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    DIA INTERAMERICANO DA ÁGUAPrimeiro sábado de outubro

    6 de out ub ro de 2001 

      um  brinde  à  vida

     Águae saúde

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    ASSOCIAÇÃO INTERAMERICANA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - AIDIS

    ASSOCIAÇÃO CARIBENHA DE ÁGUA E ÁGUAS RESIDUAIS - CWWA

    ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS - OEA

    ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE -OPASORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS

    Divisão de Saúde e AmbienteCENTRO PAN-AMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIAE CIÊNCIAS DO AMBIENTE - CEPISLima, Peru, junho de 2001

    Diretor do CEPIS: Eng. Sergio Caporali

    Coordenadora no CEPIS: Biól. Lourdes Mindreau

    Material elaborado por: Dra. Eloísa Tréllez SolísPlanejamento gráfico e diagramação: Des. Fabiola Pérez-AlbelaEdição: Jorn. Marta Miyashiro

     Tradução da Edição Brasileira: Jorn. Cecy OliveiraEditoração da Edição Brasileira: João Brando Júnior, Jorge Rodrigues e Tirza Lima Sobrinho

    O lem a deste an o «Água e saúde: um b rin de à vid a» f oi p rop osto po r Cecy Ol iveir a, jorn alista 

    brasileira e ent usiasta promo to ra do Dia Interam ericano da Água..

    IMPRESSO NA ABESABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e AmbientalAv. Beira Mar, 216 - 13º andar - Castelo20.021-060 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (55 21) 2210-3221Fax: (55 21) 2262-6838E-Mail: [email protected]

    http://www.abes-dn.org.br

    No t a da Edição em Por t uguês: «A expressão saneamento   aqui adotada refere-se àquela usualmente utilizada nos

    países da América de idioma espanhol, referindo-se à prestação de serviços deesgotamento sanitário, e às formas de tratamento e disposição «in situ ». No Brasil, oconceito de saneamento tem uma definição mais ampla.

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     Apresentação ApresentaçãoDe todos os recursos natu rais, aquele que apresenta relações mais diret as com o dia-a-dia do ser humano 

    éa água. Considerada o «ou ro azu l do século XXI», a água ésinônimo de alg um as das mais prof un das 

    amb ições do homem : clareza, t ransparência, pureza, f lu idez e saúde.

    A água esteve e cont inua a estar presente em to dos os momentos da vida do homem . Sua presença, ou sua ausência, éfat or det ermin ant e de progresso, d e desenvolvimen to e de qualidade de vida. Porém, de t odos os seus aspectos, aquele que m ais representa a essenciali dade d a água àvida éa sua relação d ireta com a saúde.

    Quanto maio r a dispon ib ili dade de água trat ada menores são as int ernações po r doenças de veiculação hídr ica,menores são os índ ices de mor talid ade inf ant il, maior éa expectat iva de vida da população. Desta forma,

    qu ando se fala em água, épreciso que necessariamente se faça a devida menção àvida, àqualidade d esta vida,que somente pod e ser plenamen te vivida com a água.

    A A IDIS, a CWWA e a OPAS lançaram, em 1992, o Dia Int eramericano d a Água, comemorado no prim eiro sábado de ou tub ro . Este ano a Organização dos Estado s Amer icanos (OEA) se incorporá àin iciat iva. Nesta dat a,

    mais do que celeb rar a conservação e a p reservação dos recursos hídr icos, vale a pena o alert a de que o fut uro de t odo o planeta f lui pelos rios, aqüífero s, lagos e mares da Terra.

    Carl-Axel P. Soderberg ,Presidente,

    Associação Int eram ericana de Eng enar ia Sanit ária e Ambien t al 

     AIDIS AIDISCartas dos Sócios 

    No Caribe, a água écertament e um br in de à vi da . Oferecer água potável e saneam ent o adequado cont inu a a ser o desaf io. Relata-se que 3 milhões de crianças morrem a cada ano de doenças relacionadas com 

    a água. O acesso àágua potável éessencial àvida. Em alguns países do Caribe, o abastecimento de água não 

    écont ínuo nas 24 horas do dia. Por isso, para superar a d istância en tre ofert a e dem anda de água po tável nestes peq uenos países insulares, de forma sustentável, se está ampl iando o uso d e soluções não t rad icionais, como 

    a dessalin ização.

    A água e o acesso ao saneamen to d evem ser reconhecidos como direito s humanos básicos. Desta form a,para cumprir com a m eta de Água, Saneamen to e Higiene para Todo s, o p lanejamento e as ações seto riais se devem cent rar na iniciat iva das pessoas e na capacidade de aut o-susten tação. Deve haver eqüidade na distr ibuição 

    de água, ajustand o-se as necessidades especiai s das mu lheres e crianças. Recursos fin anceir os, ent re out ros,devem estar d isponíveis para promover mudanças qualit at ivas de água po tável e de esgo tament o sanitário . A

    Associação Cariben ha de Água e Águas Residuais (CWWA) está preparada p ara f acilit ar este p rocesso de mudança no setor de água e saúde no Caribe.

    Em 6 de out ubro de 2001, no Dia Interamericano d a Água, vamos celebrar Água e Saúde, Um Brind e à Vida . Ap roveito também esta opo rtu nidade para d ar as boas-vindas ao n osso n ovo sócio na in iciativa, a 

    Org anização dos Estados Americanos (OEA).

    Erro l Grim es,

    Presidente,Associação Carib enha d e Águ a e Águ as Residua is 

    CWWACWWA

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    A Bacia Hidrog ráf ica como un idade de gerenciament o dos recursos hídri cos já éum conceit o ado tado pela maioria dos Países,ent ret ant o a incorporação de ind icado res de saúde no processo de tomada de decisão para gerenciament o de recursos hídr icos 

    não éuma prática usual.

    A p ráti ca do bom gerenciament o dos recursos hídricos se refl ete na água bru ta, o u seja garante quan tidade e qualidade à  águ a da natureza para assegurar seus usos múlt ip los. São benef iciado s pelo geren ciamento adequado do s recu rsos hídr icos não só os usuário s mais conh ecidos, t ais como as indústrias, geração de energ ia elétrica, ag ricu lt ura e abasteciment o público, mas 

    também a saúde da popu lação, po is red uz o risco de disseminação de vetores de doenças de veicu lação hídr ica. Especialmente relevante éque quanto m elhor a qualidade da água bru ta menor éo custo do seu t ratamento, permit indo o ferecer água po tável a um custo mais baixo, o q ue ind iretamen te se ref lete no acesso m ais amplo àágua pela popu lação de baixa r enda, que éo 

    segmento mais afet ado por do enças de veicu lação hídr ica.

    O gerenciamen to adequado dos recursos hídri cos em reg iões urban izadas também reduz os efeitos de cheias e secas, ambos fatores que afetam a saúde públ ica. Cheias facili tam a veiculação de doenças transmissíveis, tais como a leptospir ose, e a seca 

    obriga ao uso da água com qualid ade du vidosa e reduz a capacidade de hig ienização t ant o pessoal, como de alimen tos e do ambiente.

    Cabe port ant o àcomun idade buscar sua part icipação efet iva na prática do gerenciamen to dos recursos hídr icos, bem com o 

    exigi r o acesso àinf ormação mais amp la possível sobre qualidade de água, quan t idade de água e ind icado res de saúde associados.

    Richard A. Meganck,

    Diretor da Unid ade de Desenvolv iment o Sustent ável e Am bient e,Org ani zação do s Estad os Americanos 

    Água e saúde: um bri nd e à vid a!  éo lema deste ano para o Dia Int eramericano da Água. Nada poderia descrever melhor a ínt ima re lação que existe ent re estes dois aspect os fundament ais àvida.

    A d ispon ibi lidade de água de quali dade éuma cond ição in dispensável para a própria vida, po is possibi lit ou o desenvo lviment o de g randes civilizações na história d a human idade. No ent anto, o s riscos associados ao consumo de água (coleti vos ou ind ividuais,imediat os ou a longo prazo ) são desafio s com os quais convivemos diar iamen te.

    A comemoração do DIAA — primeiro sábado de out ub ro — reafirma o comp rom isso permanente dos sócios desta iniciat iva.Desde a criação do DIAA, em novembro de 1992, dur ante o XXIII Congresso Int eramericano da A IDIS, realizado em Havana, Cuba,os sócios facil it aram o acesso àinformação e promoveram a ação concertada de governos, organismos int ernacionais, organizações 

    não governam ent ais, setor pr ivado e comunidad es, con tra a cont aminação da água e por melhor gestão dos recursos hídr icos.Além disso, estimularam a lu ta para que a popu lação das Américas alcance Saúde para t odos e por Todo s.

    Este ano, prévio ao centenário de criação da Organização Pan-Americana da Saúde, e da celebração do 10º Aniversário d a Inicia t iva do DIAA em 2002, exp ressamos nossos agradecim ent os pela força do comprom isso dos países da Região das Américas para a construção de uma cidadania respon sável, bem inf ormada, conscient e e part icipati va, base fu ndament al para q ualqu er programa e, ao mesmo t empo, elemento essencial do desenvolvim ento susten tável. Também, nos épart icularmente grat o, dar as 

    boas-vindas a um novo sócio: a Org anização dos Estados Ameri canos (OEA), a qual, a part ir do presente ano compart ilhará nosso 

    empenho.

    Am igos e amigas da Região das Américas, lhes submet emos este document o com o um instrument o para análise, ref lexão e 

    ação local. Conf iamos que soment e em suas mãos cumpr irá seus objet ivos.

    Mauricio Pardón,

    Diret or d a Divi são d e Saúde e A mb ient e,Or gan ização Pan-Ameri cana d e Saúde 

    OEAOEA

    OPASOPAS

    Cartas dos Sócios 

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    CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1 ÁGUA E SAÚDE: DO IS ALIADOS ESTRATÉGICOS PARA A VIDA1.1 A água: pela saúde e a vida.............................................. 21.2 Os direitos e o desenvolvimento sustentável...................... 4

    CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2 O AMBIENTE, OS RECURSOS HÍDRICOS E A GESTÃ O DA ÁGUA NAS AMÉRICAS 2.1 O ambiente no século XXI................................................ 8

    2.2 A disponibilidade de água no planeta:nossos recursos hídricos.................................................. 92.3 A gestão integrada da água............................................. 10

    CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3 AVALIAÇÃ O DOS SERVIÇOS DE ÁGUA POTÁVEL E SANEAM ENTO NAS AMÉRICAS AO FINDAR O SEGUNDO M ILÊNIO 3.1 A situação dos serviços de água e saneamento

    nas Américas................................................................... 163.2 A cobertura dos serviços de água e saneamento

    por grupos de países....................................................... 19

    CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4 ATIVIDADES DE HOJE PARA CONSTRUIR O FUTURO 4.1 Atividades educativas para a população........................... 264.2 Atividades para melhorar a comunidade........................... 30

    CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5 TAREFA DE TODOS: RESPONSABILIDADE E PARTICIPAÇÃ O DOS DIVERSOS SETORES SOCIA IS 5.1 A organização comunitária para a água e a saúde........... 355.2 A planificação e a convergência intersetorial.................... 365.3 A busca e difusão do conhecimento ............................... 37

    CAPÍTULO 6CAPÍTULO 6 O DIA INTERAM ERICANO DA ÁGUA - DIAA6.1 Origem e significado........................................................ 406.2 Oportunidades que a celebração do DIAA oferece............. 406.3 Para 2002: um século da OPAS e uma década

    da iniciativa do DIAA....................................................... 426.4 A vinculação com outras iniciativas e a sinergia possível... 446.5 Saneamento ambiental e cidadania:

    uma construçào sustentável............................................. 45

    SumárioSumário

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     Água e  saúde:

    doi s a liado s

    e s tra tégico s

     para a  vida

     1 1

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    “Assim verei a“Assim verei a

    minha genteminha gentecom esperançacom esperançade vida: alegriade vida: alegria

    em cada casa e aem cada casa e aágua muitoágua muito

    bem servida”bem servida” 11

    1.11.1 A água: A água:

    pela saúde e a vidapela saúde e a vidaA água e a saúde são dois aliados estratégicos que contribuem para a

    manutenção e a qualidade da vida. A vida, a água e a saúde formam umtriângulo que inter-relaciona os fatores que, por sua vez, determinam apossibilidade de existência dos seres vivos. Com efeito, a vida, essa acumulaçãode energia, essa força interna substancial dos seres orgânicos, se relacionatão estreitamente com a água e com a saúde que quando algum de seus doisaliados falta se produzem sérios riscos para a sobrevivência, tanto da espéciehumana como das demais espécies que povoam o planeta.

    A boa saúde, concebida como um estado de bem-estar físico e mental- e não somente como ausência de enfermidades - é requisito indispensávelpara a continuidade da vida de todos.

    A vida em nosso planeta Terra se originou na água. Graças à presençada água, do dióxido de carbono e de nutrientes essenciais, se formaram asprimeiras células que logo desenvolveram outras que podiam produzir seupróprio alimento a partir da radiação solar. Surgiram assim as algas, capazesde produzir oxigênio. Posteriormente apareceram formas de vida maisevoluídas. Sem água não poderiam ocorrer os processos biológicos quecaracterizam a vida em si mesma: é a água que propicia o ambiente adequado

    que torna possível a existência dos animais, das plantas, dos seres humanos.Nenhum dos sistemas naturais poderia sobreviver sem água.

    Além disso, a água é fundamental para a vida humana não só porque arequeremos para beber mas também porque é necessária para a higiene, aprodução de alimentos, as atividades industriais, a pesca, a geração de energiahidrelétrica, e inúmeras outras atividades sociais.

    Para que a água mantenha efetivamente a saúde humana e se convertana melhor aliada estratégica para a vida, o requisito básico é que seja de boaqualidade. Quer dizer, que seja uma água segura, livre de contaminantes ou

    elementos estranhos que possam afetar a saúde dos seres vivos.

    Os contaminantes da água se dividem basicamente em quatro grupos:

    n Compo sto s nat urais orgânicos  biodegradáveis, como o lixo, aságuas servidas de povoados e cidades, e alguns resíduos industriais,que ao chegarem à água se decompõem pela ação de bactérias efungos, o que produz uma diminuição do oxigênio na água e o

    1 Verso de comunidades do Pacíficocolombiano, em “Que ÁguaBeberemos”. Cinara, Universidad

    del Valle, UNICEF, IRC, OMS, Cali.

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    surgimento de microorganismos perigosos para a saúde.

    n Sub stâncias e elemen t os nat ur ais ino rgânicos , como os nitratos e

    fosfatos, o mercúrio, o chumbo, o cobre, o zinco e outros minerais,que se originam das atividades agropecuárias, industriais, assimcomo da decomposição da matéria orgânica.

    n Co n t am in an t es sint ét icos , entre os quais se destacam osdetergentes e os pesticidas, cujos efeitos apresentam diversos grausde toxicidade.

    n Agen t es de con t am in ação física , que alteram a temperatura daágua (como as usinas termelétricas e algumas indústrias que resfriamsuas caldeiras e devolvem a água ao manancial com temperatura

    mais elevada) ou introduzem sólidos suspensos nela (por processosde erosão ou exploração de pedreiras, construção de estradas eoutras atividades).

    A água contaminada por algum desses agentes origina diversosproblemas à saúde dos seres humanos e dos animais, o que afeta gravementetambém os ecossistemas aquáticos e terrestres.

    Por esse motivo, para contar com uma água segura que atueefetivamente em favor da saúde e que mantenha a vida, é preciso tomardecisões que garantam a qualidade e o adequado fornecimento da água,

    nos diversos setores e com diferentes meios de prevenção, proteção edesinfecção. Esses meios se relacionam estreitamente com a proteçãoambiental e a gestão integrada da água, assim como com o funcionamentoeficaz de sistemas de água potável e saneamento de ampla cobertura.

    As principais alternativas para a desinfecção da água são as seguintes:

    n Ferver a água (uso do calor). Método eficaz que mata ou inativa osorganismos patogênicos presentes na água quando submetidos atemperaturas entre 90 e 100 graus centígrados.

    n Desinfecção química (uso de substâncias químicas). Se usa o cloro,

    o iodo ou o permanganato de potássio para desinfectar a água.n Produção de desinfetantes na comunidade. Por exemplo, geração

    de hipoclorito de sódio, através da eletrólise do cloreto de sódio;geração de oxidantes mistos, baseados na eletrólise do cloreto desódio.

    n Uso de desinfetantes engarrafados para uso individual. Existemdesinfetantes comerciais que são eficazes contra a maioria dosorganismos patogênicos transmitidos pela água. Alguns em formade comprimidos e outros em formas de solução.

    Capítulo 1Capítulo 1

     ÁGUA E SAÚDE: ÁGUA E SAÚDE:

    DOIS ALIADOSDOIS ALIADOSESTRATÉGICOSESTRATÉGICOSPARA A VIDAPARA A VIDA

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    1.21.2 Os direitos aoOs direitos ao

    desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelAlcançar o real cumprimento dos direitos fundamentais2 à vida, à saúde

    e à água segura para todos constitui um desafio essencial para odesenvolvimento dos povos.

    O conceito de desenvolvimento sustentável, originado no transcendentalinforme da Comissão Brundlandt em 1987, é definido como “aqueledesenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometero direito das futuras gerações para satisfazer suas próprias necessidades” 3.

    Essa colocação sugere a construção de um processo de mudança quepermita a satisfação das necessidades humanas sem comprometer a base dodesenvolvimento, quer dizer, sem esgotar os recursos naturais, o ambiente.

    O objetivo de tal processo é alcançar um desenvolvimento eqüitativono aspecto econômico, justo e participativo no social, eficiente no tecnológicoe que use, conserve e melhore os recursos naturais e ambientais. Estáorientado, efetivamente, a melhorar os fatores ou condições que caracterizamo bem-estar geral de uma sociedade e sua qualidade de vida, e ressalta anecessidade de utilizar de maneira sustentável o ambiente natural em que

    vivemos.

    Infelizmente, as situações de pobreza4 em muitas regiões do mundonão estão de acordo com os preceitos do desenvolvimento sustentável. Pelocontrário, mostram o descumprimento de vários direitos fundamentais dosseres humanos: necessidades alimentares insatisfeitas, elevada mortalidadeinfantil, baixa esperança de vida, carência de água potável, serviços de saúdedeficientes, habitações em zonas de risco e insalubres, desigualdades degênero e étnicas, ausência de uma verdadeira participação nos processos detomada de decisões, perda dos recursos naturais e deterioração do ambiente.

    A pobreza, exacerbada pela discriminação étnica5 e de gênero, constituium elemento que agrava as condições da humanidade e dificulta o avançoem direção ao desenvolvimento sustentável das populações. A discriminaçãono campo da saúde tem dado origem a dificuldades que se refletem noprecário acesso aos serviços, na baixa qualidade dos poucos serviçosdisponíveis, na falta de informação e formação adequadas, assim como emoutros aspectos relacionados com a marginalização social.

    2 Ver o texto da Convenção Americanados Direitos Humanos em http://www.oas.org

    3 Ver documentos complementares nahomepage do PNUMA: http://

    www.rolac.unep.mx4 Ver dados sobre a pobreza na Américano site do PNUD http://www.undp.org

    5 Ver informação sobre populaçõesindígenas no site do CEPIS http://www.cepis.ops-oms.org

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    Por tudo isso é necessário trabalhar de maneira coerente na busca ecumprimento de alternativas que abram caminhos em direção à eqüidade emelhoria da situação atual, a fim de proteger tanto os seres humanos como o

    planeta. O vínculo indissolúvel entre ambos torna indispensável que se atuecoordenadamente, não haverá outra opção possível: a vida humana se deveà manutenção da vida da Terra.

    Entre as alternativas se encontram:

    n A prevenção de doenças, dirigida a todos os grupos sociais,mediante a melhoria da qualidade da água e o saneamento, assimcomo a higiene pessoal, de maneira que se obtenha o alívio dasituação de pobreza, sem exclusões.

    n

    A melhoria da saúde através da água segura, saneamento adequadoe educação sanitária, de modo que se aumente o sentimento debem-estar e se incremente a produtividade econômica e social.

    n A proteção e recuperaçào do ambiente e dos recursos naturais, afim de que se constituam na base sustentável da provisão de águapara todos.

    O tema da proteção ambiental, sua conexão direta com a provisão deágua e a saúde, ao lado dos problemas ambientais que sofre o planeta, sãoaspectos fundamentais a serem levados em conta em todo o processo voltado

    à melhoria da qualidade da vida.

    Capítulo 1Capítulo 1

     ÁGUA E SAÚDE: ÁGUA E SAÚDE:

    DOIS ALIADOSDOIS ALIADOSESTRATÉGICOSESTRATÉGICOSPARA A VIDAPARA A VIDA

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     AS COMUNIDADES: AS COMUNIDADES:Observar o estado da água na comunidade, asprincipais fontes de contaminação e suas relações coma saúde. Determinar responsabilidades e possíveissoluções.

     AS AUTORIDADES: AS AUTORIDADES:Realizar análises sobre as relações entre o estado da

    água, a saúde e as condições de pobreza. Potencializara busca e aplicação de soluções, juntamente com acomunidade e outras organizações locais e nacionais.Estabelecer metas em direção ao desenvolvimentosustentável local.

    OS EDUCADORES:OS EDUCADORES:Incluir conteúdos acadêmicos referentes à água, àsaúde e à qualidade de vida. Desenvolver processosde conscientização sobre o cuidado da água e sua

    potabilização.

    OS COMUNICADORES:OS COMUNICADORES:Incentivar a difusão de informações sobre as relaçõesentre a água, a saúde e o desenvolvimento sustentável.Informar sobre os esforços para melhorar as condiçõesatuais e as exigências para o futuro.

     A

    l

      a

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      :

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     2 2O am bien te,o s recur so s  h

     ídrico s

    e a ge s t ão da água

    na s  América s

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    2.12.1 O ambienteO ambiente

    no século XXIno século XXIA situação ambiental nas Américas se caracteriza pela persistência de

    um conjunto de graves problemas que não foram superados. Os principaissão:

    n Erosão e perda de fertilidade do solon Desertificaçãon Desflorestamento e uso do solon Exploração e uso de bosquesn Degradação de bacias hidrográficasn Deterioração dos recursos marinhos e costeirosn Contaminação das águas e do arn Perda de recursos genéticos e ecossistemasn Qualidade de vida nos assentamentos humanosn Migração rural e posse da terra.

    No primeiro informe ambiental do século XXI7, o Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente - PNUMA - ressaltou o fato de que a pobrezadas maiorias e o consumo excessivo de uma minoria aumentam a deterioraçãodo ambiente na Região da América Latina e do Caribe.

    Apesar desta Região possuir as melhores reservas do mundo em terrascultiváveis, abrigar 40% das espécies vegetais e animais do planeta, ter 47%de seu território ainda coberto de bosques e 27% da água doce do mundo,sua situação ambiental é tão grave que toda essa riqueza pode se perder se adegradação ambiental continuar no mesmo ritmo.

    Para citar só alguns exemplos, cabe destacar que entre 1980 e 1990foram consumidos 61 milhões de hectares de bosques, cerca de 6% do total,e que durante 1990-1995 se acrescentou uma perda anual de 5,8 milhões dehectares. Do total de solos da Região, 16% estão degradados e 1.224 espéciesde animais estão sob perigo de extinção.

    Os sérios problemas ambientais da Região, somados a um conjunto deiniqüidades sociais, desenham uma situação altamente complexa que requersoluções integrais em cada um dos países e em nível global.

    Os esforços internacionais para proteger o ambiente e para obter ocumprimento dos direitos humanos fundamentais relacionados com a vida,a água e a saúde, devem se fortalecer e se converter na base que oriente o

    “Muitos“Muitos

    caminhos tem acaminhos tem aágua como oágua como océu, sem medida,céu, sem medida,as pessoas devemas pessoas devemprotegê-la paraprotegê-la para

    que siga a vida”.que siga a vida”. 66

    6 Verso de comunidades do Pacíficocolombiano. Ver nota 1.

    7 Ver o informe completo no site doPNUMA: http// www.rolac.unep.mx

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    desenvolvimento sustentável. Os países das Américas carecem de uma maiorintegração, o estabelecimento de mecanismos de mútuo apoio, deintercâmbio de experiências e de colocação em prática de alternativas

    concretas que permitam avanços substanciais neste campo.

    2.22.2A disponibilidade da água A disponibilidade da águano planeta:no planeta:nossos recursos hídricosnossos recursos hídricos

    Apesar de que 70% de nosso planeta está coberto por água, uma

    altíssima percentagem (97,5%) corresponde a água salgada e somente 2,5%são água doce. Se considerarmos que dessa pequena quantidade, 70% seencontram nas calotas polares da Antártida e Groenlândia, e que outro grandevolume se encontra na umidade do solo ou em aqüíferos subterrâneos muitoprofundos, que não podem ser utilizados para consumo humano, os dadosindicam que nós, os seres humanos contamos com menos de 1% da águadoce do mundo para nosso uso.

    Este valioso e escasso recurso é encontrado nos lagos, rios, barragens enos aqüíferos subterrâneos que não são demasiado profundos. Graças aociclo da água, este elemento se renova permanentemente e temos a

    possibilidade de utilizá-lo de maneira sustentável. Mas há vários problemasadicionais: a água doce não se encontra distribuída uniformemente em todoo planeta, há lugares com grande escassez, áreas de desertos onde apenaschove eventualmente, ou zonas com umidade elevada que recebem grandesquantidades de chuva; as fontes de água muitas vezes são mal gerenciadas epodem perder sua capacidade de se renovar; a qualidade da água é afetadapor diversas ações humanas.

    A relatividade da abundância da água, além disso, está determinadapelas limitações temporais e espaciais que têm os regimes hídricos de cadabacia8 e de cada país. Assim, a di spon ib ilid ade hídr ica  se relaciona com:

    n A concentração e crescimento da demanda em zonas onde a ofertade água é limitada.

    n A oferta hídrica natural9 e a regularidade hídrica10, que influenciamna disponibilidade da água em quantidade e distribuição no espaçoe tempo.

    n A deterioração da qualidade da água por sedimentos econtaminação.

    Capítulo 2Capítulo 2

    O AMBIENTE,O AMBIENTE,

    OS RECURSOSOS RECURSOSHÍDRICOSHÍDRICOS

    E A GESTÃO DAE A GESTÃO DA ÁGUA NAS ÁGUA NAS AMÉRICAS AMÉRICAS

    8 Entende-se por bacia hidrográficaaquela extensão de território cujaságuas convergem a um rio principal.

    9 Entende-se como oferta naturalda água a existência de recursoshídricos em uma zona determinada,calculada em termos dos níveismédios anuais de precipitação e oscaudais específicos de vazão (ovolume de água no tempo em umaárea dada).

    10  A regulação hídrica é acapacidade que tem o meio natural

    para propiciar condições quepermitam a infiltração e recarga demodo que originem volumes devazão quando não há precipitações.Esses volumes se chamam tambémcaudais de estiagem.

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    A população produz mudanças negativas no comportamento do regimehídrico natural devido à adoção de sistemas produtivos não sustentáveis(muitos contaminantes industriais modificam de maneira irreversível a

    cobertura vegetal, reduzem a capacidade de uso do solo, etc.), o que originadiversos desequilíbrios, tais como presença de mananciais máximos maiorese mananciais mínimos menores, o que implica em reduzida ou nula ofertahídrica em épocas secas e presença de inundações e enxurradas em épocasde inverno.

    Além disso, se produz uma grave deterioração da qualidade da águadevido a modificações da cobertura vegetal, mineração, sistemas inadequadosde produção agropecuária e industrial, ausência de tratamento de águasresiduais municipais e outras atividades sociais.

    Por essas razões, para contar com uma boa disponibilidade de recursoshídricos, é necessário estabelecer mecanismos que permitam obter uma gestãointegrada de tão valioso elemento.

    2.3 A gestão integrada2.3 A gestão integradada águada água

    Para fazer uma gestão integrada da água é necessário saber manejar a

    oferta deste recurso de maneira sustentável no tempo, a fim de atender àsexigências em termos de quantidade, qualidade e distribuição espacial, econsiderar todos os elementos de índole natural e social que estão presentesno processo.

    Uma adequada gestão da água exige a realização de atividadesrelacionadas mutuamente, entre elas:

    n O ordenamento dos usos do solo nas bacias e microbaciashidrográficas.

    n A proteção dos aqüíferos, pantanais e outros reservatórios de água.

    n A proteção e recuperação das zonas de nascentes das águas.

    n A diminuição da contaminação e a recuperação da qualidade dasfontes segundo os usos requeridos.

    n A orientação da população sobre o uso eficiente e racional da água1010

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    17/52

    1111

    através de mecanismos educativos, de difusão e conscientização.

    n A adoção de tecnologias adequadas às condições naturais e sociais

    do lugar, considerando os processos históricos e culturais.n A criação de hábitos que permitam racionalizar o consumo, eliminar

    o desperdício e diminuir a contaminação da água.

    n A definição do tipo de infra-estrutura necessária e adequada parao armazenamento artificial da água, para regular os excessos emperíodos de abundância e garantir o abastecimento em períodosde carência.

    n A realização de estudos interdisciplinares locais, regionais e

    nacionais sobre o recurso água para apoiar a tomada de decisões.

    n A proteção, recuperação e melhoria das zonas costeiras e dos portos.

    n A recuperação e proteção de ecossistemas terrestres e aquáticospara garantir o equilíbrio ecossistêmico.

    O uso sustentável da água tem que levar em conta o rítmo de renovaçãodas reservas naturais. Do contrário, se não se considerar o somatório de todosos usos de uma bacia hidrográfica, corre-se o risco de superexplorá-la.

    Atualmente, o equilíbrio ecológico está sendo seriamente ameaçadopor processos de desflorestamento acelerado, o que afeta as fontes de recargados aqüíferos. Por outro lado, vêm-se intensificando nos últimos tempos aexploração dos aqüíferos subterrâneos.

    Em algumas regiões, a ação combinada do desflorestamento e dopastoreio excessivo causou o desaparecimento da cobertura de vegetaçãonatural que cobria as margens, o que faz com que a água de chuva não seinfiltre no subsolo para recarregar os aqüíferos mas escorra superficialmentee arraste o solo descoberto.

    A conjunção da erosão dos montes e a exploração excessiva de aqüíferosprovoca um rápido rebaixamento dos níveis freáticos, e aos quais se soma aextração, que por sua vez diminui o volume de recarga.

    Em um importante estudo11 que avalia os recursos de água doce domundo se propõe um conjunto de medidas destinadas a propiciar um avançona gestão da água, entre as quais se destacam as seguintes:

    Capítulo 2Capítulo 2

    O AMBIENTE,O AMBIENTE,

    OS RECURSOSOS RECURSOSHÍDRICOSHÍDRICOS

    E A GESTÃO DAE A GESTÃO DA ÁGUA NAS ÁGUA NAS AMÉRICAS AMÉRICAS

    11 “Avaliação geral dos recursos deágua doce do mundo” Nações Uni-das, PNUD, PNUMA, FAO, UNESCO,OMM, BANCO MUNDIAL, OMS,ONUDI, 1997.

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    n Promover a difusão dos conhecimentosnecessários sobre os temas relacionados comos recursos hídricos entre os usuários da água

    e os encarregados da adoção de decisões emtodos os níveis.

    n Promover a capacidade nacional de avaliaçãodos recursos hídricos e as redes de medição eestabelecer sistemas de informação sobre estesrecursos que permitam à população entender

    1212

    n Fazer a gestão conjunta da quantidade equalidade da água de maneira integrada eglobal, levando em conta as conseqüências das

    medidas de gestão das águas a montante e a jusante, as relações regionais e setoriais econsiderações de eqüidade social.

    n Fundamentar as estratégias para odesenvolvimento sustentável dos recursoshídricos em um processo participativo.

    n Facilitar o acesso eqüitativo à água potável paratoda a população e incluir a saúde humana e asituação do ambiente entre os indicadores de

    ordenamento do recurso hídrico.

    n Elaborar estratégias para a utilizaçãosustentável dos recursos hídricos que atendamas necessidades humanas básicas, assim comoa conservação dos ecossistemas, de formacompatível com os objetivos sócio-econômicosdas diferentes sociedades.

    n Elaborar políticas e planos nacionais e regionaisapropriados de ordenamento dos recursos

    hídricos.

    n Integrar os recursos hídricos na análise para aplanificação econômica.

    n Integrar o setor privado ao processo deordenamento dos recursos hídricos.

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    as opções de utilização sustentável dos recursoshídricos para fins urbanos, industriais,domésticos e agrícolas, tendo presente a

    necessidade de conservar o ambiente.n Prestar especial atenção ao papel da mulher na

    ordenação dos recursos hídricos.

    n Promover formas de colaboração acadêmicanorte-sul para fortalecer a capacidade depesquisa sobre uma ampla gama de questõesrelacionadas com os recursos hídricos.

    1313

    Capítulo 2Capítulo 2

    O AMBIENTE,O AMBIENTE,

    OS RECURSOSOS RECURSOSHÍDRICOSHÍDRICOS

    E A GESTÃO DAE A GESTÃO DA ÁGUA NAS ÁGUA NAS AMÉRICAS AMÉRICAS

    Estas importantes medidas devem considerar a situação dos serviçosde água e saneamento na Região a fim de orientar a solução dos principaisproblemas em cada país e em cada localidade.

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     Al  a

    gr

    u

     a

    n s  p

     a s ide a

      :

     AS COMUNIDADES: AS COMUNIDADES:Definir os principais problemas ambientais de sualocalidade. Relacionar os problemas existentes com adisponibilidade de recursos hídricos e com o estadodas fontes de água. Organizar-se para obter uma boagestão da água.

     AS AUTORIDADES: AS AUTORIDADES:Analisar os condicionantes ambientais da Região e oestado dos recursos naturais. Organizar um amploprocesso de ordenamento ambiental que considere oadequado manejo dos recursos hídricos comparticipação da população.

    OS EDUCADORES:OS EDUCADORES:Estudar com a comunidade educativa a situaçãoambiental na localidade e suas conexões com adisponibilidade da água. Organizar atividades de

    recuperação e cuidado das fontes de água.

    OS COMUNICADORES:OS COMUNICADORES:Informar sobre os problemas ambientais da Região eas possíveis soluções. Comunicar sobre as medidas emandamento neste sentido. Propiciar a conscientizaçãoda população quanto ao cuidado dos recursos hídricos.

    1414

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     3 3 A va liaç ão do s ser viço s de água po tá ve l e  san

    eamen to

    na s  América sao conc luiro  segundo m

    i lênio

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    1616

    3.13.1 A situação dos serviços A situação dos serviços

    de água potável e saneamentode água potável e saneamentonas Américasnas AméricasOs dados da Avaliação 2000 dos Serviços de Água Potável e

    Saneamento13, realizada sob a coordenação da OMS e UNICEF em todo omundo e da OPAS nos países da América, mostram interessantes resultados.

    De um lado, fica evidente um avanço significativo na prestação dosserviços de água potável e saneamento na Região. De outra parte, ressalta apersistência de grandes desafios relacionados com a melhoria da eficiência e

    da qualidade destes serviços, particularmente nos países da América Latina edo Caribe.

    Dos 790 m ilh ões de p essoas que compõem a p opulação das Américas, cerca 

    de 95,64% e 86,91% da p op ul ação con tam , com cober t ur a de serv iços de  água po tável e saneam en t o , resp ect ivam en t e, at ravés de can al izações 

    dom iciliares ou fácil acesso 14  a uma font e pública.

    No caso da América Latina e do Caribe, cuja população atual é de 497

    milhões de pessoas, 84,59% contam com serviços de água potável, medianteredes ou “fácil acesso” a uma fonte pública.

    Este dado mostra uma melhoria relativa com respeito à situação de 30anos atrás. Entretanto, ao se observar o que significa em termos absolutos, aconstatação é de que 15,41% da população – um total de 76,5 milhões depessoas – não dispõem de serviço de água potável.

    Na América Lat in a e Cari be, a cobert u ra t o t al dos serv iços de água po tável e saneam ent o, com conexões domiciliares, éde 82,96% e 59,08% ,

    respectivamente.

    Os problemas de provisão de serviços são mais graves nas zonas peri-urbanas, principalmente nos cinturões de pobreza que se criam ao redor dasgrandes cidades da América Latina e do Caribe, devido a uma migração ruralsignificativa.

    “ E quandoE quandoesteja recémesteja recém

    lavado o mundo,lavado o mundo,nascerão outrosnascerão outrosolhos na água eolhos na água e

    crescerá semcrescerá semlágrimas olágrimas o tr igo trigo”.1212

    12 Neruda, Pablo. Soneto XCVI. “Cemsonetos de amor e uma cançãodesesperada”.

    13 e 14 O documento está disponível nosite do CEPIS http://www. cepis.ops-oms.org. Além disso é possível encontraro informe específico por país.

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    Capítulo 3Capítulo 3

     AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO

    DOS SERVIÇOSDOS SERVIÇOSDE ÁGUADE ÁGUA

    POTÁVEL EPOTÁVEL ESANEAMENTOSANEAMENTONAS AMÉRICASNAS AMÉRICAS AO CONCLUIR AO CONCLUIR

    O SEGUNDOO SEGUNDOMILÊNIOMILÊNIO

    15 Esta situação de intermitênciagera uma série de problemas, entreeles alguns aspectos técnicos comoa pressão negativa, que podeoriginar a deterioração daqualidade da água.

    16 Os sistemas de saneamento in situ ,incluem qualquer das seguintestecnologias: fossas sépticas, privadahigiênica com descarga de água,privadas higiênicas secas (comventilação) e privadas higiênicas depoço simples.

    1717

    As estimativas são de que na Região, mais de 219 milhões de pessoas(60% da população que dispõe de canalizações domiciliares de água potável)estão servidas por sistemas hidráulicos que operam de maneira intermitente15,

    o que significa um perigo potencial para os usuários devido à possível apariçãode doenças diarréicas e de outras de origem hídrica, já que a vigilância sanitáriae a certificação da qualidade são quase inexistentes nesta região.

    Nas zonas rurais da América Latina e do Caribe, as soluções em matériade abastecimento de água potável se orientam ainda de maneira quaseexclusiva para alternativas de engenharia ou a seleção e uso de tecnologiaapropriada ao meio. Este processo inclui a mobilização e a participação dacomunidade, geralmente como uma alternativa para reduzir custos graças àoferta de mão-de-obra local.

    Esta opção nem sempre está acompanhada por uma visão integrada ede longo prazo do problema, pelo qual as ações podem resultar insuficientese não alcançar os objetivos esperados.

    Desde 1991, depois do reaparecimento da cólera na Região das Américas,na maioria dos países aumentou o monitoramento da qualidade da águapotável e melhorou o controle, em particular a desinfecção dos sistemas dedistribuição de água. Mesmo assim, foram feitos esforços para introduzir naAmérica Latina a desinfecção da água no nível domiciliar naqueles lugaresonde não há sistemas de abastecimento público, ou onde houver, para aquelesque funcionam com intermitência.

    Se estima que 59% da população da América Latina e Caribe recebamregularmente água desinfectada. Em 1995, 23 países desta Região notificaramque a maioria das pessoas que viviam em comunidades urbanas recebiamágua de acordo com os parâmetros da OMS para a qualidade da água potável.Entretanto, não ocorre o mesmo nas zonas rurais.

    Ainda que a desinfecção dos sistemas de água potável tenha avançadobastante, permanecem muitos problemas por resolver, entre eles adescontinuidade do abastecimento local de cloro e a operação e amanutenção inadequadas dos sistemas, os quais têm sido, e seguem sendo,

    obstáculos para assegurar água de qualidade para todas as populações demaneira permanente.

    Na América Latina e Caribe, somente 241,3 milhões de pessoas, 48,61%da população, estão conectadas a sistemas convencionais de esgotamentosanitário e 151,9 milhões de pessoas, 30,60% da população, são atendidaspor sistemas de saneamento in situ 16 .

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    1818

    Se est im a que 103,2 m ilhões de pessoas (20,79% da pop ulação da América Lat ina e Caribe), não dispõem de sistemas para a el im in ação de águas residuais e excretas, das quais 37 m ilhões (10,15% ) cor respondem a zonas ur ban as e 66,1 m ilhões (50,39% ) a áreas ru rais.

    Por conseguinte o grande desafio é aumentar a cobertura dos serviçosde saneamento e melhorar a eficiência dos sistemas de esgotamento sanitárioe dos modelos tecnológicos alternativos de solução in situ .

    A falta de tratamento das águas residuais segue sendo um dos problemassanitários mais graves na Região.

    A Avaliação 2000 indica que só 13,7% das águas residuais coletadas

    pelos sistemas existentes de esgoto, são tratadas. A situação é maispreocupante se for levado em conta que a eficiência desses sistemas detratamento é considerada muito baixa por especialistas regionais na matéria.

    A problemática do tratamento e disposição adequada das águasresiduais urbanas é bastante complexa, e por isso se constitui em um grandedesafio para todos os governos, mesmo para os países desenvolvidos daRegião. Em países em vias de desenvolvimento os altos custos, tanto dasinstalações de tratamento convencionais como de sua operação emanutenção, representam um sério obstáculo. Uma boa alternativa é autilização de tecnologias de baixo custo de comprovada eficácia.

    Nas Américas, a disposição in situ  de águas residuais corresponde a51,60% no meio rural, o que se poderia considerar adequado, mas 26,95%correspondem ao meio urbano, o que é inadequado devido aos problemasde contaminação do solo e das águas subterrâneas que está causando.

    De fato, se origina um maior impacto nas áreas urbanas comoconseqüência da pressão que exercem os grandes núcleos de população. Emalguns lugares se tem observado um alto conteúdo de compostos denitrogênio nas águas subterrâneas pela excessiva disposição de águas residuaisin situ .

    Essa situação merece uma atenção especial pelos graves riscos querepresenta para a saúde humana e para a preservação da qualidade ambiental.Particularmente ela ocorre em alguns países da Região onde persiste grandeincidência de doenças gastrointestinais, inclusive a colerá, e se constata oincremento de substâncias tóxicas nos resíduos industriais e o uso generalizadode agroquímicos tóxicos.

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    A tudo isto se acrescentam as deficiências existentes no tratamento deáguas residuais e na operação e manutenção dos sistemas de saneamento.

    Nas condições atuais da Região, se identificam vários temas críticos aindanão resolvidos, entre os quais se destacam:

    n a falta de decisão política para sustentar o desenvolvimentosetorial em alguns países

    n a falta de consciência sanitária em segmentos da população,embora os grandes avanços recentes

    n a necessidade de inovar nas metodologias e nos critérios usadospara financiar as instalações de tratamento das águas residuais

    n a carência de políticas ambientais adequadas

    n as deficiências institucionais, e

    n a necessidade de formular normas tecnológicas e deengenharia apropriadas para a eliminação dos despejos.

    Sem dúvida, o início do século XXI deve convocar todos os setores sociaise econômicos da Região, para que assumam as responsabilidades coletivas eindividuais que são exigidas, de modo que avancemos de maneira segura

    para uma situação de crescente melhoria nesta área.

    3.23.2 A cobertura dos serviços A cobertura dos serviçosde água potável e saneamentode água potável e saneamentopor grupos de paísespor grupos de países

    Para analisar mais detalhadamente a situação dos serviços nas Américas,na Avaliação 2000 dos Serviços de Água Potável e Saneamento os países queconstituem a Região foram divididos em seis grupos diferentes.

    Com o objetivo de facilitar a análise, em cada grupo foram colocadospaíses com certa afinidade ou características similares na evolução e nodesenvolvimento do setor. Os dados correspondem ao decênio 1991-2000 etêm como referência o ano de 1998. 1919

    Capítulo 3Capítulo 3

     AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO

    DOS SERVIÇOSDOS SERVIÇOSDE ÁGUADE ÁGUA

    POTÁVEL EPOTÁVEL ESANEAMENTOSANEAMENTONAS AMÉRICASNAS AMÉRICAS AO CONCLUIR AO CONCLUIR

    O SEGUNDOO SEGUNDOMILÊNIOMILÊNIO

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    A seguir, um resumo dos principais aspectos que caracterizam os seisgrupos de países:

    GRUPO I. Canadá e Est ados Un id os da Améri ca 

    O critério utilizado para agrupar estes dois países se fundamenta principalmente em seu altonível de desenvolvimento econômico. Por conseguinte, os serviços de água potável esaneamento têm uma cobertura praticamente universal. Este grupo, com 292,7 milhões depessoas, correspondente a 37,05% da população das Américas, está constituído pelos doispaíses mais desenvolvidos do continente.Em abastecimento de água po tável , esses países têm 100% de cobertura (segundo osinformes da última década).A cobertura em saneamento  é de 100% no meio urbano, 94,92% com esgotamentoconvencional e 5,08% atendidos com sistemasin situ . Na área rural há 99,94% de coberturade saneamento, 31,17% com esgotamento e 68,77% com disposição in situ . Dos efluentes

    de esgoto, 97,88% recebem tratamento.Esses países enfrentam novos problemas causados pelo incremento da contaminaçãoambiental e necessitam fazer grandes investimentos para substituir a infra-estrutura que jáultrapassou sua vida útil ou está obsoleta. A melhoria das regulações para proteger o ambientee a saúde nesses países, obriga a melhorar continuamente os sistemas de tratamento tantopara potabilizar a água, como para purificar os efluentes de origem doméstica, agropecuáriae industrial.

    GRUPO II. Brasil e M éxico 

    A integração de Brasil e México no Grupo II se baseia em seus respectivos tamanhos equantidade de população. Têm a maior população da América Latina (257,5 milhões dehabitantes), constituem 32,60% da população das Américas e 51,79% da populaçào daAmérica Latina e Caribe.A cobertura total de água po tável  obtida por ambos países é de 88,09% e têm a coberturamais alta na área urbana (95,23%) depois da do Grupo I. Na área rural a cobertura é de64,79%; a população com canalização domiciliar é de 37,39% e 27,40% têm sistemas defácil acesso. Estes dois países devem dar maior atenção ao abastecimento de água na árearural.A cobertura de saneamento dos dois países é de 80,23%. Na área urbana é de 91,27%; acoleta de esgoto cobre 64,63% da população e 26,63% contam com disposição in situ . Naárea rural a cobertura é de 44,18%; destes, 8,73% têm esgotamento e 35,44% disposiçãosanitária in situ. Se estima que somente 12,57% dos efluentes de esgoto recebam algum tipode tratamento.

    2020

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    2222

    GRUPO V. Países da Améri ca Cen t ral , Carib e Hi spânico e Ha it í 

    Este grupo, integrado por Belize, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras,Nicarágua, Panamá, Porto Rico e República Dominicana, tem uma população de 65,2 milhões

    de habitantes, o que constitui 8,26% da Região das Américas e 13,12% da América Latina edo Caribe.Em água po tável , a cobertura total alcançada pelo grupo é de 78,61%, da qual 93%representam o meio urbano; 79,18% dispõem de conexões domiciliares e 13,83% contamcom sistemas de fácil acesso. Em muitas das áreas urbanas está sendo adotada uma políticade promoção da desinfecção da água distribuída, com 100% de cobertura em Belize, CostaRica, Nicarágua, Panamá e Porto Rico. Na República Dominicana a cobertura em desinfecçãono meio urbano é de 95%, em Cuba, de 91%, em Honduras, de 51%, na Guatemala, de25% e no Haiti, de 20%. Na área rural a cobertura de água potável do grupo é de 61,59%;a população servida com conexão domiciliar é de 39,82% e 21,82% contam com fácilacesso. Os países que integram o Grupo V devem dar maior atenção ao abastecimento deágua rural. Também se está tratando de incrementar a desinfecção da água nessa área.A cobertura total em saneamento  do grupo é de 77,12%. Na área urbana a cobertura de

    saneamento é de 91,19%; destes, 49,72% estão conectados a redes de esgoto e 41,46%têm sistemas in situ . No meio rural a cobertura é de 60,49%; o serviço de esgoto cobre a 4,44e 56,05% utilizam sistema de disposição in situ . Somente 23,71% dos efluentes de esgotoda América Central e do Caribe Hispânico recebem algum tipo de tratamento, valor que é omais alto da América Latina e do Caribe.

    GRUPO VI. Países do Cari be A ng lo -Francês, Guian as e Sur in am e 

    Este grupo, integrado por 24 países ou territórios, tem uma população de 7,5 milhões dehabitantes, o que constitui 0,96% da população das Américas e 1,53% da Região da AméricaLatina e do Caribe. O grupo é diversificado e compreende países ou territórios que vão desdeBermudas até a Guiana e Suriname. Dois dos países mais populosos do grupo: Jamaica e Trinidad e Tobago, com um total de 3,8 milhões de habitantes compreendem 50,32% dapopulação do grupo. Os 22 países restantes do grupo somam 3,7 milhões de habitantes edevido a seu tamanho, em muitos desses países não há separação clara entre os ambientesurbano e rural.A cobertura em água  obtida pelos países com pouca população é muito alta e chega a 100%em quase todos eles, mas na Jamaica e Trinidad e Tobago a cobertura é de 80,52% e85,99%, respectivamente. Na maioria dos países do grupo vem sendo dada especialimportância à desinfecção da água distribuída e se observa uma cobertura muito próxima a

    100% na maior parte deles.A cobertura total de saneamento do grupo é 90,26%, 92,26% para a área urbana e 86,18%para a área rural. Na Jamaica e Trinidad e Tobago, a cobertura é de 90,45% e 99,60%,respectivamente. Em alguns países com escasso território, a disposição in sit u  das águasresiduais pode criar problemas no futuro com a qualidade da água subterrânea (excesso decompostos de nitrogênio e fósforo).

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    2323

    Como se pôde observar nos quadros anteriores, a situação em cada umdos grupos de países é diferente, bem como os desafios e demandas para ofuturo, e embora tenham elementos comuns, se expressam concretamente

    de formas diversas.As importantes tarefas derivadas deste estudo deverão contar com o

    respaldo de todos os países, dos diversos organismos nacionais, locais einternacionais e das organizações sub-regionais, que sem dúvida poderãoaportar elementos chave para constituir equipes multi-setoriais queimpulsionem com a maior força e decisão o avanço para o desenvolvimentosustentável da Região. Deverão incorporar na agenda, a necessidade urgentede que toda população conte com bons serviços de água potável e saneamentoa fim de sustentar uma vida saudável e de qualidade.

    Capítulo 3Capítulo 3

     AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO

    DOS SERVIÇOSDOS SERVIÇOSDE ÁGUADE ÁGUA

    POTÁVEL EPOTÁVEL ESANEAMENTOSANEAMENTONAS AMÉRICASNAS AMÉRICAS AO CONCLUIR AO CONCLUIR

    O SEGUNDOO SEGUNDOMILÊNIOMILÊNIO

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     Al  a

    gr

    u

     a

    n s  p

     a s ide a

      :

     AS COMUNIDADES: AS COMUNIDADES:Determinar os principais problemas da comunidade quantoa seu serviço de água potável e saneamento. Propor e realizarações que permitam a melhoria dos serviços com participaçãocomunitária e remediar as necessidades de respaldo para obtermaiores ganhos.

     AS AUTORIDADES: AS AUTORIDADES:Estudar o estado dos serviços de água potável e saneamentodo país e da localidade, seus principais problemas e a relaçãodestes com a saúde da população. Convocar a populaçãoorganizada e diversas instituições para executarem um planode melhorias e de manutenção dos serviços em curto e médioprazos.

    OS EDUCADORES:OS EDUCADORES:Estudar com a comunidade educativa as características dos

    serviços de água potável e saneamento no país e nacomunidade, os principais problemas locais e a necessidadede colaboração para melhorar as condições existentes. Realizartarefas de melhoria e recuperação.

    OS COMUNICADORES:OS COMUNICADORES:Informar sobre os problemas do sistema de água potável esaneamento do país e da comunidade, assim como sobresuas principais soluções e a importância do adequado manejodo sistema em benefício da saúde da população. Incentivar acomparação da situação existente em cada país e na América

    Latina e no Caribe em geral, com as coberturas dos paísesmais desenvolvidos, e propiciar discussões sobre as razõespelas quais existem diferenças tão marcantes.

    2424

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     A ti vidade s de  hoje

     para con s truir

    o  f u turo 4 4

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    2626

    “Eu bebi da água“Eu bebi da água

     turva porque me turva porque meapertou a sede”.apertou a sede”. 1 71 7

    4.14.1 Atividades educativas Atividades educativas

    para a populaçãopara a populaçãoUma das atividades mais urgentes que devemos impulsionar na Região

    é a relacionada com o maior e melhor conhecimento de toda a populaçãosobre os riscos que a água contaminada acarreta para a saúde. Esteconhecimento necessário inclui elementos informativos e também aspectosrelacionados com os hábitos pessoais e coletivos.

    Não podemos esperar grandes projetos de cooperação externa parainiciar processos de informação e de conscientização. Em muitas situações eocasiões a criatividade da população é uma ferramenta para alcançar exce-

    lentes resultados.

    Assim, os diversos grupos da população podem organizar atividadeseducativas orientadas a melhorar as condições da saúde coletiva, a gestãointegrada da água e a construção, manutenção e bom uso dos sistemas deágua potável e saneamento.

    Para isso devem ser utilizados múltiplos meios que permitam chegar àpopulação com as principais mensagens que se quer repassar. Um elementotranscendental nesta tarefa é compreender as características dos grupos sociaisaos quais se dirigirão essas mensagens para que o enfoque e a linguagem

    cumpram efetivamente seu objetivo.

    Os materiais didáticos utilizados devem ser selecionados ou elaboradosde acordo com alguns critérios, entre os quais estão os seguintes:

    n O objetivo que se deseja conseguir e os estímulos mais adequadospara alcançá-los: palavra escrita, palavra falada (ou ambas as opções),o som, o movimento, etc.

    n O lugar onde se desenvolverá o processo, o tamanho do grupo a quese dirigirá e as facilidades logísticas que se tem.

    n O tipo de pessoa que receberá a mensagem, sua idade, característicasculturais, necessidades e formas de comunicação.

    Nos processos de educação, informação e conscientização devem serincluídos alguns temas fundamentais que precisam ser do conhecimento detoda a população. Entre eles:

    1 Canto das comunidades do Pacíficocolombiano. Ver Nota 1.

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    Doenças rel acionadas com a água 

     Todas as pessoas têm que entender claramente o risco de contrair

    enfermidades relacionadas com a água, devido às condições precárias deabastecimento e do saneamento básico.

    Um quadro como o que aparece a seguir deve ser incluído nos processosinformativos:

    14 DOENÇAS RELACIONADAS 

    COM CONDIÇÕES DEFICIENTES 

    DO SANEAM ENTO E ABASTECIM ENTO DE ÁGUA

    1. Amebíase ou disent eria am ebian a (agente : Ent amoeba h isto lyti ca – pro to zoário ), trans-mitida através da água contaminada com fezes, hortaliças contaminadas ou manipulado-res de alimentos que são portadores e não têm uma higiene adequada.

    2. A scaríase (agente: Ascaris lumb icoides – larva redonda) , transmitida por ingestão de ovosinfectados procedentes do solo contaminado com fezes humanas ou alimentos crus con-taminados. Contágio entre crianças por brinquedos contaminados com terra infectada eem áreas de defecção comunitária.

    3. Balan t idíase (agent e: Balantid ium coli – pro tozoário ) , transmitida por ingestão de bolsascontendo o microorganismo em alimentos ou água contaminada por fezes. Prevalece

    especialmente onde o saneamento é pobre. As epidemias se produzem pela água conta-minada com fezes suínas.

    4. Cólera (agent e: Vib rio cho lerae – bactéria) , transmitida por ingestão de água ou alimentoscontaminados pelas fezes ou vômitos de indivíduos infectados; manejo anti-higiênico dealimentos, consumo de moluscos ou crustáceos contaminados crus.

    5. Cript osporid iose (agent e: Crypt ospori dium – pro to zoário ), transmitido pela rota fecal-oral, as bolsas contendo o microorganismo são altamente resistentes aos processosnormais de tratamento da água; o agente infeccioso tem sido identificado frequentementeem fontes de água contaminadas por despejos contendo fezes de gado.

    6. Di arréia causada po r Escher ichia coli (bactéria) , os agentes se propagam por alimentos,água e vômitos contaminados; os seres humanos são o reservatório principal.

    7. Gia rd íase (Giardia lamblia – pro tozoário ) , transmitida pela via fecal-oral, por água, ali-mentos e pelo mecanismo mão a boca. Os surtos ocorrem pelas fontes de água contami-nadas e por manipulação dos alimentos com mãos contaminadas.

    8. Hepati t e (virus da hepat ite A e E), se transmite pela rota fecal-oral, especialmente porágua e alimentos contaminados, em particular moluscos e crustáceos. É uma doençaendêmica em todo o mundo. 2727

    Capítulo 4Capítulo 4

     ATIVIDADES DE ATIVIDADES DE

    HOJE PARAHOJE PARACONSTRUIR OCONSTRUIR O

    FUTUROFUTURO

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    9 . Leptosp i rose (Lept ospira int errog ans – ordem Spirochaetas), se transmite pelo contatoda pele ou das mucosas com água, terra úmida ou vegetação contaminadas com a urinade animais infectados provenientes de granjas ou silvestres; por ingestão de alimentos

    contaminados com a urina de ratos infectados.

    10. Parati fóid e (agen te: Salmonella p arat yph i t ipos A, B e C – bactérias), se transmite poralimentos ou água contaminados; pode ser difundida por fezes ou urina de pessoasinfectadas.

    11. Fiebre t ifóid e (agen te: Salmonel la t yph i – bactérias), se transmite por alimentos ou águacontaminados, semelhantes à paratifóide.

    12. Poliomielit e (agent e: polio virus tipo s 1,2,3 – ent eroviru s),se transmite por contato diretomediante relação estreita ou pela rota fecal-oral. A irrigação com efluentes não tratadosde águas residuais tem sido vinculado com epidemias.

    13. Gastro enter i t e por rot avirus (agente: rot avirus da f amília reoviridae), se transmite pelarota fecal-oral e possivelmente pela fecal-respiratória.

    14. Shig uelo se ou d isenteri a bacilar (agente: Shigella d ysenteriae, f lexneri, boydii y sonn ei 

    – bactérias), se transmite de maneira direta ou indireta para a via fecal-oral. Servem comoveículo de transmissão a água, leite contaminado com fezes e águas residuais utilizadasem irrigação, assim como as moscas.

    Formas de preven ir as doenças 

    t ran smi t idas pela água nas residências 

    É necessário que a população, além de conhecer as doenças que serelacionam com a água, saiba como preveni-las. Para isso é fundamental quetodas as pessoas tenham em conta algumas medidas simples de precaução,que sem dúvida poderão proteger a saúde da famíllia em suas casas e diminuira incidência de doenças. Entre essas precauções, estão:

    § Ferver ou clorar a água, no caso de haver dúvida sobre suaqualidade.

    § Usar água potável para a preparação de todos os alimentos.

    § Usar só água potável para beber e assegurar-se de suaqualidade.

    § Usar sabão para lavar bem as mãos antes de preparar, servir ouconsumir os alimentos.

    § Lavar bem as mãos depois de ir ao banheiro.

    2828

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    § Lavar bem as mãos depois de trocar as fraldas do bebê.

    § Lavar muito bem, com água potável, todas as frutas e verduras

    cruas antes de comê-las.

    § Guardar a água potável em um recipiente limpo com umaabertura pequena, que deve ser tampada para evitar acontaminação.

    § Não consumir hortaliças nem frutas cruas cultivadas em solosque tenham sido regados ou contaminados com águasresiduais.

    § Manter limpos a cozinha e os banheiros ou latrinas da família.

    § Evitar a proliferação de insetos em redor e no interior da casa.

    § Manter toda a casa limpa e bem arejada.

    A saúde de to do s no s lug ares públi cos 

    Além das medidas que deve adotar cada família para prevenir as doençasrelacionadas com a água, é importante que os homens e as mulheres tomem

    consciência da importância da higiene nos lugares públicos.

    Nesse sentido, é necessário considerar vários aspectos de interessecoletivo:

    § Comprar alimentos preferencialmente em lugares onde os ven-dedores tenham água potável disponível, preparem os alimen-tos adequadamente, embalem bem os produtos que vendeme observem uma boa higiene pessoal.

    § Cuidar os lugares públicos (parques, jardins, praças, camposesportivos, etc.) de maneira que sempre se encontrem em bom

    estado e limpos. Deve-se evitar a acumulação de lixo e impedirque sejam utilizados como banheiros públicos.

    § Utilizar adequadamente os serviços sanitário públicos, de modoque sejam lugares limpos e que não se convertam em focosinfecciosos.

    § Exigir às demais pessoas que atuem apropriadamente nesses 2929

    Capítulo 4Capítulo 4

     ATIVIDADES DE ATIVIDADES DE

    HOJE PARAHOJE PARACONSTRUIR OCONSTRUIR O

    FUTUROFUTURO

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    lugares, como uma maneira de autoformação coletiva.

    § Cada grupo de famílias deve cuidar a frente e os arredores desuas casas e preocupar-se de que não existam focos de doençasque poderiam afetar a todos. A consciência coletiva pode serdesenvolvida nesses lugares por iniciativa dos vizinhos.

    4.24.2 Atividades para melhorar a Atividades para melhorar a  comunidade  comunidade

    Nas comunidades existem diversos sistemas de abastecimento de águapotável e saneamento. Alguns funcionam apropriadamente e outros requeremum maior esforço para que cumpram plenamente seus objetivos, o que servi-rá de base para a saúde de todos.

     Tanto em um como em outro caso, há várias atividades que são degrande importância para garantir o adequado suprimento de água e boascondições de saneamento:

    § Cuidar coletivamente as fontes de água e os mananciais, pro-

    teger seu entorno e as condições de seu uso.

    § Proteger os rios e lagoas, para que sejam lugares de lazer efonte de vida, onde as pessoas possam tomar banho e tambémpescar sem risco para sua saúde.

    § Controlar o aparecimento de insetos em águas estagnadas.

    § Organizar e controlar o bom uso dos sistemas de água potávele esgotamento.

    § Organizar a manutenção permanente de poços de água.

    § Cuidar as estações de tratamento.

     Todas essas atividades correspondem a toda comunidade. Asreponsabilidades começam em cada um dos lares e em cada pessoa, mas astarefas devem ser organizadas de maneira coordenada nas diversas instâncias:3030

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    3131

    Capítulo 4Capítulo 4

     ATIVIDADES DE ATIVIDADES DE

    HOJE PARAHOJE PARACONSTRUIR OCONSTRUIR O

    FUTUROFUTURO

    a organização comunitária, a junta ou comitês administradores da água, acompanhia ou serviço de água, as autoridades municipais, etc.

    As atividades de melhoria não podem ser executadas de maneirasustentável se não houver uma boa organização social que as respalde. Semesse pré-requisito, as campanhas isoladas se convertem em ações de boavontade de grupos de pessoas, cujos resultados não permanecem no tempopor falta de continuidade uma vez superado o entusiasmo inicial.

    A participação e a organização contribuem de maneira decisiva paraque todas as propostas de ação se convertam em verdadeiros mecanismos desolução para os principais problemas de saúde e dos sistemas deabastecimento de água potável e saneamento.

    Por isso é importante refletir sobre nossas responsabilidaes e sobre aforma como essas responsabilidades podem ser postas em prática em diver-sas realidades sociais e naturais.

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     AS COMUNIDADES: AS COMUNIDADES:Determinar o estado geral de saúde da comunidade eas doenças relacionadas com a água. Estudar asprincipais causas dessa situação e tomar medidasorientadas para a melhoria dos hábitos individuais ecoletivos. Analisar o estado sanitário das habitaçõesprocurando melhorá-lo.

     AS AUTORIDADES: AS AUTORIDADES:Estudar a incidência de doenças relacionadas com aágua na localidade e as causas e consequências dessasituação. Coordenar com diversas instâncias do setorsaúde, educação e gestão as possíveis ações paramelhorar os hábitos higiênicos e as condições sanitáriasdos lugares públicos.

    OS EDUCADORES:OS EDUCADORES:Formar a hábitos de higiene pessoal e coletiva. Analisar

    nos centros educativos a situação das instalações parapropiciar sua melhoria.

    OS COMUNICADORES:OS COMUNICADORES:Informar a população sobre a incidência de doençasrelacionadas com a água na localidade e sobre as me-didas a serem tomadas para diminuir esses problemas.

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     5 5 Tare f a de  todo s:re s pon sa bi lid

    ade

    e  par tici paç ão

    do s di ver so s se tore s  sociai

     s

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    “O que é“O que é

    chamado àchamado àliberdade é, aoliberdade é, aomesmo tempo,mesmo tempo,

    chamado àchamado àresponsabilidade.”.responsabilidade.”.1818

    18 Cox, Harvey. En “Un brindis por lavida” compilado por Lidia Ma. Riba.Bs. Aires, 1997.

    Todos os homens e mulheres temos responsabilidades frente ásnecessidades de uma boa saúde e, portanto,frente à importância de obterum bom abastecimento de água e um adequado saneamento em nossas

    comunidades. Portanto, nosso direito e nosso dever de participar provêm dointeresse geral pela manutenção da vida.

    Nenhuma pessoa pode eximir-se ou ser excluída deste importante de-safio, seja qual for sua condição econômica ou social, seu sexo, sua etnia ousua idade, já que disso depende a possibilidade de viver em um ambientesadio, que garanta a sobrevivência e a boa qualidade de vida.

    Participar, quer dizer, tomar parte real nos processos é, cada vez commaior força, um dos requisitos fundamentais do desenvolvimento sustentável.Mas, por diferentes razões, a participação nem sempre se dá de uma forma

    adequada em todos os lugares e grupos humanos.

    Para obter melhores resultados é necessário que cada grupo social estejaconsciente da necessidade de participar, de seu direito à participação e daurgência de criar mecanismos para que essa participação conduza realmentea resultados e à tomada de decisões adequadas.

    Nenhum mecanismo vai «cair do céu», sem que lutemos para alcancá-lo. Por isso, a organização se converte em uma via fundamental para que aparticipação consiga modificar aquilo que deve ser modificado e para alcançaras metas traçadas em cada etapa do processo de melhoria das condições

    atuais.

    A participação deve ser responsável e informada para que a tomada dedecisões se realize com a transparência e argumentação requeridas. Aparticipação deve originar propostas coletivas e ações conjuntas, deve cons-truir consensos, propiciar o compromisso de todos os homens e mulheres eproduzir a capacidade de atuação indispensável para levar a cabo as tarefascombinadas.

    A participação responsável deve ser ampla, consciente e propositiva.Sua ação deve ter uma projeção de longo prazo e constituir-se em uma

    estratégia de tipo transversal, interdisciplinar e integradora para hoje e parao futuro.

    Outros elementos que devem articular-se com a participação e aorganização, são o planejamento e a busca de convergência entre os setores.

    As diversas instâncias de autoridades e de decisão devem estar coorde-nadas e atuar de maneira articulada para converterem-se em forças motrizesnos processos.

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    Capítulo 5Capítulo 5

    TAREFAS DETAREFAS DE

    TODOS:TODOS:RESPONSABILIDADERESPONSABILIDADE

    EEPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃODOS DIVERSOSDOS DIVERSOS

    SETORESSETORESSOCIAISSOCIAIS

    Por último, é preciso que conheçamos mais nossas realidades e por issose recomenda que estabeleçamos vias de estudo e de pesquisa que conduzama decisões adequadas, a alternativas e propostas inovadoras que marquem

    novas pautas e apóiem a solução dos diversos problemas que nos afetamneste campo.

    5.15.1 A organização comunitária A organização comunitária  para a água e a saúde  para a água e a saúde

    Desde as organizações de base das comunidades, a partir de suas enti-dades de ação comunitária ou através dos diversos grupos que se formam deacordo com os costumes e culturas de nossos povos, se podem criar comitêspara a ação relacionada com a água e a saúde.

    Existem numerosas experiências positivas que demonstram que à me-dida em que esses comitês se organizam e atuam, as comunidades melhoramsubstancialmente sua situação e alcançam resultados palpáveis.

    Evidentemente, não basta a criação de um comitê, é preciso que exista

    um espaço na consciência das pessoas e que se tenha a convicção de suaimportância para o desenvolvimento da comunidade.

    É importante também que esse comitê saiba integrar-se às ações geraise que não se constitua em um ente isolado, mas que suas propostas e suasatividades sejam parte importante de outras ações previstas para melhorar osoutros campos de interesse social e econômico da população.

    Por exemplo, um comitê especial que se dedique ao tema da água deveter conexões diretas com o setor saúde, deve incorporar-se também aosprocessos educativos comunitários, às propostas de melhoria da infra-

    estrutura, aos trabalhos de recuperação ambiental, etc.

    Se em uma comunidade existem dois comitês ou grupos de trabalho,um de água e outro de saúde, suas atividades devem se desenvolver de maneiraconjunta e estabelecer as vias para que suas propostas se reforcem mutua-mente, apoiadas na educação, na preservação dos recursos, no resguardodas alternativas e outras ações de desenvolvimento da comunidade.

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    5.25.2 O planejamento eO planejamento e  a convergência intersetorial  a convergência intersetorialA comunidade organizada é a base crucial para a obtenção de impor-

    tantes resultados. Junto com ela, as instâncias de autoridade e as instituiçõespúblicas e privadas devem formar uma força de desenvolvimento que se sus-tente no mútuo conhecimento e na possibilidade de avançar de maneira in-tegrada para objetivos comuns.

    Ao tema da água e da saúde convergem muitas autoridades e

    instituições representativas, cujo papel e expectativas variam de acordo comsuas próprias características. Por isso, é importante propiciar a realização deplanos de desenvolvimento sustentável comunitário, que consigam fazerconvergir os interesses e funções dos diferentes setores envolvidos.

    À medida em que se articulem os propósitos, as capacidades ereivindicações de cada um dos setores, se tornará mais viável pôr em práticamedidas de melhoria das condições existentes.

    Desde as autoridades municipais, passando pelas instâncias ministeriais,as organizações não governamentais, os setores produtivos e de serviços, até

    chegar às bases comunitárias, há uma extraordinária conjunção deexperiências e alternativas que, somadas de maneira construtiva, possam con-seguir soluções e melhorar os sistemas de abastecimento de água potável esaneamento, como um mecanismo excelente para propiciar melhorescondições de saúde e de bem-estar coletivo.

    Existem já iniciativas importantes, tais como as relacionadas com aatenção primária ambiental, os ecoclubes e outras, que representamexperiências valiosas que podem constituir-se em elementos de grandeimportância para encontrar e desenvolver soluções.

    No processo da planificação e ação convergente institucional é muitoimportante considerar o monitoramento permanente das ações e a avaliaçãodas diversas etapas, assim como dos resultados alcançados, a fim de poderdar uma sequência e reorientação das atividades.

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    5.35.3 A busca e difusão A busca e difusãodo conhecimentodo conhecimento Temos numerosos conhecimentos inseridos nos campos acadêmicos,

    nas experiências comunitárias, nas vivências pessoais e grupais, nas instituiçõesque atuam no campo da saúde e dos recursos naturais, e nos grupos organi-zados que propiciam a melhoria da qualidade de vida das comunidades.

    Mas esses conhecimentos devem ser incrementados, deve ser ampliada

    sua capacidade de resposta diante dos diferentes desafios da sociedade ediante das mudanças da situação ambiental e de saúde dos grupos huma-nos. Por isso é fundamental propiciar a realização de estudos e de pesquisasaplicadas às diversas realidades, de maneira que contemos com maiores emelhores alternativas para o desenvolvimento sustentável.

    Os estudos devem partir do que já existe, é necessário sistematizarexperiência e insistir na utilização do exemplo de situações já vividas paraevitar a repetição de erros e para superar as falhas. Dessa meneira, com visãocriativa, se proporciona à população novos caminhos para melhorar suascondições de saúde e enriquecer as propostas de implantação e manutenção

    de sistemas de água potável e saneamento.

    De maneira criativa, nossas populações têm proporcionado diversasvisões do manejo da água e alternativas de prevenção ou cura das doenças.O que se precisa é ampliar e aprofundar seus conhecimentos de modo quetoda a força criativa possa ser aplicada a atividades concretas em cadarealidade.

    Assim, os estudos e pesquisas que partem de experiências históricas,deverão trazer a este processo novos conhecimentos e aperfeiçoar os existen-tes e, finalmente, esse conhecimento deve retornar às comunidades para que

    possam ser aplicadas as propostas.

    Esse retorno de conhecimento à comunidade exige a criação de novosmecanismos de difusão e de comunicação para conseguir chegar a cada gru-po social. Devem ser criados elementos inovadores e enfoques participativosque possam ser postos em prática e se constituam em ferramentas de trabalhopara melhorar a vida do conjunto dos seres humanos e dos ecossistemas doplaneta.

    Capítulo 5Capítulo 5

    TAREFAS DETAREFAS DE

    TODOS:TODOS:RESPONSABILIDADERESPONSABILIDADE

    EEPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃODOS DIVERSOSDOS DIVERSOS

    SETORESSETORESSOCIAISSOCIAIS

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     AS COMUNIDADES: AS COMUNIDADES:Organizar-se adequadamente para a gestão da água.Buscar a cooperação de outras instituições. Acrescentarseus conhecimentos tradicionais e relacioná-los aodesenvolvimento de novos estudos e pesquisas.

     AS AUTORIDADES: AS AUTORIDADES:Respaldar a organização comunitária.Incentivarprocessos de planejamento participativo e deconvergência inter-institucional.

    OS EDUCADORES:OS EDUCADORES:Propiciar a participação da comunidade educativa nagestão da água. Participar de processos deplanejamento.Realizar estudos em seu âmbito deinfluência e sistematizar a informação que existe nestecampo.

    OS COMUNICADORES:OS COMUNICADORES:Divulgar os avanços da organização e da gestão daágua. Participar do planejamento. Apoiar o mútuoconhecimento das instituições para sua melhorcooperação. Divulgar os resultados dos estudos epesquisas através de seus meios.

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     6 6O Dia In teramerica

    no

    da  Água - DI A A

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     Água e Água esaúde: umsaúde: umbrinde àbrinde àvida.vida.2020

    4040

    6.16.1 Origem e significadoOrigem e significadoO Dia Interamericano da Água -DIAA-19 foi criado em 1992, por meio de

    uma declaração firmada pela Associação Caribenha de Água e Águas Residuais(CWWA)21, A Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental(AIDIS)22e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)23. Seu objetivo éprestar homenagem à água, insumo básico de nossa existência, no primeirosábado de outubro de cada ano. A celebração deste dia especial enfatiza aimportância que tem a água para a saúde, o bem-estar e o desenvolvimentosustentável dos povos.

    No ano de 2001 se somou à convocatória desta importante celebraçãoa Organização dos Estados Americanos (OEA)24.

    O significado deste dia expressa a existência de valores compartilhadosem todos os países da América, ressalta o sentido do pan-americanismo ereitera o interesse coletivo pela água, a vida e a saúde.

    Celebrar este dia em todos e cada um dos países da Região significatambém reunirmo-nos simbolicamente em um propósito comum que nosarticula e nos dá a força necessária para seguir adiante com nossas tarefas demelhoria das condições de vida e de saúde de nossos povos.

    6.26.2 Oportunidades que ofereceOportunidades que oferecea celebração do DIAAa celebração do DIAA

    A celebração do Dia Interamericano da Água nos oferece a oportunidadede pensar e de atuar coletivamente em torno deste importante tema. Paraisso, podemos fazer uso de múltiplas modalidades de ação. Por exemplo,podemos organizar diversos eventos que propiciem o melhor e maiorconhecimento em torno do lema escolhido, que para o ano 2001 relaciona aágua com a saúde e propõe um significativo brinde à vida.

    A seguir, são relacionadas as tarefas que podemos cumprir para acelebração do DIAA:

    n Estimular a criação dos grupos de coordenação nacional e locais e aplanificação de ações em cada país.

    19 Ver informação complementar sobreo DIAA em: http://www.cepis.ops-oms.org/eswww/DIAS/Diainter/general esobre o Dia Mundial da Água em: http://www.worldwaterday.org

    20Significativo lema do DiaInteramericano da Água no ano de 2001.

    21Ver informação sobre CWWA emhttp://cwwa.net

    22Ver informações sobre AIDIS emhttp://aidis.org.br

    23

    Ver mais informações nos sites daOrganização Mundial de Saúde - OMS:http://www.who.int e da OrganizaçãoPan-americana da Saúde - OPAS:http://www.paho.org

    24Ver informação sobre a OEA em:http://www.oas.org

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    n Realizar uma campanha de vigilância e monitoramento sobre o estadodas fontes de água e as condições em que se encontra o sistema deabastecimento de água potável e saneamento na comunidade. Comunicar

    os resultados à população, junto com as medidas futuras.n Promover uma campanha de saúde sobre a prevenção de doenças

    relacionadas com a água.

    Estas e outras atividades devem estar acompanhadas de uma boaorganização multisetorial, que reforce os laços entre as organizações e permitaconstruir as bases para ações futuras.

    Como temas possíveis para a celebração do DIAA, referidos ao lemadeste ano, podem ser citados os seguintes:.

    Tema 1. A água e a saúde como direitos humanos fundamentais.Tema 2. O alívio da pobreza e sua relação com o acesso à água potável

    e ao saneamento.Tema 3. A gestão integrada da água, responsabilidade compartilhada.Tema 4. A prevenção das doenças relacionadas com a água.Tema 5. O cuidado das fontes de água para cuidar a saúde.Tema 6. A higiene, a água e a saúde: os hábitos para proteger a vida.Tema 7. A saúde coletiva e a água nos lugares públicos.Tema 8. A água, os movimentos sociais e a cidadania.

    Estes e outros temas relacionados podem ser tratados em campanhasespecíficas, em conferências ou em debates, assim como servir de referênciapara os concursos e as atividades de divulgação.

    6.36.3 Para 2002:Para 2002:Um século da OPAS e umaUm século da OPAS e uma

    década da iniciativa do DIAAdécada da iniciativa do DIAANo ano de 2002 se comemorarão 100 anos de criação da Organização

    Pan-americana da Saúde - OPAS -, no âmbito da Organização Mundial daSaúde - OMS -, e se completarão 10 anos da iniciativa do Dia Interamericanoda Água. Esta interessante coincidência oferece singulares oportunidades pararealizar ações e propostas articuladas que fortaleçam as alternativas demelhoria das condições de saúde, saneamento básico, água potável e

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    Capítulo 6Capítulo 6

    O DÍAO DÍA

    INTERAMERICANOINTERAMERICANODA ÁGUA -DA ÁGUA -

    DIAADIAA

    25 Sobre a história e estrutura daOPAS ver: http://www. paho.org/spanish/historia.htm

    26  Este documento pode serconsultado em http://www.rolac.unep.mx

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    participação responsável.

    Como se sabe, a Organização Pan-americana da Saúde é uma agênciade cooperação técnica pertencente ao sistema das Nações Unidas, cuja origemremonta à resolução da Segunda Conferência Internacional de EstadosAmericanos realizada no México, em janeiro de 190225. Seus propósitosfundamentais são a promoção e coordenação dos esforços dos países daRegião das Américas para combater as doenças, prolongar a vida e estimularo bem-estar físico e mental de seus habitantes.

    Em seus 100 anos de existência tem realizado numerosas açõesorientadas a esse propósito com notáveis resultados na Região. Sua destacadatrajetória se sustenta em princípios de cooperação entre os povos americanos.Busca identificar os elementos geográficos e culturais comuns e fortalecer o

    pan-americanismo, com exclusão de qualquer consideração de sectarismoou de segregação.

    A OPAS é uma das três organizações que firmaram a declaração quecriou o Dia Interamericano da Água - DIAA - em 1992, junto com a AIDIS e aCWWA. Ao propor a criação deste dia os signatários tiveram como objetivocriar consciência na população das Américas sobre a importância deste recursopara a preservação da vida. Assim, se acordou que o DIAA se orientaria apromover:

    a. A melhoria do abastecimento d e água tratada nas regiões 

    desabastecid as da América Lat ina e Cari be.b. O aumento do s invest im entos na área da saúde,principalment e para at ender ao segmento mais vulnerável da 

    popu lação: as cr ianças.

    Desde o início da celebração do DIAA, as comunidades latino-americanas e caribeanas responderam com grande entusiasmo e a celebraçãovem sendo realizada na maioria dos países. Inclusive vários governos e cidades

     já institucionalizaram esta celebração. Cada ano se incorporam a ela maisgrupos e organizações, os meios de comunicação têm aumentado suaparticipação e se tem desenvolvido mais iniciativas lo