Upload
trandang
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM/PSICOPEDAGOGIA
E EDUCAÇÃO INFANTIL
APROVADA
NOTA: 8,5
BULLYING: COMBATER ESSA VIOLÊNCIA COMEÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Juliana Silvério
Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo
ALTA FLORESTA/2015
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM/PSICOPEDAGOGIA
E EDUCAÇÃO INFANTI
BULLYING: COMBATER ESSA VIOLÊNCIA COMEÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Juliana Silvério
Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Neurociência e Aprendizagem/Psicopedagogia e Educação Infantil.”
ALTA FLORESTA/2015
RESUMO
Iniciarei o trabalho apresentando como o bullying se manifesta, através de
insultos, intimidações, apelidos cruéis e gozações que magoam profundamente.
O que me levou ao tema deste trabalho foi meu filho Renan Jhonathan
Silvério da Silva de 12 anos, meu filho é uma criança muito abençoada ele é muito
inteligente e querido por todos na escola, e isso causou uma certa inveja e ciúmes
entre seus amigos de sala, foi ai que começou a sofrer bullying.
Desde então quando comecei a enfrentar este obstáculo com meu filho
procurei ler e pesquisar mais sobre o assunto.
Minha pesquisa neste trabalho foi bibliográfica.
Neste trabalho busquei entender porque o fenômeno bullying é um problema
tão específico e que a explicação está no fato de ele ser uma manifestação desigual
de poder, em que o alvo não possui condições de lidar com o problema.
Mostrarei as principais consequências causadas pela presença da violência,
incluindo o bullying no ambiente escolar e na vida pessoal dos alunos, assim no que
diz respeito aos efeitos dela no desempenho escolar e na qualidade de ensino.
Ao final do trabalho apresentarei um projeto de ensino com o tema semana
de combate ao bullying, com vistas à redução da violência com participação de toda
a comunidade escolar, esclarecendo todas às duvidas sobre o bullying.
Os resultados alcançados neste trabalho foram muito importantes para mim
e meu filho, pois foi através de leituras e pesquisas que agora sabemos lidar com o
bullying sem que deixe marcas negativas na sua formação.
Palavras-chave: Violência. Vítimas. Agressores. Traumas. Conflitos. Prevenção.
SUMÁRIO
Introdução..................................................................................................................04
1 Revisão Bibliográfica ..............................................................................................06
2 Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino.............................................18
2.1Tema e linha de pesquisa.....................................................................................18
2.2 Justificativa...........................................................................................................18
2.3 Problematização...................................................................................................19
2.4 Objetivos..............................................................................................................20
2.5 Conteúdos............................................................................................................21
2.6 Processos de desenvolvimento............................................................................22
2.7 Tempos para a realização do projeto...................................................................24
2.8 Recursos humanos e materiais............................................................................25
2.9 Avaliação..............................................................................................................25
Considerações Finais.................................................................................................26
Referências................................................................................................................28
INTRODUÇÃO
A violência nos últimos anos tem crescido no mundo todo. E está presente
até mesmo nas escolas que é um lugar de construção de saberes.
Neste trabalho darei uma atenção especial ao bullying, pois as
conseqüências advindas dos traumas causados nos envolvidos são enormes.
O conteúdo será trabalhado principalmente com as crianças da educação
infantil, pais e comunidade escolar, com o objetivo de analisar porque é tão difícil
para as escolas detectar o bullying, quais as conseqüências no desenvolvimento
cognitivo dos alunos vitimados, assim como analisar o papel da escola e da família
no combate e prevenção ao bullying, identificando formas para minimizar o problema
nas escolas.
A justificativa deste trabalho se baseia no fato de que o bullying é um
problema de difícil detecção, pois pode ser confundido com brincadeiras de mau
gosto ou próprias da idade, e que traz aos envolvidos graves implicações
psicológicas e cognitivas.
O que motivou a realização do projeto foi o fato de as escolas não darem a
devida importância a este comportamento agressivo, ou pior, quando há um
completo desconhecimento sobre o bullying, que cada vez mais, atinge um numero
maior de estudantes, sendo as vitimas os que mais sofrem transtornos em sua vida
pessoal e acadêmica.
O objetivo do trabalho visa analisar o papel da família, da escola e da mídia
nos comportamentos violentos e também na sua intervenção.
Apresentarei também um projeto com algumas propostas para se trabalhar
com toda a comunidade escolar. Não apresento soluções definitivas para o
problema, mas pretendo desenvolver uma reflexão sobre a gravidade do tema,
apontando algumas medidas que já foram aplicadas e deram certo.
Os conteúdos do projeto serão abordados em forma de palestras, vídeos,
teatros e depoimentos de pessoas que já passaram por situações desagradáveis
com o bullying. Abordando assim de forma clara e esclarecida todos os temas
apresentados.
As palestras serão realizadas na escola, durante cinco dias, tendo inicio às
19h30min e contara com a participação dos alunos, junto com seus pais e os
profissionais da educação.
Para realização do projeto serão necessários alguns recursos como: livros,
revistas, jornais, textos de pesquisa sobre o tema, filmes e músicas, pesquisas na
comunidade, folders, poesias, internet e cartazes.
As atividades realizadas no projeto de acordo com a forma que os
participantes se sintam evolvidos nos conteúdos das palestras, ao final sera
verificado a sensibilização com as conseguencias que o bullying pode causar,
analisando se alcançaram os objetivos propostos.
Dentre os autores que trabalhei um dos que mais me chamou atenção foi
FANTE (2005), que investigou a violência sutil e velada entre alunos, e nos informa
o histórico do bullying, nos relatando que os comportamentos de bullying adquirem
diversas formas, sendo algumas mais cruéis do que as outras.
Também teve um autor que nos fala sérias realidades dos dias de hoje,
CONSTANTINI (2004), busca um entendimento do que levou os jovens a se
tornarem violentos. Para isso o autor busca evidenciar, situando no tempo e espaço,
as transformações sociais sofridas na família e na sociedade no que diz respeito à
criação dos filhos.
Um ótimo autor também citado neste trabalho foi PEREIRA (2002). que
apresenta um quadro bem detalhado e muito bem definido sobre o bullying.
05
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A criança é um ser social dotada de capacidades afetivas, emocionais e
cognitivas. Com a interação realizada com as pessoas que a cercam, é capaz de
aprender, ampliando suas relações que lhe darão suporte, para se expressar, de
forma cada vez mais segura, com diferentes crianças e adultos. Quanto mais ricas
forem as oportunidades de interação, maior será o desenvolvimento desta criança.
Nunca em todos os tempos, a violência esteve tão presente no nosso
cotidiano quanto nessas últimas décadas. Estamos expostos à sua influência a todo
instante; no trânsito, nos transportes públicos, nos bares, na nossa casa, enfim, em
todos os ambientes.
A violência chega a todos nós através da televisão, da internet, do cinema.
Vemos diariamente nossas crianças e jovens expostos a todo tipo de
violência veiculada nos desenhos, nos filmes, nos jogos eletrônicos e até mesmo no
convívio social com os colegas. Mesmo na escola, espaço reservado para a
educação e construção de valores, a presença de atos violentos é constante, como
relata FANTE (2005).
Podemos perceber que, por meio da mídia, temos mais acesso às
informações e, conseqüentemente, aos atos tidos como violentos.
Exemplos não faltam de atos violentos que comoveram o país e depois de
algum tempo foram esquecidos.
PAREDES, SAUL e BIANCHI (2006), afirmam que a violência, de modo
geral, é um fenômeno extremamente preocupante, pois deixa marcas nos
envolvidos, causando medo e apreensão.
Uma das minhas maiores preocupações é que se fora da escola a violência
já causa tantos transtornos, o que se pode dizer da violência cometida dentro do
ambiente escolar?
Alguns autores buscaram explicações para o porquê de existir tantos atos
agressivos entre as pessoas, ou seja, uma resposta que pudesse explicar o que
contribui para o efeito da violência.
De acordo com DEBARBIEUX (2002), os delitos violentos, como os demais
crimes, têm origem nas interações entre os agressores e as vítimas, em
determinadas situações.
São muitos os fatores familiares que prenunciam a violência, sendo a
supervisão parental deficiente, pais agressivos, incluindo disciplina severa e punitiva,
conflitos entre os pais, sendo a ausência do pai um fator quase decisivo para os
principais indicadores para condenações por atos violentos.
Atualmente, vemos a família cada vez mais se desestruturando, da família
tradicional vem surgindo novas formas de família, ou seja, família composta apenas
de mãe e filho(s), pai e filho(s), filhos de relações diferentes convivendo na mesma
casa por conta de novas relações após divórcios, famílias homossexuais, entre
outras. Essa desestruturação familiar, aliada ao pouco tempo que os pais dedicam
aos filhos, por conta de empregos externos, e à falta de limites impostos pelos pais,
pode ser uma das explicações para que as crianças e jovens não tenham limites
preestabelecidos para seus comportamentos.
Como fator psicológico que leva a prever atitudes violentas está à
hiperatividade, impulsividade, controle comportamental deficiente e problemas de
atenção.
Também COLOMBIER, MANGEL e PERDRIAULT (1989), afirmam que “a
violência que as crianças e os adolescentes exercem é, antes de tudo, a que o seu
meio exerce sobre eles.” (p.17).
O meio social predominante na vida das crianças é a família, por isso a
violência doméstica é um forte prenúncio de violência escolar. Portanto, as
mudanças na estrutura e dinâmica na relação familiar, muito comum nos dias atuais,
estão entre um dos possíveis fatores determinantes da violência.
Como fator socioeconômico, há um destaque para o fato de o indivíduo
oriundo de uma família de baixa condição socioeconômica ser um prenúncio de
violência.
SPOSITO (1998), concorda que o fator socioeconômico não serve como
fator explicativo para a presença da violência, visto que esta está presente em todas
as camadas sociais, além do fato de que existem bairros prioritariamente de famílias
de baixa renda sem, contudo, serem bairros violentos.
07
Um fator circunstancial que predispõe o individuo à violência é o abuso de
drogas, tanto lícitas (álcool) como ilícitas (maconha, cocaína, crack etc.), sendo o
consumo de álcool um fator imediato na precipitação da violência, segundo os
autores DEBARBIEUX e BLAYA (2002) e SEIXAS (2005).
LEVISKY (1997), além de situar um dos determinantes da violência na
própria historia do Brasil, fruto da hereditariedade trazida pelos portugueses,
também situa a família como outro componente gerador de violência, em
decorrência das transformações pelas quais vem passando. Para o autor:
Na família da sociedade atual, o pai simbólico, orientador que sinaliza o eixo e os limites, e o elemento materno, continente e provedor, estão esmaecidos, confusos, ambivalentes quanto aos papéis e valores a ser transmitidos.
A mulher, a guisa de exemplo, conquistou novos espaços na sociedade, mas, em contrapartida, grandes perdas estão ocorrendo na qualidade das primeiras relações mãe-bebê e na realização da função materna. Estes fenômenos se devem, em parte, às transformações rápidas, difíceis de serem acompanhada, característica da cultura vigente (p.25).
Não pode deixar de refletir que a violência é prejudicial tanto para quem a
sofre, como para que a pratique ou mesmo para quem a presencia. Ela causa um
mal-estar geral que afeta a população como um todo.
Infelizmente, o modelo do mundo exterior é reproduzido nas escolas,
fazendo com que as instituições deixem de ser ambientes seguros, modulados pela
disciplina, amizade e cooperação e se transformem em espaços onde há violência,
sofrimento e medo.
Dentre os fatores já citados, não podemos deixar de nos referir ao papel da
televisão, da internet, da telefonia móvel, do tráfico de drogas. Esses também são
condicionantes para a violência, visto que são propagados a todo o momento, em
diversos tipos de programas, entre eles, os filmes e as novelas. Até mesmo os
desenhos animados, destinados às crianças, fazem apologia à violência e, nos
comerciais, ao consumismo, conforme podemos verificar na fala de alunos das
escolas públicas entrevistados por MINAYO (1999, p.142):
Violência é um negócio que vende nos desenhos animados, nos desenhos japoneses, como os Cavaleiros do Zodíaco, nos filmes. Aí a criança vê aquilo, de certa maneira ela acha que é normal, que o super- herói dela mata o outro e ela quer imitar.
Dentre todos os tipos de agressões citadas, a mais preocupante é a
violência sutil, velada, mascarada ou invisível, pois esta pode passar despercebida.
08
Alguns pesquisadores conhecem esse tipo de violência sutil como bullyng.
Esta é uma forma violência que, como afirma FANTE (2005, p.21), acontece de
forma velada, por “meio de um conjunto de comportamento cruéis, intimidadores e
repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vitima” e com grande poder
destrutivo, pois fere a “área mais preciosa, íntima e inviolável do ser – a alma.” O
bullying vem se disseminando nos últimos anos, tendo como resultados os nefastos
massacres em escolas localizadas nas mais diversas partes do mundo, incluindo o
Brasil.
Como no caso que aconteceu com as crianças no Rio de Janeiro no dia
07/04/2011, em que Wellington Menezes de Oliveira invadiu a Escola Municipal
Tasso da Silveira e abriu fogo contra os alunos. Doze crianças morreram, sendo dez
meninas e dois meninos. O atirador cometeu suicídio. Um triste fato que marcou
toda a população.
Wellington Menezes de Oliveira, o assassino teria sido vítima de bullying nos
anos em que estudou na escola municipal Tasso da Silveira – a mesma a que
voltou, para abrir fogo contra os alunos.
Ex-colegas de classe do atirador disseram a várias entrevistas que o
criminoso sempre apresentou distúrbios de comportamento – e sofria constantes
intimidações de alunos da sua turma.
Mas então o que pensar diante de uma situação como essa, como evitar que
crianças, adolescentes ou jovens, passe pela sua caminhada escolar sem sofrer
com o bullying, que esta se tornando cada vez mais freqüente no ambiente escolar.
O bullying, segundo PEREIRA (2002), representa uma forma séria de
comportamento antissocial que, pela sua duração, pode prejudicar o
desenvolvimento da criança, tanto imediatamente como em longo prazo, e pode
contribuir para o maior envolvimento dos “bullies activos” em comportamentos
criminais na vida adulta.
Assim, também há um consenso de que se trata de um fenômeno que não é
exclusivo de um único ambiente, pode acontecer em qualquer lugar onde exista
relação interpessoal, ou seja, na família, no trabalho, no bairro, no clube, nos asilos
de idosos, nas prisões, nas forças armadas, na escola, entre outros (FANTE, 2005).
De todos esses ambientes, um dos mais preocupantes é o escolar. Visto que as
crianças e os adolescentes ainda não possuem a personalidade totalmente formada,
09
não possuindo amadurecimento suficiente para lidarem com as conseqüências do
bullying.
Para o agressor, segundo FANTE (2005), os atos de bullying são divertidos
porque humilham a pessoa vitimada. Quando esta aceita de forma pacífica torna-se
alvo de chacota também pra outros alunos. O agressor se sente bem, pois para a
sua turma ele é “o poderoso”, ele se satisfaz ao ver o riso dos colegas ou muitas
vezes se sentem vingados pelas agressões ou humilhações que sofrem em outros
ambientes, entre eles, o familiar ou simplesmente porque a educação que recebem
dos pais serve de incentivo à violência e ao sadismo, neste caso dando-lhe prazer
ao ver o sofrimento da sua vítima.
As agressões do bullying, segundo FANTE (2005), são consideradas
gratuitas porque a pessoa vitimada, geralmente, não cometeu nenhum ato que
motivasse as agressões. Geralmente acontece por motivos discriminatórios, por
exemplo, ser de etnia diferente, ser um bom aluno e tirar notas boas, ser frágil ou
muito pequeno, usar óculos, possuir atitudes afeminadas para os homens ou
masculinizadas para as mulheres, ou seja, por seu porte físico, suas atitudes e
valore, entre muitos outros.
É quase impossível, segundo FANTE (2005), pensar que exista uma pessoa
que nunca tenha sofrido bullying, pois vivemos em um mundo de diversidades, onde
pensamos diferentes e agimos diferente, e essa violência acontece desde muitos
anos atrás.
Segundo FANTE (2005), o bullying é um fenômeno mundial tão antigo
quanto à própria escola. Seu estudo sistemático começou por volta da década de
70, na Suécia, entretanto no final do ano de 1982, os jornais noruegueses
noticiavam a suicídio de três crianças com grandes probabilidades de terem sido
motivados por situações de maus-tratos a que eram submetidas pelos seus
companheiros de escola.
Assim o bullying pode acontecer em qualquer escola do mundo, com maior
ou menor incidência, e independentemente das características culturais, econômicas
ou sociais dos alunos, por isso nós como futuros pedagogos devemos ter uma
grande preocupação em buscar soluções para esse problema, que existe em escala
mundial.
Para FANTE (2005),
10
o bullying, é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, podendo causar traumas ao psiquismo de suas vítimas. (p.30)
Os professores precisam orientar seus alunos para criarem relacionamentos
saudáveis, em que os colegas tolerem as diferenças e tenham senso de proteção
coletiva e de lealdade. É preciso desenvolver nos alunos a capacidade de se
preocupar com o outro, construindo uma imagem positiva de si e de quem está no
entorno.
Mas não podemos generalizar todas as agressões ocorridas na escola como
bullying.
Para PEREIRA (2002),
o uso da palavra bullying é muito importante, visto que pode existir o risco de confundi-lo com outras formas de comportamento agressivo, que é normalmente expresso em determinadas idades, principalmente entre 7 e 14 anos; ou ainda, com brincadeiras agressivas ativas de grande expansividade e envolvimento físico dos intervenientes, mas em que não existe a intencionalidade de magoar ou causar danos. (p.17).
Por isso a importância da investigação nas manifestações de agressividade
e mudanças no comportamento da criança. Pois algumas agressões têm
características de ser um caso eventual, relacionado ao amadurecimento das
crianças e sem intencionalidade, outras têm a característica de serem casos
repetitivos e intencionais contra uma mesma vítima. É aí que está o problema, pois
nesses casos as vítimas passam por sofrimentos tantos físicos como psicológicos,
podendo causar prejuízos emocionais irreparáveis pelos traumas e seqüelas
sofridos pelo seu aparelho psíquico. Isso acontece porque são agressões que
podem acontecer diariamente, afetando o equilíbrio da pessoa, sendo essa pessoa
uma criança ou jovem, ainda despreparado para lidar com frustrações.
Desde a mais tenra idade, segundo PEREIRA (2002), o ambiente condiciona
o comportamento do ser humano. Conseguir uma identidade própria não é tarefa
fácil, como sabe qualquer pessoa que tenha alcançado a maturidade. O sujeito se
apresenta na adolescência com uma opinião de si mesma que adquiriu durante a
sua infância.
O bullying, segundo COSTANTINI (2004), tem a principal característica de
ser uma manifestação desigual de poder, na qual a vitima não consegue se defender
com facilidade, nem tampouco buscar ajuda, porque em alguns casos ou ela tem
medo de represálias ou, às vezes, o adulto não dá a devida atenção para o
11
problema relatado pela criança, deixando-a exposta ainda mais ao agressor.
Essas manifestações geralmente acorrem longe das vistas de um adulto, de
acordo com CONSTANTINI (2004), daí a dificuldade em reconhecer sua existência.
Geralmente, os locais onde predominam os ataques são: o pátio, os corredores, os
banheiros e as salas de aulas, conforme estudos de Pereira (2002), pois esses são
locais de pouca fiscalização por parte dos profissionais da escola.
Aramis LOPES NETO (2005), relata que os agressores de bullying são
tipicamente populares, tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos
anti-sociais, mostrando-se agressivos inclusive com os adultos, são impulsivos e
vêem suas agressividades como qualidades; têm opiniões positivas sobre si mesmo;
é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar,
controlar e causar danos e sofrimentos aos outros.
As vitimas são aquelas crianças que sofrem as agressões, podendo ser
vitimas típicas ou passivas, servindo de marionete para o agressor.
A vítima típica, segundo FANTE (2005), possui extrema sensibilidade,
timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa auto-estima, alguma deficiência
de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos.
A vítima agressiva, segundo FANTE (2005), é aquela que diante dos maus
tratos sofridos reage igualmente com agressividade.
A vítima provocativa, segundo FANTE (2005), é aquela que provoca e atrai
reações agressivas contra as quais não consegue lidar com eficiência; é geniosa,
tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada, geralmente de maneira
ineficaz.
Por isso a vítima, na maioria das vezes, prefere guardar segredo até que se
sinta segura, pois tem medo de que o agressor fique sabendo da denúncia e queira
se vingar. Portanto, para LOPES NETO (2005) o silencio só é rompido quando as
vítimas sentem que serão ouvidas, respeitadas e valorizadas.
As testemunhas são aquelas que presenciam as agressões.
Os comportamentos de bullying, segundo LOPES NETO (2005), podem se
apresentar de duas formas: a direta e a indireta; sendo á forma indireta a que mais
provoca danos psicológicos em suas vítimas e de mais difícil detecção. .
Segundo, PEREIRA (2002), a forma direta inclui agressões físicas (bater,
empurrar, tomar pertences), enquanto as agressões indiretas incluem a agressão
12
verbal (apelidar de maneira pejorativa e insultar) e a psicológica (meter medo,
constranger, intimidar, fazer gozações e acusações injustas, assim como
ridicularizar e infernizar a vida de outros alunos).
Acredito que qualquer atitude na intenção de magoar outra pessoa é uma
violência, pois embora você não toque, as palavras ditas para ofender pode-se
considerar como uma falta de respeito contra o outro, e assim causando grandes
danos na personalidade das vítimas.
Porém, independente do gênero envolvido, o problema bullying é
gravíssimo, pois está presente em todos os níveis de ensino, CONSTANTINI (2004),
pesquisador italiano, afirma que pesquisas recentes já identificaram o fenômeno
desde o maternal, indo até os primeiros anos do ensino médio.
Por isso é necessário que os profissionais da educação saibam diferenciar o
bullying, inclusive diferenciá-lo da indisciplina.
Atualmente a questão disciplinar, é uma das dificuldades fundamentais
quanto ao trabalho escolar.
A disciplina escolar é o conjunto de regras que devem ser obedecidas para o
êxito do aprendizado escolar. Segundo AQUINO (1996), a disciplina é inerente à
condição humana.
A indisciplina em sala de aula é, entre outros fatores, decorrência do
enfraquecimento do vínculo entre moralidade e sentimento de verginha e do papel
da família, enquanto primeira instituição formadora do caráter da criança. A estrutura
escolar não pode ser pensada separadamente da estrutura familiar.
Segundo AQUINO (1996), a indisciplina pode revelar-se, supostamente, de
um sintoma de relações familiares desagregadoras, incapazes de realizar a contento
sua parcela no trabalho educacional das crianças e adolescentes. Um
esfacelamento do papel clássico da instituição família.
Portanto, a indisciplina, assim como o bullying, também está presente em
todas as escolas seja elas públicas ou privadas.
Porém, segundo AQUINO (1996), a indisciplina não causa danos psíquicos
ou emocionais nos envolvidos, e são transtornos disciplinares de fácil resolução. No
entanto, o bullying, provoca transtornos mais complicados, pois prejudica o
desenvolvimento natural de seus envolvidos, tanto no emocional, como no cognitivo
e no psicológico.
13
A indisciplina, segundo AQUINO (1996), pode ser resolvida com diálogo
entre profissionais da escola, alunos e família. Já o bullying não tem uma solução
tão fácil, precisa de uma intervenção mais intensa, de um trabalho mais intenso, se
necessário até com profissionais da área de saúde (pediatras, psicólogos,
terapeutas). Portanto, cabe aos professores reconhecer e diferenciar os atos de
indisciplina dos atos de bullying, para que possam fazer uma intervenção mais
realista e eficaz.
O ideal da família, segundo MINAYO (1999), seria aquela em que
predominasse o amor, o carinho, a afeição e o respeito. Mas nem sempre isso
acontece. Nesses casos, muitas crianças e jovens se desvirtuam e passam a
reproduzir o que aprendem com seus familiares. Seja reproduzindo a violência
sofrida em casa, seja reproduzindo formas de uma educação deturpada, em que se
combate a violência com violência.
FANTE (2005), em várias pesquisas realizadas em escolas, públicas e
particulares, do interior de São Paulo, encontrou como uma das respostas para a
violência o fator familiar. A violência doméstica foi relatada por mais de 70% dos
alunos entrevistados como fator decisivo para a reprodução da violência nas
escolas.
Portanto, sendo a família uma das principais instituições de educação, cabe
a ela investir nos jovens, incutindo-lhes o respeito ao próximo e a não violência.
A família, segundo FANTE (2005), deve estar atenta ao que acontece com
os filhos em ambientes externos à própria casa, principalmente na escola e nos
grupos de amigos. Quando detectado o problema com relação à presença de
violência, tanto na escola quanto fora dela, sendo a criança agressora ou vítima, os
pais devem sempre buscas ser parceiros da escola e, juntos, procurar meios de
reduzir as agressões.
Segundo FANTE (2005), os cursos de formação de professores, não os
preparam para enfrentar a violência em salas de aula e nesses casos eles nem
mesmo sabem como reagir.
Para ROYER (2003), os professores não recebem uma formação adequada
para evitar e controlar os comportamentos problemáticos ou agressivos dos jovens.
Sua intervenção privilegiada, na maior parte das vezes, limita-se à punição.
Os excessos de punição podem acarretar mais revolta e mais agressividade
14
nos alunos, sendo que um simples parabéns e dar mais atenção aos
comportamentos positivos podem contribuir de forma positiva e eficaz na
aprendizagem e no auto- estima dos alunos.
Hoje em dia com a propagação do ao consumismo e do ideal de beleza, os
jovens se sentem propensos a adquiris tudo o que vêem.
A mídia tem o poder de criar padrões e valores que, na maioria das vezes,
não são compreendidos por grande parte da sociedade.
BIANCHI (2006), observou que os jovens, por receberem informações
intensas e contínuas, por meio da mídia televisiva e internet, podem ter seu
pensamento crítico inibido, levando-os a perceber a violência como algo normal.
A televisão e a internet fizeram do homem seu escravo. As pessoas dedicam
varias horas por dia principalmente a esses dois meios de comunicação, deixando
até mesmo de dedicar um pouco de seu tempo aos filhos. Daí a rebeldia, uma forma
de chamar a atenção.
Para MINAYO (1999), a televisão aumenta, maquia, manipula e distorce a
realidade.
Mas, com tudo isso, a mídia também educa, também informa, o problema
está em saber selecionar o que se pode ou deve se assistido pelas crianças e
jovens, e isso cabe aos pais, ainda que estejam ausentes na maior parte do temo.
Alem destes, cabe também à escola conduzir a criança e explicar que certos
programas não exprimem a realidade e que são originados para gerar ibope, por
isso eles mostram o que as pessoas querem ver. Oferecer às crianças condições de
assistir programas de TV e usar a internet com mais cautela talvez seja a melhor
solução para evitar mudanças de comportamentos em nossos filhos.
As vitimas do bullying, segundo PEREIRA (2002), podem vir a ter suas vidas
infelizes, destruídas, vivendo sempre sob a sombra do medo, com perda de
autoconfiança e confiança nos outros, falta de autoestima e autoconceito negativo e
depreciativo, dificuldades de ajustamento na adolescência e na vida adulta e até
problemas nas relações íntimas.
Segundo FANTE (2005), a ação maléfica do bullying traumatiza o psiquismo
de suas vítimas, provocando um conjunto de sinais e sintomas muito específicos,
caracterizando uma síndrome, denominada síndrome dos Maus-tratos Repetitivos. É
a reprodução constante desses comportamentos agressivos e intimidatórios no
15
convívio escolar e que implica um número cada vez maior de alunos, irradiando-se
como dinâmica psicossocial doentia e repetitiva, numa espécie de ciclo vicioso.
Essa síndrome é oriunda do modelo educativo predominante, introjetado
pela criança na primeira infância. Sendo repetidamente exposta a estímulos
agressivos, aversivos ao seu psiquismo, a criança os introjeta inconscientemente ao
seu repertório comportamental, transformando-se posteriormente numa dinâmica
psíquica mandante de suas ações e reações. Dessa forma, estará predisposta a
reproduzir a agressividade sofrida ou a reprimi-la, comprometendo, assim, o seu
processo de socialização.
Muitas vezes, nas escolas é possível perceber crianças com
comportamentos estranhos, umas mais quietas outras muito agitadas, cada criança
tem sua maneira de expressar seus sofrimentos e seus medos.
Quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é.
É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia,
descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência.
Não é interessante responder às provocações, pois isso aumentaria a raiva
do agressor e é exatamente isso que ele quer.
Outras consequências para as vitimas é o abandono da escola, por medo ou
receio dos próximos ataques e nos casos mais graves podendo chegar ao suicídio
(COSTANTINI, 2004).
Se a violência que acontece no mundo externo a escola já a atinge de modo
tão significativo, o que diremos da violência que ocorre no se próprio meio.
Segundo LOPES NETO (2005), o modelo do mundo exterior é reproduzido
nas escolas, fazendo com que essas instituições deixem de serem ambientes
seguros, modulados pela disciplina, amizade e cooperação, e se transformem em
espaços onde há violência, sofrimento e medo.
Sendo o bullying um problema tão complexo e que deixa tantas sequelas
nos envolvidos, cabe aos responsáveis pela educação das crianças e jovens
estarem atentos às suas manifestações e contribuírem para sua redução. Para que
isso aconteça é necessário que toda a comunidade escolar tome consciência da
existência do bullying, e busquem métodos para tentar resolvê-los.
Conforme COSTANTINI (2004), não há respostas infalíveis e cem por cento
eficazes, mas devem-se ter propostas de intervenção adaptadas para cada
16
realidade escolar.
A intervenção deve visar o trabalho individual com os agressores, as vítimas, os pares e os contextos escolares. Também os pais devem ser incluídos no sentido de desenvolverem atitudes e comportamentos positivos para redução do bullying. O processo de mudança é lento. (PEREIRA, 2002, p.81).
É preciso combater esse tipo de violência e proteger as crianças e jovens,
propiciando um ambiente saudável para crescerem e desenvolverem. Para isso não
existe uma receita única, mas sim várias. Lembrando que cada escola é um mundo
de diversidades.
Por isso, o primeiro passo é investigar a existência, a freqüência, quem são
os envolvidos e os locais onde as agressões acontecem em seguida conhecer a
situação da escola e buscar a melhor maneira de intervenção.
LOPES NETO (2005), diz que o bullying é complexo e de difícil solução, que
precisa ser combatido continuamente, e, ainda, que as ações são relativamente
simples e de baixo custo, podendo até ser incluídas no cotidiano escolar através de
temas transversais em todos os momentos da vida escolar.
PEREIRA (2002), relata que os programas de intervenção devem ser
individualizados, ou seja, específicos para cada escola.
É preciso treinar os profissionais das escolas para que saibam como agir
diante das atitudes agressivas de alunos contra outros, é preciso estabelecer diálogo
entre escola e família, para juntos buscarem soluções cabíveis.
Nunca tentar resolver violência com violência, pois se corre o risco de
agravar o quadro existente.
Cabe a instituição escolar conhecer seus problemas relacionados à violência
entre alunos e adaptar a forma de intervenção que achar mais conveniente.
A melhor forma de resolver os problemas relacionados ao bullying é a
prevenção.
Portanto os profissionais da educação devem tomar consciência dos danos
causados pela presença da violência no espaço escolar e buscarem desenvolver,
nos alunos e em si mesmos, uma conscientização de que a paz e a ordem trarão
benefícios a todos.
17
2. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO
2.1TEMA E LINHA DE PESQUISA
O projeto terá como tema “A semana de combate ao Bullying”
Estudar o que é o bullying e suas consequências.
Tem o objetivo de verificar como os pais, professores e toda comunidade
escolar previnem o bullying, e de que maneira reagem diante de situações de
violência.
Promover o respeito entre os alunos.
Conscientizar a todos que cada um tem a sua maneira de ser e pensar.
O projeto vai orientar os pais e profissionais da educação, sobre a
intervenção que deve visar o trabalho individual com os agressores e vitimas do
bullying. Os pais serão incluídos no sentido de desenvolverem atitudes e
comportamentos positivos para reduzir o bullying.
Com certeza, esse projeto contribui para o meu crescimento profissional,
pois cada dia mais as crianças vêm sofrendo maus tratos, tanto na escola como fora
delas também, e essas agressões influenciam de modo negativo na sua
aprendizagem. Portanto se nós como professores tivermos um olhar mais atento
sobre o bullying, poderemos evitar danos maiores tanto nas vitimas quanto nos
agressores, para isso a necessidade de esclarecer e orientar todas as duvida sobre
o tema.
2.2 JUSTIFICATIVA
Durante os meus estagios nas escolas, conversei com a coordenadora
pedagógica e ela já tinha me falado da necessidade de um projeto que fale sobre o
bullying pois a escola vem sofrendo muito com isso.
Além disso tenho um filho de 11 anos e converso muito com ele sobre o
assunto e sempre falo pra ele respeitar todos os seus coleguinhas na escola, ele é
um menino muito inteligente e acredito que já sofreu bullying na escola. Por isso me
aprofundei no assunto.
O projeto semana de combate ao bullying, visa estimular o respeito às
diferenças dentro e fora do âmbito escolar.
As grandes aprendizagens do ser humano ocorrem em meio a dois
contextos básicos: a família e a escola. Nessas duas esferas de socialização e
aprendizagem, a criança vive relações verticais — com os pais e professores — e
horizontais — com irmãos e colegas, que possuem igual poder e estão no mesmo
nível de hierarquia. Nessas circunstâncias, percebemos a importância que temos,
como educadores/as, no papel social junto a essas crianças, mesmo porque a
família, muitas vezes, não tem estrutura para manter um diálogo aberto e adequado
sobre temas que envolvem preconceitos já tão permanentes na nossa sociedade.
Muitas vezes, nos deparamos com agressões gratuitas de puro preconceito,
intolerância e desafeto entre crianças e jovens da nossa comunidade educativa e
devemos manter um trabalho de sensibilização destes, a fim de combater esse tipo
de comportamento que, muitas vezes, tem como pano de fundo a falta de
informação. Silenciar não é uma atitude coerente com a prática educativa,
democrática e saudável. O trabalho interdisciplinar e a preocupação com a formação
da cidadania colocam em discussão as diferentes relações de gênero, raça, etnia e
toda e qualquer desigualdade que ocorra no dia a dia escolar. Nesse contexto, o
papel do professor, em união à direção escolar, aos funcionários e aos demais
membros da comunidade educativa, é de fundamental importância para a
construção de uma escola onde haja respeito e dignidade entre todos.
Precisamos de orientações de especialistas como: psicologos e conselheiros
tutelar para entendermos melhor e descobrir de onde vem tanta violencia para
dentro de nossas escolas.
2.3 PROBLEMATIZAÇÃO
Através da vida social, da constante comunicação que se estabelece entre
crianças e adultos, ocorre a assimilação da experiência de muitas gerações e a
formação do pensamento.
A vida humana ganha a sua riqueza se é construída e experimentada
19
tomando como referência o princípio da dignidade. Toda e qualquer pessoa é digna
e merecedora do respeito de seus semelhantes e tem como direito boas condições
de vida e a oportunidade de realizar seus projetos. Características particulares,
como sexo, idade, etnia, religião, classe social, grau de instrução, padrão de beleza,
opção política, ideológica, orientação sexual, etc., não aumentam nem diminuem a
dignidade de uma pessoa. A sociedade é composta de pessoas diferentes entre si,
não somente em função de suas personalidades singulares, como também de
categorias ou grupos. Entretanto, independentemente da riqueza relacionada às
diferenças, existem preconceitos e discriminações, o que resulta, freqüentemente,
em conflitos. A atitude de preconceito e/ou intolerância está na direção oposta do
que se requer para a existência de uma sociedade democrática, pluralista por
definição. As relações entre os indivíduos devem estar sustentadas por atitudes de
respeito mútuo, diálogo, solidariedade e justiça.
Oferecer um ambiente educativo acolhedor e desafiador, tendo possibilidade
de brincar como uma forma privilegiada de aprender e expressar conhecimentos são
uma das principais metas da educação infantil, pois o desenvolvimento da criança
dependerá igualmente da possibilidade que ela tem de explorar seu ambiente,
expressar suas emoções tendo contato, com várias coisas, pessoas e
estabelecendo relações afetivas. Devemos pensar que a criança está
desenvolvendo em todas as dimensões humanas, seja de ordem afetiva, social,
cognitiva, psicológica, espiritual, motora, sexual, lúdica e expressiva, comunicando
suas idéias, emoções, conhecimentos, sentimentos e desejos próprios, por isso
precisa ser considerada por inteiro, integrando-se as ações de cuidar e educar,
funções indispensáveis e indissociáveis na educação infantil.
2.4 OBJETIVOS
Considerar as diferenças existentes em todos os níveis na nossa
comunidade escolar.
Estabelecer estratégias para o trabalho de sensibilização e combate às
práticas agressivas e repetitivas que possam causar angústia e sofrimento.
Promover a criação de um ambiente educacional e social onde meninos e
meninas, homens e mulheres, sejam tratados/as igualmente.
20
Estimular o respeito mútuo entre todos os que formam nossa comunidade
educativa.
Sensibilizar a comunidade educativa em relação ao respeito às diferenças.
Refletir de forma crítica sobre os conflitos que envolvem práticas
relacionadas ao bullying no dia a dia escolar.
Transformar o espaço escolar num espaço democrático, inclusivo e que
assegure a aprendizagem, um direito de todos, sem discriminações.
Propiciar aos alunos a apreciação de textos, documentários, filmes e outras
fontes que abordem assuntos relacionados ao tema do projeto.
Respeitar o outro, sem humilhações ou discriminações.
Valorizar os pontos de vista de pessoas com opiniões diferentes.
Construir um dia a dia justo, livre e solidário no ambiente escolar e fora dele.
Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor,
idade, aparência física, etc.
Contribuir para a formação de cidadãos melhores e mais preparados para o
mundo.
Trabalhar a questão da autoestima com os diversos segmentos da nossa
comunidade educativa.
Compreender a importância do tema Bullying na escola: uma ameaça à
dignidade humana, estimulando e divulgando a formação em Educação não sexista,
antirracista, não homofóbica, sem preconceitos e/ou intolerância, visando o bem-
estar coletivo.
2.5 CONTEÚDOS
O projeto vai trabalhar com as crianças da educação infantil e toda a
comunidade escolar, inclusive os pais.
Os conteúdos serão explicados de maneira simples e participativa, entre
todos os envolvidos.
Podemos pedir a participação voluntaria de psicólogos e membros do
conselho tutelar, que nos orientara através de palestras, vídeos, e também alguns
fatos vivenciados por todos.
21
Serão abordados os seguintes conteúdos:
A história do bullying; Bullying e indisciplina; Violência, Bullying e o papel da
família, da escola e da mídia; conseqüências e implicações do bullying nos
envolvidos e no ambiente escolar e Intervenção para redução do bullying nas
escolas.
2.6 PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO
O pedagogo ou o gestor da escola podera utilizar este material para explicar
de forma clara para os alunos, pais e comunidade escolar o que significa o bullying,
quais são as consequencias que o bullying pode causar, e também ajudar alunos
que sofrem ou já sofreram este tipo de agressão orientando estes alunos a
procurarem ajuda na cooerdenação da escola e também conversando com os pais.
Este material tem como meta principal fazer com que os alunos possam ter
mais respeito um com o outro e que através desse projeto melhorem a
aprendizagem escolar.
O pedagogo devera destacar um ponto importante durante esse projeto que
é o que vem acontecendo nos ultimos anos com alunos que sofreram bullying
durante a aprendizagem escolar e que se tornaram adultos agressivos e vingativos
de forma a vir matar e até mesmo de cometerem suicidio.
Os alunos irão participar de forma dinâmica das atividades contribuindo com
o que está aprendendo em cada dia das atividades.
Nas atividades serão necessario alguns materiais como: cartolina, tv e
aparelho de dvd para apresentação dos videos.
Se possivel o diretor da escola podera pedir apoio de algum psicólogo
voluntario para melhor esclarecimento dos participantes.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: Primeiro dia:
22
Perguntar para os participantes se alguém sabe o que significa a palavra
bullying, após apresentarem suas ideias informa-los que o conteudo da semana
será relacionado ao Bullying. Apresentar o vídeo “Refletindo Sobre o Bullying com a
Turma da Mônica” e o video “Bullying”, confeccionar um cartaz com as crianças
durante o periodo de aula para expor todas as palavras que expressam o bullying, e
apresentar os cartazes durante as palestras. Ex:( discriminar, excluir, isolar, ignorar,
intimidar, perseguir, aterrorizar, apelidos, amedrontrar etc...) em seguida confccionar
uma outro cartaz com palavras que possam evitar o bullyin ex: ( amor, respeito,
amizade, gentileza, ajudar, brincar etc..)
Em seguida, teremos apresentação de dois videos referentes ao tema
bullying.
http://www.youtube.com/watch?v=j3v70bmk4eE http://www.youtube.com/watch?v=h3-9UlWrYzE&feature=player_embedded Segundo dia:
Trabalhar a música “Sofrendo em Silencio”. Elaborar questionarios, por
exemplo: Voce conhece algum coleguinha que já sofreu bullying? Voce já cometeu o
bullying com alguém? Seus pais já conversaram com voce sobre isso? E você
conversa com seus pais quando acontece alguma coisa desagradavel na escola? O
que fazer ao se deparar com uma situação de bullying, tanto vitima como agressor?
Finalizar com o video “Pais e Filhos”.
http://www.youtube.com/watch?v=6SMkM066Aec&feature=related Terceiro dia:
Começar a palestra com 1 video sobre o bullying. ( Bullying-Explicativo para
as escolas) em seguida refletir a pergunta: O que eu não gostaria que fizessem
comigo?
Após o debate sobre a pergunta, o palestrante deve pedir idéias de como
evitar conflitos entre alunos, lembrando que toda proposta devera ser anotada para
posteriormente ser discutida entre os professores.
23
http://www.youtube.com/watch?v=QDYlzhykRus&feature=related Quarto dia:
No quarto dia a palestra começara com o video muito esclarecedor sobre o
que é o bulliyng, e também o cyberbully.
Serão questionadas as seguintes perguntas: Voce já sofreu bullying? Já
ajudou alguma vitima do bullying? Voce respeita seus colegas como gostaria de ser
respeitado? Depois de tudo o que foi estudado até o momento, voce cometeria o
bullying, mesmo sabendo de suas consequencias?
http://www.youtube.com/watch?v=oEsLjGOMtr0
Quinto dia:
No ultimo dia de palestra teremos uma apresentaçao de teatro realizada
pelos alunos, com o tema “ Não devo sofrer calado”, que apresentara o sofrimento e
as consequencias do bullying tanto nas vitimas quanto nos agressores, mostrando
também neste teatro que a equipe pedagógica, está sempre disponivel para
qualquer problema relacionado ao aluno. Mostrando também que os pais devem
procurar saber o que acontece com seus filhos no ambiente escolar.
Finalizar com a apresentação do video “ Uma Boa Convivencia” .
http://www.youtube.com/watch?v=UMwMUWemEY4
2.7 TEMPOS PARA A REALIZAÇÃO DO PROJETO
O tempo previsto para a realização do projeto será de cinco dias, e serão
abordados todos os conteúdos relacionados ao tema bullying, através de palestras.
As palestras serão realizadas no período noturno com inicio às 19h30min,
para que o projeto seja trabalhado com todos os pais e profissionais da educação.
Os convidados receberão um convite todo especial feito por seus próprios
filhos, para se sentirem entusiasmados em participar da semana de combate contra
o bullying.
24
O projeto poderá ter continuidade no ano escolar seguinte.
2.8 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
Para realização do projeto serão necessários os seguintes materiais: Livros,
revistas, jornais, textos de pesquisa sobre o tema, filmes e músicas, pesquisas na
comunidade, folders, produções escritas dos alunos e professores, poesias, Internet,
e cartazes.
A escola também poderá pedir apoio de algum psicólogo ou membros do
conselho tutelar, para uma melhor apresentação nas palestras.
2.9 AVALIAÇÃO
O processo de avaliação será espontâneo e verificará o potencial e a
competência dos participantes em relação à temática, bem como a capacidade de
mudança de comportamento mediante o conhecimento adquirido e experimentado.
Será observado o fortalecimento da autoestima dos educados, o
desenvolvimento do senso crítico e, conseqüentemente, o enfrentamento adequado
nos conflitos sociais.
A avaliação mais importante é o fato das palestras propiciarem a
comunidade escolar oportunidades para fazerem ajustes em suas vidas cotidianas,
que incluem orientação para a prática da tolerância e de respeito mútuo.
Analisar se alcançaram os objetivos propostos.
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola não consegue por si só transformar a sociedade que a influencia,
todavia, isso não quer dizer que a ela esteja reservado o papel de passividade.
Acreditamos que a educação infantil pode contribuir para que aconteçam muitas
transformações, conduzindo os sujeitos a melhores formas de organização e
convivência humana.
É comum que as crianças menores briguem com o argumento de não gostar
uma das outras, mas o educador precisa apontar que todos devem ser respeitados,
independentemente de se dar bem ou não com uma pessoa, para que essa ideia
não persista durante o desenvolvimento da criança.
Diante do que foi relatado, podemos concluir que a presença do bullying é,
sem sombra de dúvida, extremamente prejudicial, pois diferentemente de outros
tipos de violência, o bullying traz inúmeras consequências ruins à saúde física,
mental e social dos envolvidos, sejam elas vítimas, agressores ou testemunhas.
O trabalho contribuiu como um apoio no entendimento da problemática do
bullying, na importância de a escola e a família, juntas, buscar soluções aceitáveis
contra o problema, assim como um entendimento sobre a necessidade dos
profissionais da educação de adquirir conhecimento do bullying para poderem fazer
a distinção entre agressões casuais ou atos de indisciplina do bullying para que
possam interferir e quebrar essa corrente.
Não é segredo para ninguém que educar uma criança é difícil e requer
persistência e dedicação dos pais, principalmente para ensinar valores importantes
para o futuro dos pequenos, como amor próprio, autocontrole, respeito ao próximo e
honestidade. O aprendizado não acontece da noite para o dia, e sim ao longo da
vida. Daí a importância de persistir nas mensagens que deseja transmitir e repetir
mil vezes cada não, por mais difícil que seja.
Em minha opinião a família é extremamente importante na formação do
indivíduo, mas há influências de outras pessoas, como professores, avós, babás. E
elas podem ser positivas ou negativas.
Nós como professores devemos educar também com exemplos, e não com
palavras vazias, do mesmo modo que é de suma importância que os pais sejam
prudentes na hora de orientar seus filhos.
Devemos conhecer melhor nossos alunos, e tentar descobrir de onde vem
sua deficiência na aprendizagem, pois atrás desses problemas poderemos encontrar
razões para tantas dificuldades.
Enfim, compreendi que uma boa escola deve propiciar estreitas relações
com os pais de alunos, afinal tanto a família quanto à escola devem ser responsável
e favorecer o desenvolvimento integral da criança.
Foi um ótimo trabalho para encerrar a caminhada do meu curso de Pós
Graduação, pois me identifiquei muito com esse tema.
Estou muito feliz e satisfeita com os resultados alcançados através deste
projeto, e espero ajudar algumas pessoas com as experiências vividas até agora.
27
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam. Escola e violência. 2. ed. Brasília: UNESCO, USB, 2003. AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Sumus, 1996. COLOMBIER, Claire. MANGEL, Gilbert. PERDRIAULT, Marqueriti. Tradução Roseana Kligerman. A violência nas escolas. São Paulo: Summus, 1989. COSTA, Jurandir Freire. Violência e psicanálise. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. COSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo?: prevenir e enfrentar a violência entre os jovens. Trad. Eugênio Vinci de Morais. São Paulo: Itália Nova Editora, 2004. DEBARBIEUX, Eric; BLAYA, Catherine (org.). Violência nas escolas e políticas públicas. Brasília: UNESCO, 2002. FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas, São Paulo: Verus Editora, 2005. http://km-stressnet.blogspot.com.br/2007/11/bullying-violncia-nas-escolas.html. Acesso em: 15/01/2015. http://letras.azmusica.com.br/M/letras_mobilize_99387/letras_otras_72162/letra_sofrendo_em_silencio_1563215.html. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.fc.unesp.br/upload/pedagogia/TCC%20Luciana%20Pavan%20%20Final.pdf. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.youtube.com/watch?v=6SMkM066Aec&feature=related. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.youtube.com/watch?v=h3-9UlWrYzE&feature=player_embedded. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.youtube.com/watch?v=j3v70bmk4eE. Acesso em: 25 jan.2015. http://www.youtube.com/watch?v=oEsLjGOMtr0. Acesso em: 08 fev.2015. http://www.youtube.com/watch?v=QDYlzhykRus&feature=related. Acesso em: 08 fev.2015. http://www.youtube.com/watch?v=UMwMUWemEY4. Acesso em: 08 fev.2015.
LEVISKI, David Léo (org.). Adolescência e violência: conseqüências da realidade brasileira. Porto Alegre: Artes médicas, 1997. LOPES NETO, Aramis A. Bullying–comportamento agressivo entre os estudantes. Jornal de pediatra, vol.81, n° 5. Porto Alegre, nov. 2005. MICHAUD, Yves. A violência. Tradução L. Garcia. São Paulo: Ática, 2001. MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. Fala galera: juventude, violência e cidadania na cidade do rio de janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 1999. NASCIMENTO, André Luís. Guia de mediação popular. Salvador: Juspopuli, 2007. PAREDES, Eugênia Coelho, SAUL, Lea Lima; BIANCHI, Kátia Simone da Rosa. Violência: o que têm a dizer alunos e professores da rede pública de ensino cuiabana. Cuiabá: EdUFMT, 2006. PEREIRA, Beatriz O. Para uma escola sem violência: estudo e prevenção das práticas agressivas das crianças. Fundação Calouste Gunbenkian. Porto: Editora Imprensa Portuguesa, 2002. ROYER, Égide. Desafios e alternativas: violência nas escolas. Brasília: UNESCO, UNDP, 2003. SPOSITO, Marília Pontes. A instituição escolar e a violência. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1998. TIBA, Içami. Disciplina: o limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996. TIERNO, Bernabé. A psicologia dos jovens e adolescentes: de 9 a 20 anos. São Paulo: Paulus, 2007. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Lidando com a violência nas escolas: o papel da UNESCO/ Brasil. 2003.
29