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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR COM ÊNFASE EM GESTÃO DE PESSOAS 9,0 A EDUCAÇÃO COMO AGENTE PROVEDOR DE AÇÕES EFETIVAS EM PROL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA. Dulcineia Medeiros Lima [email protected] Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo JUÍNA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR COM ÊNFASE EM GESTÃO

DE PESSOAS

9,0

A EDUCAÇÃO COMO AGENTE PROVEDOR DE AÇÕES EFETIVAS EM PROL

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA.

Dulcineia Medeiros Lima

[email protected]

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

JUÍNA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR COM ÊNFASE EM GESTÃO

DE PESSOAS

A EDUCAÇÃO COMO AGENTE PROVEDOR DE AÇÕES EFETIVAS EM PROL

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA.

Dulcineia Medeiros Lima

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

"Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Gestão Escolar com Ênfase em Gestão de Pessoas."

JUÍNA/2014

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Dedico este trabalho à minha família pela

compreensão, paciência e apoio durante

toda esta trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me permitir existir, capacitando-me para o aprendizado

e discernimento e oferecendo-me a oportunidade de expandir meus conhecimentos.

À minha família pela compreensão, apoio e pelo amor incondicional

dispensados a mim, mesmo diante da minha ausência em virtude da atenção exigida

pelo curso.

Ao Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena - AJES, pela

recepção e pelo exemplar quadro de profissionais, desde o pedagógico até o

administrativo.

Aos colegas de turma pela cumplicidade na troca de informações e

experiências que contribuíram sobremaneira para minha chegada nesta etapa final

de conclusão de curso.

E finalmente, ao Prof. Ilso Fernandes do Carmo pela preciosa orientação e

incentivo para a liberdade de criação da autora deste estudo.

MUITO OBRIGADA A TODOS!!!

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“A educação, consagrada como direito fundamental, deve ser

voltada para o pleno desenvolvimento da pessoa, tornando-a

habilitada para a prática da cidadania e a para o trabalho”

Karina Stephany Ferreira

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RESUMO

É comum nos depararmos com discursos sobre os direitos fundamentais da

pessoa humana sem a necessária compreensão da maneira como esses direitos se

consistem, bem como em que se baseiam. O objetivo desta breve pesquisa é de

facilitar a compreensão de alguns conceitos básicos e esclarecedores inerentes a

estes direitos, bem como estabelecer as diferenças entre estas nomenclaturas,

inseridas tão veementemente no contexto social e educacional contemporâneo. Para

tanto, nos pautamos numa pesquisa de cunho bibliográfico. Por meio das análises,

atestamos a confusão de grande parte dos cidadãos diante dos direitos humanos e

dos direitos fundamentais, culminando assim, na generalização de toda e qualquer

forma de direito.

Palavras-chave: Direito Humano. Direito Fundamental. Sociedade. Educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07

CAPÍTULO I - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS

DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................... 09

CAPÍTULO II - DEFINIÇÕES E DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS HUMANOS E

DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................... 12

2.1 Gerações (Dimensões) dos Direitos Fundamentais ....................................... 14

2.1.1 Direitos de Primeira Geração ........................................................................ 15

2.1.2 Direitos de Segunda Geração ....................................................................... 16

2.1.3 Direitos de Terceira Geração ......................................................................... 17

2.1.4 Direitos de Quarta Geração ........................................................................... 17

CAPÍTULO III - PANORAMA DA EDUCAÇÃO E SEUS MÚLTIPLOS PAPÉIS ...... 20

3.1 De Direito Humano Fundamental ..................................................................... 21

3.2 De Agente Provedor a Transformador Social ................................................. 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 28

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa consiste em mostrar a precariedade dos discursos acerca dos

direitos fundamentais da pessoa humana, uma vez que é explícita a ausência de

compreensão sobre o tema, bem como a forma que se consistem e/ou se

fundamentam.

A princípio, os direitos humanos eram denominados como direitos do

homem, onde o entendimento era de que bastava ser homem para ter e usufruir de

direitos. Todavia, devido à expressão “homem”, esta denominação foi duramente

criticada, uma vez que tais direitos eram dados não só às pessoas do sexo

masculino, mas sim, a qualquer pessoa humana. Desde então, passou-se a utilizar a

nomenclatura: Direitos Fundamentais.

As situações a que estamos sujeitos, como a confusão de valores públicos e

privados e as manifestações que hoje ocupam grande parte do território nacional,

clamam para que a igualdade e a dignidade humana não fiquem apenas no papel,

mas que seja internalizada por todos aqueles que exercem atividades tanto na

educação formal como na educação não formal, visando assim, uma sociedade

justa, plena, igualitária e única.

Partindo desta premissa, qual a maneira mais eficiente de facilitar o acesso

à informação relacionada aos direitos humanos fundamentais que abrangem toda a

sociedade independente de classe social?

Neste sentido, objetivamos contribuir com uma singela parcela de

esclarecimentos, discorrendo, ainda que brevemente, acerca dos principais

conceitos básicos sobre direitos humanos e direitos fundamentais, bem como as

diferenças entre si para que o cidadão, de posse destes conhecimentos, trilhe os

caminhos adequados para a efetivação e/ou reivindicação de seus direitos.

Ainda assim, não raro nos deparamos com cidadãos que confundem direitos

humanos com direitos fundamentais, de maneira a generalizar toda e qualquer forma

de direito, comprometendo, portanto, as garantias fundamentais para o exercício dos

seus direitos, sejam por falta de esclarecimento ou por falta de acesso às

informações. Assim, vimos a necessidade de ações voltadas para a conscientização

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e intensa reflexão acerca da relevância da educação na vida de todo e qualquer

cidadão.

Esta pesquisa possui caráter bibliográfico e o estudo desenvolvido para a

investigação deu-se por meio de embasamento teórico com levantamento de dados

através de revisão bibliográfica em acervo virtual, livros, periódicos, artigos

científicos, jornais e revistas, considerando e analisando a legislação pertinente à

educação como direito fundamental. Leituras e releituras desses registros foram

essenciais para a análise que levou em consideração a contribuição e o ponto de

vista dos autores envolvidos.

O trabalho está dividido em capítulos: no primeiro foi apresentada uma

síntese histórica e evolutiva dos direitos humanos e fundamentais desde a

Revolução Francesa de 1789 até os dias atuais.

No segundo capítulo, são esclarecidas algumas concepções acerca dos

direitos humanos e dos direitos fundamentais estabelecendo as principais diferenças

entre si e ainda, apresentando as gerações ou dimensões pertinentes a estes

direitos.

O terceiro capítulo apresenta um breve panorama da educação na

Constituição Federal, atentando à educação como instrumento de transformação

social, pois sendo um direito inerente da pessoa humana, é por meio dela que o

homem se faz conhecedor de seus direitos. De outra forma, o homem seria

inevitavelmente excluído da sociedade e da participação da vida moderna em virtude

da interdependência entre os direitos.

Por último, mas sem esgotar o assunto, apresentamos as considerações

finais, sempre considerando a opinião dos autores envolvidos, onde observamos

que a falta de entendimento por grande parte dos cidadãos, os levam a drásticos

equívocos na exigibilidade de seus direitos e visões distorcidas quanto aos seus

direitos de fato.

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CAPÍTULO I: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS E

FUNDAMENTAIS

No decorrer da história, segundo COMPARATO (2004), diversos

documentos contribuíram para a concretização dos direitos humanos, sendo o

primeiro texto que se tem conhecimento, o Código Hamurabi, onde encontramos

pela primeira vez, menção aos direitos comuns. A noção de direito natural aparece

muito mais tarde, no Código Justiniano embora haja textos precursores tanto na

Grécia, com as leis de Sólon e Péricles, como em Roma, com as leis de Cícero e as

Doze Tábuas da Lei judaica.

Conforme COMPARATO (2004), a partir de 1776, com a chegada da

modernidade, outras definições de pessoa aparecem e por sua vez, outras

definições de direitos humanos e direitos fundamentais. Desde então, os

pensamentos acerca da dignidade humana adquirem importância e ganham espaço,

principalmente, por meio das ideias de Immanuel Kant.

O mesmo autor esclarece que no pensamento kantiano, o homem não pode

ser utilizado como meio para obter determinados fins, tendo em vista que esse

possui um valor intrínseco caracterizado pela sua dignidade.

PIOVESAN (2006), ressalta que os ensinamentos de Kant tiveram e ainda

têm significativa importância para a evolução dos direitos humanos, sobretudo na

corrente axiológica, por enquadrar os direitos humanos como um dos principais

valores do ordenamento jurídico.

No decurso do Estado Absoluto para o Estado Liberal, destaca-se o foco

principal foi determinar limites ao exercício do poder político, destacando-se neste

ideal o filósofo John Locke.

Locke preocupava-se em defender os interesses individuais em detrimento dos atos abusivos governamentais, sendo ele considerado, portanto, o precursor no reconhecimento de direitos naturais e inalienáveis do homem. (SARLET, 2010, p. 34)

Portanto, o ser humano é detentor de direitos, como também de valor em si

mesmo, estando em primeiro lugar em relação ao Estado.

Norberto Bobbio, explica que:

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Os direitos humanos nascem como direitos naturais universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando cada Constituição incorpora Declaração de Direitos) para finalmente encontrar a plena realização como direitos positivos universais. (2004, p. 30)

Salienta GUERRA FILHO (1995), que alguns direitos, como os sociais,

principalmente os referentes às questões de trabalho, somente apareceram ao

término da Revolução Francesa, porém a ótica predominante até o início do século

XX é a individualista dos direitos humanos.

Outrossim, segundo o mesmo autor, parte da população não sofreu

consequências práticas decorrentes desses direitos, haja vista o pensamento

individualista, portanto, foi necessária a intervenção do Estado para que tais direitos

pudessem ser concretizados, e assim ir à busca da realização da justiça social,

caracterizando assim, a transição de Estado Liberal para o Estado Social.

Entretanto, para que tais direitos alcançassem consequência universal foi

necessário, segundo COMPARATO (2004), um discurso internacional dos direitos

humanos com a finalidade de assegurar a todos o direito a ter direitos. E ainda,

somente a partir do pós-guerra é que ouviu-se falar em movimento de

internacionalização dos direitos humanos.

COMPARATO (2004), afirma que muitos dos direitos que atualmente

constam na Declaração Internacional dos Direitos Humanos, surgiram após as

Guerras Mundiais, principalmente em 1945, face ao holocausto e outras violações

aberrantes cometidas pelos alemães nazistas, e, em virtude disto, as nações

uniram-se e decidiram que os direitos humanos e fundamentais deveriam ser um

dos fundamentos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Nesse sentindo, COMPARATO (2004), sustenta que após três lustros de

massacres e atrocidades de toda sorte, iniciados com o fortalecimento do

totalitarismo estatal nos anos 30, a humanidade compreendeu, mais do que em

qualquer outra época da história, o valor supremo da dignidade humana. O

sofrimento como matriz da compreensão do mundo e dos homens, segundo a lição

luminosa da sabedoria grega, veio a aprofundar a afirmação histórica dos direitos

humanos.

Norberto Bobbio (2004), contribui dizendo que somente depois da 2ª. Guerra

Mundial é que esse problema passou da esfera nacional para a internacional,

envolvendo, pela primeira vez na história, todos os povos.

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De acordo com PIOVESAN (2006), a partir da Segunda Guerra Mundial vem

sendo instaurado progressivamente o sistema internacional de proteção aos direitos

humanos, esclarecendo que:

No momento em que os seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica da destruição, em que cruelmente se abole o valor da pessoa humana, torna-se necessário a reconstrução dos direitos humanos, como paradigma ético de restaurar a lógica do razoável. (p.13)

Para COMPARATO (2004), a mais importante conquista dos direitos

humanos fundamentais em nível internacional, é a Declaração dos Direitos

Humanos, assinada em Paris, no ano de 1948. Contudo, frente à sua instabilidade

mundial, os Direitos Humanos se propagaram fazendo com que a sociedade, nas

mais diversas localidades se unissem e obtivessem cartas de direitos de âmbito

internacional, como é o caso da Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos;

da Declaração Islâmica Universal dos Direitos do Homem; Declaração Universal dos

Direitos dos Povos; a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem; a

Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo, entre outras.

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CAPÍTULO II: CONCEITOS E DISTINÇÕES ENTRE DIREITOS HUMANOS E

DIREITOS FUNDAMENTAIS

Direitos Fundamentais, segundo SARLET (2010), são os direitos humanos

positivados em um determinado ordenamento jurídico e são assim considerados em

razão de sua juridicidade. Por estarem intimamente ligados à evolução da

sociedade, acabaram por abrir espaço para o surgimento de constantes novos

direitos. São aqueles direitos atribuídos a todos os cidadãos em comum, de todas as

sociedades espalhadas pelo globo terrestre, que têm como finalidade assinalar as

condições mínimas com as quais cada ser humano deve dispor a forma de conduzir

sua vida de modo pleno e sadio.

Os direitos fundamentais se revelam como bens ou vantagens previstas na

Constituição Federal como fundamentais e indispensáveis à existência digna da

pessoa humana. SARLET (2010), explana que partindo dessa premissa, revela-se a

necessidade de instrumentos para assegurar o efetivo exercício destes direitos tão

importantes. É ai que surgem as garantias fundamentais. Evidencia-se, assim, a

relação de instrumentalidade entre os direitos e as garantias fundamentais.

O mesmo autor continua afirmando que os direitos fundamentais, são as leis

da Constituição Federal tidas como fundamentais para a sobrevivência da pessoa

humana com dignidade enquanto que as garantias fundamentais são os meios que

asseguram a aplicação das leis que garantem o exercício dos direitos fundamentais.

A expressão: Direitos Fundamentais foi adotada para designar aqueles

direitos inerentes à pessoa humana, inseridos no texto das constituições e que se

encontram, portanto, tutelados jurídica e jurisdicionalmente pelo Estado. (GUERRA

FILHO, 1995, p. 69-74).

Os direitos humanos, por sua vez, têm conteúdo filosófico, sendo

conceituados em uma discussão que antecede o direito. São aqueles direitos,

segundo GUERRA FILHO (1995), reconhecidos ao ser humano, como inerentes a

sua humanidade. São exemplos: direito à vida, direito à integridade física, direito à

dignidade.

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Contamos com alguns filósofos e juristas que partilham da mesma opinião

de que os direitos humanos, equivalem a direitos naturais, ou seja, aqueles que são

inerentes ao ser humano. De outro lado, temos aqueles preferem tratar os direitos

humanos como sinônimos de direitos fundamentais, sendo o conjunto normativo que

resguarda os direitos dos cidadãos.

BOBBIO (1995), diz que os direitos humanos podem ser classificados em

civis, políticos e sociais e que ainda luta-se por estes direitos porque após as

grandes transformações sociais não se chegou a uma situação garantida

definitivamente, como sonhou o otimismo iluminista e faz um alerta quanto às

ameaças que não vêm somente do Estado, como no passado, mas também da

sociedade de massa, com seu conformismo e da sociedade industrial, com sua

desumanização.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, segundo BOBBIO

(1995), compila um conjunto de leis que se aplicam a todos os seres humanos e

atuam como protetores contra tudo que possa negar a condição humana, bem como

toda e qualquer forma de violência.

Tanto os direitos humanos quanto os direitos fundamentais estão focados na

pessoa humana e na sua proteção, porém há que se compreenderem as diferenças

entre estes conceitos.

Sobre o tema, SARLET (2010), diz:

Não há dúvidas de que os direitos fundamentais, de certa forma, são também sempre direitos humanos, no sentido de que seu titular sempre será o ser humano, ainda que representados por entes coletivos. Em que pese sejam ambos os termos (“direitos humanos” e “direitos fundamentais”) Comumente utilizados como sinônimos, a explicação corriqueira, e diga-se de passagem, procedente para a distinção é de que o termo “direitos fundamentais” se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão “direitos humanos” guardaria relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter supranacional (internacional). (p.29).

Para o doutrinador PÉREZ-LUÑO (1998), os direitos humanos e os direitos

fundamentais não se diferem apenas por suas abrangências geográficas, mas

também pelo grau de concretização positiva que possuem, ou seja, pelo grau de

concretização normativa. Os direitos fundamentais estão duplamente positivados,

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pois atuam no âmbito interno e no âmbito externo, possuindo maior grau de

concretização positiva, enquanto que os direitos humanos estão positivados apenas

no âmbito externo, caracterizando um menor grau de concretização positiva.

Portanto, os direitos humanos são voltados para a proteção universal da

pessoa humana como o direito à vida e à liberdade, enquanto que os direitos

fundamentais estão voltados para o direito interno positivado na Constituição e deve

ser garantido pelo Estado a todos os cidadãos.

2.1 GERAÇÕES (DIMENSÕES) DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

BONAVIDES (2003), explica este subtópico como uma denominação que

leva em conta a cronologia em que os direitos foram gradativamente conquistados

pela humanidade e a natureza de que se revestem. Ressalta também que uma

geração não substitui a outra, antes se acrescenta a ela, por isso a doutrina prefere

a denominação “dimensões”.

Os Direitos Fundamentais objetivam garantir a todos uma existência digna,

livre e igual, criando condições à plena realização das potencialidades do ser

humano. MORAES (2002, p. 39), define os direitos fundamentais como:

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana.

Os direitos fundamentais têm como característica predominante

historicidade, pois são direitos que se reconhecem e se inserem no ordenamento

jurídico conforme o evoluir da história e são divididos por categorias: direitos de

primeira, segunda e terceira geração.

De acordo com BOBBIO (2004), com as transformações da história e das

ideologias sociais, os direitos humanos e fundamentais passam a ter dimensões

distintas, onde:

Os direitos não nascem todos de uma vez. Nascem quando devem ou podem nascer. Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o homem – (...) – ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou permite novos remédios para as suas indigências. (p. 25)

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LEAL (1997, p.33), compartilha dizendo que “o tema que envolve os direitos

Humanos liga-se diretamente à história e, qualquer justificação racional envolvendo

tal matéria requer uma análise dessa natureza”.

Sobre a origem das gerações dos direitos, SARLET (2004), esclarece que:

Os direitos fundamentais da primeira dimensão encontram suas raízes especialmente na doutrina iluminista e jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII (nomes como Hobbes, Locke, Rousseau e Kant), segundo a qual, a finalidade precípua do Estado consiste na realização da liberdade do indivíduo, bem como nas revoluções políticas do final do século XVIII, que marcaram o início da positivação das reinvindicações burguesas nas primeiras Constituições escritas no mundo ocidental. (p. 54).

BONAVIDES (2003), agrega esclarecimentos afirmando que as gerações

dos direitos fundamentais, por serem indispensáveis à existência do homem,

possuem as seguintes características:

Inalienabilidade: são direitos intransferíveis e inegociáveis;

Imprescritibilidade: não deixam de ser exigíveis em razão do não uso;

Irrenunciabilidade: nenhum ser humano pode abrir mão da existência desses direitos,

Universalidade: devem ser respeitados e reconhecidos no mundo todo,

Limitabilidade: não são absolutos. Podem ser limitados sempre que houver uma hipótese

de colisão de direitos fundamentais.

Continua o autor, destacando que esses direitos são variáveis, modificando-

se ao longo da história de acordo com as necessidades e interesses do homem.

Essa transformação é explicada com base na teoria das gerações de direitos

fundamentais, criada a partir do lema revolucionário francês (liberdade, igualdade,

fraternidade) e que pode ser assim resumida:

2.1.1 DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO

De acordo com BONAVIDES (2003), os direitos da primeira geração ou

direitos de liberdade, surgiram nos séculos XVII e XVIII e foram os primeiros

reconhecidos pelos textos constitucionais. Compreendem direitos civis e políticos

inerentes ao ser humano e oponíveis ao Estado, visto na época como grande

opressor das liberdades individuais. Incluem-se nessa geração o direito à vida,

segurança, justiça, propriedade privada, liberdade de pensamento, voto, expressão,

crença, locomoção, entre outros.

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Segundo SARLET (2004), esses direitos foram marcados pela busca da

tutela dos interesses do indivíduo diante do Estado. Preconizava-se que o homem

deveria ser considerado livre, possuidor de direitos perante o Estado, e, não

somente deveres.

Assim, os direitos de primeira geração, segundo SARLET (2004), são os

direitos e garantias individuais e políticos clássicos, como: liberdades públicas:

direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção.

O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 garante, entre os direitos

sociais, a educação como direito fundamental, classificando-os como direitos de

segunda geração.

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

2.1.2 DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO

Para BONAVIDES (2003), os direitos de segunda geração ou direitos de

igualdade surgiram após a 2ª Guerra Mundial com o advento do Estado - Social. São

os chamados direitos econômicos, sociais e culturais que devem ser prestados pelo

Estado através de políticas de justiça distributiva. Abrangem o direito à saúde,

trabalho, educação, lazer, repouso, habitação, saneamento, greve, livre associação

sindical, etc

Os direitos de segunda geração, de acordo com SARLET (2004), são os

direitos que marcam a intervenção estatal na atividade econômica e nas relações

sociais; representam o exercício pelo Estado de um verdadeiro poder-dever de

intervir na vida social, assegurando aos indivíduos um mínimo existencial e a

proteção contra a exploração pelo capital.

A liberdade absoluta, segundo SARLET (2004), cede espaço à liberdade

relativa como direito que não se sobrepõe aos demais, mas coexiste com outros, de

igual relevância, e que geram para o Estado não o dever de mera abstenção, mas o

de agir, propiciando aos indivíduos a proteção que isoladamente não têm condições

de obter, e os meios de exercício pleno de suas liberdades. São os direitos sociais,

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econômicos e culturais, chamados genericamente de direitos sociais, como por

exemplo, os direitos trabalhistas, previdenciários.

2.1.3 DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Segundo BONAVIDES (2003, p. 569), os direitos da terceira geração ou

direitos de fraternidade/solidariedade, são considerados direitos coletivos por

excelência pois estão voltados à humanidade como um todo, incluindo-se aqui o

direito ao desenvolvimento, à paz, à comunicação, ao meio-ambiente, à

conservação do patrimônio histórico e cultural da humanidade, entre outros.

Segundo suas palavras, os direitos de terceira geração são:

Direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Têm por primeiro destinatário o gênero humano mesmo, em um momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em termos de existencialidade concreta.

Os direitos de terceira geração, para SARLET (2004), são uma categoria a

parte, cujo titular não pode ser individualizado, e se confunde com a própria

universalidade. Não são direitos restritos a um indivíduo, a certo grupo social ou a

um Estado específico, mas a todos os indivíduos, independentemente de

nacionalidade, tão somente em razão de sua humanidade. São, por exemplo, os

direitos ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, de propriedade sobre o

patrimônio comum da humanidade e de comunicação. Representam direitos de

solidariedade, relativos ao indivíduo inserido em uma coletividade.

A partir daí, novas gerações passaram a ser identificadas. Entre elas a mais

aceita pela doutrina é a quarta geração de direitos criada pelo professor Paulo

Bonavides, para quem pode ser traduzida como o resultado da globalização dos

direitos fundamentais de forma a torná-los universais no campo institucional.

Enquadram-se aqui o direito à informação, ao pluralismo e à democracia direta.

2.1.4 DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO

Alguns autores defendem ainda uma quarta categoria que seriam, segundo

SARLET (2004), os direitos de quarta geração. A quarta geração de direitos é uma

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inédita modalidade de direitos, onde ainda são temas de constantes discussões,

pois são decorrentes da globalização e consequentemente universalização, inclusive

normativa, dos direitos fundamentais.

BOBBIO (1992), defende que esta categoria destina-se aos direitos de

engenharia genética, enquanto que BONAVIDES (2003), acredita referir-se à luta

pela participação democrática.

Para SARLET (2004), os direitos que integram esta geração são a

democracia, a informação e o pluralismo, como pressupostos do exercício pleno dos

demais, e de garantia da própria universalização, assim como direitos decorrentes

dos avanços da tecnologia biológica e genética.

SARLET (2004), sintetiza o quadro das "gerações dos direitos fundamentais"

do seguinte modo:

1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração

Liberdade Igualdade Fraternidade Democracia (direta)

Direitos negativos (não

agir)

Direitos a

prestações

Direitos civis e políticos:

liberdade política, de

expressão, religiosa,

comercial

Direitos sociais,

econômicos e

culturais

Direito ao desenvolvimento,

ao meio-ambiente sadio,

direito à paz

Direito à informação,

à democracia direta e

ao pluralismo

Direitos individuais Direitos de uma

coletividade

Direitos de toda a Humanidade

Estado Liberal Estado social e Estado democrático e social

Diante do exposto, torna-se relevante e discutível a importância desta

categoria.

BONAVIDES (2003), conclui o tema acerca das gerações (dimensões) dos

direitos fundamentais ministrando que ainda que se fale em gerações, cabe deixar

claro que não existe nenhuma hierarquia ou sucessão entre os direitos

fundamentais, devendo ser tratados como valores interdependentes e indivisíveis.

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Além do mais, a evolução desses direitos não seguiu a ordem cronológica liberdade,

igualdade, fraternidade em todos os lugares ou situações históricas, ou seja, nem

sempre foram reconhecidos os direitos de primeira geração para somente depois

serem reconhecidos os de segunda e terceira. Dessa forma, a doutrina mais

moderna vem defendendo a ideia de acumulação de direitos, preferindo, assim, a

utilização do termo dimensões de direitos fundamentais.

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CAPÍTULO III

PANORAMA DA EDUCAÇÃO E SEUS MÚLTIPLOS PAPÉIS

A Constituição Federal de 1988, nos artigos 205, declara que a finalidade da

educação é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A mesma Constituição, no artigo 208, estabelece que é do Estado o dever

de concretizar o direito à educação por meio da garantia de acesso à educação

infantil, ao ensino fundamental e ao ensino médio, de forma obrigatória e gratuita.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

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§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência (sic) à escola.

Segundo MEKSENAS (2002), a educação nasce quando se transmite e se

assegura às outras pessoas o conhecimento de crenças, técnicas e hábitos que um

grupo social já desenvolveu, a partir de suas experiências de sobrevivência. Neste

sentido, pode-se afirmar que o nascimento da educação surge quando o ser humano

sente a necessidade de converter as suas práticas cotidianas ao seu semelhante.

3.1 DE DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

Os Direitos Humanos ressaltam a relevância de se conhecer as garantias

individuais e/ou coletivas do homem em uma sociedade repleta de desigualdades

entre os grupos sociais, uma vez que são indissociáveis da pessoa humana e,

portanto, direitos essenciais a todos os cidadãos.

Neste sentido, FACHIN (2009), afirma que os direitos servem para assegurar

à pessoa humana o exercício da liberdade, a preservação da dignidade e a proteção

da sua existência. Trata-se, portanto, daqueles direitos considerados fundamentais,

que tornam os homens iguais, independentemente do sexo, nacionalidade, etnia,

classe social, profissão, opção política, crença religiosa, convicção moral, orientação

sexual e identidade de gênero.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, art. 205,

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Sobre esse texto, DALLARI (2004, p. 39), comenta que na Constituição

Brasileira, está disposto que a educação é um direito de todos e dever do Estado,

pelo reconhecimento de que se trata de um direito humano essencial.

SILVA (2008). aponta a educação como um dos direitos fundamentais do

homem e que deve ser assegurada de maneira fundamental, além de ser

considerada como muito mais do que um direito social, pois

Ínsita no direito à vida e é instrumento fundamental para que o homem possa se realizar como homem. Recordando Santo Tomás de Aquino, o homem tem sede de saber. Seu potencial para aprender só se transformará em ato no momento em que lhe for propiciado todas as condições

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necessárias para tal. E isso só é possível através da educação. Através da consagração desse direito.

O mesmo autor completa dizendo que o direito à educação pode ser

reclamado por qualquer pessoa que se sinta excluída do acesso previsto no artigo 6º

da Constituição Federal de 1988, que dispõe:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)

Esta compreensão garantiria que a distribuição do ensino fosse plena e

igualitária e permitiria ao homem, fruto de uma transformação social, uma existência

digna. Quando falamos em dignidade, nos referimos também à igualdade, uma vez

que esse é um direito inseparável no que se refere à dignidade. Para esclarecer o

sentido de igualdade, nos pautamos na Declaração Universal dos Direitos do

Homem da ONU, de 1948 que admite que a dignidade seja o fundamento da

liberdade, da justiça e da paz no mundo, a qual é inerente a todos os membros da

família humana e seus direitos são igualmente inalienáveis. Em relação ao princípio

da igualdade formalizado no art. 1º do documento em questão, BOBBIO (2004, p.

29), faz a seguinte reflexão:

A Declaração conserva apenas o eco porque os homens, de fato, não nascem nem livres nem iguais. São livres e iguais com relação a um nascimento ou natureza ideais, que era precisamente a que tinham em mente os jusnaturalistas quando falavam em estado de natureza. A liberdade e a igualdade dos homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir; não são uma existência, mas um valor; não são um ser, mas um dever ser.

O direito do homem à educação está positivado no art. XXVI da Declaração

Universal dos Direitos Humanos, onde:

Todo homem tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será generalizada; o acesso aos estudos superiores será igual para todos, em função dos méritos respectivos (COMPARATO, 2004, p. 239).

Para que estes direitos fossem conquistados e reconhecidos, dependeu-se

de uma incansável luta por sua efetivação e aplicabilidade, o que permitiu que os

Direitos Fundamentais do Homem se transformassem do direito individual ao direito

coletivo.

3.2 DE AGENTE PROVEDOR A TRANSFORMADOR SOCIAL

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É por meio da educação que o homem se faz conhecedor de seus direitos,

pois de outra forma, seria inevitavelmente excluído da participação da vida moderna,

em virtude da interdependência entre os direitos. É como apresenta COMPARATO

(2004, p. 67), ao tratar da Declaração de Viena de 1993:

Todos os direitos humanos são universais, interdependentes e interrelacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos globalmente, de modo justo e eqüitativo (sic), com o mesmo fundamento e a mesma ênfase. Levando em conta a importância das particularidades nacionais e regionais, bem como os diferentes elementos de base históricos, culturais e religiosos, é dever dos estados, independentemente de seus sistemas políticos, econômicos e culturais, promover e proteger todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

No Brasil, o direito à educação é positivado pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), Lei 9394/96, de 1996 e legislação pertinente. A LDB

dispõe, em seu art. 2º, que:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Inserido nos Direitos Humanos, temos o Direito à Educação, que embora

seja apresentado em forma de Lei, percebe-se sua fragilidade no que diz respeito à

efetivação. De acordo com CARVALHO (2008), temos que

Atualmente, o direito à educação perfaz o rol dos direitos humanos, situando-se no âmbito dos direitos de igualdade, sendo considerado um direito fundamental. Na verdade, por ser um direito fundamental está ligado a um núcleo de valores que antecede o próprio Estado, sendo imprescindível que se concretize e que se garanta sua aplicação.

Assim, o autor aponta o direito à educação como direito fundamental ao

homem, sendo relevante a construção de um trabalho de esclarecimento e reflexão

acerca da importância de educar-se.

MEKSENAS (2002), afirma que, em uma visão funcionalista, a educação nas

sociedades tem a tarefa de mostrar que os interesses individuais só se realizam

plenamente através dos interesses sociais. Sendo assim, a educação ao socializar o

indivíduo, mostra a este que sozinho, o ser humano não sobrevive, e que ele só

pode desenvolver as suas potencialidades estando em contato com o meio social,

ou seja, com as outras pessoas.

Por meio da educação, o homem se instrumentaliza culturalmente, além de

se capacitar para transformações tanto materiais, quanto espirituais. A educação é o

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cerne do desenvolvimento social e sem ela, até mesmo as sociedades mais

avançadas retornariam ao estado primitivo em pouco tempo.

Na visão de GADOTTI (1995), a educação reproduz a sociedade,

observando-se que a educação acaba por fazer o que a classe dominante lhes

pede. Tanto quanto a sociedade, a educação é um campo de batalha entre as

diversas tendências e grupos.

Segundo PINTO (1986), a educação acaba transmitindo e reproduzindo os

mecanismos de dominação impostos pelo capitalismo. Por outro lado, o setor

educacional precisa buscar a conscientização e a libertação, através da qual se

resgatam caminhos para uma ação transformadora.

Conforme GERHARDT (2001), a educação libertadora ou transformadora, é

aquela que trabalha com uma visão de sujeitos potencialmente autônomos, capazes

de praticar a solidariedade, instruindo-se de forma a promover a autorreflexão.

Assim, a educação é entendida como uma prática de libertação, que desperta no

sujeito a sua capacidade de promover a humanização, esforçando-se em uma

perspectiva conjunta para mudar o sistema escolar, social e político.

Para STEINBERG (2001), Paulo Freire aponta dois estágios da pedagogia,

como prática de libertação:

[...] o primeiro permite ao oprimido que perceba a condição de opressão em que se encontra e engajar-se em sua transformação, o segundo, reconhece que uma vez transformada a opressão, todas as pessoas tornar-se-ão libertas, estarão permanentemente livres [...]. (p.271).

Desta forma STEINBERG (2001), afirma que dentro desta perspectiva

libertadora, Paulo Freire considera o poder político como essencial para a libertação,

a qual está fora do alcance do oprimido. Nesse contexto, observa-se que as

respostas a este dilema podem ser encontradas na educação, a qual deve ser

realizada por e com o oprimido.

Pode-se dizer, ainda, que a educação coincide com a própria existência

humana e suas origens se confundem com a origem do próprio homem. Estudar a

educação é, também, poder compreender que a escola, como instituição, muitas

vezes, não tem poder de modificar o que está estabelecido - a estrutura social. Para

GADOTTI (1995, p.83), “a força da educação está no seu poder de mudar

comportamentos. Mudar comportamentos significa romper com certas posturas,

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superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se”. Nesse sentido, a força da educação

está na ideologia.

Neste contexto, DALLARI (1998, p. 69), complementa dizendo que

O primeiro passo para se chegar à plena proteção dos direitos é informar e conscientizar as pessoas sobre a existência de seus direitos e a

necessidade e possibilidade de defendê-los.

Contudo, a educação não é capaz de sozinha, fazer acontecer a

transformação social, pois esta só se consolida e se efetiva mediante a participação

da própria sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Direitos Humanos e Direitos Fundamentais são nomenclaturas utilizadas

após a Constituição Federal de 1988 por muitos cidadãos de maneira generalizada,

sem o real entendimento dos seus significados.

Direitos humanos são aqueles ligados a liberdade e a igualdade que estão

positivados no plano internacional. Já os direitos fundamentais são os direitos

humanos positivados na Constituição Federal. Assim, o conteúdo dos dois é

essencialmente o mesmo, o que difere é o plano em que estão consagrados.

O ser humano está em constante construção, atuando como personagem

principal e responsável pela evolução histórica e com ele os direitos aqui

mencionados que acompanham este processo, transformam-se e adequam-se à

sociedade de cada período.

Assim, é imprescindível que se discuta sobre o reconhecimento e a

afirmação dos Direitos Humanos e Fundamentais inserindo a educação neste

contexto, de modo a provocar reflexões em prol da efetivação destes direitos, pois

não raro nos deparamos com cidadãos que ainda confundem direitos humanos com

direitos fundamentais, de maneira a generalizar toda e qualquer forma de direito,

comprometendo assim, as garantias fundamentais de seus direitos, seja por falta de

esclarecimento ou por falta de acesso às informações.

Muito embora as garantias fundamentais tenham sido pouco retratadas aqui,

estão impregnadas e ocultas dentro desta pesquisa, uma vez que sintetizam os

meios que asseguram a aplicação das leis que garantem o exercício dos direitos

fundamentais.

A escola ainda não conta em seu currículo, com uma prática de educação

voltada para os direitos como deveria. As situações a que estamos sujeitos, como a

confusão de valores públicos e privados e as manifestações que hoje ocupam

grande parte do território nacional, clamam para que a igualdade e a dignidade

humana não fiquem apenas no papel, mas que seja internalizada por todos aqueles

que exercem atividades tanto na educação formal como não formal.

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Para que os direitos humanos e fundamentais prevaleçam e sejam

efetivados, faz-se necessário que a sociedade seja ensinada e informada sobre a

importância e relevância destes direitos, a fim de assegurar uma sociedade justa,

fraterna e principalmente, democrática.

Neste contexto, constatamos a urgente necessidade de ações voltadas para

a conscientização e intensa reflexão acerca da relevância da educação na vida de

todo e qualquer cidadão, permitindo-lhes, por meio do acesso ao ensino, o

desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais, morais, sociais e éticas.

A educação não é apenas um direito fundamental, mas sim, o único caminho

capaz de facilitar ao ser humano a consciência da sua responsabilidade diante da

sociedade em que está inserido, transmitindo os conhecimentos necessários para

retirá-lo da ignorância, garantindo-lhe uma vida digna, com melhores salários e

redução da desigualdade.

Diante dos vários problemas da sociedade contemporânea, como a

desvalorização profissional, o desemprego, a violência, as modificações das

relações familiares, etc, entendemos que o papel principal da educação, está em

proporcionar o conhecimento, para que a sociedade se prepare autonomamente

para participar efetivamente da luta pelo conhecimento e exigibilidade dos direitos

que lhe são conferidos.

Concluímos, portanto, que a educação não é um privilégio, mas sim um

direito que como tal, deve atender a todos de forma igualitária e ainda, ser tratada

como uma política social, que tem como compromisso, prover ações para a

efetivação dos direitos fundamentais e da transformação social.

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