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Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de Fevereiro). Orientador: Prof. Doutor José Mário Cachada Alberto Domingos Tavares da Silva Porto, Julho 2015

alunos para a obtenção do sucesso escolar Relatório de ... · camaradagem neste ano repleto de ... 4.2.2 Trabalho realizado na comunidade escolar ... profissional, no qual irei

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Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos

alunos para a obtenção do sucesso escolar

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional

apresentado à Faculdade de Desporto do

Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de

estudos conducente ao grau de Mestre em

Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007

de Fevereiro).

Orientador: Prof. Doutor José Mário Cachada

Alberto Domingos Tavares da Silva

Porto, Julho 2015

II

Silva A. (2015). Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos alunos

para a obtenção do sucesso escolar. Porto: A. Silva. Relatório de Estágio

Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto

Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; REFLEXÃO, MOTIVAÇÃO,

EFEITOS DA RETENÇÃO, PROFESSOR.

III

DEDICATÓRIA

Aos meus Pais. Por todos os sacrifícios que tiveram que fazer para que eu

pudesse concluir e realizar o meu sonho.

Obrigada

IV

V

Agradecimentos

Este estágio não teria sido possível sem a ajuda e disponibilidade de

algumas pessoas. Gostaria de deixar os meus grandes e profundos

agradecimentos a todas elas.

À instituição que me acolheu durante dois anos e a todos os professores

que lá trabalham e me ensinaram durante dois anos a maioria dos conteúdos

que sei hoje.

Ao Prof. Doutor Mário Cachada pela orientação, disponibilidade e toda a

ajuda que me prestou durante todo o estágio. Por todo o conhecimento que me

transmitiu e credibilidade que acrescentou ao trabalho.

À Prof.ª Camila Vasconcelos pela disponibilidade que teve para me

orientar e supervisionar, durante este tempo de estágio, e também pelo

trabalho que tenho vindo a realizar com ela ao longo deste ano letivo. Pelo

conhecimento que também me transmitiu, e pelo exemplo que foi, como

professora que é.

Aos meus pais, pelo amor, amizade e educação que me deram durante

toda a minha vida até a este momento. Hoje sou a pessoa que sou por tudo o

que por eles me foi transmitido, e quero-lhes agradecer do fundo do coração,

por todos os sacrifícios que por mim fizeram, e é com enorme orgulho que lhes

dedico este trabalho.

À minha namorada por todo o carinho, amizade e companheirismo que

me tem dado tanto nos bons como maus momentos, pois tem sido a “muleta”

que me tem auxiliado em muitos momentos.

Ao núcleo de estágio, Diogo e Óscar, pela boa disposição e

camaradagem neste ano repleto de aprendizagens e trabalho em conjunto,

proporcionando-me um crescimento tanto a nível pessoal como profissional.

A todos o meu muito OBRIGADO.

VII

Índice Geral

Resumo ....................................................................................................................................... XIX

Abstract ...................................................................................................................................... XXI

Abreviaturas ............................................................................................................................. XXIII

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

2. Enquadramento biográfico ....................................................................................................... 5

2.1. O meu percurso ...................................................................................................................... 7

2.2. Expectativas sobre o Estágio Profissional .......................................................................... 9

3. Enquadramento do Estágio Profissional ................................................................................. 15

3.1. Enquadramento concetual, legal, institucional e funcional do Estágio Profissional ........... 17

3.2 Enquadramento legal, institucional e funcional do Estágio Profissional .............................. 19

3.3.1. Caraterização breve da Escola Secundária Augusto Gomes ............................................. 20

3.3.2. Caracterização da Turma (7ºA) ......................................................................................... 22

4. Realização da prática profissional ........................................................................................... 25

4. Prática Profissional .................................................................................................................. 27

4.1 Área 1- Organização e gestão do ensino e da aprendizagem ............................................... 29

4.1.1. Planeamento ..................................................................................................................... 29

4.1.1.1 Plano anual de Ed. Física ................................................................................................. 29

4.1.1.2 Plano de unidade didática ............................................................................................... 30

4.1.2.3 Plano de aula ................................................................................................................... 31

4.1.2 A realização ........................................................................................................................ 32

4.1.2.1 Controlo/Segurança da turma e criação de rotinas ........................................................ 33

4.1.2.2 A importância da comunicação, da instrução e dos feedbacks ...................................... 35

4.1.3 A avaliação ......................................................................................................................... 37

4.2 Área 2 - Participação na Escola e Relação com a Comunidade ............................................. 39

4.2.1 Corta-Mato ......................................................................................................................... 39

4.2.2 Trabalho realizado na comunidade escolar- Bola na barra / Desporto escolar / torneios

concelhios. ................................................................................................................................... 40

4.2.3 Turmas Partilhadas ............................................................................................................. 42

VIII

4.3 Área 3 – Desenvolvimento profissional ................................................................................ 47

4.3.1. Estudo de Investigação-ação: “Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos

alunos para a obtenção do sucesso escolar”, ............................................................................. 47

4.3.2 Problemática ...................................................................................................................... 47

4.3.3.1. Enquadramento teórico ................................................................................................. 47

Teoria da autodeterminação ....................................................................................................... 48

4.3.3.2 Objetivos do estudo ........................................................................................................ 49

4.3.3.3 Fase Metodológica .......................................................................................................... 49

4.3.3.4 Caracterização da população alvo................................................................................... 49

4.3.3.5 Instrumento de recolha de dados ................................................................................... 50

4.3.3.6 Apresentação dos resultados .......................................................................................... 52

4.3.3.9 Discussão de resultados .................................................................................................. 62

4.3.3.10 Conclusão do Estudo ..................................................................................................... 63

6. Conclusão ................................................................................................................................ 65

Conclusão .................................................................................................................................... 67

7. Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 69

7. Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 71

7. Anexo ....................................................................................................................................... 73

7. Anexo ...................................................................................................................................... xxv

Índice de Quadros

Quadro 1 – Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências pessoais……..…48

Quadro2 – Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das minhas relações

de amizade……………………………………………………………………………………………....48

Quadro 3 – Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas..…………………….49

Quadro 4 – Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados escolares .……….49

Quadro 5 – Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o

meu apoio………………………………………………………………………………………………..50

Quadro 6 – Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia..……………………………50

Quadro 7 – Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo a fazer

melhor no futuro…………………………………………………………………………………………51

Quadro 8 – Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que penso que

deve ser feito…………………………………………………………………………………………….51

Quadro 9 – Procuro fazer cada vez melhor..………………………………………………………..52

Quadro 10 – Procuro ser uma pessoa amável..…………………………………………………….52

Quadro 11 – Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam...…………………………..53

Quadro 12 – Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar...……………………..53

Quadro 13 – Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável…..……………..54

Quadro 14 – Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam de mim….54

Quadro 15 – Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro exercer uma

posição de liderança……………………………………………………………………………………55

Quadro 16 – Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não tenha que

intervir…………………………………………………………………………………………………….55

Quadro 17 – Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o mal-estar

das relações da turma………………………………………………………………………………….56

Quadro 18 – Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não preciso de me

preocupar este ano……………………………………………………………………………………..56

Quadro 19 – Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar a escola, e

em provar que foi desleixo……………………………………………………………………………..57

Quadro 20 – Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior...…………..57

XVI

XVII

Índice de Anexos

Anexo A - Versão final do questionário

XVIII

XIX

Resumo

Com este documento pretendo como objetivo transmitir e refletir de uma forma

crítica sobre o meu estágio Profissional, no âmbito da unidade curricular de

Estágio Profissional, que decorreu neste dois últimos semestres do plano de

estudos do 2º Ciclo de Estudos para a obtenção do grau de Mestre em Ensino

de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, da faculdade de

Desporto da Universidade do Porto.

Sendo este documento de carater pessoal, tem como objetivo transmitir os

acontecimentos vividos durante este ano letivo, que ocorram na Escola

Secundária Augusto Gomes, em Matosinhos. A realização deste Estágio

Profissional teve a cooperação e a supervisão diária da professora Camila

Vasconcelos como professora cooperante, do Doutor Mário Cachada que

desempenhou o papel de professor orientador da faculdade, juntamente com

dois colegas do núcleo de estágio da Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto, nomeadamente o Diogo Martins e Óscar Vilaça.

Este documento está organizado em quatro capítulos diferentes. 1)

Enquadramento biográfico, que se refere a toda a minha vida e percurso

académico de forma resumida, e as minhas expetativas referentes a este

estágio profissional. 2) Enquadramento do Estágio Profissional, neste

capítulo vou referir quais os contextos onde se realizou, mais propriamente ao

nível concetual, legal, institucional e funcional. 3) Realização da prática

profissional, no qual irei abordar sobre a contextualização do estágio, da

escola, dos colegas e dos alunos; 4) Conclusão, neste último capítulo vou

realizar uma breve síntese sobre todo o meu percurso enquanto professor

estagiário. Na elaboração deste relatório de estágio profissional, tentei

transcrever todos os momentos que ocorreram, quer tenham sido momentos de

sucesso ou insucesso, mas que foram importantes para o meu

desenvolvimento pessoal e profissional.

Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; MOTIVAÇÃO, EFEITOS DA

RETENÇÃO, RETENÇÃO ESCOLAR, PROFESSOR.

XX

XXI

Abstract

With this document, I intend to transmit and reflect, in a critical way, about my

professional internship, within the course of Professional Internship, that was

developed in the past two semestersof the study plan from de second cicle of

studies for the obtention of the Master's Degree in Physical Education in

Primary and Secondary Education, in the Sport School of Oporto University.

Being this a document of personal character, its purpose is to transmit the

things lived during this lective year, ocurred in the Escola Secundária Augusto

Gomes, in Matosinhos. The realization of this professional internship had the

frequently cooperation and supervision of the professor Camila Vasconcelos as

coorperative teacher, educator Mário Cachada who played the role of guiding

college teacher, along with two colleagues from the Sport School of Oporto

University's trainig grou, namely Diogo Martins e Óscar Vilaça.

This document ir organized in five diferent chapters.

1) Biographical framework, which refers all my life and academical journey,

briefly, and all m expectations about the internship. 2) Professional Internship

Framework. In this cahpter, I will refer in which context it was develop, more

specifically the conceptual, legal, institucional and functual level. 3)

Professional practice realization, where I will approach the internship context,

school, colleagues ans students. 4) Conclusion. In the last chapter, I will

perform a brief synthesis about all my journey as an trainee. In this internship

report elaboration, I tried to transcribe every moment that ocorred, either they

were success or insuccess moments but that were important to my personal

and professional development.

Key-words: professional internship, motivation, retention effects, school

retention, teacher

XXII

XXIII

Abreviaturas

DE – Desporto Escolar

DT – Diretor de Turma

EE – Estudante-Estagiário

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

ESAG – Escola Secundária Augusto Gomes

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FP – Feedback Pedagógico

MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento

PAA – Planeamento Anual de Atividades do Grupo de Educação Física

PC – Professora Cooperante

PFI – Projeto de Formação Individual

RE – Relatório de Estágio

UT – Unidade Temática

XXIV

1. Introdução

2

3

Introdução

O Relatório de Estágio (RE) surge no âmbito da unidade curricular de

Estágio Profissional (EP), realizado na Escola Secundária Augusto Gomes

(ESAG), e está inserido no plano de estudos do 2º Ciclo de Ensino conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário. O EP é a meta final do percurso enquanto estudante de uma

pratica letiva após um ano mais direcionado para o campo teórico e tem como

fundamento dissiparmos todas as duvidas e pormos à prova todas as

aprendizagens consumadas ao longo de um ano letivo.

O EP é o momento onde encaramos todas as inseguranças e dúvidas,

onde vamos vivenciar pela primeira vez o papel de professor, onde vão surgir

novos desafios, e aprendizagens e superações.

É no EP que vamos ter a responsabilidade de ser docente num contexto

real, onde a responsabilidade vai aumentar mas sempre de forma orientada.

Tem como principal objetivo por no terreno as aprendizagens anteriormente

adquiridas, ou seja, pôr em prática o nosso conhecimento sobre o ensino-

aprendizagem. Como afirma Shön (1992), as aprendizagens que decorrem

de experiências concretas que implicam o envolvimento direto dos

formandos em atividades e contextos reais de trabalho são as aprendizagens

mais ricas e duradouras.

Este documento visa expor todo o trabalho realizado ao longo do ano

letivo. Nele vou transmitir as vivências e experiencias ocorridas, bem como

espelhar a evolução que tive ao longo do EP.

Este RE está assim dividido em quatro partes distintas, sendo em cada

uma delas abordados diversos temas e matérias referentes ao decurso da

minha prática pedagógica.

Este documento está organizado em quatro capítulos diferentes. 1)

Enquadramento biográfico, que se refere a toda a minha vida e percurso

académico de forma resumida, e as minhas expetativas referentes a este

estágio profissional. 2) Enquadramento do Estágio Profissional, neste

4

capítulo, vou referir quais os contextos onde se realizou, mais propriamente ao

nível concetual, legal, institucional e funcional. 3) Realização da prática

profissional, no qual irei abordar sobre a contextualização do estágio, da

escola, dos colegas e dos alunos; 4) Conclusão, neste último capítulo vou

realizar uma breve síntese sobre todo o meu percurso enquanto professor

estagiário.

Com a realização deste EP tive a oportunidade de vivenciar o sonho que

é o caminho que desejo percorrer durante a minha vida, ou seja, desempenhar

a profissão de docente e ao mesmo tempo experienciar tarefas distintas além

do papel de professor de educação física, como acompanhar o trabalho do

Diretor de Turma nas suas diversas funções, ou através da convivência com

outros agentes educativos, fazendo com que seja indiscutível o papel destes no

meu percurso e evolução.

Foi a partir deste percurso, que se tornou indispensável, para me guiar ao

objetivo traçado inicialmente: a competência enquanto docente. Mesmo tendo

dificuldade em determinados momentos, a constante procura de soluções e a

aprendizagem e vivências diárias, permitiu-me evoluir a cada momento

passado. Foi através deste percurso, tentando ultrapassar os obstáculos sem

nunca desistir que fez com que, vencer e evoluir gradualmente tenha sido o

objetivo traçado ao logo deste EP.

5

2. Enquadramento biográfico

6

7

Enquadramento Biográfico

2.1. O meu percurso

O meu nome é Alberto Domingos Tavares da Silva, nasci no dia 16 de

Março de 1989, em Pardilhó, vila do concelho de Estarreja do distrito de Aveiro,

e foi nesta vila que residi toda a minha vida.

Desde muito cedo que pratico desporto, inclusive comecei a praticar

andebol por volta dos meus 5/6 anos de idade, ou seja, além da disciplina de

educação física que sempre esteve presente no meu percurso académico,

praticava fora da escola o andebol. Comecei por praticá-lo no Saavedra

Guedes (clube da região em que vivo). Inicialmente comecei por jogar como

jogador “da frente” mas ao fim de um ano decidi experimentar ser Guarda-

redes até infantil de último ano (época 2000/2001). Na época seguinte, e

devido ao meu porte atlético, foi-me sugerido voltar a jogar à “frente”. Após

terminar a época recebi vários convites para ingressar noutros clubes incluído o

FC Porto, mas devido às dificuldades de transporte acabei por ir para a

Associação Artística de Avanca, clube que me ia buscar e levar a casa e que

se encontrava na 1º divisão em vários escalões de formação. Durante a minha

formação sempre fiz parte da seleção de Aveiro e inclusive cheguei a marcar

presença num treino para a seleção nacional.

Durante a minha formação consegui conquistar alguns títulos, mas já em

sénior atingi um título que me marcou muito, foi o título de campeão nacional

da segunda divisão e onde me sagrei o melhor marcador da equipa.

Após esta conquista permaneci mais um ano no clube onde voltei a

jogar na primeira divisão nacional. Nessa época desportiva com um plantel

pequeno, mas humilde e trabalhador, conseguimos atingir o difícil objetivo de

permanecer na primeira divisão.

Devido a alguns conflitos e ao não chegar a acordo relativamente às

ajudas de custo, tive de abandonar o clube, pois achei que não estava a ter o

valor que o clube me deveria dar, ou seja abandonei o clube que representei

durante 13 anos. Atualmente abracei um projeto (treino a equipa de iniciados

masculinos) do Estarreja Andebol Clube, clube este que se encontra a 10km da

8

Enquadramento Biográfico

minha residência e que tem um projeto muito ambicioso, e pelo qual decidi

dedicar-me. Mas nem sempre foi o andebol a única modalidade que eu

pratiquei a nível federado; quando tinha 13/14 anos decidi experimentar ao

mesmo tempo a canoagem, na qual praticava k1. Nesta modalidade acabei por

obter alguns títulos regionais, e obter uma boa prestação em K4 nos nacionais.

Nesta modalidade acabaria por abandonar ao fim de 2 anos, pois tinha de optar

por uma só modalidade, e a decisão acabou por recair sobre o andebol.

Mas o meu currículo desportivo não se fica só por atleta, desde muito

cedo gostei de ensinar, e em 2007/2008 comecei a dar treinos a uma equipa de

juniores feminina no clube onde iniciei o andebol. No ano seguinte a

Associação Artística de Avanca convidou-me para juntamente com outra

treinadora, treinar a equipa de infantis masculinos. Fui treinador da mesma

equipa durante dois anos, e após este tempo, devido ao facto de ir tirar a

licenciatura para a Guarda tive de abandonar o cargo de treinador por falta de

disponibilidade.

Em 2012/2013 voltei novamente a abraçar um projeto de formação no

escalão de infantis na Associação Artística de Avanca, mas após terminar a

época deixei o clube como jogador e como treinador. No ano seguinte

2013/2014 após vários convites ingressei no Estarreja Andebol Clube, como

treinador de iniciados e como atleta sénior onde até a atualidade me encontro.

Após descrever o meu percurso de forma sucinta no mundo do desporto

e a minha paixão pelo mesmo, mais propriamente pelo andebol, vou agora

mencionar também de forma sucinta o meu trajeto académico.

Iniciei o primeiro ciclo na escola básica 1,2,3 de Pardilhó onde me

mantive até terminar o 9º ano sem nunca “perder” um ano.

Após concluir o 9º ano, tive de me deslocar para outra escola, para outra

localidade, pois em Pardilhó não existe nenhuma escola que me permitisse

realizar o secundário. Então decidi ir para Ovar tirar o curso de ciências e

tecnologias, mas ao fim de alguns meses, desisti do curso e no ano seguinte

ingressei no curso tecnológico de desporto na mesma escola em Ovar, Escola

9

Enquadramento Biográfico

Secundária júlio Diniz.

Concluído o secundário ingressei na Universidade de Aveiro na primeira

Fase de candidaturas ao ensino superior em Matemática e na segunda fase de

candidaturas em Economia. Novamente no final do ano letivo voltei a mudar de

curso e devido há minha prova de ingresso ser matemática, entrei no curso de

desporto no Instituto Politécnico da Guarda. Ao fim de 3 anos terminei a

licenciatura e estive um ano sem estudar onde me dediquei a 100% ao

andebol, jogando na 1º divisão e como treinador (tinha como função a captação

de crianças para o clube junto das escolas de Avanca), e tirei o curso de

Personal Trainer no Homes Place.

Ao fim deste ano matriculei-me no mestrado na FADEUP, onde me

encontro a realizar o segundo ano de mestrado no curso Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário.

2.2. Expectativas sobre o Estágio Profissional

Com a realização do Projeto de formação individual (PFI) acabei por

refletir um pouco mais sobre esta nova etapa da minha vida. Este trabalho

levou-me a refletir desde o passado, presente e futuro próximo, mais

propriamente o ano de estágio que realizei.

Foi interessante relembrar as várias etapas da minha vida até à

atualidade e pensar em todas as alegrias e dificuldades que encontrei nesta

minha vida académica e pessoal até ao momento, e perceber e entender todas

as dificuldades que tive de ultrapassar ao logo deste ano letivo.

Com a realização do PFI, fui-me consciencializando que este foi o meu

EP, onde fui talhando um caminho cheio de alegrias e dissabores, onde fui

alcançando o sucesso a nível prático, mas ao mesmo tempo cheio de dúvidas

e à procura de respostas constantemente.

Espero e acredito, que eu, o núcleo e a professora cooperante trabalha-

mos todos no sentido de transmitirmos e aprofundarmos os conteúdos e

10

Enquadramento Biográfico

valores em que acreditamos, da forma que consideramos ser a mais correta,

no sentido que os jovens de hoje sejam os homens de amanhã numa

sociedade cada vez melhor.

Após o primeiro impacto inicial, as minhas preocupações começaram a

surgir, isto porque a turma demonstrou na primeira aula grande desinteresse

pela disciplina, ou seja, as primeiras expetativas levaram-me a ponderar sobre

como poderia desenvolver (enquanto futuro docente utilizando todos os

conhecimentos teórico-práticos adquiridos até ao momento), a imprevisibilidade

de situações da lecionação que iriam surgir no espaço de aula. A juntar a estes

fatores o facto da possível heterogeneidade dos alunos da turma.

Por outro lado, a maioria dos alunos vê a aula de EF como se de um

momento lúdico se tratasse, onde se podem divertir, sem o rigor exigido nas

outras disciplinas, por outras palavras, acabam por não levar a aula de EF de

uma forma séria. Um dos meus objetivos era combater esta situação, mudando

e invertendo estas mentalidades. Esta vontade fazia parte das minhas

expetativas, assim como promover uma aula dinâmica, motivadora e

enriquecedora. Com estes aspetos poderia conduzir os alunos a um estilo de

vida diferente do que a maioria dos jovens tem hoje em dia.

Apesar de não conhecer a turma que queria trabalhar durante o EP,

sempre desejei que os alunos entendessem a real importância da EF e a

encarassem enquanto componente letiva.

A execução destes objetivos inicialmente traçados, como saber ensinar

de forma clara e objetiva, conseguir emitir feedback no momento correto, a

evolução do aluno, foram algumas das principais competências que queria

desenvolver e dominar. Outro aspeto que queria melhorar, era gerir com

eficácia o tempo disponível de cada aula de EF que por si só já é reduzido, e

ser capaz de realizar um controlo ativo da turma. Estes foram pareceres que

tentei desenvolver ao longo do EP, sendo aplicados diariamente e que de certa

forma foram melhorando ao longo do tempo.

Existia porem o receio de não conseguir aplicar e desenvolver

11

Enquadramento Biográfico

exercícios com a progressão mais adequada para certas modalidades, sendo

que a incerteza e a insegurança por falta de experiencia no terreno eram

evidências, mas foi em grande parte colmatado pelos conteúdos adquiridos no

ano anterior enquanto aluno universitário na FADEUP, pela ajuda da

professora cooperante e pelos meus colegas que completavam o núcleo de

estágio.

Estes momentos de lecionação verificaram-se em algumas modalidades

como por exemplo a natação, que me atormentava bastante até ao dia em que

tive de lecionar a modalidade.

A questão do processo de observação também era um aspeto que me

inquietava, visto que o modo de como iria evoluir era a partir do treino, ou seja,

neste processo para conseguir realizar tinha de conseguir ter uma visualização

panorâmica de todo o espaço e conseguir focar-me em determinados

momentos devido aos critérios que se pretendem observar.

Damas e Ketele (1985, p. 20) consideram que a “observação é um

processo fundamental que não tem fim em si mesma, mas se subordina e se

põe ao serviço de processos mais complexos, tais como a avaliação,

o diagnóstico, o julgamento (formulação de juízo) ”.

Tendo em conta isto, comecei a conseguir “fragmentar” os movimentos

que compunham um gesto técnico específico, observando o mesmo movimento

em execução, e após essa observação, conseguir avaliar a partir de um juízo

de valor firmado. Esta tarefa demorou algum tempo a ser adquirida.

O meio e contexto escolares que encontraria, os futuros alunos e colegas

docentes, foram também aspetos que me perturbavam, pois o facto de ser a

minha primeira experiencia como docente, e pelo facto de que a escola se

encontrava em obras (já se encontravam em curso antes da minha entrada

nesta). Este aspeto verificou-se também nos meus colegas do núcleo de

estágio. Esta minha inquietação também se verificou em relação à professora

cooperante (PC) e ao professor orientador da faculdade, pois as minhas

12

Enquadramento Biográfico

referências em relação aos mesmos era inexistente.

Depois do primeiro contato com o núcleo de estágio foi possível retirar

as primeiras ilações e perceber que a boa disposição era uma constante, bem

como o facto de que era possível estarmos todos em sintonia para atingir o

mesmo objetivo apesar de sermos bastantes diferentes uns dos outros.

A nível de partilha de conhecimentos e trabalho de equipa, foram

aspetos que levaram a rotinas de trabalho constantes, o que levou a que

existisse uma evolução coletiva.

Para toda esta evolução o papel desempenhado pela PC foi

fundamental, que foi além das minhas expetativas iniciais. As diárias reflexões

pós aula, bem como todos os conselhos e constantes preocupações que tinha

connosco, fez com que pudéssemos desenvolver todas as nossas

competências evoluindo constantemente em todos os parâmetros. Tornei-me

enquanto docente, mais consciente, mais reflexivo. O facto de ter de realizar

constantemente reflexões sobre o trabalho desenvolvido, analisar o

comportamento dos alunos, e questionando constantemente sobre a minha

prática letiva, juntamente com os feedbacks da PC, tiveram um papel decisivo

para uma prática profissional enquanto docente. Devo referir que também os

meus colegas do núcleo de estágio e o professor orientador da faculdade,

cada um à sua maneira, me foram guiando e ajudando ao longo deste

processo de formação.

De salientar também que para além dos acima referidos todos os

demais intervenientes do contexto escolar surpreenderam-me e superaram as

minhas expetativas iniciais, pois todos foram vitais para o meu processo de

integração e desenvolvimento na comunidade educativa. A disponibilidade

constante demonstrada por estes levou a que existisse uma rápida integração

da minha parte, ao mesmo tempo que fez-me sentir que sempre que

precisasse do seu auxílio, ele iria ser prestado rapidamente.

Durante a realização do EP, posso dizer que este ficou marcado como

sendo um trabalho árduo, e que necessitou de muita exigência e ao mesmo

tempo persistência, pois só assim, neste momento posso me sentir mais

13

Enquadramento Biográfico

realizado pois acho que as vivencias que tive foram fundamentais para o meu

crescimento e desenvolvimento como docente e como pessoa.

14

15

3. Enquadramento do Estágio Profissional

16

17

Enquadramento do Estágio Profissional

Este próximo capítulo terá como pontos abordados, a maneira dinâmica

e ativa como se processou o EP, e como teve um papel importante no

desenvolvimento da minha formação enquanto futuro docente na área da EF. É

este capítulo que se irá demonstrar importante para se observar a estrutura do

atual EP, e a forma de como o local onde o realizei teve influência no papel de

docente e as normas e condições em que tive um papel ativo.

3.1. Enquadramento concetual, legal, institucional e funcional

do Estágio Profissional

O EP é uma época marcante e decisiva para dar seguimento a todo o

processo de formação enquanto professor. Mesmo antes de tentarmos concluir

este objetivo devemos perceber toda a dinâmica da profissão e obter todas as

“ferramentas” essenciais tanto a nível pessoal como profissional, para a

obtenção do sucesso.

A tomada de consciência do professor referente ao processo de

formação e ensino-aprendizagem dos alunos é de todo importante, pois só

assim é que se consegue obter uma melhor formação do aluno.

O EP tem como papel a criação de um pensamento de formação inicial e

continua, sendo então o local ótimo para se poder aplicar todos os saberes

adquiridos, para alem de que é um excelente local para se adquirir novos

saberes a partir de experiências de novas praticas pedagógicas formais e

concretas.

Com base nisto e segundo Albuquerque et al. (2005, pp. 73-74), o EP

é assumido pelos professores orientadores como um “momento decisivo

do desenvolvimento profissional, marcado pelo cunho de experiência

prática”, reunida no ensino. Podemos então dizer que o docente é alguém

que tem como objetivo aplicar e contextualizar os seus conhecimentos,

mas sobretudo, tem de conseguir resolver os desafios que surgem por

parte da escola e também por parte dos alunos

18

Enquadramento do Estágio Profissional

Só confrontando todas estas situações, é que nos é possível obter

estas competências, ou seja, só é possível adquirir tais competências

através da vivência de experiencias no EP.

Como refere Nóvoa (1992, p. 28), “a formação passa

pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de

trabalho pedagógico”.

É no EP que nos deparamos com diversos tipos de situações presentes

no dia-a-dia da profissão, sendo obrigatório ao docente ter de ajustar todos os

conhecimentos adquiridos na formação académica nos anos anteriores, ou

seja, conseguir adaptar os conhecimentos adquiridos ao contexto escola, aos

alunos, e ao contexto de estágio.

Pelos factos anteriormente referidos, é necessário existir a reflexão por

parte do formando no EP, pois só assim se pode desenvolver como um

professor crítico e reflexivo, sobre o seu trabalho realizado.

Para que o formando obtenha as capacidades acima referidas, o PC é

fundamental e desempenha um papel decisivo, pois é com o seu auxílio e

acompanhamento que estas capacidades se vão desenvolver e melhorar

constantemente, pois a sua experiencia, e a sua instrução são fundamentais

para o mesmo.

O trabalho de equipa desenvolvido entre o PC, o EE e os alunos levou a

que a evolução a nível do desenvolvimento fosse uma constante, devido ao

trabalho desenvolvido por esta equipa ao longo do ano letivo.

Outro papel importante tem o professor orientador da universidade, pois

após as observações por si realizadas, realiza as reflexões sobre o trabalho

executado, que leva tanto a PC como o EE a obter uma visão diferente, e que

de forma construtiva, permite obter uma “opinião” diferente dos que estão no

“terreno”. Este trabalho é imprescindível durante a realização do EP, pois

permite corrigir e “encaminhar” o trabalho que se vem desenvolvendo ao longo

do ano letivo.

Posto isto, e tendo em conta o papel de professor, é visível todo o

19

Enquadramento do Estágio Profissional

crescimento que poderá ocorrer vem como as mudanças que poderão existir,

nomeadamente a visão que o EE tem de si mesmo, da forma como encarará,

tendo em consideração as suas capacidades, em enfrentar desafios enquanto

docente, mas também a maneira de estar e forma como se relacionará com os

outros.

3.2 Enquadramento legal, institucional e funcional do Estágio

Profissional

O EP encontra-se como uma unidade curricular, inserida no plano de

estudos do 2º ano, do 2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, da FADEUP.

A FADEUP estabelece protocolos com inúmeras escolas, de forma a

proporcionar uma formação profissional, séria e com qualidade a todos os

estudantes estagiários, que serão inteiramente acompanhados por um PC

(da escola) e por um professor orientador do seu estabelecimento de ensino

(da faculdade).

De acordo com as normas orientadoras do EP, O Estágio Profissional

entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do

conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa

interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento

no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do

professor profissional, promotor de um ensino de qualidade (Matos, 2012a, p.

3). Assim, o estudante estagiário deve apresentar competências, baseadas nas

seguintes áreas de desempenho:

Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”

Área 2 – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade”

Área 3 – “Desenvolvimento Profissional”

20

Enquadramento do Estágio Profissional

Posto isto, é da competência do estudante estagiário: cumprir com as

tarefas previstas nos documentos orientadores do EP; elaborar e realizar o seu

projeto de formação (PFI); prestar o serviço docente nas turmas que lhe forem

designadas realizando as tarefas de planificação, realização e avaliação

inerentes; participar nas reuniões dos diferentes órgãos da Escola, destinadas à

programação, realização e à avaliação das atividades educativas; participar nas

sessões de natureza científica cultural e pedagógica, realizadas na Escola ou na

Faculdade; elaborar e manter atualizado o portefólio do Estágio Profissional;

observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários;

assessorar os trabalhos de direção de turma, de coordenação de grupo, de

departamento de modo a percorrer os diferentes cargos e funções do

professor de Educação Física; e elaborar e defender publicamente o Relatório

de Estágio, de acordo com o definido nos artigos 7º e 9º do Regulamento do

segundo ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em ensino da

Educação Física nos ensinos básico e secundário (Matos, 2012b, p. 6).

3.3.1. Caraterização breve da Escola Secundária Augusto

Gomes

No presente ano letivo encontro-me a estagiar na Escola Secundária

Augusto Gomes (ESAG). É uma escola do 3º ciclo do ensino básico e do

ensino secundário. Este estabelecimento de ensino funciona desde 1972 como

liceu Nacional de Matosinhos. Desde 1989 tem como Patrono Augusto Gomes

de Oliveira. Augusto Gomes (1910 -1976), que nasceu viveu e faleceu em

Matosinhos, tinha como profissão o ser pintor, e tendo a escola uma tradição

artística, homenageou-o dando-lhe o seu nome. A escola localiza-se na cidade

de Matosinhos.

A ESAG nasce oficialmente na atual localização em 1972, e tinha a designação

de Liceu Nacional de Matosinhos, no entanto, entre 1964 e 1972 funcionou no

antigo edifício do tribunal de Matosinhos uma secção do Liceu

21

Enquadramento do Estágio Profissional

Normal D. Manuel II (que sita agora a escola Secundária de Rodrigues de

Freitas. No ano de 1979, receberia a designação de Escola Nº 2 de

Matosinhos, e, em 1989, passaria a chamar-se Escola Secundária de Augusto

Gomes – Matosinhos. Mais recentemente, em 2002, esta passaria a ser a

Escola Secundária com 3º ciclo Augusto Gomes. Mais recentemente, voltou a

ser identificada como Escola Secundária Augusto Gomes.

Parte do espaço escolar é novo, sendo que a outra parte se encontra em

obras (completamente paradas, dado que os espaços desportivos são os mais

prejudicados, porque são inexistentes. A solução encontrada para este

problema, foi utilizar os espaços polidesportivos, como por exemplo o campo

da junta de freguesia (campo sintético, com medidas reduzidas de futsal, com

duas balizas), a piscina municipal, o antigo centro de recursos educativos

(espaço um pouco maior que uma sala de aula) que faz de ginásio, o ginásio

do Jardim Escola João de Deus, e futuramente a NAVE. Apesar de todas estas

condicionantes, os alunos continuam a ter aulas de educação física, e onde

lhes é disponibilizado um bom leque de modalidades. A meu ver para o meu

estágio acaba por ser uma experiencia muito positiva apesar de todas estas

controvérsias, pois fico com uma experiencia algo diferente e aumento a minha

flexibilidade em relação a tudo que é realizado e planeado, ficando mais

preparado para as dificuldades com que me posso deparar no futuro.

As aulas de Educação Física são lecionadas por 8 professores e 3

professores estagiários, provenientes da FADEUP.

O grupo de Educação Física funciona como um grupo unido, em que

tomam as decisões em conjunto. A minha professora cooperante, a Professora

Maria Camila Vasconcelos, teve um importante papel na nossa receção e na

integração dos estagiários no grupo de Educação Física, não obstante esse

facto, todos os seus elementos nos receberam da melhor forma, mostrando-se

disponíveis para ajudar e integrar, o que ajudou o nosso início nesta nova

etapa.

22

Enquadramento do Estágio Profissional

3.3.2. Caracterização da Turma (7ºA)

No meu EP, a turma que lecionei foi o 7ºA. Uma turma bastante

indisciplinada e muito heterogénea tanto em idades, personalidades, e aptidão

física. Esta turma era de certa forma uma turma diferente, visto que, era

composta só por alunos que foram retidos no ano letivo anterior, sendo que

alguns deles já tinham mais que uma retenção. Como é normal, esta turma foi

designada para a minha PC, que sempre se demonstrou bastante exigente e

competente ao longo do EP. De referir que a PC este sempre presente em

todas as aulas e momentos por mim lecionados, o que levou a uma supervisão

constante de todo o meu trabalho desenvolvido, ao mesmo tempo que no fim

realizávamos sempre um pequeno “dialogo” para que eu fosse alertado para

fatores e acontecimentos que não me tinha apercebido passado durante a aula.

Na primeira aula foi realizado sobre a minha supervisão e orientação

uma “Ficha de Caraterização Individual”, construída previamente pelo núcleo

de estágio de EF da FADEUP desta escola, com o objetivo de fazer a

caraterização da turma do 7º A.

Esse trabalho, referente à Caracterização da turma 7º A da Escola

Secundária Augusto Gomes, teve como objetivo um conhecimento individual e

qualitativo dos alunos, partindo do tratamento dos dados fornecidos por estes,

de forma a realizar um enquadramento social e cultural.

Essa ficha foi estruturada por áreas de importância, sendo aqui

retratados os dados dos alunos e seus progenitores, estando dividas então

desta forma: Caraterização da turma: Dados pessoais, Encarregado de

educação, Agregado familiar, Caraterização escolar, Deslocações, Saúde, A

Educação Física, Hábitos do quotidiano, Ocupação dos tempos livres.

Estes dados permitirão uma visão global da turma, sendo uma

importante ajuda para um conhecimento mais profundo de cada aluno, sendo

que, estes dados serão conjugados com os seus comportamentos e prestação

motora observados durante as aulas.

23

Enquadramento do Estágio Profissional

Resumindo, de salientar que a turma era constituída por 24 alunos,

sendo que destes, 9 eram do sexo Masculino e 15 do sexo feminino. Apesar de

existir algumas diferenças relativamente ao número, durante o ano letivo, foi

possível criar grupos mais homogéneos a nível de género, visto que durante as

aulas existia sempre alunas do sexo feminino que não realizavam a aula por

diversos motivos, sendo que o principal, era por falta de equipamento.

Relativamente ao escalão etário, a turma continha alunos com idades

entre os 14 e os 16 anos, sendo que a maioria tinha 15 anos.

Na turma do 7ºA de referir que não existia alunos com condições

patológicas, sendo que, existiam alguns alunos asmáticos, aos quais se teve a

devida atenção para que ao realizarem as aulas de EF não se proporcionasse

nenhuma crise.

Foi dada, no entanto, especial atenção aos alunos asmáticos e às

condições que poderiam desenvolver estas crises, bem como aos alunos com

problemas físicos que condicionassem a sua prestação motora, sendo-me

atribuída a função de zelar pelo bem-estar físico destes alunos. Para além disto

outro aspeto que foi tido em atenção foi o facto da maioria da turma não

praticar desporto, por outras palavras, foi tido em atenção a carga física a

aplicar, mas sempre com o objetivo de combater o sedentarismo, ao mesmo

tempo que se procurava desenvolver a aptidão física dos alunos.

Estes foram alguns aspetos relevantes da turma. Este trabalho serviu

como suporte para um maior conhecimento da turma e dos seus intervenientes,

pois é tão importante saber como ensinar como ao mesmo tempo saber a

quem vamos ensinar. Alem disto tem de se ter em conta os meios disponíveis

na escola e tem de se fazer uma adaptação de todos estes fatores.

24

25

4. Realização da prática profissional

26

27

Realização da Prática Profissional

4. Prática Profissional

Com a chegada do momento da realização do EP, ou seja, o momento

que todos os alunos do Mestrado de ensino tanto ambicionam, onde podemos

colocar todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos até ao momento,

mas de uma forma mais objetiva sempre de uma forma adaptada devido a

cada aluno ter capacidades de aprendizagem diferentes. Então por assim dizer

é neste momento que um EE inicia o processo de ser professor. Lecionamos

uma turma durante um ano letivo, para além das turmas partilhadas, e

vivenciamos de perto o dia-a-dia de um professor, nas diferentes tarefas que

este desempenha.

O papel que o professor atual, já em nada se assemelha ao que

tinha na minha entrada para a escola. Na atualidade, este desempenha

mais funções no contexto letivo e não letivo, apesar de que a lecionação

continua a ser o papel principal da escola. Para além deste papel o

professor tem a componente não letiva, onde desempenha varias

funções, nomeadamente de diretor de turma, Conselho Geral e

Pedagógico, coordenação de diretores de turma e departamento, entre

outros.

Todas estas funções são desenvolvidas a nível nacional adaptando-

se depois ao contexto onde cada escola se insere.

Até à chegada do primeiro dia da nova etapa da minha vida, imaginei

como iria decorrer o primeiro dia, as emoções sentidas, o nervosismo e

ansiedade estavam presentes de forma inexplicável. Mas as emoções sentidas

no primeiro dia foram recompensadoras por tudo o que anteriormente tinha

passado. O facto de ser tratado por “professor”, algo que sempre tentei e

ambicionei não tem palavras para descrever. Era o culminar de muitos anos de

sacrifícios e um objetivo cumprido. Era o significar de acarretar uma enorme

responsabilidade, ou seja, de conseguir passar para os alunos os

conhecimentos que fui adquirindo ao longo desta minha vida académica, e de

28

Realização da Prática Profissional

lidar com jovens, ao qual eu tenho o papel preponderante na sua formação

académica e pessoal.

29

Realização da Prática Profissional

4.1 Área 1- Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

4.1.1. Planeamento

Segundo Bento (2003, p. 8), planeamento “significa uma reflexão

pormenorizada acerca da direção e do controlo do processo de ensino numa

determinada disciplina”.

O professor, para realizar um bom trabalho tem o dever de o preparar de

antemão, ou seja, tem de fazer uma pesquisa sobre a atividade que vai

realizar. Tal como em outras áreas de ensino, o professor de EF tem a

obrigação de estudar e ser conhecedor das matérias de ensino que vai

lecionar, bem como quais as metodologias que irá adotar. Para isso tem de

verificar as condições existentes para a pratica, bem como qual a turma à qual

será submetido o ensino. Após concluir esta tarefa, posteriormente, deverá

então recorrer à planificação anual (PA), da unidade didática (UD) e por fim ao

plano de aula.

4.1.1.1 Plano anual de Ed. Física

No decorrer do início do EP foi necessário realizar alguns trabalhos,

neste sentido, o PA foi dos primeiros documentos a ser realizado.

Para a realização deste trabalho, tive de ter em conta o projeto

curricular de educação física, e o roulement de espaços. Como neste

estabelecimento de ensino, a escola se encontra em obras, e os espaços

desportivos que temos são algo limitados, a tarefa de realizar não foi de fácil

execução. Desta forma, e como por exemplo na piscina municipal o horário no

qual a escola poderia usufruir não coincidia com o horário que a turma do 7ºA

tinha ou o campo da junta que era ao ar livre, ainda acabou por complicar mais

a construção do PA. Para dificultar mais a tarefa, tínhamos de ter em conta

que em Matosinhos existem os torneios concelhios, atividade que decorre

30

Realização da Prática Profissional

durante 1 semana, para além de que a minha turma tinha atividade “extra

curriculares” (como por exemplo educação para a sexualidade, ou sessões na

casa da juventude com o objetivo de melhor a comunicação e a parte social), e

que por norma ocupa o horário de educação física.

Apesar destas adversidades, definiu-se que em cada período se iria

abordar 2 modalidades, isto também, porque durante o ano o facto de não

termos espaços desportivos disponíveis obrigou a que por vezes a aula

tivesse que ser de carater teórico. Assim sendo no primeiro período abordei a

ginástica de solo e o futebol, no segundo período abordei o andebol, e a

ginástica acrobática, e no terceiro período o voleibol.

O PA acabou por se tornar ao logo do ano como o meu calendário

pessoal.

4.1.1.2 Plano de unidade didática

Segundo Bento (2003, p. 75) as Unidades Didáticas são partes

essenciais do programa da disciplina, visto constituírem unidades fundamentais

e integrais do processo pedagógico e por apresentarem aos professores e

alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem.

Para elaborar a UD tive de ter por base o Modelo de Estrutura do

Conhecimento (MEC) de Vickers (1990).

O objetivo da elaboração deste documento, é que possa planear para

cada modalidade todos os pormenores importantes, de uma forma mais

específica e minuciosa. A UD divide-se então em oito módulos, sendo que

primeiro módulo refere-se mais ao estudo da modalidade desportiva e sobre os

conteúdos a abordar, nomeadamente nas categorias transdisciplinares. De

seguida vem o módulo dois e três que se refere à análise do meio envolvente e

dos alunos. Estes dois módulos tem um papel fundamental pois é nestes dois

módulos que ficamos a saber quais os materiais e espaços que existem para a

lecionação das aulas. O módulo quatro refere-se à sequência e extensão dos

31

Realização da Prática Profissional

conteúdos. Um bom planeamento deste módulo é de extrema importância pois

este vai-nos acompanhar durante toda a modalidade. Nele podemos consultar o

que abordar em cada aula, seguindo uma progressão lógica atendendo

ao tempo disponível. No módulo cinco e seis, refere-se à criação e definição

dos objetivos por cada nível de ensino e como será realizada a avaliação, ou

seja, nestes dois módulos podemos consultar os objetivos que pretendemos

que os alunos atinjam e assim podemos construir e definir a avaliação. O

módulo sete engloba-se quais os exercícios e progressões que poderão ser os

mais adequados aos conteúdos que se pretende ensinar. E por ultimo, o

módulo oito refere-se à aplicação da planificação construída. Para Bento

(2003, p. 60) “O planeamento a este nível procura garantir, sobre tudo, a

sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e organizar as

actividades do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da

acção pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo visível e

sensível para o desenvolvimento dos alunos”.

4.1.2.3 Plano de aula

Segundo Bento (2003, p. 101) “a aula é realmente o verdadeiro ponto

de convergência do pensamento e da ação do professor”. Por assim dizer, o

plano de aula tem de ser antecipadamente pensado, idealizando sempre como

será que a aula irá correr. Para isso tem de se ter em conta todos os

intervenientes da aula, como por exemplo, a distribuição dos alunos, o numero

de material disponível, como rentabilizar o tempo, qual o espaço em que se irá

lecionar, entre outros.

O plano de aula é um documento orientador, ou seja, tem como base na

sua realização a UD. Para a realização do mesmo, um aspeto que a PC insistia

era que este documento deveria ser prático e de fácil consulta, mas que tivesse

o essencial. Para que tal se sucedesse este deveria estar dividido nas

seguintes categorias: os objetivos comportamentais, em situação de

32

Realização da Prática Profissional

aprendizagem, e as componentes críticas

Para além das categorias a cima referidas, o plano de aula também se

dividia em três partes, nomeadamente a parte inicial, fundamental e final.

Sendo assim, a parte inicial destinava-se a apresentação aos alunos dos

objetivos da aula e posteriormente à preparação motora dos alunos para a

prática desportiva. A parte fundamental, consistia na realização dos exercícios

com o fim de trabalhar para atingir nos objetivos traçados e a parte final era por

assim dizer um retorno à calma onde por norma ocorria sempre um diálogo

com os alunos para fazermos um balanço do decorrer da aula.

Esta não foi das tarefas que a meu ver me criou mais dificuldades, isto

porque, pelo facto de ser treinador, e já ter alguns hábitos de trabalho no que

diz respeito a pesquisa e criação de planos de aula, acabou por fazer com que

me sentisse algo à vontade perante esta tarefa. A meu ver nesta tarefa, o que

tive mais dificuldade foi a forma como me expressava, que por vezes não era a

melhor. Para combater estas dificuldades a PC teve um papel fundamental,

pois em todas as aulas, no fim das mesmas, ficava comigo a corrigir-me e a

aconselhar-me sobre a melhor forma de elaborar a minha maneira de me

expressar no papel. Para Bento (2003, p. 190) “a reflexão posterior sobre a

aula constitui a base para um reajustamento na planificação das próximas

aulas, uma vez que proporciona uma definição mais exata do nível de partida

e procede a balanços que devem ser tomados em conta na futura planificação e

organização do ensino”.

4.1.2 A realização

Durante o EP foram inúmeras as experiencias inesquecíveis que

surgiram e me enriqueceram, mas de longe pensar que tudo foi de certa forma

fácil de conquistar. Foram bastantes os imprevistos que encontrei relativamente

à prática. Para além de querer sempre fazer mais e melhor, e nunca baixar os

braços, foi juntamente com a ajuda da PC dos meus colegas de núcleo de

33

estágio que os consegui ultrapassar. A meu ver, “parar é morrer”, e um docente

deve procurar sempre ir em busca de mais conhecimento e de se tornar cada

vez melhor, pois com a evolução os tempos mudam, e os docentes tem de se

adaptar de uma forma rápida para não ficarem para traz. Por outras palavras,

nada é certo, nem existem formulas certas, para as coisas correrem bem. Para

determinados alunos é preciso uma postura, noutros outras, metodologias e

estratégias podem funcionar em determinadas turmas, e noutras não. Para

alem de que somos seres humanos e devemos estar em constante

aprendizagem, pois nos professores também devemos aprender de certa forma

com os alunos vem como com as experiencias vivenciadas.

Logo, a narração da mina realização, foca-se em aspetos relevantes

para o meu crescimento.

4.1.2.1 Controlo/Segurança da turma e criação de rotinas

Após o primeiro contacto com a turma (aula de apresentação), senti logo

que iria ter alguns problemas indisciplinares, o que levou logo a ponderar a

forma como iria encarar e lidar com a turma, isto porque, atendendo há minha

maneira de ser, e pelo facto de gostar que tudo corra bem, não iria tolerar faltas

de disciplina, nem dar azo a que existisse desavenças no decorrer das minhas

aulas. Apesar de não gostar de ter uma postura “militar” senti que se não os

encarasse desta forma acabaria por ter muitas dificuldades posteriormente e

que os alunos encarassem a minha aula como sendo um espaço lúdico.

Depois de transmitir as minhas ideias, informar sobre as regras que iria

exercer, esperava que as coisas se tornassem mais fáceis. Ao longo do tempo

comecei a conhecer melhor a turma, e acabei por criar alguma afinidade com a

turma, ao mesmo tempo que durante as aulas e eles já me conhecendo,

bastava algumas expressões faciais para eles interpretarem o que me passava

pela cabeça. No decorrer do EP comecei a aperceber-me que alguns dos

comportamentos que existiam surgiam pelo facto de alguns destes alunos

terem falta de atenção, carinho, e nalguns casos bastante vezes conversar com

os alunos, onde estes se podiam expressar em determinados momentos, que

34

Realização da Prática Profissional

fizeram com que as suas posturas mudassem drasticamente.

Ao fim de algum tempo, pensava que poderia deixar de adotar o estilo

diretivo, mas não foi o caso, sempre que por algum motivo facilitava, alguns

alunos faziam questão de não levarem as coisas de forma seria, ou seja, a

minha capacidade de tolerância na maioria das vezes tinha de se tornar zero.

Esta atitude fez com que ganhasse o respeito da turma.

Penso que foi a estratégia mais adequada, a fim de levar esta turma a

cumprir os objetivos inicialmente propostos, porque apesar de tudo, o facto de

aula de educação física ser diferente das outras aulas teóricas, é normal existir

alguma dispersão durante a mesma.

Recordo-me de nas primeiras reuniões e apos ter observado as aulas

dos meus colegas, onde as turmas deles acabavam por ter um comportamento

mais adequado, sentia-me “chateado” pela minha não ter o mesmo

comportamento. Ao fim de um tempo verificou-se que a minha turma sentia não

só dificuldades em saber estar, mas não era por este motivo que iria baixar os

braços, pelo contrário, encarei também como um desafio que a meu ver

consegui atingir.

Segundo Oliveira (2002, p. 83) “as regras e rotinas da sala de aula são

necessárias para a tranquilidade, a harmonia e a eficiência das aulas, devendo

ser ajustáveis ao sistema mutável de trabalho”.

Após conseguir controlar a turma, e de as regras e rotinas estarem bem

presentes, o docente consegue realizar e cumprir os seus objetivos, apesar de

que nem sempre devido a outros fatores alem dos que acima refiro, nem

sempre se consegue atingir o que está planeado.

Outro fator que esteve sempre patente no meu EP, era a segurança, ou

seja estava presente em todas as aulas. A segurança apesar de estar presente

em todas as aulas, foi na modalidade de ginástica onde se teve de vincar mais,

isto porque, é nesta modalidade que acaba por se evidenciar mais, e onde por

norma o professor acarreta mais responsabilidade, pelo que devemos por em

primeiro lugar sempre a segurança do aluno.

35

Realização da Prática Profissional

Depois de ter vivenciado todas as experiencias que ocorreram durante o

EP, afirmo que a criação de regras e rotinas, bem como o controlo da turma e

as questões da segurança, são fatores indispensáveis para um bom

funcionamento da aula, ou seja, se estes fatores estiverem vem presentes

permite ao professor mais disponibilidade para lecionar, vem como os alunos

terão provavelmente um maior aproveitamento da aula.

4.1.2.2 A importância da comunicação, da instrução e dos

feedbacks

Ao longo de todo o meu percurso, fui observando e verificando o quanto

é importante ter uma boa comunicação. A comunicação deve ser clara, concisa

e precisa, o que levará a que não exista mal entendidos. Relativamente ao EP

fui verificando, que a comunicação desempenha um papel muito importante

para a eficácia pedagógica, aparecendo assim como um fator de relevo para o

processo de ensino-aprendizagem.

Para o professor, a comunicação acaba por ser uma “ferramenta” muito

importante, pois é a partir dela que ira conseguir comunicar e controlar diversas

situações, ou simplesmente expressar o que pretendemos.

Para Rosado e Mesquita (2011, p. 73), “a persuasão é a melhor

preditora da ação e, nesse sentido, no processo de instrução o professor deve

recorrer de forma consciente à paralinguagem (volume de voz, ressonância,

articulação, entoação) e, de uma maneira geral, aos aspetos não-verbais

da comunicação (contacto visual, expressões faciais, entusiasmo do

professor), bem como à congruência entre mensagens verbais e não-verbais”.

Posto isto a forma como comunicamos, não deve ser sempre igual, pois

existe por exemplo uma grande diferença entre motivar um aluno, ou

simplesmente instruir este para uma determinada tarefa.

Não descurando a forma da comunicação utilizada pelo professor, este

36

Realização da Prática Profissional

também deve ser conhecedor da matéria a transmitir, e de ter a capacidade de

adaptar o vocabulário no ato da instrução, permitindo assim que os alunos

compreendam melhor a exercício. Para Rosado e Mesquita (2011, p. 80) “a

forma como a instrução é realizada interfere na interpretação que os alunos

fazem das tarefas, o que influencia a realização das mesmas”.

Direcionando-me para este ano de EP, a minha dificuldade notou-se mais nos

momentos de chamada de atenção onde por vezes o meu tom de voz acabava

por ser algo agressivo. Com a ajuda da PC acabei por ir melhorando aos

poucos. Outra dificuldade que acabei por encontrar no início do ano, era o facto

de a minha comunicação por vezes ser um pouco rápida, o que levava a que a

instrução aos alunos por vezes não chegava completa aos mesmos, o que

fazia com que tivesse de despender de mais tempo para uma nova explicação.

Mas tendo em conta que tinha já alguma noção deste meu “problema” tentei

desde cedo, melhorar a minha instrução, fazendo-a mais pausadamente, bem

como a imediata demonstração para que facilitasse a interpretação dos alunos

sobre o que era pedido. Desta forma, foi possível que os alunos conseguissem

uma “representação” do que era pretendido. Com o avançar dos tempos, pude

constatar que o facto de os alunos visualizarem, facilitava imenso, e que era o

complemente ideal para poderem assimilar a instrução. Para Rosado e

Mesquita (2011, p. 80) “a utilização de demonstração, a definição de regras

de segurança e de variantes na realização das atividades é enfatizada

como necessária para garantir a qualidade da instrução”.

Depois de instruirmos e verificarmos que a turma está a realizar os

exercícios de forma que pretendemos, surge o planear, realizar, avaliar, ou

seja, de ensinar. Colocar os alunos a exercitar não é a tarefa mais difícil a meu

ver, difícil, é conseguir ensinar. Os professores devem ter a capacidade de

observar o comportamento dos alunos, e saber identificar os erros, para

posteriormente corrigirem recorrendo ao feedback pedagógico.

No início, para que pudesse desempenhar melhor este papel obrigou-me em

certas modalidades a ter de pesquisar, para estar mais à vontade, e

37

Realização da Prática Profissional

conseguir identificar mais rapidamente os erros principais; com o avançar do

tempo, o desempenho desta tarefa acabou por ter um melhor desempenho,

pois acabou por ser o meu dia-a-dia, e o facto de começar a acumular

experiencias também me ajudou. Para além disto, a PC voltou novamente a ter

um papel decisivo, pois as suas correções e chamadas de atenção da minha

professora foram decisivas. Durante o ano letivo constatei que os alunos

gostavam de após terem sido corrigidos, e de uma intervenção por parte do

professor, queriam que o professor os observasse novamente para saber se

tinham melhorado ou não. Assim acabei por sentir necessidade de concluir o

ciclo de feedback, ou seja, apor intervir com um feedback a um aluno, devo

continuar a observa-lo para perceber se a informação transmitida foi entendida

ou não, e se consequentemente teve efeito na realização da sua ação,

terminando com uma ultima apreciação acerca da sua performance.

Outra conclusão a que cheguei foi que nem sempre devemos insistir na

correção do erro. Nem todos os alunos são iguais, então temos de utilizar

métodos diferentes. Existem alunos com alguma desmotivação para a aula de

EF, e se tivermos constantemente a insistir nas correções das suas ações, vão

-se sentir inferiores e vão aumentar a sua desmotivação, então para que tal

não aconteça, devemos procurar também utilizar feedback motivacional, com o

intuito de conseguir motivar o aluno em questão para a prática e realização da

tarefa. Constatei ao longo do ano, que em diversos casos é a ajuda que

determinados alunos necessitam, de se sentirem com mais confiança, pois

verifica-se que estes acabam por se empenhar mais na tarefa apos receberem

um feedback motivacional.

4.1.3 A avaliação

Segundo relata (Bento, 2003, p. 175) “A análise e a avaliação ligam-se,

em estreita retroacção, à planificação e realização. Nenhuma destas três

38

Realização da Prática Profissional

actividades é dispensável, se o professor pretender assumir corretamente as

suas funções”.

Será a partir da avaliação, que o docente irá tirar ilações do trabalho e

do seu planeamento realizado, isto é, o professor através da comparação da

fase inicial com a fase final, poderá verificar se existiu evolução perante os

resultados apresentados pelos alunos.

Ao saber que a avaliação é o momento que os alunos por norma dão

mais importância e valor, procurei sempre levar este aspeto com a maior

seriedade possível. Temos que ter um enorme sentido de justiça para

podermos ser o mais justos possível na atribuição de notas. Para poder e

tentar ser o mais justo possível durante todo o EP, a avaliação dividiu-se em

três partes, nomeadamente, na avaliação diagnostica (AD), na avaliação

contínua e formativa na avaliação sumativa (AS).

Tendo em conta todos estes fatores, antes de começar a UD, efetuei a

AD de maneira a tentar “perceber” em que nível se encontrava cada aluno

relativamente à sua disponibilidade motora para uma determinada modalidade.

Com este tipo de avaliação vai-me permitir adaptar e reajustar o planeamento,

tendo sempre em conta quais as necessidades que cada turma apresenta.

A AS é realizada sempre no final de cada UD, com o objetivo de fazer

um balanço final da performance dos alunos. Algo que acabei por confirmar foi

que durante todo o ano, o momento em que os alunos dão mais importância, é

a este momento, verificando-se que os alunos chegam a dar importância a

todos os pormenores. Da mesma forma, que alguns alunos chegam a pensar,

apesar das devidas chamadas de atenção, que só a AS é que irá contar para a

nota final, bom como a parte pratica, ou seja, não se lembram que a avaliação

é contínua, e que a nota se baseia em vários critérios, nomeadamente o teste

escrito, assiduidade e pontualidade, o empenho, entre outros. Apesar de os

alunos não darem importância a este crucial momento, a minha observação foi

constante perante cada aluno, pois como afirma Ribeiro e Ribeiro (1990, p.

359), “a avaliação sumativa procede a um balanço de resultados no

39

Realização da Prática Profissional

final de um segmento de ensino-aprendizagem, acrescentando novos

dados aos recolhidos e contribuindo para uma apreciação mais equilibrada

do trabalho realizado”.

A meu ver, a avaliação formativa é de extrema importância tanto para o

aluno como para o docente, isto porque permite ao professor analisar se o

aluno está a melhorar e no caminho correto para atingir os objetivos propostos

a partir das prestações demonstradas pelos alunos ao longo do tempo, ou por

outro lado, caso faltem no dia da AS (situação que ocorreu durante o meu EP)

não será necessário remarcar nova data, pois a sua avaliação foi elaborada ao

longo das aulas.

Outro aspeto chave que ainda não foi mencionada mas que esta

inerente às avaliações é a forma como as elaboramos e realizamos. Todas as

avaliações tinham como auxilio uma grelha elaborada pelo núcleo de estágio,

com os conteúdos a abordar bem como quais os critérios de avaliação. A meu

ver foi um grande suporte para a realização das mesmas, pois assim

estávamos focados no que iria observar, bem como acabava por não existir

margem para divagar ou perder-me na avaliação.

Neste parâmetro de salientar o papel importante que a PC teve, ao ser

imprescindível no auxílio da construção das grelhas, dando-nos sempre

orientações da melhor forma para elaboração das mesmas.

4.2 Área 2 - Participação na Escola e Relação com a

Comunidade

4.2.1 Corta-Mato

O Corta-Mato é um atividade que se realizada na escola, no meu EP

realizou-se no segundo período, apesar de que a sua preparação começou

ainda no decorrer do primeiro período. Este evento foi trabalhado e organizado

pelo grupo de EF, contando também com o envolvimento de todo o núcleo de

40

Realização da Prática Profissional

estágio. Este evento destinou-se a todos os alunos da Escola Secundária

Augusto Gomes. Na parte das inscrições cada Docente da disciplina era

responsável por recolher nas turmas que lecionavam as inscrições dos seus

alunos, sendo que, posteriormente se juntaram todas e se criou um único

ficheiro composto por todas as turmas e alunos inscritos.

Outro momento que gostei de vivenciar foi toda a organização do

evento, ou seja, toda a preparação prévia que existiu, nomeadamente as fichas

de inscrição, a preparação e planeamento do percurso para cada escalão, os

transportes entre outros.

Esta atividade parece de fácil organização, mas não é, pelo contrário,

envolve muita gente, e por seu lado acarreta muita responsabilidade, pois os

alunos para a realização do evento, tinham de se deslocar para o parque da

cidade, que ainda fica alguma distância da escola. Quando falamos deste

evento estamos a falar de varias faixas estarias e a responsabilidade que

aparece é enorme, pois os alunos por vezes não respeitam as regras pré-

estabelecidas e o receio de que algo corra menos bem, é enorme.

Tudo correu bem durante o evento, e os alunos demonstraram grande

prazer em participar na atividade, levando a que todos os intervenientes que

organizaram a atividade no fim sentissem o prazer de a ter realizado.

Pessoalmente, gostei de fazer parte desta atividade, e recordar as

atividades que no meu tempo também existiam e eu participava.

Um aspeto que gostei e achei muito importante foi o facto, de os alunos

no fim da atividade serem premiados com trofeus ou medalhas, o que por si só,

já aumenta a motivação dos alunos.

4.2.2 Trabalho realizado na comunidade escolar- Bola na barra /

Desporto escolar / torneios concelhios.

Desde o primeiro momento, foi transmitido ao núcleo de estágio que

teríamos de realizar e preparar uma atividade para a escola, nos dias de

41

Realização da Prática Profissional

encontro. Numa reunião de núcleo de estágio ficou decidido que a atividade

que iriamos realizar, seria a “Bola na Barra”. Esta atividade mostrou ter muito

“sucesso” perante os alunos da escola, visto ter tido uma grande adesão por

parte dos mesmos. A atividade consistia numa espécie de torneio, onde os

alunos uma hora antes se inscreviam, e de forma aleatória competiam aos

pares, ou seja um contra um, sendo o que ganhasse avançava na competição

e o que perdesse ficava automaticamente eliminado. Esta atividade alem de

uma grande adesão por parte dos participantes, ainda teve uma grande adesão

por parte do “publico”, que acabou por criar um grande ambiente de festa em

torno da mesma.

Também nos foi transmitida a informação que deveríamos acompanhar

o desporto escolar. Eu acompanhei o desporto escolar da modalidade de Ténis

de mesa, onde os treinos decorriam à segunda e Quinta-feira após as aulas

terminarem, e tínhamos como função auxiliar e instruir os alunos a quando da

exercitação da modalidade.

Os torneios concelhios acabou por ser a atividade em que tive mais

“prazer” de acompanhar e participar. Acompanhei a professora responsável

pela modalidade, e a tarefa que ambos desempenhávamos era a de

treinadores. A modalidade era sem dúvida a que me sentia mais à vontade, ou

seja, o andebol. De referir que estes torneios concelhios consistem num torneio

inter escolas secundárias do concelho de Matosinhos. A equipa da escola era

constituída por alunos da Escola secundária Augusto Gomes. Para criar a

equipa foi necessário realizar treinos de captação, isto é, numa primeira fase

qualquer aluno poderia participar e inscrever-se para pertencer à equipa e

posteriormente fazia-se um “seleção” dos alunos que demonstravam mais

capacidades para participar na atividade.

Antes de a atividade começar propriamente dita, realizaram-se três

treinos de preparação, onde se pode verificar quais as capacidades dos alunos,

de forma a potencializa-las em competição.

A competição teve a duração de 3 dias sendo que a experiencia foi

42

Realização da Prática Profissional

muito engraçada tanto para os alunos, que vivenciam muito estas atividades,

como para mim, que acabei por conhecer outros docentes doutras escolas e ao

mesmo tempo juntar alguma competição saudável que tanto adoro.

4.2.3 Turmas Partilhadas

No início do ano letivo, depois, de a distribuição das turmas pelos EE, a

PC informou-nos que para além de uma turma, iriamos ter uma turma

partilhada do Ensino Secundário (a lecionação desta turma iria decorrer

durante todo o ano letivo) e uma turma do 2º ciclo de 5º ano (iriamos abordar

duas UD, sendo que esta ultima não iria pertencer a nossa escola mas sim à

Escola EB 2/3 Óscar Lopes de Matosinhos (escola TEIP).

Por achar que o EP era a oportunidade para experienciar todas as

oportunidades possíveis, a meu ver, foi uma oportunidade excelente para todos

nós aproveitarmos esta experiencia.

A turma do 12º era uma turma por assim dizer exemplar, ou seja, com

um comportamento excelente, sempre motivados e empenhados para a

realização das aulas de EF. Esta turma era constituída maioritariamente por

rapazes e três raparigas. Apesar de EF não interferir na nota de candidatura no

ensino superior, esta turma encarava as aulas de forma muito seria, dando

sempre o seu máximo nas mesmas.

Todas as modalidades a meu ver foram “fáceis” de lecionar, visto que, a

turma mostrava um enorme interesse em melhorar constantemente, nunca se

dando por satisfeita e querendo sempre mais.

Por outro lado a turma do 5º não tinha nada a ver com o que já tínhamos

vivenciado. Atendendo ao facto de quase não termos nenhum tipo de

informação referentes a esta turma, a primeira aula acabou por ser um grande

“choque” para todos nós. A nível de comportamento a turma era

completamente indisciplinada, e nem o facto da primeira modalidade abordada

ter sido o futebol, nos ajudou muito. Existiam inúmeros alunos completamente

43

Realização da Prática Profissional

desmotivados para a prática, e tirando alguns alunos, a maioria demonstrava

imensas dificuldades motoras na realização dos exercícios propostas. No final

da primeira aula, reunimos (núcleo de estágio) e dialogamos durante bastante

tempo, sobre o decorrer da aula. Chegamos à conclusão que estávamos

perante um grande problema, isto é, de conseguir controlar a turma e ao

mesmo tempo conseguir que estes se empenhem nas tarefas propostas. Um

dos temas mais “trabalhados” na primeira reunião após lecionarmos a turma de

quinto ano debateu-se com que estratégias e formas que iriamos adotar para

poder conseguir resolver este problema. Percebemos que apesar de serem

crianças, a forma como as abordaríamos teria de ser a partir do estilo diretivo

para que estes começassem a respeitar-nos por assim dizer. Outra estratégia

seria a utilização de “recompensas”, isto é, se os alunos se portassem bem e

realizassem as tarefas propostas, no final da aula deixávamos que estes

realizassem uma tarefa proposta por eles. Estas “estratégias” acabaram por

surtir efeito no decorrer do tempo.

Referindo mais a parte da liderança, esta turma, acabou por ser a que

me criou mais problemas. Apesar de achar que consegui no decorrer do tempo

ter a grande maioria dos alunos “do meu lado”, admito que muitas foram as

vezes em que tive que fazer um grande esforço para conseguir ter calma e

tentar resolver os problemas de forma mais simpática. Esta experiencia só veio

reforçar a minha ideia que é, a mesma forma de lidar com um aluno pode não

dar para os outros. Posso concluir que lecionar esta turma foi um grande

desafio, desafio este que por vezes pôs em causa se iria conseguir obter

sucessos, pois eram imensas as adversidades que surgiam nesta turma. O

“simples” ato” de elaborar o plano de aula era diferente pois estes alunos eram

diferentes dos que antes já tínhamos lecionado, tanto a nível motivacional,

como de empenho e comportamental, pois tínhamos de antecipar todas as

suas ações no decorrer das tarefas.

44

Realização da Prática Profissional

4.2.4 Direção de turma

Durante este ano letivo foi-me permitido acompanhar as funções do

Diretor de Turma (DT), onde tive o privilégio de acompanhar todas as reuniões

de Pais e Encarregados de Educação, todas as reuniões semanais de Equipa

Pedagógica, conselhos de Turma intercalares e de Avaliações de final de

período, e em diversas reuniões individuais com Encarregados de Educação.

Enquanto aluno, nunca me tinha passado pela cabeça que o DT tinha

todas estas funções (fora outras). Após iniciar esta nova etapa da minha vida

enquanto docente, comecei a ter a preocupação de perceber a importância e

quais as funções que o DT desempenha, nomeadamente a nível administrativo,

relação com os outros docentes e também nas relações humanas. Deparei-me

com a dificuldade que por vezes existe por parte dos DT, pois são eles o

principal elemento de ligação entre a escola e os encarregados de educação. O

horário de trabalho e a falta de tempo eram as razões que maioritariamente os

encarregados de educação apresentavam no momento e na hora de se

estabelecer este contacto, dificultando a relação da escola com este. Nem

todos os encarregados de educação apresentavam este pretexto sendo que

muitos deles sempre que possível tentavam inteirar-se da postura e rendimento

escolar dos seus educandos.

O DT acaba por ter de desempenhar dois papéis, ou seja, se por um

lado coordena um grupo de docentes, por outro, é um elemento do sistema de

gestão da escola onde coordena o conselho de turma.

Ambas as funções em cima referidas estão diretamente ligadas ao

processo de liderança, ou seja tem de se desempenhar por vezes uma postura

firme perante situações indesejáveis, relativamente a competências

pedagógicas.

Relativamente a turma do 7ºA, a DT tinha sem dúvida, o perfil mais

indicado para poder desempenhar este papel. Era uma pessoa cheia de força,

alegria e entusiasmo que ao longo do ano teve de desempenhar varias tarefas

perante os casos de diversa natureza que os alunos lhe colocavam.

45

Realização da Prática Profissional

Uma das minhas primeiras tarefas, foi a realização da caraterização

minuciosa da turma, o que me levou de certa forma a começar por

compreender algumas das atitudes de alguns alunos, e que posteriormente tive

o papel de transmitir as informações recolhidas e trabalhadas por mim, ao

conselho de turma. Esta primeira tarefa, fez com que sentisse que como

tivesse aberto uma porta, ou seja, comecei a sentir que passei a ser um

elemento integrante deste conselho de turma.

No decorrer de varias reuniões, foi-me percetível muitas vezes que o

meu contributo poderia ser valioso a nível da perceção da turma

nomeadamente nos alunos mais influentes e que tinham um comportamento

mais instável, isto porque, nas aulas de EF era possível observar os seus

comportamentos a nível social e de grupo. Por outras palavras, era-me

possível observar comportamentos tanto da turma como de alunos de forma

individual, o que levou a que no conselho de turma, a minha participação

também era tida em conta.

Nas várias reuniões de conselho de turma, alguns dos aspetos que eram

constantemente abordados, era relativamente à assiduidade/pontualidade, o

comportamento, e as estratégias que o conselho de turma iria elaborar para o

sucesso dos alunos.

Outro aspeto que me surpreendeu foi a atribuição de notas

(principalmente nesta ultima reunião, onde foram atribuídas as notas do

terceiro período). Surpreendeu-me pelo facto de as classificações poderem ser

alteradas tendo em conta a perceção de cada professor, relativamente ao

aluno, podendo ser alteradas tanto em prol como em prejuízo do aluno. Esta

alteração era feita a partir do voto.

Na minha participação nas reuniões de pais, foi me possível constatar, o

quanto eram importantes as reuniões do conselhos de turma, isto é, a forma

como a informação era trabalhada, para posteriormente ser transmitida aos

pais e encarregados de educação, levou-me a verificar que existem diversos

modos de atuação de um DT.

46

Realização da Prática Profissional

Ao longo do ano letivo fui criando ligações com todos os elementos que

formavam este grupo, sendo que em claro destaque com a DT, que foi o

elemento que mais acompanhei e mais vivenciei. Todas as experiencias

retiradas e vivenciadas, acabaram por me oferecer um conjunto de vivências

inexplicáveis, pois foi-me possível adquirir competências em diversas funções.

47

Realização da Prática Profissional

4.3 Área 3 – Desenvolvimento profissional

4.3.1. Estudo de Investigação-ação: “Quais os efeitos da

retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar”,

4.3.2 Problemática

Com este estudo pretendo focalizar-me sobre a seguinte questão:

“Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção

do sucesso escolar” a partir desta questão demonstra qual o estudo que

pretendo compreender. A motivação está presente em vários estudos

realizados sobre a ação humana, sendo que, acaba por ser estudada e

discutida em diferente aspetos e áreas. Na área do ensino acaba por

desempenhar um papel fundamental, ou seja revela uma grande importância

relativamente ao rendimento dos alunos. É importante entender a motivação

dos estudantes relativamente à escola.

4.3.3.1. Enquadramento teórico

A origem da palavra motivação vem do verbo latim “movere”. Esta

expressão transmite a ideia de movimento, e está relacionado com o facto de

a motivação levar a que as pessoas façam algo devido a esta.

É viável juntar à motivação para a aprendizagem a distinção entre

motivação extrínseca e a motivação intrínseca. A motivação extrínseca está

direcionada relativamente ao desempenho escola com vista as recompensas

sociais, nomeadamente agradar aos pais, receber elogios ou por outro lado

para evitar castigos, etc. A motivação intrínseca está direcionada aos alunos,

que gostam de realizar as atividades pelo gosto em si. Posto isto, e de forma a

48

Realização da Prática Profissional

elucidar melhor estes dois tipos de motivação, irei em seguida abordar outra

teoria mais atual, ou seja, a teoria da Autodeterminação.

Teoria da autodeterminação

No início do seculo XX, mais propriamente na primeira metade, os

estudos demonstravam que os fatores extrínsecos era de certa forma os que

mais preocupam. Com o avançar do tempo, mais propriamente na segunda

metade do seculo, é que começaram a introduzir a motivação intrínseca. Posto

isto, as novas teorias vinham por em causa as teorias comportamentalistas

que estavam orientadas para os motivos extrínsecos despertando o interesse

dos investigadores.

Assim sendo, as investigações levaram a criação da Teoria da

Autodeterminação. A Teoria da Autodeterminação diz que o comportamento

humano é estimulado por três carências psicológicas primárias e universais, e

são elas, autonomia, capacidade e relação social. A carência de autonomia

segundo (Murcia e Coll, 2006, p.6) “compreende os esforços do indivíduo

para ser o agente, para estar na origem de suas ações, para ter voz ou

força para determinar o próprio comportamento”. A falta de relacionamento

social leva para a criação de relações, ou seja, existe a preocupação com os

outros, onde acaba por se sentir aceite. A carência de ser capaz, leva para a

tentativa de tentar confirmar o resultado apos experienciar efetivamente.

Observa-se que a motivação mais autodeterminada irá promover

sensações de infelicidade e abandono.

A motivação intrínseca é quando a execução de uma determinada

tarefa leva a satisfação da realização da mama, por outras palavras, a

atividade é um fim em si mesma. A motivação intrínseca deve ser tido muito

em conta, pois o facto de existirem gratificações exteriores poderá por em

causa este tipo de motivação (Rocha, 2009). As gratificações exteriores

podem ter um papel que influencie em dois sentidos: pode diminui-la pois o

49

Realização da Prática Profissional

sujeito sente que o foco já não e o da tarefa, ou por outro lado, aumenta-la,

quando a gratificação faz com que a informação que o sujeito recebe, leva

para o aumento da competência da tarefa.

A Teoria da Autodeterminação tem vindo a ser levada como uma

referência útil para interpretar e perceber os dilemas motivacionais nas

escolas da atualidade.

4.3.3.2 Objetivos do estudo

Os objetivos esclarecem o que é designado fazer, e quais os

parâmetros a investigar neste estudo. É importante definir os objetivos, pois

vão ser estes que vão restringir o estudo, pois dentro do mesmo tema pode-se

estudar a motivação de várias formas.

Assim escolhi como objetivo geral:

Verificar se após a retenção os alunos estão motivados

para encarar a escola no ano seguinte e quais os efeitos

que a retenção surtiu nos alunos.

4.3.3.3 Fase Metodológica

É nesta fase que se vai operacionalizar o estudo, isto é, será nesta fase

que se ira realizar a caracterização da população alvo, o procedimento de

recolta de dados, como também os métodos para a análise de dados.

4.3.3.4 Caracterização da população alvo

Depois do investigador restringir o seu terreno de atuação, irá encontrar

três hipóteses para a colheita de dados, poderá limitar a uma amostra

representativa desta população, poderá aplicar a sua análise a toda a

50

Realização da Prática Profissional

população, ou então, estuda apenas algumas componentes muito típicas

ainda que não estritamente representativas da população escolhida (Quivy

e Campenhoudt, 2008).

Assim sendo, a minha população alvo é a turma do 7ªA, turma

constituída só por aluno retidos no ano anterior, e que frequentam a Escola

Secundária Augusto Gomes, com idades entre os 14 e os 16 anos de idade.

Conto então com 24 alunos, sendo que 15 são do sexo feminino e 9 do sexo

masculino.

4.3.3.5 Instrumento de recolha de dados

Na recolha de dados optei por utilizar um questionário elaborado por

mim, pois não encontrei a meu ver um que se adequa-se e fosse em contra ao

tema por mim escolhido. Este Questionário procura identificar qual a motivação

e quais os efeitos que a retenção tem sobre os alunos. O questionário é

constituído por 20 questões. Cada questão é respondida numa escala de Likert

de um a (discordo muito) a cinco (Concordo muito).

O questionário foi aplicado a turma do 7ºA, sendo que, antes de

preencherem o questionário, foram instruídos sobre o tema do questionário.

Durante a realização do mesmo, os alunos foram apresentando as suas

dúvidas. O questionário revelou-se de fácil preenchimento, e teve a duração

aproximadamente de 15 minutos. Para a aplicação deste questionário foi

necessário a autorização do Diretor da escola, que autorizou a aplicação do

mesmo.

Após o preenchimento dos questionários, realizei o tratamento dos

mesmos, procedendo a uma análise individual cuidada de cada questionário,

ou seja, após observar cada resposta a cada questão registei o resultado

obtido.

Após concluir e registar todos os dados obtidos, estes foram introduzidos no

SPSS, sendo que posteriormente foram elaborados gráficos a seguir

51

apresentados.

52

Realização da Prática Profissional

4.3.3.6 Apresentação dos resultados

Todas as questões do inquérito têm como possibilidade de resposta

cinco hipóteses de um a cinco. Sendo que, um significa discordo totalmente e

cinco significa concordo totalmente.

Quadro 1 – Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências pessoais

A primeira questão relativa ao gosto de aperfeiçoar as minhas

competências constantemente. É possível identificar que os alunos se

encontram motivados (75%) para aperfeiçoar constantemente as suas

competências, sendo que, para 16% da turma é indiferente (ver tabela 1).

Quadro2 – Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das minhas relações de amizade

A segundo questão relativa ao sou solidário com as outras pessoas,

53

mesmo que não sejam das minhas relações de amizade. Podemos constatar

que 75% dos alunos gostam de ser solidários com outras pessoas

independentemente de terem algum tipo de relação de amizade ou não.

Realização da Prática Profissional

Quadro 3 – Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas

Na terceira questão relativa é tenho um desejo secreto de chamar a

atenção das pessoas. Pode-se constatar que nesta questão existem 2 pessoas

com esta necessidade representando 8,3% e que 6 pessoas (25%) respondeu

indiferente.

Quadro 4 – Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados escolares

Na quarta questão, Esforço-me para melhorar constantemente os meus

resultados escolas, é de salientar que quase metade da turma (45,8%) mostra-

se indiferente, e que dois alunos responderam que não tentavam melhor os

seus resultados, o que no total dá uma percentagem de 54.2%.

54

Realização da Prática Profissional

Quadro 5 – Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o meu apoio

Relativamente a quinta questão, sinto satisfação quando vejo que uma

pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o meu apoio, quase todos os alunos

demonstraram que se sentem satisfeito por verificar que a sua ajuda deixou

alguém feliz.

Quadro 6 – Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia

Na sexta questão, insisto numa determinada opinião apenas por

teimosia, os resultados revelam, 25 % dos alunos insiste em ser teimoso só por

“capricho”. Sendo que metade da turma demonstra não ter este tipo de

atitudes.

55

Realização da Prática Profissional

Quadro 7 – Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo a fazer melhor no futuro

Na sétima pergunta, gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem

realizado, de modo a fazer melhor no futuro, os resultados demonstram que

quase a totalidade da turma gosta de saber o resultado dos seus trabalhos

(91,7%). Apesar de existirem dois alunos que demonstraram indiferença, não

se assinalou nenhum aluno que não gostasse de saber o resultado do seu

trabalho.

Quadro 8 – Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que penso que deve ser feito

Na oitava questão, tenho discussões com os outros porque costumo

insistir naquilo que penso que deve ser feito, 29,2% demonstrou indiferença

nesta questão, sendo que 50% demonstra que gosta de defender as suas

ideias e que argumenta para que elas sejam tidas em conta. Os restantes 20,8

demonstra passividade sobre esta questão.

56

Realização da Prática Profissional

Quadro 9 – Procuro fazer cada vez melhor

Na nona questão, procuro fazer cada vez melhor, verificou-se que um

aluno não tem como objetivo melhor, cinco alunos demonstraram indiferença

sobre tentar “evoluir”, mas 71,8% dos alunos respondeu que tenta melhorar

sempre.

Quadro 10 – Procuro ser uma pessoa amável

Na décima questão, Procuro ser uma pessoa amável, não existiu

nenhum aluno a responder que discordava. Por outro lado 3 alunos

demonstram serem indiferentes a esta questão.

57

Realização da Prática Profissional

Quadro 11 – Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam

Na décima primeira questão, procuro relacionar-me com pessoas que se

destacam, a maioria dos alunos 54,2% demonstrou ser indiferente, sendo que

29,2% demonstrou preocupação em se relacionar com pessoas que se

destacavam.

Quadro 12 – Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar

Na décima segunda questão, após a retenção procurei alterar a minha

forma de estudar, a maioria dos alunos 79,2% respondeu que procurou alterar

a sua for de estudar.

58

Realização da Prática Profissional

Quadro 13 – Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável

Na décima terceira questão, após a retenção encarei a escola de uma

maneira responsável, 70,8% dos alunos começou a encarar a escola de

maneira responsável, sendo que, 16,7% dos alunos após a retenção não

encarou a escola de uma maneira responsável.

Quadro 14 – Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam de mim

Na décima quarta questão, sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo

com pessoas que gostam de mim, 87,5 % dos alunos demonstrou que gosta de

trabalhar com os colegas com os quais mantêm uma relação de amizade. Os

restantes 12,5% demonstrou sem indiferente relativamente aos colegas com

quem tem de trabalhar em grupo.

59

Realização da Prática Profissional

Quadro 15 – Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro exercer uma posição de liderança

Na décima Quinta questão, se puder escolher as pessoas para os

trabalhos de grupo, procuro exercer uma posição de liderança, 37,5% dos

alunos, demonstraram gostar de serem líderes, sendo que metade dos alunos

demonstrou uma posição de indiferença e 12,5% dos alunos não gosta de

exercer uma posição de liderança em trabalhos de grupo.

Quadro 16 – Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não tenha que intervir

Na décima sexta questão, procuro sempre pessoas que façam o

trabalho todo e que eu não tenha de intervir, 87,2% demonstra que gosta de

intervir na realizam de trabalhos, sendo que para um alunos é indiferente ter de

60

Realização da Prática Profissional

trabalhar ou não, e dois alunos demonstraram que procuram pessoas que

façam todo o trabalho.

Quadro 17 – Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o mal-estar das relações da turma

Na décima sétima pergunta, fico preocupado quando sinto que de

alguma forma contribui para o mal-estar das relações da turma, 20,8% da

turma demonstrou que não fica preocupado se contribuiu para o mal-estar das

relações da turma. Por outro lado 33,3% da turma demonstrou ser-lhes

indiferente e 45,8% demonstrou que fica preocupada quando contribui para o

mal-estar das relações da turma.

Quadro 18 – Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não preciso de me preocupar este ano

Na décima oitava questão, encarei a retenção como um “acidente de

61

Realização da Prática Profissional

percurso” e que não preciso de me preocupar este ano, 33,3% dois alunos

encarou a forma como um “acidente de percurso”, outros 33,3% dos alunos

não acha que a retenção tenha sido um acidente de percurso.

Quadro 19 – Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar a escola, e em provar que foi

desleixo

Na décima nona pergunta, após ficar retido no ano anterior fiquei mais

motivado para frequentar a escola, em provar que foi desleixo. 68,3 % dos

alunos demonstrou que após a retenção a sua motivação aumentou. Para 25 %

dos alunos o facto de ficarem retidos no ano anterior, não alterou a sua

motivação para encarar a escola, e 16,7 dos alunos respondeu que não ficou

mais motivado para encarar a escola após ter ficado retido.

Quadro 20 – Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior

62

Realização da Prática Profissional

Na vigésima questão, perdi a vontade de ir para a escola após ficar

retido no ano anterior, 54,2% dos alunos, respondeu que não perdeu a vontade

de ir para a escola após ficar retido, sendo que 20,8% dos alunos perdeu a

vontade de frequentar a escola após ficar retido no ano anterior.

4.3.3.9 Discussão de resultados

A motivação intrínseca vem vindo a ser refletida como a motivação que

mais leva os alunos a direcionar mais esforços, a revelar uma maior

persistência e também a desenvolver um maior grau de satisfação.

A identificação de maior motivação intrínseca revelada neste estudo é

um fator importante para os docentes, visto que, assim leva à atuação do

professo, como relata (Rocha, 2009, p. 32) “seja estruturada com base no

interesse do praticante, facilitando a escolha das atividades, o ritmo das

aulas, o comportamento relacional e a maneira de motivar para uma prática

alegre e de prazer”.

Neste estudo não se verificou a realidade verificada nas escolas e nos

seus alunos que as frequentam, os resultados deste estudo não vão ao

encontro à realidade, ou seja, hoje em dia, a grande parte dos alunos revela

pouco interesse pelas atividades da escola, e mesmo após a retenção onde os

alunos por norma demonstram uma maior desmotivação, mas este estudo

demonstra que talvez pelo facto de terem ficado retidos no ano anterior,

passaram a encarar a escola de outra forma. Para além disso o facto de a

maioria responder que após ficar retido levou a que encarassem a escola de

maneira diferente e pelo facto de a retenção levou a que a grande maioria

procura-se alterar a forma de estudar, leva a que haja uma coerência dos

resultados do estudo realizado.

A maioria dos alunos demonstrou pelos dados obtidos, maioritariamente

motivos de ordem extrínseca, tais como, procurar melhorar as notas, encarar a

escola de forma diferente, o facto de preferirem trabalhar em grupo com

63

pessoas que já têm uma relação de amizade, etc.

Realização da Prática Profissional

4.3.3.10 Conclusão do Estudo

Os alunos demonstraram estar mais motivado extrinsecamente do que

intrinsecamente para as atividades da escola.

No que refere aos motivos extrínsecos mais demonstrados pelos alunos,

foram o facto de procurarem trabalhar com colegas com quem têm uma relação

de amizade, o facto de a retenção levar a que encarassem a escola de uma

forma diferente, ou o facto de a retenção os fazer alterar a forma como

estudam.

Relativamente ao motivo intrínseco pelo qual os alunos demonstraram

ser mais relevante, foi pelo facto de querer cada vez serem melhores.

Este estudo, revelou, que a retenção poderá de certa forma aumentar

motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar, e não o contrario,

ao mesmo tempo que os efeitos da mesma, acabam por ser benéficos, isto

porque levou os a encarar a escola de outra maneira, ao mesmo tempo que,

fez com que os alunos tivessem de encontrar outras estratégias para a

obtenção do sucesso escolar.

64

65

6. Conclusão

66

67

Conclusão

Com o terminar do ano de estágio e por sua vez com o terminar do EP,

sinto-me imensamente feliz e concretizado, pois assim termina certamente uma

das fases mais marcantes e importantes do meu percurso académico. Lógico

que não é sinonimo de parar de ir em busca de mais conhecimento, pois como

referi no relatório de estágio, “parar é morrer”, ainda para mais quando para um

docente, o adquirir de conhecimento nunca termina, ou seja é contínua e

interminável.

Durante o meu EP fui confrontado com inúmeras experiencias, onde

pude aplicar os conhecimentos que fui adquirindo na faculdade. Num contexto

escolar temos de ser capazes de nos adaptarmos ao nível dos alunos e assim

adaptar os conteúdos aos mesmos. Ser professor de educação física leva a

que seja necessário combater conta o desinteresse de alguns alunos. Numa

escola e se encontrarmos uma com a que estagiei é necessário ainda mais

adaptarmo-nos ao matéria, sempre com o objetivo de gerir a qualidade e

quantidade do mesmo pois são escassos, o que acaba por comprometer em

certa medida aprendizagem total. Apesar destas situações, acabaram por surtir

um efeito muito grande, pois acho que acabo por sair muito mais preparado do

que quando entrei, e acabei por desenvolver talvez mais, do que inicialmente

tinha pensado, a minha capacidade de improvisação. Acho que todos os EE

devem passar pelo maior número de adversidades durante EP, pois num futuro

próximo a resposta dada pelos mesmos será completamente diferente e para

melhor.

Em modo de conclusão, acabo por me sentir realizado por todo este

percurso que fiz ao longo deste ano letivo, e o mais importante é que me sinto

muito mais completo, e mais capaz de desenvolver a minha Futura profissão.

Além de tudo sinto-me feliz por já ter ensinado e transmitido alguns dos

conhecimento que tenho. Este ano irá ficar marcado para sempre, por todas as

68

experiências e vivências que tive a oportunidade de ter, mas também pelas

pessoas que fizeram parte de meu percurso.

69

7. Referencias Bibliográficas

70

71

7. Referencias Bibliográficas

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pedagógica em educação física a perspetiva do orientador de

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educação física nos ensinos básicos e secundário da Fadeup.

Porto: FADEUP.

Matos, Z. (2012b). Regulamento da Unidade Curricular Estágio

Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre

em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

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Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005). Manual de Investigação em

Ciências Sociais. Lisboa: Gravida.

7. Anexo

xxv

7. Anexo

Ano de escolaridade______ Idade_______

a) Responda às afirmações seguintes assinalando com um “X”, um número a que corresponde a

seguinte escala:1. Discordo Totalmente; 2. Discordo; 3. Indiferente; 4. Concordo; 5. Concordo

Totalmente.

Questionário Aluno

Integrado no âmbito do Estágio Profissional do 2ºciclo em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – FADEUP,

este questionário é parte integrante do estudo de Investigação-Ação intitulado “Quais os efeitos

da retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar”.

Pretende-se com este estudo avaliar a variação na motivação dos alunos após a retenção

escolar

Nota: Os dados recolhidos serão divulgados oportunamente e só serão utilizados no âmbito dos objetivos

estabelecidos, assim como a sua confidencialidade será respeitada.

xxvi

1 2 3 4 5

1. Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências

pessoais.

2. Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das

minhas relações de amizade.

3. Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas.

4. Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados

escolares.

5. Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda

fica feliz com o meu apoio.

6. Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia.

7. Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo

a fazer melhor no futuro.

8. Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que

penso que deve ser feito.

9. Procuro fazer cada vez melhor.

10. Procuro ser uma pessoa amável.

11. Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam.

12. Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar.

13. Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável.

14. Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam

de mim.

15. Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro

exercer uma posição de liderança.

16. Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não

tenha que intervir.

17. Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o

mal-estar das relações da turma.

18. Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não

preciso de me preocupar este ano.

19. Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar

a escola, e em provar que foi desleixo.

20. Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior.