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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS TIJUCA II
INTRODUÇÃO AO NATURALISMO
1. ANTONIO DIMAS EM “ESPAÇO E ROMANCE”:
– Espaço e ambiente não podem ser confundidos. O espaço é construído nas narrativas a partir de
características do plano físico, enquanto o ambiente é expresso pelo narrador ou pelas personagens que
circulam no espaço, com marcas e traços psicológicos. Ou seja, o espaço é objetivo, o ambiente é subjetivo.
– “Entre as várias armadilhas virtuais de um texto o espaço pode alcançar estatuto tão importante quando
outros componentes da narrativa, tais como foco narrativo, personagem, tempo, estrutura etc. É bem verdade
que, reconheçamos logo, em certas narrações esse componente pode estar severamente diluído e por esse
motivo, sua importância torna-se secundária. Em outras, ao contrário, ele poderá ser prioritário e
fundamental no desenvolvimento da ação, quando não determinante. Uma terceira hipótese ainda, esta bem
mais fascinante!, é a de ir-se descobrindo-lhe a funcionalidade e organicidade gradativamente, uma vez que
o escritor soube dissimulá-lo tão bem a ponto de harmonizar-se com os demais elementos narrativos, não lhe
cedendo, portanto, nenhuma prioridade”.
2. DEFININDO O CONCEITO:
NATURALISMO X REALISMO – O Realismo pode ser entendido como uma tendência ampla, uma teoria,
um conjunto de preceitos, um programa. O Naturalismo, por sua vez, é uma forma particular de realismo, um
tipo de texto, um conjunto de procedimentos literários que vigoram até nossos dias. Alfredo Bosi: “O
Realismo se tingirá de naturalismo no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos
submeterem-se ao destino cego das "leis naturais" que a ciência da época julgava ter codificado”.
VERBETE DO DICIONÁRIO CONCISO DE TERMOS LITERÁRIOS – OXFORD: NATURALISMO, um
tipo deliberado de REALISMO nos romances, contos, peças, que envolve normalmente uma visão dos seres
humanos como vítimas passivas das forças naturais e do meio social. Como movimento literário, o
naturalismo iniciou na França com Jules e Edmond Goncourt com seu romance Germinie Lacerteux (1865),
mas veio a ser liderado por Emile Zola, que clamou por um status “científico” para os seus estudos dos
personagens empobrecidos, miseravelmente sujeitos à fome, obsessão sexual, defeitos hereditários em
Therese Raquin (1867), Germinal (1885), e muitos outros roamances. A ficção naturalista aspirava à
objetividade sociológica, oferecendo investigações detalhadas e amplamente documentadas dos cantos
inexplorados da sociedade moderna – ferrovias na La Bete humaine (1890) de Zola, a loja de departamento
em Au Bonheur des dames (1883)—realçando nisso com um novo sensacionalismo sexual.
3. EMILE ZOLA – “O ROMANCE EXPERIMENTAL” (1880):
Principal autor do Naturalismo, Zola propôs um método de busca da objetividade narrativa a partir da
observação. O autor acreditava que o papel da literatura estava em denunciar os problemas sociais,
aproximando-se das ciências físicas e biológicas. Tal qual a medicina e a anatomia faziam com os seres
humanos, a literatura naturalista seria desta forma, capaz de produzir análises da sociedade e evidenciar os
problemas da realidade, como um primeiro passo para superá-los.
– “A volta à natureza, a evolução naturalista que empolga o nosso século, impulsiona aos poucos todas as
manifestações da inteligência humana num mesmo caminho científico” (…) Nos mais das vezes, basta
substituir a palavra “médico” pela palavra “romancista”, para tomar claro o meu pensamento e conferir-lhe o
rigor de uma verdade científica”.
4. VERISMO ITALIANO: Movimento operístico originado na Itália com forte ligações com o Naturalismo
literário teorizado por Zola.
GIACOMO PUCCHINI, IL TABARRO: https://www.youtube.com/watch?v=FYV6fBojhTI
TEXTO 1: ALUÍSIO AZEVEDO - “CASA DE CÔMODOS”
Há no Rio de Janeiro, entre os que não trabalham e conseguem sem base pecuniária fazer pecúlio e
até enriquece; um tipo digno de estudo - é o "dono de casa de cômodos"; mais curioso e mais completo no
gênero que o "dono de casa de jogo"; pois este ao menos representa o capital da sua banca, suscetível de ir à
glória, ao passo que o outro nenhum capital representa, nem arrisca, ficando, além de tudo, isento da pecha
de mal procedido.
Quase sempre forasteiro, exercia dantes um oficio na pátria que deixou para vir tentar fortuna no
Brasil; mas, percebendo que aqui a especulação velhaca produz muito mais do que o trabalho honesto, tratou
logo de esconder as ferramentas do oficio e de fariscar os meios de, sem nada fazer, fazer dinheiro. Foi a um
patrício seu, estabelecido no comércio, pediu e dele obteve uma carta de fiança, alugou um vasto casario de
dois ou três andares, meteu-se lá dentro, pregou escritos em todas as janelas; e agora o verás!
Como na Capital Federal há mais quem habite do que onde habitar, começou logo a entrar-lhe pela
casa, à procura de cômodos, uma interminável procissão de desamparados da sorte e de magros lutadores
pela vida, que lhe foram enchendo surdamente, do primeiro ao último, os numerosos quartos. Mais houvesse,
e não faltariam para os ocupar estudantes pobres, carteiros e praticantes do correio, repórteres de jornais
efêmeros, moços de botequim, operários de todas as profissões, comparsas e figurantes de teatro, pianistas de
contrato por noite, cantores de igreja, costureiras sem oficina, cigarreiros sem fábrica, barbeiros sem loja,
tipógrafos, guarda-freios, limpa-trilhos, bandeiras de bondes, enfim toda essa pobre gente, rara quem se
inventaram os postos mais ingratos na luta pela vida, os mais precários e os mais arriscados; essa gente que
em tempo de paz morre de fome, e em tempo de guerra dá de comer com a própria carne às bocas de fogo
das baterias inimigas.
Mas, por entre a aflita farandolagem dos ganhadores de pão para a boca, surge sempre na casa de
cômodos um tipo que é o desespero do locador e o tormento dos locatários. Refiro-me ao poeta boêmio.
O poeta boêmio é para o alugador de cômodos o osso do seu ofício. Sem emprego, sem rendimentos
de nenhuma espécie, sem mesada e sem mobília, carregado de sonhos, que são os filhos que lhe deu
Quimera, sua amante, o poeta boêmio vive da desgraça e da glória de ser poeta, atravessando
indiferentemente todos os andares da miséria, olhos fitos no ideal, aos encontrões com os miseráveis que
sobem e com os miseráveis que descem as longas escadarias do negro e frio castelo. Seu pé quase descalço
não respeita o que topa, nem escolhe o terreno que pisa, e vai mundo afora, kneippeando pelos simétricos
canteiros da burguesia indignada e pelos relvosos coradouros das lavadeiras em fúria.
Esse é o anjo mau da casa, o terror dos vizinhos, o malquerido de todos os locatários. Dorme
enquanto os outros trabalham e durante a noite conversa com as estrelas, declamando em voz alta cousas de
amor e de fantasia que, ali, só ele e elas compreendem.
Esse nunca paga.
Mas que importa o calote de um boêmio, cujo quarto era pouco maior que uma sepultura, se os
outros inquilinos aí ficam para ir despejando, todos os meses, na funda algibeira do malandro, os trinta, os
quarenta, os cinqüenta e os cem mil réis; e se com esse dinheiro pode o alugador de cômodos pagar o aluguel
do prédio, e comer, e beber, e gozar, pondo ainda de parte o seu pecúlio em que já se abotoa a futura riqueza
e talvez a futura comenda?
E assim vai vivendo o esperto forasteiro à barba longa, perna alçada e barriga farta, enquanto os outros
trabalham para ele.
Lá um belo dia de fim de mês, um dos estudantes da casa, tendo devorado a mesada, atira a canastra
pela janela e foge em seguida, abandonando a estreita cama de ferro, a mesinha, e o lavatório; e, como os
maus exemplos aproveitam sempre um segundo estudante, e um terceiro e um quarto seguem, como as
famosas pombas de mestre Raimundo Correia, o vôo do companheiro e ca vão ficando no pombal as meias
cômodas, as estantes americanas e as cadeiras compradas no belchior. E outros, e outros inquilinos, atrasados
no pagamento do mês vencido, lá se vão a contragosto. Não já pela janela, mas pela porta da rua, com uma
descompostura atrás, deixando nas gloriosas mãos do triunfador, como despojo de luta, os tarecos que
constituíam a sua mobília.
Então, o dono da casa de cômodos começa a anunciar "Quartos mobiliados" e começa a cobrar aos
novos hóspedes o duplo do que cobrava aos primitivos. E, ao fim de algum tempo, aí está o nosso homem
pondo de parte, a cada mês, o triplo do que dantes punha, porque já não aluga aposento sem mobília e sem
roupa de cama.
São sempre os inquilinos quem guarnece de móveis as hospedarias desse gênero. Daí a ter o que se
chama "Casa de pensão" só vai um passo, e a cousa faz-se quase sempre do seguinte modo: - Como o
malandro nada mais tem a fazer durante todo o mês do que cobrar os aluguéis no dia primeiro, enche as
horas de calor a ensinar habilidades ao seu cão ou ao seu papagaio, e nas horas frescas vai para a calçada da
rua cavaquear com os vizinhos.
Entre estes há sempre uma quitandeira de quem o dono da casa de cômodos, começando por merecer
a simpatia, acaba por conquistar a confiança e o amor. Juntam-se e, quando ela dá por si, está cozinhando e
lavando para todos os hóspedes do eleito do seu coração, sem outros vencimentos além das carícias, que lhe
dá o amado sócio.
Assim chega a empresa ao seu completo desenvolvimento, e o dono da casa de pensão começa a
ganhar em grosso, acumulando forte, sem trabalhar nunca, nem empregar capital próprio, até que um dia,
farto de aturar o Brasil, passa com luvas o estabelecimento e retira-se para a pátria, deixando, naturalmente
também com luvas, a preciosa quitandeira ao seu substituto.
E, quando algum dos inquilinos fala mais alto no seu quarto, ou quando os estudantes e as costureiras dão
para rir e cantar, acode o locador e ordena que se calem, gritando que não admite barulhos em "sua casa".
Sua casa! Ora, eis aí, ao meu ver, uma cousa singularíssima. O aluguel daquele prédio é pago pelos
hóspedes, como é a mesa, o gás, a água e o serviço dos criados. Tudo que ali está dentro foi comprado pelos
locatários e não pelo locador; ali só há um homem que não trabalha e que não paga o lugar que ocupa, nem a
comida que consome, nem o serviço dos que o servem; e é, no entanto, esse homem justamente quem só tem
ali o direito de dizer que está em sua casa e o único que grita e manda como verdadeiro dono.
Será legal, mas é injusto e é duro. Se ao menos o especulador tomasse a responsabilidade do que se
passa dentro da "sua casa", vá, mas nem isso acontece, porque quando os inquilinos são vitimados pelos
gatunos, ninguém lhes responde pelo objeto subtraído.
Entrássemos lá agora, neste instante, e espiássemos para dentro de cada quarto. Neste veríamos um pobre
homem a fazer charutos; naquele uma mulher a coser camisas; mais adiante um artista a desenhar; outro a
decorar um papel de comédia; outro a escrever; outro a consertar relógios; e aqui um estudante às voltas com
uma caveira e um compêndio de medicina; e ali um fotógrafo a preparar clíchês. E, se indagássemos o que
fazem os hóspedes ausentes cujos quartos estão fechados e não garantidos por ninguém, saberíamos que
todos eles andam a ganhar a vida, ao balcão, na rua, nas oficinas, nas secretarias, nas redações das folhas e
nos escritórios de todos os gêneros.
Pois bem! Enquanto toda essa gente moureja, o que faz o locador? O locador, defronte do seu
papagaio, estala os dedos com a mão no ar e, risonho, a babar-se feliz, diz-lhe pela milésima vez: "Papagaio
real, para Portugal! Quem passa meu louro? É o rei que vai à caça!"
Todavia, certo é que dentre toda aquela gente, é ele o único que tem imputabilidade social em nosso meio.
Será justo? Não sei, mas. parece-me que o direito de ter casa de alugar cômodos ou casa de pensão
devia ser conferido pelo governo, como um privilégio de recompensa, somente aos inválidos da pátria, que já
não possam trabalhar, ou às viúvas dos militares, dos artistas e dos filósofos, que se tenham sacrificado em
nossa honra e morrido na pobreza.
Que diabo! não vale a pena fazer propaganda de imigração para termos belos malandros que ensinem
papagaios a falar!
TEXTO 2 – RACIONAIS MC´S: DIÁRIO DE UM DETENTO
São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhãAqui estou, mais um diaSob o olhar sanguinário do vigiaVocê não sabe como é caminhar com a cabeça namira de uma HKMetralhadora alemã ou de Israel
Estraçalha ladrão que nem papelNa muralha, em pé, mais um cidadão JoséServindo o Estado, um PM bomPassa fome, metido a Charles BronsonEle sabe o que eu desejoSabe o que eu penso
O dia tá chuvoso. O clima tá tensoVários tentaram fugir, eu também queroMas de um a cem, a minha chance é zeroSerá que Deus ouviu minha oração?Será que o juiz aceitou a apelação?Mando um recado lá pro meu irmão:Se tiver usando droga, tá ruim na minha mãoEle ainda tá com aquela minaPode crer, moleque é gente finaTirei um dia a menos ou um dia a mais, sei láTanto faz, os dias são iguaisAcendo um cigarro, e vejo o dia passarMato o tempo pra ele não me matarHomem é homem, mulher é mulherEstuprador é diferente, né?Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pésE sangra até morrer na rua 10Cada detento uma mãe, uma crençaCada crime uma sentençaCada sentença um motivo, uma história de lágrimasangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódiosofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempoMisture bem essa químicaPronto: eis um novo detentoLamentos no corredor, na cela, no pátioAo redor do campo, em todos os cantosMas eu conheço o sistema, meu irmão, hãAqui não tem santoRátátátá preciso evitarQue um safado faça minha mãe chorarMinha palavra de honra me protegepra viver no país das calças begeTic, tac, ainda é 9h40O relógio da cadeia anda em câmera lentaRatatatá, mais um metrô vai passarCom gente de bem, apressada, católicaLendo jornal, satisfeita, hipócritaCom raiva por dentro, a caminho do CentroOlhando pra cá, curiosos, é lógicoNão, não é não, não é o zoológicoMinha vida não tem tanto valorQuanto seu celular, seu computadorHoje, tá difícil, não saiu o solHoje não tem visita, não tem futebolAlguns companheiros têm a mente mais fracaNão suportam o tédio, arruma quiacaGraças a Deus e à Virgem MariaFaltam só um ano, três meses e uns diasTem uma cela lá em cima fechadaDesde terça-feira ninguém abre pra nadaSó o cheiro de morte e Pinho SolUm preso se enforcou com o lençolQual que foi? Quem sabe? Não contaIa tirar mais uns seis de ponta a pontaNada deixa um homem mais doenteQue o abandono dos parentesAí moleque, me diz: então, cê qué o quê?
A vaga tá lá esperando vocêPega todos seus artigos importadosSeu currículo no crime e limpa o raboA vida bandida é sem futuroSua cara fica branca desse lado do muroJá ouviu falar de Lúcifer?Que veio do Inferno com moralUm dia no Carandiru, não ele é só mais umComendo rango azedo com pneumoniaAqui tem mano de Osasco, do Jardim D'Abril,ParelheirosMogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim AngelaHeliópolis, Itapevi, ParaisópolisLadrão sangue bom tem moral na quebradaMas pro Estado é só um número, mais nadaNove pavilhões, sete mil homensQue custam trezentos reais por mês, cadaNa última visita, o neguinho veio aíTrouxe umas frutas, Marlboro, FreeLigou que um pilantra lá da área voltouCom Kadett vermelho, placa de SalvadorPagando de gatão, ele xinga, ele abusaCom uma nove milímetros embaixo da blusaBrown: "Aí neguinho, vem cá, e os manos onde é quetá?Lembra desse cururu que tentou me matar?"Blue: "Aquele puta ganso, pilantra corno mansoFicava muito doido e deixava a mina sóA mina era virgem e ainda era menorAgora faz chupeta em troca de pó!"Brown: "Esses papos me incomodaSe eu tô na rua é foda"Blue: "É, o mundo roda, ele pode vir pra cá."Brown: "Não, já, já, meu processo tá aíEu quero mudar, eu quero sairSe eu trombo esse fulano, não tem pá, não tem pumE eu vou ter que assinar um cento e vinte e um."Amanheceu com sol, dois de outubroTudo funcionando, limpeza, jumboDe madrugada eu senti um calafrioNão era do vento, não era do frioAcertos de conta tem quase todo diaTem outra logo mais, eu sabiaLealdade é o que todo preso tentaConseguir a paz, de forma violentaSe um salafrário sacanear alguémleva ponto na cara igual FrankesteinFumaça na janela, tem fogo na celaFudeu, foi além, se pã!, tem refémNa maioria, se deixou envolverPor uns cinco ou seis que não têm nada a perderDois ladrões considerados passaram a discutirMas não imaginavam o que estaria por virTraficantes, homicidas, estelionatáriosUma maioria de moleque primário.Era a brecha que o sistema queriaAvise o IML, chegou o grande dia
Depende do sim ou não de um só homemQue prefere ser neutro pelo telefoneRatatatá, caviar e champanheFleury foi almoçar, que se foda a minha mãe!Cachorros assassinos, gás lacrimogêneoQuem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio!O ser humano é descartável no BrasilComo modess usado ou bombrilCadeia? Claro que o sistema não quisEsconde o que a novela não dizRatatatá! sangue jorra como águaDo ouvido, da boca e narizO Senhor é meu pastor
Perdoe o que seu filho fezMorreu de bruços no salmo 23sem padre, sem repórter.sem arma, sem socorroVai pegar HIV na boca do cachorroCadáveres no poço, no pátio internoAdolf Hitler sorri no inferno!O Robocop do governo é frio, não sente penaSó ódio e ri como a hienaRatatatá, Fleury e sua ganguevão nadar numa piscina de sangueMas quem vai acreditar no meu depoimento?Dia 3 de outubro, diário de um detento.