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IMPLANTAÇÃO DE PAUSAS DURANTE A JORNADA DE TRABALHO EM FRIGORÍFICOS AVÍCOLAS DA REGIÃO DE CAXIAS DO SUL Carine Taís Guagnini Benedet

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IMPLANTAÇÃO DE PAUSAS DURANTE A JORNADA DE

TRABALHO EM FRIGORÍFICOS AVÍCOLAS DA REGIÃO DE CAXIAS

DO SUL

Carine Taís Guagnini Benedet

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CARINE TAÍS GUAGNINI BENEDETFISIOTERAPEUTA

CREFITO-5/49.272-F

• Graduada em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Santa Catarina, 2002.

• Fisioterapeuta com Especialização em Humanização da Atenção e Gestão do SUS, latu sensu, pelo Departamento de Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, em convênio com o Ministério da Saúde - Política Nacional de Humanização, o Departamento e Ciências da Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ e o Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense – UFF, 2009.

• Fisioterapeuta com Especialização em Fisioterapia do Trabalho e Ergonomia, latu sensu, pela AVM Faculdade Integrada, Brasília – DF, 2013.

• Mestranda em Prevenção de Riscos Laborais, pela Fundação Universitária Iberoamericana e Universidad Europea Miguel de Cervantes, início 2013.

• Assessoria e Consultoria em Fisioterapia do Trabalho e Ergonomia no AveGol – Frigorífico Goretti Ltda – Nova Bassano – RS.

• Fisioterapeuta Perita Judicial da 6ª Vara do Trabalho Especializada em Acidentes do Trabalho de Caxias do Sul – RS.

• Fisioterapeuta Perita Judicial da 2ª Vara do Trabalho de Bento Gonçalves – RS.

• Membro APEJUST – Associação dos Peritos na Justiça do Trabalho Estado do Rio Grande do Sul

• Membro do ICOH - Comissão Internacional de Saúde Ocupacional .

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INTRODUÇÃO

A maior preocupação daqueles que estudam a Saúde do Trabalhador é contribuir para que o trabalho deixe de ser um espaço de sofrimento dos trabalhadores. Para isso, é preciso ter muita atenção com as condições de trabalho que podem adoecer os trabalhadores e com as melhores formas de prevenir doenças.

A relação entre saúde e produtividade mostra a necessidade de qualidade de vida no trabalho. Atualmente nos deparamos com altos índices de problemas de saúde entre trabalhadores, ocasionando assim a diminuição da qualidade laboral, bem como a eficácia nos resultados esperados.

A demanda deste estudo surge da experiência através da implantação de pausas durante a jornada de trabalho em algumas empresas de frigoríficos avícolas da região de Caxias do Sul – Rio Grande do Sul e da necessidade de avaliação deste período que efetuaram as pausas para obter os resultados, verificando se estes foram satisfatórios ou não para os trabalhadores.

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Nosso atual ordenamento jurídico, em especial a legislação trabalhista , tem se preocupado em estabelecer regras pertinentes à proteção dos trabalhadores em suas respectivas atividades.

Os inúmeros fatos atentatórios á saúde dos trabalhadores, vinculados de forma direta com o labor que exercem nas respectivas empresas, é alarmente e tem preocupado as autoridade sanitárias e de proteção ao trabalhador.

Nesse quadro, vislumbra-se a necessidade de estudar com mais afinco os institutos expressamente consignados em nossa CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) quanto aos intervalos na jornada de trabalho, em especial o intervalo intrajornada previsto no art. 253 da CLT.

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Corroborando com o que fora trazido anteriormente, a NR 17 também dispõe que: "todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores" e que "devem ser íncluidas pausas para descanso" "nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores" a partir da análise ergonômica do trabalho, respectivamente, nas alíneas "a" e "b" do item 17.6.3 da NR 17. Esta também prevê "uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos de trabalho , não deduzidos da jornada normal de trabalho".

A palavra “pausa” tem como significado no dicionário Aurélio (FERREIRA, 1988),“interrupção temporária de ação, movimento ou som, vagar, lentidão” e no dicionário Koogan/ Houaiss (2000), o significado “suspensão, parada momentânea de ação,vagar, descanso”.A palavra “descanso” significa “cessação do movimento, do trabalho, da fadiga, folga, repouso, tranqüilidade, sossego”. “Descansar” tem significado “livrar de fadiga, de trabalho, ranqüilizar, repousar; dormir ou estar deitado, morrer” (KOOGAN,HOUAISS, 2000).

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A composição de pausa e descanso, no idioma português, está associada fortemente à interrupção e à lentidão. Está associada, portanto, à maneira como a pausa é realizada e com sua finalidade fisiológica para o operador, mas não explicita sua finalidade e seu benefício para a produtividade e qualidade da produção, ou seja, de interesse do empregador. A finalidade das pausas para descanso é o restabelecimento do operador para que possa manter a produtividade e a qualidade da produção mediante recuperação de sua condição fisiológica.

Cada função do corpo humano pode ser entendida como um equilíbrio rítmico entre o consumo de energia e a reposição ou, mais simplesmente, entre trabalho e repouso. Esse processo dual é uma parte integral da operação dos músculos, do coração e, se considerarmos todas as funções biológicas, do organismo como um todo. As pausas para descanso são indispensáveis como um requisito fisiológico para a manutenção do desempenho e eficiência.

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Diferentes tipos de pausas:

as pausas condicionadas pelo trabalho são todas essas interrupções que surgem na operação da máquina ou na organização do trabalho;

as pausas prescritas são pausas no trabalho definidas pela gerencia; por exemplo: as pausas do meio-dia e as pausas, na manhã e à tarde, para o lanche (pausa café/chá).

Vários estudos mostraram que as pausas prescritas são introduzidas, o aparecimento dos sintomas de fadiga é postergado e a perda de produção devido à fadiga é menor.

No todo, as pausas para descanso tendem a aumentar a produção, ao invés de reduzir. A ergonomia atribui esse efeito à prevenção da fadiga excessiva, ou do restabelecimento periódico dos sintomas da fadiga, durante o intervalo de relaxamento.

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GRANDJEAN (1998, p. 173) afirma que a pausa do trabalho é uma indispensável condição fisiológica no interesse de manutenção da capacidade de produção. Interpõe que a pausa tem um significado biológico: Por assim dizer, em todas as funções do corpo humano pode-se constatar a troca rítmica entre gastos de energia e reposição de força, ou de maneira simples – entre o trabalho e descanso. Esta troca é uma condição sine qua non para o músculo, para o coração – e se nós examinarmos detidamente os processos biológicos – para todo o organismo. A introdução das pausas de descanso não é só uma necessidade vital do corpo, mas também, principalmente para trabalhos que exigem muito do sistema nervoso, isto é, em trabalhos mentais, onde a destreza dos dedos e a exigência dos órgãos dos sentidos é importante.

GRANDJEAN (1998, p. 174) relata que, com os resultados que foram mostrados na relação entre duração da jornada e produção, a introdução de pausas gerou como conseqüência uma aceleração da produção, de modo que a perda de tempo de pausas prescritas foi compensada pelo aumento da intensidade do trabalho.

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Sobre o rendimento do trabalho, GRANDJEAN, (1998, p. 175) observa:mesmo que nem todas as pesquisas tenham sido feitas segundo o rigor científico, foi mostrada uma tendência a que as pausas no trabalho aumentam o rendimento. A ergonomia explica estes efeitos com a inibição de excesso de fadiga ou com a periódica eliminação dos sintomas de fadiga (o que também pode ser chamado de restabelecimento ou descanso).

LIDA (1990, p. 288) também argumenta que as pausas devem ser implementadas para prevenir a fadiga. Entre as fontes de fadiga, relaciona exagerada carga muscular, ambientes com ruídos, vibrações, temperaturas ou iluminações inadequadas. O autor recomenda que em trabalhos que exigem atividade ísica pesada, ou em ambientes desfavoráveis com altas temperaturas ou excesso de ruídos, devem ser implementadas pausas durante a jornada de trabalho. As pausas também podem estar embutidas no próprio ciclo de trabalho.

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Observa-se que o regime de pausas proposto pela NR 17 está em acordo com as recomendações dos autores supracitados. Entenda-se que este regime de pausas é proposto para o indivíduo e não para o setor, a célula ou para a empresa. Isto significa que não é necessário que todos os trabalhadores de um determinado setor, célula, ou empresa tenham que realizar a pausa simultaneamente. Ou seja, desde que respeitada a pausa individual de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados, a interrupção do trabalho individual poderá ser organizada de acordo com as características da atividade realizada.

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A NR 17- Ergonomia do MTE, cuja proposta foi encaminhada à SSST- Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho e publicada em 23 de novembro de 1990, pela Portaria nº 3.751 e tem especial interesse para este projeto no que se refere à prevenção da fadiga e implementação de pausas para descanso em trabalhos nos frigoríficos, estabelece que:

- 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores.

b) devem ser incluídas pausas para descanso.

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Visando a necessidade de estabelecer requisitos as industrias de abate e processamento de carnes e derivados, vindo garantir a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho deste setor específico, foi publicada em 18 de abril de 2013, pela Portaria TEM, nº 555 a NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho de Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, a qual dispõe no ítem 16.13 a Organização Temporal do Trabalho acordando em específico as pausas.

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As grandes empresas frigoríficas costumam funcionar horas por dia, cinco dias por semana, em diferentes turnos. Em geral, o processo de trabalho em frigoríficos se divide em quatro grandes etapas:1) Preparação do animal para o processamento: os animais, tratados em granjas e incubatórios, são recebidos vivos e depois são abatidos e encaminhados para as outras etapas da produção.2) Evisceração dos animais: são retiradas as vísceras dos animais e eles são preparados para serem cortados em diferentes partes. Cada parte dos animais abatidos é chamada de peça.3) Espostejamento e embalagem: os animais são cortados em peças, em vários setores. As peças dos animais saem do espostejamento já embaladas e pesadas e depois são encaminhadas para a estocagem.4) Estocagem e expedição: as peças dos animais são estocadas e despachadas para as empresas que comercializam alimentos industrializados.

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As operações de abate e obtenção de carnes ocorrem de forma sequencial, como uma linha de montagem, na qual a velocidade de trabalho não é determinado pelo indivíduo, mas pelo número de animais que devem ser abatidos por intervalo de tempo. Objetos cortantes são manipulados em movimentos firmes e vigorosos que podem causar lesoes do sistema músculo-esquelético (TAVAROLO, 2007).

Uma das características do trabalho em frigoríficos é a elevada carga de movimentos repetitivos. Trabalhadores das indústrias de aves desossam, no mínimo, 4 coxas de frangos por minuto. Nessa função, há funcionários que realizam até 120 movimentos diferentes em apenas 60 segundos, enquanto estudos ergonômicos apontam que o limite de ações por minuto deve ficar na faixa de 25 a 33 movimentos por minuto para evitar o aparecimento de doenças osteomusculares.

Especialistas em saúde do trabalho afirmam que as LER (Lesões por Esforços Repetitivos) têm como um dos fatores facilitadores e agravantes a exposição a baixas temperaturas.  Além disso,  o trabalho contínuo com facas, serras e outras ferramentas afiadas, aliado a jornadas exaustivas, elevam o risco de acidentes da atividade.

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O projeto de implantação de pausas foi pioneiro no Brasil e se tornou realidade graças às denuncias do Sindicato dos Trabalhadores, sendo atendidas pelas autoridades e pelo esforço concentrado do Ministério Público do Trabalho, para melhorar e ampliar as melhorias e encontrar outras soluções para diminuição das doenças do trabalho em frigoríficos.

No Rio Grande do Sul, mais especificadamente em Caxias do Sul, o O Programa de Frigoríficos teve início em 2006, durante reunião entre MPT (Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego) e Sindicato. Na época todas as empresas do ramo na região apresentavam inúmeras irregularidades.

Segundo o Procurador do Trabalho em Caxias do Sul, Ricardo Wagner Garcia, “o acordo é um salto de qualidade no Programa de Frigoríficos, pois aprofunda a intervenção ao nível do próprio funcionamento da empresa. Deverá trazer benefícios imediatos aos trabalhadores, o que já está sendo sentido, e à própria empresa, que em médio prazo, ganhará em diminuição da ausência habitual do emprego e rotatividade, além de aumentar a produtividade”.

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A maioria dos problemas são técnico-organizacionais nos ambientes de trabalho e as melhoria destes ambientes se darão através das políticas preventivas de saúde. As causas da LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo/Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) são múltiplas e complexas originadas de fatores isolados conjuntos, mas que exercem seus efeitos simultâneos e interligados. A abordagem preventiva deve sempre avaliar todos os elementos dos sistemas de trabalho e implantar estratégias que melhorem postos de trabalho, programas de formação e medidas de amparo aos trabalhadores acometidos. É necessário intervir desde os primeiros estágios do desenvolvimento do quadro clínico, não esperar a instalação e desenvolvimento de incapacitação permanente.

Na medida em que os problemas relacionados à segurança e ergonomia forem sendo sanados, inclusive com a automatização na produção, outros aspectos poderão ser enfrentados, como o excesso de jornada de trabalho, assédio moral, dentre outros. Não obstante devemos salientar que a maioria dos trabalhadores utiliza o serviço público de saúde, e não é admissível que os gastos com a saúde pública aumentem pelo fato de que vários trabalhadores estejam ficando doentes por causa de situações que poderiam ser evitadas.

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Foram estudadas as salas de cortes de cinco empresas e seis plantas de frigoríficos avícolas na região da Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul com situações semelhantes quanto à implantação das pausas durante a jornada de trabalho, considerando-se duas delas de pequeno porte e três de mediano porte. Com uma população total de 1.319 trabalhadores na sala de cortes destas empresas, foram entrevistados 171 funcionários, totalizando 13% dos trabalhadores deste setor, cuja faixa etária está entre 18 e 62 anos, existindo uma prevalência de trabalhadores jovens, já que 31,10% se encontram entre 18 e 30 anos, sendo a média de idade de 23 anos, e 71,2% são do sexo feminino.

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Homens

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MATERIAIS E MÉTODOS

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O tempo médio de trabalho na empresa é de 15,8% até três meses, 18,4% até um ano, 40,7% até cinco anos, 13,2% até dez anos e 8,5% até vinte e cinco anos na atividade.

No quesito polivalência de setores (foi realizada a abordagem quanto ao rodízio de função), 77,3% destes relatam que não são polivalentes em contrapartida com 22,7% que são polivalentes, ou seja, realizam rodízio de função. Foi levantado que 71,8% dos trabalhadores não fizeram hora-extra ou fim de semana, em contrapartida de 29,2% que fizeram hora-extra, como se mostra na figura 2.

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SÃOpolivalentes

NÃO sãopolivalentes

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FEZ hora-extra

NÃO fez hora-extra

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Quanto à capacitação ou treinamento para a função atual temos um índice de 66,9% foram capacitados e ou treinados para exercer a função, enquanto 33,1% não receberam capacitação ou treinamento, aprendendo com o colega ao lado e com tempo de serviço segundo relatos. Dos trabalhadores entrevistados 73% não sofreram acidente de trabalho nestas empresas e 27% sofreram algum tipo de acidente sendo a queda a mais freqüente com 10,8%, seguida pelo corte com 8,4% dos casos.

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NÃO SOFRERAMACIDENTE detrabalho 0

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Queda

Corte

Outros

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Destes trabalhadores 69,3% nunca sofreram nenhuma doença do trabalho nestas empresas e 30,7% relatam já ter sofrido alguma doença do trabalho com diagnóstico médico, tendo o maior índice com 12,6% em membros superiores (tendinites, bursites, síndrome do túnel do carpo, etc), seguido pelas doenças do aparelho respiratório com 4,9% (pneumonias, gripes e resfriados).

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MembrosSuperiores

AparelhoRespiratório

Outras

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A maioria dos trabalhadores, 85,3% relatam que a empresa permite que o mesmo interrompa o seu trabalho para ir ao banheiro ou tomar água sempre que aja necessidade, 6,1% que relatam que não podem ausentar-se de seu posto de trabalho a não ser em horário pré estabelecido, 8,6% só podem ausentar-se do posto de trabalho se tiverem alguém para substituir-lhe ou esperam pelo horário da pausa.

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Para conhecer o processo de trabalho destas empresas, foram realizadas conversações com os respectivos responsáveis de cada uma, realizada visita a linha de produção destas empresas, para observar e analisar a realidade destes trabalhadores que pertencem à amostra, o estudo foi divido em algumas etapas.

Em um primeiro momento, realizou-se o movimento de ambientação através da aplicação da observação direta do sistema de trabalho de cada empresa, com suas peculiaridades e particularidades no setor, objetivou-se conhecer a atividade analisada.

Após o momento de ambientação, definiram-se as técnicas a serem aplicadas, afim de estudar o assunto estabelecido pelo MPT nas salas de cortes de cada empresa. Utilizou-se técnicas de observação direta, questionários e entrevistas individuais com o trabalhador, deixando este à vontade para responder ou não as informações que seriam obtidas através da aplicação de um questionário.

Procedimento de estudo:

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Elaborou-se um questionário dividido em cinco partes: na primeira parte os dados de controle, buscando identificar a empresa a ser estudada; na segunda parte trazia os dados de identificação do trabalhador (dados demográficos), sem constar nomes; na terceira parte trazia dados do trabalho propriamente dito, desde quantos anos estão na empresa, polivalência (rodízio) no setor e função atual; na quarta parte questionou-se sobre acidentes de trabalho, doenças do trabalho e ginástica laboral; na quinta parte contemplou-se o tema proposto pelo MPT à pausa no trabalho, com questionamentos sobre estas pausas, se estariam sendo feitas, como seriam feitas, dentre outras perguntas, procurou-se identificar possíveis problemas ou dificuldades de cada empresa na implantação das mesmas.

Enfatiza-se que a aplicação dos questionários foi realizada em uma amostra equivalente a 13% da população total de trabalhadores das salas de cortes destas empresas (171 pessoas), com o objetivo de buscar as necessidades da pesquisa, esta amostra restrita de resultados está apenas colaborando com a análise técnica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante a aplicação do questionário, constatou-se que 95,32% (163 pessoas) participaram da pesquisa, os outros por motivos de alta rotatividade, afastamentos por doenças ou recusa ficaram fora da amostra selecionada, estes não foram substituídos para não poluir a amostragem, procurando a maior integridade da pesquisa.

Destes que participaram da pesquisa, em especial no quesito pausas, 89,6% relatam que as pausas estão sendo realizadas nas salas de cortes destas empresas, contra 4,3% que não fazem a pausa e 6,1% que realizam às vezes conforme a demanda de trabalho.

Segundo os relatos, estão sendo feitas em 44,10% das empresas cinco pausas durante a jornada de trabalho, geralmente três antes da parada para refeição e duas após a refeição, contra o índice de 4,2% destas empresas que não estão efetuando as pausas no setor pesquisado . 81% destes trabalhadores estão satisfeitos com o sistema de pausas implantados nas empresas.

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Quando observadas as queixas do universo pesquisado, encontrou-se 19% dos trabalhadores que não estão satisfeitos , destes 5,4% relatam a sua insatisfação devido as mesmas estarem sendo utilizadas para irem ao banheiro, a falta de organização entre jornada de trabalho e intervalos, bem como acreditam que deveriam ser feitas em toda a sala e não somente em algumas linhas (mesas).

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Observou-se um índice geral relativamente bom, estando acima dos 80% a maiorias das empresas que efetuam as pausas, cumprindo devidamente o tempo pré-determinado e que os funcionários estão satisfeitos. Mas, verificou-se que ainda existem algumas falhas nestas empresas, cada uma com sua particularidade, o que preocupa, pois são estas falhas que colocam em risco as mudanças que se almeja num futuro próximo, ou seja , a implantação das pausas em 100% das salas de cortes destas empresas.

De acordo com os dados acima mencionados, acredita-se que a visão qualitativa/observacional e os dados quantitativos colaboram com a percepção apresentada, onde verifica-se que as pausas estão sendo implantadas corretamente na maioria das empresas como prevê a NR 17, já em conexão com a nova NR 36, que vem especificando no item 36.13 a implantação destas pausas.

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Questiona-se ainda o porquê não há implantação das pausas em todas as salas de cortes das empresas estudadas, falta de tempo não deverá ser atribuído, pois o acordo firmado com o MPT para implantação destas pausas deu-se início em novembro de 2009, acredita-se que é de fator realmente organizacional ou ainda a falta de percepção quando a necessidade de atuar na prevenção da saúde do trabalhador.

Em cima deste pressuposto, vê-se a necessidade de organização, ou melhor, de humanização do trabalho, pois persuadir o funcionário a utilizar a sua parada de descanso para ir ao banheiro ou tomar água, utilizando o intitulado “poder” de comando (líder, encarregado ou afins), através de ameaças ou pior de advertências (segundo relatos). Sabe-se que todo trabalhador tem direito previsto em lei de ausentar-se de seu local de trabalho para prover suas necessidades fisiológicas quando estas lhe forem necessárias.

Segue relatos: “filas enormes no banheiro, pois todos vão ao mesmo tempo”, “se atrasamos pra voltar pra mesa recebemos advertência”, “mandam esperar a pausa pra ir fazer as necessidades e às vezes não dá pra esperar”, etc.

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Coloca-se o termo humanização, pois o trabalho neste ramo é extenuante, muitas vezes avassalador para o ser humano que o desempenha. Acredita-se, ser de suma importância e repensado em algumas empresas, essa obrigatoriedade que foi criada em utilizar as pausas de descanso para outras atividades que não necessariamente sejam naquele momento a demanda do trabalhador, as pausas são para descanso, esse atribui a mesma a sua conveniência e não a conveniência do líder, do encarregado, do empregador ou da produção.

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Certamente são problemas que podem e devem ser resolvidos, observa-se, que já deveriam ter sido sanados, pois decorreram 03 anos do acordo realizado com o MPT, muitos fatores deveriam ter sido mudados, melhorados, muitas visões e paradigmas repensados, eis aí a redundância no processo de humanizar nas empresas.

A salvo destes adendos, as empresas que se mostram no caminho do futuro, as que hoje já estão pensando na saúde do trabalhador, estas que mostram seus índices de satisfação com fidedignidade, ou seja, sem representação para os órgãos legais, onde verifica-se a concreta diminuição de afastamentos por acidentes ou doenças do trabalho, enfim, o casamento ideal entre empregado e empregador. Estas que cobrem toda uma linha de produção em especial na sala de cortes com a implantação das pausas, ou até mesmo que estão a um passo da adequação, ficando cada vez mais próxima do que prevê os princípios fundamentais da Ergonomia, a NR 17 e a NR 36 do MTE, bem como mais próximas do acordo firmado com o MPT.

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Partindo do pressuposto que algumas empresas estão com dificuldades operacionais, ou melhor técnico operacionais nos seus ambientes de trabalho, na implantação das pausas. Segundo os relatos dos trabalhadores a falta de organização no setor acaba impedindo a implantação correta das pausas e a utilização conforme prevista na NR´s, ou seja, de parada para descanso, não sendo atribuída a pausa a parada para banheiro, dentre outros.

Neste quesito observa-se claramente que a maioria das empresas esta agindo desta forma alegando a perda de produção em números, devido à diminuição do tempo de trabalho com a implantação das pausas, pois é “uma hora” (as que buscam as 6 pausas diárias) que o funcionário “fica sem produzir”, que a empresa esta “perdendo” (relatos de funcionários entrevistados , técnicos e administrativos). Outras mostram a tentativa de ludibriar as leis do trabalho, em se falando de pausas, e isso fica bem evidenciado no relato dos trabalhadores a seguir: “essas tal de pausas só funcionam no papel pra quando vem os do sindicato ou do ministério verem”, ou ainda: “hoje que a senhora esta aqui na empresa daí tem a pausa, tudo funciona bonitinho”, observa-se a seriedade destes relatos.

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Por tudo isso, defende-se o critério de que é preciso trabalhar juntamente com os empresários e suas equipes a necessidade real da pausa de descanso, vindo ao encontro deste estudo, cumprindo o tempo e intervalo correto das mesmas, deixando o funcionário à vontade para realmente descansar. E coibindo sim, mas aquele que não quer realizar a pausa, alertando sobre o benefício que esta traz a sua saúde, sobre a importância de parar durante esses 10 minutos, de sentar, enfim de “pausar”. Existem técnicas que podem e devem ser implantadas onde ninguém perde (empresário x funcionário), onde todos ganham com a qualidade de vida no trabalho, já existem vários estudos que comprovam esta tese. Constatou-se também que na maioria das empresas não estão sendo realizados rodízios de postos de trabalho, ou seja, os trabalhadores não são polivalentes, o que acaba expondo a fragilidade destas empresas quanto à dificuldade de colocar em prática o que está no papel, é necessário que haja o entendimento quanto a real importância de serem efetuados corretamente as trocas de função devido à alta repetitividade de movimentos, aos cuidados com a saúde do seu trabalhador, a sua real fonte de renda. Esta colocação vem de encontro aos princípios básicos da Ergonomia, da NR 17 e em especial NR 36 no seu ítem 36.14 da organização das atividades.

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Registram-se algumas observações que foram feitas durante presente estudo: uma funcionária com estatura baixa (1,52cm) esta na “pendura” onde relata ter que ficar na ponta dos pés por alguns momentos, sendo a única forma de aliviar a carga dos braços; outro funcionário não realiza rodízio, pois não tem ninguém para ajudá-lo na função e finalizando com outro relato da funcionária que não senta, pois como esta acima do peso e o responsável técnico orientou, que seria bom a mesma ficasse sempre no mesmo lugar devido à dificuldade de espaço.

Acredita-se que nestes três casos citados, exista falha, mas que as mesmas podem e devem ser corrigidas tendo a empresa uma equipe multidisciplinar disposta a renovar e mudar os paradigamas que assolam ao longo dos anos as empresas frigoríficas. O ramo frigorífico demanda tempo, estudo e dedicação, é preciso encontrar o elo entre conforto e segurança para o trabalhador, bem como a satisfação do empregador.

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CONCLUSÃO

As diferenças técnicas dizem respeito às especializações dos saberes e das intervenções, entre as variadas áreas profissionais. As desigualdades referem-se à existência de valores e normas sociais, hierarquizando e disciplinando as diferenças técnicas entre as profissões. Ou seja, correspondem distintas autoridades técnicas e legitimidades sociais às diferentes áreas profissionais. Estas expressam a possibilidade de contribuição da divisão do trabalho para melhoria dos serviços prestados, os profissionais realizam intervenções próprias de suas respectivas áreas, mas também executam ações comuns, nas quais estão integrados saberes provenientes de distintos campos.

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O ambiente de trabalho não pode ser uma fonte geradora de mortes, doenças e incapacidades para os trabalhadores. A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos ambientes de trabalho para a promoção e a proteção da saúde do trabalhador constituem um desafio que ultrapassa o âmbito da atuação dos serviços de saúde. Entretanto, medidas simples e pouco onerosas podem ser implementadas, tais como: a identificação dos riscos, a discussão de definição das alternativas de eliminação ou controle das condições de risco, e a implementação e avaliação contínua das medidas adotadas.

Atualmente o ser humano passa uma parte importante de sua vida no ambiente laboral, realizando diferentes atividades, o que demanda que as condições de trabalham sejam adequadas para evitar que existam riscos que possam provocar acidentes de trabalho e alterações à saúde dos trabalhadores.

Um trabalhador será mais produtivo na medida em que esteja satisfeito e motivado no trabalho, e essa satisfação e motivação dependem em grande medida das condições de trabalho em que ele desenvolve suas atividades e da forma como ele participa na busca e solução dos problemas, existindo uma relação direta e estreita entre produtividade, satisfação e motivação.

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Deve ser de interesse de todos que sejam realizadas melhorias constantes nas condições de trabalho para que este possa ser realizado de tal maneira que as cargas provenientes da atividade não ultrapassem os limites fisiológicos do trabalhador, assim como não causem problemas a saúde, desta forma, observarão maior motivação e satisfação do trabalhador.

Evidencia-se que as pausas estão sendo implantadas em sua grande maioria, e principalmente trazendo satisfação aos trabalhadores deste setor de produção. Assim, o estudo mostra que para compreender as condições de trabalho e o que as pausas representam a estes trabalhadores, não basta avaliar os aspectos presentes na situação de trabalho isoladamente, sendo fundamental uma real investigação das condições de trabalho como um todo, especialmente de como funciona a parte organizacional deste. Sendo assim, as implantações das pausas, que visam mudanças, vêm trazendo a melhoria das condições de trabalho, e as probabilidades de se tornarem cada dia mais eficaz são grandes, enfim de tornarem-se 100% em todas as empresas em especial nas salas de cortes.

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Quando existe uma adequada combinação entre as pausas, o revezamento de tarefas e redução de trabalho se consegue uma diminuição da exposição aos fatores de risco. Ressalta-se que a alternância nos postos de trabalho objetiva a melhoria ergonômica das condições de trabalho. Vindo ao encontro do estudo descrito acima, a NR 36 traz no item 36.13, como deve ser o sistema de implantação das pausas e no item 36.14 a organização das atividades, sempre em concomitância à NR 17 e jamais esquecendo os princípios básicos da Ergonomia. A NR 36 foi publicada próxima ao fechamento deste estudo, por isso não foi empregada como requisito principal de avaliação do mesmo cita-se esta em várias etapas, pois traz o fechamento necessário para melhorar a qualidade de vida no trabalho deste setor tão importante e em constante crescimento na nossa economia atual.

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