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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção
Alexandre de Freitas Côrtes
SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DO SETOR SUPERMERCADISTA
Florianópolis 2006
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Alexandre de Freitas Côrtes
SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DO SETOR SUPERMERCADISTA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.
Florianópolis 2006
Alexandre de Freitas Côrtes
SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DO SETOR SUPERMERCADISTA
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Produção no
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 13 de dezembro de 2006
Prof. Antônio Sérgio Coelho, Dr.
Coordenador do Programa
Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Orientador
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Emilio Araújo Menezes, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Jovane Medina Azevedo, Dr.
Universidade do Estado de Santa Catarina
Prof. Mônica Maria Mendes Luna, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Dedico este trabalho à minha mãe,
Solange, sempre presente,
que mesmo nas dificuldades
nunca mediu esforços para que
eu chegasse aonde estou hoje.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, meu irmão, minha tia Jaque, minha avó Necy e demais familiares e
amigos, pelo apoio e incentivo na minha vida.
Ao meu pai, Dupuy Antônio Côrtes (in memoriam), meu amigo, pessoa
maravilhosa, que, mesmo tendo partido tão cedo, contribuiu muito para o meu
caráter.
Ao meu orientador, o Professor Carlos Manuel Taboada Rodriguez, pelos
ensinamentos, pela paciência e pela compreensão durante o desenvolvimento
deste trabalho.
Ao meu tio, Professor Dante Girardi, pelos incentivos e pelos bons conselhos nas
horas difíceis.
Ao grande amigo Israel Samuel Grüdtner, pelo compartilhamento de sua
experiência, pela humildade e pela força na realização deste trabalho.
Ao amigo Dimas Rocha, pelas horas de boa conversa e pelo apoio prestado
sempre que precisei.
Aos professores que compõem a banca, por aceitarem o convite para analisar
esta dissertação.
Aos professores e colegas da Universidade Federal de Santa Catarina e do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção que contribuíram para
a realização deste trabalho.
RESUMO
CÔRTES, Alexandre de F. Sistema de indicadores de desempenho logístico de um centro de distribuição do setor supermercadista. 2006. 136 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. Esta pesquisa trata da elaboração de um sistema de indicadores de desempenho logístico, composto de indicadores que possam ser medidos e quantificados de maneira clara e objetiva, e da sua aplicação no centro de distribuição de uma empresa do setor supermercadista, utilizando como meio de análise os processos logísticos fundamentais que compõem a sua operação – recebimento, armazenagem, movimentação, expedição, estoques e transporte – e os elementos que contribuem para a obtenção de vantagem competitiva – custo, produtividade, qualidade e tempo. Na busca pelo aumento da eficiência operacional, a concentração das operações por centros de distribuição de produtos de alto giro, como os de supermercados, é uma nova realidade nacional e mundial. A logística garante ganhos de escala e economia nos custos do frete do fornecedor, que entrega a mercadoria em um único local, além de viabilizar de forma competitiva o seu fluxo até os seus diversos grau de capilaridade. Apesar dos expressivos investimentos que as empresas vêm fazendo para capacitar sua área logística e para enfrentar os desafios competitivos, a destinação de muitos recursos para o desenvolvimento de atividades logísticas não significa, necessariamente, a obtenção de vantagens competitivas; estas são alcançadas quando o uso dos recursos disponíveis possibilita às empresas oferecer serviços superiores aos seus clientes. Nesse contexto, um sistema de indicadores de desempenho adequado ao centro de distribuição torna-se ferramenta essencial ao processo de gestão desse centro, sendo a única forma de verificar se as operações logísticas estão atingindo as metas de serviços desejadas. Considera-se que os objetivos da aplicação do sistema de indicadores aqui proposto foram atingidos, tendo sido obtidos resultados positivos com tal aplicação. Palavras-chave: Logística. Sistema de indicadores de desempenho. Centro de
distribuição.
ABSTRACT
CÔRTES, Alexandre de F. Sistema de indicadores de desempenho logístico de um centro de distribuição do setor supermercadista. 2006. 136 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. This research approaches the elaboration of an indicators system of logistic performance, composed by indicators that can be measured and quantified in a clear and objective manner, and its application in the distribution center of a company in the supermarket sector, using as the main tool of analysis the fundamental logistic processes that compose its operation: receiving, storage, movement, expediting, stocks, transport, and the elements that contribute to the attainment of a competitive advantage: cost, productivity, quality and time. In the search for the increase of operational efficiency, the concentration of operations by distribution centers of high turn products, likes the ones of supermarkets, is a new national and world reality. The logistic guarantees profits in scale and economy in the transportations costs of the supplier, who delivers the merchandise to a single location, besides competitively making possible its flow up to its diverse levels of capillarity. Despite the expressive investments that companies have been making in order to capacitate its logistic area and to face the competitive challenges, these are successful when the use of available resources offers the possibilities to the companies to offer superior services to their clients. Within this context, a system of indicators of performance adequate to the center of distribution becomes an essential tool to the management process of the company; being the only way to verify it the logistic operations are reaching the desired goals of service. It is considered that the application objectives of the system of indicators proposed here were reached, with positive results obtained with such application. Key-words: Logistics, System of indicators performance, Distribution center.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Elementos básicos da logística.................................................. 24
FIGURA 2 – Estrutura logística sem o CD...................................................... 45
FIGURA 3 – Estrutura logística com o CD...................................................... 45
FIGURA 4 – Esquematização das medidas de desempenho baseadas em atividades e processos.........................................................
54
FIGURA 5 – Representação esquemática do processo de controle Logístico.......................................................................................
59
FIGURA 6 – Processo de auditoria do serviço logístico............................... 63
FIGURA 7 – Matriz de indicadores de desempenho...................................... 69
FIGURA 8 – Modelo Word Class Logistics..................................................... 72
FIGURA 9 – Exemplos de indicadores de serviço ao cliente....................... 73
FIGURA 10 – Exemplos de indicadores de custo.......................................... 74
FIGURA 11 – Exemplos de indicadores de produtividade............................ 74
FIGURA 12 – Exemplos de indicadores de gerenciamento de ativos......... 75
FIGURA 13 – Fluxograma do processo de avaliação de desempenho....... 81
FIGURA 14 – Layout típico de um centro de distribuição............................ 95
FIGURA 15 – Projeto típico da área de armazenagem de depósito............. 96
FIGURA 16 – Modelo de estrutura organizacional básica de um CD.......... 96
FIGURA 17 – Principais atividades de um CD............................................... 98 FIGURA 18 – Matriz adaptada para o centro de distribuição de empresas do setor supermercadista.........................................................
104
FIGURA 19 – Total de indicadores propostos para cada processo e categoria.....................................................................................
105
FIGURA 20 – Matriz com os indicadores escolhidos.................................... 118
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – O mais importante desafio logístico dos negócios atualmente.....................................................................................
89
GRÁFICO 2 – Custos da atividade de armazenagem em relação ao faturamento...................................................................................
89
GRÁFICO 3 – Tempo médio da doca para o estoque....................................... 90
GRÁFICO 4 – Quantidade média de linhas de pedidos separadas por hora no CD.............................................................................................
90
GRÁFICO 5 – Volumes separados por hora/pessoa......................................... 91
GRÁFICO 6 – Índice de erros de separação...................................................... 91
GRÁFICO 7 – Tempo para separar pedidos urgentes (em horas)................... 91
GRÁFICO 8 – Acuracidade do inventário.......................................................... 92
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Resumo dos fatores do ECR nas organizações........................ 42
QUADRO 2 – Indicadores relacionados à reposição eficiente de produtos.. 79
QUADRO 3 – Resumo das características dos modelos de avaliação de desempenho logístico pesquisados..........................................
83
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – O setor supermercadista brasileiro............................................. 37
TABELA 2 – Síntese dos resultados 2005........................................................ 37
TABELA 3 – Ranking ABRAS 2006.................................................................... 38
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores
ABIA – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação
ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados
APAS – Associação Paulista de Supermercados
APICS – American Production and Inventory Control
BSC – Balanced Scorecard
CD – Centro de Distribuição
CLM – Council of Logistics Management
CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals
ECR – Efficient Consumer Response
EDI – Electronic Data Interchange
KPI – Key Performance Indicators
RFDC – Radio Frequency Data Collection
RFID – Radio Frequency Identification
SCM – Supply Chain Management
SKU – Stock Keeping Unit
TMS – Transportation Management System
WMS – Warehouse Management System
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................................15 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................17 1.2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................17 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................................17 1.3 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................................18 1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO...............................................................................................19 1.5 METODOLOGIA..............................................................................................................20 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ..........................................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................22
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA LOGÍSTICA ...........................................................................22 2.1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LOGÍSTICA..........................................................................25 2.1.2 ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS ...........................................................................................27 2.1.3 O SERVIÇO AO CLIENTE................................................................................................29 2.1.4 DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ..................................................................................................31 2.2 O SETOR SUPERMERCADISTA.......................................................................................33 2.3 O SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO..................................................................34 2.3.1 HISTÓRICO...................................................................................................................35 2.3.2 PANORAMA ATUAL ......................................................................................................36 2.4 O MOVIMENTO ECR BRASIL .......................................................................................39 2.5 O CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO .......................................................................................43 2.6 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ......................................................................................48 2.7 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LOGÍSTICO...................................................................51 2.8 INDICADORES DE DESEMPENHO ...................................................................................53 2.8.1 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO BOWERSOX E CLOSS ..................................53 2.8.2 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO BALLOU .....................................................57 2.8.3 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO CHRISTOPHER.............................................61 2.8.4 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO KAPLAN E NORTON ....................................65 2.8.5 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO REY............................................................67 2.8.6 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO HIJJAR, GERVÁSIO E FIGUEIREDO...............71 2.8.6.1 A mensuração de desempenho nas empresas de classe mundial.............................72 2.8.7 INDICADORES DE DESEMPENHO SEGUNDO A ASSOCIAÇÃO ECR BRASIL......................76 2.9 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO...........................................................81 2.10 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...........................................................................................82 2.11 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LOGÍSTICO DE UM CD SUPERMERCADISTA .............85
3 PROPOSTA DE UM SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO .........................................................................................................................94
3.1 ESTRUTURA E ATIVIDADES DO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ........................................94 3.1.1 A ESTRUTURA DE UM CD ............................................................................................94
14
3.1.2 AS ATIVIDADES DE UM CD ..........................................................................................98 3.2 DEFINIÇÃO DO SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO ................100 3.3 DEFINIÇÃO DOS PROCESSOS LOGÍSTICOS PARA O SISTEMA......................................102 3.4 ADAPTAÇÃO DA MATRIZ DE INDICADORES DE REY ..................................................103 3.5 PROPOSIÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO....................................................105 3.5.1 O PROCESSO DE RECEBIMENTO .................................................................................106 3.5.2 O PROCESSO DE ARMAZENAGEM...............................................................................107 3.5.3 O PROCESSO DE MOVIMENTAÇÃO .............................................................................109 3.5.4 O PROCESSO DE EXPEDIÇÃO......................................................................................110 3.5.5 O PROCESSO DE GESTÃO DOS ESTOQUES...................................................................112 3.5.6 O PROCESSO DE TRANSPORTE ...................................................................................114 3.5.7 INDICADORES GERAIS DO CD.....................................................................................115
4 APLICAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO ...............................................................117
4.1 DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ..........................................................................117 4.2 MATRIZ COM OS INDICADORES ESCOLHIDOS ............................................................117 4.2.1 O PROCESSO DE RECEBIMENTO .................................................................................119 4.2.2 O PROCESSO DE ARMAZENAGEM...............................................................................119 4.2.3 O PROCESSO DE MOVIMENTAÇÃO .............................................................................120 4.2.4 O PROCESSO DE EXPEDIÇÃO......................................................................................120 4.2.5 O PROCESSO DE GESTÃO DOS ESTOQUES...................................................................121 4.2.6 O PROCESSO DE TRANSPORTE ...................................................................................121 4.2.7 INDICADORES GERAIS DO CD....................................................................................122 4.3 APLICAÇÃO DO SISTEMA ............................................................................................122 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS.....................................................................129
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................131
5.1 CONCLUSÕES...............................................................................................................131 5.2 RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................133
REFERÊNCIAS..................................................................................................................134
15
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, inicialmente, é apresentado o contexto no qual está inserida
esta pesquisa. A seguir, são exibidos os objetivos, a justificativa, as limitações, a
metodologia e, por último, a estrutura deste trabalho, em que são listados os
capítulos que o constituem.
1.1 Contextualização
No atual mundo globalizado, de acirrada concorrência e freqüentes
mudanças, as organizações buscam cada vez mais estabelecer diferenciais
estratégicos em todas as etapas de seus processos para manterem-se no mercado,
sempre com enfoque no consumidor final.
Neste novo cenário, a logística tem apresentado uma evolução constante,
sendo hoje um dos elementos-chave na estratégia competitiva das organizações e
o ponto nevrálgico da cadeia produtiva integrada, atuando em estreita consonância
com o moderno conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (SCM)
(NOVAES, 2001).
Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 20), a logística é, em geral,
responsável por parcelas consideráveis do custo final do produto, sendo superada
apenas pelos materiais consumidos na produção ou pelo custo dos produtos
vendidos no atacado ou no varejo, o que a torna vital para o sucesso dos negócios.
Além da busca na redução nos custos globais, a logística pode proporcionar
grandes ganhos de competitividade, atuando sobre estoques, transporte, uso da
informação, serviços complementares associados ao marketing, redução no lead
time, entre outros fatores, e, conseqüentemente, agregando valor para o
consumidor final.
Dentro desse novo contexto em que a logística assume cada vez mais o
centro dos negócios, as empresas do setor supermercadista, incluindo o varejo,
precisam se concentrar nela para conseguirem ser mais competitivas e, assim,
atender melhor os seus clientes. Elas necessitam também: reduzir custos; diminuir
16
perdas (mercadorias avariadas, controle de validade, furtos, etc.); promover a
fidelização do cliente; e controlar da melhor forma possível seus estoques
(centralizando-os em centros de distribuição, mantendo níveis adequados de oferta
de produtos para que não faltem ao consumidor final e, ao mesmo tempo,
reduzindo os níveis de estoques em toda a cadeia). Para isso, é preciso se
modernizar e investir em novas tecnologias, adotando formas de trabalho que
mantenham ou aumentem a competitividade.
A logística de distribuição é uma das ferramentas que provêem a
disponibilidade de produtos onde e quando são necessários, coordenando fluxos de
mercadorias e de informações de milhares de pontos-de-venda dos mais variados
bens e serviços.
A estruturação do gerenciamento logístico deve se voltar para a questão
central da distribuição dos produtos, dentro de critérios que melhorem o uso das
instalações, atentando para que não haja interrupção no fornecimento e para que o
serviço para o cliente represente um apoio ao seu negócio.
Nesse momento entram em cena os centros de distribuição (CDs),
instrumentos que podem viabilizar de forma competitiva o fluxo de mercadorias
vindas dos fabricantes, até os seus diversos graus de capilaridade distributiva. Os
CDs de posicionamento avançado, principalmente para a entrega de bens de
consumo mais imediato, constituem pontos de apoio ao rápido atendimento às
necessidades dos clientes de área geográfica distante dos centros de produção.
Esse mecanismo permite atender adequadamente aos pontos-de-venda dos
supermercadistas, os quais têm uma demanda firme e constante, com rápido giro
de seus produtos, normalmente de alta perecibilidade e com pequeno tempo de
comercialização.
Portanto, é de extrema importância que os supermercadistas saibam avaliar
esse elo da cadeia e saibam o quanto o centro de distribuição representa nos seus
custos, na sua qualidade, e no seu nível de serviço, dentro da cadeia de
suprimentos. A avaliação e o controle do desempenho logístico do CD tornam-se
fundamentais para situar a organização dentro da rede logística.
Para Bowersox e Closs (2001, p. 560), avaliar e controlar o desempenho
são duas tarefas necessárias para destinar e monitorar recursos. À medida que a
competência logística se torna um fator mais crítico na criação e na manutenção de
17
vantagem competitiva, a precisão nessas tarefas torna-se mais importante, pois a
diferença entre operações rentáveis e não rentáveis torna-se cada vez menor.
Apesar da existência de estudos e propostas sobre a avaliação do
desempenho logístico, verifica-se que a maior parte deles aborda o tema sob a
ótica de organizações do setor industrial, havendo poucos trabalhos desenvolvidos
junto ao setor supermercadista – neste caso específico, sobre os CDs –, o que
estimula o desenvolvimento de pesquisas nesta área.
Este trabalho visa à elaboração de um sistema de indicadores de
desempenho logístico de um centro de distribuição supermercadista, composto de
indicadores que possam ser medidos (quantificados) de maneira clara e objetiva,
para servir como ferramenta de apoio no monitoramento do desempenho da
operação logística dessa organização.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Estruturar e implementar um sistema de indicadores de desempenho
logístico em um centro de distribuição do setor supermercadista.
1.2.2 Objetivos específicos
pesquisar sobre indicadores e avaliação de desempenho logístico em livros,
teses, dissertações, artigos e estudos de caso disponíveis;
identificar as principais peculiaridades e processos logísticos que constituem
um centro de distribuição do setor supermercadista;
definir os processos logísticos pertinentes para um centro de distribuição e
os indicadores, para medir o desempenho de cada um deles nas principais
atividades e processos do centro de distribuição;
18
aplicar o sistema de indicadores proposto em um centro de distribuição de
uma empresa do setor supermercadista; e
Apresentar os resultados obtidos com a aplicação do sistema.
1.3 Justificativa
Atualmente, as empresas do setor supermercadista – e de outros setores em
geral – estão inseridas em um ambiente altamente competitivo, sendo cada vez
mais difícil permanecer ou se expandir no mercado. Em função disso, é necessário
encontrar formas de desenvolver e melhorar o nível de todos os processos,
estabelecendo um método de planejamento estratégico, sempre satisfazendo o
foco principal. Dentro da logística empresarial, uma vantagem competitiva é a
avaliação do desempenho de sistemas logísticos.
De acordo com Sink e Tuttle (1993), a essência do gerenciamento é que não
se pode gerenciar aquilo que não pode ser medido. Deve-se medir para melhorar,
para fornecer à equipe gerencial novas percepções da performance atual do
sistema: por que ele está tendo determinado desempenho, como pode ser
melhorado e se ele está ou não sob controle.
Então, a mensuração e a avaliação do desempenho logístico são tarefas
importantes para o ambiente organizacional das empresas, pois fornecem
resultados do que está ocorrendo na realidade e mostram quais são os problemas
e onde estão localizados. A partir disso, deve-se estudar para saber como melhorar
o desempenho logístico.
Rey (1999) comenta que, normalmente, a intuição não funciona no momento
de tomar decisões em logística. Para a autora, deve-se ter em mãos um conjunto
de indicadores que demonstrem quantitativamente o impacto das iniciativas na
melhoria dos indicadores em âmbito global, sendo essa a única maneira de
implementar e de justificar corretamente uma estratégia ou diferentes iniciativas em
logística.
19
Nesse aspecto surge o problema da falta de indicadores que sirvam como
padrões de referência para as organizações do setor. Por não saberem qual o
desempenho correto, as empresas desistem de medir os seus processos para a
busca de melhoria contínua.
Dentro desse contexto, o centro de distribuição, como um importante elo
dentro da cadeia do setor supermercadista, sofre pela falta de indicadores de
desempenho, para poder medir e melhorar o seu desempenho operacional
(eficiência e eficácia).
Como o CD faz parte de uma cadeia integrada, avaliar o desempenho de
suas funções dentro dessa cadeia é importante para o crescimento de todos os
envolvidos, podendo-se obter maior vantagem competitiva junto aos seus
concorrentes.
1.4 Limitações do estudo O principal fator limitante desta pesquisa é o número reduzido de trabalhos
publicados a respeito da medição e da avaliação de desempenho logístico voltado
para centros de distribuição, seja do setor supermercadista ou de outro setor.
Assim, são raros os dados disponíveis para posterior comparação entre os
resultados obtidos na aplicação de modelos de avaliação de desempenho e
números referentes ao desempenho logístico de centros de distribuição.
Outro fator limitante refere-se à operação dos CDs, que é bastante
complexa, sendo dividida em vários processos (agendamento, recebimento,
movimentação, armazenagem, expedição, entre outros), e cada um desses
processos é subdividido em vários subprocessos (conferência de nota, descarga,
conferência de mercadoria, carregamento, entre outros).
Portanto, torna-se necessário restringir o número de indicadores de
desempenho, utilizando os indicadores-chave nos processos e subprocessos
considerados os mais importantes para a operação dos CDs, para que a aplicação
do sistema com os indicadores não se torne demasiadamente extensa, de difícil
aplicação e mensuração.
20
1.5 Metodologia
Quanto à natureza desta pesquisa, ela é classificada como pesquisa
aplicada, pois, segundo Silva e Menezes (2005, p. 20), tem como objetivo gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos,
como os definidos na seção 1.2 Objetivos.
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, esta pesquisa pode
ser classificada como pesquisa tanto quantitativa quanto qualitativa: quantitativa,
pois objetiva traduzir em números informações para classificá-las e analisá-las,
visando identificar virtudes e fraquezas nos processos logísticos da empresa em
análise; qualitativa, pois parte da adaptação de modelos de avaliação de
desempenho já existentes para aplicação específica em um centro de distribuição
do setor supermercadista, ou seja, busca bases literárias para desenvolver o
sistema de avaliação de desempenho.
Com relação aos seus objetivos, esta pesquisa pode ser classificada como
exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema para torná-
lo explícito, partindo de um levantamento bibliográfico, passando pela elaboração
de um sistema e sua posterior aplicação em um CD.
Quanto aos procedimentos técnicos, este trabalho pode ser classificado
como pesquisa bibliográfica, pois é elaborado a partir de material já publicado em
livros, teses, dissertações, artigos e estudos de caso.
1.6 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho foi elaborado de forma que a avaliação de desempenho
seguisse criteriosamente um modelo previamente desenvolvido, fruto da
adequação de um já existente, fazendo com que os resultados pudessem ter a
credibilidade esperada para, além de ser utilizados pela empresa, inclusive, servir
posteriormente como valores de referência para estudos similares baseados na
mesma metodologia.
Tendo descrito os objetivos, a justificativa e as limitações deste trabalho,
iniciou-se uma pesquisa bibliográfica mediante levantamento de materiais
relevantes e bancos de dados disponíveis, tratando de conhecer as metodologias
existentes para a avaliação de desempenho logístico.
21
Depois de realizada a revisão bibliográfica, optou-se por trabalhar com o
modelo desenvolvido por Rey (1999). Com base nesse modelo inicialmente
desenvolvido para atividades industriais, o sistema foi elaborado com o intuito de
ser aplicado a empresas não industriais, como é o caso da empresa escolhida
nesta pesquisa, que vem a ser o centro de distribuição de uma empresa do setor
supermercadista. Os processos anteriormente propostos no modelo original de Rey
(1999), focado em atividades industriais, eram referentes ao serviço ao cliente,
planejamento e administração de materiais, suprimentos, transporte e distribuição,
e armazenagem, tendo esses processos tornando-se, no sistema elaborado, as
principais atividades que compõem um CD, ou seja: recebimento, armazenagem, estoques, movimentação, expedição, transportes, etc.
Esse sistema visa auxiliar na criação de indicadores de desempenho com
base em uma estrutura matricial onde figuram, de um lado, os processos básicos
do centro de distribuição (no caso, as atividades por ele desenvolvidas) e, do outro,
os quatro atributos básicos propostos pela Professora Maria Rey, ou seja, custos, produtividade, qualidade (nível de serviço) e tempo.
Esta dissertação está organizada nos seguintes capítulos:
• Capítulo 1: é o presente capítulo, em que são apresentados a
contextualização, os objetivos, a justificativa, as limitações, a metodologia e
a estrutura deste trabalho;
• Capítulo 2: nesse capítulo é apresentada a fundamentação teórica sobre
logística, competitividade, setor supermercadista, centro de distribuição,
avaliação de desempenho, avaliação do desempenho logístico, assim como
as abordagens de alguns autores sobre indicadores de desempenho
logístico utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho;
• Capítulo 3: apresenta a proposição do sistema de indicadores de
desempenho logístico para um centro de distribuição, juntamente com a
escolha dos indicadores e as adaptações feitas no sistema para a sua
utilização;
• Capítulo 4: apresenta a aplicação do sistema de indicadores de desempenho
logístico, juntamente com os resultados obtidos; e
• Capítulo 5: apresenta as conclusões deste trabalho e as recomendações
para trabalhos futuros.
22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, inicialmente, é apresentada a fundamentação teórica sobre
logística, com sua contextualização, evolução histórica, estratégias, serviço ao
cliente e distribuição física. A seguir aborda-se o setor supermercadista brasileiro,
com seu histórico e panorama atual, e o Movimento ECR Brasil. Depois se
abordam o centro de distribuição, os conceitos de avaliação de desempenho, a
avaliação de desempenho logístico, as abordagens de alguns autores para
indicadores de desempenho, as considerações gerais e, por último, as
considerações sobre a avaliação de desempenho logístico de um centro de
distribuição (CD) supermercadista.
2.1 Contextualização da Logística
Na literatura é possível encontrar conceitos e definições sobre o que é
logística, segundo a visão de diferentes autores. Essas definições vêm sofrendo
alterações ao longo dos anos, expandindo suas fronteiras e englobando todas as
formas de movimento de produtos e informações.
A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor
nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores,
através de planejamento, organização e controle efetivo para as atividades de
movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A logística
é um assunto vital. É fato econômico que tanto os recursos quanto os seus
consumidores estão espalhados numa ampla área geográfica. Além disso, os
consumidores não residem – se é que alguma vez o fizeram – próximos donde os
bens ou produtos estão localizados. Esse é o problema enfrentado pela logística:
diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de modo que os consumidores
tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na configuração que
desejarem (BALLOU, 2001).
O conceito de logística, segundo Christopher (1997, p. 2), é o processo de
gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de
materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas)
23
através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as
lucratividades presente e futura por meio do atendimento dos pedidos a baixo
custo.
Na definição anterior fica evidente a preocupação estratégica da área de
logística com a organização, atribuindo-lhe responsabilidades dentro de um
processo integrado, baseado no gerenciamento adequado e racional de todos os
recursos envolvidos nas atividades da empresa.
Atualmente verifica-se que o conceito de logística consiste, basicamente,
na coordenação de todas as atividades relacionadas à aquisição, movimentação
e estocagem de materiais considerando os fluxos físico, informacional e
financeiro desde o fornecimento de matéria-prima até a venda (e pós-venda) do
produto ou serviço ao consumidor final.
O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) (2006)
define a logística como:
O gerenciamento da logística é a parte do gerenciamento da cadeia de abastecimento que planeja, implementa e controla de maneira eficiente e eficaz o fluxo direto e reverso e a armazenagem de produtos, serviços e informação associados, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.
Dessa forma, segundo Ballou (2001, p. 21), toda a responsabilidade pelas
atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos
desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, é
atribuída à logística, assim como os fluxos de informações que colocam os
produtos em movimento, com o propósito de obter níveis de serviço adequados
aos clientes a um custo razoável.
A Figura 1 apresenta um quadro sinóptico contendo os principais
elementos conceituais da logística. A logística começa pelo planejamento do
projeto ou do processo a ser implementado. Uma vez implementado, passa-se à
fase de operação. Após essa etapa, devido à complexidade dos problemas
logísticos e à sua natureza dinâmica, o fluxo de produtos, serviços e informação,
ou seja, todo o sistema logístico precisa ser constantemente avaliado, monitorado
e controlado.
24
Todas essas etapas do processo logístico podem ser enfocadas com um
objetivo fundamental: satisfazer as necessidades e preferências dos
consumidores finais. Assim, segundo Novaes (2001, p. 37), a moderna logística
procura incorporar:
a) prazos previamente acertados e cumpridos integralmente, ao longo de
toda a cadeia de suprimentos;
b) integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa;
c) busca da otimização global, envolvendo a racionalização dos processos e
a redução de custos em toda a cadeia de suprimentos; e
d) satisfação plena do cliente, mantendo o nível do serviço preestabelecido e
adequado.
Figura 1 – Elementos básicos da logística Fonte: Council of Supply Chain Management Professionals (2006)
De acordo com Rocha (2006), todas as definições demonstram clara
preocupação em apresentar a área de logística como um componente
imprescindível nas operações empresariais, sejam elas relativas aos fluxos de
PLANEJAR IMPLEMENTAR CONTROLAR
ORIGEM CONSUMO
PRODUTOS
SERVIÇOS
INFORMAÇÕES
REQUISITOS DO CONSUMIDOR
25
materiais, de informações ou financeiros. O impacto da qualidade no
gerenciamento dessa área, independentemente do segmento de mercado, pode
significar o sucesso ou não da empresa no mercado onde atua.
Na seqüência será apresentado um resumo histórico da logística, juntamente
com as suas principais fases evolutivas.
2.1.1 Evolução histórica da logística
O conhecimento das atividades logísticas e sua empregabilidade
remontam há vários séculos, porém uma das idéias coloca que o termo “logística”
surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi usado para definir o
conjunto de atividades relacionadas à movimentação e coordenação de tropas,
armamentos e munições para os campos de batalha. Recentemente, com
investidas militares de grande porte por parte do exército americano, como foi o
caso da Guerra do Golfo com a operação Tempestade no Deserto, no início da
década de 90, e da operação Liberdade Duradoura, em 2001/2002, em território
afegão, ocorreu uma nova popularização do termo “logística” em ambiente
estratégico militar, principalmente por ser sempre considerado um fator
determinante para o sucesso desse tipo de campanha militar.
Uma das origens da palavra “logística”, segundo Alves (2000, p. 10) e Colli
(2001, p. 6), pode ser encontrada na sua etimologia francesa, do verbo loger, que
significa alojar. Como já mencionado, tem raiz militar e teve como primeiro
objetivo integrar de forma eficiente o tempo, custo e recursos disponíveis para
efetuar o deslocamento das tropas e fornecer armamento, munição e alimentação
durante o trajeto até os campos de batalha, expondo-as o mínimo possível ao
inimigo. Com o tempo, o significado de logística foi se tornando mais amplo,
passando a abranger outras áreas como estoque, armazenagem e
processamento de pedidos.
No ambiente militar, principalmente no planejamento e transcurso das
guerras, os estrategistas foram moldando, ainda que inconscientemente, os
primeiros princípios de canal logístico, centro de distribuição, controle de
estoques, etc. Esses princípios acabaram por migrar dos quartéis generais e
26
fronts, extrapolando as fronteiras militares, para o ambiente industrial,
inicialmente, ganhando posteriormente um perfil gerencial e estratégico.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, a logística teve um impulso
em evolução e refinamento. A partir daí, Novaes (2001, p. 41) divide o processo
de evolução da logística em quatro fases: atuação segmentada, integração rígida,
integração flexível e integração estratégica (Supply Chain Management).
A primeira fase (atuação segmentada) dá-se com o advento da logística
moderna, originada após a Segunda Guerra Mundial, quando a indústria passou
a preencher as lacunas de demanda existentes no mercado consumidor
(automóveis, eletrodomésticos, bebidas), aproveitando a capacidade ociosa e os
novos processos de produção em série, com produtos padronizados. Devido à
ausência (ou deficiência) dos sistemas de comunicação e informática, a atenção
dos gestores era direcionada ao controle de estoques.
A segunda fase (integração rígida) caracteriza-se pelo surgimento de
novas opções de cores e modelos de automóveis e eletrodomésticos, além de
novos produtos alimentícios, resultantes de processos de produção mais
flexíveis. Assim, tornou-se necessária uma maior racionalização dos processos,
visando menores custos e maior eficiência, o que foi facilitado graças à introdução
da informática nas operações das empresas na década de 1960, sendo a
otimização de atividades e o planejamento os elementos-chave para o
desenvolvimento da cadeia de abastecimento.
A terceira fase (integração flexível), que começou no fim da década de 1980
e ainda está sendo implementada por muitas empresas, é caracterizada pela
integração dinâmica e flexível entre os componentes da cadeia produtiva, em dois
níveis: dentro da empresa e nas inter-relações da empresa com seus fornecedores
e clientes (duas a duas). Aqui, passa-se a utilizar o Intercâmbio Eletrônico de
Dados (EDI), o que flexibiliza o processo de programação da produção e permite
a adaptação do processo às necessidades dos clientes, que passam a ser
observados com maior preocupação.
Na quarta fase (Supply Chain Management – Gerenciamento da Cadeia
de Suprimentos), a logística passa a ser tratada de forma estratégica, ao ser
utilizada pelos participantes da cadeia de suprimentos para ganhar
competitividade e induzir novos negócios. Os agentes da cadeia de suprimentos
passam a trabalhar mais próximos, trocando informações que antes eram
27
consideradas confidenciais. Esta fase caracteriza-se pela adoção do
postponement (postergação), constituição das chamadas “empresas virtuais” e
surgimento do conceito de logística reversa, entre outras.
A seguir serão apresentadas as principais estratégias de competitividade
utilizadas pela logística.
2.1.2 Estratégias logísticas
A utilização da logística estratégica dentro do ambiente empresarial pode
ser efetuada de diferentes formas, considerando-se o perfil e as características
da empresa em que se irá trabalhar. Existe hoje um leque de estratégias
logísticas específicas que facilitam ao profissional logístico a busca e o alcance
de diferenciais de mercado e o aumento de vantagens competitivas.
As empresas de hoje precisam ser ágeis, pois, como cita Christopher
(1997), “A organização ágil não somente procura colocar o cliente no centro do
negócio, mas projeta todos os seus sistemas e procedimentos, com o objetivo
principal de melhorar a velocidade e a confiabilidade da resposta”.
Para as empresas mudarem o seu perfil é preciso que haja uma mudança
em toda a sua estrutura, nas redes e sistemas gerenciais, muitas vezes até na
própria cultura da organização. Para manter-se competitiva no mercado atual, é
necessário que haja uma estratégia bem clara definida pela empresa, para
alcançar um desempenho superior que possa competir tanto em âmbito nacional
como em todo o ambiente global.
Como o ambiente de negócios vive em constantes mudanças, há um
aumento do risco de fracasso ou de perda de posição do mercado daquelas
empresas que desconsiderarem alternativas para cenários futuros. Quando não
há planejamento, os responsáveis pela organização perdem muito tempo
reagindo às crises em vez de antecipar estratégias de mudança e
desenvolvimento para lidar com esses problemas (LAMBERT; STOCK;
VANTINE, 1998).
Segundo Dornier et al. (2000, p. 621), “O processo de planejamento é
dinâmico por natureza, pois permite que a empresa identifique estratégias para
atingir os objetivos desejados”. Os autores também citam que é necessário obter
28
informações qualitativas e quantitativas para elaborar orçamentos, planos de
investimento e planos estratégicos. Os fatores importantes para alcançar esses
objetivos são: qualidade, pontualidade e produtividade.
Existem três níveis de planejamento logístico: estratégico, tático e
operacional. Cada nível exige uma perspectiva diferente (BALLOU, 2001). Aqui é
analisado o planejamento estratégico logístico, por fazer parte da pesquisa em
questão e por poder ser abordado de forma mais geral.
Infelizmente, na estratégia corporativa, as funções logísticas permanecem
relegadas aos tradicionais papéis reativos/táticos, tendo um papel apenas de
minimização de custos. Isso acontece porque normalmente a logística é vista
como uma função técnica, que possui especialistas responsáveis por resolver
problemas técnicos detalhados durante a fase de implementação das estratégias
(DORNIER et al., 2000).
Uma estratégia logística possui três objetivos. O primeiro é a redução de
custos, associados à movimentação e à estocagem, pela escolha de diferentes
localizações de armazéns ou pela seleção de modais alternativos de transportes,
mas mantendo-se o nível de serviço. O segundo objetivo é a redução do capital,
minimizando o nível de investimento no sistema logístico e maximizando o
retorno sobre o investimento. O último objetivo é a melhoria no serviço, que são
estratégias que reconhecem que as receitas são derivadas do nível de serviço
oferecido (BALLOU, 2001).
O desenvolvimento de uma estratégia de logística busca o desenho de
processos que garantam o cumprimento da promessa do serviço ao cliente, como
o suporte na gestão de vendas e a otimização dos custos totais da operação.
Dessa forma, os componentes de um plano de logística incluem o sistema de
indicadores da operação, o desenho ideal de processos que melhorem os
indicadores de gestão, a definição dos requerimentos de infra-estrutura de
suporte à operação e o desenho da organização da gerência e operação de
logística (REY, 2000).
Pode-se dividir a direção estratégica em dois vetores para obter vantagem
competitiva. Um deles é a vantagem em produtividade, em que a empresa
diminui os custos de produção com um aumento na produção, ou através de um
maior volume de vendas. O outro é a vantagem em valor, em que a organização
29
deve buscar maneiras de proporcionar um valor adicional ao produto ou serviço
prestado que a torne diferente da concorrência (CHRISTOPHER, 1997).
Pode-se concluir que a logística é, sem dúvida, um fator de grande
importância no gerenciamento empresarial. Uma estratégia logística bem
definida, planejada e executada pode fornecer grandes vantagens para a
empresa. Um perfeito gerenciamento do fluxo logístico agrega valor à estratégia
da companhia, reduzindo custos, melhorando o nível de serviço e a qualidade
oferecida ao cliente.
2.1.3 O serviço ao cliente
Sabe-se que o cliente no atual mercado é muito mais exigente, não
somente em relação à qualidade do produto em si, mas também quanto aos
serviços que são oferecidos e à qualidade destes.
Christopher (1997, p. 17) afirma que,
Enquanto o mercado vai se transformando cada vez mais em mercado de commodities, em que o cliente percebe muito pouco as diferenças técnicas entre os produtos concorrentes, aumenta a necessidade de criação de vantagem diferencial através do valor adicionado. A principal fonte deste valor adicionado é, cada vez mais, o serviço ao cliente.
O autor ainda afirma que a finalidade principal de qualquer sistema
logístico é atender às necessidades dos clientes e que o desempenho obtido por
uma empresa está diretamente ligado ao nível de serviço prestado ao cliente,
pois é o consumidor quem define se um produto ou serviço será aceito pelo
mercado, é ele quem sabe o que o satisfaz.
Por isso é muito importante obter um desempenho desejado pelo cliente, e
que todos na organização tenham o serviço ao cliente como meta.
Ainda segundo Christopher (1997), “O alcance da excelência em serviços,
no sentido amplo, somente pode ser conseguido mediante uma estratégia
logística rigorosamente integrada”.
O cliente, sob o ponto de vista da logística, é a entidade à porta de
qualquer destino de entrega, que pode ser desde a residência do consumidor, as
30
empresas varejistas e atacadistas até os locais de recebimento das fábricas e os
depósitos das empresas. O serviço ao cliente pode ser associado à
disponibilidade, ou seja, não existe valor no produto ou serviço se ele não estiver
nas mãos do consumidor. Porém, a disponibilidade em si é um conceito
complexo, que sofre o impacto de vários fatores, entre eles a freqüência e a
confiabilidade da entrega, níveis de estoque e tempo consumido no ciclo dos
pedidos. Então, o serviço ao cliente é determinado pela interação de todos esses
fatores (CHRISTOPHER, 1997). Para Bowersox e Closs (2001),
Independentemente do motivo e da finalidade da entrega, o cliente que está
sendo atendido é o foco e a força motriz para o estabelecimento dos requisitos
de desempenho logístico.
Segundo diferentes autores, entre eles Ballou (2001), Christopher (1997) e
Lambert, Stock e Vantine (1998), de acordo com o momento em que ocorreu a
transação entre o fornecedor e o cliente, podem ser identificados três grupos de
elementos do serviço ao cliente: pré-transação, transação e pós-transação.
Os elementos de pré-transação são responsáveis por propiciar um
ambiente favorável a um bom serviço ao cliente e têm um impacto significativo
nas vendas do produto.
Já os elementos de transação são as atividades que resultam na entrega
do produto ao cliente e influenciam no tempo de entrega, acurácia do
preenchimento do pedido, disponibilidade em estoque e as condições do produto
na exceção, ou seja, estão associados com o serviço ao cliente.
Por último, os elementos de pós-transação são aqueles que dão suporte
ao produto em campo, servem para proteger os clientes de produtos defeituosos,
providenciam o retorno de embalagens e administram as reclamações,
reivindicações e devoluções.
Todos esses elementos são importantes para um bom atendimento ao
cliente. Deve-se determinar o grau de importância dos elementos do serviço ao
cliente, para depois desenvolver padrões de desempenho (LAMBERT; STOCK;
VANTINE, 1998)
31
2.1.4 Distribuição física
Segundo Novaes (2001, p. 145), o objetivo geral da distribuição física,
como meta ideal, é o de levar os produtos certos para os lugares certos, no
momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível.
Schewe e Hian (apud ROCHA, 2006, p. 46) afirmam que “a distribuição
envolve a movimentação dos produtos em todos os estágios de desenvolvimento
– desde a busca de recursos, ao longo do processo de fabricação, até as vendas
finais”.
Ballou (2001, p. 40) define distribuição física como o “ramo da logística
empresarial que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos
dos produtos finais da firma”.
Embora possa parecer simples, a distribuição física de produtos exige a
participação de uma série de componentes físicos e informacionais, como os
citados por Novaes (2001, p. 146):
a) instalações fixas (centros de distribuição, armazéns);
b) estoque de produtos;
c) veículos;
d) informações diversas;
e) hardwares e softwares diversos;
f) custos; e
g) pessoal.
Ainda segundo Novaes (2001, p. 149), embora possa ocorrer na prática
um número razoável de situações diversas na distribuição física de produtos,
pode-se resumi-las em duas configurações básicas, a saber:
a) distribuição “um para um”, em que o veículo é totalmente carregado no
depósito da fábrica ou num CD do varejista (lotação completa) e
transporta a carga para um outro ponto de destino, podendo ser outro
CD, uma loja ou outra instalação qualquer; e
b) distribuição “um para muitos”, ou compartilhada, em que o veículo é
carregado no CD do varejista com mercadorias destinadas a diversas
lojas ou clientes, executando um roteiro de entregas predeterminado.
32
A distribuição “um para um”, ou transferência de produtos, é influenciada
por 14 elementos básicos, quando encarada sob o ponto de vista logístico. De
acordo com Novaes (2001), são eles:
a) distância entre o ponto de origem e o ponto de destino;
b) velocidade operacional;
c) tempo de carga e descarga;
d) tempo porta a porta;
e) quantidade ou volume de carregamento (medida em toneladas, metros
cúbicos, paletes, etc.);
f) disponibilidade de carga de retorno;
g) densidade de carga;
h) dimensões e morfologia das unidades transportadas;
i) valor unitário;
j) acondicionamento (carga solta, paletizada, a granel, etc.);
k) grau de fragilidade;
l) grau de periculosidade;
m) compatibilidade entre produtos de natureza diversa; e
n) custo global.
A distribuição “um para muitos” é influenciada por 15 elementos básicos,
quando encarada sob o ponto de vista logístico. Para Novaes (2001), são eles:
a) divisão da região a ser atendida em zonas ou bolsões de entrega,
sendo cada bolsão alocado normalmente a um veículo;
b) distância entre o CD e o bolsão de entrega;
c) velocidades operacionais médias:
i) V1: no percurso entre o depósito e o bolsão;
ii) V2: no percurso dentro do bolsão;
d) tempo de paradas em cada cliente;
e) tempo de ciclo (necessário para completar um roteiro e voltar ao
depósito);
f) freqüência de visitas às lojas ou aos clientes (diária; dia sim, dia não;
semanal, etc.);
g) quantidade de mercadorias (medida em toneladas, metros cúbicos,
caixas, paletes) a ser entregue em cada loja ou cliente do roteiro;
h) densidade de carga;
33
i) dimensões e morfologia das unidades transportadas;
j) valor unitário;
k) acondicionamento (carga solta, paletizada, a granel, etc.);
l) grau de fragilidade;
m) grau de periculosidade;
n) compatibilidade entre produtos de natureza diversa; e
o) custo global.
No caso da distribuição “um para muitos”, a escolha do tipo de veículo
mais apropriado para um determinado serviço depende de vários fatores,
destacando-se, ainda de acordo com Novaes (2001), os seguintes:
a) distância do bolsão, ou zona de entrega, até o depósito, ou CD;
b) densidade, medida em número de pontos visitados por quilômetro
quadrado, no bolsão;
c) tempo médio de parada em cada cliente visitado;
d) quantidade média de mercadorias entregues em cada visita; e
e) velocidade média de percurso.
Para concluir, Rocha (2006, p. 48) alerta que, pela sua importância, a área
de distribuição física de produtos tem despertado atenção de vários estudos tanto
no mundo acadêmico como no setor produtivo, mas, na maioria dos casos, essa
é ainda uma área que tem recebido pouca atenção dos dirigentes.
2.2 O Setor Supermercadista
O setor supermercadista está integrado ao comércio varejista e, a exemplo
de outros setores, apresenta uma estrutura diversificada, tanto nas formas quanto
nos locais de venda, como os supermercados de pequeno porte, os
supermercados propriamente ditos e os hipermercados, assim como os clubes de
compras, que surgiram mais recentemente.
A principal característica do segmento de supermercado é o auto-serviço,
ou seja, a ausência de vendedores ou atendentes junto aos produtos colocados à
venda. Outro aspecto característico desse ramo de atividade é a existência, em
grande número, de baterias de caixas registradoras, ou check-outs, onde se
34
realizam o pagamento e o empacotamento de mercadorias. Também é um local
de grande concentração de trabalhadores (ABRAS, 2002).
A atividade supermercadista tem sido caracterizada por grandes evoluções
tecnológicas, assim como pelas constantes mudanças em seu contexto de
atuação. Destacam-se as modificações no perfil do consumidor e as novas
tecnologias à disposição do varejo.
A grande expansão desse ramo do varejo no mundo inteiro teve seu ponto
de partida nos Estados Unidos, na primeira metade da década de 1930, durante o
período da Grande Depressão. Implantado no Brasil em 1950, o supermercado
teve evolução significativa até chegar ao estágio atual, na busca de maior
eficiência. Foram introduzidos novos formatos organizacionais, resultantes
principalmente das respostas às mudanças no comportamento do consumidor.
Os produtos dos supermercados são: o sortimento (mix de produtos) e os
serviços de distribuição prestados ao consumidor final, pelo comércio de
alimentos e de produtos de higiene pessoal e limpeza (ABRAS, 2002).
2.3 O Setor Supermercadista Brasileiro
O setor supermercadista, um dos mais importantes do varejo nacional,
passou e está passando por grandes transformações. A entrada em vigor do
Código de Proteção e Defesa do Consumidor, em 1991, a abertura de mercado
também em 1991 e a implantação do Plano Real a partir de 1994 foram marcos
dessa mudança, pontuada pela maior concorrência no setor supermercadista para
atender consumidores cada vez mais conscientes dos seus direitos (ABRAS,
2006).
Como principal canal de distribuição dos produtos de consumo básico, o
setor absorveu os impactos positivos do Plano Real, que elevou o poder aquisitivo
da maioria da população. No entanto, em contrapartida, a redução drástica da
inflação significou a perda de uma expressiva fonte de receita dos
supermercados: os altos ganhos financeiros. Com isso, as empresas estão
procurando aumentar a eficiência operacional e atrair os consumidores para as
suas lojas em um mercado cada vez mais competitivo. Além disso, atraídos pelo
35
potencial do setor supermercadista no Brasil, verificou-se a entrada de vários
grupos estrangeiros no país. Outro fato diz respeito à onda de fusões e
aquisições, que está elevando o grau de concentração do setor nas grandes
redes de supermercados (TEIVE, 2003).
Associado a essa estabilidade, o acirramento da concorrência, com o
desembarque de bandeiras mundiais como o francês Casino e a americana Wal-
Mart, estão obrigando os supermercadistas a manter suas margens em níveis
reduzidíssimos e suas despesas operacionais sob controle permanente. Criam-se
mecanismos de repasse para outros níveis, como o contrato de fornecimento
entre o fabricante e o supermercadista, na tentativa de aumentar as margens
estreitas. Para tanto, o setor está investindo pesadamente em tecnologia para a
obtenção de informações que possam nortear suas decisões estratégicas.
2.3.1 Histórico
Os primeiros supermercados apareceram no Brasil dos anos 50, quando
surgiam também a indústria automobilística e as primeiras transmissões de
televisão. Os supermercados assinalam, portanto, o advento de uma nova
mentalidade de consumo e, depois, com o surgimento dos shopping centers, uma
tendência à modernização da estrutura das cidades brasileiras.
O conforto, a praticidade, a apresentação das mercadorias, as formas de
pagamento e o acesso a um maior número de produtos diferenciados são
facilidades que levaram o homem da cidade a mudar seus hábitos de consumo,
não só no que se refere à aquisição de itens alimentícios, mas também no que diz
respeito ao lazer e à cultura. Junto com os shopping centers, os supermercados
são uma forma de remodelação das velhas praças e “ruas de comércio”, reunindo
no mesmo espaço diversos segmentos comerciais que colocam à disposição do
consumidor uma variada gama de artigos – desde artigos de primeira
necessidade até rádios, televisores, DVDs, brinquedos, ferramentas, pneus, livros,
CDs e outros (ABRAS, 2002).
Na década de 50, na fronteira entre o nacionalismo e o desenvolvimentismo,
entre o velho e o novo, entre o arcaico e o moderno, entre o governo de Getúlio
36
Vargas e o governo de Juscelino Kubitscheck, foi exatamente aí que os
supermercados começaram a surgir no Brasil, de acordo com a Abras (2002):
Um prédio é alugado na rua da Consolação, 2581, em São Paulo. Empresas são chamadas para desenvolver suas instalações, com base em desenhos norte-americanos, como a Siam-Util, que cria seus balcões frigoríficos abertos e em 24 de agosto de 1953 começa a operar o primeiro supermercado do país. Visando a caracterizar o sistema de venda desta loja, sua diretoria batiza-a de Sirva-se. Tem 1400 metros quadrados de área total construída, dos quais, 800 metros quadrados dedicados à venda. Seus equipamentos e layout são típicos de uma loja de auto-serviço americana.
2.3.2 Panorama atual
Segundo a Abras (2006), o setor supermercadista brasileiro obteve um
faturamento nominal, no ano de 2005, de cerca de R$ 106,4 bilhões, com
crescimento nominal de 7,8% em relação a 2004, conforme pode ser visto na
Tabela 1. Com esse faturamento o setor mantém a participação de 5,5% no
Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo o IBGE, foi de R$ 1,938 trilhão, o que
revela o peso desse negócio no panorama econômico brasileiro. Cerca de 50% das
vendas (R$ 53 bilhões) são geradas pelas 20 maiores empresas (Tabela 2),
reforçando a tendência de concentração de receita ocorrida, em especial, nas duas
últimas décadas. Essa disparidade entre as grandes cadeias supermercadistas e o
pequeno varejista não está limitada apenas à concentração de receita, mas se
aprofunda no emprego de ferramentas de gestão e tecnologia, impactando
diretamente nos resultados das respectivas empresas. Mesmo assim, em termos
nacionais, o setor é um dos menos concentrados em faturamento, se comparado a
outros setores da economia. Já em termos mundiais, a concentração no setor de
supermercados é muito maior em diversos outros países, como Inglaterra,
Alemanha e França.
37
Tabela 1 – O setor supermercadista brasileiro
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 20052005 X 2004 (Variação %)
Número de lojas (Censo ACNielsen) 51.502 53.313 61.259 69.396 68.907 71.372 71.951 72.884 1,3Faturamento anual (em R$ bilhões nominais) 56,8 61,5 69,2 74,2 81,7 89,3 98,7 106,4 7,8
Participação % do faturamento sobre o PIB 6,2 6,3 6,3 6,2 6,1 5,7 5,5 5,5 -0,2Número de empregos diretos 666.752 670.086 701.622 710.743 718.631 739.846 788.268 800.922 1,6Área de vendas (em m² milhões) 12,7 13,1 14,3 15,3 15,9 17,9 18,1 18,4 1,7Número de check-outs 125.867 135.914 143.705 156.022 157.446 163.216 166.503 169.583 1,8
O Setor Supermercadista Brasileiro
Fonte: Abras (2006)
Conforme a Tabela 2, o número de empregos diretos no setor
supermercadista cresceu 1,6%, totalizando 800.922 pessoas trabalhando
diretamente no setor, e houve expansão de 1,3% no número de novas lojas.
Agora, são 72.884 lojas de auto-serviço espalhadas pelo país, com a ampliação
de 1,7% da área de vendas e de 1,8% do número de check-outs. Mostrando sua
determinação, a previsão declarada pelo setor é de investir 16,5% a mais em
2006, com expectativa de 63% desse valor em novas lojas (ABRAS, 2006).
Tabela 2 – Síntese dos resultados – 2005
Fonte: Abras (2006)
Ainda segundo a Abras (2006), apesar da manutenção das cinco primeiras
empresas do setor em termos de percentual de faturamento, com 40% de
participação (Tabela 3), ocorreu uma melhora significativa das outras empresas
que compõem o grupo das 50 maiores. Em 2005, a grande mudança ocorrida foi a
Faturamento Nominal (R$ bilhões)
Nº de lojas
Nº de check-outs
Nº de funcionários
Área de venda em m ² (milhões)
Setor supermercadista 106,4 72.884 169.583 800.922 18Ranking (500 empresas) 69 4.866 46.672 345.879 5,9300 maiores empresas 68,2 4.638 45.684 341.088 5,720 maiores 53,8 2.074 32.480 242.706 4,3280 outras 14,4 2.564 13.204 98.382 1,4
Síntese dos Resultados - 2005
38
ascensão do faturamento da rede Wal-Mart, a maior rede varejista do mundo, que
adquiriu a operação da rede Sonae, com mais de 400 lojas na Região Sul do país.
Com o acréscimo do faturamento da Sonae, que em 2004 foi de R$ 4,3 bilhões, o
Wal-Mart ampliou sua presença no setor e praticamente encostou no segundo
colocado do ranking, o Carrefour.
Tabela 3 – Ranking Abras – 2006
Fonte: Abras (2006)
Segundo o Instituto IMAM (2006), a rede de supermercados Wal-Mart, que
se destaca pelo tamanho e pela agilidade não só nos Estados Unidos, mas em
várias partes do mundo, inclusive no Brasil, tem faturamento de aproximadamente
US$ 250 bilhões anuais, equivalente a 2,4% do PIB dos EUA, comercializando
cerca de 150 mil diferentes itens. (É ela que está coordenando os primeiros testes
para a implementação do RFID (“radio frequency identification”, identificação por
radiofreqüência)).
A empresa conta hoje com 5.086 pontos-de-venda entre suas bandeiras,
atendendo mais de 138 milhões de consumidores nos 11 países em que atua
(Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, Coréia, Estados Unidos, Japão,
México, Porto Rico e Reino Unido) e emprega cerca de 1,5 milhão de funcionários
pelo mundo.
O Wal-Mart é o maior detentor mundial de área para armazenagem entre
os varejistas, estimada de 5,7 milhões de metros quadrados divididos entre os 84
CDs da empresa e os 19 CDs do Sam’s Club. No Brasil a rede possui vários CDs,
entre os quais se pode destacar o de Jandira, na grande São Paulo. O CD possui
200 mil metros quadrados de área total, 49 mil metros quadrados de área
construída e, desta, 15 mil metros quadrados ocupados por estruturas de
armazenagem, com 14 mil posições paletes. Este centro de distribuição faz a
EMPRESA SEDE FATURAM. BRUTO EM 2005 (R$)
NÚMERO DE CHECK-OUTS
ÁREA DE VENDAS M²
NÚMERO DE LOJAS
NÚMERO DE FUNC.
2005 2004
1 1 COMPANHIA BRASILEIRA DEDISTRIBUIÇÃO SP 16.168.968.046 9.184 1.206.254 556 62.803
2 2 CARREFOUR COMÉRCIO EINDÚSTRIA LTDA. SP 12.546.232.768 7.902 1.013.247 399 48.072
3 3 WAL - MART BRASIL LTDA. SP 11.731.759.991 6.586 1.170.021 295 50.112
4 5 CIA. ZAFFARI COMÉRCIO EINDÚSTRIA RS 1.410.185.010 810 113.075 26 7.727
5 7 G. BARBOSA COMERCIALLTDA. SE 1.227.023.563 690 66.707 35 6.730TOTAL 5 MAIORES 43.084.169.378 25.172 3.569.304 1.311 175.444
CLASSIFIC.
39
operação apenas de produtos secos, funciona 24 horas por dia, opera com 500
colaboradores e recebe e expede, por mês, cerca de 4 milhões de caixas; além
disso, funciona como um grande terminal de cross-docking, no qual os produtos
entram, são processados e saem em no máximo 24 horas.
A rede de supermercados adota uma gestão aberta e baseia em uma série
de indicadores de desempenho (tratados pela empresa como KPIs, “Key
performance indicators”), o que vem a demonstrar a importância da avaliação de
desempenho no ambiente empresarial, já que a empresa se apóia nesses
indicadores para a gestão de seus processos logísticos e demais processos que a
compõem.
Para concluir, hoje, no Brasil, pelos números da Abras (2006) (Tabela 2),
existem cerca da 73 mil lojas, que, juntas, têm aproximadamente 170 mil check-
outs, ofertando uma variedade enorme de produtos e serviços. Grande parte
desses check-outs é automatizada, como também mostram os dados do ranking,
e oferece as mais recentes tecnologias disponíveis no mundo, como as balanças
interligadas ou os serviços de pagamentos por cartões, seja de crédito, débito ou
da marca do supermercado, que também apresenta crescimento acentuado.
2.4 O Movimento ECR Brasil
Para a Associação ECR Brasil (2006), o termo ECR (Efficient Consumer
Response ou Resposta Eficiente ao Consumidor) está relacionado a um movimento
global, no qual empresas industriais e comerciais, juntamente com os demais integrantes
da cadeia de abastecimento (operadores logísticos, bancos, fabricantes de equipamentos
e veículos, empresas de informática, etc.) trabalham em conjunto na busca de padrões
comuns e processos eficientes que permitam minimizar os custos e otimizar a
produtividade em suas relações. Na realidade, ainda segundo a Associação, o ECR é
mais uma filosofia, ou talvez uma postura de negócios, pela qual as empresas se
dispõem a compartilhar problemas, dificuldades e informações, implantando em conjunto
as melhores soluções possíveis dentro de seu contexto operacional e estratégico.
De acordo com a Associação ECR Brasil (2006), as ferramentas de ECR são hoje
aplicadas na Europa, na Ásia, na América do Norte e na América Latina por quase todos
40
os países que possuem alguma expressão econômica. As reduções de custos
conseguidas, só por eliminar ineficiências, são em média de 6% a 10% do volume total
de negócios da cadeia de abastecimento considerada.
Essa média reflete os ganhos das empresas que utilizam tais ferramentas, os
quais normalmente são agregados ao resultado líquido das operações.
A Associação ECR Brasil existe desde 1997, tendo sido estruturada mediante
apoio de diversas instituições de caráter setorial, tais como Abras, EAN, Apas, Abia,
Abad, cada uma dentro de seu âmbito de atividade, colaborando do ponto de vista
operativo, técnico e financeiro para a viabilização de iniciativas.
A adesão ao movimento, a exemplo de outros tantos países, iniciou-se por
empresas internacionais, cuja sensibilidade às necessidades comuns em diferentes
mercados é maior do que a de empresas de cunho local. As empresas que aderem ao
movimento, em sua maioria, já dispõem até de funções e estruturas específicas ao
atendimento das atividades relacionadas ao ECR.
Estudos piloto realizados entre indústrias e supermercados no Brasil constataram,
segundo a Associação ECR Brasil (2006), alguns dados, como, por exemplo:
a) houve redução de estoques de 25 para 15 dias, acompanhada de
diminuição de faltas de produtos de 15% para 4%;
b) a aplicação do EDI (Troca Eletrônica de Dados) reduziu o número de
visitas, erros e tempo de espera e conferência; e
c) com o uso da entrega programada noturna, quando as entregas
são pré-agendadas entre indústria e varejo, foi possível reduzir o tempo
de carregamento em 69% e aumentar a produtividade
palete/homem/hora em 80%.
De acordo com a Associação ECR Brasil (2006), não é só na padronização,
automação e redução de custos que se ganha: esses processos permitem a redução de
estoques e prazos, liberando espaços de estocagem para atendimento dos clientes,
assegurando menores índices de ruptura e possibilitando trabalhar com menores preços
ao longo da cadeia, em benefício do consumidor.
Existem hoje, na Associação ECR, seis subcomitês em atividade tratando de
questões prioritárias à integração entre indústria e comércio e ao atendimento eficiente ao
consumidor. São eles:
41
a) Mensuração: o grupo de mensuração engloba duas atividades, o
Balanced Scorecard ECR Global e o AB Costing;
b) Comércio Eletrônico: trata dos conceitos atualizados e dos benefícios
potenciais do comércio eletrônico para ganhar eficiência nas relações
entre indústria e varejo;
c) Etiqueta Inteligente: acompanha o desenvolvimento da tecnologia
internacional e desenvolve aplicações adaptadas às condições
operativas brasileiras;
d) Gerenciamento por Categoria: é um processo de parceria entre
varejista e fornecedor que consiste em definir categorias de produtos
conforme a necessidade que atendam (exemplo: matinais, beleza,
limpeza) e em gerenciá-las como se fossem unidades estratégicas de
negócios;
e) Cadeia de Abastecimento: tem por objetivo discutir, definir e
implementar os padrões necessários para que fique assegurada maior
eficiência e produtividade à cadeia de abastecimento, proporcionando,
dessa forma, menor custo e satisfação ao consumidor final; e
f) Reposição Eficiente: é feita de maneira automática, com base na
informação de demanda real. As informações coletadas no ponto-de-
venda através de leitura óptica são transmitidas eletronicamente entre
computadores das empresas que repõem continuamente, sem
estoques, papéis ou perdas.
Compete aos dirigentes do movimento ECR ter a atenção permanente voltada
aos movimentos do mercado global, direcionando os esforços e disponibilizando recursos
aos grupos de trabalho que buscam soluções para as questões críticas que se observam
no cenário dos negócios. O ECR hoje como um conjunto de práticas, estratégias e
princípios é um grande ferramental necessário e indispensável para o sucesso da
organização, fato este mais bem detalhado no Quadro 1, onde há um resumo das
características, tecnologias, contribuições estratégicas, contribuições operacionais e
obstáculos do ECR em organizações do varejo brasileiro.
42
ECR Fatores Tópicos
Características O ECR é um grande chapéu debaixo do qual se agrupam práticas, estratégias e técnicas que permitem uma ampla integração da organização com os seus fornecedores e clientes.
Tecnologia
O ECR faz uso de tecnologias tradicionais como o EDI, assim como de tecnologias modernas como os sistemas automáticos de reposição contínua, através de sofisticadas tecnologias de integração.
Contribuições Estratégicas
A grande contribuição do ECR é o aumento da competitividade das organizações nas suas diversas dimensões, ou seja:
• Custo: diminuindo o custo das transações; • Qualidade: na qualidade das transações, diminuindo os
erros; • Agilidade/Velocidade: diminuindo o tempo de reposição • Flexibilidade: atendimento mais customizado dos
clientes; e • Inovação: maior capacidade de responder às necessidades
do mercado.
Contribuições Operacionais
• Simplificar e facilitar a entrega e recebimento de mercadorias, eliminando procedimentos manuais e reduzindo divergências.
• Ajustar os fluxos de entrega à demanda real dos consumidores.
• Reduzir faltas, atendendo melhor o consumidor. • Aumentar giro de estoque, reduzindo custos e preços de
venda. • Otimizar a logística mediante a melhoria das informações
de estoque em trânsito e do recebimento em mercadorias. • Reduzir o custo administrativo de vendas. • Agilizar a liberação dos pagamentos. • Permitir um maior gerenciamento do tráfego dos
documentos. • Viabilizar a integração de pequenos e médios
fornecedores.
Obstáculos
• Comprometimento e liderança por parte da diretoria. • Expectativas realistas. • Objetivos de negócios definidos (metas). • Riscos de negócios definidos (mudanças). • Disposição para mudar a cultura. • Disposição para investir em recursos. • Reconhecimento da curva de aprendizado. • Adoção.
Quadro 1 – Resumo dos fatores do ECR nas organizações Fonte: Associação ECR Brasil (2006)
A seguir serão apresentados os conceitos e as vantagens de um ou mais centros
de distribuição dentro da rede logística.
43
2.5 O Centro de Distribuição
Inicialmente, é importante destacar as diferenças e os conceitos encontrados na
literatura sobre armazém, depósito e centro de distribuição. Utilizaram-se como fontes
publicações técnicas em logística como a Revista Tecnologística, a Revista LOG & MAM,
a Revista Fluxo, o Dicionário da APICS e pesquisas diversas em sites voltados para a
logística, como o Guia de Logística, e sites de provedores de serviços logísticos. Alguns
dos conceitos encontrados nessas fontes são colocados a seguir:
a) “Armazém é qualquer área destinada à guarda de materiais, ou, qualquer lugar
coberto, onde os materiais/produtos são recebidos, classificados, estocados e
expedidos, com a função de propiciar estoque-pulmão onde e quando
necessário”. Existem vários tipos de armazéns, cada qual com sua função e
estrutura. Exemplos: armazéns alfandegado, armazéns infláveis, estruturais,
primários, secundários, terciários, etc.;
b) “Centro de distribuição (CD) é um armazém com produtos acabados e itens de
serviços, oriundos de mais de uma fábrica e dedicados a atender mais de um
mercado”;
c) “CD é uma instalação com áreas de recebimento, movimentação,
armazenagem, separação, carregamento, atividades de suporte e controle de
insumos ou produtos acabados, que serve como ponto de transição entre
etapas da cadeia de suprimentos”; e
d) “CD é um armazém que tem por missão realizar a gestão dos estoques de
mercadorias na distribuição física. As atividades englobam recepção,
expedição, manuseio e armazenagem de mercadorias, administração de
informações, emissão de notas fiscais, conhecimentos de transporte e outros
documentos e, em alguns casos, agregação de valor intrínseco (físico) como a
colocação de embalagens e rótulos e a preparação de kits comerciais”.
O depósito pode ser considerado sinônimo de armazém, ou seja, segue os
mesmos princípios deste, já que o CD possui funções e conceitos mais complexos.
O CD também pode ser considerado um armazém mais avançado, com funções
mais específicas e complexas.
A Associação ECR Brasil (1998) define o CD como sendo: “Um armazém com
plataformas de recebimento e expedição, no qual produtos são recebidos, armazenados
44
(em alguns casos, os produtos não são armazenados) e posteriormente expedidos para
os pontos de venda ou outros centros de distribuição”.
Independentemente dos vários conceitos colocados, os CDs representam
um elo fundamental dentro da cadeia de suprimentos, justamente por concentrarem
grande parte dos estoques e, portanto, dos custos de armazenagem,
movimentação, recebimento, expedição, etc. Além disso, segundo Moura (2003), os
CDs possuem outros objetivos, como os citados abaixo:
a) compatibilizar no tempo e no espaço as variações da demanda de certo
produto, com a capacidade produtiva e de transporte;
b) possibilitar o atendimento da demanda de produtos com forte
componente sazonal, através do gerenciamento dos níveis de estoque;
c) possibilitar a manutenção do nível de serviço aos clientes, evitando
falta do produto e demora ou atraso na entrega; e
d) permitir a consolidação dos itens de um mesmo pedido num único
despacho.
Novaes e Alvarenga (1994, p. 153) colocam que,
Ao longo do processo logístico, aparecem fluxos de mercadorias entre pontos diversos da rede. Nas interfaces desse processo, isto é, nos pontos de transição de um fluxo para o outro, entre manufatura e transferência, ou entre transferência e distribuição física, surge a necessidade de se manterem os produtos estocados por certo período. Esse tempo de permanência pode ser muito curto, necessário apenas para se fazer a triagem da mercadoria recém-chegada e reembarcá-la, como também pode ser relativamente longo, dependendo dos objetivos gerais da empresa e do papel desempenhado pela instalação no sistema.
Em termos operacionais, os CDs possibilitam realizar certo número de
atividades importantes na distribuição física de produtos, tais como as operações
de descarga e de carregamento de veículos, preparação dos pedidos e seu
despacho, serviços de apoio e tudo mais necessário ao bom atendimento dos
clientes.
Por exemplo, uma rede supermercadista que não possui um CD no seu
sistema logístico encontra uma série de dificuldades em suas operações, como por
exemplo: todos os fornecedores são recebidos em todas as lojas (Figura 2) (o que
acarreta em níveis elevados de estoques); é necessário grandes equipes para
45
operar o depósito das lojas; a área de venda da loja fica reduzida em detrimento da
área do depósito; formam-se filas para as entregas dos fornecedores; entre outras.
Figura 2 – Estrutura logística sem o CD
Já com um ou mais CDs fazendo parte do sistema logístico, poucos
fornecedores são recebidos nas lojas (Figura 3), o que permite uma considerável
redução nos níveis de estoque, redução de equipes, agilidade nas entregas,
redução das filas para entregas, redução nos atrasos, etc.
Figura 3 – Estrutura logística com o CD
Para Farah Jr. (2002), os CDs, como meio de armazenagem intermediária,
precisam estar atentos às novas demandas empresariais. A volatilidade econômica,
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor n
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor n
Loja 1
Loja 2
Loja 3
Loja n
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor n
Loja 1
Loja 2
Loja 3
Loja n
CD
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor n
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor n
Loja 1
Loja 2
Loja 3
Loja n
CD
46
característica do mercado contemporâneo, resulta em uma maior complexidade
operacional devido a:
a) pedidos mais freqüentes e em quantidades menores;
b) ciclo mais curto de pedidos, dadas as constantes mudanças no mix de
produtos;
c) aumento do número de SKUs em estoque (Stock Keeping Unit são
unidades ou itens de manutenção de estoque); e
d) competição baseada no ciclo do pedido e na qualidade.
Os serviços, diante dos fatores citados, requerem sistemas de controle com
alto grau de precisão, capazes de processar e dar agilidade à movimentação de
materiais, o que é uma das características dos CDs.
Essa nova configuração, segundo Farah Jr. (2002), demanda dos CDs uma
adequação capaz de suportar o seguinte:
a) aumento das operações de recepção e distribuição;
b) operações 24 horas por dia, visando a rapidez no recebimento e
expedição;
c) aumento das atividades de controle de qualidade/validade,
principalmente de produtos com pequeno prazo de validade e de
elevado grau de perecibilidade;
d) aumento do imobilizado com estoques mínimos necessários;
e) manutenção de área e de espaço para armazenar famílias de produtos
semelhantes, mas não iguais (alimentos, bebidas, ferragens, etc.); e
f) manutenção de fortes investimentos em automação, treinamento de
pessoal, sistemas de informações e de controle.
Os armazéns tradicionais, sejam os pertencentes a uma empresa varejista
ou a prestadores de serviço de forma terceirizada, podem perder competitividade
se não conseguirem se atualizar operacionalmente. Já está superado o modelo em
que a maximização de uso da capacidade instalada dependia de maior espaço
físico, e não de maior eficiência de fluxo físico.
Ainda de acordo com Farah Jr. (2002), um CD deve ser um meio de
minimização de custos, melhoria no uso dos recursos e apoio ao processo de
venda e pós-venda. Para tal, deve apresentar elevado grau de qualidade de
serviços, custos operacionais competitivos em relação aos concorrentes e retorno
adequado ao capital aplicado.
47
Ao longo do tempo, os CDs vêm ampliando o seu espaço junto à atividade
produtiva de uma infinidade de setores. Busca-se, nos CDs, uma ligação mais
efetiva entre comprador e vendedor, que traga como resultado a qualidade de
serviços representada pelos seguintes itens:
a) entrega no prazo;
b) cumprimento do tempo de entrega;
c) precisão no atendimento;
d) qualidade do produto entregue; e
e) suporte no pós-venda, quando necessário.
Os CDs podem oferecer indicativos de seu grau de eficiência e de
operacionalidade. Contudo, para cada tipo/família de produtos há determinadas
estruturas funcionais de CD. Um CD que distribui cimento é diferente daquele que
distribui produtos congelados, e este difere bastante daquele que distribui
medicamentos.
O que se deve observar é a capacidade operacional setorizada de cada CD,
sua estrutura informacional, o nível de qualificação de seus funcionários, o grau de
automação e a capacidade de controle e de gestão. Para cada setor de atividade
há uma estrutura apropriada de CD, que deve ser avaliada em seu conjunto.
Para concluir, segundo Moura (2003), o CD ideal ainda deve ser capaz de
acomodar seus atuais níveis de negócio e ter a flexibilidade para se adequar aos
anos seguintes; deve também ter baixos custos de operação, com modernos
sistemas de iluminação e gerenciamento de riscos de incêndio que tenham baixo
custo; os materiais devem ser duráveis, de baixa manutenção e esteticamente
agradáveis, e incorporar uma série de outras características individuais para
atender às necessidades do negócio e do setor.
Fatores como pé-direito, dimensões, aluguel e custos da propriedade
isoladamente não são mais assuntos críticos no projeto de um CD. É necessário
medir os benefícios de acordo com o negócio, e em termos de custos, desempenho
de entrega ao cliente, entre outros indicadores.
48
2.6 Avaliação de Desempenho
Inicialmente, é importante destacar qual a implicação do conceito de
avaliação de desempenho no meio empresarial.
Holmberg (2000, p. 847) resume a importância da avaliação de
desempenho numa simples frase: “É importante compreender que não se pode
dirigir aquilo que não se entende”.
Segundo Ñauri (1998),
O objetivo de sistema de medição de desempenho em organizações é estabelecer o grau de evolução ou de estagnação de seus processos, assim como da “adequação ao uso” de seus bens e serviços, fornecendo informação adequada, no momento preciso, a fim de tomar as ações preventivas e/ou corretivas que levem à conquista das metas organizacionais.
Estudo desenvolvido pela A. T. Kearney Consultants (apud BOWERSOX;
CLOSS, 2001, p. 561) apontou que, no início de 1985, empresas empenhadas
numa avaliação de desempenho abrangente obtinham melhorias na
produtividade geral entre 14% e 22%, e novas pesquisas continuam a sustentar
a tese de que empresas de vanguarda possuem um sério comprometimento
com a avaliação de desempenho.
Assim, como aponta a pesquisa acima, para sobreviver e crescer num
ambiente altamente competitivo e dinâmico, torna-se fundamental que as
empresas tenham um sistema de avaliação capaz de fornecer informações
essenciais para o entendimento e o aperfeiçoamento das suas atividades,
sejam elas em nível estratégico, tático ou operacional.
Considerando o nível estratégico, Bertaglia (2003, p. 66) classifica esse
processo de avaliação como crítico. Incluso neste está o processo de definição
de indicadores-chave usados como critério para avaliar se os objetivos
estratégicos estão sendo alcançados. Esses indicadores devem refletir os
elementos essenciais de sucesso da estratégia, podendo ser medidos
objetivamente, atribuindo-lhes valores que representem um nível satisfatório de
desempenho. Os seus reflexos devem ser automáticos. Qualquer mudança nos
resultados da organização deve se refletir nos indicadores de desempenho.
49
Da mesma forma, nos níveis tático e operacional, um sistema de
avaliação de desempenho tem como principais objetivos (LIMA JR., 2001, p.
120):
a) o monitoramento de variáveis e a antecipação de ações dentro de uma
postura preventiva;
b) a resolução de problemas visando à eliminação de causas de insatisfação ou
elevação do nível de satisfação, com vistas a um processo de melhoria
contínua; e
c) a dissolução do sistema pela obsolescência de sua finalidade.
Com relação ao projeto de um sistema de avaliação de desempenho,
Schmitt (2002, p. 44) alerta para o fato de que saber definir o que deve ser
medido e avaliado nas diversas atividades realizadas por uma empresa não é
uma tarefa simples. Determinar quais as medidas que devem ser tomadas
depende da complexidade do processo que se deseja avaliar, da sua
importância em relação às metas estabelecidas pela empresa e da expectativa
de uso gerencial posterior desses dados. Muitas são as variáveis que podem
ser medidas e avaliadas, por isso saber distinguir quais são as essenciais
depende do bom senso e da experiência dos gerentes, mas principalmente do
método ou da abordagem utilizada para esse fim.
Para orientar o projeto de um sistema de avaliação de desempenho,
Razzolini Fº (2000, p. 28) sugere que um processo de avaliação adequado deve
ser formulado a partir das respostas a cinco questões básicas, apresentadas a
seguir.
I. Por que avaliar? A empresa precisa saber se os objetivos preestabelecidos estão sendo
atingidos, de forma a: assegurar que o desempenho da estrutura logística
produza os resultados esperados; promover eventuais treinamentos e/ou
capacitações das pessoas envolvidas no processo logístico; reconhecer e
premiar contribuições individuais para um melhor desempenho logístico; e
mensurar os custos e os benefícios do desempenho atingido.
II. O que avaliar? Robbins (apud RAZZOLINI Fº, 2000, p. 29) considera muito mais decisivo
para o processo de controle a questão de o que deve ser medido do que a
questão de como a mensuração é efetuada, pois considera que o que se mede
50
determina, em grande parte, aquilo que deve ser estabelecido como objetivos
para a organização.
III. Como avaliar? Com relação a como avaliar o desempenho, Razzolini Fº (2000, p. 29)
coloca que são identificados oito requisitos de um sistema de avaliação de
desempenho:
a) saber se os empregados estão comprometidos e trabalhando na
direção dos objetivos estabelecidos;
b) mensurar a qualidade dos serviços prestados;
c) quantificar os custos das atividades logísticas;
d) acompanhar o cumprimento dos prazos;
e) analisar variáveis organizacionais que afetem o desempenho;
f) identificar necessidades de desenvolvimento e/ou adequação dos
recursos da organização;
g) antecipar ações corretivas quando da identificação de desvios no
desempenho preestabelecido; e
h) sempre fornecer feedback para realimentar o processo.
IV. Quando avaliar? É importante que o sistema de medição de desempenho, ao ser definido,
estabeleça claramente a periodicidade com que a avaliação deva ocorrer, para
que todos os envolvidos estejam cientes de quando o sistema será avaliado, e
para que se mantenha a continuidade no processo de avaliação, uma vez que o
aprimoramento contínuo do sistema logístico deve ser perseguido como objetivo
de todos os envolvidos.
V. O que fazer com os resultados da avaliação? Como a mensuração sem ação é desperdício, não levando a lugar
nenhum, deve ficar clara a exigência da adoção de medidas corretivas, quando
necessárias, ou de medidas que reforcem aquelas ações que possibilitem à
organização ganho competitivo.
Bertaglia (2003, p. 67) complementa esse tema fixando os termos
eficiência e eficácia, e destacando a importância da sua correta compreensão.
Segundo ele, eficácia se refere à forma como uma organização atinge as suas
metas, produzindo os resultados esperados. Já a eficiência é a quantidade de
esforço necessário para se atingir essa meta. Quanto menor o esforço utilizado,
51
mais eficiente será a organização. A eficiência se relaciona mais à natureza
interna da operação do que propriamente à organização, uma vez que não está
relacionada diretamente com a meta a ser atingida. Uma organização eficiente
é aquela que realiza suas tarefas gastando o mínimo de recursos.
2.7 Avaliação de Desempenho Logístico
Para melhorar os processos logísticos, deve-se compreender o que são
medidas de desempenho, para que servem e como as pessoas responsáveis
pela direção podem usá-las com o objetivo de controle e melhoria.
Considerando que não se deve tratar a logística apenas como uma
atividade que agrega custos ao processo, mas que também agrega valor, deve-
se considerá-la como uma atividade de gestão e desenvolver sistemas próprios
de medição e avaliação de desempenho, segundo suas características e
particularidades (SCHMITT, 2002).
Cada vez mais a competência logística ganha importância nas
organizações e torna-se um fator crítico na busca por vantagem competitiva, o
que exige maior atenção dos gestores com relação ao desempenho de tais
operações.
Nesse contexto, a avaliação do desempenho logístico tem recebido
grande atenção do meio empresarial, como relata pesquisa desenvolvida pela
Michigan State University, onde executivos classificaram o tema avaliação de
desempenho como uma das três principais áreas de necessidade de pesquisa
(BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 561).
Lima Jr. (2001, p. 109) divide a evolução do conceito de desempenho
logístico em três eras distintas. Num primeiro momento, na era pré-logística, a
grande ênfase de gestão é voltada para o custo do transporte, quer seja na
busca da redução do frete das frotas contratadas, quer pela redução de custos
operacionais das frotas próprias. Nessa fase, o transporte era administrado
como uma função independente das demais dentro da organização.
Já na segunda era, denominada de logística propriamente dita, amplia-se
o conceito de desempenho, passando-se a considerar primeiro os custos dos
outros componentes da logística da organização, principalmente o estoque, e
52
em seguida os aspectos relativos à qualidade e ao nível de serviço. Nesse
momento, o desempenho dos serviços de transporte passa a ser analisado não
mais de forma estanque, começando a destacar-se a importância dos
relacionamentos ou trade-offs entre custos e serviços logísticos, primeiro no
âmbito da organização e depois em toda a cadeia logística.
Na terceira era, denominada neologística, que compreende o momento
atual, a ênfase é no desempenho do sistema em relação ao seu meio, sendo a
logística não mais um subsistema com desempenho independente, mas
integrado em toda a organização e externamente também, surgindo o conceito de
cadeia de suprimentos, que engloba desde a matéria-prima e todos os
fornecedores envolvidos até o cliente final e todos os resultados para a sociedade.
Dimensões anteriormente tratadas como externalidades, como, por exemplo, os
impactos ambientais e sociais, passam a ser incorporados nas análises de
desempenho.
Com relação às dificuldades na definição de um sistema de avaliação de
desempenho logístico, Chow, Heaver e Henriksson (1994, p. 25) fazem uma
comparação entre trabalhos publicados sobre esse tema e aponta para as
dificuldades na definição e na medição do desempenho logístico, tanto para
gestores quanto para pesquisadores, dada a complexidade em definir indicadores
que possam representar os resultados de tais operações.
Reforçando esse panorama, a partir de estudos publicados pelo antigo
CLM sobre o tema avaliação de desempenho logístico, Keebler e Durtsche (2001)
identificam que a maior parte das empresas pesquisadas não compreende os
indicadores de desempenho logístico e que mesmo as organizações com os
melhores desempenhos falham na sua avaliação.
Outro fator apontado por Keebler e Durtsche (2001) é que nem sempre os
resultados apurados por meio dos indicadores de desempenho desencadeiam
ações corretivas ou de redirecionamento, ou seja, apesar de a medida ser
coletada, o controle da operação não é realizado.
Dadas essas dificuldades e a complexidade desse tema, seguidos estudos
vêm sendo desenvolvidos a fim de identificar modelos de avaliação de
desempenho logístico capazes de representar, de maneira objetiva, a
53
performance das organizações (interna e externamente) no que diz respeito à
logística (GRÜDTNER, 2001).
2.8 Indicadores de Desempenho
Como citado anteriormente, vários estudos têm sido desenvolvidos sobre a
avaliação de desempenho logístico e indicadores, resultando em publicações com
diferentes formas de abordagem desse tema, sendo algumas delas apresentadas
na seqüência.
2.8.1 Indicadores de desempenho segundo Bowersox e Closs
Para Bowersox e Closs (2001, p. 562), os três objetivos principais do
desenvolvimento e da implementação de sistemas de avaliação de desempenho
incluem monitorar, controlar e direcionar as operações logísticas.
O monitoramento das medidas acompanha o desempenho histórico do
sistema logístico para que a gerência e os clientes sejam mantidos informados.
Medidas de avaliação típicas incluem nível de serviço e os componentes dos
custos logísticos.
As medidas de controle acompanham continuamente o desempenho e
são utilizadas para aprimorar um processo logístico, de modo a colocá-lo em
conformidade quando excede padrões de controle. Um exemplo de aplicação é
o controle de avarias no transporte.
As medidas de direcionamento são projetadas para motivar o pessoal.
Exemplos típicos incluem práticas de pagamento de adicionais de
produtividade, utilizadas para incentivar o pessoal de transporte ou do depósito
a atingir níveis mais altos de produtividade.
Segundo os autores, a perspectiva apropriada para a avaliação também
deve ser avaliada e determinada. As possibilidades variam desde medidas
54
baseadas em atividades até medidas inteiramente baseadas em processos,
conforme esquematizado na Figura 4.
As medidas baseadas em atividades concentram-se em tarefas
individuais necessárias para processar e expedir pedidos. Exemplos incluem
entradas de pedidos de clientes e caixas recebidas de fornecedores e
expedidas para clientes, registrando o nível de atividade e de produtividade.
As medidas de processo consideram a satisfação do cliente
proporcionada por toda a cadeia de suprimento. Essas medidas examinam o
tempo total do ciclo de atividades ou a qualidade total do serviço, que, por sua
vez, representam a eficácia coletiva de todas as atividades necessárias para
satisfazer aos clientes.
Figura 4 – Esquematização das medidas de desempenho baseadas em
atividades e processos Fonte: Bastos (2003, p. 78)
Além dessa perspectiva colocada pelos autores, outra que deve ser
observada diz respeito ao processo cujo desempenho deseja-se medir, seja
este interno ou externo.
Medidas de Desempenho
Baseadas em atividades
Baseadas em processos
Consideram astarefas individuais
Consideram a satisfação do cliente
- Tempo de entrada do pedido - Prazo de entrega - Caixas recebidas do fornec. - Tempo consulta do pedido
- Tempo total do ciclo de atividades - Qualidade total do serviço - Pedido perfeito
55
As medidas de desempenho interno concentram-se na comparação de
atividades e processos com metas e/ou operações anteriores. Sugere-se que
estas sejam classificadas nas seguintes categorias:
a) Custo – o reflexo mais direto do desempenho logístico é o custo real
incorrido para atingir objetivos operacionais específicos. O
desempenho dos custos logísticos é tipicamente medido em termos de
valores totais, como uma percentagem das vendas ou como um custo
por unidade de volume; b) Serviço ao Cliente – o segundo conjunto de medidas de desempenho
logístico está orientado para o serviço ao cliente. Essas medidas
examinam a capacidade relativa da empresa de satisfazer a seus
clientes;
c) Medidas de Produtividade – a produtividade é uma relação
(normalmente uma taxa ou um índice) entre o resultado (serviços e/ou
produtos) produzido e a quantidade de insumos (recursos) utilizados
pelo sistema para gerar esse resultado;
d) Mensuração dos Ativos – a mensuração dos ativos concentra-se na
utilização de investimentos em instalações e equipamento, assim
como na aplicação do capital de giro em estoque para atingir metas
logísticas; e
e) Qualidade – as medidas de qualidade, que são as avaliações mais
orientadas ao processo, são projetadas para determinar a eficácia de
um conjunto de atividades em vez de uma atividade individual.
Enquanto as medidas internas são importantes para a avaliação
organizacional detalhada, as medidas de desempenho externas também são
necessárias para entender, monitorar e manter uma perspectiva orientada ao
cliente, além de obter idéias inovadoras de outros setores, podendo ser
classificadas em duas categorias:
a) Mensuração da Percepção ao Cliente – essas medidas podem ser
obtidas por meio de pesquisas patrocinadas pela empresa, por um
conjunto de empresas do setor ou pelo acompanhamento sistemático
dos pedidos; e
b) Benchmarking das Melhores Práticas – o benchmarking é um
aspecto essencial para uma avaliação abrangente de desempenho e
56
concentra-se nas medidas, práticas e processos de uma organização
comparável.
O conceito de medidas externas é um conceito contemporâneo de
mensuração que vem despertando o interesse das organizações. É a medida
final de qualidade nas operações logísticas e diz respeito à eficácia do
desempenho de toda a logística integrada, e não somente de funções
individuais na empresa (BOWERSOX; CLOSS, 2001).
Bowersox e Closs (2001, p. 565) também destacam a questão do pedido
perfeito, pois “O pedido perfeito representa o desempenho ideal”. Este atende
aos seguintes padrões: entrega completa dos itens solicitados, entrega segundo
a data estipulada pelo cliente, com um dia de tolerância, documentação
completa de apoio ao pedido, com nota de empacotamento, conhecimento de
embarque e faturas, e perfeitas condições, ou seja, entrega do produto para
funcionamento sem falhas, com configuração correta, pronto para o uso, sem
nenhuma avaria. Atualmente, as melhores organizações de logística possuem
um desempenho de 55% a 60% de pedidos perfeitos, mas a maioria das
empresas possui menos de 20%.
Existem alguns obstáculos que causam falhas no pedido perfeito,
podendo ser destacados: erro na entrada do pedido, falta de informação,
indisponibilidade do item solicitado, retenção por crédito, impossibilidade de
cumprir a data de entrega, erro de separação, mapa de separação incorreto,
carregamento atrasado, chegada atrasada, documentação incompleta, chegada
antecipada, carregamento avariado, erro de fatura, dedução do cliente e erro no
processamento do pagamento.
Ainda segundo Bowersox e Closs (2001), um sistema ideal de avaliação
de desempenho possui três características que fornecem o direcionamento
correto no tempo certo para a gerência. São elas:
a) trade-off de custo/serviço: a dificuldade em coletar certos dados e
gerenciar relações de causa e efeito faz com que os relatórios
mostrem as despesas logísticas somente para um determinado
período, não refletindo os trade-offs de custo/serviço, essenciais às
decisões de geração de receita. Os custos devem estar sincronizados
com as receitas para que os executivos possam ter uma visão correta
do desempenho de seu sistema logístico. Se as atividades planejadas
57
geram custos que podem ser relacionados às vendas futuras, então é
possível conciliar os custos com as receitas correspondentes;
b) relatórios dinâmicos baseados em informações obtidas em tempo real:
geralmente, os relatórios logísticos operacionais fornecem a situação
de atividades importantes, como a posição do estoque, os custos de
transporte, o custo de armazenagem e outras medidas para um único
período. Esses relatórios fornecem estatísticas para serem
comparadas com períodos anteriores e determinar se o desempenho
está de acordo com o planejado, mas são deficientes, pois também
deveriam projetar tendências adversas antes que elas saíssem de
controle. Assim, os relatórios deveriam possuir capacidade de
diagnosticar para projetar a direção que as tendências operacionais
estão tomando e propor ações corretivas; e
c) relatórios baseados em exceção: a natureza abrangente e detalhada
da logística faz com que a gerência direcione a atenção para as
exceções dos resultados esperados. Esses relatórios auxiliam os
responsáveis a encontrar atividades que exigem mais atenção e,
dessa maneira, a tratá-las de forma mais aprofundada.
Além do foco no desempenho interno e externo de uma organização, os
autores alertam para a necessidade de medidas que possuam uma perspectiva
integrada, compatível e consistente entre as funções da empresa e entre
empresas do canal.
Para concluir, os autores indicam a necessidade do desenvolvimento de
vários níveis de informação dentro da organização, cabendo a cada nível um
perfil adequado de dados e informações (seletividade). Os quatro níveis
aplicáveis à avaliação do desempenho logístico são: direcionamento (ao nível
de gerentes), variação (ao nível de chefes de departamento), decisão (ao nível
do vice-presidente) e política (ao nível do presidente ou do principal executivo).
2.8.2 Indicadores de desempenho segundo Ballou
Ballou (2001, p. 494) define como controle o processo no qual o
desempenho planejado é alinhado, ou mantido em linha, com os objetivos
58
desejados pela organização, ou seja, o processo de controle é aquele de
comparar o desempenho real ao desempenho planejado e de iniciar ações
corretivas para aproximar os dois, se necessário.
Nesse contexto, o autor introduz o termo “auditoria”, que para ele é um
exame periódico da situação das atividades e que fornece a informação
necessária para o controle.
Segundo esse autor, no sistema logístico, o gerente de logística procura
controlar as atividades planejadas (transporte, armazenagem, estoques, manuseio
de materiais e processamento de pedido) em termos de custos de atividades e
serviço ao cliente. O mecanismo de controle inclui as auditorias e os relatórios
sobre o desempenho do sistema, as metas estabelecidas para o desempenho e
alguns meios para iniciar ações corretivas. Esse mecanismo de controle, com
relação aos fatores associados no processo, é mostrado na Figura 5.
O foco do sistema de controle está no processo a ser regulado. Esse
processo pode ser uma única atividade, tal como preencher pedidos e
reabastecer estoques, ou pode ser uma combinação de todas as atividades na
função logística. Há entradas no processo na forma de planos que indicam como
ele deve ser projetado. As influências ambientais são um segundo tipo de entrada
para o processo.
A saída do processo é o desempenho, que é o estado do processo em
qualquer ponto particular do tempo.
A função de controle exige um padrão de referência com o qual o
desempenho da atividade logística possa ser comparado. Tipicamente, esse
padrão é um custo orçado, um nível-alvo de serviço ao cliente ou uma
contribuição na formação dos resultados.
O monitor é o centro nervoso do sistema de controle. Recebe a informação
sobre o desempenho do processo, compara-o com a meta de referência e inicia
ações corretivas.
59
Figura 5 – Representação esquemática do processo de controle logístico
Fonte: Ballou (2001, p. 495)
O autor classifica os sistemas de controle conforme diferentes desenhos, que
podem ser classificados em enlace aberto, enlace fechado ou sistemas de controle
modificados.
O sistema mais comum para controle de atividades logísticas é o sistema de
enlace aberto. A característica importante desse sistema é a intervenção humana entre a
ação de comparar o desempenho real e o desejado e a ação para reduzir o erro de
processo.
No sistema de enlace fechado o gerente é removido do processo de controle,
sendo uma regra de decisão (dispositivo de controle) responsável por agir caso seja
observado um erro de desempenho. Atualmente, o melhor exemplo desse tipo de
sistema é o de controle de estoque.
O sistema de controle modificado, uma combinação dos sistemas de enlace
aberto e enlace fechado, é o mais utilizado no controle de atividades logísticas.
Além de definir o tipo de sistema de controle, o autor menciona a importância de
vários detalhes do sistema que precisam ser considerados. Estes incluem a tolerância a
“erros” (definir a magnitude do desvio que deve ocorrer para que seja iniciada a ação
corretiva), a natureza de resposta do sistema (a resposta é a função das características
Ação corretiva Monitoração
Comparação pelo gerente, consultor ou computador.
Padrões ou metas
Relatórios de desempenho
ProcessamentoAtividades da
cadeia de suprimentos em
andamento
Forças externas e internas e mudanças
Entradas
Atividades da cadeia de suprimentos e
níveis de serviço ao cliente
Saídas
Custos de atividades e
serviços ao cliente
Elementos do processo de controle
60
do sistema e a forma na qual ações corretivas são tomadas), o estabelecimento de metas
(orçamentos e metas de serviço) e a natureza da informação de controle.
Com relação à informação, o sistema de controle requer que ela seja exata,
relevante e oportuna sobre o desempenho da atividade ou da função. As principais fontes
dessa informação são auditorias e os diversos relatórios das atividades logísticas.
A informação da auditoria é usada para estabelecer novos pontos de referência,
com os quais os relatórios são gerados, e para corrigir erros que podem resultar do
desempenho de determinadas atividades logísticas devido a informações ruins.
O autor apresenta algumas classificações para a auditoria: auditoria total da
função, que pode incluir uma avaliação de todo o pessoal, da estrutura organizacional e
do projeto de toda a rede logística; auditorias de estoque; auditorias nas notas de frete;
outras auditorias (utilização de espaço de armazém, níveis de serviço ao cliente,
utilização da frota de transporte e desempenho da política de estoque, que fornecem a
informação básica necessária para um controle logístico eficaz); e benchmarking
(comparação entre os dados de desempenho coletados e os resultados apresentados
pelos concorrentes).
Ballou (2001, p. 504) ainda aborda os relatórios que são gerados no curso das
operações. Segundo o autor, para se alcançar o controle total da função logística, três
relatórios-chave de mensuração são sugeridos: demonstração de custo/serviço (similar
às demonstrações de resultado que são comuns na contabilidade e pretendem mostrar
os custos de operação com os correspondentes níveis de serviço ao cliente, alcançados
ao longo do tempo); relatório de produtividade (em que o desempenho da saída está
relacionado com a entrada de recursos); e mapa de desempenho gráfico (quadros
gráficos de desempenho comparando as medidas ao longo de períodos consecutivos).
Conforme mostrou a Figura 5, o elemento final na função controle é a ação
corretiva que deve ser empreendida quando a diferença entre as metas do sistema e o
desempenho real não são mais toleráveis. A ação para reduzir a diferença depende da
natureza e da extensão da condição de fora de controle. Três tipos de ação são
delineados: ajustes menores (não requer mudanças significativas na maneira como a
atividade é conduzida); replanejamento principal (reciclar por meio de processos de
planejamento gerencial, que geram novos cursos de ação); e planos contingenciais
(representam cursos predeterminados de ação a serem implementados quando um
evento definido ocorrer).
61
Para finalizar, o autor menciona a relação entre a atividade de controle e a
inteligência artificial, que se refere ao reconhecimento por computador de padrões
adversos nos relatórios de desempenho e nas sugestões resultantes a respeito dos
cursos de ação que podem ser empreendidos para corrigir padrões de desempenho
adversos. Nesse sentido, o computador age como um consultor ou assistente do gerente.
2.8.3 Indicadores de desempenho segundo Christopher
Christopher (1997, p. 57) aborda a avaliação do desempenho logístico sob
duas perspectivas: em termos absolutos – baseado em custos – e em termos
relativos – baseado na comparação com a concorrência (benchmarking).
I. A Abordagem nos Custos
O autor considera que, como o gerenciamento logístico é um conceito
orientado para o fluxo, integrando os recursos desde os fornecedores até os
clientes finais, é interessante haver um meio de avaliar os custos e o
desempenho desse fluxo.
Segundo o autor, um dos principais motivos que levam as empresas a
terem dificuldade para adotar uma abordagem integrada para a logística e para o
gerenciamento da distribuição é a falta de informações sobre custos. Os sistemas
convencionais agrupam os custos em categorias amplas agregadas, que não
permitem a realização de uma análise mais detalhada, para identificar os custos
verdadeiros da prestação de serviço ao cliente numa variedade de produtos.
Como a logística atravessa diversas áreas organizacionais de uma
empresa tradicional, e o custo tem impacto na maior parte dessas áreas,
Christopher (1997, p. 59) propõe que se trabalhe com o conceito de análise do
custo total, em que “o custo deve ser visto em termos incrementais – a variação
nos custos totais causada pela mudança no sistema”. Dessa maneira, o custo
incremental é uma informação contábil de grande importância para a tomada de
decisão.
Para Christopher (1997), o principal problema no desenvolvimento de um
sistema adequado de custeio orientado para a logística é a questão do enfoque,
que deve ser nos custos. O sistema deve refletir o fluxo de materiais,
62
identificando os custos resultantes do fornecimento de serviço ao cliente e
possibilitando uma análise separada de custos e receitas, por tipo de cliente e
por segmento de mercado ou canal de distribuição.
O autor ainda faz alguns paralelos entre o custeio baseado em atividade e
a idéia de custeio da missão, este último procurando identificar os únicos custos
que são formados a partir de estratégias de serviço específicas de
logística/cliente destinadas a determinados mercados-alvo. O autor define quatro
estágios para implementar um processo eficaz de custeio da missão:
a) definir o segmento de serviço ao cliente;
b) identificar fatores que causem variações nos custos dos serviços;
c) identificar as fontes específicas utilizadas para apoiar segmentos de
clientes; e
d) atribuir os custos da atividade por tipo ou segmento de cliente.
Os requisitos que o autor considera como básicos para a análise do custo
logístico servem para fornecer informações confiáveis, que permitem uma melhor
alocação dos recursos. Como o problema do gerenciamento logístico é atender
às necessidades dos clientes de forma mais eficiente, então é de grande
importância que os responsáveis tenham acesso a dados precisos e
significativos, para poderem proporcionar vantagem competitiva para a empresa.
II. A Abordagem no Benchmarking
O autor cita que existem três dimensões para o problema da medição:
a) o cliente deve ser a principal referência para a medição, sendo as suas
observações de fundamental importância para o desempenho;
b) o desempenho da empresa deve ser comparado com o “melhor da
classe”, e não somente com o seu concorrente imediato; e
c) não devem ser medidos e comparados somente os produtos da
empresa, mas os processos que os produzem.
As idéias acima são a essência do que o autor chama de “benchmarking
competitivo”, que é a medição contínua dos produtos, serviços, processos e
práticas da organização com relação aos padrões utilizados pelos melhores
concorrentes e outras empresas líderes.
63
II.1 Benchmarking do Serviço Logístico
O benchmarking defendido pelo autor serve para medir o desempenho da
empresa em relação aos seus concorrentes, em busca de oportunidades para
alcançar vantagem competitiva, e em relação aos seus não-concorrentes, para
identificar oportunidades de adoção de estratégias detectadas fora do seu
mercado de atuação.
De acordo com Christopher (1997), essa abordagem na prestação de
serviços utiliza um procedimento de cinco passos:
a) definir a arena competitiva;
b) determinar as questões relativas ao serviço;
c) estabelecer as dimensões-chave;
d) identificar a posição da empresa em componentes-chave do serviço,
em relação aos concorrentes; e
e) comparar o desempenho dos serviços e as prioridades indicadas pelo
cliente.
Esses passos são esquematizados por Bastos (2003) na Figura 6.
Figura 6 – Processo de auditoria do serviço logístico Fonte: Bastos (2003, p. 85)
Defina a arena competitiva
Determine os serviços com base nasdefinições dos clientes
Utilize a análise de trade-offs para identificar fatores-chave dos serviços
Faça benchmarking em relação aos concorrentes-chave
Desenvolva o perfil e a matriz dedesempenho dos serviços
64
II.2 Benchmarking do Processo Logístico
Segundo Christopher (1997), a filosofia fundamental desse benchmarking
é o reconhecimento da importância da melhoria contínua, controlando o
processo, e não somente confiando na inspeção do resultado. Considerando que
o processo seja o “fluxo de distribuição”, que se inicia com os fornecedores,
passa pela empresa, pelos intermediários e termina no cliente final, a satisfação
do cliente no final do fluxo depende de tudo o que ocorre no decorrer do
processo.
Para a melhora do desempenho no fluxo de serviços é preciso, de acordo
com o autor, primeiramente compreender a estrutura do processo, que pode ser
feita mediante o desenvolvimento de um fluxograma dos passos, ao longo da
cadeia. Em seguida, devem ser identificados os pontos críticos onde, se algo de
errado acontecer, o processo inteiro será afetado. É nesses pontos críticos que
deve ser aplicado o controle e onde o benchmarking pode gerar benefícios.
II.3 Benchmarking do Fornecedor e o Distribuidor
É importante incluir os fornecedores e os distribuidores de uma
organização no seu processo de benchmarking, já que o desempenho da cadeia
de suprimentos está comprometidamente ligado com a qualidade desses
relacionamentos (CHRISTOPHER, 1997).
Nos dois casos, o autor defende que o enfoque deve ser na melhoria da
eficiência e eficácia dos relacionamentos da cadeia de suprimentos, com o
objetivo de melhoria no desempenho global, desde a redução do custo total até o
aumento do nível de serviço ao cliente.
O processo de benchmarking revela as lacunas de desempenho e
proporciona aos gerentes uma agenda para ação. Os programas de
benchmarking bem-sucedidos permitem o desenvolvimento de estratégias
logísticas baseadas nas necessidades dos serviços ao cliente e asseguram que
os processos empregados sejam de ponta. Para as empresas que se
comprometem firmemente com a filosofia do benchmarking, a “melhoria contínua”
é um modo de vida, não apenas um clichê (CHRISTOPHER, 1997).
65
2.8.4 Indicadores de desempenho segundo Kaplan e Norton
Nesta abordagem, Kaplan e Norton (1997, p. 3) desenvolvem uma
estrutura de medição, avaliação e correlação de indicadores de desempenho,
que tem como objetivo criar uma base muito sólida para a gestão estratégica de
organizações hoje atuantes em um novo ambiente designado por eles como “a
Era da Informação”. Esse ambiente exige novas capacidades competitivas, e,
segundo os autores, o investimento em ativos intangíveis ou invisíveis se mostra
muito mais decisivo que os tradicionais investimentos em ativos. Alguns
exemplos desses ativos intangíveis são:
a) desenvolvimento de relacionamentos que conservem a fidelidade dos
clientes;
b) lançamento de produtos e serviços inovadores esperados/desejados
pelos clientes-alvo;
c) produção de bens e serviços customizados de alta qualidade e baixos
custos produtivos, com curtos ciclos de manufatura;
d) motivação e rotatividade das atividades dos funcionários visando à
melhoria contínua de processos, qualidade e tempo de resposta; e
e) utilização das tecnologias disponíveis de gestão da informação.
Ainda contextualizando esse novo ambiente, os autores propõem algumas
premissas operacionais que podem ser observadas no resumo de Schmitt (2002)
como:
a) uso de processos interfuncionais buscando vantagem competitiva
através da especialização das suas habilidades;
b) integração de processos de suprimentos, produção e distribuição entre
as empresas/elos da cadeia;
c) necessidade de se oferecerem produtos e serviços customizados para
atender aos diversos segmentos de clientes;
d) atuação mundial, já que as fronteiras nacionais deixaram de ser
obstáculo para a concorrência com empresas estrangeiras;
e) busca contínua por inovação dos produtos e serviços, considerando a
forte tendência de diminuição de ciclos de vida e a alta competição
tecnológica; e
66
f) pelo alto grau de automação e diminuição do número de funcionários
que desempenham funções meramente operacionais, desenvolveu-se
a idéia do trabalhador de conhecimento (knowlegde worker), que é um
funcionário que ainda está envolvido diretamente na produção, porém
que também desempenha funções analíticas de controle de qualidade,
redução de custos e diminuição de ciclos dentro da empresa.
Como resultado desse foco no modelo tradicional de contabilidade
financeira aliado à necessidade empresarial de construir novas capacidades
competitivas, Kaplan e Norton (1997) criaram um novo sistema gerencial
chamado Balanced Scorecard (BSC). Esse sistema
traduz a missão e a estratégia das empresas, num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica, [...] enfatizando a busca dos objetivos financeiros, mas também incluindo os vetores de desempenho destes objetivos. (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 8).
Dessa forma, o Balanced Scorecard se desenvolveu orientado à medição
do desempenho organizacional sob quatro perspectivas diferentes: perspectiva
financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento.
Pretende-se que as empresas que implantam o BSC consigam acompanhar seu
desempenho financeiro ao mesmo tempo em que controlam o progresso na
construção de competências e na aquisição dos ativos intangíveis necessários
para o crescimento contínuo.
De acordo com Ñauri (1998, p. 37), o BSC fornece às organizações uma
visão compreensível e abrangente do negócio, focalizando os esforços de
gestão, controle e melhoria ao definir um grupo de medidas que controlam as
atividades mais críticas dentro da organização. As perspectivas descritas
anteriormente devem traduzir a missão da organização em fatores que levem ao
sucesso, e não simplesmente a um conjunto de medidas. Dessa forma,
estruturando apropriadamente um grupo de medidas que tem propósitos comuns,
este BSC estará direcionado para a realização de uma estratégia unificada.
Ainda segundo Ñauri (1998, p. 37), um BSC adequado com propósitos
comuns incorpora medidas de resultados (inputs) e medidas de saídas de
processo (outputs) que indicam se os objetivos estão sendo atingidos e se as
estratégias estão sendo implementadas com sucesso. Toda medida escolhida
67
pelo BSC deve ser um elemento dentro de uma cadeia de relações entre causa e
efeito que comunique o significado da estratégia para toda a organização.
Segundo os autores desta abordagem, uma das inovações desse modelo
é o de destacar os processos críticos para alcançar o desempenho esperado
pelos clientes e acionistas, assim como, através dos vetores críticos, esclarecer
os objetivos estratégicos da organização.
Para concluir, a abordagem de avaliação de desempenho batizada de
Balanced Scorecard busca determinar os fatores-chave de sucesso, integrando a
definição dos indicadores financeiros e não-financeiros e oferecendo à gerência
da empresa uma ampla visão, compreensiva e fácil, do negócio e das fontes de
vantagem competitiva que podem ser obtidas. Apesar de ser uma abordagem
com foco gerencial, pode-se utilizar os seus conceitos para avaliar o desempenho
logístico também.
2.8.5 Indicadores de desempenho segundo Rey
Rey (1999, p. 88) estrutura o processo de avaliação do desempenho
logístico com base em quatro pontos principais:
a) por que medir o desempenho logístico;
b) como medir o desempenho da função logística;
c) que indicadores utilizar; e
d) benchmarking de indicadores de desempenho de logística.
Na definição de por que medir o desempenho logístico, a autora considera
que
As relações entre a política de serviço ao cliente, a política de estoques, materiais, transporte e distribuição e as políticas de armazenagem são tão intrínsecas que só podem ser explicadas através dos indicadores de desempenho apropriados. (REY, 1999, p. 88).
Também cita que as empresas acabam subotimizando a estratégia logística
por não definirem indicadores de desempenho logístico apropriados.
68
Assim, segundo a autora, a única maneira de implementar e justificar
corretamente uma estratégia ou diferentes iniciativas em logística é tendo em
mãos um conjunto de indicadores que demonstrem quantitativamente o impacto
das iniciativas na melhoria dos indicadores em âmbito global.
Outra motivação para o uso de indicadores de desempenho logístico vem
do fato provado em qualquer área de que o que não se mede não melhora.
Ao abordar como medir o desempenho logístico, Rey (1999, p. 88)
menciona a necessidade de haver correspondência entre os indicadores de
desempenho logístico e os indicadores de desempenho corporativo – por isso a
importância de se colocar a abordagem de Kaplan e Norton (1997). Esses
indicadores têm sido construídos com base em elementos que contribuem para
melhorar a posição competitiva da empresa. De modo geral, as empresas
competem com base em quatro elementos:
a) custo – é a habilidade de proporcionar bens e serviços ao menor custo
possível;
b) produtividade – é a habilidade de produzir os maiores resultados
possíveis com a menor quantidade de recursos disponíveis;
c) qualidade – é a habilidade de gerar bens e serviços que satisfaçam ou
excedam as expectativas dos consumidores; e
d) tempo – é a capacidade da empresa de responder às mudanças no
menor tempo possível.
A autora ressalta o fato de estes quatro grupos de indicadores serem
complementares, devendo ser avaliados de maneira simultânea e complementar.
Segundo Rey (1999), na aplicação desses quatro grupos de indicadores na
logística, o modelo proposto desenvolve-se a partir da idéia principal de que os
indicadores genéricos são a somatória do desempenho de custo, produtividade,
qualidade e tempo de cada um dos cinco processos que compõem a logística:
a) suprimentos e manufatura (PPCP), em que estariam inclusos o
planejamento e o controle da produção (PCP) e as etapas do processo
de produção;
b) serviço ao cliente e processamento de pedidos;
c) planejamento e administração de materiais, inclusas as atividades de
controle para compra, recebimento e utilização de matéria-prima;
d) transporte e distribuição; e
69
e) armazenagem.
Dessa maneira, a autora coloca que o que cada empresa deve construir
como um conjunto ótimo de indicadores de logística é uma matriz como a
apresentada na Figura 7, onde se definem os quatro grupos de indicadores de
desempenho para cada um dos cinco processos e para a logística de modo geral.
Figura 7 – Matriz de indicadores d e desempenho
Fonte: Rey (1999, p. 89)
Definida a estrutura da matriz, a autora sugere alguns critérios de decisão
que devem ser utilizados para definir os indicadores:
a) que satisfaçam a necessidade de medir o desempenho individual de
cada um dos processos;
b) que meçam as inter-relações de cada processo com os demais;
c) que quantifiquem a contribuição de cada processo específico para a
otimização da estratégia de logística em geral;
d) que se definam indicadores que sejam fáceis de medir; e
e) que sejam suficientemente padronizados dentro da empresa para
permitir exercícios de benchmarking, quando esses indicadores forem
construídos.
A seguir são feitas algumas considerações sobre a posição da autora em
relação aos indicadores de desempenho que devem ser utilizados na matriz.
Indicadores Financeiros: são aqueles que medem o custo total da operação
logística. Estão incluídos dois tipos de custos: operacionais (força de trabalho,
armazenagem, movimentação, frota de transporte, etc.) e de capital (calculado
Processos vs. Indicadores CUSTO PRODUTIVIDADE QUALIDADE TEMPO
Suprimento e manufatura
Serviço ao cliente e processamento de pedidos
Planejamento e administração de materiais
Transporte e distribuição
Armazenagem
LOGÍSTICA TOTAL
70
como o valor total dos ativos de logística multiplicado pela taxa de capitalização
destes ativos que a empresa definiu como de caráter geral para cada tipo de ativo
logístico). Então, os custos totais são a somatória dos custos operacionais totais
dos processos mais os custos de capital dos ativos de logística.
Indicadores de Produtividade: mostram a capacidade da função logística de utilizar
de maneira eficiente os recursos designados a cada função. Sendo os objetivos
gerais dos recursos de logística a geração de vendas e o preenchimento de
mercados, então os indicadores de produtividade são construídos calculando-se a
relação entre a geração de resultados e o consumo dos recursos para produzir
esse resultado.
Indicadores de Tempo: a logística precisa garantir que suas funções se
mantenham nos níveis de tempo estipulados pela empresa para a satisfação dos
clientes e o acesso rápido ao mercado. O cumprimento do tempo do serviço deve
ser monitorado constantemente.
Indicadores de Qualidade: o principal indicador nesta categoria é o que se conhece
por porcentagem de pedidos perfeitos, que mede a probabilidade de um pedido
processado pelo sistema logístico da empresa sair perfeito. Este indicador mede a
qualidade de todos os processos de logística. Cada processo é interdependente e
afeta o indicador geral de qualidade da função logística. Medir a porcentagem de
pedidos perfeitos é o primeiro passo para melhorar a qualidade da logística de uma
organização.
A autora alerta para o fato de que, se o exercício de medir o desempenho é
demasiado extenuante e excessivo, desmotiva as empresas a utilizarem-no. Por
outro lado, se os indicadores não têm sentido ou se os dados não estão
disponíveis, o exercício de construir uma tabela de indicadores perde o sentido, já
que os usuários desse sistema não terão interesse em preencher ou calcular os
indicadores.
Na quarta e última etapa do processo de avaliação de desempenho,
benchmarking de indicadores de desempenho logístico, a autora reforça a
importância de o benchmarking ser realizado adequadamente, permitindo às
empresas comparar o desempenho de sua atividade logística com os melhores de
sua área ou do mundo em geral. Um bom conjunto de indicadores permite
participar com maior facilidade de exercícios de benchmarking, já que a empresa
71
tem a base fundamental para comparar o custo, a produtividade, a qualidade e a
rapidez da função logística.
2.8.6 Indicadores de desempenho segundo Hijjar, Gervásio e Figueiredo
O antigo Council of Logistics Management (CLM) publicou que a primeira
pesquisa na área “que buscou entender a forma de atuação das empresas líderes
em logística validou as hipóteses de que as melhores práticas logísticas eram
extremamente similares, independentes da indústria, posição no canal de
distribuição e tamanho da empresa” (HIJJAR; GERVÁSIO; FIGUEIREDO, 2005).
Como resultado da pesquisa e de sua revisão posterior, foi desenvolvido em 1992
um modelo denominado “The leading edge best practice”. Estudos subseqüentes
procuraram entender como algumas empresas colocavam em funcionamento
práticas capazes de atender clientes exigentes de melhor forma que seus
competidores, como se tornavam líderes em excelência operacional e também
como traduziam seu desempenho em vantagem competitiva e valor superior para
acionistas. Foi proposto então pelo The Global Logistics Research Team of
Michigan State University o modelo “World Class Logistic” (CLM 1995 apud
HIJJAR; GERVÁSIO; FIGUEIREDO, 2005).
Segundo Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005), o modelo demonstra as
competências das empresas em quatro áreas distintas: (a) posicionamento; (b)
integração; (c) agilidade; e (d) mensuração. Os criadores do modelo sustentam que
o desempenho de classe mundial seria o resultado de um elevado desempenho em
relação a essas áreas que eles chamam de competências. O modelo é
apresentado na Figura 8.
72
Figura 8 – Modelo “World Class Logistics”
Fonte: Bowersox (apud HIJJAR GERVÁSIO; FIGUEIREDO, 2005)
A primeira competência é o posicionamento, ou seja, a forma pela qual a
empresa compete, o tipo de serviço ofertado, o grupo de consumidores-alvo e a
sua comparação à oferta dos concorrentes. A segunda competência é a integração,
que lida com o que e como fazer para criar uma operação logística de excelência. A
seguir vem a agilidade, que é a capacidade de reagir às mudanças das
necessidades dos clientes, de tal modo que estes não apenas se mantenham fiéis,
mas também proporcionem oportunidades de crescimento. E, por fim, a quarta
competência é a mensuração, competência que, através de medidas de avaliação,
proporciona a base para a realização de ajustes nas outras três competências
logísticas (posicionamento, integração e agilidade).
2.8.6.1 A mensuração de desempenho nas empresas de classe mundial
Ainda segundo Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005), a pesquisa realizada
pelo grupo de Michigan evidenciou que as organizações com logística de classe
mundial percebem a medição de desempenho como uma competência crítica e
mostram maior proficiência que seus competidores nessa atividade.
O modelo “World Class Logistics” separa as medidas de desempenho, que
chama de “métricas”, em quatro áreas: (a) serviço ao cliente/qualidade; (b) custos;
(c) produtividade; e (d) gerenciamento de ativos.
Integração
Posicionamento
Agilidade
Mensuração
Integração
Posicionamento
Agilidade
Mensuração
73
A seguir são apresentados exemplos de indicadores de desempenho das
diferentes métricas citadas por alguns dos principais autores na área de logística
para um bom sistema de avaliação.
Métrica 1: Serviço ao cliente/qualidade
Uma série de autores aborda a mensuração do serviço ao cliente
estabelecendo indicadores de desempenho importantes a serem monitorados. A
Figura 9 apresenta uma extensa lista de indicadores de desempenho de serviço ao
cliente citados pelos autores.
Figura 9 – Exemplos de indicadores de serviço ao cliente
Fonte: Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005)
74
Métrica 2: Custos
Figura 10 – Exemplos de indicadores de custos
Fonte: Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005)
Métrica 3: Produtividade
As medições de produtividade são tipicamente modeladas para monitorar
sistemas que convertem inputs em outputs através da aplicação de trabalho. A
Figura 11 apresenta exemplos de indicadores de desempenho de produtividade.
Figura 11 – Exemplos de indicadores de produtividade
Fonte: Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005)
75
Métrica 4: Gerenciamento de ativos
Figura 12 – Exemplos de indicadores de gerenciamento de ativos
Fonte: Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005)
Em conjunto com as métricas, os autores sugerem que o World Class
Logistics propõe ainda algumas perspectivas de análise, assim como um sistema
de gerenciamento que permite maior eficácia da mensuração de desempenho.
Tão importante como ter um conjunto de indicadores que contemplem
diversas dimensões, o “Modelo de Competência Logística” desenvolvido pelo
Grupo de Michigan na pesquisa World Class Logistics sugere que a competência
“mensuração do desempenho logístico” é constituída por três habilidades ou
perspectivas de medição de desempenho. A perspectiva de medição se refere a
como uma empresa identifica e define os indicadores de desempenho: a avaliação
funcional ou por atividades; a avaliação de processo ou de sistema; e o
benchmarking.
Por fim, os autores concluem que o modelo chama a atenção para alguns
aspectos operacionais e de gerenciamento necessários para que se tenha sucesso
na medição do desempenho logístico, e propõe que o uso efetivo de um sistema de
mensuração exige: (a) o suporte de um sistema de informação; (b) o uso de um
sistema dinâmico de acompanhamento dos indicadores, o que engloba a
necessidade de revisão periódica dos índices utilizados, acrescentando-se novos e
retirando-se os obsoletos; e (c) a utilização efetiva dos resultados obtidos, o que
significa realmente utilizar os resultados dos indicadores de performance
monitorados para tomar ações efetivas de melhoria quando necessário.
76
2.8.7 Indicadores de desempenho segundo a Associação ECR Brasil
O ambiente cada vez mais competitivo exige dos líderes empresariais
constante análise da estratégia de atuação de suas empresas. Entretanto, segundo
a Associação ECR Brasil (1998), não se questionam com a mesma freqüência e
nível de preocupação as medidas de desempenho adotadas, apesar da importância
destas no monitoramento do sucesso da estratégia, na sinalização aos profissionais
das prioridades e objetivos e, ainda, na estruturação do sistema de recompensa.
Quando estratégias e técnicas como as do ECR são implementadas sem
indicadores de desempenho adequados, assume-se um grande risco e,
freqüentemente, os resultados não são positivos ou não são percebidos pela
empresa.
Muitas empresas têm indicadores em excesso. Essa situação é típica em
empresas em que indicadores foram criados para monitorar os resultados da
implementação de uma determinada estratégia, em que houve mudanças de curso
ao longo do tempo e os indicadores permaneceram. Outras empresas não
possuem em sua cultura o “hábito” de trabalhar com indicadores de desempenho e,
geralmente, se restringem ao estabelecimento de poucos indicadores financeiros.
1) Conceito de indicadores de desempenho segundo a Associação ECR Brasil
Indicadores de desempenho são definidos como um conjunto de medidas de
performance que devem estar estreitamente vinculadas aos fatores críticos de
sucesso do negócio em que a empresa está inserida. São utilizados como
ferramentas de comunicação das estratégias e alavancadores de mudança.
Estruturar e trabalhar com um sistema de indicadores de desempenho traz
inúmeros benefícios para a empresa, incluindo:
a) a possibilidade de definir um pequeno número de medidas relevantes e
a facilidade em comunicar essas medidas e suas metas para todos os
níveis da organização;
b) o poder de motivar e prover feedback aos profissionais que passam a
monitorar sua própria performance, reduzindo os riscos de confronto
nos objetivos;
77
c) a facilidade em basear as recompensas e promoções dos profissionais
em fatos concretos; e
d) a disponibilidade de informações necessárias, o que facilita e agiliza o
processo de tomada de decisões.
Segundo a Associação ECR Brasil (1998), um sistema de indicadores de
desempenho bem estruturado diminui drasticamente a busca aleatória e
circunstancial por informações, criando uma rotina que melhora a relação entre
custo e benefício de se obterem essas informações.
A tarefa de reformulação dos indicadores de desempenho da empresa deve
ser confiada a uma equipe multidisciplinar, composta dos profissionais mais
competentes de todas as áreas e/ou departamentos. A equipe deverá examinar
cada medida proposta e desenvolver uma definição sucinta e clara do propósito de
cada indicador. Abaixo, alguns princípios básicos são citados pela Associação ECR
Brasil (1998), na elaboração de novas medidas de desempenho.
a) Reavaliar os indicadores existentes
Muitas vezes, indicadores inúteis permanecem por razões que vão do
comodismo ao medo de implementar algo desconhecido. Por isso, todos os
indicadores devem ser reavaliados quanto à utilidade e adequação às iniciativas do
ECR.
b) Medir os processos, e não apenas os seus resultados
A maioria dos indicadores voltados para resultados (que tendem a ser de
natureza financeira, com enfoque interno e dirigidos para o aspecto histórico)
indicará a existência de um problema, entretanto não ajudará a diagnosticar a
causa. Se os processos-chave do negócio forem monitorados e aperfeiçoados, os
resultados, como, por exemplo, satisfação do cliente, participação no mercado e
retorno sobre o investimento, também o serão.
c) Promover o trabalho em equipe Os indicadores de desempenho devem ser compartilhados entre as várias
áreas da empresa para promover o trabalho em equipe. Ainda segundo o ECR
Brasil, o enfoque dos novos indicadores deve ser a visão por processos em
detrimento do estabelecimento de objetivos isolados por áreas e departamentos.
78
Para a indústria, por exemplo, o indicador “pedido perfeito” deve ser objeto de
monitoramento da força de vendas, que deve negociar adequadamente o processo
de fornecimento, do setor de compras, que deve providenciar os materiais no
tempo correto, da produção, que planeja e executa a fabricação, e da distribuição,
que controla os níveis de estoque e entregas. Para o varejo, o raciocínio é o
mesmo: a “disponibilidade do produto na gôndola” é o resultado de um processo
que passa por várias áreas da empresa, desde o check-out até a colocação do
pedido de reposição ao fornecedor.
d) Os indicadores devem formar um conjunto equilibrado
Nenhum indicador é totalmente adequado quando implementado
isoladamente. É necessário definir um conjunto que combine indicadores
financeiros e não financeiros, relativos e não relativos a custo, internos e externos
e, ainda, focados nas atividades ou nos resultados voltados para processos e áreas
específicos. Os indicadores devem traduzir as expectativas do cliente com respeito
a custo, qualidade e velocidade dos serviços e, ainda, refletir cada elemento da
cadeia de valor da empresa, formando um mix de indicadores estatísticos e
financeiros.
e) Os indicadores devem ser comparados externamente
Os indicadores utilizados na empresa, sempre que possível, devem ser
estruturados para prover uma forma de comparação com “o mundo externo”.
Comparar a performance internamente entre subsidiárias, divisões, departamentos
e até indivíduos é um exercício saudável. Entretanto, essa atitude não é suficiente
para indicar se a empresa está reduzindo custos mais lentamente que a
concorrência ou sem está aumentando a participação em um segmento de
mercado que outros estão abandonando.
f) Outros aspectos importantes a serem observados ao se compor um
indicador
• Representatividade – significativa e relação com as estratégias e
processos
• Confiabilidade – poder de representar as tendências
• Clareza – ter o seu propósito perfeitamente indicado por meio do nome
79
• Disponibilidade de dados – disponibilidade da informação a custos e
prazos razoáveis
Para a Associação ECR Brasil (1998), o uso de indicadores de desempenho
deve ser criativo. A empresa deve formar um conjunto equilibrado de indicadores
voltados para processos e resultados e ainda indicadores com enfoques externo e
interno.
2) Indicadores de desempenho para a indústria e varejo
Segundo a Associação ECR Brasil (1998), a integração dos parceiros
comerciais é uma premissa para a implementação do ECR; no entanto, o
monitoramento dos processos desempenhados por qualquer um desses parceiros é
importante para garantir o desenvolvimento e o aprimoramento de toda a cadeia.
Para indústrias e varejo, os indicadores de desempenho devem ser refinados para
atender às necessidades específicas de cada empresa ou unidade de negócio.
Alguns “padrões de excelência” também devem ser definidos para que se possa
estabelecer comparações e eventualmente identificar oportunidades de melhorias.
No Quadro 2 são definidos exemplos de indicadores para a estratégia de
reposição eficiente da Associação ECR Brasil (1998), que podem servir como uma
idéia inicial para a definição do conjunto de indicadores de desempenho.
REPOSIÇÃO
Indicador Cálculo
Taxa de pedidos atendidos sem erro (%)
(perfect order)
Número de pedidos atendidos sem erro X 100
Número total de pedidos no período
Obs: pedido atendido sem erro é aquele com quantidade (itens e volume) correta, qualidade e documentação especificado e atendido no prazo acordado.
Tempo de atendimento
aos pedidos (lead-time de atendimento)
Tempo total do processo de atendimento do pedido desde o
recebimento do pedido até a entrega Obs: Um processo individual pode ser comparado com a média de atendimento de pedidos
Cobertura dos estoques
80
(tempo) Quantidade de produtos em estoque (por SKU)
Média do consumo do produto no período
Valor dos estoques ($) Custo do item (SKU) X Quantidade em estoque
Acurácia dos estoques (%)
(Quantidade registrada – Quantidade real) X 100
Quantidade real em estoque (SKU)
Índice de quebra de estoque por produto (%)
(Stock-out)
Número de produtos (SKU) em falta * X 100
Número total de produtos trabalhados
* pode ser medido na gôndola, no depósito da loja, no CD ou no estoque de produto acabado da indústria. O período pode ser dia, semana, quinzena, mês, etc.
Índice de quebra por % de vendas (%) (Stocks-
out)
Σ (dias com falta X itens faltantes (SKU) X venda média por
item por dia) X 100
Valor total de vendas no período
Custo de posse do estoque (%) (ICC-
Inventory carring cost)
Custo total incorrido pela posse do estoque* X 100
Valor médio dos estoques no período
* Os custos incorridos podem ser divididos em duas categorias: Custo do capital = custo da oportunidade de aplicar o capital em outro investimento; pode ser utilizada a taxa na captação ou aplicação do capital no mercado ou, ainda, a taxa estabelecida pela empresa como retorno mínimo de investimento; e Custo operacional = custo com deterioração, obsolescência, roubo, seguros e impostos, manuseio, espaço físico e custo de manutenção de registros.
Percentual dos produtos em reposição contínua
(%)
Total de produtos em processo de reposição contínua* X 100
Total de produtos trabalhados
* pode ser calculado em relação a uma categoria ou sobre o total de produtos da empresa
Percentual do negócio em
reposição contínua (%)
Vendas totais de produtos em reposição contínua X 100
Total de vendas
Quadro 2 – Indicadores relacionados a reposição eficiente de produtos Fonte: Associação ECR Brasil (1998)
81
Na seqüência será apresentado o processo de avaliação de desempenho e suas
etapas.
2.9 O Processo de Avaliação de Desempenho
Segundo Rodriguez e Granemann (2004, p. 153), para que o processo de
avaliação de desempenho seja realizado de maneira correta, é necessário que
sejam desenvolvidos todos os passos apresentados no diagrama apresentado na
Figura 13.
Estabelecer sistema
de indicadores de desempenho
Medir
Comparar medida x padrão
Desvio?
Investigar as causas
Propor soluções
Aplicar soluções
Estabelecer padrões de refer ê ncias
Desempenho esperado
Benchmarking Metas Dados hist ó ricos
Não
Sim
Figura 13 – Fluxograma do processo de avaliação de desempenho
Fonte: Rodriguez e Granemann (2004, p. 153)
De acordo com o fluxograma proposto por Rodriguez e Granemann (2004, p.
153), o processo de avaliação de desempenho inicia-se com o estabelecimento
do sistema de indicadores. A partir deste definem-se os padrões de referência,
obtidos através de dados históricos, metas e benchmarking das melhores práticas
desenvolvidas por empresas líderes ou concorrentes.
82
Tendo sido realizadas as medições, os dados obtidos são comparados com
os padrões de referência. Caso os desvios estejam dentro do esperado (ou não
haja desvios), ou seja, o resultado obtido esteja dentro do programado (padrões
de referência), conclui-se que o desempenho está correto.
Por outro lado, caso sejam percebidos desvios acima ou abaixo do
esperado, suas causas devem ser investigadas, sendo propostas soluções para
elas. A partir dessas propostas, passa-se à etapa de implantação das ações
corretivas e inicia-se novamente o processo de avaliação de desempenho.
Pode-se concluir que é muito importante que o processo de avaliação de
desempenho siga os passos apresentados acima pelos autores, pois somente
com os indicadores não há como comparar e avaliar corretamente os processos.
2.10 Considerações Gerais
De acordo com as exposições sobre o tema, dos autores citados
anteriormente, pode-se constatar que existem características em comum entre
elas, podendo-se colocar: o enfoque logístico; a preocupação com indicadores de
custo, principalmente na abordagem de Christopher (1997); o benchmarking,
que está diretamente ligado ao processo de medição d e desempenho; a
necessidade de se alinharem os indicadores com a estratégia da empresa; de
reavaliar constantemente a aplicabilidade dos indicadores; e de não utilizar um
número muito grande de indicadores, para não tornar o processo de avaliação
de desempenho complicado e moroso.
Entre todas as exposições dos autores, destacam-se a de Hijjar,
Gervásio e Figueiredo (2005), com o modelo World Class Logistics, que
apresenta um estudo com as empresas de classe mundial e com indicadores de
vários pesquisadores sobre o assunto; a de Rey (1999), que utiliza uma matriz
correlacionando os processos a serem avaliados com quatro grupos de
indicadores: custos, qualidade, produtividade e tempo; e, por fim, a abordagem
da Associação ECR Brasil (1998), que considera uma avaliação de
desempenho para a indústria e varejo, enfocando a necessidade de integração
entre as empresas dos dois setores, para a implementação das estratégias do
próprio movimento ECR, como a reposição eficiente, que visa à redução de
custos e a um maior nível de serviço.
83
De acordo com Bastos (2003), independentemente de cada abordagem,
a empresa deve escolher um sistema de avaliação de desempenho que seja
compatível com a sua estrutura organizacional, que esteja de acordo com as
estratégias adotadas e que consiga um comprometimento das pessoas envolvidas
no processo.
Assim como fez Bastos (2003), o Quadro 3, a seguir, mostra um resumo das
principais características das abordagens de cada um dos autores apresentados.
Abordagem (autores) Resumo das principais características
Bowersox e Closs
(2001)
- Enfoque logístico
- Objetivos: monitoramento, controle e direcionamento
- Medidas internas: custo, serviço ao cliente, produtividade,
mensuração de ativos, qualidade
- Medidas externas: mensuração da percepção do cliente,
benchmarking das melhores práticas
- Perspectiva integrada (eficácia)
Ballou (2001)
- Enfoque logístico
- Utiliza o conceito de auditoria
- Considera que o controle é uma função primária da gestão, e a
auditoria é responsável por fornecer as informações necessárias
para esse controle
- Apresenta um modelo de controle logístico, envolvendo os
fatores: entradas, processamento, saídas, padrões e metas, e o
monitor
- Mostra as ações corretivas dos resultados do controle
Christopher (1997)
- Enfoque logístico
- Objetivo: avaliar custos e desempenho no fluxo logístico
- Perspectiva 1: custos (termos absolutos) e benchmarking
(termos relativos)
- Custos: identificar os custos resultantes do serviço ao cliente,
analisando-os por tipo de clientes, segmento e canal de
distribuição
- Benchmarking: fundamentado no cliente, nos “melhores da
classe” e em produtos e processos;
- Prioridade para benchmarking: importância estratégica,
84
impacto no negócio, opção de “fazer ou comprar” e disposição
para mudanças
Kaplan e Norton
(1997)
- Abordagem organizacional, não específica para a logística - Desenvolvem uma estrutura de medição, avaliação e
correlação de indicadores de desempenho voltada para a gestão
estratégica: o Balanced Scorecard – BSC
- Propõem o investimento em ativos intangíveis ou invisíveis
- Indicadores financeiros e não financeiros
- BSC dividido em quatro perspectivas: financeira, do cliente,
dos processos internos e do aprendizado e crescimento
Rey (1999)
- Enfoque logístico
- Considera que “as relações entre a política de serviço ao
cliente, a política de estoques, materiais, transporte e
distribuição e as políticas de armazenagem são tão intrínsecas
que só podem ser explicadas através dos indicadores de
desempenho apropriados”
- Sugere quatro categorias para indicadores de desempenho:
tempo, custos, qualidade e produtividade
- Apresenta processos logísticos da indústria e cria uma matriz
relacionando as quatro categorias com os processos
- Aborda a integração das atividades logísticas
Hijjar, Gervásio e
Figueiredo (2005)
Word Class Logistics
- Enfoque logístico
- Evolução de pesquisa do CSCLM chega ao modelo World
Class Logistics, que busca nas empresas líderes as melhores
práticas logísticas
- Modelo demonstra a competência das empresas em quatro
áreas: posicionamento, integração, agilidade e mensuração
- Separam as medidas de desempenho (métricas) em: (1)
serviço ao cliente/qualidade, (2) custos, (3) produtividade e (4)
gerenciamento de ativos
- Perspectivas de medição: avaliação funcional ou por
atividades, avaliação de processo ou de sistema e o
benchmarking
- Propõem que o uso efetivo de um sistema de mensuração
exige: (1) o suporte de um sistema de informação, (2) o uso de
um sistema dinâmico de acompanhamento dos indicadores e (3)
85
a utilização efetiva dos resultados obtidos
Associação ECR
Brasil (1998)
- Enfoque logístico
- Trata os indicadores de desempenho como um conjunto de
medidas de performance
- Propõe alguns princípios básicos na elaboração de novas
medidas: reavaliar os indicadores existentes, medir os
processos, e não apenas os seus resultados, promover o
trabalho em equipe
- Os indicadores devem formar um conjunto equilibrado e devem
ser comparados externamente
- Outros aspectos importantes: representatividade,
confiabilidade, clareza e disponibilidade de dados
- Define indicadores para a estratégia de reposição eficiente do
ECR Brasil, para a indústria e o varejo Quadro 3 – Resumo das características dos modelos de medição e avaliação de
desempenho logístico pesquisados Fonte: Adaptado de Bastos (2003)
A partir da apresentação das diferentes abordagens sobre a avaliação do
desempenho logístico aqui pesquisadas, verifica-se que elas tratam o assunto
sob uma perspectiva geral, sem apegar-se a casos específicos. Sob outro
aspecto, na seqüência, será abordada especificamente a avaliação do
desempenho logístico de um centro de distribuição do setor supermercadista,
com os processos e indicadores, adequados e alinhados às suas necessidades.
2.11 Avaliação de Desempenho Logístico de um CD Supermercadista
Conforme já mencionado, os CDs possuem características diferentes uns
dos outros, dependendo do ramo de atividade e do setor nos quais estão
inseridos. Por isso verifica-se a necessidade de se especificarem o setor e as
características do CD avaliado neste trabalho.
Segundo uma pesquisa publicada pelo IMAM (2006) sobre armazenagem
de classe mundial, existem alguns princípios básicos que devem ser considerados
86
para se alcançá-la e, entre eles, está o desempenho do armazém ou do centro de
distribuição.
Em geral, os gerentes de centros de distribuição são solicitados a fazer
mais transações com menos recursos, e para lidar com esses desafios é preciso
conhecer os indicadores de desempenho adequados para saber como está a
operação do CD em relação ao desempenho dos CDs das empresas concorrentes
e de classe mundial.
Segundo a pesquisa do IMAM (2006), ao estabelecer as avaliações de
desempenho, é importante lembrar que o CD não é composto de uma atividade
logística isolada, e é preciso avaliar e considerar alguns aspectos, conforme
exposto a seguir:
a) produtividade: as avaliações normais devem incluir separação por
palete, caixas e linhas por hora. É preciso apurar todas as atividades da
expedição, em caixas, paletes por linhas, e dividir pelo número de horas
envolvidas. Incluir toda a mão-de-obra do CD, inclusive os operadores,
supervisores e gerentes;
b) utilização do espaço: avaliar o metro quadrado por SKU para determinar
como se está controlando o espaço;
c) acurácia das locações: avaliar a porcentagem de endereços do CD que
não apresentam divergências;
d) acurácia dos embarques: avaliar a porcentagem dos itens de linha
embarcados sem erro;
e) tempo de ciclo de abastecimento (da doca ao estoque): avaliar o tempo
de duração necessário para processar um recebimento, ou o tempo
decorrido desde quando um produto é recebido até quando estiver
disponível para embarque;
f) tempo de ciclo dos pedidos no CD: acompanhar o tempo decorrido
desde quando um pedido é liberado ao chão do CD até ele estar pronto
para embarque; e
g) segurança: este indicador avalia as horas entre os acidentes relatados
ou entre os acidentes ocorridos no CD.
Para concluir, a pesquisa do IMAM (2005) ainda aponta para uma série de
outros fatores que devem ser observados para se alcançar a armazenagem de
classe mundial num CD:
87
a) para a rede logística de que o CD ou os CDs fazem parte, saber o que
realmente manter, ou qual o mix de mercadorias manter em cada um;
b) verificar se é melhor terceirizar a operação do CD ou gerenciá-lo por
conta própria. Utilizar algumas perguntas-chave para esta análise, tais
como:
• A armazenagem é o diferencial competitivo do CD?
• Um provedor terceirizado consegue realizar o trabalho com pelo
menos 20% a mais de eficiência?
• A decisão de terceirizar é culturalmente aceitável para os
clientes?
• Existe um operador logístico com experiência no setor e com
um excelente histórico de resultados?
c) saber como cada item deve ser embalado (tamanho da caixa, lastro e
altura do palete, etc.);
d) verificar se o “cross-docking” é uma atividade planejada no CD, pois
esta prática ajuda a reduzir o número de movimentações e melhora o
desempenho da instalação;
e) verificar se existe flexibilidade para deslocar os funcionários do CD de
uma função para outra, pois otimiza o uso da mão-de-obra nos picos
das atividades de recebimento, separação e expedição;
f) otimizar os sistemas de armazenagem (estocagem), pois nem todos os
itens têm características idênticas. Dependendo do perfil de cada item,
é preciso saber o tipo do sistema de armazenagem que melhor se
ajusta a ele para a máxima eficiência;
g) saber exatamente onde cada item deve se localizar dentro do CD
(endereçamento), de forma a reduzir o tempo de percurso e aumentar a
eficiência; e
h) verificar se o layout dos sistemas de armazenagem é o ideal.
Um estudo realizado pelo Programa de Administração de Varejo da USP
(Provar) pesquisado junto a 5 mil organizações, concluiu que grande maioria das
empresas varejistas, 87,5% delas, utiliza CDs em sua rede logística e que estes
atendem em média 90% das suas operações, com área total de armazenagem
88
média de 23 mil metros quadrados. Portanto, fica evidente a importância do CD nos
setores varejista e supermercadista.
Uma outra pesquisa realizada pelo IMAM (2005) entre profissionais de 457
empresas de pequeno, médio e grande portes, em âmbito nacional, revela que a
gestão da cadeia de abastecimento é considerada essencial para o sucesso das
organizações.
Os aspectos mais apontados pela pesquisa foram: melhorar a eficiência
operacional (31%), reduzir custos (29%), melhorar o nível de serviço ao cliente
(23%) e sincronizar a cadeia de abastecimento (13%) (Gráfico 1). No processo de
armazenagem, a maioria das empresas relata que seus armazéns e CDs não
estão atualizados quanto à tecnologia disponível no mercado e que os tipos de
sistemas de separação utilizados ainda se concentram na separação com
carrinhos, ratificando os poucos investimentos em tecnologias para tornar ágeis
as operações dentro dos CDs. Apesar disso, cerca de 37% dos entrevistados
relataram índice de erros na separação menor que 0,5% (Gráfico 6).
Mais alguns resultados dessa pesquisa do IMAM (2005):
Dos entrevistados, 27% disseram que os custos da atividade de
armazenagem representam entre 4,4 e 5,5% do faturamento e 27% desconhecem
esse percentual (Gráfico 2). O tempo médio de transferência da doca de
recebimento até a área de armazenagem foi de uma hora para 21% dos
entrevistados (Gráfico 3). 40% das empresas disseram separar, em média, de
uma a cinco linhas de pedidos por hora no CD (Gráfico 4), e 28% separam entre
8 e 25 volumes por hora/pessoa, em média, (Gráfico 5). Entre uma e duas horas
foi o tempo citado para separar os pedidos urgentes do CD para 32% das
empresas (Gráfico 7), e menos de 98% de acuracidade do inventário foi o que
disseram 30% delas (Gráfico 8).
89
Gráfico 1 – O mais importante desafio logístico dos negócios atualmente
Fonte: IMAM (2005, p. 99).
27%
14% 12%5%
15%
27%
4,0-5,
5%
4,6-5,
0%
5,1 - 5
,5%
5,6-6,
0%
6,0% +
Desco
nhecid
o
Gráfico 2 – Custos da atividade de armazenagem em relação ao faturamento
Fonte: IMAM (2005, p. 102)
Melhorar o nível de serviço ao cliente
23%
Reduzir custos29%
Melhorar a eficiência operacional
31%
Outros 4%
Sincronizar a cadeia de abastecimento
13%
90
21%
17%
6% 6%
19%
6%
18%
7%
1 2 3 4 5-8 9-23 24 24+
Gráfico 3 – Tempo médio da doca para o estoque (em horas) Fonte: IMAM (2005, p. 102)
40%
28%
17%9% 6%
1 a 5 5 a 15 15 a 50 50 a 200 mais de 200
Gráfico 4 – Quantidade média de linhas de pedidos separadas por hora no CD Fonte: IMAM (2005, p. 103)
91
28%24%
12%
24%
12%
8-25 26-50 51-100 101-250 250+
Gráfico 5 – Volumes separados por hora/pessoa Fonte: IMAM (2005, p. 103)
7%2% 2%
8%
16%
28%
37%
>5,0% 4,0-5,0%
3,0-3,9%
2,0-2,9%
1,0-1,9%
0,5-0,9%
<0,5%
Gráfico 6 – Índice de erros de separação Fonte: IMAM (2005, p. 103)
31% 32%
18%15%
4%
<1 1 a 2 2 a 4 4 a 8 8 a 16
Gráfico 7 – Tempo para separar pedidos urgentes (em horas) Fonte: IMAM (2005, p. 103)
92
30%
10%
18%15% 15%
12%
<98% 98,1-98,5%
98,6-99,0%
99,1-99,5%
99,6-99,8%
99,9-100,0%
Gráfico 8 – Acuracidade do inventário
Fonte: IMAM (2005, p. 103)
Pode-se concluir, com esta pesquisa realizada pelo IMAM (2005), que a
utilização de indicadores de desempenho é fundamental para o ganho de
competitividade e eficiências das empresas. Melhorar a eficiência operacional foi
citado por 31% das empresas pesquisadas, o que demonstra a preocupação
destas em ser mais eficientes. Além disso, existem ainda diversas oportunidades
de melhoria na eficácia logística e no nível de serviço, pois os níveis de estoques
ainda são muito elevados se comparados às empresas de classe mundial,
gerando uma preocupação cada vez maior em aumentar a colaboração e a troca
de informações.
Os centros de distribuição de empresas que atuam no setor supermercadista
possuem algumas características peculiares em relação a CDs de empresas de
outros setores, como, por exemplo:
a) possuem um portfólio (mix) de produtos bastante elevado;
b) trabalham com itens bastante variados num mesmo CD (produtos
alimentícios, de limpeza, higiene, eletroeletrônicos, etc.);
c) operam desde produtos frágeis como porcelanas, câmeras digitais e
perfumarias importadas, que devem ser cuidadosamente armazenados,
até produtos refrigerados, como carnes e laticínios, que necessitam de
uma operação diferenciada devido às baixas temperaturas; e
93
d) o processo de expedição do CD para as lojas pode ocorrer tanto com
produtos unitizados em paletes e caixas quanto com produtos unitários,
que necessitem de um acondicionamento especial.
Por essas e outras características peculiares é que o sistema de indicadores
de desempenho logístico aplicado neste trabalho foi especificado como sendo para
um CD do setor supermercadista, e não para um CD de qualquer setor, mesmo
porque cada setor apresenta as suas próprias necessidades em relação às
atividades de movimentação e armazenagem, recebimento, expedição, etc.
Nos dois próximos capítulos apresentam-se a proposta do sistema de
indicadores de desempenho e a aplicação dele em um CD supermercadista.
94
3 PROPOSTA DE UM SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO
No presente capítulo, inicialmente, são definidas a estrutura e as atividades
do centro de distribuição. Na seqüência, são definidos o sistema de indicadores
de desempenho a ser utilizado, os processos logísticos pertinentes ao sistema, a
adaptação da matriz de indicadores de Rey, para a avaliação de desempenho, e,
por último, são feitas a proposição e a seleção dos indicadores, com as
modificações necessárias e os critérios para a sua escolha.
3.1 Estrutura e Atividades do Centro de Distribuição
Existem centros de distribuição constituídos de diversos tipos de estruturas,
que exercem as mais diversas atividades, mas todos eles seguem praticamente
um mesmo padrão geral. O objetivo deste item é o de descrever a estrutura e as
principais atividades básicas que compõem o centro de distribuição da aplicação
do sistema desta pesquisa.
3.1.1 A Estrutura de um CD
A estrutura típica de um CD é composta basicamente de um layout (onde
são definidas todas as áreas do CD), de uma estrutura organizacional (Gerência,
supervisão, etc.), das estruturas de armazenagem (porta palete, mezaninos, etc.),
dos equipamentos de movimentação (empilhadeiras, paleteiras, etc.), de sistemas
de gerenciamento (WMS, TMS, etc.), entre outros, conforme maiores detalhes a
seguir.
• Layout – O layout de um CD é composto basicamente dos seguintes
componentes: portarias (guaritas), estacionamentos, docas, área
administrativa e área de armazenagem, conforme pode ser observado na
Figura 14.
95
Figura 14 – Layout típico de um centro de distribuição
O projeto da área de armazenagem de um CD (Figura 15) subdivide-se
basicamente em:
a) área de recebimento (onde são recebidas e conferidas as cargas dos
fornecedores);
b) área de estoque no piso ou blocado (sem estrutura de armazenagem,
onde são armazenados os paletes diretamente um sobre o outro);
c) área de estoque em estruturas (estantes, porta-paletes, mezaninos, etc.);
d) área de separação de pedidos (onde as mercadorias são separadas para
a expedição);
e) área de embalagem ( onde as mercadorias são unitizadas ou
embaladas); e
f) área de espera para carregamento e expedição (onde as mercadorias
aguardam serem carregadas para expedição) .
PORTARIA
ADMINISTRATIVO
ESTACIONAMENTO
DOCAS
ÁREA DE ARMAZENAGEM
PORTARIA
ADMINISTRATIVO
ESTACIONAMENTO
DOCAS
ÁREA DE ARMAZENAGEM
PORTARIA
ADMINISTRATIVO
ESTACIONAMENTO
DOCAS
ÁREA DE ARMAZENAGEM
96
Figura 15 – Projeto típico da área de armazenagem de depósito Fonte: Bowersox e Closs (2001, p. 331)
• Estrutura Organizacional – A Figura 16 mostra o modelo de estrutura
organizacional básica de um CD, que pode variar de acordo com o negócio e
o setor no qual está inserido.
Figura 16 – Modelo de estrutura organizacional básica de um CD
Área de recebimento
Área de separação de pedidos
Área de embalagem ou unitização
Área de espera para carregamento e expedição
Á rea de estoque no piso
Área de estoque em estruturas
Recebimento Expedição
GERÊNCIA
Planejamento e controle logístico
Planejamentoe controle de
estoques
Movimentação e
Armazenagem
Faturamento e processam ento
de pedidos
Transportes
- Análise de indicadores - Pesquisa e tecnologias
- Entradas x
Saídas - I nventários
- Conferência - Movimentação - Armazenagem
- Procedimentos fiscais - Formação de cargas
- Análise de fretes - Controle de frotas
97
• Estruturas de armazenagem – Existe uma grande diversidade de estruturas
de armazenagem, cada qual com as suas peculiaridades. A utilização de
determinada estrutura depende das necessidades logísticas do CD e do
melhor aproveitamento do espaço disponível. Abaixo, seguem alguns
exemplos das estruturas utilizadas e de suas aplicações.
1. Porta-palete: permite a verticalização do espaço de forma simples e seletiva,
possibilitando o acesso rápido a toda a carga armazenada através de
corredores ou manualmente, dependendo do tipo de produto a ser estocado.
2. Drive in & Drive through: utilizado como solução na armazenagem de
grandes volumes e pouca variedade de itens, possibilita um bom
aproveitamento da área, maximizando o volume armazenado pela redução
do número de corredores.
3. Mezanino: é um sistema em plataforma livre ou montado sobre pilares,
estanterias ou porta-paletes, alto e suficiente para permitir a estocagem ou
outra atividade sob ele. Possibilita um melhor aproveitamento da altura útil,
dividindo-a em dois ou mais níveis.
• Equipamentos de operação e movimentação – Vários equipamentos de
operação e movimentação, tanto horizontal quanto vertical, estão disponíveis
para a utilização dentro do CD e dependem da necessidade de cada um.
Exemplos: Empilhadeiras, paleteiras, transpaleteiras, transelevadores,
coletores de dados, antenas de radiofreqüência, etc.
• Sistemas e tecnologias – Vários são utilizados pelos CDs como, por
exemplo: o EDI (Electronic Data Interchange) ou troca eletrônica de dados, a
tecnologia RFDC ou coleta de dados por radiofreqüência, o WMS
(Warehouse Management System) ou sistema de gerenciamento de
armazém, o TMS (Transportation Management System) ou sistema de
gerenciamento de transporte, entre outros.
98
3.1.2 As atividades de um CD As principais atividades que compõem o CD (Figura 20) são, basicamente, o
recebimento, a armazenagem, a movimentação, a separação, a expedição e as
atividades de apoio. A seguir são listados alguns exemplos das subatividades que
compõem cada uma das atividades principais do CD, podendo variar de um CD
para outro.
Figura 17 – Principais atividades do centro de distribuição
a) O Recebimento: consiste na atividade de receber as mercadorias vindas dos
fornecedores. É composto das seguintes subatividades:
• Agendamento: é o contato do fornecedor ou do transportador com o
CD para marcar data e horário para entrega;
• Entrada das notas fiscais: é a conferência das NF com o pedido,
para a autorização da descarga das mercadorias;
• Descarga: é retirada das mercadorias dos veículos e a colocação na
doca de recebimento; e
• Conferência: confere-se a quantidade de mercadorias recebidas
com as NF (tipo de mercadoria, quantidades e avarias).
Recebimento Movimentação
Arm
azenagem
SeparaçãoCarregamento
CrossDocking
Endereçamento
Suporte
EmbalagemEtiquetagemPrecificação
99
b) A Movimentação: consiste na atividade de movimentar ou transportar as
mercadorias dentro do CD, para as áreas de armazenagens, de espera,
docas, etc. É composta das seguintes subatividades:
• Movimentação horizontal: a mercadoria é levada até o local indicado
para armazenagem;
• Movimentação vertical: a empilhadeira coloca a mercadoria no
endereço de armazenagem indicado;
c) A Armazenagem: consiste na atividade de receber as mercadorias vindas
dos fornecedores. É composta das seguintes subatividades:
• Liberação: após a autorização da conferência, é informado o
endereço para armazenagem das mercadorias;
• Cross-docking: a mercadoria é levada diretamente para expedição,
sem passar pela área de armazenagem.
d) A Separação: consiste na atividade de separar os pedidos com as
mercadorias, para serem expedidos. É composta das seguintes
subatividades:
• Liberação do pedido: onde os pedidos que estão pendentes para
separação são liberados;
• Formação das tarefas: o sistema organiza os pedidos conforme
destino e localização das mercadorias no depósito; e
• Coleta: o separador (operador) é informado das mercadorias e
quantidades a serem coletadas, e o destino de cada “carga”
montada.
e) A Expedição: consiste na atividade de colocar os pedidos com as
mercadorias separadas nos veículos de transporte, para enviá-los ao
destino. É composta das seguintes subatividades:
100
• Conferência: é feita a separação dos pedidos, estes podem, ou não,
ser conferidos;
• Carregamento: após a conferência as mercadorias são embarcadas
nos veículos que farão o transporte;
• Emissões das notas fiscais: são impressas as NF para transporte
das mercadorias; e
• Despacho: são emitidas as NF, o veículo é liberado para seguir
viagem.
f) As Atividades de apoio: consiste nas atividades que dão o apoio para todas
as outras, e que são de fundamental importância para a operação do CD.
Algumas dessas atividades são listadas a sguir:
• Controle de Estoques: cadastro de dados logísticos; controle de
entradas, saídas, faltas e sobras; promover inventários;
• Faturamento e Processamento de Pedidos: recebimento e emissão
de NF; formação de cargas;
• Transportes: gerenciamento de frota;
• Logística Reversa: controle de avarias e trocas; e
• Manutenção de Máquinas: manutenção preventiva e corretiva de
equipamentos.
3.2 Definição do Sistema de Indicadores de Desempenho Logístico
Com base na pesquisa bibliográfica feita sobre o tema da avaliação de
desempenho no Capítulo 2 e com o propósito de avaliar uma parte da cadeia de
suprimentos, mais precisamente o centro de distribuição de uma empresa do setor
supermercadista, optou-se por elaborar um sistema adaptado do modelo
desenvolvido por Rey (1999), baseando-se também, no modelo World Class
Logistics, apresentado por Hijjar, Gervásio e Figueiredo (2005) e no modelo da
Associação ECR Brasil (1998).
Essa opção deu-se pelo fato de que Rey (1999) coloca o processo de
avaliação de desempenho de uma forma clara e objetiva, principalmente na forma
101
de matriz, em que a autora apresenta os processos versus os grupos de
indicadores.
O modelo World Class Logistics, adotado por Hijjar, Gervásio e Figueiredo
(2005), apresenta indicadores de desempenho citados por vários autores sobre o
tema, como Bowersox e Closs, por exemplo. Esse sistema também divide os
indicadores em categorias (serviço ao cliente/qualidade, custos, produtividade e
gerenciamento de ativos). Além disso, é um sistema de classe mundial utilizado
pelas empresas de excelência logística no mercado.
Finalmente, baseou-se também no modelo da Associação ECR Brasil
(1998), já que este apresenta um grupo de indicadores voltados para o varejo (no
qual está inserido o setor supermercadista) e para a integração deste com os
fornecedores (indústria).
Essa adaptação do modelo de Rey (1999) junto com indicadores de outros
autores também foi utilizada por Grüdtner (2005) e Schmitt (2002), para operadores
logísticos, e por Bastos (2003), para um transportador de cargas rodoviário, cada
qual tendo substituído os processos colocados por Rey (1999) por processos
específicos do setor da empresa em questão (operadores logísticos e
transportadores de cargas).
O modelo proposto por Rey (1999) possui uma aplicação mais voltada para o
setor industrial, com um viés mais financeiro. Portanto, a adaptação desse sistema
se tornou necessária para ser utilizado em um CD do setor supermercadista.
Inicialmente, foram feitas as alterações dos processos básicos industriais,
para os processos básicos que compõem um CD de uma empresa situada no setor
supermercadista, com as categorias de indicadores permanecendo as mesmas
(custos, qualidade, produtividade e tempo).
Após essa etapa, os diversos indicadores encontrados nos modelos e
citados pelos autores na revisão bibliográfica foram adaptados e colocados nos
respectivos grupos, para que, no final, com a matriz completa, se tenha o quanto
cada indicador representa em cada grupo e no total do processo de avaliação.
As categorias para os indicadores colocados por Rey (1999) podem ser
descritas conforme a visão de Grüdtner (2005):
a) custo – a importância desta componente é demonstrada pela indicação
de que o reflexo mais direto do desempenho logístico é o custo real
incorrido no desenvolvimento de tal operação. Nesta categoria estão
102
incluídos os custos operacionais: força de trabalho, locação de espaços
nos escritórios, armazenagem e movimentação, aluguel de veículos e
outros equipamentos, custos de sistemas de informação, manutenção de
equipamentos e frota de transporte, fretes, etc.;
b) produtividade – os indicadores de produtividade apontam o grau de
utilização dos recursos disponíveis à operação, sendo normalmente
identificados por meio de uma relação entre o resultado produzido e a
quantidade de insumos utilizada para obter-se esse resultado;
c) qualidade – as medidas de qualidade medem a capacidade da empresa
em fornecer produtos ou serviços aos seus clientes, atingindo os níveis
de satisfação esperados; e
d) tempo – o tempo tornou-se um grande determinante do sucesso para as
empresas. As empresas que colocam seus produtos mais rápido no
mercado – ao longo de todas as fases de projeto, produção e distribuição
– obtêm uma vantagem competitiva, tornando a componente “tempo”
cada vez mais importante para as organizações.
A próxima etapa para a montagem da matriz de indicadores é estabelecer
quais os processos, ou atividades, que terão seu desempenho medido e avaliado.
3.3 Definição dos Processos Logísticos para o Sistema
Como no modelo de Rey (1999), os cinco processos básicos que compõem
a logística – suprimentos e manufatura; serviço ao cliente e processamento de
pedidos; planejamento e administração de materiais; transporte; distribuição e
armazenagem –, na estrutura da matriz, foram originalmente direcionados para o
setor industrial e fez-se necessária a adaptação para os processos logísticos que
compõem um CD do setor supermercadista. Os principais processos do objeto de
estudo foram definidos de acordo com a estrutura e as atividades, colocados no
item 3.1, e são considerados os mais importantes para serem avaliados no sistema.
Os processos definidos para serem utilizados foram os seguintes:
103
e) recebimento – considera as subatividades de descarga das carretas e
conferência das mercadorias nas docas de recebimento;
f) armazenagem – considera as estruturas de armazenagem, o número de
posições palete, ocupação dos endereços, etc.;
g) movimentação – é o processo de movimentação da carga dentro do CD,
horizontal (paleteiras, transpaleteiras, etc.) e vertical (empilhadeiras,
selecionadoras, etc.);
h) expedição – considera as subatividades de separação de mercadoria e
carregamento nas carretas;
i) gestão dos estoques – é a gestão estoque físico das mercadorias no
CD propriamente dito. Consideram-se os custos, validade, avarias, etc.; e
j) transportes – é o processo de entrega do produto ao cliente final. Neste
caso, até as lojas da rede de supermercados em questão.
É importante ressaltar que, de acordo com o tipo de setor e as atividades
que são desenvolvidas pela organização, os processos mudam e devem ser
customizados para atender às próprias necessidades junto ao processo de
avaliação de desempenho. Com os processos logísticos definidos especialmente
para o CD de uma empresa supermercadista, aparece uma matriz modificada, que
é descrita no próximo item.
3.4 Adaptação da Matriz de Indicadores de Rey
A matriz de indicadores desenvolvida por Rey (1999) foi alterada nos seus
processos, definidos no item anterior.
Já as categorias de indicadores definidos por Rey (1999) não foram
alteradas, pois elas abrangeram as necessidades para a avaliação do CD. Preferiu-
se também não trabalhar com mais categorias, para não dificultar o processo de
avaliação e para não tornar o número de indicadores muito grande. Portanto, as
categorias permaneceram da mesma maneira na nova estrutura matricial. Além da
definição dos processos e das categorias do CD, para que se possa chegar a
medidas de desempenho mais específicas, dependendo do objeto de estudo,
Rodriguez (apud GRÜDTNER, 2005, p. 70) propõe a definição de subprocessos.
104
Por exemplo, para dada aplicação, dentro do processo recebimento, existem os
subprocessos descarga e conferência, entre outros.
A última alteração na matriz é a colocação de um processo geral no final
dela, onde se alocam os indicadores gerais do CD, não vinculados a nenhum
processo específico, mas que traduzem o CD como todos os processos juntos,
fazendo parte da cadeia de suprimentos.
A Figura 21 apresenta essa matriz modificada, para que possa ser utilizada
em centros de distribuição do setor supermercadista.
Processos vs.
Indicadores Subprocessos CUSTO PRODUTIVIDADE QUALIDADE TEMPO
Descarga Recebimento
Conferência CR PR QR TR
Armazenagem _ CA PA QA TA
Horizontal Movimentação
Vertical CM PM QM TM
Separação Expedição
Carregamento CEX PEX QEX TEX
Gestão dos Estoques _ CES PES QES TES
Transporte _ CT PT QT TT
C E N T R O
D E
D I S T R I B U I Ç Ã O GERAIS _ CG PG QG TG
Figura 18 – Matriz adaptada para o centro de distribuição de empresas do setor
supermercadista
Para facilitar a alocação de cada indicador na matriz, adaptou-se o mesmo
processo do modelo semelhante ao de Grüdtner (2005), em que os grupos dos
quais cada um faz parte serão identificados conforme a nomenclatura mostrada,
composta de letras. As letras mostram o indicador que está sendo utilizado. CR é
custo de recebimento, CA é o custo de armazenagem, e assim sucessivamente.
No próximo item são propostos alguns indicadores que podem ser medidos
dentro de cada processo desempenhado por um centro de distribuição.
105
3.5 Proposição dos Indicadores de Desempenho
Estabelecida a estrutura do sistema de indicadores de desempenho, com os
processos e a adaptação da matriz definidos, o próximo passo é a proposição dos
indicadores que farão parte do mesmo.
É importante destacar que os indicadores aqui propostos podem ser
modificados, caso seja necessário para a sua aplicação em centros de distribuição
que façam parte de empresas de outros setores, ou em outros elos da cadeia que
não o CD. Mesmo que seja uma empresa do mesmo setor, talvez haja necessidade
de maior foco em determinados processos ou subprocessos que não estão
representados neste trabalho. Por exemplo, o indicador taxa de paletes carregados
nos veículos de distribuição por hora ou período, neste trabalho, é expresso em
paletes por hora, ou seja, a quantidade de paletes carregados por hora nos
veículos, mas em outra aplicação poderia ser em caixas por hora, ou em toneladas
por hora ou dia, dependendo das definições dos processos.
Para que se tenha uma visão melhor a respeito do volume dos indicadores
propostos, a Figura 22 mostra a quantidade desses indicadores disponíveis para
cada processo em cada categoria, que foram considerados nesta pesquisa.
Processos vs.
Indicadores Subprocessos CUSTO PRODUTIVIDADE QUALIDADE TEMPO
Descarga Recebimento
Conferência 07 04 04 04
Armazenagem _ 05 05 04 03
Horizontal Movimentação
Vertical 07 04 04 04
Separação Expedição
Carregamento 05 05 07 04
Gestão dos Estoques _ 05 02 04 03
Transporte _ 04 02 04 02
C E N T R O
D E
D I S T R I B U I Ç Ã O GERAIS _ 02 03 02 02
Figura 19 – Total de indicadores propostos para cada processo e categoria
106
3.5.1 O Processo de Recebimento
Neste item são apresentados os indicadores referentes ao processo de
recebimento, agrupados sob as categorias a que pertencem. Neste processo são
identificados os subprocessos descarga e conferência.
Custo de Recebimento (CR)
• Custo da força de trabalho envolvida na operação de descarga dos veículos
[R$/operário]
• Custo da força de trabalho envolvida na operação de conferência das
mercadorias descarregadas [R$/operário]
• Custo da estrutura física (equipamentos) para a operação de descarga dos
veículos (paleteiras manuais, transpaleteiras, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) para a operação de conferência das
mercadorias descarregadas (coletores de dados, antenas de rádio freqüência,
etc.) [R$]
• Custo por palete conferido na operação de conferência [R$/palete]
• Custo por palete descarregado na operação de descarga [R$/palete]
• Participação dos custos de recebimento (descarga e conferência) no custo total
da operação do CD [R$ do recebimento/R$ da operação]
Produtividade do Recebimento (PR)
• Taxa de paletes descarregados dos veículos por hora ou período [Quantidade
de paletes descarregados/homem-hora]
• Taxa de paletes conferidos por hora ou período [Quantidade de paletes
conferidos/homem-hora]
• Taxa de utilização de equipamentos na descarga dos veículos (transpaleteira,
paleteira manual, etc.) [Horas em operação de descarga/horas disponíveis para
uso]
• Taxa de utilização de equipamentos na conferência de mercadorias (coletores
de dados, antenas de rádio freqüência, etc.) [Horas em operação de
conferência/horas disponíveis para uso]
107
Qualidade do Recebimento (QR)
• Índice de avarias das mercadorias descarregadas dos veículos no período
[Quantidade de mercadorias avariadas/número total de mercadorias
descarregadas]
• Acuracidade na descarga das mercadorias [Quantidade de mercadorias
descarregadas corretamente/total de mercadorias descarregadas]
• Índice de avarias na conferência das mercadorias no período [Quantidade de
mercadorias avariadas/número total mercadorias conferidas]
• Acuracidade na conferência das mercadorias [Quantidade de mercadorias
conferidas corretamente/total de mercadorias conferidas]
Tempo do Recebimento (TR)
• Tempo médio de descarga dos veículos dos fornecedores no CD (tempo médio
de permanência dos veículos de transporte dos fornecedores nas docas de
recebimento) [Horas]
• Tempo médio de conferência das mercadorias recebidas [Horas/veículo]
• Tempo médio de permanência dos veículos de transporte dos fornecedores no
CD (além do tempo em doca, mede autorização da portaria, tempos de
manobra, trânsito interno, vistorias, etc.) [Horas/veículo]
• Tempo para disponibilizar os estoques das mercadorias recém-recebidas,
descarregadas e conferidas no sistema do CD [Data/hora do registro da
informação de recebimento e conferência das mercadorias no sistema do CD –
data/hora do recebimento e conferência físicos] [Horas]
3.5.2 O Processo de Armazenagem
Neste item são apresentados os indicadores referentes ao processo de
armazenagem agrupados nas categorias a que pertencem. Neste processo não
foram colocados subprocessos.
Custo de Armazenagem (CA)
• Custo da força de trabalho envolvida nas operações de armazenagem [R$]
108
• Valor imobilizado nas instalações de armazenagem (estruturas porta-paletes,
prateleiras, mezaninos, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física de armazenagem (coletores de dados, antenas de RF,
impressoras de etiquetas, etc.) [R$]
• Custo por palete armazenado no período [R$/palete]
• Participação dos custos de armazenagem no custo total da operação do CD
[Custos de armazenagem (R$)/custo total da operação (R$)]
Produtividade de Armazenagem (PA)
• Taxa de utilização da capacidade de área de armazenagem disponível no CD
[Ocupação média em m²/capacidade total de armazenagem em m²]
• Taxa de utilização da capacidade volumétrica de armazenagem disponível no
CD [Ocupação média em m³/capacidade total de armazenagem em m³]
• Taxa de utilização do número de posições-palete de armazenagem disponíveis
no CD [Posições-palete de armazenagem ocupadas/número total de posições-
palete]
• Taxa de armazenagem de paletes por hora ou período [Quantidade de paletes
armazenados/homem-hora]
• Taxa de utilização de equipamentos na armazenagem das mercadorias
(transpaleteiras, paleteiras manuais, empilhadeiras, etc.) [Horas em operação
na armazenagem/horas disponíveis para uso]
Qualidade da Armazenagem (QA)
• Índice de avarias no processo de armazenagem das mercadorias [Quantidade
de mercadorias avariadas/quantidade total de mercadorias armazenadas no
período]
• Acuracidade na armazenagem das mercadorias [Quantidade de mercadorias
armazenadas no endereço correto/quantidade total de mercadorias
armazenadas]
• Índice de disponibilidade no processo de armazenagem no período [Quantidade
de paletes armazenados/quantidade de paletes solicitados para armazenagem]
• Índice de pontualidade no processo de armazenagem [Quantidade de paletes
armazenados no prazo/quantidade de paletes armazenados]
109
Tempo de Armazenagem (TA)
• Tempo médio de transferência de um palete de uma mercadoria, da doca de
recebimento até a sua armazenagem física [Horas]
• Tempo médio de ocupação de um endereço de armazenagem dinâmico
(pulmão) [Horas, dias, semanas ou meses]
• Tempo médio de ocupação de um endereço de armazenagem fixo (picking)
[Horas, dias, semanas ou meses]
3.5.3 O Processo de Movimentação
Neste item são apresentados os indicadores referentes ao processo
movimentação, agrupados sob as categorias a que pertencem. Neste processo são
identificados os subprocessos movimentação horizontal e movimentação vertical.
Custo de Movimentação (CM)
• Custo de movimentação horizontal total de paletes [R$/palete]
• Custo de movimentação vertical total de paletes [R$/palete]
• Custo da força de trabalho total envolvida nas operações de movimentação
horizontal [R$]
• Custo da força de trabalho total envolvida nas operações de movimentação
vertical [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) de movimentação horizontal (paleteiras
manuais, paleteiras elétricas, transpaleteiras, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) de movimentação vertical
empilhadeiras, selecionadoras, monta-cargas, etc.) [R$]
• Participação dos custos de movimentação horizontal e vertical no custo total da
operação do CD [Custos de movimentação (R$)/custo total da operação (R$)]
Produtividade de Movimentação (PM)
• Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação horizontal
(paleteiras, transpaleteiras, paleteiras manuais, etc.) [Horas em operação/horas
disponíveis para uso]
110
• Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação vertical
(empilhadeiras, selecionadoras verticais, etc.) [Horas em operação/horas
disponíveis para uso]
• Taxa de movimentação horizontal de paletes por hora ou período [Quantidade
de paletes movimentados horizontalmente/homem-hora]
• Taxa de movimentação vertical de paletes por hora ou período [Quantidade de
paletes movimentados verticalmente/homem-hora]
Qualidade de Armazenagem (QM)
• Avarias das mercadorias movimentadas horizontalmente no período
[Quantidade de avarias/quantidade total de mercadorias movimentadas
horizontalmente]
• Avarias das mercadorias movimentadas verticalmente no período [Quantidade
de avarias/quantidade total de mercadorias movimentadas verticalmente]
• Acuracidade das mercadorias movimentadas horizontalmente no período
[Quantidade de mercadorias movimentadas corretamente/quantidade total das
mercadorias movimentadas horizontalmente]
• Acuracidade das mercadorias movimentadas verticalmente no período
[Quantidade de mercadorias movimentadas corretamente/quantidade total de
mercadorias movimentadas verticalmente]
Tempo de Armazenagem (TM)
• Tempo médio de utilização dos equipamentos para movimentação horizontal no
período [Horas/turno].
• Tempo médio de utilização dos equipamentos para movimentação vertical no
período [Horas/turno]
• Tempo médio de permanência dos equipamentos de movimentação horizontal
na manutenção [Horas/equipamento]
• Tempo médio de permanência dos equipamentos de movimentação vertical na
manutenção [Horas/equipamento]
3.5.4 O Processo de Expedição
111
Neste item são apresentados os indicadores referentes ao processo de
expedição, agrupados sob as categorias a que pertencem. Neste processo são
identificados os subprocessos separação e carregamento.
Custo de Expedição (EXC)
• Custo da força de trabalho envolvida na operação de separação de mercadoria
[R$]
• Custo da força de trabalho envolvida na operação de carregamento dos veículos
[R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) para o carregamento dos veículos
(paleteiras manuais, transpaleteiras, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) para a separação das mercadorias
(coletores de dados, antenas de radiofreqüência, etc.) [R$]
• Participação dos custos de separação e carregamento no custo total da
operação do CD [Custos de separação e carregamento (R$)/custo total da
operação (R$)]
Produtividade de Expedição (PEX)
• Taxa de pedidos separados (em caixa) por hora ou período [Quantidade de
caixas separadas/homem-hora]
• Total de pedidos separados (em caixas) por hora ou período [Quantidade total
de caixas separadas/total de horas disponíveis no período]
• Taxa de utilização de equipamentos na separação dos pedidos (transpaleteiras,
paleteiras manual, coletores de dados, etc.) [Horas em operação de
separação/horas disponíveis para uso]
• Taxa de paletes carregados nos veículos de distribuição por hora ou período
[Quantidade de paletes carregados/homem-hora]
• Taxa de utilização de equipamentos no carregamento dos veículos de
distribuição (transpaleteiras, empilhadeiras, coletores de dados, etc.) [Horas em
operação de carregamento/horas disponíveis para uso]
Qualidade de Expedição (QEX)
• Índice de avarias no subprocesso de separação no período [Quantidade de
avarias/quantidade total de mercadorias separadas]
112
• Índice de avarias no subprocesso de carregamento para as lojas no período
[Quantidade de avarias/quantidade total de mercadorias carregadas]
• Índice de retorno e/ou devoluções das mercadorias expedidas para as lojas no
período [Quantidade de mercadorias devolvidas e/ou retornadas/quantidade
total de mercadorias expedidas]
• Acuracidade no subprocesso de separação dos pedidos no período [Quantidade
de pedidos separados corretamente/quantidade total de pedidos separados]
• Acuracidade no subprocesso de carregamento dos pedidos nos veículos no
período [Quantidade de pedidos carregados corretamente/quantidade total de
pedidos carregados]
• Índice de pedidos expedidos que resultam em reclamação das lojas no período
[Quantidade de reclamações/quantidade total de pedidos expedidos]
• Acuracidade da previsão de demanda no processo de expedição no período
[Quantidade expedida – quantidade prevista/quantidade expedida]
Tempo de Expedição (TEX)
• Tempo médio de carregamento dos veículos de distribuição para as lojas [Hora
de saída da doca – hora de entrada na doca]
• Tempo médio de separação das mercadorias por pedidos [Horas/pedido]
• Tempo médio de permanência dos veículos de distribuição para as lojas no CD
(além do tempo em doca, mede autorização da portaria, tempos de manobra,
trânsito interno, vistorias, etc.) [Hora de entrada na portaria – hora de saída da
portaria]
• Tempo médio para separar e carregar todos os pedidos de uma loja [Horas]
3.5.5 O Processo de Gestão dos Estoques
Neste item são apresentados os indicadores referentes à gestão dos
estoques, agrupados sob as categorias a que pertencem. Neste processo não são
identificados subprocessos. Custo dos Estoques (CES)
113
• Quantificação das vendas perdidas nas lojas em função da indisponibilidade do
item solicitado no CD [Receita não realizada devido à indisponibilidade do item
em estoque no CD] [R$]
• Custo dos estoques no CD [Custo do item (SKU) X quantidade em estoque] [R$]
• Custo do capital em estoque no período [Valor médio do estoque no CD no
período X custo do capital/receita operacional líquida da rede] [R$]
• Custo de posse do estoque no CD [Custo total incorrido pela posse do estoque
no CD X 100/valor médio dos estoques no período]
• Participação dos custos de estoques no custo total da operação do CD [Custos
de estoques (R$)/custo total do CD (R$)]
Produtividade na Gestão dos Estoques (PES)
• Giro das mercadorias em estoques [Média de saída de mercadorias do CD no
período/quantidade de mercadorias em estoque] (vezes)
• Cobertura das mercadorias em estoque [Quantidade de mercadorias em
estoque (por SKU)/média do consumo das mercadorias no período]
Qualidade na Gestão dos Estoques (QES)
• Acuracidade do inventário do estoque no CD [Estoque físico atual por
SKU/estoque contábil ou estoque reportado no sistema]
• Índice do estoque indisponível no CD para venda nas lojas no período
(corresponde ao estoque indisponível para venda em função de avarias
decorrentes da movimentação, armazenagem, etc.) [Quantidade de mercadorias
indisponíveis (R$)/quantidade total de mercadorias em estoque (R$)]
• Índice de perda de mercadorias em estoque no período (roubo, obsolescência,
avarias) [Valor total de perdas (R$)/valor total de mercadorias em estoque (R$)]
• Índice de vencimento das mercadorias em estoque no período [Quantidade de
mercadorias vencidas/quantidade total mercadorias em estoque]
Tempo na Gestão dos Estoques (TES)
• Tempo médio decorrido para a realização dos inventários do estoque no CD
[Horas]
114
• Tempo médio de ocupação de endereço por SKU no período [Data de entrada
no endereço – data de saída do endereço] [Dias ou semanas]
• Tempo médio para se obterem informações sobre o status das mercadorias em
estoque [Horas]
3.5.6 O Processo de Transporte
Neste item são apresentados os indicadores referentes ao processo de
transporte, agrupados sob as categorias a que pertencem. Neste processo não são
identificados subprocessos.
Custo do Transporte (CT)
• Custo do frete por palete expedido (distribuído para as lojas) [Custo total de
frete (R$)/total de paletes expedidos] [R$/palete]
• Custos do frete de distribuição do CD para as lojas em relação às vendas [Custo
total de fretes (R$)/vendas totais da Rede (R$)]
• Custo da não-conformidade na distribuição para as lojas (mede a participação
do custo extra de frete decorrente de reentregas, devoluções, atrasos, etc., por
motivos diversos no custo total de frete de distribuição) [Custo adicional de frete
com não-conformidade (R$)/custo total de frete de distribuição (R$)]
• Participação dos custos do frete de distribuição no custo total da operação do
CD [Custos de fretes (R$)/custo total da operação (R$)]
Produtividade do Transporte (PT)
• Taxa de utilização da capacidade de carga dos veículos utilizados para a
distribuição [Carga total expedida/capacidade teórica total dos veículos
utilizados]
• Taxa de utilização de frota para distribuição [Tempo utilizado para
distribuição/capacidade]
Qualidade do Transporte (QT)
115
• Índice de avarias no transporte (distribuição para as lojas) no período
[Quantidade de mercadorias avariadas no transporte (R$)/total de mercadorias
transportadas (R$)]
• Índice de erros (local) no transporte para as lojas no período [Quantidade de
transporte com erros/total de transportes realizados]
• Índice de devolução das lojas devido ao erro no transporte no período
[Quantidade de mercadorias devolvidas/quantidade de mercadorias
transportadas]
• Índice de pontualidade do transporte para as lojas no período [Transportes
realizados no prazo/total de transportes realizados]
Tempo do Transporte (TT)
• Tempo médio de trânsito para a distribuição dos pedidos nas lojas [Horas]
• Tempo médio de atraso na distribuição dos pedidos nas lojas [Horas]
3.5.7 Indicadores gerais do CD
Neste item são apresentados os indicadores gerais referentes ao CD no
nível macro, agrupados sob as categorias a que pertencem.
Custo Gerais do CD (CG)
• Representatividade do custo total do CD em relação às vendas da rede [Custo
total do CD (R$)/venda total da rede (R$)]
• Custo por pedido expedido para as lojas (rateio dos custos operacionais do CD
pela quantidade de pedidos expedidos) [Custo total do CD/total de pedidos
expedidos]
Produtividade Geral do CD (PG)
• Índice de performance operacional no período [Acuracidade na expedição/
acuracidade no inventário]
• Índice de ocupação média mensal do CD [Armazenagem ocupada/capacidade
total de armazenagem]
116
• Índice de produtividade geral do CD [Output total/input total de mão-de-obra +
material + capital + energia + outros]
Qualidade Geral do CD (QG)
• Pedido perfeito (calcula a taxa de pedidos sem erros em cada estágio do pedido
para as lojas) [Acuracidade no registro do pedido x acuracidade na separação x
acuracidade no carregamento x entregas no prazo x entregas sem avarias x
pedidos faturados corretamente]
• Índice de pedidos completos e no prazo (corresponde às entregas realizadas
dentro do prazo e atendendo às quantidades e especificações dos pedidos)
[Entregas perfeitas/total de entregas realizadas no período]
Tempo Geral do CD(TG)
• Quantidade de horas trabalhadas entre acidentes com afastamento (segurança
nas operações do CD) [Horas]
• Tempo de ciclo de pedido (tempo decorrido entre a realização do pedido pela
loja e a data e hora de entrega) [Data e hora de entrega – data e hora da
realização do pedido]
No Capítulo 4 é mostrada a aplicação do sistema no CD específico de uma
empresa do setor supermercadista, conforme os processos e os indicadores que
foram escolhidos para o mesmo.
117
4 APLICAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO
No presente capítulo é apresentado o objeto de estudo – centro de
distribuição (CD) – para a aplicação do sistema de indicadores de desempenho
logístico proposto nesta pesquisa, a matriz e os indicadores escolhidos,
juntamente com os resultados obtidos.
4.1 Descrição do Objeto de Estudo
Não é divulgado o nome da empresa nem quaisquer dados ou informações
que possam comprometer a integridade da mesma. Dessa forma, é feita apenas
uma breve descrição do objeto de estudo. Os resultados obtidos com a aplicação
do sistema também foram alterados, ficando os dados reais apenas com a
gerência e a diretoria da empresa.
O centro de distribuição escolhido para a aplicação do sistema de
avaliação de desempenho logístico aqui proposto foi o de uma rede de
supermercados localizada no estado de Santa Catarina.
Trata-se de um CD com aproximadamente 300 metros de comprimento e
50 metros de largura, 8 metros de pé-direito e 15 mil metros quadrados de área.
O CD opera em dois turnos, um somente para recebimento de mercadorias e
outro de expedição para as lojas, possui 250 funcionários e trabalha com um mix
de aproximadamente 30 mil itens.
4.2 Matriz com os Indicadores Escolhidos
Ao todo foram propostos 111 indicadores que poderiam ser utilizados para
o sistema de avaliação do CD, porém se todos esses indicadores fossem
adotados, dada a sua elevada quantidade, o processo de medição de
desempenho poderia ser inviabilizado, devido à estrutura que se faria necessária
118
para que todos eles fossem medidos e avaliados. É preciso que se tenha um
sistema de indicadores capaz de fornecer informações essenciais para o
entendimento e o aperfeiçoamento das atividades da empresa, escolher os
indicadores-chave e utilizá-los como critério para avaliar se os objetivos
estratégico, tático ou operacional estão sendo alcançados.
Nesta pesquisa a escolha desses indicadores-chave foi definida de acordo
com as prioridades da gerência de logística do CD, que levou em consideração a
complexidade dos processos a serem avaliados, a sua importância em relação às
metas estabelecidas e a possibilidade de uso gerencial posterior desses dados.
A grande maioria dos dados para os indicadores foram medidos no mês
de julho de 2006, não tendo alguns deles sido coletados, ficando como proposta
para uma aplicação futura.
Para o preenchimento da matriz nesta aplicação foram selecionados 25
indicadores para compor a matriz do sistema, a partir daqueles apresentados no
item 3.5 - Proposição dos Indicadores de Desempenho, conforme apresentado na
Figura 23.
Processos vs.
Indicadores Subprocessos CUSTO PRODUTIVIDADE QUALIDADE TEMPO
Descarga Recebimento
Conferência - - QR1 TR1
CA1 PA1 CA2 PA2 Armazenagem _ CA3 PA3
- -
CM1 Horizontal CM3 PM1
CM2 Movimentação Vertical CM4 PM2
- -
Separação Expedição
Carregamento - - QEX1 TEX1
CES1 PES1 Gestão dos Estoques _
CES2 PES2 QES1 -
CT1 Transporte _
CT2 PT1 - -
C E N T R O
D E
D I S T R I B U I Ç Ã O
GERAIS _ - - QG1 -
Figura 20 – Matriz com os indicadores escolhidos
119
A seguir, para os processos e subprocessos existentes na operação em
análise, serão listados os 25 indicadores escolhidos para a aplicação do sistema.
4.2.1 O Processo de Recebimento Tempo do Recebimento (TR)
• Tempo para disponibilizar os estoques das mercadorias recém-recebidas,
descarregadas e conferidas no sistema do CD [Horas]
Qualidade do Recebimento (QR)
• Índice de avarias das mercadorias descarregadas dos veículos no período
[Quantidade de mercadorias avariadas/número total mercadorias
descarregadas]
4.2.2 O Processo de Armazenagem Custo de Armazenagem (CA)
• Custo da força de trabalho envolvida nas operações de armazenagem em
[R$]
• Custo da estrutura física de armazenagem (estruturas porta-paletes,
prateleiras, mezaninos, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) de armazenagem (coletores de
dados, antenas de RF, impressoras de etiquetas, etc.) [R$]
Produtividade de Armazenagem (PA)
• Taxa de utilização da capacidade de área de armazenagem disponível no
CD [Ocupação média em m²/capacidade total de armazenagem em m²]
• Taxa de utilização da capacidade volumétrica de armazenagem disponível
no CD [Ocupação média em m³/capacidade total de armazenagem em m³]
120
• Taxa de utilização do número de posições-palete de armazenagem
disponíveis no CD [Posições-palete de armazenagem ocupadas/número total
de posições-palete]
4.2.3 O Processo de Movimentação Custo de Movimentação (CM)
• Custo de movimentação horizontal total de paletes [R$/palete]
• Custo de movimentação vertical total de paletes [R$/palete]
• Custo da estrutura física (equipamentos) de movimentação horizontal
(paleteiras manuais, paleteiras elétricas, transpaleteiras, etc.) [R$]
• Custo da estrutura física (equipamentos) de movimentação vertical
(empilhadeiras, selecionadoras, monta-cargas, etc.) [R$]
Produtividade de Movimentação (PM)
• Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação horizontal
(paleteiras, transpaleteiras, paleteiras manual, etc.) [Horas em
operação/horas disponíveis para uso]
• Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação vertical
(empilhadeiras, selecionadoras verticais, etc.) [Horas em operação/horas
disponíveis para uso]
4.2.4 O Processo de Expedição Qualidade de Expedição (QEX)
• Acuracidade no subprocesso de separação dos pedidos no período
[Quantidade de pedidos separados corretamente/quantidade total de pedidos
separados]
Tempo de Expedição (TEX)
121
• Tempo médio de carregamento dos veículos de distribuição para as lojas
[Hora de saída da doca – hora de entrada na doca]
4.2.5 O Processo de Gestão dos Estoques Custo na Gestão dos Estoques (CES)
• Quantificação das vendas perdidas nas lojas em função da indisponibilidade
do item solicitado no CD [Receita não realizada devido à indisponibilidade do
item em estoque no CD] [R$]
• Custo do capital em estoque no período [Valor médio do estoque no CD no
período X custo do capital/receita operacional líquida da rede] [R$]
Produtividade na Gestão dos Estoques (PES)
• Giro das mercadorias em estoques [Média de saída de mercadorias do CD
no período/quantidade de mercadorias em estoque] (vezes)
• Cobertura das mercadorias em estoque [Quantidade de mercadorias em
estoque (por SKU)/média do consumo das mercadorias no período]
Qualidade na Gestão dos Estoques (QES)
• Acuracidade do inventário do estoque no CD [Estoque físico atual por
SKU/estoque contábil ou estoque reportado no sistema]
4.2.6 O Processo de Transporte Custo do Transporte (CT)
• Custo do frete por palete expedido (distribuído para as lojas) [Custo total de
frete (R$)/total de paletes expedidos] [R$/palete]
• Custos do frete de distribuição do CD para as lojas em relação às vendas
[Custo total de fretes (R$)/vendas totais da rede (R$)]
Produtividade do Transporte (PT)
122
• Taxa de utilização da capacidade de carga dos veículos utilizados para a
distribuição [Carga total expedida/capacidade teórica total dos veículos]
4.2.7 Indicadores Gerais do CD
Qualidade (QG)
• Índice de pedidos completos e no prazo (corresponde às entregas realizadas
dentro do prazo e atendendo às quantidades e especificações dos pedidos)
[Entregas perfeitas/total de entregas realizadas no período]
4.3 Aplicação do Sistema
Conforme será colocado na seqüência, não foram obtidos dados do setor
(ou mesmo dados históricos) para que fosse feita a comparação entre o
desempenho medido durante a aplicação do sistema e algum valor de referência.
Esse processo de obtenção de valores de referência e identificação de metas
para os processos em análise deverá ocorrer a partir do momento em que exista
um banco de dados históricos confiável que permita à gerência do CD observar
variações nos resultados obtidos, identificando causas e atuando sobre elas, com
vistas a melhorar o desempenho.
A seguir são apresentados a justificativa da escolha de cada um dos 25
indicadores propostos, juntamente com os resultados obtidos para cada um
deles, de acordo com o processo ao qual se referem.
• TR1 – Tempo para disponibilizar os estoques das mercadorias recém-recebidas no CD
Justificativa: Este indicador foi escolhido, pois mede o tempo médio para
disponibilizar as mercadorias recém-recebidas dos fornecedores, descarregadas
e conferidas, no sistema do CD, sendo medido em horas. É calculado subtraindo-
se a data e hora do registro da informação de recebimento e conferência das
123
mercadorias no sistema do CD pela data e hora do recebimento e conferência no
físico. É um indicador fácil de se medir.
No mês de julho de 2006 este indicador registrou uma média de 1h30,
sendo 100% disponibilizados no mesmo dia.
• QR1 – Índice de avarias das mercadorias descarregadas Justificativa: Este indicador foi escolhido, pois representa a ocorrência de
avarias (quebras) durante o subprocesso de descarga das mercadorias dos
veículos dos fornecedores, sendo medido através da relação entre a quantidade
(caixas) de mercadorias avariadas e o número total mercadorias descarregadas.
Vai auxiliar no programa de prevenção de perdas do CD, que busca identificar
em qual processo ocorrem as maiores perdas.
No mês de julho de 2006, este valor foi de 0,02%.
• CA1 – Custo da força de trabalho envolvida nas operações de armazenagem
Justificativa: O uso deste indicador reflete o consumo de recursos
humanos para a realização das operações de armazenagem, podendo ser usado
para prever o impacto da contratação/demissão/realocação de pessoal na
produtividade das operações de armazenagem, além de acompanhar os
resultados dessa parcela representativa dos custos totais do CD.
Este indicador é medido multiplicando-se o número de funcionários
envolvidos nas operações de armazenagem (com jornada de 192 horas por mês
trabalhando em turno único) pelo valor médio pago por jornada completa a um
funcionário do CD.
No mês de julho de 2006 esse valor foi de aproximadamente R$ 30.000,00.
• CA2 – Custo da estrutura física de armazenagem Justificativa: Este indicador foi selecionado, pois representa o custo das
instalações de armazenagem (estruturas porta-paletes, prateleiras, mezaninos,
etc.), sem incluir prédio, terreno, e sistemas computacionais. Este custo permite
saber qual o custo de cada posição palete dentro do CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi calculado em aproximadamente R$ 2.300.000,00.
124
• CA3 – Custo dos equipamentos de armazenagem Justificativa: Este indicador foi escolhido, pois representa o custo dos
equipamentos de armazenagem (coletores de dados, antenas de RF,
impressoras de etiquetas, paletes, etc.), já que os mesmos são de extrema
importância para a operação do CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi calculado em aproximadamente R$ 90.000,00.
• PA1 – Taxa de utilização da capacidade de área de armazenagem Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização da área
disponível para armazenagem no CD, sendo medido através da relação entre a
ocupação média mensal em metros quadrados e a capacidade total de
armazenagem em metros quadrados. Este percentual indica se o CD está com a
sua capacidade de ocupação comprometida, ou seja, se não opera com uma
capacidade ociosa planejada. O ideal seria uma ocupação média de 80% ao
longo do mês, atingindo picos de 90%, como, por exemplo, no fim do ano,
quando o volume de compras do varejo aumenta consideravelmente.
No mês de julho de 2006 este valor foi de 93%.
• PA2 – Taxa de utilização da capacidade volumétrica de armazenagem Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização do volume
disponível para armazenagem no CD, ou seja, da área disponível vezes a altura
(pé-direito), e é medido através da relação entre a ocupação média mensal em
metros cúbicos e a capacidade total de armazenagem em metros cúbicos. É
muito importante para se avaliar o grau de utilização da área contruída.
No mês de julho de 2006 este valor foi de 85%. Assim como no indicador
anterior, não foi observada uma capacidade ociosa planejada.
• PA3 – Taxa de utilização do número de posições-palete de armazenagem Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização da estrutura
física disponível para armazenagem no CD, sendo medido através da relação
entre o número de posições-palete de armazenagem ocupadas e o número total
de posições-palete disponíveis. Utilizou-se neste cálculo a quantidade média de
125
paletes com mercadoria mantidos no período de análise. É importante para se
obter qual a rotatividade das posições paletes do CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi de 1,46, tendo sido armazenados
26.400 paletes no CD, enquanto a capacidade estática é de 18.000 paletes.
• CM1 – Custo de movimentação horizontal total de paletes
Justificativa: Este indicador foi escolhido, pois representa o custo médio
mensal de cada palete movimentado horizontalmente no CD, ou seja,
movimentado com transpaleteiras, paleteiras manuais, etc., das docas de até a
área de armazenagem e vice-versa. É medido em reais (R$) por palete
movimentado horizontalmente no CD durante o período em análise. Neste
indicador estão inclusos os custos operacionais (mão-de-obra, manutenção, etc.)
e o custo dos equipamentos.
No mês de julho de 2006 este valor foi de R$ 1,041 por palete
movimentado.
• CM2 – Custo de movimentação vertical total de paletes Justificativa: Este indicador representa o custo médio mensal de cada
palete movimentado verticalmente no CD, ou seja, movimentado basicamente
com empilhadeiras, da área de armazenagem até a posição-palete
correspondente e vice-versa, por isso foi selecionado. É medido em reais (R$)
por palete movimentado verticalmente no CD durante o período em análise.
Neste indicador estão inclusos os custos operacionais (mão-de-obra,
manutenção, etc.) e o custo dos equipamentos.
No mês de julho de 2006 este valor foi de R$ 1,081 por palete
movimentado.
• CM3 – Custo dos equipamentos de movimentação horizontal Justificativa: Este indicador representa o custo dos equipamentos de
movimentação horizontal (paleteiras manuais, paleteiras elétricas,
transpaleteiras, etc.), e foi escolhido devido a grande utilização desses
equipamentos no CD.
126
No mês de julho de 2006 este valor foi calculado em aproximadamente R$ 500.000,00.
• CM4 – Custo dos equipamentos de movimentação vertical Justificativa: Este indicador representa o custo dos equipamentos de
movimentação vertical no CD (empilhadeiras, selecionadoras, monta-cargas,
etc.). e também foi escolhido devido a grande utilização desses equipamentos no
CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi calculado em aproximadamente R$ 800.000,00. • PM1 – Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação
horizontal Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização dos
equipamentos de movimentação horizontal no CD (paleteiras, transpaleteiras,
paleteiras manuais, etc.), sendo medido através da relação entre as horas em
operação e as horas disponíveis para uso. Foi selecionado por representar o grau
de ociosidade desses equipamentos, de grande importância para utilização no
CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi de 99% de utilização.
• PM2 – Taxa de utilização total dos equipamentos de movimentação vertical Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização dos
equipamentos de movimentação vertical no CD (empilhadeiras, selecionadoras
vertical, etc.), sendo medido através da relação entre as horas em operação e as
horas disponíveis para uso. Também foi selecionado por representar o grau de
ociosidade desses equipamentos, de grande importância para utilização no CD.
No mês de julho de 2006 este valor foi de 98% de utilização. • QEX1 – Acuracidade no subprocesso de separação dos pedidos
Justificativa: O uso deste indicador representa o grau de acerto na
separação dos pedidos realizados para as lojas no período, sendo medido pela
relação entre a quantidade de pedidos separados corretamente e a quantidade
total de pedidos separados. Entre os indicadores propostos para o processo de
127
expedição, a gerência do CD considera este um dos mais importantes, pois
representa o grau de sucesso no atendimento ao cliente final, neste caso as
próprias lojas da rede.
No mês de julho de 2006 este índice foi de 99%. Dos 21.120 pedidos
separados, 20.910 foram separados corretamente.
• TEX1 – Tempo médio de carregamento dos veículos Justificativa: Este indicador mede o tempo médio de carregamento dos
veículos de distribuição para as lojas, sendo medido através da hora de saída do
veículo da doca menos a hora de entrada na doca.
No mês de julho de 2006 este indicador registrou uma média de 1h30 para
o carregamento de uma carreta com 22 paletes.
• CES1 – Quantificação das vendas perdidas nas lojas em função da indisponibilidade do item solicitado
Justificativa: Este indicador foi escolhido, pois representa o quanto as lojas
deixam de vender devido à falta de mercadoria, ou seja, a receita (em reais) não
realizada devido à indisponibilidade do item em estoque no CD, sendo calculado
pelo volume solicitado pelas lojas para as mercadorias indisponíveis vezes o
preço de venda dessas mercadorias. Assim como o indicador QEX1 (acuracidade
na separação), a gerência do CD considerou este também como um dos mais
importantes entre os indicadores propostos.
No mês de julho de 2006 este valor foi de aproximadamente R$ 900.000,00.
• CES2 – Custo do capital em estoque Justificativa: Este indicador representa o custo total do estoque parado no
CD no período, sendo medido pelo valor médio do estoque do CD no período
vezes o custo do capital (custo da oportunidade de aplicar o capital em outro
investimento) dividido pela receita operacional líquida da rede, em reais.
Neste primeiro momento a gerência do CD preferiu não utilizar este
indicador,pois encontrou dificuldades não previstas para a sua medição, ficando
como proposta para futura utilização.
128
• PES1 – Giro das mercadorias em estoques Justificativa: Este indicador representa o número de vezes em que o
estoque do CD gira no período, sendo medido pela média de saída de
mercadorias do CD pela quantidade de mercadorias em estoque (vezes). Este
também foi considerado um dos mais importantes entre os indicadores propostos,
pois representa a eficiência do CD na gestão dos estoques.
No mês de Julho de 2006 este índice foi de 1,17 vezes.
• PES2 – Cobertura das mercadorias em estoque Justificativa: Este indicador representa a quantidade de dias de cobertura
média do estoque do CD no período, sendo medido pela quantidade de
mercadorias em estoque (por SKU) pela média do consumo das mercadorias no
período. É muito importante, pois também representa a eficiência do CD na
gestão dos estoques.
No mês de Julho de 2006 este índice foi de 40 dias de cobertura
• QES1 – Acuracidade do inventário Justificativa: Este indicador representa o grau de acerto no controle dos
estoques mantidos no CD, sendo medido através da relação entre o estoque
físico atual por SKU e o estoque contábil ou estoque reportado no sistema.
No inventário realizado no mês de abril de 2006 este índice foi de 98,5%, o
que pode ser considerado um índice muito bom em relação à média nacional,
que é de aproximadamente 95%.
• CT1 – Custo do frete por palete expedido Justificativa: Este indicador representa o custo com o transporte por palete
distribuído do CD para as lojas no período, sendo medido pelo custo total de frete
(em reais) pelo total de paletes expedidos. No caso da empresa em questão, o
transporte para as lojas é terceirizado, portanto o custo de distribuição resume-se
ao valor do frete pago ao parceiro responsável pela execução desse serviço., por
isso a sua importância para o CD.
No mês de julho este valor foi de, em média, R$ 36,36 por palete
distribuído.
129
• CT2 – Custos do frete de distribuição em relação às vendas Justificativa: Este indicador representa quanto o custo de frete de
distribuição do CD para as lojas representa sobre as vendas totais da rede no
período, sendo medido pela relação entre o custo total de fretes (em reais) e as
vendas totais da rede (também em reais).
No mês de julho de 2006 este índice foi de 0,85%.
• PT1 – Taxa de utilização da capacidade de carga dos veículos
Justificativa: Este indicador representa o grau de utilização da capacidade
de carga dos veículos contratados pela empresa na prestação dos serviços de
distribuição das mercadorias para as lojas, sendo medido através da relação da
carga total expedida pela capacidade teórica total dos veículos.
No mês de julho de 2006 este índice foi de, em média, 85% de
aproveitamento. Esse baixo índice de aproveitamento ocorre devido à carga ser
paletizada para a distribuição, resultando em uma sobra de espaço entre os
paletes e entre o teto dos veículos.
• QG1 – Índice de pedidos completos e no prazo Justificativa: Este indicador corresponde às entregas realizadas do CD
para as lojas, dentro do prazo e atendendo às quantidades e especificações dos
pedidos, sendo medido pela relação entre a quantidade de entregas perfeitas e o
total de entregas realizadas no período. Este é mais um indicador considerado
dos mais importantes entre os indicadores propostos, pois representa o nível de
serviço prestado para o cliente final, no caso as próprias lojas da Rede.
No mês de julho de 2006 este índice foi de 93%, podendo ser considerado
um bom índice de atendimento de pedidos para as lojas.
4.4 Discussão dos Resultados Obtidos
Os resultados obtidos com as medições forneceram à gerência do CD
informações que não existiam, e que serviram para entender melhor a sua
estratégia e estudar maneiras de melhorar a operação do CD, o nível de serviço
para as lojas e, por fim, a competitividade da empresa no mercado.
130
A empresa ficou satisfeita com o resultado da aplicação do sistema,
mesmo que algumas fases não tenham sido plenamente executadas, como a
definição de valores de referência e a comparação com dados do setor (que não
foram encontrados).
Portanto, foi possível apenas desenvolver as etapas de identificação de
um sistema de indicadores e de medição de desempenho, não sendo possível
ainda validar um modelo e concluir o processo de avaliação do desempenho
como um todo.
Apesar disso, considera-se que a aplicação do sistema atingiu os objetivos
propostos, principalmente no que diz respeito à matriz de indicadores de
desempenho aqui desenvolvida, que pode se mostrar útil diante da aplicação real
à qual foi submetida, pois foi um marco inicial para o CD avaliar o desempenho
de sua operação. A partir desse sistema inicial de avaliação de desempenho, a
empresa está disposta a elaborar um modelo completo, e obter novas medidas e
padrões para poder se adaptar melhor às mudanças no ambiente empresarial.
A seguir, serão apresentadas as conclusões e recomendações para
trabalhos futuros.
131
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este capítulo apresenta as conclusões deste trabalho alinhadas aos
objetivos que foram propostos. Também apresenta recomendações para trabalhos
futuros.
5.1 Conclusões
Esta pesquisa teve como principal objetivo a elaboração de um sistema de
indicadores para avaliação do desempenho logístico de um centro de distribuição
do setor supermercadista, estruturado a partir da definição de indicadores
adequados a esse tipo de organização. O objetivo da pesquisa foi atingido, de
acordo com o que foi proposto nos objetivos específicos.
Inicialmente, foi feito um levantamento da literatura existente e demais
fontes de pesquisa, sobre o tema avaliação do desempenho logístico. Nessa
etapa foram conhecidas diferentes abordagens sobre o tema e foram registradas
diversas considerações para a elaboração de um sistema de indicaores para
avaliação do desempenho logístico.
Assim como Bastos (2003), houve uma grande dificuldade de encontrar nas
pesquisas um sistema de indicadores de desempenho logístico existente que
fosse próprio para um centro de distribuição do setor supermercadista. Assim,
decidiu-se elaborar um sistema a partir de um modelo já existente, desenvolvido
pela Prof.ª Maria F. Rey. O modelo desenvolvido por Rey foi originalmente
utilizado na avaliação do desempenho logístico de organizações do setor
industrial.
A partir da revisão bibliográfica, e com um modelo preexistente, passou-se
à etapa de desenvolvimento de um sistema de indicadores adequado ao centro de
distribuição. A estrutura adotada para os indicadores de desempenho foi baseada
na proposta por Rey, em forma de matriz. As colunas dessa matriz foram
designadas com as principais categorias de indicadores de desempenho logístico
com relação aos processos desenvolvidos pelo centro de distribuição. Foram
utilizadas as mesmas categorias de indicadores do modelo de Rey: custo,
produtividade, qualidade e tempo. A estrutura matricial desenvolvida por Rey foi
132
modificada em seus processos, que eram específicos para a área industrial, para
os processos logísticos básicos de um centro de distribuição do setor
supermercadista. Os processos seguidos por este são: recebimento,
armazenagem, movimentação, expedição, gestão dos estoques e transporte. O
passo seguinte foi a proposição de diversos indicadores para serem utilizados no
sistema, e a definição, junto à gerência do CD, dos indicadores de desempenho
que estivessem alinhados à sua estrutura. Do total de 111 indicadores propostos,
forma escolhidos e justificados 25 para serem aplicados.
Com os indicadores e os processos definidos, foi possível elaborar um
sistema de indicadores de desempenho logístico, para ser utilizado por CDs de
empresas atuantes no setor supermercadista.
Para validar o sistema desenvolvido, ele foi aplicado em um CD de uma
empresa do setor estudado. Os dados necessários para a avaliação do
desempenho logístico foram coletados em sua maioria no mês de julho de 2006.
O processo de avaliação do desempenho não foi completado, tendo sido
concluídas apenas as etapas de identificação do sistema de indicadores e
medição dos indicadores de desempenho logístico.
Apesar disso, considera-se que os objetivos da aplicação do sistema de
indicadores aqui proposto foram atingidos, pois, a partir da criação de um histórico
de medições dos indicadores, será possível à gerência do centro de distribuição
estabelecer padrões de referência e identificar possíveis desvios no
desenvolvimento da operação logística, de forma a atuar sobre as causas de tais
desvios e avaliar o sucesso ou o fracasso da sua atuação.
A empresa também se mostrou muito satisfeita com os resultados obtidos,
pois enxergou uma nova oportunidade de conhecer melhor o desempenho da sua
operação e de dar continuidade ao processo de avaliação de desempenho de sua
operação.
Ressalta-se que o sistema aqui proposto é passível de adaptações
(flexível), principalmente no que diz respeito aos indicadores utilizados, tendo em
vista que existem centros de distribuição atuando nos mais diversos setores da
economia, seja no varejo (supermercados, lojas de departamentos, etc.), seja na
indústria (automotiva, de alimentos, eletroeletrônica, etc.), entre outros.
Da mesma forma, a flexibilidade do sistema de indicadores de desempenho
deve existir ao longo do tempo, pois, com o mundo corporativo passando por
133
freqüentes mudanças, rapidamente surgirão novos nichos de mercado a serem
atendidos e novos serviços a serem prestados, obrigando as organizações a
adaptarem suas ferramentas de gestão para manter sua competitividade.
Sendo assim, tanto o objetivo geral como os objetivos específicos foram
alcançados no decorrer da pesquisa.
5.2 Recomendações
O tema avaliação do desempenho logístico é muito amplo e ainda oferece diversas oportunidades para o desenvolvimento de pesquisas. Mesmo limitado a um centro de distribuição do setor supermercadista, tal condição mantém-se verdadeira, havendo campo extenso para investigação.
Como contribuição, são apresentadas algumas recomendações para trabalhos futuros:
a) desenvolver pesquisas sobre a avaliação do desempenho logístico junto ao setor supermercadista, favorecendo o surgimento de novas ferramentas de gestão adequadas a esse tipo de organização;
b) desenvolver outras pesquisas em centros de distribuição que atuem no mesmo setor, visando aprimorar a matriz de indicadores aqui proposta e criar um banco de dados que possa ser utilizado como referência para atividades de benchmarking;
c) desenvolver pesquisas junto a centros de distribuição que atuem em setores diferentes do aqui estudado, identificando até que ponto a matriz de indicadores utilizada na presente pesquisa é adequada a CDs com um mix diferenciado de produtos;
d) desenvolver no CD da empresa estudada uma estrutura de coleta de dados que possibilite a medição e posterior avaliação dos indicadores aqui propostos, e que contenha a participação das lojas que são atendidas por ele; e
e) desenvolver novo estudo no mesmo CD analisando a utilidade do sistema aqui proposto ao longo do tempo, identificando as mudanças necessárias ao ele na medida em que novas lojas (clientes) passem a ser atendidas e que novas tecnologias e novos serviços passem a ser prestados.
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