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(h, ,'sIO's e visoes do mundo atual Alicerces e evolut; ao da civilizat;ao ocidental A p 6S a interven<;: ao nOlte-ame- ri cana no lraque, em 2003, Ll'e sceu em todo 0 mundo, espe- cia lm en te no intelior do mundo isla mi co, sentimentos e movimen- lOSantinOite-amelicanos e antioci- d 'nlais. Nesse contex to , retomou- st: a discussao sobre 0 conflito de tese desenvolvida no s lil10S 1 990 pelo pen sa dor nolte- I lIll cricano Samuel Huntin gton, l'lI' se u li vro 0 choque de civiliza- ( (II ' .\' e a recomposir;Qo da arc/em 1lIllIldial. Desde a Antiguidade, sangue, /111 'lla , religiao e est il o de vida, en- II ,' nUl r os fatores de menor impor- 1: ll1l' ia , distinguem uma c ivili za<;:ao dl ' nul r 'l . Ass im , uma ci vi li za<;:iio ' l' tiil'crencia de outra nao s6 por IIiI S caracterfsti cas sociai s, c ultu - llii s C hist6ri cas, mas ta mb em pela Id " lIlill s ubj eliva da s pessoas 'I"" Sl' julgam a ela perten cer. f\ , n ao tem fron- t. "" ' ('s l (, 1 i ea s. Os povos qu e as '" 111/ 11 \,' 111 poclcl11 redcfinir suas ,,1111111111<1 " t', (; 0111 i ss o, alterar a 1111111"' 1 , 1111 " II> lililil 's (Ia c ivi - l! ' 1,,111 S, III 11( ' 101111111 11 ' ''I vidl! , li S I III I' '" '. ', III 10 11111111 1111 Il hltl rico s, se ndo tambem as mai s dura- douras da s associ a<;:oes humana s. Diferentemente dos imperios e do s Estados em geral, e la s sobrevivem as co nvul soes polfticas, sociais e economica s. E la s exis tiriio por mai s tempo se permanecerem cer- ta s id e ias fundamentais, em tome das quais suc ess i vas ge ra<;:oes se identificam. As nao sao enti- dad es poHticas, mas podem conter em seu intelior diversas unidades polfti cas. Estas, ao longo da histo- ri a, foram cidades-estado s, impe- Iio s, e e exist iram sob as mai s variadas formas de govemo. Enquanto uma evol ui , OCOITem transforma<;: oes na quan- tidade e na natureza das entidades politicas que delas fazem p3lte. Muitas das civi li za<;:oes atuais sao compostas por mais de uma entidade politica. Algumas delas po ss uem um Estado-nucleo ou pafs Hder, caso da Chin a para a ci- viliza<;:ao chinesa e da india para a civili za<;:ao hindu. A chamada ocide nt al sempre abri- gou grande numero de entidades polfticas, mas pequeno numero de ESlados-nucleos, cuja influ encia variou ao lon go do tempo. Durante seu apogeu, entre os sec ulo s XV e XV III , 0 Il11 perio Olo l11 ano poderia ser cons iLi c raLio 11111 [\s laLi o- llllc lco cln 111111 ; 11/1111 111 11 , nli ll Sli ll po sl 'I iOl' tI"( 'lId, III III " d" ' IIIIIIII 'I' 11I1I'1I11I 11 0 in fc io do seculo XX, logo ap6s iI Pril11eira Guerra Mundial ( 1914-/91 8), nao houve mais UI11 I is tado-nucleo da civiliza.;:ao i sHi- IIli ca. Co mo as tem '"lIa esp ec ie de "cicio de vid a", IIluitas delas desaparece ram ao I tl ngo cia hi storia, mas dei xaram 11I l'llle ro s ves tfgios de sua exis- h' II C ill , c ujo s impactos culturais (lllll cm ser se ntidos na atuaiidade. I'lli' xe l11pl o, n ao ha nenhuma du- I llill sobre a importancia da s ci- II i I, a (foes grega e romana para a , '111111 ocidental. Hspeciali stas em estudos so bre , tem opiniao bastante tI,"'rc nl e quanto ao numero da s , Il ili zH C(o es qu e ja existir am. Num , 1"'I' tO , porem, todos concord3ln: l' lil[lm ao longo do tempo im- 1'"llillll 'S que se loca- II , 11.1111 0111 todo s os contine ntes, 11\ II I vc ndo os mais diferentes etni - II Is so () lil11ina qualquer duvida ,III, ' " ralo de que ser "civiliza do " II, IIllvil cgio de um unico grup o 10111'1.1110. 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Mas e tambem cada vez maior 0 numero de especiaiistas qu e ciassifica a latino-amelicana como uma civiliza<;:ao com caracterfsticas distinta s, especialmente devido as foltes influencias culturais indfge- nas e negro-africanas. Da mes ma forma, a Ru ss ia e paises de religiao clista oltodoxa da Europa oriental e Europa ba1cfinica sao considera- dos p3ltes di stinlas da civiliza<;:ao ocidental, just3lnente em fun <;:ao de s ua s caracterfs tic as culturais e da s tradio;:oes hi st6ricas eslavas e ooto- doxas. A civi li za<;:ao oci denta l slirg iu a partir dos sec ul os VlTI e IX , Inns, ainda pO l' longo le mp o, roi he lll l11 el lOS des I1vo lvida Cl ' lllli'lll,ka l' ,iCIIHcllll\ !-Ie l.'lHl lPUI:ttlU CO Iil O IlII' US , CO lil ti 1I i ,1. Ill; ' II , II hin d ll l' II dlilll"lI. 1'11111' Ok M'll ll (" X I , '\ III '1 "11 II lIil 11" 1 01 "I II , 'S IIII'1i I, ' , 1,11.1 1 ''' 1"11 1111 I 11, ' 11 it' II 1 111110 101 III. 111111 !III l-IIIIIIIIIII II 11 11 01 1{ II 1111111 Iitl

Alicerces e Evolução Da Civilização Ocidental - Retratos Do Mun

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Page 1: Alicerces e Evolução Da Civilização Ocidental - Retratos Do Mun

(h,,'sIO's e visoes do mundo atual

Alicerces e evolut;ao da civilizat;ao ocidental

Ap6S a interven<;:ao nOlte-ame­ri cana no lraque, em 2003,

Ll'esceu em todo 0 mundo, espe­cia lmente no intelior do mundo islamico, sentimentos e movimen­lOS antinOite-amelicanos e antioci­d 'nlais. Nesse contexto, retomou­st: a discussao sobre 0 conflito de l' iviliza~oes, tese desenvolvida nos lil10S 1990 pelo pensador nolte­IlIllcricano Samuel Huntington, l'lI' seu li vro 0 choque de civiliza­( (II ' .\' e a recomposir;Qo da arc/em 1lIllIldial.

Desde a Antiguidade, sangue, /111 'lla , religiao e estilo de vida, en­II,' nUl ros fatores de menor impor-1:ll1l' ia , distinguem uma civili za<;:ao dl' nul r'l . Assim, uma civi li za<;:iio ' l' tiil'crencia de outra nao s6 por

IIiIS caracterfsti cas socia is, cultu-llii s C hist6ri cas, mas tambem pela Id"lIlill 'a~ao subjeliva das pessoas 'I"" Sl' julgam a ela pertencer.

f\ , ~iviliza<;:oes nao tem fron­t. "" ' ('sl(,1 ieas. Os povos que as ' " 111/ 11 \,' 111 poclcl11 redcfinir suas ,,1111111111<1 " t' , (;0111 isso, alterar a 1111111"' 1, 1111 " II> lililil 's (Ia civi ­l! '1,,111 S, III 11( '101111111 11 ' ''I vidl! , liS

I III I' '" '. ', III 10 11111111 1111 Il hltl

ricos, sendo tambem as mais dura­douras das associa<;:oes humanas. Diferentemente dos imperios e dos Estados em geral, elas sobrevivem as convulsoes polfticas, sociais e economicas. Elas existiriio por mais tempo se permanecerem cer­tas ideias fundamentais, em tome das quais sucess ivas gera<;:oes se identificam.

As civiliza~oes nao sao enti­dades poHticas, mas podem conter em seu intelior diversas unidades polfticas. Estas, ao longo da histo­ria, foram cidades-estados, impe­Iios, federa~oes , confedera~oes e Estados-na~oes e existiram sob as mais variadas formas de govemo. Enquanto uma civiliza~ao evolui , OCOITem transforma<;:oes na quan­tidade e na natureza das entidades politicas que delas fazem p3lte.

Muitas das civi li za<;:oes atuais sao compostas por mais de uma entidade politica. Algumas delas possuem um Estado-nucleo ou pafs Hder, caso da China para a ci­viliza<;:ao chinesa e da india para a civili za<;:ao hindu. A chamada civiliza~ao ocidental sempre abri­gou grande numero de entidades polfticas, mas pequeno numero de ESlados-nucleos, cuja influencia variou ao longo do tempo.

Durante seu apogeu, entre os seculos XV e XVIII , 0 Il11 perio Olol11ano poderia ser consiLicraLio 11111 [\slaLio-llllc lco cln c i vi li 7.ll~~n

111111; 11/1111111 11 , nlill Sli ll posl ' I iOl' tI"( 'lId, III III " d" ' IIIIIIII 'I'11I1I'1I11I

11 0 in fc io do seculo XX, logo ap6s iI Pril11eira Guerra Mundial ( 1914- /9 18), nao houve mais UI11

I istado-nucleo da civiliza.;:ao isHi­IIli ca. Como as civiiiza~oes tem '"lIa especie de "cicio de vida", IIluitas delas desapareceram ao Itl ngo cia historia, mas deixaram 11Il'llleros vestfgios de sua exis­h'IICill , cujos impactos culturais (lllllcm ser sentidos na atuaiidade. I'lli' xel11plo, nao ha nenhuma du­I llill sobre a importancia das ci-

II i I,a(foes grega e romana para a ,'111111 c i v iliza~ao ocidental.

Hspecialistas em estudos sobre , I v ili la~5es tem opiniao bastante tI,"'rcnle quanto ao numero das , Il ili zHC(oes que ja existiram. Num , 1"'I'tO, porem, todos concord3ln:

l' lil[lm ao longo do tempo im-1'"llillll ' S c i v ili za~oes que se loca­II ,11.1111 0111 todos os continentes,

11\ II I vcndo os mais diferentes etni­II Isso () lil11ina qualquer duvida ,III, ' " ralo de que ser "civilizado" II, IIllvilcgio de um unico grupo

10111'1.1110. ' ullu ra ou religiao, nem I 111111" illia ' inar que esse agru­I 11111 III" il' lIha a lcan~ado certo I 11.1111111 d,'l'vo luC(ao civilizac ional I ., ., 1"l'lI li /ll r numa determinada

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ill II III I LI' Ii,j dll C :'11 III I Ii, '

Geopolfticas contcl11poran 'us

Roma. Atualmente, alem da Euro­pa, fazem pme deia a America an­glo-saxonica, a Austriilia e a Nova Zelfindia. De maneira geral, quando usado nos dias atuais, 0 termo "oci­dental" designa fundamentalmente a Europa (especialmente a sua por­<;:ao centro-ocidental) e a America anglo-saxonica. Todavia, nao sao poucos os que consideram aAmeri­ca Latina tambem peltencente a ci­vili za~ao ocidentai, ja que todos os atuais Estados dessa regiao foram colonizados por pafses da Europa Ocidental. Mas e tambem cada vez maior 0 numero de especiaiistas que ciassifica a latino-amelicana como uma civiliza<;:ao com caracterfsticas distintas, especialmente devido as foltes influencias culturais indfge­nas e negro-africanas. Da mesma forma, a Russia e paises de religiao clista oltodoxa da Europa oriental e Europa ba1cfinica sao considera­dos p3ltes distinlas da civiliza<;:ao ocidental, just3lnente em fun<;:ao de suas caracterfsticas culturais e das tradio;:oes hist6ricas eslavas e ooto­doxas.

A civi li za<;:ao ocidental slirgiu a partir dos seculos VlTI e IX, Inns, ainda pO l' longo lempo, roi helll l11ellOS des I1vo lvida Cl'lllli'lll,ka l' I~cllolo ,iCIIHc lll l \ !-Ie l.' lHl lPUI:ttlU

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Page 2: Alicerces e Evolução Da Civilização Ocidental - Retratos Do Mun

QllestOes e visoes do mundo atual

um processo gradativo de incor­pora",ao de novas areas a sua 6r­bita de intluencia, envolvendo ter­ri t6rios correspondentes as atuais Hungria, Polonia, Escandinavia e aos das proximidades do mar Baltico.

A partir dos seculos XV e XVI, a expansao da civilizac;:ao ocidental foi avassaladora. Oa cham ada Reconquista da Peninsula Iberica, passan-do pelo ciclo da expansao maritima de Portugal e da Espanha, ate aproximada­mente a metade do secu-10 XVIII, a colonizac;:ao mercantil europeia inc or­porou aos dominios da civilizac;:ao ocidental todo o continente americana e parcelas territoriais consi­tl cnlveis tla Asia.

No final do seculo XVIII e 110 infcio do XIX, houve n':ITac;:ao da intl uencia geo­ilolftica eW"opeia, com a inde­p'nelencia dos Estados Unidos

u u

e, em seguida, a descolonizac;:ao tin ma.ior parte e1a America Latina. Nessa epoca, talvez mais do que ' 111 qualquer momento posterior, a I \lIropa e os Estaelos Unielos se dis­lii nciol'o lll, pois a republica norte­"l lIl'l iL!lI llll dcc larava sua oposic;:ao III I ("" lol1ia l iSl110 e clesel1volvia uma vi ,nil ti l' IIlll nelo oposta 11 cia ellro­P I' III /\ I)UII II'iJ1l1 MlI lI J"(J ', procla-/Jllldil fill 11'1 \ I' !J ill' Iln llll ," ""0

11.1 ,. , llIh '~r " II 1\ 1111 ' /1 , II JlIIIII "

OCEANO PAciFICO

1111111)1II1<1l1 1I1I11l< 11111 ,/1 II'IIHl)

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Geopoliticas contemporalleas

american os" , assinalava essa ci­sao que, ao longo do tempo, iria se mostrar temporaria.

A influencia cultural e 0 po­der geopolftico dos europeus r:­novaram seu fmpeto de expansao quando, na segunda metade do seculo XIX, quase todo 0 con­tinente africano, que tambem ja contava com possessoes espa­nholas e portuguesas, foi incor­porado aos imperios britanico, frances, a lemao, be lga e ItalIano. Na mesma epoca, consolidava-se o controle ociclenta l sobre 0 sub­continente indiano, a Indochina e outras partes da Asia. Em 1874, mais de 65% das terras habitadas do planeta encontravam-se sob_ a influencia direta da clvlhzac;:ao ocidental, parcela que aumentou para cerca de 85% as vesperas da Primeira Guerra Mundlal.

Durante sua secular e continua expansao, os ocidentais. ~irtu_al­mente eliminaram as clvllIzac;:oes amerfndias. Alem elisso, as cul­turas indiana, islamica e africana foram subjllgadas, e a chinesa foi subordinada aos "desejos" oc iclen­tais. Somente as civi li zac;:oes japo­nesa, l"llssa e elrOpe conseguira m, parcialmcnlc, cscapar . ao ImpclO (lX pH II ~ illni s l " do . OCldl' l1tC .. I\s princ ipnis iC!cologllis ' doulnll llS po l!li,''' ' du,s secIIIII,' XIX,' X !l lii1t'm li.slll l) , I) 11l1l1l ljlll SIII II , II ,11 '11l1i '1 111{} , 11 nli /l fll ,,;l'I I4 I110 , () l 'tH IItI

nl slIlI l r 0 11 111 1IIIII iI 1', 11 11 , 11111111\

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