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ALERTA GEADA€¦ · A forte alta da moeda norte-americana frente ao real, levou os produtores a venderem grande parte da soja da safra 2016/17 que estava estocada. No entanto, segundo

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ALERTA GEADA - O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar)iniciaram no dia 16 de maio a operação do serviço Alerta Geada. Entre maio e setembro, os pesquisadoresacompanham as condições meteorológicas na região cafeeira do estado e publicam diariamente um boletiminformativo gratuito nos endereços www.iapar.br, www.simepar.br. Por telefone, o número é (43) 3391-4500.A meteorologia prevê um inverno ameno.

CÂMBIO – O mercado de câmbio brasileiro passou por uma reviravolta nas últimas semanas em decorrênciados acontecimentos políticos. A forte alta da moeda norte-americana frente ao real, levou os produtores avenderem grande parte da soja da safra 2016/17 que estava estocada. No entanto, segundo especialistas,mesmo com a movimentação atípica e altos volumes negociados, ainda haverá concentração maior de vendasno terceiro trimestre do ano, com comparação ao que ocorreu no mesmo período em 2016.

EXPOSIÇÃO – Com a45ª edição da Expoingá,

em Maringá (PR), realizadade 4 a 14 de maio, a Cocamar

encerrou sua participaçãoem feiras agropecuárias no

Paraná, em 2017. Foramquatro eventos, começando

por Paranavaí, Umuaramae Londrina. Na Expoingá,

o estande ganhou umanova proposta visual, com

a participação de umacaminhonete S-10 cedidapela Zacarias Chevrolet,

representando o RallyCocamar de Produtividade.

DESTAQUE – Ainda na Expoingá, ondeparticipou de um evento voltado a produtorasrurais de várias regiões do país, a empresáriarural Betty Cirne Lima foi cumprimentada pelopresidente do Conselho de Administração daCocamar, Luiz Lourenço. Ela é filha do ex-ministroda Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima, que grandecontribuição prestou à cooperativa no final dadécada de 1960 e início dos anos 1970.

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PALAVRA DO PRESIDENTE

Manter o foco na produtividadeAceite o desafio de implementar umaevolução, em sua média, na safra 2017/18

Divanir Higino, Presidente da Cocamar

Osucesso do produtor rural depende diretamente daforma como ele conduz a sua atividade. A exemplodo que acontece em qualquer outro negócio, algu-mas questões são básicas, como planejar, aprimorar

a gestão e almejar a melhoria contínua que, no caso da la-voura, se traduz no aumento dos patamares de produtividade.

Mas será que é preciso mesmo investir nessa luta incessantee desafiadora para ampliar os níveis de produtividade?

Sem dúvida. Em um setor altamente seletivo, como é o casoda produção agropecuária, isto se torna indispensável: nãohá como pensar em sobreviver mantendo as mesmas médiasdos últimos anos, sobretudo se as mesmas se encontramaquém do potencial e das médias obtidas por outros produ-tores. Os custos não param de subir, os preços das commo-dities estão sujeitos às variações do mercado e quemdepende dos resultados da terra, não pode acomodar-se.

A cooperativa é o agente que tem, como objetivo, melhorara vida de seus associados. Confie nela. O cooperado contacom uma extensa agenda de eventos, como dias de campoe palestras técnicas, para absorver novos conhecimentos etecnologias. Para alguns, tais palavras soam vagas e até dedifícil compreensão. Por isso, sugerimos aos produtores quedialoguem com os gerentes e técnicos de unidades e ex-ponham as suas eventuais dificuldades. Comentem sobreas suas médias e solicitem uma minuciosa avaliação téc-nica. Em relação à soja, o carro-chefe da maioria das proprie-dades nas regiões atendidas pela Cocamar, há, ainda, muitopor fazer. Mas se torna indispensável que os produtores

sigam, com rigor, às recomendações especializadas, evitandoo improviso, para que os resultados sejam os melhores pos-síveis.

Permanecer nos mesmos patamares de produtividade é de-cretar uma espécie de planejamento às avessas, confor-mando-se com a perspectiva de que o negócio estácaminhando para o fim. O mesmo serve para o milho, o trigo,o café, a laranja, a pecuária etc.

Aceite, portanto, o desafio de implementar uma mudançaem sua média de produtividade na safra 2017/18. O momentode iniciar o planejamento é agora. Aproveite as oportunida-des que estão sendo oferecidas pela cooperativa e não deixede comparecer aos eventos voltados à difusão das melhorespráticas.

Importante que o produtor tenha consciência de que não sepode, mais, desperdiçar tempo. É preciso atitude. Deixar tudocomo está, apostando no imponderável, pode ter um customuito alto num futuro próximo, lembrando que a evolução éum processo natural para a sobrevivência de qualquer ativi-dade.

O momento de iniciar o planejamento é agora.Aproveite as oportunidades que estão sendo oferecidaspela cooperativa e não deixe de comparecer aos eventosvoltados à difusão das melhores práticas”

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CAFÉ

Tempo de colheita Expectativa é de boaprodutividade naregião da Cocamar

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50%

A colhedora mecânica avan-ça devagar sobre a lavourade café. A cena é curiosapara quem não está acostu-mado a ver uma colheitadesse produto com máquinaconduzida igual a um trator.Em poucos segundos, elachacoalha os ramos, derru-ba os grãos e os armazenaem um compartimento que,de tempos em tempos, é es-vaziado em caçambas. Oritmo parece lento, mas, emuma semana, ela faz o queum grupo numeroso de tra-balhadores demoraria aomenos três.

PRESTADOR DE SERVIÇO -No dia 16 de maio, como jáacontece há anos, uma co-lhedora, trazida por um pres-tador de serviço de MinasGerais, começou a operar naregião da Cocamar, onde per-manecerá durante algunsmeses cumprindo roteiropreviamente agendado, depropriedade em propriedade.

Os trabalhos iniciaram pelaUnidade de Difusão de Tecno-logias (UDT) da Cocamar emGuairaçá, município vizinho aParanavaí. São 15 hectaresmantidos com café mecani-zado em todas as suas eta-pas, além de contar com sis-tema de fertirrigação.

NÚMEROS - O técnico agrí-cola Jeferson da Silva Bar-reto, responsável pela UDT,informa que a colheitaabrangeu 45 mil pés, com amédia de 83 sacas por hec-tare. Na UDT são cultivadas75 variedades de café eessa cultura é incentivadapela Cocamar como umaopção a mais de renda paraos produtores.

EM CONTA - A colhedoranão sai por menos de R$220,00 a hora, mas contarcom seus serviços significareduzir custos de produçãoem, no mínimo, 20%, se-gundo Adenir FernandesVolpato, o Gabarito, consul-tor de café da Cocamar. Porser escassa, a mão de obraacaba ficando cara e setorna o item mais represen-tativo nas despesas. Semesquecer que o equipa-mento, ao agilizar a reti-rada dos grãos da lavoura,diminui os riscos de perdade qualidade dos mesmosem função de uma eventualdemora na colheita, cau-sada por mudanças doclima.

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Apesar de ter come-çado há pouco maisde um mês no Pa-raná, a colheita de

café avança lentamente, ten-do pouco mais de 5% da safracolhida até o final do mês demaio, segundo explica RobsonFerreira, coordenador técnicode Culturas Perenes da Coca-mar. Nas regiões de Carlópo-lis, Altônia, Cianorte e muni-cípios próximos, onde o climaé mais quente, poucas lavou-ras foram colhidas e o ritmodeve acelerar a partir da se-gunda quinzena de junho, se-guindo até o início de agosto.Já nas regiões mais altas e declima ameno, como Apuca-rana, Rolândia, Congoinhas eSão Jerônimo da Serra, a co-lheita ainda não começou edeve estender-se até o finalde agosto e início de setem-bro.

“As plantas estão com grandecarga, além de um bom as-pecto vegetativo, devido àschuvas que têm ocorrido”,afirma Robson. A média deprodutividade nas lavourasdas regiões de Altônia e Cia-

norte deve ficar entre 25 a 30sacas beneficiadas por hec-tare. Na região de Apucaranae Rolândia, entre 30 a 33 sa-cas, e na de Carlópolis, 35sacas, mantendo a média dosúltimos anos.

As oscilações climáticas noano passado fizeram com queocorressem várias floradas,de forma que a maturaçãotem sido desuniforme. O nor-mal é que ocorram em médiaduas floradas. Desta vez fo-ram cinco ou mais floradas.

COLHEITA MECÂNICA - Na re-gião de Carlópolis, cerca de70% das lavouras já estãoaptas para a colheita mecani-zada e em 50% os produtorestêm feito uso de colheitadei-ras. Nas demais regiões, ahistória é outra: apenas 10 a15% das lavouras estão pre-paradas para a entrada de co-lheitadeiras, mas os produ-tores já mecanizam os tratosculturais, trabalhando com acolheita de forma semimeca-nizada. Poucas são as proprie-dades que fazem uso, ainda,da máquina automotriz.

Neste ciclo, devido afatores climáticos, houve

cinco floradas, em vezde duas, causando adesuniformidade da

maturação. Na páginaao lado, colheita mecânica

na Unidade de Difusãode Tecnologias (UDT)

da Cocamar em Guairaçá,região de Paranavaí

Devagar, mas ágil

dos produtoresde Carlópolis usam

colheitadeirasAs plantas estãocom grande carga,além de um bomaspecto vegetativo,devido às chuvasque têm ocorrido”

Robson Ferreira,coordenador técnicode culturas perenesda Cocamar

VEJA VÍDEOS DA COLHEITA MECÂNICA DECAFÉ NA UDT/COCAMAR EM GUAIRAÇÃ

Youtube - Jornal Cocamar

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Produtores de café e técni-cos da Cocamar realizaramvisita ao Triângulo Mineiro,nos dias 17 e 18 de maio. Naprimeira etapa da viagem, nacidade de Três Pontas, pró-ximo a Varginha, eles co-nheceram as novidadesapresentadas na Expocafé,uma das mais importantesfeiras do setor no país.

Acompanhado pelo enge-nheiro agrônomo Robson

Ferreira, coordenador de cul-turas perenes da coopera-tiva, o grupo dedicou es-pecial atenção a equipamen-tos para a mecanização dalavoura e também a moder-nos sistemas para a seca-gem de grãos.

No dia seguinte, a delega-ção visitou algumas pro-priedades de referência pa-ra observar as lavouras edialogar com produtores. “O

profissionalismo com queos cafeicultores dessa re-gião conduzem as suas la-vouras, chama a atençãodos visitantes”, avaliou oprodutor Luiz Carlos de Fa-ria, de Altônia. “Para nós, éum modelo a ser seguido”,citou Antonio Ailton Basso,o Tuna, cafeicultor em NovaEsperança, assinalando queuma viagem como essa“sempre acrescenta emconhecimentos”.

Na foto do alto, produtores do grupo em visitaa propriedade de café na região de Varginha.A alta produtividade chamou a atenção, também,do gerente comercial de Café, da cooperativa,Marcos Bezerra. Embaixo, os participantes

Uma proveitosa viagemao Triângulo Mineiro

CAFÉ

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REGULARIZAÇÃO

Adesão ao Prosolo tem prazo Decisão é voluntária e produtorterá um ano para fazer o projeto,e três para executá-lo

Aprimeira reunião doPrograma Integra-do de Conservaçãode Solos e Água do

Paraná (Prosolo) com produ-tores rurais e técnicos de se-tores públicos, instituições,empresas e cooperativas, foipromovida na manhã de 10de maio no recinto do ParqueInternacional de Exposiçõesde Maringá (PR), durante a45ª Expoingá. A iniciativa foi

da Secretaria da Agriculturae do Abastecimento (Seab).

O secretário Norberto Ortigaracitou que o Prosolo, mais doque um programa de governo,“é um bom propósito, um pro-pósito de toda a sociedade,que surge para ser duradou-ro”. Na opinião dele, “temmuita gente fazendo a coisacerta e que será a nossa refe-rência prática”.

Independente do Prosolo, o produtor que estiver mau uso ou o emprego inadequado do solo, em suapropriedade, poderá ser autuado, segundo adverte a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar)

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Quanto às “reali-dades ruins”, a organizaçãocoletiva do programa pre-tende “dar uma chacoalhadae apontar os caminhos”. Osecretário lembrou que aperda de um centímetro decamada superficial do solodemora uma vida para se re-cuperar e “temos que inter-romper esse processo dedegradação”, acrescentando:“se faz necessário sacudir apoeira daqueles que não sepreocupam com o solo”. Osecretário mencionou quepráticas como o consórcio

milho e capim braquiária noinverno, vêm dando certo edevem ser incentivadas. Se-gundo ele, o proprietário ru-ral que identificar um tipo deproblema em sua área e qui-ser ajuda especializada pararesolvê-lo, terá até o dia 29de agosto deste ano paraaderir voluntariamente aoprograma, entrando em con-tato com a unidade da Ema-ter mais próxima. Depois dis-so, contará com o prazo deum ano para efetuar o plane-jamento e de três anos paraa execução do trabalho.

• até 29 de agosto, adesão voluntária do produtor,com o preenchimento do termo de adesão.

• Um ano para elaboração de um projeto técnico,que deve ser apresentado à Emater.

• Até três anos para a execução do projeto.

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O presidente do Conselho deAdministração da Cocamar ediretor da Ocepar, Luiz Lou-renço, afirma ser preciso reto-mar os terraços e as curvas denível, lembrando que a menta-lidade de muitos produtores daregião do arenito caiuá - de-vido a vulnerabilidade dessetipo de solo -, está levando auma situação “desastrosa”.

O dirigente explicou que a fer-tilidade quase não existe e são

ainda incipientes os trabalhosde conservação que eles pra-ticam. “Observa-se um des-caso por parte de muita gente,que ainda insiste em usargrade, por exemplo, o que nãoatende ao objetivo que é o debuscar o crescimento susten-tável”, asseverou. No entanto,há soluções, observou Lou-renço, mencionando quemesmo em regiões de solospobres, há produtores condu-zindo suas propriedades de

maneira exemplar, bem orien-tados e obtendo médias altasde produtividade de grãos eprodução de carne, conformese pode atestar em diversosmunicípios atendidos pelacooperativa. “Temos dois mi-lhões de hectares de pasta-gens degradadas na região no-roeste e vejo isto como um es-paço que pode e deve ser in-corporado ao processo produ-tivo, por meio de práticas con-servacionistas”, disse.

Situação “desastrosa” no arenito, mas há solução

Fique atento

Há quatro anos que o produtore engenheiro Cleber VeronezeFilho conduz o consórciomilho e braquiária na fazendade 180 alqueires de sua famí-lia, em Maringá. Ele comen-tou, em sua palestra, que essaprática protege e conserva osolo das intempéries, gera umbenefício semelhante a umarotação de culturas e, ao con-trário do que alguns pensam,não traz prejuízo ao milho, anão ser no primeiro ano. “Seo tempo for seco, pode atéconcorrer no primeiro ano,mas no segundo isto nãoacontece”, disse.

De acordo com o produtor, as

chuvas intensas dos últimosanos não causaram nenhumdano à propriedade, onde osterraços e curvas de nívelestão preservados. Segundoele, a palha deixada pela bra-quiária aumenta a atividademicrobiológica, enquanto amatéria orgânica estrutura osolo. Ao mesmo tempo, hácontrole de ervas daninhas,uma vez que a quantidade deemergência de sementeiras émenor. E, com seu enraiza-mento, a braquiária rompe acompactação, permitindo queas raízes se aprofundem.“Para mim, a braquiária é umaespécie de seguro”, comple-tou.

Benefício semelhante a uma rotação de culturas

A rotação é importante para o equilíbrioda flora e da fauna, sem ela a situaçãovai se complicando. Insistir nisso, é comoenxugar gelo, uma estratégia equivocada”.

Marcos José Vieira, engenheiro agrônomo

A proteção do solo é indispensável

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LAVOURA-PECUÁRIA

O patamar é outroEm Sabáudia, agropecuarista que colheu 190 sacas de soja por alqueire, consegueagora 800 gramas de engorda por cabeça de gado, ao dia, na mesma área

Cleber França

Quem chega à cabe-ceira da Fazenda Ca-rioca, em Sabaudia,no norte do Paraná,

não imagina que em um ta-lhão de 15 alqueires, ondeatualmente estão 99 cabeçasde gado (todos animais jo-vens), também se produz soja.A forragem com capim bra-quiária está bem formada e éa principal fonte de alimentopara o rebanho da raça Aber-

deem Angus, nesta época.Para alguns, é difícil acreditarque ali, há dois meses, existiauma lavoura de soja. E esteserá o espaço destinado aesses animais por 90 dias.

De acordo com o pecuaristaEdécio Davi Zerbetto, a Inte-gração Lavoura-Pecuária (ILP)“é um casamento que deucerto”. Na fazenda, de 84 al-queires, 25 estão mecaniza-dos e recebem o sistemaintegrado de forma

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rotacionada. “O ga-nho de peso dos animais émuito bom, em média 800 gra-mas por dia. Se não fosse pelaILP, não poderíamos estarcriando este número de bovi-nos nesta época”, revela.

AMPLIAR - Os resultados têmsido tão positivos que Zerbettopretende aumentar a área des-tinada à integração. “Projeta-mos chegar a 30 alqueires nopróximo ano”, cita, lembrandoque a ILP já é adotada há cercade 10 anos, quando os animaisde cruzamento industrial co-meçaram a ser criados na pro-priedade.

Atualmente, dos 25 alqueires,além dos 15 que estão com ocapim braquiária para pasta-gem [em piquetes], 10 recebe-ram milho consorciado combraquiária, que também ser-virá de alimento para o gadoem caso de algum contra-

tempo, como geada ou seca, ecinco alqueires são mantidoscom aveia, uma planta que, aexemplo da braquiária, é resis-tente à geada. “Tenho de meprecaver”, diz o produtor.

TRADICIONAL - Na pastagemnormal, onde estão 200 ani-mais, o pecuarista estima queo ganho de peso não passa das500 gramas dia. “Em um pi-quete de seis alqueires, porexemplo, nem precisei plantaro capim. É rebrota do ano pas-sado, ou seja, economizei se-mente.”

No ano que vem, provavel-

mente, Zerbetto acredita quenão precisará semear a bra-quiária na maior parte dasáreas reservadas para a inte-gração. O produtor adverte, noentanto: é importante ficarmuito atento ao manejo dogado. “O produtor deve ter umlocal de refúgio para acomodaros animais em dias de chuvapara que o solo não seja com-pactado e comprometa a pró-xima cultura”.

CUIDADOS - Outra recomenda-ção do pecuarista é soltar ogado no capim somente de-pois de 60 dias que a soja foicolhida – o tempo suficiente

para crescer. Também não sedeve deixar o gado comer todaa massa verde antes da des-secação para o cultivo da soja.As plantas devem ter, no mí-nimo, 20 centímetros de al-tura.

“Se o gado comer tudo não vaisobrar capim para a formaçãoda cobertura do solo”, frisaZerbetto. De acordo com ele, épreciso fazer o manejo de for-ma correta, visando o boi e asoja. O milho serve como es-tratégia caso o clima nãoajude e a produção de capimnão seja suficiente. Se ocorrertudo bem, há ainda a produção

de milho, que pode servir parasuplementação posterior.

Ao final dos 90 dias no sis-tema de ILP, os animais voltamàs pastagens comuns, onderecebem suplementação até oponto de abate. Já as áreascom braquiária e aveia serãodessecadas e, na sequência,recebem o cultivo de soja.

SOJA - Se os ganhos com a pe-cuária estão sendo positivos,com a soja não foi diferente. Amédia na fazenda Cariocaatingiu 190 sacas de soja poralqueire na área de 25 alquei-res – com produtividade brutade 201 sacas.

O engenheiro agrônomo Jac-son Bennemann, da unidadeda Cocamar em Sabáudia, équem presta assistência aoprodutor e o tem ajudado aobter os altos índices de pro-dutividade.

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Se não fosse pela ILP, não poderíamos estarcriando este número de bovinos nesta época”

Os resultados têm sido tão positivos que Edécio Zerbetto (ao lado) pretende ampliar a área destinada a integração

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TENDÊNCIAS

Oferta elevada de grãosPatamares são consideradosconfortáveis mas ainda há apossibilidade de surpresasem caso de El Niño

No que dependerdas primeiras pro-jeções do Departa-mento de Agricul-

tura dos Estados Unidos pa-ra a oferta e a demandamundiais de grãos na safra2017/18, que está em fasede plantio no HemisférioNorte, é difícil imaginar queas cotações internacionaisde milho, trigo e soja deixa-

rão de oscilar em torno dosatuais eixos durante o ciclo.

Apesar de algumas previ-sões divulgadas em maiopelo departamento ameri-cano representarem varia-ções expressivas de volu-me em termos absolutos, asproduções previstas con-tinuam em patamares con-siderados confor-A produção mundial de soja deve ser de 344,68 milhões de toneladas em 2017/18

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táveis para aten-der, sem crises, ao que seespera do consumo, comoem 2016/17, segundo ava-liam os especialistas.

A possível ocorrência do fe-nômeno El Niño ainda poderácausar surpresas e prejudi-car lavouras, sobretudo noHemisfério Sul, mas se istonão acontecer os chamados“fundamentos” tendem apermanecer comportados.

MILHO - Grão mais produzidono mundo, o milho teve suacolheita global em 2017/18projetada pelo departamentoamericano em 1,034 bilhão detoneladas, 3% menos que nasafra 2016/17. O órgão prevêalta de 0,8% para a demanda,que poderá chegar a 1,062bilhão de toneladas e, assim,os estoques finais deverãocair 12,8%, para 195,27 mi-lhões de toneladas. Esses es-toques equivalem a 18,4% dademanda, abaixo de 2015/16(21,3%) e de 2016/17 (22%).Segundo maior exportador demilho do mundo, o Brasil temuma ampla oferta à disposi-ção para brigar por essa de-manda.

TRIGO - Para esse cereal, o

departamento americanoprevê produção mundial de737,83 milhões de toneladasno ciclo 2017/18, 2% menosque em 2016/17, e demandaglobal de 734,89 milhões detoneladas, 0,7% menor namesma comparação. O Bra-sil é grande importador, maso fato é que há trigo desobra.

SOJA - Para a oleaginosa,carro-chefe do agronegóciono Brasil, segundo maiorprodutor e principal expor-tador, o departamento ame-ricano projeta produçãomundial de 344,68 milhõesde toneladas em 2017/18,1% menor que em 2016/17,e aumento de 3,9% na de-manda, para 344,21 mi-lhões. Segundo o órgão, osestoques finais do novociclo ficarão em 88,81 mi-lhões de toneladas, comqueda de 1,5%. Esses esto-ques representam 25,8% dademanda, abaixo do percen-tual de 2016/17 (27,2%),mas, acima de 2015/16(24,5%).

Dada à robustez dos esto-ques, o departamento deagricultura dos Estados Uni-dos prevê que os preços

pagos aos produtores ameri-canos do grão oscilarão entreUS$ 8,30 e US$ 10,30 porbushel durante o ciclo 2017/18, ante a média de US$ 9,55em 2016/17.

Em boa medida, o cenário dasoja não é mais pessimistagraças ao aumento previstopara as importações daChina. Conforme o departa-

mento, as compras do paísno exterior chegarão a 93milhões de toneladas, acimadas exportações brasileiras(63,5 milhões). E essa esti-mativa, 4 milhões de tonela-das superior ao volume2016/17, encontra eco emprojeções divulgadas tam-bém pelo ministério da Agri-cultura da China, que sina-lizaram 93,2 milhões.

Todas as variáveis parecemestar contribuindo para queos produtores de grãos dopaís colham nesta safra omaior volume já registradonas estatísticas agrícolas. Oclima favorável, aliado a umarevisão positiva na área deplantio e na produtividadedas sementes, levou a Com-panhia Nacional de Abasteci-

mento (Conab) a elevar, maisuma vez, sua estimativa paraa produção nacional de grãosna safra 2016/17. Se tudocontinuar como está, o Brasilfechará o ciclo com uma pro-dução de 232,02 milhões detoneladas de grãos – 1,79%mais que o previsto em abrile 24,3% acima da safra2015/16.

A área total de plantio de-verá fechar o ciclo em60,36 milhões de hecta-res, ao passo que a produ-tividade foi estimada em3.844 quilos/hectare, ante3.793 quilos em 2015/16.

O IBGE segue na mesmalinha de recordes: a pro-dução nacional de grãos

deverá crescer 26,2% em2017 frente ao ano ante-rior, e alcançar 233,1 mi-lhões de toneladas.

Conforme a Conab, as co-lheitas de soja e milho,que juntos representam90% dos grãos cultivadosno país, devem crescer18,4% e 39,5% respecti-

vamente, em relação àsafra anterior. Isso signi-fica 113,01 milhões de to-neladas de soja. Para omilho, a estimativa é deprodução de 93,83 milhõesde toneladas, puxada pelasafra de inverno, a maisrepresentativa e ainda emdesenvolvimento no Cen-tro-Oeste.

Revisões para cima

Brasil tem amplaoferta de milho à

disposição para brigarpor demanda no mundo

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GRÃOS

Trigo tem bom desenvolvimentoA expectativa de produtividade é 8% superior à obtida na última safra

As lavouras de trigo naárea de ação da Coca-mar apresentam bomdesenvolvimento, isso

porque está chovendo bem eas temperaturas estão ame-nas. Em Sabaudia, dos 3.700alqueires agricultáveis, quase700 receberam a cultura. Umdos cooperados a investir notrigo foi Jeferson Skraba, 41anos. Ele destinou 30% dos150 alqueires que planta parao grão.

“Minha expectativa é colher140 sacas por alqueire, po-

rém, por se tratar de uma cul-tura de inverno, dependemosmuito do clima”, frisou o coo-perado, lembrando que na úl-tima safra fez a média de 104sacas por alqueire.

O volume cultivado na área deação da Cocamar deve se as-semelhar ao do ano passado.Já a produtividade estimada é41% maior – 7.450 kg/al-queire contra 5.270 kg/al-queire. “No último ano aslavouras sofreram com seca,geada e o excesso de chuva,ou seja, foram muitos contra-

tempos em um único perío-do”, informou o engenheiroagrônomo da Cocamar, Jac-son Bennemann. “Até o mo-mento o clima tem ajudado odesenvolvimento da cultura,uma vez que está chovendobem e as temperaturas estãoamenas. O trigo está exce-lente por aqui”.

Isso também tem contribuídopara a menor incidência depragas e doenças na cultura.Mesmo assim, os produtoresdevem ficar atentos e monito-rarem as plantações com fre-

quência. Lembrando que a se-meadura já foi concluída naárea de ação da Cocamar. As

primeiras áreas plantadas de-vem ser colhidas na segundaquinzena de agosto.

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Bennemann e Skraba: colher 140 sacas por alqueire

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As primeiras lavouras demilho já estão sendo colhidasna área de ação da Cocamar.São os plantios realizados nomês de janeiro. Em Floresta,os primeiros oito alqueiresproduziram a média de 300sacas por alqueire. Já emCruzeiro do Oeste, região doarenito, nos primeiros 28 al-queires colhidos a média foide aproximadamente 200 sa-cas por alqueire. De modogeral a expectativa é que aprodutividade seja de 222sacas por alqueire neste iní-cio de safra, volume 86% su-perior ao registrado no anopassado.

Em Floresta, 95% das terrasagricultáveis receberam mi-lho. Nas outras regiões ondea Cocamar atua, os númerossão semelhantes. E de um

modo geral, a condição daslavouras é ótima. “Choveu deacordo, os produtores fizeramos tratos culturais conformea orientação técnica e, porconta desses fatores, a ex-pectativa é que a produtivi-dade seja boa”, comentou ogerente da Cocamar em Flo-resta, Márcio Sartori, esti-mando uma produtividademédia de 210 sacas por al-queire, “contra 180 colhidasna safra anterior”.

RISCOS - Sartori revela que acolheita ganhará força emmeados de junho. “Até lá, ageada e o vento são as únicasadversidades climáticas quepodem comprometer a produ-ção do grão em nossa re-gião”, destacou ele, frisandoque no restante das áreas osagricultores optaram por cul-

tivar a braquiária de formasolteira. O município é umdos principais do noroesteparanaense quando o assuntoé produtividade de milho. Osagricultores são tecnificadose realizam alto investimentona cultura durante o inverno.

PRODUTOR - Um deles é ocooperado Luis Palaro, queplanta 100 alqueires em Flo-resta e Ivatuba. Nesta safra,ele espera colher a média de300 sacas por alqueires e,para isso, fez boa adubação,tratou as sementes com inse-ticidas, optou por variedadesresistentes a lagartas e fezaplicações preventivas defungicida. “Por trabalhardessa forma não tive proble-mas com pragas e doenças.As plantações estão excelen-tes”, projetou, lembrando

que no ano passado tambémfez uma boa média – 260 sa-cas por alqueire.

E por conta dessa boa condi-ção das lavouras ele tambémestá animado a investir nasafra de verão. Assim que omilho endureceu, Palaro fez oplantio de aveia com avião,isso já pensando na coberturado solo para soja. “Quandofor colher o milho, ela já vaiestar com uns 30 centíme-tros. Até o ponto de desseca-ção estará ainda maior eajudará a proteger e formarmatéria orgânica para o so-lo”, explicou o agricultor, fri-sando que a aveia tambémpode ser colhida, “caso ascondições climáticas conti-nuem favoráveis e ela se des-envolva bem. Mas esse nãoserá o objetivo”, finalizou.

Começa a safra de milho

Choveu de acordo eos produtores fizeram

os tratos culturaisconforme a orientação

técnica

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LARANJA

Frutos saudáveis e bem formados Perspectiva é de uma colheita recorde nos pomares da região da cooperativa

Com a expectativade atingir suamaior produçãoaté o momento, ao

redor de 1,5 caixa de 40,8quilos por planta, a Coca-mar deu início à colheita delaranja em sua Unidade deDifusão de Tecnologias(UDT) em Guairaçá, muni-cípio vizinho a Paranavaí,no noroeste paranaense.As plantas ainda se encon-tram em fase de formaçãoe apresentam potencialpara produzir 2,5 caixas emmédia.

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7,3 198

Dos 198 hectaresda UDT, 135 são ocupados porpomares de laranja irrigados,com idade entre quatro e oitoanos. A média é de 600 plan-tas por hectare e, segundo otécnico agrícola Jeferson daSilva Barreto, responsávelpela área, a expectativa é quesejam colhidas 963 caixas emmédia por hectare. No ciclopassado, em decorrência deproblemas climáticos, como aestiagem e o calor forte nafase de floração, a produtivi-dade foi severamente prejudi-cada.

A colheita na unidade de-monstrativa da Cocamar sina-liza para o começo dos tra-balhos, também, nas proprie-dades dos citricultores coope-

rados, distribuídos pelas re-giões noroeste e norte do es-tado. A previsão da Cocamar éreceber 7,3 milhões de caixas,a serem processadas pelaunidade industrial da LouisDreyfus Commodities (LDC)em Paranavaí (PR).

“As laranjas estão bem forma-das, saudáveis e com colora-ção amarela mais intensa”,assinala o coordenador téc-nico de culturas perenes dacooperativa, engenheiro agrô-nomo Robson Ferreira. O bommomento dos pomares coin-cide com uma fase favoráveldo mercado, que oferece pre-ços remuneradores, alavanca-dos pelo desequilíbrio entreoferta e demanda internacio-nais nos últimos anos.

Jor na l d e Se r v iço C oca ma r | 17

O técnico agrícola Jeferson da Silva Barreto, responsável pela UDT da Cocamarem Guairaçá: previsão é de 1,5 caixa de 40,8 quilos por hectare, em média

milhões de caixasé a expectativa de

safra na regiãoda Cocamar, que

compreende municípiosdas regiões noroeste

e norte do estado

hectares é a áreada UDT em Guairaçá,que a Cocamar utilizacomo uma vitrine para

a demonstração deexperimentos e tecnologias

aos produtores

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Maringá sediou entreos dias 23 e 25 de maioa 5ª Reunião Paranaensede Ciência do Solo e o2º Simpósio Brasileirode Solos Arenosos.A iniciativa foi da SociedadeBrasileira de Ciênciado Solo, Núcleo EstadualParaná, com realizaçãoda Cocamar e da UniversidadeEstadual de Maringá (UEM).O evento contou com maisde 800 participantes, entreespecialistas, empresários,produtores e estudantes,de várias regiões do país.

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PERSONALIDADE

Para o ex-ministro Paolinelli, é preciso continuar inovando Uma das maiores façanhas brasileiras, segundo ele, foi ter conseguido viabilizar uma agricultura tropical sustentável

Principal convidado da5ª Reunião Parana-ense de Ciência doSolo, que foi promo-

vida em Maringá concomitan-temente ao 2º Simpósio Bra-sileiro de Solos Arenosos, oex-ministro da Agricultura,Alysson Paolinelli, proferiupalestra a mais de 500 parti-cipantes na noite de 24 demaio.

SUSTENTÁCULO - Depois deuma saudação do vice-presi-dente de Negócios da Coca-mar, José Cícero Aderaldo,que definiu Paolinelli como“um dos principais artífices domoderno agronegócio brasi-leiro”, o ex-ministro explicouque o Brasil caminha para ser,nas próximas décadas, “o sus-tentáculo do abastecimentodo mundo”, levando em contaa crescente demanda por ali-mentos para uma populaçãoglobal estimada em 9,3 bi-lhões de pessoas em 2050.Segundo ele, uma das princi-pais conquistas dos brasilei-ros foi ter conseguido viabili-zar uma agricultura tropicalsustentável “que é a soluçãopara enfrentar o desafio deabastecer o planeta”.

EQUÍVOCO - Ele explicou quepor mais de quatro mil anos asprincipais regiões produtoras

de alimentos do globo, desen-volveram sua agricultura emzonas temperadas, utilizandosolos férteis e onde os climassão mais definidos. E lembrouque, nas primeiras décadas doséculo passado, o Brasil fezuma opção equivocada aopriorizar a industrialização emdetrimento de seu potencialagrícola. “Foi a agriculturaque fez capital para que o Bra-sil pudesse investir na indús-tria”, salientando que essaopção custou caro, pois os in-vestimentos foram realizadossem que houvesse o domíniodo conhecimento. “Tivemosque buscar tudo lá fora, proje-tos, know-how e até mesmomatéria prima, pagando royal-ties altíssimos.”

CHOQUES - De acordo comPaolinelli, a agricultura pas-sou praticamente desaperce-bida dos brasileiros até adécada de 1960. Em vez de in-centivar a sua produção, quese resumia em grande parteao café, o Brasil era umgrande importador de alimen-tos. No entanto, choques se-guidos, como a crise de segu-rança alimentar na década de1960, e a do petróleo, no iníciodos anos 1970, despertaramos brasileiros. Em 1975, quan-do era titular do Ministério daAgricultura, Paolinelli conse-

guiu implementar um grandeprojeto agrícola, embora pou-cos acreditassem no setor. “Oresultado é que o Brasil con-seguiu desenvolver know-kowpara produzir alimentos emregiões tropicais, prática quetem a essência da inovação”.Paolinelli lembrou que, hoje, oBrasil já é o maior exportadormundial de alimentos em vo-lume de dinheiro.

CONQUISTA - Ressaltando oentusiasmo de Norman Bor-laug, pai da Revolução Verde edetentor do Prêmio Nobel daPaz em 1970, que se encantoucom a façanha brasileira, Pao-linelli resumiu: “Nós, os hu-

mildes tupiniquins da Américado Sul, conseguimos dominaros cerrados, uma área alta-mente degradada. Consegui-mos reestruturar esse solopobre e o integrar ao processoprodutivo. Jamais algo assimhavia sido feito no mundo”.

TERCEIRA SAFRA - “Este é oBrasil que quero que reconhe-çam”, disse o ex-ministro aum público formado por espe-cialistas, produtores e estu-dantes, assinalando que nãose pode desanimar “mesmodiante da incompetência dosgovernos que temos experi-mentado”. Ele citou que hámuito por fazer, destacando,

por exemplo, os avanços quehoje se observa nos solos are-nosos do Paraná, onde crescea produção de grãos, e tam-bém no areião do oestebaiano, reconhecido pela altaprodutividade de suas lavou-ras, incluindo os algodoais.“Quando eu falava em se-gunda safra, especialistas in-ternacionais achavam que euestava louco. A segunda safraestá consolidada no país masagora eu falo é na terceirasafra”, provocou Paolinelli, re-ferindo-se ao uso de recursoscomo a irrigação para viabili-zar mais uma colheita duranteo ano, além da de verão e deinverno.

Jor na l d e Se r v iço C oca ma r | 19

Ao término de sua palestra,Paolinelli recebeu os

agradecimentos de um doscoordenadores do evento, o

gerente técnico de IntegraçãoLavoura-Pecuária-Floresta

(ILPF) da Cocamar,Renato Watanabe

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Alei que disciplina oscontratos de arrenda-mento rural, assimcomo os de parceria

rural, conhecida como Estatutoda Terra, tem o nº 4.504/64.Assim, quando arrendador earrendatário vão firmar um con-trato de arrendamento é precisoque observem todas as exigên-cias legais, pois cláusulas quenão satisfaçam os requisitospor ela exigidos podem ser anu-ladas, comprometendo o direitoda parte que dela mais tardepretendia fazer uso.

Conforme se observa da datada Lei – 1964 – é possível per-ceber que o diploma legal ébastante antigo, com vigênciasuperior há cinco décadas, oque implica reconhecer que aLei 4.504/64 entrou em vigornuma época em que a reali-dade econômica e social doPaís, notadamente nas ques-tões que dizem respeito à ati-vidade produtiva primária(agropecuária), era em tudodiferente daquela que se vênos dias atuais. Naquele tem-po, por exemplo, encontrararrendatário pessoa jurídicaera bem mais raro do queatualmente se observa, poisem regra a atividade agrope-cuária de outrora era levada aefeito por pessoas físicas.

Presentemente, no entanto, onúmero de arrendatários pes-soa jurídica é significativa-mente grande, tornando-se

bastante comum encontrar aexploração da terra sendo rea-lizada por empresa legalmen-te constituída. Como a reali-dade do campo mudou de for-ma radical também neste as-pecto, não obstante a lei sejaa mesma desde 1964, isto trazcerta apreensão jurídica, vistoque na sua aplicação muitasvezes o que antes pareciacerto e seguro para o arrenda-tário, agora se mostra bas-tante incerto e duvidoso.

REPENSAR - Como a lei tratade particularidades na árearural que no tempo foram sen-do alteradas em face das mu-danças significativas que oPaís sofreu no setor produtivoprimário, é preciso repensar aforma de contratar para que oarrendatário tenha suficienteproteção jurídica caso tenhaque ir ao Judiciário para pro-teger seu direito.

Esta observação tem razão deser, pois tem sido comum verdecisões de tribunais dosmais vários estados, bem as-sim do próprio Superior Tribu-nal de Justiça (STJ), provo-cando surpresas pouco agra-dáveis ao arrendatário pessoa

jurídica, notadamente naque-les casos em que o autor daação pleiteava a proteção aum direito que a lei pareciaproteger e que, em face danova interpretação do textolegal, agora caminha por dire-ção totalmente oposta.

A nova interpretação e aplica-ção da lei têm demonstradoque muitos arrendatários pes-soas jurídicas estão ficandodesprotegidos, pois as deci-sões mais recentes têm limi-tado de forma muito intensa aaplicação do Estatuto da Terraaos contratos de arrenda-mento por eles subscritos.Decisões desta ordem vêm seencaminhando como uma ten-dência de se solidificar, o queexige que os arrendatários re-pensem seus contratos quan-do forem assiná-los ou, se ocaso, que modifiquem aquelesque já foram firmados paraserem adaptados à nova or-dem jurisprudencial.

ADEQUAR - Afinal, direitos taiscomo renovação do arrenda-mento, exercício do direito depreferência de compra, etc.,que antes pareciam pacíficos,podem agora se ver compro-

metidos se no contrato dearrendamento as partes se va-lerem somente do Estatuto daTerra para sua redação.

Para que ao arrendatário pes-soa jurídica não sofra nenhumrevés em seu direito, o cami-nho a ser tomado é iniciar umaaproximação com o arrenda-dor (proprietário), para ade-quar o contrato às normas doCódigo Civil e não somente àsnormas do Estatuto da Terra,pois caso contrário dificil-mente terá êxito em eventualdemanda judicial embasadatão somente na Lei 4.504/64.

Para que tudo possa ser feitode maneira segura, o arrenda-tário pessoa jurídica deve bus-car informação jurídica sufi-ciente para as decisões a se-rem tomadas, convidando o ar-rendador (proprietário da terra)à reescrita do contrato ou, se ocaso, a um aditamento aosseus termos. Caso o arrenda-dor se permita modificar o con-trato, as partes devem se valerdas normas do Código Civilpara estabelecer cláusulas quetenham força jurídica capaz deproteger o direito que maistarde se pretende exercer.

VOCÊ SABIA? Direitos como o de preferência de compra e de

renovação do arrendamento, que antes pareciam pacíficos, podem

se ver comprometidos se no contrato de arrendamento as partes

se valerem só do Estatuto da Terra para sua redação.

Lutero de Paiva PereiraAdvogado – Agronegócio

e contratos bancáriosMaringá – Paraná

www.pbadv.com.br/www.agroacademia.com.br

ORIENTAÇÃO JURÍDICA

Arrendamento rural para pessoa jurídicaPara fazer tudo de maneira segura, o arrendatário deve buscar informação econvidar o arrendador à reescrita do contrato ou aditamento aos seus termos

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A Cocamar vem promovendomelhorias na estrutura desua Máquina e Torrefação deCafé, preparando-a paraatender a demanda projetadapara os próximos anos, con-forme explica a gerente in-dustrial Valquíria DemarchiArns.

Estabelecida em 1979, a es-trutura tem capacidade parabeneficiar 500 mil sacas porano e rebeneficiar 300 mil

sacas no mesmo período.

O sistema de classificação epreparo foi reformado, agili-zando o processo e melho-rando a qualidade das in-formações sobre classifica-ção e renda da produção,com mais detalhes e siste-matização dos dados. Aomesmo tempo, está sendoampliada a capacidade de re-cebimento do armazém. Ou-tras melhorias são a cons-

trução de uma moega, queestá em andamento, e amontagem de um novo balãode liga, equipamento utili-zado para fazer o blend doproduto.

De acordo com a gerente, anova estrutura, a ser finali-zada no segundo semestredeste ano, vai conferir maisagilidade na montagem doslotes, otimizando o recebi-mento e o embarque de café

de clientes e de cooperados,que terão a possibilidade deentregar seu produto emsacas, bags e granel.

500

A Associação dos Concessionários John Deere (Assodere),participou na semana de 15 de maio do Programa Avançadode Desenvolvimento de Executivos (Pade), que reuniu maisde 40 colaboradores de empresas de várias partes do país,entre elas gestores da Cocamar Máquinas, representadapelo responsável pela concessão, Arquimedes Alexandrino,o gerente geral de negócios, João Carlos Ruiz, e o gerentede pós-vendas, Emanuel Catori.

O encontro ocorreu no campus Aloysio Faria, da FundaçãoDom Cabral, em Nova Lima (MG), distante 20 quilômetrosda capital mineira. Passando por temas como gestão deprocessos, orçamento, inteligência de mercado e liderança,os participantes conferiram o que há de mais avançado noensino brasileiro, destinado a executivos.

“O programa é customizado para os concessionários John

Deere”, cita Emanuel Catori, acrescentando ter sido umasemana inteira de troca de conhecimento e novas metodo-logias do mercado.

João Carlos Ruiz diz que vivenciar uma semana intensivacom assuntos diretamente ligados a gestão e focados aomundo dos concessionários, é muito mais produtivo. “Osdesafios, dificuldades, estratégias e concorrentes são pra-ticamente os mesmos para todos e isso facilita o debate eencontro de soluções”, complementa.

Já o responsável pela concessão, Arquimedes Alexandrino,destaca que é sempre importante estar a reciclagem deconhecimentos. “A Cocamar Máquinas estará sempre bus-cando evoluir para proporcionar a melhor experiência aosseus clientes, gestores, colaboradores e fornecedores”, fi-naliza.

Cocamar Máquinas participa de programacom concessionários John Deere

Máquina de Café recebe melhorias

mil sacas por anoé a capacidade

da estrutura parabeneficiar o

produto, além de300 mil sacas derebeneficiamento

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SICREDI UNIÃO PR/SP

Entre as maiores instituiçõesfinanceiras cooperativasUma das cinco primeiras no ranking das maiores em créditoe investimento, instituição é tradicional parceira da Cocamar

No início de maio, emMaringá (PR), a di-retoria da SicrediUnião PR/SP apre-

sentou os resultados do pri-meiro trimestre de 2017 emreunião com mais de 600 con-vidados.

Tradicional parceira da Coca-mar, a cooperativa atingiu amarca de R$ 275 milhões empatrimônio líquido, R$ 2,87bilhões em ativos totais, R$1,41 bilhão em operações decrédito e chegou a 145 mil as-sociados, dos quais grande

parte são produtores rurais.“Nossa solidez vem dos re-sultados que conquistamosem 31 anos de história”, afir-mou o diretor-executivo Ro-gério Machado. Ele mencio-nou que a instituição se des-taca no ranking das 10 maio-res cooperativas de crédito einvestimento do Brasil, ocu-pando a 5ª colocação. As 100maiores instituições financei-ras cooperativas brasileirasadministram, juntas, 60% dototal de ativos do conjunto de1.018 cooperativas singula-res. Com 79 agências, a Si-

credi União PR/SP atua em109 municípios no norte e no-roeste do Paraná e centroleste de São Paulo.

No ranking elaborado peloPortal do Cooperativismo Fi-nanceiro, conforme dados doBanco Central do Brasil(BACEN), 54 cooperativas fi-liadas ao Sicredi administramR$ 45 bilhões em ativos e R$23 bilhões em operações decrédito. O Sistema Sicrediconta com 118 cooperativas,1.520 agências e possui 3,4milhões de associados.

O presidente da Sicredi UniãoPR/SP, Wellington Ferreira,ressalta o crescimento dacooperativa e o bom atendi-mento oferecido pela insti-tuição. “Conquistamos a nota70 no NPS [Net PromoterScore], que certifica a satis-fação dos associados em re-lação aos produtos e serviçosprestados”, afirma. Ferreiraobservou também que, comum índice de 20% de cresci-mento nos últimos 15 anos, acooperativa tem conseguidodobrar de tamanho a cadatrês anos.

R$ 275milhões em

patrimônio líquido

R$2,87bilhões em

ativos totais

145

79

mil associados

Nossa solidezvem dosresultados queconquistamosem 31 anosde história”

Rogério Machado,diretor-executivo

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agências no PRe SP, onde sãoatendidos 109

municípios

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Marcos Sawaya Jank*

No Brasil dividido dosúltimos anos, profes-sores do ensino mé-dio chegam a dividir

as classes, com metade dosalunos argumentando a favordo “agronegócio” e a outra me-tade a favor da “agricultura fa-miliar”. Esse mesmo anacro-nismo é visto em parte da mí-dia e até na política.

Proliferou no país sem ne-nhum rigor analítico, agrone-gócio versus agricultoresfamiliares, grandes versus pe-quenos agricultores.

É preciso esclarecer que agro-negócio é apenas uma delimi-tação do conjunto de cadeiasde valor formadas a partir deprodutos agropecuários: in-dústrias de máquinas e insu-mos, agricultores de todos ostipos e tamanhos, agroindús-trias processadoras, distribui-dores, varejistas etc.

Nesse contexto, tamanho fí-sico não é documento paraparticipar ou não do agronegó-cio. Pequenos produtores inte-grados às indústrias de fran-gos e suínos são parte do agro-negócio, assim como os quevendem hortaliças, flores, ca-chaça e queijos artesanais.

Ocorre que 99% dos agricul-tores brasileiros têm gestãofamiliar. E o conceito básicopara separar agriculturas eagricultores não deveria ser otamanho da propriedade ou onúmero de pessoas que elaemprega, como na atual defi-nição de “agricultura fami-liar”. Deveria, sim, ser a renta-bilidade e a capacidade de in-serção de cada agricultor nascadeias de valor do agrone-gócio.

Em outras palavras, o que in-teressa não é se o agricultor égrande ou pequeno, se em-

prega ou não, mas a sua capa-cidade de empreender, de ge-rar excedentes e lucros, de seinserir nos mercados.

No excelente livro “História doBrasil com Empreendedores”,Jorge Caldeira mostra o papeldo empreendedor no desen-volvimento do Brasil, com umaabordagem inovadora em re-lação à historiografia tradicio-nal, pautada pelo latifúndioescravocrata exportador, dacasa grande versus senzala,da metrópole versus colônia.

Caldeira mostra que tivemos

um mercado interno bem ro-busto no Brasil colonial, sus-tentado por uma grande quan-tidade de pequenos, médios egrandes empreendedores in-dependentes, na maior partedo tempo lutando contra aação deletéria do governo.

Na agricultura do século 20,acontece o mesmo: imigrantesviraram “colonos” no Sul e Su-deste do país e mais tarde mi-graram para o Centro-Oesteem busca de escala para so-breviver. A pequena proprie-dade do colono no Sul vira agrande plantação de hoje noCentro-Oeste. O migrante ita-liano que veio colher café vaiproduzir cachaça em alambi-que próprio e depois constróias grandes usinas sucroener-géticas de hoje. Pode parecer chocante, mas ahistória recente da agriculturabrasileira pouco tem a ver comas capitanias hereditárias e osvelhos barões do açúcar e docafé. Sua gênese reside na mi-

gração, na inovação tecnoló-gica do último meio século, noempreendedorismo e na inte-gração das cadeias produti-vas.

São estes os fatores que cons-truíram a revolução agrícolatropical brasileira. Os que fi-zeram parte dela cresceram ese tornaram globais. Os inefi-cientes já saíram ou vão sairdo (agro) negócio, sejam elesgrandes ou pequenos, barõesou agricultores de subsistên-cia, latifundiários ou assenta-dos.

Foi o empreendedor que per-mitiu aos agricultores brasi-leiros sobreviver no mercadoglobal, ainda que o Brasil nun-ca tenha reconhecido o seupapel histórico e social.

A história brasileira é contadapelo lado dos coronéis, dosgovernantes corruptos, dosescravos e dos índios. Rara-mente se fala dos italianos,dos japoneses, dos gaúchos edos paranaenses que cresce-ram, desbravaram e se torna-ram globais.

(*) Especialista em questõesglobais do agronegócio. Textopublicado originalmente naFolha de S. Paulo em sua edi-ção de 4 de fevereiro.

ARTIGO

Nas propriedades rurais,99% têm gestão familiar Muitos professores, estudantes, parte da mídia e até da política, enxergam doismundos que, na verdade, são a mesma coisa: o agronegócio e a agricultura familiar

Foi o empreendedor que permitiu aos agricultores brasileirossobreviver no mercado global, ainda que o Brasil nuncatenha reconhecido o seu papel histórico e social.

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PRODUTORAS

É tempo de crescerO Elicoop Feminino visa preparar aliderança, levando as mulheres arefletirem sobre o seu papel nacomunidade e na cooperativa

Marly Aires

Quando solteira, Or-vana Barusso, vicecoordenadora doNúcleo Feminino da

Cocamar em Cambé, fazia detudo na roça, ajudando ospais, que são pioneiros nomunicípio, onde chegaramem 1944. Quando casou, se

ocupou da casa e dos filhos,além de atuar fortemente nacomunidade como voluntáriaem algumas entidades, comoJuíza de Paz e coordenadorada Santa Casa por muitosanos.

Até 2013, o cooperado Lu-pércio Barusso, marido deOrvanda, tocava

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Cerca de 250 produtoras participaram do encontro em Maringá

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sozinho a proprie-dade da família de 24 hectares.Nos últimos três anos, entre-tanto, uma série de problemase perdas fizeram com que osdois se dessem conta da im-portância de trabalhar emparceria, lado a lado. Hoje, aprodutora o ajuda em tudo,até na comercialização dasafra.

Orvana foi uma das 250 pro-dutoras rurais, líderes emsuas regiões, a participar, nosdias 17 e 18 de maio, na As-sociação Cocamar, em Ma-ringá, do 12º Elicoop Feminino- Encontro da Liderança Coo-perativista Feminina, e é umexemplo do novo perfil deprodutora rural. O evento érealizado todos os anos pelo

Sistema Ocepar através doSescoop/PR, e que teve esseano a Cocamar como anfitriã,participando com 50 mulhe-res integrantes de todos osseus 30 Núcleos Femininos.Também mandaram represen-tantes as cooperativas Cas-trolanda, Lar, Copacol, C.Vale,Cocari, Integrada, Bom Jesus,Coagru, Copagril e Frísia.

CRESCER - O Elicoop é desti-nado à preparação da lide-rança feminina tendo comoobjetivo levar as mulheres arefletirem sobre o seu papelna comunidade e na coopera-tiva através da integração daslíderes e o intercâmbio deconhecimentos. O tema doevento este ano foi: “É Tempode Crescer”.

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A cada ano a mulher temconquistado espaço no agro-negócio, participando ativa-mente da administração dapropriedade rural, das práti-cas diárias no campo e, senecessário, pilotando as má-quinas. A Cocamar sempreincentivou a participação fe-minina nos negócios da fa-mília e na cooperativa, masdesde 2005 tem intensi-ficado esse trabalho atra-vés do Núcleo Feminino Co-camar. Formados nas unida-des de atuação, oportunizam

às integrantes participaremde vários eventos técnicos,cursos, palestras subsidia-das pelo Sescoop/PR, e ou-tros.

O presidente da Cocamar, Di-vanir Higino da Silva, pre-sente na abertura do evento,destacou que aquela fase deestimular as mulheres a de-senvolverem atividades ex-tras que contribuam com arenda da propriedade é eta-pa vencida. “Agora é o cicloda gestão, do compartilha-

mento. As mulheres não de-vem ser só esposas dos co-operados, mas cooperadas”,afirmou.

Atualmente, o quadro socialda Cocamar é composto de14% de cooperadas, além decontar com várias mulheresno Conselho Consultivo.“Mas, apesar disso, há muitocaminho a ser trilhado ainda.Temos trabalhado para a in-tegração da família coopera-tivista, fortalecendo o tra-balho com jovens e mulhe-

res, oferecendo cursos, ca-pacitando e incentivando aparticipação”, afirmou, res-saltando que “o que se queré a participação ativa de todafamília do cooperado paraque a Cocamar se consolidecada vez mais”.

INTERCÂMBIO - Sobre oevento, o presidente da Co-camar disse que é importan-te essa troca de experiência.“Medidas vitoriosas devemser aproveitadas, adaptan-do-as a realidade de cada

região e melhorando-as. Sóse consegue vitalidade doagronegócio com o coopera-tivismo”, ressaltou.

A gerente de Cooperativismodo Sescoop/PR, Maria EmíliaPereira Lima, destacou que“são eventos como este quefazem o Sescoop ter orgulhodo que faz. Quando vê atransformação que vemocorrendo, o trabalho que asmulheres fazem com a so-ciedade e com a coopera-tiva”.

É maior a participação feminina

Divanir Higino,presidente daCocamar, naabertura do

evento: 14% doquadro social

é de cooperadas

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GESTÃO

Márcia e marido conduzem juntos a propriedade e estão semprepresentes aos eventos da cooperativa

Acoordenadora do Nú-cleo Feminino de TerraBoa, Márcia MaruchiSanches, esposa do

cooperado José Aparecido San-ches, resumiu a parceria entreos dois na condução da proprie-dade: “se nós não nos ajudar-mos, não damos conta. É umapropriedade pequena, por issotemos que trabalhar juntos”.

Eles têm seis hectares com

soja, milho e café, cerca de milpés em produção, onde focamna qualidade da produção. “Hápouco tempo era somentecafé. Mas, por conta da idadedo cafezal, do ataque de nema-toide e das geadas que quei-maram bastante, arrancamosboa parte do cafezal”, diz, res-saltando, entretanto, que jávêm replantando aos poucos.A ideia é voltar com o café emboa parte da propriedade.

Filha de produtores rurais,Márcia sempre trabalhou naroça, desde pequena, e quandocasou, continuou, em parceriacom o marido. “O que tem quefazer, eu faço. Não enjeito ser-viço. Planto, colho, passo ve-neno, roço o cafezal, abano ocafé”, citou.

Mas, apesar de ajudar o maridoem tudo, antigamente só JoséAparecido participava dos

eventos da Cocamar. “Não meinteressava muito”. Depois quecomeçou a participar do Nú-cleo Feminino e ser convidadapara os eventos, está sempre

nos dias de campo, assem-bleias e outras programações,participando ativamente. “Issomudou muito a visão que tinha.Essa é minha cooperativa”.

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“Se nós dois não nos ajudarmos, não damos conta”, diz a produtora

Parceira em tudo

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Lidar com dinheiro e docu-mentos a coordenadora doNúcleo Feminino de Japurá,Dulcy de Oliveira Takasse,sabia. Cresceu no ambientedo cartório do pai e trabalhoucomo bancária, além de tersua escola de música. Masnão distinguia um pé de feijãode um pé de soja. Entãoquando o marido, o cooperadoMauro Takasse, pediu para fe-char a escola e ajudá-lo nosítio, resistiu bastante.

“Ele me dizia: estou perdendona agricultura mais do que odobro do que você ganha, por-que você não está me ajudan-do”, conta Dulcy, que quandocomeçou a tomar conta dapapelada viu que tinha dupli-cata paga em duplicidade,produtos vencendo e outrosdescuidos.

A primeira coisa que Dulcyfez foi aprender. Como nãotinha a menor noção do fun-cionamento de uma proprie-dade rural, não saberia se osfuncionários estavam fazen-do certo ou não. “Tive queaprender a fazer para podermandar”. Buscou orientaçãona Cocamar e no SindicatoRural. Fez vários cursos naárea de administração rural,5S, tratorista, pulverização,mecânica e até de direção decolheitadeira, para ver o que

poderia melhorar, onde esta-vam os problemas, ou mes-mo como falar com os fun-cionários.

ORGANIZAÇÃO - Tudo queaprendeu sobre organizaçãotentou passar, mas os funcio-nários e nem mesmo o maridoaceitaram. “Achavam que erafrescura de mulher”, recorda-se. Mas, quando o cardam dotrator quebrou durante o plan-tio e não acharam a peça re-serva no barracão, se conven-ceram sobre a necessidade deorganizar a propriedade.

“Nesta brincadeira, o tratoristaficou mais de meio dia pa-rado”, conta. Quando conse-guiu implantar o 5S napropriedade e organizar tudo,Dulcy achou cinco cardansnovos jogados no barracão.“Sem organização você perdetempo e dinheiro. É uma peçacara e estava lá jogada”, diz.

Ao colocar tudo na ponta dolápis, Dulcy viu também queestavam trabalhando muito,tendo muita movimentação dedinheiro, por causa das terrasque arrendavam, mas o lucroera mínimo. Quando mostrouisso para o marido, Takassedispensou as áreas arrenda-das e ficou com só os 53 hec-tares que tinha. Ele arrendavacerca de 220 hectares.

Foi nesta época que recebe-ram a proposta de abrir umafazenda de 2 mil hectares noPiauí, firmando um contratopor seis anos. O que só foipossível por causa da parce-ria dos dois: o marido cui-dava do plantio, colheita emanejo da lavoura e Dulcy seocupava com a administra-ção do negócio e a organiza-ção de tudo. O que ganharaminvestiram em mais terra.Hoje os dois administram 85hectares em Japurá e 250hectares no Piauí. “Sem essaparceria, não conseguiría-

mos dar conta de todo o ser-viço”, ressalta.

PARCERIA - Dulcy se transfor-mou numa administradora deempresa rural, que domina to-das as etapas do negócio, quearregaça as mangas e faz tudosem medo. “Se tiver que dirigirtrator ou colheitadeira, eu faço.Agradeço meu marido por terme chamado para ajudá-lo e porter insistido tanto”, afirma, ci-tando que os filhos seguem ospassos do casal. Thedy estudaGestão Agrícola e Thiago é for-mado em Agronomia.

Trabalhando juntos para crescer

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“Tive que aprendera fazer para poder

mandar”, dia Dulcy,na foto com

um funcionário

Sem essa parceria entrenós dois, não chegaríamosaonde chegamos”

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PRODUTIVIDADE

Os vencedores do PIN Syngenta 2017 Programa se soma ao esforço da cooperativa para elevar as médias regionais

Os cooperados Luiz Al-berto Palaro, de Flo-resta (PR), e LauroGessner, de Apuca-

rana (PR), foram os vencedoresdo Programa de ProdutividadeIntegrada (PIN) promovido pelaempresa Syngenta em parceriacom a Cocamar, na safra desoja 2016/ 2017.

Com média de 203,69 sacaspor alqueire, Palaro obteve aprimeira colocação, e Gessnerficou em segundo, com 197,34sacas. Eles foram assistidos,respectivamente, pelo técnicoagrícola Robson Arrias, da uni-dade da cooperativa em Flo-resta, e pelo engenheiro agrô-nomo Hudson Munhoz, da uni-dade de Apucarana.

A entrega da premiação ocor-reu em 24 de maio, na Associa-ção Cocamar em Maringá, coma presença de dirigentes e pro-dutores da coo- perativa, e derepresentantes da Syngenta.

SOLUÇÕES - O representantetécnico de vendas da Syngen-ta, Victor Baptistella, explicouque o programa - no terceiroano - visa o aumento de produ-tividade por meio das SoluçõesIntegradas Syngenta, “traba-lhando os pilares de difusão detecnologias, relacionamento eserviço, proporcionando ao co-operado maior produtividade,rentabilidade e satisfação”.

NÚMEROS - Na safra 2016/17,a média geral dos sojicultores

ligados à Cocamar foi de 131sacas por alqueire, ante as 150sacas alcançadas pelos produ-tores paranaenses. No entanto,no chamado “Top 10” PINSyngenta, com os dez primei-ros colocados entre os partici-pantes do programa, a médiachegou a 180 sacas por alquei-re, uma diferença de 37,4%.Em dinheiro, isto representoucerca de R$ 3,1 mil a mais nobolso do produtor, por alqueire.

Tanto Luiz Alberto Palaroquanto Lauro Gessner têm pro-curado investir nas melhores

tecnologias para aprimorar assuas médias. Gessner, inclu-sive, foi o campeão da primeiraedição do Trigold, também umainiciativa da Syngenta em par-ceria com a Cocamar, no anopassado. Sob a orientação doagrônomo Hudson Munhoz,sua média foi de 207,4 sacasde trigo por alqueire.

No alto, os produtoresLuiz Alberto Palaro e Lauro

Gessner, com suas esposas;na outra foto, detalhe

do evento. Abaixo, VictorBaptistella, da Syngenta

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Marly Aires

Apropriedade é pe-quena - nove hecta-res e meio, mas oscunhados Adriano

dos Reis e Valdinei de Souza,junto com as respectivas es-posas, Francismara e Elisan-gela, de Apucarana, conse-guem tornar seu negócio sus-tentável utilizando uma velhareceita: o café com leite,acrescido do frango de granja,tudo produzido de forma inte-grada, fechando o ciclo no sí-tio, e com o máximo de meca-nização.

Até 2012 a propriedade eratoda tomada por café. Apesarda rentabilidade, a forte gea-da ocorrida naquele ano, quequeimou boa parte do cafezal,mostrou como era frágil o sis-tema de exploração da pro-priedade. Foi aí que decidiramdiversificar.

SEMIMECANIZADO - O cafépermaneceu em apenas umhectare, 4 mil pés, produzindouma média de 20 a 30 sacasbeneficiadas por ano. Commão de obra basicamente fa-miliar e semimecanizado,Adriano e Valdinei, com aajuda das esposas, tocam aatividade sem grande dificul-dade. Enquanto os homenscuidam da produção agrícola,as mulheres concentram maisno trabalho com as criações,mas todos se ajudam con-forme a necessidade de mãode obra.

Eles cultivam ainda um poucomais de quatro hectares commilho para silagem no verão,área em que no inverno entracom aveia, para pastoreio ecobertura do solo.

VACAS - Todo alimento produ-zido é dado às vacas leiteiras,que ainda recebem ração con-

forme a produção de cadauma, e capim napiê, tudo co-locado no cocho. “Temos umpedaço com pastagem, mas épequeno, mais para descansodos animais”, diz Adriano.

São 30 cabeças de vacasmistas, sendo mantida umamédia de 14 em lactação,com produção diária de 150a 160 litros de leite, com or-denha mecânica. Tudo étransformado em queijo. Dáuns 22 a 23 quilos por dia,que é comercializado a uma

clientela cativa. “Não dá pa-ra quem quer. Dá trabalho,mas a renda é 50% maior doque se vendêssemos o leitein natura”, afirma Francis-mara.

BARRACÕES - Os dois barra-cões de frango de corte, com36 mil frangos no total porcriada a cada 50 dias, so-mando seis criadas no ano,complementam a renda. Par-te do esterco produzido nosgalpões de frango é utilizadanas lavouras de café e milho,

mas eles ainda comercializam230 toneladas em média porano.

O esterco das vacas, que pro-duzem uma média de 500 kgpor dia, também é aproveitadonas lavouras após uma rápidafermentação ao ar livre.“Temos projeto de montar umbiodigestor para transfor-mar esse esterco em umadubo de melhor qualidade egerar energia para o gasto napropriedade, tornando-a au-tossustentável”, planejaAdriano.

No sítio tem ainda vários cul-tivos de subsistência, com co-mercialização do que produz amais, e 12 mil pés de euca-lipto, na parte mais “que-brada” e cheia de pedras dapropriedade. A madeira é usa-da nos aquecedores dos fran-gos, fechando mais um ciclodentro do sítio.

MODELO

Pequena, mas rentávelCom apenas nove hectares e meio, duas famílias de Apucarana estruturaram o sítio de forma integrada

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Negócio se tornou sustentávelutilizando uma velha receita:

o café com leite, acrescidodo frango de granja

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SÃO JORGE DO IVAÍ

Investindo na diversificaçãoNão depender só de soja é essencialpara a sobrevivência das pequenas áreas

Marly Aires

Apesar de morar napropriedade e tersuas criações e pro-duções de subsis-

tência, Miguel MansanoFilho, de São Jorge do Ivaí,sabe que como pequeno pro-dutor não pode depender so-mente na produção de soja.E olha que ele faz de tudo,para ter o máximo de segu-rança possível. Tem 8,4 al-queires e planta 7,3 alquei-res com a oleaginosa.

“Seguimos todas as reco-mendações técnicas, ado-tando alta tecnologia, fa-zemos seguro no inverno e noverão e há 10 anos planta-mos braquiária em consór-cio com o milho safrinha,mas o clima é sempre impre-visível. E da mesma formaque você pode ganhar com asoja, também pode perder eficar sem nenhuma rendapraticamente o ano todo”,afirma. A família produz umamédia de 130 a 150 sacasde soja por alqueire e de 240a 260 sacas de milho sa-frinha.

É em ano de clima complicadoque o pequeno produtor vê aimportância de diversificar asatividades na propriedade ebuscar todas as garantiaspossíveis para plantar commaior segurança, comentaMiguel.

Por 18 anos, a família teve umbarracão de criação de fran-gos de 600 metros quadrados,tirando 8 mil frangos a cada60 dias, em seis criadas noano. “Criei e formei meus fi-lhos – a mais velha em admi-nistração e o mais novo, oWelison, que é gerente na Co-camar de Assaí, em agrono-mia”, orgulha-se Miguel, quetem na esposa, Ilda, a grande

parceira em todas as ativida-des, ressaltando que ela en-cara trator, enxada ou o quefor necessário.

O produtor calcula: o queganhava em 600 metrosquadrados com o barracãode frango equivalia à rendade cinco alqueires de soja,além de que, tinha dinheiroentrando a cada 60 dias. Há

pouco tempo, entretanto, foipreciso dar uma parada coma criação de frango para re-formular todo o sistema.“Era tudo manual. Não es-tava dando conta mais”.Mas eles estão viabilizandoa construção de um barra-cão de 2.560 metros qua-drados para a criação de 45mil aves por ciclo, tudo au-tomatizado.

Miguel e Ilda,parceria em todas

as atividades

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Arelação de LucianoRodrigo Faglioni com oagronegócio, de formamais próxima, come-

çou meio tarde, aos 18 anos.Quando criança, já gostava deir para o campo. Mas, aos 12anos, mudou de São Jorge doIvaí, para Maringá, para estu-dar. A princípio, até pensou emcursar Medicina, mas, acabouse casando antes e mudou aopção para Administração.

Com muita coisa aconte-cendo ao mesmo tempo –casou, teve filho, começou acursar Administração, a tra-balhar com o pai Osmar Ri-beiro Faglioni na fazenda e setornou cooperado da Coca-mar – foi assim que Luciano,

aos 18 anos, descobriu suavocação: a agricultura.

Atualmente, com 38 anos,planta 100 alqueires em SãoJorge do Ivaí, produzindo umamédia de 135 sacas de soja poralqueire e 200 sacas de milhosafrinha, junto com o pai.Mesmo sendo jovem, cada vezmais tem assumido responsa-bilidades. Hoje ele, o pai e amãe, Leoni, conversam e jun-

tos decidem o que fazer.

CAPACITAÇÃO - Luciano co-meçou acompanhando o painos dias de campo, assem-bleias e palestras técnicaspara aprender tudo que podia.E conforme foi mostrandoserviço, o pai foi soltando asrédeas do negócio gradativa-mente. “Você tem que con-versar. Tem que estar pordentro de tudo e embasar de

forma técnica o que desejafazer”, diz.

Da mesma forma, sempre pro-curou se envolver com as ati-vidades da Cocamar, conhecera cooperativa “que é do produ-tor”, salienta. E fez curso deCertificação para ConselheiroCooperativista 2015/16. “Estoume preparando. Quando houvera necessidade e for o tempo,estarei disponível e capaci-tado. Estou aqui para somar,participar. Se não for assim,não tem porque estar numacooperativa.” Da mesma for-ma, acrescenta, se está plan-tando, tem que usar a melhortecnologia para obter o melhorresultado com o que está in-vestindo tempo e dinheiro.

EXEMPLO - Luciano e a es-posa Adriana possuem duasfilhas que já vêm buscandoenvolver com as atividades dafamília. Com 20 anos, Luana,a mais velha, fez opção porMedicina, mas tem ajudado opai na contabilidade da em-presa. Já Lara, com 17 anos,já fez uma escolha mais vol-tada para a atividade: Medi-cina Veterinária.

“Temos procurado envolver,passar o custo do dinheiro,para que aprendam a dar va-lor”, diz Luciano citando que oprodutor tem que preparar suasucessão. “Tem que envolvera família com a atividade, en-sinar como faz e a dar valor aoque tem”, acrescenta.

SUCESSÃO

Ensinar o que aprendeuLuciano foi preparado pelo pai para assumir o trabalhona propriedade, assim como agora faz com as filhas

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Os Faglioni plantam 100 alqueires em São Jorge do Ivaí

Independente da profissão queescolherem, terão que conhecertambém sobre o negócio da família.

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Nesta edição você vaiconhecer a históriada tradicional famíliaMaestro. Nascido em

Leme (SP), Antônio Maestro (jáfalecido) se mudou para Cam-bé, no norte Paraná, na décadade 30, junto com a esposa, fi-lhos e irmãos. Veio com o ob-jetivo de cultivar café e fazer opé de meia da família. Os cincolotes iniciais foram adquiridosjunto à Companhia Melhora-mentos Norte do Paraná(CMNP) com o dinheiro de umapropriedade vendida na Itália.Nessa região viveram por apro-ximadamente 20 anos.

Em 1953, mais uma vez a famí-lia pegaria a estrada. Dessavez, rumo Maringá, cidade queestava em formação, e ondeseo Antônio havia compradouma propriedade. “Como al-

guns familiares já estavammorando na região, optamospor nos mudarmos também. Acidade, na época, já despon-tava com grande promessa dedesenvolvimento”, revelou aesposa de Antonio, Rosa Man-tovam Maestro, 86 anos.“Antes da mudança meu ma-rido veio várias vezes para der-rubar o mato do lote”.

A primeira moradia foi estabe-lecida na Gleba Pinguim –nome dado pelos colonizado-res da CMNP por ser a regiãomais fria da cidade. “Ali fica-mos por pouco tempo. Logo afamília comprou outro sítio naestrada Bandeirantes, maispróximo da região central”,contou.

“Desmanchamos a casa cons-truída no Pinguim e a recons-

truímos aqui, onde existe atéhoje”, contou dona Rosa, quea vida inteira trabalhou naroça. “Fazia tudo o que umhomem fazia. Desde capinar,colher café, abanar, quebrarmilho, arrancar feijão, cortararroz. A vida era dura. Comomeu marido não gostava de va-rrer o café, este serviço ficavapor minha conta”.

Conforme os quatro filhos docasal foram crescendo o ser-viço foi sendo repartido. Umdeles, Ademir Maestro, 67anos, veio para Maringá comtrês anos. “Para chegar ao sítiotinha só uma estradinha commato dos dois lados e a escolaBandeirantes estava em cons-trução. Assim como a nossa,muitas propriedades estavamsendo abertas. Era só barulhode machado e árvore caindo”.

“A vida era sofrida, mas eramais gostosa”, citou Ademirrecordando-se da camarada-gem entre amigos e vizinhos.“Como não tínhamos trator otrabalho era todo manual. Ape-sar disso a produção era boapara a época e, tínhamosmenos pragas que hoje. Devidoà boa produtividade, quantasvezes tivemos de descartar fei-jão. Qualquer probleminha asempresas não queriam com-prar”.

FAMÌLIA DO CAMPO

Os Maestro,em Maringádesde 1953

Antônio veio com os irmãos primeiro para Cambé, na décadade 30; cerca de 20 anos depois, o destino seria outro

Maringádespontavacom grandepromessa dedesenvolvimento

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As principais dificuldades, se-gundo Ademir, estavam rela-cionadas à saúde. “Havia pou-cos médicos e quando tinha,não eram bons. O mesmoacontecia com dentistas. Aliás,era ainda mais complicadoachar um que trabalhava bem.Geralmente queriam extrair osdentes e colocar prótese”,disse.

“Gasolina também não tinha,assim como eletricidade. Lem-bro que meu pai compravaquerosene para abastecer aslamparinas. Os rádios eram

aqueles antigos tocados à ba-teria. Telefone? Só foi colocadona década de 1990, com o din-heiro de uma herança da minhamãe. Era muito caro”, afirmou.

Quem também se lembra dopassado é a produtora ruralÂngela Maria Maestro de Aze-vedo, 58 anos, irmã de Ademir.Assim como ele, ela sempretrabalhou no sítio ao lado dospais. “Começamos com café,arroz, feijão e depois soja emilho, cultura que plantamosaté hoje. Também temos umpedaço cultivado com ba-

nana”, contou, lembrando quea família já trabalhou com uva,mas diante das dificuldades demercado se viu obrigada aparar com a atividade. “Aquime casei tive três filhos e qua-tro netos. Tudo o que temosconstruímos em Maringá. Pranós, não existe lugar melhor”.

Ela lembrou que, nos primeirosanos de Maringá, não existiamtantas lojas como hoje. A

maioria das famílias compravafardos de tecido e costuravaem casa mesmo. “Geladeiratambém não tinha. Quandomatava boi, secava a carne emsacos atrás das portas”, afir-mou Ângela. Criavam boi, por-co, galinha, plantavam horta.

“Era uma fartura danada”,contou. Apesar do grande nú-mero de animais que sempreencontravam nas trilhas e ma-tas, inclusive as onças que ro-deavam as propriedades, “ca-çar a gente não caçava, maspescar era direto”.

Hoje, 64 anos depois de pisar pela primeira vez em Maringá, dona Rosa Maestro tem13 netos e 10 bisnetos – infelizmente o marido Antônio já é falecido. Boa parte da fa-mília ainda vive no sítio de oito alqueires, às margens da Estrada Bandeirantes, prati-camente dentro de Maringá. “A trajetória de nossa família está ligada a essa belacidade. Para a gente é um orgulho fazer parte dessa história”, finalizou Rosa.

Atendimento médico era um problema

O colaborador da Cocamar,Lourenço Gonçalves, maisconhecido como “Tio Louren-ço”, está na Cocamar, em Ma-ringá, desde 1972; semprepercorrendo as propriedadesrurais, visitando os coopera-dos, ajudando a difundir ocooperativismo. Uma das pri-meiras famílias atendidas porele foi a Maestro. E esse tra-balho continua até os dias dehoje. “Seo Antônio, o pai dosmeninos, foi uma das primei-ras pessoas que atendi. Eramuito responsável e correto”,comentou.

Assim como no caso dos“Maestro”, Tio Lourenço disseque visita famílias que jáestão na terceira geração coo-perando com a Cocamar.“Meu trabalho sempre foi

mostrar os benefícios propor-cionados pelo cooperativismo,seja para a aquisição dos pro-dutos, como para a comercia-lização da produção. Eu vejo acooperativa com admiração,pois ela é muito transparente,seria e honesta. Jamais fazdistinção entre os coopera-dos, atende todos de formaigual”, afirmou.

No começo, segundo tio Lou-renço, os agricultores tinhamum pouco de receio do coope-rativismo. “Tudo o que é novogera um pouco de descon-fiança não é mesmo? Com ocooperativismo não foi dife-rente. Mas aos poucos fomosmostrando as vantagens dosistema e os agricultores per-ceberam os benefícios”, fina-lizou.

Desde 1972 atendendoos “Maestro”

A família cresceu

Aqui me casei tive três filhose quatro netos. Tudo o quetemos construímos em Maringá.

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Marly Aires

Quando se chega à pro-priedade do coope-rado Dirceu Tezolin,em Maringá, espe-

cialmente na primavera, a sen-sação que se tem é de estarnum pequeno paraíso. A casa,rodeada de árvores, flores efolhagens chama a atençãopelo colorido e pela quantidadede orquídeas plantadas nochão, em vasos, penduradas eaté fixada nas árvores.

Dirceu, a esposa Cecília e afilha, Elisangela, comparti-lham do mesmo amor pelas

plantas, especialmente orquí-deas. Há seis anos, surgiu aoportunidade de fazerem umcurso de produção de mudasde orquídeas por semente e oque era um hobby, ganhou di-mensões de um negócio.

“Ainda estamos multipli-cando as matrizes, montandoas sementeiras e comprandovariedades diferentes. Quan-do tivermos um bom número,vamos começar a vender,tornando a atividade umaopção de diversificação derenda”, afirma Dirceu, queplanta 12 alqueires de soja emilho.

Com duas estufas de orquí-deas e um berçário, a famíliatem mais de três mil mudasde 300 variedades, sem con-

tar as fixadas nas árvores.Mas toda vez que encontramalguma variedade diferente,compram. Eles estão catalo-

gando tudo, para ter um con-trole melhor, para então co-meçar a planejar como tornaro hobby rentável.

Dirceu, com a filha Elisangela: parceria na produção de orquídeas

Um hobby que virou negócioDirceu, Cecília e Elisangela Tezolin compartilham do mesmoamor pelas plantas e do projeto de tornar o orquidário rentável

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ALMANAQUE

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GASTRONOMIA

Lasanha é o prato preferido da família e há trêsgerações vem sendo passado de mãe para filha

Oprazer à mesa nãose limita ao sabordo alimento: ele po-de nos deixar mais

felizes. Isso explica porque étão gostoso apreciar umamassa, por exemplo.

De família italiana, lasanha éa especialidade de GeizimaraBispo Brumatti, de Paraísodo Norte. Ela representa aterceira geração a incluir oprato como um dos preferi-dos em casa. O preparo foipassado da nona Aparecidapara a filha, Terezinha, mãede Geizi.

Ousada, a neta adaptou a re-ceita, tirou o presunto eacrescentou cenoura e abo-brinha ralados. Por isso, a la-sanha continua sendo à bo-lonhesa, mas modificada.

Em busca de realizar seussonhos, Geizi chegou morarna Espanha por algum tem-po. Lá, desfez o primeiro ca-samento e, ao retornar,reencontrou um amigo dostempos da escola: o agri-cultor Emerson RicardoBrumatti, produtor de soja emilho, com quem está ca-sada há dez anos. Dessa

união, nasceu, no ano pas-sado, Rafael.

INGREDIENTES

• 1 pacote de massade lasanha (1/2 kg)

• 1 kg de carne moídana hora (alcatra oucolchão mole)

• ½ kg de queijo(tipo mussarela)

• óleo Cocamar (duascolheres de sopa)

• 1 tomate picado• 1 cenoura média ralada• 1 abobrinha pequena

ralada

• 1 pacote de queijoparmesão ralado

• orégano a gosto• cebolinha • 3 dentes de alho• 1 pitada de colorau • sal a gosto

PREPARO

Para preparar o molho à bo-lonhesa, frite o alho, masnão deixe dourar muito.Acrescente o tomate, a ce-noura, a abobrinha e refoguetudo. Em seguida, acres-cente a carne moída, o colo-rau, o sal e continue refo-gando até que a carne estejabem cozida. Por fim, acres-cente cebolinha verde, oré-gano, desligue e reserve.

Em água fervente, cozinhe amassa com um fio de óleo euma pitada de sal até que es-teja ao dente e escorra.Monte a lasanha numa refra-tária começando por uma ca-mada de molho. Em seguida,a massa e o queijo mussa-rela ralado e vá fazendo ou-tras camadas iguais. Por fim,distribua o parmesão raladoe regue com um pouco deleite.

Os dois ingredientes vão daruma ótima aparência à la-sanha. Leve ao forno poraproximadamente 40 minu-tos. Uma salada verde vaimuito bem com esta receita.

Bom apetite!

Felicidade a cada mordida

Geizimara adaptou a receita da avó

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Em sua edição de in-verno, a CampanhaSolidária mobilizou noperíodo de 19 de abril

a 30 de maio, 95% da equipede colaboradores da Cocamarque, por meio de algumas es-tratégias, conseguiram dedi-car parte de seu tempo, tam-bém, à arrecadação de aga-salhos. O esforço resultou nototal de 44.344 peças, entrecobertores, roupas e calça-dos. A quantidade, com médiasuperior a mil unidades/dia,surpreendeu os organizado-res, superando as obtidas nosúltimos anos.

Para estimular a arrecadação,colaboradores de todas asáreas da administração cen-tral em Maringá e das unida-

des operacionais, espalhadaspelos estados do Paraná, SãoPaulo e Mato Grosso do Sul,foram divididos em três equi-pes, identificadas pelas coresazul, amarelo e vermelho. A

que obteve o maior volumeconquistou o direito de ficarcom 100 cobertores para doara uma entidade à sua escolha.

MOBILIZAÇÃO - No final damanhã de terça-feira (30),durante o encerramento dacampanha na AssociaçãoCocamar em Maringá, ovice-presidente da coopera-tiva, José Cícero Aderaldo,destacou a importância damobilização, que visa aten-der a um público menos fa-vorecido.

Ao discorrer sobre o desen-volvimento da campanha, acoordenadora de Marcas, Co-municação, Social e Eventos,Denise Rosa da Silva, ressal-tou e agradeceu o empenhode todos, lembrando que acooperação é a essência daempresa e fazendo especialmenção ao exemplo da uni-dade de Iepê (SP), cidade quecontribuiu com mais de 11,6mil peças.

DIFERENCIAIS - De acordo comDenise, um dos diferenciais da

campanha, neste ano, foi amultiplicação de locais dearrecadação, com caixas sen-do espalhadas não apenaspelos setores da cooperativa,mas também por edifícios eestabelecimentos comerciaisnas cidades. Observou-se, ain-da, segundo ela, a doação demuitos agasalhos novos ou embom estado, prontos para se-rem utilizados. “O que conse-guimos daria, por exemplo,para atender a soma da popu-lação das cidades de Marialvae Mandaguari”, frisou.

GENEROSIDADE

Iniciativa mobilizou 95% do quadro de colaboradores na administração central e unidades operacionais

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Resultado surpreendeu os organizadores, superando as médias obtidas nos últimos anos

Campanha Solidária arrecadamais de 44 mil agasalhos

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Antes pescar no sol atrabalhar na som-bra. O ditado é po-pular, mas tem tudo

a ver pra quem gosta de pes-car não é mesmo? Aindamais se o peixe a ser fisgadofor o robusto e brigadorpiauçu, que pode passar fa-cilmente dos 80 centímetrose 10 quilos. Natural da “ba-cia do prata” é um peixe deescamas que também é en-

contrado em vários esta-dos brasileiros, incluindo oParaná, São Paulo, MatoGrosso e Mato Grosso doSul.

De corpo alongado, o pa-rente da piapara possui co-loração cinza escuro, pu-xando para o esverdeado. Jáo dorso difere por ser ama-relo. De aparência impo-nente, tem dentes fortes que

o ajudam a quebrar molus-cos e crustáceos – por sinal,a presa favorita é o caran-guejo. Diferente de algumasoutras, esta espécie cos-tuma frequentar as margensdos rios, bocas de lagoas,remansos, geralmente pró-ximo a galhadas. Quandofisgados a arrancada é vio-lenta, inclusive é muitocomum arrebentarem linhasde espessura 0,40mm.

Os outros equipamentos in-dicados são: varas de açãomédia (1,8 a 2,1 metros),carretilhas que comportemmais de 100 metros de linha,anzol 1/0 - 2/0 ou 10 a 16 sefor maruseigo. O chumbotambém se faz necessário,porém deve ser o mais levepossível e ficar solto nalinha. Use pequenos empa-tes de aço para que os pei-xes não cortem a linha. E vá

para o rio sabendo de umacoisa: você não vai encon-trar moleza. O piauçu não seentrega facilmente.

ISCAS – Além do caramujo,os piauçus também apre-ciam pequenos peixes de es-camas, massas, soja, milhoou coração de boi ou frangoem tirinhas. Ceva com milhoseco ou verde ajuda bas-tante para atrair os peixes.

Como capturar os robustos piauçus Eles possuem dentes fortes e adoram caranguejo; diferentesde outros peixes estão mais próximos à margem do rio

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PESCARIA

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Abater animais é proi-bido por lei, principal-mente àqueles amea-çados de extinção. As

penas para quem desobedecea lei são duríssimas, inclusiveem alguns casos com a prisãosem direito a fiança. Apesardisso, a caça de uma espécieexótica, o Javali Asselvajado(Sus scrofa) ou javaporco (cru-zamento com porco) é liberadopor lei, com restrições. Quemtem propriedade rural sabemuito bem os prejuízos causa-dos por eles, uma vez que an-dam em bandos de até 100exemplares.

Primeiramente os javalis fo-ram trazidos da Europa, Ásiae Norte da África para a Ar-gentina [província de Lapampa em 1904] e entraram

no Brasil pelo Rio Grande doSul, isso na década de 60 –para produção de carne. Esteanimal é considerado pelaUnião Internacional de Con-servação a Natureza (UICN)como uma das cem pioresespécies exóticas invasoras,inclusive com a caça liberadana França, país de origem,Estados Unidos, Austráliaonde também é exótico e, emoutras localidades para ondefoi exportado.

Isso porque tem grande faci-lidade de adaptação, semcontar que é uma espécieagressiva, de reproduçãodescontrolada e que não teminimigos naturais a altura.Em razão do aumento popu-lacional destes animais eameaça ao ecossistema o

Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Na-turais Renováveis (Ibama)autorizou o controle popula-cional conforme a instruçãonormativa Nº 03/2013. Os ja-valis e cruzas estão presen-tes em 15 estados brasileirosa contar Paraná, São Paulo e

Mato Grosso do Sul. Eles ge-ralmente vivem em matas ecapoeiras próximos a rios ecórregos, causando gran-des estragos nas planta-ções que margeiam estes lo-cais.

Mas para realizar o controle

é preciso seguir algumasnormas. Ele pode ser feitotanto com armas de fogo,como armadilhas.

Primeiramente é necessárioentrar no site do Ibama e se-guir as orientações do pas-so-a-passo:

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Estes animais são considerados pela União Internacional de Conservaçãoa Natureza (UICN) uma das cem piores espécies exóticas invasoras

Controle dos javalis é permitido com restrições

1 – Inscrição no Castro Técnico Federal (CTC), na atividade 20-28;

2 – Certificado de regularidade do CTC em dia;

3 – Registro, no Exército, das armas que serão utilizadas no abate;

4 – Declaração do manejo de espécies exóticas em duas vias

(não é necessária caso o responsável pelo controle seja o dono

a área em que será realizado o abate);

5 – Certificado de regularidade e formulário de declaração em

mãos durante as atividades de controle de javali;

6 – Relatório de manejo de espécies exóticas, que deve ser protocolado

em qualquer unidade do IBAMA a cada três meses.

Podem medir até 1,3 metro e pesar 80 kg. O adulto possuigrandes presas e pelos pretos. Já os jovens possuem listraslongitudinais marrom avermelhadas com preto. Os javaliscruzados com porcos domésticos podem pesar até 250 qui-los. Eles provocam a morte de diversas espécies nativas daflora e fauna, uma vez que são predadores vorazes de ovose filhotes de outras espécies. Isso sem contar que aceleramo processo erosivo e o aumento do assoreamento dos rios.

E eles não representam perigo apenas para os pequenosanimais. Ao avistar uma manada tome muito cuidado, poiseles são extremamente territoriais e agressivos, sem contarque atacam em bando.

JAVALIS

EXÓTICOS

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