4
(Documento subscrito por 66 professores do Agrupamento de Escolas de Ourique, o que representa 88% da totalidade, entregue, dia 17 de Novembro de 2008, ao Presidente do Conselho Pedagógico) Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico do Agrupamento de escolas de Ourique Os professores do Agrupamento de escolas de Ourique, abaixo assinados, vêm, por este meio, solicitar a Vossa Excelência uma reunião urgente do Conselho Pedagógico do Agrupamento de forma a que aí se possa votar a moção que aqui se transcreve, a qual merece a total concordância dos subscritores deste documento, sendo certo, portanto, que a aprovação desta moção implica a total suspensão do actual processo de avaliação do desempenho dos professores neste agrupamento, o que significa, entre outros aspectos: a) Não aprovação de quaisquer grelhas de avaliação; b) Não entrega dos objectivos individuais por parte dos docentes; c) Inexistência de aulas assistidas com intuitos de avaliação. MOÇÃO Considerando que:

Agrupamento Escolas Ourique (Nova situação)

  • Upload
    mafreis

  • View
    597

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Agrupamento Escolas Ourique (Nova situação)

(Documento subscrito por 66 professores do Agrupamento de Escolas de Ourique,

o que representa 88% da totalidade, entregue, dia 17 de Novembro de 2008, ao

Presidente do Conselho Pedagógico)

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico

do Agrupamento de escolas de Ourique

Os professores do Agrupamento de escolas de Ourique, abaixo assinados, vêm, por

este meio, solicitar a Vossa Excelência uma reunião urgente do Conselho Pedagógico

do Agrupamento de forma a que aí se possa votar a moção que aqui se transcreve, a qual

merece a total concordância dos subscritores deste documento, sendo certo, portanto,

que a aprovação desta moção implica a total suspensão do actual processo de avaliação

do desempenho dos professores neste agrupamento, o que significa, entre outros

aspectos:

a) Não aprovação de quaisquer grelhas de avaliação;

b) Não entrega dos objectivos individuais por parte dos docentes;

c) Inexistência de aulas assistidas com intuitos de avaliação.

MOÇÃO

Considerando que:

O modelo de avaliação de desempenho, aprovado pelo Decreto-Regulamentar

2/2008, não está orientado para a qualificação do serviço docente como um dos

caminhos a trilhar para a melhoria da qualidade da Educação, enquanto serviço

público, destinando-se, sobretudo, a institucionalizar uma cadeia hierárquica dentro

das escolas e a dificultar, ou mesmo impedir, a progressão dos professores na sua

carreira.

O modelo de avaliação reveste-se de enorme complexidade e é objecto de leituras

tão difusas quanto distantes entre si e que nem o próprio Ministério da Educação

consegue explicar devidamente.

O actual modelo se revela excessivamente burocrático, sistemático e permanente,

não formativo e desinserido das vertentes de natureza pedagógica e didáctica,

Page 2: Agrupamento Escolas Ourique (Nova situação)

acrescido da sua apressada implementação e que por estas razões tem desviado os

professores das suas reais preocupações consubstanciadas no ensino / aprendizagem.

A maioria dos itens constantes das fichas não é passível de ser universalizada.

Alguns só se aplicam a um número reduzido de professores e outros, pelo seu grau

de subjectividade, impossibilitam uma avaliação de desempenho objectiva.

Este modelo de avaliação, exigido pelo Ministério da Educação, subverte a melhoria

do nosso Sistema Educativo. O regime de quotas imposto no Despacho n.º

20131/2008 poderá promover a manipulação de resultados e conduzir a injustiças.

O ensino de qualidade e o sucesso escolar, desígnios nacionais da escola pública,

não são compatíveis com o excesso de tarefas burocráticas que são exigidas aos

docentes, ocupando-lhes bem mais do que as horas destinadas à componente não

lectiva e de trabalho individual, e que em nada contribuem para melhorar a situação

do ensino.

Não é legítimo condicionar, mesmo que em parte, a avaliação dos docentes ao

sucesso dos alunos e ao abandono escolar. Há todo um conjunto de factores, como o

meio no qual a escola está inserida, a realidade social, económica e cultural dos

alunos, que escapam ao controlo, responsabilidade e vontade dos docentes e que são

fortemente condicionantes do sucesso educativo.

O próprio Conselho Científico da Avaliação dos Professores, estrutura criada pelo

Ministério da Educação, nas suas recomendações critica aspectos centrais do

modelo de avaliação de desempenho, nomeadamente a utilização, por parte das

escolas, de instrumentos de registo que incluem itens de avaliação como os

resultados dos alunos, o abandono escolar e a observação de aulas.

O modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente está a ser posto em

prática à revelia de toda uma classe, não porque os profissionais rejeitem ser

avaliados, mas porque exigem uma avaliação construtiva, não burocrática, que não

perca de vista o objectivo principal da acção educativa – os alunos e as suas

aprendizagens.

Os professores do Agrupamento de escolas de Ourique decidem, em nome dos

supremos interesses dos alunos, da qualidade de ensino e da defesa da escola pública,

suspender a aplicação do actual modelo de avaliação do desempenho dos professores

para que assim se possa recentrar a atenção dos docentes naquela que é a sua primeira e

fundamental missão, ensinar.

Page 3: Agrupamento Escolas Ourique (Nova situação)

Em conclusão, é necessário reformular este modelo de avaliação, dando-lhe sentido,

credibilidade e eficácia e reparando injustiças que os diplomas legais impostos pelo

Ministério da Educação consagram.

Agrupamento e escolas de Ourique, 11 de Novembro de 2008