Santas Mulheres Papa Bento Xvi

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    SANTAS MULHERES

    NO DISCURSO DO PAPA BENTO XVI Catequeses apresentadas nas Audiências Gerais às quartas-feiras

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    SANTAS MULHERES NO DISCURSO DO PAPA BENTO XVI 

    Índice

    As mulheres ao serviço do Evangelho................ 7

    Santa Hildegarda de Bingen......................................11 

    Santa Hildegarda de Bingen (2).............................. 1 

    Clara de Assis................................................................... 1! 

    Santa "atilde de Hac#e$%rn..................................... 2& 

    Santa Gertrudes.............................................................. 2' 

    Beata ngela de %lign%............................................. 2* 

    Santa +sa$el da Hungria............................................. '

    Santa Br,gida da Sucia..............................................

    "argarida de /ingt...................................................... '2 

    Santa 0uliana de C%rnill%n......................................... '! 

    Santa Catarina de Sena............................................... & 

     0uliana de %r3ic4........................................................ ' 

    Santa 5er6nica 0uliani................................................. 7

    Santa Catarina de B%l%n4a........................................ !2

    Santa Catarina de Gên%8a.......................................... !7

    Santa 0%ana d9Arc........................................................... 71 

    Santa :eresa de ;8ila

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     As mulheres ao serviço o Eva!"elho 

     A>ad%s ir>?%s e ir>?s 

    Hoje chegamos ao fim do nosso percurso entre as testemunhas do cristianismonascente, que os escritos neotestamentários mencionam. E usamos a última etapadeste primeiro percurso para dedicar a nossa atenção s diversas figuras femininasque tiveram um papel efetivo e precioso na difusão do Evangelho. ! seutestemunho não pode ser esquecido, de acordo com o que o pr"prio #esus p$dedi%er da mulher que lhe ungiu a ca&eça pouco antes da 'ai(ão) *Em verdade vosdigo) em qualquer parte do mundo onde este Evangelho for anunciado, há+detam&m narrar+se, em sua mem"ria, o que ela aca&a de fa%er* -"t /, 012 "c 03, 45.! 6enhor quer que estas testemunhas do Evangelho, estas figuras que deram uma

    contri&uição a fim de que aumentasse a f nele, sejam conhecidas e a sua mem"riaseja viva na greja. 'odemos historicamente distinguir o papel das mulheres no8ristianismo primitivo, durante a vida terrena de #esus e durante as vicissitudes da

    primeira geração cristã.

    #esus certamente, sa&emo+lo, escolheu entre os seus disc9pulos do%e homens como'ais do novo srael, escolheu+os para *estarem com Ele e para enviá+los a pregar*-"c 1, 035. Este fato evidente mas, alm dos :o%e, colunas da greja, pais do novo'ovo de :eus, são escolhidas no número dos disc9pulos tam&m muitas mulheres.

    Apenas &revemente posso mencionar aquelas que se encontram no caminho dopr"prio #esus, a começar pela profetisa Ana -cf. @c , 1/+1;5, at a 6amaritana

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    -cf. 0% 3, 0+145, a mulher s9rio+fen9cia -cf. "c 7, 3+1

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    :ei(emos aos e(egetas o consequente pro&lema, muito discutido, da relação entrea primeira palavra as mulheres podem profeti%ar na assem&leia e a outra nãopodem falar da relação entre estas duas indicaçDes aparentemente contradit"rias.>ão se pode discuti+lo aqui. >a quarta+feira passada já encontramos a figura de

    'risca ou 'riscila, esposa de Gquila, que em dois casos surpreendentementemencionada antes do marido -cf. At 0;, 0;2 > 0/, 15) de qualquer maneira, am&ossão e(plicitamente qualificados por 'aulo como seus sun-erg%s *cola&oradores*

    -> 0/, 15.

    !utros relevos não podem ser descuidados. necessário reconhecer, por e(emplo,que a &reve Carta a ile>%n na realidade endereçada por 'aulo tam&m a umamulher chamada *Gpfia* -cf.> 5. CradiçDes latinas e s9rias do te(to gregoacrescentam a este nome *Gpfia* o apelativo de Dir>? car,ssi>aD -+$ide>5 e deve+se di%er que na comunidade de 8olossos ela devia ocupar um lugar de relevo2 de

    qualquer forma, a única mulher mencionada por 'aulo entre os destinatários deuma sua carta. >outro lugar, o Ap"stolo menciona uma certa *Be&e*, qualificadacomodiE#%n%s da greja de 8Increas, a pequena cidade portuária a leste de 8orinto

    -cf. > 0/, 0+5.

    Em&ora o t9tulo naquele tempo não tenha um espec9fico valor ministerial de tipohierárquico, ele e(pressa um verdadeiro e pr"prio e(erc9cio de responsa&ilidadedesta mulher em favor daquela comunidade cristã. 'aulo recomenda que sejarece&ida cordialmente e assistida *nas atividades em que precisar de v"s*2 depois,acrescenta) *'ois tam&m ela tem sido uma protetora para muitos e para mimpessoalmente*. >o mesmo conte(to epistolar, o Ap"stolo recorda com traços dedelicade%a outros nomes de mulheres) uma certa ?aria, depois Crifena, Crifosa e a*querida* 'rside, alm de #úlia, das quais escreve a&ertamente que *se afadigarampor v"s* ou *que se afadigaram pelo 6enhor* -> 0/, /.0a.0&.0=5, ressaltandoassim o seu forte compromisso eclesial. :epois, na greja de Bilipos deviamdistinguir+se duas mulheres chamadas *Ev"dia e 69ntique* -l 3, 5) a e(ortaçãoque 'aulo fa% conc"rdia rec9proca dei(a entender que as duas mulheres tinham

    uma função importante no interior daquela comunidade.

    Em s9ntese, a hist"ria do cristianismo teria tido um desenvolvimento muitodiferente, se não houvesse a generosa contri&uição de muitas mulheres. 'or isso,como p$de escrever o meu venerado e querido 'redecessor #oão 'aulo na 8artaApost"lica "ulieris dignitatis *a greja rende graças por todas e cada uma dasmulheres... A greja agradece todas as manifestaçDes do JgIneroK feminino,surgidas no curso da hist"ria, no meio de todos os povos e naçDes2 agradece todosos carismas que o Esp9rito 6anto concede s mulheres na hist"ria do 'ovo de :eus,todas as vit"rias que deve f, esperança e caridade das mesmas) agradecetodos os frutos de santidade feminina* -n. 105. 8omo se vI, o elogio di% respeito s

    mulheres ao longo da hist"ria da greja, e e(presso em nome de toda acomunidade eclesial. Cam&m n"s nos unimos a este apreço, dando graças ao

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    6enhor porque Ele condu% a sua greja, de geração em geração, valendo+seindistintamente de homens e mulheres, que sa&em frutificar a sua f e o seu

    &atismo, para o &em de todo o 8orpo eclesiástico, para maior gl"ria de :eus.

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    1F de Sete>$r% de 2&1& 

     Santa Hildegarda de Bingen 

     A>ad%s ir>?%s e ir>?s  

    Em 04;;, por ocasião do Ano ?ariano, o @enerável #oão 'aulo escreveu uma8arta Apost"lica intitulada "ulieris dignitate> so&re o papel precioso que asmulheres desempenharam e desempenham na vida da greja. LA greja M lI+senela M agradece todas as manifestaçDes do gêner% fe>inin% surgidas no curso dahist"ria, no meio de todos os povos e naçDes2 agradece a variedade dos carismasque o Esp9rito 6anto concede s mulheres na hist"ria do 'ovo de :eus, todas asvit"rias que ela deve sua f, esperança e caridade das mesmas) agradece todos os

    frutos de santidade femininaN -n. 105.

    Cam&m naqueles sculos da hist"ria que n"s ha&itualmente chamamos dade?dia, so&ressaem diversas figuras femininas pela santidade e rique%a doensinamento. Hoje gostaria de iniciar apresentando+vos uma delas) 6antaHildegarda de Oingen, que viveu na Alemanha no sculo P. >asceu em 0

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    Oento. Hildegarda rece&eu o vu do Oispo !tão de Oam&erg e, em 001/, com amorte da madre #udite, que era 6uperiora da comunidade, as irmãs de há&itochamaram+na para lhe suceder. :esempenhou esta tarefa fa%endo frutificar os seusdotes de mulher culta, espiritualmente elevada e capa% de enfrentar com

    competIncia os aspectos organi%ativos da vida claustral. Alguns anos mais tarde,tam&m devido ao número crescente de jovens mulheres que &atiam porta domosteiro, Hildegarda fundou outra comunidade em Oingen, intitulada a 6ãouperto, onde transcorreu o resto da vida. ! estilo com que e(ercia o ministrio daautoridade e(emplar para cada comunidade religiosa) suscitava uma santaemulação na prática do &em, a ponto que, como resulta do testemunho do tempo, amadre e as filhas competiam na estima e no serviço rec9procos.

    #á nos anos em que era superiora do mosteiro de 6ão :isi&odo, Hildegarda iniciaraa ditar as visDes m9sticas, que tinha há tempos, ao seu conselheiro espiritual, o

    monge @olmar, e sua secretária, uma irmã de há&ito qual era muito afeiçoada,ichardis de 6trade. 8omo acontece sempre na vida dos verdadeiros m9sticos,tam&m Hildegarda quis su&meter+se autoridade de pessoas sá&ias paradiscernir a origem das suas visDes, temendo que elas fossem fruto de ilusDes e quenão proviessem de :eus. 'or isso dirigiu+se pessoa que na sua poca go%ava damá(ima estima na greja) 6ão Oernardo de 8laraval, do qual já falei nalgumascatequeses. Ele tranquili%ou e encorajou Hildegarda. ?as em 0037 ela rece&euoutra aprovação important9ssima. ! 'apa EugInio , que presidia um 69nodo emCrier, leu um te(to ditado por Hildegarda, que lhe foi apresentado pelo Arce&ispo

    Henrique de ?ain%. ! 'apa autori%ou a m9stica a escrever as suas visDes e a falarem pú&lico. A partir daquele momento o prest9gio espiritual de Hildegarda cresceucada ve% mais, a ponto que os contemporFneos lhe atri&u9ram o t9tulo de Lprofeti%ateut$nicaN. Eis, queridos amigos, o selo de uma e(periIncia autIntica do Esp9rito6anto, fonte de todo o carisma) a pessoa depositária de dons so&renaturais nuncase vangloria disso, não os e(i&e mas, so&retudo, mostra total o&ediIncia autoridade eclesial. 8ada dom distri&u9do pelo Esp9rito 6anto, de fato, destinado edificação da greja, e a greja, atravs dos seus 'astores, reconhece a suaautenticidade.

    @oltarei a falar na pr"(ima quarta+feira so&re esta grande mulher LprofessaN, quefala com grande atualidade tam&m hoje a n"s, com o seu amor pela criação, o seuremdio, a sua poesia, a sua música, que hoje reconstru9da, o seu amor a 8risto e 6ua greja, que sofria tam&m naquela poca, ferida como hoje pelos pecados dos

    sacerdotes e dos leigos, e muito mais amada como corpo de 8risto.

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    de Sete>$r% de 2&1& 

     Santa Hildegarda de Bingen (2) 

    uerid%s ir>?%s e ir>?s  

    Hoje gostaria de retomar e continuar a refle(ão so&re 6anta Hildegarda de Oingen,figura feminina importante da dade ?dia, que se distinguiu pela sa&edoriaespiritual e pela santidade de vida. As visDes m9sticas de Hildegarda assemelham+se s dos profetas do Antigo Cestamento) e(primindo+se com as categoriasculturais e religiosas da sua poca, interpretava lu% de :eus as 6agradasEscrituras, aplicando+as s várias circunstFncias da vida. :este modo, todos os quea escutavam, sentiam+se e(ortados a praticar um estilo de e(istIncia cristãocoerente e empenhado. >uma carta a 6ão Oernardo, a m9stica renana confessa) LAvisão arre&ata todo o meu ser) não vejo com os olhos do corpo, mas aparece+me no

    esp9rito dos mistrios... 8onheço o significado profundo do que está e(posto no6altrio, nos Evangelhos e nos outros livros, que me são mostrados na visão. Elaarde como uma chama no meu peito e na minha alma, e ensina+me a compreender

    profundamente o te(toN -Ipist%lariu> pars pri>a +P8) 888? 405.

    As visDes m9sticas de Hildegarda são ricas de conteúdos teol"gicos. eferem+se aoseventos principais da hist"ria da salvação e utili%am uma linguagem so&retudopotica e sim&"lica. 'or e(emplo, na sua o&ra mais conhecida, denominada 6civias,isto L8onhece as viasN, ela resume em trinta e cinco visDes os acontecimentos da

    hist"ria da salvação, desde a criação do mundo at ao fim dos tempos. 8om ostraços caracter9sticos da sensi&ilidade feminina, Hildegarda, e(atamente na secção

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    central da sua o&ra, desenvolve o tema do matrim$nio m9stico entre :eus e ahumanidade, reali%ado na Encarnação. >o madeiro da 8ru% reali%am+se as núpciasdo Bilho de :eus com a greja, sua esposa, cheia de graça e tornada capa% de doar a

    :eus novos filhos, no amor do Esp9rito 6anto -cf. 5isi% tertia) J@ 047, 3=1c5.

    #á destes &reves trechos vemos que tam&m a teologia pode rece&er umacontri&uição peculiar das mulheres, porque são capa%es de falar de :eus e dosmistrios da f com a sua singular inteligIncia e sensi&ilidade. 'ortanto, encorajotodas aquelas que desempenham este serviço a reali%á+lo com profundo esp9ritoeclesial, alimentando a pr"pria refle(ão com a oração e olhando para a granderique%a, ainda em parte ine(plorada, da tradição m9stica medieval, so&retudo a

    representada por modelos luminosos, justamente como Hildegarda de Oingen.

    A m9stica renana tam&m autora de outros escritos, dois dos quais

    particularmente importantes porque descrevem, como o 6civias, as suas visDesm9sticas) são o @i$er 8itae >erit%ru> -ivro dos mritos da vida5 e o @i$erdi8in%ru> %peru>  -ivro das o&ras divinas5, denominado tam&m Ke %perati%neKei. >o primeiro descrita uma única e poderosa visão do :eus que vivifica ocosmos com a sua força e lu%. Hildegarda realça a profunda relação entre o homeme :eus e recorda+nos que toda a criação, da qual o homem o ápice, rece&e a vidada Crindade. ! escrito está centrado na relação entre virtudes e v9cios, pela qual oser humano deve enfrentar quotidianamente o desafio dos v9cios, que o afastam docaminho rumo a :eus, e as virtudes, que o favorecem. ! convite para se afastardo mal para glorificar :eus e, depois de uma e(istIncia virtuosa, entrar na vidaLtoda de alegriaN. >a segunda considerada por muitos a sua o&ra+prima, descreveainda a criação na sua relação com :eus e a centralidade do homem, manifestandoum forte cristocentrismo de sa&or &9&lico+patr9stico. A 6anta, que apresenta cincovisDes inspiradas pelo 'r"logo do Evangelho de 6ão #oão, apresenta as palavrasque o Bilho dirige ao 'ai) LCoda a o&ra que Cu quiseste e me confiaste, cumpri+acom I(ito, e eis que eu estou em ti, e Cu em mim, e >"s somos um s"N - Jars

    +++ , 5isi% L ) J@ 047, 0p4%nia Har>%niae Caelestiu> e8elati%nu> -6infonia da harmonia dasrevelaçDes celestiais5, que eram e(ecutados ju&ilosamente nos seus mosteiros,difundindo uma atmosfera de serenidade, e que chegaram at n"s. 'ara ela, toda a

    criação uma sinfonia do Esp9rito 6anto, que alegria e jú&ilo em si mesmo.

    A popularidade que circundava Hildegarda impulsionava muitas pessoas a

    interpelá+la. 'or este motivo, dispomos de muitas suas cartas. A ela dirigiam+se

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    comunidades monásticas masculinas e femininas, &ispos e a&ades. ?uitasrespostas permanecem válidas inclusive para n"s. 'or e(emplo, a uma comunidadereligiosa feminina Hildegarda escrevia) LA vida espiritual deve ser cuidada commuita dedicação. >o in9cio o tra&alho dif9cil. 'ois e(ige a renúncia fantasia, ao

    pra%er da carne e a outras coisas semelhantes. ?as se dei(ar+se fascinar pelasantidade, uma alma santa sentirá d"cil e amoroso o pr"prio despre%o do mundo.6" preciso prestar atenção, inteligentemente, para que a alma não se avilteN -E.Rronau, Hildegard. 5ita di una d%nna pr%fetica alle %rigini dell9età >%derna, ?ilão044/, p. 3

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    Clara de Assis 

    JreOad%s ir>?%s e ir>?s 

    Tma das 6antas mais amadas , sem dúvida, 6anta 8lara de Assis, que viveu nosculo P, contemporFnea de 6ão Brancisco. ! seu testemunho mostra+nos como agreja inteira devedora a mulheres intrpidas e ricas de f como ela, capa%es dedar um impulso decisivo para a renovação da greja.

    'ortanto, quem era 8lara de AssisU 'ara responder a esta pergunta, dispomos defontes seguras) não apenas das antigas &iografias, como a de Comás de 8elano, mastam&m das Actas  do processo de canoni%ação promovido pelo 'apa s" poucosmeses depois da morte de 8lara e que contm os testemunhos daqueles que

    viveram ao seu lado durante muito tempo.

    Cendo nascido em 0041, 8lara pertencia a uma fam9lia aristocrática e rica.enunciou no&re%a e rique%a para viver humilde e po&re, seguindo a forma devida proposta por Brancisco de Assis. Em&ora os seus parentes, como acontecianessa poca, começavam a programar para ela um matrim$nio com umapersonalidade importante, 8lara, com 0; anos de idade, com um gesto auda%inspirado pelo profundo desejo de seguir 8risto e pela admiração que tinha porBrancisco, dei(ou a casa paterna e, em companhia de uma das suas amigas, Oona deRuelfuccio, uniu+se secretamente aos frades menores na pequena igreja da

    'orciúncula. Era a tarde do :omingo de amos de 000. >a comoção geral, foilevado a ca&o um gesto profundamente sim&"lico) enquanto os seus companheiros

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    seguravam nas mãos algumas tochas acesas, Brancisco cortou+lhe os ca&elos e8lara vestiu o rude há&ito penitencial. A partir daquele momento, ela tornou+se avirgem esposa de 8risto, humilde e po&re, consagrando+se totalmente a Ele. 8omo8lara e as suas companheiras, inúmeras mulheres ao longo da hist"ria ficaram

    fascinadas pelo amor a 8risto que, na &ele%a da sua 'essoa divina, enche o seucoração. E a greja inteira, por intermdio da m9stica vocação nupcial das virgensconsagradas, mostra+se como sempre será) a Esposa &onita e pura de 8risto.

    >uma das quatro cartas que 8lara enviou a 6anta nIs de 'raga, filha do rei daOoemia, que desejava seguir os seus passos, fala de 8risto, seu amado Esposo, come(pressDes nupciais que podem causar admiração, mas que comovem) LAmando+o,s casta, tocando+o, serás pura, dei(ando+te possuir por Ele, s virgem. ! seu poder mais forte, a sua generosidade mais elevada, o seu aspecto mais e(celso, oamor mais suave e todas as graças mais su&limes. #á foste conquistada pelo seu

    a&raço, que ornamentou o seu peito com pedras preciosas... coroando+te com umdiadema de ouro, marcado com o sinal da santidadeN -Jri>eira Carta)  , ;/5.

    'rincipalmente no in9cio da sua e(periIncia religiosa, 8lara encontrou emBrancisco de Assis não apenas um mestre cujos ensinamentos devia seguir, masinclusive um amigo fraterno. A ami%ade entre estes dois santos constitui umaspecto muito &onito e importante. 8om efeito, quando se encontram duas almaspuras e inflamadas pelo mesmo amor a :eus, elas haurem da ami%ade rec9procaum est9mulo e(tremamente forte para percorrer o caminho da perfeição. Aami%ade um dos sentimentos humanos mais no&res e elevados que a Rraçadivina purifica e transfigura. 8omo 6ão Brancisco e 6anta 8lara, tam&m outros6antos viveram uma profunda ami%ade no caminho rumo perfeição cristã, como6ão Brancisco de 6ales e 6anta #oana Brancisca de 8hantal. E precisamente 6ãoBrancisco de 6ales que escreve) L &om poder amar na terra como se ama no cu, eaprendermos a amar neste mundo como havemos de fa%er eternamente no outro.Aqui não me refiro ao simples amor de caridade, porque temos que ter este amorpor todos os homens2 refiro+me ami%ade espiritual, no Fm&ito da qual duas, trIsou mais pessoas permutam entre si a devoção e os afetos espirituais, tornando+se

    realmente um s" esp9ritoN -+ntr%duP?% à 8ida de8%ta, , 045.

    :epois de ter transcorrido um per9odo de alguns meses no interior de outrascomunidades monásticas, resistindo s pressDes dos seus familiares queinicialmente não aprovaram a sua escolha, 8lara esta&eleceu+se com as primeirascompanheiras na igreja de 6ão :amião, onde os frades menores tinham organi%adoum pequeno convento para si mesmos. >aquele mosteiro ela viveu por mais dequarenta anos, at morte, ocorrida em 0=1. :ispomos de uma descrição deprimeira mão, so&re o modo como estas mulheres viviam naqueles anos, nosprim"rdios do movimento franciscano. Crata+se do relat"rio admirado de um

    &ispo flamengo em visita tália, :. Ciago de @itrQ, que afirma ter+se encontradocom um grande número de homens e mulheres, de todas as classes sociais que,

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    Ldei(ando tudo por 8risto, fugiam do mundo. 8hamavam+se frades >en%res e ir>?s>en%res e são tidos em grande consideração pelo 6enhor 'apa e pelos cardeais... Asmulheres... vivem juntas, em diversos hosp9cios não distantes das cidades. >adarece&em, mas vivem do tra&alho das suas pr"prias mãos. E sentem+se

    profundamente amarguradas e incomodadas, porque são honradas mais do quedesejariam por clrigos e leigosN -Carta de /utu$r% de 121!)  , a realidade, esta lu% mantinha+se fechada no esconderijo da vidaclaustral, enquanto fora irradiava clarDes luminosos2 recolhia+se num mosteiro

    angusto, enquanto fora se difundia em toda a vastidão do mundo. 8onservava+sedentro e propagava+se fora. 8om efeito, 8lara escondia+se, mas a sua vida era

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    revelada a todos. 8lara calava+se, mas a sua fama clamavaN -BB, 1;35. E precisamente assim, estimados amigos) são os 6antos que mudam o mundo paramelhor, que o transformam de forma duradoura, infundindo as energias queunicamente o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. !s 6antos são os

    grandes &enfeitores da humanidadeSA espiritualidade de 6anta 8lara, a s9ntese da sua proposta de santidade condensada na quarta 8arta a 6anta nIs de 'raga. 6anta 8lara recorre a umaimagem muito difundida na dade ?dia, de ascendIncias patr9sticas) o espelho. Econvida a sua amiga de 'raga a refletir+se naquele espelho de perfeição de todas asvirtudes, que o pr"prio 6enhor. Ela escreve) L6em dúvida, feli% aquela a quem concedido &eneficiar desta sagrada união, para aderir com o profundo do coraçãoVa 8ristoW, Xquele cuja &ele%a admirada incessantemente por todas as &em+aventuradas plIiades dos cus, cujo afeto apai(ona, cuja contemplação resta&elece,

    cuja &enignidade sacia, cuja suavidade satisfa%, cuja recordação resplandecesuavemente, diante de cujo perfume os mortos voltarão vida e cuja visão gloriosatornará &em+aventurados todos os cidadãos da #erusalm celeste. E dado que Ile esplend%r da glQria candura da luO eterna e espel4% se> >anc4a, olha todos os diaspara este espelho, " rainha esposa de #esus 8risto, e nela perscruta continuamenteo teu rosto, para que assim tu possas adornar+te inteiramente no interior e noe(terior... >este espelho refulgem a &em+aventurada po&re%a, a santa humildade e

    a inefável caridadeN -uarta Carta)  , 4

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     2* de Sete>$r% de 2&1& 

     Santa Matilde de Hackeborn 

    Isti>ad%s ir>?%s e ir>?s 

    Hoje gostaria de vos falar de 6anta ?atilde de HacYe&orn, uma das grandes figurasdo mosteiro de Helfta, que viveu no sculo P. A sua irmã de há&ito, 6antaRertrudes a Rrande, no livro @ da o&ra @i$er specialis gratiae  -! livro da graçaespecial5, em que são narradas as graças especiais que :eus concedeu a 6anta?atilde, afirma assim) L! que escrevemos muito pouco em comparação com oque omitimos. 'u&licamos estas coisas s" para a gl"ria de :eus e a utilidade dopr"(imo, porque nos pareceria injusto manter o silIncio so&re as numerosasgraças que ?atilde rece&eu de :eus, não tanto para si mesma, na nossa opinião,mas para n"s e para aqueles que vierem depois de n"sN -"ec4t4ild 8%n

    Hac#e$%rn, @i$er specialis gratiae, @, 05.

    Esta o&ra foi redigida por 6anta Rertrudes e por outra irmã de há&ito de Helfta, econtm uma hist"ria singular. ?atilde, com cinquenta anos de idade, atravessavauma grave crise espiritual, unida a sofrimentos f9sicos. >esta condição, confiou asduas irmãs de há&ito amigas, as graças especiais com que :eus a tinha guiadodesde a infFncia, mas não sa&ia que elas anotavam tudo. Zuando o veio a sa&er,ficou profundamente angustiada e pertur&ada. 'orm, o 6enhor tranquili%ou+a,fa%endo+lhe compreender que quanto estava a ser escrito era para a gl"ria de :eus

    e a vantagem do pr"(imo -cf. i$id ., , =2 @,

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    8om ela, somos introdu%idos na fam9lia do Oarão de HacYe&orn, uma das maisno&res, ricas e poderosas da Cur9ngia, aparentada com o imperador Brederico , eentramos no mosteiro de Helfta no per9odo mais glorioso da sua hist"ria. ! Oarãojá tinha dado ao mosteiro uma filha, Rertrudes de HacYe&orn -010[01 M

    040[045, dotada de uma personalidade acentuada, A&adessa por quarentaanos, capa% de dar um cunho peculiar espiritualidade do mosteiro, levando+o aum florescimento e(traordinário como centro de m9stica e de cultura, escola deformação cient9fica e teol"gica. Rertrudes ofereceu s monjas uma elevadaeducação intelectual, que lhes permitia cultivar uma espiritualidade fundada na6agrada Escritura, na iturgia, na Cradição patr9stica, na egra e na espiritualidadecisterciense, com preferIncia especial por 6ão Oernardo de 8laraval e Ruilhermede 6aint+ChierrQ. Boi uma verdaderia mestra, e(emplar em tudo, na radicalidadeevanglica e no %elo apost"lico. :esde a infFncia, ?atilde acolheu e sa&oreou oclima espiritual e cultural criado pela irmã, oferecendo depois a sua contri&uição

    pessoal.

    ?atilde nasce em 030, ou 03, no castelo de Helfta2 a terceira filha do Oarão.8om sete anos de idade, visita com a mãe a irmã Rertrudes no mosteiro deodersdorf. Bica tão fascinada por aquele am&iente, que deseja ardentemente fa%erparte dele. Entra como educanda e, em 0=;, torna+se monja no convento que,entretanto, se tinha transferido para Helfta, na quinta dos HacYe&orn. :istingue+sepor humildade, fervor, ama&ilidade, pure%a e inocIncia de vida, familiaridade eintensidade com que vive a relação com :eus, a @irgem e os 6antos. dotada de

    elevadas qualidades naturais e espirituais, como La ciIncia, a inteligIncia, oconhecimento das letras humanas, a vo% de uma suavidade maravilhosa) tudo atornava apta para ser no mosteiro um autIntico tesouro, so& todos os aspectosN-+$id ., +ntr%duP?%5. Assim, Lo rou(inol de :eusN M como chamada M ainda muitojovem, torna+se diretora da escola do mosteiro, diretora do coro, mestra dasnoviças, serviços que desempenha com talento e %elo incansável, não s" emvantagem das monjas, mas de quem quer que desejasse haurir da sua sa&edoria e&ondade.

    luminada pelo dom divino da contemplação m9stica, ?atilde compDe numerosas

    oraçDes. mestra de doutrina fiel e de grande humildade, conselheira, consoladorae guia no discernimento) LEla M lI+se M transmitia a doutrina com tal a&undFncia,que jamais se tinha visto no mosteiro e, infeli%mente, tememos que nunca mais severá algo de semelhante. As religiosas reuniam+se ao seu redor para ouvir apalavra de :eus, como se fosse um pregador. Era o refúgio e a consoladora detodos e, como dom singular de :eus, tinha a graça de revelar livremente ossegredos do coração de cada um. ?uitas pessoas, não s" no ?osteiro, mas tam&mestranhos, religiosos e seculares, vindos de longe, testemunhavam que esta santavirgem os tinha li&ertado dos seus sofrimentos e que nunca haviam e(perimentado

    tanta consolação como nela. Alm disso, comp$s e ensinou tantas oraçDes que, sefossem reunidas, e(cederiam o volume de um saltrioN -+$id ., @, 05.

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    Em 0/0 chegou ao convento uma criança de cinco anos, chamada Rertrudes) confiada aos cuidados de ?atilde, com apenas vinte anos, que a educa e guia navida espiritual, a ponto de fa%er dela não s" a disc9pula e(celente, mas tam&m asua confidente. Em 070, ou 07, entra no mosteiro tam&m ?atilde de

    ?agde&urgo. Assim, o lugar acolhe quatro grandes mulheres M duas Rertrudes eduas ?atildes M gl"ria do monaquismo germFnico. >a longa vida transcorrida nomosteiro, ?atilde afligida por sofrimentos cont9nuos e intensos, aos quais seacrescentam as dur9ssimas penitIncias escolhidas para a conversão dos pecadores.:este modo, participa na pai(ão do 6enhor at ao fim da sua vida -cf. i$id ., @, 5. Aoração e a contemplação são o4>us vital da sua e(istIncia) as revelaçDes, os seusensinamentos, o seu serviço ao pr"(imo, o seu caminho na f e no amor encontramaqui a sua rai% e o seu conte(to. >o primeiro livro da o&ra @i$er specialis gratiae, asredatoras reúnem as confidIncias de ?atilde, cadenciadas nas festas do 6enhor,dos 6antos e, de modo especial, da Oem+Aventurada @irgem. impressionante acapacidade que esta 6anta tem de viver a iturgia nos seus vários componentes,mesmo as mais simples, levando+a na vida monástica quotidiana. Algumasimagens, e(pressDes e aplicaçDes s ve%es estão longe da nossa sensi&ilidade mas,se se consideram a vida monástica e a sua tarefa de mestra e diretora de coro,compreende+se a sua capacidade singular de educadora e formadora, que ajuda asirmãs de há&ito a viver intensamente, a partir da iturgia, cada momento da vida

    monástica.

    >a oração litúrgica, ?atilde dá realce particular s horas can$nicas, cele&ração

    da 6anta ?issa e so&retudo 6agrada 8omunhão. Aqui com frequInciaarre&atada em I(tase, numa profunda intimidade com o 6enhor, no seu 8oraçãoardent9ssimo e dulc9ssimo, num diálogo maravilhoso em que pede lu%es interiores,enquanto intercede de modo especial pela sua comunidade e pelas suas irmãs dehá&ito. >o centro estão os mistrios de 8risto, aos quais a @irgem ?aria se refereconstantemente para caminhar pela vida da santidade) L6e tu desejas a verdadeirasantidade, está perto do meu Bilho2 Ele a pr"pria santidade, que santifica todas ascoisasN -+$id ., , 3esta sua intimidade com :eus estão presentes o mundointeiro, a greja, os &enfeitores e os pecadores. 'ara ela, 8u e terra unem+se.

    As suas visDes, os seus ensinamentos e as vicissitudes da sua e(istIncia sãodescritos com e(pressDes que evocam a linguagem litúrgica e &9&lica. assim quese entende o seu profundo conhecimento da 6agrada Escritura, que era o seu pãode cada dia. ecorre a ela continuamente, quer valori%ando os te(tos &9&licos lidosna liturgia, quer haurindo s9m&olos, termos, paisagens, imagens e personagens. Asua predileção pelo Evangelho) LAs palavras do Evangelho eram para ela umalimento maravilhoso e suscitavam no seu coração sentimentos de tantadocilidade, que muitas ve%es, pelo entusiasmo, não conseguia terminar a sualeitura... ! modo como lia aquelas palavras era tão fervoroso, que em todos

    suscitava a devoção. Assim tam&m, quando cantava no coro, vivia totalmentea&sorvida em :eus, transportada por tanto ardor que s ve%es manifestava os seus

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    sentimentos com gestos... !utras ve%es, como que arre&atada em I(tase, não ouviaquantos a chamavam ou a moviam, e mal conseguia retomar o sentido das coisase(terioresN -+$id ., @, 05. >uma das visDes, o pr"prio #esus quem lhe recomenda oEvangelho) a&rindo+lhe a chaga do seu dulc9ssimo 8oração, di%+lhe) L8onsidera

    como imenso o meu amor) se quiseres conhecI+lo &em, em nenhum lugar oencontrarás e(presso mais claramente do que no Evangelho. >ingum jamaisouviu algum manifestar sentimentos mais fortes e mais ternos do que estes)  Assi>

    c%>% % >eu Jai >e a>%u ta>$> Iu 8%s a>ei - 0%an. P@, 45N -+$id ., , 5.

    8aros amigos, a oração pessoal e litúrgica, especialmente a iturgia das Horas e a6anta ?issa, estão na rai% da e(periIncia espiritual de 6anta ?atilde de HacYe&orn.:ei(ando+se guiar pela 6agrada Escritura e alimentar pelo 'ão eucar9stico, Elapercorreu um caminho de união 9ntima com o 6enhor, sempre em plena fidelidade greja. sto para n"s tam&m um forte convite a intensificar a nossa ami%ade

    com o 6enhor, so&retudo atravs da oração quotidiana e a participação atenta, fiele concreta na 6anta ?issa. A iturgia uma grande escola de espiritualidade.

    A disc9pula Rertrudes descreve com e(pressDes intensas os últimos momentos davida de 6anta ?atilde de HacYe&orn, dur9ssimos mas iluminados pela presença daOeat9ssima Crindade, do 6enhor, da @irgem ?aria e de todos os 6antos, masinclusive da irmã de sangue, Rertrudes. Zuando chegou a hora em que o 6enhorquis chamá+la para junto de 6i, ela pediu+lhe para poder viver ainda no sofrimento,para a salvação das almas, e #esus compadeceu+se deste ulterior sinal de amor.

    ?atilde tinha =; anos. 'ercorreu a última etapa caracteri%ada por oito anos degraves doenças. A sua o&ra e a sua fama de santidade difundiram+se amplamente.Zuando chegou a sua hora, Lo :eus de ?ajestade... única suavidade da alma que !ama... cantou+lhe) 5enite 8%s $enedicti Jatris >ei... 5inde Q 8Qs que s%is %s $endit%s

    d% >eu Jai 8inde rece$er % rein%... e ass%ci%u-% à sua glQriaR -+$id ., @, ;5.

    6anta ?atilde de HacYe&orn confia+nos ao 6agrado 8oração de #esus e @irgem?aria. 8onvida a louvar o Bilho com o 8oração da ?ãe e a louvar ?aria com o8oração do Bilho) L6aúdo+te, " @irgem venerad9ssima, naquele orvalho dulc9ssimoque do 8oração da 6ant9ssima Crindade se difundiu em ti2 saúdo+te na gl"ria e nojú&ilo com que agora te alegras eternamente, Cu que por preferIncia a todas ascriaturas da terra e do 8u, foste eleita ainda antes da criação do mundoS AmmN

    -+$id ., , 3=5.

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    ! de /utu$r% de 2&1& 

     Santa Gertrudes 

     A>ad%s ir>?%s e ir>?s  

    6anta Rertrudes, a Rrande, de quem gostaria de vos falar hoje, leva+nos estasemana ao mosteiro de Helfta, onde nasceram algumas das o&ras+primas daliteratura religiosa feminina latino+alemã. a este mundo que pertence Rertrudes,uma das m9sticas mais famosas, única mulher da Alemanha que rece&eu oapelativo LRrandeN, pela estatura cultural e evanglica) com a sua vida epensamento, ela incidiu de modo singular so&re a espiritualidade cristã. umamulher e(traordinária, dotada de particulares talentos naturais e de e(cepcionaisdons de graça, de humildade profund9ssima e de %elo ardente pela salvação dopr"(imo, de 9ntima comunhão com :eus na contemplação e de prontidão no

    socorro aos necessitados.

    Em Helfta confronta+se, por assim di%er, sistematicamente com a sua mestra?atilde de HacYe&orn, da qual falei na AudiIncia da quarta+feira passada2 entra emrelacionamento com ?atilde de ?agde&urgo, outra m9stica medieval2 e cresce so&o cuidado materno, d"cil e e(igente, da A&adessa Rertrudes. :estas trIs irmãs dehá&ito ela enriquece+se com tesouros de e(periIncia e sa&edoria2 ela&ora+os numas9ntese sua, percorrendo o seu itinerário religioso com confiança ilimitada no6enhor. E(prime a rique%a da espiritualidade não apenas do seu mundo monástico,

    mas tam&m e so&retudo do &9&lico, litúrgico, patr9stico e &eneditino, com umtim&re e(tremamente pessoal e com grande eficácia comunicativa.

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    >asceu no dia / de #aneiro de 0=/, festa da Epifania, mas nada se sa&e dos seuspais, nem do lugar de nascimento. Rertrudes escreve que o pr"prio 6enhor lherevela o sentido deste seu primeiro desarraigamento) LEscolhi+a como minhamorada, porque me apra% que tudo quanto e(iste de amável nela seja minha o&ra

    V...W Boi precisamente por este motivo que a afastei de todos os seus parentes, a fimde que ningum a amasse por ra%ão de consanguinidade, e Eu fosse o único motivodo afeto que se lhe reservaN -@e i8elaOi%ni , 0/, 6ena 0443, pp. 7/+775.

    Entra no mosteiro com cinco anos, em 0/0, como era costume naquela poca,para a formação e o estudo. Ali transcorreu toda a sua e(istIncia, da qual elamesma assinala as etapas mais significativas. >as suas mem"rias, recorda que o6enhor a preveniu com paciIncia longFnime e miseric"rdia infinita, esquecendo osanos da infFncia, adolescIncia e juventude, transcorridos M escreve M Lem talofuscamento da mente, que teria sido capa% V...W de pensar, di%er ou fa%er sem

    qualquer remorso tudo aquilo que me fosse do meu agrado e onde quer eupudesse, se tu me tivesses prevenido, quer com um 9nsito horror do mal e umainclinação natural para o &em, quer com a vigilFncia e(terna dos outros. Cer+me+iacomportado como uma pagã V...W e isto, em&ora tu quisesses que desde a infFncia,ou seja a partir do meu quinto ano de idade, eu ha&itasse no santuário &endito dareligião, para ali ser educada no meio dos teus amigos mais devotosN -+$id., 1, p.03< s.5.

    Rertrudes uma estudante e(traordinária, aprende tudo quanto se pode aprenderdas ciIncias do Cr9vio e do Zuadr9vio, a formação daquela poca2 fascinada pelosa&er e dedica+se ao estudo profano com fervor e tenacidade, alcançando I(itosescolares para alm de qualquer e(pectativa. Em&ora nada sai&amos das suasorigens, ela di%+nos muito das suas pai(Des juvenis) a literatura, a música, o canto ea arte da miniatura conquistam+na2 tem uma 9ndole forte, decidida, imediata eimpulsiva2 di% com frequIncia que negligente2 reconhece os seus defeitos e pedehumildemente perdão pelos mesmos. 8om humildade, pede conselhos e oraçDespela sua conversão. Há caracter9sticas do seu temperamento e defeitos que aacompanham at ao fim, a ponto de causar admiração a certas pessoas que se

    interrogam como o 6enhor a prefere tanto.

    8omo estudante, passa a consagrar+se totalmente a :eus na vida monástica e,durante vinte anos, não acontece nada de e(traordinário) o estudo e a oração são asua atividade principal. 'elos seus dotes, so&ressai entre as irmãs de há&ito2 tena% na consolidação da sua cultura em diversos campos. ?as, durante o Adventode 0;

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    eu ia erguendo com a minha so&er&a, para encontrar pelo menos assim o caminhopara me mostrar a tua salvaçãoN -+$id. , 0, p. ;75. Ela tem a visão de um jovem quea leva a superar o enredo de espinhos que oprime a sua alma, guiando+a pela mão.>aquela mão, Lo traço precioso daquelas chagas que a&+rogaram todos os atos de

    acusação dos nossos inimigosN -+$id. , 0, p. ;45, reconhece Aquele que, na 8ru%,nos salvou com o seu sangue, #esus.

    A partir daquele momento, a sua vida de 9ntima comunhão com o 6enhorintensifica+se, so&retudo nos tempos litúrgicos mais significativos M Advento+>atal, Zuaresma+'áscoa, festa da @irgem M mesmo quando, doente, não podia irao coro. o mesmo 4>us litúrgico de ?atilde, sua mestra, que contudo Rertrudesdescreve com imagens, s9m&olos e termos mais simples e lineares, mais realistas,

    com referIncias mais direta O9&lia, aos 'adres e ao mundo &eneditino.

    A sua &i"grafa indica dois rumos daquela que poder9amos definir uma suaparticular c%n8ers?%RT n%s estud%s com a passagem radical dos estudoshuman9sticos profanos para os teol"gicos e, na %$ser8Uncia >%nEstica com apassagem da vida que ela define negligente para a vida de oração intensa e m9stica,com um ardor missionário e(traordinário. ! 6enhor, que a tinha escolhido desde oseio materno e desde criança a tinha levado a participar no &anquete da vidamonástica, chama+a com a sua graça Ldas coisas e(ternas para a vida interior e dasocupaçDes terrenas para o amor das realidades espirituaisN. Rertrudescompreende que está distante dele, na regi?% da disse>el4anPa como ela di% com6anto Agostinho2 que se tinha dedicado com demasiada avide% aos estudos li&erais, sa&edoria humana, descuidando a ciIncia espiritual, privando+se do gosto daverdadeira sa&edoria2 agora condu%ida para o monte da contemplação, ondedei(a o homem velho para se revestir do novo. L:e gramática torna+se te"loga,com a leitura incansável e atenta de todos os livros sagrados que podia ter ouencontrar, enchia o seu coração com as frases mais úteis e d"ceis da 6agradaEscritura. 'or isso, tinha sempre pronta alguma palavra inspirada e de edificaçãocom a qual satisfa%er quem ia consultá+la e, ao mesmo tempo, os te(tos dasEscrituras mais adequados para rejeitar qualquer opinião errada e fechar a &oca

    aos seus opositoresN -+$id., 0, p. =5.

    Rertrudes transforma tudo isto em apostolado) dedica+se a escrever e divulgar averdade de f com clare%a e simplicidade, graça e persuasão, servindo a greja comamor e fidelidade, a ponto de ser útil e agradável aos te"logos e s pessoaspiedosas. esta+nos pouco desta sua intensa atividade, tam&m por causa dasvicissitudes que levaram destruição do mosteiro de Helfta. Alm do Araut% d%a>%r di8in% ou das e8elaPVes, dispomos ainda dos IWerc,ci%s espirituaisuma j"ia

    rara da literatura m9stica espiritual.

    >a o&servFncia religiosa, a nossa 6anta Luma coluna s"lida V...W firm9ssima

    propugnadora da justiça e da verdadeN -+$id. , 0, p. /5, di% a sua &i"grafa. 8om as

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    palavras e com o e(emplo, suscita nos outros um grande fervor. Xs oraçDes e spenitIncias da regra monástica acrescenta outras, com tanta devoção e tala&andono confiante em :eus, que chega a suscitar naqueles que a encontram aconsciIncia de estar na presença do 6enhor. E com efeito, o pr"prio :eus que a

    leva a compreender que a chamou para ser instrumento da sua Rraça. :esteimenso tesouro divino, Rertrudes sente+se indigna, e confessa que não o conservounem valori%ou. E(clama) LAi de mimS 6e Cu me tivesses dado como tua recordação,indigna como sou, at um único fio de estopa, contudo eu deveria ter consideradocom maior respeito e reverIncia quanto rece&i com teus donsSN -+$id. , =, p. 0

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    ami%ade com #esus, o 6enhor. E esta ami%ade aprende+se no amor pela 6agradaEscritura, no amor pela liturgia, na f profunda, no amor por ?aria, de maneira aconhecer cada ve% mais realmente o pr"prio :eus e assim a verdadeira felicidade,

    a meta da nossa vida.

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    Beata Ângela de Foligno 

    Isti>ad%s ir>?%s e ir>?s 

    Hoje gostaria de vos falar so&re a Oeata ]ngela de Boligno, uma grande m9sticamedieval que viveu no sculo P. Reralmente, ficamos fascinados diante dosápices da e(periIncia de união com :eus que ela conseguiu alcançar, mas talve%sejam considerados demasiado pouco os primeiros passos, a sua conversão e olongo caminho que a levou desde o ponto de partida, o Lgrande medo do infernoN,at meta, que a união total com a Crindade. A primeira parte da vida de ]ngelanão certamente a de uma fervorosa disc9pula do 6enhor. Cendo nascido por voltade 03; numa fam9lia a&astada, ela permaneceu "rfã de pai e foi educada pela mãede modo &astante superficial. ?uito cedo, foi introdu%ida nos am&ientes mundanos

    da cidade de Boligno, onde conheceu um homem com o qual casou aos vinte anos edo qual teve alguns filhos. evava uma vida despreocupada, a ponto de se permitirdespre%ar os chamados LpenitentesN M muito difundidos naquela poca M ouseja, aqueles que para seguir 8risto vendiam os pr"prios &ens e viviam na oração,

    no jejum, no serviço greja e na caridade.

    Alguns acontecimentos, como o violento tremor de terra de 074, um furacão, aprolongada guerra contra 'erúsia e as suas duras consequIncias incidem na vidade ]ngela, que progressivamente adquire consciIncia dos pr"prios pecados, at

    chegar a um passo decisivo) invoca 6ão Brancisco, que lhe aparece em visão, paralhe pedir conselho em vista de uma &oa 8onfissão geral que devia reali%ar) estamos

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    no ano de 0;=2 ]ngela confessa+se a um frade em 6ão Beliciano. CrIs anos maistarde, o caminho da conversão conhece mais uma mudança) a dissolução dosv9nculos afetivos porque, em poucos meses, morte da mãe seguem+se a domarido e de todos os seus filhos. Então, vende os seus &ens e, em 040, adere

    Cerceira !rdem de 6ão Brancisco. Balece em Boligno no dia 3 de #aneiro de 01

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    LEntão, a fiel disse+me) tive esta revelação divina) J:epois daquilo que foi escrito,manda escrever que quem quiser conservar a graça, não deve afastar os olhos daalma da 8ru%, tanto na alegria como na triste%a que lhe concedo ou permitoKN-+$id., pág. 0315. ?as nesta fase, ]ngela ainda Lnão sente o amorN2 ela afirma) LA

    alma sente vergonha e amargura, e ainda não e(perimenta o amor, mas sim a dorN-+$id., pág. 145, e sente+se insatisfeita.

    ]ngela sente que deve dar algo a :eus para reparar os seus pecados, maslentamente compreende que nada tem para lhe oferecer, aliás, que Lnão nadaNdiante dele2 entende que não será a sua vontade que lhe dará o amor de :eus,porque ela s" pode dar+lhe o seu LnadaN, o LdesamorN. 8omo ela mesma dirá)apenas Lo amor verdadeiro e puro, que vem de :eus, está na alma e fa% com queela reconheça os pr"prios defeitos e a &ondade divina V...W Cal amor leva a alma a8risto e ela compreende com segurança que não se pode verificar nem haver

    qualquer engano. A tal amor não se pode misturar algo deste mundoN -+$id., págs.03+0=5. A&rir+se única e totalmente ao amor de :eus, que tem a má(imae(pressão em 8risto) L\ meu :eus M re%a ela M tornai+me digna de conhecer omistrio e(celso, que o vosso amor ardent9ssimo e inefável reali%ou, juntamentecom o amor pela Crindade, ou seja, o mistrio alt9ssimo da vossa sant9ssimaencarnação por n"s V...W \ amor incompreens9velS Acima deste amor, que fe% comque o meu :eus se tenha feito homem para me fa%er :eus, não e(iste amor maiorN-+$id., pág. 4=5. Codavia, o coração de ]ngela tra% sempre as feridas do pecado2mesmo depois de uma 8onfissão &em feita, ela sentia+se perdoada mas ainda

    angustiada pelo pecado, livre mas condicionada pelo passado, a&solvida mascarente de penitIncia. E inclusive o pensamento do inferno a acompanha, poisquanto mais a alma progredir pelo caminho da perfeição cristã, tanto mais ela se

    há+de convencer não s" que LindignaN, mas que merecedora do inferno.

    E eis que, ao longo do seu caminho m9stico, ]ngela compreende de modo profundoa realidade central) aquilo que a salvará da sua LindignidadeN e do Lmerecimentodo infernoN não será a sua Lunião com :eusN, nem a sua posse da LverdadeN, massim #esus crucificado, La sua crucifi(ão por mimN, o seu amor. >o oitavo passo eladi%) L8ontudo, eu ainda não entendia se era um &em maior a minha li&ertação dos

    pecados e do inferno, e a conversão penitIncia, ou então a sua crucifi(ão pormimN -+$id., pág. 305. Crata+se do equil9&rio instável entre amor e dor, que elasentia em todo o seu dif9cil caminho rumo perfeição. 'recisamente por isso,contempla de preferIncia 8risto crucificado, porque em tal visão ela vI reali%ado oequil9&rio perfeito) na cru% está o homem+:eus, num supremo gesto de sofrimentoque um ato supremo de amor. >a terceira +nstruP?% a Oeata insiste so&re estacontemplação, afirmando) LZuanto mais perfeita e puramente virmos, tanto maisperfeita a puramente amaremos V...W 'or isso, quanto mais virmos :eus e o homem#esus 8risto, tanto mais seremos transformados nele atravs do amor V...W Aquilo

    que eu disse do amor V...W digo+o tam&m da dor) quanto mais a alma contempla ador inefável de :eus e do homem #esus 8risto, tanto mais sofre e transformada

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    em dorN -+$id., págs. 04o itinerário espiritual de ]ngela, a passagem da conversão para a e(periInciam9stica, daquilo que se pode e(pressar para o que inefável, tem lugar atravs do8rucificado. o L:eus+homem apai(onadoN que se torna o seu Lmestre deperfeiçãoN. Coda a sua e(periIncia m9stica consiste, portanto, em tender para umaLsemelhançaN perfeita com Ele, mediante purificaçDes e transformaçDes cada ve%mais profundas e radicais. A este maravilhoso empreendimento, ]ngela dedica+se

    inteiramente, de alma e corpo, sem se poupar a penitIncias e tri&ulaçDes, desde oin9cio at ao fim, desejando morrer com todos os sofrimentos padecidos pelo :eus+homem crucificado, para ser transformada totalmente nele) L\ filhos de :eus Mela recomendava M transformai+vos totalmente no :eus+homem apai(onado, quevos amou a ponto de se dignar morrer por v"s com uma morte e(tremamenteignominiosa, total e inefavelmente dolorosa, de modo penos9ssimo eamargu9ssimo. E isto somente por amor a ti, " homemSN -+$id., pág. 375. Estaidentificação significa tam&m viver aquilo que #esus viveu) po&re%a, despre%o edor, porque M como ela afirma M Latravs da po&re%a temporal, a alma

    encontrará rique%as eternas2 mediante o despre%o e a vergonha, ela alcançará asuma honra e uma gl"ria e(celsa2 atravs de um pouco de penitIncia, feita comesforço e dor, possuirá com infinita docilidade e consolação o sumo Oem, :eus

    eternoN -+$id., pág. 415.

    :a conversão união m9stica com 8risto crucificado, ao inefável. Tm caminhoelevad9ssimo, cujo segredo a oração constante) LZuanto mais re%ares M afirmaela M tanto mais serás iluminado2 quanto mais fores iluminado, tanto maisprofunda e intensamente verás o sumo Oem, o 6er sumamente &om2 quanto maisprofunda e intensamente ! vires, tanto mais ! amarás2 quanto mais ! amares,

    tanto mais serás feli%2 e quanto mais fores feli%, tanto mais compreenderás e seráscapa% de o compreender. Em seguida, chegarás plenitude da lu%, porque

    entenderás que não podes compreenderN -+$id., pág. 0;35.

    Estimados irmãos e irmãs, a vida da Oeata ]ngela começa com uma e(istInciamundana, &astante distante de :eus. ?as depois, o encontro com a figura de 6ãoBrancisco e, finalmente, o encontro com 8risto crucificado, desperta a alma para apresença de :eus, para o fato de que somente com :eus a e(istIncia se tornaverdadeiramente vida porque se torna, na dor pelo pecado, amor e alegria. E assim

    nos fala a Oeata ]ngela. Hoje todos n"s corremos o perigo de viver como se :eusnão e(istisse) Ele parece tão distante da vida contemporFnea. ?as :eus tem mil

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    modos, para cada um o seu, de se fa%er presente na alma, de mostrar que e(iste,que me conhece e me ama. E a Oeata ]ngela quer chamar a nossa atenção paraestes sinais, com os quais o 6enhor sensi&ili%a a nossa alma, atentos presença de:eus, para aprendermos assim o caminho com :eus e rumo a :eus, na comunhão

    com 8risto crucificado. !remos ao 6enhor para que nos torne atentos aos sinais dasua presença, que nos ensine a viver realmente.

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     2& de /utu$r% de 2&1& 

     Santa Isabel da Hungria 

    uerid%s ir>?%s e ir>?s 

    Hoje gostaria de vos falar de uma das mulheres da dade ?dia que suscitou maioradmiração) trata+se de 6anta sa&el da Hungria, chamada tam&m sa&el de

    Cur9ngia.

    >asceu em 0este conte(to,o landgrave Hermann acolheu de &om grado o noivado entre seu filho udovico e a

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    princesa húngara. sa&el partiu da sua pátria com um rico dote e um grandesquito, inclusive com as suas servas pessoais, duas das quais foram suas amigasfiis at ao fim. Boram elas que nos dei(aram preciosas informaçDes so&re a

    infFncia e a vida da 6anta.

    Ap"s uma longa viagem, chegaram a Eisenach, para depois su&irem fortale%a de^art&urg, o castelo maciço acima da cidade. Ali cele&rou+se o noivado entreudovico e sa&el. >os anos seguintes, enquanto udovico aprendia a profissão decavaleiro, sa&el e as suas companheiras estudavam alemão, francIs, latim, música,literatura e &ordado. Em&ora o noivado tenha sido decidido por motivos pol9ticos,entre os dois jovens nasceu um amor sincero, animado pela f e pelo desejo decumprir a vontade de :eus. Aos 0; anos, udovico, depois da morte do pai,começou a reinar na Cur9ngia. ?as sa&el tornou+se o&jeto de murmúrios, porque oseu modo de se comportar não correspondia vida cortesã. Assim, tam&m a

    cele&ração do matrim$nio não foi pomposa e as despesas para o &anquete foramparcialmente destinadas aos po&res. >a sua profunda sensi&ilidade, sa&el via ascontradiçDes entre a f professada e a prática cristã. >ão suportava oscomprometimentos. 8erta ve%, ao entrar na igreja na solenidade da Assunção, tiroua coroa, dep$+la diante da cru% e permaneceu prostrada no chão com o rostoco&erto. Zuando a sogra a repreendeu por aquele gesto, ela retorquiu) L8omoposso eu, criatura miserável, continuar a tra%er uma coroa de dignidade terrena,quando vejo o meu ei #esus 8risto coroado de espinhosUN. :o mesmo modo comose comportava diante de :eus, tam&m o fa%ia em relação aos sú&ditos. Entre

    os Kit%s das quatr% ser8as encontramos este testemunho) L>ão consumiaalimentos se antes não estivesse certa de que provinham das propriedades e dos&ens leg9timos do marido. Enquanto se a&stinha dos &ens conquistadosilicitamente, esforçava+se tam&m por indeni%ar aqueles que tinham suportadoviolInciaN -nn. = e 175. Tm verdadeiro e(emplo para todos aqueles quedesempenham funçDes de guia) o e(erc9cio da autoridade, a todos os n9veis, deveser vivido como serviço justiça e caridade, na &usca constante do &em comum.

    sa&el praticava assiduamente as o&ras de miseric"rdia) dava de &e&er e de comera quem &atia sua porta, oferecia roupas, pagava as d9vidas, cuidava dos enfermos

    e enterrava os mortos. Zuando descia do seu castelo, ia muitas ve%es com as suasservas s casas dos po&res, levando pão, carne, farinha e outros alimentos.Entregava pessoalmente a comida e controlava com atenção as roupas e os leitosdos po&res. Este comportamento foi referido ao marido, que não s" não selamentou, mas respondeu aos acusadores) LEnquanto ela não vender o meucastelo, estou feli%SN. neste conte(to que se insere o milagre do pão transformadoem rosas) quando sa&el ia pelo caminho com o seu avental cheio de pão para ospo&res, encontrou o marido que lhe perguntou o que estava a levar. Ela a&riu oavental e, em ve% de pão, apareceram rosas magn9ficas. Este s9m&olo de caridade

    está presente muitas ve%es nas representaçDes de 6anta sa&el.

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    ! seu matrim$nio foi profundamente feli%) sa&el ajudava o c$njuge a elevar assuas qualidades humanas a n9vel so&renatural, e ele, em contrapartida, protegia aesposa na sua generosidade aos po&res e nas suas práticas religiosas. 8ada ve%mais admirado pela grande f da sua esposa, udovico, referindo+se sua atenção

    aos po&res, disse+lhe) LAmada sa&el, foi 8risto que lavaste, alimentaste ecuidasteN. Tm claro testemunho do modo como a f e o amor a :eus e ao pr"(imofortalecem a vida familiar e tornam ainda mais profunda a união matrimonial.

    ! jovem casal encontrou apoio espiritual nos Brades ?enores que, a partir de0, se difundiram na Cur9ngia. Entre eles, sa&el escolheu frei ogrio -_diger5como diretor espiritual. Zuando ele lhe narrou a vicissitude da conversão do joveme rico comerciante Brancisco de Assis, sa&el entusiasmou+se ulteriormente no seucaminho de vida cristã. A partir desse momento, decidiu+se ainda mais a seguir8risto po&re e crucificado, presente nos po&res. ?esmo quando nasceu o primeiro

    filho, seguido depois por outros dois, a nossa 6anta nunca descuidou as suas o&rasde caridade. Alm disso, ajudou os Brades ?enores a construir em Hal&erstadt umconvento do qual frei ogrio se tornou superior. Assim, a direção espiritual de

    sa&el passou para 8onrado de ?ar&urgo.

    Tma dura prova foi o adeus ao marido, no final de #unho de 07, quando udovico@ se associou cru%ada do imperador Brederico , recordando esposa que setratava de uma tradição para os so&eranos da Cur9ngia. sa&el respondeu) L>ão teimpedirei. Entreguei+me totalmente a :eus e agora devo dar+lhe tam&m a tiN.'orm, a fe&re di%imou as tropas e o pr"prio udovico adoeceu e faleceu com 7anos em !tranto, antes de em&arcar, em 6etem&ro de 07. Zuando rece&eu anot9cia, sa&el ficou tão amargurada que se retirou em solidão, mas depois,fortalecida pela oração e consolada pela esperança de o rever no 8u, recomeçou ainteressar+se pelos assuntos do reino. 8ontudo, outra prova esperava+a) o seucunhado usurpou o governo da Cur9ngia, declarando+se autIntico herdeiro deudovico e acusando sa&el de ser uma mulher piedosa mas incompetente nogoverno. A jovem viúva, com os trIs filhos, foi e(pulsa do castelo de ^art&urg ep$s+se em &usca de um lugar onde se refugiar. 6" duas servas permaneceram aoseu lado, a acompanharam e confiaram os trIs filhos aos cuidados dos amigos de

    udovico. 'eregrinando pelas aldeias, sa&el tra&alhava onde era acolhida, assistiaos doentes, fiava e costurava. :urante este calvário suportado com grande f, compaciIncia e dedicação a :eus, alguns parentes, que tinham permanecido fiis a elae consideravam ileg9timo o governo do cunhado, rea&ilitaram o seu nome. Assimsa&el, no in9cio de 0;, p$de rece&er uma renda apropriada para se retirar nocastelo de fam9lia em ?ar&urgo, onde ha&itava tam&m o seu diretor espiritual,frei 8onrado. Boi ele que referiu ao 'apa Rreg"rio P o seguinte acontecimento)L>a 6e(ta+Beira 6anta de 0;, pondo as mãos no altar da capela da sua cidade deEisenach, onde tinha acolhido os Brades ?enores, na presença de alguns frades e

    familiares, sa&el renunciou pr"pria vontade e a todas as vaidades do mundo. Elaqueria renunciar tam&m a todas as posses, mas eu desaconselhei+a por amor aos

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    po&res. 'ouco tempo mais tarde, construiu um hospital, recolheu doentes einválidos e serviu sua mesa os mais miseráveis e desamparados. Zuando arepreendi por estes gestos, sa&el respondeu que dos po&res rece&ia uma especial

    graça e humildadeN -Ipistula >agistri C%nradi 03+075.

    'odemos entrever nesta afirmação uma certa e(periIncia m9stica, semelhante que viveu 6ão Brancisco) com efeito, no seu Cestamento o 'o&re%inho de Assisdeclarou que, servindo os leprosos, aquilo que antes era amargo se transformouem docilidade da alma e do corpo -cf. :esta>entu> 0+15. sa&el transcorreu osúltimos trIs anos no hospital por ela fundado, servindo os doentes e velando so&reos mori&undos. 'rocurava desempenhar sempre os serviços mais humildes e ostra&alhos mais repugnantes. Ela tornou+se aquela que poder9amos definir umamulher consagrada no meio do mundo -s%r%r in saecul%5 e, com outras suas amigasvestidas de há&itos cin%entos, formou uma comunidade religiosa. >ão por acaso

    que 'adroeira da Cerceira !rdem egular de 6ão Brancisco e da !rdemBranciscana 6ecular.

    Em >ovem&ro de 010 foi atingida por uma fe&re forte. Zuando a not9cia da suaenfermidade se propagou, muitas pessoas acorreram para a ver. :epois de cercade de% dias, pediu que as portas fossem fechadas, para permanecer so%inha com:eus. >a noite de 07 de >ovem&ro adormeceu docilmente no 6enhor. !stestemunhos so&re a sua santidade foram tão numerosos e tais que, s" quatro anosmais tarde, o 'apa Rreg"rio P proclamou+a 6anta e, nesse mesmo ano, foiconsagrada a &onita igreja constru9da em sua honra em ?ar&urgo.

    Estimados irmãos e irmãs, na figura de 6anta sa&el vemos como a f e a ami%adecom 8risto criam o sentido da justiça, da igualdade de todos, dos direitos dosoutros, e criam o amor e a caridade. E desta caridade nascem inclusive a esperançae a certe%a de que somos amados por 8risto, e que o amor de 8risto nos espera,tornando+nos assim capa%es de imitar 8risto e de ! ver nos outros. 6anta sa&elconvida+nos a redesco&rir 8risto, a amá+lo, a ter f e deste modo a encontrar averdadeira justiça e o amor, assim como a alegria de que um dia seremos imersosno Amor divino, na alegria da eternidade com :eus.

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     Santa Brígida da Suécia 

    Isti>ad%s ir>?%s e ir>?s  >a frvida vig9lia do Rrande #u&ileu do Ano

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    filhos. :e resto, a sua sa&edoria pedag"gica foi apreciada a tal ponto, que o rei da6ucia, ?agnus, a chamou corte por um certo per9odo, com a finalidade de

    introdu%ir a sua jovem esposa, Oianca de >amur, na cultura sueca.

    Or9gida, espiritualmente guiada por um douto religioso que a iniciou no estudo das

    Escrituras, e(erceu uma influIncia muito positiva so&re a pr"pria fam9lia que,graças sua presença, se tornou uma verdadeira Ligreja domsticaN. #untamentecom o marido, adotou a egra dos Cerciários franciscanos. 'raticava comgenerosidade o&ras de caridade em prol dos indigentes2 fundou tam&m umhospital. Ao lado da sua esposa, Tlf aprendeu a melhorar a sua 9ndole e a progredirna vida cristã. Zuando regressou de uma longa peregrinação a 6antiago de8ompostela, reali%ada em 0130 juntamente com outros mem&ros da fam9lia, osc$njuges amadureceram o projeto de viver em continIncia2 mas pouco tempo maistarde, na pa% de um mosteiro onde se tinha retirado, Tlf concluiu a sua vida

    terrena.

    Este primeiro per9odo da vida de Or9gida ajuda+nos a apreciar aquela que hojepoder9amos definir uma autIntica Lespiritualidade conjugalN) juntos, os c$njugescristãos podem percorrer um caminho de santidade, sustentados pela graça do6acramento do ?atrim$nio. >ão poucas ve%es, precisamente como aconteceu navida de 6anta Or9gida e de Tlf, a mulher que, com a sua sensi&ilidade religiosa,com a delicade%a e a docilidade consegue levar o marido a percorrer um caminhode f. 'enso com reconhecimento em muitas mulheres que, dia ap"s dia, ainda hojeiluminam as pr"prias fam9lias com o seu testemunho de vida cristã. 'ossa oEsp9rito do 6enhor suscitar tam&m nos dias de hoje a santidade dos c$njugescristãos, para mostrar ao mundo a &ele%a do matrim$nio vivido segundo os valoresdo Evangelho) o amor, a ternura, a ajuda rec9proca, a fecundidade na geração e naeducação dos filhos, a a&ertura e a solidariedade para com o mundo e aparticipação na vida da greja.

    Zuando Or9gida ficou viúva, teve in9cio % segund% per,%d% da sua 8ida. enunciou aoutras &odas para aprofundar a união com o 6enhor atravs da oração, dapenitIncia e das o&ras de caridade. 'ortanto, tam&m as viúvas cristãs podem

    encontrar nesta 6anta um modelo a seguir. 8om efeito, ap"s a morte do marido,Or9gida distri&uiu os seus pr"prios &ens aos po&res e, mesmo sem jamais aceder consagração religiosa, esta&eleceu+se no mosteiro cisterciense de Alvastra. Alitiveram in9cio as revelaçDes divinas, que a acompanharam durante o resto da suavida. Elas foram ditadas por Or9gida aos seus secretários+confessores, que astradu%iram do sueco para o latim e as reuniram numa edição de oito livros,intitulados e8elati%nes -evelaçDes5. A estes livros acrescenta+se um suplemento,que tem como t9tulo precisamente e8elati%nes eWtra8agantes-evelaçDes

    suplementares5.

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    As e8elaPVes de 6anta Or9gida apresentam um conteúdo e um estilo muitodiversificados. Xs ve%es a revelação apresenta+se so& a forma de diálogos entre as'essoas divinas, a @irgem, os 6antos e at os dem$nios2 diálogos em que tam&mOr9gida intervm. !utras ve%es, ao contrário, trata+se da narração de uma visão

    particular2 e noutras ainda narra+se aquilo que a @irgem ?aria lhe revela acerca davida e dos mistrios do Bilho. ! valor das e8elaPVes de 6anta Or9gida, por ve%eso&jeto de algumas dúvidas, foi especificado pelo @enerável #oão 'aulo , na8arta Spes aedificandiT LA greja, ao reconhecer a santidade de Or9gida, mesmo semse pronunciar so&re cada uma das revelaçDes, acolheu a autenticidade do conjunto

    da sua e(periIncia interiorN -n. =5.

    8om efeito, lendo estas e8elaPVes somos interpelados so&re muitos temasimportantes. 'or e(emplo, volta+se a descrever frequentemente, com pormenores&astante realistas, a 'ai(ão de 8risto, pela qual Or9gida teve sempre uma devoção

    privilegiada, contemplando nela o amor infinito de :eus pelos homens. >os lá&iosdo 6enhor que lhe fala, ela pDe com audácia estas palavras comovedoras) L\, meusamigos, Eu amo tão ternamente as minhas ovelhas que, se fosse poss9vel, gostariade morrer muitas outras ve%es, por cada uma delas, daquela mesma morte quepadeci pela redenção de todas elasN -e8elati%nes ivro , 8. =45. Cam&m adolorosa maternidade de ?aria, que a tornou ?ediadora e ?ãe de miseric"rdia, um argumento que aparece com frequIncia nas e8elaPVes. 

    Ao rece&er estes carismas, Or9gida estava consciente de ser destinatária de umdom de grande predileção da parte do 6enhor) L?inha filha M lemos no primeiroivro das e8elaPVes M Eu escolhi+te para mim2 ama+me com todo o seu coração...mais do que tudo quanto e(iste no mundoN -c. 05. :e resto, Or9gida sa&ia &em, edisto estava firmemente convencida, que cada carisma está destinado a edificar agreja. 'recisamente por este motivo, não poucas das suas revelaçDes eramdirigidas, em forma de admoestaçDes at severas, aos fiis do seu tempo, tam&ms Autoridades religiosas e pol9ticas, a fim de que vivessem coerentemente a suavida cristã2 mas fa%ia isto sempre com uma atitude de respeito e de fidelidadeintegral ao ?agistrio da greja, de modo particular ao 6ucessor do Ap"stolo

    'edro.

    Em 0134, Or9gida dei(ou para sempre a 6ucia e veio em peregrinação a oma. >ãos" tencionava participar no #u&ileu de 01=

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    crescimento espiritual da 8omunidade. Alm disso, a cola&oração de consagrados ede consagradas, sempre no respeito pela sua vocação espec9fica, tem uma grande

    importFncia no mundo contemporFneo.

    Em oma, acompanhada pela filha `arin, Or9gida dedicou+se a uma vida de intenso

    apostolado e de oração. E de oma partiu em peregrinação a vários santuáriositalianos, em particular a Assis, pátria de 6ão Brancisco, por quem Or9gida nutriusempre uma grande devoção. Binalmente, em 0170, coroou a sua maior aspiração)a viagem Cerra 6anta, aonde foi em companhia dos seus filhos espirituais, umgrupo ao qual Or9gida chamava Los amigos de :eusN.

    :urante aqueles anos, os 'ont9fices encontravam+se em Avinhão, longe de oma)Or9gida dirigiu+se sentidamente a eles, a fim de que voltassem para a 6 de 'edro,na 8idade Eterna.

    Baleceu em 0171, antes que o 'apa Rreg"rio P tivesse voltado definitivamentepara oma. Boi sepultada provisoriamente na igreja romana de 6ão ourenço Lin'anispernaN, mas em 0173 os seus filhos Oirger e `arin trasladaram+na para apátria, no mosteiro de @adstena, sede da !rdem religiosa fundada por 6antaOr9gida, que conheceu imediatamente uma e(pansão notável. Em 0140 o 'apaOonifácio i( canoni%ou+a solenemente.

    A santidade de Or9gida, caracteri%ada pela multiplicidade dos dons e dase(periIncias que eu quis recordar neste &reve perfil &iográfico+espiritual, fa% dela

    uma figura eminente na hist"ria da Europa. 'roveniente da Escandinávia, 6antaOr9gida testemunha como o cristianismo permeou profundamente a vida de todosos povos deste 8ontinente. :eclarando+a co+'adroeira da Europa, o 'apa #oão'aulo fe% votos por que 6anta Or9gida que viveu no sculo P@, quando acristandade ocidental ainda não estava ferida pela divisão M possa intercederjunto de :eus, para o&ter a graça tão almejada da plena unidade de todos oscristãos. 'or esta mesma intenção, que por n"s muito desejada, e para que aEuropa sai&a alimentar+se sempre a partir das suas ra9%es cristãs, queremos re%ar,caros irmãos e irmãs, invocando a poderosa intercessão de 6anta Or9gida da 6ucia,

    disc9pula fiel de :eus e co+'adroeira da Europa.

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    de %8e>$r% de 2&1& 

    Margarida de ingt  

    uerid%s ir>?%s e ir>?s 

    8om ?argarida de !ingt, de quem gostaria de vos falar hoje, somos introdu%idosna espiritualidade cartu(a, que se inspira na s9ntese evanglica vivida e propostapor 6ão Oruno. >ão sa&emos a data do seu nascimento, em&ora alguns afirmemque ocorreu por volta de 03ão dispomos de not9cias acerca da sua infFncia, mas dos seus escritos podemosintuir que a transcorreu tranquilamente, num am&iente familiar carinhoso. 8omefeito, para manifestar o amor ilimitado de :eus, ela valori%a muito as imagensligadas fam9lia, com referIncia particular s figuras do pai e da mãe. >uma dassuas meditaçDes, ela re%a assim) LOom e d"cil 6enhor, quando penso nas graçasespeciais que me concedeste pela tua solicitude) em primeiro lugar, como meconservaste desde a minha infFncia, e como me su&tra9ste do perigo deste mundo eme chamaste para que eu me dedicasse ao teu santo serviço, e como me oferecestetudo o que me era necessário para comer, &e&er, vestir e calçar -e fi%este+o5, de tal

    modo que eu não tive necessidade de pensar em tudo isto, a não ser na tua grande

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    miseric"rdiaN -?argarida de !ingt,Scritti spirituali ?editação @, 0a o&ra Speculu> ?argarida,referindose a si mesma na terceira pessoa, su&linha que pela graça do 6enhorLtinha gravado no seu coração a santa vida que :eus, #esus 8risto, levou na terra,os seus &ons e(emplos e a sua &oa doutrina. Ela tinha inserido tão &em o d"cil#esus 8risto no seu coração, que at lhe parecia que Ele estava presente e segurasseum livro fechado na sua mão, para a instruirN -+$id. + , +1, pág. ;05. L>este livro elaencontrava inscrita a vida que #esus 8risto levou na terra, desde o seu nascimento

    at sua elevação ao 8uN -+$id. + , 0, pág. ;15.

    :iariamente, desde a manhã, ?argarida aplica+se ao estudo deste livro. E, depoisde o o&servar atentamente, começa a ler no livro da sua consciIncia, que revela as

    falsidades e as mentiras da sua vida -cf. i$id. + , /+7, pág. ;52 escreve de si mesmapara &eneficiar os outros e para fi(ar mais profundamente no pr"prio coração agraça da presença de :eus, ou seja, para fa%er com que todos os dias a suae(istIncia seja marcada pelo confronto com as palavras e as o&ras de #esus, com oivro da sua vida. E isto para que a vida de 8risto seja impressa na alma de modoestável e profundo, a ponto de poder ver o ivro no seu interior, ou seja, at

    contemplar o mistrio de :eus Crindade -cf. i$id. ++ , 03+2 , 1+3

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    ha&itualmente em latim, a l9ngua dos eruditos, mas escreve inclusive em francoprovençal, e tam&m esta uma raridade) assim os seus escritos são os primeiros,dos quais se conserva a mem"ria, redigidos nesta l9ngua. Ela vive uma e(istInciarica de e(periIncias m9sticas, descritas com simplicidade, dei(ando intuir o

    mistrio inefável de :eus, su&linhando os limites da mente na sua compreensão ena inadequação da l9ngua humana para o manifestar. Ela tem uma personalidadelinear, simples, a&erta, de d"cil carga afetiva, de grande equil9&rio e dediscernimento perspica%, capa% de penetrar nas profundidades do esp9ritohumano, de compreender os seus limites, as suas am&iguidades, mas tam&m assuas aspiraçDes e a tensão da alma para :eus. :emonstra uma acentuadadisposição para o governo, unindo a sua profunda vida espiritual e m9stica, com oserviço s irmãs e comunidade. >este sentido, significativo um trecho de umacarta escrita a seu pai) L?eu d"cil pai, comunico+lhe que me encontro muitoocupada por causa das necessidades da nossa casa, que não me poss9vel aplicar oesp9rito em &ons pensamentos2 com efeito, tenho tantas coisas para fa%er que nãosei por onde começar. >ão recolhemos o trigo no stimo mIs do ano, e os nossosvinhedos foram destru9dos pela tempestade. Alm disso, a nossa igreja encontra+seem condiçDes tão precárias, que somos o&rigadas a reconstru9+la parcialmenteN

    -+$id. 8artas, , 03, pág. 075.

    Tma monja cartu(a delineia assim a figura de ?argarida) LAtravs da sua o&ra,revela+nos uma personalidade fascinante, uma inteligIncia viva, orientada para aespeculação e, ao mesmo tempo, favorecida por graças m9sticas, em s9ntese, uma

    mulher santa e sá&ia que sa&e e(pressar com um certo humorismo umaafetividade inteiramente espiritualN -Xna "%naca Cert%sinaCert%sineem KiOi%nari% degli +stituti di JerfeOi%ne oma 047=, col. 7775. >odinamismo da vida m9stica, ?argarida valori%a a e(periIncia dos afetos naturais,purificados pela graça, como meio privilegiado para compreender maisprofundamente e favorecer a ação divina com mais prontidão e ardor. ! motivoreside no fato de que a pessoa humana criada imagem de :eus, e por isso chamada a construir com :eus uma maravilhosa hist"ria de amor, dei(ando+seenvolver totalmente pela sua iniciativa.

    ! :eus Crindade, o :eus amor que se revela em 8risto fascina+a, e ?argarida viveuma relação de amor profunda pelo 6enhor e, em contrapartida, vI a ingratidãohumana at pusilanimidade, at ao parado(o da cru%. Ela afirma que a cru% de8risto semelhante ao leito do parto. A dor de #esus na cru% comparada com a deuma mãe. Ela escreve) LA mãe que me trou(e no ventre sofreu enormemente aodar+me lu%, por um dia ou por uma noite, mas Cu, &om e d"cil 6enhor, por mimfoste atormentado não apenas por uma noite ou por um dia, mas por mais de trintaanos -...5 como padeceste amargamente por causa de mim, durante toda a tua vidaSE quando chegou o momento do parto, o seu sofrimento foi tão doloroso que o teu

    santo suor se transformou como que em gotas de sangue que desciam por todo oteu corpo at ao chãoN -+$id. ?editação , 11, pág. =45.

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    Evocando as narraçDes da 'ai(ão de #esus, ?argarida contempla estas dores comprofunda compai(ão) LCu foste depositado no duro leito da cru%, de tal modo quenão te podias mover, nem virar ou agitar os teus mem&ros, como costuma fa%er umhomem que padece uma grande dor, porque foste completamente estendido e te

    foram cravados os pregos -...5 e -...5 foram dilacerados todos os teus músculos e astuas veias -...5 ?as todas estas dores -...5 ainda não te &astavam, e por isso quisesteque o teu lado fosse trespassado pela lança, com tanta crueldade a ponto de fa%ercom que o teu d"cil corpo fosse totalmente arado e lacerado2 e o teu preciososangue jorrava com tanta violIncia, que formou um longo percurso, como se fosseum grande regatoN. eferindo+se a ?aria, ela afirma) L>ão surpreende que aespada que trespassou o teu corpo tenha penetrado tam&m o 8oração da suagloriosa ?ãe, que tanto amava sustentar+te -...5 porque o teu amor foi superior a

    todos os outros amoresN -+$id. ?editação , 1/+14.3, pág. /< s.5.

    8aros amigos, ?argarida de !ingt convida+nos a meditar quotidianamente so&re avida de dor e de amor de #esus, e da sua ?ãe, ?aria. nisto que consiste a nossaesperança, o sentido da nossa e(istIncia. :a contemplação do amor de 8risto porn"s &rotam a força e a alegria de responder com igual amor, colocando a nossavida ao serviço de :eus e do pr"(imo. 8om ?argarida, digamos tam&m n"s)L:"cil 6enhor, tudo quanto reali%aste, por amor a mim e a todo o gInero humano,estimula+me a amar+te, mas a recordação da tua sant9ssima 'ai(ão infunde umvigor inaudito no meu poder de afeto para te amar. por isso que me parece -...5que encontrei aquilo que eu tanto desejava) amar unicamente a ti, ou em ti ou por

    amor a tiN -+$id. ?editação , 3/, pág. /5.

    X primeira vista, esta figura de cartu(a medieval, assim como toda a sua vida e oseu pensamento parecem muito distantes de n"s, da nossa vida e do nosso modode pensar e de agir. 8ontudo, se considerarmos o essencial desta vida, vemos quedi% respeito tam&m a n"s e deveria tornar+se fundamental inclusive na nossa

    e(istIncia.

    !uvimos que ?argarida considerava o 6enhor como um livro, fi(ava o olhar no6enhor, considerava+a como um espelho onde aparece tam&m a pr"pria

    consciIncia. E foi deste espelho que a lu% entrou na sua alma) dei(ou entrar apalavra, a vida de 8risto no seu pr"prio ser e assim foi transformada2 a consciInciafoi iluminada, encontrou critrios, lu%, e foi purificada. precisamente disto quetam&m n"s temos necessidade) dei(ar que as palavras, a vida e a lu% de 8ristoentrem na nossa consciIncia, para que ela seja iluminada e compreenda o que verdadeiro e &om, e o que mau2 que a nossa consciIncia seja iluminada epurificada. >ão há imund9cie apenas nas diversas estradas do mundo. Há imund9cietam&m nas nossas consciIncias e nas nossas almas. 6" a lu% do 6enhor, a sua forçae o seu amor nos limpa, purifica e indica o caminho reto. 'ortanto, sigamos 6anta

    ?argarida neste olhar para #esus. eiamos no livro da sua vida, dei(emo+nosiluminar e purificar, para aprender a vida autIntica.

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     Santa !uliana de Cornillon 

    uerid%s ir>?%s e ir>?s 

    Cam&m esta manhã gostaria de vos apresentar uma figura feminina poucoconhecida, mas qual a greja deve um grande reconhecimento, não apenas pelasua santidade de vida, mas tam&m porque, com o seu intenso fervor, contri&uiupara a instituição de uma das solenidades litúrgicas mais importantes do ano, ado C%rpus C4risti. Crata+se de 6anta #uliana de 8ornillon, tam&m conhecida como6anta #uliana de iege. :ispomos de alguns dados so&re a sua vida, so&retudoatravs de uma &iografia, escrita provavelmente por um eclesiástico seucontemporFneo, em que são reunidos vários testemunhos de pessoas que

    conheceram a 6anta de modo direto.

    #uliana nasceu entre 0040 e 004 nos arredores de iege, na Olgica. importanteressaltar esta localidade, porque naquela poca a :iocese de iege era, por assimdi%er, um verdadeiro Lcenáculo eucar9sticoN. Antes de #uliana, te"logos insignese(plicaram ali o valor supremo do 6acramento da Eucaristia e, ainda em iege,havia grupos femininos generosamente dedicados ao culto eucar9stico e comunhão fervorosa. !rientadas por sacerdotes e(emplares, elas viviam juntas,

    dedicando+se oração e s o&ras de caridade.

    Cendo ficado "rfã com = anos de idade, #uliana com a sua irmã nIs foram

    confiadas aos cuidados das monjas agostinianas do convento+leprosário de ?ont+8ornillon. Boi educada principalmente por uma religiosa chamada 6apiIncia, que

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    acompanhou tam&m o seu amadurecimento espiritual, at quando a pr"pria#uliana rece&eu o há&ito religioso, tornando+se tam&m ela uma monja agostiniana.Adquiriu uma cultura notável, a tal ponto que lia as o&ras dos 'adres da greja eml9ngua latina, em particular 6anto Agostinho e 6ão Oernardo. Alm de ter uma

    inteligIncia perspica%, #uliana demonstrava desde o in9cio uma propensão especialpara a contemplação2 era dotada de um profundo sentido da presença de 8risto,que e(perimentava vivendo de modo particular o 6acramento da Eucaristia edetendo+se com frequIncia para meditar so&re estas palavras de #esus) LEis que Eu

    estou convosco todos os dias, at ao fim do mundoN -"t ;,

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    dependia o seu mosteiro. Então, voluntariamente, #uliana dei(ou o convento de?ont+8ornillon com algumas companheiras e, durante 0< anos, de 03; a 0=;, foih"spede de vários mosteiros de religiosas cistercienses. Edificava todos com a suahumildade, nunca tinha palavras de cr9tica ou de repreensão para os seus

    adversários, mas continuava a difundir com %elo o culto eucar9stico. Baleceu no anode 0=; em Bosses+a+@ille, na Olgica. >a cela onde ja%ia foi e(posto o 6ant9ssimo6acramento e, segundo as palavras do seu &i"grafo, #uliana faleceu contemplandocom um último 9mpeto de amor #esus Eucaristia, por ela sempre amado, honrado e

    adorado.

    'ela &oa causa da festa do C%rpus C4risti foi conquistado tam&m Ciago 'antaleãode CroQes, que conhecera a 6anta durante o seu ministrio de arquidiácono emiege. Boi precisamente ele que, tendo+se tornado 'apa com o nome de Tr&ano @,em 0/3, instituiu a solenidade do C%rpus C4risti como festa de preceito para a

    greja universal, na quinta+feira sucessiva ao 'entecostes. >a Oula de instituição,intitulada :ransiturus de 4%c >und% -00 de Agosto de 0/35, o 'apa Tr&ano evocacom discrição tam&m as e(periIncias m9sticas de #uliana, valori%ando a suaautenticidade, e escreve) LEm&ora a Eucaristia seja cele&rada solenemente todosos dias, na nossa opinião justo que, pelo menos uma ve% por ano, se lhe reservemais honra e solene mem"ria. 8om efeito, as outras coisas que comemoramos,compreendemo+las com o esp9rito e com a mente, mas não por isso alcançamos asua presença real. Ao contrário, nesta comemoração sacramental de 8risto, aindaque seja de outra forma, #esus 8risto está presente no meio de n"s na sua pr"pria

    su&stFncia. 8om efeito, quando estava prestes a su&ir ao 8u, Ele disse) JEis que Euestou convosco todos os dias, at ao fim do mundoK -"t ;,

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    Em&ora depois da morte de Tr&ano @ a cele&ração da festa do C%rpusC4risti tenha sido limitada a algumas regiDes da Brança, da Alemanha, da Hungria eda tália setentrional, foi ainda um 'ont9fice, #oão PP, que em 0107 a resta&eleceupara toda a greja. :essa poca em diante, a festa conheceu um desenvolvimento

    maravilhoso, e ainda agora muito sentida pelo povo cristão.Rostaria de afirmar com alegria que hoje, na greja, tem lugar uma Lprimaveraeucar9sticaN) quantas pessoas se detIm silenciosas diante do Ca&ernáculo, paramanter um diálogo de amor com #esusS consolador sa&er que não poucos gruposde jovens redesco&riram a &ele%a de re%ar em adoração diante do 6ant9ssimo6acramento. 'enso, por e(emplo, na nossa adoração eucar9stica no HQde 'arY, emondres. e%o a fim de que esta LprimaveraN eucar9stica se difunda cada ve% maisem todas as par"quias, de modo particular na Olgica, pátria de 6anta #uliana. !@enerável #oão 'aulo , na Enc9clica Icclesia de Iuc4aristia constatava que Lem

    muitos lugares dedicado amplo espaço adoração do 6ant9ssimo 6acramento,tornando+se fonte inesgotável de santidade. A devota participação dos fiis naprocissão eucar9stica da solenidade do 8orpo e 6angue de 8risto uma graça do6enhor que anualmente enche de alegria quantos nela participam. E mais sinais

    positivos de f e de amor eucar9sticos se poderiam mencionarN -n. 0

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     Santa Catarina de Sena 

    uerid%s ir>?%s e ir>?s,

    Hoje gostaria de vos falar so&re uma mulher que desempenhou um papel eminentena hist"ria da greja. Crata+se de 6anta 8atarina de 6ena. ! sculo em que ela viveuM o dcimo quarto M foi uma poca dif9cil para a vida da greja e de todo o tecidosocial, tanto na tália como na Europa. Codavia, mesmo nos momentos de maiordificuldade, o 6enhor não cessa de a&ençoar o seu 'ovo, suscitando 6antos e 6antasque despertam as mentes e os coraçDes, levando a conversão e renovação. 8atarina uma delas, e ainda hoje nos fala e nos leva a caminhar com coragem rumo

    santidade para sermos, de modo cada ve% mais pleno, disc9pulos do 6enhor.

    >asceu em 6ena em 0137, numa fam9lia muito numerosa, e faleceu em oma em01;

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    solicitar a reforma interior da greja e para favorecer a pa% entre os Estados)tam&m por este motivo, o @enerável #oão 'aulo quis declará+la co+'adroeira daEuropa) o @elho 8ontinente nunca esqueça as ra9%es cristãs que estão na essInciado seu caminho e continue a haurir do Evangelho os valores fundamentais que

    asseguram a justiça e a conc"rdia.8atarina sofreu muito, como numerosos 6antos. 8hegou+se mesmo a pensar queera necessário desconfiar dela, a tal ponto que, em 0173, seis anos antes da suamorte, o cap9tulo geral dos :ominicanos a convocou em Blorença para a interrogar.'useram ao seu lado um frade douto e humilde, aimundo de 8ápua, futuro?estre+Reral da !rdem. Cendo+se tornado seu confessor e tam&m seu LfilhoespiritualN, escreveu uma primeira &iografia completa da 6anta. Ela foi canoni%ada

    em 03/0.

    A doutrina de 8atarina, que aprendeu a ler com dificuldade e a escrever quando jáera adulta, está contida em / KiEl%g% da Jr%8idência Ki8ina ou seja  @i8r% daK%utrina Ki8ina uma o&ra+prima da literatura espiritual, no seu Ipist%lEri% e nacoletFnea das suas /raPVes. ! seu ensinamento dotado de uma rique%a tãoprofunda, que o 6ervo de :eus 'aulo @, em 047uma visão que nunca mais se cancelou do coração e da mente de 8atarina, >ossa6enhora apresentou+a a #esus, que lhe confiou um anel maravilhoso, di%endo+lhe)

    LEu, teu 8riador e 6alvador, desposo+te na f, que conservarás sempre pura, atquando cele&rares comigo no 8u as tuas &odas eternasN -aimundo de8ápua, Santa Catarina de Sena @egenda >ai%r , n. 00=, 6ena 044;5. Aquele anelpermaneceu vis9vel unicamente para ela. >este epis"dio e(traordinário vemos ocentro vital da religiosidade de 8atarina e de toda a espiritualidade autIntica) ocristocentrismo. 8risto para ela como o espos