Alivio de Tensoes Em Soldas

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  • 8/17/2019 Alivio de Tensoes Em Soldas

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     Annelise Zeemann é Engenheira Mecânica, D.Sc. em Eng. Metalúrgica e de

    Materiais no PEMM - COPPE/UFRJ, e Diretora Técnica da TECMETAL, que

    atua em análise de materiais e consultoria em engenharia mecânica e metalúrgica.

    e-mail : [email protected]

    http://www.infosolda.com.br/artigos/metsol03.pdf ©2003 www.infosolda.com.br

     Tensões Residuais de Soldagem

    "Neste artigo apresentaremos um assunto sobre o qual quase todos temos dúvidas,que são as tensões residuais de soldagem . Por que são geradas, quais asimplicações reais de sua presença durante a soldagem e após a soldagem, quando ecomo devem ser aliviadas ??? Sem dúvida este assunto é complexo, extenso einesgotável, e por isso serão apresentados, de forma bastante simplificada, alguns

    aspectos básicos sobre o assunto.

    1. Como são geradas as tensõesresiduais de soldagem ?

    O estado de tensões residuais ao longo de uma junta,

    após a soldagem, é bastante complexo e não é nossa

    pretensão sequer apresentá-lo, muito menos explicá-

    lo; mas as tensões residuais de tração existentes nas

    adjacências da solda são aquelas que conhecidamente

    podem causar falhas prematuras e sua visualização não

    é difícil, desde que sejam feitas algumas simplificações.

    Durante a soldagem por fusão, a arco elétrico por exem-

    plo, ocorre no material de base um aquecimento quase

    instantâneo, muito localizado, que faz com que, num dado

    momento, uma pequena porção deste material atinja a

    fusão formando uma poça (poça de fusão), para posteri-

    ormente se solidificar formando a zona fundida (ou me-

    tal de solda), figura 1.

    Como existe uma continuidade no material, existe sem dú-

    vida uma região, nas adjacências da zona fundida, que atin-

    giu uma temperatura bem próxima à de fusão do material.

    Sabe-se que qualquer material metálico dilata quan-

    do é aquecido e contrai quando resfriado. Ora, se

    durante um curto espaço de tempo, uma região muito

    pequena nas adjacências da solda se aquece desde a

    temperatura ambiente até quase sua temperatura de

    fusão, é de se esperar que esta região aumente de

    volume (por dilatação), tanto mais quanto maior for

    a temperatura atingida. Se esta pequena faixa de

    material não consegue aumentar seu volume pois

    todo o restante do componente não permite, esta

    região passa a ser comprimida e as tensões de com-

    pressão aumentam até que o limite de escoamento

    do material seja ultrapassado em compressão. Por-

    tanto ao final da etapa de aquecimento (que é quase

    instantâneo) as adjacências da solda se encontram

    Annelise Zeemann 

    Figura 1 Esquema que representa uma vista geral superior de uma chapa sendo soldada por fusão, onde a

    região fundida e posteriormente solidificada se chama zona fundida ou metal de solda e as adjacências dasolda atingem temperaturas muito próximas da temperatura de fusão do metal ou início de fusão da liga

    Direção e Sentidodo Arco Elétrico

    Região

    Aquecida

    na Soldagem

    ZF - Zona Fundida

    PF - Poça de Fusão

    MB - Metal de Base

    MB

    MBPF

    PF

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     Annelise Zeemann é Engenheira Mecânica, D.Sc. em Eng. Metalúrgica e de

    Materiais no PEMM - COPPE/UFRJ, e Diretora Técnica da TECMETAL, que

    atua em análise de materiais e consultoria em engenharia mecânica e metalúrgica.

    e-mail : [email protected]

    http://www.infosolda.com.br/artigos/metsol03.pdf ©2003 www.infosolda.com.br

    8. Como ocorre o alívio térmico detensões ?

    A tensão limite de escoamento (assim como a tensão

    limite de resistência) diminui com a temperatura, figu-ra 3, o que significa que o material pode ser deforma-

    do em menores níveis de tensão. Quando se aquece

    um material cuja tensão residual se situa próxima ao

    limite de escoamento, esta tensão ultrapassa o limite

    de escoamento e o material se deforma, aliviando a

    tensão, figura 4. Como o aquecimento durante TTAT

    é generalizado, e não localizado; e as taxas de aqueci-

    mento e resfriamento são controladas, não existe a

    geração de tensões no resfriamento, garantindo menor

    nível de tensões ao final do TTAT.

    9. Pode haver o trincamento duranteo TTAT?

    Sim. Em duas condições:

    •  Se o material apresentar susceptibilidade à

    formação de trincas de reaquecimento (materi-

    ais que apresentam elementos endurecedores por

    precipitação); ou

    •  Se a taxa de aquecimento do tratamento de alívio

    for muito alta, não permitindo que haja a deforma-

    ção plástica. Neste caso a tensão residual pode ul-

    trapassar o limite de resistência e o material trinca.

    Normalmente não se verifica a formação de trincas

    durante o alívio, mas é usual verificar o empenamento

    do material. Isto ocorre justamente porque as ten-

    sões residuais são relaxadas por deformação, e se o

    componente não for muito bem apoiado a deforma-

    ção pode ocorrer de forma não controlada, até mes-

    mo inviabilizando o uso do componente.

    10. As temperaturas de TTATdependem do tipo de materialsoldado?

    Claro, pois o limite de escoamento, assim como sua

    variação com a temperatura, dependem do tipo ma-

    terial. No caso dos aços, quanto maior a quantida-

    de de elementos de liga (principalmente dos elemen-tos adicionados para conferir a resistência ao ca-

    lor, como o cromo e o molibdênio) maiores são as

    temperaturas de alívio.

    11. O Tempo de alívio é umavariável importante?

    Na realidade a etapa principal do alívio é o aqueci-

    mento, e as variáveis taxa de aquecimento e tempe-

    ratura de patamar são realmente determinantes no

    TTAT, porém quando se alivia componentes de gran-de espessura deve-se garantir que haja a uniformi-

    Figura 4 Como ocorre o alívio de tensões quando se aquece o material.

    Tensão Residual na Junta

    como Soldada

    Tensão Residual na Junta

    após o Alívio das Tensões

    Resfriamento

    Temperatura de Alívio

    Aquecimento

    LF

    σ

    σRcs

    σRat

    Parcela da TensãoResidual que

    é Aliviada no Tratamento

    Térmico

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