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1 Alternativas ao uso de antibióticos como aditivos promotores de crescimento em Frangos de corte André Viana Coelho de Souza Cristina Amorim Ribeiro de Lima Aline Alves da Silva Fabiana Passeto Gregorut INTRODUÇÃO: Um dos grandes debates contemporâneos é o paradoxo criado entre a necessidade de se garantir a Segurança do Alimento e a Segurança Alimentar das populações. Enquanto a Segurança do Alimento está relacionada à produção de alimentos seguros para consumo, livres de contaminantes, resíduos de pesticidas, de drogas, metais pesados, micro- organismos patogênicos, etc., a Segurança Alimentar busca mecanismos para assegurar que as populações possam consumir adequadas quantidades de alimentos a fim de satisfazer às suas necessidades nutricionais. Sonhamos com um mundo onde a alimentação das populações humanas seja a mais saudável possível, o que implica pelo pensamento de muitos, na necessidade de se banir todo e qualquer aditivo químico da cadeia alimentar, e prevenir a contaminação dos alimentos por eles. Em uma outra corrente, idealiza-se um mundo sem a utilização de alimentos transgênicos ou sem a mudança do genoma original dos alimentos. Muitas vezes confunde-se o conceito de Segurança do Alimento com o sistema de produção orgânico de alimentos, onde além dos cuidados acima, busca-se modelos de produção animal que propiciem máximo bem estar animal e sustentabilidade ambiental. No caso da Avicultura, isso significa trabalhar com linhagens genéticas de menor velocidade de crescimento, maior rusticidade, em ambientes abertos permitindo o pastejo das aves, criadas em densidades muito inferiores aos sistemas intensivos de produção e que não alcançam as produtividades dos mesmos, em especial no que se refere a eficiência de utilização do alimento e a velocidade de crescimento das aves.

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Alternativas ao uso de antibióticos como aditivos

promotores de crescimento em Frangos de corte

André Viana Coelho de Souza

Cristina Amorim Ribeiro de Lima

Aline Alves da Silva

Fabiana Passeto Gregorut

INTRODUÇÃO: Um dos grandes debates contemporâneos é o paradoxo criado entre a necessidade de

se garantir a Segurança do Alimento e a Segurança Alimentar das populações. Enquanto a

Segurança do Alimento está relacionada à produção de alimentos seguros para consumo,

livres de contaminantes, resíduos de pesticidas, de drogas, metais pesados, micro-

organismos patogênicos, etc., a Segurança Alimentar busca mecanismos para assegurar que

as populações possam consumir adequadas quantidades de alimentos a fim de satisfazer às

suas necessidades nutricionais.

Sonhamos com um mundo onde a alimentação das populações humanas seja a mais

saudável possível, o que implica pelo pensamento de muitos, na necessidade de se banir

todo e qualquer aditivo químico da cadeia alimentar, e prevenir a contaminação dos

alimentos por eles. Em uma outra corrente, idealiza-se um mundo sem a utilização de

alimentos transgênicos ou sem a mudança do genoma original dos alimentos. Muitas vezes

confunde-se o conceito de Segurança do Alimento com o sistema de produção orgânico de

alimentos, onde além dos cuidados acima, busca-se modelos de produção animal que

propiciem máximo bem estar animal e sustentabilidade ambiental.

No caso da Avicultura, isso significa trabalhar com linhagens genéticas de menor

velocidade de crescimento, maior rusticidade, em ambientes abertos permitindo o pastejo

das aves, criadas em densidades muito inferiores aos sistemas intensivos de produção e que

não alcançam as produtividades dos mesmos, em especial no que se refere a eficiência de

utilização do alimento e a velocidade de crescimento das aves.

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A perda de produtividade e o aumento no custo de produção dos alimentos neste

modelo de produção, quando contrastados com o aumento da população mundial e com o

aumento per-capita do consumo de carnes pela população, nos leva a questionar se

conseguiremos produzir alimentos em quantidade suficiente para todos. Seria a aplicação do

conceito extremo de segurança do alimento convergente ou divergente do conceito de

segurança alimentar?

A preocupação da Suficiência Alimentar e da Segurança Alimentar é antiga. Thomas

Robert Malthus (1766 – 1835) em 1789 escreveu o livro “Ensaio sobre a lei da população”

obra na qual afirmou que o crescimento da população humana ocorreria em uma progressão

geométrica, mais acelerado que o da produção de alimentos que cresceria em uma

progressão aritmética prevendo, como consequências, guerras, fome e mortes, fenômenos

que se encarregariam de manter o equilíbrio entre a população e a oferta de comida.

Todavia, devido aos progressos obtidos por meio da ciência, a história tomou novos

rumos, em especial devido ao aumento na produção de alimentos (melhoramento genético

de plantas e animais, desenvolvimento de biotecnologias, desenvolvimento de máquinas e

equipamentos e incremento na produtividade por meio do desenvolvimento da agricultura e

pecuária como empreendimentos do agronegócio) e, devido a redução da taxa de natalidade

pelo surgimento dos anticoncepcionais e pela difusão da educação de planejamento

familiar. Assim, ao contrário do previsto por Malthus, a produção de alimentos cresceu nos

últimos 200 anos a um ritmo maior que o do crescimento da população.

Em 1800 a população mundial era estimada em 1 bilhão de pessoas. Atingimos 2

bilhões de pessoas em 1927. Em 1974, já erámos 4 bilhões de habitantes. Em 2012

ultrapassamos 7 bilhões de pessoas. A ONU prevê que em 2048 seremos 9 bilhões de

pessoas e em 2100 podemos atingir impressionantes 12 bilhões de seres humanos na face da

terra. Boa parte deste crescimento previsto deve acontecer nos países em desenvolvimento,

em especial da África e Ásia. Junto com o crescimento da população outros dois

significativos fenômenos estão previstos: O envelhecimento da população devido ao

aumento na expectativa de vida (consequentemente existirão menos trabalhadores por

número de aposentados) e o aumento no consumo per capita de alimentos (inclusive de

carne), que ocorrerá principalmente nos países em desenvolvimento (Índia, China e Países

Africanos).

A preocupação com os impactos do crescimento da população mundial é objeto de

estudos da ONU, de órgãos de estudos econômicos e estratégicos de vários países e das

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políticas de controle de populações de países com alta densidade populacional. Em seu

último Best Seller de nome “Inferno”, Dan Brown abordou o assunto do preocupante

crescimento populacional. Na obra, o autor acrescenta uma crítica literária ao seu melhor

estilo e propõe uma reflexão sobre o tema. Em uma entrevista à emissora BBC, Dan Brown

admitiu: “A superpopulação é algo que me preocupa. Conversei com vários cientistas que

também estão preocupados e passei a entender que esta é a questão que amarra todos os

outros temas ambientais. A sustentabilidade da raça humana seria, portanto, intimamente

ligada ao seu ritmo de crescimento.”

A missão de garantir a produção de alimentos capaz de alimentar 9 a 12 bilhões de

habitantes, precisará sem dúvida da utilização máxima de recursos tecnológicos capazes de

aumentar a produtividade e eficiência dos modernos empreendimentos de produção de

alimentos. Com a Avicultura não será diferente, e no pensamento deste autor, não será

compatível o cumprimento desta missão com o banimento de aditivos químicos na ração de

frangos de corte.

Os dois modelos poderão até coexistir, mas pensa este autor que enquanto a

produção de frangos de corte criados no sistema orgânico atenderá uma parcela mínima da

população capaz de pagar um preço muito mais caro pela carne destas aves, mais de 99% da

população não possuirá restrições a consumir a carne de aves alimentadas com rações

contendo aditivos químicos que serão produzidas em quantidades elevadas e com baixo

custo, o que não implica em assumir que possuirão algum risco maior.

O desejo de parte dos consumidores de que os frangos sejam criados sem o uso de

aditivos químicos nas rações decorre do sentimento ou percepção dos mesmos de que o uso

de tais aditivos traz riscos à sua saúde ou danos ao meio ambiente. Parte desta percepção

pode ser atribuída ao desconhecimento e falta de informação que aliada a brusca mudança

no modelo de criação das aves nos últimos 30-50 anos, fez com que o consumidor das

grandes cidades se perguntasse ao se deparar com os modernos sistemas de criação: “Onde

foi parar a bucólica fazenda que tanto vi em filmes e livros infantis? O que mais a indústria

avícola fez que não ficamos sabendo?”.

A classe de aditivos mais pressionada pela opinião pública é a dos aditivos

melhoradores de desempenho baseados em moléculas de antibióticos devido ao possível

risco de que o uso desta categoria de aditivos provocar o aparecimento ou consolidação de

resistência de microrganismos aos antibióticos de uso na medicina humana, ocasionando

assim o aparecimento de novas superbactérias.

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Superbactérias são aquelas resistentes a muitos antibióticos, em geral de uso comum

na terapêutica humana. Dentre as superbactérias podemos citar algumas como a

Staphylococcus aureus, causadora de infecções no sistema respiratório e na pele, a NDM-1

também causadora de infecções na pele, e algumas cepas especificas de bactérias dos

genêros Proteus, Pseudomonas, Enterococcus, Streptococcus e Clostridium.

A resistência a antibióticos em animais e humanos se elevou abruptamente durante as

últimas décadas. Aproximadamente 30 antibióticos, tais como tetraciclina, penicilina e

estreptomicina, aprovados pela FDA (Federal Drug Administration) para utilização em

animais, são também utilizados em tratamentos para humanos (Consejo Nacional de

Investigación, 1999).

As bactérias resistentes aos antibióticos podem ser transmitidas ao ser humano a

partir do consumo de produtos de origem animal, entretanto, não se pode determinar ainda

os riscos dessa transmissão para a saúde pública. Entre os microrganismos potencialmente

letais que podem ser transmitidos ao homem estão a Salmonella e a Escherichia coli. As

bactérias são transmitidas através de produtos animais ou por contato direto com animais ou

fezes (Consejo Nacional de Investigación, 1999).

É provável que uma parcela significativa da resistência a antibióticos ocorra devido

ao uso inadequado dos mesmos na medicina humana (WHO, 1997). Existem dados

limitados a respeito do impacto negativo significativo na saúde humana, com origem no uso

de antibióticos na produção avícola e de outros animais (ERPELDING, 1999).

Pesquisadores britânicos elaboraram um documento de dados, o Cadastro Nacional

de Risco e Emergências Civis, compilado pelo Gabinete do Governo que avalia riscos

relacionados a terrorismo, doenças, desastres naturais, etc. Este documento deixa claro a

preocupação dos cientistas com o impacto da resistência antimicrobiana, que faz com que

antibióticos e antivirais percam eficiência no combate a doenças como pneumonias e

tuberculose. Citam como principal causa do aparecimento de superbactérias resistentes o uso

incorreto pelos humanos de antibióticos, de forma indiscriminada, sem prescrição ou

acompanhamento médico, ou em dosagem e prazo inferior ao recomendado. Segundo o

documento, em um dos possíveis cenários de risco, até 80 mil britânicos poderiam morrer

em um único episódio de surto de uma superbactéria (TERRA, 2015).

Assim, dentre os antibióticos de uso na saúde humana, alguns são resguardados para

uso em casos muito específicos pois costumam ser mais eficientes no tratamento de pessoas

infectadas com as superbactérias. Em geral o tratamento pode envolver a associação de

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antibióticos e outros medicamentos. A descoberta de novos agentes antibióticos eficazes

contra as superbactérias é considerado um evento raro. Em 2013, pesquisadores e cientistas

da Califórnia descobriram um novo composto antibiótico extraído de um microrganismo

encontrado em sedimentos marinhos, a Anthramicina, que além de apresentar uma estrutura

química nova, se mostrou eficiente em eliminar bactérias como o Staphylococcus aureus e o

Antrax (REDFERN, 2013).

Devido a pressão da opinião pública e de pesquisadores que defendem o banimento

do uso de antibióticos na produção animal, observa-se em alguns países como os da União

Europeia, legislações que proíbem o uso de antibióticos como aditivos melhoradores de

desempenho (Promotores de crescimento), permitindo todavia em situações específicas o

uso de antibióticos terapêuticos.

Nos EUA, o Presidente Barack Obama lançou o Plano Nacional para combater

Bactérias Resistentes a Antibióticos, que, em uma de suas resoluções exigirá que os

produtores de animais necessitem de receitas de Médicos Veterinários para o uso de

Antibióticos importantes para a medicina humana, no tratamento de animais de consumo

humano. O FDA já havia feito recomendações neste sentido, todavia de forma sugestiva e

não impositiva (WATTAGNET, 2015).

Além do governo, sociedade civil organizada e empresas também adotaram medidas

para atender a demanda de produção de carne de animais livres de antibiótico. Algumas

empresas especificam que irão produzir animais completamente livres do uso de

antibióticos, quer seja dos antibióticos terapêuticos, quer seja dos antibióticos usados como

aditivos melhoradores de desempenho. Outras especificam apenas que produzirão animais

livre do uso de antibióticos de importância para a medicina humana, o que deixa em aberto o

uso de antibióticos sem interesse na medicina humana, ou mesmo daqueles usados em

aditivos melhoradores de desempenho e que não possuam relação com a medicina humana.

Dentre as empresas produtoras de carne de frango, a empresa Pilgrim`s anunciou

recentemente que planeja eliminar o uso de antibióticos em 25% dos frangos processados

em suas plantas até 2019, ante os 5% atuais. A empresa Perdue Farms Inc que processa

semanalmente 12,4 milhões de frangos anunciou que eliminou o uso de antibióticos em 50%

de sua produção e que em 95% das aves criadas não foram usados antibióticos de interesse

médico. Já a empresa Tyson Foods Inc, anunciou que reduziu o uso de antibióticos em 84%

desde 2011 e eliminou o seu uso em incubatórios. Isto para atender a demanda de

consumidores e restaurantes que se eleva a cada dia (BUNGE, 2015).

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A cadeia de fast food Mc Donald`s anunciou em março de 2014 que pretende em

dois anos eliminar o uso de antibióticos de importância na medicina humana nos seus

fornecedores americanos. Esta tem sido uma tendência adotada por outras cadeias de

restaurantes como a Chiplote Mexican Grill Inc. e várias redes de restaurantes que passaram

a explorar o termo “carne livre de antibióticos” como uma vitrine para suas vendas

(BUNGE, 2015).

O banimento do uso de antibióticos na produção de frangos possui entretanto

consequências que devem ser consideradas. Essa medida segundo o FDA, levaria a um

aumento no preço do produto final da carne de aves. Além disso as enfermidades dos

animais poderiam ser propagadas, o que aumentaria os riscos para a saúde da população,

além de aumentar a demanda de antibióticos para o tratamento de animais enfermos

(Consejo Nacional de Investigación, 1999).

Para podermos realizar uma análise com o máximo de isenção, precisamos entender

quais são as categorias de aditivos químicos usados na criação de frangos de corte e quais os

riscos que estes podem trazer ao consumidor.

ADITIVOS QUÍMICOS:

Os aditivos já eram usados em alimentos pelo homem há milhares de anos. Aditivos

químicos como o sal e o salitre (nitratos de sódio e potássio), e aditivos biológicos como

bactérias e leveduras já eram usados na conservação e processamento de alimentos, embora

a compreensão dos princípios químicos e biológicos que causavam os efeitos de

conservação ou de fermentação dos alimentos só fossem elucidados no século XIX.

Embora fosse a França em 1820 o país mais avançado no estudo e desenvolvimento

de tecnologias química, com cientistas de grande renome como Gay-Lussac, foi na

Alemanha e posteriormente na Inglaterra que o estudo da química passou por uma drástica

evolução levando ao surgimento de empresas de síntese química (TONDER, 2015).

O alemão Justice Von Liebig (1803-1873) em 1822 foi agraciado com um período de

treinamento em Paris no laboratório de Gay-Lussac. De lá retornou à Alemanha e aplicou os

conhecimentos obtidos em Paris na Universidade de Giessen. Sob a supervisão de Von

Liebig, vários estudantes aprenderam análises quantitativas e qualitativas, preparo de

compostos orgânicos e desenvolveram cada um seu estudo particular laboratorial de

desenvolvimento de sínteses ou análises químicas, modelo este que veio a ser replicado em

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várias outras universidades. Em 1847 Von Liebig escreveu o livro “Pesquisas na Química de

Alimentos”, que foi provavelmente o primeiro livro de química de alimentos (TONDER,

2015)..

Sob a tutela de Von Liebig estudou o Inglês William Henry Perkin (1838-1907) que

aos 18 anos sintetizou malva ou anilina púrpura, corante derivado do alcatrão. Perkin

investiu então na produção e uso deste novo corante com a construção de uma fábrica perto

de Londres em 1857(TONDER, 2015).

Também foi estudante de Von Liebig, o Inglês August W. Hofmann que foi nomeado

diretor da Escola Real de Química na Inglaterra (TONDER, 2015)..

Cientistas na Inglaterra e Alemanha, desenvolveram paralelamente tecnologias que

além de impulsionar a produção de aditivos químicos, diminuíram consideravelmente o seu

custo. Johann Peter Greiss, em 1859 no Laboratório de Kolbe, e os cientistas Carl Groebe e

Carl Theodor Liebermann no Laboratório Bayer, conseguiram via síntese química a

produção de Nitrito de Sódio e Alizarina respectivamente, de forma mais econômica que a

obtida anteriormente pela extração de corantes do alcatrão. Em 1865 ocorre a criação da

BASF, que rapidamente ampliou sua capacidade fabril e produção, baseada em síntese

química, diminuindo custos e assim sobrepujando a empresa Perkin & Sons já em 1872. Até

os dias de hoje, a BASF é a líder mundial em produção de corantes químicos derivados do

alcatrão (TONDER, 2015).

A indústria de produção de antibióticos iniciou-se após a descoberta da penicilina por

Alexandre Flemming em 1929. Em 1935, na Alemanha divulga-se a Sulfonamida como

eficaz para vários tratamentos de doenças bacterianas. Em 1940 já haviam indústrias

baseadas em métodos fermentativos de produção de antibióticos com sua extração de meios

de cultura de microrganismos produtores de antibióticos, em especial de fungos e leveduras.

Em 1950 com a descoberta de técnicas de biotecnologia de DNA a produção fermentativa

passou a um novo patamar de eficiência dando saltos de produtividade. Ainda em 1950 com

a síntese do ácido 6-aminopenicilânico (6APA), a indústria de antibióticos iniciou a fase de

produção de penicilinas semi-sintéticas. Posteriormente novas classes de antibióticos foram

descobertas e o espectro de doenças bacterianas capazes de serem tratados por estas

moléculas, aliados a necessidade de uso de biotecnologias para otimizar a produção destas

moléculas, tornou esta uma das indústrias mais rentáveis do século XX.

De uma maneira geral, com as outras classes de aditivos, a indústria se desenvolveu

de forma semelhante, e, assim, encontramos hoje no mercado uma infinidade de compostos

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químicos usados como aditivos em alimentos para humanos e animais. Tal diversidade de

produtos levou a criação pelos governos e agências reguladoras de normas para utilização

destes compostos visando garantir a segurança dos consumidores de alimentos.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio

da Instrução Normativa N° 13 de dezembro de 2004, aprovou o Regulamento técnico sobre

aditivos para produtos destinados à alimentação animal, que estabelece procedimentos

básicos a serem adotados para avaliação de segurança de uso, registro e comercialização dos

aditivos utilizados nos produtos destinados à alimentação animal, a fim de garantir um nível

adequado de proteção da saúde humana, dos animais e do meio ambiente, e introduzir

requisitos na rotulagem desses aditivos, visando ao fornecimento das informações mínimas

necessárias à utilização .

De modo a não deixar dúvidas, a Instrução Normativa N° 15 de 2009 do MAPA

define o Aditivo como “substância, micro-organismo ou produto formulado, adicionado

intencionalmente aos produtos, que não é utilizada normalmente como ingrediente, tenha ou

não valor nutritivo e que melhore as características dos produtos destinados à alimentação

animal ou dos produtos animais, melhore o desempenho dos animais sadios e atenda às

necessidades nutricionais ou tenha efeito anticoccidiano.”

As exigências para registro de aditivos no MAPA são muitas, dentre as quais

podemos destacar a identificação precisa de sua natureza química ou biológica. Os aditivos

devem obedecer ao padrão de identidade e pureza, segurança e especificações, fixados pelo

Chemical Abstracts Service - CAS, Food Chemicals Codex - FCC, ou outras referências

internacionalmente reconhecidas. Deve-se ainda fornecer indicações qualitativas e

quantitativas dos resíduos eventuais nos produtos de origem animal, de acordo com a

utilização prevista dos aditivos e uma proposta de Limites Máximos de Resíduos (LMR) a

serem estabelecidos nos alimentos de origem animal de que se trata, ou que a autoridade

conclua que não é necessário fixar um LMR para a proteção dos consumidores ou de que

este já esteja fixado. Deve ser entregue documentação científica aplicável que prove ser o

mesmo inócuo à saúde dos animais na quantidade que se propõe usar, bem como memorial

descritivo sumarizado do produto e dos estudos relativos à segurança de uso, tais como:

toxicológicos, microbiológicos, metabolismo, mutagênese, toxicidade aguda e toxicidade

crônica/carcinogênese. Para os aditivos que contêm ou são produzidos a partir de

Organismos Geneticamente Modificados (OGM), exige-se apresentar a documentação

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adequada para a sua avaliação e autorização legal para o uso em conformidade com a

legislação vigente. Para os probióticos exige-se sua designação taxonômica segundo os

códigos internacionais de nomenclatura, denominação e local da coleção de culturas onde a

cepa está registrada ou depositada e número de registro ou de depósito, indicando se foi ou

não obtida por manipulação genética.

De acordo com a IN 13 de dezembro de 2004 os aditivos podem ser classificados

como:

A) Aditivos tecnológicos: qualquer substância adicionada ao produto destinado à

alimentação animal com fins tecnológicos;

a.1) adsorvente: substância capaz de fixar moléculas;

a.2) aglomerante: substância que possibilita às partículas individuais de um alimento

aderir-se umas às outras;

a.3) antiaglomerante: substância que reduz a tendência das partículas individuais de

um alimento a aderir-se umas às outras;

a.4) antioxidante: substâncias que prolongam o período de conservação dos

alimentos e das matérias-primas para alimentos, protegendo os contra a deterioração causada

pela oxidação;

a.5) antiumectante: substância capaz de reduzir as características higroscópicas dos

alimentos;

a.6) conservante: substância, incluindo os auxiliares de fermentação de silagem ou,

nesse caso, os microorganismos que prolongam o período de conservação dos alimentos e as

matérias-primas para alimentos, protegendo-os contra a deterioração causada por

microorganismos;

a.7) emulsificante: substância que possibilita a formação ou a manutenção de uma

mistura homogênea de duas ou mais fases não miscíveis nos alimentos;

a.8) estabilizante: substância que possibilita a manutenção do estado físico dos

alimentos;

a.9) espessantes: substância que aumenta a viscosidade dos alimentos;

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a.10) gelificantes: substância que dá textura a um alimento mediante a formação de

um gel;

a.11) regulador da acidez: substância que regula a acidez ou alcalinidade dos

alimentos;

a.12) umectante: substância capaz de evitar a perda da umidade dos alimentos.

B) Aditivos sensoriais: qualquer substância adicionada ao produto para melhorar ou

modificar as propriedades organolépticas destes ou as características visuais dos produtos;

b.1) corante e pigmentantes: substância que confere ou intensifica a cor aos

alimentos;

b.2) aromatizante: substância que confere ou intensifica o aroma dos alimentos;

b.3) palatabilizante: produto natural obtido mediante processos físicos, químicos,

enzimáticos ou microbiológicos apropriados a partir de materiais de origem vegetal ou

animal, ou de substâncias definidas quimicamente, cuja adição aos alimentos aumenta sua

palatabilidade e aceitabilidade.

C) Aditivos nutricionais: toda substância utilizada para manter ou melhorar as

propriedades nutricionais do produto;

c.1) vitaminas, provitaminas e substâncias quimicamente definidas de efeitos

similares;

c.2) oligoelementos ou compostos de oligoelementos;

c.3) aminoácidos, seus sais e análogos;

c.4) uréia e seus derivados.

D) Aditivos zootécnicos: toda substância utilizada para influir positivamente na melhoria do

desempenho dos animais;

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d.1) digestivo: substância que facilita a digestão dos alimentos ingeridos, atuando

sobre determinadas matérias-primas destinadas à fabricação de produtos para a alimentação

animal; São as enzimas que são proteínas ligadas ou não a co-fatores, que possuem

propriedades catalíticas específicas.

d.2) equilibradores da flora: microrganismos que formam colônias ou outras

substâncias definidas quimicamente que têm um efeito positivo sobre a flora do trato

digestório; São eles os Probióticos, Prebióticos e Acidificantes.

d.2.1. Probióticos: são cepas de microrganismos vivos (viáveis), que agem

como auxiliares na recomposição da flora microbiana do trato digestivo dos animais,

diminuindo o número dos microrganismos patogênicos ou indesejáveis;

d.2.2. Prebióticos: ingredientes que não são digeridos pelas enzimas

digestivas do hospedeiro, mas que são fermentados pela flora bacteriana do trato

digestório originando substâncias que estimulam seletivamente o crescimento e/ou

atividade de bactérias benéficas e inibem a colonização de bactérias patógenas ou

indesejáveis.

d.2.3. Acidificantes: os ácidos orgânicos ou inorgânicos utilizados que

reduzem o pH do trato digestivo superior, com o objetivo de facilitar a digestão e

reduzir a proliferação de microrganismos indesejáveis no estômago e no intestino.

d.3) melhoradores de desempenho: substâncias definidas quimicamente que

melhoram os parâmetros de produtividade, cujo uso não indique ação terapêutica ou

profilática, curativa ou preventiva, e que não sejam enquadrados como substâncias

fitoterápicas.

Quadro 1. Aditivos melhoradores de desempenho, de natureza antimicrobiana

autorizados para uso em rações de frangos de corte.

Princípio FASES DE Teor em ppm Período de USO g/ ton ração retirada

AVILAMICINA 2,5 a 10 BACITRACINA METILENO

4 a 55

DISALICILATO BACITRACINA DE ZINCO 4 a 55

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SULFATO DE COLISTINA Inicial 2 a 10

3 dias antes do abate Crescimento 2 a 5 Terminação 2 a 5

CLORIDRATO DE CLOREXIDINA Inicial 20

Crescimento 15 Terminação 10

ENRAMICINA Pré-inicial, inicial

5 a 10 ou crescimento

Final 3 a 5 ESPIRAMICINA 5 FLAVOMICINA 1 a 2 HALQUINOL 15 a 30

LINCOMICINA 2,2 a 4,4 TILOSINA 4 a 55

VIRGINAMICINA 5,5 a 16,5

(Fonte : DFIP- Departamento de Fiscalização de Insumos Agropecuários)

E) Anticoccidianos: substância destinada a eliminar ou inibir protozoários.

Quadro2. Agentes anticoccidianos autorizados para uso em rações de frangos de corte

ANTICOCCIDIANOS Teor em ppm Período de g/ ton ração retirada

AMPRÓLIO+ ETOPABATO 125 a 250/4 5 dias antes do abate CLOPIDOL 125 a 250 5 dias antes do abate CLOPIDOL + METILBENZOQUATO 100 a 125/ 8 a 10 5 dias antes do abate DECOQUINATO 20 a 40 3 dias antes do abate DICLAZURIL 1 5 dias antes do abate HALOFUGINONA 3 5 dias antes do abate LASALOCIDA 75-125 5 dias antes do abate MANDURAMICINA 5 a 6 5 dias antes do abate MANDURAMICINA + NICARBAZINA 3,75/40 a 50 10 dias antes do abate MONENSINA SÓDICA 100 a 120 3 dias antes do abate MONENSINA + Ác. 3-NITRO 100 a 120/50 5 dias antes do abate NARASINA 60 a 80 5 dias antes do abate NICARBAZINA 125 10 dias antes do abate NARASINA + NICARBAZINA 40 a 50/ 40 a 50 10 dias antes do abate ROBENIDINA 33 5 dias antes do abate SALINOMICINA SÓDICA 44 a 66 5 dias antes do abate SALINOMICINA + ÁC. 3-NITRO 44 a 66 / 25 a 50 5 dias antes do abate SEMDURAMICINA 25 5 dias antes do abate SEMDURAMICINA+NICARBAZINA 15 a 18/ 40 a 48 10 dias antes do abate

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(Fonte : DFIP- Departamento de Fiscalização de Insumos Agropecuários)

RISCOS DOS ADITIVOS QUÍMICOS

Todos os aditivos relacionados acima possuem a possibilidade de carregarem

consigo algum risco à saúde do consumidor final da carne de aves alimentada com o uso

destes. Por isso o MAPA exige para o registro de qualquer destes aditivos a implantação de

BPF e rigoroso processo de documentação da segurança de uso e ausência de contaminantes

no processo de produção.

Os produtos de natureza mineral (Ex. oligoelementos, argilas adsorventes, etc.

devem por exemplo atender exigências de laudos de análise para metais pesados (cádmio,

arsênio, chumbo e mercúrio) e eventualmente dioxinas que podem contaminar a fonte de

obtenção destes elementos. Seria todavia impensável abrir mão do uso destes aditivos em

razão de uma extrema segurança para evitar qualquer possibilidade de contaminação da

cadeia alimentar. Os prejuízos decorrentes da impossibilidade de uso de microelementos

(Ferro, Cobre, Zinco, Manganês, Cobalto, Iodo e Selênio) e do uso de adsorventes seriam

gigantescos e a redução da eficiência de produção levaria a redução na oferta de carne de

frango e aumento dos custos de produção.

Os Aditivos Nutricionais de natureza química (quer sejam de síntese química ou de

produtos de fermentação) como vitaminas e aminoácidos são hoje considerados essenciais

para a manutenção dos índices de produtividade do frango moderno. O uso de aminoácidos

possibilitou aos nutricionistas a redução do nitrogênio total das dietas, reduzindo

significativamente a excreção deste elemento no ambiente. Permitiu ainda a formulação de

dietas mais econômicas e com melhor desempenho das aves.

Os Aditivos Zootécnicos digestivos ou enzimas, possibilitaram às aves aumentar a

digestão, absorção e utilização de determinados nutrientes. As fitases possibilitaram uma

redução no fósforo total das dietas e consequentemente uma significativa redução na

excreção de fósforo nas excretas dos animais. Paralelamente trouxe uma redução no custo

das rações, efeito também observado com o uso de outras classes de enzimas como as

proteases e carbohidrases. Embora em geral produzidas por fermentação por organismos

OGM, as enzimas possuem pouquíssimo questionamento com relação ao risco de seu uso.

Na moderna produção de frangos de corte, pouquíssimas empresas não se utilizam dos

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recursos oferecidos pela adição de enzimas às rações com o objetivo de reduzir custos e

aumentar a eficiência de utilização de nutrientes.

Os aditivos zootécnicos equilibradores da flora (Probióticos, Prebióticos e

Acidificantes) passaram a ser mais usados a partir de 2008/2009, quando o MAPA

estabeleceu a proibição de mais de um Aditivo Zootécnico melhorador de desempenho

antimicrobiano. Esta restrição ocasionou o aumento da incidência de desequilíbrio da flora

intestinal estimulando os nutricionistas a usarem em maior frequência a categoria de

Aditivos Zootécnicos equilibradores da flora, para os quais há baixa percepção do

consumidor da existência de algum risco associado ao seu uso.

Dentre todas as categorias de aditivos, a mais pressionada pela opinião pública é a

dos aditivos melhoradores de desempenho baseados em moléculas de antibióticos devido ao

possível risco de o uso desta categoria de aditivos provocar o aparecimento ou consolidação

de resistência de microrganismos de interesse da saúde pública aos antibióticos, ocasionando

assim o aparecimento de novas superbactérias. A União Européia, baniu o uso de

antibióticos na alimentação animal como promotores de crescimento, onde a dosagem é

normalmente inferior ao MIC (concentração mínima inibitória), mas não baniu o uso dos

mesmos como agentes terapêuticos, onde a dosagem é superior ao MIC. Observou-se pelos

levantamentos europeus, em especial da Holanda e Dinamarca, que paralelamente a

proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento, ocorreu um aumento de quase

100% no consumo de antibióticos de uso terapêutico fazendo com que a soma total de uso

antibióticos (promotores e terapêuticos) para uso em animais ultrapassasse o valor anterior à

proibição do uso dos promotores de crescimento. O uso de antibióticos para uso em

medicina humana praticamente não teve alteração no período (1997-2008) (DANMAP

2008).

O mesmo estudo (DANMAP 2008) indicou que a monitoria de bactérias resistentes a

antibióticos mostrou ter havido para algumas moléculas queda na resistência, como é o caso

da resistência de Enterococcus faecium à Vancomicina em razão da interrupção de uso da

Avorpacina (A Avoparcina foi suspensa no Brasil em 1998 - Portaria no819, de 16 de

outubro de 1998 (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA)). Já para a

Virginiamicina, suspeita de poder ocasionar resistência cruzada à Entercoccus faecium

tratados com Estreptogramina, a correlação não foi clara. Neste estudo as correlações mais

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fortes aconteceram justamente com as drogas de uso terapêutico, e não com as de uso como

promotor de crescimento.

Em um recente estudo (CANADA, 2015) correlacionando a resistência de

Salmonella heidelberg a antibióticos de uso terapêutico humano, também usados em

animais, mostrou-se clara queda no percentual de isolados de bactérias resistentes,

concomitante a não utilização nos incubatórios de doses terapêuticas de antibióticos em

pintos recém eclodidos.

Em uma revisão recente, PALERMO NETO (2015), lembrou que durante décadas o

uso de antibióticos como promotores de crescimento, foi considerado seguro, e quando

alguma associação de possibilidade de resistência cruzada a antibióticos de importância na

saúde humana foi levantada, comitês científicos avaliaram os fatos e, em alguns casos

recomendaram a exclusão com base no princípio da precaução, como foi o caso da

avoparcina. Se em alguns estudos a associação parece clara, em outros demonstrava-se

exatamente o oposto como no caso de países que nunca usaram avoparcina, mas possuíam

relatos de bactérias resistentes à vancomicina, e, de países que usavam avoparcina e nunca

tiveram relato de bactérias resistentes à vancomicina.

Segundo PALERMO NETO (2015) “riscos precisam ser avaliados de modo

criterioso e desapaixonado de forma tal a permitir que se faça um manejo racional da

questão em análise. As análises de risco incluem três componentes principais: assessamento

do risco, manejo do risco e comunicação do risco; elas representam um dos mais poderosos

instrumentos colocados à disposição das autoridades governamentais e da população em

geral para o embasamento científico de soluções a serem tomadas no tocante à qualidade dos

alimentos e manejo de animais de produção. Elas precisam, no entanto, ser conduzidas de

forma científica e transparente, separando-se claramente fatos científicos de valores e

emoções, enfim de mitos. Aliás, este é o 1º princípio norteador do Codex para a realização

de análises de risco . É preciso, que se compreenda que risco é a probabilidade de ocorrência

de um fato. Não existe risco zero. Risco zero é certeza, e certeza em ciência não existe, visto

que a ciência não é estática; assim e como princípio básico, deve-se caracterizá-lo sempre

através de princípios estatísticos claros e transparentes.”

Contribuindo ao comentário de PALERMO NETO, acrescento que além dos riscos,

as consequências dos resultados das ações tomadas com base em precauções para mitigar os

riscos devem ser consideradas. No caso do banimento dos promotores de crescimento, as

consequências são conhecidas: Aumento da incidência de enterite necrótica em frangos,

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aumento do uso de antibióticos terapêuticos, perda de desempenho das aves, em especial da

eficiência de utilização das rações (piora na conversão alimentar), aumento do custo de

produção, etc.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ao lado

da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária vinculada ao Ministério da Saúde),

regulamentam o uso terapêutico e não terapêutico de antimicrobianos em animais, seguindo

as recomendações da OIE – Organização Mundial da Saúde Animal, da FAO – Organização

das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação e da OMS – Organização Mundial da

Saúde em questões relativas à segurança dos alimentos; mais especificamente, o MAPA

segue as recomendações do Codex alimentarius da FAO\OMS, do qual o Brasil é signatário.

O Codex alimentarius tem como um de seus objetivos principais proteger a saúde dos

consumidores. As decisões emanadas do Codex alimentarius são sempre embasadas na

ciência: “Risk assessment should be soundly based on science” . Assim, para uma tomada de

decisão (gerenciamento de risco), o Codex recomenda a realização de análises de risco que

sejam transparentes, documentadas e científicas. Neste sentido, o Codex finalizou a redação

de um Guia para Análise de Risco de Resistência Bacteriana (PALERMO NETO, 2015).

Por fim, o MAPA, por meio do PNCRC (Programa Nacional de Controle de

Resíduos e Contaminantes em alimentos de origem animal) realiza a inspeção e monitoria de

mais de 140 moléculas (autorizadas ou proibidas) de antimicrobianos, antiparasitários,

anticoccidianos, micotoxinas, metais pesados, betagonistas, organoclorados, dioxinas e

furanos. No ano de 2013, foram analisadas em diferentes tecidos de animais, pelos Lanagros

(Laboratórios Nacionais Agropecuários), 13770 amostras. Na área de avicultura, apenas 3

amostras (0,08% do total) apresentaram não conformidades sendo duas para a molécula de

nicarbazina e uma para a molécula de sulfaquinoxalina.

DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

Os antibióticos podem ser definidos como produtos do metabolismo microbiano

capazes de matar ou inibir o crescimento de outros microrganismos, sendo efetivo em baixas

concentrações. Atualmente se conhecem mais de 7000 antibióticos, dos quais 75%

aproximadamente são produzidos pelo gênero Streptomyces (BROKE et al., 1994; SOUZA

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et al. 2014). Poucos achados científicos tiveram tanto efeito no campo da medicina como o

descobrimento e produção em grande escala dos antibióticos.

Existem, de acordo com PALERMO NETO (1989), várias classificações para os

antibióticos, baseadas na origem, atividade, estrutura, semelhança química, toxicidade, etc.

Normalmente, eles são divididos em classes de largo, médio e pequeno espectro

(PALERMO NETO, 1989). Podem ser ainda classificados quanto a atuação em bactérias

denominadas como Gram positivas ou Gram Negativas. O Quadro 1 apresenta a

classificação de alguns antimicrobianos segundo o seu mecanismo de ação.

QUADRO 1. Classificação de alguns antimicrobianos segundo o seu mecanismo de ação

ANTIMICROBIANO ATUAÇÃO MODO DE AÇÃO

Penicilinas

Cefalosporinas

Vancomicina

Bactericidas

Modificam a estrutura e a função da parede celular

Kanamicina

Neomicina

Streptomicina

Bactericidas

Impedem a transmissão da informação genética para a síntese protéica

Cloranfenicol

Tetraciclinas

Eritromicinas

Lincomicina

Bacteriostáticos

Impedem a transmissão da informação genética para a síntese protéica

Ácido Nalidíxico

Griseofulvina

- Impedem a replicação de informação genética

Polimixina B

Anfotericina B

Nistatina

Hamycin

-

Limitam a função da membrana celular

PALERMO NETO (1989)

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Com relação a dosagem de uso, as mesmas podem ser classificadas como

Terapêuticas, Profiláticas ou de Promotores de Crescimento.

ANTIMICROBIANOS EMPREGADOS COMO TERAPÊUTICOS

Os antibióticos com dosagens terapêuticas são aqueles usados em dosagem em geral

muito superior ao MIC do antibiótico, sendo assim muito eficientes em combater um

microrganismo já instalado em um processo infeccioso em curso. Por se tratar de um

tratamento clínico, a escolha do antibiótico neste caso é realizada em função da

susceptibilidade do agente infeccioso e em alguns casos, quando há tempo hábil e recursos

disponíveis, é feito antibiograma para escolha do composto mais efetivo para combate-lo.

Quando o agente patógeno ganha terreno e desequilibra o triângulo ambiental, é

necessário um tratamento urgente e severo que neutralize tal desequilíbrio (COLUSI, 1993).

A maioria dos fármacos são recomendados em doses iguais para países e/ou regiões com

diferenças, as vezes extremas, de temperaturas ambientais.

As associações de antimicrobianos são de uso frequente na avicultura. Com isso se

busca somar ou potencializar as ações antimicrobianas que cada um individualmente possui

e, com isso, aumentar o espectro de ação. Em geral, a suposição de infecções mistas e sem

diagnóstico conduz a esta prática (COLUSI, 1993). Não se recomenda a associação de mais

de dois antimicrobianos, devendo ser considerado todo tipo de compatibilidade.

É preciso observar, antes e depois da escolha do produto, o período de carência que é

o prazo exigido entre o último dia de medicação e o abate das aves (PALERMO NETO,

1989), pois quaisquer resíduos de medicamentos nas carcaças podem colocar em risco a

saúde do consumidor e qualquer incidente pode prejudicar a avicultura como um todo.

O uso de antibióticos em dosagem terapêutica pode levar a consolidação em uma

população bacteriana dos genes de resistência. Isto não significa dizer que um novo gene

surgiu com o seu uso, mas que um ou mais genes, que já existiam, tiveram sua frequência

aumentada, em razão de as bactérias sensíveis morrerem, e apenas sobreviverem as bactérias

com os genes de resistência. O uso inadequado de antibióticos na medicina humana, com

interrupção do uso antes do prazo, sem o devido acompanhamento médico para início do

tratamento, prescrição da dosagem e definição do término do tratamento tem sido

relacionados como principal fator responsável para a consolidação da resistência bacteriana

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aos antibióticos de importância para a medicina humana, e consequente surgimento de

superbactérias.

O uso de antibióticos no tratamento terapêutico de animais serve, assim, para

expandir o pool de genes resistentes aos antibióticos na natureza. Uma vez que alguns dos

membros da flora intestinal dos animais também habitam o intestino humano, a transmissão

de flora resistente de animais para humanos é assim uma possibilidade real. Na verdade,

estudos de resistência a antibióticos na flora intestinal em humanos têm demonstrado que

muitas espécies de bactérias entéricas de humanos são múltiplo resistentes. (BROKE, 1994).

Estudos de biologia molecular de espécies resistentes de Salmonellas isolados de

aves têm demonstrado que a resistência é determinada por plasmídeos conjugados ou por

transpósons, que são rapidamente transferidos entre diferentes espécies e até mesmo entre

diferentes gêneros de bactérias. Organismos resistentes podem então ser transmitidos para

humanos na carne contaminada ou pelo contato com animais vivos (BROKE, 1994).

Infelizmente, estudos de longo prazo em animais previamente alimentados com

rações com antibióticos e recebendo posteriormente rações livres de antibióticos, têm

demonstrado que as bactérias resistentes a antibióticos não são rapidamente eliminadas do

intestino. Uma hipótese é a de que os genes resistentes têm se tornado parte de plasmídeos

estáveis da flora intestinal e, na ausência de forças opostas de seleção, estes determinantes

de resistência se mantém e, provavelmente, permanecerão como parte da flora intestinal por

algum tempo, mesmo que os antibióticos sejam retirados das rações (BROKE, 1994).

Por outro lado, embora o uso contínuo de antibióticos úteis clinicamente, em rações

animais, leve sem dúvida ao aumento na disseminação de genes resistentes, não está claro se

a alteração dessa prática possa, efetivamente, solucionar o problema. A continuação do uso

veterinário dos antibióticos pode, por si só, manter a resistência da microflora animal

(BROKE, 1994). Contudo, na esperança de reduzir a propagação da resistência a

antibióticos na Europa, muitos países deste continente têm proposto o banimento do uso de

antibióticos em animais.

Evidências foram demonstradas por GAST e STEPHENS (1986, 1988), de que existe

uma relação direta entre a administração experimental de antibióticos a perus e o aumento da

freqüência de transferência de plasmídeos resistentes a drogas para Salmonella sensível a

drogas, o que pode ser intensificado pela administração do antibiótico via água de bebida.

Para os autores, a relação entre os antibióticos das rações e o potencial de surgimento de

bactérias patogênicas de resistência múltipla não pode ser ignorada (GAST e STEPHENS,

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1986). Foi relatado por GAST et al. (1988), que a maior frequência (40%) de isolamentos de

Salmonella typhimurium resistentes a drogas foi observada em ratos alimentados com rações

que continham fígado de perus tratados com kanamycina. Esse resultado indica que a

administração de antibióticos pode aumentar a freqüência de transmissão de Salmonella

resistente a drogas através da cadeia alimentar (GAST et al., 1988).

KELLEY et al. (1998) demonstraram que as camas de frango podem conter bactérias

com resistências múltiplas a antibióticos. A contaminação microbiológica deve ser, segundo

os autores, reduzida ou eliminada antes da reutilização do material, para minimizar os riscos

relacionados a transferência de bactérias resistentes aos humanos e outros animais.

ANTIMICROBIANOS EMPREGADOS COMO PROFILÁTICOS

Os antibióticos com dosagens profiláticas são aqueles usados em dosagem próximas

ao MIC (levemente acima), capazes de prevenir uma infecção. São em geral usados quando

o risco de uma infecção nos animais é elevado (proximidade física a lotes em processo

infeccioso, histórico da região, etc.).

É comum, de acordo com COLUSI (1993), obter em todos os compêndios, a

publicação de doses profiláticas e doses terapêuticas de antibióticos. Em geral as doses

profiláticas constituem 50% ou menos das doses terapêuticas. COLUSI (1993) observou que

a dose profilática deve atingir no animal, na forma plasmática ou tissular, a concentração

inibitória mínima (CIM), devendo-se levar em conta a biodisponibilidade de cada droga. Se

a CIM não for atingida, será observada uma seleção de flora resistente por subdosagem e a

inativação do fármaco no futuro.

Assim, seria importante a revisão detalhada das dosagens, levando em consideração a

CIM de cada produto, sua biodisponibilidade e a relação em mg/kg de peso a ser

administrado (COLUSI, 1993).

ANTIMICROBIANOS EMPREGADOS COMO PROMOTORES DE

CRESCIMENTO

Os antibióticos usados como melhoradores de desempenho são usados em dosagens

bem abaixo do MIC. Em geral não são absorvidos tendo sua ação voltada para o trato

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intestinal, evitando o crescimento de microrganismos patogênicos e o desequilíbrio da flora,

reduzindo assim processos inflamatórios da mucosa, melhorando a capacidade absortiva da

mesma e reduzindo o seu gasto energético. Para esta categoria são escolhidos antibióticos de

nenhuma ou baixíssima importância na terapêutica humana, que não possuam resistência

cruzada a antimicrobianos de importância na saúde humana e que não deixem resíduos na

carcaça dos animais. A utilização dos mesmos normalmente obedece a uma rotação de

princípios ativos ao longo do ano evitando assim a utilização de um princípio ativo por

longos períodos.

Os promotores de crescimento são substâncias administradas em pequenas

quantidades aos produtos destinados à alimentação animal com a finalidade de melhorar a

taxa de crescimento e/ou eficiência da conversão alimentar. Estão disponíveis no mercado os

compostos sintéticos orgânicos, os compostos químicos ou os elementos inorgânicos simples

(COMPÊNDIO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ANIMAL, 2013).

SOARES (1996) concluiu que um promotor de crescimento ideal deve proporcionar

um aumento do desempenho das aves, apresentar um bom custo/benefício, ser atóxico, não

alterar drasticamente a microflora intestinal, atuar exclusivamente ao nível intestinal, não

estar envolvido em transferência de resistência, não possuir resistência cruzada com outros

antibióticos, não deixar resíduos na carcaça dos animais após sua retirada e ser

biodegradável.

Essa utilização é baseada na premissa de que pequenas quantidades de antibióticos

são capazes de produzir uma seleção da flora intestinal a favor das bactérias benéficas e,

com isso, promover a melhor absorção de nutrientes. Embora seja eficaz, de acordo com

COLUSI (1993), o uso de antibióticos de reduzido espectro ou seletivos sobre os germes

gram positivos responsáveis por fermentações intestinais indesejáveis (Clostridium,

Bacteroides, etc.), esse procedimento deveria ser limitado, uma vez que provoca a

resistência de bactérias ao fármaco em questão. É desaconselhável o uso de antimicrobianos

de amplo espectro como promotores de crescimento, pois as infradosagens são relacionadas

com a geração de resistências específicas ou cruzadas. Uma alternativa seria a melhoria da

flora através de mecanismos de competição microbiológica, como os probióticos e célulo-

indutores (COLUSI, 1993).

Embora a tese de COLUSI (1993) seja em muitas academias aceita como verdadeira,

existem muitas críticas a mesma. Alguns pesquisadores entendem de forma oposta e

acreditam que o uso de antibióticos em baixas dosagens (como os usados como promotores

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de crescimento) não ocasiona o aparecimento de resistência na forma de uma mutação

genética capaz de ser transmitida na divisão celular. As evidências de que os genes

relacionados à resistência das superbactérias surgiram em função da sua exposição recente

aos antibióticos, em qualquer dosagem, tem sido derrubada pela existência de trabalhos que

provam que os genes de resistência a antibióticos se encontram presentes em bactérias de

populações humanas que permaneceram mais de 11 mil anos sem contato com o mundo

ocidental, como são os trabalhos de CLEMENTE et al. (2015) de que bactérias coletadas de

índios Yanomamis, na Venezuela, de tribos isoladas por mais de 11 mil anos, apresentaram

genes de resistência à antibióticos, incluindo os sintéticos e semi-sintéticos de última

geração.

Em 2012, cientistas americanos estudando bactérias coletadas na caverna

Lechuguilla, localizada no estado do Novo México, Estados Unidos, que ficou isolada do

mundo por mais de 4 milhões de anos fazendo dela um dos mais primitivos ecossistemas da

Terra, concluíram que estas bactérias apresentaram genes de resistência a praticamente todos

os antibióticos conhecidos pela ciência médica (CIÊNCIA, 2012).

Em resumo, nas superbactérias, não se pode até o presente momento concluir que

alguma informação genética nova, que confere a resistência aos antibióticos foi criada

devido a exposição de bactérias aos antibióticos, e sim que, o uso profilático ou terapêutico

de antibióticos, capazes de ocasionar pressão de seleção, selecionaram apenas bactérias com

genes de resistência, o que teria aumentado a frequência destes nas populações. Na dosagem

de promotores de crescimentos, os antibióticos usados, que por definição não possuem

importância de uso na medicina humana, não conseguem exercer pressão de seleção

suficiente para que apenas bactérias carreadoras de genes de resistência sobrevivam, embora

possam causar também, de forma muito mais lenta, o aumento da frequência de genes de

resistência a eles, nas populações de bactérias.

Os antibióticos atuam provavelmente inibindo organismos responsáveis por

infecções sub-clínicas e reduzindo inflamações no epitélio intestinal (BROKE, 1994), como

tem sido demonstrado em ensaios com animais livres de patógenos, os quais não

apresentaram melhoria no desempenho ao receberem rações com antibióticos. Além disso a

parede intestinal dos animais normais é mais espessa do que os animais livre de germes,

provavelmente devido ao nível de inflamação causado pela flora bacteriana (BROKE, 1994).

Foi observado por SOARES (1996), que os promotores de crescimento proporcionam uma

diminuição do número de bactérias aderidas à mucosa intestinal e a diminuição de bactérias

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produtoras de toxinas e amônia, com isto, há uma diminuição de células inflamatórias na

parede intestinal e diminuição do grau de descamação e renovação das vilosidades, tornando

a parede mais lisa e delgada.

A utilização de virginiamicina melhorou, de acordo com BELAY e TEETER (1996),

o desempenho das aves, através da redução da produção de calor metabólico e melhoria da

homeostasia da temperatura corporal. A adição de bacitracina de zinco para frangos de corte

e poedeiras comerciais resultou, segundo HUYGHEBAERT e GROOTE (1997), em uma

diminuição na relação excreta:alimento e em melhoria na retenção do N, sendo que o

conteúdo da dieta em EMn foi linearmente aumentada pela suplementação do antibiótico. Os

autores concluíram que a bioeficiência da bacitracina de zinco pode ser expressa em termos

de unidades de EMn e que a equivalência média foi de 2,080 e 1,184 Mcal/kg, para frangos

de corte e poedeiras comerciais, respectivamente (HUYGHEBAERT e GROOTE, 1997).

Os antibióticos promotores de crescimento, de acordo com BENÍCIO (1996), não

esterilizam o intestino, mas somente manipulam a população de microrganismos. Como as

doses de promotores são baixas, BENÍCIO (1996) acredita que a pressão de seleção sobre as

populações bacterianas é reduzida, sendo evitado o aparecimento de bactérias resistentes.

Entretanto, alguns pesquisadores da área de biologia de microrganismos consideram

que a aplicação de baixos níveis de antibióticos nas rações de animais resulta em uma

microflora resistente a antibióticos, que seria selecionada pela constante exposição aos

antibióticos (BROKE, 1994).

A utilização de rotação de programas, de tempos em tempos, tem sido usada pela

maioria das empresas, sendo adotada no passado por algumas empresas a associação de

antibióticos contra bactérias gram-positivas com antibióticos contra bactérias gram-

negativas (BENÍCIO, 1996; SOUZA, 2014). A normativa do MAPA em vigor todavia

proíbe esta prática desde 2008, pois permite a utilização de apenas um aditivo melhorador de

desempenho nas rações de frangos de corte, e não há registro no Brasil de aditivos

melhoradores de desempenho com a combinação de antibióticos contra bactérias gram

negativas e gram positivas.

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS

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Existem muitos mecanismos diferentes, através dos quais os microrganismos podem

exibir resistência aos fármacos (JAWETZ et al., 1991). Os mecanismos descritos a seguir

podem ser demonstrados:

1. Os microrganismos produzem enzimas que destroem o fármaco ativo. Exemplos: Os

estafilococus resistentes à penicilina G produzem uma beta-lactamase que destrói este

fármaco. Outras beta-lactanases são produzidas por bastonetes Gram-negativos. As

bactérias Gram-negativas resistentes a aminoácidos (graças a um plasmídeo) produzem

enzimas adenilantes, fosforilantes ou acetilantes que destroem o fármaco. As bactérias

Gram-negativas podem ser resistentes ao cloranfenicol se produzirem uma

acetiltransferase-cloranfenicol.

2. Os microrganismos modificam sua permeabilidade ao fármaco. Exemplos: As

tetraciclinas acumulam-se em bactérias suscetíveis, mas não em bactérias resistentes. A

resistência às polimixinas também está associada a uma mudança na permeabilidade a

estes fármacos. Os estreptococus exibem uma permeabilidade natural aos

aminoglicosídeos. Esta pode ser parcialmente dominada pela existência simultânea de

um fármaco ativo sobre a parede celular, como a penicilina. A resistência a amicacina e

a alguns outros aminoglicosídeos dependeria da ausência de permeabilidade a estes

fármacos, aparentemente devido a uma alteração na membrana externa que compromete

o transporte ativo para a célula.

3. Os microrganismos desenvolvem um alvo estrutural alterado para o fármaco. Exemplos:

A resistência cromossomial aos aminoglicosídeos está associada a uma perda ou

alteração de uma proteína específica na unidade 30S do ribossoma bacteriano que atua

como local de ligação em microrganismos suscetíveis. Os microrganismos resistentes à

eritromicina apresentam um receptor modificado na subunidade 50S do ribossoma,

resultante da metilação de um RNA ribossômico 23S. A resistência a algumas

penicilinas e cefalosporinas seria decorrente da perda ou alteração das PLPs (proteínas

ligadoras de penicilina).

4. Os microrganismos elaboram uma via metabólica diferente que se desvia da reação

inibida pelo fármaco. Exemplo: Algumas bactérias resistentes à sulfonamida não

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precisam de PABA extracelular, mas, como nas células de mamíferos, conseguem

utilizar ácido fólico pré-formado.

5. Os microrganismos elaboram uma enzima modificada que ainda consegue desempenhar

sua função metabólica, embora seja bem menos afetada pelo fármaco do que a enzima

do microrganismo suscetível. Exemplo: Algumas bactérias suscetíveis a sulfonamidas

apresentam uma afinidade muito maior pelas sulfonamidas do que pelo PABA. Nos

mutantes resistentes ocorre o contrário.

ORIGEM DA RESISTÊNCIA ÀS DROGAS

Origem Não Genética

Em geral, a replicação ativa de bactérias é necessária para a maioria das ações

antibacterianas das drogas. Consequentemente os microrganismos que são metabolicamente

inativos (não-multiplicáveis) podem ser fenotipicamente resistentes aos fármacos, sua

progênie, contudo, é totalmente suscetível. Exemplo: As micobactérias quase sempre

sobrevivem nos tecidos por muitos anos, após a infecção, embora estejam restritas pelas

defesas do hospedeiro e não se multiplicam. Estes microrganismos “persistentes” são

resistentes ao tratamento e não podem ser erradicados por drogas. Todavia, se começarem a

multiplicar-se, por exemplo, após a supressão da imunidade celular do paciente, são

totalmente suscetíveis às mesmas drogas (JAWETZ et al., 1991).

Os microrganismos podem perder a estrutura alvo-específica de uma droga por

algumas gerações e, assim, tornar-se resistentes. Exemplo: Os microrganismos suscetíveis a

penicilina podem mudar para formas L durante a administração da penicilina. Como estas

formas L não apresentam quase nenhuma parede celular, são resistentes às drogas inibidoras

da parede celular (penicilinas, cefalosporinas) e podem permanecer assim por várias

gerações como “microrganismos persistentes”. Quando estes microrganismos reverterem às

formas originais bacterianas, através da retomada da produção da parede celular, tornam-se

novamente suscetíveis a penicilina (JAWETZ et al., 1991).

Origem Genética

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A maioria dos microrganismos resistentes às drogas surge como resultado das alterações

genéticas e subsequentes processos de seleção pelos agentes microbianos (JAWETZ et al.,

1991).

1. Resistência cromossomial

Esta decorre de mutação espontânea em um locus que controle a suscetibilidade a um

determinado agente antimicrobiano. A presença de antimicrobiano atua como mecanismo de

seleção, suprimindo microrganismos suscetíveis e favorecendo o crescimento dos mutantes

resistentes aos fármacos. A mutação espontânea ocorre com uma frequência de 10-12 a 10-7,

sendo, portanto, uma causa incomum de aparecimento de resistência farmacológica clínica

em determinado paciente. Entretanto, os mutantes cromossomiais resistentes à rifampicina

ocorrem com maior frequência (cerca de 10-1 a 10-5). Por conseguinte, o tratamento de

infecções bacterianas apenas com rifampicina quase sempre é mal sucedida. Os mutantes

cromossomiais são mais comumente resistentes graças a uma alteração do receptor estrutural

para um fármaco. Assim sendo, a proteína P12 na sub-unidade 30S do ribossoma bacteriano

serve como receptor para a ligação de estreptomicina. A mutação no gene que controla esta

proteína estrutural resulta em resistência à estreptomicina. Uma região estreita do

cromossoma bacteriano contém genes estruturais que codificam vários receptores de drogas,

inclusive aqueles para eritromicina, lincomicina e aminoglicosídios. A mutação também

pode ocorrer na perda de PLP, tornando estes mutantes resistentes aos agentes beta-

lactâmicos.

2. Resistência Extracromossomial

As bactérias quase sempre contêm elementos genéticos extracromossomiais

denominados plasmídeos.

Os fatores R constituem uma classe de plasmídio que carreia o gene para a resistência a

uma ou a várias drogas antimicrobianas e metais pesados. Os genes de plasmídeos para

resistência antimicrobiana quase sempre controlam a formação de enzimas que conseguem

destruir os agentes antimicrobianos; portanto os plasmídeos determinam resistência às

penicilinas e às cefalosporinas, carreando o gene para a formação de beta-lactamase. Os

plasmídeos codificam enzimas que destroem clorafenicol (acetiltransferase); enzimas que

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acetilam, adenilam ou fosforilam vários aminoglicosídeos; enzimas que determinam

transporte ativo de tetraciclina por meio da membrana celular e várias outras.

O material genético e os plasmídeos podem ser transferidos, de acordo com JAWETZ et

al. (1991), pelos seguintes mecanismos:

Transdução – O DNA de plasmídeo é incorporado a um vírus bacteriano e

transferido pelo vírus para outra bactéria de mesma espécie. Exemplo: O plasmídeo

que carreia o gene para a produção de beta-lactamase pode ser transferido de um

Staphylococcus penicilino-resistente para um suscetível, se carreado por um

bacterófago adequado. Uma transdução semelhante ocorre nas Salmonellas.

Transformação – O DNA puro passa de uma espécie celular para outra célula,

alterando o seu genótipo. Isto pode ocorrer através de manipulação laboratorial

(tecnologia de DNA recombinante) e, talvez, espontaneamente.

Conjugação – Uma transferência unilateral de material genético entre bactérias dos

mesmos gêneros ou de gêneros diferentes ocorre durante o processo de conjugação.

Esta transferência é mediada por um fator de fertilidade (F) que resulta na extensão

de pili sexuais da célula doadora (F+) para o receptor. O DNA do plasmídeo ou outro

DNA é transferido através destes túbulos protéicos da célula doadora para a célula

receptora. Uma série de genes bastante correlacionados, cada qual determinando

resistência à droga, pode ser assim transferida de uma bactéria resistente para uma

suscetível. Este é o método mais comum de propagação de resistência a múltiplos

fármacos por meio de gêneros diferentes de bactérias Gram-negativas. A

transferência de plasmídios de resistência também ocorre entre alguns cocos Gram-

positivos.

Transposição – Uma transferência de pequenas sequências de DNA (transposons,

elementos “transponíveis”) ocorre entre um plasmídio e outro ou entre um plasmídio

e uma porção do cromossoma bacteriano no interior de uma célula bacteriana.

Resistência Cruzada

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Os microrganismos resistentes a uma determinada droga também podem ser resistentes a

outros agentes que possuam o mesmo mecanismo de ação. Estas correlações existem

sobretudo entre agentes bastante correlacionados do ponto de vista químico (diferentes

aminoglicosídeos) ou que apresentam um modo de ligação ou ação semelhantes

(macrolídios-lincomicinas). Em determinadas classes de fármacos, o núcleo ativo das

substâncias químicas é tão semelhante entre muitos congêneres (tetraciclinas) que se espera

uma extensa resistência cruzada (JAWETZ et al., 1991).

Limitação da Resistência

O aparecimento de resistência às drogas durante processos infecciosos pode ser

minimizado, de acordo com JAWETZ et al. (1991), das seguintes maneiras:

Manutenção de níveis elevados da droga nos tecidos para inibir tanto a população

original quanto os mutantes da primeira fase;

Administração simultânea de dois fármacos que não apresentem resistência cruzada,

cada qual adiando o aparecimento de mutantes resistentes a outra droga (rifanpsina e

isoniazida no tratamento da tuberculose);

Evitar a exposição dos microrganismos a um fármaco especialmente valioso,

restringindo seu uso, sobretudo em hospitais e em rações para animais.

Implicações Clínicas da Resistência às Drogas

Alguns exemplos, segundo JAWETZ et al.(1991), ilustram o impacto do

aparecimento de microrganismos resistentes a drogas e sua seleção pelo uso indiscriminado

de agentes antimicrobianos:

1. Gonococus: Quando as sulfonamidas foram empregadas pela primeira vez no final da

década de 1930, no tratamento da gonorréia, quase todos os gonococos isolados eram

suscetíveis e a maioria das infecções eram curadas. Alguns anos depois, a maioria das

cepas tinham se tornado resistente às sulfonamidas e a gonorréia raramente era curada

por estas drogas. A maioria dos gonococos ainda era bastante suscetível à penicilina. Nas

décadas seguintes, houve um aumento gradual da resistência à penicilina, embora doses

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maciças desta ainda fossem curativas. Na década de 1970, surgiram gonococos

produtores de beta-lactamase, primeiro nas Filipinas e na África Ocidental e depois estes

se propagaram, formando focos endêmicos nos EUA, na Grã-Bretanha e em outros

locais do mundo. Estes processos infecciosos não podiam ser tratados eficazmente pela

penicilina, embora fossem contidos pelas medidas de saúde pública e pela utilização de

espectinomicina. Hoje em dia, está surgindo resistência à espectinomicina e a

ceftriaxona tem sido utilizada.

2. Meningococus: Até 1962, os meningococos eram uniformemente suscetíveis às

sulfonamidas e estas, eram eficazes como profilaxia e como tratamento. Mais tarde,

meningococos resistentes às sulfonamidas propagaram-se bastante e estas drogas

perderam a maior parte de sua utilidade contra infecções meningocócicas. As penicilinas

ainda são eficazes no tratamento e a rifanpicina é prescrita como profilaxia. Contudo,

meningococos resistentes à rifanpicina persistem em cerca de 1% dos pacientes que

receberam profilaticamente a rifanpicina.

3. Estafilococos: Em 1944, a maioria dos estafilococos era susceptível à penicilina, embora

já tivessem sido observadas algumas cepas resistentes. Após o uso maciço de penicilina,

64-85% dos estafilococos isolados em hospitais em 1948 eram produtores de beta-

lactamases e, portanto, resistentes à penicilina G. O advento de penicilinas resistentes à

beta-lactamase (meticilina) propiciou uma suspensão temporária, porém surtos de

infecções provocadas por estafilococos resistentes à meticilina ocorrem atualmente de

forma intermitente. Em 1986, os estafilococos resistentes a penicilina eram não só

aqueles contraídos em ambientes hospitalares, mas também 80% daqueles isolados na

comunidade. Estes microrganismos também tendem a ser resistentes a outras drogas,

como às tetraciclinas. Os estafilococus resistentes à metilcilina produzem surtos

hospitalares intermitentes, embora ainda sejam suscetíveis à vancomicina.

4. Pneumococos: Até 1963, os pneumococos eram uniformemente suscetíveis à penicilina

G, e neste ano foram isolados alguns pneumococos relativamente resistentes a penicilina

na Nova Guiné. Estes microrganismos têm sido encontrados desde 1977 em surtos

hospitalares, primeiro na África do Sul e depois em outras regiões do mundo. Embora

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não produzam beta-lactamase, não são sensíveis à penicilina G, provavelmente devido a

PLPs alteradas, dificultando o tratamento das infecções meníngeas.

5. Bactérias entéricas Gran-negativas: A resistência das drogas nas bactérias entéricas é

atribuída à transmissão disseminada de plasmídios e à resistência entre diferentes

gêneros. Atualmente, cerca de metade das cepas de Shigella sp em muitas regiões do

mundo são resistentes a múltiplas drogas. As Salmonellas carreadas por animais também

desenvolveram resistência, sobretudo aos fármacos (tetraciclinas) incorporadas a rações

animais. Essa prática de adicionar drogas às rações faz com que os animais de fazenda

cresçam mais rápido, mas está associada a um aumento do número de microrganismos

entéricos resistentes aos fármacos na flora fecal dos trabalhadores de fazendas. Uma

revelação concomitante das infecções por Samonellas resistentes a drogas na Grã-

Bretanha levou à restrição de suplementos de antibióticos nas rações animais. O uso

continuado de tetraciclina nas rações animais nos EUA pode ter contribuído para a

propagação de plasmídios resistentes e de Salmonellas resistentes às drogas. Plamídios

carreando genes resistentes a drogas ocorrem em muitas bactérias Gram-negativas da

flora intestinal normal. O uso abusivo de antimicrobianos particularmente em pessoas

hospitalizadas, leva à supressão de microrganismos sensíveis aos fármacos na flora

intestinal e favorece a persistência e o crescimento de bactérias resistentes, inclusive

Enterobacter, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas, Serratia e fungos. Estes

microrganismos representam problemas muito difíceis em pacientes granulopênicos e

imunocomprometidos. O ambiente fechado dos hospitais favorece a transmissão destes

microrganismos resistentes através de equipe e das fômites, assim como por contato

direto.

6. Bacilos da Tuberculose: Mutantes resistentes dos antimicrobianos surgiram, de forma

limitada, na tuberculose. Estes mutantes podem complicar o tratamento de casos isolados

nos quais surgem e podem ser transmitidos aos contactantes, dando origem a infecções

primárias resistentes a drogas tuberculostáticas. Este é um problema particular dos

imigrantes do sudeste asiático, onde é avassaladora a distribuição indiscriminada de

drogas contra a tuberculose.

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SÍNTESE

A bactéria antibiótico-resistente deve aos genes de resistência, a sua insensibilidade

às drogas (Figura 1). Por exemplo, estes genes podem codificar para bombas de “efluxo”,

que ejetam os antibióticos para fora das células (a). Ou os genes podem dar origem a

enzimas que degradam os antibióticos (b) ou que quimicamente alteram e inativam as drogas

(c). Genes resistentes podem residir no cromossomo bacteriano ou, o que é mais comum, em

pequenos círculos de DNA chamados plasmídeos. Alguns dos genes são herdados, alguns

surgem de mutações ao acaso no DNA das bactérias e, algumas são importadas de outras

bactérias (LEVY, 1998).

FIGURA 1. Bactéria antibiótico–resistente (LEVY, 1998)

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As bactérias adquirem os genes de resistência a partir de outras células bacterianas

principalmente de três maneiras (Figura 2). Frequentemente as bactérias recebem

plasmídeos inteiros, contendo um ou mais genes de resistência, de uma célula doadora (a).

Outra vezes, um vírus adquire o gene de resistência de uma bactéria e o injeta em uma outra

célula bacteriana (b). De uma forma alternativa, a bactéria algumas vezes engloba

fragmentos de gene de resistência oriundos do DNA de bactérias mortas nas suas

proximidades (c). Os genes obtidos através de vírus ou a partir de células mortas persistem

em seus novos hospedeiros se eles se incorporarem de uma forma estável no cromossomo ou

no plasmídeo (LEVY, 1998). Na Figura 3 pode ser observada em destaque a transferência de

plasmídeo.

FIGURA 2. Aquisição de genes de resistência (LEVY, 1998).

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FIGURA 3. Transferência de plasmídeo (LEVY, 1998).

As populações de bactérias resistentes irão desaparecer naturalmente somente se

existirem bactérias susceptíveis nas proximidades (Figura 4). Após a parada da terapia com

antibióticos (a), a bactéria resistente pode persistir por um determinado período. Se bactérias

susceptíveis estiverem próximas, contudo, elas podem recolonizar o indivíduo hospedeiro

(b). Na ausência de drogas, as bactérias susceptíveis irão ter uma pequena vantagem na

sobrevivência, porque elas não precisam gastar energia para a manutenção dos genes de

resistência. Depois de um período, então, elas podem sobrepujar as bactérias resistentes (c,

d). Por esta razão, a proteção de bactérias susceptíveis precisa ser uma prioridade da saúde

pública (LEVY, 1998).

FIGURA 4. Desaparecimento da população resistente (LEVY, 1998).

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Uma estratégia farmacêutica para sobrepujar a resistência (Figura 5), se baseia na

descoberta de que algumas bactérias vencem certos antibióticos, como as tetraciclinas,

bombeando as drogas para o exterior (a). Para combater este bombeamento, os

pesquisadores estão desenvolvendo compostos que irão congestionar os bombeamentos (b),

livrando deste modo, os antibióticos, que podem então atuarem efetivamente. No caso da

tetraciclina, o antibiótico atua interferindo nos ribossomos que fabricam as proteínas

bacterianas (LEVY, 1998).

FIGURA 5. Uma estratégia farmacêutica (LEVY, 1998).

DEPENDÊNCIA ÀS DROGAS

Determinados microrganismos não apenas são resistentes a um fármaco, como

também precisam dele para seu crescimento. Isto foi bem demonstrado com a

estreptomicina. Quando meningococos estreptomicina-dependentes são injetados em

camundongos, ocorre uma doença fatal progressiva apenas quando os animais são tratados

simultaneamente com estreptomicina. Na ausência da estreptomicina, os microrganismos

não conseguem proliferar e os animais sobrevivem. É provável que este fenômeno não tenha

nenhuma participação na infecção humana. Bactérias fármaco-dependentes têm sido

empregadas em vacinas de germes vivos para animais.

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ALTERNATIVAS AOS ANTIBIÓTICOS

Em um cenário de proibição do uso de antibióticos como promotores de crescimento,

surgem como alternativas o uso de aditivos que permitam manipular a flora intestinal das

aves, em especial trazendo equilíbrio a este complexo ecossistema. Práticas de manejo, de

medidas higiênico-sanitárias, instalações mais apropriadas, densidades menores de criações,

seleção de ingredientes com melhor qualidade, manipulação precisa dos níveis nutricionais

das dietas, inclusão nos programas de melhoramentos genéticos de características ligadas à

resistência a doenças, etc. devem ser consideradas com seriedade como alternativas para

reduzir a queda de produtividade com a retirada dos antibióticos promotores de crescimento.

Segundo MARTINS (2015), “aprender a manipular a microbiota intestinal, e mesmo

recupera-la, após episódios de desequilíbrio (disbiose), frequentemente nos sistemas de

criação atuais, reveste-se de importância fundamental se desejamos melhorar o desempenho

e qualidade sanitária das aves.”

GENÉTICA

A seleção para redução dos níveis de mortalidade (ou morbidade) é um processo

difícil e não gratificante para o produtor comercial (ALBERS, 1994). Os programas de

reprodução com muita ênfase neste aspecto irão produzir rapidamente poedeiras ou frangos

de corte que estarão bem atrasados em características primárias de produção, tais como

número de ovos ou taxa de conversão alimentar. A ênfase na seleção para viabilidade,

entretanto, geralmente é mais forte do que a justificada em termos puramente econômicos

(ALBERS, 1994).

Uma vez que tenha sido decidido quanto se quer aplicar de seleção para a viabilidade

ou resistência às doenças, então a questão passa a ser como atingir esse objetivo. O

progresso será máximo quando a herdabilidade da característica de seleção é máxima, e

quando é alta a correlação entre característica de seleção e o seu objetivo final (mortalidade

e morbidade baixas). A herdabilidade da mortalidade de frangos é menor do que 0.10, a

resistência às doenças específicas geralmente é mais herdável (0.5), os mecanismos

imunológicos, tais como produção de anticorpos podem mostrar herdabilidades em torno de

0.3 a 0.4, mas refletem apenas uma parte do total de mecanismos de resistência. Mais

extremo é o caso de um gene de resistência única o qual, uma vez identificado, pode ser

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selecionado para uma herdabilidade próxima a 1, mas o efeito deste gene na viabilidade total

é muito limitado (ALBERS, 1994).

Nas doenças infecciosas, a quantidade da exposição ao patógeno pode ser muito

variável. A resistência dos animais expostos é determinada em grande parte pela sua

situação imune, que é o resultado de exposição prévia a uma infecção natural ou vacinação,

ou, em pintos jovens, passados pela mãe através dos anticorpos da gema do ovo. Por esta

razão, o nível de resistência genética às doenças infecciosas, na prática, é de menor

importância. As herdabilidades geralmente são baixas e a seleção genética de qualquer modo

seria frequentemente improdutiva, porque o patógeno, sendo uma grande população com um

intervalo de geração muito curto, é capaz de se adaptar muito mais rapidamente do que seria

possível alterar a composição genética das aves. Até mesmo produtores de vacinas têm

dificuldades de se manter atualizados com o desenvolvimento de novas vacinas de alguns

patógenos (ALBERS, 1994).

BIOTECNOLOGIA

A maximização da performance animal poderia ser viabilizada com o uso da

biotecnologia. As duas últimas décadas apresentaram desenvolvimentos revolucionários na

biotecnologia. As novas tecnologias de DNA são de importância especial para a reprodução

de plantéis avícolas.

Estão disponíveis, de acordo com ALBERS (1994), uma variedade de técnicas novas

que permitem duas áreas básicas de aplicação: a manipulação do gene, que é a modificação

artificial da informação genética contida no DNA de um animal vivo; a varredura do gene,

que é a leitura da informação genética de um animal em particular para determinar

exatamente o seu potencial genético.

A manipulação genética e a transferência de genes tiveram sucesso limitado, uma vez

que é uma técnica complicada e cara e os resultados da transferência de genes geralmente

são imprevisíveis (ALBERS, 1994). A transferência de genes em aves é muito mais

complicada do que em mamíferos e existem menos genes adequados disponíveis (ALBERS,

1994). Além disso, existe uma grande dose de oposição entre o público em geral, em última

análise os clientes potenciais, à manipulação genética de animais domésticos.

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Entretanto, a varredura dos genes, isto é, a determinação direta ao nível de DNA das

diferenças individuais entre aves em locais específicos do genoma, está se tornando uma

ferramenta de utilidade crescente na reprodução animal (ALBERS, 1994).

Por exemplo, já era conhecida a relação entre o locus B do grupo sanguíneo e a

resistência das poedeiras brancas a doença de Marek. Através da análise de DNA de

galinhas de vários grupos sanguíneos descobriu-se que galinhas que carregavam um grupo

sanguíneo favorável (B21) estavam na realidade carregando genes diferentes no locus

funcional (BF), o qual está estreitamente ligado ao locus do grupo sanguíneo. A exposição

de animais com genes BF diferentes à doença de Marek mostrou que é o gene BF, mais do

que o gene do grupo sanguíneo, que determina a resistência (Quadro 6) e, apenas a seleção

para o verdadeiro gene de resistência revelada pela análise do DNA permite que a seleção

correta seja feita (ALBERS, 1994).

QUADRO 6. Mortalidade após exposição à doença de marek em galinhas com haplótipos

normais ou recombinantes para o locus b

Grupo sanguíneo Gene BF Mortalidade por Marek

B19 F-I 71%

B21 F-II, III 24%

B21 F-I 65%

B234 F-II, III 27%

ALBERS (1994)

Uma Segunda aplicação dos genes marcadores é a busca por genes valiosos nos

programas de seleção comerciais (ALBERS, 1994). Quando o número de genes marcadores

estiver suficientemente grande, deve ser possível descobrir aqueles que estão ligados a genes

comercialmente importantes. Uma vez estabelecida tal ligação, é possível estender os

programas de seleção tradicionais com uma seleção direta para esses genes marcadores.

Especialmente no que diz respeito à seleção para viabilidade ou resistência a uma

doença específica, a seleção auxiliada por marcador oferece oportunidades inteiramente

novas, já estas são características muito difíceis de manipular com os programas tradicionais

de reprodução. Os investimentos nas tecnologias exigidas do DNA e nas pesquisas

específicas de várias doenças aviárias são essenciais, segundo ALBERS (1994), para

fornecer uma base sólida para um progresso significativo neste campo.

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VACINAS

Novas técnicas de vacinação são necessárias para prevenir a expansão de

enfermidades. A demanda de antibióticos se reduziria com o aumento da eficácia das

vacinas.

Uma das principais mudanças na saúde de frangos de corte tem sido a rápida

aceitação, principalmente na América do Norte, do equipamento de vacinação de ovo

Embrex (NEWCOMBE, 1994). Os ensaios em muitas integrações indicaram um sucesso

muito bom na redução de reprovações e também na morbidade dos frangos de corte, em

virtude da doença de Marek e de Gumboro (NEWCOMBE, 1994). Os fabricantes de vacinas

estão trabalhando para produzir vacinas específicas para este sistema e, no processo, estão

produzindo vacinas que podem ser mais eficientes se utilizadas com 1 dia de idade na

incubadora (NEWCOMBE, 1994).

BIOSSEGURANÇA

Quanto maior o desafio sanitário, maior é o ganho observado com o uso de

antibióticos promotores de crescimento. Portanto é importante o investimento na melhoria

do meio ambiente para alcançar a produtividade esperada mesmo com a retirada do

antibiótico.

No setor incubatório, a qualidade de pintos de 1 dia depende da interação de

múltiplos fatores, os quais precisam ser conhecidos e equacionados dentro de um Sistema de

Controle de Qualidade, que permita a avaliação rotineira do processo e a obtenção da

qualidade do produto final, que é o pinto de 1 dia produzido.

A contaminação em qualquer área da planta de incubação também afetará a

qualidade dos pintos. Além de reduzir a percentagem de nascimento e aumentar o descarte

de pintos, a viabilidade dos primeiros dias é seriamente afetada. Onfalites e contaminação do

saco vitelino são as manifestações mais freqüentes de um problema de contaminação no

incubatório (MAULDIN e BUHR, 1996). A aspergilose é um problema que está sempre

presente devido ao fato de que o agente causante, o Aspergillus spp, é um habitante normal

do meio ambiente (ALOISI, 1996). Os programas de prevenção devem contemplar o

monitoramento constante de todos os pontos críticos do ciclo de produção. Alguns tipos de

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Salmonella se adaptam bem as condições presentes em uma planta de incubação e se tornam

particularmente difíceis de erradicar (BAXTER-JONES, 1996).

Quanto aos desinfetantes e sistemas de desinfecção, podem ser relacionadas algumas

características de um agente químico ideal: matar amplo espectro de microrganismos em

baixas concentrações; solubilidade em água ou em outros solventes como o álcool;

estabilidade, o armazenamento não deve resultar em perda de atividade microbiana

(estabilidade); os componentes ativos devem estar presentes de maneira uniforme em cada

aplicação, sem agregação ou precipitação (homogeneidade); inativação mínima por material

estranho, já que a combinação com proteínas ou gorduras no material tratado diminuem a

eficiência antimicrobiana; atividade em temperatura ambiente; ausência de corrosão; poder

desodorizante; capacidade detergente; disponibilidade e baixo custo.

Antes da desinfecção, deve ser feito um programa consciente de limpeza. Todos os

desinfetantes são mais efetivos em um ambiente previamente limpo (MAULDIN e

WILSON, 1991). Os resíduos da incubadora e o material orgânico neutralizam os

desinfetantes, em maior ou maior intensidade dependendo de suas características.

Antes de planejar um programa de limpeza é essencial saber que tipos de sujeira

estão presentes nas áreas a serem limpas (Quadro 7).

Quadro 7. Tipo de sujeira, solubilidade e remoção

Tipo Solubilidade Ação Física por Água Quente + Detergente

Carboidratos Solúvel em água Fácil de remover Gordura Insolúvel em água, solúvel

em solução alcalina Dificuldade para remover, usar água entre 50 e 55 graus mais detergente

Proteína animal Insolúvel em água, muito difícil de remover, solúvel em alcalis, levemente solúvel em solução ácida

Água acima de 600C por longo tempo pode coagular a proteína e dificultar a remoção; usar água quente (50-550C) por pouco tempo, em alta pressão e detergente alcalino

Sais monovalentes Solúveis em água, ácidos e alcalis

Variável, de muito fácil a difícil remoção dependendo do sal

Sais polivalentes Insolúveis em água, solúveis em ácidos

Variável

Sujeira mista (gordura + proteína)

Insolúvel em água Água quente de 45 a 55oC + detergente alcalino

Di Fábio (1997)

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A água sozinha não é muito eficiente por causa da sua alta tensão superficial e requer

maior força e tempo. A adição de detergente facilita o contato entre a água e a superfície da

sujeira por diminuição da tensão superficial. Com a utilização de água fria, as quantidades

de detergente, tempo e trabalho físico têm que ser aumentadas, em comparação à água

quente.

O tempo de ação depende do tipo de microrganismo, forma de ação do produto,

temperatura e umidade ambiental e do tipo de superfície a ser desinfetada. O Quadro 8

ilustra as propriedades de ação dos desinfetantes e a Figura 6, mostra os mecanismos de

ação e sítios onde atuam os desinfetantes (Di FABIO, 1997).

Quadro 8. Ação de diferentes desinfetantes

Cloro Iodo Fenol Amônia Aldeídos Bactericida + + + + + Bacteriostático - - + + + Gram + ++ ++ ++ ++ ++ Gram - ++ ++ ++ + ++ Fungicida + + + + + Viricida +/- + + +/- + Vírus livre + + - - + Vírus envelopado + + + + + Tóxico + + + + + Inativado por mat. orgânica ++++ ++ + +++ + Pessoas + + - + - Piso - - + + + arede +/- + +/- + +

Di FABIO (1997)

Os princípios da Análise de Risco e Controle de Pontos Críticos (HACCP) devem ser

aplicados, de acordo com a WHO (1997), em todos os estágios da cadeia produtiva, para

garantir a maior segurança possível no produção e no processamento dos alimentos. O

HACCP quando adequadamente aplicado, pode ser usado, segundo TERZICH (1997), para

controlar qualquer área ou ponto no sistema de alimentos que pode produzir uma condição

de risco, como a presença por exemplo, de microrganismos patogênicos e contaminantes

físicos ou químicos.

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MANEJO

Os avanços nas técnicas de manejo dos animais poderiam reduzir substancialmente a

quantidade de medicamentos necessários aos animais destinados ao consumo humano. As

medidas necessárias para aumentar a biossegurança nos aviários devem ser adotadas com

rigor e ser constantemente monitoradas.

A maior mudança que está ocorrendo atualmente no mundo é um movimento que se

afasta do frango tipo conversão alimentar para uma ave do tipo rendimento (NEWCOMBE,

1994). O valor do rendimento de peito adicionado, tem sido calculado por muitas das

principais companhias integradoras mundiais como superior às desvantagens potenciais que

surgem das reduções no desempenho dos pais. Estas mudanças incluem uma tendência para

fertilidade reduzida do macho e menor produção de ovos pela fêmea e, desta forma, um

número menor de pintos de corte (NEWCOMBE, 1994).

Uma vez que seja introduzido em uma companhia um frango de corte de alto

rendimento, então torna-se mais atraente criar os sexos separadamente para utilizar melhor o

potencial de rendimento e o crescimento superior do frango de corte macho (NEWCOMBE,

1994).

O custo de produção tem sido o determinante principal a forçar as alterações nas

práticas de manejo, tendência que certamente irá se manter.

NUTRIÇÃO

Os avanços nas estratégias de nutrição das aves, como o aperfeiçoamento e adoção

do conceito de proteína ideal e consequente utilização de níveis de aminoácidos digestíveis,

a suplementação adequada de vitaminas e minerais e o uso de uma correta relação

energia/nutrientes nobres, podem resultar em máxima expressão do potencial genético das

aves, sendo assim anuladas as possíveis perdas no desempenho devido a retirada do

antibiótico promotor de crescimento.

Faz-se necessário investigar mais a respeito do impacto da nutrição e de tratamentos

específicos com medicamentos para aumentar a função imunológica e a resistência a

enfermidades pelos animais. Por exemplo é promissor o uso de vitaminas antioxidantes e

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elementos minerais em níveis tais que mantenham a resposta imune dos animais. É grande o

potencial do uso de enzimas, prebióticos, ácidos e probióticos em rações avícolas.

ÁCIDOS ORGÂNICOS, SEUS SAIS E MISTURAS

O termo ácido orgânico quando empregado na nutrição animal, se refere aos ácidos

graxos voláteis, de cadeia curta e que eventualmente podem ser chamados de ácidos fracos,

uma vez que apresentam uma menor proporção de carboxilas dissociadas que os ácidos

fortes. Porém, de acordo com PENZ et al. (1993), alguns produtos disponíveis no mercado

têm em suas composições ácido fosfórico, que por não ter carboxila, não está incluído

dentro da categoria dos orgânicos e sim dos ácidos inorgânicos. Desta maneira, o mais

apropriado seria tratar estes aditivos como acidulantes (PENZ et al., 1993).

O uso destes aditivos tem crescido no mundo inteiro embora não seja consenso os

resultados positivos de sua utilização. Existem, de acordo com PENZ et al. (1993), 3

hipóteses que sustentam a aplicabilidade dos ácidos orgânicos. A primeira está relacionada

ao efeito inibidor do desenvolvimento de fungos nas matérias primas e nas rações. Outra diz

respeito ao efeito inibidor da proliferação de enterobactérias como as do gênero Salmonella

e da Escherichia coli. Finalmente, existiria um efeito potencializador dos ganhos

nutricionais das dietas promovido pelo aumento da disponibilidade dos nutrientes para as

aves.

Os ácidos orgânicos têm a capacidade de baixar o pH do trato gastrointestinal,

inibindo o desenvolvimento das bactérias patogênicas (MILTENBURG, 1999). Entretanto,

para PENZ et al. (1993), esse benefício que seria significativo em leitões após o desmame,

deve ser questionado nas aves pois o pH do pró-ventrículo já é baixo e uniforme desde a

eclosão, não sendo alterado durante toda a vida.

IZAT et al. (1990a), suplementando diferentes níveis de ácido propiônico a dietas de

frangos de corte, observaram que o ácido não comprometeu o desempenho dos animais e

aumentou o rendimento de carcaça das fêmeas quando adicionado ao nível de 0,8%. O nível

de 0,4% foi suficiente para reduzir o número total de coliformes e de Escherichia coli no

duodeno, jejuno e íleo e reduziu o número de Salmonellas nas carcaças depois da imersão na

água de resfriamento. Em outro experimento, IZAT et al. (1990b), empregando 1% de ácido

fórmico ou 1,45% de formato de cálcio, não observaram perda de desempenho, entretanto,

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não foi observado benefícios com relação a redução de incidência de Salmonellas no ceco ou

nas carcaças depois de processadas.

CHERRINGTON et al. (1991) citados por PENZ et al. (1993), verificaram que a

morte dos microrganismos pode ocorrer por um mecanismo que não o da perda da

integridade da membrana celular. Aqueles autores sugerem que a presença dos ácidos

compromete algumas funções vitais dos microrganismos, como o transporte de substratos,

pH citoplasmático e síntese de macromoléculas. A inibição dos microrganismos ocorre pelos

ácidos que encontram-se fora da célula na forma não dissociada e que ao entrar na célula,

dependendo do pH citoplasmático, dissociam-se em cátions e prótons, sendo que os prótons

dissipam-se através da membrana, reduzindo o pH citoplasmático e a morte da célula ocorre

pela desnaturação irreversível das proteínas e do DNA (CHERRINGTON et al.,1991 citados

por PENZ et al., 1993)

As bactérias, na presença de ácidos, irão aumentar a atividade da bomba ATPase da

membrana plasmática e, assim, aumentar a expulsão de prótons (HOLYOAK et al., 1996).

Em altas concentrações de ácido láctico, o aumento da atividade da bomba ATPase irá

resultar em uma perda significante de energia disponível para o crescimento e outras funções

metabólicas essenciais, e com o tempo não será possível para a célula manter seu pH

intracelular com um limite fisiológico aceitável, resultando primeiramente na inibição do

crescimento e, finalmente, morte celular (HALM et al., 2004). A síntese de DNA e RNA

também é inibida, debilitando a célula e tornando-a incapaz de recompor o equilíbrio de

energia e dar continuidade aos processos de multiplicação (SILVA, 2004).

Condições ácidas no trato gastrointestinal ocasionam manipulação da flora

microbiana através da produção de um ambiente mais favorável para os lactobacilos

(TSILOYIANNIS et al., 2001a). Os lactobacilos, ácido-tolerantes, desenvolvem-se melhor

em meio ácido suportando condições de pH m torno de 1,8, mais que qualquer outra bactéria

intestinal o que é extremamente importante, já que possuem efeito positivo no organismo do

animal (CORASSA, 2004; FREITAS, 2005).

Quanto a ação antifúngica, grãos armazenados com umidade acima de 13% podem

possibilitar o desenvolvimento de fungos, de espécies do gênero Penicillius, Aspergullus

entre outras. Além da presença de micotoxinas, o prejuízo pode ser oriundo do

comprometimento dos nutrientes, como a redução no nível energético das rações. Os fungos

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são capazes de produzir lipases que transformam a gordura dos cereais em ácidos graxos

livres, importantes para o seu desenvolvimento (PENZ et al., 1993).

Um aspecto importante a ser considerado, é o efeito de alguns acidulantes como

depressor do consumo de alimentos pelas aves (PENZ et al., 1993).

A mistura de ácidos orgânicos e seus sais, tem um efeito sinérgico no controle do

desenvolvimento bacteriano. Os principais ácidos orgânicos utilizados na nutrição de aves

são o ácido fórmico, ácido propionico, ácido fumárico, ácido cítrico, ácido láctico e os seus

sais de cálcio e sódio. O ácido fosfórico inorgânico também é utilizado em algumas misturas

(MILTENBURG, 1999).

Quando usadas em rações secas, os ácidos têm pouco efeito efetivo na redução da

contaminação por Salmonellas, sendo que após a ingestão, com a hidratação da ração no

papo, é que os ácidos exercem seu efeito antimicrobiano (SILVA, 1996). As aves precisam

receber rações tratadas com ácidos orgânicos desde o primeiro dia de vida, uma vez que esta

acidificação não tem efeito sobre as Salmonellas já instaladas (SILVA, 1996).

Acidificantes para uso na água de bebida usada dias antes do abate, permitiu a

indústria reduzir a contaminação microbiana das carcaças de frangos nos abatedouros,

todavia o seu uso requer a instalação de dosadores automáticos no sistema de abastecimento

de água dos bebedouros.

Acidificantes mais modernos adotara tecnologias de recobrimento com diferentes

tipos de substâncias, com o objetivo de associações de mais de uma substância acidificante,

que sejam liberados em porções específicas do intestino onde sua ação é mais importante e

trazendo assim maior eficácia nos resultados de seu uso via incorporação às rações. Mais

recentemente surgiram tecnologias de microcápsulas de ácidos, com a mesma tecnologia de

recobrimento. O uso de microencapsulamento também trouxe um significativo aumento de

eficiência na atuação dos ácidos.

PROBIÓTICOS

Os probióticos são culturas de microrganismos viáveis (bactérias, fungos e

leveduras) que atuam direta ou indiretamente sobre bactérias patogênicas no trato

gastrointestinal e contribuem para o balanço da microbiota intestinal (PARKER, 1974).

As principais formas de ação dos probióticos sobre as bactérias são:

Redução no pH do TGI (produção de ácidos orgânicos)

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Competição por nutrientes

Competição pela adesão a receptores no epitélio intestinal

Produção de substâncias antimicrobianas

Síntese de vitaminas e outros nutrientes

Estimulação do sistema imune

Secreção de bacteriocinas

Atividade antienterotoxina

Atividade na cama

Exclusão de Coccídeas

O ecossistema da microbiota intestinal pode ser afetado, de acordo com FERREIRA

e OLIVEIRA (1996), pela diversidade de colonização, que ocorre pela grande variação de

condições químicas e físicas ao longo do intestino. Os microrganismos variam, de acordo

com o tipo de nutriente e o pH existente ao longo do trato gastrointestinal, do papo à cloaca.

Bactérias aeróbicas gram-positivas, como Lactobacillus e Streptococcus são predominantes

no papo e intestino das aves. Outras bactérias anaeróbicas gram-negativas, como

bacterióides e fusobactérias, estão presentes no ceco e no colo (FERREIRA e OLIVEIRA,

1996).

Requisitos necessários para um probiótico:

Sobreviver às condições naturais do trato gastro-intestinal e estarem presentes

em número significativo.

Ter capacidade de se adaptar ao intestino do hospedeiro

Sobreviver a passagem pelo trato gastro-intestinal

Ter capacidade de se estabelecer no Intestino delgado

Não deteriorar os alimentos que lhe servirão de veículo

Não apresentar patogenicidade

Ser produtor de ácido e ser ácido resistente

Apresentar excreção de fator anti E. Coli

Ser resistente a bile

Ser cultivável em escala industrial e ser estável no produto comercial

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Sobreviver às condições adversas do trato gastro intestinal como às secreções

da vesícula biliar, estômago, intestino e pâncreas.

DAY (1996) já havia postulado que existem pelo menos 4 níveis de controle

enteropatogênico: (1) químicos, (2) biológicos, (3) físicos e (4) bioquímicos. (1) A redução

do pH resultante da produção de ácidos orgânicos por determinados grupos de bactérias

inibe patógenos entéricos tais como Salmonella sp e Escherichia coli. Existem também

diversos grupos bacterianos capazes de aderir-se à parede intestinal através de uma rede de

fímbrias e fibrilas, que bloqueiam os sítios de ligação química utilizados por determinados

patógenos entéricos. (2) Devido ao crescimento e desenvolvimento diferenciado das

bactérias, cria-se um ambiente de exclusão mais permanente. A multiplicação de inúmeras

espécies bacterianas permite que a mucosa desenvolva-se adequadamente e confere uma

identidade estrutural à composição bacteriana no epitélio intestinal devido as suas

propriedades hidrofóbicas e hidrofílicas. (3) A flora bacteriana dos produtos de exclusão

competitiva cria um sistema homogêneo com integridade espacial. Em pouco tempo, cria-se

uma barreira física de consistência adequada, impedindo que os patógenos intestinais

encontrem um nicho para crescimento e reprodução. (4) Muitos microrganismos intestinais

normais tais como Lactobacillus sp e Escherichia coli produzem substâncias inibitórias, as

bacteriocinas, que apresentam características antimicrobianas. Através da produção dessas

substâncias, os grupos bacterianos mantêm um nicho nutricional e espacial no ambiente

intestinal. As bactérias intestinais também produzem substâncias químicas ativadoras, as

gamasorolactonas, que podem desativar os mecanismos que resultam em divisão celular.

Para a obtenção de energia, usada no crescimento, a microbiota do papo e dos

intestinos quebram carboidratos e produzem ácido láctico como produto final (FERREIRA e

OLIVEIRA, 1996). Já os microrganismos do ceco utilizam os carboidratos não digeridos

pelo hospedeiro, produzindo ácidos graxos voláteis. Os aminoácidos são degradados de

forma diferente, através do trato intestinal (FERREIRA e OLIVEIRA, 1996). A microbiota

do papo e do ceco tem uma leve tendência para degradar lisina livre, enquanto a do intestino

delgado degrada ativamente a lisina.

O ecossistema da microbiota intestinal pode ser afetada, de acordo com FERREIRA

e OLIVEIRA (1996), pela diversidade de colonização, que ocorre pela grande variação de

condições químicas e físicas ao longo do intestino. Os microrganismos variam, de acordo

com o tipo de nutriente e o pH existente ao longo do trato gastrointestinal, do papo à cloaca.

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Bactérias aeróbicas gram-positivas, como Lactobacillus e Streptococcus são predominantes

no papo e intestino das aves. Outras bactérias anaeróbicas gram-negativas, como

bacterióides e fusobactérias, estão presentes no ceco e no colo (FERREIRA e OLIVEIRA,

1996).

Os principais gêneros utilizados em culturas ouras ou mistas de probióticos são,

segundo MILTENBURG (1999), Aspergillus, Bacillus, Bacteróides, Bifidobacterium,

Lactobacillus, Pediococcus, Propionibacterium, Saccharomyces e Streptococcus.

MARUTA (1993) relatou que as bactérias Bifidobacterium atuam beneficamente no

intestino grosso e as do gênero Lactobacillus atuam ao nível do intestino delgado.

A suplementação em dietas de poedeiras comerciais com 1100 ppm de Lactobacillus

estimulou o apetite e melhorou a produção de ovos, massa de ovo e a conversão alimentar

das aves (NAHASHON et al., 1994). Ao estudar os efeitos da bacitracina de zinco e do

Lactobacillus acidophilus isoladamente e em combinação, sobre os aspectos selecionados do

desempenho das poedeiras, ABDULRAHIM et al. (1996) observaram que a adição da

cultura nas concentrações que excedem 1x106 cfu/g de dieta melhorou significativamente a

produção de ovos e a conversão alimentar e diminuiu as concentrações de colesterol nas

gemas. A bacitracina de zinco não produziu efeito e, em combinação com a cultura, tendeu a

reduzir a efetividade do Lactobacillus acidophilus (ABDULRAHIM et al., 1996).

Pode ser vantajoso, de acordo com MARUTA (1993), a utilização de

microrganismos que não colonizam o intestino e não se fixam como habitantes normais da

flora intestinal, sendo apenas agentes transitórios do trato digestivo, como por exemplo o

Bacillus subtilis C-3102. MARUTA (1993) observou que para uma maior eficiência do

probiótico, o mesmo deve ser administrado em concentrações adequadas e por um período

prolongado, devendo ser fornecido até o abate, pois a suspensão do produto permite que a

flora intestinal apresente, em pouco tempo, as mesmas características apresentadas antes do

fornecimento do probiótico.

Produtos de exclusão competitiva atuam de forma ótima quando são administrados o

mais precocemente possível a pintos de 1 dia livres de Salmonella, seja em uma câmara de

nebulização no incubatório ou na primeira água de bebida já na granja (DAY, 1996). Esses

produtos podem manter uma microflora protetora quando se sabe que as aves correm risco

de sofrer colonização ou recolonização por Salmonella, em casos de estresse, como o

causado por movimentação ou atividade em pico de postura (DAY, 1996), entretanto, os

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produtos de exclusão competitiva não são capazes de eliminar Salmonella de aves já

colonizadas pela bactéria.

Os probióticos podem ser incluídos na ração ou água de bebida, na forma de

cápsulas, pasta, pó ou grânulos. Os microrganismos que se apresentam na forma de esporas

têm, segundo SILVA (1996), maior estabilidade quando misturados à ração, porque

suportam melhor o processo de fabricação, principalmente a temperatura em rações

peletizadas e a agressão dos outros ingredientes (umidade, pH, antibióticos, cobre, cálcio,

etc).

Alguns probióticos são sensíveis a antibióticos (tratamento terapêutico), sendo

sensíveis também a altas temperaturas durante a peletização, com exceção de alguns

probióticos, que recebem um processamento para resistir a peletização (MILTENBURG,

1999).

A eficácia do uso de probióticos como promotor de crescimento para frangos de

corte é controvertida. No controle de Salmonellas, não há efeito sobre as previamente

instaladas e sobre as cepas invasivas, ou quando o inóculo de Salmonellas é muito elevado.

Deve-se considerar que há uma grande variabilidade nos resultados obtidos entre os

vários produtos disponíveis no mercado. Um fator importante, segundo SILVA (1996), é

que as cepas bacterianas dos probióticos devem ser de origem aviária, sendo que o cultivo

repetido in vitro destas cepas ou culturas tem eliminado ou reduzido seu efeito protetor e sua

eficácia.

PRÉBIÓTICOS - CARBOIDRATOS SOLÚVEIS E OLIGOSACARÍDEOS O termo prebiótico ou colônico define a parte do alimento não digerido no trato

superior, como oligossacarídeos indigestíveis e frutooligossacarídeos, que estimulam o

crescimento de microrganismos benéficos (Bifidobactérias e Lactobacillus) alterando a

composição da flora no cólon. Os polissacarídeos não amiláceos seriam excluídos como

prebióticos por serem usados por ambas as floras, a benéfica e a nociva (GIBSON e

ROBERFROID, 1995).

Vários estudos indicam que a adição de carboidratos à ração ou água auxiliam na

ações dos probióticos quando administrados conjuntamente. Lactose é o mais utilizado mas

podem ser também indicados, de acordo com SILVA (1996), a arabinose, a galactose ou a

manose (açúcares de baixa ou nenhuma digestibilidade). O completo mecanismo da ação

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desses carboidratos é desconhecido, contudo parece que as bactérias dos probióticos

utilizariam os carboidratos da dieta para produzir determinados ácidos graxos voláteis, como

o acetilpropiônico, butírico e láctico. A lactose pode ser adicionada à ração nos níveis de 1 a

7% (SILVA, 1996), entretanto, as aves alimentadas com lactose podem apresentar diarréia,

pelo aumento da fermentação cecal.

Os carboidratos solúveis como lactose, manose, arabinose e galactose reduzem a

aderência de bactérias patógenas às células epiteliais do intestino das aves. A lactose

provavelmente estimula as bactérias fermentadoras de lactose e estas competem com as

bactérias patógenas. Os frutooligosacarídeos estimulam o crescimento de algumas bactérias

intestinais (Lactobacillus e Bifidobacterium) que são bactérias benéficas para o intestino e

desta forma atuam promovendo uma melhor produtividade. Os carboidratos solúveis podem

também ser fornecidos através da água de bebida (MILTENBURG, 1999).

MANANOOLIGOSSACARÍDEOS Dentre os prébióticos conhecidos destacam-se os Mananoligossacarídeos (MOS) que

é um oligossacarídeo derivado da parece celular de leveduras, em geral da espécie

Sacharomyces cerevisae. São polissacarídeos monômeros de D-manose unidos por ligações

glicosídicas. Ao contrário de outros prebióticos que agem nutrindo e estimulando a flora

benefíca, a principal ação ação do MOS é aglutinar bactérias patogênicas como E. coli e

Salmonella, impedindo a colonização e proliferação destas populações no intestino. Estas

bactérias para aderirem ao epitélio intestinal necessitam de fímbrias, compostas por

moléculas de açúcares ramificados denominados de polissacarídeos, que se projetam da

parede externa da bactéria, sendo capazes de identificar outros açucares presentes nos

enterócitos do hospedeiro. O MOS se adere ao epitélio através da ocupação dos sítios de

ligação na superfície dos enterócitos e as fímbrias bacterianas ligam-se a ele em vez das

células epiteliais. Com isso aglutinam-se junto ao MOS não ocorrendo multiplicação destas

bactérias nocivas no intestino sendo ambos excretados nas fezes (Menten & Loddi, 2003).

Existem evidências de que os manooligossacarídeos possam ser utilizados pelos

Lactobacillus como fonte de energia promovendo assim o crescimento destas bactérias

benéficas.

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BETAGLUCANAS

As beta-glucanas são polissacarídeos monômeros de D-glicose unidos por ligações

glicosídicas do tipo beta, e constituem outro grupo de moléculas também extraídas da parede

celular de leveduras, em geral da espécie Sacharomyces cerevisae. As Beta-Glucanas

possuem dois tipos de atuação principal: Estimulam a produção de macrófagos e estimulam

a atividade de macrófagos. Macrófagos são células de defesa de importante papel no sistema

imunológico, capazes de por meio de um processo denominado fagocitose absorver e

destruir microrganismos.

ENZIMAS

Enzimas são proteínas, com uma estrutura molecular tridimensional, que catalisam

reações químicas altamente específicas. As enzimas são de natureza protéica e apresentam

papel vital para o funcionamento dos diferentes sistemas biológicos, em decorrência das

suas atividades catalíticas nas reações químicas, sendo que as digestivas participam do

desdobramento de alimentos complexos em frações mais simples.

Na alimentação animal são usadas enzimas produzidas através de culturas aeróbias,

sendo derivadas da fermentação fúngica, bacteriana e de leveduras (BROZ et al., 1994). Na

produção destas enzimas estão envolvidos processos de fermentação, extração, separação e

purificação. A extração consiste na separação da enzima de sua biomassa geradora. Os

custos no processamento de enzimas impediam o seu uso comercial nas dietas, entretanto

recentemente, estes diminuíram substancialmente devido à aplicação de técnicas de biologia

molecular FERKET (1993). As enzimas com potencial de utilização na nutrição são

protease, hemicelulose, amilase, pectinsase, celulase, xilanase, glucanase, fitase, lipase e

galactosidase.

As principais funções das enzimas para aves são: redução da viscosidade da dieta

causada por fibras solúveis, melhorando a digestão efetiva das enzimas endógenas;

rompimento de paredes celulares dos ingredientes da ração, liberando assim nutrientes que

estavam indisponíveis; degradação de fatores antinutricionais como os inibidores de

proteases e fitatos, aumentando assim o valor nutricional do ingrediente; suplementação de

enzimas para animais jovens, que têm uma produção baixa de enzimas endógenas.

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Ingredientes vegetais como milho, farelo de soja e trigo, entre outros, participam na

alimentação das aves, representando aproximadamente 90% do total da ração. Todavia,

certos nutrientes desses alimentos apresentam-se indisponíveis para absorção e utilização.

Recentemente as pesquisas têm demonstrado ser benéfica a suplementação enzimática em

monogástricos, o que resultaria em melhoria na eficiência produtiva decorrente do aumento

na digestibilidade aparente de nutrientes e conseqüente redução das perdas fecais.

As enzimas, segundo CLASSEN (1996), possuem como potenciais substratos de ação,

fatores antinutricionais, polissacarídeos não amiláceos e nutrientes que se encontram

indisponíveis na dieta. O autor concluiu que o principal sítio de ação das enzimas é o

intestino e sua atividade catalítica depende das condições do trato digestivo, de sua

concentração e da concentração do substrato, da presença de coenzimas e inibidores e do

tempo de permanência dos alimentos em todo trato digestivo ou uma área especifica do

trato.

Os fatores que podem comprometer a utilização de enzimas na dieta animal estão

relacionados com sua estabilidade, CANTOR e PERNEY (1993) e FERKET (1993), sendo

esta característica inerente a cada tipo de enzima. Dentre estes fatores destacam-se: o

processo de fabricação das enzimas; as condições de processamento dos alimentos tais como

temperatura, umidade, tempo e pressão; as condições de acidez no proventrículo e a

proteólise intestinal. Tendo em vista esses obstáculos, procedimentos foram desenvolvidos

para utilização destas enzimas relacionados com técnicas de adsorção em carreadores,

encapsulação, ou sua inclusão após processamento, sendo ainda realizada uma seleção de

cepas produtoras de enzimas mais resistentes às condições adversas do trato digestivo das

aves (CLASSEN, 1996).

Os coquetéis de enzimas, empregados em rações formuladas a base de cereais de baixa

viscosidade e soja, são complexos de xilanases, -amilase e protease, os quais têm como

alvo principal a fração amilácea e protéica dos cereais, assim como a fração protéica da soja.

Os principais componentes das dietas de aves são os cereais. No entanto, na parede

celular dos mesmos são encontrados carboidratos complexos denominados polissacarídeos

não amiláceos.

Monogástricos possuem pequena capacidade para utilizar os polissacarídeos não

amiláceos. Alguns dos polissacarídeos não amiláceos solúveis apresentam propriedades

antinutricionais nas dietas de aves (FENGLER e MARQUARDT, 1988; BEDFORD e

CLASSEN, 1992; CHOCT e ANNISON, 1992). Assim, os polissacarídeos não amiláceos

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podem influenciar o processo digestivo das aves, através da solubilidade e viscosidade das

sua frações.

Uma importante propriedade, a qual determina a atividade antinutricional dos

polissacarídeos não amiláceos nas dietas de frangos é a solubilidade (ANNISON, 1993). Os

polissacarídeos não amiláceos existem nas formas insolúveis ou solúveis em água, sendo

que as frações solúveis são responsáveis pelo aumento na viscosidade do conteúdo

intestinal. Os efeitos antinutricionais de alguns polissacarídeos não amiláceos são atribuídos

à mudança na viscosidade do conteúdo intestinal, uma vez que os mesmos diminuem a taxa

de passagem da ingesta limitando o consumo, impedem a interação entre nutrientes e

componentes digestivos e restringem a difusão e transporte destes nutrientes (BEDFORD,

1993).

Efeitos adversos dos polissacarídeos não amiláceos solúveis na diminuição da taxa de

crescimento são observados, quando estes polímeros são parcialmente hidrolisados. Alguns

estudos com glucanases comercias têm revelado eficiência na diminuição desses efeitos

(CLASSEN et al., 1988; BEDFORD e CLASSEN, 1992). Estas enzimas promoveriam a

despolimerização parcial dos polissacarídeos não amiláceos, induzindo a viscosidade do

conteúdo intestinal e aumentando a absorção dos nutrientes (BEDFORD et al., 1991;

CHOCT e ANNISON, 1992).

A utilização de um complexo multi-enzimático composto de arabinoxylanase, -

glucanase e pectinase (1 kg/ton), em dietas enriquecidas com 66 g de polissacarídeos não

amiláceos/kg de ração promoveu, de acordo com CHOCT et al. (1996), aumentos no ganho

de peso, na eficiência alimentar e no coeficiente de digestibilidade ileal do amido, proteínas

e lipídeos, eliminando assim, os efeitos adversos dos polissacarídeos não amiláceos no

desempenho animal.

Ao estudar a temperatura de peletização sobre a atividade de diferentes enzimas,

SPRING et al. (1996) concluíram que as perdas medidas na atividade enzimática devidas ao

processo de peletização podem variar de acordo com o método utilizado para medir a

atividade. Medidas em substratos solúveis sugerem que a celulase, a amilase fúngica e a

pentosanase podem ser peletizadas em temperaturas até 80oC e a amilase bacteriana em

temperaturas até 90oC sem uma perda considerável na atividade. Entretanto, os valores de

estabilidade para a celulase podem ser mais elevados uma vez que a sua adição resultou em

diminuição na viscosidade da dieta mesmo após a peletização a 100oC (SPRING et al.,

1996).

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Quanto ao fósforo, a maior parte deste mineral presente nos ingredientes de origem

vegetal ocorre como ácido fítico. Considera-se que aproximadamente 2/3 do fósforo

presente nesses alimentos está na forma de fitato, o qual não pode ser hidrolizado pelos

animais monogástricos. A molécula de fitato possui em sua estrutura grupos ortofosfato

altamente ionizados, os quais afetam a disponibilidade de cátions como o cálcio, zinco,

cobre, magnésio e ferro no trato gastrointestinal, o que resulta na formação de complexos

insolúveis (SEBASTIAN et al., 1997; RIMBACH e PALLAUF, 1998; SOHAIL e

ROLAND, 1999). Os grupos ortofosfatos podem também se unir a enzimas digestivas e a

proteínas dietéticas, reduzindo a digestibilidade de carboidratos e aminoácidos (FERKET,

1993; SEBASTIAN et al., 1997; RAVINDRAN, et al. 1999). Assim, a molécula de fitato é

considerada um poderoso fator antinutritivo para monogástricos.

Dentre as diferentes propostas para aumentar a biodisponibilidade do P presente nos

alimentos destaca-se a adição nas rações da enzima fitase microbiana. Segundo o proposto

pelo COMPÊNDIO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ANIMAL (1998), a fitase pertence a

classe dos pró-nutrientes, atuando na liberação de ortofosfatos inorgânicos da molécula de

mio-inositol, sendo a sua atividade expressa em FTU, que corresponde a liberação de 1m

Pi do fitato de Na, em 1 minuto, na temperatura de 37ºC e pH 5,5.

SWICK e IVEY (1992), estudaram as implicações nutricionais e econômicas da

suplementação de fitase e, concluíram, que a efetividade do seu uso depende da estabilidade

a fatores como peletização, armazenamento, consistência de resultados e da facilidade de

incorporação nas rações. SIMMONS et al. (1990) verificaram que a atividade da fitase nas

rações não foi afetada pelo condicionamento a 50oC e peletização a 78oC. Entretanto,

segundo os autores, os aumentos da temperatura de condicionamento e de peletização para

60oC e 87oC, respectivamente, provocaram uma redução significativa na atividade da fitase.

Não foram observados por SOHAIL e ROLAND (1999), diferenças significativas do

desempenho de frangos de corte com 6 semanas de idade, recebendo 3 níveis de fitase (0,

300 e 600 FTU). Contudo, o desempenho não é um bom parâmetro para avaliar a atividade

da fitase, sendo muito mais sensíveis as características ósseas. Os autores observaram uma

melhoria linear com a adição da fitase para conteúdo mineral ósseo, densidade óssea e

resistência a quebra (SOHAIL e ROLAND, 1999).

Assim, a suplementação com fitase microbiana reduz a necessidade de

suplementação do P e outros minerais, pelo aumento da disponibilidade dos cátions ligados

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ao ácido fítico e apresenta um importante potencial para redução da poluição ambiental

devido as menores excreções de P e N.

ÓLEOS ESSENCIAIS E EXTRATOS DE ERVAS ESPECIAIS

Óleos essenciais são compostos extraídos de plantas, em geral de natureza aromática

ou mesmo medicinal, por processos de destilação, compressão de frutos ou extração com o

uso de solventes.

Os extratos podem ser aquosos, alcoólicos, etc. Encontram-se presentes nos extratos,

centenas de substâncias (Álcoois, fenóis, ésteres, terpenos, hidrocarbonetos, etc.) e, muitas

possuem, além da propriedade aromática volátil característica da planta de origem,

componentes químicos com propriedades farmacológicas, em alguns casos com

propriedades antimicrobianas, sendo neste último caso designados como “antibióticos

naturais”. A preservação da atividade farmacológica das moléculas depende portanto

claramente da forma de extração e acondicionamento e armazenamento.

Em geral, óleos essenciais são considerados como substâncias seguras (GRAS –

Generally recognized as safe substances). Esta associação com a segurança de seu uso

decorre da fonte “natural” destes compostos, o que não necessariamente significa que não

possuam potencial de causar danos à saúde.

Certos óleos essenciais naturais e extratos de ervas têm a capacidade de estimular a

produção de enzimas endógenas pelas aves, com possível melhora nos processos digestivos

como é o caso do extrato de pimenta (Capsicum frutescens L.) que possui como principal

componente ativo a capsaícina, e o extrato de canela (Cinnamomum zeylanicum ) que possui

como principal componente o cinamaldeído.

Outros óleos essenciais possuem atividade antimicrobiana como o extrato de alho

(Allium sativum) rico em alicina, uma poderosa molécula antimicrobiana, porém muito

volátil e instável. O extrato de orégano (Origanum vulgare L.) possui como principais

componentes o carvacrol e o timol, substâncias que possuem atividade antimicrobiana

comprovada, com efeitos antiinflamatórios adicionais.

Além dos efeitos estimulantes de secreções gástricas e pancreáticas, efeitos

antimicrobianos e antinflamatórios, são associadas aos óleos essenciais propriedades

antioxidantes.

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Assim como ocorreu no desenvolvimento da indústria de corantes e antibióticos, a

indústria de óleos essenciais também está passando por profundas transformações. Produtos

comerciais purificados a partir do extrato, com elevadas concentrações dos princípios ativos

já estão disponíveis no mercado, e, a biotecnologia para permitir a síntese destes compostos

em escala industrial é um dos principais focos de investimentos desta área do conhecimento.

Recentemente a BBC (2015) divulgou resultados informais de um interessante

trabalho de pesquisadores britânicos que será apresentada na Conferência anual da

Sociedade de Microbiologia Geral, em Birmingham (Inglaterra): A especialista em cultura

anglo-saxônica, Christina Lee, da Universidade de Nottingham, traduziu uma receita do

século X, com mais de 1000 anos de idade, de um bálsamo para tratamento de olhos

infeccionados, feito com alho, cebola ou alho poró, vinho e bile de vaca. Embora os

pesquisadores esperassem que tal composto apresentasse alguma atividade antimicrobiana,

ficaram impressionados com o fato de que o mesmo exterminou in vivo e in vitro mais de

90% de bactérias Staphylococcus aureus, resistente a meticilina (SARM).

Baseado no fato de que estas moléculas possuem modo de ação antimicrobiano,

semelhantes aos antibióticos, por que não seriam esses compostos susceptíveis ao fenômeno

da resistência bacteriana? Se usados indiscriminadamente não poderiam ocasionar a

consolidação da resistência de forma mais rápida? Se possuem importância estratégica no

combate a bactérias de interesse na medicina humana, não deveriam ter seu uso preservado?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande verdade é que nesta área da ciência há muito mais perguntas que respostas.

A natureza é complexa e a luta entre homem e microrganismos está longe do fim. O frango

do futuro poderá nem existir. Cientistas já são capazes de produzir tecidos musculares muito

semelhantes à carne em laboratório. Será que produziremos grãos em quantidade suficiente

para a população do futuro? Será que a carne será obtida de animais de criação, ou será

produzida de forma mais eficiente em laboratórios? Sobreviveremos a nós mesmos em nossa

adolescência tecnológica? Quem tomará a decisão final sobre o banimento do uso de

antibióticos na produção animal? Sociedade (representada pelos seus políticos), Cientistas

ou Ativistas? Quais são os interesses ocultos nas palavras de cada parte envolvida quando se

defende a liberação ou banimento de antibióticos na produção animal?

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PALERMO NETO (2015) foi muito feliz quando disse que “riscos precisam ser

avaliados de modo criterioso e desapaixonado”. É muito custosa a defesa da continuidade de

uso de antibióticos como aditivos melhoradores de desempenho. A sociedade não é culta ou

informada o suficiente para poder julgar tema tão complexo. Os políticos são reflexo de

nossa sociedade, e defender o não banimento de antibióticos é um tema politicamente caro.

Estão os cientistas preparados para emitirem pareceres desapaixonados e descomprometidos

com o poder das indústrias?

Este autor, embora tenha uma opinião formada, não tem certeza absoluta da ausência

de riscos de uso de aditivos melhoradores de desempenho. Mas tem certeza de quais serão as

consequências do banimento destes na produção animal que são a perda de eficiência e

aumento de custos. Este cenário não é compatível no meu entender com o cenário de

aumento e envelhecimento da população, e consequente aumento da demanda de alimentos.

Algumas conclusões e observações podem entretanto serem feitas com base nas informações

disponíveis atualmente:

Os aditivos são essenciais para manter os elevados índices de produtividade e eficiência

obtidos pela moderna indústria avícola. O MAPA possui um importante papel em avaliar

o registro destes aditivos, avaliando todos os possíveis riscos e sendo fiscalizador

rigoroso dos mesmos.

Os antibióticos são vitais para o tratamento de infecções bacterianas no homem e nos

animais e têm sido também importantes no processo de produção de alimentos e no

controle de infecções animais que poderiam ser transmitidos ao ser humano;

Não há comprovações científicas de que o uso de antibióticos promotores de

crescimento tenha causado o surgimento de genes de resistência aos antimicrobianos, em

especial, daqueles de interesse da medicina humana.

Genes de resistência a antibióticos (mesmo os de última geração) existem na natureza há

milhões de anos. A consolidação de um gene de resistência em populações bacterianas

provavelmente ocorre com o uso de dosagens profiláticas ou terapêuticas, em especial

quando não obedecem os períodos e dosagens de uso receitadas, ou quando não

acompanhadas pelo médico.

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O uso de antimicrobianos leva a seleção de bactérias resistentes, estando os mecanismos

de resistência já bem definidos;

A magnitude do impacto na medicina e na saúde pública do uso de antimicrobianos nas

rações animais não é inteiramente conhecida. Entretanto, as evidências são suficientes

para gerar preocupações que devem ser estudadas sob a luz da ciência.

A pressão contínua do consumidor e grupos legisladores para o abandono do uso de

drogas em rações animais torna obrigatório o estudo consistente da introdução de

alternativas, que possibilitem a manutenção da produtividade e da lucratividade do setor;

Dentre as alternativas ao uso de antibióticos como aditivos melhoradores de

desempenho, estão os ácidos orgânicos, probióticos, prebióticos, óleos essenciais, etc. É

provável que microrganismos possam apresentar genes de resistência a estes aditivos, tal

qual ocorre com os antibióticos.

Em última análise, é necessário que o setor produtivo se estruture para produzir um

alimento que atenda as exigências do consumidor. Possivelmente uma alternativa seria a

permissão de diferentes modelos de produção (com ou sem o uso de aditivos promotores

de crescimento), com obrigatoriedade de rotulagem clara ao consumidor final do modelo

utilizado, para que o mesmo possa decidir que produto consumir.

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