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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DÉBORA MATOS BENEDET KARINA SPRICIGO QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS DO GRUPO AUTONOMIA DO IDOSO DA CLÍNICA DE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE - CIABS Biguaçu (SC), 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

DÉBORA MATOS BENEDET

KARINA SPRICIGO

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS DO GRUPO AUTONOMIA

DO IDOSO DA CLÍNICA DE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE - CIABS

Biguaçu (SC), 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

DÉBORA MATOS BENEDET

KARINA SPRICIGO

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS DO GRUPO AUTONOMIA

DO IDOSO DA CLÍNICA DE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE - CIABS

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu Orientação da Profª (Msc) Ângela Maria Blatt Ortiga.

Biguaçu (SC), 2008

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DÉBORA MATOS BENEDET KARINA SPRICIGO

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS DO GRUPO AUTONOMIA

DO IDOSO DA CLÍNICA DE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE - CIABS

Esta monografia foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora, atendendo

às normas da legislação vigente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI.

Área de Concentração: Enfermagem

Biguaçu, Julho de 2008.

_______________________________________

Profª. Msc. Ângela Maria Blatt Ortiga

UNIVALI – CE Biguaçu

Orientadora

_______________________________________

Profª. Msc. Isabela Maria Sell

UNIVALI – CE Biguaçu

Membro

_______________________________________

Profª. Msc. Maristela Assumpção Azevedo

UNIVALI – CE Biguaçu

Membro

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AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS GERAIS

Primeiramente a DEUS pelo privilégio de nos conceder a vida, fornecendo sabedoria,

paciência coragem, força para vencermos os obstáculos, oportunidade de sonhar para que

consigamos realizar este grandioso sonho, a conclusão de nosso curso. Obrigada Senhor!

Aos participantes da pesquisa do Grupo Autonomia do Idoso, o nosso muito obrigada

pela atenção e receptividade ao nos receber. Estiveram sempre de portas abertas para nós

realizarmos nossa pesquisa. Graças a vocês, conseguimos realizar nossa pesquisa com êxito!

A todos os mestres que de alguma forma contribuíram para somar com nossos

conhecimentos, através da sua presença e sabedoria ajudaram a concretizar gradativamente

nossa realização deste sonho. Muito Obrigada!

A banca examinadora: professora mestre Maristela Assumpção de Azevedo e a

professora mestre Isabela Maria Sell que aceitou instantaneamente nosso convite de

participar da banca de nosso Trabalho de Conclusão de Curso, sendo muito atenciosas e

prestativas conosco. Muito obrigada!

AGRADECIMENTOS DE DÉBORA

Agradeço primeiramente aos meus pais Antônio e Mariza, que me deram o direito a

vida, a sabedorias e aos bons ensinamentos. Sempre que podem me apóiam e desejam o meu

bem. Sei o quanto prezam suas vidas para me ver feliz e realizada. Hoje tenho certeza que

vocês além de serem meus exemplos de vida, são pessoas ao qual eu admiro muito! Pai e

mãe: amo muito vocês!

Agradeço também aos meus familiares e irmãos que de alguma forma participaram da

minha vida estudantil. Agradeço em especial a minha irmã Cristine que sempre me encorajou

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e incentivou ao saber de meus objetivos e planos de vida, sei que sempre está ao meu lado

para o que der e vier. Cris, amo muito você!

Agradeço a todos os colegas e amigos que conquistei nesses quatro anos de

graduação.

Agradeço as minhas colegas Andreza, Maria Elizabete e Zislene, por haverem tantas

parcerias de estudos juntas.

Agradeço também aos meus valiosos e eternos amigos: Gisele, Josiane, José Carlos,

Karin, Maria Carolina, Raquel, Adriana e Monique. Meus amigos, como foi bom conhecê-los

durante nossa jornada acadêmica!

A você Bianca, que além de ser colega e amiga, fosses também uma irmã nesse último

ano de faculdade. Sempre que eu precisei estavas de braços abertos para me acolhe. A todos

os que citei e aos que não citei, mas mesmo assim sabem do carinho que tenho por vocês, o

meu muito obrigada!!

A minha colega e amiga de TCC, Karina, saibas que uma das minhas grandes virtudes

foi fazer parceria com você nesse último trabalho acadêmico. Foram um ano e meio de

parcerias, estudos, pesquisas, aprendizados, e dentre outros pontos positivos que nos levou

suceder um bom trabalho acadêmico. Foi com sua determinação e ousadia, que me fez

mostrar o quão importante é estudar ao seu lado. Muito Obrigada!

E a você professora Ângela, nossa orientadora deste trabalho de conclusão. Sou muito

grata em tê-la como professora, orientadora e até mesmo como amiga durante muitas horas

de nossos estudos. Sempre que precisávamos estavas ao nosso lado, apoiando, incentivando e

dando forças para continuarmos sempre fortes nessa caminhada. Sei que apenas o nosso

obrigada a você é pouco para agradecer sua presença e orientação nesse um ano e meio de

parcerias. Mas de uma coisa eu tenho certeza, levarei seus ensinamentos e convivência em

minha memória por toda a vida! Muito obrigada por tudo!

AGRADECIMENTOS DE KARINA

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Aos meus pais LOURENI E INALVA que me ofereceram carinho, amor e

principalmente sabedoria. Pela ajuda e apoio para alcançar a realização dos meus sonhos,

mesmo que distantes, sempre oferecendo apoio e confiantes no meu crescimento profissional.

Vocês são as estrelas que brilham no meu universo. Saibam que vocês são meus maiores

exemplos de vida. Ao meu irmão MARCELO que em alguns momentos da minha caminhada

acadêmica, teve a responsabilidade dos meus estudos em suas mãos, cumprindo muito bem

esta tarefa difícil.

Meu noivo MAURO que compartilhou comigo este sonho desde o início, me apoiando

em todos os momentos, tristes e alegres. Compreendendo as minhas ausências, e me

acalentado em seus braços nos momentos de lágrimas e desesperos, sempre estando ao meu

lado com muita paciência e dizendo uma palavra que acalmava meu coração. TE AMO. Aos

seus familiares que me apoiaram e me receberam também de braços abertos em sua casa, me

tratando como uma filha.

Minha Orientadora ÂNGELA BLATT ORTIGA, por ser nossa guia, orientando e

incentivando em todos os momentos. Quantas noites trabalhando? Mesmo cansada, nos

orientou com muita paciência e carinho, dividindo e compartilhando momentos de sua vida.

MUITO OBRIGADO. .

A minha amiga de TCC Débora sempre confiante, nos momentos de fraqueza, sempre

dizia que iria dar tudo certo, e para ter paciência, você tinha razão. Muito obrigado pela sua

amizade e paciência.

As todos os meus colegas de Faculdades muito obrigado pelos momentos que partilhei

com todos, jamais esquecerei de vocês, especialmente BIANCA, KARIN, DÉBORA, ROBERT,

GISELE,CLEIDSON que levarei suas amizades para vida toda, sempre unidos, encorajando

e dando força em todos os momentos, oferecendo um abraço amigo quando um fraquejava,

estimulando para seguir em frente, são amigos que acompanharam toda minha caminhada

acadêmica e tenho a certeza que são amigos para vida toda Há!!!! Adoro vocês!

“De tudo que ficaram três coisas: A certeza que estamos começando,a certeza que

preciso continuar, a certeza que podemos ser interrompidos,fazer da interrupção um passo

novo, fazer da queda um passo de dança, de medo uma escada, do sonho uma ponte, da

procura um encontro.” Fernando Sabino

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 10 2 OBJETIVOS DA PESQUISA.......................................................................................................................... 14 2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................................................................. 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................... 14 3.1 HISTÓRICO DO ENVELHECIMENTO E RESPECTIVAS TEORIAS.............................................................................. 15 3.1.1 Teorias e diferenciação do envelhecimento.................................................................................................. 16 3.1.2 Classificação................................................................................................................................................. 16 3.2 QUALIDADE DE VIDA ....................................................................................................................................... 17 3.2.1 Atividade Física............................................................................................................................................ 18 3.2.2 Autonomia .................................................................................................................................................... 19 3.2.3 Vida Social, Comunitária e Cívica ............................................................................................................... 20 3.2.4 Relação Interpessoal ..................................................................................................................................... 20 5.1 ESPAÇO DA PESQUISA....................................................................................................................................... 24 5.1.1 História do grupo.......................................................................................................................................... 24 5.2 TIPO DE ESTUDO............................................................................................................................................... 25 5.3 SUJEITOS DA PESQUISA E ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................................... 26 5.4 COLETA DE DADOS........................................................................................................................................... 26 5.5 INSTRUMENTOS DA PESQUISA .......................................................................................................................... 26 5.6 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................................................................... 27 6.1 CATEGORIAS DE ANÁLISE ................................................................................................................................. 31 6.1.1 Saúde e bem-estar físico e material .............................................................................................................. 33 6.1.2 Relações Interpessoais.................................................................................................................................. 38 6.1.3 Autonomia e Independência ......................................................................................................................... 41 6.1.4 Participação social ........................................................................................................................................ 44 6.1.5 Desenvolvimento e Satisfação Pessoal ......................................................................................................... 49 6.2 OFICINA............................................................................................................................................................ 54 APÊNDICES........................................................................................................................................................ 62 APÊNDICE A ...................................................................................................................................................... 63 APÊNDICE B¹ ..................................................................................................................................................... 64 APÊNDICE B² ..................................................................................................................................................... 65 APÊNDICE C ...................................................................................................................................................... 66 APÊNDICE D ...................................................................................................................................................... 67

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RESUMO

O envelhecimento é um processo natural que tem início na concepção e vai até a morte. O Estatuto do Idoso dispõe sobre os direitos dos idosos, nele se institui a família, a comunidade, a sociedade e o poder público como responsáveis por assegurar ao idoso seu direito à vida, garantindo saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, respeito e convivência familiar e comunitária. Este trabalho teve os seguintes objetivos: levantar o perfil dos sujeitos da pesquisa do grupo de extensão da UNIVALI - Autonomia do Idoso - desenvolvido na Clínica Integrada de Atenção Básica à Saúde - CIABS; levantar a opinião sobre o conceito de qualidade de vida e realizar oficina relacionando às suas expectativas sobre a qualidade de vida no processo de envelhecimento do Grupo Autonomia do Idoso - PAI. Este grupo existe desde 2004 na CIABS, situada no município de Biguaçu. Trata-se de uma pesquisa Convergente Assistencial que buscou fazer uma integração do conceito de auto cuidado com a escala de qualidade de vida no processo de envelhecimento. Foram selecionados quinze sujeitos para esta pesquisa. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevistas semi-estruturadas com a aplicação da escala de qualidade de vida de Flanagan, diário de campo e oficina. Dos participantes do Grupo Autonomia que participaram da entrevista, dez são do sexo feminino e cinco do sexo masculino. A idade varia entre 57 a 86 anos de idade e 93,3% dos entrevistados apresentam mais de uma doença associada ao processo de envelhecimento. Com relação à qualidade de vida estão agrupadas nas seguintes categorias de análise: saúde e bem estar físico e material, relações interpessoais, autonomia e independência, desenvolvimento e satisfação pessoal. A oficina sobre qualidade de vida foi realizada por meio de jogos educativos e possibilitou retorno e troca com grupo PAI sobre os dados coletados nas entrevistas. A saúde foi um dos fatores bastante determinante nesta pesquisa para saber se o grupo PAI tem ou não qualidade de vida e como isso se relaciona com o estado de saúde de cada um. As questões culturais e, sobretudo, as religiosas, estão presentes em todos os entrevistados. Porém, para as mulheres a religião e a espiritualidade são uma forma de busca da qualidade de vida. Os relatos dos idosos demonstraram a importância da existência de projetos de extensão promovidos com auxílio das universidades que possibilitam a integração social, enquanto desenvolvem a capacidade criativa e a cidadania. Indicando que o grupo PAI proporciona um espaço para que os participantes sintam-se mais ativos e com entusiasmo para a vida.

Palavras-chave: saúde, qualidade de vida, envelhecimento.

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ABSTRACT

Starting with the notion that aging is a natural process, the Elderly Statute disposes on elderly rights, being established to the family, community, society and public power to ensure the elder an absolute priority, along with the achievement of the right to a proper life, health, supplies, education, culture, sports, leisure, work, citizenship, freedom, dignity and family and community acquaintance. The study had the following objectives: to raise the profile of the subjects of the research done by UNIVALI’s group Autonomy of the Elderly, developed by Comprehensive Clinic of Primary Health Care- CIABS; to raise their opinion about the idea of quality of life and to do a workshop relating their expectations on quality of life in the process of aging. This group exists since 2004 in CIABS, located in the city of Biguaçu. The research aimed to integrate the concept of self-care and quality of life scale in the aging process. There were fifteen subjects on the research. The following instruments were used in order to collect data: semi-structured interviews applying Flanagan’s quality of life scale, camp diaries and workshops. Ten participants of the Autonomy Group were female and five were male. The age varied between 57 to 86 years old and 93,3% of the interviewed complained about more than one disease related to the aging process. Regarding quality of life they were arranged in the subsequent analysis categories: Health and physical and material well being, interpersonal relations, autonomy and independence, improvement and self-satisfaction. The workshop of quality of life was accomplished through educative games and enabled a return and exchange within PAI group about the data collected on the interviews. Health was one of the most determinant factors to this research. According to the group having or not quality of life depends on each one’s health state. The cultural matters, above all the religious ones, are present among all the interviewed. However, religion and spirituality in a way of achieving quality of life is more current in women. The elder reports show the importance of the existence of extension projects promoted by with assistance from universities, which allow social integration and develop creative capacity and citizenship. They also indicate that the PAI group provides a place where the participants feel more active and enthusiastic about life.

Key Words: health, quality of life, aging.

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1 INTRODUÇÃO

A idéia deste trabalho surgiu por meio da disciplina Saúde do Adulto e Idoso

ministrada do 4º período, quando nos aproximamos de estudos referentes ao envelhecimento.

Vimos à importância deste assunto e também a carência de informações sobre a qualidade de

vida dos idosos. Dessa forma, percebeu-se a possibilidade de realizar uma pesquisa capaz de

buscar maiores esclarecimento e informações sobre este tema. Outro fator que levou à escolha

do tema foi a experiência de um ano realizada por uma das alunas junto ao projeto de

extensão Autonomia do Idoso da Clínica Integrada de Assistência Básica à Saúde - CIABS.

O esclarecimento sobre o envelhecimento fisiológico nos idosos é importante para que

ele conheça melhor sobre o seu organismo. A longevidade é um acontecimento marcante em

pleno século XXI, quando todos (população, empresas e governantes) tendem a estar mais

conscientes sobre esta nova realidade. Esta afirmação foi feita pelos palestrantes do I Fórum

da Longevidade, realizado pela empresa Bradesco Vida e Previdência, no município de São

Paulo/SP, no dia 30/11/2006. O objetivo do Fórum foi o de

levar o público a refletir sobre a preparação necessária para enfrentar a grande mudança que vem ocorrendo na configuração demográfica brasileira e mundial.” A abertura do Fórum foi o seguinte: “A questão agora não é apenas viver mais, mas sim viver mais e melhor considerando de forma integrada todos os aspectos físicos, mental, espiritual e financeiro. (I FÓRUM DE LONGEVIDADE, 2007, p. 17).

O envelhecimento já é um fato, isto significa que há um aumento da expectativa de

vida dos brasileiros. Segundo Paschoal apud Netto (1996) o aumento da expectativa de vida

de uma população esta natural e indiscutivelmente vinculado à melhoria das condições de

vida, trabalho, educação e atendimento das necessidades de saúde da mesma, construindo

importantes indicadores de saúde. (BECK, 2003).

A população brasileira envelhece, há algum tempo o índice de fecundidade diminui

com o uso de contraceptivos, como conseqüência, o país se torna “mais velho”. Desde o início

da década de 60, quando a taxa de fecundidade começou a alterar a estrutura etária,

estreitando progressivamente a base da pirâmide populacional. Passados 35 anos, a sociedade

já se depara com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, outrora restrito aos

países industrializados. Em um contexto de importantes desigualdades regionais e sociais, os

idosos não encontram amparo adequado no sistema público de saúde e previdência;

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acumulam seqüelas das doenças crônico-degenerativas e complicações dela decorrentes,

desenvolvem incapacidades, perdem autonomia e qualidade de vida (BECK, 2003).

Para que as pessoas envelheçam com saúde é importante observar certas atitudes

buscando estilos de vida saudáveis e ativos. Partindo disto, temos algumas evoluções como a

Política Nacional do Idoso da Lei 8.842/94 e o Estatuto do Idoso sob a Lei n 10.741 de 1o de

outubro de 2003 (BRASIL, 1994; BRASIL, 2003).

A Política Nacional do Idoso tem por finalidade assegurar os direitos sociais

promovendo autonomia, integração e a participação efetiva do idoso na sociedade. Rege como

princípios à família, sociedade e o estado asseguram o direito à cidadania com participação na

comunidade, defendendo a dignidade, o bem estar e a vida, não devendo sofrer qualquer tipo

de discriminação. Os Ministérios: saúde, educação, trabalho, previdência social, cultura,

esporte e lazer, deverão elaborar propostas visando o financiamento de Programas Nacionais

compatíveis a Política Nacional do Idoso. (BRASIL, 1994).

O Estatuto do Idoso dispõe sobre os direitos dos idosos, nele se institui a família, a

comunidade, a sociedade e o poder público como responsáveis por assegurar ao idoso seu

direito à vida, garantindo saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer trabalho,

cidadania, liberdade, dignidade, respeito e convivência familiar e comunitária. Assim como,

ficam assegurados à gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos

(BRASIL, 2003).

Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que, entre

1910 a 2006, as pessoas passaram há viver 29 anos a mais em média, em 2005 tem 16,3

milhões da população com mais de 60 anos de idade, sendo igual a 9% da população

brasileira. Estima-se que para 2.050 serão 64 milhões de pessoas acima de 60 anos de idade,

equivalente a 24,66% da população (I FÓRUM DE LONGEVIDADE, 2007).

“Pela estimativa do IBGE no ano de 2025, serão 34 milhões de idosos no Brasil,

assumindo o 6º lugar em população idosa mais numerosa do mundo” (COSTA SANTOS,

2001, p. 23).

A pirâmide demográfica do Brasil e do mundo começa a se inverter, com a crescente queda na taxa de fecundidade e o aumento da esperança de vida em cerca de 30 anos no século passado a previsão mundial é de 9 bilhões (50% a mais do que hoje) e o número dos idosos com 60 anos ou mais chegue a 2 bilhões (350% a mais). Nos países desenvolvidos esse aumento será de 50%, isto é, passará de 200 milhões para 300 milhões e nos demais países, como o Brasil, essa população idosa irá de 400 milhões para 1,7 bilhão. (I FÓRUM DE LONGEVIDADE, 2007, p.19).

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As limitações de pessoas que chegam a 3a idade estão voltadas ao risco de desenvolver

doenças crônicas predisponentes ao longo da vida, pois estão relacionadas a fatores genéticos,

mas principalmente também ao estilo de vida, a aspectos comportamentais e as formas de

como estamos vivendo nos dias de hoje. Segundo reportagem da revista Veja (28/02/2007), o

“aumento da expectativa de vida leva não só a reinventar a velhice, mas a ponderar sobre

escolhas da juventude”. O aumento da expectativa de vida permite ter relação entre o presente

e o futuro fazendo com que seja mais importante do que nunca, em virtude de estar

aumentando cada vez mais o tempo em que vamos escolher para vivermos ao envelhecer. O

filósofo Eduardo Giannetti, prevê mudanças de valores bem positivas pelo aumento na

longevidade: “diminuição do preconceito contra os idosos, os jovens perceberão que irão

passar mais parte tempo como adultos ou idosos” (I FÓRUM DE LONGEVIDADE, 2007,

p.20).

Hoje existem vacinas, medicações e tecnologias para qualificar a expectativa de vida

da população, sendo que, antigamente morria-se por doenças que na época eram

incontroláveis, atualmente algumas doenças estão eliminadas de focos ou controladas por

vacinas. Doenças que são consideradas em idosos mais prevalentes, têm tratamento

medicamentoso e também um bom acesso a informações que faz com que sua doença seja

controlada e tenha uma vida com qualidade mesmo com doença.

Para Ferrari (1999 apud BECK, 2003), o Sistema de Saúde do Brasil passa por uma

definição de prioridades. Os serviços de atenção à saúde do idoso devem ser capazes de

aplicar estratégicas adequadas para tratar e principalmente prevenir as doenças crônicas e suas

complicações, buscando minimizar as seqüelas, o desenvolvimento de incapacidades, perda

da autonomia e da qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde - OMS ressalta a necessidade de uma política e um programa de envelhecimento ativo que capacite as pessoas a continuar trabalhando de acordo com sua capacidade a preferências no decorrer do envelhecimento com a intenção de prevenir e retardar debilidades de doenças crônicas. Um dos principais enganos que se cometem é pensar que o idoso não deve manter-se em atividade, e complementa que a pessoa idosa pode não ter mais o pique da energia dos 30 anos, mas continuará contribuindo para a sociedade com sua experiência e ponderação. [...] (DIOGO et al., 2006, p. 60).

Segundo Toniolo (2007), para se ter um envelhecimento saudável basta ter bom

humor, bons hábitos alimentares, exercícios físicos e ocupação mental. A qualidade de vida

vem sendo abordada por vários autores relacionados a patologias crônicas e a grupos

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populacionais específicos. A qualidade de vida na idade madura será abordada nesta pesquisa

buscando medir, através da escala de Flanagan, a expectativa do grupo Autonomia do Idoso.

Observando a necessidade de um estudo sobre a qualidade de vida no processo de

envelhecimento, vimos à importância de saber o que eles interpretam sobre o tema. Nossa

pergunta de pesquisa é: O que os participantes do grupo Autonomia do Idoso entendem e

esperam com relação à qualidade de vida no processo de envelhecimento?

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2 OBJETIVOS DA PESQUISA

2.1 Objetivo geral

Avaliar o que os participantes do grupo Autonomia do Idoso entendem por qualidade

de vida no processo de envelhecimento.

2.2 Objetivos específicos

· Determinar o perfil dos sujeitos da pesquisa do grupo de extensão Autonomia do

Idoso da CIABS.

· Identificar qual é a opinião do grupo sobre o conceito de qualidade de vida.

· Realizar oficina com o grupo relacionada às suas expectativas sobre a qualidade de

vida no processo de envelhecimento.

· Aplicar a escala de qualidade de vida de Flanagan - EQVF – com os participantes do

grupo de extensão Autonomia do Idoso da CIABS.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresentam a revisão bibliográfica, em relação aos seguintes aspectos

do histórico do processo de envelhecimento, teorias do envelhecimento, classificações e

componentes da qualidade de vida.

3.1 Histórico do envelhecimento e respectivas teorias

Em 2.500 a.C., o filósofo e poeta egípcio Ptah Hotep relatava a velhice nos seguintes

termos: “Quão penosa é a vida do ancião! Vai a dia enfraquecendo, a visão baixa, seus

ouvidos se tornam surdos, a força declina, o corpo não encontra repouso, a boca se torna

silenciosa e já não fala. A velhice é a pior desgraça que pode acontecer a um homem” (

SANTOS, 2001, p. 16)

Em 630 a.C., os gregos, de modo geral tratavam a velhice com desdém. Minermo, o

Sacerdote em Colofos, fala sobre os prazeres da juventude, amor, detestando a velhice: “Que

vida? Qual o prazer sem Afrodite de ouro? Titon afirmava: prefiro morrer a envelhecer”.

Homero envolvia com a sabedoria e Sólon afirmava: “ao avançar em anos, nunca deixo de

aprender”. Porém, Sócrates e Platão diziam encontrar o verdadeiro interesse do problema do

idoso. Sócrates: “para indivíduos prudentes e bem preparados, a velhice não constitui peso

algum”, e Platão: “a velhice faz surgir em nós um imenso sentimento de paz e libertação”

(SANTOS, 2001, p. 16).

Em 100 a.C., o grande filósofo romano Cícero escreve o livro Catão o velho ou De

Senectute, quando considera o tema do envelhecimento como algo fisiológico. Afirmava que

“os prazeres intelectuais vão sobrepujando os meramentos corporais, revelando a necessidade

de elogiar o idoso no preparo psicológico para a morte”. ( SANTOS, 2001, p. 16).

No século II, Galeno escreveu a teoria sobre os temperamentos do tipo constitucional:

flegmático, sanguíneo, colérico e melancólico, em GEROCÔMICA. De acordo com ele, a

velhice seria a conseqüência do desequilíbrio e o regredir da vida que se iniciaria aos 35 anos

de vida. (SANTOS, 2001, p. 17).

No século XV, Anacreonte falava de amor, prazer, vinho e mulheres, mas lamentava:

“envelhecer é perder tudo o que constitui a doçura da vida”. Em 1456, Van Cues lança o livro

Normas para a metodologia da Investigação no organismo senil. Em 1498, Zerbi escreve

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GERONTOCOMIA e, na mesma época, os ingleses Barentis, Sir John Flayer e Fischer

estudam a Gerontologia. ( SANTOS, 2001, p. 17).

No século XIX, o idoso Goethe pronuncia a seguinte mensagem de otimismo: “assim,

amigo idoso e fraco, não te deixes abater pelos anos. Tenhas ou não teu cabelo branco, ainda

poderá encontrar o amor”. Já em Londres, a inglesa Marjorie Warren, consegue dar vulto de

grande ciência à geriatria, no entanto a especialidade não tinha este nome ainda. E por fim, no

século XX, o termo Gerontologia surgiu para definir o estudo fisiológico do envelhecimento.

O pediatra Nascher, criou o termo Geriatria formando a especialidade que trata os idosos.

(SANTOS, 2001, p. 17).

3.1.1 Teorias e diferenciação do envelhecimento

Mazo (2001 apud DIOGO et al., 2006) relata que há quatro tipos de diferenciação do

envelhecimento:

· Biológico: ocorre durante toda a vida, com mudanças do individuo e do

organismo do mesmo, porém tem alguns órgãos que envelhecem mais rápido

que outros.

· Social: ocorre de forma diferenciada em cada ser humano, pois depende da

cultura e da capacidade de produção de cada um.

· Intelectual: percebem-se quando ocorrem falhas de memória, dificuldade de

atenção e de concentração, dificultando os novos aprendizados.

· Funcional: ocorre quando há dependência de outras pessoas para as

necessidades básicas.

O processo de envelhecimento não depende apenas de um fator, ele é determinado pelo

somatório de fatores, porém, o biológico é o mais conhecido e o mais perceptível.

3.1.2 Classificação

Existem inúmeras classificações relacionadas ao processo de envelhecimento. Para

este trabalho destacamos as relacionadas aos ramos da ciência descrita por Santos (2000), que

estuda o processo de envelhecimento:

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17

· Gerontologia: definida como “o ramo da ciência que estuda o processo

envelhecimento e os múltiplos problemas que envolvem pessoas idosas”. Este

termo possui caráter global, por ser o estudo do processo fisiológico do

envelhecimento, havendo conceitos extremamente importantes: Geriatria e a

Gerontologia Social.

· Geriatria: ramo da medicina que trata dos aspectos médicos, psicológicos e sociais

da doença nos idosos.

· Gerontologia Social: “Identifica os problemas individuais e/ou coletivos que

envolvem pessoas consideradas dosas, com a finalidade de lhes propor formas

adequadas de atendimento, ajustamento ou integração social”. (SANTOS, 2001, p.

17).

O termo envelhecimento ativo e o que a OMS propõe tem como definição o processo

de melhorar as oportunidades para a saúde, participação e a segurança para melhora para a

qualidade de vida no processo de envelhecimento de cada pessoa. (OMS, 2002, p.12, apud

DIOGO et al., 2006).

Na Assembléia Mundial sobre Envelhecimento, realizada em Madri, em 2002, a OMS

(Organização Mundial de Saúde) publicou um documento denominado Active Ageing – A

Policy Framework, ressaltando que existe um envelhecimento saudável de acordo com os

anos que vão passando, chamado de Envelhecimento Ativo, levando o conceito de esperança

de vida livre de incapacidades. “A incapacidade funcional no idoso inicia por volta dos 60

anos em grande parte da população, entretanto é preciso evitar que apareça mais cedo ou fazer

reabilitações em indivíduos que já estão com esta incapacidade”. O ser humano adquire a

capacidade funcional ao longo da sua infância e da adolescência, chegando em seu pico por

volta dos 25 anos de idade. A partir dos 30 anos de vida, a capacidade funcional inicia seu

declínio, onde as pessoas da 3a idade não possuirão mais um vigor físico que tinha na fase

adulta. (I FÓRUM DE LONGEVIDADE, 2007).

3.2 Qualidade de Vida

A qualidade de vida não se limita somente à possibilidade pessoal, sendo relevante

observar o caráter sócio-cultural do ser humano. A qualidade não é responsabilidade do

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18

indivíduo biológico, psicológico e social, e sim da forma que interage entre as pessoas numa

sociedade. (NÉRI, 1999).

Silva (1998 apud DIOGO et al., 2006) relata que um fator importante a consolidar na

vida do idoso é a forma como ele encara a si e aos demais.

Néri (1993) menciona que, do ponto de vista médico, a qualidade de vida na velhice

está ligada à longevidade, à funcionalidade e à boa saúde física e mental. Nós acreditamos que

a qualidade de vida está voltada para a forma de vivencia do idoso durante seu tempo

percorrido. Assim a qualidade de vida inicia desde o seu nascimento.

Destacaremos a seguir alguns componentes que, segundo os autores Diogo et al.

(2006), Néri (1993) e Cardoso (1999), são essenciais para que o indivíduo, independente da

faixa etária esteja com qualidade de vida:

· Atividades sociais comunitárias, cívicas e recreação.

· Relação com outras pessoas.

· Realização de atividade física e de direitos sociais.

Para Sperduso & Cromim (2001 apud DIOGO et al., 2006), a autonomia significa

conseguir realizar as funções diárias básicas adequadamente.

3.2.1 Atividade Física

Com a velhice acontece a decadência da capacidade total para o trabalho, relatando

muitas vezes taxas de desconforto músculo esquelético.

A prática de uma atividade física beneficia as partes fisiológicas, psicológicas e

sociais. O aumento da força muscular e do fluxo sangüíneo dirigidos aos músculos aumentam

também a flexibilidade deles, consequentemente faz com que ocorra a diminuição de

gorduras. Assim, ocorre a melhora da resistência muscular e óssea e a redução da resistência à

insulina, entre outros benefícios, considerados benefícios fisiológicos que fazem com que a

atividade física melhore e como conseqüência se tenha melhor qualidade de vida. Além dos

itens citados, ressalta-se a atividade física como mais um ponto importante para a saúde dos

idosos.

Sabe-se que, com a idade mais avançada, muitas pessoas, por terem um hábito de vida

sedentária, já não conseguem praticar uma atividade física, desde uma simples caminhada ou

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19

um exercício mais complexo. Algumas pessoas não praticam atividade física por possuírem

uma doença crônica ou osteomusculares.

Segundo Vieira (apud DIOGO et al., 2006, p. 61), “atividade física é um conjunto de

ações corporais capazes de contribuir para manutenção e o funcionamento normal do

organismo em termos biológicos, psicológicos e sociais”.

O pensamento atual sobre a velhice está mudando a idéia de que o idoso deveria ficar

em casa assistindo televisão. É perceptível um novo tipo de pensamento, pois muitos idosos

praticam exercício mesmo fora de academias. Há vários grupos de idosos onde se faz

alongamento ou danças acompanhadas por profissionais especializados.

De acordo com Meirelles (2000, p. 76 apud DIOGO et al., 2006, p. 62),

[...] o objetivo principal da atividade física na terceira idade é (ou deveria ser) o retardamento do processo inevitável do envelhecimento, através da manutenção de um estado suficientemente através da manutenção de um estado suficientemente saudável,[...] que possibilite a normalização de uma vida do idoso e [...] (minimize) os fatores de riscos comuns na terceira idade.

Conforme o American College of Sports and Medicine (1995 apud DIOGO et al.,

2006), a prática de uma atividade física pelo idoso promova o aumento da manutenção da

capacidade funcional para a vida independente, assim como reduz o risco de doenças

coronarianas, o retardo da progressão de doenças crônicas e propicia a oportunidade para

interação social.

O objetivo de trabalhar a forca muscular é para manter a independência e autonomia na

vida dos idosos, mantendo o aumento da massa muscular.

Há necessidade de uma nova experiência do envelhecer, em que as pessoas tenham

contato com o novo e que desempenhem atividades, aprendam coisas diferentes, mantenham

papéis sociais ativos, enfim, que estejam integrados em contextos sociais que lhes sejam

significativos, de modo a manterem o sentido de vida (OKUMA, 2002 apud DIOGO et al.,

2006).

3.2.2 Autonomia

O conceito autonomia vem do “grego auto – próprio e nomos – leis, assim sendo a lei do

próprio. A autonomia exige para além do acordo interno consigo mesmo no agir, o poder de se

orientar e eleger os fins da ação por si próprio, apoiando-se no exercício crítico da razão”.

(WIKIPÉDIA, 2008).

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20

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), manter a autonomia e independência

durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e

governantes. O envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas,

familiares, amigos, etc.

A autonomia do idoso é fundamental para o seu dia-a-dia, formando certa capacidade

na autodeterminação para a avaliação do eu e no seu pensar e agir. É importante destacar a

qualidade de vida e a satisfação na velhice, pois ao se levar isso em conta, sua autonomia e

independência terão um bom aprimoramento no seu estado de saúde em todos os níveis.

3.2.3 Vida Social, Comunitária e Cívica

Segundo Néri (1993), a velhice também pode ser favorecida por oportunidades

educacionais, criação de ambientes favoráveis, a freqüência às atividades de lazer, o

desenvolvimento de novas habilidades artísticas e intelectuais, a religiosidade e as atividades

físicas, dentre outras categorias.

A vida social é um fator essencial para a qualidade de vida, pois ela evita muitas

doenças como depressão, assim como a solidão. No entanto, alguns idosos possuem

dificuldades de participar de atividades por medo de não concluírem seus objetivos. Com a

perda de amigos nesse momento da vida, tem-se um fator desmotivador para a participação de

atividades em grupos.

Conforme estudo do Grupo WHOQOL-OLD, Centro Brasileiro de Porto Alegre

(1998), alguns idosos apontaram como item de qualidade de vida a sociabilidade, um bom

suporte social e sentimento de utilidade (FLECK, 2007).

3.2.4 Relação Interpessoal

Outro fator que interfere ou qualifica a qualidade de vida é o fato de os indivíduos

possuírem relações com outras pessoas, que podem ser familiares, círculo de amigos, e às

vezes, de forma social, participando e convivendo com outras pessoas em grupos

comunitários, associações, grupos religiosos etc.

Ferraz & Peixoto (1997 apud JÓIA, 2007) revelaram dados positivos sobre a qualidade

de vida dos idosos pertencentes a uma instituição de recreação, tanto para indicadores

objetivos quanto para subjetivos. No referido estudo, concluiu-se que a saúde e a

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21

independência foram os principais determinantes da felicidade. Outras razões mencionadas

foram: o sistema de apoio, aceitação pela comunidade, afetividade, descrição positiva do

casamento e condições familiares que reforçam a percepção do convívio social e familiar.

Najman & Levine (1981 apud JÓIA, 2007) verificaram que a satisfação com a vida

esteve relacionada à descrição positiva do casamento, boas condições familiares, boa

convivência social e familiar e à relação entre as aspirações e realizações.

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4 MARCO CONCEITUAL

Utilizamos, neste estudo, a teoria de Orem (1970 apud GEORGE, 1993), pois

adotamos para esta pesquisa que qualidade de vida é o indivíduo que possui a autonomia para

cuidar de si mesmo. “As capacidades do indivíduo para engajar-se no auto cuidado acham-se

condicionadas pela idade, no estado de desenvolvimento, experiência de vida, orientação

sócio cultural, saúde e recursos disponíveis.” (GEORGE, 1993,p 91).

Segundo Orem (1970 apud GEORGE, 1993) apresentam-se três categorias de

requisitos do auto cuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. Em nossa

pesquisa utilizamos a categoria desenvolvimental.

Requisitos desenvolvimentais são expressões especializadas de requisitos universais de auto cuidado que foram particularizadas por processos desenvolvimento derivada de uma condição ou associada a algum evento. Exemplos: adaptação á perda um outro significativo, adaptação a mudanças físicas tais como os contornos do rosto ou branqueamento do cabelo (GEORGE, 1993, p.92).

Segundo a OMS (2004 apud DIOGO et al., 2006), velhice é o prolongamento e

término de um processo representado por um conjunto de modificações fisiomórficas e

psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas.

Velhice, conforme a gerontologia,

é, um processo dinâmico progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do individuo ao meio ambiente, ocasionado maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que culminam por leva-los à morte. (DIOGO et al., 2006, p.57).

Qualidade de vida para os idosos pode ser interpretada como o fato de eles poderem

se sentir melhor, conseguirem cumprir com suas funções diárias básicas, adequadamente e

conseguirem viver de uma forma independente (SPERDUSO & CRONIM, 2001, apud

DIOGO et al., 2006).

Para a manutenção de alta qualidade de vida, cita-se a liberdade de doenças, o

engajamento com a vida e a competência física e mental (SPERDUSO & CRONIM, 2001,

apud DIOGO et al., 2006). Observe, a seguir, dois conceitos também fundamentais neste

trabalho:

O envelhecimento é um processo que varia de pessoa para pessoa de acordo com as características que lhes são peculiares, podemos ver diversos idosos (alguns com idade avançada) que continuam suas atividades (física e intelectual), dentro de suas

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limitações, integrando de forma ativa sua comunidade (FIGUEIREDO, 2005, p. 234).

Enfermagem é uma profissão do cuidado de seres humanos que integra diferentes categorias, podendo constituir uma equipe, sendo que esse cuidado é um processo complexo, dinâmico, flexível, criativo, que envolve interações e transações humanas. Os seres envolvidos cuidam e são cuidados simultaneamente. Assim, o cuidado de enfermagem à família consiste no processo dinâmico de interação entre a enfermagem e a família, mediante a troca de experiências, do compartilhar de conhecimentos e sentimentos e, sobretudo, do respeitar dos símbolos crenças e valores da família em relação ao cuidar. (SILVA, 1996, BETTINELLI, 1998, THOLL, 2002 apud CONRADI e PEREIRA, 2005, p.30).

A profissão de enfermagem envolve o processo do cuidar do ser humano com respeito

e trocar experiência com as pessoas que são cuidadas ou como cuidam da saúde, tendo como

fator importante a interação entre o profissional e as pessoas com quem se relaciona. Ressalta-

se também o dever deste profissional de orientar as pessoas quanto as formas de cuidados

prejudiciais.

Convém destacar mais três conceitos importantes, relacionados neste processo:

Cidadania é um processo, e como tal, é dinâmico e se dá sempre através da relação entre o ser humano, família, equipe, grupos e coletividade. Nessa relação o indivíduo ou está desfrutando as suas conquistas, ou está assumindo responsabilidade com o outro. E somente a partir da participação que a cidadania é conquistada. O exercício da cidadania requer a assistência de pré-requisitos tais como: alimentos, teto, acesso à educação e assistência à saúde, trabalho digno entre outras (GAPEFAM, 1995 apud CONRADI e PEREIRA, 2005, p.30).

Saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O dever do estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1990).

Seres humanos diferem de outras coisas vivas por sua capacidade de refletir acerca de si mesmo e seu ambiente, de simbolizar aquilo que vivenciam, e usar criações simbólicas (idéias e palavras) no pensamento, na comunicação e no direcionamento de esforços para realizar e fazer coisas que trazem benefícios a si mesmo ou aos outros. (OREM 1970, apud GEORGE, 1993, p.96).

Por fim, destaca-se que se entende por auto cuidado a prática de atividades, iniciadas

e executadas pelos indivíduos em benefício próprio visando à manutenção da vida, da saúde e

do bem-estar. Este auto cuidado deve ser executado, pois contribui de maneiras específicas

para a integridade da estrutura humana, bem como para o desenvolvimento do ser humano.

Trata-se de uma habilidade para engajar-se em auto cuidado (GEORGE, 1993).

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24

5 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

5.1 Espaço da Pesquisa

Esse projeto foi realizado na CIABS - Clínica de Atenção Básica à Saúde-, vinculada a

a Universidade do Vale do Itajaí, situada no município de Biguaçu, e cujo funcionamento das

atividades iniciou em junho de 2000.

Caracteriza-se como órgão de prestações de ações e serviços de atenção básica a saúde, com vistas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação à saúde da criança, do adolescente, da mulher, do adulto e do idoso. Tem como finalidade de atender todas as pessoas de sua área de abrangência, indiscriminadamente, além de promover a formação de profissional de saúde, através do desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão (CIABS, 2007).

“A área de extensão da CIABS compreende a população moradora dos bairros Jardim

Carandaí, Fundos, Bela Vista, Loteamento São Miguel, Rio Caveiras.” (CIABS, 2007).

5.1.1 História do grupo

O grupo Autonomia do Idoso surgiu através de professores da área da saúde da

UNIVALI - Biguaçu, que desenvolviam atividades na CIABS ou não, elas perceberam a

necessidade de desenvolver um trabalho multi e interdisciplinar tanto para o crescimento dos

alunos que frequentam a clínica como para benefício dos usuários da mesma. As professoras

que iniciaram o grupo eram: enfermeira, nutricionista, psicóloga e fonoaudióloga, que se

reuniram para definir o público-alvo e o tipo de trabalho a ser desenvolvido (FARIAS e

ADRIANO, 2007).

Depois de alguns estudos, decidiu-se resgatar a autonomia na maturidade como eixo

central dos objetivos a serem alcançados com o um novo trabalho que tornou um projeto de

extensão. A primeira versão do projeto Autonomia do Idoso (PAI) que vigorou em 2004,

trabalhou questões relacionadas aos direitos dos idosos, tendo como enfoque o Estatuto do

Idoso. Também trabalharam com oficina de artesanato e temáticas relacionadas com a

prevenção das doenças crônico-degenerativas. Todas essas temáticas tinham e tem até hoje

como base à autonomia nesta fase da vida. Desta maneira o participante (idoso) não é um

mero espectador e sim o sujeito que deve escolher a decidir sobre atividades desenvolvidas. Já

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25

na segunda versão em 2005, o PAI continuou com suas temáticas relacionadas à cidadania,

saúde e duas novas atividades foram incluídas a confecção da cartilha contendo o relato de

experiências da primeira versão do PAI e o planejamento de um horto (FARIAS e

ADRIANO, 2007).

Na terceira versão do PAI, as novas temáticas que foram desenvolvidas estavam

relacionadas com a cultura, atualidades, a saúde e a cidadania. Foi montado um jornal mensal,

feitos pelos idosos do grupo, a Folha da Maturidade, sendo que no ano de 2006 teve 25

inscritos.

Está havendo continuidade do grupo alcançando o seu quinto ano de existência. Houve

algumas modificações nesse grupo, como a limitação do número de pessoas participantes de

no máximo 35, a idade mínima para tornar-se participante é de 55 anos, em que deverá ser

justificada (obtendo-se o mínimo de faltas possíveis).

5.2 Tipo de Estudo

Trata-se de uma pesquisa Convergente Assistencial, que buscou fazer uma integração

do conceito de auto cuidado com a escala de qualidade de vida no processo de

envelhecimento.

Entende-se por Pesquisa Convergente – Assistencial (PCA) aquela que mantém ao

longo de todo o seu processo, “uma estreita relação com a prática assistencial, com a

intencionalidade de encontrar alternativas para solucionar ou minimizar, realizar mudanças e

introduzir inovações na prática; portanto este tipo de pesquisa está comprometido com a

melhoria direta no contexto social pesquisado” (TRENTINI e PAIM, 2004, p. 28).

Este estudo tem como objetivo obter dados qualitativos para privilegiar a autonomia do

idoso, promovendo a ele uma reflexão sobre o sentido de qualidade de vida na sua óptica.

Assim, nós propomos usar o caráter de modalidade de pesquisa Convergente

Assistencial, relacionando a teoria e a prática, com o objetivo de reflexão tanto dos

profissionais quanto dos idosos. “Desse modo, a pesquisa coloca-se em compromisso com a

construção de um conhecimento novo para renovar práticas assistenciais no campo estudado.”

(TRENTINI e PAIM, 2004, p. 25).

Esta pesquisa conduzida na área da enfermagem inclui atividades de

cuidado/assistência dos clientes. Dessa forma, utilizamos métodos e técnicas de visita

domiciliar a fim de constatar as formas de qualidade de vida pessoais que os sujeitos da

pesquisa praticam.

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26

5.3 Sujeitos da Pesquisa e Aspectos Éticos

Os participantes do grupo Autonomia do Idoso foram esclarecidos pelas pesquisadoras

sobre os objetivos da pesquisa durante uma das reuniões do grupo. Todos os sujeitos que

aceitaram fazer parte da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre esclarecido -

TCLE (Apêndice A).

O termo de consentimento livre e esclarecido está fundamentado nas Normas e

Diretrizes da Pesquisa com Seres Humanos, conforme a Resolução 196/96-CNS/MS

(BRASIL, 1996).

5.4 Coleta de Dados

A coleta ocorreu no segundo semestre de 2007 e durante o estágio do projeto (180

horas no mês de março de 2008). Foram previstas e realizadas 15 entrevistas, sendo que um

sujeito da pesquisa que havia respondido a entrevista em 2007 faleceu no início de 2008.

Os participantes do grupo receberam nossa visita nas reuniões semanais. Em 2007

realizamos seis entrevistas com sujeitos de pesquisa antes do início das atividades do grupo

realizada em uma sala da CIABS, presentes apenas as pesquisadoras e o sujeito. Em 2008,

realizamos nove entrevistas através de visita domiciliar.

5.5 Instrumentos da Pesquisa

Foram realizadas as entrevistas semi-estruturadas com os idosos do grupo

Autonomia, as quais foram gravadas, com a devida autorização.

A entrevista contém duas partes: a primeira de identificação com as seguintes

informações: nome, idade, existência de doença crônica, uso de medicamentos, situação

familiar, profissão e a satisfação de vida.

A segunda parte seguiu da aplicação da escala de qualidade de vida de Flanagan

composta – EQVF, por algumas perguntas buscando levantar sua opinião sobre a qualidade de

vida no processo de envelhecimento.

Utilizamos também o diário de campo, onde foram anotadas as observações feitas

durante as entrevistas, registrando as suas reações, como comunicação não-verbal.

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A observação participante constitui a parte fundamental da pesquisa de campo, pela

propriedade que possui de captar uma variedade de fenômenos de uma situação social aos

quais não podem se obtidos unicamente por meio da entrevista. (MINAYO et al; 1994 apud

TRENTIN e PAIM, 2004).

Em umas das reuniões semanais do PAI, realizada no mês de março de 2008, foi

apresentada a oficina para retorno e troca dos dados coletados nas entrevistas. A oficina foi

realizada através da metodologia de jogos educativos.

Para a obtenção dos dados referentes à qualidade de vida aplicou-se a Escala de

Qualidade de vida – EQV de Flanagan. A EQV proposta por Flanagan em 1982 é um tipo de

escala ordinal utilizada para obter medidas quantitativas de qualidade de vida por meio de

respostas obtidas em quinze itens agrupados em cinco dimensões. Flanagan desenvolveu esta

escala com dados colhidos de uma mostra de 3 mil homens e mulheres americanos, com

idades de 30, 50 e 70, valendo-se do método de incidente crítico. A escala foi construída

indutivamente. Esta escala foi traduzida para o português e usada por Hashimoto, Guedes e

Pereira, porém estes não fazem referência quanto à confiabilidade. Por isso, para nosso

estudo, considerou-se o cálculo realizado por Nassar e Gonçalves do coeficiente de

confiabilidade reunindo os dados de aplicação da EQV de Flanagan, de 52 pessoas idosas

freqüentadoras de uma Universidade aberta para a terceira idade (CARDOSO, 1998).

5.6 Análise dos Dados

A análise dos dados seguiu o preconizado segundo a PCA, a fase da interpretação é

compactada por quatro processos que correspondem à lógica da análise dos dados, divididos

em síntese, apreensão, teorização e transferência.

Segundo Trentini e Paim (2004), o processo de síntese é a parte da análise onde o

pesquisador examina as associações subjetivamente, imergindo das informações apresentadas

no processo de apreensão, com objetivo de buscar a familiarização com o tema de

investigação.

O processo de apreensão é o momento que acontece a coleta de informações que,

conforme Trentini e Paim (2004), requer início de análise, e uma organização do relato das

informações.

No processo de teorização, o pesquisador desenvolve esquemas teóricos a partir das

relações reconhecidas na síntese. Neste processo, a verificação, seleção, revisão e descartes. A

teorização é a fase de identificação dos dados novos e repetidos; nesta fase, os pesquisadores

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28

avaliam quais informações complementares que precisam buscar para compreender os

conceitos do referencial escolhido.

A transferência de resultados é o processo seguinte deste tipo de pesquisa e consiste

na possibilidade de dar significado a determinados achados ou descobertas e procurar

contextualizá-la em situações similares. A intenção da transferência é de socialização de

resultados singulares, o que inclui até mesmo arriscar a justificação de adaptações que

venham a ser feitas (TRENTINI e PAIM, 2004).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

Dispomos, a seguir, dos resultados do estudo apresentando primeiramente alguns

dados de identificação dos sujeitos da pesquisa e, na seqüência, as categorias com os

depoimentos dos sujeitos de pesquisa.

Os 15 participantes do Grupo Autonomia do Idoso aceitaram participar desta pesquisa,

sendo 10 do sexo feminino e 5 do sexo masculino, conforme figura 1.

Estudos epidemiológicos confirmam que a taxa de expectativa de vida nas mulheres

continua alta e elas participam mais de grupos de idosos do que os homens (PEREIRA, 2003

apud TRELHA, 2005), sendo que o aumento da expectativa para as mulheres é mais

significativo do que para os homens, caracterizando o fenômeno de “feminização” da

população idosa.

Borini (apud JOÃO, 2005) afirma que a motivação feminina em participar das

atividades de lazer é diferente da motivação masculina. As mulheres que freqüentam grupos

de terceira idade, em sua maioria, não desenvolvem atividades profissionais, são donas de

casa, mães e esposas.

10

5

0

2

4

6

8

10

feminino masculino

femininomasculino

Figura 1 - Caracterização dos sujeitos de pesquisa segundo o sexo Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

A idade entre os sujeitos da pesquisa foi na faixa entre 57 a 86 anos de idade,

conforme figura , sendo a média de idade de 64 anos. Destaca-se que alguns participantes

possuem menos de 60 anos, porém é norma do grupo autonomia a faixa de ingresso é após

completar 55 anos, apesar de a idade preconizada para idoso, pelo Ministério da Saúde (MS),

é ter acima de 60 anos.

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30

63 58 86 66 73 57 62 59 65 61

1

2

1

3

1 1 1

2 2

1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Figura 2 - Idade dos sujeitos de pesquisa do Grupo Autonomia do Idoso da CIABS Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

O grupo Autonomia do Idoso desenvolve atividades ligadas à educação em saúde,

discutindo sobre vários temas relevantes, como: cidadania, saúde, cultura, possibilitando

também aumentar seu vínculo social e círculo de amizades com os integrantes do grupo.

Assis (apud JOÃO, 2005) relata que nesta faixa etária o sentimento de pertencer a um

grupo é valioso, dada às tendências ao afrouxamento dos vínculos sociais e o surgimento da

solidão tão comum em decorrência da aposentadoria, independência dos filhos, viuvez, perdas

afetivas, dentre outros. O grupo aparece como meio favorecedor da socialização com

conseqüentes trocas afetivas e motivações para buscar novas atividades e realizar velhos

projetos.

Em relação às doenças, conforme se verifica na tabela 1, dos 15 entrevistados, somente

um negou ter alguma doença. A maioria dos entrevistados (93,3%) apresenta mais de uma

doença associada. Foram identificados 9 tipos de doenças sendo a maioria classificada como

crônicas. O predomínio maior foi de hipertensão arterial sistêmica e problemas de coluna

identificado em 5 dos entrevistados correspondendo a (21%) seguido da hipercolesterenemia e

osteoporose afetando cada 3 participantes, correspondendo a (13%) das respostas dos sujeitos.

O Acidente Vascular Cerebral - AVC e o câncer foi relatado por 2 participantes (8%) e por

último artrose, tireóide alterada e varizes, cada uma com um participante, levando a 4% do

total cada.

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31

Tabela 1 - Tipo de doença que acomete os sujeitos de pesquisa do Grupo Autonomia da CIABS doenças sujeitos da

pesquisa %

Artrose 1 4 Cardíaco 1 4 Tireoide 1 4 Varizes 1 4 AVC 2 8 Câncer 2 8

hipercolesteremia 3 13

Osteoporose 3 13 Coluna 5 21 Hipertensão 5 21

Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

Dos entrevistados, 8, correspondendo a 53% relatam que a doença não incomoda a sua

qualidade de vida, pois os participantes da pesquisa convivem há muito tempo com a doença,

sendo que a mantém controlada através da adesão ao tratamento, seguindo a prescrição

médica; para 7 dos participantes (47%) atrapalha sua vida.

Entre os entrevistados, os que confirmaram que a doença atrapalha seu estado de

saúde, citaram os problemas na coluna restringem as atividades diárias, e outro entrevistado

argumenta que a realização de tratamento para câncer influencia em seu dia a dia.

Mesmo, muitas vezes, desanimados com doenças que os impedem de realizar uma

atividade, a maioria tem satisfação em viver, como mostra na fala Arara:

“Meu desânimo é a doença e muitas coisas que acontecem no dia a

dia em casa, mas mesmo assim eu gosto de viver”. (ARARA).

“Atrapalha, mas mesmo assim sinto satisfeito, porque para mim o

importante é estar vivo...” (CORRUPIÃO).

Definimos independência funcional como capacidade de realizar algo com os próprios

meios. Está ligada à mobilidade e à capacidade funcional onde o indivíduo vive sem requerer

ajuda para execução das atividades básicas e instrumentais da vida diária. A independência

necessita de condições motoras e cognitivas satisfatórias para o desempenho dessas tarefas

(NÉRI, 2001 apud DIOGO et al., 2006).

6.1 Categorias de análise

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32

As categorias foram organizadas conforme as unidades de análise temática, a partir dos

dados brutos, utilizando o agrupamento dos temas conforme a classificação da Escala de

Flanagan, seguidas de uma discussão sinóptica fundamentada no referencial teórico específico

ficando as seguintes categorias de análise: 1) saúde e bem-estar físico e material, 2)

relações interpessoais, 3) autonomia e independência, 4) participação social, 5)

desenvolvimento e satisfação pessoal.

Para o presente estudo, a EQV de Flanagan foi utilizada com pontuação adotada por

Burckhardt (apud CARDOSO, 1998).

A Escala de Flanagan trata de uma escala ordinal, portanto, o valor um representa um

escore de resposta “muitíssimo insatisfeito ao aspecto da qualidade de vida” e assim

sucessivamente. O valor sete representa o escore da resposta “muitíssimo satisfeito ao aspecto

da qualidade de vida”. Assim, a pontuação máxima que um entrevistado pode obter na escala

é de 105 pontos, então representado um escore de mais alta qualidade de vida, e a pontuação

mínima de 15 pontos, representado em um escore de mais baixa qualidade de vida.

Os sujeitos de pesquisa escolheram pássaros como codinomes para assim, utilizarmos

anonimamente suas falas e respostas durante as entrevistas. Os codinomes surgiram em 2007

com outra pesquisa realizada no mesmo campo de estudo o “Grupo Autonomia do Idoso”.

Sujeitos de Pesquisa Pontuações máximas Escala de Flanagan

Saíra de 7 cores 97 Andorinha 95 Tia Chica 94 Tucano 91 Calopsita 90 Papagaio 90 Tico tico 89 Azulão 88 beija flor 87 Bem te vi 86 Periquito 86 Canário 80 Corrupião 79 Sabiá 78 Arara 74 Quadro 1 - Pontuação das respostas dos Sujeitos de Pesquisa, conforme os Escores da Escala de Flanagan Fonte: Dados da entrevista (mar. 2008)

Segundo Farias e Adriano (2007), a Escala de Flanagan pode ser utilizada também a

este grupo populacional. A Escala de Flanagan informa a base qualitativa e quantitativa da

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percepção dos participantes desse estudo os participantes do grupo autonomia. Esta escala tem

por finalidade aproximar os pesquisadores junto ao Grupo de Idosos, através da forma

qualitativa e quantitativa em avaliar este parâmetro. A partir de um ponto obtido durante a

entrevista na Escala de Flanagan, é possível visualizar a avaliação quali-quantitativa dos

participantes referente ao assunto em pesquisa.

Analisando ordinalmente os resultados obtidos no Quadro 1, observamos que a

pontuação obtida dos 15 sujeitos de pesquisa ficou entre o somatório de 74 a menor a 97

como a maior pontuação. Sendo que 6 (seis) ficaram com pontuação a partir de 70 pontos.

Conclui-se que a maioria ficou na coluna da satisfação com relação aos itens de

qualidade de vida analisada.

6.1.1 Saúde e bem-estar físico e material

Com relação à resposta dos sujeitos de pesquisa relacionado ao item saúde (na escala

de Flanagan relacionado ao bem-estar físico e vigoro), nove sujeitos (60%) relatam estar

satisfeitos e quatro (26,6%) muito satisfeitos, um (6,6%) relata estar pouco satisfeito e um

(6,6%) insatisfeito, conforme a figura 3.

10

1

3

9

7

45

0123456789

10

saúde ConfortoMaterial

insatisfeito

pouco satisfeito

satisfeito

muito satisfeito

Figura 3 - Nível de resposta relacionada à saúde e conforto material, conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008 Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

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Durante as entrevistas, a palavra saúde foi citada como uma forma de ter qualidade de

vida, pois para os entrevistados, é necessário ter a saúde para ter uma de vida mais ativa,

evitando perdas de papeis ocupacionais. A preocupação está descrita na frase relatada por

Arara e Sabiá:

“Eu queria ter mais saúde, porque dinheiro para gente é quase

tudo em nossa vida, porque a gente ainda corre atrás dele, mas saúde

se não tiver boa à gente sofre muito” (ARARA).

“A doença atrapalha sim, pois depois que a gente tem doença

nunca mais é a mesma coisa, tem que mudar a alimentação e sempre

tomar o remédio se esquecer um dia já sente mal” (SABIÁ).

Podemos observar, no relato de Corrupião, que por mais que a doença afete a

qualidade de vida, ele sente a importância de estar vivo.

“Atrapalha, mas mesmo assim me sinto satisfeito porque para

mim o importante é estar vivo, apesar de ter várias complicações e

cânceres, mas consigo ter uma vida dentro do possível”.

(CORRUPIÃO).

Bem-estar na velhice, ou saúde, num sentido amplo, seria o resultado do equilíbrio

entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente significar

ausência de problemas em todas as dimensões.

A nova mentalidade que está se tendo por velhice é que se trata de uma fase de

desenvolvimento e não exclusivamente de incapacidades. Os fatores como independência

física e cognitiva contribuem para o envelhecimento bem sucedido com a preservação da

saúde.

De acordo com Skiner e Vaughan (1985, apud NÉRI, 1993), o padrão de

comportamento do indivíduo tem implicações sobre quanto ele irá se adaptar ao

envelhecimento. Dentro dos limites que o envelhecimento fisiológico impõe, as pessoas agem

e pensam como jovens ou como velhos, assim indivíduos que tenham condições de se adaptar

a novas transformações que o envelhecimento impõe provavelmente mais condições de serem

bem sucedidos ao envelhecer.

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O bem-estar físico nos idosos é o que faz com que eles tenham a vontade de

participação em grupos e a autonomia de escolhê-lo. Em uma pesquisa realizada na Bahia foi

confirmado que a importância da saúde na vida dos idosos faz a diferença na vida social deles

(SENA, 2003).

O estilo de vida saudável envolvendo práticas recreativas e desportivas, conforme a

capacidade de cada um, hábitos alimentares adequados trazem o bem estar físico e emocional

otimizando a saúde integral na melhor qualidade de vida, e a compreensão de que as

alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento não representam a regressão da saúde

(SENA, 2003).

Os participantes do PAI compreendem que a presença de doenças é um acontecimento

normal, diferenciando como agem a respeito disto, realizando acompanhamento médico e em

tratamento corretamente trazendo a eles uma autonomia e um bem-estar físico.

Néri (2000 apud SENNA, 2003) diz que há uma forte relação entre saúde, senso de

bem estar, crença de auto-eficiência e capacidade do indivíduo de atuar sobre o ambiente e si

próprio. A promoção à saúde realizada para esta população tem uma contribuição efetiva para

saúde e bem-estar na velhice, fortalecendo a qualidade de vida.

Com relação à resposta dos sujeitos de pesquisa relacionado a itens Conforto

material na escala de Flanagan, referente à casa, alimentação e situação financeira, sete

sujeitos (46,60%) relatam estar satisfeitos e cinco (33,4%) muito satisfeitos e três (20 %)

pouco satisfeitos, conforme já apresentado na figura 3.

Os fatores que influenciam na qualidade de vida das pessoas relacionados com a

alimentação estão totalmente vinculados à idade, crenças, culturas, estado de integração

social, grau de mobilidade física, situação econômica e o estado de saúde.

Na fase idosa, surgem as mudanças fisiológicas importantes que alteram nas

necessidades de alguns nutrientes. As calorias são fornecidas de acordo com seu grau de

satisfação e necessidades, sendo avaliado o tamanho e a composição do organismo e a

realização de atividades físicas, a junção positiva destes fatores levam a um bom suporte de

saúde. O estímulo à atividade física favorece o indivíduo a ter melhora significativa em seu

bem estar, principalmente para sua saúde, evitando inúmeras patologias, e hábitos irregulares

de saúde. (NETTO, 1999).

Na fala de Sabiá e Calopsita, observamos que a alimentação é uma forma considerada

por eles como qualidade de vida:

“Ter uma alimentação natural e adequada evitando doenças,

pois hoje existe muita doença é diferente da minha infância onde nos

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plantávamos e comia alimentos sem agrotóxicos e não existiam

enlatados.” (SÁBIA).

“Qualidade de vida é ter boa alimentação”. (CALOPSITA).

As expressões sobre o conforto material e financeiros ficam expressos nas falas de

Azulão, Periquito e Calopsita:

“É a pessoa possa ter uma remuneração condizente que possa

viver sem pedir auxilio a parentes, por exemplo, um idoso aposentado

que receba um salário mínimo de fome que tenha para comprar um

remédio e que não precise andar a semana toda para adquirir um

remédio que não tem condições de comprar, que ganhe o suficiente

para vestir, passear, alimentar e comprar seu remédio”. (AZULÃO).

“É ter moradia própria e criar bem os filhos, para morar e

trabalhar”. (PERIQUITO).

“... ter bom salário, muitos não tem dinheiro para comprar

remédio tendo que mendigar no posto e não ter que deixar de tomar.”

(CALOPSITA).

Os fatores socioeconômicos têm forte influência na qualidade de vida da população,

pois a solução econômica oferece suporte material para o bem estar do individuo (VERAS &

ALVES, 1993, apud DIOGO, 2006). Na figura 04 apresentaremos a situação empregatícia dos

sujeitos de pesquisa.

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37

53%

7%

33%

7%

Aposentado costureira do lar comerciante

Figura 4 - Situação empregatícia dos Sujeitos de pesquisa do Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008. Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

A figura 4 demonstra que uma parte dos sujeitos da pesquisas são aposentados 8

(53%), assim muitas vezes tem o tempo livre, por isso é importante que ocupem seu tempo

com atividades gratificantes como participações em grupos. Devido à aposentadoria ser pouca

para o mês, muitos relatavam que gostariam de viajar mais, porém não podem devido à

condição financeira ou ao fato de o companheiro não gostar de sair.

A aposentadoria é, para muitos, um dos fatores que contribui para as perdas sociais e

dos papéis exercidos na sociedade, visto que o trabalho, geralmente, possui grande relevância

na vida do indivíduo. Segundo Tavares, Néri e Cupertino (2004 apud BATTINI et al., 2006,

p. 456) “a perda do papel e a concomitante perda da identidade geram estresse, ansiedade e

predisposição à depressão”. Esses mesmos autores afirmam que a partir da diminuição do

status social e da modificação dos papéis sociais exercidos, restam somente duas saídas para o

indivíduo: o isolamento ou a busca de novos papéis no meio familiar. São novas

contingências de vida sobre as quais o indivíduo precisará operar de forma a adquirir outros

repertórios pessoais, caso contrário poderá deixar de interagir com pessoas que lhe eram

próximas e importantes.

É provável que seu mundo tenha ficado mais reduzido, que seus interlocutores tenham

se afastado, criando, assim, o ambiente ideal para o isolamento social. Dessa forma, alguns

indivíduos se aposentam sem encontrar dificuldades de adaptação, enquanto outros

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necessitam de um maior esforço para se ajustarem a essa nova fase da vida. (TAVARES,

NERI e CUPERTINO, 2004 apud BATTINI et al., 2006).

6.1.2 Relações Interpessoais

Com relação à resposta dos sujeitos de pesquisa relacionada a itens relações

interpessoais na escala de Flanagan, avalia-se o relacionamento com amigos próximos,

relacionamento com irmãos, filhos, e outros parentes. Seis respondentes relatam estar

muito satisfeito e 8 (oito) satisfeito e 1(um) pouco satisfeito, conforme mostra a figura 5.

1

87

6

8

0123456789

amigo próximos relacionamentocom familiares

poucosatisfeito

satisfeito

muito satisfeito

Figura 5 - Nível de resposta relacionado às Relações Interpessoais, conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008 Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

Todos relataram ter contato com outros parentes e mantêm uma boa relação entre eles

e os familiares inclusive apesar das distancia de alguns, e nota-se a importância que tem a

presença destes parentes em sua vida na fala de Bem te vi:

“Meus irmãos são tudo na minha vida, porque nos fomos

criados todos juntos, nunca briguei com eles. Os parentes que moram

longe, às vezes eu visito”. (BEM TE VI).

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Em relação ao estado civil, conforme figura 6, verificou-se que a maioria dos

entrevistados são casados 8 (53%), solteiro apenas 1 (7%) e 1 (7%) separado, 5 (33%) viúvos,

porém 3(três) destes viúvos atualmente vivem com companheiros. Em nossa pesquisa

predominou o estado civil de casados, em dois casos, participavam do grupo o casal.

Sobre a companhia de habitação do sujeito da pesquisa, 10 (67%) moram com

esposa/esposo ou com companheiros, 3 (20%) dos entrevistados moram com familiares como

filhas, netas e outros, somente 2 (13%) moram sozinhos.

Na figura 6, é avaliada pelos sujeitos da pesquisa o grau de satisfação em relação à

constituição familiar e relacionamento com esposo ou esposa, em que 5 (cinco) se

consideram muito satisfeitos.

A família ainda é espaço privilegiado para garantia da sobrevivência, do

desenvolvimento e da proteção integral aos membros que a compõem entre eles os idosos,

independentemente da forma como se estrutura a mesma. (DIOGO et al., 2006).

11 1 1

5

3

9

5

0123456789

10

constituir familia relacionamentoesposo(a)

muitoinsatisfeito

indiferente

poucosatisfeito

satisfeito

muitosatisfeito

Figura 6 - Nível de resposta relacionado Constituição Familiar e Relações em esposo (a), conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008. Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

A família é fonte primária de suporte social informal onde se almeja uma atmosfera

afetiva em comum, de aquisição, competência e de interação com os membros. (PELZER &

FERNANDES, 1997, apud DIOGO et al., 2006). Através da família, temos a nossa primeira

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forma de socialização com a sociedade aprendendo valores, educação. Ela está envolvida

diretamente na criação de estilos de vidas para os seus membros, além de cuidados,

desenvolve ações educacionais a fim de oferecer saúde a seus membros.

Para Cianciarulho (2002 apud Diogo et al., 2006), a família é uma formação humana

universal não tendo sido ainda descoberta outra formação capaz de substituí-la. Ao falar sobre

esse tema, muitas emoções, pensamentos, lembranças, e expectativas, por vezes

contraditórias, e quase sempre intensas, afloram em nossa mente. Cada pessoa tem e terá ao

longo da existência, várias famílias (a dos seus ancestrais, sua infância, adolescência, sua vida

adulta e sua velhice) assumindo características peculiares em cada fase, mas mantendo a

função primordial, a de preservar sua integridade física e emocional de seus membros e do

próprio grupo, propiciando seu desenvolvimento.

Portanto, a família é um ponto de referência durante todas as fases da vida. Alguns

tipos de famílias por terem várias gerações morando juntos tende a proteger e honrar seu

idoso principalmente quando tem o papel de chefe da casa tendo a autonomia e

reconhecimento. (NÉRI, 1993). Este tipo de família é forma atual onde muitas vezes a

aposentadoria dos idosos serve para a sobrevivência da família.

Em nossas entrevistas com participantes, constata-se que a maioria tem o papel como

chefe da casa e conselheiros; esses mesmos participantes sentem orgulho de suas criações e

como está a situação da família atual, como é relatado por Azulão:

“Tenho uma dádiva de Deus tenho uma benção os meus filhos

por nada e todo momento estão aqui”. (AZULÃO).

Alguns se sentem insatisfeitos por não participaram da criação quando filhos

pequenos, e insatisfeita por não conseguir realizar os sonhos dos filhos e ter que trabalhar para

sustentar a família, como relata Arara:

“Não, eu acho que não eduquei direito eles, meu filho queria

ser jogador de futebol, não pude ajudar ele a realizar esse sonho

desde criança porque nós éramos muito pobres na época. Eu tinha os

três filhos pequenos, por isso, era difícil trabalhar fora. Depois que

eles começaram a ir pra escola eu comecei a trabalhar fora, porque a

situação era e é difícil ainda”. (ARARA).

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Os participantes enfatizaram a importância da família e a felicidade com a mesma como uma

forma de qualidade de vida, como relatada na fala de Tico-tico:

“Ter família (ser feliz com ela), família unida”. (TICO -

TICO).

“Boa vivência, entender os filhos, maridos e vizinhos, aceitar

as idéias, eu entender eles e eles me entenderem estar bem consigo

mesmo que estará tudo bom.” (ANDORINHA).

A compreensão, respeito entre os familiares é uma forma que os participantes acham

que seja uma forma de qualidade de vida como citado pela Andorinha.

O relacionamento interpessoal com amigos de acordo com Almeida apud João ao

procurarem o grupo os idosos, buscam mais uma acolhida afetiva com o encontro de pessoas

e construção de novas amizades do que propriamente a solução de suas dificuldades

cotidianas.

O vínculo é um ingrediente fundamental na relação dos idosos que freqüentam o

mesmo grupo. Para Borini (2001 apud JOÃO, 2005), o acolhimento, afeto, a camaradagem e a

amizade, são manifestações encontradas a partir da participação no grupo e este vínculo

estabelece a formação de uma rede de ajuda entre os próprios participantes, como se fosse

uma família.

O vínculo com amigos é uma forma do idoso se integrar com outras pessoas, fazendo

assim aumentar sua rede de amizades, compartilhando experiências. As pessoas neste grupo já

criaram uma rede de ajuda, pois todos tentam ajudar de alguma maneira uns aos outros. Pelo

fato de grupo já existir há um bom tempo alguns participantes estão desde o início, então, já

tem alguns vínculos afetivos.

O grupo, nesta fase da vida, como um sentido para a vida, estabelece uma rotina com a

participação em atividades diversificadas e com encontro de amigos. O envolvimento no

grupo devolve expectativas, perspectivas, plano e objetivos para futuro. (GUARIDO, 1998

apud JOÃO, 2005).

6.1.3 Autonomia e Independência

Nesta categoria identificamos os fatores que interferem na qualidade de vida, apontado

como falta de autonomia e independência.

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Com relação à participação a resposta dos sujeitos de pesquisa relacionada a itens foi:

Participação voluntária: seis (6) muito satisfeito, oito (8) satisfeito e um (1) pouco

satisfeito;

Participação em associação: seis (6) muito satisfeito, seis (6) satisfeito, dois (2)

pouco satisfeito;

Participação em recreação ativa: dois (2) muito satisfeito, oito (8) satisfeito, dois (2)

pouco satisfeito, três (3) indiferente conforme demonstra a figura N0 07.

1

8

6

2

6 6

3

2

8

2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Participaçaovoluntaria

Participaçao emassociaçao

participaçãorecreaçao ativa

pouco satisfeito indiferente pouco satisfeito satisfeito muito satisfeito

Figura 7 - Satisfação dos participantes em relacionada às atividades sociais, comunitárias, recreação e cívica conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008 Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

Alguns valores como o trabalho, a autonomia e a independência são extremamente

importantes para as pessoas idosas e ajudam a moldar a identidade e a história de vida.

(DORFMAN, 2004 apud RIBEIRO e SCHUTZ, 2007).

Segundo Lemon & Medeiros (apud DIOGO et al., 2006), entende-se por autonomia a

capacidade de decisão e auto gestão, associada às contatos de liberdade individual

privacidade, livre escolha, independência moral, tendo o comando sobre suas ações e suas

regras, ou seja, a autonomia que alcançados quando adulto devemos manter na velhice.

Dentre muitas causas ou conseqüências sociais que podem interferir na independência

e autonomia da pessoa longeva, podemos citar: aposentadoria antecipada, que em muitos

casos torna a pessoa restrita a este financiamento sem motivação para continuar trabalhando; a

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43

marginalização social, quando a sociedade e a família, ao assumir os diversos papéis sociais

significativos do idoso, eles deixam de acreditar na sua potencialidade; possíveis problemas

de saúde que geram incapacidades físicas; o isolamento e a ociosidade, por conta do próprio

estigma da velhice, gerando incapacidade mental no idoso, impedindo-o de continuar ativo na

comunidade. (SENNA et al., 2003).

As sociedades ocidentais tendem a desvalorizar a interdependência entre as pessoas,

que passa a ser vista como um sinal de incompetência e fraqueza. (SENNA et al., 2003).

A qualidade de vida deverá ser estimulada pelo decorrer de sua vida, passando por sua

infância, adolescência, fase adulta, desenvolvendo suas atividades rotineiras, sendo que fica

mais reduzida com o passar dos anos, pois na velhice diminui a agilidade, podendo ser

estimuladas sempre que possível para a melhora de sua autonomia.

Na Gerontologia, a principal meta no cuidado é a manutenção da independência e da

autonomia. (NÉRI, 1993).

Paschoal (1996 apud DIOGO et al., 2006) define independência funcional como

capacidade de realizar algo com os próprios meios, a independência necessita de condições

motoras e cognitivas satisfatório para o desempenho dessas tarefas.

A sociedade interfere de maneira autoritária na liberdade do idoso, subestimando a

capacidade intelectual confundindo limitações físicas que apresentam através de doenças

crônica ou degenerativa com o poder de decisões. Isto faz com que os idosos deixem que

outros tomem decisões por eles; os familiares, esquecendo de sua experiência e sabedoria, não

valorizam este idoso.

Muitas vezes, isto os incomoda, deixando-os pouco satisfeitos com o envelhecimento,

como relata Bem te vi, na sua fala.

“Estou pouco satisfeita com envelhecimento porque eles

(familiares) não me deixam sair, se eu quiser ir ao algum lugar eles

não me deixam ir sozinha, eles dizem que tem medo que vou cair, isso

me incomoda”. (BEM TE VI)

Porém, não aceitam com facilidade esta dependência que o familiar impõe, como

também explicitado na fala de Bem te vi:

“Meus filhos não querem que eu vá a nenhum lugar, é um

trabalho, eu disse para eles que não vão me prender”. (BEM TE VI).

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Conforme Gonçalves (1992 apud CONRADI e PEREIRA, 2005), a busca do bem-

estar e de um envelhecimento bem sucedido e saudável dependerá: de início, do próprio

individuo, já que esta parcela individual demandará engajamento, desenvolvimento e

aperfeiçoamento pessoal; depois, da sociedade, cujo dever é propiciar espaços onde resida o

cuidado pelo outro, sem super proteção ou subestimação, procurando promover laços sócio-

afetivos capazes de reintegrá-lo ou mantê-lo nos grupos sociais, entre os quais se destaca a

família.

Envelhecer sem incapacidades e preservar a autonomia são fatores importante para

manutenção da boa qualidade de vida, portanto cabe ao profissional da saúde oferecer as

possibilidades de recuperação e prevenção de incapacidades. O direito à liberdade de ir e vir é

de todos; é o exercício da cidadania respeitando a autonomia das pessoas com a liberdade de

escolha nas suas decisões. Essas atitudes fazem com que o idoso tenha uma satisfação na vida

sendo uns dos fatores que pode fazer com que ele tenha a qualidade de vida.

A autonomia é alcançada por alguns dos sujeitos da pesquisa, pois participa de vários

grupos de idosos, isso faz com que possa ter feito sua escolha de participar. Através da

autonomia que a família deixa ter, ou seja, o poder de autogovernar a sua vida. Isto é

explicitado na fala de Andorinha, quando relata sobre suas participações em grupos e outras

associações:

“Sou zeladora da pastoral da igreja, sou tesoureira da

pastoral da oração, coordenadora do loteamento em relação às

novenas de natal, páscoa,...” (ANDORINHA).

Alguns participantes do grupo mantêm esta condição de autonomia, não desistindo de

fazer outras atividades de responsabilidade na comunidade em que vive, além do grupo de

idoso, tendo liberdade de escolher o que é melhor para si.

6.1.4 Participação social

Com relação aos itens da escala de FLanagan - Participação em recreação ativa,

ouvir musica, assistir televisão ou cinema, leitura ou outros entretenimentos e

socialização (fazer amigos). Os sujeitos de pesquisa relatam que as atividades recreativas em

casa estão mais relacionadas a assistir à televisão ou leitura, já as atividades socialização e

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lazer são mais restritas, porque em função da idade, algumas famílias não gostam que eles

saiam sozinhos. Os dados são apresentados na figura 8.

2

3

7

66 6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

socialização tv, cinema, leitura

pouco satisfeito indiferente pouco satisfeitosatisfeitomuito satisfeito

Figura 8 - Satisfação dos participantes em relação à socialização e atividades de lazer conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008 Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

Para as pessoas envelhecerem com saúde, deve-se buscar certas atitudes trazendo

estilos de vida saudáveis e ativos. A palavra de ordem para Políticas Públicas de Saúde para a

população idosa é oferecer um envelhecimento ativo, sendo um processo de oportunizar ao

idoso saúde, participação e segurança, chegando ao objetivo da oferecer a “Qualidade de

Vida”. O termo ativo refere-se à participação do indivíduo nas questões sociais, econômicas,

espirituais e civis (DUARTE, 2008).

Segundo Néri (1993), doenças, perdas de papeis ocupacionais e perdas afetivas têm

maior probabilidade de ocorrência para idosos do que adultos jovens, que pode ocasionar

diferentes graus de ansiedade, dependendo da historia pessoal da disponibilidade de suporte

afetivo do nível social e dos valores de cada um. Portanto a velhice satisfatória é largamente

medida pela subjetividade e de um dado sociocultural de cada um.

Restringir a participação do idoso podem de fato interferir em seu envolvimento com

outros idosos, a certas atividades de lazer direcionadas as suas habilidades em virtude da

idade, podendo limitar a participação e a satisfação na vida. (CUTER & HENDRICKS apud

NERI, 1993).

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Entendemos que a interação social é uma necessidade do homem, pois este, como um

ser social, não consegue viver sozinho, nem ser auto-suficiente. Desde a era mais primitiva, o

homem sempre apresentou necessidade de companhia, com certo grau de dependência de

outrem, seja para garantir sua sobrevivência ou para compartilhar suas tristezas e alegrias.

(DEBERT, 1996 apud SENNA et al., 2003).

O conteúdo social do lazer revela-se extremamente importante nessa época da vida,

porque os idosos sentem-se solitários com o decorrer do tempo, pois sofrem determinadas

perdas e sentem o preconceito da sociedade. Esse interesse refere-se aos relacionamentos e

convívios sociais e a participação dos idosos em vivências que o priorizem, incentivam os

relacionamentos, reforçam os laços de amizades, melhora a auto-estima, afetividade e bem-

estar. A roda de conversa, visitas feitas ou recebidas, os lúdicos dos jogos e das brincadeiras

são exemplos de atividades que contemplam o referido conteúdo. O conteúdo artístico

também exerce grande influência na vida das pessoas, mas ao considerar este conteúdo se faz

necessário entender que a arte não está presente só em museus, cinemas, teatros, artes

plásticas, há também arte na cultura popular, nas tradições folclóricas, na literatura de cordel,

assim como dentro de nós. (MELO, 1999 apud REIS e SOARES, 2008).

Os idosos parecem selecionar aquelas pessoas com as quais eles podem contar e buscar

apoio, aquelas com quem podem manter relações mais confiáveis. Apesar de sua carência

afetiva, parecem não distribuir afeição, ou ligar-se às pessoas de forma indiscriminada. A

seletividade afetiva, na velhice, é muito mais acentuada que em qualquer outra fase do

desenvolvimento humano, o que contribui para a formação do estigma da velhice. Isto é, por

ser mais seletivo, o idoso muitas vezes é visto como uma pessoa ranzinza, fechada, o que

afasta outras pessoas de seu convívio. Contudo, a seletividade afetiva do idoso não impede a

interação social. (SENNA et al., 2003).

Uma das proposições do PAI é de oferecer atividades variadas estimuladoras de

interação social.

Os participantes do grupo participam de atividades sociais e cívicas e demonstram

satisfeitos ou muito satisfeitos com tais atividades, sendo que 8 (oito) participam de

atividades voluntárias e de recreação ativa e 6(seis) sentem-se muito satisfeitos por

participarem de atividades voluntárias e de recreação ativa e de associação. Com relação aos

itens segundo a escala de Flanagan - Participação em recreação ativa, ouvir musica, assistir

TV ou cinema, leitura ou outros entretenimentos e socialização (fazer amigos) -, os sujeitos de

pesquisa relatam que as atividades recreativas em casa estão mais relacionadas à televisão,

rádio, leitura, trabalhos manuais, já as atividades de socialização e lazer restringem-se a

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participações em grupos religiosos como apostolado, novenas, missa, grupo de idosos

relacionado à educação e saúde e também outras atividades de lazer como danças, jogos e

viagens.

Os sujeitos desta pesquisa relatam estar satisfeitos de participar de grupos de idosos,

alguns estão satisfeitos por participar de somente um grupo, outros participam de outros

grupos da cidade como mostra na fala de Papagaio e Tucano:

“Só o da igreja, fora a CIABS. O da CIABS eu me sinto feliz

com esse” (PAPAGAIO).

“Eu participo de um que estou há 6 anos, o outro que vai para

3 anos nesse ano, outro que vai para 4 anos também nesse ano, e

outro que começa na semana que vem, são 4 grupos que eu participo

no total. Todos são grupos da terceira idade, mas todos eles são

diferentes, cada um tem um jeito de trabalhar, seja de religião, de

saúde e os outros dois são de divertimento. Todos eles são à tarde.”

(TUCANO).

Entre os participantes da pesquisa identificamos que alguns têm hábito da leitura como uma

forma de entretenimento, como vimos na fala de Saíra de 7 cores e Tia chica:

“... escrever e ler eu gosto... o que eu sei aprendi por mim

mesmo, tem letras que eu entendo mas não sei diferenciar... eu acho

que a leitura é um exercício, ela ajuda a mente.”(SAÍRA DE 7

CORES).

“Sim, me sinto satisfeita, porque procuro escrever, ler, fazer

alguma coisa entende, nunca relaxei tenho só o nível primário...

sempre aprendo coisas novas, até o próprio grupo de idoso, porque se

eu fosse nova, eu iria estudar...” (TIA CHICA).

Mesmo que alguns idosos tenham dificuldades de ler e escrever, como visto, eles se

esforçam para aprender, colocando como um exercício importante para mente é uma forma de

entretenimento e autoconhecimento.

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A religião, para muitas pessoas, é o mais importante quadro de referência pessoal. Isso

parece ser especialmente verdade para adultos na segunda metade de suas vidas. Como

demonstra a frase de Periquito:

“É ter fé, se entregar a Deus, em primeiro lugar é estar em

paz...”. (PERIQUITO).

As atitudes religiosas podem vir a ser percebida com ocupando lugar mais central na

vida de uma pessoa mais velha , quando outras atitudes e envolvimento são diminuídos devido

à aposentadoria, viuvez, ou termino de responsabilidades e papéis ocupacionais. (NERI,

1993).

A qualidade de vida tem como referência citada por eles, a religião, deixando claro

para todos que sem a fé não se consegue nada na vida. Os idosos têm uma relação com Deus,

que os ajudam a lidar com a vida e apóiam em ocasiões difíceis buscando apoio e força.

Embora os idosos apresentem busca de saúde com profissionais para manter a mesma,

eles procuram melhorar a sua relação com Deus, como forma de aumentar suas chances de

envelhecer bem, com senso de integridade e auto realização. (NERI, 1993).

A religião preenche um espaço vago deixado por outras atividades e outros papéis,

pode ser utilizada por uma população inserida numa cultura que valoriza a expressão

religiosa.

Em nossas entrevistas alguns sujeitos participam de grupos religiosos com uma forma

de distração também, ajudando na relação social entre essas pessoas, e também a leitura de

materiais religiosos é uma forma de praticar a fé, como demonstra a frase de Andorinha:

“Eu leio bastante da igreja, todo dia faço minhas leituras, vou

descansar na rede eu leio livro de igreja”. (ANDORINHA).

Foi evidenciado que os sujeitos da pesquisa apresentam uma fé: participar da igreja

como participantes do grupo de apostolados, novenas ou até somente participação na missa e

nas campanhas realizadas pela igreja.

A religião também tem grande influência na vivência dos momentos de lazer, porque

está relacionada ao tempo que ocupa na vida dos idosos e devido à própria natureza das

diferentes religiões, que encaminham e estimulam diferenciadas formas permitidas de

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"diversão". Devem-se considerar também as complicações relacionadas à saúde (MELO,

2003 apud REIS & SOARES, 2008).

6.1.5 Desenvolvimento e Satisfação Pessoal

Segundo a escala de Flanagan - freqüenta cursos, limites e potenciais, trabalho que

gratifique, comunicação criativa - os sujeitos de pesquisa relatam que as aprendizagem,

limites e potenciais, atividade que gratifique, comunicação criativa, os participantes da

pesquisa reconhecem seus limites, as atividades que gratifique são ligadas no domicílio como

mexer no jardim, comunicação criativa nem todos tem como bordado, pintura, crochê e etc,

tendo alguns participantes dificuldades para o aprendizado alguns participantes. A figura 9

demonstra a satisfação dos participantes em relação ao desenvolvimento pessoal.

1

6

4

2

9

1 1 1

9

4

2

5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

frequentacursos

limites epotenciais

trabalho quegratifique

comunicaçãocriativa

insatisfeito pouco satisfeito indiferente pouco satisfeito satisfeito

Figura 9 - Satisfação dos participantes em relação ao desenvolvimento pessoal conforme Escala de Flanagan, Grupo Autonomia do Idoso, CIABS, 2008 Fonte: Dados da entrevista (abr. 2008)

Há necessidade de uma nova experiência do envelhecer, na qual as pessoas tenham

contato com o novo, desempenhem atividades, aprendam coisas diferentes, mantenham

papeis sociais e se integrem em contexto social que lhes sejam significativos de modo a

manterem o sentido da vida (OKUMA apud DIOGO et al., 2006).

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O ingresso no período do envelhecimento vem acompanhado por um imenso tempo

livre, sendo o direito ao tempo livre uma conquista, tão almejada durante toda a vida, ela

termina não sendo valorizada pelo idoso, que está acostumado a um ritmo de vida ativo,

objetivando a produção, que ocupa a maior parte seu tempo. Essa situação é subsidiada pelo

contexto social vivido, o da sociedade capitalista, que considera o idoso um ser incapacitado e

improdutivo, excluindo - o, já que ela valoriza o lucro, preferindo, portanto o sujeito

participativo e ativo. Debert (1992 apud SENNA, 2003) ressalta que a sociedade moderna não

prevê um papel específico ou uma atividade para os velhos, abandona-os a uma existência

sem significado.

A aposentadoria vem acompanhada de desvalorização social, tornando-se um período

indesejável, carregado de preocupação, sendo mal aproveitado. Veras (1999 apud DIOGO et

al., 2006) adverte que "a aposentadoria tem sido o selo da velhice e da inutilidade social", pois

a sociedade educa os indivíduos, principalmente, para preencherem o tempo de trabalho e não

levam em consideração as vivências adquiridas durante o tempo de não trabalho.

Muitas vezes, os idosos não acham nada que o satisfaça, ou não podem fazer, pois o

esposo não gosta de sair ou ainda não tem um salário para sua independência.

A insatisfação no seu desenvolvimento pessoal fica claro na fala de Calopsita:

Eu gostaria de sair mais, queria ter um salário meu, não tenho

salário...

A concepção da sociedade ocidental acerca do processo de envelhecimento enquanto

fenômeno da vida humana não favorece uma velhice humanizada, pois é vista somente pela

condição de capacidade da pessoa. É importante ressaltar que essa concepção pode estar

construindo o imaginário social do idoso, que passa a assumir o papel que lhe é imposto. Sem

oportunidades, rapidamente atrofia as suas capacidades que vinha desempenhando na vida

adulta, tornando-se de fato um ser limitado. O novo paradigma que valoriza a atenção

humanizada ao idoso vem sendo implementado a partir da instituição da Política Nacional do

Idoso, que no seu art. 1º diz ter por objetivo: "... assegurar os direitos sociais do idoso, criando

condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade"

(SENA et al., 2003, p. 11).

Na fala de Canário, observamos a satisfação que o mesmo tem pela vida, pois tem seu

desenvolvimento pessoal e realiza atividades que gratificam sua vida, sendo que o mesmo

relata que uma forma de comunicação criativa seria tocar violão.

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“Sinto-me bem. A minha vida é mansa, estou muito satisfeito.

Porque quando eu quero passear eu passeio, tenho meus trocadinhos,

para poder passear, tenho meu carrinho, tenho minha casinha

arrumadinha”. (CANARIO).

Segundo Néri (1993), a velhice pode ser favorecida por oportunidades educacionais,

criação de ambientes favoráveis, a freqüência às atividades de lazer, o desenvolvimento de

novas habilidades artísticas e intelectuais, a religiosidade e as atividades físicas entre outras.

Na fala de Tia Chica e Arara, vimos que as habilidades artísticas são atividades que

gratificam e as deixa satisfeitas:

“Eu bordo ponto cruz, eu faço tapeçaria, é um prazer que

tenho em fazer isso. Vale a pena porque não posso ficar sem fazer

isso. Estou muito muito muito satisfeita pois digo, não quero que falte

minha mão”. (TIA CHICA).

“Faço bordado a mão, crochê, costura, e crivo”. (ARARA).

Estas oportunidades de desenvolvimento de habilidades trazem a satisfação pessoal e

a auto-estima da pessoa muitas vezes perdida quando se aposentam.

O grupo PAI representa um espaço aberto à sensibilização da comunidade, representa

uma oportunidade para que idosos possam receber apoio, motivação, auto-estima e

reconhecimento de seus direitos e deveres para reinserirem-se na sociedade como pessoas

atuantes e participativas e para reassumirem seus papéis sociais, os quais desempenhavam em

idades anteriores. Portanto, O PAI oferece aos seus integrantes/estudantes não só a

oportunidade de aprender, mas de conhecer novas pessoas e promover a integração social,

aprendendo novos comportamentos e rompendo com o estigma social da velhice.

O desenvolvimento e satisfação pessoal podem ser estimulados como uma atividade de

lazer que o idoso tenha como gratificante para si, a participação em grupo é uma forma de

desenvolver e ter satisfação em sua vida, a partir do momento que a participação em grupos é

importante para ele, já se torna uma satisfação em participar.

O lazer é o conjunto de ocupações as quais o indivíduo pode entregar-se de livre

vontade seja para repousar, seja para se divertir, recrear-se, e entreter-se, ou ainda, para sua

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informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou livre capacidade

criadora após se livrar ou desembaraçar das obrigações profissionais, familiares e sociais,

reunindo as funções do lazer: descanso, divertimento, recreação e entretenimento e

desenvolvimento pessoal.

O grupo PAI pode ser classificado como atividade de lazer, entretenimento, educação,

conhecimentos gerais relacionados à sua idade, debates, é um espaço também para a

realização de atividades de recreação como jogos e integração com outros participantes,

deixando-os mais satisfeitos com a vida.

O lazer e amizade são formas de qualidade de vida e estimulo para desenvolvimento de

suas satisfações que os participantes da pesquisa nos relataram como mostrado na fala de

Tucano:

“Amizade, saúde e viver bem (aproveitar a vida conforme

estamos vivendo aqui). Preciso ter todos os dias de comida, diversão

para satisfazer a vida (jogos)”. (TUCANO).

Os idosos que participam de grupos sentem-se gratificados pela aprendizagem e

oportunidade de acesso às informações, e mencionam a validade disso para sua saúde e vida.

O aprendizado não se restringe somente ao aspecto da informação e prevenção, mas inclui

uma dimensão mais ampla, a da experiência do outro, da vivência de partilhar historias de

vida e, nessa troca promover um crescimento pessoal. (ALMEIDA & ASSIS apud JOÃO,

2005).

Os relatos dos idosos demonstraram que participar das atividades do PAI levanta sua

auto-estima, melhorando o interesse pela interação social e desempenho dos afazeres

cotidianos. A partir da participação deles no grupo Autonomia do Idoso, passaram a se sentir

mais ativos e com mais entusiasmo para a vida.

Alguns autores afirmam que, entre os idosos, o sentimento de ser útil é essencial para a

visão positiva de si mesmo é um meio de realização e valorização pessoal e social do

indivíduo. (BULLA, 2004 apud RIBEIRO & SCHUTZ, 2007).

É preciso considerar também a existência de outras barreiras para a prática do lazer. Os

bens e serviços de lazer não são acessíveis a todos os idosos. "Existem barreiras inter e

intraclasses sociais, formando um todo inibidor que dificulta o acesso ao lazer não só

quantitativamente, mas, sobretudo qualitativamente". (MARCELLINO, 1996 apud REIS e

SOARES).

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Porém, os limites físicos dos participantes não impedem de participar de atividades de

lazer, mesmos com limitações participam, porém todos conhecem os seus limites por isso

respeitam.

O valor socialmente reconhecido do trabalho garante a ele um lugar de destaque na

vida do ser humano. Ele aparece como aquilo que foi uma das principais habilidades que, pela

diminuição das capacidades físicas e conseqüente lentidão na execução das atividades diárias,

coloca o idoso num segundo plano quanto à vida social. (VELOZ, 1999 apud RIBEIRO e

SCHUTZ, 2007).

Vimos a satisfação das pessoas em participar de grupos em atividades que gostam.

Observamos tal participação na fala de Tia Chica e Tico – tico:

“Sim participo da CIABS e um em Biguaçu, estou satisfeita porque

faço amizades com todo mundo, e o outro grupo de idosos também”.

(TIA CHICA).

“Freqüento a CIABS e outro grupo de idosos do bairro, gosto muito

dos dois grupos”. (TICO-TICO).

Em alguns entrevistados, observamos a vontade de passear mais ou ate viajar, porém o

companheiro não gosta de sair muito, pois não sai para não deixar o companheiro sozinho,

como relata na frase de Pintassilgo:

“Gostar de sair eu gosto, mais ele não gosta de fazer nada

deixar sozinho não vou, ai tenho que ficar, mas eu adoro sair,

conversar” (PINTASSILGO).

Outras barreiras para viagens ou passeios são a falta de recursos financeiros. Muitos

não estão satisfeitos com os salários, então participam de grupos na cidade que fazem passeios

com ajuda da prefeitura de Biguaçu. A insatisfação pelo salário é explicitada na fala de

Tucano:

“Não, mas vou fazer o que?! É aquele salarinho né! Eu até tô

satisfeito, porque eles não vão me dar mais mesmo”. (TUCANO).

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As condições econômicas funcionam como um obstáculo para o lazer, uma vez que

acontece uma queda na renda dos idosos a partir do momento em que se aposentam,

principalmente para aqueles que possuem apenas a aposentadoria como recurso financeiro.

Eles vivem em dificuldades econômicas, pois os gastos com atendimento médico e remédios

consomem boa parte da renda.

Segundo Marcellino (1996 apud REIS e SOARES, 2006, p.05), “o fator econômico é

socialmente determinante desde a distribuição do tempo disponível entre as classes sociais até

as oportunidades de acesso à escola e contribui para uma apropriação desigual do lazer”.

Outro fator remete à falta de espaços específicos e equipamentos para o lazer. Parece

haver uma tendência à privatização, a qual os espaços, inclusive as áreas verdes tornaram-se

produtos do mercado: "Quem não pode pagar pelo estádio, pela piscina, pela montanha, pelo

ar puro, pela água, fica excluído do gozo destes bens que deveriam ser públicos porque são

essenciais". (MARCELLINO, 1996, apud REIS e SOARES, 2006). Atrelado a isto se

encontra a localização destes espaços, que nem sempre são de fácil acesso aos idosos, tendo

eles, muita dificuldade de locomoção, além da falta de informação em relação a esses espaços

e equipamentos de lazer.

6.2 Oficina

Realizamos a oficina do Grupo Extensão Autonomia do Idoso, no dia 25 de março,

com objetivo de realizar a devolutiva das entrevistas dos sujeitos da pesquisa, com 15

participantes do grupo, nesse dia participaram 26 idosos, dentre eles 14 foram sujeitos da

pesquisa.

A figura 10 remete à presença dos participantes na oficina. Podemos observar que

ficaram muito satisfeitos com o que foi proposto. Através das expressões e falas relativas à

satisfação que tiveram ao realizar conosco essa oficina.

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PARTICIPANTES DA OFICINA

12

14

GRUPO PAI

SUJEITOS DAPESQUISA

Figura 10 - Participantes e sujeitos de pesquisa que participaram Oficina de Qualidade de Vida Fonte: lista de freqüência da oficina

Dos 26 participantes da oficina, 14 são participantes do PAI e foram os sujeitos de

pesquisa. Podemos considerar 100% que participaram, pois um veio a falecer posteriormente

a entrevista e anteriormente a oficina.

Usamos como metodologia o descrito no apêndice C: desenvolvendo as atividades

baseadas nas entrevistas, nós organizamos quatro jogos. Foram confeccionados dois jogos de

memória com palavras identificadas do conceito de qualidade de vida respondidas pelos

sujeitos de pesquisa. As palavras foram: segurança, ter menos preocupações, diversão,

comunicação, ajudar o próximo, harmonia, alimentação saudável, felicidade,

compreensão, liberdade, respeito, moradia, filhos, fé, Deus, participação no grupo,

satisfação em viver, amor, atividade física, viver bem, atividade física, jardim,

aprendizagem, saúde, passear, amizades, amigos, família, paz e medo.

O terceiro jogo foi de memória, utilizamos figuras de pássaros, estas figuras

representam os codinomes escolhidos pelos sujeitos da pesquisa do TCC. Nesta dinâmica,

após o término do jogo de memória, foram entregues tarjetas com o nome dos pássaros e o

grupo teve que identificar a figura de pássaro que correspondia ao nome. No andamento do

jogo surgiram dúvidas na identificação das figuras com os nomes dos pássaros, dentre eles, a

arara e o periquito. No final da apresentação foi apresentado no datashow os pássaros (figura)

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e os nomes correspondentes. E foi também proposta a criação de um painel com os pássaros e

seus nomes para que cada um não esquecesse do pássaro escolhido.

O último jogo foi de quebra-cabeças. Eles montaram várias figuras escolhidas pelas

acadêmicas baseadas nas palavras identificadas do conceito de qualidade de vida respondidas

pelos sujeitos de pesquisa e, na seqüência, o grupo definiu em uma palavra ou frase que

demonstrasse o que significaria a determinada figura relacionando com a qualidade de vida.

Surgiram palavras diferentes das quais havíamos encontrado nas respostas das entrevistas. As

palavras e frases identificadas por eles foram: natureza, casal beijando, exercícios físicos, casa

de praia, família unida e solidariedade entre famílias, saúde, presentear, família indo para

praia.

Após o término das atividades de recreação (os jogos), cada grupo relatou o que fez e

quais foram os pássaros encontrados, e o restante, as palavras ou imagens que montaram e

seus significados.

Apresentamos em Power Point no Datashow, as frases transcritas do conceito de

qualidade de vida de cada sujeito de pesquisa. Durante esse momento quase todos se

interessaram em relembrar qual seria seu pássaro e sua resposta. Entregamos uma folha com

algumas dicas sobre qualidade de vida (apêndice D). Foi uma atividade bem interessante para

eles e principalmente para nós, acrescentamos informações ao nosso projeto de conclusão de

curso e até mesmo em nossa vida pessoal.

Foi apresentado o conceito de alguns autores sobre a qualidade de vida e alguns itens

importantes sobre sua manutenção, com a idéia de trocar com eles os conceitos científicos

comparando com os seus ditos nas entrevistas.

Durante a oficina, vimos que os idosos, nessas dinâmicas, comentaram a intenção de

mudar alguns hábitos de sua rotina, outros participantes confirmaram frases e conceitos do

tema qualidade de vida. Neste sentido, realizamos a troca de informações para uma busca da

qualidade de vida ajudando a aprimorar seus conhecimentos.

“Desse modo, a pesquisa coloca-se em compromisso com a construção de um

conhecimento novo para renovar práticas assistenciais no campo estudado.” (TRENTINI e

PAIM, 2004, p. 25).

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57

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O envelhecimento é um processo natural, iniciando com a concepção desde o

nascimento até a morte do ser humano. Mesmo sabendo que todos passarão por essas

transformações biológicas e sociais, o idoso poderá optar pelo seu envelhecimento com mais

qualidade, aproveitando os conhecimentos adquiridos na fase adulta da vida.

Nesta pesquisa, buscamos saber qual o significado de qualidade de vida para os

participantes do grupo de extensão Autonomia do Idoso – PAI. Trata-se de um tema atual,

porém, destaca-se que há variados significados para a qualidade de vida e ela sofre influência

de fatores ambientais, socioeconômicos, familiares, dentre outros.

Hoje, existem vacinas, medicações e tecnologias para qualificar a expectativa de vida

da população. As doenças que são consideradas de idosos têm tratamento medicamentoso e

também um bom acesso a informações que faz com que sua doença seja controlada e tenha

uma vida com qualidade mesmo com doença. Para as pessoas envelhecerem com saúde, elas

precisam tomar certas atitudes buscando estilos de vida mais saudável e ativo.

As questões culturais e, sobretudo, as religiosas, estão presentes entre todos os

entrevistados. A religião e a espiritualidade estão como uma forma de busca da qualidade de

vida e está mais presente nas mulheres, garantindo um sentido à vida e proporcionando um

suporte emocional para as situações conflituosas advindas com o envelhecimento.

Sentimos que, ao fazermos esse trabalho, percebemos o quão importante é desenvolver

a pesquisa com tal grupo populacional. Todos os integrantes do grupo foram bem receptivos

com as pesquisadores, e ao saberem da proposta de pesquisa, alguns demonstraram interesse e

curiosidade pelo assunto.

Esta pesquisa possibilitou a interação das pesquisadoras com os sujeitos de pesquisa

durante as visitas domiciliares para a coleta de dados. Foi possível identificar que uma

participante da pesquisa no momento da entrevista estava com necessidade de apoio

psicológico, e a partir da intervenção, a mesma começou a freqüentar o grupo de Convivência

de Saúde Mental. Este tipo de interação é previsto em pesquisas que utilizam à Metodologia

Convergente Assistencial. Outros momentos de interação ocorreram durante os encontros

semanais do grupo - PAI, onde houve participação das atividades propostas, com trocas de

energia, experiência, sabedoria e afetos.

Os relatos dos idosos demonstraram a importância da existência de projetos de

extensão promovidas pelas universidades que possibilitam a integração social e

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desenvolvimento da capacidade criativa e a cidadania. O grupo PAI proporciona um espaço

para que os participantes sintam-se mais ativos e com entusiasmo para a vida. Um fator

limitador identificado pelos integrantes deste grupo foi em função do espaço físico da CIABS,

já que o grupo definiu que o número máximo de participantes é de 35 pessoas. Existe a

obrigatoriedade de manter a freqüência em todos os encontros, faltando somente em casos

extremos e encaminhando a justificativa à coordenação do grupo. Como facilitador, previu-se

a manutenção da entrada de pessoas com idade superior a 55 anos.

Ressaltamos a importância da inserção da prática do lazer na vida dos idosos, já que o

lazer pode despertar a capacidade de estabelecer novas e significativas relações sociais assim

como possibilidades para o exercício da cidadania. Apesar de no Brasil já se ter a Política

Nacional do Idoso aprovada desde 1994, nos relatos dos participantes, observamos a falta de

espaços públicos e equipamentos públicos que não possibilitam a interação social e o lazer

desta população. A inexistência destes espaços diminui a autonomia, pois para a prática de

atividades de lazer, em boa parte dos casos, o idoso precisa pagar, sendo que as condições

financeiras de muitos participantes não permite.

Os profissionais da saúde têm um papel prioritário no apoio aos idosos, portadores de

patologias, dependentes ou independentes, com ou sem autonomia. Estes profissionais

precisam atuar no processo de reabilitação fazendo com que a assistência a esta população

seja sistematizada permitindo assim que se identifiquem os problemas dos idosos de maneira

individualizada no controle do processo do envelhecimento.

Conforme a teorista Orem (1970 apud GEORGE, 1993), devemos estabelecer medidas

de auto cuidado, atuando na prevenção, promoção e proteção da saúde do idoso, estimulando-

o para que consiga incorporar na sua vida, hábitos saudáveis, para diminuir e compensar as

limitações inerentes a idade, confortar-se com a angustia e debilidade da velhice, incluindo o

processo da morte.

Concluímos ser possível realizar pesquisas na modalidade de Pesquisa Convergente

Assistencial, pois durante todo o processo, houve uma estreita relação com a prática

assistencial, com interação das acadêmicas (pesquisadores) e participantes do Grupo PAI

(sujeitos de pesquisa), visando a intencionalidade de estabelecer uma troca entre ambos no

sentido de buscar alternativas para solucionar ou minimizar os problemas por eles apontados

durante as entrevistas. Dessa forma, buscou-se propor mudanças e introduzir inovações nos

seus hábitos de vida com vistas a melhorar a sua qualidade de vida e aplicar medidas de auto

cuidado.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome Sr(a). ________________________________________________________ O sujeito da pesquisa foi informado detalhadamente sobre o tema da pesquisa intitulada

“Qualidade de vida dos idosos do grupo autonomia da Clinica de Atenção Básica a Saúde-

CIABS”. Foi plenamente esclarecido de que ao responder as questões que compõem esta

pesquisa estar participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem com objetivo

conhecer quais são as forma de qualidade de vida que as pessoas na terceira idade conhecem e

praticam no Projeto Autonomia do Idoso que acontece na Clínica de Atenção Básica a Saúde

– CIABS, da Universidade do Vale do Itajaí. Ao aceitar a participação nesta pesquisa está

garantido que você poderá desistir a qualquer momento, inclusive sem nenhum motivo

bastando para isso informar a desistência, da maneira mais conveniente.

Foi esclarecido ainda que por ser uma participação voluntária e sem interesse

financeiro, você não terá direito a nenhuma remuneração. A participação na pesquisa não

incorrerá em riscos e prejuízos de qualquer natureza.

Os dados referentes a você serão sigilosos e privados, sendo que você poderá solicitar

informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma.

A coleta de dados para a pesquisa será desenvolvida através de depoimentos

individuais de idosos, sendo que serão gravadas, se garantido a privacidade e a confidencia

das informações e será realizada pelas acadêmicas Débora Matos Benedet e Karina Spricigo

sob a supervisão da Professora Ângela Maria Blatt Ortiga.

___________________ __________________ ________________

Débora Matos Benedet Karina Spricigo Ângela M. B. Ortiga

Tel. (48) 9628-8519 Tel. (48) 8806-0899 Tel. (48) 9102-1530

Biguaçu (SC), __________de ______________de 2007.

Assinatura (de acordo). _______________________________________

Participante do estudo

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

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APÊNDICE B¹

FORMULÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: Idade:

Estado Civil:

Endereço:

Mora com quem:

Profissão:

Doença Crônica:

Uso de Medicamentos: Quais:

Esta doença crônica atrapalha a sua qualidade de vida:

Em que grau:

Muito insatisfeito

Insatisfeito Pouco satisfeito

Indiferente Pouco satisfeito

Satisfeito Muito satisfeito

1 2 3 4 5 6 7

Considerando a vida que o senhor (a) leva, o (a) senhor (a) diria que sua satisfação com a vida

em determinado, momento é:

Muito insatisfeito

Insatisfeito Pouco satisfeito

Indiferente Pouco satisfeito

Satisfeito Muito satisfeito

1 2 3 4 5 6 7

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

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APÊNDICE B²

ESCALA DE QUALIDADE DE VIDA DE FLANAGAN – EQV

A escala da EQVF busca avaliar a qualidade de vida utilizando as seguintes expressões lingüísticas :

- ← +/— → + Muito

insatisfeito Insatisfeito Pouco

insatisfeito Indiferente Pouco

satisfeito Satisfeito Muito

satisfeito 1 2 3 4 5 6 7

As expressões lingüísticas são atribuídas escores numa faixa de 1 a 7 pontos, conforme indicado acima. Responda itens abaixo assinalando o escore que indica seu grau de satisfação em relação aos seguintes aspectos de sua vida:

— ← +/— → + Qual sua satisfação em relação a: 1 2 3 4 5 6 7 01) Conforto material: casa, alimentação e situação financeira

02) Saúde: fisicamente bem vigoroso 03) Relacionamento: irmãos, filhos , e outros parentes: comunicação, visita e ajuda.

04) Constituir família:criar filhos 05)Relacionamento intimo com esposo(a), namorado(a) e outra pessoa relevante.

06) Amigos próximos: compartilhar interesses, atividades e opiniões.

07)Voluntariamente, ajudar e apoiar a outras pessoas.

08)Participação em associação e atividades de interesse público.

09) Aprendizagem: freqüenta outros cursos para conhecimento gerais

10)Auto conhecimento:reconhecer seus potenciais e limitações

11) Trabalho(emprego ou em casa) atividade de interesse, gratificante que vale a pena

12) Comunicação criativa 13) Participação em recreação ativa 14)Ouvir musica, assistir TV ou cinema, leitura ou outros entretenimentos.

15)Socialização ``fazer amigos``. Utilize o verso desta folha se desejar, para falar sobre a qualidade de vida para você:

Dimensões da escala de Flanagan Dimensões da EQVF Itens

1 Bem estar físico e material 1e2 2. Relações com outras pessoas 3,4,5 e 6 3. Atividades sociais, comunitárias e cívicas 7 e 8 4. Desenvolvimento pessoal e realização 9,10,11 e 12 5. Recreação 13,14 e 15

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APÊNDICE C

UNIVERSIDADE DO VALE DE ITAJAÍ Estagio Supervisionado oitavo período Acadêmicos: Débora Benedet e karina Spricigo Professora: Ângela Maria Blatt Ortiga Enfermeira supervisora: Djudi Vieira Rosa

Oficina: Qualidade de vida com os participantes grupo autonomia. Publico Alvo: grupo PAI Objetivos:

· Realizar oficina com o grupo extensão Autonomia do idoso relacionada às suas

expectativas sobre a qualidade de vida no processo de envelhecimento.

· Realizar devolutiva das entrevistas aos sujeitos de pesquisa do TCC. (qualidade de vida dos idosos do grupo autonomia da CIABS).

Metodologia:

· Apresentação dos Acadêmicos · Apresentação do objetivo da oficina · Explicar que a oficina está baseada nas respostas das entrevistas do TCC. · Será dividido em 3 a 4 grupos de 7 pessoas

Cada grupo receberá um jogo para realizar a atividade proposta. · O primeiro grupo desenvolverá as atividades de memória com as figuras de pássaros

que corresponde aos codinomes utilizados na pesquisa. · O segundo e o terceiro grupo desenvolverá atividade de memória com palavras chaves

definidas como atributos de qualidade de vida. · O quarto grupo trabalhará com quebra cabeça, onde em dupla montara a figura e

definirá uma palavra que demonstre o que significa esta figura na perspectiva da qualidade de vida. O grupo deverá deixar a figura montada para mostrar para grupo ou fotografar

Cada grupo apresenta o que trabalhou · O primeiro grupo deverá apresentar a figura e o respectivo nome do pássaro. · O segundo e o terceiro grupo fará uma apresentação de das palavras encontradas e

emitirão a sua opinião sobre o tema. · O quarto apresentará as figuras e apresentará uma palavra que representa qualidade de

vida nesta figura. Apresentar em power point as resposta sobre qualidade de vida dos entrevistados. Apresentar conceitos de outros autores sobre qualidade de vida. Fechamento sobre o que é qualidade de vida Fazer avaliação das atividades. Café e Bingo Recursos: jogos educativos, datashow Cronograma: 25 de março de 2008.

Material elaborado para Oficina sobre Qualidade de Vida pelas Acadêmicas Débora Matos Benedet, Karina Spricigo sob a supervisão Prof. Ângela Maria Blatt Ortiga – 8 período do Curso de Graduação de Enfermagem da UNIVALI.

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APÊNDICE D

APENDICE C

1- Procure manter seu peso normal;

2- Consulte seu médico pelo menos uma vez por ano;

3- Controle sua pressão arterial e glicemia capilar sempre que

possível ou conforme orientação médica;

4- Procure manter hábitos saudáveis, como não beber ou

fumar;

5- Evite o sal de cozinha se você tem pressão alta procure usar

outros tipos de temperos (limão, azeite de oliva, alho,

tempero verde);

6- Pratique atividades físicas de seu agrado;

7- Escolha os alimentos com prazer evite pensar que pode fazer

mal;

8- Evite o stress, pratique atividades variadas de lazer;

9- Se você é diabético deve fazer um lanchinho antes das

principais refeições (6 refeições por dia);

10- Saiba definir alimentos Ligths dos Diets (Ligths possuem

menor quantidade de gordura ou açúcar, os Diets ocorre à

substituição do açúcar por adoçante).

Mantenha a Qualidade

de Vida