham requerido alvará. A intenção do

inquérito é demonstrar o ponto de vista das empresas acerca do sistema regulador implementado.

Finalmente, o último capítulo, 5, debruça-se sobre as conclusões e recomendações finais. Serão resumidas

todas a conclusões extraídas ao longo da dissertação, recomendadas propostas de melhoria ou sugestões

de aplicação de novas metodologias e expostos os problemas ainda em aberto dentro da regulação

nacional neste domínio.

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2. REQUISITOS DE ENTRADA E PERMANÊNCIA NA

ACTIVIDADE DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO O capítulo 2 abarca primeiramente uma contextualização histórica acerca da legislação portuguesa

referente ao sector da construção civil. Posteriormente são desenvolvidas algumas noções gerais relativas

aos títulos habilitantes em Portugal, Alvará e Título de Registo. Por último, é efectuada uma breve análise

comparativa a dois sistemas reguladores internacionais: sistema regulador Espanhol e sistema regulador

Francês.

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO LEGISLATIVA

Na perspectiva histórica, a designação de alvará data já do século catorze. Segundo o Decreto – Lei

12/2004, de 9 de Janeiro: “ (…) Com efeito, o termo alvará data já de 1371, por altura das Cortes de

Lisboa, querendo desde então significar todo o tipo de titulação em que se enquadra a que é actualmente

emitida pelo Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário6 para o exercício da

actividade da construção (…).” Um dos primórdios da legislação foi o Decreto-Lei n.º 23.226, de 15 de

Novembro de 1933 (anexo 3), que estipulava as primeiras linhas de regulação dos contratos de

empreitadas, de tarefas e de fornecimento de obras públicas. “A distinção entre os dois contratos –

empreitadas e fornecimento de obra pública – faz-se, desde logo, quanto ao tipo de bens sobre que

incidem: num (a empreitada) trata-se de bens imóveis, noutro (o fornecimento) trata-se de bens móveis

(…) Consideram-se despesas com a aquisição de serviços as que tenham por objecto principal a sua

obtenção, ainda que, simultaneamente, possam implicar o fornecimento de materiais. (…)” (VIDAL E

MARQUES, 1982). À data, o Estado e os corpos e corporações administrativas impossibilitavam

qualquer concessão de contrato com pessoas singulares ou colectivas que possuíssem acções judiciais

emergentes de outros contratos ou que tivessem sido condenadas, à menos de cinco anos. Para as bases de

licitação inferiores a 500.000$ (2.500€) os concorrentes estavam dispensados da apresentação da certidão

passada pela Secretaria-Geral do Ministério da Justiça.

O Decreto-Lei n.º 40.623, de 30 de Maio de 1956, que revoga o Decreto-Lei n.º 23.226, de 15 de

Novembro de 1933, contemplava apenas o exercício da actividade dos empreiteiros de obras públicas,

regulamentando a aquisição dos alvarás de construção. Foi com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º

582/70 de 24 de Novembro que aparece a intenção de disciplinar a indústria de construção civil nas obras

particulares, concedendo alvarás de construção a empresas que realizem obras de construção civil de

valor superior a 250 contos (1.250€). O Decreto-Lei n.º 100/88, de 23 de Março, que vigorou durante

onze anos, revoga os anteriores decretos e faz uma revisão do enquadramento legal da actividade da

construção civil e obras públicas. Reúne tanto os industriais de construção civil como os empreiteiros de

obras públicas numa só legislação que estipula três tipos diferentes alvará consoante os ramos de

actividade: empreiteiro de obras públicas, industrial de construção civil e fornecedor de obras públicas. É

também introduzido pela primeira vez a obrigatoriedade da revalidação anual dos alvarás, a criação da

especialidade de empreiteiro geral e de construtor geral, a regulamentação do acesso de empresas com

6 O antigo Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário, IMOPPI, corresponde o Instituto

da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P..

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sede em outros estados-membros da CEE e outros aspectos inovadores. Posteriormente, o Decreto-Lei n.º

43/92, de 31 de Março, vem tornar o exercício de industriais de construção civil de obras até 5.000 contos

(25.000€) isento da obrigatoriedade de apresentação de alvará.

A directiva comunitária no JOUE em 1992 conhecida desde então por Directiva Estaleiros (92/57/CEE)

foi transposta para o direito interno pelo Decreto - Lei n.º 155/95 de 1 de Julho. A partir dele, foi

introduzido o novo conceito de coordenação de segurança e saúde durante a fase de elaboração do

projecto e na fase de construção. Mais tarde, aparece o Decreto - Lei n.º 273/2003 de 29 de Outubro que

reforça e aperfeiçoa as normas específicas de segurança no trabalho bem como os meios e acções

fiscalizadoras nos sectores onde há maior incidência de acidentes e doenças profissionais (BUSTO,

2004).

O Decreto-Lei sucessor é o n.º 61/99, de 2 de Março, que vigorou cerca de quase cinco anos, o qual foi

revogado pelo actual Decreto – lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro. Segundo ARAÚJO (2004), “ (…) é

inequivocamente reconhecido, de forma unânime pelos diversos quadrantes do sector, que o anterior

diploma legal falhou nos objectivos que foram perspectivados pelo legislador (…).” Segundo ARAÚJO, o

actual Decreto – Lei reúne medidas mais satisfatórias do que o antigo Decreto - Lei n.º 61/99, de 2 de

Março. No que respeita a adopção de um título habilitante único, os termos procedimentais facilitaram

consideravelmente junto do InCI, I.P. ao invés do DL anterior, n.º 61/99, que introduzia a diferenciação

entre as autorizações que constavam em dois tipos de certificado: o Certificado de Classificação de

Empreiteiros de Obras Públicas (EOP) e o Certificado de Classificação de Industrial de Construção Civil

(ICC). Na verdade, segundo ARAÚJO “(…) a qualidade pública ou privada do dono de obra é, para

efeitos de habilitação, irrelevante, antes importando os meios humanos e materiais detidos pelas empresas

(…).”. A redução significativa dos trabalhos, diminuindo o número de categorias, 6 para 5, e de

subcategorias, 76 para 55, também foi outra mais-valia para a simplificação. A condensação das

subcategorias veio acabar com algumas das autorizações que em certos casos eram duplicações de outras

e criavam obstáculos à especialização e à elevação de classe das empresas. A actual legislação em vigor

veio reequacionar, segundo ARAÚJO, a matéria dos quadros técnicos e o ineficaz sistema de indicadores

económicos e financeiros em sede de reavaliação e ainda as tardias acções inspectivas às empresas. O

regime probatório surge como novidade assim como os quadros técnicos passaram a estar integrados mais

quadros médios, até à 4ª classe, provenientes de sistemas nacionais de aprendizagem e de certificação

profissional, em alternativa ao sistema tradicional de ensino. Com o anterior Decreto – Lei era admissível

a empresa ter um consultor, em obras privadas, contudo essa realidade foi alterada com a entrada em

vigor do novo Decreto que impossibilita as empresas terem consultores ou encarregados a

desempenharem funções técnicas. Nas classes mais elevadas passou a ser obrigatório incluir um número

mínimo de técnicos de segurança e higiene do trabalho, com o intuito de combater a sinistralidade laboral.

Em relação à definição de empreiteiro geral ou construtor geral, existiram diferenças assinaláveis na

legislação. No regime anterior a respectiva classificação era concedida na classe mais baixa das

subcategorias determinantes, com excepção da categoria de Edifícios, na qual podia ser atribuída em

classe mais elevada do que as determinantes.

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Toda a matéria legislativa descrita anteriormente teve como objectivo referir brevemente a evolução dos

acontecimentos legais, contudo, é susceptível de um desenvolvimento mais aprofundado, por consulta dos

decretos-lei enunciados.

O Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, constitui a legislação actual e central da maior parte das

matérias aqui exploradas (MENDES, 2004). Este Decreto – Lei estabelece condições de ingresso e

permanência na actividade da construção, incluindo a descrição das normas procedimentais, o regime

sancionatório e as disposições transitórias. Dentro do sector da construção, compete ao InCI, I.P. a

atribuição dos títulos de habilitação para o exercício da actividade da construção civil, nomeadamente o

Alvará de Construção e o Título de Registo. Actualmente, qualquer empresário em nome individual ou

qualquer sociedade comercial que deseje aceder ao mercado da construção civil, tem de se reger pelo

estabelecimento de certos requisitos para o acesso e permanência na actividade. A cada empresa é

atribuído um Alvará de Construção ou um Título de Registo, consoante um sistema de qualificação que

assenta nos tipos de trabalho que estão habilitadas a fazer e no máximo valor pecuniário fixado para cada

um desses trabalhos. Após a aquisição de um Alvará é necessário revalidá-lo anualmente e no caso do

Título de Registo a revalidação é feita de cinco em cinco anos. Caso não haja lugar à revalidação, a

empresa fica inibida de exercer a actividade. Ou seja, não basta cumprir com os requisitos para ingressar

na actividade para se permanecer nela, é imperativo continuar a preencher os requisitos de permanência.

Segundo o artigo n.º 4 do Decreto-Lei 12/2004, de 09 de Janeiro qualquer entidade, sujeita à lei pessoal

portuguesa ou cuja sede fique localizada num Estado do espaço económico europeu, que deseje realizar

obras deverá, obrigatoriamente, ser detentora de um Alvará ou de um Título de Registo. Portanto, tanto o

Alvará como o Título de Registo são títulos que certificam as entidades requerentes para o seu ingresso e

permanência no mercado da construção civil como entidades construtoras. O mesmo Decreto – Lei

estabelece o regime jurídico de ingresso e permanência na actividade da construção, descrevendo os

requisitos fundamentais a cumprir para que se concedam e se mantenham as habilitações que permitem o

exercício na actividade da construção.

2.2. NOÇÕES GERAIS RELACIONADAS COM OS TÍTULOS HABILITANTES EM

PORTUGAL Ao longo deste trabalho focar-se-ão os requisitos a cumprir que permitam a concessão e a manutenção do

Alvará e do Título de Registo. Antes da descrição dos procedimentos relativos ao ingresso e à

permanência das empresas no mercado, serão especificadas as seguintes noções gerais:

Categorias e Subcategorias em Alvarás e Títulos de Registo;

Classes em Alvarás e Títulos de Registo;

Idoneidade Comercial;

Capacidade Técnica;

Capacidade Económica e Financeira;

Regime probatório e regime normal;

Condições de permanência na actividade da construção.

Ao longo dos próximos subcapítulos serão descritos e analisados os itens anteriormente mencionados.

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2.2.1. CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS EM ALVARÁS E TÍTULOS DE REGISTO

Um alvará é um documento que relaciona todas as habilitações detidas por uma empresa, como refere o

artigo 3.º do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, que, por sua vez, estão organizadas e

esquematizadas em diferentes categorias e subcategorias. A estrutura existente que ordena as diferentes

habilitações do mercado da construção civil consiste em categorias que constituem áreas distintas e

principais da construção e em subcategorias que reflectem trabalhos especializados que dependem e se

inserem na respectiva categoria. No total existem cinco grandes categorias e, dentro de todas elas, o

somatório das subcategorias perfaz cinquenta e cinco. No quadro 6 resumem-se todas as categorias e

subcategorias, que estão estabelecidas pela Portaria n.º 19/2004, de 10 de Janeiro.

Quadro 6 – Categorias e Subcategorias.

1.ª Categoria - Edifícios e Património Construído 4.ª Categoria - Instalações Eléctricas e Mecânicas

1.ª Estrutura e elementos de betão 1.ª Instalações eléctricas de utilização de baixa tensão

2.ª Estruturas metálicas 2.ª Redes eléctricas de baixa tensão e postos de transformação

3.ª Estruturas de madeira 3.ª Redes e instalações eléctricas de tensão de serviço até 60kV

4.ª Alvenarias, rebocos e assentamento de cantarias 4.ª Redes e instalações eléctricas de tensão de serviço superior a 60kV

5.ª Estuques, pinturas e outros revestimentos 5.ª Instalações de produção de energia eléctrica

6.ª Carpintarias 6.ª Instalações de tracção eléctrica

7.ª Trabalhos em perfis não estruturais 7.ª Infra-estruturas de telecomunicações

8.ª Canalizações e condutas em edifícios 8.ª Sistemas de extinção de incêndios, segurança e detecção

9.ª Instalações sem qualificação específica 9.ª Ascensores, escadas mecânicas e tapetes rolantes

10.ª Restauro de bens imóveis histórico-artísticos 10.ª Aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração

2.ª Categoria - Vias de Comunicação, Obras de Urbanização

e Outras Infra-estruturas

11.ª Estações de tratamento ambiental

12.ª Redes de distribuição e instalações de gás

1.ª Vias de circulação rodoviária e aeródromos 13.ª Redes de ar comprimido e vácuo

2.ª Vias de circulação ferroviária 14.ª Instalações de apoio e sinalização em sistemas de

transportes

3.ª Pontes e viadutos de betão 15.ª Outras instalações mecânicas e electromecânicas

4.ª Pontes e viadutos metálicos 5.ª Categoria - Outros Trabalhos

5.ª Obras de arte correntes

6.ª Saneamento básico 1.ª Demolições

7.ª Oleodutos e gasodutos 2.ª Movimentação de terras

8.ª Calcetamentos 3.ª Túneis e outros trabalhos de geotecnia

9.ª Ajardinamentos 4.ª Fundações especiais

10.ª Infra-estruturas de desporto e de lazer 5.ª Reabilitação de elementos estruturais de betão

11.ª Sinalização não eléctrica e dispositivos de protecção e segurança

6.ª Paredes de contenção e ancoragens

3.ª Categoria - Obras Hidráulicas 7.ª Drenagens e tratamento de taludes

1.ª Obras fluviais e aproveitamentos hidráulicos 8.ª Reparações e tratamentos superficiais em estruturas metálicas

2.ª Obras portuárias 9.ª Armaduras para betão armado

3.ª Obras de protecção costeira 10.ª Cofragens

4.ª Barragens e diques 11.ª Impermeabilizações e isolamentos

5.ª Dragagens 12.ª Andaimes e outras estruturas provisórias

6.ª Emissários 13.ª Caminhos agrícolas e florestais

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Existe ainda a definição de subcategorias determinantes, que permitem a classificação em empreiteiro

geral ou construtor geral. No Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro o empreiteiro geral ou construtor

geral define-se como uma empresa que, para além de deter as subcategorias determinantes, tem de

demonstrar capacidade de gestão e coordenação para poder ter condições de assumir a responsabilidade

de toda a obra. O artigo 12.º do mesmo Decreto-Lei, refere ainda que o empreiteiro geral tem

competências de subcontratar a execução de trabalhos enquadráveis nas subcategorias previstas para a

realização da obra. O empreiteiro geral apenas poderá subcontratar empresas devidamente habilitadas em

casos onde o valor total da obra não exceda o limite da sua classe. É ainda da sua completa e inteira

responsabilidade assumir a coordenação global da obra, nas diferentes fases com as diferentes

subempreitadas, se assim ocorrer. O Decreto-Lei referido anteriormente descreve que a “(…) capacidade

de coordenação é avaliada pela experiência profissional detida pelo empresário ou pelos representantes

legais da sociedade e pelos seus técnicos em funções de gestão e coordenação de obras (…)”. As

subcategorias determinantes classificam o empreiteiro geral por diferentes habilitações que se resumem

no quadro 7, enquanto no quadro 8 listam-se as subcategorias autorizadas para o título de registo.

Quadro 7 – Classificação de empreiteiro/construtor geral.

Categoria Empreiteiro Geral ou Construtor Geral Subcategorias Determinantes

1.ª Categoria

Edifícios e Património

Construído

Edifícios de Construção Tradicional

1.ª Estrutura e elementos de betão

4.ª Alvenarias, rebocos e

assentamento de cantarias

Edifícios com Estrutura Metálica

2.ª Estruturas metálicas

4.ª Alvenarias, rebocos e

assentamento de cantarias

Edifícios de Madeira 3.ª Estruturas de madeira

6.ª Carpintarias

Reabilitação e Conservação de Edifícios

4.ª Alvenarias, rebocos e

assentamento de cantarias

5.ª Estuques, pinturas e outros

revestimentos

Obras Rodoviárias

1.ª Vias de circulação rodoviária e

aeródromos

3.ª Pontes e viadutos de betão

2.ª Categoria

Vias de Comunicação, Obras

de Urbanização e Outras

Infra-estruturas

Obras Ferroviárias

2.ª Vias de circulação ferroviária

3.ª Pontes e viadutos de betão

4.ª Pontes e viadutos metálicos

Obras de Urbanização

1.ª Vias de circulação rodoviária e

aeródromos

6.ª Saneamento básico

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14

Quadro 8 – Subcategorias para os Títulos de Registo.

1.ª Categoria - Edifícios e Património Construído 4.ª Categoria - Instalações Eléctricas e Mecânicas

4.ª Alvenarias, rebocos e assentamento de cantarias 1.ª Instalações eléctricas de utilização de baixa tensão

5.ª Estuques, pinturas e outros revestimentos 7.ª Infra-estruturas de telecomunicações

6.ª Carpintarias 8.ª Sistemas de extinção de incêndios, segurança e

detecção

7.ª Trabalhos em perfis não estruturais 5.ª Categoria - Outros Trabalhos

8.ª Canalizações e condutas em edifícios 9.ª Armaduras para betão armado

9.ª Instalações sem qualificação específica 10.ª Cofragens

2.ª Categoria - Vias de Comunicação, Obras de

Urbanização e Outras Infra-estruturas 11.ª Impermeabilizações e isolamentos

8.ª Calcetamentos

9.ª Ajardinamentos

2.2.2. CLASSES EM ALVARÁS

A classe de um Alvará é definida através da maior classe que foi atribuída à empresa em todas as suas

subcategorias. No quadro 9 apresentam-se as nove classes de Alvarás, que correspondem a limites

máximos dos valores de cada tipo de trabalhos, que os seus titulares ficam habilitados a realizar, como

estipulado na Portaria n.º 1371/2008, de 2 de Dezembro, com entrada em vigor desde 1 de Fevereiro de

2009.

Quadro 9 – Classes de Alvarás de Construção para o Portugal Continental.

Classes das Habilitações Valores das Obras (€)

1 Até 166.000,00

2 Até 332.000,00

3 Até 664.000,00

4 Até 1.328.000,00

5 Até 2.656.000,00

6 Até 5.312.000,00

7 Até 10.624.000,00

8 Até 16.600.000,00

9 Acima de 16.600.000,00

No quadro 10 apresentam-se os respectivos valores de classes para as ilhas da Madeira e dos Açores.

Devido à sua insularidade os valores das classes apresentam 40% de majoração face aos do continente,

para compensar os custos mais elevados com os materiais e a mão-de-obra. Portanto, ao abrigo do

Decreto Regulamentar Regional n.º 21/85/M, de 19 de Outubro e do Decreto Legislativo Regional n.º

20/2003/A, de 6 de Maio, os valores das classes para as ilhas apresentam-se abaixo.

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15

Quadro 10 – Classes de Alvarás de Construção para a Madeira e os Açores.

Classes das Habilitações Valores das Obras (€)

1 Até 232.000,00

2 Até 464.800,00

3 Até 929.600,00

4 Até 1.859.200,00

5 Até 3.718.400,00

6 Até 7.436.800,00

7 Até 14.873.600,00

8 Até 23.240.000,00

9 Acima de 23.240.000,00

É importante referir que os valores das Classes, estipulados tem vindo a aumentar com o passar dos anos,

pois é influenciado por parâmetros como a inflação. Os valores que se apresentam no quadro anterior

estão actualmente em vigor.

No caso do empreiteiro geral a atribuição da classe poderá ser ligeiramente diferente. No limite, e

dependendo da comprovação de um quadro de pessoal mínimo e de uma adequada capacidade de

coordenação, um empreiteiro geral poderá deter até duas classes, acima da classe mais elevada, nas suas

subcategorias, segundo o artigo 12.º do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro. Por exemplo, uma

empresa que requeira, no seu ingresso, a 2.ª Categoria como empreiteiro geral em Obras de Urbanização e

queira deter a classe 4 na 1.ª subcategoria determinante (Vias de circulação rodoviária e aeródromos) e a

classe 2 na 6.ª subcategoria determinante (Saneamento básico), é uma empresa que à partida irá deter a

classe 4 mas que poderá ir até à classe 6. É da competência do InCI, I.P. decidir a classe final do

empreiteiro geral. Nos capítulos da “Capacidade Técnica” e do “Ingresso na Actividade” esta matéria será

mais desenvolvida.

Por outro lado, os Títulos de Registo não estão associados a nenhuma classe. Está estabelecido que para

trabalhos cujo valor não ultrapasse os 16.000€, 10% do valor correspondente à primeira classe de Alvarás

de Construção, a entidade requerente apenas necessita de um Título de Registo para exercer a actividade.

2.2.3. IDONEIDADE COMERCIAL

A idoneidade comercial é um requisito imprescindível para o ingresso e permanência na actividade de

construção civil e obras públicas. Não são considerados comercialmente idóneos os empresários em nome

individual e os representantes legais de sociedades comerciais que tenham sido condenados, por decisão

transitada em julgado, em pena de prisão não suspensa por qualquer dos crimes ou pela prática das

contra-ordenações previstas no artigo 8º do Decreto-Lei n.º 12/2004, 9 de Janeiro (anexo 4).

Para um empresário em nome individual ou para os representantes legais de sociedades comerciais

comprovarem a sua idoneidade comercial, têm de apresentar o Certificado de Registo Criminal que tem a

validade de três meses (vide website IRN) e também as respectivas declarações de idoneidade (Modelo

2 ou Modelo 3 do InCI, I.P.).

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2.2.4. CAPACIDADE TÉCNICA

Segundo o artigo n.º 9 do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, a capacidade técnica é avaliada

através de quatro factores: a estrutura organizacional, os meios humanos, os meios técnicos que a empresa

possua, como por exemplo os equipamentos, e a experiência curricular na execução de obras que a

empresa veio a acumular ao longo dos anos em que desenvolveu actividade. A capacidade técnica de uma

empresa depende directamente da natureza, volume e valor de trabalhos que pretende ser habilitada.

A Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro estabelece o quadro mínimo de pessoal das empresas

classificadas para o exercício da actividade da construção e nos seus anexos encontram-se os quadros I e

II, que neste trabalho estão numerados por 11 e 12, respectivamente. O quadro 11 estipula o quadro

mínimo de pessoal da área da produção enquanto o quadro 12 se refere ao quadro mínimo de técnicos da

área da segurança e higiene do trabalho.

Quadro 11 – “Quadro I” da Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro que estabelece o quadro mínimo de pessoal.

Classes Engenheiros Engenheiros

Técnicos Encarregados

Operários7

Grupo X Grupo XII

1 - 1 - 1 1

2 - 1 - 2 1

3 - 1 1 3 1

4 - 1 1 4 2

5 - 1 2 6 3

6 1 1 2 8 4

7 2 2 4 12 6

8 4 4 6 16 8

9 6 6 8 24 12

Quadro 12 – “Quadro II” da Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro que estabelece o quadro mínimo de técnicos da

área da segurança e higiene do trabalho.

Classes Área da segurança e higiene do trabalho

TSSHT* (CAP Nível 5) TSHT** (CAP Nível 3)

6 1 -

7 1 1

8 1 2

9 2 2

*TSSHT - Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho; **TSHT - Técnico de Segurança e Higiene do

Trabalho

Dentro do quadro de pessoal de uma empresa existe uma hierarquia que organiza os recursos humanos.

Os operários do grupo XII são comandados por operários do grupo X enquanto estes, por sua vez,

respondem perante um encarregado. Consoante a dimensão da obra, podem existir vários grupos de

7 Os grupos de remuneração a que se refere este quadro são os previstos no contrato colectivo de trabalho (CCT) em

vigor no continente para o sector da construção civil e obras públicas e, com as devidas adaptações, os equivalentes

previstos nos instrumentos de regulamentação colectiva aplicáveis nas Regiões Autónomas.

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operários que estão sob ordens de diferentes encarregados. Um encarregado tem como função chefiar uma

equipa e gerir os trabalhos de uma determinada área. Os encarregados têm de responder perante os

engenheiros técnicos que têm acima de si na hierarquia os engenheiros. Para obras de menor dimensão,

cujo valor não exceda a classe cinco, apenas são necessários engenheiros técnicos.

É importante salientar que o quadro técnico e o quadro de pessoal têm definições distintas. O quadro

técnico é constituído pelas pessoas a quem seja exigido certificado de habilitações ou carteira

profissional, como por exemplo os engenheiros, os engenheiros técnicos ou qualquer pessoa certificada

com um CAP (Certificado de Aptidão Profissional). Não basta cumprir com o número mínimo de pessoal

dentro do quadro técnico, pois o InCI, I.P. poderá recusar o mesmo sempre que considere que a carteira

profissional dos técnicos não seja adequada. Os técnicos têm de estar habilitados nas principais áreas dos

trabalhos que a empresa requereu e as suas carteiras profissionais têm de satisfazer os requisitos do InCI,

I.P.. Os engenheiros e os engenheiros técnicos, para serem reconhecidos como tal, têm de estar inscritos

na ordem dos engenheiros e na associação dos engenheiros técnicos, respectivamente. Com a

implementação do processo de Bolonha, os engenheiros técnicos são profissionais habilitados com o grau

académico que lhes é atribuído no 1.º ciclo do Ensino Superior, reconhecido e homologado pelo

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A condição de Engenheiro Técnico atinge-se com a

obtenção de um curso superior em engenharia acreditado pela ANET (Associação Nacional dos

Engenheiros Técnicos), bem como a realização de um estágio profissional (vide website da ANET). O

engenheiro tem de estar inscrito na Ordem dos Engenheiros e, para tal, necessita de estar habilitado com o

grau académico correspondente ao 2.º ciclo do Ensino Superior.

Para os encarregados e os operários não é necessária a comprovação das suas habilitações mas apenas a

entrega da declaração de remunerações. Todas as empresas têm como dever apresentar a declaração de

remunerações, conforme entregue na Segurança Social, comprovando a constituição de um quadro de

pessoal. “ (…) A Declaração de Remunerações da Segurança Social deve reportar-se ao mês anterior ao

da data de entrega do pedido. Este documento deve conter a listagem de todo o pessoal ao serviço da

empresa (técnicos, encarregados e operários), bem como as respectivas remunerações e número de dias de

trabalho. As remunerações devem cumprir os mínimos estabelecidos no contrato colectivo de trabalho

(CCT) em vigor para o sector. Quando o envio da declaração tenha sido efectuado em suporte

informático, a comprovação deverá ser feita através das folhas de resumo totais e respectivas listagens de

pessoal. (…)” (vide website do InCI, I.P.).

Note-se que para qualquer classe haverá sempre, pelo menos, um engenheiro técnico e operários do grupo

X e XII do contrato colectivo de trabalho (CCT). O grupo X e XII representam grupos salariais em que as

retribuições mínimas para o ano 2009, definidas no Contrato Colectivo de Trabalho, são 491,50€ e

451,00€, respectivamente. No anexo 5 encontra-se a totalidade do quadro de retribuições mínimas por

profissões e categorias profissionais, constantes do anexo III do Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 12,

29/3/2009 (“Enquadramento das profissões e categorias profissionais em níveis de retribuição”).

A área da segurança e saúde no trabalho começou a ganhar contornos com o aparecimento da Directiva

Comunitária de 1992 (92/57/CEE), transposta pelo Decreto – Lei n.º 155/95 de 1 de Julho, em ordem

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jurídica. Segundo DIAS (2001) “Os elevados custos sociais e económicos originados pelos acidentes de

trabalho e doenças profissionais no sector da construção, exigem que se reconheça de forma efectiva a

importância da implementação da coordenação de segurança e saúde (…)”. Assim, conclui-se a

importância da formação de coordenadores de segurança e saúde, sendo prioritária a prestação de cursos

de qualidade que se baseiem na investigação continuada dos problemas, onde as carências são,

porventura, mais acentuadas. Deste modo, destacam-se dois aspectos fundamentais: a aplicabilidade da

legislação e o comprometimento da alta direcção na melhoria contínua nas condições de trabalho nos

estaleiros. No âmbito da segurança e higiene do trabalho só são necessários TSSHT e TSHT a partir da

classe 6. O Decreto-Lei n.º 110/2000, de 30 de Junho, estabelece as condições de acesso e de exercício

das profissões de técnico superior de segurança e higiene do trabalho e de técnico de segurança e higiene

do trabalho. Citando, do mesmo Decreto – Lei, as designações de TSSHT e TSHT constantes no artigo 2.º

do capítulo I vem: “(…) Técnico superior de segurança e higiene do trabalho é o profissional que

organiza, desenvolve, coordena e controla as actividades de prevenção e de protecção contra riscos

profissionais. Técnico de segurança e higiene do trabalho é o profissional que desenvolve actividades de

prevenção e de protecção contra riscos profissionais (…).” As suas principais prioridades são assegurar a

segurança e a saúde dos trabalhadores. É obrigatório que estes técnicos sejam possuidores de um

certificado de aptidão profissional para o exercício das profissões, o qual é válido por cinco anos,

renováveis. “O Certificado de Aptidão Profissional (CAP) é um documento que comprova que um

indivíduo é detentor das competências profissionais necessárias para exercer, com qualidade, uma

determinada profissão.” Esta certificação está inserida no Sistema Nacional de Certificação Profissional

(SNCP), que tem como objectivo certificar todos os profissionais através da formação profissional, da

experiência de trabalho ou da formação desenvolvida noutro país, nomeadamente da União Europeia

(vide website SNCP). O CAP é obtido através da frequência, com aproveitamento, de cursos de formação

homologados pela entidade certificadora, o Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

(ISHST) e, posteriormente, emitidos pelo mesmo. Também poderão ser reconhecidas pelo ISHST

equivalências a títulos profissionais ou certificados de formação adquiridos noutro país (vide website

ISHST).

Os requisitos de capacidade técnica a cumprir pelo empreiteiro geral são um pouco mais exigentes devido

ao facto deste ter de provar que possui capacidade de gestão e coordenação acrescentada em obra. Logo, é

avaliado o seu organograma, a sua experiência curricular e a formação dos seus técnicos em gestão e

coordenação de obras. Estes parâmetros contribuirão para a decisão da classe do empreiteiro geral, que

poderá ir até duas classes acima da classe mais elevada detidas nas suas subcategorias determinantes.

Segundo uma fonte do InCI, I.P., esta decisão da subida da classe é objectivamente tomada consoante o

cumprimento com o estabelecido pelo quadro mínimo de pessoal, apresentado nos quadros 11 e 12. Ou

seja à partida se uma empresa com alvará de classe 2 possui o número de pessoal equivalente à classe 3

ou classe 4, então poderá ocorrer uma subida até uma ou até duas classes, respectivamente. Contudo, para

as classes mais elevadas, entre a 6 e a 9, a decisão torna-se ligeiramente subjectiva, na medida em que

para além da capacidade técnica, são contabilizados os equipamentos detidos pela empresa consoante o

tipo de trabalhos que ela esteja a requerer assim como a experiência demonstrada na área dos respectivos

trabalhos. O artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 12/2004 estabelece a classificação de empreiteiro geral.

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Dentro da área da produção, apresentado no quadro 11, existem alternativas aos engenheiros e

engenheiros técnicos. No âmbito da certificação da aptidão profissional, em certas situações um

encarregado que esteja certificado, poderá substituir os técnicos da área de produção.

Os engenheiros e engenheiros técnicos podem ser substituídos por encarregados de CAP (capacidade

de aptidão profissional) nível dois ou superior em subcategorias na classe 1;

No caso das subcategorias nas classes 1, 2 e 3 das áreas de electricidade, gás ou comunicações, as

alternativas são um técnico responsável por instalações eléctricas, um técnico de gás ou um técnico ITED

instalador inscrito da DGEG ou ANACOM, conforme o caso;

Para as classificações de empreiteiro/construtor geral e subcategorias nas classes 1 e 2, a alternativa é

um encarregado de CAP nível três ou superior. É importante sublinhar que o CAP atribuído esteja

adequado à área dos trabalhos em causa;

Para as classificações de empreiteiro/construtor geral e subcategorias nas classes 1, 2, 3 e 4 as

alternativas são um agente técnico de arquitectura e engenharia ou um encarregado com CAP nível 4

comprovando o aproveitamento de curso de especialização tecnológica;

Por último, nas classificações de empreiteiro/construtor geral e subcategorias na classe 6 a alternativa

é um engenheiro técnico com, pelo menos, cinco anos de experiência na empresa.

Estas alternativas estão descritas no portal do InCI, I.P..

A CICCOPN (Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do

Norte) e CENFIC (Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do

Sul) são as entidades responsáveis pelo processo de certificação, por atribuição do CAP (vide website

IEFP).

O artigo n.º 17 do Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro prevê que os técnicos estão impossibilitados

de integrarem simultaneamente o quadro de pessoal de duas empresas distintas inscritas no InCI, I.P.. Não

podem ainda “(…) Desempenhar funções técnicas, a qualquer título, em entidades licenciadoras ou donos

de obra pública, excepto se, para o efeito, estiverem devidamente autorizados nos termos legais em vigor

sobre incompatibilidades (…)”. A Lei n.º 12-A/2008 de 27 de Fevereiro prevê no seu capítulo II as

garantias de imparcialidade. Portanto, sempre que ocorra a cessação de funções dentro do quadro de

pessoal, a empresa ou o(s) técnico(s) devem anunciar ao InCI, I.P. no prazo de 15 dias após a sua

verificação, desde que ambas as partes tomem conhecimento. Para empresas cujo quadro técnico seja

insuficiente, estas dispõe de 22 dias para regularizar a situação desde a data do início da ocorrência, sob

pena de diminuírem de classe do alvará ou de cancelamento do mesmo.

O ponto 5 do artigo 9.º do Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro prevê ainda que “A avaliação dos

meios técnicos tem em conta a disponibilidade demonstrada pela empresa no que se refere aos

equipamentos de que necessita para a sua actividade.” Contudo, o InCI, I.P. não impõe nenhum

condicionalismo no que toca aos equipamentos da empresa. Assim, as empresas poderão fazer prova que

dispõem de equipamentos para os trabalhos a que se comprometem, não sendo, contudo, uma

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obrigatoriedade. Portanto, os critérios de avaliação da capacidade técnica, no que respeita os

equipamentos são muito subjectivos.

Quanto à experiência curricular, a empresa tem de demonstrar a execução de obras que veio a acumular

ao longo dos anos em que desenvolveu actividade através das declarações de execução de obra, quando as

obras já foram concluídas e através de livros de obra, autos de medição, declarações de execução e outros

elementos relevantes para as obras ainda em curso. O InCI, I.P. poderá recorrer, caso exista, à consulta de

possíveis elementos constantes no registo de informações de empresas. A entrega de declaração de

execução de obra tem de ser certificada pela entidade licenciadora (obras particulares), ou dono de obra

pública (obras públicas), ou confirmadas pela empresa empreiteira sempre que as obras sejam executadas

em regime de subempreitada (vide website InCI, I.P.).

2.2.5. CAPACIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA

A capacidade económica e financeira é outro critério que possibilita classificar as empresas. O artigo n.º 1

do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, estabelece os respectivos critérios de avaliação da

capacidade económica e financeira, através do capital próprio, do volume de negócios global em obra e

do equilíbrio financeiro, que têm em consideração os indicadores de liquidez geral e de autonomia

financeira. O InCI, I.P. poderá recorrer, complementarmente, à análise de outras informações extraídas da

documentação fiscal anual (Informação Empresarial Simplificada - IES) como, por exemplo, os custos

com o pessoal. A IES consiste na prestação da informação de natureza fiscal, contabilística e estatística,

através de uma declaração única transmitida exclusivamente por via electrónica. As empresas deixam,

assim, de estar obrigadas a fornecer estas informações em formulários diferentes, junto de diversos

serviços do Estado. A informação passa a ser prestada, por via desmaterializada e electrónica, sem

necessidade de deslocações e de repetições (vide website IRN).

Quanto aos requisitos exigidos, estes variam se se tratar de um pedido de ingresso e de reclassificação ou

de permanência. Para efeitos do ingresso e da reclassificação apenas importa avaliar o capital próprio

em função do valor da classe. Como exposto no artigo 18.º do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro,

o valor mínimo do capital próprio tem de ser “(…) igual ou superior a 10% do valor limite da maior das

classes solicitadas, excepto no que respeita à classe mais elevada (…) em que o capital próprio deverá ser

igual ou superior a 20% do valor limite da classe anterior. (…)”. No quadro 13 estão expostos os valores

mínimos exigidos de capital próprio e sublinha-se o facto das entidades requerentes da classe 1 apenas

terem de possuir um capital próprio não negativo.

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Quadro 13 – Requisito de ingresso. Valores mínimos de capital próprio segundo as classes (2009).

Classes Valor das Classes (€) Capital Próprio (€)

1 Até 166.000 >=0

2 Até 332.000 33.200

3 Até 664.000 66.400

4 Até 1.328.000 132.800

5 Até 2.656.000 265.600

6 Até 5.312.000 531.200

7 Até 10.624.000 1.062.400

8 Até 16.600.000 1.660.000

9 Acima de 16.600.000 3.320.000

Para efeitos de permanência na actividade, as condições impostas incluem igualmente um limite mínimo

do capital próprio detido no último exercício, já presente no quadro anterior, e ainda limites mínimos

estipulados para os custos com pessoal, para o volume de negócios, para a liquidez geral e para a

autonomia financeira, como estipulado no artigo 18.º do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro. O

valor de custos com pessoal tem de ser igual ou superior a 7% do valor limite da classe anterior à maior

das classes detidas pela empresa e, por outro lado, o valor de volume de negócios em obra tem de ser

igual ou superior a 50% do valor limite da classe anterior à maior das classes que detém. Segundo uma

fonte do InCI, I.P., os requisitos mais difíceis de cumprir por parte das empresas, principalmente numa

época de crise económica, são a liquidez geral e a autonomia financeira. Por isso, os valores da liquidez

geral e da autonomia financeira foram recentemente alterados pela Portaria n.º 971/2009, de 27 de Agosto

de 2009, atendendo à grave crise económica e financeira dos anos de 2008 e 2009. A liquidez geral

baixou de 115% para 105% e a autonomia financeira baixou de 15% para 10%. Logo, esta alteração terá

repercussões nas revalidações dos alvarás de classe superior à um para os anos de 2010 e 2011, referentes

aos dados financeiros de 2008 e 2009, respectivamente. Basta a empresa não cumprir com um dos

critérios para haver uma diminuição de classe ou, no limite se não verificar as condições da classe um, um

cancelamento de alvará. O quadro 14 apresenta esses mesmos limites para o ano 2009.

Quadro 14 – Requisitos de permanência. Valores mínimos de capital próprio, custos com pessoal, volume de

negocias, liquidez geral e autonomia financeira, praticantes em 2009.

Classes Valor das Classes (€) Capital Próprio

(€)

Custos com

Pessoal (€)

Volume de

Negócios (€)

Liquidez

Geral (%)

Autonomia

Financeira

(%)

1 Até 166.000 >=0 >0 16.600 Não

aplicável Não aplicável

2 Até 332.000 33.200 11.620 83.000

105 10

3 Até 664.000 66.400 23.240 166.000

4 Até 1.328.000 132.800 46.480 332.000

5 Até 2.656.000 265.600 92.960 664.000

6 Até 5.312.000 531.200 185.920 1.328.000

7 Até 10.624.000 1.062.400 371.184 2.656.000

8 Até 16.600.000 1.660.000 743.680 5.312.000

9 Acima de 16.600.000 3.320.000 1.162.000 8.300.000

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22

É importante realçar que estas condições não abrangem as empresas em regime probatório nem as

empresas detentoras de Alvará da classe 1. Estes dois casos deverão apresentar valor não nulo de custos

com pessoal e capital próprio não negativo, com a diferença de que as empresas com Alvará de classe 1

deverão, também, demonstrar valores mínimos de volume de negócios em obra igual ou superior a 10%

do valor limite da classe um (16.600€), segundo consta, respectivamente, no n.º 3 e n.º 4 do Decreto – Lei

n.º 12/2004, de 9 de Janeiro. O n.º 2 do mesmo Decreto refere que os valores dos custos com o pessoal,

do capital próprio, do volume de negócios, dos valores da liquidez geral e da autonomia financeira tidos

em consideração são os máximos entre o último exercício e a média dos últimos três exercícios. Esta

medida serve para não prejudicar uma dada entidade que por algum motivo obteve resultados

anormalmente baixos no último ano.

2.2.6. REGIME PROBATÓRIO E REGIME NORMAL

É importante diferenciar e salientar os dois regimes possíveis desde o ingresso até ao fim da permanência

na actividade de uma empresa. Qualquer empresa que requeira um Título de Registo, um Alvará de classe

1 ou que já tenha sido detentora de Alvará nos últimos cinco anos, ingressa automaticamente no regime

normal. Apenas as novas empresas, que acabam de entrar na actividade e que requeiram uma classe de

Alvará superior à 1, é que ficam sujeitas a um regime probatório. Conforme o referido no artigo 13.º do

Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, este regime decorre desde a data do ingresso até à data da quarta

revalidação. Qualquer empresa em regime probatório fica com todas as suas habilitações concebidas na

classe que deseja, obrigatoriamente superior à 1, tendo que fazer prova dos requisitos de permanência na

actividade exigidos nessa classe no final da quarta revalidação. Nessa altura é necessário comprovar a

capacidade técnica e a capacidade económica e financeira, já abordadas nos subcapítulos 2.2.4. e 2.2.5..

Por outro lado, durante os primeiros três exercícios, num período de tempo não inferior a três anos e não

superior a quatro, que constituem o regime probatório, é concedido à empresa provisoriamente as

habilitações nas classes por ela pretendidas. Portanto, a empresa, durante esse período, apenas tem de

garantir os requisitos mínimos correspondentes à classe 1. No final do regime probatório existem quatro

situações que podem ocorrer. A primeira é a empresa ficar automaticamente reclassificada na classe 1,

por não ter demonstrado qualquer experiência em obra. A segunda é a empresa manter-se na classe em

que já se insere, a terceira é ser automaticamente reclassificada em classe inferior à que estava inserido,

com excepção da classe 1. A quarta situação é o cancelamento do Alvará. Todavia, o regime probatório

poderá cessar antes da quarta revalidação se surgir um pedido de elevação de classe da empresa em

qualquer das habilitações inicialmente atribuídas. Se este pedido for aceite a empresa fica sujeita à

manutenção ou à reclassificação de outras das suas habilitações, pois cessa o regime probatório. No caso

de a empresa deixar de cumprir com as condições de ingresso e permanência isso conduzirá ao

cancelamento imediato do título habilitante para exercer a actividade, em ambos os regimes.

2.2.7. CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA NA ACTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO

Para a permanência na actividade, é obrigatório que as condições de ingresso e de permanência estejam

sempre satisfeitas. As condições de permanência variam consoante o regime em que a empresa se insere,

regime normal, probatório e na transição dos dois. Caso surjam determinadas alterações, a empresa tem o

dever de comunicá-las ao InCI, I.P., que posteriormente deverá analisar a situação da empresa, de forma a

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confirmar se a mesma continua ou não em cumprimento. Na revalidação anual as empresas têm de

satisfazer vários requisitos relacionados com a idoneidade comercial, a capacidade técnica e a capacidade

económica e financeira. Esses requisitos estão listados no quadro 15, por tipo de regime. Para facilitar a

apresentação dos dados, agruparam-se os regimes consoante a coincidência das condições de

permanência.

Quadro 15 – Condições de permanência a cumprir segundo o tipo de regime: normal, probatório e final do

probatório (vide website do InCI I.P.).

Regime(s) Associado(s) Condições de Permanência

Regime Normal, Probatório e Final do Regime

Probatório

Preencher os requisitos de idoneidade comercial;

Cumprir com o quadro mínimo de pessoal. Possuir o

número mínimo de técnicos, dependente da classe detida,

na área da produção e da segurança e higiene do trabalho

com especialização, experiência profissional e

disponibilidade nas áreas de trabalhos da empresa;

Regime Normal e Final do Regime Probatório

Apresentar no último exercício (ou pela média dos três

últimos exercícios) valores iguais ou superiores de custos

com o pessoal, capital próprio, volume de negócios em

obra, liquidez geral e autonomia financeira, estipulados no

quadro 14;

Final do Regime Probatório

Comprovar capacidade efectiva em termos de experiência

em execução de obras;

Regime Probatório

Apresentar no último exercício um valor de custos com

pessoal não nulo e um valor de capital próprio não

negativo.

Todas as habilitações que foram reclassificadas ou canceladas no seguimento da revalidação, só podem

ser novamente requeridas depois do dia 1 de Agosto seguinte.

2.3. ANÁLISE INTERNACIONAL DE SISTEMAS REGULADORES DA

CONSTRUÇÃO CIVIL O presente capítulo debruça-se sobre uma análise de sistemas reguladores do mercado da construção civil

em dois países europeus. O objectivo é dar a conhecer os sistema internacionais e contrastá-los com o

sistema regulador português. É fundamental que, no actual mercado liberal, Portugal esteja em

competição no mesmo nível de outros países. Para o efeito, adoptaram-se dois países europeus diferentes:

a Espanha e a França. Em primeiro lugar, optou-se pela escolha de países europeus para que a base de

análise não incluísse sistemas reguladores com níveis de desenvolvimento incomparáveis. Foram tidos em

conta vários países europeus e a escolha final recaiu nos dois países com maior volume de informação

recolhida. O caso espanhol é, sem dúvida, merecedor de análise pela sua proximidade geográfica com

Portugal e pelo histórico relacionamento socioeconómico que apresenta. Por outro lado, o caso francês

tem o seu interesse na medida em que apresenta uma entidade privada como reguladora da actividade da

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construção civil. A análise destes sistemas reguladores será mais breve porque não é intuito explorar

exaustivamente os mesmos, mas antes dar a conhecer as ideias gerais e principais que estão na base da

regulação desses países. No capítulo das conclusões serão resumidas e comparadas, com o sistema

português, as principais ideias extraídas destes dois sistemas reguladores internacionais.

2.3.1. LINHAS GERAIS DO SISTEMA REGULADOR ESPANHOL

Em Espanha não existe a obrigação de cumprir com nenhum requisito específico nem solicitar nenhuma

autorização para a constituição de uma sociedade cujo objecto social seja a construção. Também não

existem formalidades específicas para o exercício da actividade da construção e, ao contrário de Portugal,

não existe na legislação espanhola a designação “Alvará” ou algo semelhante a ele (AECOPS, 2008).

Capacidade técnica e profissional do construtor

A Lei 38/1999 de 5 de Novembro sobre a “Ordenación de la Edificación” regula o processo da

construção, estabelecendo, entre outros critérios, as obrigações e responsabilidades de cada um dos

agentes intervenientes: dono de obra, projectista e construtor e as devidas garantias para um adequado

desenvolvimento dos trabalhos, com o intuito de assegurar a qualidade da obra construída.

O artigo 11.º faz referência às obrigações do construtor. No artigo 11.2.º b) da mesma lei, refere-se que o

construtor necessita de possuir o título ou a capacidade profissional que o habilita para o cumprimento

das condições exigidas. O construtor poderá ser equiparado ao director de execução de obra, no âmbito do

próprio artigo. O director de execução de obra tem como obrigações possuir o certificado académico e

profissional habilitante e cumprir as condições exigidas para o exercício da profissão.

Segundo o artigo 13.º, o título ou a capacidade profissional exigida ao construtor baseia-se no seguinte:

1. Quando as obras a realizar tenham por objecto a construção de edifícios destinados a usos

administrativo, sanitário, religioso, residencial, escolar e cultural o título académico e profissional

habilitante será o de arquitecto técnico;

2. Quando as obras a realizar tenham por objecto a construção de edifícios destinados a usos

aeronáuticos, agro-pecuários, energéticos, hidráulicos, mineiros, de telecomunicações, de transportes

terrestres, marítimo, fluvial e aéreo, florestal, industrial, naval, da engenharia do saneamento e higiene o

título académico e profissional habilitante será o de arquitecto;

3. Nas restantes obras, o certificado académico e profissional habilitante poderá ser, indiferentemente, o

de arquitecto, arquitecto técnico, engenheiro ou engenheiro técnico.

Quanto à contratação pública os requisitos para as empresas espanholas e estrangeiras serem contratadas

pelo estado espanhol são:

Capacidade de executar obra - comprova-se mediante a escritura da constituição da empresa inscrita

no Registo Mercantil ou Comercial;

Solvência económica e financeira - comprova-se segundo a apresentação das contas anuais, da

declaração relativa ao volume total de negócios e à declaração de obras, de fornecimentos e de serviços

ou trabalhos realizados nos três últimos exercícios;

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Solvência técnica e profissional - comprova-se mediante a descrição dos títulos académicos e

profissionais da pessoa de direcção da empresa responsável da execução do contrato, do equipamento

técnico, da equipa técnica e unidades técnicas participantes no contrato, especialmente os encarregados do

controlo de qualidade. Deve-se indicar o pessoal integrado na empresa, amostras com descrições e

fotografias dos produtos a fornecer, certificações estabelecidas por organismos oficiais e aprovar os

encarregados do controlo de qualidade que comprovem a conformidade dos artigos a fornecer.

No caso de contratos de construção ou de serviços, o estado espanhol exigirá à empresa a sua

classificação administrativa em contratos cujo valor seja superior a 120.202,42€.

Segundo o artigo 11.º da Lei 38/1999 de 5 de Novembro sobre a “Ordenación de la Edificación”, o

construtor é a entidade que assume contratualmente diante do dono de obra, o compromisso de executar

as obras englobadas no projecto e no contrato. Para isso, recorre a meio humanos e materiais próprios ou

alheios a si. Para o efeito, deverá demonstrar as seguintes competências:

a) Executar as obras consoante o projecto, legislação aplicável e às instruções do director de obra e do

director de execução de obra, a fim de alcançar a qualidade exigida no projecto;

b) Deve possuir a licenciatura ou formação profissional que o habilita para o cumprimento das condições

exigidas para actuar como construtor;

c) Definir o chefe de obra que assumirá a representação técnica do construtor na obra e que, pela posse

de licenciatura ou experiência, deverá ter a formação adequada, de acordo com as características e a

complexidade da obra;

d) Deter os meios humanos e materiais que a obra requeira;

e) Formalizar as subempreitadas de determinadas partes ou instalações da obra dentro dos limites

previstos no contrato;

f) Assinar a acta de início da obra e a acta de conclusão da obra;

g) Fornecer ao director de obra os dados necessários para a elaboração da documentação referente à obra

executada;

h) Assegurar as garantias previstas no artigo 19.º.

Segundo a Lei 32/2006, de 18 de Outubro, que define o regime aplicável às subempreitadas no sector da

construção em Espanha e do diploma regulamentador correspondente, Real Decreto 1109/2007, de 24 de

Agosto, tornou-se obrigatória a inscrição das empresas no “Registo de Empresas Acreditadas” (REA), a

partir de 26 de Agosto de 2008. Assim, todas as empresas, espanholas e estrangeiras, que efectuem

prestações de serviços em Espanha, por período superior a 8 dias, como manda a Lei 45/1999, de 29 de

Novembro (Destacamento de Trabalhadores), necessitam estar inscritas no REA. Estas empresas,

conforme o artigo 5.º da Lei de Destacamento de Trabalhadores, vinham efectuando para a autoridade

laboral competente a primeira comunicação de destacamento de trabalhadores, que agora com a nova

exigência de inscrição na REA, assumirá o carácter de solicitação de inscrição, com a entrega do modelo

do anexo do Real Decreto 1109/2007, de 24 de Agosto. Assim, todas as empresas poderão

provisoriamente intervir no processo de subcontratação até que a autoridade proceda à inscrição definitiva

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ou a recuse. Na sua “Disposição adicional primeira” o Real Decreto 1109/2007, de 24 de Agosto, refere

as condições a cumprir pelas empresas (transposição da Directiva 89/391/CEE, de 12 de Junho).

Possuir infra-estrutura e meios adequados para desenvolver a actividade e exercer directamente a

direcção dos trabalhos;

Certificar que dispõem de uma organização preventiva adequada;

Comprovar que os seus recursos humanos (ao nível directivo e produtivo) possuem a formação

necessária em matéria de prevenção de riscos laborais.

A inscrição no REA depende da autoridade laboral da Comunidade Autónoma em cujo território irá ser

levada a cabo a primeira prestação de serviços da empresa. Em algumas Comunidades Autónomas, como

é o caso da Galiza, só se admite a tramitação electrónica do processo de inscrição no REA. Outras

Comunidades Autónomas adoptaram, paralelamente ao registo electrónico, a possibilidade de tramitação

presencial, junto dos serviços administrativos competentes. Na página oficial na Internet do REA estão

identificadas as Autoridades Certificadoras que emitem o certificado digital necessário para se operar na

tramitação electrónica do REA. Resumidamente, a criação do registo REA tem um carácter público cuja

missão é verificar os requisitos de capacidade exigíveis bem como as normas de riscos laborais, estando a

cargo da autoridade laboral oficial de cada Comunidade Autónoma de Espanha. A inscrição é válida em

todo o território espanhol por 3 anos, renovável (vide websites da AICCOPN e da REA).

Em Espanha, a tramitação do reconhecimento dos títulos de Arquitecto é da competência do Ministério da

Educação e da Ciência, que efectuou a transposição das Directivas Comunitárias para o sistema espanhol

mediante Decretos Reais que, por sua vez, contou com a participação do Ministerio de Vivienda

(Ministério da Habitação), aconselhado pelos Colégios de Arquitectos e do Conselho Superior de

Arquitectos de Espanha. O Real Decreto 4/1994 de 14 de Fevereiro estabelece o título universitário

oficial de arquitecto e as condições gerais do processo académico para a sua obtenção.

Por outro lado, o reconhecimento dos títulos de Arquitecto Técnico é da responsabilidade do “Ministerio

de Vivienda”. A Directiva 89/48/CEE do Conselho das Comunidades Europeias, foi transposta para o

sistema espanhol, mediante o Decreto Real 1665/1991, de 25 de Outubro, que regula o sistema geral de

reconhecimento dos títulos do ensino superior que aprovam uma formação mínima de três anos. Este

Decreto Real refere que, para exercer uma profissão regulada em Espanha, as empresas dos estados-

membros da União Europeia necessitam de possuir qualificações profissionais análogas às exigidas em

Espanha para que possam aceder ao mercado espanhol nas mesmas condições das empresas espanholas,

que tenham obtido um título espanhol. Os requerimentos de reconhecimento poderão ser apresentados no

“Registro General del Ministerio de Vivienda” ou em qualquer dos lugares previstos pela regulação do

procedimento administrativo. A documentação que os interessados deverão apresentar é:

Documento comprovativo da nacionalidade de uns dos países da União Europeia, mediante passaporte

ou outro documento de identificação;

Título ou diploma de formação académica de nível superior e título profissional, caso possua;

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Certificação académica que comprove a obtenção do título ou diploma de formação, em que conste a

duração dos ciclos de estudos em anos académicos, indicando as áreas de especialização e as disciplinas

aprovadas, incluindo a carga horária lectiva e a proporção de aulas teóricas e práticas. Também as

matérias que foram aprovadas para a obtenção do título profissional, caso existam;

Quando o diploma de formação foi emitido por um Estado-Membro da União Europeia em que a

profissão do solicitante é regulamentada, deve-se certificar de que a formação foi adquirida

principalmente na Comunidade. No caso do Estado-Membro, que regulamenta a profissão, reconhece o

certificado emitido num terceiro país, este tem de comprovar de que o titular possui uma experiência

mínima de três anos;

Quando o Estado-Membro, que emitiu o título ou o diploma de formação, não regule a profissão em

questão, deverá especificar-se na certificação que a formação foi adquirida na Comunidade Europeia. A

comprovação será acompanhada pelo exercício da profissão, no estado em questão ou outro comunitário

que também não a regulamenta, por dois anos em tempo integral durante os dez anos anteriores, com

descrição dos trabalhos dessa experiência.

Os documentos emitidos pela autoridades do Estado-Membro de origem deverão estar legalizados por

via diplomática ou mediante o deferimento do “Convenio de La Haya”, e serem acompanhados da

correspondente tradução oficial para castelhano.

Os documentos originais têm de ser acompanhados por cópias. Só em casos de apresentação de cópias

comprovadas pelo Notário ou por representações diplomáticas ou consulares de Espanha no país de

origem, ou por outra pessoa ou entidade que tenha faculdades de autentificar, não é necessária a

apresentação do original. O prazo para ser reconhecido o título de arquitecto técnico é de quatro meses

desde a apresentação da documentação pelo solicitante.

Os interessados terão de se submeter a uma prova de aptidão ou realizar um período de formação prática,

à escolha dos próprios, sempre que uma das situações se aplique: (1) quando as matérias abordadas na

formação do solicitante sejam substancialmente diferentes das abrangidas pelo título espanhol; (2) quando

em Espanha a profissão em questão englobe um ou vários trabalhos que não existam na mesma profissão

do país de origem, violando os critérios preconizados na lei espanhola (vide website MVIV).

2.3.2. LINHAS GERAIS DO SISTEMA REGULADOR FRANCÊS

A validação das empresas é um processo que está a cargo da entidade Qualibat que qualifica empresas

para que estas possam aceder ao mercado da construção civil. Esta validação de qualificação é

materializada através da emissão de um cartão (CIB).

As principais ideias do regulamento geral surgem na base do Conselho de Administração a 24 de Abril de

2007, tendo sido modificado pelo mesmo a 13 de Maio de 2008. Os critérios de validação para as

empresas são fazer prova do seu carácter jurídico, da regularidade da sua posição social, da subscrição de

um seguro de responsabilidade civil e da responsabilidade de construção, sempre que exista essa

exigência. É necessário especificar a identidade do(s) seu(s) representante(s) legal(ais), do seu pessoal e

dos seus negócios no último exercício. A validação é atribuída por 4 anos não renováveis. A empresa está

sujeita a um controlo anual para verificar se demonstra estar sempre em conformidade com as suas

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obrigações sociais, que lhe possibilitam a renovação do cartão. A decisão de atribuição da validação, da

emissão do cartão, da renovação ou do cancelamento da validação da empresa, no caso de incumprimento

dos requisitos, é da autoridade de um quadro responsável da Qualibat (vide website Qualibat).

Quanto à definição da qualificação e da certificação, é imposta uma nomenclatura que está associada a

uma actividade e distribuí-se pelas diferentes “famílias de trabalhos” (semelhante às categorias). Cada

especialidade ou técnica origina a definição do trabalho e os requisitos esperados, que se prendem com o

pessoal e o equipamento. Estas definições estão a cargo de uma comissão especial designada pelo

Conselho de Administração e são submetidas a aprovação antes da sua implementação. De forma a

padronizar a nomenclatura da qualificação e da certificação, existe um código composto por quatro

dígitos da seguinte forma: o primeiro indica a “família do trabalho”, a segunda refere-se ao

negócio/actividade, a terceira diz respeito à especialidade/técnica e, por vezes, ao material, e por fim, o

quarto dígito, indica o nível técnico que pode ser classificado de normal, bom, superior ou excepcional.

A classificação das empresas, para além da capacidade técnica demonstrada pelo(s) seu(s) certificado(s),

assentam ainda na análise dos seus recursos humanos (quadro de pessoal) e no seu volume de negócios.

Esta classificação baseia-se em dados fornecidos pela empresa no processo de candidatura e actualizados

através de um questionário anual, ao qual todas as empresas são obrigadas a responder (artigo 13.º). Para

verificar se a empresa continua a cumprir os critérios que lhe permitiu a qualificação, o controlo anual

(“Suivi Annuel”) é realizado através de um questionário relativo a determinados critérios administrativos,

jurídicos, recursos humanos e materiais. A resposta a este questionário e a prestação de determinados

documentos são necessários e determinam a emissão anual do certificado. Este controlo é levado a cabo

anualmente pelo pessoal do secretariado da comissão reguladora, sob autoridade de um quadro

responsável. Caso seja detectada uma alteração significativa na estrutura societária ou na capacidade

técnica ou financeira, então o secretariado poderá causar uma profunda revisão à situação da empresa.

Entretanto, um certificado é emitido até à data do resultado da revisão. A revisão das qualificações tem

lugar a cada quatro anos, por iniciativa das comissões reguladoras competentes. A empresa deve fornecer

todos os dados necessários à revisão consoante o nível de qualificação detido pela empresa, que origina

uma análise mais aprofundada pela comissão e uma nova decisão. Se todos os requisitos forem

cumpridos, o Conselho de Revisão renova a qualificação da empresa, podendo em certos casos atribuir

uma classificação superior ou de outra especialidade. No caso de determinados requisitos não estarem

totalmente preenchidos, o Conselho de Revisão pode dar à empresa um prazo a cumprir e limitar a

validade da sua classificação ou atribuir uma classificação inferior. Mas, se depois de um aviso de

regularização a empresa não rever as suas irregularidades, é-lhe retirada a qualificação que detinha. Em

casos especiais, o Conselho de Revisão pode impor uma revisão antes de uma qualificação.

O sistema regulador francês permite ainda a qualificação temporária de empresas sempre que as mesmas

tenham sido colocadas em liquidação nos últimos três anos e que tenham funcionários que já exerceram

funções similares em outras empresas qualificadas. Nestas situações a Comissão pode conceder uma

Qualificação temporária limitada a um ano e necessitam de acompanhamento de apoio administrativo e

financeiro da empresa, pelo menos, duas vezes por ano.

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Na generalidade, as empresas deverão cumprir os critérios presentes na norma NF x50-091 que se

descrevem de seguida:

Critérios administrativos e jurídicos

A empresa deve ter a sua situação regularizada, comprovando a sua inclusão no Registo de Comércio e

Empresas e na Direcção de Negócios e deve fornecer o seu número de inscrição à Direcção Nacional de

Empresas. A empresa não pode proceder à liquidação ou cessação de actividade e tem de se certificar que

os seus representantes legais não estão inibidos de gerir nem são objecto de uma decisão de falência ou

que tenham sido condenados, nos últimos cinco anos por bancarrota, por participação numa organização

criminosa, corrupção, fraude, crime de branqueamento de capitais ou qualquer situação respeitante à sua

conduta profissional.

É necessário fornecer as identidades dos gestores e técnicos, acrescentando cópias legais dos seus

diplomas ou certificados de experiência profissional. Necessitam de comprovar que cumpriram com as

suas obrigações fiscais (impostos), provar a inscrição e regularização do pagamento das contribuições a

entidades sociais. A empresa tem de ser detentora de um contrato de seguro de responsabilidade civil e

responsabilidade técnica para a construção ou especialidade para as quais ele precisa ser qualificado, se

existir essa obrigação. É preciso enviar um comprovante de créditos, criado pela empresa de seguros, que

prevêem a responsabilidade para a construção.

Critérios Técnicos

A empresa deve elaborar um conjunto de informações técnicas que incluam a justificação dos seus

recursos humanos e materiais e apresentar uma lista exaustiva de referências de trabalho executado nos

últimos quatro anos. Nessa mesma lista deverão ser especificadas a natureza e a quantidade de trabalho

realizado, referenciando a sua data e local de execução, juntamente com os nomes e os endereços dos

proprietários e empreiteiros.

Por “referência” entende-se como sendo as obras cuja execução é realizada directamente pela empresa

com recurso a pessoal próprio e a material de que dispõe. É obrigatório que as construções “referência”,

representativas da qualificação, sejam justificadas através da capacidade técnica, nomeadamente com

certificados de boa execução em obra. A Comissão poderá pedir directamente aos donos de obra ou aos

construtores algumas condições de realização de certas “referências” das empresas. Também nos casos

em que trabalhos importantes são concedidos a subempreitadas, poderão ser levantadas questões à

empresa construtora sobre a sua execução, assim como, solicitadas informações adicionais.

Critérios Financeiros

A empresa tem de apresentar o volume de negócios total da empresa nos últimos dois anos, que esteja

conforme com a actividade para a qual ela precise ser qualificada.

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Por vezes é obrigatório demonstrar certas certificações profissionais das empresas, em situações que

assim o exijam, por cumprimento da regulamentação específica, como, por exemplo, em matéria

ambiental, segurança de protecção da saúde ou outras necessidades do mercado.

As seguintes alterações têm de ser obrigatoriamente informadas à organização e o seu certificado terá de

ser devolvido: alteração da estrutura jurídica, cessação da sua actividade ou nos casos em que o seu

certificado não abrange toda a sua actividade, ocorrer um processo de recuperação da empresa ou

insolvência, quando há alterações ao nível dos representantes legais ou outras situações de transferência

de acções ou de partes da empresa.

Sempre que haja falta de pagamento das prestações a empresa, tendo já sido notificada, fica sem o seu

certificado, o que a impossibilita de exercer actividade (vide website Qualibat).

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3. TÍTULOS HABILITANTES PARA A ACTIVIDADE DA

CONSTRUÇÃO CIVIL E PORTUGAL

Depois do capítulo 2 desenvolver determinados tópicos gerais e essenciais para a compreensão do

trabalho subsequente, o capítulo 3 surge com o objectivo de aprofundar o modo como se processam os

procedimentos associados aos títulos habilitantes, concedidos pelo InCI, I.P., assim como os critérios que

estão de jogo na avaliação da conformidade das capacidades da empresa para o exercício da construção

civil. No geral, os dois títulos habilitantes para a actividade da construção civil, alvará de construção e

título de registo, serão estudados separadamente, pois as suas condições de acesso e permanência são,

significativamente, distintas.

3.1. ALVARÁ DE CONSTRUÇÃO

3.1.1. ÂMBITO

O artigo n.º 4 do Decreto - Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro define o Alvará como sendo um documento

intransmissível que permite a execução de trabalhos enquadráveis nas habilitações detidas. As empresas

detentoras de Alvará estão habilitadas a realizar, quer obras públicas quer obras particulares, de acordo

com as suas habilitações. Um Alvará associa a especialidade ou tipo de trabalhos que a empresa pretende

desenvolver com o valor desses mesmos trabalhos. Por outras palavras, o Alvará é a combinação das

Categorias e das Subcategorias com as classes que lhes estão associadas. O valor da classe do Alvará é

determinado pela maior classe detida nas subcategorias que o compõem. O Alvará é emitido pelo InCI

I.P., que é a entidade reguladora do sector da construção e do imobiliário, e tem validade de um período

máximo de 12 meses, caducando no dia 31 de Janeiro se não for revalidado, segundo o artigo n.º 5 do

mesmo Decreto - Lei.

Em 2008, existiam 24 400 Alvarás, tendo este número aumentado face ao ano anterior, como consta no

quadro 16. Quanto à distribuição das empresas por classes de Alvará em 2008, como se apresenta na

figura 5, a classe 1 era a que detinha mais empresas registadas, cerca de 64% do total (15.229). Por outro

lado, a classe com menor número de empresas registadas era a classe 8 com apenas 0,16%. Cerca de 87%

das empresas registadas são detentoras de alvará nas três primeiras classes.

Figura 5 – Distribuição das empresas por classe de Alvará (2008).

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Quadro 16 – Evolução numérica do total dos alvarás, dos novos alvarás e dos que foram reclassificados, entre 2006 a

2008 (Quadro de Indicadores Anuais, InCI 2009)

Indicador 2008 2007 2006

Total Alvarás (n.º) 24 400 23 829 24 985

Novos Alvarás concedidos (n.º) 2 965 2 650 2 340

Reclassificação de Alvarás (n.º) 1 256 1 141 1 139

Analisando a distribuição geográfica, que se apresenta na figura 6, verifica-se que as regiões onde o maior

adensamento de empresas detentoras de títulos habilitantes se regista são a região Centro (Aveiro,

Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Leiria) e a região Lisboa e Vale do Tejo (Lisboa, Santarém e

Setúbal). Lisboa é o distrito que detém a maior parcela de empresas com Alvará, 21% do número total

dos detentores de Alvará do país, logo seguida do Porto, com cerca de 12%.

Figura 6 – Distribuição de Alvarás e Títulos de Registo por região (2008).

Tendo presente o que representa a dimensão do mercado da construção, é fundamental que exista uma

regulação adequada com base em procedimentos regulamentares que inspeccionem se as empresas estão

no mercado em conformidade com a lei. Seguidamente, desenvolve-se a tramitação regulamentar, que é

imposta nos seguintes procedimentos do instituto regulador, InCI, I.P.:

INGRESSO na actividade;

RECLASSIFICAÇÃO:

novas subcategorias;

elevação de classe;

diminuição de classe;

cancelamento parcial ou total de subcategorias;

REVALIDAÇÃO;

REAVALIAÇÃO.

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A Portaria n.º 18/2004, de 10 de Janeiro, estabelece quais os documentos necessários à comprovação da

posse dos requisitos de ingresso e permanência na actividade da construção. Grande parte da informação

inserida nos próximos subcapítulos é matéria legislativa contida na referida Portaria.

3.1.2. INGRESSO NA ACTIVIDADE

Relativamente ao procedimento que é seguido para a obtenção de Alvará, existem duas ópticas que são

interessantes analisar: a óptica do requerente do Alvará e a óptica da entidade reguladora que atribui o

Alvará. Neste caso, entenda-se como requerentes quaisquer empresários em nome individual ou quaisquer

sociedades comerciais que desejem exercer actividades no sector da construção. Por outro lado, a

entidade reguladora em questão é o InCI, I.P..

a) Óptica da entidade requerente de Alvará

ENTREGA DA DOCUMENTAÇÃO

A Portaria n.º 18/2004 de 10 de Janeiro estabelece os documentos comprovativos do preenchimento dos

requisitos de ingresso e permanência na actividade da construção que, para o caso do ingresso na

actividade, se descrevem seguidamente para um empresário em nome individual e para uma sociedade

comercial.

Empresário em nome individual:

Documento comprovativo do pagamento da taxa inicial;

Requerimento de Ingresso - Modelo 1-A;

Cartão de identificação fiscal (NIF);

Declaração de início de actividade do empresário em nome individual;

Bilhete de identidade do empresário em nome individual;

Certificado do registo criminal do empresário em nome individual;

Declaração de idoneidade comercial do empresário em nome individual - Modelo 2;

Organograma;

Ficha curricular (empresário em nome individual) - Modelo 4;

Declaração de remunerações, entregue na segurança social, referente ao último mês, à data de entrega

do requerimento, com valores que devem cumprir os mínimos estabelecidos no contrato colectivo de

trabalho em vigor para o sector;

Declaração da entidade seguradora, comprovando a posse do seguro de acidentes de trabalho e o

número de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos três anos (minuta InCI);

Quadro técnico - Modelo 5;

Ficha curricular do(s) técnico(s) - Modelo 6;

Bilhete de identidade, NIF e carteira profissional do(s) técnico(s);

Vínculo contratual entre técnico e empresa - Modelo 7;

Relação do equipamento da empresa e correspondentes comprovativos de aquisição, aluguer ou

locação financeira, ou, em alternativa, mapa de reintegrações e amortizações - Modelo 8;

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34

Último balanço e demonstração de resultados, tal como tenham sido apresentados para cumprimento

das obrigações fiscais.

Sociedade comercial:

Documento comprovativo do pagamento da taxa inicial;

Requerimento de Ingresso - Modelo 1-A;

Cartão de identificação de pessoa colectiva (NIPC);

Certidão de teor do registo comercial da sociedade com todos os registos em vigor;

Bilhete de identidade do(s) representantes legal(ais) da sociedade;

Certificado do registo criminal do(s) representantes legal(ais) da sociedade;

Declaração de idoneidade comercial do(s) representantes legal(ais) da sociedade - Modelo 3;

Organograma;

Ficha curricular (do(s) representantes legal(ais) da sociedade) - Modelo 4;

Declaração de remunerações, entregue na segurança social, referente ao último mês, à data de entrega

do requerimento, com valores que devem cumprir os mínimos estabelecidos no contrato colectivo de

trabalho em vigor para o sector;

Declaração da entidade seguradora, comprovando a posse do seguro de acidentes de trabalho e o

número de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos três anos (minuta InCI);

Quadro técnico - Modelo 5;

Ficha curricular do(s) técnico(s) - Modelo 6;

Bilhete de identidade, NIF e carteira profissional do(s) técnico(s);

Vínculo contratual entre o técnico e a empresa - Modelo 7;

Relação do equipamento da empresa e correspondentes comprovativos de aquisição, aluguer ou

locação financeira, ou, em alternativa, mapa de reintegrações e amortizações - Modelo 8;

Último balanço e demonstração de resultados, tal como tenham sido apresentados para cumprimento

das obrigações fiscais.

Deve-se ainda frisar que para os requerimentos de Alvarás de Empreiteiro Geral é essencial demonstrar

uma capacidade de coordenação adicional, comprovando a posse de técnicos formados nas áreas de

gestão e coordenação em obra, assim como de experiência curricular. O tipo de trabalhos e o valor dos

mesmos, que a empresa pretende concretizar, também são factores condicionantes nas exigências

técnicas, que, por sua vez, demandam um organograma adequadamente estruturado.

Uma empresa estrangeira que deseje exercer actividade no sector da construção civil em Portugal,

necessita de entregar toda a documentação descrita anteriormente, com tradução legal para português. Os

modelos InCI, I.P. são insubstituíveis por outros documentos estrangeiros.

Page 43: AGRADECIMENTOS - IMPIC · Quadro 22 – Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de revalidação....45 Quadro 23 – Valores da parcela b segundo

35

ANÁLISE DE CUSTOS

Para se iniciar o processo de concessão de alvará é obrigatório proceder ao pagamento de uma taxa inicial

no valor arredondado de 50% do índice 100,8 em vigor à data do respectivo pagamento da taxa. Em

termos de custos financeiros associados ao ingresso, para 2009, cada impresso dos modelos InCI, I.P.

custa 0,5€, a taxa inicial para abertura do processo custa 172€ e ao valor da taxa final é deduzido o valor

pago da taxa inicial. O valor da taxa de concessão de alvará pode ser obtido através do simulador de taxas

existente no portal do InCI, I.P., que se baseia na tabela da Portaria n.º 15/2004 de 10 de Janeiro, que

estipula o cálculo das taxas consoante o número e o tipo de habilitações, em categoria ou subcategoria,

respectivas classes e em função do índice 100, (anexo 6). A taxa de concessão é calculada através do

somatório de duas parcelas: “a”, variável com o número e a classe das habilitações e ainda com o tipo de

habilitações serem ou não referentes a empreiteiro geral. A outra parcela é fixa e é designada por “b”. O

quadro 17 apresenta os valores correspondentes às habilitações consoante a classe e o quadro 18 expõe os

valores da parcela “b”.

Quadro 17 – Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de ingresso.

Classes das

Habilitações Valores das Obras (€)

Valor a Pagar por cada habilitação (€)

Subcategorias Empreiteiro/Construtor Geral

1 Até 166.000,00 16,60 33,20

2 Até 332.000,00 16,60 33,20

3 Até 664.000,00 49,80 99,60

4 Até 1.328.000,00 99,60 199,20

5 Até 2.656.000,00 199,20 398,40

6 Até 5.312.000,00 398,40 796,80

7 Até 10.624.000,00 1.328,00 2.656,00

8 Até 16.600.000,00 2.656,00 5.312,00

9 Acima de 16.600.000,00 4.150,00 8.300,00

Quadro 18 – Valores da parcela b segundo as classes para o processo de ingresso.

Classes das Habilitações Parcela fixa b (€)

1 171,64

2 171,64

3 343,28

4 343,28

5 343,28

6 343,28

7 686,56

8 1.373,12

9 2.746,24

8 Consoante a escala salarial das carreiras do sistema retributivo da função pública, o valor do índice 100 para o ano

de 2009 no regime geral e regimes especiais é de 343,28€ (anexo 5).

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Para proporcionar uma breve estimativa de custo que as empresas acarretam na obtenção de um Alvará de

Construção serão pré-estabelecidas, ao acaso, doze empresas requerentes de Alvará (quadro 19). Esta

análise não inclui mais empresas, pois a combinação entre número de classes e número de subcategorias

conduziria a uma análise de custos demasiado extensiva, devido ao elevado número de combinações a

estudar. Os resultados dos custos foram extraídos do simulador de taxas presente no portal do InCI, I.P.,

que tem em conta os critérios para o cálculo de taxas de concessão de alvarás, definidos anteriormente.

Quadro 19 – Resumo das taxas previstas a pagar consoante o pedido realizado por cada empresa.

Empresa requerente Características do pedido de Alvará

Valor a pagar (€)

Taxa inicial Taxa final Taxa Total9

1 Três subcategorias da classe 1

172

50 222

2 Três subcategorias de classe 2 50 222

3 Três subcategorias da classe 3 321 493

4 Três subcategorias da classe 4 471 643

5 Três subcategorias da classe 5 769 941

6 Três subcategorias da classe 6 1.367 1.539

7 Três subcategorias da classe 7 4.499 4.671

8 Três subcategorias da classe 8 9.170 9.342

9 Três subcategorias da classe 9 15.025 15.197

10 Empreiteiro Geral com três subcategorias da

classe 2 100 272

11 Empreiteiro Geral com três subcategorias da

classe 5 1.367 1.539

12 Empreiteiro Geral com três subcategorias da

classe 8 17.138 17.310

As primeiras nove empresas demonstram um aumento sequencial do valor da taxa total, com excepção

nas duas primeiras empresas que apresentam o mesmo valor. Os últimos três casos pretendem assinalar a

diferença de valor entre empresas que requerem a categoria de empreiteiro geral. À medida que se avança

da classe 2 para a 5 e depois para a 8, nas empresas 10, 11 e 12, constata-se que aumenta o desfasamento

em relação aos valores das taxas das empresas 2, 5 e 8, respectivamente. Ou seja, para o mesmo número

de subcategorias na mesma classe, tornam-se mais dispendiosos os requerimentos para categorias de

empreiteiro geral.

No caso das empresas que realizam o processo de ingresso através do portal do InCI, I.P., primeiramente

é necessário possuírem os dados de acesso, nome de utilizador e senha, para que possam iniciar o

processo electronicamente. Existem campos de preenchimento destinados à empresa que estão pré-

definidos, onde se apresentam os modelos InCI, I.P. não existindo campos de texto livre para

observações. A empresa pode anexar ao pedido um máximo de 2Mb de ficheiros com documentos. (fonte

do InCI, I.P.)

9 Todos os valores com duas casas decimais são automaticamente arredondados para cima, pelo simulador.

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37

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

Está a cargo da Comissão de Classificação de Empresas de Construção (CCEC), órgão consultivo do

InCI, I.P., pronunciar-se acerca dos critérios de avaliação das empresas para o exercício da actividade,

dos pedidos de emissão de alvará de classe superior à primeira e outros pedidos ou assuntos solicitados

pelo presidente do conselho directivo do InCI, I.P., excluindo-se os pedidos de redução de classe ou

cancelamento (Decreto-Lei n.º 144/2007 de 27 de Abril). Sendo a CCEC um órgão consultivo, o seu

parecer não é vinculativo mas sim consultivo, no decorrer dos processos.

Assim que as empresas dão entrada do processo de ingresso com a entrega em mão dos formulários e dos

documentos exigidos, são introduzidos os dados no sistema (sem qualquer digitalização dos documentos,

segundo fonte do InCI, I.P.). Se o pedido for apresentado através do portal do InCI, I.P., a empresa

preenche os respectivos formulários e anexa os documentos num ficheiro de capacidade máxima de 2Mb,

que ficam associados ao processo criado no sistema informático. Para se compreender melhor o

andamento do processo de ingresso com alvará de construção são organizadas por pontos as diversas

fases:

1. Entrada do pedido de aquisição do Alvará de Construção: a empresa formula o pedido, preenchendo

os formulários InCI exigidos e juntando os documentos necessários ao processo. O requerimento pode ser

realizado no atendimento ao público ou via portal InCI, I.P.;

2. Selecção Primária: o pedido passa a designar-se por processo depois de ter passado por uma primeira

validação administrativa. Nesta validação é conferida a completude dos formulários e dos documentos

exigidos. Caso seja detectada a ausência de algum dado, o pedido não prossegue como processo e a

empresa é notificada para apresentar os dados em falta. Nesta fase não é analisado o conteúdo da

documentação. O InCI, I.P. dispõe no máximo 30 dias úteis para notificar o requerente a prestar

informações ou apresentar as provas consideradas necessárias à apreciação do pedido;

3. Avaliação da adequação do processo: nesta fase o conteúdo dos dados referentes ao processo é

estudado por um técnico do Departamento da Qualificação. O processo é objecto de uma análise integral

e detalhada, que se rege pelas condições legais de acesso à actividade da construção, estipuladas pelo

Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro e respectivas portarias regulamentares. Como resultado desta

análise existem três situações: (1) no caso de processos de requerimento de alvarás de classe superior à

primeira, se estes se apresentarem em conformidade com todos os critérios de idoneidade, capacidade

técnica e capacidade económica e financeira, ficam validados e seguem para a Comissão de Classificação

de Empresas de Construção; (2) para os requerimentos de alvará de classe 1, o InCI, I.P. procede à

validação, dispensando o parecer da CCEC; (3) para qualquer requerimento de alvará que não satisfaça a

totalidade dos requisitos de entrada o processo não obtém a validação e a empresa recebe uma notificação

para repor dados em falta, apresentar esclarecimentos ou pronunciar-se sobre qualquer matéria a pedido

do InCI, I.P.;

4. Parecer do órgão consultivo, CCEC: uma vez por mês a CCEC reúne-se para contribuir com o seu

parecer nos processos de ingresso em curso. O presidente do InCI, I.P. assim como os trabalhadores ou

funcionários presentes nessa reunião não têm direito de voto. Após o parecer da CCEC, o projecto de

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decisão é detido, em último lugar, pelo presidente do InCI, I.P. e o instituto regulador dispõe de 66 dias

para emiti-lo;

5. Notificação do projecto de decisão: É enviada a notificação do projecto de decisão mais a guia de

pagamento e após o pagamento da guia por parte da empresa, o InCI, I.P. emitirá o projecto de decisão

final no prazo de 10 dias a contar do conhecimento do pagamento exigido. Caso a taxa não tenha sido

paga, dá-se a extinção do procedimento. A empresa possui sempre o direito a recorrer e poderá obstar-se à

extinção, no prazo de 10 dias a contar do término do prazo para pagamento da taxa, tendo de suportar o

respectivo pagamento em dobro (artigo 113.º do CPA);

6. Emissão e envio do Alvará pela Casa da Moeda: Após a confirmação do pagamento e a emissão da

decisão final se concretizarem, segue a autorização para a Casa da Moeda para a impressão oficial do

alvará, que posteriormente é enviado à empresa.

É possível enviar notificações às empresas com textos previamente definidos no sistema informático.

Existe também a possibilidade de notificar as empresas através de circulares mediante a selecção de

determinados critérios.

3.1.3. RECLASSIFICAÇÃO DE ALVARÁS

A reclassificação de um Alvará de construção poderá ocorrer por via da iniciativa do InCI, I.P. ou da

empresa. O InCI, I.P. pode reclassificar uma empresa por meio da revalidação anual ou de uma

reavaliação, temáticas que serão desenvolvidas nos subcapítulos 3.1.4. e 3.1.5.. Por outro lado, a

reclassificação pode ocorrer através de um requerimento da empresa dentro das quatro opções seguintes a

saber: a elevação de classe, a obtenção de novas subcategorias, a diminuição de classe e o cancelamento

parcial ou total de subcategorias. Na verdade, é referido no n.º 1 da Portaria nº 18/2004, de 10 de Janeiro

o seguinte: “Os pedidos de ingresso, novas subcategorias, elevação de classe, diminuição de classe e

cancelamento parcial ou total de subcategorias são formulados em requerimento dirigido ao presidente do

conselho de administração do Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário

(IMOPPI)10

”.

Para os quatro requerimentos possíveis por parte da empresa, os documentos a apresentar ao InCI, I.P. são

idênticos. Por uma questão de organização, que vise uma melhor percepção da estruturação deste capítulo

“Reclassificação de Alvarás”, os diferentes procedimentos serão agrupados consoante a semelhança dos

documentos a reunir na óptica da entidade requerente de Alvará e, posteriormente, será efectuada uma

análise dos mesmos na óptica do InCI, I.P. Saliente-se ainda o facto das condições de ingresso e de

permanência terem de estar sempre satisfeitas, no decurso dos requerimentos referidos. É ainda realizada

uma análise de custos.

10 O antigo Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário, IMOPPI, corresponde hoje ao

Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

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a) Óptica da entidade requerente de Alvará

ELEVAÇÃO DE CLASSE E OBTENÇÃO DE NOVAS SUBCATEGORIAS - ENTREGA DA DOCUMENTAÇÃO

Como já foi listado para o caso do ingresso na actividade, descrevem-se, novamente, todos os

documentos exigidos para a elevação de classe e a obtenção de novas subcategorias, que variam

ligeiramente para o caso de um empresário em nome individual e para o caso de uma sociedade

comercial.

Empresário em nome individual:

Documento comprovativo do pagamento da taxa inicial;

Requerimento de Reclassificação - Modelo 1-B;

Certificado do registo criminal do empresário em nome individual;

Declaração de idoneidade comercial do empresário em nome individual - Modelo 2;

Declaração de remunerações, entregue na segurança social, referente ao último mês, à data de entrega

do requerimento, com valores que devem cumprir os mínimos estabelecidos no contrato colectivo de

trabalho em vigor para o sector;

Declaração da entidade seguradora, comprovando a posse do seguro de acidentes de trabalho e o

número de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos três anos (minuta InCI);

Sociedade comercial:

Documento comprovativo do pagamento da taxa inicial;

Requerimento de Reclassificação - Modelo 1-B;

Certidão de teor do registo comercial da sociedade com todos os registos em vigor;

Certificado do registo criminal do(s) representantes legal(ais) da sociedade;

Declaração de idoneidade comercial do(s) representantes legal(ais) da sociedade - Modelo 3;

Declaração de remunerações, entregue na segurança social, referente ao último mês, à data de entrega

do requerimento, com valores que devem cumprir os mínimos estabelecidos no contrato colectivo de

trabalho em vigor para o sector;

Declaração da entidade seguradora, comprovando a posse do seguro de acidentes de trabalho e o

número de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos três anos (minuta InCI);

Os pedidos de elevação de classe e de obtenção de novas subcategorias devem ser acompanhados dos

documentos necessários à comprovação dos requisitos inerentes ao pedido, excepto os que já

anteriormente tenham sido entregues e mantenham validade legal, desde que a empresa declare que a

situação comprovada não se alterou. Para a elevação de classe é necessário apresentar as Declarações de

Execução de Obra em Modelos do InCI, I.P., Modelo 9, Modelo 10 e Modelo 11 (vide website InCI, I.P.).

Quanto à obtenção de novas subcategorias, existem duas hipóteses possíveis que a empresa pode

requerer: novas subcategorias de classe igual ou inferior à mais elevada que possuem ou novas

subcategorias de classe superior à mais elevada que detêm. Em ambas é sempre necessário cumprir com

os requisitos de ingresso e permanência. No que respeita a obtenção de novas subcategorias de classe

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igual ou inferior à mais elevada que detêm, todas as empresas devem comprovar a sua idoneidade e ainda

a sua capacidade técnica em termos de disponibilidade do quadro técnico e equipamentos. No quadro

técnico, que é formado pelos engenheiros, engenheiros técnicos e pelos técnicos da área da segurança e

higiene do trabalho, têm de ser apresentadas as carteiras profissionais para a verificação da adequação das

habilitações dos técnicos ao tipo de trabalho associado à nova subcategoria. No caso dos equipamentos, a

empresa poderá apresentar uma fotocópia da facturação de aquisição dos equipamentos. Também a

capacidade económica e financeira tem de satisfazer os requisitos de permanência para a classe detida.

Sempre que as novas subcategorias sejam de classe superior à mais elevada que detêm, as empresas, para

além de terem de comprovar a idoneidade, a disponibilidade do equipamento, a adequação do quadro

mínimo de pessoal para a nova classe, de acordo com os quadros 11 e 12, terão também de comprovar a

capacidade económica e financeira, consoante o quadro 14.

DIMINUIÇÃO DE CLASSE E CANCELAMENTO TOTAL OU PARCIAL DE SUBCATEGORIAS

Em determinadas circunstâncias, as empresas podem requerer uma diminuição de classe ou um

cancelamento total ou parcial das subcategorias. Estes requerimentos podem surgir devido a uma

mudança de estratégia empresarial, a uma redução de custos que a empresa esteja a implementar, uma

saída de um técnico, entre outras situações. A diminuição de classe ocorre quando a empresa pretende

diminuir a(s) classe(s) máxima(s) que detém nas suas subcategorias. Tal situação decorre de

incumprimentos das condições de permanência na classe máxima, que pode ser originada por previsão de

despedimentos no quadro de pessoal (capacidade técnica), de resultados económicos aquém dos mínimos

exigidos, por vontade própria da empresa em reduzir os custos de manutenção do Alvará, face ao número

e valor das obras em que participa, ou outros motivos estratégicos. Nestes casos, a empresa deverá

proceder à entrega do requerimento de reclassificação, sem custos associados. O cancelamento parcial ou

total de subcategorias poderá surgir por iniciativa da empresa ou do InCI, I.P. sempre que esta cesse o

exercício da actividade da construção ou altere o seu respectivo código da Classificação Económica de

Empresas (CAE) para actividade diferente da construção, junto da Administração Fiscal. Para isso,

necessita de formular o pedido de cancelamento através do Modelo 1-B do InCI, I.P. ou carta dirigida ao

Presidente do Conselho Directivo do InCI, I.P. (minuta InCI, I.P.), anexando o seu Alvará e a declaração

de alteração ou cessação da actividade. O pedido de cancelamento poderá ser concebido via portal do

InCI, I.P. ou via atendimento público.

ANÁLISE DE CUSTOS

Para se iniciarem os processos de elevação de classe ou de obtenção de novas subcategorias os custos são

idênticos aos descritos no subcapítulo 3.1.2., “Ingresso na Actividade”. Quanto à diminuição de classe e

ao cancelamento parcial ou total de subcategorias não existem custos associados a estes processos.

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

ELEVAÇÃO DE CLASSE

A elevação de classe permite à empresa ficar habilitada a executar os mesmos trabalhos para obras de

valor superior. No requerimento para elevação de classe, os requisitos de experiência em obra são

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analisados com base nos quadros 20 e 21, pelo InCI, I.P., segundo o artigo 14.º do Decreto-Lei 12/2004,

de 9 de Janeiro. A diferença de um quadro para o outro é que no primeiro a elevação é para uma classe

imediatamente superior à já detida, enquanto o segundo quadro trata de elevações para classe não

imediatamente superiores.

Quadro 20 – Critérios de experiência em obra em função das classes para elevação de classe imediatamente superior

(2009).

Classes

Detidas Valor (€)

Elevação para classe imediatamente superior

1 obra de valor >= a 50%

da classe detida

OU

2 obra de valor >= a 80% da

classe detida

1 Até 166.000 83.000 132.800

2 Até 332.000 166.000 265.600

3 Até 664.000 332.000 531.200

4 Até 1.328.000 664.000 1.062.400

5 Até 2.656.000 1.328.000 2.124.800

6 Até 5.312.000 2.656.000 4.249.600

7 Até 10.624.000 5.312.000 8.499.200

8 Até 16.600.000 8.300.000 13.280.000

9 Acima de 16.600.000 >8.300.000 >13.280.000

Quadro 21 – Critérios de experiência em obra em função das classes para elevação de classe não imediatamente

superior (2009).

Classes

Detidas Valor (€)

Elevação para classe não imediatamente superior

1 obra de valor

>= a 50% da

classe detida

OU

2 obra de valor

>= a 80% da

classe detida

E

Somatório de

obras de valor >=

da classe

requerida

1 Até 166.000 83.000 132.800

Valor da classe

requerida

2 Até 332.000 166.000 265.600

3 Até 664.000 332.000 531.200

4 Até 1.328.000 664.000 1.062.400

5 Até 2.656.000 1.328.000 2.124.800

6 Até 5.312.000 2.656.000 4.249.600

7 Até 10.624.000 5.312.000 8.499.200

8 Até 16.600.000 8.300.000 13.280.000

9 Acima de 16.600.000 >8.300.000 >13.280.000

No quadro 20 a empresa ou prova que executou uma obra de valor igual ou superior a 50% do valor da

classe detida ou prova que executou duas obras cujo valor total seja igual ou superior a 80% do valor da

classe detida. No quadro 21, tem de provar um dos dois critérios definidos anteriormente e ainda que o

somatório dos valores de todas as obras executadas, nos últimos três anos, para cada uma das habilitações,

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seja igual ou superior ao valor da classe requerida. A experiência em obra é comprovada através de

Declarações de Execução de Obra em Modelos InCI, I.P. (vide website InCI, I.P.).

OBTENÇÃO DE NOVAS SUBCATEGORIAS

As principais preocupações que o instituto regulador tem em relação às empresas que pretendem obter

novas subcategorias são, mais uma vez, se a empresa continua em conformidade com as condições de

ingresso e permanência e se, para as subcategorias que requer, verifica capacidade técnica adequada, no

que respeita a verificação do quadro técnico. É essencial que os técnicos possuam formação e estejam

certificados nas áreas das novas subcategorias e que satisfaçam o número mínimo que é exigido

consoante a classe requerida.

Quanto à elevação de classe e à obtenção e novas subcategorias as fases de ambos os procedimentos são

semelhantes e descrevem-se abaixo:

1. Entrada do pedido de elevação de classe ou obtenção de novas subcategorias do Alvará de

Construção: a empresa formula o pedido, preenchendo os formulários InCI, I.P. exigidos e juntando os

documentos necessários ao processo. O requerimento pode ser realizado no atendimento ao público ou via

portal do InCI, I.P.;

2. Selecção Primária: o pedido passa a designar-se por processo depois de ter passado por uma primeira

validação administrativa. Nesta validação é conferida a completude dos formulários e dos documentos

exigidos. Caso seja detectada a ausência de algum dado, o pedido não prossegue como processo e a

empresa é notificada para apresentar os dados em falta. Nesta fase não é analisado o conteúdo da

documentação. O InCI, I.P. dispõe no máximo 30 dias úteis para notificar o requerente a prestar

informações ou apresentar as provas consideradas necessárias à apreciação do pedido;

3. Avaliação da adequação do processo: nesta fase o conteúdo dos dados referentes ao processo é

estudado por um técnico do Departamento da Qualificação. O processo é objecto de uma análise integral

e detalhada, que se rege pelas condições legais de permanência na actividade da construção, estipuladas

pelo Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro e respectivas portarias regulamentares. Os pedidos de

elevação de classe e os pedidos de obtenção de novas subcategorias são sempre objecto de discussão no

seio da CCEC, com excepção no último caso, das subcategorias referentes à classe 1. Sempre que um

requerimento não satisfizer a totalidade dos requisitos de permanência, o processo não obtém a validação

e a empresa recebe uma notificação para repor dados em falta, apresentar esclarecimentos ou pronunciar-

se sobre qualquer matéria a pedido do InCI, I.P.. Pode ocorrer a recusa do processo mediante

determinados motivos, descritos mais adiante;

4. Parecer do órgão consultivo, CCEC: uma vez por mês a CCEC reúne-se para contribuir com o seu

parecer nos processos de ingresso em curso. O presidente do InCI, I.P. assim como os trabalhados ou

funcionários presentes nessa reunião não têm direito de voto. Após o parecer da CCEC, o projecto de

decisão final é detido, em último lugar, pelo presidente do InCI, I.P.. O instituto regulador dispõe de 66

dias para emitir o projecto de decisão;

5. Notificação do projecto de decisão: É enviada a notificação do projecto de decisão mais a guia de

pagamento. O pagamento da guia é sinónimo da aceitação da empresa do projecto de decisão final. O

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InCI, I.P. emitirá a decisão final no prazo de 10 dias a contar do conhecimento do pagamento exigido.

Caso a taxa não tenha sido paga, dá-se a extinção do procedimento. A empresa possui sempre o direito a

recorrer e poderá obstar-se à extinção, no prazo de 10 dias a contar do término do prazo para pagamento

da taxa, tendo de suportar o respectivo pagamento em dobro (artigo 113.º do CPA);

6. Emissão e envio do Alvará pela Casa da Moeda: Após a confirmação do pagamento e a emissão da

decisão final se concretizarem, segue a autorização para a Casa da Moeda para a impressão oficial do

alvará, que posteriormente é enviado à empresa.

Os motivos de recusa relacionam-se com falta de apresentação da documentação exigida, falta de

assinatura no requerimento (Modelo T-1), pedido mal preenchido, apresentação de documentos que não

cumprem os requisitos regulamentares e em situações de inadmissibilidade do pedido.

DIMINUIÇÃO DE CLASSE E CANCELAMENTO PARCIAL OU TOTAL DE SUBCATEGORIAS

Os requerimentos para a diminuição de classe e cancelamento de habilitações não passam pelo parecer da

CCEC. O InCI, I.P. recebe os documentos do requerimento por parte da empresa e decide

individualmente. Na sequência da revalidação anual, o InCI, I.P. poderá cancelar parcialmente ou

totalmente as habilitações da empresa caso:

1. As habilitações da empresa não verifiquem as condições exigidas, sendo alvo, automaticamente,

de reclassificação (através de um cancelamento parcial) ou de cancelamento total, consoante o

que foi demonstrado;

2. Não haja revalidação do Alvará por iniciativa da empresa, sucederá o cancelamento total das

habilitações.

Todas as habilitações que foram reclassificadas ou canceladas no seguimento da revalidação só podem ser

novamente requeridas depois do dia 1 de Agosto seguinte. O cancelamento total das subcategorias obriga

à inibição da finalização das obras em curso, enquanto nos cancelamentos parciais a empresa poderá

continuar a executar a obra se os trabalhos estiverem enquadrados em subcategorias não canceladas, caso

contrário dá-se a resolução do contrato por impossibilidade culposa da empresa. No caso das

reclassificações a empresa pode concluir as obras em curso, contudo o dono de obra pode proceder à

resolução do contrato (artigo n.º 19 Decreto-Lei 12/2004, de 9 de Janeiro).

Quanto à diminuição de classe e ao cancelamento parcial ou total de subcategorias, as fases de ambos os

procedimentos são semelhantes e descrevem-se abaixo:

1. Entrada do pedido de diminuição de classe e ao cancelamento parcial ou total de subcategorias do

Alvará de Construção: a empresa formula o pedido, preenchendo o formulário 1–B do InCI, I.P. ou carta

ao presidente do conselho directivo do InCI, I.P. (minuta InCI, I.P.), acompanhado do respectivo alvará.

O requerimento pode ser realizado no atendimento ao público ou via portal do InCI, I.P.;

2. Análise e aprovação do InCI, I.P.: é efectuada uma análise aos requisitos de permanência da empresa

na actividade e caso não hajam irregularidades maiores, o InCI, I.P. autoriza o pedido de diminuição de

classe ou de cancelamento de subcategorias.

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44

3. Notificação da decisão e emissão do alvará: A emissão do novo alvará é realizada pela imprensa

nacional, Casa de Moeda, e, posteriormente, enviada à empresa, com excepção dos casos em que ocorre

cancelamento total do alvará.

3.1.4. REVALIDAÇÃO DE ALVARÁS

Todos os Alvarás têm necessariamente de ser revalidados anualmente, sob pena de caducarem no dia 31

de Janeiro, o que resulta na inibição da execução da actividade. As empresas deverão verificar as

condições mínimas de permanência e proceder ao pagamento da taxa de revalidação assim como de

outras dívidas para com o InCI, I.P..

a) Óptica da entidade requerente de Alvará

PROCEDIMENTO

No passado, o procedimento consistia em até dia 31 de Julho remeter para o InCI, I.P. o balanço e a

demonstração de resultados referentes ao exercício anterior, tal como tinha sido apresentado nas finanças.

Se porventura o calendário fiscal sofrer alterações, para data posterior a 31 de Julho, as empresas tinham

um prazo alargado de 10 dias úteis após a nova data fixada. Se não cumprissem com os prazos anteriores,

as empresas ainda podiam efectuar a sua revalidação até ao dia 31 de Dezembro do mesmo ano, sob

pagamento de taxa agravada. Porém, a revalidação para 2010 decorrerá de forma mais desburocratizada,

já que “ (…) na sequência do protocolo para a transmissão electrónica dos dados constantes no balanço e

demonstração de resultados, celebrado entre o InCI, I.P., a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) e a

Direcção-Geral de Informática Tributária e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros (DGITA), não é

necessário que as empresas apresentem junto do InCI, I.P. a documentação financeira necessária para a

revalidação anual do seu alvará. (…)” (vide website INCI). Assim, até ao dia 31 de Julho de 2009 já não

foi necessário entregar junto do InCI, I.P. a documentação financeira relativa ao ano de 2008. A IES e a

Declaração Anual passaram a ser entregues na Administração Fiscal e, depois de validadas,

reencaminhadas para o InCI, I.P.. A entrega da documentação na Administração Fiscal deve ser feita até

31 de Julho de 2009, expirando nesse mesmo dia o prazo de revalidação junto do InCI, I.P.. As empresas

que procedam à revalidação depois de 31 de Julho até 31 de Dezembro, de 2009, ficarão sujeitas ao

pagamento de uma taxa agravada. Consequentemente, já não é possível fazer o pedido de revalidação

através do portal do InCI, I.P.. É dispensável apresentar qualquer documentação relativa ao quadro

técnico, se este não tiver sofrido alterações. Por outro lado, as empresas que acedem pela primeira vez à

actividade entram em regime probatório e devem comprovar o quadro técnico exigido e cumprir com os

requisitos de capacidade económica e financeira da classe 1. No quadro 15 estão resumidas as condições

de permanência por tipo de regime. Para qualquer processo de revalidação ficar concluído é preciso

proceder ao pagamento da respectiva taxa de revalidação, bem como das dívidas pendentes para com o

InCI, I.P..

ANÁLISE DE CUSTOS

Os custos financeiros associados à revalidação podem ser calculados a partir do simulador de taxas, no

portal do InCI, I.P.. Os cálculos baseiam-se na tabela da Portaria n.º 15/2004 de 10 de Janeiro, que

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estipula o cálculo da taxa de revalidação através de duas parcelas: “a”, que é variável com o número, o

tipo e a classe das habilitações, e “b”, fixa. Os quadros 22 e 23 apresentam os valores para o cálculo da

taxa de revalidação de Alvará, para 2009.

Quadro 22 - Valores a pagar por cada habilitação segundo as classes para o processo de revalidação.

Classes das

Habilitações Valores das Obras (€)

Valor a Pagar por cada habilitação (€)

Subcategorias Empreiteiro/Construtor Geral

1 Até 166.000,00 5,00 5,00

2 Até 332.000,00 5,00 5,00

3 Até 664.000,00 5,00 5,00

4 Até 1.328.000,00 5,00 9,96

5 Até 2.656.000,00 9,96 19,92

6 Até 5.312.000,00 19,92 39,84

7 Até 10.624.000,00 66,40 132,80

8 Até 16.600.000,00 132,80 265,60

9 Acima de 16.600.000,00 207,50 415,00

Quadro 23 – Valores da parcela b segundo as classes para o processo de revalidação.

Classes das Habilitações Parcela fixa b (€)

1 171,64

2 171,64

3 343,28

4 343,28

5 343,28

6 343,28

7 686,56

8 1.373,12

9 2.746,24

São enviadas as circulares às empresas, que a notificam dos critérios de revalidação que necessitam de

cumprir, consoante o regime em que se encontram.

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

No passado as empresas necessitavam de comunicar qualquer tipo de alteração que pudesse influenciar o

cumprimento dos requisitos de permanência e deviam proceder à entrega do balanço e da demonstração

de resultados do seu último exercício, até dia 31 de Julho ou até dia 31 de Dezembro, sendo que, no

último caso, é obrigado a sujeitar-se ao pagamento de taxa agravada. Com a revalidação anual para 2010

introduzem-se simplificações para as empresas na medida em que o InCI, I.P. dispensa que estas

entreguem a documentação financeira, por força da realização do protocolo com o DGCI e a DGITA para

a transmissão electrónica dos dados financeiros de todos os sujeitos passivos que se encontrem registados

no cadastro da DGCI e exerçam uma actividade económica regulada pelo InCI, I.P..

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1. Entrega da documentação e pagamento da taxa de revalidação: na próxima revalidação 2010 as

empresas estão dispensadas da entrega da documentação financeira correspondente ao exercício de 2008,

junto do InCI, I.P., tendo de proceder à respectiva entrega até dia 31 de Julho na Administração Fiscal.

Necessitam ainda de comunicar ao InCI, I.P. qualquer tipo de alterações no quadro técnico caso ocorram

e outras que possam vir a ser decisivas na revalidação. Não necessitam de efectuar nenhum pedido por

escrito para a revalidação se processar. O portal não possibilita efectuar o pedido de revalidação. As

empresas que não desejam revalidar o seu alvará, deverão comunicá-lo ao InCI, I.P. até ao dia 30 de

Setembro;

2. Avaliação do processo: O InCI, I.P. verifica todos os dados da empresa relativos às condições de

permanência e pode exigir informações extra relevantes à sua apreciação. Como resultado dessa análise

pode ocorrer a manutenção, a reclassificação ou o cancelamento do alvará, em conformidade com o

demonstrado;

3. Notificação do projecto de decisão e respectiva guia: o InCI, I.P. emite o seu projecto de decisão à

empresa acompanhado da taxa de revalidação a pagar. A empresa tem sempre o direito ao contraditório,

caso discorde da decisão;

4. Pagamento da guia: após o pagamento da guia o alvará fica válido por mais um ano. Caso não haja

lugar ao pagamento, ocorre a caducidade do mesmo a 31 de Janeiro.

Nos casos de alterações do quadro técnico, por exemplo por cessação de funções de trabalhadores, a

empresa deverá apresentar: o quadro técnico, a ficha curricular do técnico, o vínculo contratual entre o

técnico e a empresa, a fotocópia do BI, NIF e carteira profissional do técnico e a fotocópia da declaração

de remunerações referente ao último mês. Os dados das empresas ficam registados no sistema informático

e estão disponíveis durante a revalidação e podem ser consultados em qualquer altura.

3.1.5. REAVALIAÇÃO DE ALVARÁS

As reavaliações podem ser executadas pelo instituto regulador em qualquer altura do ano. Segundo o

artigo 20.º do Decreto – Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, uma empresa pode ser reavaliada sempre que o

InCI, I.P. suspeite do cumprimento da idoneidade pelas empresas, quando o capital próprio seja negativo,

na sequência de inspecções, quando as empresas estejam em processos de recuperação ou de falência, no

seguimento de escolhas aleatórias depois de ouvida a CCEC e sempre que o InCI, I.P. assim o entenda.

Resumidamente, a reavaliação é uma apreciação global à empresa que abrange a sua idoneidade,

capacidade técnica e capacidade económica e financeira, onde o InCI, I.P. pode exigir todos os

documentos e esclarecimentos que entenda necessários à análise da situação da empresa. Após uma

empresa ser reavaliada, três resultados podem surtir: a empresa mantém-se na classe que possuía

anteriormente, a empresa é reclassificada ou, por último, resulta num cancelamento parcial ou total das

suas habilitações. O mesmo Decreto - Lei refere ainda “(…) As habilitações reclassificadas ou canceladas

nos termos do número anterior não podem ser de novo requeridas antes de decorridos seis meses após a

data da notificação da decisão definitiva. (…) Em caso de reclassificação ou cancelamento parcial ou total

das habilitações, a empresa deve entregar o alvará no IMOPPI no prazo máximo de oito dias contados da

data da notificação da decisão, findo o qual o alvará será apreendido pelas autoridades competentes. (…)”

Quando uma empresa é reclassificada poderá finalizar a obra que tem em curso, desde que o dono de obra

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concorde. No caso de cancelamento parcial a empresa poderá concluir as obras em curso se as suas

habilitações canceladas não estiverem enquadradas nos trabalhos da respectiva obra. Se ocorrer o

cancelamento total das habilitações a empresa fica inibida de continuar a obra em curso.

3.2. TÍTULO DE REGISTO

3.2.1. ÂMBITO

No ano de 2008 em Portugal, o número de empresas com Títulos de Registo (36 483) no mercado da

construção civil era superior comparativamente com o número de empresas possuidoras de Alvará (24

400). Este acréscimo no número de títulos de registo revela um maior número de empresários em nome

individual e micro empresas. Em relação ao ano anterior, 2007, destaca-se um aumento em ambos os

títulos habilitantes: 2,3% para as empresas com Alvará e 17% para as empresas detentoras do Título de

Registo (figura 7), o que poderá evidenciar um maior ritmo de actividade no sector. O número de novos

títulos de registo concebidos decresceu de 8 573 para 8 251, entre 2007 e 2008 (Quadro de Indicadores

Anuais InCI, I.P., 2008).

Figura 7 – Títulos habilitantes válidos (31 de Dezembro de 2008).

No caso dos Títulos de Registo estes são intransmissíveis, válidos por cinco anos e são atribuídos pelo

InCI, I.P.. As empresas detentoras de Título de Registo estão habilitadas a realizar obras sujeitas a

licenciamento municipal (obras particulares) cujo valor não ultrapasse 10% do limite fixado para a

primeira classe (16.600€) e que sejam enquadráveis com as subcategorias que detêm. Todo o tipo de

obras de estruturas de betão armado ou pré-esforçado, prospecção geotécnica, demolição, fundações

especiais, reabilitação de fundações e paredes de contenção e ancoragem, não podem ser realizadas por

um detentor de um Título de Registo (DIAS, 2008).

Portanto, no que concerne os títulos de registo, é importante realçar quais são as subcategorias que estão

autorizadas. De todas as subcategorias que são descritas abaixo existem duas situações especiais que são a

subcategoria de instalações eléctricas de utilização de baixa tensão e a subcategoria de infra-estruturas de

telecomunicações, que manifestam certas exigências adicionais.

Alvenarias, rebocos e assentamentos de cantarias;

Estuques, pinturas e outros revestimentos;

Carpintarias;

Trabalhos em perfis não estruturais;

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Canalizações e condutas em edifícios;

Instalações sem qualificação específica;

Calcetamentos;

Ajardinamentos;

Instalações eléctricas de utilização de baixa tensão;

É necessária uma fotocópia do cartão de técnico inscrito na Direcção Geral de Energia e Geologia

(DGEG) como responsável por instalações eléctricas, por parte do empresário em nome individual, de um

dos representantes legais no caso de uma sociedade, e de um trabalhador da empresa, no caso de uma

sociedade ou de um empresário em nome individual. Nesta última situação, a comprovação deve ser feita

através do envio de fotocópia da declaração entregue na Segurança Social, reportada ao último mês à data

de entrada do processo. Quando há a detenção da comprovação da inscrição da DGEG, podem-se

executar trabalhos e assumir a responsabilidade técnica, por meio da assinatura do termo de

responsabilidade. Caso contrário, se não existir a comprovação da inscrição na DGEG, só se podem

executar trabalhos sem poder assumir a responsabilidade técnica.

Infra-estruturas de telecomunicações;

É necessária uma fotocópia do cartão de técnico inscrito na ANACOM (Autoridade Nacional de

Comunicações) como instalador de infra-estruturas de telecomunicações em edifícios (ITED), por parte

do empresário em nome individual, de um dos representantes legais, no caso de uma sociedade, e de um

trabalhador da empresa, no caso de uma sociedade ou de um empresário em nome individual. Neste

último caso, a comprovação deve ser feita através do envio de fotocópia da declaração entregue na

Segurança Social, reportada ao último mês à data de entrada do processo. A concessão desta subcategoria

depende, sempre, da comprovação da inscrição na ANACOM.

Sistemas de extinção de incêndios, segurança e detecção;

Armaduras para betão armado;

Cofragens;

Impermeabilizações e isolamentos.

A Portaria n.º 14/2004, de 10 de Janeiro, estabelece quais os documentos necessários à comprovação dos

requisitos de concessão e revalidação dos Títulos de Registo. Seguidamente, desenvolve-se a tramitação

regulamentar imposta pelo InCI, I.P. para os seguintes procedimentos:

INGRESSO na actividade;

OBTENÇÃO DE NOVAS SUBCATEGORIAS;

REVALIDAÇÃO;

REAVALIAÇÃO;

CANCELAMENTO.

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3.2.2. INGRESSO NA ACTIVIDADE

O InCI, I.P. atribui Títulos de Registo mediante o cumprimento dos requisitos de ingresso na actividade

da construção e do pagamento da taxa de concessão de Título de Registo. A actividade da construção da

entidade requerente do Título de Registo abrange apenas as suas subcategorias.

a) Óptica da entidade requerente de Título de Registo

Empresário em nome individual:

Requerimento de Título de Registo: Modelo T-1;

Cartão de identificação fiscal (NIF);

Declaração de início de actividade;

Documento de identificação do empresário em nome individual;

Certificado do registo criminal do empresário em nome individual;

Declaração de idoneidade comercial do empresário em nome individual: Modelo T-2;

Declaração da entidade seguradora (minuta InCI).

A declaração de início de actividade deverá estar conforme a entregue na Administração Fiscal. Se

existirem alterações à actividade, domicílio fiscal ou outros dados do empresário, deverá anexar-se uma

fotocópia da correspondente Declaração de Alterações, conforme entregue junto da Administração Fiscal.

O ramo de actividade, que está associado à CAE, Revisão 311

, deverá ser adequado à globalidade das

subcategorias requeridas. O empresário em nome individual apenas necessita de fazer o registo nas

finanças para lhe ser atribuído o código CAE (vide website do INE).

Sociedade Comercial:

Requerimento de Título de Registo: Modelo T-1;

Cartão de identificação de pessoa colectiva (NIPC);

Certidão de teor do registo comercial;

Documento de identificação do(s) representantes legal(ais) da sociedade;

Certificado do registo criminal do(s) representantes legal(ais) da sociedade;

Declaração de idoneidade comercial do(s) representantes legal(ais) da sociedade: Modelo T-3;

Declaração da entidade seguradora (minuta InCI).

A certidão de teor do registo comercial deverá estar actualizada com todos os registos efectuados e o

objecto social tem de se adequar à globalidade do pedido. O objecto social “Construção de Edifícios”

abrange toda a actividade das subcategorias do Título de Registo. A Denominação (nome da sociedade) e

a Sede Social (morada fiscal) deverão estar iguais ao indicado no requerimento. As sociedades comerciais

têm de fazer o registo social na Conservatória Registos Comerciais, obrigatoriamente. Posteriormente, é-

lhes atribuído um código CAE nas finanças (vide website do IRN). Se já constar no processo uma

certidão, pode ser aceite o comprovativo do requerimento do registo acompanhado de escritura ou de acta

11 Aprovada pelo Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de Novembro, que substituiu a CAE-Rev.2.1 a partir de 1 de

Janeiro de 2008.

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de alterações ou fotocópia da correspondente da Declaração de Alterações, conforme entregue junto da

Administração Fiscal.

Tanto para empresários em nome individual como para sociedades comerciais, é necessário comprovar a

posse do seguro de acidentes de trabalho e indicar o número da apólice. Relativamente ao ramo de seguro,

este deverá cobrir toda a actividade das subcategorias requeridas. A actividade da construção abrange

todas as subcategorias. A declaração da entidade seguradora necessita estar assinada e carimbada, ou com

selo branco da entidade seguradora. Os modelos do InCI, I.P., requerimento T-1 e declaração de

idoneidade T-2 e T-3, são adquiridos directamente no InCI, I.P. e devem ser documentos originais e

estarem devidamente preenchidos e assinados, conforme o BI, pelo empresário em nome individual ou

pelos representantes legais que obrigam a sociedade. Portanto, resumidamente os requisitos para obter o

Título de Registo são muito menos minuciosos do que no caso do Alvará, pois apenas tem de se fazer

prova da posse do seguro, da adequação do pedido de subcategorias ao ramo da actividade e comprovação

da idoneidade comercial. Existem casos de empresas que possuem ambos os títulos habilitantes, ou seja

Alvará e, simultaneamente, o Título de Registo. Na verdade, este facto é explicado pela maior facilidade e

rapidez de aquisição do título de registo inicialmente que permite à empresa começar a executar obras

mais cedo, prescindindo qualquer tipo de verificação de requisitos da capacidade técnica (fonte do InCI,

I.P.).

O “Título de Registo na Hora” é uma nova medida simplificadora que pretende transformar tanto a

concessão como a revalidação do título de registo num processo rápido e simples, com a entrega dos

elementos necessários. Para o caso da concessão, se a empresa apresentar todos os elementos descritos

anteriormente correctamente, poderá ter o seu título de registo impresso na hora. Primeiro é preciso

validar os requisitos mínimos e só depois é emitida a guia de pagamento da taxa de concessão no valor de

172€ e cada impresso dos modelos InCI, I.P. custa 0,5€. Após o pagamento ter sido efectuado, o título de

registo é enviado para a morada da sede da empresa. Esta iniciativa só está disponível no atendimento ao

público do InCI, I.P..

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

A óptica do InCI, I.P. nos processos de ingresso na actividade com o título de registo é idêntica nos

processos de obtenção de novas subcategorias. Assim, e para se evitarem repetições, será descrita a óptica

do instituto no subcapítulo 3.2.3. alínea b).

3.2.3. OBTENÇÃO DE NOVAS SUBCATEGORIAS

Qualquer entidade detentora de Título de Registo poderá proceder à modificação do mesmo, através do

pedido de novas subcategorias que permitam a realização de outros trabalhos não abrangidos pelas

subcategorias já detidas.

a) Óptica da entidade requerente de Título de Registo

Para a obtenção de novas subcategorias é necessário verificar as condições de ingresso e de permanência.

A empresa requerente deverá comprovar a idoneidade comercial, o exercício da actividade adequada às

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novas subcategorias e o seguro de acidentes de trabalho. Após a comprovação dessas condições, é

obrigatório o pagamento da taxa de modificação, que corresponde a 50% do índice 100.

b) Óptica do Instituto da Construção e do Imobiliário, InCI, I.P.

Segundo a entidade reguladora, a revalidação decorre nos seguintes passos:

1. Entrega da documentação: a instrução do processo inicia-se com a entrega dos documentos descritos

anteriormente;

2. Avaliação do processo: quando o InCI, I.P. procede à análise de toda a documentação e comprova os

requisitos de acesso entregues, podendo notificar o requerente para, em prazo não superior a vinte e dois

dias úteis, prestar esclarecimentos ou provas que considere relevantes para a sua apreciação do pedido. O

InCI, I.P., mediante certos motivos, poderá recusar o pedido;

3. Emissão da guia de pagamento: Se todos os requisitos estiverem comprovados pelo InCI, I.P. então,

posteriormente, será emitida uma guia para pagamento da taxa de ingresso;

4. Notificação da aprovação do pedido: após a comprovação dos requisitos e do pagamento da taxa

aplicável, o requerente é notificado do deferimento do pedido e é-lhe enviado o cartão de Título de

Registo. Se porventura suceder a não comprovação de todos os requisitos ou à inexistência de pagamento

da taxa a consequência será a extinção do procedimento. A empresa pode obstar da decisão do InCI, I.P.,

e requerer em dez dias a contar do último dia do prazo para o pagamento da taxa, com a implicação do

pagamento em dobro do valor da taxa (nos termos do artigo 113.º do CPA).

Os fundamentos da rejeição poderão relacionar-se com falta de apresentação da documentação exigida,

falta de assinatura no requerimento (Modelo T-1), pedido mal preenchido, apresentação de documentos

que não cumprem os requisitos regulamentares e em situações de inadmissibilidade do pedido.

3.2.4. REVALIDAÇÃO DE TÍTULOS DE REGISTO

Qualquer empresário em nome individual ou quaisquer representantes legais da sociedade detentora de

Títulos de Registo podem requerer a revalidação até 60 dias antes do termo de validade do Título de

Registo. Qualquer pedido de revalidação que exceda o prazo estabelecido é processado como um pedido

de nova concessão de título e, consequentemente, é-lhe atribuído um novo número de Título de Registo,

com custos associados à nova concessão. No que respeita os custos associados à revalidação de título de

registo para 2009, a taxa a pagar é de 172€ e cada impresso dos modelos InCI, I.P. custa 0,5€.

Seguidamente, descrevem-se as diferentes fases no processo de revalidação.

1. Entrega da documentação: o requerente deverá verificar as condições de acesso como a idoneidade

comercial, o ramo de actividade associado às subcategorias detidas e o seguro de acidentes. Contudo, não

é necessário apresentar documentos que já estejam válidos e constantes no processo. Adicionalmente é

necessário apresentar a declaração da entidade seguradora, comprovando a posse do seguro de acidentes

de trabalho e o número de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos três anos;

2. Avaliação do processo: o InCI, I.P. verifica todos os dados da empresa relativos às condições de

permanência e pode exigir informações extra relevantes à sua apreciação, que deverão ser prestadas pelas

empresas num prazo inferior a 22 dias úteis. Como resultado dessa análise pode ocorrer a manutenção ou

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o cancelamento parcial ou total das subcategorias do título de registo, em conformidade com o

demonstrado. Na presença de certas circunstâncias, já enunciadas, o InCI, I.P. pode recusar o processo;

3. Notificação do projecto de decisão e respectiva guia: o InCI, I.P. emite o seu projecto de decisão à

empresa acompanhado da taxa de revalidação a pagar, no caso de se ter comprovado todos os requisitos.

A empresa tem sempre o direito ao contraditório, caso discorde da decisão;

4. Pagamento da guia: após o pagamento da taxa de revalidação o InCI, I.P. emite novo cartão do título

de registo. Caso não haja lugar ao pagamento, ocorre a caducidade do mesmo a 31 de Janeiro, tendo a

empresa oportunidade de contrariar essa situação com o pagamento em dobro no prazo de 10 dias desde o

termo do prazo para pagamento da taxa.

Todos os documentos têm de estar redigidos em língua portuguesa ou serem acompanhados da respectiva

tradução legal quando apresentados em língua estrangeira, com excepção dos documentos de

identificação.

3.2.5. REAVALIAÇÃO DE TÍTULOS DE REGISTO

Existe lugar à reavaliação de títulos de registo sempre que hajam suspeições da empresa não ser idónea,

em processos de recuperação ou de falência, na sequência de acções inspectivas e sempre que o InCI, I.P.

entenda razoável.

3.2.6. CANCELAMENTO PARCIAL OU TOTAL DE SUBCATEGORIAS DO TÍTULO

DE REGISTO

Sempre que uma empresa de construção cessar o exercício da actividade da construção ou alterar o seu

respectivo código da CAE para actividade diferente da construção, junto dos Serviços das Finanças,

poderá requerer o cancelamento o seu Título de Registo. O pedido de cancelamento do Título de Registo

pode ser efectuado, através do portal do InCI, I.P. ou no atendimento ao público. No requerimento

necessita de formular o pedido de cancelamento através do modelo T-1 do InCI, I.P. ou carta dirigida ao

Presidente do Conselho Directivo do InCI (minuta InCI I.P) juntando o seu cartão de título de registo e a

declaração de alteração ou cessação da actividade. Este processo é imediato e sem quaisquer custos

associados.

3.2.7. ALTERAÇÕES EM ALVARÁS E EM TÍTULOS DE REGISTO

Sempre que ocorram alterações a empresa tem o dever de notificar o InCI, I.P. no prazo de 22 dias após a

alteração, segundo o artigo n.º 25 do Decreto – Lei 12/2004, de 9 de Janeiro. As seguintes alterações

poderão ser comunicadas através do portal, correio tradicional, ou atendimento ao público: alteração de

denominação social, alteração de sede ou domicílio fiscal, nomeação ou cessação de funções dos

representantes legais das sociedades comerciais, processos de recuperação ou de falência de que sejam

objecto, cessação da actividade, qualquer alteração às condições de ingresso e permanência que possam

determinar modificação na classificação para os tipos de trabalho em que estão habilitadas. A declaração

de alteração poderá surtir numa diminuição de classe, no caso dos alvarás, e/ou num cancelamento parcial

ou total de subcategorias. De seguida, descrevem-se os documentos a entregar para cada tipo de alteração:

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53

Nas situações de alteração de denominação social, de objecto social, de sede ou cessação de funções

dos representantes legais, deve ser entregue a certidão da conservatória de registo comercial, apenas para

alterações efectuadas antes de 2006;

Nos casos onde ocorra uma nomeação dos representantes legais é necessária a entrega da certidão da

conservatória de registo comercial, para alterações efectuadas antes de 2006, o documento de

identificação e cartão de identificação fiscal do novo representante legal, acompanhado pelo seu

certificado de registo criminal e pela sua declaração de idoneidade comercial (Modelo 3);

Para alterações de domicílio fiscal deve apresentar a mesma declaração de alterações entregue nas

finanças.

Os documentos deverão estar redigidos em língua portuguesa ou estarem acompanhados por respectiva

tradução legal quando redigidos em língua estrangeira. Para as empresas detentoras de títulos de registo,

não existem quaisquer custos associados às alterações. A empresa terá de remeter o alvará que possui e

pagar a respectiva taxa de alteração sempre que as mesmas surtam na necessidade de emissão de novo

alvará, como é o caso da alteração da denominação social, da sede ou do domicílio, que, para 2009, é

taxado a 172€ e cada impresso do modelo InCI, I.P. custa 0,5€. As restantes alterações não têm custos

associados.

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54

4. ANÁLISE EMPÍRICA DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

DE ALVARÁ DE CONSTRUÇÃO

4.1. ÂMBITO

O capítulo anterior debruçou-se na análise detalhada de diversos aspectos sobre o ingresso e a

permanência na actividade da construção civil. Dentro dessa matéria, descreveram-se, inicialmente, as

noções gerais dos tópicos mais importantes que estão da base de toda a regulação. Posteriormente, deu-se

a conhecer toda a documentação e requisitos exigidos, em matéria legislativa, aos requerentes e ainda o

modo como cada procedimento é executado por parte do instituto regulador, relativamente aos Alvarás e

aos Títulos de Registo. Todavia, a orientação desta dissertação não se limita somente a compilar toda a

tramitação processual, referida anteriormente, mas visa ainda a recolha dos pontos de vista dos

requerentes. Segundo o InCI, I.P. foi realizado um inquérito de satisfação às empresas no mercado,

contudo até ao momento não se sabe ao certo a data em que os resultados virão a público. Assim sendo, a

matéria deste capítulo 4 incidirá numa análise estatística de dados recolhidos junto de algumas empresas

através de um inquérito realizado por iniciativa pessoal.

O objectivo principal da realização deste inquérito é dar a conhecer o ponto de vista de quem é regulado.

É crucial, para uma regulação apropriada, ir ao encontro das necessidades e dificuldades das pessoas a

quem o serviço é prestado. Também é intuito deste inquérito complementar algum valor à pesquisa

realizada no capítulo anterior, pelo facto de se poderem extrair conclusões úteis que impulsionem a

melhoria do sistema regulador. Através de uma análise empírica é possível tomar conhecimento das

opiniões, das sugestões, das reclamações e das dificuldades dos requerentes. A recolha do seu ponto de

vista é uma alavanca para a optimização do processo, na medida em que contribui para analisar os pontos

fracos a melhorar e os pontos fortes a explorar, do processo de ingresso.

No presente caso, optou-se por inquirir apenas as empresas que tivessem requerido alvará ao invés do

título de registo. Todavia, é um facto que o número de títulos de registo em 2008 (36.483) era superior ao

número de alvarás (24.400). Em termos dos procedimentos referentes ao ingresso e permanência, o alvará

de construção exige um nível superior de rigorosidade na avaliação de determinados critérios e também

demonstra ter procedimentos mais complexos na verificação dos requisitos. Por outras palavras, o grau

burocrático que lhe está associado é substancialmente maior, influenciando o andamento dos

procedimentos de forma diferente. Foi com o objectivo de analisar os procedimentos, à partida, mais

complexos, que se optou por inquirir empresas que tivessem requerido recentemente um alvará de

construção. Outra condicionante do inquérito foi a sua amostra incidir apenas no ingresso das empresas

na actividade da construção civil, excluindo-se a análise à sua permanência. O motivo desta escolha tem

base na “consistência” da análise. Ou seja, no caso da permanência as empresas, geralmente, necessitam

de cumprir os requisitos para terem o seu alvará revalidado por mais um ano, de forma a poderem

continuar habilitadas a exercer a sua actividade. Na altura das revalidações, é necessário proceder à

entrega da documentação exigida dentro do prazo estipulado. Comparando a carga burocrática, o ingresso

acarreta mais burocracia do que a revalidação anual. Portanto, a escolha foi mais uma vez, procurar o

procedimento mais complexo. Destaca-se ainda a intenção de avaliar o nível de complexidade do

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processo de iniciar actividade em Portugal, descobrindo “lacunas” para apontar trajectórias alternativas e

mais benéficas que promovam o investimento nacional.

Na amostra de empresas recolhida é importante referir os seguintes factos:

Foram contactadas 80 empresas das regiões Norte, Centro e Sul de Portugal Continental e dos

dois arquipélagos, Madeira e Açores. Destacam-se os distritos de Lisboa, Porto, Leiria,

Santarém, Viseu, Castelo Branco, Faro, Beja, Évora, Aveiro, Coimbra, Setúbal, Braga, Vila

Real, Guarda, Ilha Terceira, Ilha de S. Miguel e Ilha da Madeira;

Das 80 empresas, apenas 40 responderam efectivamente ao inquérito. A grande maioria das

empresas foi contactada por telefone, devido a ser um dos métodos com maiores taxas de

resposta e permitir um maior desenvolvimento das questões. Porém, comparativamente com a

realização de entrevistas pessoais, o método telefónico já apresenta desvantagens, como por

exemplo, a limitação da quantidade de informação e do detalhe na recolha de informação, uma

maior restrição ao nível de esclarecimentos adicionais e a impossibilidade de serem utilizados

meios auxiliares de apoio (gráficos, tabelas, figuras, fluxogramas). O tempo disponível

determinou a execução do inquérito por meio telefónico, dado a constituir uma alternativa

bastante mais célere. Assim, 36 empresas foram contactadas por telefone e apenas quatro

empresas preferiram responder ao inquérito através de correio electrónico;

A duração das entrevistas variou entre os seis e os vinte minutos, com uma média de quinze

minutos.

As empresas inquiridas foram seleccionadas por ordem de datas mais recentes de registo no

InCI, I.P. à data da realização do inquérito. Na prática a amostra de empresas ficou registada no

InCI, I.P. dentro do período de tempo de Junho a Outubro de 2009;

Apenas foram alvo de inquérito as empresas com alvará de construção nas classes 1, 2, 3 e 4.

Uma das razões pela escolha das empresas com classes mais baixas é o facto da disponibilidade

para responder ao inquérito ser maior devido à menor dimensão da empresa. Nestes casos, a

experiência mostrou, ser mais eficiente o contacto directo com a pessoa responsável pela

aquisição do Alvará de Construção. Outro factor de selecção destas classes é o facto de cerca de

87% das empresas registadas serem detentoras de alvará nas três primeiras classes, e, portanto, a

amostra recolhida representa elevada representatividade, dentro do conjunto das classes. Assim

as conclusões dos inquéritos enquadram-se mais no âmbito das empresas de menor dimensão.

Na verdade, deve-se salientar que uma empresa de classe 9 não terá a mesma perspectiva da

morosidade do processo nem as mesmas exigências burocráticas do que uma empresa de classe 1

ou 2. Para as classes inferiores, o processo, para além de ser mais rápido, é também menos

burocrático, por não exigir requisitos tão exigentes como nas classes superiores;

Através da plataforma de pesquisa de empresas do portal do InCI, I.P., foram obtidas

informações acerca das empresas, incluindo os seus contactos telefónicos e electrónicos. No

anexo 7 descrevem-se informações extra acerca das mesmas.

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56

Quanto à representatividade da análise empírica, é importante admitir-se que as 40 empresas inquiridas

representam 0,17% do total em estudo, cujo universo detém 22.920 empresas detentoras de alvará de

construção nas classes 1, 2, 3 e 4. Portanto, os resultados do inquérito estão muito longe de reflectir a

maioria da população, porém, é viável pensar que algumas empresas sigam uma tendência para

apresentarem opiniões semelhantes sobre os temas abordados. No que se refere à orientação legislativa,

como as empresas inquiridas ingressaram entre o mês de Junho ao mês de Outubro, a recolha de

informação é actual às exigências que as empresas enfrentam no dia-a-dia, à luz da actual legislação

(Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro). Por conseguinte, o objectivo é também o de escrutinar as

origens das eventuais falhas que possam existir no seio da regulação ao ingresso na actividade da

construção civil. Existem múltiplas origens possíveis de falhas que influenciam o sucesso ou insucesso do

desenvolvimento do procedimento de ingresso na actividade. As origens podem estar na própria

legislação, cujo conteúdo não se adequa ou cuja implementação é de difícil execução, também poderá

estar na forma como o instituto regulador estabelece as condições para o cumprimento dos critérios

legislativos, por exemplo o estabelecimento de prazos que impossibilitem o rápido andamento do

processo, a falta de informação sobre a legislação e o modo como os procedimentos se desenrolam podem

fomentar confusões por parte das empresas, ou, por último, devido a outros factores externos, como a

dependência em outras entidades para a aquisição dos elementos necessários a integrar no requerimento

de ingresso.

A estrutura e o conteúdo do inquérito tiveram como objectivo tornar o inquérito o mais simples possível

concentrando-se em aspectos-chave, descritos em 4.2., para avaliar a opinião dos inquiridos.

4.2. ESTRUTURA DO INQUÉRITO

O inquérito é constituído por seis perguntas, sendo a última de resposta aberta. Para acrescentar valor ao

inquérito, foram sempre colocadas questões adicionais no final de cada pergunta, com o intuito de

aprofundar e desenvolver mais a participação dos inquiridos. O inquérito, na sua globalidade, tentou focar

diferentes aspectos-chave associados ao processo de aquisição de Alvará, designadamente a morosidade,

a burocracia, o atendimento na prestação de esclarecimentos do InCI, I.P., o grau de dificuldade e a

onerosidade do processo. Um dos objectivos era realizar um inquérito simples, não muito exaustivo e

portanto seleccionaram-se seis perguntas directas que avaliassem determinados temas. A selecção desses

temas tentou abarcar o máximo de informações características do desenvolvimento do processo. Alguns

desses temas vêm na continuação de determinados conteúdos já estudados no capítulo anterior, como é o

caso da parte burocrática, a prestação de atendimento do InCI, I.P. e os custos financeiros na aquisição de

alvará. A morosidade é de facto um tema importante pois reflecte o tempo de espera associado ao

processo, o que traduz o grau de facilidade/rapidez do ingresso. A burocracia, por outro lado, analisa a

carga documental, prevista na lei, exigida aos requerentes de alvará. No âmbito do instituto regulador,

analisa-se a opinião das empresas relativamente ao atendimento prestado no decurso do processo de

ingresso. Outro aspecto considerado foi o grau de dificuldade que as empresas atribuem ao processo,

através do qual se pode determinar em que nível de dificuldade se encontra o ingresso, para

posteriormente se discutirem soluções. Os encargos financeiros completam o rol dos aspectos em estudo.

É um facto que a aquisição do alvará consiste num investimento inicial e, por conseguinte, pretende-se

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avaliar a adequabilidade do preço que se paga comparativamente com o que se obtém, em termos de

habilitações. Quanto à última pergunta de resposta aberta, esta permite ao inquirido contribuir com

propostas de melhoria pessoais que visem uma optimização do processo de ingresso. O inquérito limita-se

assim aos aspectos-chave já referidos anteriormente, contudo, poder-se-ia ter aprofundado mais cada tema

ou até introduzir novos temas para análise.

O inquérito foi apresentado da seguinte forma:

1. Como classifica o processo de aquisição de Alvará de Construção em termos de morosidade?

Muito moroso

Pouco moroso

Rápido

Muito rápido

Normal/Indiferente

Quanto tempo aproximadamente demorou a emissão final do Alvará de Construção?

2. Como classifica o processo de ingresso na actividade em termos de exigências burocráticas?

Muito burocrático

Algo Burocrático

Simplificado

Muito simplificado

Normal/Indiferente

Existe algum documento específico ou algum requisito que queira salientar ter demonstrado especial

burocracia?

3. Como descreve o conjunto de instruções e informações que foram cedidas pelo InCI antes de

todo o processo de ingresso se desenrolar?

3.1. As informações cedidas pelo InCI, I.P. foram claras e perceptíveis? (Sim/Não/Indiferente)

3.2. As informações cedidas pelo InCI, I.P. estavam completas? (Sim/Não/Indiferente)

3.3. As informações cedidas pelo InCI, I.P. tiveram um encadeamento correcto? (Sim/Não/Indiferente)

A que tipo de informações se refere (prazos, documentação exigida, taxas, etc.)?

4. Qual o grau de dificuldade que atribui ao processo de ingresso?

Muitas dificuldades

Algumas dificuldades

Poucas dificuldades

Nenhumas dificuldades

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Normal/Indiferente

Recorda-se de alguma dificuldade em particular que tenha atravessado durante o seu processo?

5. Como classifica em termos de encargos financeiros o processo de ingresso?

Muito dispendioso

Dispendioso

Pouco dispendioso

Nada dispendioso

Normal/Indiferente

Quanto é que despendeu com todo o processo?

6. Existe alguma recomendação que gostaria de ver aplicada durante a evolução do processo de

forma a optimizá-lo?

4.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este subcapítulo divide-se pelo número de perguntas do inquérito. Os resultados apurados em cada

pergunta serão apresentados com o auxílio de gráficos e, complementarmente, focar-se-ão as opiniões

expressas pelos inquiridos, relativamente a cada uma das perguntas. No anexo 7 apresenta-se um quadro

síntese com algumas informações acerca das empresas entrevistadas.

1. Como classifica o processo de aquisição de Alvará de Construção em termos de morosidade?

Referente a esta questão, apresentam-se, na figura 8, os resultados obtidos.

Figura 8 – Percentagem das Classificações do processo de aquisição de Alvará de construção em termos de

morosidade.

Quanto à morosidade do processo de ingresso, as opiniões são maioritariamente consensuais ao

afirmarem que o tempo de espera pelo Alvará conduz a custos iniciais e, portanto, constitui um factor

penalizador. Deste modo, para a maioria das empresas, constitui sempre um investimento no período

inicial em que tem de aguardar pelo Alvará sem poder executar trabalhos. Quanto maior for o tempo de

17,5%

37,5%30,0%

0,0%15,0% Muito Moroso

Moroso

Rápido

Muito Rápido

Normal

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espera, mais tarde começará a receber o retorno desse investimento. Aliás, no actual panorama de crise

económica, as empresas afirmam que a procura dos serviços reduziram e, consequentemente, mais difícil

é ter um retorno rápido.

Abordando mais concretamente a morosidade, é difícil concluir ao certo o período que as empresas

esperam pelo Alvará consoante a classe, dado a amostra inquirida ter demonstrado muita aleatoriedade de

resposta e, portanto, poderá falsear qualquer conclusão. Dentro da mesma classe houve períodos de espera

muito distintos que variavam entre um mês e seis meses, havendo uma maior concentração entre 1 a 2

meses de espera.

Houve casos de empresas cujo tempo de espera foi até aos seis meses devido ao surgimento de

determinados problemas no decurso do processo, como, por exemplo, a caducidade do registo criminal

dentro das instalações do InCI, I.P.. Contudo, devido à dimensão da amostra na totalidade de empresas no

mercado, não se pode concluir se esses casos representam ou não a maioria. Segundo o InCI, I.P., os

Alvarás da classe um exigem menos burocracia mas, por serem requeridos em maior número, nem sempre

são processos mais rápidos. Por outro lado, os Alvarás de classe superior à um vão aumentando as suas

exigências burocráticas e são avaliados em CCEC enquanto que os de classe um são avaliados

internamente pelo InCI, I.P.. O que, à partida, se poderá concluir é que, nos casos em que as empresas

entreguem toda a documentação correctamente, a emissão do Alvará é executada entre um a dois meses,

no máximo. Se, porventura, a documentação não foi entregue em conformidade com o solicitado, devido

a falhas por parte da própria empresa, ou se o andamento do processo não cumprir com os prazos legais,

devido a falhas por parte do InCI, I.P., é natural que a morosidade se eleve para os três ou os seis meses

de espera, consoante a gravidade das falhas.

Em termos de legislação, o Decreto-Lei 12/2004 de 9 de Janeiro no seu artigo 22.º indica que o InCI, I.P.

deve notificar o requerente a apresentar informações que considere necessárias à apreciação do processo,

no prazo máximo de 30 dias. Após o processo esteja completo, o InCI, I.P. tem um prazo máximo de 66

dias para notificar a empresa da sua decisão e emitir a guia de pagamento. A decisão final é revelada no

prazo máximo de 10 dias a contar da data de pagamento, com conhecimento do InCI, I.P.. Porém, houve

uma situação detectada em que a empresa só foi notificada que faltavam documentos após os 66 dias em

vez dos 30 dias.

Foi ainda referido que a morosidade do processo dependia da época do ano em que se requeria o alvará.

Por exemplo, em épocas de revalidações, que se prolongam desde 31 de Julho até 31 de Dezembro, é

mais moroso o processo de ingresso, segundo um dos inquiridos. É de salientar que nem sempre a

morosidade do processo se deve ao InCI, I.P. mas antes a falhas internas das próprias empresas.

Alguns inquiridos, que no passado já tinham requerido Alvará em nome de outras empresas, confessam

que houve melhorias no sistema de ingresso ao longo dos anos. Segundo fonte do InCI, I.P.12

, tanto do

processo de ingresso como no processo de reclassificação de alvarás e na revalidação do título de registo,

12 Sempre que haja a seguinte referência no texto “segundo fonte do InCI, I.P.” esta consiste numa fonte de

informação proveniente de uma colaboradora do Departamento de Qualificação do InCI, I.P., no contexto de

sucessivas entrevistas que foram realizadas. A entrevista serviu para recolher informações factuais, que estavam

unicamente na posse do InCI, I.P..

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apontaram-se reduções ao nível da morosidade dos processos entre os anos de 2007 e 2008. O quadro 24

apresenta essas reduções.

Quadro 24 – Redução média percentual da duração de três processos, entre 2007 e 2008.13

Processo Duração média do processo (dias) Redução média

(%) 2007 2008

Alvará – Ingresso 110 73 34,0

Alvará – Reclassificação 123 77 37,4

Título de Registo – Revalidação 41 13 68,3

2. Como classifica o processo de ingresso na actividade em termos de exigências burocráticas?

Referente a esta questão, apresentam-se, na figura 9, os resultados obtidos.

Figura 9 – Percentagem das Classificações do processo de ingresso na actividade em termos de exigências

burocráticas.

Alguns inquiridos referiram que o InCI, I.P. deveria recolher mais informação junto de outras entidades

estatais, de forma a reduzir a burocracia. Houve quem verifica-se melhorias no sistema em termos de

desburocratização, especialmente com a nova forma de se efectuar a revalidação para o ano de 2010.

Relativamente à figura 9, constata-se que cerca de 20% das empresas reclamam a exagerada carga

burocrática, enquanto 22,5% afirmam que a burocracia exigida está ajustada ao que é razoável para se

executar uma correcta avaliação das empresas. Defendem ainda que o processo de ingresso tem de ser

avaliado com rigor e acrescentam ainda que denotam uma “agilidade burocrática crescente” com a

introdução de tecnologias electrónicas. Acerca dos documentos e/ou requisitos que lhes eram exigidos

cumprir, as empresas destacaram, principalmente, as exigências com o engenheiro técnico,

nomeadamente a certidão da ANET e os certificados que tinha de possuir pela CENFIC ou CICCOPN, a

apólice de seguros, quanto à morosidade e ao âmbito dos termos da designação social “construção”, o

preenchimento do IES e o registo criminal dos sócios da empresa.

13 Dados cedidos por uma fonte do InCI, I.P..

20,0%

55,0%

22,5%

0% 2,5%

Muito Burocrático

Algo Burocrático

Simplificado

Muito Simplificado

Normal

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3. Como descreve o conjunto de instruções e informações que foram cedidas pelo InCI, I.P. antes

de todo o processo de ingresso se desenrolar?

A terceira pergunta tem a intenção de avaliar o atendimento prestado pelo InCI, I.P. e, assim sendo, foi

questionado o modo como as informações tinham sido expostas, quanto à sua clareza, encadeamento e se

as mesmas estavam completas. Questionaram-se os inquiridos três vezes da seguinte forma, “As

informações cedidas pelo InCI, I.P. foram claras e perceptíveis?”, “As informações cedidas pelo InCI, I.P.

estavam completas?” e “As informações cedidas pelo InCI, I.P. tiveram um encadeamento correcto?”. As

respostas a cada uma das três perguntas variam entre o “Sim”, o “Não” e o “Indiferente” e apresentam-se

na figura 10.

Figura 10 - Percentagem das Classificações do processo de ingresso na actividade em termos da qualidade do

atendimento.

A grande maioria dos inquiridos concordou que o atendimento em termos de prestação de informação

estava adequado às suas necessidades. Contudo, registaram-se muitas queixas em relação ao contacto

telefónico ser bastante difícil de estabelecer, o que, na maioria das vezes, obrigava a uma deslocação

pessoal ao InCI, I.P.. O contacto por correio electrónico também mereceu reclamações. Alguns

inquiridos referiram que por vezes ocorriam contradições no esclarecimento de dúvidas e que a

informação constante no portal não estava tão completa quanto a que obtinham no conjunto de folhas do

atendimento ao público. Contudo, à que salvaguardar que no portal estão presentes todas as hiperligações

às matérias legislativas relacionadas com a regulação do sector, que contêm todas as informações

necessárias aos interessados.

78%

20%

2%

73%

25%

3%

80%

18%

2%

As informações cedidas pelo InCI, I.P.

foram claras e perceptíveis?

As informações cedidas pelo InCI, I.P.

estavam completas?

As informações cedidas pelo InCI, I.P.

tiveram um encadeamento correcto?

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4. Qual o grau de dificuldade que atribui ao processo de ingresso?

Referente a esta questão, apresentam-se, na figura 11, os resultados obtidos.

Figura 11 - Percentagem das Classificações do processo de ingresso na actividade em termos de dificuldades

encontradas.

Para além das dificuldades sentidas no esclarecimento por via telefónica/correio electrónico e na

apresentação de alguma documentação, já referidas nas questões anteriores, as empresas exprimiram

dificuldades também no que respeita ao início do processo de ingresso via portal do InCI, I.P.. Algumas

empresas demonstraram não ter sido bem sucedidas na anexação da documentação via portal para

ingressarem na actividade de forma mais desmaterializada. Para uma empresa poder ter acesso ao portal

do InCI, I.P., necessita de introduzir um login e uma senha, que têm de ser solicitados por correio

electrónico ao InCI, I.P. e fornecidos até oito dias após o pedido. Algumas empresas reclamaram do longo

tempo de espera pela senha de acesso ao portal.

Outra dificuldade apontada é o reduzido número de delegações do InCI, I.P. onde as empresas se podem

dirigir para se informarem. Por vezes, as empresas vêm-se obrigadas a deslocarem-se às delegações mais

próximas devido ao ineficiente atendimento telefónico.

Com base nos resultados da figura 11, 17,5% das empresas inquiridas afirmam que não tiveram

dificuldades e cerca de 30% afirmam que tiveram poucas dificuldades. Em alguns destes casos, o

tratamento do processo de ingresso foi delegado a associações empresariais,14

que celebram com o InCI,

I.P. um acordo de cooperação na organização e tratamento de processos. Estas associações têm

legitimidade e competência para receber dos seus associados a documentação necessária à verificação das

condições exigidas para a concessão de alvará ou título de registo, organizá-los sob a forma de processo

de classificação ou reclassificação, verificar a conformidade dos mesmos com os modelos legais, e a

remeter os processos assim organizados para o InCI, I.P.. Em outros casos, eram os departamentos de

contabilidade que estavam responsáveis pela aquisição dos Alvarás das empresas. Portanto, como é

natural, as empresas nestas condições não apontam dificuldades no processo de ingresso, dado terem

delegado a outras entidades, mais conscientes das matérias legislativas, essa competência.

14 AECOPS, AICCOPN, ARICOP, AIMMAP, APIEE, ANEOP, APIRAC, AICOPA, ASSICOM, APCMC e

ANIMEE.

10,0%

42,5%30,0%

17,5%

0,0% Muitas Dificuldades

Algumas Dificuldades

Poucas Dificuldades

Nenhumas

Dificuldades

Normal

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63

5. Como classifica o processo de ingresso em termos de encargos financeiros?

Referente a esta questão, apresentam-se, na figura 12, os resultados obtidos.

Figura 12 - Percentagem das Classificações do processo de ingresso na actividade em termos de encargos

financeiros.

Segundo a figura 12, cerca de 60% das empresas consideram que o pagamento para a obtenção de Alvará

é dispendioso ou muito dispendioso. Algumas sugerem que se reduzam os valores das habilitações,

categorias e subcategorias. A Portaria 15/2004, de 10 de Janeiro, estabelece as taxas relativas aos

procedimentos administrativos previstos no Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, como por exemplo

as emissões, substituições ou revalidações de títulos habilitantes e emissões de certidões. No anexo 6

expõe-se a tabela que define o valor das taxas em função do procedimento, por ponderação do número de

habilitações, das suas classes e pela parcela do índice 100. Foi referido que o preço a pagar pelo Alvará

deveria ter em conta o tempo de validade do mesmo, porque uma empresa que requeira Alvará a meio do

ano, cuja validade termina no final do ano, paga o preço total de um Alvará com validade de um ano

inteiro. Por último, foi proferido que o pagamento em dobro da taxa para emissão do Alvará, no prazo de

dez dias a contar do termo do prazo para pagamento da taxa, constituía um valor muito desproporcionado

e exagerado (artigo 113.º do CPA).

6. Existe alguma recomendação que gostaria de ver aplicada durante a evolução do processo de

forma a optimizá-lo?

As respostas foram as seguintes:

Mais delegações do InCI, I.P. pelo país

O atendimento ao público existe, no total, em quatro sítios: na sede principal situada em Lisboa e em três

Lojas do Cidadão em Aveiro, Viseu e Braga. Na sede principal do InCI, I.P. em Lisboa e na Madeira

estão presentes delegações do núcleo inspectivo, cujo único objectivo é a realização de inspecções.

Melhoria do atendimento ao público, atendimento por telefone, fax e correio electrónico no InCI, I.P.

Segundo fonte do InCI, I.P., o atendimento ao público é formado por 12 colaboradores que se dividem em

quatro grupos de três por cada Loja do Cidadão e sede do InCI, I.P. em Lisboa. A sede principal do

instituto regulador conta com apenas duas pessoas no serviço de atendimento telefónico mais uma

17,5%

42,5%15,0%

0,0%

25,0%

Muito Dispendioso

Dispendioso

Pouco Dispendioso

Nada Dispendioso

Indiferente

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telefonista que atende os telefonemas realizados para o número geral e direcciona-os para o atendimento

telefónico ou para outros departamentos do instituto. As empresas expressam “dificuldades em passar da

telefonista e falar com as pessoas, que estão mais a par dos processos, para saberem ao certo o andamento

do seu processo”. Existem faxes por cada piso no InCI, I.P., mas não se registaram comentários em

relação à taxa de resposta por este meio de comunicação. Quanto ao serviço electrónico existe um

endereço de correio electrónico geral gerido por uma pessoa que encaminha os assuntos para os endereços

de correio electrónico dos departamentos relacionados. Algumas empresas demonstraram insatisfação

face à recepção de resposta aos seus correios electrónicos.

Maior interligação com outras entidades estatais para transmissão de dados

O InCI, I.P. possui dois protocolos com duas entidades estatais. Uma com o Ministério da Justiça e outro,

mais recente, com a DGITA. Este protocolo admite a consulta, por parte do InCI, I.P., de dados

societários das empresas, desde que elas concedam o acesso através do portal da Justiça. Admite também

o descarregamento directo de informação contabilística, como por exemplo o IES, através da DGITA,

com o número de contribuinte e a senha de acesso da empresa. Portanto, o InCI, I.P. nunca pode aceder

aos dados de uma empresa sem o consentimento da mesma.

Está a ser avaliado pelo InCI, de entre as prioridades, qual a próxima entidade a interligar com o sistema

informático do InCI, tendo como objectivo a desburocratização e agilização de todo os procedimentos.

Está em estudo um protocolo com o Instituto dos Registos e do Notariado e com o Instituto das

Tecnologias de Informação na Justiça, que visa o acesso aos dados do Registo Comercial, que possibilita

a dispensa de apresentação, por parte das empresas, da respectiva certidão. Da mesma forma é intenção

do Instituto promover com a Segurança Social um protocolo que permita a recolha directa dos dados

referentes ao quadro de pessoal das empresas de construção. É de salientar a contribuição que a

introdução de protocolos que visem a desmaterialização dos procedimentos tem na redução do tempo

médio de espera pelo Alvará.

Maior número de reuniões mensais no InCI, I.P. para apreciação dos processos

Outro factor que condiciona a morosidade do processo, apontado pelos inquiridos, é a realização de

apenas uma reunião mensal no InCI, I.P. para discussão e apreciação dos processos. Assim, foi sugerido o

aumento do número de reuniões por mês para que a apreciação dos processos fosse mais rápida. Na

verdade, existe uma reunião da CCEC por mês que é um órgão consultivo que se pronuncia sobre os

critérios de avaliação das empresas, sobre os pedidos de emissão de alvará para classes superiores à

primeira, com excepção de pedidos de redução de classe ou cancelamento e pronuncia-se ainda sobre os

pedidos e assuntos que o presidente do conselho directivo lhe submeta. As comissões são coordenadas

pelo presidente do conselho directivo do InCI, I.P., sem direito a voto, e representantes dos serviços das

administrações central e regional, das autarquias, de institutos públicos, de associações de empresas de

obras públicas, construção civil e de materiais de construção e outros organismos importantes no sector.

A convite do presidente podem assistir às reuniões representantes de entidades externas e trabalhadores

do InCI, I.P., sem direito a voto (artigos 8.º e 9.º do Decreto-Lei 144/2007 de 27 de Abril). Os diferentes

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membros representativos da reunião pertencem a regiões distintas do país, o que impossibilita uma maior

frequência das ditas reuniões por mês. Segundo fonte do InCI, I.P., as reuniões mensais abrangem cerca

de 90% dos processos, o que em média corresponde a 170 a 200 processos que são aprovados ou alvos de

notificações às empresas.

O preço da aquisição do Alvará deveria ser reduzido e depender do período de tempo em que é válido

O Alvará, consoante as categorias e subcategorias e as classes respectivas que sejam requeridas, tem um

custo que é independente da altura do ano em que se requeira. Por conseguinte, duas empresas que

obtenham um alvará idêntico, com datas de validade diferentes (ou seja em alturas do ano diferentes)

pagam exactamente o mesmo. Segundo informação recolhida no InCI, I.P., a justificação para este facto é

que os pagamentos feitos pela empresa são para cobrir os custos de operação, por outras palavras são os

custos que mobilizam os meios para se emitir o Alvará.

Existência de uma licença provisória para o exercício da actividade

Para contrariar os custos iniciais de contratação que as empresas possuem enquanto aguardam o recepção

do alvará, foi sugerido que existisse uma licença provisória autorizada pelo InCI, I.P.. Esta licença

serviria apenas para o período em que decorre o processo de ingresso, e permitiria a empresa exercer

trabalhos e assim poder cobrir os custos iniciais. Contudo, segundo informação de uma fonte do InCI,

I.P., é possível as empresas não acumularem custos na fase inicial quando aguardam o Alvará de

Construção. Para ingressarem na actividade apenas têm de proceder à admissão do pessoal e somente

aquando da abertura do processo é que terão de comprovar que admitiram na prática o pessoal que

referiram, com declarações de remunerações apresentadas na Segurança Social. A admissão inicial de

pessoal comunicada ao InCI, I.P. pode ser feita com 30 dias de antecedência à data da inscrição dos

técnicos na Segurança Social. Junto do InCI, I.P. deve-se apresentar a respectiva declaração da Segurança

Social, para deferimento do processo de ingresso. Assim, os custos de contratação ficam adiados.

Melhor exploração do portal da internet do InCI, I.P.

Alguns inquiridos acederam ao portal para procederem à anexação da documentação obrigatória para

poder dar início ao processo. Contudo, manifestaram incompreensão por não ter sido possível iniciar o

processo por meio electrónico e lhes ter sido solicitado a entrega em mão dos documentos. Ora o que

acontecia em certos casos, segundo fonte do InCI, I.P., era que durante a anexação dos documentos, o

pedido de ingresso ficava pendente sem razão aparente. Segundo o InCI, I.P., esta situação deve-se à

limitação da memória do ficheiro para a anexação da documentação, no portal. Sempre que era excedida a

capacidade de memória de 2Mb do ficheiro, cessava a continuação do pedido. Posteriormente, as

empresas conseguiam ver o pedido pendente registado no portal, mas sem aceder aos documentos que

tinham sido anexos. Também não conseguiam cancelar nem efectuar mais alterações. Posto isto, o InCI,

I.P. enviava um convite a entregar novamente a documentação. A causa do processo ficar pendente

através do portal, deve-se ao excesso de informação não solicitada que as empresas anexam. O InCI, I.P.

apenas requer que as empresas apresentem as primeiras seis páginas do IES (Informação Empresarial

Simplificada), dado que é um documento bastante longo. Desta forma, no portal a limitação para a

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anexação de documentos é de 2 Mb e estes têm de ser compactados em ficheiro único. Contudo, segundo

fonte do InCI do departamento informático15

, está em curso um projecto de análise das necessidades de

optimização do sistema informático de forma a simplificar e integrar outros procedimentos.

Prever antecipadamente soluções em casos onde a lei não se consegue aplicar

Ao longo do inquérito realizado, deparou-se com uma situação de lacuna entre a legislação e a prática

corrente. Uma empresa da área das telecomunicações e energias ao ser inquirida, levantou como principal

dificuldade a aquisição dos certificados dos técnicos que os habilitam a realizar projectos ITUR (Infra-

estruturas de Telecomunicações em Edifícios). No Decreto-lei 78/2009 no artigo 37.º refere: “ (…) a) Os

engenheiros e engenheiros técnicos inscritos em associações públicas de natureza profissional que os

considerem habilitados para o efeito; b) Os detentores de certificação de curso técnico-profissional, com

módulos ITUR, com número de horas e conteúdos idênticos aos previstos para a formação habilitante;

(…) As associações públicas de natureza profissional referidas na alínea a) do número anterior devem

disponibilizar ao ICP-ANACOM, nos termos a acordar, informação relativa aos técnicos que consideram

habilitados para realizar projectos ITUR. (…)” O problema é que não existem associações públicas de

natureza profissional com competência para homologar os certificados ITUR. Assim, as empresas

sentem-se incapacitadas para competir mais além nesta área das telecomunicações, devido a uma

incompatibilidade da lei com a realidade.

Destacam-se ainda dois pontos fracos inerentes a este inquérito. O primeiro é a falta de precisão em

determinar critérios quantitativos em relação aos temas abordados. Seria necessária a aquisição de

experiência no ingresso à actividade da construção civil de forma a ter sensibilidade para quantificar a

morosidade, a burocracia, entre outros aspectos do ingresso. O segundo consiste na indefinição do grau de

confiança e precisão dos resultados, pois em alguns casos a pessoa inquirida tinha dúvidas em relação à

escolha da resposta por não ter estado presente totalmente no processo de ingresso. Houve ainda 4 casos

de empresas que remeteram todo o processo para as associações empresariais, não enfrentando as reais

condições sujeitas ao desenrolar do mesmo.

15 A fonte considerada consiste numa entrevista com uma colaboradora do InCI, I.P. do departamento informático. A

entrevista serviu para recolher informações factuais, que estavam unicamente na posse do InCI, I.P..

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. SÍNTESE CONCLUSIVA

O tema da regulação do mercado da construção civil não tem sido objecto de muitos trabalhos de

investigação em Portugal. Por um lado, esta realidade poderá constituir uma vantagem dado que

acrescenta importância ao trabalho aqui desenvolvido, servindo de chamada de atenção a questões que

podem e devem ser mais esmiuçadas. Por outro lado, tornou-se uma investigação mais difícil devido à

escassez de dissertações, publicações, relatórios, artigos e outros elementos literários acerca desta

matéria.

Ao longo de todo o trabalho foram reunidas muitas informações relativas à regulação do acesso e da

permanência das empresas no mercado da construção civil, com o intuito de dar mais a conhecer de como

se desenrolam os trâmites processuais e estudar o seu impacto na evolução das empresas portuguesas.

Pela razão já enunciada, esta dissertação não tem por base uma pesquisa alargada em literatura publicada,

mas antes em documentos recolhidos em diversas páginas electrónicas das instituições envolvidas, directa

ou indirectamente, na regulação do mercado da construção, na compilação de matérias legislativas e

através de diversas entrevistas com pessoas ligadas à regulamentação no InCI, I.P. e associações

empresariais (AECOPS e AICCOPN). Antes de se extraírem as conclusões finais desta dissertação é

essencial realçar que a esfera reguladora é muito complexa e abrangente na medida em que participam

muitas entidades estatais e privadas. A burocracia que visa o rigor da qualificação das empresas e os

direitos e os deveres de cada entidade, são matérias densas que exigem um conhecimento claro da

legislação corrente. Assim, para se poderem tirar ilações adequadas acerca de uma temática tão

diversificada é necessário adquirir uma pesquisa bibliográfica consistente alicerçada por um

conhecimento profundo do sistema regulador. Esta segunda componente, que se adquire da experiência

laboral no sistema, permite a ampla compreensão de todos os pontos fortes fracos, que de forma mais

directa, ou menos, afectam o bom funcionamento do sistema regulador.

A síntese conclusiva irá recair, primeiramente, na análise feita aos dois sistemas reguladores existente em

Espanha e na França. Da abordagem aos sistemas espanhol e francês, pode-se concluir que as bases da

regulação aproximam-se no caso português. No reconhecimento de habilitações às empresas é exigida a

comprovação de características transversais aos três sistemas, como a idoneidade comercial e os

requisitos económicos, financeiros, técnicos e preventivos, em matérias ambientais e de segurança. Por

outro lado, esta abordagem, pela difícil pesquisa de informação que envolveu, resultou num conteúdo

generalista do funcionamento de cada sistema. Este facto impossibilita uma profunda comparação que

conduza à obtenção de conclusões de qual o melhor sistema ao nível da regulação do ingresso e da

permanência na actividade da construção civil.

No caso espanhol, existe o Registo de Empresas Acreditadas (REA) que regula a entrada e a permanência

das empresas que exercem a sua actividade em território espanhol. As competências da REA são idênticas

às do InCI, I.P., contudo, os critérios usados são menos específicos do que os usados em Portugal. Quanto

à capacidade técnica, a legislação espanhola prevê as obrigações e responsabilidades de cada um dos

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agentes intervenientes na construção e distingue ainda por categoria profissional os tipos de obras que

cada profissional está apto a desempenhar.

O sistema regulador francês, gerido pela Qualibat, apresenta algumas semelhanças no que diz respeito ao

tipo de documentação que exige às empresas e também em certos procedimentos implementados, como o

controlo anual exercido às empresas (revalidação anual). Quanto à classificação das empresas, a Qualibat

possui uma nomenclatura completamente distinta e o comprovativo de validação das habilitações das

empresas é materializado, assim como acontece em Portugal com o alvará ou com o título de registo.

No que respeita a restante dissertação, de forma a clarificar a organização das conclusões será descrito um

conjunto de pontos positivos da regulação actual e, seguidamente, serão listadas algumas conclusões

acompanhadas de propostas de melhoria.

Os pontos positivos são ordenados, aleatoriamente, e importam reforçar as suas mais-valias.

As alternativas existentes aos engenheiros e engenheiros técnicos no quadro de pessoal da empresa

para as classes mais baixas, que gera oportunidades de emprego para a população que esteja certificada

com CAP;

A descida de ambos os indicadores económico e financeiros da autonomia financeira (15 para 10%) e

da liquidez geral (115 para 105%), foi uma medida de apoio às empresas numa altura de grave crise;

A simplificação perspectivada para a revalidação 2010, pela dispensa do IES no InCI, I.P.;

O “Título de Registo na Hora” é um incentivo às empresas na medida em que podem começar a

actividade mais rapidamente;

A avaliação dos resultados económicos e financeiros ser efectuada com base no melhor desempenho

registado entre o exercício do ano anterior ou da média dos três últimos anos, é uma medida que favorece

as empresas e as protege de resultados ímpares que porventura ocorram num dos anos da sua actividade;

Acordos de Cooperação com Associações Empresariais do Sector da Construção, que apoiam as

empresas em questões jurídicas no acesso e permanência na actividade;

Registo de informações sobre as empresas que incluem os seus historiais, com todos os pedidos

efectuados ao InCI, I.P., e registo de todas as sanções e ocorrências aplicadas às mesmas. É também um

meio útil para efeitos de avaliação da experiência das empresas.

De forma a tornar a exposição das conclusões a mais clara possível, a síntese conclusiva divide-se por

tópicos, onde se resumem as principais ilações e propõe-se soluções para discussão e análise futura, que

foram partilhados com representantes do Departamento de Qualificação e do Gabinete de Sistemas de

Informação do InCI, I.P.. Antes de se descreverem as conclusões, é essencial ter em conta que, por vezes,

as mesmas têm por base elementos recolhidos na análise empírica (capítulo 4) e, portanto, a qualidade e a

representatividade da amostra recolhida influenciam directamente a validação das conclusões e das

propostas realizadas neste último capítulo. Posto isto, são apresentam-se de seguida as conclusões:

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Conclusão I: Agilizar em termos burocráticos os trâmites processuais

Actualmente, as formas de se regular e de negociar têm-se tornado cada vez mais electrónicas, e

consequentemente desmaterializadas, pois demonstram ser soluções que economizam tempo e custos para

as empresas. Se as empresas querem competir ao nível do mercado internacional ainda mais fulcral é o

desenvolvimento de mecanismos de automatização que substituam a pesada burocracia. Nesta

perspectiva, o investimento na exploração de um sistema informático serve como alavanca para a

optimização da regulação.

Segundo fonte do InCI, I.P., actualmente já em progresso um protocolo com a DGITA e DGCI que

permitirá dispensar a entrega do IES, por parte das empresas. Este protocolo será testado pela primeira

vez na revalidação 2010 e é do interesse do InCI, I.P. abranger os processos de ingresso e reclassificação

pelo protocolo. Os dados societários da empresa podem ser cedidos ao InCI, I.P. com a autorização as

empresas, que podem disponibilizar a sua palavra-chave do portal do Ministério da Justiça.

Propostas:

Uma das sugestões que merece todo o investimento do InCI, I.P. é a aposta na transmissão de dados

entre instituições para diminuir a carga burocrática às empresas. Na realidade, segundo fonte do InCI,

I.P., já estão perspectivados futuros protocolos com entidades estatais como a Segurança Social, que

permite a recolha directa dos dados referentes ao quadro de pessoal das empresas de construção, com o

Instituto dos Registos e do Notariado e com o Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça, que

possibilita a dispensa de apresentação, por parte das empresas, da respectiva certidão;

Como já existe a hipótese de “Título de Registo na Hora”, podia-se apostar no “Alvará na Hora” para

alguns casos. Com o intuito de tornar a aquisição de alvarás de classes mais baixas (até à classe 3) mais

rápido, preconiza-se a isenção da sujeição às reuniões da CCEC. Esta ideia discutida com técnicos do

InCI, I.P. já tinha sido ponderada pelos mesmos, contudo o que seria possível era a “guia de pagamento

da taxa final na hora”, pois sem isso não é possível dar andamento ao processo para emissão do Alvará

em imprensa nacional. Todavia, poderia ser conferido à empresa uma licença provisória de construção,

enquanto esta espera pelo Alvará, dado que isso não depende da satisfação dos requisitos mas sim da

existência de pagamento. Para a emissão dos alvarás das classes mais baixas, da 1 até à 3, serem mais

rápidos, poderiam passar a ser emitidas pelo InCI, I.P.;

Outra proposta discutida foi a desmaterialização dos títulos habilitantes que possibilitaria poupanças

significativas em termos de despesas com papel, envios postais, taxas referentes aos procedimentos

administrativos, envios postais dos respectivos títulos, entre outras poupanças indirectas provenientes da

diminuição da morosidade na obtenção do título habilitante. Esta solução levanta, desde logo, uma

incompatibilidade legislativa, pois está previsto no Decreto – Lei a emissão do Alvará e do Título de

Registo. Outra questão que se coloca é a defesa da segurança. Se a desmaterialização fosse adoptada,

então os títulos habilitantes teriam de estar expostos electronicamente para a empresa fazer prova da sua

veracidade. Contudo, esta solução teria de ser precavida e planeada com mecanismo de segurança que

evitassem a tentativa de proliferação de falsificações dos respectivos títulos.

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Conclusão II: Apetrechamento com mecanismos de optimização do serviço prestado aos utilizadores, no

Portal do InCI, I.P.

O portal do InCI, I.P. é, sem dúvida, uma ferramenta utilíssima na regulação do sector, porque permite

reunir num só sítio um conjunto diversificado de informações referentes à actividade da construção. Para

além de orientar as empresas nos diferentes processos, descrevem no que consistem as condições de

ingresso e permanência na actividade e os prazos e custos associados, expõem factos da sua lei orgânica e

da sua evolução histórica, também fornecem uma série de informações extra relativas a eventos

agendados, notícias e iniciativas impulsionadas pelo InCI, I.P., um campo onde se podem deixar queixas,

entre outros. A consulta da legislação é feita, de forma mais prática, por uma plataforma de procura e o

cálculo das taxas está automatizado por um simulador de taxas.

Propostas:

Na secção “Perguntas e Respostas - Construção” o InCI, I.P. procura ir de encontro às dúvidas mais

proeminentes das empresas. Na linha de complementar este serviço é sugerida a criação de um fórum,

devidamente regulado por técnicos do InCI, I.P., que consistisse num espaço de exposição de dúvidas e

respectivos esclarecimentos. A maior vantagem seria uma grande quantidade de informação

disponibilizada publicamente e de forma electrónica. Também de poderia integrar um espaço para

sugestões de melhoria para os utilizadores ou mesmo promover discussões sobre novas ou antigas

legislações, actuais, na secção do portal InCI, I.P. “Legislação”, assim como de cenários actuais presentes

na secção “Notícias”;

Outra proposta que assumo ser aliada de um melhor atendimento ao público via indirecta, ou seja sem

ser por atendimento pessoal, é a disponibilização no portal dos endereços de correio electrónico e dos

nomes de cada responsável por departamento;

Em suma, na perspectiva desta dissertação, deve-se apostar na dinamização e integração da opinião das

empresas dentro do instituto.

Conclusão III: Reorganização do funcionamento do Departamento de Qualificação do Instituto da

Construção e do Imobiliário.

Outro facto a considerar é a diversidade de competências atribuídas ao InCI, o que, por vezes, pode

prejudicar o correcto funcionamento do instituto. Para além de actuar no sector da construção é também

da sua competência o sector do imobiliário, tendo por missão regular, fiscalizar e inspeccionar as

actividades desenvolvidas. É-lhe atribuída a dinamização dos sectores e a produção de informações

estatísticas e análises sectoriais no mercado. Para se conseguirem concretizar todas estas atribuições o

InCI, I.P. está dividido em três unidades com funções nucleares principais: a Direcção de Análise de

Mercados (DAM), a Direcção de Regulação (DR) e a Direcção de Coordenação e Iniciativas Estratégicas

(DCIE). Existem três departamentos dentro da Direcção de Regulação: o Departamento de Qualificação

(DQ), o Departamento de Inspecção (DI) e o Departamento de Sancionamento (DS). Talvez seja o

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desequilíbrio entre recursos humanos existentes e competências atribuídas que esteja na base de alguns

dos problemas de funcionamento do instituto. Por isso, na perspectiva desta dissertação, as competências

da inspecção de empresas e de sancionamento em casos de incumprimentos, deveriam estar delegadas a

outra entidade diferenciada do InCI, I.P..

Com o universo de 24.400 empresas com Alvará e 36.483 com Título de Registo (dados de 2008)

conclui-se que o serviço de atendimento ao público está muito aquém das expectativas, exigindo uma

reestruturação rápida, em prol de uma regulação mais eficiente. O Departamento de Qualificação à data

era constituído por 42 colaboradores, cerca de 32% do total de efectivos e que 28,5% (doze

colaboradores) estão afectos aos postos de atendimento. Por conseguinte, se se distribuir o total de

empresas pelos doze colaboradores do atendimento ao público dá uma proporção de 1 colaborador para

5074 empresas, aproximadamente. Esta desproporção poderá originar algumas insatisfações

demonstradas pelas empresas, no que respeita o atendimento prestado, assim como o esclarecimento das

suas dúvidas.

Propostas:

Criação de mais postos de atendimento ou delegar a outra empresa o serviço de atendimento

telefónico;

Criação de uma plataforma electrónica que fizesse interagir o InCI, I.P., as empresas e as restantes

entidades intervenientes na regulação do mercado, de forma a facilitar o acesso à informação, em prol de

uma maior eficiência dos processos de ingresso, reclassificação, revalidação, etc.

Conclusão IV: Aumentar o número de reuniões por mês da CCEC.

Realiza-se uma vez por mês a reunião com a CCEC, que contribui com o seu parecer acerca dos

processos referentes a Alvarás de classe superior à primeira. Segundo fonte do InCI, I.P., os processos

que vão à comissão consultiva já foram alvo de qualificação, por parte do InCI, I.P., ou seja, tanto os

processos validados como os que não foram validados previamente pelo InCI, I.P. são discutidos em

reunião com a CCEC. Devido à realização da reunião de avaliação só acontecer uma vez por mês, os

processos que são validados pelo InCI, I.P. nas primeiras duas semanas, por exemplo, acumulam-se à

espera da nova data da reunião para serem aí discutidos, o que lhes confere um atraso implícito de duas

semanas. A acrescentar a isto está o facto da CCEC concordar, na grande maioria dos processos, com a

decisão de validação conferida pelo InCI, I.P..

Propostas:

Relativamente ao que foi descrito anteriormente apresentam-se as seguintes sugestões que numa

perspectiva pessoal conduziriam a uma melhor gestão dos processos: (1) os requerimentos de alvarás das

classes 2 e 3 poderiam, à semelhança da classe 1, ficar isentas de ir a parecer consultivo da CCEC, de

forma ao processo decorrer em menor período de tempo; (2) as reuniões da CCEC poderiam processar-se

via Internet, numa óptica de teletrabalho, onde se fizesse uso da tecnologia e da comunicação para

executar a reunião de avaliação descentralizadamente, ou seja, desde vários lugares diferentes da sede do

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InCI, I.P.. Neste caso, seria acordado semanalmente, por exemplo, analisar todos os requerimentos

recepcionados pelo InCI, I.P., facultando validações mais rápidas; (3) outra alternativa seria a avaliação,

por parte dos membros da CCEC, se processar via votação pelo sistema informático. Neste caso,

existiriam campos de preenchimento com comentários de cada um dos membros em justificação da sua

votação, contra ou a favor da validação do processo.

Outras Conclusões:

Sendo o InCI, I.P. um instituto público deveria promover e incentivar a consulta bibliotecária de artigos,

revistas, relatórios de contas, estudos de mercado e análises sectoriais, assim como outras publicações de

interesse público, acerca do mercado da construção civil. Segundo fonte do InCI, I.P., a biblioteca está

inactiva devido a operações de mudanças.

Dentro da tramitação dos procedimentos deveria haver uma revisão dos “prazos de resposta” para o InCI,

I.P., numa óptica de tornar os processos mais rápidos. Na verdade, o InCI, I.P. dispõe de 66 dias para

emitir o projecto de decisão (artigo 22.º DL 12/2004, de 9 de Janeiro) e não, note-se, a decisão. Após o

pagamento da guia é que o InCI, I.P. emitirá uma decisão final no prazo de 10 dias a contar do

conhecimento do pagamento. Caso não se realize o referido pagamento, o procedimento é extinto.

5.2. PROBLEMAS EM ABERTO

Todas as propostas sugeridas anteriormente são susceptíveis de contestação, em primeiro lugar porque

esta dissertação não se concentrou na análise custo-benefício de cada uma delas que permita concluir a

sua viabilidade. Consequentemente, são expostas as seguintes problemas em aberto, cuja análise é do

interesse geral, dentro do âmbito em estudo.

Analisar o desempenho do protocolo assinado entre InCI/DGITA/DGCI na revalidação 2010 e

concluir um balanço das vantagens e das desvantagens da implementação deste protocolo;

Realização de uma análise empírica cujo intuito seria o estudo das influências que a legislação tem

demonstrado ao longo dos tempos na regulação do acesso e da permanência do mercado da construção

civil, devido às sucessivas alterações. Actualmente, será o Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, a

legislação mais “favorável” ao mercado da construção civil em Portugal?

Estudo aprofundado de casos internacionais de sucesso no âmbito da regulação do acesso e da

permanência no mercado da construção civil, para comparação com o cenário português.

Elaboração de plataforma electrónica bastante sofisticada que, no limite, eliminasse todos ou a grande

maioria dos procedimentos administrativos. A desmaterialização dos procedimentos constituiria,

primeiramente, uma vantagem para o InCI, I.P. na perspectiva de simplificar o trabalho dos técnicos e

administrativos. O que na realidade acontece é que as empresas executam o pedido acompanhado por

toda a documentação exigida. Se o pedido fosse apresentado pela empresa, e a partir da sua identificação,

o InCI, I.P. pudesse ter acesso a todas as informações por parte das entidades estatais, por via electrónica,

isso dispensaria a confirmação da respectiva documentação, assim como os gastos em emissão de

modelos InCI, I.P. e proporcionaria uma racionalização dos recursos humanos, devido ao aumento da sua

disponibilidade. As vantagens, à partida, parecem ser promissoras ao nível da redução de custos a longo

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prazo. É certo que numa fase inicial seria necessário um grande investimento em sistemas de computação

tecnológica e informática avançada, passando pela organização, planeamento, estruturação e

encadeamento entre as várias entidades estatais. Dado à presença de inúmeros dados privados e

confidenciais das empresas, seria imperial a implementação de um sistema com certificação electrónicas e

todas as cautelas que defendam e fomentem a segurança contra a intrusão. Mas não é só no lado do InCI,

I.P. que se perspectivam possíveis melhorias na regulação, já que para as empresas de construção a

possível implementação desta plataforma electrónica significaria algumas vantagens, como, por exemplo,

o fim do preenchimento de formulários e uma poupança de tempo em termos de reunir a documentação

exigida nas diferentes entidades do mercado.

A directriz comum de todas as propostas em aberto é a de contribuir com medidas que minimizem o

impacte que o tipo e o grau de exigência da regulação têm na evolução da economia. Segundo ARAÚJO

(2004), “ (…) o alvará não poderá constituir um obstáculo que dificulte a agilização e modernização do

sector e, por consequência, a competitividade e produtividade desejáveis, mas deve, antes, assumir-se

como instrumento disciplinador do ingresso e permanência na actividade da construção,

indiscutivelmente indispensável num contexto globalizante como o actual. (…)”

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Websites consultados:

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http://www.ishst.pt/ (ISHST) - datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

http://www.iefp.pt/formacao/certificacao/OfertaCertificacao/Paginas/OfertaCertificacao.aspx (IEFP) -

datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

http://www.act.gov.pt/ (ACT) - datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=caerev3&xpid=INE (INE) - datas de acesso compreendidas entre

Maio e Junho de 2009

http://www.irn.mj.pt/ (IRN) - datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

http://www.srcentro.anet.pt/ (ANET) - datas de acesso compreendidas de Fevereiro a Maio de 2009

www.dgci.pt (DGCI) - datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

www.anacom.pt (ANACOM) - datas de acesso durante o mês de Abril e Maio de 2009

www.eurolex.com (UE) - datas de acesso durante o mês de Maio de 2009

www.aecops.pt (AECOPS) - datas de acesso compreendidas de Fevereiro a Maio de 2009

www.aiccopn.pt (AICCOPN) - datas de acesso compreendidas de Fevereiro a Maio de 2009

http://www.deloitte.com/view/pt_PT/pt/ideias-e-perspectivas/publicacoes-nacionais/press-

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2009.

www.qualibat.com (Qualibat) - datas de acesso compreendidas de Junho a Setembro de 2009

www.rea.mtin.es (REA) - datas de acesso compreendidas de Junho a Setembro de 2009

http://www.mviv.es (MVIV - Ministerio de Vivienda) – datas de acesso compreendidas de Junho a

Setembro de 2009

Bibliografia consultada:

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Almedina, Junho 2004

BUSTO, Maria Manuel “Manual Jurídico da Construção” (Condições de Segurança e Saúde nos

Estaleiros temporários ou móveis) Coimbra – Livraria Almedina, Julho 2004

DIAS, Alves “Construção 2001”, ed. IST, Lisboa, Dezembro 2001

DIAS, Alves “Organização e Gestão de Obras”, IST, Lisboa, Fevereiro 2008

MENDES, Victor “Leis dos Empreiteiros e Construtores” Legis Editora, Colecção Lei das Profissões,

2004

SILVA, Jorge Andrade da “Regime Jurídico das Empreitadas de Obras Públicas” 10.ª Edição, Coimbra -

Livraria Almedina, 2006

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VIDAL, José Marques e MARQUES, José Correia. “Empreitadas e fornecimentos de obras públicas –

revisão de preços, notas técnicas e jurídicas, exemplos de aplicação” Coimbra – Livraria Almedina, 1982

Publicações consultadas:

CONCRETO – Revista da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas – AICCOPN,

n.º 215, Maio/Junho 2009 (página 11)

Instituto Nacional de Estatística, I.P. “Empresas em Portugal 2007”, Ano de edição 2009

Instituto Nacional de Estatística I.P., “Contas Nacionais”, 4º Trimestre de 2008 e ano de 2008.

Instituto Nacional de Estatística I.P., “Estatísticas do Emprego”, 4º Trimestre de 2008.

Quadro de Indicadores Anuais InCI, I.P., 2008

Relatório de Contas do InCI, I.P. 2008

Anexo III do Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 12, 29/3/2009

Legislação portuguesa consultada:

Decreto-Lei n.º 23.226, de 15 de Novembro de 1933

Decreto-Lei n.º 40.623, de 30 de Maio de 1956

Decreto-Lei n.º 582/70 de 24 de Novembro

Decreto-Lei n.º 100/88, de 23 de Março

Decreto-Lei n.º 43/92, de 31 de Março

Decreto - Lei n.º 155/95 de 1 de Julho

Decreto-Lei n.º 61/99, de 2 de Março

Decreto - Lei n.º 273/2003 de 29 de Outubro

Decreto – Lei 12/2004, de 9 de Janeiro

Decreto-Lei n.º 110/2000, de 30 de Junho

Decreto-Lei n.º 144/2007 de 27 de Abril

Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de Novembro

Lei n.º 12-A/2008 de 27 de Fevereiro

Directiva Comunitária de 1992 (92/57/CEE)

Decreto Regulamentar Regional n.º 21/85/M, de 19 de Outubro

Decreto Legislativo Regional n.º 20/2003/A, de 6 de Maio

Portaria n.º 1371/2008, de 2 de Dezembro

Portaria n.º 14/2004, de 10 de Janeiro

Portaria n.º 15/2004 de 10 de Janeiro

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Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro

Portaria n.º 18/2004, de 10 de Janeiro

Portaria n.º 19/2004, de 10 de Janeiro

Portaria n.º 971/2009, de 27 de Agosto

Legislação espanhola consultada:

Lei 38/1999 de 5 de Novembro - “Ordenación de la Edificación”

Lei 32/2006, de 18 de Outubro

Real Decreto 1109/2007, de 24 de Agosto

Lei 45/1999, de 29 de Novembro

Directiva 89/391/CEE, de 12 de Junho

Real Decreto 4/1994 de 14 de Fevereiro

Directiva 89/48/CEE

Decreto Real 1665/1991, de 25 de Outubro

Legislação francesa consultada:

Norma NF x50-091