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ALINE SITENESKI NATAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE REDUZ NOCICEPÇÃO SOMÁTICA INDUZIDA POR GLUTAMATO PELA ATIVAÇÃO DE RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G / INIBIÇÃO DA PROTEÍNA CINASE A PALHOÇA 2015

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ALINE SITENESKI

NATAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE REDUZ NOCICEPÇÃO SOMÁTICA

INDUZIDA POR GLUTAMATO PELA ATIVAÇÃO DE RECEPTORES

ACOPLADOS A PROTEÍNA G / INIBIÇÃO DA PROTEÍNA CINASE A

PALHOÇA

2015

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ALINE SITENESKI

NATAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE REDUZ NOCICEPÇÃO SOMÁTICA

INDUZIDA POR GLUTAMATO PELA ATIVAÇÃO DE RECEPTORES

ACOPLADOS A PROTEÍNA G / INIBIÇÃO DA PROTEÍNA CINASE A

Dissertação de Mestrado a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Daniel Fernandes Martins, Dr.

PALHOÇA

2015

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S63 Siteneski, Aline, 1981-

Natação de alta intensidade reduz nocicepção somática induzida por glutamato pela ativação de receptores acoplados a proteína G / inibição da proteína cinase A / Aline Siteneski. – 2015.

238 f. : il. color. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Pós-graduação em Ciências da Saúde.

Orientação: Prof. Dr. Daniel Fernandes Martins

1. Dor. 2. Neurobiologia. 3. Natação. 4. Exercícios físicos. 5. Canabinóides. 6. Opióides. 7. I. Martins, Daniel Fernandes. II. Universidade do Sul de Santa Catarina. III. Título.

CDD (21. ed.) 616.0472

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

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ALINE SITENESKI

NATAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE REDUZ NOCICEPÇÃO SOMÁTICA

INDUZIDA PELO GLUTAMATO POR ATIVAÇÃO DE RECEPTORES

ACOPLADOS A PROTEÍNA G / INIBIÇÃO DA PROTEÍNA CINASE A

Esta Dissertação foi julgada adequada pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde - Mestrado, para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

Palhoça, 08/2015

Orientador: Prof. Daniel Fernandes Martins, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL

Profa. Clarissa Martinelli Comim, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL

Profa. Leidiane Mazzardo-Martins, Dra.

Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

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Dedico este trabalho as pessoas que

inspiram a minha vida. Minha mãe, minha

filha e meu amor.

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AGRADECIMENTOS

Serei sempre grata:

A Deus por permitir.

A minha mãe meu exemplo de bondade, serenidade, amor, trabalho,

disciplina e perseverança. Obrigado por ter segurado as pontas para a realização

deste trabalho.

Ao meu pai pelo apoio nos estudos, pelo exemplo de inteligência e

integridade.

A minha filha luz da minha vida, obrigado por me apoiar, por todo amor que

você me faz sentir, ter você faz o mundo parecer melhor, teu sorriso alegra meus

dias, tudo o que faço é por você.

Ao meu marido Felipe grande amor da minha vida. Por estar do meu lado,

meu companheiro, atencioso, carinhoso, obrigado por me dizer que tudo ia dar certo,

por me amar. Sem ter você não seria possível.

Aos meus irmãos Robin (que colabora com o inglês sempre) e Darlan (por

todo apoio). Vocês são os melhores, meu orgulho!!

Ao meu orientador, por ter sido um verdadeiro mestre. Obrigado por me

aceitar no LaNex por todos os ensinamentos.

Aos meus colegas do laboratório: Luiz, Dai, Fe, Ralf, Bru, Ale. Obrigada pelas

discussões cientificas e pelas não-cientificas, mas sempre prazerosas conversas.

Em especial a Dani obrigado pelas incontáveis horas de contagem de glutamato,

pela companhia, pela amizade. Obrigado a Aline por todas as caronas a Tubarão. A

todos que me auxiliaram em algum momento nos experimentos.

Aos meus colegas de turma que tornaram tão agradáveis os dois semestres

que estivemos juntos. Alexandre, Rodrigo, Jaime, Drielly, Naiana e em especial a

Lidi amiga querida sempre me apoiando nos momentos difíceis.

As meninas secretárias da pós-graduação Silvane, Francieli e Marcieli por

serem sempre tão solicitas e nos tratarem com tanto carinho.

A todos os professores que contribuíram com o aprendizado, em especial a

Professora Clarissa.

Ao Laboratório de Neurobiologia da Dor e Inflamação (LANDI) da UFSC por

me receber com tanto carinho. Ao Dr. Adair Roberto Soares dos Santos por permitir

a realização de parte deste trabalho no LANDI. Em especial a Dani, uma pessoa

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muito especial que tive o privilégio de conviver durante minha estada no LANDI,

obrigado pelo Blot, pelo carinho por todo o aprendizado.

Aos meus amigos queridos Filipe e Tanara que me ensinaram com paciência

no começo de tudo, obrigado pelos muitos Blot, MTT, fatias e cia de acái.

Aos camundongos, por serem instrumentos fundamentais para minha

pesquisa.

À UNISUL e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde por todo

o apoio.

À CAPES e a UNISUL por financiar minha bolsa de mestrado.

A todos vocês...

MUITO OBRIGADA!

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, podemos começar

agora e fazer um novo fim”.

Chico Xavier.

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RESUMO

Introdução: O neurotransmissor excitatório glutamato é amplamente distribuído pelo

sistema nervoso de mamíferos. Vias glutamatérgicas tem sido associadas a

diferentes tipos de dor. Analgesia induzida pelo exercício físico é um fenômeno

observado em estudos pré-clínicos e clínicos. No entanto, o mecanismo

neurobiológico adjacente a esta analgesia ainda não foi totalmente elucidado.

Objetivo: Avaliar o efeito da natação de alta intensidade na nocicepção somática e

hiperalgesia induzida pelo glutamato, analisando o papel de diferentes receptores e

vias envolvidas neste efeito.

Métodos: O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de

Animais (CEUA/Unisul) sob o número 13.020.4.06.IV. Foram utilizados

camundongos Swiss machos. Animais foram submetidos à uma ou duas semanas

de natação de alta intensidade e comparados à camundongos não exercitados. A

nocicepção e hiperalgesia mecânica somática foram induzida por uma injeção

intraplantar (i.pl.) de glutamato (GLU). Testou-se a resposta da pata (tempo de

licking) ou (frequência de retirada) frente a estímulos nocivos. Pelo fato da pata

(periférico) e da medula espinal (central) serem sítios de modulação importantes no

controle da dor, a participação dos receptores dos principais sistemas endógenos

(opióde, adenosinérgico e canabinóide) e a expressão da proteína cinase A (PKA)

fosforilada foram avaliados nestes locais, por meio de antagonistas específicos dos

referidos sistemas e por Western Blotting, respectivamente.

Resultados: Observou-se que receptores opióides e adenosinérgicos (A1) periféricos

e espinais participam da analgesia induzida pela natação de alta intensidade. Além

disso, receptores canabinóides CB1 espinais, mas não periféricos, também estão

envolvidos neste efeito. Paralelo a estes resultados, também foi encontrado aumento

na expressão de PKA fosforilada induzido pela injeção i.pl. de GLU, o qual foi

reduzido significativamente pela natação, em ambos sítios, pata e medula espinal.

Conclusão: Natação de alta intensidade reduz nocicepção somática e hiperalgesia

induzida pelo glutamato. A inibição da fosforilação de PKA pela ativação de

receptores opióides, adenosinérgicos e canabinóides parece, pelo menos em parte,

mediar este efeito.

Descritores: Dor. Exercício físico. Natação. PKA.

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ABSTRACT

Introduction: The excitatory neurotransmitter glutamate is widely distributed

throughout mammals' nervous system. Glutamatergic pathways have been

associated with different kinds of pain. Analgesia induced by exercise is a

phenomenon observed in preclinical and clinical studies. However, the analgesia

associated with this neurobiological mechanism has not been fully elucidated.

Goal: To evaluate the effect of high-intensity swimming in the somatic hyperalgesia

and nociception induced by glutamate analyzing the role of different receptors and

pathways involved in it.

Methodology: This study was approved by the Ethics Committee on Animal Use

(CEUA /Unisul in the Portuguese acronym) under the number 13.020.4.06.IV. Swiss

male mice were submited to one or two weeks of high-intensity swimming and

compared to mice that did not exercise. The somatic nociception and hyperalgesia

was induced by intraplantar injection (i.pl.) of glutamate (GLU). The paw response

(licking time or removal frequency) against noxious stimuli was tested. Because paw

(peripheral) and spinal cord (central) modulation are important sites for pain control,

the involment of receptors of the main endogenous systems (opioid adenosinergic

and cannabinoid) and the expression of protein kinase A (PKA) phosphorylated were

evaluated by, respectively, specific antagonists of these systems and by Western

blotting.

Results: It was concluded that central and peripheral opioid and adenosinergic (A1)

receptors are part of the spinal analgesia induced by high intensity swimming. In

addition, spinal but not peripheral cannabinoid receptors CB1 are involved in this

effect. An increased expression of phosphorylated PKA was induced by i.pl. injection

of GLU, that was significantly reduced by swimming, was also found on both sites

(paw and spinal cord).

Coclusion: High intensity swimming reduces somatic nociception and hyperalgesia

induced by glutamate. Inhibition of PKA phosphorylation by the activation of opioid,

cannabinoid and adenosinergic receptors seem at least partially, to mediate this

effect.

Key words: Pain. Physical exercise. Swimming. PKA.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMPA - Ácido -amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico;

AMP - Monofosfato de adenosina-5';

AMPc - Monofosfato de adenosina cíclico;

AP - Aferente primário;

ATP - Trifosfato de adenosina-5';

BDNF - Fator neurotrófico derivado do encéfalo;

CB - Canabinóide;

CCI - Constrição do nervo isquiático;

DAG - Diacilglicerol;

DRG - Gânglio sensorial do nervo espinal;

EATTs - Transportadores de aminoácidos excitatórios;

EC - Endocanabinóide;

FCmax - Frequência cardíaca máxima;

GABA - Ácido γ- aminobutírico;

G i - Proteína G inibitória;

GTP- Guanosina trifosfato;

GLU- Glutamato;

IASP - Associação Internacional para o Estudo da Dor;

i.pl. – Intraplantar;

i.t. – Intratecal;

KA – Cainato;

NMDA - Ácido N-metil-D-aspartato;

PKA - proteína-cinase A;

PKC - proteína-cinase C;

RsGLUi - Receptores para glutamato ionotrópicos;

RsGLUm - Receptores para glutamato metabotrópico;

SCP - Substância cinzenta periaquedutal;

SNC - Sistema nervoso central;

SNP - Sistema nervoso periférico;

SP - Substância P;

VO2 - Consumo de oxigênio;

VO2max - Consumo máximo de oxigênio;

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Lista de figuras

Figura 1 - Receptores canabinóides .......................................................................... 23

Figura 2 - Receptores opióides ................................................................................. 25

Figura 3 - Receptores adenosinérgicos ..................................................................... 27

Figura 4 - Proteína cinase A . ................................................................................... 32

Figura 5 - Esquema representando a execução do protocolo de natação e o dia do

teste nociceptivo.. ..................................................................................................... 38

Figura 6 - Esquema de tratamento utilizado para avaliar o mecanismo de

neurobiólogos ............................................................................................................ 39

Figura 7 - Concentrações de lactato sanguíneo ........................................................ 44

Figura 8 - Efeito da natação na nocicepção induzida pelo glutamato. ...................... 45

Figura 9 - Efeito da natação na hiperalgesia mecânica induzida pelo glutamato. ..... 46

Figura 10 - Envolvimento de receptores acoplados a proteína G espinais na redução

da nocicepção induzida pela natação. ...................................................................... 48

Figura 11 - Envolvimento de receptores acoplados a proteína G periféricos na

redução da nocicepção induzida pela natação.. ........................................................ 49

Figura 12 - Atividade da PKA em camundongos. ...................................................... 51

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 16

1.1.1 Neurobiologia da dor .................................................................................... 16

1.1.2 Neurotransmissão glutamatérgica .............................................................. 18

1.1.3 Sistemas endógenos que participam do controle da dor .......................... 20

1.1.3.1 Sistema canabinóide ..................................................................................... 20

1.1.3.2 Sistema opióidergico ..................................................................................... 23

1.1.3.3 Sistema adenosinérgico ................................................................................ 25

1.1.4 Exercício físico .............................................................................................. 28

1.1.4.1 Exercício físico na dor e na nocicepção ........................................................ 29

1.1.5 Sinalização proteína G i / o /AMPC/PKA e dor .............................................. 31

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 34

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 34

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 34

3 MÉTODOS ............................................................................................................. 35

3.1 ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 35

3.2 ANIMAIS .............................................................................................................. 35

3.3 FÁRMACOS E REAGENTES .............................................................................. 35

3.4 NOCICEPÇÃO SOMÁTICA INDUZIDA PELA INJEÇÃO INTRAPLANTAR DE

GLUTAMATO ............................................................................................................ 36

3.5 MENSURAÇÃO DA HIPERALGESIA MECÂNICA INDUZIDA PELA INJEÇÃO DE

GLUTAMATO ............................................................................................................ 36

3.6 NATAÇÃO ........................................................................................................... 37

3.7 MENSURAÇÃO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO DE NATAÇÃO ................ 38

3.8 ANÁLISE DO MECANISMO BIOLÓGICO DO EFEITO DA NATACÃO .............. 39

3.8.1 Análise da participação dos receptores canabinóides 1 (CB1) na redução

da nocicepção induzida pela natação ................................................................... 40

3.8.2 Análise da participação dos receptores opióides na redução da

nocicepção induzida pela natação ........................................................................ 40

3.8.3 Análise da participação dos receptores adenosinérgicos 1 (A1) na

redução da nocicepção induzida pela natação .................................................... 41

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3.9 AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA PROTEÍNA CINASE A (PKA) .............. 41

3.9.1 Preparação dos homogenatos ...................................................................... 41

3.9.2 Ensaio de Western blotting ........................................................................... 42

3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 42

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 44

4.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRACÃO DE LACTATO SANGUÍNEO

(INTENSIDADE DA NATAÇÃO) ................................................................................ 44

4.2 EFEITO DA NATAÇÃO NA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELO GLU ................... 45

4.3 EFEITO DA NATAÇÃO NA HIPERALGESIA MECÂNICA INDUZIDA PELO GLU

.................................................................................................................................. 46

4.4 ENVOLVIMENTO DE RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G ESPINAIS

NA REDUÇÃO DA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA NATAÇÃO ............................ 47

4.5 ENVOLVIMENTO DE RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G

PERIFÉRICOS NA REDUÇÃO DA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA NATAÇÃO .... 48

4.6 AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE DIFERENTES ISOFORMAS DE PROTEÍNA

CINASE A FOSFORILADA ....................................................................................... 50

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 52

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

ANEXO ..................................................................................................................... 76

ANEXO A- Parecer Aprovação do Comissão de Ética ......................................... 77

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1 INTRODUÇÃO

''Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano

tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal dano'' é como a dor é defina

pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP)1. Assim, apesar de

existir uma base anatômica e fisiológica discreta para a detecção e transmissão das

mensagens que são interpretadas como dolorosas, o que torna a experiência de dor

tão especial é o envolvimento emocional associado à esta experiência2.

No sentido fisiológico, o processamento da informação de dor envolve um

sistema que transmite uma informação sensorial adaptativa importante sobre o

ambiente e necessária para a sobrevivência do organismo. Este tipo de

informação/sinalização é conhecida como nocicepção. O processamento da

informação dolorosa envolve vários componentes, incluindo a ativação neuronal do

aferente primário sensorial, transmissão aferente à medula espinal, integração

espinal e modulação, processamento supra-espinal, e regulação descendente3.

O glutamato (GLU) é um neurotransmissor excitatório amplamente

distribuído pelo sistema nervoso de mamíferos. Ele participa de todas as funções do

sistema nervoso afetando o desenvolvimento do sistema nervoso em todas as fases,

desde a migração neuronal, diferenciação e morte na formação e eliminação de

sinapses4. Receptores glutamatérgicos (RsGlu) são divididos em duas classes

principais, ionotrópico e metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos (RsGlui) são

canais iônicos que são permeáveis a cátions e estão subdivididos em três

subgrupos: ácido -amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico (AMPA), Cainato e

receptores do tipo ácido N-metil-D-aspartato (NMDA)5. Os receptores

metabotrópicos (RsGlum) são acoplados a proteínas de ligação ao GTP (proteínas

G), e operam tanto por liberação de mensageiros secundários no citoplasma ou por

influenciar a atividade de canais iônicos por meio de interações com as subunidades

da proteína G na membrana celular6.

O papel das vias glutamatérgicas em processos nociceptivos tem sido

associado a diferentes tipos de dor7. Concentrações de glutamato elevadas na

medula espinal de ratos são observadas durante a inflamação8.

O aumento do cálcio intra-celular mediado por receptores NMDA em

neurônios do corno posterior da medula espinal provoca ativação de cinases,

incluindo a proteína cinase A (PKA)9. As cascatas de ativação de cinases conduzem

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a uma maior excitabilidade neuronal mediada pela fosforilação de receptores NMDA,

AMPA e canais de cálcio dependentes da voltagem, bem como pela inibição de

canais de potássio dependentes da voltagem10,11. A fosforilação de receptores

NMDA ainda contribui para potenciais pós-sinápticos excitatórios12, e também para

aumentar o período em que os receptores permanecem abertos após a

despolarização neuronal13.

O AMPc foi o primeiro segundo mensageiro celular a ser descoberto, e

também foi o primeiro ser sugerido estar implicado na dor e sensibilização do

nociceptor. A sinalização do AMPc é resulta em fosforilação da PKA uma proteína

dependente de AMPc, que pode ser ativada ou inibida. A inibição farmacológica,

bem como genética da PKA resulta em uma redução no comportamento de

hiperalgesia induzida por mediadores inflamatórios14, em reduzidas descargas dos

nociceptores15, bem como, na atenuação da liberação de peptídeos induzida por

estímulos16.

A analgesia induzida pelo exercício físico é um fenômeno bem

estabelecido na literatura e que há muito tempo vem sendo estudada. Vários

sistemas endógenos de controle estão implicados neste fenômeno, entre eles, o

sistema opióide, o sistema adenosinérgico e mais recentemente tem sido postulado

o envolvimento do sistema canabinóide17,18,19,20,21. Além disso, tem sido

demonstrado que as concentrações intracelulares de AMPc podem ser reduzidas

pela ativação de receptores opióides (µ, ou ), adenosinérgicos (A1) ou

canabinóide (CB1)14,22,23,24.

Estudos também sugerem a possibilidade do exercício físico em modular

a transmissão glutamatérgica. Chen et al., (2013)25 mostrou em animais (ratos) com

dor pós-operatória que o exercício físico reduziu a hipersensibilidade mecânica até

35 dias após cirurgia. Paralelo a este efeito, os autores observaram menores

quantidades nas concentrações de TNF-alfa e interleucina 6, bem como menor

expressão da subunidade NR1 do receptor NMDA na medula espinal. Além disso,

Sluka et al. (2012)26 comparou animais não exercitados e exercitados por 8 semanas

em um modelo de dor crônica. Os autores também avaliaram as mudanças na

fosforilação da subunidade NR1 do receptor NMDA no bulbo ventromedial rostral

(RVM). Assim os autores demostraram que o exercício físico previne a dor crônica

por reduzir a fosforilação da subunidade NR1 do receptor NMDA no sistema nervoso

central (SNC).

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Neste estudo pretendeu-se responder algumas questões sobre a analgesia

induzida pelo exercício físico que ainda não foram esclarecidas, como a verificação

do efeito da natação de alta intensidade na nocicepção somática e hiperalgesia

mecânica induzida pelo GLU. Além da análise do papel da ativação de receptores

chaves (canabinoidérgico, opioidérgico e adenosinérgico) do controle da dor que são

acionados por mediadores endógenos liberados durante ou após o exercício físico.

Finalmente, a avaliação da participação de uma proteína cinase (PKA) fundamental

na gênese da dor e que sua inibição faz parte de uma cascata (downstream) da

ativação de receptores acoplados a proteína G que induzem analgesia.

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1.1 Neurofisiologia da dor

A dor pode ser definida como “uma experiência sensorial desagradável

associada com lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal

lesão”27. A dor atua como mecanismo de defesa do organismo, um alerta induzido

por estímulos nocivos28. A percepção da dor é um fenômeno complexo porque

envolve aspectos sensório-discriminativos, emocionais, cognitivos, motivacionais e

afetivos29.

Normalmente a sensação dolorosa é acompanhada por alterações

sensoriais como hipernocicepção (ou hiperalgesia) definida como o prolongamento

ou aumento exagerado da dor a partir de estímulos nocivos que normalmente

provocam dor (por exemplo, uma picada de alfinete)28. E por alodinia que denota a

dor provocada por estímulos que normalmente não causariam dor (por exemplo, dor

causada por movimentos das articulações interfalangeanas em pacientes com artrite

reumatóide)30.

Nocicepção, por outro lado, expressa a percepção sensorial no sistema

nervoso central (SNC), produzido pela ativação do nociceptor. A transmissão

neuronal que codifica a informação dolorosa se inicia pela detecção, na periferia

pelos neurônios aferentes primários (AP) ou neurônios de primeira ordem que

transmitem a informação por meio de vias nociceptivas específicas31.

Um nociceptor é um receptor sensorial com a capacidade de transdução e

codificação dos estímulos nocivos. Existem receptores não-nociceptivos (por

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exemplo, receptores táteis e receptores de calor), que podem responder a estímulos

nocivos (mecânicos ou térmicos respectivamente) quando estes estímulos estão

acima de seus respectivos limiares. Mas, somente os nociceptores são capazes de

codificar propriedades pertinentes a estes estímulos (por exemplo, nitidez,

intensidade do calor). O nociceptor é proteína localizada na terminação nervosa

periférica que age como um receptor sensorial, realizando a transdução de

estímulos nocivos de diferentes naturezas em potenciais geradores e/ou codificação

de sucessivos potenciais de ação27.

Os neurônios AP possuem dois ramos axonais, o ramo periférico mais

longo detecta na periferia o estímulo nocivo e consequentemente deflagra um

potencial de ação pelo axônio, em seguida, este potencial é conduzido ao longo da

fibra nervosa até o gânglio sensorial do nervo espinal (DRG), onde é transmitido

para a medula espinal pelo o ramo axonal mais curto do neurônio, alcançando assim

o corno posterior da medula espinal32. Os corpos celulares desses neurônios AP

estão localizados dentro do DRG, enquanto seus ramos mais curtos estão

localizados nas camadas superficiais (lâminas I e II) do corno posterior da medula

espinal2.

As fibras axonais dos neurônios AP podem ser de dois tipos: fibras do tipo

“Aδ”, os quais possuem corpos celulares de médio diâmetro e axônios com

velocidade de condução rápida, são neurônios que medeiam a sensação de dor

aguda localizada servindo como um sinal de alerta à lesão eminente, e fibras do tipo

C que possuem corpos celulares de pequeno diâmetro e axônios de condução lenta,

transmitem informação dolorosa mais lentamente e pouco localizada, oferecem

suporte ao reparo tecidual, induzindo comportamentos de defesa32.

Algumas fibras do tipo C são polimodais porque elas compartilham a

capacidade de reconhecer estímulos nocivos de diferentes naturezas tais como:

térmica, química ou mecânica27. A origem desta capacidade de detectar estímulos

nocivos de naturezas diferentes, é a existência de um repertório distinto de canais

iônicos de membrana, receptores e proteínas de sinalização intracelular nos

neurônios AP33.

No corno posterior da medula espinal os neurônios AP liberam

mediadores como o neurotransmissor GLU e o neuropeptídeo substância P, este

evento permite a transmissão do sinal nociceptivo a neurônios de segunda ordem,34

formando uma via ascendente que se projeta para o tálamo, posteriormente para

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neurônios de terceira e quarta ordem alcançando diferentes regiões corticais, onde

ocorre a percepção dolorosa (primariamente no córtex somatossensorial)35.

Em todos os níveis do sistema nervoso existe um mecanismo endógeno

de controle modulador da dor que pode exercer ações tanto estimulatórias quanto

inibitórias36. As vias descendentes inibitórias da dor são originadas no tronco

encefálico e tornam-se ativas liberando neurotransmissores tais como serotonina e

noradrenalina que reduzem a atividades de neurônios do corno posterior da medula

espinal (segunda ordem) e dos neurônios AP37.

A ativação destas vias descendentes é precedida pela ativação dos

neurônios da substância cinzenta periaquedutal (SCP), eles projetam-se para o

núcleo magno da rafe ou para o Lócus Coeruleus, onde em seguida projetam-se ao

longo do funículo dorso lateral e para a medula espinal36.

Na medula espinal a inibição é mediada por neurotransmissores como o

ácido γ-aminobutírico (GABA) ou glicina liberados por interneurônios inibitórios e

também pela ação de neuropeptídios como os opióides que interagem com

receptores específicos e reduzem a excitação dos neurônios AP no corno posterior

da medula espinal38. No tecido lesionado ocorre uma interação entre derivados de

leucócitos e peptídeos opióides que podem atuar em seus respectivos receptores na

terminação periférica do neurônio AP inibindo sua atividade39.

Como consequência de uma lesão o tecido libera muitas substâncias

químicas como macrófagos, mastócitos e também células lesionadas que podem

agir de forma direta ou indireta, alterando a sensibilidade de canais iônicos e

receptores metabotrópicos dos terminais periféricos. Simultaneamente os receptores

liberam mensageiros secundários que ativam proteínas cinases como a PKA e a

proteína cinase C (PKC), capazes de ativar outros receptores acoplados à

membrana e/ou desencadear a transcrição gênica40.

1.1.2 Neurotransmissão glutamatérgica

O GLU é o principal neurotransmissor excitatório do SNC de mamíferos, é

essencial para o desenvolvimento encefálico, comunicação celular e processos de

aprendizagem e memória41. Exerce um papel fundamental na transmissão

nociceptiva, sendo liberado tanto a nível periférico quanto a nível central após uma

lesão tecidual42.

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A modulação da neurotransmissão glutamatérgica ocorre assim que o

GLU é liberado a partir de um terminal nervoso por exocitose, um processo ATP

(trifostato de adenosina) Ca2+/dependente. O GLU é captado pelas células

neurogliais (astrócitos) próximos da sinapse por meio de transportadores de

aminoáciodos exitatórios (EAATs). Dentro do astrócito glutamina sintetase detoxifica

GLU convertendo-o a glutamina (GLn), processo dependente de ATP. A GLn é

liberada dos astrócitos e captada pelos neurônios por meio de transportadores

diferentes para GLn43.

Após a captação para dentro dos neurônios pré-sinápticos a enzima

glutaminase transforma a GLn novamente a glutamato. As vesículas sinápticas são

conduzidas com GLU através do citosol por meio de um transportador de GLU

vesicular (GLUTv) deslocando-se até a membrana pré-sináptica, onde sofre

exocitose e libera novamente o GLU na fenda sináptica43.

A estimulação excessiva dos receptores glutamatérgicos decorrente de

níveis elevados de GLU na fenda sináptica colabora com diversos distúrbios agudos

(acidente vascular encefálico [AVE], convulsão, trauma) e crônicos (demência

vascular, doenças neurodegenerativas e psiquiátricas) que acometem o SNC

(CHAO; FEI, 2010). Na dor crônica, ocorre um estado clinico de hiperalgesia e

alodinia onde a estimulação contínua e a liberação sustentada de GLU resultam no

estado de hiperexcitabilidade de neurônios nociceptivos, fenômeno conhecido como

sensibilização39.

O GLU liberado pelo neurônio pré-sináptico pode interagir com o neurônio

pós-sináptico através da ligação em diferentes tipos de receptores para o GLU, os

ionotrópicos (RsGLUi) e metabotrópicos (RsGLUm) expressos em neurônios pré- e

pós-sinápticos5.

Os RsGLUi formam complexos tetraméricos de subunidades

heteroméricas individuais; são canais permeáveis a cátions que podem ser

subdivididos em três grandes famílias, receptores do tipo AMPA, receptores do tipo

cainato e os receptores do tipo NMDA44. Mudanças conformacionais abrem o canal

em resposta à ligação do agonista6. Assim, quando o NMDA é ativado, permite o

influxo de Ca2+ e quando AMPA e cainato são ativados, ocorre principalmente o

influxo de sódio (Na+) e potássio (K+)11.

Os RsGLUm são receptores acoplados a proteína G membros da família

heteromérica guanosina 5’ trifosfato, caracterizada por possuir uma proteína com

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sete α hélices associadas com um domínio N-terminal extracelular e um domínio C-

terminal intracelular. Possui três subunidades distintas α, β e γ que ativam ou inibem

mensageiros secundários. Estão divididos em três grupos, o grupo I consistem dos

R1Glum e R5Glum, do tipo II R2Glum e R3Glum e os do grupo III R4Glum e

R8Glum6.

O grupo I consiste em receptores acoplados a proteína Gq onde a

proteína efetora é a fosfolipase C e possui duas rotas: uma ativa o diacilglicerol

(DAG) que age como segundo mensageiro ativando a PKC; a outra rota ativa IP3

como segundo mensageiro e promove a liberação de Ca2+, sendo que ambas

culminam no aumento da fosforilação e ativação de proteínas que se ligam ao Ca2+.

Em contrapartida, os grupos II e III, encontram-se acoplados a proteínas Gi são vias

inibitórias, sua ação diminui o monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) 6.

Cada RGLUi, RGLUm com sua peculiaridade, participa da indução,

modulação e manutenção da dor, tanto central como perifericamente37,45,46.

Centralmente a liberação de glutamato e do neuropetídeo substância P (SP) é capaz

de ativar os astrócitos promovendo a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como

o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina-1 beta (IL-1β), ambos

mediadores nociceptivos47.

1.1.3 Sistemas endógenos que participam do controle da dor

1.1.3.1 Sistema canabinóide

O sistema canabinóide participa do controle endógeno da dor ao longo de

toda a via nociceptiva48. Constituído pelos receptores canabinóides (CB) CB1

(RsCB1)49, e CB2 (RsCB2)50 e GPR5551, também por seus ligantes endógenos,

sendo os mais estudados o lipídeo transmissor N-aracdonoil etanolamina,

(anandamida) e 2-araquidonoil glicerol (2-AG), chamados de endocanabinóides

(EC)52.

Os EC endógenos são moléculas de sinalização lipídica geradas na

membrana celular a partir de precursores de fosfolipídeos. Constituídos por uma

cadeia de ácido graxo poli-insaturado, derivado do ácido araquidônico e de um

grupamento polar, etanolamina para anandamida e glicerol para 2-AG. São

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produzidos sobre demanda, em resposta a um estímulo externo e são rapidamente

degradados53. As enzimas responsáveis pela formação dos EC são sensíveis ao

Ca2+, sendo que a atividade do Ca2+ intracelular age como estímulo fisiológico para a

síntese dos EC54.

A anandamida é formada por uma fosfolipase D seletiva para a N-

araquidonil fosfatidil etanolamina (NAPE). Após uma série de reações para sua

formação a enzima atinge os receptores CB. Posteriormente sofre recaptação pela

célula sendo transportada intracelularmente por um transportador de membrana

para anandamida. Uma vez dentro da célula, a anandamida é hidrolisada por uma

amida hidrolase de ácidos graxos (FAAH) produzindo etanolamina e ácido

araquidônico53.

O 2-AG é produzido pela hidrólise de precursores derivados do

metabolismo fosfolipídico (sn1-acil-2-araquidonil glicerol). Sendo que as enzimas

chave são as diacil glicerol lipases (DAGLs), localizadas em axônios e terminações

axônicas pré-sinápticas durante o desenvolvimento, e pós-sinapticamente

encontradas nos dendritos e corpos celulares de neurônios adultos. Seguindo a

sinalização dos receptores CB, o 2-AG é transportado para dentro da célula por um

transportador para 2-AG e degradado pela mono acil glicerol lipase (MAGL)

produzindo então ácido araquidônico e glicerol22.

Estes compostos apresentam afinidades diferentes para os receptores de

canabinóides. A anandamida tem uma afinidade preferencial para receptores CB1 e

canais de receptor de potencial transiente vanilóide 1 (TRPV1), enquanto que 2-AG

apresenta afinidade funcional para ambos CB1 e CB255,56.

A sinalização dos ECs ocorre através de um mecanismo retrógrado, onde

a estimulação do neurônio pós-sináptico desencadeia a biossíntese dos ECs, que

são liberados e transportados por mecanismos ainda não esclarecidos, para ativar

os receptores CB1 expressos principalmente no terminal pré-sináptico57. A ativação

de CB1 inicia uma cascata de sinalização através de proteínas Gi que regula os

canais de Ca2+ e K+ inibindo a liberação de neurotransmissores58. Após a ativação

de CB1 em membranas pré-sinápticas, os ECs são removidos do meio extracelular

por hidrólise enzimática rápida54.

Os receptores CB1 são abundantes no SNC e moderadamente expressos

em tecidos periféricos49. Observam-se os receptores CB1 nos sítios de modulação

da percepção da dor, centralmente, em interneurônios do corno posterior da medula

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espinal, substância cinzenta periaquedutal48 e em neurônios sensoriais periféricos59.

Em âmbito neuronal, os receptores CB1 estão localizados principalmente em axônios

e terminais nervosos e estão em grande parte ausentes no soma neuronal ou

dendritos60.

Os receptores CB2 são expressos principalmente pelas células imunes61

descritos em tecidos periféricos50e em células microgliais no SNC62.

Tanto os receptores CB1 quanto CB2 e seus ligantes endógenos, estão

presentes nas principais vias de modulação da dor, central e perifericamente, são

capazes de alterar a percepção da dor63. Perifericamente, exercem um grande

controle inibitório no início da transmissão da dor. Quando os RsCB1 e RsCB2 são

ativados perifericamente ocorre inibição de comportamentos relacionados à dor64.

O mecanismo de transdução dos sinais dos RsCB1 e RsCB2 envolvem

preferencialmente vias com a participação da proteína G i / o (Figura 1) exercendo

sua ação através da inibição da adenilil ciclase, consequente redução da produção

de monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), inibição da PKA, inibindo a atividade

dos canais de Ca2+ e ativando os canais de K+53,54.

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Figura 1- Receptores canabinóides Legenda: Ativação de ambos RsCB1 e RsCB2, resulta em subsequente estimulação da proteína G i / o e inibição da adenilato-ciclase (AC) e inativação da proteína cinase A (PKA) (fosforilação) ou estimulação de proteína cinase ativada por mitogénio (MAPK). Estes eventos intracelulares levam entre outros efeitos, a regulação da expressão de vários genes. A estimulação de receptores acoplados a G i /0 estão diretamente relacionados a inibição de canais de Ca2+ dependente de voltagem e a estimulação de canais de K+ com subsequente inibição da liberação de neurotransmissores. Fonte: Adaptado de Di Marzo; Bifulco; Petrocellis, 200465.

1.1.3.2 Sistema opioidérgico

O sistema opioidérgico é composto pelos peptídeos opióides e os seus

respectivos receptores, eles são expressos em todo o SNC e periférico, em tecidos

neuroendócrinos e células imunes63. Os subtipos de receptores opióides já

identificados são: receptor do tipo µ, , δ, e OFQ/N51.

Os receptores opióides estão localizados e podem ser ativados ao longo

de todos os níveis da transmissão nociceptiva66, encontrados no SNC em estruturas

relacionadas com a emoção e recompensa51. Além de células neuroendócrinas,

imunológicas e ectodérmicas23.

A modulação ocorre através de peptídeos opióides endógenos, que se

ligam aos receptores mediante estímulos como, por exemplo, eventos inflamatórios

e/ou neuropatias dolorosas. Os principais peptídeos são as endorfinas, dinorfinas e

AMPc

Expressão

gênica

Proteína G

Heteromérica Agonista do receptor Canabinóide

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encefalinas, cada um é produzido a partir da clivagem de proteínas precursoras

diferentes67.

Endorfinas originam-se a partir da clivagem da proteína precursora

proopiomelanocortina (POMC) e apresentam maior afinidade pelos receptores

opióides do tipo μ. Encefalinas são formadas a partir da proteína precursora

proencefalina (PENK) e apresentam afinidade pelos receptores opióides dos tipos μ

e δ. Já as dinorfinas, originam-se da clivagem da prodinorfina e mostram maior

afinidade pelos receptores opióides do tipo κ68.

Todos os receptores opióides são acoplados à proteína G51,

principalmente à proteína G i / o, sendo que, a rota desencadeada envolve a inibição

da adenilil ciclase (AC), diminuição da condutância dos canais Ca2+ dependente de

voltagem e/ou abertura de canais de K+, resultando na diminuição da atividade

neuronal. A prevenção do influxo Ca2+ inibe a liberação de neurotransmissores e

consequentemente a excitação neuronal (Figura 2)23. Os receptores opióides e

canabinóides compartilham as características de receptor metabotrópico, por este

motivo existe uma interação entre eles na analgesia69.

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Figura 2- Receptores opióides

Legenda: Expressão de receptores opióides periféricos, sinalização intracelular após a ligação de um agonista promovendo o acoplamento da proteína G i /0, consequentemente ativando canais de k+ e inibindo canais de Ca2+, por sua vez inibindo a adenilato ciclase (AC). Os receptores opióides indiretamente ativam a fosfolipase C (PLC), e cinase ativada por mitógeno (MAPK). Fonte: Adaptado de Kapitzke, Vetter, Cabot, 200570.

1.1.3.3 Sistema adenosinérgico

A adenosina é um nucleosídeo derivado da purina abundante em todas as

células71. As concentrações basais de adenosina dependem de mecanismos que

regulam o metabolismo, a produção, a liberação e a recaptação72. Ela é considerada

um neuromodulador endógeno, pois influencia funções do SNC, como a liberação de

neurotransmissores e a excitabilidade neuronal73.

A adenosina pode ser formada tanto no meio intra quanto extracelular. No

meio intracelular, a adenosina é formada pela hidrólise do AMP através da enzima

5′-nucleotidase (5′NTase) ou por uma via alternativa através da enzima S-adenosil

homocisteína hidrolase (SAHáse), que converte a S-adenosil homocisteína em

adenosina e homocisteína. A adenosina pode ser novamente convertida em AMP

pela enzima adenosina cinase, podendo ser transportada para o meio extracelular

por transportadores equilibrativos. O ATP também pode ser levado para o meio

extracelular por transportadores, exocitose ou ainda pelo rompimento da membrana

plasmática em situações de dano celular74.

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No meio extracelular a adenosina é formada pela clivagem sequencial de

nucleotídeos por ecto-enzimas, incluindo a NTPDase que converte ATP e ADP em

AMP e a ecto 5′-nucleotidase que converte AMP em adenosina74. Ao atingir a fenda

sináptica a adenosina se liga aos receptores para adenosina (RsA), A1, A2A, A2B e

A3, todos acoplados à proteína G75.

A principal via de sinalização dos receptores A1 e A3 está relacionada com

o acoplamento à proteína G i / o exercendo sua ação negativa sobre a enzima AC o

que diminui os níveis intracelulares de AMPc. E a principal via dos receptores A2A e

A2B é o acoplamento a proteína Gs, que agem positivamente à enzima AC,

promovendo um aumento dos níveis intracelulares de AMPc 76,77.

A adenosina regula a transmissão nociceptiva por ativar sítios supra-

espinais, espinais e periféricos. Os efeitos inibitórios são mediados pelos receptores

A1, enquanto os receptores A2A levam a facilitação da percepção nociceptiva73. A

diminuição da nocicepção induzida pela adenosina ocorre devido a inibição da

atividade neuronal, tanto pelo aumento da condutância ao K+ quanto pelo bloqueio

de canais Ca2+, diminuindo a liberação do neurotransmissor glutamato e do

neuropeptídeo substância P (Figura 3)78.

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Figura 3- Receptores adenosinérgicos

Legenda: Representação esquemática simplificada de formação de adenosina, o metabolismo, transporte e os receptores de adenosina acoplados à proteína G. (A) Neurônios, astrócitos e células microglias podem liberar adenosina e adenosina-trifosfato (ATP; seta cinza). Todos os tipos de células expressam receptores para a adenosina, transportadores de adenosina e ecto-nucleotidases que convertem ATP em adenosina. ADP adenosina-di fosfato; AMP adenosina-mono-fosfato; HAS, S-adenosil-homocisteína; 5'-N, 5'-nucleotidase; AK, de adenosina-cinase; ADA, adenosina-desaminase; SAHH, S -homocisteína hidrolase-adenosil. (B) A ativação de receptores de adenosina inibe (receptores A 1/3 flechas azuis) ou estimula (receptores A 2A / 2B flechas vermelhas) a adenilato-ciclase e AMP (via AMPc). Fonte: Adaptado de Landolt, Rétey, Adam, 201279.

Inosina

Inosina

Adenosina

Adenosina

Proteína

Cinase A Adenilato

ciclase

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1.1.4 Exercício físico

O exercício físico foi definido por Caspersen et al. (1985)80 como “toda

atividade física planejada, estruturada e repetitiva com o propósito de melhorar ou

manter certo nível de aptidão física”. O exercício físico pode ser dividido em aeróbio

e anaeróbio de acordo com os substratos energéticos empregados na realização da

atividade. São exemplos de exercícios aeróbios caminhar, correr, andar, pedalar,

nadar, dançar, entre outros. Os exercícios anaeróbios incluem treinamento de força

ou treinamento resistido, frequentemente chamado de musculação81.

Os princípios do treinamento: frequência, intensidade, tipo de exercício e

tempo determinam a adaptação à prática de exercícios físicos. Considerações

importantes são: o tipo do exercício (aeróbio ou anaeróbio), a frequência que se

refere ao número de treinos (sessões), a intensidade (definida como o nível de

esforço exigido pelo treino) e a duração (tempo pelo qual o treinamento foi

mantido)82.

A prática de exercícios aumenta o consumo de oxigênio pelos tecidos

chamado de VO2 máximo, que é regulado pela capacidade máxima dos sistemas

pulmonar e cardiovascular em captar e transportar oxigênio e também a capacidade

dos tecidos de utilizar o VO2 na oxidação de substratos energéticos

preferencialmente os lipídeos e carboidratos83.

Existe uma relação importante entre a intensidade do exercício, VO2máx e

a concentração de lactato. A capacidade máxima de executar exercícios tem um

“limite” de quantidade de energia que os músculos são capazes de produzir pela

oxidação de substratos energéticos. Isso corresponde ao metabolismo mitocondrial

do piruvato. Assim, quando as mitocôndrias atingem o ponto máximo de conversão

de lactato em piruvato, isto é, próximo ao limite do exercício (VO2máx), o lactato

passa a acumular-se nos tecidos e no sangue83. Assim, tanto o limiar de lactato

pode ser utilizado como uma medida indireta da intensidade de exercícios aeróbios,

quanto o VO2 84,85.

Segundo Gaesser Poole (1996)86, a cinética do VO2máx durante o

exercício em carga constante pode classificar a intensidade do esforço em três

domínios: moderado, pesado e severo. Moderado, atinge todas as intensidades de

esforço que podem ser realizadas sem a modificação do lactato sanguíneo em

relação aos valores de repouso, ou seja, abaixo do limiar de lactato. Pesado, inicia a

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partir da intensidade de esforço onde o lactato se eleva e tem como limite superior a

intensidade correspondente à máxima fase estável do lactato (aproximadamente

4mM). No domínio severo por sua vez, não existe fase estável de lactato sanguíneo,

ele se eleva durante todo o tempo de esforço até a exaustão do praticante.

A prática de exercícios físicos regular é associada à redução no risco de

doenças cardiovasculares87, metabólicas88, obesidade89, osteoporose90, câncer91 e

diabetes92. O exercício físico também é considerado uma intervenção não

farmacológica no tratamento de encefalopatia associada à insuficiência hepática93,

fibromialgia94, depressão95 e dor17. Após a inclusão de períodos de treinamento em

esteira é possível observar um aumento significativo no desempenho neuromuscular

e cardiovascular40.

1.1.4.1 Exercício físico na dor e na nocicepção

Trabalhos clínicos demonstram que o exercício físico reduz dor crônica,

em condições como: fibromialgia, dores lombares, osteoporose, dor miofascial, dor

oncológica e dor cervical96. Uma meta-análise realizada por Naugle, Fillingim, Riley

(2012) 97, analisou estudos sobre a analgesia induzida pelo exercício físico. Conclui-

se que ambos os exercícios: aeróbios e de resistência, foram capazes de reduzir a

dor experimental em adultos saudáveis. As variações podem ser observadas na

população com dor crônica onde os exercícios de alta intensidade produzem

maiores respostas na diminuição da sensibilidade à dor, quando comparados com

exercícios de baixa intensidade98.

Diferentes sistemas de sinalização podem contribuir para a analgesia

induzida pelo exercício físico; ela pode ser mediada pela ativação de opióides

endógenos, fatores de crescimento, ativação do mecanismo inibitório supraespinal

controlado pelo SNC99 e por concentrações elevadas de endocanabinóides

produzidos centralmente21.

Trabalhos pré-clínicos demonstram que o exercício físico influencia o

limiar sensorial, reduzindo a nocicepção. O exercício aeróbio impede o

desenvolvimento de dor muscular crônica26, apresenta efeito neuroprotetor

mostrando-se eficaz no restabelecimento da função motora após esmagamento ou

constrição do nervo isquiático (CCI)100,101.

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A natação é uma alternativa de exercícios aeróbios de alta intensidade

para estudos de nocicepção; após períodos de treinamento observa-se um efeito de

redução da nocicepção17, além de alívio nos quadros de dor neuropática após

CCI102. Quando comparados o treinamento da natação com o treinamento em

esteira, em ambos os casos verifica-se redução da nocicepção após CCI103.

Pelo fato de que os efeitos analgésicos observados após sessões de

exercício são de longa duração, especula-se que a ativação de receptores

metabotrópicos esteja mediando estes efeitos. Por este motivo, os receptores

acoplados à proteína G são amplamente estudados para verificar os efeitos

benéficos do exercício físico 104,105,19,20,106,107.

Os estudos tem demonstrados o envolvimento do sistema opióide na

analgesia induzida pelo exercício físico observa-se; um aumento na expressão dos

receptores opióides104,106, aumento de peptídeos opióides em regiões como o tronco

encefálico, um importante sítio de modulação da dor107; ativação de receptores

opoóides (após a pratica de treinamento resistido)19; glândulas supra-renais também

liberam opióides endógenos e é possível que o exercício físico da natação tenha

interação com este efeito17.

Dentro da família dos opióides endógenos, a β-endorfina, um tipo de

endorfina, tem um papel essencial na analgesia. O exercício provoca a liberação de

β-endorfinas a partir da hipófise e hipotálamo o que permite o efeito analgésico pela

ativação de receptores opióide do tipo μ, tanto periféricos como centrais108. A região

hipotalâmica, por meio de suas projeções na substância cinzenta periaquedutal,

ativam mecanismos inibitórios descendentes nociceptivos109.

A participação do sistema canabinóide na analgesia induzida pelo exercício

físico tem sido recentemente demonstrada. Galdino et al. (2010)20, observou que o

exercício aeróbio reduz a nocicepção mecânica e térmica ao mesmo tempo em que

aumenta as concentrações endógenas de anandamida e 2-AG e a expressão de

RsCB1 nos neurônios da substância cinzenta periaquedutal. O treinamento resistido

também é capaz de induzir hiponocicepção liberando EC após uma única sessão de

treinamento19.

A adenosina pode exercer um efeito significativo sobre a adaptação do

organismo à prática de exercícios físicos, influencia a regulação dos mecanismos de

angiogênese, a produção de eritropoietina, o fluxo de sangue, a pressão arterial

sistólica, a respiração, os níveis plasmáticos de norepinefrina e epinefrina110.

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Exercícios realizados em alta intensidade aumentam as concentrações de

adenosina e inosina111. Também observa-se um aumento paralelo de ATP, o

músculo esquelético utiliza mais ATP do que é capaz de regenerar levando ao

acúmulo de ADP e AMP dentro da célula. Para evitar um grande acumulo de AMP

dentro da célula, o AMP é desaminado em monofosfato de inosina (IMP) e amônia,

através da enzima AMP desaminase112. Uma fração do IMP que é formado durante

o exercício é degradado em inosina e hipoxantina esta, por sua vez atravessa a

membrana celular 113. Ainda, a relação de suprimento de oxigênio para demanda

diminui durante as contrações musculares, sugerindo um limite da ressíntese de

ATP aeróbia, provocando uma quebra líquida de ATP em adenosina114. Por outro

lado, embora a adenosina contribua para a vasodilatação muscular esquelética

durante hipoxia sistêmica115, a saída de adenosina é suprimida através da inibição

da entrada de lactato na célula116.

O sistema adenosinérgico também está envolvido no efeito de redução da

nocicepção através da prática de exercícios como mostra um estudo recente de

Martins et al. (2013) 117, onde o treinamento da natação reduz a alodinia mecânica, e

que este efeito é mediado, pelo menos em parte, pela ativação de receptores para a

adenosina A1.

1.1.5 Sinalização proteína G i / o /AMPC/PKA e dor

No genoma humano a PKA faz parte do grupo da superfamília de

cinases AGC, caracterizada por possuir uma dobra cinase bipodal com um pequeno

lóbulo amino (N-lóbulo) além de um grande lóbulo carboxi-terminal (C-lóbulo) e uma

molécula de ATP, que serve como doador de fosfato durante a fosforilação118.

Proteínas cinases, como a PKA catalisam reações de fosforilação, (a fosforilação, é

a adição de um radical fosfato -PO32 a uma proteína que resulta na alteração de

sua conformação espacial) a carga eletronegativa promove a modificação da função

da proteína, podendo, ativá-la ou desativá-la, para essa reação PKA é regulada pelo

segundo mensageiro AMPc118.

A PKA é uma holoenzima tetramérica constituída por duas subunidades

catalíticas (C) contendo três isoformas Cα, Cβ, Cγ e duas subunidades reguladoras

(R) contendo quatro isoformas, RIα, RIβ, RIIα, RIIβ. As subunidades R da PKA

controlam sua atividade exclusivamente de acordo com os níveis do AMPc. Na

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ausência de AMPc, as subunidades R se ligam às subunidades C e sua atividade é

suprimida (Figura 4)120,121.

Figura 4- Proteína cinase A

Legenda: A PKA inclui subunidades reguladoras (R) e (C) catalíticas e substratos alvo (tais como

proteínas de ancoragem para cinase A (AKAPs) que direcionam a PKA para sítios específicos da

célula em estreita proximidade com os substratos. Fonte: Adaptado de Taylor et a., 2012121.

A enzima AC sintetiza o segundo mensageiro AMPc mediante ativação

de receptores acoplados à proteína G. Ocorre a catálise de GDP por GTP, a

subunidade α se dissocia da β e γ e ativa a AC, que converte o ATP em AMPc. O

AMPc se liga as subunidades R da PKA, induzindo uma alteração conformacional. A

mudança, por sua vez, libera as subunidades catalíticas da subunidade R permitindo

Membrana plasmática

Adenilil Ciclase

Proteína G

Heretomérica

Citosol

AMPc

Mitocôndira

AMPc

Hormônio

Transcrição

Núcleo

Quatro isoformas:

Três isoformas:

Substratos

AMPc

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que elas fosforilem o substrato (Figura 4)120,121. A subunidade catalítica tem dois

resíduos de fosforilação C-terminal, Serina (Ser338) e treonina (Thr197)122.

A localização da PKA determina quais substratos serão fosforilados, e a

localização depende das proteínas de ancoragem conhecidas como AKAPs, elas se

ligam a subunidade R da PKA118. São as AKAP que fornecem estrutura molecular e

orientam a extensão e duração da sinalização da PKA para regiões específicas

próximas a substratos em diferentes tipos de células123. A maioria dos AKAPs tem

afinidade específica para a subunidade reguladora RII, algumas têm dupla

especificidade e podem se ligar a RI, RII ou outras, como SKIP (que funciona como

uma AKAP), são específicos para a subunidade-RI. Ao ligar-se a diferentes

subunidades reguladoras, as AKAPs montam complexos que regulam diversas

funções (Figura 4)119,123.

A rota de sinalização que ativa a PKA pode fosforilar CREB, que permite

que ele se ligue a coativadores que estimulam a RNA-polimerase (ácido

ribonucléico) e inicia a síntese de RNA, este é então processado e exportado ao

citoplasma onde serve como RNA para a tradução de proteína124.

O principal evento intracelular após a ligação do agonista em um receptor

acoplado a proteínas G i / o é a inibição da proteína efetora adenilato ciclase,

subsequentemente inibição do segundo mensageiro AMPc, que por sua vez inibe a

atividade da PKA tendo como consequência a diminuição na fosforilação da proteína

alvo. Os receptores canabinóide, CB1, opióides e para a adenosina A1, são

receptores acoplados à proteína G i / o 22,23.

O aumento dos níveis de AMPc em neurônios estão geralmente

associados com o aumento da nocicepção, enquanto moléculas que diminuem a

síntese de AMPc tem efeitos analgésicos126. O aumento da PKA está relacionado à

sensibilização central, um evento que ocorre após a estimulação intensa ou

persistente dos nociceptores. Neste evento através dos receptores ionotrópicos para

o GLU do tipo NMDA ocorre um aumento do cálcio intracelular, desencadeando uma

série de sinalizações dependentes de cálcio que ativam várias proteínas, entre elas

a PKA. Esta cascata de eventos aumenta a excitabilidade do neurônio e facilita a

transmissão de dor para o cérebro 2,32.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito da natação de alta intensidade na nocicepção somática e

hiperalgesia induzidas pelo GLU, analisando o papel de diferentes receptores e via

envolvida neste efeito.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar a influência de uma ou duas semanas de natação na nocicepção

química somática induzida pelo GLU, em camundongos;

- Observar a influência da natação na hiperalgesia mecânica induzida pelo

glutamato, em camundongos;

- Investigar o envolvimento de receptores canabinóides centrais (medula

espinal) e periféricos (pata) no efeito da natação, em camundongos;

- Verificar o envolvimento de receptores opióides centrais (medula espinal) e

periféricos (pata) no efeito da natação, em camundongos;

- Investigar o envolvimento dos receptores para adenosina centrais (medula

espinal) e periféricos (pata) no efeito da natação, em camundongos;

- Avaliar a expressão de diferentes isoformas de PKA central (medula espinal)

e periférica (pata) no efeito da natação, em camundongos.

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3 MÉTODOS

3.1 ASPECTOS ÉTICOS

O número de animais utilizados e a intensidade do estímulo nocivo foram

os mínimos necessários para demonstrar o efeito da possível redução da

nocicepção induzida pela natação. Todos os experimentos foram realizados de

acordo com as normas éticas para o estudo de dor em animais de laboratório, após

o termino dos experimentos os animais passaram pela morde indolor assistida (MIA).

Os procedimentos experimentais realizados foram previamente aprovados pela

Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Unisul sob o número

13.020.4.06.IV.

3.2 ANIMAIS

Na presente pesquisa foram utilizados camundongos Swiss machos, com

idade entre 45-60 dias, (30-35 g) advindos do Biotério Central da Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC) que permaneceram no biotério de manutenção

do Laboratório de Neurociência Experimental (LaNEx) da UNISUL, até o término dos

experimentos. Os animais tiveram livre acesso à ração e água potável, foram

mantidos à temperatura de 22±2oC e ciclo 12h-claro/12h-escuro (claro a partir das

6h:00min).

3.3 FÁRMACOS E REAGENTES

As seguintes substâncias foram utilizadas: Cloridrato de ácido L-glutâmico

(Glutamato) (Sigma-Aldrich, St. Louis, Missouri EUA), 1-2,4-Dichlorofenill-5-4-

iododenil-4-metill-N-4-morpofenil-1H-pirazole-3-carboxamida, (AM281), diluído em

Dimetilsulfóxido ou sulfóxido de dimetilo (DMSO) (Sigma-Aldrich, St. Louis, Missouri

EUA), Naloxona hidrochlorida diidrato, (Naloxona), diluída em solução salina

isotônica (Sigma-Aldrich, St. Louis, Missouri EUA) 1,3-dipropil-8-ciclopentilxantina

(DPCPX), diluído em DMSO (Sigma-Aldrich, St. Louis, Missouri EUA). Os reagentes

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utilizados nos ensaios bioquímicos estão descritos no texto. Os antagonistas foram

administrados por via intratecal (i.t.) ou intraplantar (i.pl).

3.4 NOCICEPÇÃO SOMÁTICA INDUZIDA PELA INJEÇÃO INTRAPLANTAR DE

GLUTAMATO

O procedimento utilizado foi semelhante ao descrito previamente por

Beirith et al. (2002)45. O aminoácido excitatório GLU (20 μl; 20 μmol/pata) preparado

em solução salina isotônica, com pH ajustado para 7,4 foi injetado subcutaneamente

na superfície ventral da pata direita dos camundongos (injeção i.pl.). Em seguida, os

camundongos foram colocados individualmente em funis de vidro transparente, e o

tempo em que os camundongos permaneceram lambendo ou mordendo a pata

injetada foi considerado como indicativo de nocicepção cronometrado por um

período de 15 minutos.

3.5 MENSURAÇÃO DA HIPERALGESIA MECÂNICA INDUZIDA PELA INJEÇÃO DE

GLUTAMATO

A hiperalgesia mecânica foi avaliada utilizando monofilamento de Von Frey

como previamente descrito por Martins et al. (2013)18. Os valores percentuais

referentes à frequência de retirada da pata, frente a 10 estimulações da pata

posterior direita com o monofilamento de Von Frey (0,4 g) (VFH, Stoelting, Chicago,

USA), foram considerados como indicativo de hiperalgesia mecânica. No dia anterior

à injeção, os camundongos foram submetidos ao teste de von Frey para

caracterização da resposta basal. Foram selecionados apenas os animais que

apresentaram porcentagens de resposta igual ou inferior 20%. Quinze minutos após

à injeção intraplantar de glutamato os animais foram colocados individualmente,

para ambientação, em um acrílico (9 x 7 x 11 cm), sem fundo e coberto com tampa,

posicionado sobre uma plataforma com dimensões de 70 x 40 cm, que consistia em

uma grade de arame (metal) com malha de 6 mm. O filamento foi aplicado na pata

posterior direita (a mesma pata que recebeu a injeção de glutamato), atendendo a

alguns critérios como: aplicação feita perpendicularmente à superfície plantar com

pressão suficiente para proporcionar a curvatura do filamento, obtendo-se assim

pressão total; os camundongos foram avaliados quando as quatro patas estavam

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acomodadas sobre a tela; a resposta de retirada foi considerada positiva quando os

animais removiam totalmente a pata da grade de apoio. Os testes foram realizados

em 0,5, 1, 3 e 6 horas após a injeção i.pl. de GLU.

3.6 NATAÇÃO

O protocolo de natação realizado foi uma versão adaptada do

previamente descrito por Mazzardo-Martins et al. (2010)17. Neste protocolo, os

camundongos nadaram por 2 semanas consecutivas. Inicialmente, os animais foram

colocados em uma caixa plástica com capacidade máxima para 35 litros de água,

medindo 540 x 390 x 325 mm, dividida por um acrílico, em oito compartimentos

(raias) de 170 x 110 mm cada. A caixa plástica foi enchida com água até uma

profundidade de 280 mm. A água foi mantida aquecida a 35ºC. Sabão líquido foi

acrescentado (1 ml por compartimento, totalizando 8 ml - 229 μl/l) com o intuito de

reduzir a tensão superficial da água e evitar o comportamento de flutuação. Após

cada sessão de natação os camundongos foram cuidadosamente secos em

maravalha limpa. No primeiro dia o grupo exercitado foi submetido a duas sessões

de natação com duração de 30 segundos cada, intervaladas por 120 minutos de

repouso (Figura 5). No segundo dia foram realizadas mais duas sessões de 2

minutos de duração com repouso de 120 minutos (Figura 5). No terceiro dia foram

realizadas 3 sessões de natação com duração de 10 minutos, intervaladas por um

período de 5 minutos de repouso (Figura 5). No quarto dia os camundongos foram

submetidos a duas sessões de 15 minutos, intervaladas por 5 minutos de repouso

(Figura 5). A partir do quinto dia até o nono dia de exercício eles nadaram por 30

minutos continuamente (sem repouso). Realizou-se uma pausa de dois dias e após

a pausa mais 5 dias de natação com tempo total de natação de 30 minutos (Figura

5). No décimo sétimo dia (24 horas após a última sessão de natação) os

camundongos foram submetidos aos testes comportamentais de nocicepção (Figura

5). Um outro grupo de animais passou pelo procedimento de adaptação (1-4 dias)

seguido de 5 dias de natação, realizando somente uma semana de natação.

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Figura 5 - Esquema representando a execução do protocolo de natação e o dia do

teste nociceptivo.

Legenda: NAT: Tempo da natação, REP: Tempo em repouso, NAT T: Tempo total de execução da

natação.

3.7 MENSURAÇÃO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO DE NATAÇÃO

Com o objetivo de determinar a intensidade da natação os grupos de

animais não-exercitados e exercitados (duas semanas de natação), na última

sessão de exercício do grupo exercitado foi realizada coleta de lactato sanguíneo.

Neste mesmo experimento o grupo de animais não-exercitado foi submetido a 30

minutos de natação e o sangue foi coletado. As coletas foram realizadas em dois

momentos, no décimo e no trigésimo minuto de natação. Para as análises foi

retirada uma gota de sangue da cauda dos camundongos até o preenchimento da

fita de coleta do lactato126, assim por meio de um lactímentro portátil

(Accutrend® Roche, Basel, Suiça), foi realizada a mensuração do nível sanguíneo

de lactato.

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3.8 ANÁLISE DO MECANISMO BIOLÓGICO DO EFEITO DA NATACÃO

Conforme resultados positivos obtidos no modelo de nocicepção somática

anteriormente descrito, a próxima etapa deste trabalho foi analisar o mecanismo que

poderia estar envolvido na redução da nocicepção induzida pela natação. Para este

fim, foi utilizado o modelo de nocicepção induzida pelo glutamato, sendo que o

tempo de exercício escolhido foi de duas semanas de natação, finalizado 24 horas

antes da realização dos experimentos. As doses das drogas utilizadas foram

selecionadas com base em dados da literatura ou então baseadas em resultados

prévios do laboratório. Os experimentos foram realizados seguindo o esquema de

tratamentos ilustrado na figura 6.

Figura 6: Esquema de tratamento utilizado para avaliar o mecanismo neurobiólogo.

Legenda: Receptores a serem bloqueados: canabinóide, CB1, opióides e adenosinérgicos A1.

Tratamento: exercitado ou não exercitado. Antagonista ou veículo, injeções: (i.t. volume 5 l. i.pl.

volume 20 l, AM281 concentração 10 g/i.pl e 2 g/i.t, Naloxona concentração 5 µg/i.pl., 5 µg/i.t.,

DPCPX 10 nmol/i.pl., 10 nmol/i.t.), Glutamato: teste nociceptivo induzido pela injeção i.pl. de

glutamato. i.t.: Intratecal; i.pl.: intraplantar.

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3.8.1 Análise da participação dos receptores canabinóides 1 (CB1) na redução

da nocicepção induzida pela natação

No intuito de analisar o papel dos receptores CB1, tanto espinais quanto

periféricos, sobre a redução da nocicepção causada pela natação, o AM281 (um

antagonista seletivo para receptores CB1) foi administrado por via i.pl. (10 µg/i.pl.) ou

i.t. (2 µg/i.t.)127, 15 minutos antes da última sessão de natação e 24 horas após a

última sessão de natação (15 min antes do teste nociceptivo) (ver Figura 6). O

procedimento utilizado para a injeção intratecal foi similar ao descrito previamente

por Hylden e Wilcox (1980) 128. Após tricotomia da pele do dorso, os camundongos

foram imobilizados manualmente e uma agulha conectada a uma microseringa de 25

μl foi inserida através da pele no espaço subaracnóideo entre as vértebras espinais

L5-L6. A resposta nociceptiva ocasionada pela administração i.t. do volume de 5 μl

dos antagonistas.

Para avaliar a participação dos receptores CB1 periféricos os

camundongos foram imobilizados dentro de um cone de 15 cm durante alguns

segundos para a realização da administração do antagonista para receptores CB1. O

volume de 20 μl foi administrado na superfície ventral da pata direita.

3.8.2 Análise da participação dos receptores opióides na redução da

nocicepção induzida pela natação

Com o objetivo de evidenciar a participação do receptores opióides, tanto

espinais quanto periféricos sobre a redução da nocicepção causada pela natação,

naloxona (um antagonista não seletivo para receptores opióides) foi administrada

por via i.pl. (5 µg/i.pl.) ou i.t. (5 µg/i.t.)129, 15 minutos antes da última sessão de

natação e 24 horas após a última sessão de natação (15 min antes do teste

nociceptivo). Os procedimentos utilizados para as injeções i.t. e i.pl. foram similares

aos descritos no item 3.8.1.

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3.8.3 Análise da participação dos receptores adenosinérgicos 1 (A1) na

redução da nocicepção induzida pela natação

E, finalmente, para avaliar o envolvimento dos receptores para adenosina,

tanto espinais quanto periféricos sobre a redução da nociepção causada pela

natação, 1,3-dipropil-8-ciclopentilxantina DPCPX (um antagonista seletivo de

receptores para adenosina A1) foi administrado por via i.pl. (10 nmol/i.pl.) ou i.t. (10

nmol/i.t.)18, 15 minutos antes da última sessão de natação e 24 horas após a última

sessão de natação (15 min antes do teste nociceptivo). Os procedimentos utilizados

para as injeções i.t. e i.pl. foram similares aos descritos no item 3.8.1.

3.9 AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA PROTEÍNA CINASE A (PKA)

Com o objetivo de avaliar o envolvimento da PKA fosforilada (p-PKA) na

redução da nocicepção causada pela natação. Novos grupos de camundongos

foram submetidos a duas semanas de natação e 24 horas após a última sessão de

natação receberam uma injeção i.pl. de GLU. Quinze minutos após os camundongos

foram eutanasiados e os tecidos da medula espinal (lombar) e da pele da pata foram

coletados para quantificação da expressão de PKA fosforilada. Para análise dessas

amostras foi utilizada a técnica de Western blotting, descrita previamente por Leal et

al. (2002)130.

3.9.1 Preparação dos homogenatos

As amostras de tecido (medula espinhal e pata) foram individualmente

homogeneizadas em tampão de lise (CLB, Cell Signaling Technology, Danvers,

Massachusetts, EUA) e centrifugadas a 1.000xg durante 15 minutos a 4° C. O

sobrenadante foi coletado e o teor de proteínas determinado por método

colorimétrico (Reagente de Bradford, Sigma-Aldrich, Saint Louis, Missouri, EUA), de

acordo com as recomendações do fabricante. Em seguida, com a finalidade de

igualar a concentração de proteínas nas amostras, estas foram individualmente

diluídas em água ultrapura (MilliQ) e imediatamente estabilizadas pela adição de

20% de tampão de amostra (Tris 200 mM, glicerol 0%, SDS 2%, β-mercaptoethanol

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2,75 mM e bromofenol blue 0.04%) e fervura durante 5 minutos. Uma vez

estabilizadas, as amostras foram mantidas a -80° C até o momento do uso.

3.9.2 Ensaio de Western blotting

O ensaio de Western blotting realizado foi uma versão adaptada de Leal

et al.(2002). Cada amostra foi utilizada em um volume de 40 µg de proteínas, as

quais foram separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida a 12%. Em seguida,

as proteínas separadas no gel foram transferidas, também por eletroforese, para

membranas de nitrocelulose, as quais foram incubadas durante duas horas com

solução de bloqueio TBS-T (Tris 2 mM; NaCl 1 M; Tween-20 0.2% - pH 7.4)

contendo 5% de albumina bovina, de modo a bloquear sítios de ligação inespecífica

do anticorpo. Na sequência, as membranas foram lavadas com TBS-T e incubadas

durante toda a noite (overnight), sob refrigeração (4° C) e agitação, com o anticorpo

primário (anticorpo de camundongo) para as subunidades catalíticas fosforiladas da

PKA (anticorpo de coelho) para p-PKAα/β/γ; (Santa Cruz Biotechnology, Dallas,

Texas, EUA) ou com o anticorpo primário de camundongo anti-α-tubulina (Santa

Cruz Biotechnology, Dallas, Texas, EUA), utilizado como controle, ambos diluídos a

1:1000 em solução de TBS-T contendo 1.0 % de albumina bovina. Após a incubação

as membranas foram novamente lavadas com TBS-T e, em seguida incubadas

durante duas horas com os respectivos anticorpos secundários específicos

(anticorpo de coelho e camundongo pPKA, α-tubulina, respectivamente), Santa Cruz

Biotechnology, Dallas, Texas, EUA) ambos diluídos 1:5000 em solução de TBS-T

contendo 1.0 % de albumina bovina a temperatura ambiente. A visualização das

bandas imunorreativas foi realizada utilizando o método de quimioluminescência

(ECL; Sigma-Aldrich, Saint Louis, Missouri, EUA) através do aparelho Chemidoc Bio-

Rad de acordo com as instruções do fabricante (Bio-Rad, Hercules, Califórnia, EUA).

A análise semi-quantitativa das bandas foi avaliada pelo programa “Image Lab”

software 4.1 (Bio-Rad, Hercules, Califórnia, EUA). Os resultados são expressos

como p-PKA/tubulina em unidades arbitrárias (UA).

3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Inicialmente foi realizado o teste de normalidade dos dados através de

Shapiro-Wilk. Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média

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(E.P.M.). Nos experimentos onde se avaliaram o efeito da natação nas

concentrações de lactato, na nocicepção e hiperalgesia mecânica induzida pelo

glutamato foram utilizadas analises de variancia – ANOVA de duas vias. Quando

significativa, a ANOVA foi seguida pelo teste de Bonferroni (Fator 1: Natação e Fator

2: Tempo). Na avaliação do mecanismo neurobiológico do efeito da natação na

redução da nocicepção induzida pelo glutamato também foi utilizada ANOVA de

duas vias (Fator 1: tratamento com fármaco e fator 2: Natação). Para análise da

expressão de diferentes isoformas de PKA foi empregada a ANOVA de uma via,

seguido pelo teste de Student-Newmann-Keuls. Em todas as análises, os valores de

P menores que 0.05 foram considerados estatisticamente significativos. Para o

cálculo estatístico, de todos os experimentos foi utilizado o software GraphPad Prism

6.0 versão para MAC (GraphPad Software, Inc., San Diego, California, EUA).

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4 RESULTADOS

4.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRACÃO DE LACTATO SANGUÍNEO

(INTENSIDADE DA NATAÇÃO)

Conforme resultados mostrados na Figura 7, observa-se que as

concentrações de lactato sanguíneo foram de 3,30 0,53 e 1,9 0,39 mmol/l no

décimo minuto dos animais não-exercitado e exercitado, respectivamente. No

trigésimo minuto, notou-se que os animais não-exercitados e exercitados

apresentaram concentrações de lactato sanguíneo de 9,47 0,47 e 4,52 0,93

mmol/l, respectivamente. Assim os animais não exercitados e exercitados

apresentaram aumentos de 150 e 250 % das concentrações de lactato sanguíneo. A

ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para o tratamento (natação)

(F(1,24) = 25.95; p < 0,0001), tempo (F(1,24) = 49.94; p < 0,0001) e para a interação

tratamento × tempo (F(1,24) = 8.186; p < 0,0086). Além disso, o teste de Post hoc

indicou uma significativa diferença entre os grupos nas concentrações de lactato

sanguíneo no trigésimo minuto (p < 0,0001).

Figura 7- Concentrações de lactato sanguíneo

Legenda: Determinação das concentrações de lactato sanguíneo. Cada ponto representa a média de

8 animais. # p < 0,05, quando comparado o mesmo grupo com o tempo de 10 minutos de natação. *

p < 0,05, quando comparados com o grupo exercitado no tempo de 30 minutos de natação. ANOVA

de duas vias, seguida pelo teste de Bonferroni. Min: minutos.

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45

4.2 EFEITO DA NATAÇÃO NA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELO GLU

Os resultados apresentados na Figura 8 demonstram que a natação

diminuiu de maneira significativa a nocicepção induzida pelo GLU. A natação

quando realizada somente por uma semana reduziu a nocicepção somática em 22 ±

4%. No entanto, foi observada uma redução de 42 ± 5% quando a natação foi

realizada por duas semanas. A ANOVA de duas vias revelou diferença significativa

para o tratamento (natação) (F(1,28) = 40.15; p < 0,0001), tempo (F(1,28) = 7.51; p <

0,0106), no entanto, não houve interação tratamento × tempo (F(1,28) = 3.296; p <

0,0802). Além disso, o teste de Post hoc indicou significativa diferenças entre os

grupos de animais exercitados tanto por uma (p < 0,05) quanto duas (p < 0,001)

semanas de natação, quando comparados com seus respectivos controles.

Figura 8 – Efeito da natação na nocicepção induzida pelo GLU.

Legenda: Efeito de 1 ou 2 semanas de natação na nocicepção induzida pelo GLU. Cada coluna

representa a média de 8 camundongos. *P<0,05 e ***P<0,001, quando comparado com o grupo não-

exercitado. ANOVA de duas vias, seguida pelo teste de Bonferroni. 1 sem: uma semana de natação;

2 sem: duas semanas de natação.

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46

4.3 EFEITO DA NATAÇÃO NA HIPERALGESIA MECÂNICA INDUZIDA PELO GLU

Os resultados apresentados na Figura 9 demonstram o decurso temporal

da hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de GLU, e o efeito de 2 semanas

de natação. Observou-se que a natação também reduziu a hiperalgesia mecânica

induzida pelo GLU em 0,5, 1, 3 e 6 horas após a injeção, com inibições de 13±5%,

29±9%, 42±8%, 81±6%, os valores ficam incoerentes como o professor sugeriu fazer

também devemos retirar do gráfico os horários não analizados, respectivamente. A

ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para o tratamento (natação)

(F(2,84) = 97.44; p < 0,0001), tempo (F(3,84) = 16.49; p < 0,0001) e para a interação

tratamento × tempo (F(6,84) = 5.44; p < 0,0001). Além disso, o teste de Post hoc

mostrou uma significativa diferença entre os grupos de animais exercitados e não

exercitados em 0,5 (p < 0,05), 1 (p < 0,01), 3 (p < 0,01) e 6 horas (p < 0,05) após a

injeção de GLU.

Figura 9- Efeito da natação na hiperalgesia mecânica induzida pelo GLU.

Legenda: Efeito da hiperalgesia mecânica induzida pela injeção de GLU. Cada ponto representa a

média dos valores obtidos em 8 animais. *P<0,05, quando comparado com o grupo não-exercitado).

#P<0,05, diferenças significativas entre os grupos não exercitado + glutamato quando comparado

com o grupo não exercitado + salina. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni.

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47

4.4 ENVOLVIMENTO DE RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G ESPINAIS

NA REDUÇÃO DA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA NATAÇÃO

Os resultados mostrados na Figura 10, painel A, indicam que o pré-

tratamento dos animais com AM281 (2 µg/i.t.) preveniu completamente a redução da

nocicepção induzida pela natação. A A

NOVA de duas vias revelou diferença significativa para a natação (F(1,22)

= 15.74; p < 0,0007) e para a interação natação × AM281 (F(1,22) = 9.205; p <

0,0061), mas não para o tratamento com AM281 (F(1,22) = 1.166; p < 0,2920). A

análise post-hoc indicou que o pré-tratamento dos animais com AM281 preveniu (p <

0,01) o efeito da natação.

A figura 10, painel B, ilustra o efeito da administração espinal de naloxona

no efeito da natação. Assim nota-se que o pré-tratamento dos animais com naloxona

(5 µg/i.t.) também preveniu completamente a redução da nocicepção induzida pela

natação. A ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para a natação

(F(1,25) = 16.45; p < 0,0004) e para a interação natação × naloxona (F(1,25) =

12.43; p < 0,0017), mas não para o tratamento com naloxona (F(1,25) = 0.5707; p <

0,4570). A análise post-hoc indicou que o pré-tratamento dos animais com naloxona

preveniu (p < 0,01) o efeito da natação.

No painel C da figura 10, observa-se o efeito da administração espinal de

DPCPX no efeito da natação. O pré-tratamento dos animais com DPCPX (10

nmol/i.t.) também foi capaz de prevenir completamente a redução da nocicepção

induzida pela natação. A ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para a

natação (F(1,26) = 20.86; p < 0,0001) e para a interação natação × DPCPX (F(1,26)

= 16.38; p < 0,0004), mas não para o tratamento com DPCPX (F(1,26) = 0.02275; p

< 0,8813). A análise post-hoc indicou que o pré-tratamento dos animais com DPCPX

preveniu (p < 0,001) o efeito da natação.

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Figura 10. Envolvimento de receptores acoplados a proteína G espinais na redução

da nocicepção induzida pela natação.

Legenda: Efeito do pré-tratamento espinal dos animais com AM281, naloxona ou DPCPX na redução

da nocicepção induzida pela natação no modelo de nocicepção somática causada pelo GLU. A

primeira coluna indica os animais não-exercitados; a segunda representa os animais não-exercitados

e tratados com os respectivos antagonistas; a terceira indica os animais exercitados; a quarta coluna

é representativa das prevenções dos tratamentos com os respectivos antagonistas e que realizaram

exercício. Cada coluna representa a média de 8 animais e as linhas verticais indicam o Erro Padrão

da Média (S.E.M.). Os símbolos denotam os níveis de significância *P < 0,05 quando comparados ao

grupo não-exercitado e pré-tratados com salina; # P < 0,05 quando comparados ao grupo exercitado

e pré-tratados com salina. ANOVA de duas vias seguida pelo teste de Bonferroni.

4.5 ENVOLVIMENTO DE RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G

PERIFÉRICOS NA REDUÇÃO DA NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA NATAÇÃO

Figura 11, painel A, nota-se que o pré-tratamento dos animais com

AM281 (2 µg/i.pl.) não preveniu completamente a redução da nocicepção induzida

pela natação. A ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para a natação

(F(1,26) = 8.783; p < 0,0064), mas não para a interação natação × AM281 (F(1,26) =

0.02857; p < 0,8671) e para o tratamento com AM281 (F(1,26) = 2.115; p < 0,1579).

Os dados da figura 11, painel B, mostram o efeito da administração

periférica de naloxona no efeito da natação. O pré-tratamento dos animais com

naloxona (5 µg/i.pl.) preveniu completamente a redução da nocicepção induzida pela

natação. A ANOVA de duas vias revelou diferença significativa para a natação

(F(1,25) = 10.06; p < 0,0040) e para a interação natação × naloxona (F(1,25) =

6.957; p < 0,0142), mas não para o tratamento com naloxona (F(1,25) = 2.817; p <

0,1058). A análise post-hoc indicou que o pré-tratamento dos animais com naloxona

preveniu (p < 0,01) o efeito da natação.

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49

E finalmente, na figura 11, painel C, observa-se o efeito da administração

periférica de DPCPX no efeito da natação. O pré-tratamento dos animais com

DPCPX (10 nmol/i.pl.), também foi capaz de prevenir completamente a redução da

nocicepção induzida pela natação. A ANOVA de duas vias revelou diferença

significativa para a natação (F(1,25) = 7.356; p < 0,0119) e para a interação natação

× DPCPX (F(1,25) = 9.536; p < 0,0049), mas não para o tratamento com DPCPX

(F(1,25) = 4.060; p < 0,0548). A análise post-hoc indicou que o pré-tratamento dos

animais com AM281 preveniu (p < 0,05) o efeito da natação.

Figura 11. Envolvimento de receptores acoplados a proteína G periféricos na

redução da nocicepção induzida pela natação.

Legenda: Efeito do pré-tratamento periférico dos animais com AM281, naloxona ou DPCPX na

redução da nocicepção induzida pela natação no modelo de nocicepção somática causada pelo

glutamato. A primeira coluna indica os animais não-exercitados; a segunda representa os animais

não-exercitados e tratados com os respectivos antagonistas; a terceira indica os animais exercitados;

a quarta coluna é representativa das reversões dos tratamentos com os respectivos antagonistas e

que realizaram exercício. Cada coluna representa a média de 8 animais e as linhas verticais indicam

o Erro Padrão da Média (S.E.M.). Os símbolos denotam os níveis de significância *P < 0,05 quando

comparados ao grupo não-exercitado e pré-tratados com salina; # P < 0,05 quando comparados ao

grupo exercitado e pré-tratados com salina. ANOVA de duas via seguida pelo teste de Bonferroni.

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4.6 AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE DIFERENTES ISOFORMAS DE PROTEÍNA

CINASE A FOSFORILADA

Os resultados apresentados na figura 12 (painéis A, C e E) mostram que a

injeção i.pl. de glutamato em animais não exercitados aumentou a expressão das

isoformas / (fração) (p < 0,05) e totais (p < 0,05), da proteína cinase A (PKA), mas

não da isoforma (p > 0,05), na medula espinal, quando comparados com os

animais não-exercitados que receberam apenas injeção i.pl. de salina.

Interessantemente, foram observadas expressões significativamente menores

das isoformas / (fração) (p < 0,05) e totais (p < 0,05) de PKA na medula espinal de

animais exercitados, quando comparados com os animais não-exercitados que

receberam injeção i.pl. de glutamato (Figura 12, painéis A, C e E).

Na figura 12 (painéis B, D e F) evidencia-se que a injeção i.pl. de glutamato

em animais não exercitados, além de aumentar a expressões das isoformas /

(fração) (p < 0,05) e totais (p < 0,05), da PKA, também aumentou a expressão da

isoforma (p < 0,05), na pata, quando comparados com os animais não-exercitados

que receberam apenas injeção i.pl. de salina.

Notadamente, foram observadas expressões significativamente menores das

isoformas / (fração) (p < 0,01), isoforma (p < 0,01) e totais (p < 0,05) de PKA na

pata de animais exercitados, quando comparados com os animais não-exercitados

que receberam injeção i.pl. de glutamato (Figura 12, painéis A, C e E).

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51

Figura 12 - Atividade da PKA em camundongos.

Legenda: Efeito da natação na expressão de diferentes isoformas de PKA. A primeira coluna indica o

grupo de animais não-exercitados que recebeu injeção i.pl. de salina; a segunda representa o grupo

de animais não-exercitados que recebeu injeção i.pl. de glutamato e a terceira coluna indica o grupo

de animais exercitados que recebeu injeção i.pl. de glutamato. Cada coluna representa a média de 8

animais e as linhas verticais indicam o Erro Padrão da Média (S.E.M.). # p < 0,05 quando comparado

com o grupo não-exercitado + salina; *p < 0,05 ou **p < 0,05 quando comparados ao grupo não-

exercitado + glutamato. ANOVA de uma via seguida pelo teste de Student-Newman-Keuls. Sal:

Salina; Glu: Glutamato; i.pl.: intraplantar; i.t.: intratecal.

0

3

6

9

12

15

**

#

Salina Glu Glu

p-P

KA

a/g

/Tu

bu

lin

a (

UA

)

0

3

6

9

12

15

p-P

KA

b/T

ub

ulin

a (

UA

)

Salina Glu Glu

0

5

10

15

20

25

30

**

#

p-P

KA

to

tal/Tu

bu

lin

a (

UA

)

Salina Glu Glu

0

3

6

9

12

15

**

#

pP

KA

a/g

/Tu

bu

lin

a (

UA

)

Salina Glu Glu

0

3

6

9

12

15 #

*

pP

KA

b/T

ub

ulin

a (

UA

)

Salina Glu Glu

0

5

10

15

20

25

30

*

#

pP

KA

to

tal/Tu

bu

lin

a (

UA

)

Salina Glu Glu

Medula espinal PataA B

C D

E F

Não-exercitado (Sal., 20 ml/i.pl.) Não-Exercitado (Glu/i.pl.) Exercitado (Glu/i.pl.)

a Tubulina

p- PKA a/d

p- PKA b

p- PKA Total

a Tubulina

a Tubulina

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5 DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstram que sessões diárias de

natação reduz a nocicepção somática induzida pelo agente flogístico GLU em

camundongos. Este efeito neurobiológico do exercício parece ser mediado pelo

menos em parte pela ativação de receptores opióides e A1 periféricos e receptores

CB1, opióides e A1 e espinais, os quais culminam em uma ação intracelular comum,

a inibição da PKA.

Está bem estabelecido na literatura que a prática de exercícios aeróbios

como a natação promove adaptações fisiológicas como, por exemplo, alteração na

máxima fase estável de lactato (MFEL), considerada um importante marcador do

condicionamento induzido pela prática de exercícios físicos126,131,132. A MFEL pode

ser definida como a concentração de lactato sanguíneo mais alta e carga de trabalho

que se mantém ao longo do tempo, sem acúmulo de lactato132. Dentro dos métodos

utilizados para o desenvolvimento de adaptações aeróbias e prescrição de

treinamento, a determinação da MFEL é um dos mais adequados 132,133.

Diante disso, a determinação da MFEL foi utilizada neste estudo com

dois propósitos; inicialmente, para determinar o domínio fisiológico dos animais

submetidos há 2 semanas de natação; e por fim, para verificar se o protocolo de

natação utilizado foi eficiente em promover mudanças fisiológicas em relação ao

treinamento. Como encontrou-se um aumento superior a 1 mmol/L do lactato

sanguíneo entre o décimo e o trigésimo minuto de natação, verificou-se mesmo

realizando duas semanas de natação, no último dia (16º) os animais ainda se

exercitavam acima da MFEL133 em um domínio de exercício severo.

Os dados referentes a determinação da MFEL realizada na primeira

semana, corroboram com os achados de Mazzardo-Martins et al., (2010)17 que

também observaram uma grande elevação nas concentrações de lactato sanguíneo

em animais que nadaram por 5 dias consecutivos, nas mesmas condições do

presente estudo. O treinamento de natação está classificado dentro do domínio

severo, onde não existe máxima fase estável de lactato, ele se eleva por todo o

tempo até a exaustão86. Interessante, são os resultados que mostraram diferença

significativa nas concentrações de lactato sanguíneo entre os grupos não

exercitados e exercitados, quando comparados tanto no décimo como no trigésimo

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minuto, no 16º dia de natação. Os valores menores nas concentrações de lactato no

grupo exercitado sugerem que a natação induziu mudanças metabólicas suficientes

para alterar o metabolismo do lactato (produção e remoção). O que é consistente

com achados de que os efeitos neurobiológicos do exercício também são

dependentes de intensidade134,135.

Alguns estudos demonstraram o importante efeito do exercício físico em

reduzir a nocicepção em modelos experimentais17,101,20. O aminoácido excitatório

GLU, contribui para o desenvolvimento e/ou manutenção da dor envolvendo sítios

de ação periférica, espinal e supraespinal4. A injeção intraplantar de GLU em

camundongos resulta em nocicepção significativa, com início rápido e curta

duração45. O GLU ativa receptores glutamatérgicos do tipo ionotrópicos (NMDA,

AMPA, Cainato) e metabotrópicos (RsGlum) 5.

Assim, surgiu a pergunta, a natação poderia reduzir a nocicepção induzida

pela injeção intraplantar de GLU?

Os resultados observados no presente estudo demonstraram pela primeira

vez na literatura, que a realização de sessões diárias de natação inibe

significativamente a nocicepção somática causada pela injeção intraplantar de GLU.

Além disso, foi verificado que: duas semanas é mais eficaz do que uma semana de

natação. É importante destacar que os testes nociceptivos foram realizados com um

intervalo de 24 horas entre a última sessão de exercício e o teste nociceptivo. Este

cuidado foi tomado para poder descartar a influência da liberação aguda de

corticosterona136,137.

É importante mencionar o papel da ativação de receptores glutamatérgicos

na indução e manutenção da dor crônica. Por exemplo, a dor neuropática está

associada a uma redução (downregulation) dos transportadores para glutamato

(GLT1) em astrócitos espinais, que causa um déficit na remoção do GLU na fenda

sináptica e espaço extracelular, levando a um aumento na transmissão

glutamatérgica 138, 139.

Na inflamação, a hiperatividade dos neurônios aferentes primários (AP),

seguida de inflamação periférica aumenta a liberação de glutamato e de

neuromoduladores (por exemplo a SP) nos terminais centrais dos neurônios AP na

medula espinal e núcleos trigeminais, causando hiperatividade dos neurônios

nociceptivos pós-sinápticos (sensibilização central) 140. A ativação de receptores

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NMDA e de MAPKs tem um papel importante na hipersensibilidade e sensibilização

central 141.

Os resultados observados aqui vêm de encontro com recentes estudos

realizados que demostraram o efeito do exercício aeróbio na redução da

nocicepção26, 102. Chen et al., (2013)25 mostraram, em ratos, que quatro semanas de

treinamento em esteira, realizado 5 dias por semana, foi capaz de reduzir a dor pós-

operatória e que esse efeito está associado à uma menor expressão da subunidade

NR1 de receptores glutamatérgicos do tipo NMDA; além da redução da produção de

citocinas pró inflamatórias como o TNF-α e a IL-6 na medula espinal. Quando

comparados, os treinamentos da esteira e natação, ambos realizados durante 3

semanas (21 dias contínuos), também em ratos, após a constrição crônica do nervo

esquiático (dor crônica - neuropática), observou-se diminuição da hiperalgesia

térmica e alodinia mecânica, além de redução das concentrações de TNF-α e IL-6

no nervo esquiático103.

A natação parece influenciar positivamente na redução da nocicepção, este

efeito foi observado em ratos, após a injeção de formalina, que causa dor de origem

inflamatória; o protocolo de 90 minutos de treinamento por 9 dias, foi capaz de

reduzir a alodinia ao frio e a hiperalgesia térmica96. Mazzardo-Martins et al., (2010)17,

em um estudo semelhante ao presente trabalho, realizado em camundongos,

avaliou o efeito da natação na nocicepção aguda induzida pelo ácido acético. O

protocolo de natação consistiu em 5 dias de treinamento, com duração de 30

minutos diários. Os autores observaram que a natação é um exercício aeróbio de

alta intensidade (domínio severo), capaz de reduzir o comportamento nociceptivo

induzido pelo ácido acético. Outro estudo realizado por Martins et al., (2013)18

mostrou que a natação de alta intensidade reduz a alodinia mecânica e concluiu que

a natação pode ser uma terapia auxiliar na síndrome da dor complexa regional do

tipo I (SDCR-I).

Visto a importância da sinalização glutamatérgica e os efeitos positivos da

natação na nocicepção, buscou-se avaliar a influência da natação na hiperalgesia

mecânica no modelo de nocicepção induzida pelo agente flogístico GLU. Em

estudos pré-clínicos observa-se que a injeção intraplantar de GLU gera nocicepção e

edema45. Os receptores glutamatérgicos presentes na membrana pré-sináptica de

nociceptores indicam que o GLU liberado na fenda sináptica pode também ativar

receptores expressos nos terminais centrais dos neurônios AP142. O presente estudo

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mostra, pela primeira vez, que a injeção i.pl. de GLU também induz hiperalgesia

mecânica, e que além disso, a natação reduz a hiperalgesia até 6 horas após a

injeção de GLU.

O fenômeno conhecido como sensibilização é indiretamente suportado

pela despolarização neuronal induzida por GLU143 e pela ativação de receptores

inonotrópicos do tipo NMDA expressos em nociceptores (terminações periféricas,

centrais e no soma DRG)144. Após o impulso nociceptivo ser gerado por um evento

inflamatório no tecido periférico pode ocorrer a chamada sensibilização retrograda

dos neurônios AP, sendo considerada o mecanismo pelo qual é ocorre a indução e

manutenção da hiperalgesia. Este fenômeno acontece porque o GLU liberado na

medula espinal age retrogradamente nos receptores NMDA presentes nos terminais

pré-sinápticos dos neurônios AP145.

Outro fator determinante na manutenção da hiperalgesia mecânica são as

células satélite (no DRG). Um estudo recente sugere que a sensibilização mecânica

do nociceptor é dependente da liberação de GLU pelo neurônio AP no DRG e

subsequente ativação de receptores do tipo NMDA nas células satélite, apoiando a

ideia de que a hiperalgesia periférica gerada por um evento inflamatório é modulada

pelo sistema glutamatérgico no DRG146. As células satélite parecem importantes

porque no estado de repouso, os receptores NMDA neuronais parecem estar

bloqueados pelo íon magnésio (Mg2+), sensível à voltagem. Um estímulo

despolarizante remove o Mg2+ do poro permitindo a entrada de cálcio através do

canal147,148. No entanto os receptores NMDA expressos em células satélite não são

sensíveis ao bloqueio de Mg2+, assim podem ser prontamente ativados

independentemente do potencial de membrana em repouso negativo destas

células146.

O aumento do cálcio intracelular mediado por receptores NMDA em

neurônios do corno posterior da medula espinal provoca a ativação de cinases,

incluindo a PKA, PKC e ERK9. As cascatas de cinases conduzem a uma maior

excitabilidade neuronal mediada pela fosforilação de receptores NMDA, AMPA e

canais de cálcio dependentes da voltagem, bem como pela inibição de canais de

potássio dependentes da voltagem10,149. A fosforilação de receptores NMDA ainda

contribui para potenciais pós-sinapticos excitatórios12, e também para aumentar o

período em que os receptores permanecem abertos após a despolarização

neuronal13.

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Após verificar-se que a natação, realizada diariamente por 2 semanas

consecutivas, foi capaz de reduzir a nocicepção somática e a hiperalgesia mecânica

induzida pela GLU; foi dada sequência ao próximo passo que foi analisar o papel da

ativação de receptores chave dos três principais sistemas endógenos

(canabinoidérgico, opioidérgico e adenosinérgico) de controle da dor que são

acionados pela natação de alta intensidade; bem como a participação de PKA é

fundamental na gênese da dor e que sua inibição faz parte de uma cascata

(downstream) da ativação de receptores acoplados a proteína G que induzem

analgesia.

O sistema canabinoidérgico está envolvido no controle da nocicepção.

Estudos indicam que os receptores CB1 são mais expressos no SNC, incluindo

estruturas que participam no controle descendente da dor, tais como a substância

cinzenta periaquedutal (SCP), bulbo ventromedial rostral e no corno posterior da

medula espinal150. Em nível central espinal os receptores, CB1 são encontrados em

interneurônios e astrócitos no corno posterior da medula espinal151,152. Na periferia

tem sido observada a expressão de receptores CB1 nas terminações nervosas

periféricas e no DRG do neurônio AP153,154.

No presente estudo investigou-se o envolvimento dos receptores

canabinóides CB1 na redução da nocicepção induzida pela natação no modelo de

nocicepção induzida pelo GLU. Aqui, verificou-se que a administração espinal do

antagonista para o receptor CB1, mas não periférica, preveniu a redução da

nocicepção induzida pelo GLU.

Recentemente Galdino et al (2014)19 demonstaram que uma única sessão

de exercício físico de intensidade moderada, reduziu a nocicepção e que este efeito

envolve o sistema canabinóide, requerendo a ativação de receptores CB1 e CB2

espinais e supra-espinais. Os resultados reportados aqui, corroboram com os

achados de Galdino et al (2014)20 e ao mesmo tempo os estende por demonstrar

sessões diárias de natação (2 semanas) e que não há o envolvimento de receptores

CB1 periféricos. Além disso, os achados do presente estudo tornam-se ainda mais

relevantes, uma vez que foram feitos no modelo do GLU, um neurotransmissor muito

importante na fisiopatologia de muitas condições dolorosas (como descrito

anteriormente), enquanto que no estudo de Galdino et al (2014)20 foram analisados

mecanismos periféricos verificando apenas as latências de retirada de pata frente a

estímulos mecânicos e térmicos nocivos em animais naives.

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Estudos que investigam a influência de exercícios físicos na nocicepção e

o envolvimento do sistema canabinoidérgico divergem, e as diferenças podem

relacionar-se com a intensidade, frequência e tipo de exercício praticado. Os

resultados apresentados aqui são consistentes com estudos que mostram efeitos

dependentes da intensidade do exercício na resposta à nocicepção, como recentes

achados que afirmam que exercícios intensos aumentam as concentrações

circulantes de EC no plasma em seres humanos155,156. No entanto, estudo clínico

como de Raichlen et al., (2013)21 examinou as concentrações de EC em diferentes

intensidades de exercício. Os autores encontraram elevações significativas nas

concentrações de AEA em intensidade moderada (esteira), o que não foi observado

com intensidades mais baixas ou mais altas de exercício. No entanto, em um estudo

anterior Raichlen et al., (2012)157 mostrou que exercícios intensos podem aumentar

as concentrações de EC circulantes após corridas de resistência. Além disso, é

observada hiperalgesia após o bloqueio farmacológico de receptores CB1 em

ensaios clínicos158. Contudo, é possível afirmar que receptores CB1 espinais são

responsáveis, pelo menos em parte, pela redução da nocicepção induzida pelos

exercícios físicos.

Estudos envolvendo exercícios físicos e analgesia mostram o envolvimento

do sistema opioidérgico em importantes áreas de modulação da dor. Durante e após

o exercício físico ocorre a liberação de opióides endógenos, em nível periférico e

central (espinal e supra-espinal)159,160.

Na literatura, já está bem estabelecido que o exercício físico libera opióides

endógenos como: encefalinas, endorfinas ou outros opióides que são responsáveis

pela redução da nocicepção161,17. As endorfinas são primariamente sintetizadas no

hipotálamo, glândula hipófise anterior e nervos espinais. As β-endorfinas um tipo de

endorfina, podem ser liberadas para a circulação pela glândula hipófise ou ser

projetadas em várias áreas do cérebro através das fibras nervosas162. O exercício de

intensidade > 60% do VO2max aumenta as concentrações circulantes de β-

endorfina163. As concentrações de β-endorfina no fluído cérebroespinal permanecem

aumentadas por até 48 horas após finalizada a sessão de treinamento, mostrando

uma rápida diminuição nas concentrações de opióides endógenos após o fim dos

treinamentos159. Ainda, Mazzardo-Martins et al., (2010)17 verificaram que a redução

da nocicepção induzida pela natação foi inibida por adrenalectomia bilateral em

camundongos submetidos à nocicepção gerada por ácido acético, indicando que os

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opióides endógenos periféricos liberados pelas glândulas adrenais podem estar

contribuindo para o efeito inibitório do exercício físico. Os resultados do presente

estudo confirmam e ampliam as informações sobre o envolvimento do sistema

opioidérgico da analgesia induzida pelo exercício físico. Aqui, foi observada redução

significativa da nocicepção causada pelo glutamato que foi prevenida pela

administração central (espinal) e periférica (pata) de naloxona (um antagonista para

receptores opióides). Vinte quatro horas após a última sessão de treinamento mostra

uma redução da nocicepção dependente de opióides endógenos no SNC (medula

espinal) e SN periférico.

Por fim, o último sistema endógeno de controle da dor avaliado foi o sistema

adenosinérgico. Na literatura, tem sido encontrado que receptores A1 estão

envolvidos na redução da nocicepção em sítios periféricos, espinais e supra-

espinais71. Em modelos animais de dor neuropática e de dor inflamatória a ativação

de receptores A1 promove redução significativa da nocicepção73. Também tem sido

mostrado que animais que não expressam receptores A1 apresentaram maior

respostas nociceptivas, além de não apresentarem efeitos antinociceptivos na

presença de um agonista A1, confirmando assim, a importância de receptores A1 na

redução da nocicepção164. Estudos in vitro indicam que receptores A1 reduzem a

entrada de Ca2+165, diminuem a geração de AMPc e reduzem a liberação de

peptídeos em neurônios sensoriais166. A atividade antinociceptiva induzida pelos

agonistas para receptores A1 estão implicadas em mudanças na atividade de

proteínas G, AMPc e de PKA167.

Os resultados do presente estudo mostram o envolvimento de receptores A1

periféricos e centrais, na redução da nocicepção induzida pela natação no modelo

de nocicepção induzida pelo GLU. Estes resultados corroboram com o estudo de

Martins et al., (2013) 117 que utilizaram um protocolo semelhante de natação, mas

em um modelo animal de SDCR-I. O estudo mostrou que administrações diárias de

cafeína (antagonista não seletivo para receptores adenosinérgicos) e DPCPX

(antagonista seletivo para receptores A1), preveniu a redução da hiperalgesia

induzida pelo exercício, sugerindo o envolvimento de receptores A1 neste efeito. O

estudo ainda mostrou que o tratamento com o inibidor da enzima adenosina

desaminase (EHNA) prolonga o efeito de redução da hiperalgesia, indicando que

este efeito depende da adenosina e não do seu metabólito, a inosina. Além disso,

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também tem sido demonstrado que a natação realizada de forma moderada também

promove o aumento da produção de adenosina168.

Na nocicepção e dor o GLU é responsável pela hiperexcitabilidade

neuronal no corno posterior da medula espinal, principalmente pela ação nos

receptores NMDA. O aumento do Ca2+ intracelular como resultado da

despolarização neuronal promove a ativação de proteínas cinases, entre elas, a

PKA, a PKC e ERK. As cinases, por sua vez, são responsáveis pela fosforilação e

aumento da atividade de receptores do tipo NMDA, AMPA e de canais de Ca2+

dependentes de voltagem, além da inibição de canais de K+ dependentes de

voltagem, inibindo comportamentos relacionados à dor6.

A ação da PKA é bem estabelecida, sabe-se que resíduos C terminal do

receptor de AMPA e de subunidades do receptor de NMDA são sítios sensíveis que

podem ser fosforilados por PKA. A fosforilação de sítios específicos depende da

natureza do receptor e de uma atividade dinâmica, sendo a modificação reversível.

Por regular níveis de fosforilação, as proteínas cinases controlam a bioquímica,

biofísica e fisiologia dos RsGLUi e são mecanismos mais comuns, através dos quais

os RsGLUi regulam e sinapses excitatórias169. O influxo do Ca2+ intracelular através

dos receptores NMDA, AMPA, é responsável pela ativação da AC resultando em

aumento das concentracões de AMPc e consequentemente da atividade de PKA170.

Da mesma forma, a ativação do mecanismo endógeno responsável pela

inibição da nocicepção envolve a via da PKA. Os receptores canabionóides CB1, por

exemplo, inibem a via AC/AMPc/PKA, que inibe canais de Ca2+ dependentes de

voltagem dos tipos L, N, P, Q e que paralelamente ativam os canais de K+ do tipo

A22. Do mesmo modo agem os receptores opioidérgicos, eles são considerados

potentes analgésicos na presença dos agonistas, porque diminuem a despolarização

neuronal pela inibição da via AC/AMPc/PKA23. Esta via é igualmente compartilhada

por receptores adenosinérgicos A1, que, quando ativados, desencadeiam uma

cascata de sinalização que culmina na inibição da via AC/AMPc/PKA24.

Contudo, é possível afirmar que o controle inibitório exercido pelo

exercício físico é mediado, pelo menos em parte, pelos receptores canabinóides

CB120, opióides17 e adenosinérgico A1

18 e que esta inibição é devida a característica

dos receptores. Os resultados da presente pesquisa são o primeiro relato na

literatura mostrando a atividade da PKA após um protocolo de exercícios em modelo

de nocicepção. Encontrou-se um aumento significativo das isoformas / de PKA

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fosforilada e total na medula espinal de animais não exercitados quando

comparados com animais exercitados após a injeção i.pl de glutamato o mesmo

efeito não foi observado na isoforma . Já na pata (periferia) ocorreu um aumento

nas expressões das três isoformas e total. A redução significativa da expressão de

PKA tanto na medula espinal (central) quanto na pata (periférico) sugere que a

redução da nocicepção induzido pela natação envolve a via da PKA.

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6 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados aqui sugerem que:

1) A natação de alta intensidade diminui a nocicepção induzida pelo

glutamato, e duas semanas de natação produz redução maior da nocicepção

quando comparado com uma semana;

2) A natação de alta intensidade também é capaz de diminui a hiperalgesia

mecânica induzida pelo GLU;

3) O efeito da natação na nocicepção parece ser mediado pela ativação de

receptores para opióides e adenosina (A1), periféricos e espinais, bem como a

ativação de receptores canabinóides (CB1) espinais;

4) Os receptores canabinóides (CB1) periféricos provavelmente não estão

envolvido na redução da nocicepção induzida pela natação;

5) O GLU administrado intraplantarmente induziu um aumento na expressão

de diferentes isoformas de PKA fosforilada em ambos os sítios, pata e medula

espinal, o qual foi reduzido pela natação de alta intensidade.

Finalmente, conclui-se que o exercício físico aeróbio na modalidade de

natação é efetivo na redução da nocicepção (dor) e que este efeito é mediado, pelo

menos em parte, pela ativação de receptores para opióides, adenosina e

canabióides. Além disso, a inibição da PKA parece ser um fenômeno importante

para a ação da natação. Assim, estes resultados fortalecem a literatura, que sugere

a natação, uma abordagem não-farmacológica, como uma ferramenta integrativa,

segura e efetiva no tratamento da dor.

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ANEXO

ANEXO A - Parecer Aprovação do Comissão de Ética