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A revista Al JTO RIT J) Sports- Cars (congénere alemã da nossa AUTO FOCO Sports- car) comemora este ano o 10.° aniversário. Bom moti- vo paia festejar. Mas como? Obviamente, com muitos cavalos à mis- tura. E apenas de puro-sangue. Houve muitos nos últimos dez anos. No entan- to, alguns ficaram-nos para sempre na memória. E esses foram convidados no- vamente para um encontro na pista Con- tidrom, perto de Hannover. Acompa- nhem-nos nesta viagem no tempo aos comandos do dez desportivos, entre os que mais se destacaram dos últimos anos. Em 2002, o diretor de desenvolvimen- to do departamento M, da BMW, Gerhard Richter, fez questão de esclarecei' aos jornalistas a segunda lei de Newton: a for- ça é igual à massa vezes a aceleração. Ou dito de outro modo: quanto mais leve e mais forte for um corpo, mais rápido se desloca. Na sala, todos ouviam atenta- mente, mas impacientes por colocar em prática a teoria. Lá fora, esperava-os a co- baia da experiência: BMW M 3 desen- volvido para máximo desempenho des- portivo, o CRL, cerca de 110 kg mais leve, 17 cv mais potente. «l.á fora», era a pista de Núrburgring. Tejadilho em fibra de carbono, sus- pensões evoluídas a um nível de eficá- cia muito superior à de um M 3 de série. O CSL ainda hoje fascina com sua sono- ridade brutal, matraquear metálico e duro a rotações elevadas, a dinâmica acutilante. R)i precursor da introdução de fibra de carbono nos veículos de pro- dução em série. Bacquets a pneus despor- tivos desenvolvidos especificamente pela Michelin. Um desportivo clássico trans- formado em lenda - eis nosso destaque do longínquo ano de 2002. 2003: o centenário da Ford Chegámos a 2003, ano em que a Ford celebrou o seu centenário. Sob este pre- texto, a marca norte-americana decidiu inverter os fatores e oferecer aos seus clientes mais exclusivos um presente es- pecial: a reedição do célebre GT 40, que ficou na história do automobilismo em lutas fratricidas com a Ferrari pela vitó- ria em I,e Mans nos anos 60. Em 1966,

Al J) AUTO - clipquick.com · taque de 2009. Com design excêntrico, ... ras através de uma infalível caixa auto- ... lide italiano agrado no uso quotidiano-

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Arevista Al JTO RIT J) Sports-Cars (congénere alemã da

nossa AUTO FOCO Sports-car) comemora este ano o

10.° aniversário. Bom moti-vo paia festejar. Mas como?

Obviamente, com muitos cavalos à mis-tura. E apenas de puro-sangue. Houvemuitos nos últimos dez anos. No entan-to, alguns ficaram-nos para sempre namemória. E esses foram convidados no-vamente para um encontro na pista Con-tidrom, perto de Hannover. Acompa-nhem-nos nesta viagem no tempo aoscomandos do dez desportivos, entre os

que mais se destacaram dos últimos anos.Em 2002, o diretor de desenvolvimen-

to do departamento M, da BMW, Gerhard

Richter, fez questão de esclarecei' aos

jornalistas a segunda lei de Newton: a for-

ça é igual à massa vezes a aceleração. Oudito de outro modo: quanto mais leve e

mais forte for um corpo, mais rápido se

desloca. Na sala, todos ouviam atenta-mente, mas impacientes por colocar em

prática a teoria. Lá fora, esperava-os a co-baia da experiência: BMW M 3desen-volvido para máximo desempenho des-

portivo, o CRL, cerca de 110 kg maisleve, 17 cv mais potente. «l.á fora», eraa pista de Núrburgring.

Tejadilho em fibra de carbono, sus-

pensões evoluídas a um nível de eficá-cia muito superior à de um M 3de série.O CSL ainda hoje fascina com sua sono-ridade brutal, matraquear metálico eduro a rotações elevadas, a dinâmicaacutilante. R)i precursor da introduçãode fibra de carbono nos veículos de pro-dução em série. Bacquets a pneus despor-tivos desenvolvidos especificamente pelaMichelin. Um desportivo clássico trans-formado em lenda - eis nosso destaquedo longínquo ano de 2002.

2003: o centenário da Ford

Chegámos a 2003, ano em que a Fordcelebrou o seu centenário. Sob este pre-texto, a marca norte-americana decidiuinverter os fatores e oferecer aos seusclientes mais exclusivos um presente es-

pecial: a reedição do célebre GT 40, queficou na história do automobilismo emlutas fratricidas com a Ferrari pela vitó-ria em I,e Mans nos anos 60. Em 1966,

conseguiu a proeza de alcançar três pri-meiros lugares na mais importante pro-va de Tesistência em pista. Trinta o sete

aiios depois, 4038 clientes tiveram o pri-vilégio da ressurreição deste ícone de

aparência singular. É raro um sucessor

ser tão bem conseguido mas nesta obra-

prima que choga aos 330 km/h, simples-mente bate tudo certo.

Até hoje, o Ford GT ainda não perdeufascínio. A sonoridade de relâmpago do

seu motor YB (original americano) e a for-

ça animalesca a cada rotação fazem sen-

tirmo-nos numa das suas aventuras nascorridas. A sua história ó tão americana

como atípico é o seu comportamento di-nâmico. A metálica engrenagem da cai-

xa de velocidades, o epidórmico/eedbaciída direção - em suma, o ícone america-

no tem talento mais ao estilo europeu.

2004: Lobo em pele de cordeiroUm VW Golf modificado como desta-

que de 2004? Não, ainda não estamos doi-

dos, o HGP Golf R3Z com sobrealimen-

tação bilurbo é tão, mas tão audacioso quese revela simplesmente bom... bástico!

Mas está bem disfarçado, deixando-seconfundir com Golf normal. Sem o sem-

blante curregudo que o pode denunciar,

o efeito lobo em pele do cordeiro seria ain-

da maior. Neste caso, o seu ar pode con-siderar-se um aviso imporlante... aos su-

perdesportivos. Velocidade máxima de

319 km/h, 13,3 segundos de 0-200 km/h .

Há intervenção da empresa de prepara-ção HGP (hgp-turbo.de). E o mais sur-

preendente: consegue ser tão equilibra-do como um Golf simples. Obviamente,as suspensões tiveram de ser adaptadasà explosão do rendimento (543 cv/ 720

Km). Acelera-se a fundo e fica-se com o

celebro às cavalilas. O (frequente) asso-

bio do turbo contrasta com a sonorida-

de profunda de base do motor VR. A tra-

ção infalível e o equilíbrio a altavelocidade apazigua a alma. O HGP Golftem talento excecional para a brincadei-

ra. Não o queiram nos retrovisores.

2005: Do Japão, não podia faltarConcebido no Japão, delicia-nos há dez

gerações e resume-se a uma abreviatura:

Evo. O Mitsubishi Lancer Evo não pode-ria faltai' à nossa celebração, porque ?»

?? sempre foi único, porque entusiasma

;i rada nova geração com prazer na con-

dução quase ilimitado. E tudo isto a um

preço deste mundo. O grande spoiler natraseira já é peça de culto, o formato an-

gu- loso da carroçaria tão austero como

a sonoridade do turbo. A versão IX, o nos-

so destaque do ano 2005.

Desportiva suspensão com amortece-dores Bilstein transforma-o numa driftbox

perfeita. Dispensa ESP mas compensacom ajuste da tração integral às condi-

ções de aderência do piso. A baixas ro-

tações, o motor fvinciona de modo pou-co espelacular, mas à medida que o

regime sobe começa a assobiar...

2006: a carrinha da Abt

Engana bem a discreta carrinha A 4da

Abt! A falsa anda a mais de 300 km/h e

queima os tempos em pista de umPorsche 911 Turbo (modelo 996). Moti-vo suficiente para nomeá-la destaque de

200R. Todavia, a AS4 R equipada com V

6

de cinco válvulas por cilindro, sobreali-

mentado, em comparação com os outrosautomóveis desta reportagem, é pão com

manteiga... com baixo teor de sal. Ain-da assim o pacote de tuning é convincen-

te, tal como && performances dos 480 cv.

Sonho de pais de família ávidos de es-

paço, um pesadelo para as suas famíliase imensa diversão para todos que que-rem fazer trinta por uma Unho o mais dis-

cretamente possível.

2007: A magia de Bodo

O segundo nome é Brabus E Vi 2 S. Ou

como uma nota de rodapé nos dados téc-

nicos pode provocar ataque de riso: Bi-nário: 1 1 00 Nm* (estimados). O que Bo-

do Busr.hmann e os seus técnicoscolocaram debaixo do r.apot do Classe E

parece tão adequado como o Mike Tysonde saltos altos no ringue: 730 cv numClasse E? O segredo da magia de Bodo

está no potente Vl2, que consegue ser tão

feroz como um leão e suave como um ga-tinho. Com o ESP desligado e o pé direi-to a Fundo sai rlesaustinado, com a tra-seira abanai' como gelatina. Este monstrode binário é sedento deretas longas. Em

aceleração vigorosa, a força do Vl2 nãodeixa dúvidas de que leva esta berlina aos

330 km/h anunciados.

Pacote montado pelos artistas da Bra-bus e embrulhado de forma muito dis-creta, destina-se a apreciadores abasta-dos, um monstro na pista, gentil naestrada. Tão descomplicado como qual-quer Classe E.

2008: a maravilha da técnicaDiante da próxima máquina, devemos

de curvar-nos antes de termos forçosa-mente de o fazer para acodor aos seus co-mandos. Reverência é a palavra corretaquando nos referimos ao Bugatti Voyron.Esta maravilha da técnica levou certa-mente alguns engenheiros à beira da lou-cura. Quatro turbocompressores numWl6 em posição central - isso significacomplicações térmicas! Conseguir man-ter sob controlo um automóvel desenha-do para a estrada com uma velocidademáxima superior a 400 km/h é um de-safio. O Voyron é uma obra-prima da en-genharia, extremista, em que tudo é maissensacional (e melhor!) do que o que seconhece de outros automóveis.

Mas o mais impressionante é o modoacessível como o Veyron se deixa condu-zir. Quando esperávamos ter nas mãosuma diva caprichosa, constatamos, sur-preendidos, que não só é linda e excitan-te como, companheira e confidente. Delevar ao altar! Não existe outro despor-tivo - e definitivamente nenhum commais de 700 cv - que se deixa levai' aolimite de maneira tão dócil. Tanto os as-sobios rios quatro turbos, ora discretos ou

tempestuosos, como o boost esmagadorde 1250 Nm entre 2200 e 5500 rpm, as-

seguram ao Veyron lugar de destaque nohall offame da redação de SPOKTS-CARS. Sonho sobre rodas, superlativoque peca sempre por defeito. Até o spoi-ler traseiro parece pouco de um auto-móvel e mais os flaps do um Airbus.

2009: à memória de Uwe GemballaO Porsche Carrcra GT tinha lugar ca-

tivo entre os melhores dos últimos dezanos. Mas depois Uwe Gemballa morreu.Em sua memória e como homenagem, emvez daquele decidimos privilegiar a úl-tima obra saída das mãos do fundador do

tuning e atribuir-lhe as honras como des-

taque de 2009.Com design excêntrico, o Combalia ??

?» Mirage GT não é automóvel para con-

dutores recatados. Embora cultive a pre-tensão de ser diferente, impõe-se como

garrido arco-íris num mundo automóvel

tantas vezes cinzentão. O espelacularGembaila Mirage GT já se desdobrou em

19 versões, indício do uma comunidadede fãs muito ativa. Do modelo original fo-

ram produzidas 1270 unidades. O mo-

tor VlO atmosférico também não está

para rodeios, vai direto ao assunto, e fá-

-lo alto e a bom som. Guincha e ruge a

rotações elevadas, como se estivesse em

pânico. Gemballa foi descobrir 58 cv adi-

cionais na otimização da distribuição e

do sistema de escape.No habitáculo dominam a pele costu-

rada e as peças em carbono; por fora

capta a atenção a enorme conduta de

admissão de ar para o motor, instalada

sobre o tejadilho. Para beneficiar a con-

dução e, em especial, o arranque, foi

adotada uma embraiagem mais suave. Es-

tos mimos abonam bastante a favor de umautomóvel que emana arrogância de to-

dos os poros, mas que consegue ser tão

solidário com o seu condutor. Verdadei-

ramente... userfrendly. Direto nas reações

como poucos, é um grande comunicador

sobre a temática da dinâmica da condu-

ção e é menos intransigente nos limitesdo que o refinado Porsche Carrera GT.

2010: um bilhete para o OlimpoUm pouco mais a sul, é a terra-natal

da jóia que o ano de 2010 trouxe à ribal-ta. Basta ouvir ouvir dizer Maranello

para os verdadeiros apreciadores de au-tomóveis arregalarem os olhos. Ao volan-

te do fantástico Ferrari 458 Itália, os con-

dutores fervorosos não fazem só o gostoao pé fe já agora às mãos), mas tambémse saciam com a sua esfusiante imagem.Esta maquino, como qualquer outra da

sua célebre marca, encerra em si uma ex-

periência sensorial completa. O 458 Itá-lia é considerado um dos automóveismais estimulantes que o dinheiro pode

comprar. Em 2010, enviámo-lo para a

pista de Nordschleife (mítico circuitonorte de Núrburgring) com outros seis su-

perdesportivos. Não só ganhou o confron-

to, como (nos] demonstrou que merecia

um lugar no Olimpo dos automóveis.A peça central é V 8atmosférico que

envia a grosso potência às rodas trasei-ras através de uma infalível caixa auto-mática com sete velocidades de duplaombraiagom. A cooperação perfeita des-tes dois elementos mecânicos constituigrande parte da atração deste Ferrari,pois as passagens são übsurdamente rá-

pidas, acusticamente acompanhadas comsilvos e trompetes. O mecanismo do di-reção tem engrenagem suave mas respos-ta ultra precisa, e o controlo de traçãoajustável trabalha para que nem se per-ca a força de um dos 570 cv.

O resultado é tão surpreendente quan-to eficiente e garante rápidos tempos devolta. O conforto de rolamento é respon-sável pela boa figura do 458 Itália fora rias

pistas deste Mundo. Rigidez é coisa do

passado, tal como posição de conduçãoergonómica e cómoda, que não desenco-

raja a longas viagens, conferindo ao bó-lide italiano agrado no uso quotidiano -qualidade nada comum a carros de cor-ridas de Maranello.

2011: melhorar o ótimo!Para fcldo Karabegovic, o conceito de

transformação de um automóvel é a dea partir de muito bom material, criaralgo ainda melhor. Ou o ótimo! No casodo Koenigsegg CRR, que escolhemos paraocupar o galarim do ano 2011, o prepa-rador de Ahlen, na Alemanha, conse-

guiu mesmo otimizar 0... ótimo. A tare-fa, percebe-se, antevia-se complicada:de um superdesportivo já muitíssimobom resultou um trabalho de Luning qua-se perfeito. O ponto de partida para a

transformação substancial do superdes-portivo da Suécia foi uma medição dra-mática em banco de potência: os 806 cvanunciados pelo fabricante afinal, eram

apenas 700. Por isso, mãos à obra!O motor, incluindo o duplo compres-

sor Rotrex, foi calibrado originalmentepara levar o CRR a 390 km/h. Abaixo das5000 rotações, o V 8parecia tímido, comos compressores a suplicarem por mais

rotação para alcançar a pressão máximade sobrealimentação de 1,3 bar. O obje-tivo de Edo foi harmonizar o débito de po-tência, para isso mexeu na desmultiplíva-ção do compressor, reduzindo o limitemáximo rotações, o que se traduz emdiminuição da velocidade de ponta.»

*>¦ Logo. mais que as performances, íi-cou a ganhar o prazer de condução queo Edo Koenigsegg CCR Evolution conce-de por mais de 700.000 euros. Contudo,

esclareça-se que, em vez de 39U km/h,

agora só chega aos 360! Mas o que acon-tece alé lá chegar, o ímpeto brutal dos 891frenéticos cavalinhos è, simplesmente, fe-

nomenal. O motor V 8cumeça a gritar, pri-meiro baixinho e depois com som metá-lico brutal, enquanto a suspensão, mais

confortável, trabalha otimamente [voi-

lá!) a alia velocidade. >

A equipa da AUTO Blí D Sportscars vai continuar

a sonhar durante muito tempo com estes dois

dias turbulentos na pista Contidrom. Agora irá

dedicar se novamente ao quotidiano: testai, me-

dir, definir concorrentes para confrontos e tes-

tes, sempre com o objetivo de transmitir aos seus

leitores o enorme prazer (de conduçãol que os

carros desportivos proporcionam.