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/AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DE JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM LINGÜÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA 8,5 OBRAS LITERÁRIAS COMO FONTE DE APRENDIZADO DA REALIDADE SÓCIO-CULTURAL DE UMA ÉPOCA Clodoaldo Adamczuk [email protected] Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2015

AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DE …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20150810174037.pdf · descreve e muitos assuntos que o mesmo repassa entre linhas

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/AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DE JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGÜÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA

PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA

8,5

OBRAS LITERÁRIAS COMO FONTE DE APRENDIZADO DA REALIDADE

SÓCIO-CULTURAL DE UMA ÉPOCA

Clodoaldo Adamczuk

[email protected]

Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo

ALTA FLORESTA/2015

AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DE JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGÜÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA

PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA

OBRAS LITERÁRIAS COMO FONTE DE APRENDIZADO DA REALIDADE

SÓCIO-CULTURAL DE UMA ÉPOCA

Clodoaldo Adamczuk

Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção de Título de Especialização em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira.”

ALTA FLORESTA/2014

DEDICATÓRIA

Ao meu Pai: Silvestre Adamczuk, verdadeiramente o maior mestre que

tenho.

À minha Mãe: Sulanita Adamczuk, que sempre acreditou em mim e, apesar

das circunstâncias mostrarem o contrário, manteve a fé.

AGRADECIMENTOS

Aos meus amigos que me rodeiam, que, com tanta presteza, colaboraram

nesta monografia, ao Eduardo José Freire, e à Nágila Nerval Chaves, com os quais

muito pude aprender e obter elementos que necessitei.

Aos colegas de classe, com quem convivi com muita alegria. À minha irmã

Veridiana e o meu sobrinho João Vitor, pessoas que alegram meus dias.

E, finalmente agradeço, Àquele que se convencionou chamar de Deus.

“Pelo poder da palavra, ela pode agora navegar nas nuvens, visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro das pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos espaços da literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho .. corpo espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!” (Rubem Alves).

RESUMO

A sociedade atual caracteriza-se pela busca do conhecimento. A Leitura de

textos literários é sem dúvida essencial para o processo de ensino aprendizagem do

aluno e sua formação. O texto literário promove um encontro especial do aluno com

a leitura, pois, através do contato com a literatura, o aluno descobre as múltiplas

faces da linguagem e, desta forma, entra em contato com diferentes aspectos da

Língua Portuguesa. O objetivo desta pesquisa é verificar se os alunos são capazes

de desenvolverem uma opinião crítica da realidade social, a fim de que os mesmos

enriqueçam seus conhecimentos. Foi utilizado o método de pesquisa monográfica

exploratório, através de questionários, com os alunos do 3º ano B matutino, do

ensino médio, da Escola Estadual Profª Marines Fátima de Sá Teixeira, da rede

pública do município de Alta Floresta – MT. Concluiu-se que a literatura, de uma

forma geral, é um convite à liberdade de expressão, em que alunos podem

exteriorizar seus sentimentos, descobrir e compreender emoções, além de

desenvolverem a leitura, escrita, interpretação e pensamentos críticos sobre

inúmeros fatos do dia a dia. A formação de leitores de textos literários é primordial,

mas a influência que o professor exerce sobre seus alunos deve ser positiva. Para

formar leitores, é preciso, acima de tudo, que os professores sejam assíduos

leitores, pois, ninguém dá o que não possui e muito menos ensina o que não

conhece.

Palavras-chave: Literatura. Leitura. Aprendizagem.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................07

1. Embasamento Teórico.........................................................................................11

2. Apresentação de Dados.......................................................................................21

3. Análise e Interpretação dos Dados.....................................................................33

3.1 Discussão dos Dados........................................................................................35

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................38

ANEXOS....................................................................................................................40

INTRODUÇÃO

Contribuir para o ensino da literatura a fim de enriquecer o conhecimento

dos alunos é um dos objetivos principais desta pesquisa. Para isto, sugere-se como

um dos métodos a acrescentar o uso de obras literárias a fim de enriquecerem o

conhecimento dos alunos. Este tema foi escolhido após observar-se que muitos

alunos não possuem o conhecimento para entenderem o que uma obra transmite,

isto por não possuírem o conhecimento obtido através da leitura de diversas obras

literárias, apenas leem por ler, deixando de explorar toda história que o autor

descreve e muitos assuntos que o mesmo repassa entre linhas para o leitor, com

críticas à sociedade de sua época, assuntos esses que se refletem nos dias atuais.

Por isso, pretende-se despertar o professor para que ele explore mais os textos

literários, e que os alunos apreendam e identifiquem temas diversos como: injustiça

social, miséria, fome, sede, desigualdade, realidade social, histórica, política e

econômica, descritas dentro das obras literárias, reforçando a importância da leitura

para o enriquecimento do vocabulário do aluno, a fim dele obter conhecimento e

dinamizar o raciocínio e a interpretação.

ESCOLHA DO TEMA

Obras literárias como fonte de aprendizado da realidade social de uma

época.

DELIMITAÇÃO DO TÍTULO

Obras literárias como fonte de aprendizado da realidade social de uma

época: Um estudo realizado com alunos de literatura do 3º ano B do ensino médio

da escola Estadual Profª Marines Fátima de Sá Teixeira da rede pública estadual do

centro urbano do município de Alta Floresta – MT, no ano de 2013.

OBJETIVOS

Verificar se, ao ler obras literárias brasileiras, os alunos estão sendo

capazes de desenvolver a capacidade de crítica da sua realidade social, a fim de

que os mesmos enriqueçam seus conhecimentos, desenvolvendo opiniões críticas,

análise e debate da realidade social a partir do conteúdo de obras literárias como

também se percebem num enredo a injustiça social, miséria, fome, sede,

desigualdade, realidade social, histórica, política e econômica; com a finalidade de

estimular a criticidade dos alunos.

JUSTIFICATIVA

A literatura amplia e pluraliza as visões e interpretações da sociedade, do

mundo e a vida do homem. É necessário observar esta questão, pois a falta da

leitura acaba de certa forma, excluindo o homem de tudo que acontece no mundo,

da interpretação, da imaginação e da ficção arquitetada pelo autor, seja numa

crônica, numa fábula, num romance ou num conto, num poema, numa história

infantil ou infanto-juvenil, num jornal ou num gibi; enfim, são várias as possibilidades

de ingressar no mundo da fantasia e da realidade encontradas em diversas obras

literárias.

Diante disto, busca-se apresentar os benefícios que podem ser adquiridos

em se trabalhar obras literárias, focando a realidade social de uma época transcrita

pelo autor. O professor ao trabalhar este tema em sala de aula, ajuda a desenvolver

no aluno a capacidade de ele formar opiniões críticas, análise e debate da realidade

social a partir do conteúdo de obras literárias, assim como estimula o

enriquecimento do vocabulário do mesmo ajudando-o no raciocínio e interpretação.

Em uma época de especialização, a literatura define os ideais de uma fase

de crise e transição. Daí toda obra literária deve ser de uma fase de transição, pois

são nestas fases que se põe de uma forma dramática ao homem diversas

interrogações, tais como: qual é o sentido de sua vida, qual é a significação do

mundo que o cerca? Diversos especialistas têm especializações precisas ao

exercício de suas funções; exemplo são os psicólogos, professores e arquitetos,

mas, eles têm em comum um atributo, o de serem homens, humanos, e o de

enfrentarem, como todos os demais, problemas idênticos em uma sociedade em

transição.

Como filhos de uma sociedade individualista e liberal, o homem caminha

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para outro tipo de sociedade planificada. Como se dará tal mudança? Quais os

agentes desse processo? Não o sabemos. O que sabemos é que assistimos a um

espetáculo de crise, de transição, em que os velhos quadros sociais desaparecem e

os novos ainda não se estruturaram. A literatura é uma forma de resposta a essa

interrogação. De todas as formas de arte, a literatura é a mais próxima da vida e a

mais sintética, pois reúne-se à arquitetura, quando no processo de composição do

romance; a música, na estrutura melódica da frase; à pintura, no traçar o caráter dos

personagens; a filosofia, ao definir seus ideais de vida. Daí sua importância para a

cultura. Sendo ela acessível aos diferentes especialistas, poderá formular novas

formas de ação ética e padrões morais.

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Como obras literárias brasileiras podem desenvolver a criticidade por

intermédio de análise literária destas por alunos do 3º ano?

HIPÓTESES

a) Com o estudo de obras literárias pode-se desenvolver a criticidade dos alunos

em relação à realidade social nelas expressa, pois mostra fatos de uma outra época

refletidos nos dias atuais, levando alguns aluno a perceber que os problemas sociais

permanecem ao longo do tempo;

b) Alunos do 3º ano do ensino médio apresentam dificuldades para identificar a

realidade social de uma época em obras literárias por não compreenderem o espaço

em que acontecem os fatos;

c) A prática de leitura facilita o debate de obras literárias;

d) O hábito da leitura de obras literárias desenvolve no aluno o conhecimento da

norma culta.

METODOLOGIA

Nesse método, a pesquisada é monográfica exploratória para o embasamento

teórico sobre o assunto. Depois, com o objetivo de obter os dados para a verificação

das hipóteses, realizar-se-á a pesquisa de campo. A coleta de dados adotada nesta

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pesquisa é a direta extensiva por meio de questionários direcionados aos alunos.

PROCEDIMENTOS

O método de procedimento escolhido para a realização deste estudo

científico é o monográfico exploratório. O universo da pesquisa são os alunos do 3º

ano B matutino, do ensino médio, da Escola Estadual Profª Marines Fátima de Sá

Teixeira, da rede pública do centro do município de Alta Floresta – MT.

INSTRUMENTOS

Houve técnicas de documentação direta extensiva apresentando a técnica

de questionário constituída de perguntas fechadas e abertas.

TIPO DE AMOSTRAGEM

O tipo de amostragem empregado aqui é a probabilista aleatória simples

sem reposição.

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1 EMBASAMENTO TEÓRICO

A literatura é a transfiguração do real, ou seja, a realidade recriada pelo

artista da maneira como ele sente e vê o mundo a sua volta. Diversas são as

definições para o termo “literatura”, mas aqui, segundo ARISTÓTELES (1984), ela é

conceituada da seguinte forma: Literatura é arte, mimese, como dizia Aristóteles. É a

arte da palavra, a expressão mais profunda e oculta do artista, é a arte de compor,

seja em verso ou prosa.

A Literatura ajuda o homem a entender vários fatos por que a Sociedade

passa, através da interpretação e das palavras de uma obra literária. Pode-se,

então, analisar algumas das emoções que o autor teve ao escrever sua obra, que

visa a descobrir a intenção do escritor ao escrever sua obra; não somente entender

aspirações e emoções do autor como também compreender melhor diversos fatores

que estão implícitos na sociedade, pois ”Dizer que ela (a Literatura) exprime a

sociedade, constitui hoje verdadeiro altruísmo.” (CANDIDO, 1973, p. 19.). A

Literatura vem a ser um dos mais ricos produtos da cultura de uma sociedade. Pode-

se confirmar isso nas palavras do professor MONTAGNARI:

Uma criação de natureza literária, seja no terreno da dramaturgia, do romance, da poesia, da canção popular, expressa sempre uma determinada visão de mundo, racionalizada, fantasiosa ou intuída que têm como substrato nossa existência, individual e conjunta, histórias de vidas coletivas, particulares e singulares. De um ponto de vista mais ou menos social e político, a literatura é uma expressão estética das relações que estabelecemos entre nós e com o nosso entorno para formar isso que chamamos de sociedade ou cultura. (BRECHT, 1990, p. 129).

Ao escrever uma obra literária, segundo CANDIDO (1973), o autor cria um

mundo ficcional, uma realidade por vezes tão estranha que não parece ser

verdadeira; por mais que seja “diferente”, é a mais pura realidade para ele. Dentro

dessa realidade, ele vivencia momentos que nunca viveu. Através de suas palavras,

transmite ao leitor todos os sentimentos mais ocultos e escondidos dentro de si. Não

se pode, de forma alguma dizer que essa verdade seja apenas ilusão, pois toda sua

obra é transcrita de forma real. Enfim, através das palavras, o artista recria uma

realidade, uma vida de uma maneira tão forte, que se torna real. É também através

de sua obra que o escritor apresenta toda uma realidade social vista e analisada

através de sua visão de mundo e é nela também que ele demonstra toda a cultura

de uma época. Diante disso, é preciso ter em mente que um escritor tem sempre por

base sua realidade social e que, mesmo quando escreve um enredo que se passa

em um futuro, faz isso segundo as concepções adquiridas em sua atualidade.

Como dito acima, a literatura tem como uma de suas funções a

representação do real. Assim é que o crítico e sociólogo Antonio Candido constrói o

seu conceito de literatura:

A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem , que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um elemento de manipulação técnica, indispensável à sua configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade. (CANDIDO, 1972, p. 53).

A literatura brasileira tem o seu aperfeiçoamento de base na língua

portuguesa, sendo seu início um desdobramento da literatura em língua portuguesa.

Ela se desenvolveu, segundo CANDIDO (1972), a partir da atividade literária

incentivada pelos jesuítas após descobrirem o Brasil durante o século XVI. Ressalte-

se, no entanto, que o primeiro documento considerado da Literatura Brasileira é a

carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel I de Portugal, em que o Brasil é

descrito, em 1500.

É comum encontrar nas personagens de obras literárias consagradas

enorme semelhança com pessoas e situações do dia a dia. Isso ocorre porque o

autor, segundo CANDIDO (1972), procura despertar o leitor para que este entenda a

realidade social da maneira que aquele a vê à sua volta, usando todos os meios

possíveis para persuadi-lo. Para entender de fato toda essa realidade, não basta

somente ler, é necessário desenvolver um olhar crítico e atencioso para o que se lê,

observando nas entre linhas e nas metáforas o que o autor quer retransmitir através

de sua obra.

Observa-se, no transcorrer da história literária, diversos escritores que

criaram personagens em suas obras para demonstrar uma preocupação com o

presente e futuro e, ainda, uma preocupação em denunciar a realidade social da

época em que viviam. Confirma-se isto no fragmento de Octavio Paz: “Uma literatura

nasce sempre frente a uma realidade histórica e, com freqüência, contra essa

realidade.” (PAZ, 1999, p. 45).

Para exemplificar melhor a relação entre literatura e realidade social, cite-se

“O Cortiço” (1890) de Aluísio Azevedo. Nela, AZEVEDO (1997), retrata os problemas

sociais de sua época. Em “O Cortiço”, muitas dificuldades vividas pelas personagens

fictícias ainda estão presentes em nossos dias, tais como: a informalidade nas

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relações de trabalho, o pessoalismo nas relações cotidianas, a violência que faz o

seu papel em localidades onde o estado se ausenta, dentre outros.

Aluísio de Azevedo (1997), descreve uma sociedade da época, que na

verdade não esta muito longe da nossa hoje. São pessoas querendo poder e

dinheiro, pensando em si, enquanto milhões vivem marginalizadas em favelas e nas

ruas. Exemplo disso é a personagem João Romão: um homem ambicioso, suas

ações tem único motivo: ascender socialmente. Ele “passa em cima” de qualquer

pessoa para conseguir seu objetivo e não hesita em desprezar e as humilhar quando

já não precisa mais delas; não demonstra nenhum amor ou respeito por ninguém,

pois na sua visão todos a sua volta são instrumentos para a sua própria ascensão.

Assim, vê-se que João Romão representa muitas pessoas que praticam

ações semelhantes a ele, o que pode ser verificado no fragmento da página 03

Que milagres de esperteza e de economia não realizou ele nessa construção! Servia de pedreiro, amassava e carregava barro, quebrava pedra; pedra, que o velhaco, fora de horas, junto com a amiga, furtavam à pedreira do fundo, da mesma forma que subtraiam o material das casas em obra que havia por ali perto. (AZEVEDO, 1997, p. 03 ).

Falar de realidade social e não citar a obra de Graciliano Ramos, “Vidas

Secas” (1938), é um erro. O escritor mostra de forma clara a realidade do Brasil, da

sua época, que se relete nos dias atuais, como: injustiça social, miséria, fome,

desigualdade e seca. Um dos aspectos que mais impressionam na obra é o seu

tema sempre atual.

O romance, escrito entre 1937 e 1938, segundo AZEVEDO (1997), enfoca o

problema da seca e as condições de vida miseráveis do sertanejo brasileiro.

Condições essas que praticamente não se alteram, pois continuam presentes até

hoje. O que remete à idéia de que o homem se animalizou sob condições sub-

humanas de sobrevivência.

Em Vidas Secas, Graciliano Ramos (1975), Fabiano, desloca-se forçado

pelo latifúndio, a fome, a miséria. Migra como alternativa à morte, como os outros

tantos severinos que se deslocam acompanhando o próprio enterro. Desloca-se

para encontrar um pouco de sentido em outro lugar em que possa deitar suas

raízes. Graciliano retrata fielmente em sua obra a realidade nordestina de sua

época, uma realidade que se ainda não se alterou.

Comprova-se isso no fragmento do Capítulo 1

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Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco de lama. Cavou a areia com as unhas, esperou que a água marejasse e, debruçando-se no chão, bebeu muito; Saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas, que vinham nascendo. Uma, duas, três, quatro, havia muitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu. O poente cobria-se de cirros – e uma alegria doida enchia o coração de Fabiano. Pensou na família, sentiu fome. (RAMOS, 1975, p. 14).

Outro autor brasileiro que revela cenas cotidianas é Manuel Bandeira. Pode-

se observar isso no poema “Pensão Familiar” (1984):

Pensão familiar

Jardim da pensãozinha burguesa.

Gatos espapaçados ao sol.

A tiririca sitia os canteiros chatos.

O sol acaba de crestar os gosmilhos que murcharam.

Os girassóis

amarelo!

resistem.

E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.

Um gatinho faz pipi.

Com gestos de garçom de restaurant-Palace

Encobre cuidadosamente a mijadinha.

Sai vibrando com elegância a patinha direita:

- É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

Observa-se, nesse poema, que Manuel Bandeira (1984), fala de cenas do

dia-a-dia as quais, em seu íntimo, surgem críticas sociais, não descritas diretamente.

É interessante ver a sátira por meio da formação do espaço, da caracterização do

espaço evidenciadores do declínio da burguesia. A "pensãozinha burguesa", traz na

própria expressão o caráter depreciativo denotado pelo diminutivo. A caracterização

satírica no poema de Bandeira é calcada na personificação de elementos da

natureza.

O texto, segundo BANDEIRA (1984), mostra apenas figuras como os gatos,

a tiririca, o sol, gosmilhos, girassóis e dálias, sendo composto por uma única ação

efetiva: a do gato "fazer pipi" e "encobrir a mijadinha". Ao resgatar seus atos e

afirmar a superioridade da elegância do animal, ressaltada pelo travessão (último

verso) sobre todos os outros moradores da pensão, sobretudo levando em conta os

versos que antecedem este último (última estrofe) e denotam os gestos do gato, que

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urina e cobre a excreção, comparando sua naturalidade a de um garçom, em tom de

humor, Bandeira debocha e infama cinicamente a sociedade e, provavelmente, trata-

se aqui da baixa burguesia.

Nesse poema, Manuel Bandeira (1984), satiriza, de forma direta, as pessoas

que tentam manter uma pose, em função de uma posição que não tinham mais, o

que causava-lhe repúdio e revolta. Naquela época, a burguesia estava em

decadência, mesmo assim todos queriam manter sua pose para toda a sociedade.

Isso incomodava Bandeira e através de seu poema “Pensão Familiar”, o poeta critica

a realidade social de sua época.

Existem, ainda músicas que se imortalizam como obras literárias, pois

recriam toda a realidade como um bom livro, algumas parecem até que saltaram de

um deles devido à verossimilhança que os autores conseguem alcançar em suas

letras. Isso faz com que o leitor sinta-se mais que expectador da ação, passando a

viver o que é cantado, assim como nos livros. Em muitas também se encontram

denúncias da realidade social retratada pelo compositor. Exemplo disso é a música

“A Banda” de Chico Buarque que diz:

A Banda

Estava à toa na vida

O meu amor me chamou

Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida

Despediu-se da dor

Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou

O faroleiro que contava vantagem parou

A namorada que contava as estrelas parou

Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu

A rosa triste que vivia fechada se abriu

E a meninada toda se assanhou

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Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida

O meu amor me chamou

Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida

Despediu-se da dor

Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou

Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou

A moça feia debruçou na janela

Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu

A lua cheia que vivia escondida surgiu

Minha cidade toda se enfeitou

Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto

O que era doce acabou

Tudo tomou seu lugar

Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto

Em cada canto uma dor

Depois da banda passar

Cantando coisas de amor

Depois da banda passar

Cantando coisas de amor

Na Música “A Banda”, segundo FERREIRA & ZAPPA (2004), Chico Buarque

demonstra de forma clara a situação de vida da sociedade da sua época, falando da

falta de esperança das pessoas daquela sociedade. Na canção, o autor mostra uma

antítese entra a esperança e desesperança. Toda descrição feita pelo autor na sua

música, é um exemplo forte de como é possível, com uso da literatura, descrever os

fatos ocorridos no meio em que se vive, denunciando de forma clara e objetiva os

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acontecimentos ocorridos na sociedade.

As idealizações expressas pela literatura, segundo GERREIRA & ZAPPA

(2004), sempre têm a sua base na realidade, nunca são totalmente pura. Através

deste contato com o real que ela pratica sua outra função: a função formadora.

A literatura age como um meio de educação, pois exprime a realidade que

muitos tentam esconder, tornando assim, algo importante para a formação do

homem:

A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial. [...] . Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica, [...], ela age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela. [...]. Dado que a literatura ensina na medida em que atua com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade não pode senão escolher o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, pois mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem freqüentemente aquilo que as convenções desejariam banir. [...]. É um dos meios por que o jovem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe. (CANDIDO, 1971, p. 805).

Obviamente, em se tratando de literatura brasileira, pode-se pensar em

muitos outros autores, obras, músicas e temas que suscitam bons debates e

também pesquisas sobre a ótica da literatura como instrumento de mediação do

pensamento sobre a realidade social. Nesse sentido, é possível escolher diversos

assuntos para Literatura e Realidade Social – páginas para pensar e serem

confrontadas, analisadas e problematizadas a partir do conteúdo de obras literárias

nacionais.

Hoje em dia não é diferente, há grandes obras de autores brasileiros na

mesma situação encontrada nos textos citados acima como exemplo. Muitos recriam

a realidade de hoje e denunciam-na em suas obras. Espera-se, assim, que o bom

leitor leia e entenda tudo aquilo que o artista quer transmitir, para que haja um

interesse da parte do leitor em entender a realidade social de sua época e, de certa

forma, contribuir para a evolução da sociedade do meio onde vive.

MAGALHÃES (2005), destaca que a literatura vem sendo usada como

pretexto para o ensino da gramática e, por isso, sua relação com a vida tem se

perdido, fato que tem levado ao abandono da reflexão sobre a realidade em

detrimento da expressão da forma lingüística. Além disso, ela alerta ainda para a

prisão que se tem estabelecido na relação com os estilos de épocas literárias, uma

vez que aos alunos têm sido ensinadas apenas as características de cada uma, o

que reduz o texto literário a uma ilustração dessas classificações. ALMEIDA afirma:

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Até aqui, vimos que a literatura pode ser utilizada como base para pensar e problematizar a realidade social ou pode ser ela em si o problema a ser estudado. No primeiro caso ela pode servir, em conjunto com outras fontes, como referencial para quem desenvolve uma pesquisa acerca de um dado tempo e espaço. (2007, p. 6).

É possível, por exemplo, utilizar um livro como Vidas Secas (1938) de

Graciliano Ramos (1901-1935) como fonte de apoio para uma pesquisa sobre

injustiça social, miséria, fome, desigualdade e seca. Por outro lado, o mesmo livro

pode não ser uma fonte, mas o próprio objeto da pesquisa. ALMEIDA ainda diz:

Nesse caso, as formas de abordar o objeto são também diversas: pode-se estudar a trajetória intelectual do autor até o momento de concepção da obra, pode-se tomar o movimento literário do momento como chave do processo que permitiu a criação da obra, ou mesmo a recepção que o público e que outros intelectuais tiveram da obra e, em último caso, e bastante fôlego, lançar mão de todas as propostas para empreender uma pesquisa amplíssima. (2007, p. 6).

À medida que o aluno estuda com um olhar mais crítico, prestando atenção

às mensagens que cada autor passa em sua obra, ele estará enriquecendo o seu

conhecimento, criando para si, um potencial para desenvolver opiniões críticas,

análise e debate da realidade social. Espera-se que o mesmo não só perceba,

aprenda e enriqueça seu conhecimento, mas também que se torne um cidadão cada

vez mais crítico e capaz de criar obras que exprimam opiniões de forma conotativa

ou denotativa.

É importante e fundamental que o aluno perceba que o que deve se ter em

mente é que um escritor tem sempre por base uma realidade social e que o mesmo,

quando escreve um enredo que passa em um mundo futuro, faz isso segundo as

concepções adquiridas em sua atualidade. Seguindo este ponto de vista Almeida

ainda diz:

Assim, diferente do que normalmente afirma o senso comum, a literatura não é 'espelho' da realidade: um espelho sempre reflete a imagem real de forma invertida e não é isto que faz a literatura. A arte literária é produto do social, pois vem da imaginação de um ser social e tem, portanto, bases nas tensões da vida coletiva (ALMEIDA, 2007, p. 3).

Segundo Roberta Monteiro Alves (2008, p.103), ela afirma que: “para haver

uma compreensão total dos textos é necessário que o aluno tenha uma visão

interdisciplinar, isso exige mais que a decodificação de sinais.” Ou seja, a leitura é

vista como um todo, conforme é afirmado por CHIAPPINI (2005).

A autora ALVES (2008, p.103), ainda diz que “nessa relação, são de

fundamental importância os objetivos do leitor, porque eles é que vão determinar a

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busca pelo aprofundamento em determinados conteúdos e métodos”, então, a

escola tem o papel não só de ampliar os leitores, mas de oferecer diversos materiais

e ritmos para lerem.

Diante disto, é importante que o aluno tenha o contato com os diferentes

tipos de textos existentes.

Roberta Monteiro Alves (2008, p. 105), argumenta ainda que

a leitura surge na escola como uma oportunidade de colocar o aluno em confronto com o outro, propondo-lhe o desafio de enxergar a pluralidade cultural como forma de levá-lo a ser capaz de exercer a sua cidadania plenamente, sem vestígios de imposição de uma cultura sobre a outra.

Portanto, é preciso aumentar o leque de leitura dos educados, a fim de lhes

oferecerem uma grande variedade de gêneros textuais.

Segundo o Ministério da Educação MEC (BRASIL, 2006), e outros órgãos

ligados a Educação, a leitura:

Desenvolve o repertório: ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso às informações e, com elas, buscar melhorias para você e para o mundo. Liga o senso crítico na tomada: livros, inclusive os romances, nos ajudam a entender o mundo e nós mesmos. Amplia o nosso conhecimento geral: além de ser envolvente, a leitura expande nossas referências e nossa capacidade de comunicação. Aumenta o vocabulário: graças aos livros, descobrimos novas palavras e novos usos para as que já conhecemos.Estimula a criatividade: ler é fundamental para soltar a imaginação. Por meio dos livros, criamos lugares, personagens, histórias. Emociona e causa impacto: quem já se sentiu triste (ou feliz) ao fim de um romance sabe o poder que um bom livro tem. Muda sua vida: quem lê desde cedo está muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. Facilita à escrita: ler é um hábito que se reflete no domínio da escrita. Ou seja, quem lê mais escreve melhor. (BRASIL, 2006, p. 8).

Observa-se que, a cada dia que passa, o mundo contemporâneo exige mais

agilidade, criatividade, rapidez de pensamento, discurso persuasivo e adequação de

estilo, o que impõe à escola algo novo: levar o aluno a apropriar-se dos escritos para

agir na vida. (ROJO, 2006).

Diante disto, os diferentes tipos de gêneros textuais ganham autonomia em

sala, pois, o aluno terá muito mais opções de textos, e isto, acarretará no mesmo,

diversas interpretações de muitos assuntos fornecendo diferentes visões de mundo.

É justamente a partir desse momento que se torna possível desenvolver o

senso crítico do aluno, levando-o a perceber não só a sua posição no mundo como

também a posição do outro, representada nos diversos contextos sociais, conforme

afirmado por Roberta Monteiro Alves (2008). O contato com a Literatura pode ser

19

capaz de proporcionar aos alunos uma ampliação de sua capacidade de enxergar as

diversidades sociais, políticas, econômicas e culturais de nosso país

Abordar a presença da Literatura em sala de aula implica, segundo Roberta

Monteiro Alves (2008), refletir, entre outras coisas, sobre as concepções de leitura,

literatura e ensino postos em prática no cotidiano das escolas. Consiste em propor

uma forma de estimular os alunos a enxergarem o que há por trás dessas produções

textuais, não só no que diz respeito ao texto em si, mas com relação às vozes que

ele traz consigo. Vozes essas capazes de expressar questões morais, políticas,

sociais, econômicas e culturais.

A Literatura, segundo Roberta Monteiro Alves (2008), contribui de fato para

uma educação voltada para a realidade, na medida em que ela mostra ao aluno uma

visão de mundo, que pode ser comparada ou não à sua, mas que levanta vários

questionamentos que levem o aluno a pensar sobre a sua posição e a do outro na

vida social, política, econômica e cultural dentro do contexto em que vive.

A partir desse momento fica mais fácil que o aluno se veja como um ser

pensante e crítico, com a capacidade de entender não só a si mesmo como também

ao próximo e, logo, estará apto a intervir na realidade, a fim de alterá-la para melhor.

Com a leitura de uma obra literária , segundo Roberta Monteiro Alves

(2008), o aluno não só compreenderá a realidade social de uma época como

também estará desenvolvendo o hábito de ler, pois a leitura é algo fundamental para

a aprendizagem do homem, já que é e por meio dela que ele enriquece e amplia o

vocabulário, adquiri conhecimento, dinamiza a interpretação e o raciocínio.

.

20

2. APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Tabela 1 - Sexo Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Feminino 16 61,54%

2 Masculino 10 38,46%

Gráfico 1

61,54%

38,46%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Feminino Masculino

Fonte: Questionários

Tabela 2 - Faixa etária Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 14 à 18 anos 26 100,00%

2 18 à 25 anos 0 0,00%

2 26 à 30 anos 0 0,00%

2 Acima de 31 anos 0 0,00%

Gráfico 2

0,00%0,00%

100,00%

0,00%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

14 à 18 anos 18 à 25 anos 26 à 30 anos Acima de 31 anos

Fonte: Questionários

Tabela 3 - Estado conjugal Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Com companheiro (casado, amigado)

25 96,16%

2 Sem companheiro (solteiro, separado, desquitado, divorciado, viúvo)

01 3,84%

Gráfico 3

3,84%

96,16%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Com companheiro (casado, amigado) Sem companheiro (solteiro,

separado, desquitado, divorciado,

viúvo)

Fonte: Questionários

Tabela 4 - Renda mensal familiar Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 de 1 salário mínimo à 2 salários mínimos 07 26,93%

2 de 2 salário mínimo à 3 salários mínimos 10 38,46%

3 de 3 salário mínimo à 4 salários mínimos 05 19,23%

4 de 4 salário mínimo à 5 salários mínimos 03 11,54%

5 acima de 5 salários mínimos 01 3,84%

Gráfico 4

38,46%

26,93%

19,23%

11,54%

3,84%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

de 2 salários mínimo

à 3 salários mínimos

de 1 salário mínimo à

2 salários mínimos

de 3 salários mínimo

à 4 salários mínimos

de 4 salários mínimo

à 5 salários mínimos

acima de 5 salários

mínimos

Fonte: Questionários

22

Tabela 5 - Livros literários disponíveis na escola

Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 5

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

Fonte: Questionários

Tabela 6 - O professor solicita a leitura de livros literários Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 6

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

Fonte: Questionários

23

Tabela 7 - Avaliação da leitura de um livro Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 40 100,00%

1 Através de seminários 23 57,50%

2 Através de debates 07 17,50%

3 Outros (Roteiro) 05 12,50%

4 Através de elaboração de resumos 03 7,50%

5 Através de provas escritas 02 5,00%

Gráfico 7

5%7,50%12,50%

17,50%

57,50%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Através de

seminários

Através de

debates

Outros (Roteiro) Através de

elaboração de

resumos

Através de provas

escritas

Fonte: Questionários

Tabela 8 - Elaboração do resumo Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 29 100,00%

1 Lê o livro e o resume sozinho 22 75,86%

2 Em grupo, cada um resume uma parte 01 20,69%

3 Baseia em resumo da internet 06 3,45%

4 Em grupo, um faz e os outros copiam 0 0,00%

Gráfico 8

75,86%

20,69%

3,45%0%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Lê o livro e o resume

sozinho

Em grupo, cada um

resume uma parte

Baseia em resumo da

internet

Em grupo, um faz e os

outros copiam

Fonte: Questionários

24

Tabela 9 - Identificação de problemas sociais como: a injustiça social, miséria, fome, sede, desigualdade, realidade social, histórica, política e econômica; na obra Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 9

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

Fonte: Questionários

Tabela 10: Compreensão dos fatos narrados ao longo da história Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 15 57,69%

2 Não 11 42,31%

Gráfico 10

42,31%

57,69%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

Fonte: Questionários

25

Tabela 11: Justificação da resposta Ordem Descrição Frequência Porcentage

m

Total 31 100,00%

1 Sim, consigo absorver todo conteúdo 10 32,26%

2 Não, tenho dificuldades de entender às vezes por causa do vocabulário.

09 29,03%

3 Sim, compreendo porque faço a releitura 04 12,91%

3 Sim, pois faço uma pesquisa sobre a obra 04 12,91%

4 Sim, acho a linguagem por vezes simples 03 9,67%

5 Não respondeu 01 3,22%

Gráfico 11

3,22%

32,26%29,03%

12,91% 12,91% 9,67%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim, consigo

absorver todo

conteúdo

Não, tenho

dificuldades de

entender às vezes

por causa do

vocabulário.

Sim, compreendo

porque faço a

releitura

Sim, pois faço uma

pesquisa sobre a

obra

Sim, acho a

linguagem por

vezes simples

Não respondeu

Fonte: Questionários

Tabela 12: Desenvolvimento da leitura Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 12

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

26

Fonte: Questionários

Tabela 13: Justificação da resposta Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 30 100,00%

1 Sim, ajuda a desenvolver a leitura 13 43,34%

2 Sim, ajuda no conhecimento de novas palavras

09 30,00%

3 Sim, ajuda na organização de idéias 03 10,00%

4 Sim, ajuda na interpretação 02 6,66%

4 Sim, ajuda no diálogo e comunicação 02 6,66%

5 Sim, ajuda na carreira profissional 01 3,34%

Gráfico 13

43,34%

30,00%

10,00%6,66% 6,66% 3,34%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim, ajuda a

desenvolver a

leitura

Sim, ajuda no

conhecimento de

novas palavras

Sim, ajuda na

organização de

idéias

Sim, ajuda na

interpretação

Sim, ajuda no

diálogo e

comunicação

Sim, ajuda na

carreira

profissional

Fonte: Questionários

Tabela 14: Desenvolvimento da interpretação Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 14

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

27

Fonte: Questionários

Tabela 15 Justificação da resposta Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 29 100,00%

1 Além de melhorar a interpretação, desperta o gosto pela leitura.

11 37,93%

2 Ajuda-nos a entender melhor a obra 06 20,69%

2 Aumenta o conhecimento 06 20,69%

3 Aumenta a imaginação, nos fazendo estar dentro da história

03 10,35%

3 Entendemos melhor os fatos que acontecera. 03 10,35%

Gráfico 15

10,35%10,35%20,69%20,69%

37,93%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Além de melhorar a

interpretação, desperta

o gosto pela leitura.

Ajuda-nos a entender

melhor a obra

Aumenta o

conhecimento

Aumenta a imaginação,

nos fazendo estar

dentro da história

Entendemos melhor os

fatos que acontecera.

Fonte: Questionários

Tabela 16: Desenvolvimento da escrita Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 16

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

28

Fonte: Questionários

Tabela 17: Justificação da resposta Ordem Descrição Frequência Porcentage

m

Total 32 100,00%

1 Além de aprender novas palavras, desenvolve a norma culta padrão.

19 59,39%

2 Auxilia na forma correta de escrever as palavras 10 31,25%

3 Aumenta o conhecimento 03 9,37%

Gráfico 17

59,39%

31,25%

9,37%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Além de aprender novas palavras,

desenvolve a norma culta padrão.

Auxilia na forma correta de escrever as

palavras

Aumenta o conhecimento

Fonte: Questionários

Tabela 18: Benefícios adquiridos na leitura de um livro literário Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 78 100,00%

1 Conhecimento 34 43,59%

2 Melhor interpretação 14 17,95%

3 Novo vocabulário 09 11,54%

3 Melhorar a escrita 09 11,54%

4 Melhorar a leitura 07 8,97%

5 Melhorar na fala 03 3,85%

6 Gosto pela leitura 02 2,56%

Gráfico 18

43,59%

17,95%11,54% 11,54% 8,97%

3,85% 2,56%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Conhecimento Melhor

interpretação

Novo

vocabulário

Melhorar a

escrita

Melhorar a

leitura

Melhorar na fala Gosto pela

leitura

Fonte: Questionários

29

Tabela 19: Dificuldades encontradas na a leitura de um livro literário

Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 82 100,00%

1 Palavras de difícil entendimento 22 26,83%

2 Acesso ao livro 19 23,17%

3 Difícil interpretação 10 12,19%

3 Difícil compreensão de partes da história do livro 10 12,19%

5 Não responderam 08 9,76%

6 História pouco interessante 07 8,54%

7 Ler por obrigação 06 7,32%

Gráfico 19

7,32%8,54%9,76%12,19%12,19%23,17%26,83%

0,00%

10,00%20,00%

30,00%

40,00%50,00%

60,00%

70,00%

80,00%90,00%

100,00%

Palavras de

difícil

entendimento

Acesso ao livro Difícil

interpretação

Difícil

compreensão de

partes da

história do livro

Não

responderam

História pouco

interessante

Ler por

obrigação

Fonte: Questionários

Tabela 20: O Professor compara fatos narrados no livro com os fatos existentes nos dias atuais Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 26 100,00%

1 Sim 26 100,00%

2 Não 0 0,00%

Gráfico 20

0,00%

100,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Sim Não

Fonte: Questionários

30

Tabela 21: Opiniões sobre a leitura de livros literários Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 44 100,00%

1 Aumenta o conhecimento 19 43,18%

2 Ajuda na prova do vestibular 09 20,45%

3 Melhora a interpretação 05 11,36%

4 Entediante 04 9,09%

5 Melhora a escrita 03 6,82%

5 Melhora a Leitura 03 6,82%

6 Ajuda nas provas de concursos públicos 01 2,23%

Gráfico 21

2,23%6,82%6,82%

9,09%11,36%

20,45%

43,18%

0,00%

10,00%20,00%

30,00%

40,00%50,00%

60,00%

70,00%

80,00%90,00%

100,00%

Aumenta o

conhecimento

Ajuda na prova

do vestibular

Melhora a

interpretação

Entediante Melhora a

escrita

Melhora a

Leitura

Ajuda nas

provas de

concursos

públicos

Fonte: Questionários

Tabela 22: Obras Literárias lida

Ordem Descrição Frequência Porcentag

em

Total 26 100,00%

1 O Cortiço - Aluísio de Azevedo 09 34,61%

2 Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto 05 19,23%

3 Lucíola – José de Alencar 04 15,38%

4 Iracema – José de Alencar 02 7,69%

4 Dom Casmurro – Machado de Assis 02 7,69%

5 A Escrava Isaura – Bernardo Guimarães 01 3,85%

5 O Seminarista – Bernardo Guimarães 01 3,85%

5 A Negrinha – Monteiro Lobato 01 3,85%

5 Recordações do Escrivão Isaias Caminha – Lima Barreto 01 3,85%

Gráfico 22

31

3,85%3,85%3,85%3,85%7,69%7,69%

15,38%19,23%

34,61%

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

100,00%

O Cortiço -

Aluísio de

Azevedo

Triste Fim de

Policarpo

Quaresma –

Lima Barreto

Lucíola –

José de

Alencar

Iracema –

José de

Alencar

Dom

Casmurro –

Machado de

Assis

A Escrava

Isaura –

Bernardo

Guimarães

O

Seminarista

– Bernardo

Guimarães

A Negrinha

– Monteiro

Lobato

Recordações

do Escrivão

Isaias

Caminha –

Lima Barreto

Fonte: Questionários

Tabela 23: Fatos ocorridos em obras literárias comparadas com os fatos dos dias atuais Ordem Descrição Frequência Porcentagem

Total 42 100,00%

1 Desigualdade 14 33,33%

2 Preconceito 07 16,66%

3 Adultério 06 14,28%

4 Liberdade 03 7,14%

4 Homossexualidade 03 7,14%

4 Patriotismo 03 7,14%

5 Amor Proibido 02 4,76%

5 Pedofilia 02 4,76%

5 Política 02 4,76%

Gráfico 23:

4,76%4,76%4,76%7,14%

33,33%

16,66% 14,28%7,14% 7,14%

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

100,00%

Des

igual

dade

Preco

nceito

Adu

ltério

Liber

dade

Hom

ossex

ualid

ade

Patrio

tism

o

Am

or P

roib

ido

Pedof

ilia

Política

Fonte: Questionários

32

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Esta pesquisa foi realizada com 26 alunos do 3º ano B matutino, da Escola

Estadual Profª Marinês Fátima de Sá Teixeira, que possui o ensino fundamental e

médio nos períodos diurno e noturno. Diante disto, foi escolhido o 3º ano B matutino

como representatividade para realizar esta pesquisa, 61,54% (16) são do sexo

feminino enquanto 38,46% (10) do sexo masculino, 100% destes alunos estão na

faixa etária entre 14 à 18 anos de idade e, 96,16% (25) são solteiros enquanto

3,84% (01) casado. A renda mensal da família destes alunos está bem diversificada,

29,93% recebem entre 01 salário mínimo e 02 salários mínimos, 38,46% entre 02

salários mínimos e 03 salários mínimos, 19,23 entre 03 salários mínimos e 04

salários mínimos, 11,54% entre 04 salários mínimos e 05 salários mínimos e, 3,84%

recebem acima de 05 salários mínimos.

A escola possui um método de ensino satisfatório no que se refere à

literatura, 100% dos alunos responderam que a escola possui livros literários

disponíveis, e 100% concordaram que o professor de sala solicita a leitura dos

mesmos. Segundo os alunos a apresentação desses livros em sala de aula é

realizada de várias formas, 57,5 % disseram que é feita por intermédio de

seminários, 17,5 % de debates, outros (roteiro) 12,5%, 7,5% através da elaboração

de resumos e 5% por prova escrita.

A forma de elaboração dos resumos desses livros costuma ser diversificada;

75,86% lêem o livro e o resumem sozinho 3,45% se baseiam num resumo

encontrado na internet e 2,69% o fazem em grupo, ou seja, cada um resume e lê a

sua parte.

Em toda obra literária, encontra-se diversos problemas sociais descritos,

100% dos alunos concordaram que ao lerem uma destas obras, encontraram

problemas sociais como: a injustiça social, miséria, fome, sede, desigualdade,

realidade social, histórica, política e econômica, apesar de, que 57,69% destes

alunos acharem difícil a compreensão do enredo de livros literários, apenas 42,31%

concordaram que não possuem essa dificuldade.

Ao serem questionados sobre tais dificuldades e facilidades, 29,03% dos

alunos que possuem dificuldades justificaram que o vocabulário antigo provoca essa

dificuldades, 12,91% compreendem após a releitura, 12,91% sentem a necessidade

de fazer uma pesquisa paralela quanto à estrutura e à época da obra para facilitar o

entendimento, aqueles que pensam o contrário disto, 32,26 dizem que além da obra

ser fácil, conseguem absorver um grande conhecimento e aprendizado, 9,67 acham

até simples a linguagem e 3,22 % preferiram não responder.

Dos alunos pesquisados, 100% argumentaram que através da leitura de

livros literários, é possível melhorar a leitura de um modo em geral, 43,31%

justificaram que a leitura de livros literários ajudam a desenvolver a leitura, 30%

argumentam que amplia o vasto conhecimento da linguagem, 10% que auxilia na

organização das idéias, 6,66% na interpretação e 6,66% no diálogo e comunicação

e 3,34% na carreira profissional.

Quanto ao desenvolvimento da interpretação, 100% concordaram que

através da leitura de livros literários, é possível desenvolver e melhorar a forma de

interpretação, 37,93% disse que além de melhorar desperta o hábito de leitura,

2,69% a entender a obra, 2,69% no enriquecimento de conhecimento, 10,35% dizem

que o desenvolvimento de boas interpretações os levam para dentro da obra através

da imaginação e 10,35 % acreditam que o desenvolvimento da interpretação os

fazem compreender melhor os fatos narrados na obra.

Se referendo a escrita, com base no questionário respondido, verificou-se

que em 100% das respostas a leitura de obras literárias melhora e desenvolve a

escrita, 59,39% justificou que além de aprenderem novas palavras desenvolvem

para si a norma culta padrão, 32,25% que auxilia na forma correta de escrever as

palavras e 9,37 % disseram que aumenta o seu conhecimento.

Vários são os benefícios alcançados no que se refere a leitura de uma obra

literária, partindo dessa afirmação, após questionados aos alunos para citarem 03

benefícios que foram adquiridos para sim, responderam que: 43,59% tiveram um

aumento do conhecimento, 17,95% melhorou a interpretação, 11,54% adquiriram

novo vocabulário, 11,54% melhoraram na escrita, 8,97 melhoraram na leitura, 3,85

na fala e diálogo e 2,56 obtiveram o gosto pela leitura.

Ao solicitar para que os mesmo descrevessem três dificuldades que

encontraram na leitura de obras literárias, os mesmo descreveram da seguinte

forma: 26,83% destacaram as palavras difíceis, 23,17% o acesso ao livro, 12,19 %

difícil interpretação de obras literárias, 12,19% a difícil compreensão de partes do

enredo, 8,54% história entediante, 7,32% a leitura por obrigação e 9,76% não

34

responderam.

Quanto aos fatos narrados no livro, 100% dos alunos disseram que o

professor de sala faz a linha de comparação do livro com nossa atualidade.

Ao ser solicitado para estes alunos descreverem suas opiniões e o que

adquiriam com a leitura de livros literários, eles, deram as seguintes respostas:

43,18% adquiriam conhecimento, 20,45% ajuda as provas de vestibulares, 11,36%

adquiram uma melhor interpretação, 9,09% acham que o tédio da leitura atrapalhou

para adquirirem uma maior criticidade, 6,82% adquiriram melhora na escrita e 6,82%

na leitura, 2,23% adquiriram ajuda para realizarem concursos públicos.

Foi solicitado para os alunos pesquisados descreverem na pergunta de nº 22

os livros literários que por eles foram lidos e citarem quais os fatos ocorridos nas

obras que podem ser comparados com os dias atuais, as obras lidas por eles, são:

O Cortiço - Aluísio de Azevedo (34,61%), Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima

Barreto (19,23%), Lucíola – José de Alencar (15,38%), Iracema – José de Alencar

(7,69%), Dom Casmurro – Machado de Assis (7,69%), A Escrava Isaura – Bernardo

Guimarães (3,85%), O Seminarista – Bernardo Guimarães (3,85%), A Negrinha –

Monteiro Lobato (3,85%) e Recordações do Escrivão Isaias Caminha – Lima Barreto

(3,85%). Os fatos ocorridos nestas obras que são comparados ao dias atuais, foram

descritos da seguinte forma pelos alunos: 33,33% citaram a desigualdade, 2,66% o

preconceito, 14,28% o adultério, 7,14% a liberdade, 7,14% a homossexualidade,

7,14% o patriotismo, 4,76% o amor proibido, 4,76 a pedofilia e 4,76% a política.

As perguntas de uma forma em geral, continham clareza nas respostas

deixando explícitas as interpretações destas.

3.1 DISCUSSÃO DOS DADOS

A literatura amplia e auxilia o processo de ensino aprendizagem do aluno,

fortalecendo seu conhecimento e auxiliando na formação de um cidadão crítico com

opiniões diversificadas e coerentes, é ela também que ajuda o homem a

compreender diversos contextos e fatos ocorridos ao longo no tempo pelo qual a

sociedade passara.

Desta forma, percebe-se que cada obra literária ajudou na construção do

35

panorama de uma época, de um povo, retratando problemas sociais e

apresentando, às vezes, caminhos a seguir. Deste modo, pode-se concluir que a

literatura pode levar seu leitor a uma reflexão sobre a realidade.

Obras literárias brasileiras podem desenvolver a criticidade por intermédio

de sua análise literário pelos alunos. Confirma-se essa afirmação através das

perguntas: número 13, em que citam diversos pontos que adquiririam ao lerem e

analisarem uma obra, como: desenvolvimento da leitura em 43,34 %, o

conhecimento de novas palavras em 30 % dos alunos, e a organização de idéias em

10%; o desenvolvimento da norma culta padrão conforme disseram 59,39% na

pergunta de número 17 e na número 18 destacam-se os benefícios que foram

adquiridos por estes como: 43,59% de conhecimento, 17,95 % melhora na

interpretação, 11,54% novo vocabulário, 11,54% melhora na escrita, 8,97% melhora

na leitura e 3,85% uma melhora na comunicação.

O conhecimento adquirido por cada aluno, conforme se observou nas

respostas variam de aluno para aluno, ou seja, conforme o conhecimento de mundo

e os benefícios adquiridos na leitura de obras. Diante disto KRIEGL afirma o

seguinte:

[...] os esquemas cognitivos do leitor. quando alguém lê algo, aplica determinado esquema alterando-o ou confirmando-o, mas principalmente entendendo mensagens diferentes de seus esquemas cognitivos, ou seja, as capacidades já internalizadas e o conhecimento de mundo de cada um são diferentes. (2002, p. 12).

Diante da hipótese: “com o estudo de obras literárias pode-se desenvolver a

criticidade dos alunos em relação à realidade social nelas expressa, pois mostra

fatos de uma outra época refletida nos dias atuais levando o aluno a perceber que

os problemas sociais permanecem ao longo do tempo” a resposta da pergunta de

número 22 comprova essa afirmação, pois todos alunos descreveram nela situações

que encontraram nas obras literárias que acontecem nos dias atuais, 33,33%

disseram a desigualdade, 16,66% o preconceito, 14,28% o adultério, 7,14% a

liberdade, 7,14% a homossexualidade, 7,14% o patriotismo, 4,76% o amor proibido,

4,76% a pedofilia e 4,76% a política.

Diante dessas respostas, verifica-se que, após ser lida uma obra literária, os

alunos de uma forma em geral conseguem identificar os fatos que aconteceram e

compará-los com os dos dias atuais. Pode-se perceber que a literatura de uma

forma em geral ajuda o aluno a identificar, além dos fatos descritos nas obras, qual

36

obra apresenta uma qualidade literária fundamental para seu desenvolvimento.

LERNER (2002, p. 28) diz:

O desafio é formar pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a literatura nos oferece, dispostas a identificar-se com o semelhante ou a solidarizar-se com o diferente e capazes de apreciar a qualidade literária.

Sobre a hipótese que afirma que “alunos do 3º ano do ensino médio

apresentam dificuldades para identificar a realidade social de uma época em obras

literárias por não compreenderem o espaço em que acontecem os fatos”, verifica-se

na resposta de número 10 que a maioria, 57,69% não tem essa dificuldade, mas

42,31% argumentaram que possuem dificuldade na compreensão dos fatos

narrados dentro de uma obra, segundo aqueles que têm dificuldades, justificaram,

conforme a resposta da pergunta número 19, 26,83% que o vocabulário difícil torna

a compreensão menor e 12,19% citam que a dificuldade na interpretação da

seqüência de fatos de algumas obras literárias os limita.

A hipótese “a prática de leitura facilita o debate de obras literárias” foi

reforçada pela resposta dos alunos na pergunta de número 13: 10% argumentaram

que a leitura os ajuda a organizar melhor as idéias e 6,66% na interpretação, ou

seja, com a leitura o aluno desenvolve para si uma facilidade maior de entender e

discutir melhor os fatos ocorridos na obra, trazendo para hoje esse conhecimento

que é adquirido pelo aluno, conforme constatado nas perguntas de números 15 por

20,69% dos alunos, número 17 por 9,37%, 18 por 43,59% que afirmaram obter

novos conhecimentos e, ao obtê-los, estarão cada vez mais sendo capazes de

darem opiniões críticas quanto à análise de obras literárias e assuntos diversos dos

dias de hoje, pois os mesmos possuem uma bagagem maior de conhecimento. A

esse conhecimento adquiro quanto à leitura, FOUCAMBERT (1994, p. 5) diz:

Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é.

Após a aplicação do questionário, observou-se na hipótese “o hábito da

leitura de obras literárias desenvolvem no aluno o conhecimento da norma culta” que

os mesmos têm consciência disto, com base na resposta da pergunta 17, 59,39%

dos alunos argumentaram que, com a leitura de obras literárias, aprendem-se novas

palavras e desenvolve-se a norma culta padrão, ou seja, a prática auxilia no

desenvolvimento do aprendizado do aluno no dia a dia.

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra literária é objeto social. O homem, como ser histórico, tem

necessidades, anseios e valores que se modificam a todo o momento. As obras

literárias refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. É a literatura que

reflete as relações do homem com o mundo e com os outros. E, à medida que o

tempo passa e causa a transformação no homem, a literatura acompanha essa

mudança, essa transformação, pois, ela é sensível as peculiaridades de cada época,

aos modos de ver a vida, de problematizar a existência, de questionar a realidade,

de organizar a convivência social.

Diante de tudo isso, é fundamental que a literatura seja trabalhada não como

uma disciplina exigida nos vestibulares, mas como uma disciplina de fundamental

importância no processo de formação do aluno. Através da convivência com ela o

aluno descobre as múltiplas faces da linguagem e entra em contato com os

diferentes aspectos da Língua Portuguesa.

Todos os dados desta pesquisa comprovam os benefícios e pontos positivos

adquiridos quanto o estudo de obras literárias, ou seja é possível sim que os alunos

percebam num enredo a injustiça social, miséria, fome, sede, desigualdade,

realidade social, histórica, política e econômica, e os compare com os fatos

ocorridos nos dias atuais. Partindo desse ponto, o aluno estará desenvolvendo seu

aprendizado e obtendo conhecimentos necessários para tornar-se um cidadão

crítico, além de estar adquirindo um maior domínio quanto à interpretação, à leitura,

à escrita e à norma culta padrão.

Quanto a importância do ensino da literatura ZINANI & SANTOS (2002), diz

o seguinte:

Considerando a importância da literatura para a compreensão da realidade e o desenvolvimento do espírito crítico, acreditamos que o aluno, depois de ter realizado um efetivo estudo de obras literárias, provavelmente sairá dessa experiência com uma apreensão mais ampla do mundo circundante, mais sensibilizado para situações que o envolvem e mais preparado para atuar como elemento modificador de sua realidade (p. 67).

A formação de alunos leitores de textos literários é um grande desafio, maior

ainda é de trabalhar a literatura de forma tão importante quanto o ensino da língua

portuguesa e matemática, isto exige do professor um grande conhecimento do

campo literário e prazer em ensinar a literatura. Trabalhar a literatura em sala de

aula é mergulhar num mundo de subjetividade e encantamento, um lugar mágico

onde o aluno encontra a possibilidade de se descobrir, se reconhecer e se

encontrar. Desta forma, a literatura passa a ser um convite à liberdade de

expressão, onde os alunos podem exteriorizar sentimentos, descobrir e

compreender as próprias emoções.

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