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FOTO DANIELA CARMO págs. 4 e 5 Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1498, de 28 de março de 2013 e não pode ser vendido separadamente. págs. 6 e 7 60 “O jornalismo de investigação incomoda sempre alguém” SOU VOLUNTÁRIO José António Cerejo Jornalista

Akademicos 60

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Edição N.º 60 jornal Akadémicos

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págs. 4 e 5

Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1498, de 28 de março de 2013 e não pode ser vendido separadamente.

págs. 6 e 7

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“O jornalismo de investigação incomoda sempre alguém”

Sou voluntárioJosé António CerejoJornalista

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Teatro28 de março, 21h30

teatro José Lúcio da Silva

Os Reis da ComédiaO Teatro José Lúcio da Silva irá ser palco para os “Os Reis da Comédia”, uma peça em que o tema é a idade de ouro da comédia. Neil Simon, um dramaturgo americano bastante premiado, foi quem criou esta peça com um enorme sucesso mundial. A peça conta com a dupla Jacinto Leite e Alberto Cruz, que fazem Portugal rir há mais de 40 anos, e ainda com interpretações de Rui Mendes, José Pedro Gomes, Carla de Sá, Diogo

Leite, Rui de Sá e Jorge Mourato. Os bilhetes podem ser adquiridos por 15 euros (com desconto).

CinemaA partir de dia 28 de março até dia 30teatro Miguel Franco

Muitos Dias Tem o MêsMuitos dias tem o mês é um documentário contemporâneo realizado por Margarida Leitão. Este documentário mostra a vida da sociedade portuguesa acompanhando o dia-a-dia de famílias que têm dívidas. Pretende alertar para o fato de vivermos numa sociedade

focada na satisfação imediata, fazendo qualquer coisa para a obter. Põe em comparação a expetativa e a realidade. Em 2009, o documentário foi candidato ao Prémio Amnistia Internacional no Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa (IndielLisboa).

Dança20 de abril, 21h30teatro José Lúcio da Silva

10º Torneio de Hip Hop danceDe modo a proporcionar uma oportunidade para os grupos de dança de todo o país mostrarem o seu trabalho, irá decorrer a 10 edição do Torneio de Hip Hop Dance em Leiria. Na corrida para a conquista do Troféu CDM estão 8 escolas de nível infantil e 12 grupos de nível avançado. Os bilhetes têm o valor de 3 euros e a organização é do Colégio Dinis de Melo e Convenção School Fitness.

Música29 de abril, 17h00Leiria Shopping (FNAC)

Blue Trash CanA banda de Rock Blue Trash Can vai apresentar o seu álbum Lights from Behind na FNAC num concerto ao vivo. Este álbum conta com participações de Diogo Dias (vocalista dos Klepth), Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero) e João Pires (Violoncelista da Metropolitana de Lisboa). Esta é uma banda que tem aproveitado todas as oportunidades para conseguir vingar no mundo da música e agora mostram quem são e para onde vão. Um concerto a não perder.

Música4 de abril, 22h00teatro José Lúcio da Silva

Deolinda - Mundo PequeninoO Teatro José Lúcio da Silva é o local escolhido por Deolinda para a primeira apresentação ao vivo do seu terceiro disco de originais, Mundo Pequenino. Num concerto que promete, a banda portuguesa multiplatinada traz a Leiria novas canções, entre as quais o seu novo single, Seja Agora. k

Escrever umas breves notas sobre o vo-luntariado e, em especial, o voluntariado jovem num tempo marcado pela incerteza social e económica constitui um desafio interessante para refletir sumariamente sobre o papel do voluntariado na socieda-de contemporânea.

Colocar o seu tempo, ação e envolvimen-to ao serviço, economicamente desinteres-sado, do bem estar da comunidade (local, nacional e/ou mundial) “é uma viagem de

solidariedade e um meio de os indivíduos e as associações identificarem necessidades e problemas humanos, sociais ou ambien-tais e lhes darem resposta” (Comunicado da Comissão, COM(2011) 568 final, Bruxe-las, 20.09.2011). A natureza diversificada das atividades de voluntariado ultrapas-sam e ampliam as funções assistenciais e de ajuda recíproca tradicionalmente atribu-ídas ao voluntariado, desempenhando atu-almente um papel importante na promo-ção da cidadania ativa e da solidariedade e encetando processos de aprofundamento da coesão social. Neste âmbito merecem menção as atividades de voluntariado que se dirigem à reabilitação de espaços urba-nos, à promoção dos direitos humanos e da igualdade de género. Em tempos de cri-se e num momento em que o Estado pare-ce estar a retirar-se de forma acelerada do exercício destas funções, as diversas for-mas de voluntariado assumem uma cen-tralidade que importa reconhecer e para a qual é necessário mobilizar a participação de variados extratos populacionais, em especial os jovens que apresentam, em Portugal, uma baixa taxa de envolvimento em atividades de voluntariado.

A participação dos jovens no conjunto das atividades de voluntariado potencia-se

através do seu envolvimento em programas de voluntariado em que colaboram diferen-tes estratos etários, pela inclusão em ati-vidades promovidas dominantemente por jovens (como, por exemplo, as atividades da Juventude da Cruz Vermelha ou o pro-grama de voluntariado jovem do Instituto Português da Juventude), ou pela partici-pação em ações exteriores a qualquer me-diação organizacional. Independentemente da forma através da qual se concretiza o vo-luntariado dos jovens (e o voluntariado em geral), importa tomar em consideração que esta atividade não tem um sentido único, não se limita a um simples ato de ‘dar’ e ‘re-ceber’. Ela envolve sempre um determinado grau de reciprocidade que possibilita ao vo-luntário simultaneamente participar na pro-moção de uma sociedade menos desigual e mais democrática e enriquecer a sua forma-ção pessoal através de um conjunto variado de experiências que contribuirão para ques-tionar a visão de um homo dominado pelo spiritus economicus.

José Carlos Laranjo Marques

AABRIR

NãopeRkAsMariana Lopes

DiretorJoão Nazá[email protected]

Coordenadores PedagógicosCatarina [email protected]

Paulo [email protected]

Apoio à EdiçãoAlexandre [email protected]

Departamento GráficoJorlis - Edições e Publicações, LdaIsilda [email protected]

Maquetização e Projeto GráficoLeonel Brites – Centro de Recursos Multimédia ESECS–[email protected]

MaquetizaçãoAndreia Narciso

Secretariado de RedaçãoDaniela Peralta

Redação e colaboradoresAdriana Meneses, Ana Neves, Ana Vieira, Andreia Lucas, Andresa Cardoso, Daniela Carmo, Daniela Peralta, Diogo Fernandes, Francisco Grosso, Janaína Leite, Joana Batalha, João Diogo Santos, Mariana Lopes, Nuno Ribeiro

Presidente do Instituto Politécnico de LeiriaNuno [email protected]

Diretor da ESECSLuís Filipe [email protected]

Diretora do Curso de Comunicação Social e Educação MultimédiaCatarina [email protected]

Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPL e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.

[email protected]

VoluntariadoJovem

DR

Docente ESECS/IPL

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28 março 20133

está – a –

DAR

kApAsNuno Ribeiro

Novos TalentosFNAC 2012Um retrato doque por cá se faz

A prevenção da violência sexual em estudantes do ensino superior esteve em discussão no pas-sado dia 13 de março na Escola Superior de Saú-de e na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apresentou aos presentes o projeto Uni-sexo. O evento, organizado pelos Serviços de Apoio ao Estudante do Instituto Politécnico de Leiria, foi bem recebido pelos alunos. Segundo Andreia Narciso, uma das participantes no even-to, “o assunto é interessante e atual”. Num au-ditório quase cheio, foram levantadas questões sobre mitos em torno da violência sexual em re-lações ocasionais e de namoro e formas de com-bater crimes sexuais, como evitar deixar amigas sozinhas na rua ou o simples ato de não perder o copo de vista.

Segundo Natália Cardoso, oradora da APAV, os objetivos do projeto consistem em “facilitar os recursos aos serviços de ajuda, prevenir com-

Escolas do IPL recebem sessão sobre prevenção da violência sexual

O restaurante da Escola Profissional de Leiria (EPL) – Escola de Sabores – foi o palco de um almoço re-alizado em conjunto por alunos da EPL e cidadãos da cidade de Tokushima. O almoço, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Leiria, decorreu no dia 13 de março, e integrou propostas nipóni-cas e portuguesas. Seis pratos típicos da cidade de Tokushima, como Misosoup, Makizushi ou Negiyaki vieram dar a conhecer um pouco da gastronomia da-quela cidade, contrastando com o prato tipicamente português, bacalhau, também servido no almoço.

A iniciativa decorreu no âmbito do protocolo existente entre as cidades de Leiria e Tokushima. A geminação foi celebrada há mais de 40 anos, após a visita de uma delegação de Tokushima a Leiria em 1968 e, desde esse ano, vários intercâmbios têm sido efetuados entre as duas cidades, principalmen-te de carácter cultural. O objetivo é dar a conhe-cer a Leiria as raízes culturais japonesas. Também Leiria tem levado a Tokushima vários exemplos da cultura portuguesa, consistindo assim este proto-colo numa espécie de diálogo entre as duas cidades.

texto Daniela Peralta e Janaína Leite

Alunos da Escola Profissional preparam almoço japonêstexto: Joana Batalha e Francisco Grosso

Novos Talentos FNAC 2012 é a sexta edição de uma iniciativa da FNAC com o apoio da Antena 3, que desde 2007 vem retratando a atual produção musical de Por-tugal. Esta coletanea de três CD, que já lançou grandes revelações como os Deolinda, Rita Redshoes, Anaquim ou Os Pontos Negros,

de estreia Cerne. O jovem músico mostra-nos a ra-zão de ter ganho o concurso da SIC e o que aprendeu nos seis meses numa das mais conceituadas escolas de Londres. Podemos também saber um pouco mais sobre o que é a Verdade com o tema dos Capitão Fausto, banda lisboeta que é influenciada por vários grandes nomes da música nacional e internacional. Os Capicua apresentam um bom e criativo Rap can-tado no feminino, entre outros que vale a pena des-cobrir e ouvir.

Esta iniciativa vem chamar a atenção para estes jovens artistas e lembrar que Portugal tem potencia-lidades musicais e culturais à altura do que se faz lá fora. Nomes que esperam ser reconhecidos e quem sabe, enaltecer a cultura portuguesa no mundo. k

vem agora trazer uma nova série de 60 temas inédi-tos, novos talentos e um variado leque de géneros de música, passando pelos variados subgéneros do Rock, Jazz, Blues, Eletrónica, Hip Hop e junções ex-perimentais.

Em português e inglês, encontra-se um panora-ma musical diversificado e inovador, que revela o futuro da música portuguesa através de uma nova geração de artistas repletos de criatividade, origi-nalidade, profundidade nas letras e sons, que poeti-zam mensagens, lições de vida, aventuras, amores e desamores.

Entre outros nomes promissores, pode encon-trar-se Filipe Pinto, vencedor dos Ídolos de 2011, que nos traz a música Escolher Sentença do seu álbum

portamentos de risco, desconstruir mitos da vio-lência sexual e reforçar o papel das comunidades de apoio à vítima”.

Na concretização da campanha, cujo slogan é “Depois do não, Pára! Respeita a vontade dos outros”, a APAV trabalhou em conjunto com a Associação Académica de Coimbra e com a As-sociação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Coimbra em ações que deram des-taque aos direitos à autonomia sexual.

A par da campanha nos meios de comunica-ção, as atividades desenvolvidas têm consistido na “formação de focus groups (grupos de dis-cussão), workshops, manuais de boas práticas e seminários”, explica Natália Cardoso.

Financiado pelo POPH e com duração de 24 meses, o projeto Unisexo terminará no próximo mês de agosto. A APAV faz um balanço positivo do projeto, acrescentando que “houve, de facto, bastantes interessados em colaborar”.

A instituição, que prima pela solidariedade

Na agenda de atividades realizadas no âmbito da visita do grupo japonês, constaram também a inauguração, na Biblioteca Municipal Afonso Lo-pes Vieira, da exposição intitulada “Troca 2013” que estará aberta ao público até dia 28 de mar-ço. Também o Teatro Miguel Franco foi palco de um espetáculo musical intitulado “Tokushima de sons também Leirienses”, que contou com atu-ações de dois músicos de Tokushima. Este ano, a visita contou com a colaboração de alunos de Comunicação Social e Educação Multimédia da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, que documen-taram, durante três dias, as atividades realizadas pelo grupo japonês.

O professor responsável por acompanhar os estudantes japoneses a Leiria, Donald Sturge afir-mou que “gosta muito de vir a Leiria” e que deseja que haja um “diálogo entre as culturas.”

Também o chef Alberto Vaz se mostrou satisfei-to com a realização do almoço: “acho que o almoço correu muito bem, é importante este contato entre alunos de culturas diferentes, até nos próprios in-gredientes utilizados. É outra forma de cozinhar, os sabores são diferentes e para isso os alunos ja-poneses trouxeram os seus próprios ingredientes tradicionais, para que a confeção fosse a mais apro-ximada da realidade japonesa”. k

social, pela proteção e apoio aos cidadãos víti-mas de crimes e, sobretudo, pelo voluntariado prestado, traz essencialmente uma vontade enor-me de despertar consciências. Pelas palavras de Natália Cardoso, “independentemente do com-portamento da vítima, a responsabilidade é sem-pre de quem age. Ou seja, do agressor”.

Por estes lados, e com a Semana Académica à porta, esperamos que os alertas tenham sido ouvidos. k

DR

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kApA

Aos 19 anos, Sara Matias, comerciante, conta já com 3 anos a desempenhar atividades de volunta-riado em instituições de apoio social – Banco Ali-mentar e Cruz Vermelha. O desafio começou com um convite e com o exemplo do pai: «Ele entrou como voluntário e eu, como também tenho gos-to em ajudar, também fui». Quando questionada acerca da importância desta atividade na sua vida, Sara não duvida: “Ajuda muito a crescer no mun-do real, a olhá-lo com outros olhos e a conhecer as dificuldades dos outros cidadãos. No Banco [Ali-mentar] fico impressionada com o facto de existir tanta gente que precisa da nossa ajuda”.

Sara é apenas um exemplo dos muitos jovens que atualmente dedicam parte do seu tempo a aju-dar o outro. Mas ser voluntário não é apenas isto, é uma atividade que vai além da própria definição. Rita Miranda, 22 anos, com experiência de volun-tariado em associações de solidariedade social e trabalhadora na área de Animação Sociocultural, elucida: “Consiste em valorizar outro tipo de coi-sas através de ações de caridade, porque deixar a sua vida em standby para se dedicar a outros nem sempre é um passo fácil de ser dado nesta faixa etária, em que o dinheiro e a ambição do ‘ter’ é mais forte do que o ‘ser’”.

A atual conjuntura económica do país contri-buirá para uma maior sensibilização. Como refere Adelino Simões, presidente do Banco Alimentar de Leiria e também ele voluntário, «os pais aca-bam por dizer aos filhos que há dificuldades e há pessoas com fome, e eles podem perceber isso e ajudar». O Banco Alimentar de Leiria desenvol-ve angariação de produtos alimentares em cam-panhas nos supermercados. Após essa etapa mais presencial, os alimentos são divididos em catego-rias no armazém por outros voluntários, e este lo-cal torna-se “uma barafunda muito grande (…), uma festa transpirada” como o Presidente da Ins-tituição gosta de designar. Adelino Simões explica ainda que a organização “é feita de acordo com o tempo das pessoas e dentro das suas possibilida-

des e disponibilidades” e acrescenta que os jovens, influenciados pelos pais, pela escola ou por grupos onde têm atividade, “são sempre muito atuantes”, nomeadamente, nas campanhas de loja.

Mas não é unicamente devido à conjuntura que surge a necessidade de ajudar o próximo. Existem outros tipos de projeto, como o apoio em situações de recuperação de problemas de saúde. “O doente muitas vezes precisa que o escutem, precisa de uma palavra, um sorriso, do toque de uma mão amiga, de não se sentir só… e muitas vezes o médico, a enfermeira e o auxiliar não têm tempo para isso”, refere Maria Teresa Ramos, reformada e voluntária na Liga dos Amigos do Hospital Distrital de Leiria. Esta veterana conhece bem a realidade que se vive no hospital e, para ajudar a atenuar o sofrimento dos que lá se encontram, colabora ativamente neste pro-jeto, que “surgiu com o principal objetivo de apoiar aos doentes hospitalizados”. Segundo José Manuel (como é conhecido), reformado e tesoureiro da Liga, os voluntários vão “visitando, conversando e ajudan-do naquilo que podem e que não vai contra o serviço do pessoal médico e de enfermagem”.

Relativamente aos requisitos para se tornar vo-luntário neste projeto, Maria Teresa Ramos explica que “é preciso ser maior de idade, ter disponibili-dade para dedicar, pelo menos, três horas por se-mana para o voluntariado e é preciso formação”. A formação de que esta voluntária fala, é específica para que se possa exercer voluntariado no Hospital, e é recebida após uma entrevista realizada pelo psi-cólogo responsável, que irá determinar se a pessoa tem ou não perfil. Segue-se um período de estágio. Todo este processo é meticuloso, dado que este tipo de voluntariado se baseia no cuidado de vidas hu-manas em condições debilitadas.

Dado o processo de preparação, na Liga dos Amigos do Hospital a colaboração é sobretudo assegurada por voluntários aposentados. “Os jo-vens às vezes vêm, mas quando arranjam empre-go, vão-se embora e nós precisamos de um corpo estável”, explica Maria Teresa Ramos.

Na maioria das instituições que aceitam volun-tários o processo de candidatura é mais simples. O Banco Local de Voluntariado de Leiria é um projeto dinamizado pela Câmara Municipal de Leiria que pretende agilizar a articulação entre as organizações promotoras e os voluntários. Se-gundo a representante, Célia Pires, serve de inter-mediário entre “qualquer organização, privada ou pública, sem fins-lucrativos e que possa assegurar a atividade de voluntariado” e os voluntários inte-ressados em colaborar. Conforme explica: “Quem estiver interessado em fazer parte deste projeto pode ir ao nosso site, telefonar ou vir cá, e tem de preencher uma ficha. Se tiverem dúvidas ou pre-cisarem de apoio técnico, também podemos mar-car uma reunião. Depois propomos à organização, sem caráter vinculativo, o encaminhamento dos voluntários que são mais indicados para o tipo de atividade.” Célia Pires acrescenta: “não condicio-namos a inscrição de ninguém, mas fazemos ver às pessoas que voluntariado não é uma actividade ocupacional, tem uma finalidade de apoio ao ter-ceiro e não ao próprio”.

Esta entidade, de atuação concelhia, tem como objetivos promover o voluntariado, desenvolver ações em prol das pessoas e da comunidade em geral e potenciar o desenvolvimento de iniciativas locais direcionadas para organizações e voluntá-rios, entre outros. Normalmente, o Banco é soli-citado para enviar apenas um ou dois voluntários para os projetos propostos pelas organizações em parceria, isto porque «às vezes aparecem pedidos muito específicos como, por exemplo, uma cresce que precisa de alguém para dar ginástica às crian-ças. Mas, para a Aldeia de Natal, foram pedidos cerca de 80», justifica Célia Pires.

Acumular experiênciaProjetos de curta duração como a Aldeia de Na-

tal ou o Programa Férias Criativas, dinamizados anualmente pela Camara Municipal de Leiria, com o objetivo de apoiar as famílias com a ocupação do

Dedicação e vontade de ajudar são as palavras de ordem de quem faz voluntariado. Mas

também se refere o fator aprendizagem. De longa ou de curta duração, os projetos são os

mais diversos e para todos os gostos.

texto Sara Silva, Patricia Gonçalves, Ana Raquel Fotos Daniela Carmo

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29 março 20125

kokoNsumooBRIgAtóRIo

texto

Ana VieiraJoão Diogo SantoS

A Funmácia é a nova atração de Leiria. A loja situ-ada no Mercado Santana pretende «aliar um lado divertido, as gomas, a um lado sério que é uma farmácia de verdade», garante Ana Carolina Pal-ma, responsável pela loja de Leiria.

Este é um conceito português que surgiu através de uma viagem que dois jovens fize-ram a Barcelona após terem terminado o cur-so superior. Bruno Mendes e Ricardo Belchior conheceram a Dreampills e quiseram fazer algo parecido em Portugal.

Depois das três lojas existentes na zona de Lisboa, a cidade do Liz foi a segunda a poder contar com os serviços deste já famoso estabe-lecimento, fazendo as maravilhas de miúdos e de graúdos.

A responsável explica que as gomas e os sumos naturais são os únicos medicamentos da Funmá-cia. «Os clientes podem divertir-se enchendo os frascos com os doces de que mais gostarem e, no fim, colocar um dos nossos divertidos rótulos com títulos humorísticos», acrescenta.

Inibidor de Mau Feitio, Potenciador de Amor, ou ainda, Estimulador de Sorte são três das curas que se podem encontrar. A escolha fica ao crité-rio de cada cliente, em função do tipo de ‘doen-ça’. Até para a crise têm remédio com a receita de Atenuador de Impostos.

É com um sorriso no rosto que Ana Carolina Palma nos diz que «Leiria ainda não conhecia o conceito, só algumas pessoas é que conheciam as lojas de Lisboa e até agora a Funmácia tem tido boa aceitação». Não é para menos, uma vez que os preços são acessíveis, variando entre 1,70€ a 6,80€. Há disposição existem organiza-dores, blisters e boiões, com várias medidas. Há ainda os ‘Packs Emergência’ que são uma oferta divertida e em conta para as pessoas de quem mais gostamos.

A marca Funmácia tem um ano e meio, mas o projeto não se fica por aqui. Os produtos têm sido requisitados para ocasiões especiais tais como casamentos, festas de empresas e bati-zados. Os produtos da nova loja prometem au-mentar a motivação, a produtividade e a boa disposição. Afinal, sorrir é o melhor remédio! k

Funmácia A cura para todos os males chegou à cidade

DR

lazer e dos tempos livres das crianças e jovens, são também oportunidade para ocupação e desenvolvi-mento de currículo de estudantes voluntários.

A realização do Programa Férias Criativas, durante o período de Páscoa, conta, por exemplo, com a cooperação de vários estudantes do Insti-tuto Politécnico de Leiria, nas áreas de Ensino Básico, Desporto e Bem-Estar, Educação Social ou Comunicação Social e Educação Multimédia. Para Filipa Abrantes, 18 anos, estudante e uma das voluntárias do programa Férias Criativas, esta foi a primeira experiência e surgiu muito na-turalmente “a partir da sugestão de um professor. Ele disse-nos que ia haver esta atividade e eu de-cidi participar, pois acho que é uma boa forma de ocupar o meu tempo livre e ainda de acrescentar experiência à minha área de estudo”. Também Vera Saudade e Silva, de 22 anos e estudante de Educação Básica, encarou esta participação en-quanto voluntária como “uma experiência pro-fissional” em que tem a oportunidade de entrar em contacto direto com as crianças. Defende que este tipo de participação “ajuda no currículo por-que, atualmente, tudo conta, não são só as no-tas”. Já as estudantes da licenciatura de Desporto e Bem-Estar admitiram ter-se voluntariado para a atividade principalmente devido ao gosto pela dança, a partir do qual tiveram oportunidade de proporcionar momentos divertidos às crianças, através da realização de várias coreografias ide-alizadas e monitorizadas por elas.

Elisa Oliveira, técnica superior da área de Divi-são de Juventude e Educação da Camara Municipal de Leiria, e uma das responsáveis pela dinamização do Programa Férias Criativas, refere que a ativida-de é também uma oportunidade de contacto com a futura área de trabalho, porque “estão a dinamizar e a aprender”. Nesse sentido, Elisa Oliveira explica que é sempre entregue um certificado com indica-ção das competências que o jovem retirou da ativi-dade. A técnica acrescenta ainda que, no caso das Férias Criativas, existem três beneficiários: os vo-

O Portal da Juventude - ] juventude.gov.pt disponibiliza informações relativas a voluntariado jovem. Podem ser consultados projetos e iniciativas por área de residência e processo de candidatura. A plataforma disponibiliza também informação sobre direitos e deveres do voluntário.

outras informações sobre ofertas disponíveis e processos de recrutamento:

Liga dos Amigos do Hospital de Leiria/ Centro Hospitalar Leiria Pombal] www.chlp.pt

Banco Alimentar de Leiria/Fátima] www.leiria.bancoalimentar.pt

Banco Local de Voluntariado de Leiria] www.cm-leiria.pt

Bombeiros Voluntários de Leiria] www.bombeiros.pt

Bolsa do Voluntariado Nacional] www.bolsadovoluntariado.pt/

Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado] www.voluntariado.pt

Voluntariado:onde procurar?

luntários que “tiram vivências e aprendem”, a orga-nização pelo apoio em termos de recursos humanos e pela participação dos jovens que proporcionam também aprendizagem e uma “lufada de ar fresco”, e as crianças que “veem caras novas” e se afeiçoam aos voluntários, “tanto que no último dia existem sempre algumas lágrimas.”

Uma corporação igualmente ativa no distrito de Leiria e que move jovens devido ao gosto de ajudar o próximo são os Bombeiros Voluntários de Leiria. Um dos mais recentes membros, Joni Vieira, de 21 anos e estudante no IPL refere que se inscreveu motivado pela “coragem e determinação que eles têm para salvar vidas”. A maioria destes bombeiros não são remunerados e tendem a con-ciliar o seu emprego com a atividade voluntária.

O trabalho voluntário não abre necessariamen-te portas no mercado de trabalho, mas pode aju-dar nas entrevistas de emprego pois, através dessa referência no currículo, dá a conhecer à empresa que o candidato que está a contratar tem um olhar atento sobre a sociedade e um sentimento de so-lidariedade, como nos diz o Presidente do Banco Alimentar de Leiria: “Depende da empresa e da orientação dos recursos humanos que estão a fazer admissões. Depende da sensibilidade. Mas acho que é sempre útil estar a fazer o escrutínio de uma pessoa que tem essa mais-valia. É uma pessoa que está atenta e não é indiferente”. Já no mercado de trabalho é também possível conciliar as funções profissionais com os projetos voluntários, como nos diz a Cátia Pires, lojista de 21 anos e volun-tária na Associação Humanitária dos Bombeiros de S. Martinho, “apesar do trabalho me ocupar algum tempo, há sempre um bocadinho para fazer voluntariado e ajudar alguém”.

Perfis diferenciadosAções de voluntariado podem ser desempe-

nhadas independentemente da idade, formação ou situação profissional. Célia Pires refere que, tendo em conta a base de dados de voluntários associados ao Banco Local de Voluntariado de Leiria, o perfil do voluntário é muito heterogéneo. “Temos muitos licenciados, estudantes, reforma-dos, desempregados… há de tudo. Temos muitos estudantes que nem são de cá mas querem fazer alguma coisa, temos estudantes que vêm de Eras-mus, temos licenciados desempregados à procura do primeiro emprego e que não querem ficar sem fazer nada, mas também temos pessoas com dis-ponibilidade só em pós-laboral ou fim de sema-na e que são, portanto, pessoas que trabalham.” A técnica refere que há mesmo pessoas que não querem fazer voluntariado na sua área profissio-nal, “querem experimentar outras áreas, entrar em contacto com outras realidades, experienciar coisas diferentes e também poder dar coisas dife-rentes de si, aos outros.”

Para enumerar as mais-valias de ser voluntário, nada melhor que o testemunho dos que desenvol-vem atividade. Para o Presidente do Banco Ali-mentar de Leiria, o voluntariado é “um bichinho que está cá dentro (…) é o prazer de ajudar”, Ma-ria Teresa Ramos, acrescenta que “fazer volunta-riado é uma terapia”, que a faz sentir-se útil.

A voluntária Vanessa Guerra explica como a experiência no Banco Alimentar e no Hospital a ajudou no seu percurso de vida: “cresci imenso ao encarar as realidades que vivi, torna-me numa pessoa ainda melhor e fez com que desse mais valor às coisas. Acho que de facto o voluntariado faz crescer”. A par desse enriquecimento pesso-al, existem também os laços afetivos que se criam entre o voluntário e as pessoas ajudadas. Segundo Vanessa, são “momentos marcantes que se vivem quando se faz voluntariado”, a partir dos quais se criam amizades que deixam saudade quando par-tem, “mas o que não falta são novas pessoas mara-vilhosas para conhecer”.

Para Célia Pires, responsável pelo Banco de Voluntariado de Leiria, é importante sublinhar a dimensão cívica. Como refere: “Tudo o que venha fomentar a responsabilidade social é um acrésci-mo e é também a perspetiva de que a sociedade somos todos nós. Sobretudo nos jovens, despertar esta responsabilidade cívica é importantíssimo”. k

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seNtADo NomoCHo

trabalhou e fez a cobertura em casos relevantes ao longo da sua carreira. É difícil trazer a público notícias sobre os casos Freeport, a licenciatura de Miguel Relvas, os projetos arquitetónicos de José Sócrates, o trabalho Passos Coelho junto da tec-noforma, entre outros?Há duas coisas. Trazer ao Público e a trazer a públi-co. Trazer ao Público, jornal onde eu trabalho, nem sempre é fácil, como não é fácil trazer casos como estes a qualquer jornal, porque hoje em dia ninguém está muito interessado na verdade nem em jornalismo que incomode. Este tipo de trabalhos incomoda sem-pre alguém. Para quem tem poder de decidir o que se publica ou não publica, é mais fácil não incomodar ninguém. Já trazer a público estas coisas, divulgar, não é difícil nem fácil. Dá trabalho. Exige sobretudo persistência e alguma experiência para dominar um conjunto de técnicas e recursos. É preciso conhecer como se tem acesso a documentos que é suposto se-rem públicos, mas que, quem os tem, não gosta de os mostrar, embora tenha obrigação de o fazer. É preciso saber procurar e insistir.Depois há que saber aquilo que se quer. Aquilo que se procura é essencial para saber o que se procurar. Não é especialmente difícil, mas temos de ter algumas técnicas.

E que técnicas são essas?Essas técnicas passam muito pelo conhecimento dos direitos dos jornalistas e dos cidadãos, e pela maneira como se põem em prática. São direitos que têm a ver com o acesso à informação porque para se chegar a essa informação não é preciso arrombar cofres de ninguém, nem cometer uma ilegalidade que não nos compete a nós, jornalistas, cometer. O essencial é saber onde é que

está a informação que é pertinente, saber qual é o ponto de partida e ter tempo e paciência para a encontrar. A internet agora serve para tudo. Há dois anos fazer um trabalho, como o que fiz nos últimos quatro meses sobre as ligações de Passos Coelho à Tecnoforma, ter-me-ia levado um ano e teria sido muito mais complicado.

os políticos são sérios?Os políticos não aparentam ser sérios. A imagem que a generalidade dos cidadãos tem dos políticos está extre-mamente degradada. Há uma percentagem muito sig-nificativa de políticos que podem ter muitas qualidades, mas a honestidade não costuma ser uma delas. Nem a honestidade em termos pessoais ou na forma como se re-lacionam com os outros nem no sentido mais estrito da palavra, a honestidade nos negócios e economia.

Como é que um jornalista lida com a pressão?Um jornalista lida com a pressão da maneira que é ca-paz. Ou com muito ou com pouco stress; com ou sem a ajuda de um ansiolítico. Também se aprende a lidar com a pressão com a experiência. É também preciso ter muito claro o que é a função do jornalista e quais os seus direitos e obrigações, para que quando esteja a ser pressionado, ele saiba que está no seu direito. Se eu es-tou no meu direito, estou muito mais à vontade com a pressão. Uma outra coisa essencial é manter distâncias. Os jornalistas têm que saber que não são amigos e não devem beber copos com as pessoas que em determina-do momento são fontes de informação.

E com a crítica?Uma pessoa tem que a ter em conta, mas também não se pode deixar instrumentalizar pelos críticos

O sorriso afável e a simpatia não permitem adivinhar o cansaço e a solidão de muitas horas, dias e anos de pesquisa nalguns dos principais dossiês mediáticos em Portugal. Burlas em Câmaras, financiamento ilegal de partidos, diplomas irregulares de governantes ou desvios de dinheiro de empresas, tudo foi matéria de investigação e de notícias daquele que é um dos decanos do jornalismo português. Aos 62 anos, José António Cerejo é uma das referências do jornalismo de investigação em Portugal. Apesar do entusiasmo juvenil que tem por todos os assuntos quentes, há alguma desilusão com o rumo do jornalismo no país e no mundo.

um polítICo:Não consigo escolher nenhum

umA RefeRêNCIA:o meu pai

um lIvRo:“A um Deus desconhecido” de John steinbeck, que me faz recordar o meu pai

umA músICA:“grândola vila morena” de Zeca Afonso, que faz todo o sentido cantar atualmente

um sABoR:vinho, gosto muito de vinho.

kuRtAs

JoSéAntónioCereJo“Os jornaisem papel podem vir a ser considerados um produto vintage” Texto Ana Neves Foto Sara Vieira

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28 março 20137

kultosDiogo Fernandes

A vida do estudante Charlie Kelmeckis (Logan Lerman),

o protagonista de As vantagens de ser invisível (The perks of being a wallflower no original), assemelha-se

à de muitos adolescentes. Apesar de se passar nos,

não muito distantes, anos 90 (no tempo das cassetes

de música e do vinyl), este filme espelha os mesmos

problemas de rapazes e raparigas do nosso tempo.

Charlie é o típico jovem tímido e não muito popular. Ao

entrar no ensino secundário torna-se ‘invisível’ (ou uma

wallflower), sem amigos, e vítima de bullying por parte de

alguns colegas. Na primeira aula, a sua inteligência é reco-

nhecida pelo professor de inglês: apesar de não participar,

escreve as respostas (corretas) no caderno, algo que salta

imediatamente à vista. No final da aula os dois conversam,

sendo esta a primeira pessoa com que Charlie fala na sua

nova escola. Ao revelar o seu sonho ao professor – ser escri-

tor - ele começa a emprestar-lhe livros do seu gosto pessoal

de forma a alimentar a cultura literária de Charlie.

Ao assistir a um jogo de futebol americano, conhece os

meios-irmãos Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson) e

consegue integrar-se no grupo dos ‘desajustados’. Numa

festa com os seus novos amigos, Charlie ingere um bro-wnie de cannabis e revela a Sam que o seu melhor amigo

se suicidara há um ano atrás. Outro mistério da vida de

Charlie, que apenas é revelado na reta final da história, é a

relação que tinha com a sua tia que morreu num acidente,

mas é presença constante ao longo de todo o filme.

Sam, personagem interpretada por Emma Watson

que ficou conhecida pela saga Harry Potter, torna-se a

grande paixão de Charlie. Os dois partilham um gosto

musical muito parecido, algo que os junta ainda mais.

Já Patrick, o seu amigo homossexual, proporciona a

Charlie momentos de diversão bem como de liberta-

ção, como por exemplo quando todos atuam na sua

versão do The Rocky Horror Picture Show (musical de

sucesso dos anos 90) e Charlie é convidado a participar.

Retratando na perfeição a história de Charlie, a ban-

da sonora revela-se um dos pontos fortes do filme. Ao

ingressar na nova escola ouve-se Could It Be Another Change? da banda The Samples, fazendo transparecer a

timidez do protagonista. Ao ver os seus amigos a dançar

num baile ao som de Come on Eileen dos Dexys Midnight Runners, Charlie sai da sua ‘bolha’ e acompanha-os, no

que se pode chamar uma ‘dança de liberdade’. Por fim e

sendo uma das principais, senão mesmo a principal mú-

sica do filme, surge Heroes de David Bowie, ouvida pelos

três amigos num túnel e apenas identificada por eles no

final do filme. Com ela, Charlie sente-se “infinito”.

Abordando temas como a violência que a irmã

de Charlie sofre durante o namoro, drogas, abuso de

menores, bullying, homossexualidade, popularidade,

sexo, entre outros, o filme consegue abranger muitos

públicos e tocar qualquer pessoa.

A problemática da adaptação de um livro ao cinema

vê aqui algo pouco habitual: o autor do livro, Stephen

Chbosky, escreveu o guião e realizou o filme, algo que

joga a favor do produto final e lhe valeu uma nomeação

para “Melhor Argumento Adaptado” nos prémios Writers Guild Awards (Prémios do Sindicato dos Argumentistas).

Considerado pela crítica como um dos melhores fil-

mes de 2012, As vantagens de ser invisível tem já um gran-

de culto de fãs. Em Portugal, foi ontem lançado o DVD.k

As vantagens de ser invisível

DRque muitas vezes não são desinteressados nem são ingénuos. Muitas vezes são organizados e exprimem interesses, por exemplo na blogosfera e nos sites dos jornais. Anónimos ou identificados, muitas vezes es-tão interessados na matéria que estão a comentar. As críticas têm que ser tidas em conta, só os burros é que não as têm em conta, mas uma pessoa tem que pro-curar perceber a natureza dessas críticas e fazer o seu juízo sobre a validade ou não.

Se tivesse de escolher uma palavra para definir o jornalismo de investigação atualmente, qual seria?Raridade. Faz-se muito pouco. Há muitas coisas que são publicadas com o carimbo de jornalismo de inves-tigação, e muitas vezes pouco têm a ver com investi-gação e até pouco a ver com jornalismo. Há trabalhos que são difundidos que não são mais do que sínteses de investigações feitas por outros, com ou sem isen-ção. Estou a falar de sínteses de trabalhos de investi-gação feitos pelas polícias ou pelo Ministério Público que depois dão direito a uma acusação. Muitas vezes há jornalistas que, com ou sem violação do segredo de justiça, resumiram o despacho de acusação ou pronuncia e dizem que é jornalismo de investigação, mas não é. Às vezes até são as fontes que divulgam estes casos junto dos jornalistas porque lhes interes-sa. O verdadeiro trabalho de investigação faz-se pou-co porque dá trabalho, demora muito tempo e custa caro. Além disso, implica riscos, sobretudo para as empresas de comunicação porque essa investigação pode dar origens a problemas de vários tipos. Muitas vezes, surgem casos em que as empresas são obriga-das a pagar indemnizações.

Em que medida é que jornalismo pode contribuir para a contestação social?O jornalismo não contribui diretamente para a con-testação, mas contribui para que os destinatários ad-quiram informação e conhecimentos, que os levam a formar opiniões e a sentir necessidade de agir e de intervir na mudança das situações que consideram injustas. O jornalismo é uma fonte de cidadania, contribui para formar as pessoas enquanto cidadãos e enquanto interventores na sociedade em que estão inseridos. Todas as ditaduras anseiam por ter uma opinião pública ignorante, que não conhece nada e que nada dará porá em causa.

Acredita no jornalismo de cidadão, a interven-ção das pessoas no espaço mediático produzin-do aquilo que consideram ser notícias?A intervenção dos cidadãos nas redes sociais e o envio de dados para os meios tradicionais é útil mas as pes-soas que consomem informação com essa origem têm que perceber que é uma informação que está muito condicionada porque é produzida por pessoas que não profissionais da informação nem seguem quaisquer re-gras de conduta deontológica. São pessoas cujo traba-lho pode ser muito interessante, mas muitas vezes não tem credibilidade.

Qual é a relação das redes sociais com o jornalismo?Para os jornalistas, as redes sociais e os blogues de-vem funcionar como pistas de próximo trabalho e como fontes de informação. São muito úteis para es-sas coisas, tomando as devidas precauções.

A crise económica levou a uma crise jornalísti-ca? As pessoas querem estar mais informadas?Numa situação como a atual as pessoas precisam, mais do que nunca, de informação para saberem com que linhas é que se hão de coser. É verdade que esta situação não ajuda a que essa informação se produza com a qualidade necessária. Com a crise, as fontes de receita dos meios de comunicação são profundamente afetadas. Com a falta de investimento, as empresas não anunciam, os leitores não têm dinheiro para assinar as publicações na internet nem para comprar as que es-tão na banca. As empresas têm enormes dificuldades em sobreviver e é óbvio que o produto que oferecem é um produto de menor qualidade quando realmente as pessoas precisam mais dele. Precisam mas não quer dizer que procurem, até pelo contrário. Quanto mais as pessoas estão afetadas na sua vida quotidiana, mais vontade têm em se abstrair consumindo outras coisas que as afastem do quotidiano.

o papel vai acabar? Só irão sobreviver as publica-ções online?A tendência é para a redução do peso da informação em suporte papel, mas imagino que há sempre meia dúzia de pessoas que gostam de sujar as mãos na tinta do papel. Não há dúvida que o papel vai tornar-se residual, mas o prazo ninguém o sabe determinar. Há modas que apa-recem, e pode ser que qualquer dia os jornais em papel sejam considerados um produto vintage e que tenham muito sucesso.

o Público despediu recentemente vários profissio-nais. Como lidou com o processo?Já está tudo dito sobre isso. Foi um processo que, do pon-to de vista empresarial, tinha de acontecer. E aconteceu. Por mais que os que cá ficaram se esfarrapem, as conse-quências são óbvias para a qualidade do jornal. Esse pro-cesso poderia era ter sido diferente na maneira como foi conduzido. Podia ter sido conduzido com mais lisura e com mais humanidade e verdade. Talvez houvesse outras soluções para salvar este jornal, mas para isso era neces-sário outras pessoas nos lugares de decisão.

Qual é a sua opinião sobre o P3?O P3 pertence a futuro no qual eu ainda não estou. Por aquilo que sei, e é muito pouco, acho que é um projeto muito interessante e que pode permitir a fidelização de leitores. O P3 pode ser uma maneira de interessar a um público mais jovem, pelos temas que aborda.

E sobre o Inimigo Público? É verdade que vai acabar?Ainda não se sabe muito bem o futuro dessas páginas, mas acho que é um projeto interessante, que tem público e qualidade. É um complemento importante para um jor-nal sério, como o Público.

tem alguma situação que tenha marcado o seu percurso profissional?Há muitas. Para não recuar muito no tempo, talvez fale do despautério e pouca vergonha de José Sócra-tes, primeiro-ministro na altura, que teve de me vir insultar nas páginas do jornal onde trabalho a pro-pósito de eu ter revelado coisas de interesse público, nomeadamente os dinheiros públicos, mas que ele queria manter em segredo. Quando comecei a publi-car essas notícias que tinham que ver com financia-mentos do Estado à Associação da Defesa do Consu-midor (DECO), quando ele tutelava a área da defesa do consumidor entre 1999 e 2001, Sócrates escreveu um artigo neste jornal desacreditando-me e dizendo que eu padecia de um delírio mental. O artigo foi pu-blicado com o meu acordo, mesmo depois de ele já ter exercido por duas vezes o direito de resposta, na certeza de que eu o iria pôr em tribunal por causa das ofensas que me fazia nesse artigo. O processo esteve seis, sete anos nos tribunais e terminou sem que ne-nhum tivesse que pagar nenhuma indemnização ao outro. O que me marcou mais foi um político sentir--se incomodado com a investigação de um jornalista.

o que faz um bom jornalista?O principal requisito de um bom jornalista é a curiosi-dade, a sede de saber. Um jornalista que não é curioso, não tem vontade de saber, de perceber, dificilmente terá alguma coisa para contar.

Julga que pertence a uma das últimas gerações de jornalistas?Não. Mesmo com o tal jornalismo de cidadão, terá que continuar sempre a haver pessoas que recolham, tratem e difundam a informação de acordo com regras profissio-nais e essa é a função do jornalista, tentando mantendo sempre a máxima objetividade possível.

E considera que existe futuro no jornalismo de investigação?Depende da evolução do setor, das relações entre os patrões e empregados das empresas detentoras de meios de comunicação social e da evolução da tecno-logia. A tecnologia está a evoluir de uma forma que permite reduzir os custos de produção de informa-ção. Pode ser que seja possível fazer bom jornalismo de informação com meios relativamente escassos que não precisem de nenhum acionista que controle e que possa ser um travão à informação jornalística. Mas não se podem fazer futurologias. k

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No passado dia 13 de março, decorreu na Es-cola Superior de Educação e Ciências Sociais a iniciativa Escola Aberta. Com o objetivo de promover a oferta formativa, a iniciativa foi di-rigida a alunos em fase de conclusão do ensino secundário ou de seleção da área educativa.

“Os alunos dos ensinos secundário e profis-sional que nos visitaram puderam interagir com a exposição pedagógica, que reuniu os vários cursos ministrados”, referiu a docente Isabel Pe-reira, da equipa dinamizadora da Escola Aberta.

Os alunos puderam ainda participar nas oficinas dinamizadas pelos estudantes de

cada curso, e segundo a docente, o balan-ço foi bastante positivo. Isabel Pereira expli-ca que “esta é uma experiência construtiva e útil no processo de decisão vocacional e a ESECS/IPL pretende continuar a ter um pa-pel ativo neste processo, enquanto Institui-ção de Ensino Superior”.

A iniciativa Escola Aberta teve também lu-gar na Escola Superior de Tecnologia e Ges-tão. Nos dias 13, 14 e 16 de março, a ESTG abriu portas a alunos do ensino secundário, aos agentes de ação educativa e à comunidade civil e empresarial da região. A 15ª edição da iniciativa visou apresentar a oferta de cursos, os trabalhos e projetos desenvolvidos pelos es-tudantes. Foram também dinamizadas expe-riências laboratoriais, jogos e exposições. Na opinião do docente da ESTG, Hugo Abreu, que apela à continuidade da iniciativa, os ob-jetivos foram concretizados, se se entender este evento como uma promoção dos cursos e também do próprio IPL. k

A feCHAR

últImAsAndreia Lucas

Andresa Cardoso

Conferência de Inovação e Segurança Alimentar

Inovação, qualidade e segurança ali-

mentar vão estar em discussão dia 19

de abril, na Escola Superior de Turismo

e Tecnologia do Mar, em Peniche. A V

Conferência de Inovação e Segurança

Alimentar vai receber especialistas no

campo da investigação alimentar para

falar de questões como regras de rotula-

gem alimentar, fruta desidratada ou se-

gurança alimentar no setor das frutas e

hortícolas. As inscrições estão abertas a

estudantes, profissionais e empresas do

setor até dia 15 de abril. Programa dis-

ponível em: http://www.estm.ipleiria.pt.

Concursos Click pela Inclusão e Zoom pela Inclusão

O concurso de fotografia Click pela In-clusão e o concurso de vídeo Zoom pela Inclusão pretendem incentivar o

desenvolvimento de trabalhos inovado-

res pela sua capacidade de expressão e

divulgação no domínio da inclusão. Na

categoria de fotografia podem ser sub-

metidas imagens centradas na expres-

são (que captem rosto ou movimento

humano) e imagens centradas no mo-

mento (que captem manifestações de

inclusão). A categoria audiovisual está

aberta a produtos de ficção, animação,

documentário ou experimental. Os tra-

balhos podem ser submetidos até 15 de

junho e os participantes deverão ter um

vinculo ao Instituto Politécnico de Leiria

ou a um dos Parceiros do projeto IPL (+)

Inclusivo. Mais informações em: http://

maisinclusivo.ipleiria.pt/.

Conferência Investigação, Práticas e Contextos em Educação

A Escola Superior de Educação e Ciên-

cias Sociais está a organizar a Conferên-

cia Internacional Investigação, Práticas e

Contextos em Educação. A conferência

decorre a 10 e 11 de maio e visa contri-

buir para o avanço da teoria e prática em

educação promovendo a colaboração

entre investigadores, professores e es-

tudantes. O objetivo é discutir desafios

e soluções para os mais diversos pro-

blemas e contextos no mundo da educa-

ção. Serão abordados temas como De-

senvolvimento Comunitário, Educação

à Distância, Experiências na formação

inicial de professores, Supervisão es-

colar, Multiculturalidade e Diversidade

Educativa, Organização escolar e gestão

curricular, Políticas Educativas e Forma-

ção ou Tecnologias na Educação. Mais

informação disponível em http://sites.

ipleiria.pt/ipce2013. k

Após os resultados obtidos no I TA de Futebol de 11 em Vila Real e Coimbra, os atletas do IPL voltam a dar que falar. Desta vez no II Torneio de Apuramento para o Campeonato Nacional Universitário, realizado nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro, em Vi-seu, onde oito equipas universitárias disputavam uma ida à final do Tor-neio. As equipas deram o seu melhor dentro do relvado, apesar do frio que se fazia sentir. Após alguns dias de eliminatórias e várias vitórias, a equi-pa do IPL chegou à tão esperada final onde acabaria por perder através da marcação de grandes penalidades, por 5-4. Ainda assim, a equipa con-seguiu um honroso 2º lugar que lhe permitiu o acesso directo às Fases Finais a decorrer no mês de abril na cidade da Covilhã.

Segundo lugarem Futebol 11garante acessoàs fases finais

O próximo evento será o Campe-onato Nacional Universitário Surf a decorrer nos dias 6 e 7 de abril na Praia do Marcelino, Costa da Capa-rica. Patrocinado pela Fuel Tv, Surf-Total e Mega Hits, o Festival conta-rá com a inscrição dos atletas até dia 2 de abril. k

Também nos dias 13 e 14 de março se realizou o II Torneio de Apuramen-to de Andebol Masculino em Aveiro. Com oito equipas em competição e apesar de todo o esforço e dedicação, a equipa do IPL não conseguiu apurar--se para as meias-finais, ficando no 7º lugar na classificação geral.

No andebol, a Associação Académi-ca da Universidade de Aveiro recebeu o II Torneio de Apuramento de Ande-bol Feminino nos dias 13 e 14 de mar-ço, onde quatro equipas disputaram o apuramento para a Fase Final do Cam-peonato. As várias vitórias levaram a equipa do IPL ao primeiro lugar, con-seguindo presença imediata na Final de Andebol Feminino que irá decorrer em abril, na cidade da Covilhã.

Já no dia 2 de março, realizou--se o Torneio Nacional Universitário de Snowboard na Torre na Serra da Estrela, organizado pela AAUBI- Associação Académica da Universi-dade da Beira-Interior juntamente com a Federação de Desportos de Inverno. O IPL fez-se representar pelo atleta João Luís Almeida, que competiu com outros 16 atletas no sector masculino. Apesar do atraso inicial, o atleta fez representar da melhor forma o Instituto Politécnico de Leiria, ficando no 12º lugar.

texto Adriana Meneses

Snowboard & Surf

Tapas na LínguaDa autoria de Ana Morais, o blogue Tapas na Língua nasceu há dois anos. Entre temas como a fotografia, viagens e culinária, o leitor pode perder-se pelas paisagens vietnamitas, pelos sabores portugueses ou por imagens do dia-a-dia captadas pela autora. Com mais de 4 mil seguidores, o Tapas na Língua é já um blogue de referência para quem gosta de apreciar sabores e paisagens.

oNlINeDaniela Carmo

http://www.youcook.pt

DR

YouCookDirigido por amadores apaixonados pela arte de cozinhar - o site YouCook contém propostas de refeições completas, desde a entrada até à sobremesa. A simplicidade dos pratos, adequados aos orçamentos familiares, faz com que o YouCook seja um sucesso, somando mais de 12 mil seguidores. Já fizeste o jantar? k

http://www.tapasnalingua.com

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Um Dia Abertoa novos alunos

Escolas do IPL apresentam oferta formativa