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ALMAS SANTAS DO CEMITÉRIO Tônia Kio Fuzihara Piccoli (UEM) Solange Ramos de Andrade (UEM) Vanda Fortuna Serafim (UEM) O mistério - tão caro à Religião quanto à Ciência - que delineia as reflexões apresentadas neste artigo consiste em problematizar o espaço sagrado de culto a Maria Bueno. Há um contexto fascinante de dualidade entre o sagrado e o profano em sua figura, acentuada ainda mais, em virtude do espaço limítrofe no qual se configura seu ritual: o cemitério Municipal de Curitiba. Espaço fundamental por permitir articulações entre vida e morte, especialmente no caso de Maria Bueno, que assumindo caminho inversamente natural, nasce com a sua morte. Referimo-nos aqui a Maria Bueno já não mais humana, mas mítica, sagrada, que transcende sua mundanidade e que traz-se à luz do debate científico justamente por conta do culto que recebe de seus devotos. O ritual no cemitério configura como a manifestação física da religiosidade católica na qual Maria Bueno se insere, esta abordagem será estudada por meio de Solange Ramos de Andrade e Vanda Fortuna Serafim (2010). Para compreender como um simples mausoléu pode atingir status de sagrado será usado o conceito de hierofania em Mircea Eliade (1992). Como estratégia metodológica que situa o sujeito e suas relações como protagonista do processo histórico, utilizaremos as teorias mentais de Jacques Le Goff e Pierre Nora (1974) que permitem trazer Maria Bueno, uma personagem marginalizada que faz parte do cotidiano, à luz do estudo científico. O fato de não ter sido canonizada não deve sobressair ao outro fato, de que, é mesmo assim, cultuada e desperta grande devoção até os dias atuais. Estudar Maria Bueno, uma santa de cemitério, assassinada de forma grotesca, e acusada - justa ou injustamente - de prostituição, só será possível dentro do conceito de lugar social de Michel De Certeau (1974), que permite entender o contexto de sua morte e santificação. Por fim, considerações a cerca das práticas devocionais e a relação santa- devotos serão compreendidas por meio do livro Maria Bueno: Santa de Casa (2011). Palavras-chave: cemitério, Maria Bueno, religiosidade católica, Curitiba.

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ALMAS SANTAS DO CEMITÉRIO

Tônia Kio Fuzihara Piccoli (UEM)

Solange Ramos de Andrade (UEM)

Vanda Fortuna Serafim (UEM)

O mistério - tão caro à Religião quanto à Ciência - que delineia as reflexões

apresentadas neste artigo consiste em problematizar o espaço sagrado de culto a Maria

Bueno. Há um contexto fascinante de dualidade entre o sagrado e o profano em sua

figura, acentuada ainda mais, em virtude do espaço limítrofe no qual se configura seu

ritual: o cemitério Municipal de Curitiba. Espaço fundamental por permitir articulações

entre vida e morte, especialmente no caso de Maria Bueno, que assumindo caminho

inversamente natural, nasce com a sua morte. Referimo-nos aqui a Maria Bueno já não

mais humana, mas mítica, sagrada, que transcende sua mundanidade e que traz-se à luz

do debate científico justamente por conta do culto que recebe de seus devotos.

O ritual no cemitério configura como a manifestação física da religiosidade

católica na qual Maria Bueno se insere, esta abordagem será estudada por meio de

Solange Ramos de Andrade e Vanda Fortuna Serafim (2010). Para compreender como

um simples mausoléu pode atingir status de sagrado será usado o conceito de hierofania

em Mircea Eliade (1992).

Como estratégia metodológica que situa o sujeito e suas relações como

protagonista do processo histórico, utilizaremos as teorias mentais de Jacques Le Goff e

Pierre Nora (1974) que permitem trazer Maria Bueno, uma personagem marginalizada

que faz parte do cotidiano, à luz do estudo científico. O fato de não ter sido canonizada

não deve sobressair ao outro fato, de que, é mesmo assim, cultuada e desperta grande

devoção até os dias atuais.

Estudar Maria Bueno, uma santa de cemitério, assassinada de forma grotesca, e

acusada - justa ou injustamente - de prostituição, só será possível dentro do conceito de

lugar social de Michel De Certeau (1974), que permite entender o contexto de sua morte

e santificação. Por fim, considerações a cerca das práticas devocionais e a relação santa-

devotos serão compreendidas por meio do livro Maria Bueno: Santa de Casa (2011).

Palavras-chave: cemitério, Maria Bueno, religiosidade católica, Curitiba.

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ALMAS SANTAS DO CEMITÉRIO

Tônia Kio Fuzihara Piccoli (UEM)

Solange Ramos de Andrade (UEM)

Vanda Fortuna Serafim (UEM

O cemitério tido como sagrado desde tempos imemoriais, é sinal de crença no

transcendente e indica uma religiosidade. O fator cultural é a leitura chave para o

entendimento da pluralidade encontrada nas formas que assumem essa religiosidade.

Cada lugar social em seu contexto histórico proporciona maneiras de ver, sentir e agir

diferentes. Encontramos modos diversos de ver o mundo, de significar a vida e de

formar comunidades. A diversidade religiosa pode ser analisada sob o viés histórico,

devido à própria condição humana, que varia conforme o meio onde se encontra. Dessa

forma, não apenas templos e Igrejas abrigam seus santos, eles podem estar em qualquer

lugar, uma capela na beira de estrada, numa gruta, num altar caseiro, ou num cemitério

(ANDRADE, 2010).

Segundo Andrade (2010) ao longo dos séculos, por meio das migrações, os

universos cultural-religiosos se encontraram e confrontaram suas diferenças, o que

provocou tensões e até conflitos. Cada religião pensava ser mais verdadeira do que a

outra e tentava difundir sua mensagem em ambientes culturais diversos da própria

origem. A observação do resultado dessa missionariedade leva a três conclusões:

a) uma crença original assume diferentes faces em função da cultura na qual é inserida;

b) em uma cultura religiosa dominante, a crença reveste-se das características da

religião dominante;

c) em uma cultura submissa, a crença impõe as suas características.

Resultantes desses conflitos e de uma sistemática apropriação e acomodação,

surgiu nessas terras um catolicismo mais popular, isto é, voltado para a participação

ativa do povo; há uma perda relativa da importância do sacramental frente ao

devocional; o leigo ocupa papel central o especialista, papel secundário. Verifica-se

uma manipulação do sagrado com finalidades pragmáticas, visando à solução prática

dos problemas do cotidiano, enfim, releva o caráter protetor da religiosidade popular.

(ANDRADE, 2010).

A principal peculiaridade do catolicismo brasileiro, no entanto, segundo a autora

é o culto enfático aos santos sendo esses elementos fundamentais desse catolicismo. É

objeto de devoção pessoal do pequeno núcleo familiar até em manifestaçoes coletivas, a

vida de cada pessoa tem seu centro e seu referencial nessa devoção. O fiel relaciona-se o

tempo todo e a vida toda com o santo. Conversa com ele, pede-lhe proteção, agradece

pelo bem recebido. (ANDRADE, 2010).

Para Andrade, na religiosidade católica, o modo de se relacionar com o santo é

manifetado com maior autonomia e espontaneidade de sentimentos. Desta forma, por

falta de um templo ou mesmo por proximidade local alguns santos da religiosidade

católica são cultuados no local onde jaz seu corpo.

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Entrar no cemitério é sair do mundo comum, cotidiano e profano e

aproximar-se do além. É introduzir-se numa dimensão sagrada, ao lado

dos vendedores de velas, dos flanelinhas e dos vendedores de flores.

Esse “campo santo” guarda os mistérios daquilo que queremos

esquecer: o fato de que um dia morreremos. (ANDRADE, 2007, p.140)

Esse ritual funciona como produção de uma memória social, vinculada à

percepção que o devoto tem de seu santo. É neste espaço que estão as vítimas

sacrificiais. Estas podem ser familiares e amigos que morreram de forma dolorosa e

recebem homenagens em sua memória. Memória que se materializa no cuidado com o

túmulo, nas flores deixadas, nas preces realizadas. Além desses existe outro personagem

que também recebe homenagens: o santo de cemitério. (ANDRADE, 2010).

A definição aqui apresentada para santo de cemitério pode ser verificada no

artigo "A Religiosidade Católica e seus santos: o Cemitério Municipal de Maringá - PR

como espaço de devoção" (2010) escrito por Solange Ramos de Andrade e Vanda

Fortuna Serafim.

Nesse sentido, Santos de Cemitério são santos - não reconhecidos

oficialmente pela Igreja Católica - que cultuados no local onde estão

enterrados originam uma verdadeira peregrinação rumo a esses

sepulcros, fazendo da sepultura um verdadeiro altar dedicado ao

santo lá enterrado. (ANDRADE e SERAFIM, 2010)

Dialogando com a teoria de Andrade e Serafim (2010), esses “presentes” aos

santos representa uma esperança que tem um duplo sentido: confiança no poder do

sagrado para escapar à fragilidade do viver, e esperança numa outra vida diferente da

que leva. De acordo com as autoras a proteção que o fiel implora ao poder do sagrado

vai ao sentido de que sua vida não seja uma sucessão de sofrimentos.

O mausoléu de Maria Bueno também configura um santuário no que diz respeito

a memória do indivíduo Maria Bueno.

Supõe uma clara distinção entre o que representa e o que é

representação, o que nesse caso, seria instrumento de um

conhecimento mediato que revela um objeto ausente substituindo-o

por uma imagem capaz de trazê-lo à memória e pintá-lo tal como é.

(ANDRADE e SERAFIM, 2010, p. 125)

Desta maneira, Andrade e Serafim, definem o cemitério como espaço devocional

não apenas como uma forma física de relação entre os devotos e Maria Bueno, mas

como um espaço transcendente onde o sagrado se manifesta através de imagens, orações

e principalmente da figura do tímulo como altar.

Para a história, cultuar santos em seus jazigos não é novidade, para ser mais

exato foi exatamente assim que os primeiros cultos aos santos começaram. Como diz

Andrade, nos primórdios do cristianismo, como atesta Andrade, os devotos dos

primeiros santos se dirigiam para onde estes estavam enterrados e lá faziam orações,

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pedidos de interseção e depositavam oferendas. Com o tempo para abrigar essas

relíquias depositadas por seus fiéis, foram sendo construídas capelas ao redor desses

sepulcros; e os santos mais populares acabaram ganhando construções maiores, os

templos. Foi assim que surgiram as primeiras igrejas dedicadas aos santos. Portanto,

historicamente falando, todo santo em seu primórdio era um santo de cemitério. Hoje

em dia institucionalizados como Santos Padroeiros Locais.

O altar de Maria Bueno enquanto uma hierofania

A morte iguala a todos, não importando o nível social, econômico, intelectual ou

qualquer outro critério que diferencie as pessoas no decorrer de suas vidas. Entretanto, o

modo de tratar o defunto pode trazer a tona novamente essas diferenças, sendo que o

status de um cadáver não depende de poder monetário e a hierarquia social dá lugar a

uma hierarquia celestial. Há os mortos comuns, aqueles que recebem homenagens de

sua família em tempos de visita; os defuntos famosos, aqueles que em vida já possuíam

certo fanatismo, morreram de forma trágica ou inusitada, ou ainda aqueles que guardam

lendas urbanas a respeito de sua alma ou sepultura. E acima desse panteão estão os

santos de cemitério com seus túmulos transformados em capelas e suas lápides que

representam verdadeiros altares. Para compreender como um simples mausoléu pode

atingir status de sagrado será usaso o conceito de hierofania em Mircea Eliade - termo

presente na sua obra O sagrado e o profano (1992):

O homem toma conhecimento do sagrado porque este se

manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do

profano. A partir da mais elementar hierofania – por exemplo,

a manifestação do sagrado num objeto qualquer, urna pedra ou

uma árvore – e até a hierofania suprema, que é, para um

cristão, a encarnação de Deus em Jesus Cristo, não existe

solução de continuidade. Encontramo-nos diante do mesmo ato

misterioso: a manifestação de algo ‘de ordem diferente’ – de

uma realidade que não pertence ao nosso mundo – em objetos

que fazem parte integrante do nosso mundo ‘natural’,

‘profano’. (ELIADE, 1992, p.13)

Outro ponto interessante inerente ao culto nos cemitérios, é que numa sociedade

dita moderna era esperado que tais rituais fossem aos poucos se esvaecendo, dando

lugar ao cientificismo e individualismo. Isso converge em Eliade quando ele descreve

um mundo contemporâneo que enfrenta dificuldade em descobrir o significado do todo,

devido à automatização e o individualismo da vida moderna. Afirma, ainda, que temos

muita pressa, e nossa vida gira na órbita do utilitarismo, o que nos faz pessoas

fragmentadas, capazes de vivenciar apenas frações do universo em que nos inserimos.

Eliade (1992) afirma que a experiência do ‘nós’ fundamenta toda comunicação

humana, pois aponta para um envolvimento em múltiplas dimensões: família, grupo

étnico, cultura, religião, sociedade. De acordo com Eliade, sabemos que nenhuma

religião possui a visão total de Deus. A grandeza divina é revelada através de

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fragmentos. E quando um fragmento se encaixa com outro e unimos os nossos pontos

de vista nos aproximamos do todo. Assim, manifestações diretas e imediatas com o

sagrado, como o culto a Maria Bueno, dispensando ou reduzindo significativamente as

mediações institucionais evidenciam que o divino continua ocupando espaços que o

homem e o mundo secularizado, não conseguiram preencher, contrariando as premissas

do pensamento cientificista de que a fé seria vencida pela razão. Num verdadeiro leque

de atitudes espontâneas ou populares, se encontram muitos exemplos semelhantes ao de

Maria Bueno, a Santinha de Curitiba, preteridas pelo discurso oficial. São expressões de

religiosidade não institucionalizadas, mas privilegiadas por um grande número de

crentes. Percebe-se assim que Maria Bueno está mais viva do que nunca, e suas nuances

aparecem nas mais diversas apropriações.

A santa Maria Bueno em seu túmulo-altar. É impossível não notar a semelhança com a Virgem

Maria em suas vestes e semblante sereno, uma imagem sublime, mas muito destoante de seu

caráter humano

Cemitério São Francisco de Paula

Um local lúgubre como o cemitério pode parecer improvável como espaço de

expressão artística, porém o Cemitério São Francisco de Paula, localizado na Praça

Padre João Sotto-Maior no bairro de São Francisco em Curitiba mostra o contrário.

Segundo Grassi (2006) é fácil encontrar a beleza onde estamos condicionados a olhá-la,

o difícil seria enxergá-la nos lugares tidos como um lugar de morte, de perda, de

sofrimento e de luto, como é o cemitério.

Neste tópico serão utilizadas as informações contidas no livro Um olhar... A arte

no silêncio (2006) da pesquisadora, fotógrafa e atuante em relações públicas Clarissa

Grassi, que por meio de fotografias expressa a arte fúnebre contida no Cemitério São

Francisco de Paula. O livro oferece uma nova abordagem para a arte tumular,

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equiparando-a as manifestações artísticas mais comuns, ressaltando a importância

histórica e artística. As fotografias de Grassi mostram cada detalhe das esculturas,

dentro e fora de seu contexto tumular. Junto às fotos, um breve texto aborda o

significado da simbologia que cada escultura carrega, trazendo à tona, signos já

esquecidos por nós. Um olhar fotográfico de 55 esculturas em 152 páginas.

De acordo Grassi, em 150 anos de existência o Cemitério Municipal São

Francisco de Paula somou um vasto acervo de esculturas e manifestações artísticas.

Mais que ornamentação de túmulos, essas obras de arte traduzem a evolução histórica

de Curitiba, assim como simbolizam a visão de nossa população acerca da morte,

expressa através da arte tumular.

O cemitério é um museu a céu aberto. Podemos entender o ciclo

econômico e migratório da cidade. Pelas fotos é possível descobrir

sobre moda em diferentes épocas e ainda acompanhar a tendência

artística e arquitetônica através do tempo. (GRASSI, 2006)

O Cemitério Municipal São Francisco de Paula, é o mais antigo da cidade e sua

pedra fundamental foi lançada em 1854 pelo Senador e Conselheiro da Província

Zacarias de Góes e Vasconcelos, devido a falta de verbas na época a construção

retornou em 1857 e foi concluída em 1866.

Segundo dados da prefeitura de Curitiba, até 2010 possuía 5.700 túmulos e

72.787 sepultamentos até maio de 2010.

Entrada principal do Cemitério São Francisco de Paula - Curitiba PR

Para a autora, através da arquitetura construída e das suas tendências da época

podemos observar um histórico da sociedade curitibana sobre o seu poder financeiro,

suas religiões, crenças, valores e espiritualidades, desde aquela época. Restos mortais

são encontrados de diferentes épocas, como, Revolução Federalista, renomados

produtores de erva-mate, família Hauer, Trajano Reis, Barão do Serro Azul e ainda

condes, viscondes e importantes políticos e religiosos do estado do Paraná.

Entre os inúmeros ilustres enterrados no Municipal uma figura se destaca por

sua história, Maria Bueno. Quem teve a oportunidade de visitar o cemitério no Dia de

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Finados sabe de longe, quão venerada a santa curitibana é, o túmulo de Maria Bueno1 é

repleto de centenas de placas de graças recebidas e flores, principalmente rosas

vermelhas. Com certeza é o túmulo mais visitado e intrigante do cemitério, cujo nível

da construção está mais baixo que os demais ao redor devido a data de sua construção,

afirma Grassi.

A autora afirmando dizendo que o Cemitério São Francisco de Paula funciona

como uma espécie de espelho da sociedade curitibabana, basta um passeio pelo

Municipal para identificar que o mesmo é reflexo da própria sociedade “lá fora”, onde

grandes mausoléus denunciam o poder da família e a simplicidade de outros, a origem

humilde de seus descendentes.

A Dinâmica do sagrado

Compreender o processo de construção da personagem pelo culto é tão

instigante quanto reconstruir sua biografia – afirma Sandra Jacqueline Stoll no livro

Maria Bueno: Santa de Casa (2011).

As antropólogas Sandra Jacqueline Stoll, Conceição dos Santos, Geslline

Giovana Braga e Vanessa Durando criaram em parceria o livro Maria Bueno: Santa de

Casa (2011). Este livro uma fonte histórica moderna, rica em detalhes e imagens serviu

de base para este capítulo a respeito de como se manifesta o culto à Maria Bueno no

cemitério, por se tratar de um ritual a análise de elementos individuais é imprescindível.

Segundo a autora Jacqueline Stoll – por se tratar de uma compilação cada capítulo do

livro Santa de Casa é autoral – por esta razão cada capitulo trabalhado será nomeado e

a(s) respectiva(s) autora(s) citada(s).

Nesta obra procurou-se realizar uma leitura de devoção a partir de modos de

circulação e apropriação dos objetos de culto, como descreve a própria Stoll, na

Apresentação (p. 1-6).

A discussão começará com as visitas aos Finados no Cemitério São Francisco de

Paula, mas conhecido como Cemitério Municipal apenas.

O Dia da saudade, como popularmente é conhecido o Dia de Finados atraem não

apenas os familiares em busca de homenagear os seus antepassados, mas também uma

verdadeira romaria em visita aos santos de cemitério conhecidos como milagreiros.

O túmulo de Maria Bueno fica logo na entrada do cemitério, na lápide nº. 3903

(quadra 13, rua 4), é uma capela alta toda em azul e branco, se encontra nivelada um

tanto abaixo de outros túmulos, por ter sido construída há muito tempo atrás; conforme

conclui a autora Maria Bueno é representada numa imagem em tamanho natural vestida

também nas cores azul e branco, com um manto branco sobre sua cabeça que dá a ela

uma aparência de noiva ou uma representação da Virgem Maria.

Apesar de a aparência ser similar ao institucional, conflitos com a Igreja

Católica, segundo consta, começou antes mesmo da canonização popular de Maria

1 Como informa o site Curitiba City, o túmulo de Maria Bueno está localizado na entrada principal do

cemitério, no final ao lado direito, na lápide de nº. 3903 (quadra 13, rua 4), o cemitério está aberto para

visitação diariamente com a abertura do portão lateral das 08h ás 17h 45mim e da entrada principal das

08h ás 18h; não se paga nada para entrar.

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Bueno, pois segundo a autora, nos relatos de cronistas locais, a Igreja se recusou a

realizar-lhe missa de corpo presente. De acordo com a autora, em desagravo, a

Sociedade 13 de Maio2, ligada a Irmandade dos Pretos

3, promoveu uma missa póstuma

de 30 dias. Essa situação demonstra que a dicotomia em Maria Bueno não é apenas

entre santa e prostituta; mas também uma questão étnica e social de disputa entre negros

e brancos, católicos e adeptos de religiosidades afro-brasileiras ou da religião espírita.

Gerando uma disputa para decidir que lugar Maria Bueno deveria ocupar no campo

religioso local.

A forma como sua sepultura foi construída é outra fonte de controvérsias, essa

discussão se apresenta no capítulo “Devoção Centenária” (p. 29-68) de Conceição dos

Santos, no livro Maria Bueno: Santa de Casa (2011). Como já foi dito Maria Bueno

recebeu os primeiros esboços de culto no local onde seu corpo foi encontrado, e lá

colocaram uma cruz de madeira onde eram levadas velas e rosas vermelhas, depois do

anuncio do primeiro milagre – não se sabe quando, o que, nem para quem – começaram

a aparecer bilhetinhos com promessas. Só anos depois, os rituais foram transferidos para

o cemitério onde jaz seu corpo, por motivos de religiosos o corpo de Maria Bueno teve

dificuldades de se estabelecer. Segundo as autoras, o levantamento histórico realizado,

mostra que o padre responsável pela paróquia de Curitiba na época era o “polêmico”

Dom Alberto Gonçalves, sacerdote originário de família tradicional da oligarquia local,

que assumiu o comando da matriz de Curitiba em 1882, período em que a Igreja matriz

(a sede eclesiástica) funcionava provisoriamente na Igreja do Rosário de São Benedito

dos Pretos.

Segundo Santos (2011), o processo de santificação de Maria Bueno teve início

com contemporâneos seus, nos rituais realizados, primeiro, no terreno baldio onde se

registrou sua morte, e posteriormente no cemitério; ambos locais públicos que

permitiram pessoas de todos os lugares sociais e condições econômicas desenvolverem

livremente sua devoção.

A construção de sua capela também é um ponto controverso e carregado de

mitos. O que não se pode negar é que a obra empreendida pela Irmandade da Conceição

Maria Bueno, conseguiu grande visibilidade para sua santa de devoção depois de

transformar seu mausoléu num verdadeiro altar. (SANTOS, 2011).

Essa irmandade foi criada nos anos de 1960 por um grupo de devotos, e essa

entidade foi responsável pela construção da capela e translado dos restos mortais de

2 A Sociedade 13 de maio é um espaço cultural dedicado à exposição da musicalidade e da cultura

brasileira. Criada em 1888, após a abolição da escravatura, a Sociedade 13de Maio foi a primeira

instituição histórica dos negros paranaenses. Localiza-se no centro histórico de Curitiba e possui

programação permanente de bailes aos finais de semana, além de aulas de maracatu e eventos

universitários. Atualmente é frequentado por universitários, surfistas, empresários, bichos-grilos e outras

tantas tribos, este espaço agrega uma diversidade cultural incrível, o que faz da Sociedade 13 de Maio um

espaço singular em Curitiba. (GUIA GAZETA DO POVO on-line) 3 A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos é uma confraria de culto afro-brasileiro,

congregados em torno da devoção a Nossa Senhora do Rosário. A Irmandade de Nossa Senhora do

Rosário chegou ao Brasil no século XVI. E foi adotada por senhores e escravos, sendo que no caso dos

negros ela tinha o objetivo de aliviar-lhes os sofrimentos infligidos pelos brancos. Os escravos recolhiam

as sementes de um capim, cujas contas são grossas, denominadas "lágrimas de Nossa Senhora", e

montavam terços para rezar. A partir do fim do período colonial, as irmandades do Rosário passam a ser

constituídas pelos "homens pretos", daí a origem de seu nome. (PORTAL RAÍZES)

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Maria Bueno do antigo túmulo no Cemitério Municipal para a atual capela. No início

essa irmandade era formada por pessoas de diversas religiões, e segundo relato de

Arnaldo Azevedo (falecido em 1983), um dos fundadores da Irmandade a construção do

mausoléu teve ajuda mediúnica:

Vieram os pretos-velhos que limparam o ambiente e foram embora.

Em seguida, aprece a mãe, que também limpou a sala e partiu, nesse

momento desceram os anjinhos que, depois de limparem, tomaram

seus lugares na sala. Depois de descerem as virgens e os arcanjos,

tocou um sino, que como tudo o mais, só foi ouvido pelos videntes.

Então, aconteceu a maravilha... Uma escada linda, descrita pelos

videntes, apareceu. As virgens com lírios na mão, a flor predileta de

Maria Bueno, desceram as escadas seguidas pela tão esperada

santa...

...a escolhida para incorpora Maria Bueno foi Hilda, devota da santa

desde criança. Ao incorporar Hilda, Maria Bueno deu volta na mesa

abençoando a todos e reconheceu a foto (aquela que está na capela e

não queima) como sendo sua. Quando lhe apresentaram a sua capela

em forma de pirâmide, Maria Bueno disse que não e descreveu uma

que lhe agradava mais. Arnaldo diz que neste momento, Maria Bueno

mostrou uma inteligência incrível, aliando conforto à beleza.

(SANTOS, 2011, p.62)

Como se percebe nesse relato teria sido a própria Maria Bueno quem escolheu a

própria capela e com ajuda de entidades não tão católicas assim. Sendo assim a

religiosidade em torno de Maria Bueno não está restrita ao âmbito católico, perpassando

também outras denominações religiosas.

No capítulo “Finados e o culto aos santos em cemitérios: Maria Bueno santa

curitibana” (p. 7-38) Conceição dos Santos e Sandra Jacqueline Stoll (2011) traçam um

parâmetro de como se dá o culto a Maria Bueno. Segundo as autoras, o Dia de Finados,

dois de novembro, é o ponto alto no calendário das devoções a personagens como Maria

Bueno e outras personalidades fúnebres.

O movimento normalmente começa por volta das oito da manhã e só acaba

quando os portões se fecham. A romaria ao túmulo de Maria Bueno não é

institucionalizada, portanto não há um itinerário oficial, as pessoas vêm em grupos

organizados por algum local, acompanhada de familiares e amigos ou mesmo sozinhas.

Os ritos a Maria Bueno iniciam-se com orações frequentemente

acompanhadas de gestos: as pessoas estendem a mão na direção da

imagem, ajoelham-se, jogam beijos. Comportamento que se

assemelha aos observados nos santuários católicos. (SANTOS e

STOLL, 2011)

Velas e flores, principalmente as rosas vermelhas também estão sempre

presentes – dizem os devotos que as rosas vermelhas são do agrado da santa. Mas o que

mais chama a atenção no ritual à Maria Bueno são os ex-votos, expressados em bilhetes,

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muitos, verdadeiras cartas, algumas fotos, flores, principalmente rosas vermelhas4,

réplicas de partes do corpo curadas e principalmente as placas votivas5, que encobrem

toda parede ao lado de sua sepultura causando espanto em quem vai à sua visita pela

primeira vez.

O ex-voto compreende qualquer bem material empregado em “pagamento” ao

santo. Além de comunicar que a “dívida” com o santo foi “paga”, o ex-voto é um

registro do poder atribuído ao santo na solução de conflitos, anseios e sofrimento dos

devotos. (SANTOS e STOLL, 2011).

Inúmeras Placas-Votivas demonstram a amplitude da devoção à Maria Bueno

4 Simbolismo das Rosas vermelhas: Outro elemento marcante em sua capela é a abundancia de rosas

vermelhas. Conta-se que essa era a flor preferida de Maria Bueno e que dias após sua morte no local onde

seu corpo foi encontrando nasceu misteriosamente um pé de rosas vermelhas, lá foi colocado uma cruz de

madeira se tornando o primeiro local de peregrinação. Diz que o surgimento das rosas foi seu primeiro

milagre.

Há ainda uma versão similar, mas que relata que o corpo de Maria Bueno foi enterrado, lá mesmo, no

canto de rua onde havia sido assassinada. Essa informação não foi confirmada pela administração do

Cemitério São Francisco de Paula, que registrou o sepultamento de Maria Bueno no dia 30 de janeiro de

1893, portanto um dia após seu assassinato. (Maria Bueno: Santa de Casa, 2011, p. 49). Além disso, está

intrínseco o simbolismo das rosas vermelhas como sensualidade, feminilidade e força sexual. 5 EX-VOTOS: Desde a transferência dos restos mortais de Maria Bueno em 1961, quando passou a

ocupar um lugar de destaque, na parte frontal do Cemitério Municipal, seu túmulo foi sendo

gradativamente revestido por placas votivas, imortalizando centenas de agradecimentos. Como relata a

autora, são pequenas placas de granilite ou madeira, que de alguma forma revelam uma graça recebida.

Muitas apresentam os nomes dos devotos enquanto outras indicam apenas as iniciais enquanto outras

tantas nem isso, apenas expressam um agradecimento, sem qualquer identificação. É bastante comum o

registro de uma data, mas que, por si só não permite saber se ela se reporta ao momento da graça

alcançada ou ao dia em que a placa foi encomendada. Os bilhetinhos e cartas endereçadas aos santos é

tradição religiosa ampla em difusão no Brasil, sendo encontrados nas “salas de milagre” dos santuários

católicos mais populares. Esses bilhetes e placas derivam da tradição portuguesa das tábuas votivas,

introduzida no Brasil no período colonial. Estas consistiam em representações de milagres através de

desenhos e pinturas. Segundo a autora, essa tradição de representar agradecimento aos santos através de

ex-votos pictóricos teria evoluído para a escrita ex-votiva, e as cartas relatando o sofrimento que levou o

fiel a recorrer à intercessão divina, substituem as antigas ilustrações. O bilhete, por sua vez seria a versão

resumida dessas cartas. (MARIA BUENO: SANTA DE CASA, 2011, p. 23)

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Outro dia que Maria Bueno recebe muitas visitas de devotos é segunda-feira

considerada, o Dia das Almas. Como a capela é aberta apenas no período da tarde nesse

dia, os devotos costumam visitá-la pela manhã e realizam os rituais junto à porta,

rezando com o rosto rente ao vidro e colocando as rosas no vão das grades. (SANTOS e

STOLL, 2011).

Segundo Santos e Stoll é preciso atentar para o fato que existe um circuito local

ao longo do ano que intensificam as visitas realizadas à capela de Maria Bueno no

Cemitério Municipal. Este aumento de visitantes está diretamente associado às práticas

de devoção institucionalizadas, como as missas de domingo ou o dia de algum santo

oficial. O que ocorre é que as pessoas aproveitam feriados e idas à Igreja para passar na

capela de Maria Bueno e fazer uma oração ou acender uma vela.

Essa prática parece paradoxal, pois espera que se um fiel tem seus santos oficiais

não “precisaria” de um santo não canonizado pelo Vaticano ou até o renegaria dito os

dogmas da própria instituição que segue. Mas na prática o que ocorre é completamente

diferente. O que presenciamos no culto a Maria Bueno é um “hibridismo religioso”

(BURKE, 2010) – o fiel frequenta a Igreja, tem seus santos oficiais e mesmo assim

recorre também às benções dos santos ditos populares.

Isso ocorre, segundo Santos e Stoll, conforme a urgência do fiel que recorre a

mediadores situados em diferentes níveis da “hierarquia celestial”. É o que as autoras

chamam de devoção horizontal. A devoção horizontal constitui na distancia espiritual

que o santo se encontra do devoto; um exemplo para esclarecer é a comparação entre as

duas Marias, a Maria Bueno e a Virgem Maria, ou Nossa Senhora Aparecida. Nossa

Senhora se encontra situada hierarquicamente acima dos demais santos, pois é a mãe do

filho de Deus – está mais próxima de Deus. Já Maria Bueno, uma santa local de vida

impura (para alguns) apresenta uma existência mais mundana – portanto mais próxima

do devoto - ainda que seja uma figura sagrada parece haver uma aura de identificação e

tolerância em Maria Bueno, como se ela ouvisse o devoto mais intimamente e fosse

mais condescendeste com seus deslizes; essa é a relação horizontal.

Outro ponto importante abordado por Santos e Stoll nesse capítulo, são as razões

que motivam a escolha de um santo. A escolha pode se dar por herança familiar, o santo

que já era cultuado pela avó da devota; a ligação com outro santo que o devoto já

cultua; por indicação, quando o devoto se encontra aflito e tem o santo indicado por

alguém que diz ser o santo indicado para tal aflição; mas principalmente por

identificação: o santo da cidade ou profissão do devoto, o agrado pelas ações do santo

em vida ou se este viveu um drama parecido que o devoto está vivendo no momento de

aflição. Talvez essa seja a principal razão de Maria Bueno ser cultuada principalmente

por mulheres de vida humilde e também pelas prostituas – mulheres expostas

constantemente à violência masculina.

Por outro lado, Santos e Stoll afirmam que a relação com um santo não canônico

está marcada por uma sem-cerimônia, e esse laço entre santo e fiel pode ser revogado a

qualquer momento.

A importância do conhecimento e compreensão do espaço ritual de Maria Bueno

é tão importante quanto a análise à sua devoção ou a sua história. Dialogando

novamente com Andrade (2010), o ritual no cemitério configura como a manifestação

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física da religiosidade católica na qual Maria Bueno se insere. Compreende-se que o

cemitério como local de culto intensifica a relação imediata dos devotos com a santinha

Maria Bueno. Eles tem em suas mãos todos os elementos da devoção, não há dogmas

nem intermediários, cada devoto decide como será sua relação com “sua” santa, isso dá

autonomia e liberdade que em uma religião oficial o fiel não encontraria.

REFERÊNCIAS

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Manoel, Ivan;

ANDRADE, Solange Ramos de. Identidades religiosas. Franca: UNESP – FHDSS;

Civitas Editora, 2008. P. 253 – 281.

ANDRADE, Solange Ramos de. O culto aos santos: a religiosidade católica e seu

hibridismo. In: Revista Brasileira de História das Religiões. Ano III n. 7, Mai, 2010.

Disponível em: http://www.dhi.uem.br/gtreligiao. P. 131-145.

ANDRADE, Solange Ramos de; SERAFIM, Vanda Fortuna. A religiosidade católica e

seus santos: o Cemitério Municipal de Maringá PR como espaço de devoção. História

Agora, v. 10, 2010, P. 103 - 136.

BURKE, Peter. Hibridismo cultural. 3ª ed. São Leopoldo – RS: Editora Unisinos,

2003.

CERTEAU, Michel de. A operação histórica. In: LEGOFF, Jacques; NORA, Pierre

(org). História novos problemas. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974. P. 17 –

48.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. 1ª ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes

Editora Ltda., 1992.

GRASSI, Clarissa. Um olhar... A arte no silêncio. 1ª ed. Curitiba: Editora Clarissa

Grassi, 2006.

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HERMANN, Jacqueline. História das religiões e religiosidades. IN CARDOSO, Ciro

Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da historia: ensaios de teoria e

metodologia - Rio de Janeiro: Campus, 1997.

LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. Introdução. IN: _______________ Historia novos

problemas. 4.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves ,1974. P. 11-15.

STOLL, Sandra Jacqueline; SANTOS, Conceição dos; BRAGA, Geslline Giovana;

DURANDO, Vanessa. Maria Bueno: Santa de Casa. 22ª ed. Curitiba: Edição do

autor, 2011.