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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 15 Outubro de 2020 |Ano XIV | nº 926 As aulas retomaram ISFIC 50,00MT E Z Sai às quintas ONDE A NAÇÃO SE REENCONTRA AMBEZ Comercial Soares da Costa banaliza Filipe Nyusi Inaugurou com pompa e circunstância obra de péssima qualidade DNIC anda em contra-mão Sem Certificado, CE ou testemunho não há BI Sem Certificado, CE ou testemunho não há BI

ambEz2020/10/15  · Maputo”. Patrício Chaúque faz parte de muitos adolescentes que deixam a terra natal a busca de melhores condições de vida na ci-dade de Maputo, vendendo

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Page 1: ambEz2020/10/15  · Maputo”. Patrício Chaúque faz parte de muitos adolescentes que deixam a terra natal a busca de melhores condições de vida na ci-dade de Maputo, vendendo

Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 15 Outubro de 2020 |Ano XIV | nº 926

As aulas já

retomaram

ISFIC

50,00mt

EzSai à

s qu

inta

s

O n d e A n A ç ã O S e r e e nc O n t r AambEz

Comercial

Soares da Costa banaliza

Filipe Nyusi

Inaugurou com pompa e circunstância obra de péssima qualidade

DNIC anda em contra-mão

Sem Certificado, CE ou testemunho não há BI

Sem Certificado, CE ou testemunho não há BI

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| destaques |

DNIC exige certificado do ensino primário, cartão de eleitor ou testemunho para emitir BI

Assim vai o nosso Moçambique

A procura do Bilhete de Identidade (BI) tem sido frequen-te nos dias que correm, depois de longos meses em que os serviços haviam sido interrompidos no âmbito das medidas de prevenção da pandemia da covid-19. Entretanto, com a retoma dos serviços de emissão dos documentos, novas regras foram estabelecidas o que de algum modo surpreende aos cidadãos que pretendam, quer renovar ou pela primeira vez obter o documento.

Das novas regras impostas pelo sector de identifi-cação civil, cons-ta o certificado

do ensino primário, testemunhas e/ou cartão de eleitor. A Direcção Nacional de Identificação Civil (DNIC) admite que os documen-tos, ora supracitados não visam impedir ao cidadão a obtenção do Bilhete de Identidade ape-nas constituem uma alternativa para provar o histórico do cida-dão dentro do território nacional.

São longas filas. O objectivo é único: renovar ou obter pela primeira vez o BI. Nessa busca incansável pela obtenção do BI, a nossa reportagem conversou com o jovem Patrício Chaúque, proveniente do distrito de Chicu-alacuala, zona norte da província de Gaza. Com poucos documen-tos em sua posse, Patrício ostenta apenas o assento de nascimento que obteve graças a boa vonta-de do seu irmão que entregara a um motorista de uma transpor-tadora, que semanalmente faz o percurso Maputo-Chicuacuala.

“Não foi fácil. Pedi ao meu irmão porque acompanhei junto dos amigos que nos dias que cor-rem os polícias tem feitos contro-lo nos postos de fiscalização aos que viajam para fora da cidade de Maputo”. Patrício Chaúque faz parte de muitos adolescentes que deixam a terra natal a busca de melhores condições de vida na ci-dade de Maputo, vendendo alguns produtos para sua sobrevivência. Chaúque aparenta ter 23 anos de idade e até este período diz não ter o documento de identificação.

Questionamo-lo sobre o re-censeamento eleitoral que culmi-nou com as eleições gerais, Patrí-cio dobra o ombro, como quem diz: não votei porque não recen-seei. O jovem afirma que a deci-são de tratar o seu documento tar-diamente deve-se ao facto de em tempos idos não reunir condições

para o efeito. “Trabalhei numa quinta em Boane e nesses anos dificilmente arranjava tempo para tratar da minha documentação. Claro, o meu patrão sempre man-tinha-me ocupado” argumentou a fonte acrescentando que agora dedica-se a venda de material de construção num dos estaleiros situados na cidade de Zimpeto. Priorizei terça-feira para emitir o meu documento de identificação. Contudo, estou a ter constrangi-mentos porque me estão a exigir o certificado da sétima classe, re-censeamento eleitoral e um teste-munho. Todos esses documentos, não tenho e é uma coisa nova para mim. Pensei que o documento exigido fosse apenas o assento de nascimento tal como referiram

os mais esclarecidos na matéria. As coisas mudaram, e sendo

assim terei que procurar uma tes-temunha muito embora tenha que

ostentar o mesmo apelido que eu. Não tenho a sétima classe, muito menos o recenseamento eleitoral. Frequentei até sexta classe e as dificuldades foram agravando e me vi obrigado a procurar solu-ções para apoiar os meus irmãos

mais novos. Tal como Patrício, Marta Guirugo também busca pelo documento de identificação. Nascida em Maputo e com lon-gos anos a residir com os avós na

província de Inhambane, Marta jura de pés juntos que é moçam-bicana jus salis e sanguines. Não obstante, não possuir o certifica-do e o cartão de recenseamento eleitoral, condição, actualmente exigida para o efeito de emis-são do bilhete de identidade.

“O coronavírus trouxe mu-danças. Se eu tivesse tratado em tempos, o bilhete não estaria sujeita a esses constrangimen-tos. Reservei o dia para tratar o documento. Mas, pelos vistos não será desta vez”, lamentou Guirugo que diz ter tentado fa-lar com um responsável do ar-quivo para poder lhe ajudar.

“O chefe que falei com ele disse-me para procurar uma có-pia do bilhete de meu pai ou meu irmão que tenha residência na cidade de Maputo. Tenho o meu paiinfelizmente poderá me ajudar nesse sentido”, disse salientando que caso as coisas andem nes-se ritmo, para se obter o bilhete poderá se exigir o atestado de residência dada a desconfiança exacerbada nos dias que correm.

Porquê tanta exigência na emissão do bilhete de

identificação?

Uma fonte do Arquivo de Identificação Civil do bairro 25 de Junho, cidade de Mapu-to, explicou a nossa reportagem que as exigências visam evitar a atribuição de documentos de

identificação a cidadãos estran-geiros. A fonte recordou que em tempos houve situações recor-rentes de cidadãos estrangeiros incluindo dentro dos clubes de futebol a ostentarem o documen-to de identificação moçambicano obtido de maneira fraudulenta.

“É preciso reconhecer que havia funcionários de má-fé envolvidos nessas redes de ob-tenção de documentos. Com a interrupção houve necessidade de estudarmos novas estratégias para salvaguardar a nossa sobera-nia. É uma medida nova e penso que os cidadãos vão se ajustar a essas práticas”, disse a fonte acrescentando ainda que tal me-dida visa por outro lado combater algumas situações como o caso de se emitir bilhete a insurgentes provenientes de vários cantos.

Convidado a comentar sobre o assunto, o porta-voz da direc-ção nacional de identificação civil (DNIC) explicou que o re-quisito para a emissão do bilhete de identidade continua sendo o assento de nascimento. Porém, existem alguns casos em que para se comprovar o histórico do cida-dão exige-se alguns documentos acessórios que é o certificado, cartão de eleitor e eventualmente um testemunho tudo numa pers-pectiva de evitar os oportunistas que a todo custo procuram obter a identidade moçambicana sem preencher com os requisitos exi-gidos pelo estado moçambicano.

z São medidas alternativas para provar o histórico real dos cidadãos- Porta-voz DNIC

elton da Graça

Quinta-feira, 15 de Outubro de 20202 | zambeze

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Violência, tragédia, brutalidade e mortes

A província nortenha de Cabo Delgado está numa autêntica e efectiva situação de guerra. Os sinais iniciais de há três anos a esta parte indicavam as acções perturbantes e perturbadores da ordem e estabilidade públicas como sendo actos de banditis-mo criminal. As evidências provenientes do terreno tiveram das autoridades este entendimento e interpretação de actos crimi-nais comuns. Hoje, a situação dá outras indicações que devem ser objecto de pesquisa, investigação e averiguações técnico-po-líticas e de inteligência operativa, social, cultural e económica.

Jornalismo, academismo…

O jornal Magazine Indepen-dente menciona um relatório que se refere à “Radicalização Islâmica no Norte de Moçam-bique: O caso de Mocímboa da Praia”, produto de um es-tudo chancelado pelo IESE (Instituto de Estudos Sociais e Económicos), como tendo sido uma das tentativas científico- metodológicas para o entendi-mento perceptivo dos eventos que ali ocorriam. Isto soma-se a outros estudos feitos por ou-tras instituições, estudiosos e académicos sobre o assunto.

As nossas autoridades po-líticas, militares e dos servi-ços de segurança são, como em qualquer parte do mundo, os primeiros interessados nes-tas pesquisas. O jornalismo igualmente reportou estes fac-tos, com alguma frequência e oportunidade informativa, que deveriam e devem ter da parte

das autoridades a devida aten-ção e o tratamento analítico--compreensivo deste cenário.

Aparentemente, estas infor-mações, estudos e investigações não podem ser minorados, des-prezados e tidos como actos de “publicitação” do sabido achado oculto, omisso e inconveniente para o conhecimento público. Estes trabalhos investigativos devem constituir matéria para o acervo analítico-informati-

vo, que podem e contribuem para o entendimento do fenó-meno. Os autores não podem ser hostilizados e tidos como fontes “inconvenientes” para a segurança do país. São sim contributos de interesse para os decisores políticos. As fon-tes da verdade não podem ser tidas como de exclusivo direito das entidades oficiais. A socie-dade académica e jornalística são fontes e recursos de útil e grande utilidade operacional em situações desta gravidade.

Deste problema, as autori-dades de defesa e de segurança devem, sim, considerar, usar e valorizar estas matérias. Os comandos/chefias dos serviços de segurança de Estado e as Forças Armadas e as policiais, para além das suas próprias fontes operativo-operacionais e investigativas, não podem autoritariamente prescindir destas informações, porque

referências informativas e de colecção para fins investiga-tivos e de projecção reactiva.

A utilidade da Inteligência nacional

Os serviços de Inteligência devem ou deveriam operativa e em forma de pesquisa procurar entender as origens deste confli-to. As suas análises, pesquisas e

estudos analíticos poderiam ser direccionados para o entendi-mento das acções, actividades de grupos islâmicos radicais, desde o Golfo de Áden, onde se acham a Somália, o Yémen.

Deveriam e devem procu-rar entender a extensão, locali-zação e os interesses político--estratégicos destes grupos, atendendo a sua possível e eventual localização nos pa-íses como Quénia, Tanzania (Zanzibar), e por que não as Comores. Será que isto está sendo considerado? Que apro-ximação e troca de informações está sendo feita com os serviços congéneres dos países atrás re-feridos, incluindo o Malawi?

Gás: os “concorrentes” no mercado mundial

Os países com interesses e investimentos na área do gás não podem ser chamados a co-operarem com Moçambique no exercício de entendimento des-te fenómeno? Os países “con-correntes” na indústria mun-dial deste hidrocarboneto terão eventual e possivelmente algum interesse geo- económico e es-tratégico de inviabilizar a “in-jecção” do gás do Rovuma no mercado mundial? Na Tanzania, país com ligações geo-políticas e históricas na luta de libertação nacional, não pode haver secto-res que não simpatizam com o projecto de gás do Rovuma? A junção limítrofe das fronteiras entre os dois Estados não pode levar à “inveja” deste projecto do gás em Moçambique, por grupos e tendências radicais e económicas naquele país?

A quem interessa o conflito?

Julgamos ser aspectos de interesse que os nossos servi-ços de segurança (Inteligência) teriam de considerar nas suas análises técnico-operacionais, procurando obter mais detalhes nesta perspectiva e aspectos?

O conflito em Cabo Delga-do a quem interessa? Trata-se de uma subversão de cariz radical islâmico? Será que são actos de terrorismo com motivações eco-nómicas? Motivações confessio-nais? Motivações políticas? Mo-tivações de puro extensionismo religioso? Quem e porquê finan-ciam esta desestabilização bélica?

É tempo e ocasião para en-tender as fidelidades políticas regionais e de procurar entender as tendências radicais da região. Igualmente, procurar entender como se efectivam as infiltrações do material bélico, como também das linhas de introdução no país, como dos circuitos de circula-ção destes grupos pelos distritos de Palma, Nangade, Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Montepuez, Balama, Ancuabe e Chiúre. Como se processa a logís-tica alimentar destes invasores? Como e de que forma são feitos os recrutamentos, o treinamento e municiação destes grupos? Como são as linhas de reconhecimen-to de alvos a atacar? A localiza-ção das bases de acomodação e de asseguramento defensivo de protecção? As linhas e os meios de comunicação, coordenação e de verificação de informações? Os meios de noticiabilidade e publicitação das acções combati-vas por via de fontes e meios de

divulgação externos para o mun-do? Ao nível da linha costeira, será que esta é utilizada para in-filtração? A “linha recta” entre o Golfo de Áden e Cabo Delgado (Mocímboa e Palma) não esta-rá sendo utilizada? Qual a nossa actividade preventivo-profilática ao longo da nossa costa? A nos-sa Marinha de Guerra, está ca-paz de controlar estas eventuais penetrações furtivas no país?

Complementaridade analítico- informativa

As Forças Armadas, os ser-viços de Inteligência e os de Contra-Inteligência, os aca-démicos e os jornalistas são e serão contribuintes gratos para este combate. Importa que haja complementarida-de de informações entre estas.

A poucas semanas, uma equipa de jornalistas de vários órgãos de informação esteve no terreno e cada um deles reportou o que viu, viveu e constatou, se-gundo as suas linhas editoriais, o que foi uma valência para o “grande público”. Ficou-se a sa-ber da dimensão grave e gravís-sima que se vive naquela região.

A verdade, por mais dolo-rosa que seja, ela precisa de ser partilhada, pois desperta senti-mentos nacionais e nacionalistas perante este drama que vivemos. Foi uma iniciativa e decisão de aplaudir. Nua e crua, a verdade veio à leitura de cada um que teve acesso a estes órgãos de in-formação e informativos. O país ficou a ganhar com esta apresen-tação da real situação no terreno e o que vivem e passam os nos-sos irmãos em Cabo Delgado.

Cabo Delgado sob bélicas investidas

MatsaMbane Kuphane

zambeze | 3Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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Sociólogo Muianga aponta raptos, assassinatos e chantagens

É proibido acumular riquezas em Moçambique

Filiar do Banco de Moçambique no Chimoio

Afinal o edifício inaugurado pelo Chefe de Estado não é resiliente

elton da Graça

Foi com pompa e circunstância que o Presidente da Repúbli-ca, Filipe Nyusi, inaugurou na sexta-feira, da semana passada, a filiar do Banco de Moçambique, na cidade de Chimoio. No acto, o Governador do banco Rogério Zandamela, disse em viva voz que o edifício, que ocupa uma área de 2.500 metros quadrados, é uma construção moderna e resiliente a mudanças climáticas.

Após a inau-g u r a ç ã o do empre-e n d i m e n -to, Filipe

Nyusi disse que a entrada em funcionamento da filial marca o fim do martírio dos bancos comerciais para re-alizar operações bancárias.

“Com a inauguração da filial de Chimoio, os bancos que operam na província de Manica passam a dispor, local-mente, de serviços de depósito e levantamento de numerá-rios junto do Banco Central, reduzindo os riscos e cus-tos associados”, disse Nyusi.

Entretanto, três dias depois o que era resiliente a mudan-ças climáticas foi colocado à prova e reprovou. O mau tem-po que no domingo sacudiu a província de Manica deixou a nu as deficiências no impo-nente edifício que custou mais de 500 milhões de meticais.

Segundo o empreiteiro, Soares da Costa, foram afec-tados os pisos contíguos às varandas do lado sul do bloco novo, o corredor do piso 2 jun-to às salas de tradução e o au-ditório, este mais severamente.

“A água entrou impulsio-nada pelo forte vento pela so-leira das portas e também, no caso do corredor adjacente às salas de tradução no Piso 2, por janelas mal fechadas. No caso do Auditório, verificou--se que a origem da infiltração foi o entupimento de um tubo de queda, cuja origem está no descuido dos trabalhadores (garrafa de água e restos de madeiras) e que não se mani-festou anteriormente aquando do fecho do madeiramento do Deck. Esse entupimento le-vou que a água subisse em três dos 23 alvéolos existentes, se-parados por vigas de betão”, pode- se ler no documento.

Entretanto, a Soares da Costa afasta qualquer respon-sabilidade e imputa responsa-bilidade à fiscalização da obra.

“Quer as vigas de betão, quer a laje que constitui o tec-

to do auditório são originais da construção do antigo edifí-cio do BNU e constituídas por

betão armado bastante poroso. Aquando da reabilitação, se-guindo as instruções da Fiscali-zação/Projectista, foi efectuada a impermeabilização com telas asfálticas da superfície supe-rior da laje, subindo as telas até um nível das vigas que na altura se julgou adequado. Essa impermeabilização foi comple-mentada pela colocação de um fecho sobre as vigas, mas des-contínuo na zona dos reforços das mesmas com perfis metá-licos”, explica a construtora.

Acrescenta que com a subida do nível da água acima da cota de remate das telas inferiores e devido à natureza porosa do be-tão existente, como antes referi-do, a água infiltrou-se com bas-tante expressão manifestando-se no tecto no interior do auditório.

“ No mesmo dia a situação do entupimento do tubo de que-da foi parcialmente resolvida, o que permitiu o escoamento da água acumulada e a paragem da infiltração. O desentupimen-to total apenas foi possível no dia 12/10/2020. As próximas acções, embora não se tenha

Inicialmente o crime de raptos tinha um grupo alvo, os liba-neses. Com o andar dos tempos outras

classes no país foram ganhando recursos o que de algum modo alterou o objecto do sequestro. O sociólogo moçambicano Baltazar Muianga entende que o crime nunca foi estatístico e cada momento se torna sofisti-cado e o objecto do crime não é a raça humana. Mas, os recursos financeiros dos quais dispõe.

Os actores sociais vão cres-cendendo, numa primeira fase eram libaneses porque o enten-dimento é de que dispõem de recursos financeiros. Quando se falava de libaneses, a ideia é de pessoas com somas avultadas. Ao longo do tempo as outras classes foram ganhando recur-sos e o objecto do sequestro foi mudando. Quanto se fala de criminalidade não interessa se é libanês, chinês e moçambicano, o mais importante é a pessoa ter um volume de capital ele-vado. Funciona em função do dinheiro que a pessoa tiver. As pessoas que tem mais capital económico são as pessoas mais propensas a sequestros, é por isso que parece que as pesso-

as ligadas a banca informam a essa rede de criminosos vai daí, que muitos empresários optam por depositar seus re-cursos em bancos estrangeiros de modo a não haver fuga de informação. “Neste tipo de cri-me o que mais interessa é se a pessoa tem dinheiro para pagar em caso de rapto” sublinhou Muianga acrescentando que entre os empresários pode ha-ver algum mau relacionamen-to, o que dá azo a contratação dos sequestradores como forma de se fazer o ajuste de contas. O sociólogo Baltazar Muian-ga refere ainda que está ficar proibido a acumulação de ca-pitais em Moçambique, muito embora não seja legal. Aqueles que acumularem riqueza cor-rem o risco de serem raptados.

“Se eu acumular riquezas estou a arranjar problemas vai dai que muitos investidores preferem investir num país que oferece segurança. Ser rico constitui um maior risco” sublinhou Baltazar Muianga acrescentando que o cidadão comum não está muito preo-cupado com o sequestro, a sua preocupação é o dia-a-dia. Isso tem uma justificação? Claro, a categoria de pessoas mais

propensas, a raptos ainda se-gundo Baltazar Muianga é a da classe média e dos grandes empresários porque os gran-des empresários movimentam avultadas somas de valores.

Entretanto, esta semana o empresário e comerciante da Mercearia estrela, Jai Ambe foi baleado por indivíduos até aqui desconhecidos. Dos dados reco-lhidos segundo deu a conhecer o porta-voz da polícia a nível da Cidade de Maputo, Leonel Muchina é que dois indivíduos que se faziam transportar numa viatura ligeira abordaram o em-presário quando ele pretendia encerrar o estabelecimento, tendo um deles disparado três tiros. Até aqui não se há ne-nhuma pista dos presumíveis malfeitores desse acto maca-bro. A nossa reportagem soube que em tempos, o proprietário da mercaria Estrela dispunha de uma escolta policial que o acompanhava sempre que quisesse encerrar o estabeleci-mento. Questionado sobre esse assunto, Leonel Muchina foi categórico: desconheço esse dado. Contudo, importa referir que a polícia está para garantir a segurança de todos os cida-dãos incluindo estabelecimen-tos. Mas, isso não exime de qualquer um que quiser, con-tratar a sua segurança pessoal.

registado nada de assinalável nos restantes alvéolos, passam

por inspeccionar esses locais com reforço de limpeza e repa-

ração do Deck, nos locais onde se levantou o madeiramento”.

Quinta-feira, 15 de Outubro de 20204 | zambeze

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Amantismo, roubos e confrontos com colegas

Edil de Nhamatanda acusado em todos os sentidos…

O Clima de cortar a faca que se instalou desde o princí-pio do presente mandato dentro das lideranças ao nível do Conselho Municipal de Nhamatanda em Sofala, está sendo criado pelo facto do edil local António Charmar ter dado con-fiança a três mulheres da sua confiança íntima e sem forma-ção nenhuma, para lidar com os três principais sectores cha-ves ao nível, das Finanças, Recursos Humanos e na UGEA.

Segundo fontes do Conselho Autárquico de Nhamatanda , estas três fun-

cionárias da confiança do che-fe, para além de serem acusa-das de amantizar com o chefe máximo da edilidade, são tam-bém acusadas no desvio de fundos da instituição em seu benefício próprio, por vezes à revelia da própria edilidade. Os denunciantes, apontam ainda como sendo grandes evidências de roubo e saque dos fundos do erário público, o facto das mesmas funcionárias estarem já na posse de vários bens pes-soais, comprados por valores desviados na instituição, com o destaque para a construção de casas rés-do-chão e primei-ro piso, novas viaturas, e de entre outros bens de luxo na posse das acusadas, adquiri-dos de uma forma clandestina.

Outras acusações que pe-sam sobre o edil, António Charmar, feitas pelos funcioná-rios, na posse do ZAMBEZE, acusam o edil de ter falsificado a certidão de habilitações lite-rárias da 12ª Classe; de autori-zar pagamentos indevidos; de venda de terra; mau uso dos fundos públicos e bens do Esta-do; assim como adjudicar obras públicas à sua própria empresa.

Segundo a denúncia, o edil, ostenta também uma outra cer-tidão de habilitações literárias (da 12ª Classe) falsa, emitida em 2018, antes de ser eleito como cabeça-de-lista nas eleições autárquicas de 2018 passado, onde consta que o mesmo cer-tificado foi emitido numa esco-la privada, na cidade da Beira.

Dada esta situação, dizem os denunciantes que a edilida-de está sendo gerida por alguns “incompetentes”, a partir do próprio edil de Nhamatanda, para além de que o Estado es-teja a gastar fundos públicos pagando salários a funcionários

considerados “fantasmas”, que não possuem nenhum vincu-lo contratual por falta do visto do Tribunal Administrativo.

A mesma denúncia, indica ainda que, naquela instituição, existe uma funcionária com nível superior e formada na área dos Recursos Humanos, mas que nunca lhe foi dada a oportunidade de trabalhar na sua própria área de formação, e outros técnicos da Autarquia, formados em Administração Pública, que nunca exerceram nenhuma actividade laboral nas suas área de formação.

*Edilidade promove um “Tsuname” de Movimentações contra funcionários suspeitos*

Uma semana depois da inspecção da Direcção Pro-vincial das Finanças ter fis-calizado os trabalhos ao nível do Conselho Municipal de

Nhamatanda, o edil daquela autarquia, decidiu desencadear uma acção de vingança con-tra funcionários supostamente inocentes nas acções de denún-cias contra a edilidade local.

Trata-se de funcionários que são tidos pela edilidade como aqueles que comparti-ciparam ou forneceram infor-mações na elaboração do do-cumento que denuncia o edil nas práticas ilícitas, com o des-taque para os funcionários que respondem pelos nomes de Vi-

cente de Alcides Vieira que de-sempenhava as funções de che-fe do património na vereação de Finanças e Património para Vereação de Assuntos Sociais - Casa Mortuária, e para este lu-gar foi indicado o senhor Lavo Ganizane que é o primeiro se-cretário do Ciclo do Conselho Municipal; igualmente, foi ain-da movimentado o funcionário

Nhama que desempenhava as suas funções na área dos Re-cursos Humanos para Vereação de Desenvolvimento Económi-co Local - Mercados (cobra-dor); o funcionário Manuel To-mossene de Assuntos Sociais para Secretaria Municipal.

.Em repúdio a este compor-tamento demonstrado pelo edil, alguns funcionários transferi-dos compulsivamente das suas vereações, denunciaram tam-bém alegados desvios de com-putadores adquiridos no ano de

2014, ano da Implantação da autarquia, que são tidos como desaparecidos no ano passa-do de 2019, logo apos o apoio concedido pela Cooperação Alemã GIZ, bem como a Sabo-tagem das secretárias (mesas).

Os denunciantes, acusam ainda a edilidade de ter desvia-do os referidos computadores a favor de alguns vereadores e alguns técnicos que usam estes meios nas suas casas para tra-balhos pessoais, apontando no concreto, um computador por-tátil da vereação de construção que desapareceu da institui-ção, estando neste momento com um funcionário ligado ao vereador de saneamento. Os funcionários dizem ainda que o computador portátil que de-sapareceu junto de uma fun-cionária sénior da mesma ve-reação, pertencente a vereação

das finanças e, é usado pelos filhos de uma funcionária tida como “intocável” na Autarquia,

incluindo ainda de um outro computador desaparecido no sector dos Assuntos Sociais.

Segundo contam, para além desses meios portáteis, existem ainda outros compu-tadores de mesa que desapa-receram sob olhar sereno e impávido dos responsáveis do sector das Finanças e da ti-tular da pasta do património.

Edil parco em palavras Contactado pela reporta-

gem do nosso jornal, o edil de Nhamatanda, António Char-mar, confirmou ter conheci-mento da denúncia, porém, dis-se não corresponder a verdade. Charmar adiantou apenas que a denúncia é feita por pessoas que pretendem, a todo custo, substitui-lo do lugar da presi-dência municipal, e sem dar mais detalhes deu por encer-rada a entrevista, visivelmente

revoltado com a nossa presença para o confrontar com as de-núncias que pesam sobre si. Z.

Jordane nhane

zambeze | 5Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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6 | zambeze | opinião |

FICHA TÉCNICAFICHA TÉCNICA

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FICHA TÉCNICAEz O n d e A n A ç ã O S e r e e nc O n t r AambEzFICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICAFICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA

Grafismo: NOVOmedia, SARLFotografia: José Matlhombe Revisão: AM

Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 84-7714280(PBX) 82-307 3450Publicidade: Egídio Plácido Cell: 82-5924246 | 84-7710584 [email protected]ão: Sociedade do Notícias S.A

Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584(E-mail. [email protected])

Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido, Luís Cumbe

Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse

Colaboradores: Elton da Graça

Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544(E-mail: munguambe2 @hotmail.com

Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002

Propriedade da NOVOmedia, SARL

D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. Emília Daússe casa da Educação da Munhuana

Alto-Maé - Maputo

Cell: 82-307 3450 (PBX)[email protected]

A p o b r e -za é um p r o b l e m a que ame-aça mui-

tas sociedades, sendo que a sua solução não se cir-cunscreve apenas à obser-vância das obrigações pe-los governos, mas também à atenção dos abastados.

Embora a pobreza no Mundo não se possa eliminar por completo, pode-se con-tribuir para que os seus ní-veis se reduzam substancial-mente, criando-se assim um equilíbrio social aceitável.

É obrigação dos gover-nos e também dos abasta-dos, ajudar os pobres a tor-narem-se auto-suficientes.

A publicação oficial da Liga Mundial Isslâmica (Ra-bita), na sua edição número 1678 de 01.12.2000, citando o economista inglês Collin Klark, dizia existirem no Mundo 81.000.000 (oitenta e um milhões) de hectares de terra arável, que podiam pro-duzir comida suficiente para 45.000.000.000 (quarenta e cinco biliões) de pessoas.

Cerca de 1.000.000.000 (um bilião) de pessoas vive em países do chamado III Mundo, onde 800.000.000 (oitocentos milhões) so-brevivem com apenas 30 cêntimos de dólar por dia.

Devido â fome, só na Etiópia chegaram a mor-rer num ano, 100.000 (cem mil) pessoas.

A questão da destruição

de alimentos é um dos mais graves assuntos que o nosso Planeta enfrenta actualmente.

Segundo estatísticas, dos números revelados pelas Na-ções Unidas, cerca de 1/3 (um terço) dos alimentos produzi-dos no Mundo são destruídos todos os anos. Isto tradu-zido em números significa 1.300.000.000 (um bilião e trezentos milhões) de tonela-das, cujo valor global atinge a cifra de 1.000.000.000.000 (um trilião) de dólares anu-ais. E o mais irónico, é que ao mesmo tempo que se destro-em alimentos, em 2018, mais de 820.000.000 (oitocentos e vinte milhões) de pessoas enfrentaram fome, o que ali-ás aconteceu em 2018. E há uma tendência de incremento do número de esfomeados

Designa-se destruição de alimentos a quantidade de co-mida que não é aproveitada, desde a fase da sua produção nos campos agrícolas, até à sua chegada ao consumidor, ou que depois de pronta para o consumo é lançada ao mar.

Variando de país para país, as quantidades de ali-mentos destruídos são de todos os tipos, desde cere-ais, vegetais, carnes, ovos, frutas, produtos lácte-os, óleos alimentares, etc.

São várias as causas que concorrem para a destrui-ção de alimentos, entre elas o deficiente planeamento no processo produtivo, os problemas ligados ao esco-amento e à comercializa-

ção por falta de mercados, etc. Mas a principal causa é a manutenção de preços no mercado internacional.

Alguns peritos advertem que, se os níveis de consumo de alimentos se mantiverem no ritmo actual, até 2050 o Planeta Terra precisará de

mais 3 planetas da mesma di-mensão para produzir comida para alimentar as populações.

Sugerem então, que ao invés de planearem melhor, utilizando de forma racional a totalidade de terras aráveis,

se deve optar pela solução do planeamento familiar para assim se reduzir o núme-ro de habitantes do Globo.

Mas no entanto a União Europeia anunciou em Bruxelas ter gasto num só ano, o equivalente a USD. 950.000.000,00 (novecen-tos e cinquenta milhões de dólares) em alimentação para animais, comida essa que sendo um excedente agrícola serviria para ali-mentar muita gente esfome-ada por esse Mundo fora.

Na década de 70 do sé-culo passado, a então CEE (Mercado Comum Europeu) bloco económico que deu ori-gem à actual União Europeia (UE) gastou 127.000.000,00 (cento e vinte e sete milhões) de marcos alemães na des-truição de milhares de to-neladas de fruta e vegetais.

A Inglaterra gastou mais de 12.000.000,00 (doze milhões) de libras esterlinas na destruição de grandes quantidades de produtos lácteos

A maior preocupação dos países desenvolvidos e das grandes multinacionais é uma: ver os seus lucros a avolumarem-se, ainda que seja à custa de vidas, à custa da pobreza e dos esfomea-dos, à custa da poluição dos oceanos, dos rios, dos lagos da atmosfera, etc. Apoquen-tam-lhes apenas as receitas. Nisso portam-se como se fossem a última geração no Mundo, como se depois deles

não viesse nenhuma outra.Infelizmente, os chama-

dos países do III Mundo, embora em sucessivas crises alimentares com grande par-te da sua população vivendo abaixo da linha de pobreza, os poucos recursos de que dispõem gastam-nos em ar-mamento e em bebidas alco-ólicas e outras coisas fúteis.

E como então erradicar a pobreza?

Deus diz no Qur’án, Cap. 11, Vers. 6:

“E na Terra não há ne-nhum animal cuja provi-são não dependa de Deus”.

Deus garante a alimenta-ção a todos, existindo meios e comida suficientes para ali-mentar toda a gente no Mun-do. Mas é a ganância do Ho-mem que estraga tudo, pois por um lado há gente des-provida de quase tudo, e por outro há os que não obstante terem até demais, ainda ambi-cionam por mais sem se preo-cupar com os que nada têm. E são tão somíticos que não só não dão um vintém aos deser-dados da sorte, como chegam a tirar dos pobres o pouco que eventualmente possam ter.

Só o equilíbrio exigi-do entre o desperdício e a sovinice é que garantirá a nossa existência como es-pécie e como sociedade.

O Profeta Muhammad (S.A.W.) ensinou-nos a não desperdiçar, nem mes-mo a água, ainda que es-tejamos junto a uma fonte ou na margem de um rio.

AlmAdinA Sheikh Aminuddin Mohamad

Como erradicar a pobreza

Quinta-feira, 15 de Outubro de 20206 | zambeze

Mas no entanto a União Europeia anunciou em Bru-xelas ter gasto num só ano, o equivalente a USD. 950.000.000,00 (novecentos e cin-quenta milhões de dólares) em alimen-tação para animais, comida essa que sendo um exceden-te agrícola serviria para alimentar mui-ta gente esfomeada por esse Mundo fora.

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zambeze | 7| opinião |

A resposta do governo que tardasobre os direitos humanos

Os últimos e lamentá-veis acon-tecimentos o c o r r i d o s

há poucos dias no norte do país, protagonizados por um pequeno grupo de militares sem consciência e sem um mínimo de hu-manidade, que agiram de forma criminosa, deram a volta ao mundo através dos meios de comunicação, te-levisões, bem como atra-vés das redes sociais a ní-vel global e deixaram uma imagem de Moçambique da qual não nos podemos orgulhar, não só ingrata, más também a imagem de um país sem lei, onde au-toridade se confunde com a impunidade, que não afecta apenas os autores, afecta também os comandantes e as instituições respon-sáveis, afecta todos os ci-dadãos porque somos nós que vivemos e construímos daí a dia Moçambique.

Não é a primeira vez que actos inaceitáveis são cometidos por membros das forças de segurança e outros personagens que agem fora da lei por sua própria vontade ou dirigi-dos à distância e em mui-tos casos ficam impunes, por falta de investigação, provas ou outros motivos estranhos. Também temos

que entender que a nos-sa história mais recente se desenvolveu ao longo de muitos anos de guerra e sob um regime totalitário, o co-munismo, onde os cidadãos não tinham direitos, apenas tinham a obrigação de obe-decer. Sem dúvida, toda a nossa história passada pode afectar nossas forças de defesa e segurança, mas também temos que ser rea-listas e nos perguntar por-que nos últimos vinte anos não aproveitamos para nos adaptar aos novos tempos democráticos e fortalecer forças mais modernas e preparadas que cumpram os direitos humanos e as normas democráticas que à Constituição nos marca. Se queremos consolidar a nossa democracia e torná--la mais justa e mais forte, onde todos os cidadãos se-jam iguais e têm os mes-mos direitos e deveres, é fundamental uma mudança de atitude, onde considere-mos as forças de segurança como nossas aliadas nos tempos difíceis, os nossos protectores, que eles cui-dam pela nossa segurança, nossos amigos. Por isso é fundamental, de uma vez por todas, fortalecer e cum-prir os mandatos da Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas e da Cons-tituição, se queremos ser

um país onde todos nos orgulhemos de ser seus fi-lhos, não podemos permitir que essas situações nunca mais se repitam. Os man-dos.... superiores também têm sua parcela de respon-sabilidade por não realizar as mudanças e a disciplina que deveriam ter sido im-plementadas há muito tem-po para formar forças de segurança das quais todos os cidadãos sentir-se orgu-lhosos. As forças de segu-rança, militares e policiais, devem ser adequadamente preparadas e educadas, não apenas em suas responsa-bilidades como militares ou policiais, mas devem compreender, também seus comandos, que estão ao serviço da sociedade, dos cidadãos para defendê-los protegê-los e ajudá-los quando seja necessário, para não assustá-los ou abusar de sua autoridade de forma incontrolável. Também é verdade que em alguns grupos com milha-res de pessoas vinculadas, como as forças de segu-rança, podem aparecer in-divíduos desequilibrados, ambiciosos, criminosos, que agem e cometem actos ilegais e criminosos, como vimos, talvez em muitas ocasiões que não deve-riam ser incontroláveis.

Nestes casos, a justiça,

como um dos pilares fun-damentais do Estado de Direito, deve actuar com independência e transpa-

rência, dar o exemplo e transmitir confiança e segu-rança aos cidadãos, fortale-cendo e democracia, pois sem justiça estamos cami-nhando para a desestabili-zação e caos social. Temos de agir com determinação para que a lei seja cumpri-

da, para fortalecerás nossas instituições e agir de forma a permitir-nos transmitir confiança a nós próprios e á comunidades internacio-nais, se quisermos contar com o seu apoio e colabora-ção nestes tempos difíceis.

Não podemos esquecer que os membros das forças de segurança também têm país, família, irmãos, ami-gos, indubitavelmente afec-tados por situações como a que aconteceu há poucos dias, todos querem sentir or-gulho dos homens e mulhe-res que têm como missão de nos defender e proteger, por vezes â custa da sua própria vida, na sua dedicação e de-fesa da paz e por todos nós.

É por isso que temos que agir com determinação e pensar que é impossível continuar sem tomar as de-cisões que nos permitem avançar e consolidar a nossa democracia, bem como os direitos humanos, é chegado o momento de dar um passo em frente que nos permita a mudança que todos nós es-peramos e desejamos, uma mudança que não pode es-perar, essa mudança que não pode continuar arrastando os pés sem tomar as decisões necessárias que deveriam ter sido tomadas há muitos anos. O Governo tem a res-posta, o que não sabemos é se um dia vai aplicá-la.

Fabiao Carrapau

zambeze | 7Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

zambEzEAnUncIe nO Departamento Comercial

Contactos: (+258) 82 307 3450 847710584 ou 825924246

E-mail: [email protected]

Comercial

Não é a primeira vez que actos ina-ceitáveis são come-tidos por membros das forças de segu-rança e outros per-sonagens que agem fora da lei por sua própria vontade ou dirigidos à distância e em muitos casos ficam impunes, por falta de inves-tigação, provas ou outros motivos estranhos

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| opinião |

ZoomJosé MatlhoMbe

Pretendemos com este escrito aler-tar, mais uma vez, para a importância dos procedimentos

de registos de dados dos acidentes rodoviários que, em Moçambique, é feito de forma muito deficiente, não se podendo acreditar nos nú-meros apresentados quer pela Po-lícia de Trânsito, quer pelo INAT-TER, porque são estatísticas irreais.

Este assunto já foi objecto de estudo por parte do Governo que culminou com a proposta de se criar um Centro de Recolha de Da-dos de Acidentes Rodoviários. Foi até elaborado e ensaiado um guião a ser usado pelos agentes de fisca-lização quando ocorra um acidente rodoviário, cujos dados nele reco-lhidos seriam enviados para o refe-rido centro de recolha de dados para efeitos de estatística ou de estudos. Todo este trabalho que foi desen-volvido e cuidadosamente elabora-do não passou de meras intenções,

uma vez que foi arquivado nas gavetas das secretárias dos nossos zelosos dirigentes. Acomodaram--se nos sistemas arcaicos com que vinham a trabalhar e, como parece que são contra tudo o que represen-te inovação na forma de trabalhar com mais eficiência, ignoraram o preenchimento deste guião por-que dá algum trabalho a fazer.

Existem muitas deficiên-cias ao nível de registos e me-todologia de análise de dados relativos aos acidentes, o que dificulta conhecer a realidade moçambicana no que se refere à sinistralidade rodoviária. Uma evolução positiva neste âmbi-to só seria possível se houvesse uma base de dados actualizada e fidedigna para poder proporcio-nar estudos fiáveis e possibili-tar traçar políticas e medidas de segurança e de prevenção que ajudassem a reduzir o número de acidentes e vítimas mortais.

Por exemplo, porque razão

ocorrem, em proporção quando comparado com outros lugares, mais acidentes em Maxixe e na Manhiça? Se tivéssemos o tal órgão de recolha de dados dos acidentes, saberíamos com pre-cisão os locais em que ocorrem, o tipo de acidentes e a hora em que mais se registam. Seria fá-cil ir aos locais e intervir com eficácia para corrigir ou elimi-nar de forma científica as cau-sas dos acidentes e também ir assim diminuído os pontos ne-gros nas nossas vias públicas.

Sendo a sinistralidade rodo-viária um problema complexo, de difícil análise e resolução, torna-se necessário o contributo de todas as entidades com res-ponsabilidade nesta área. Porém, todas estas entidades deveriam actuar sob planificação e orien-tação de um órgão coordenador de modo a que cada uma delas saiba onde e como contribuir para um objectivo comum. Este

órgão coordenador foi também criado e estudado o seu modo de actuação, mas tudo foi também parar nas referidas gavetas dos nossos ilustres irresponsáveis.

Em nossa opinião, se o ac-tual Ministro dos Transportes e Comunicações quiser marcar positivamente a sua permanên-cia como dirigente dos transportes e da mobilidade segura dos cida-dãos, terá de exigir, entre outros aspectos, que se crie o mencionado órgão de recolha e registo de da-dos dos acidentes rodoviário, sem o qual não será possível traçar um plano de combate eficaz contra a sinistralidade nas nossas estradas.

Em Moçambique não se per-cebe bem a quem compete fazer o registo e estatística de toda a in-formação respeitante aos acidentes de viação. Será que compete ao INATTER, à Polícia de Trânsito, à Direcção Nacional de Estatística ou a uma Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária a ser criada?

Seria uma destas entidades a ser designada que passaria a ter conhecimento das variáveis que contribuem para a ocorrência dos acidentes, sejam eles referentes ao condutor, ao veículo, à via ou ao ambiente rodoviário. São es-tas variáveis intervenientes nos acidentes que possibilitam aos in-vestigadores chegar a resultados objectivos de modo a definir me-didas de segurança e de prevenção rodoviárias. Assim, as bases de dados alimentadas com infor-mação recolhida permitiriam o cruzamento de variáveis, o que melhoraria o conhecimento so-bre as causas da sinistralidade rodoviária. Só assim se pode ter uma informação real e agir em relação a competência dos con-dutores, competência dos peões, falha na fiscalização, políticas seguras e acção das autoridades..*DIRECTOR DA ESCLA DE

CONDUÇÃO INTERNACIONAL

A importância do registo de dados dos acidentes rodoviários

Cassamo LaLá* sobre o ambiente rodoviário

Sobre o ambiente rodoviário

Quinta-feira, 15 de Outubro de 20208 | zambeze

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EditorialTrinta e quatro anos

com Samora em todos nós!

dougLas madjiLa

Quando levantamos a possibilidade da existência de um líder nomeado, estamos em outras palavras a designar categoricamente um não líder. Um dos critérios prin-cipais para se admitir que se está perante um líder é a capacidade de alcance de resultados, isto é, o que carac-

teriza a liderança são os factos que evidenciam os trilhos que tendem ao alcance de qualquer que seja a meta prevista. Porém esse indicador, o dos resultados, não veda a existência de outros factores que caracte-rizam a liderança, mas sim constitui a etapa final do exercício desta.

Antes de se chegar a questão dos resultados, existe uma série de aspectos a considerar que determinam a existência de um líder, um aspecto também fundamental antes mesmo da porta final, a dos re-sultados, é a capacidade influenciadora, aliás importa realçar que é fácil evidenciar a liderança em circunstâncias em que se leva algum colectivo às costas, sem dispensar as outras, mas a ideia de fazer com que os demais sigam os seus passos, caracteriza a liderança. Portanto, ser líder significa mover, orientar e iluminar os outros, fazer com que as pessoas o confiem e abracem as suas convicções e tudo isso deixa--nos ainda mais claro que não se pode nomear um líder, o líder auto--revela-se, são os seus feitos que o intitulam de líder e não o seu cargo.

Urge esse esclarecimento visto que, por inércia de linguagem, andamos a confundir cargos com liderança e incorremos ao risco de também confundir aos dirigentes na diferenciação de significados e significantes, ou seja, são os próprios dirigentes que por desgaste mediático dessas designações começam a sentir-se líderes por sim-plesmente ocuparem alguns postos relevantes e, alguns porque ocupam cargos que em algum dia foram ocupados por líderes efectivamente. Não é assim que funciona, é o seu trabalho que o fará líder e não a nomeação ou linguagem populares e muito menos a herança sucessiva.

Abordamos essa questão não porque incomoda-nos que chamem líderes aos não líderes, mas porque incomoda-nos que eles nada tenham de líde-res e pior, encontram-se até marchando no sentido inverso da liderança, colocando o próprio idioma em causa e atropelando os princípios de lide-rança que são na verdade fundamentalíssimos na construção do homem.

O presidente da república é uma evidência clara da não liderança, tendo em conta o que dele se espera na função que desempenha mas, o seu amigo pessoal Ossufo Momad, é ainda mais evidente. Ossufo Momade parece mesmo perdido na maré mais alta da costa do Índi-co. Primeiramente entrou neste barco vindo a favor de Filipe Nyusi, este também sem rumo, apenas com a proa virada para desvia-lo, e parece que conseguiu porque agora Ossufo Momade está mesmo a favor do vento e sem vela nem remo que o possam conduzir à qualquer que seja a margem ainda que distante dos seus intentos, a arena política. Ossufo Momade nem sequer está a fazer política.

O nomeado líder, enquanto conduzido pela sua arrogância, pas-sava por cima de tudo e todos inclusive por cima dos seus quadros, sentindo-se não só, o novo chefe como o merecedor de toda a mor-domia Nyusiana, passava também por cima das leis divinas, vivendo o que até a religião desaconselha ao homem, a luxúria e a gula. Não sabemos até que ponto isso tem haver com o poder divino, mas a verdade é que Ossufo Momade vive hoje a infelicidade de ter de reestruturar tudo o que desestruturou arrogantemente, já até se sente obrigado a desfazer-se do silêncio e resmungar perseguição por parte dos seus amigos frelimistas, parvoíce. De facto o seu ninho está todo destruído quiçá, ainda se destruindo mas, logicamente que a sua reestruturação permanece longe da sua alçada, ou seja, parece que a estrutura desse ninho não contém um galho sequer que o pertença, quanta ingenuidade política, Momade não percebeu que as borgas a rei de que desfrutava no topo do batuque estavam sobre o ninho feito pela perdiz com tanto sacrifício. Quanta ganância, outro pecado.

Contudo, porque da Renamo também não conhecemos nenhum projecto de governo, nenhum plano de sociedade, cabe-nos apenas a missão de assistir e, sinceramente, lamentamos a queda instantânea do que se calhar poderia ser já um castelo político. Viva a Frenamo!

A ingenuidade política de um líder nomeado

Segunda-feira próxima, dia 19 de Outubro vai ficar marcada pela passa-gem dos 34 anos após a polémica morte física do primeiro Presidente de Moçambique Independente, Samora Moisés Machel. São três décadas de um acidente aéreo cuja peripécia ainda levanta suspeições quanto ao rosto dos autores materiais, e os respectivos responsáveis do acidente que

vitimou a quase totalidade da comitiva presidencial, incluindo a tripulação. Não obs-tante várias vozes augurarem que a morte fora provocada pelo regime do apartheid, algumas versões mesmo sem citar nomes, apontam para inimigos internos de Samora.

Anualmente personalidades ligadas a diversos quadrantes sócio-políticos deslocam-se à região de Mbuzini, local onde despenhou o avião, para prestar homenagem ao herói, e de algum modo expectantes de ouvir algo de novo sobre os motivos que vitimaram Samora Machel. Passado este tempo todo, as interrogações continuam, e apesar da reabertura do processo pelas autoridades sul-africanas com dados que sustentam que o presidente moçambicano teria sido assassinado, vítima de um complot organizado pelas autoridades de Pretória com anuência de alguns sectores moçambicanos. Tudo indica que os rumores não vão ficar por aqui.

Porém, e contrariando este optimismo, a família Machel, acredita que os assassinos do seu ente querido estão vivos e assumem que não vão descansar enquanto não for es-clarecida a morte daquele que foi o primeiro presidente de Moçambique Independente.

Em 1995, depois de tomar posse, NelsonMandela, que então iniciava um romance com Graça Machel, a viúva do primeiro presidente de Moçambique, mandou abrir um inquérito completo e rigoroso sobre o alegado envolvimento das autoridades sul-africanas e de sec-tores do Poder em Maputo no desastre de Mbuzini. Os resultados nunca foram divulgados, mas não se alterou a versão do inquérito oficial de 1986, que atribuiu a causa do acidente a um erro de navegação e deficiência dos instrumentos de bordo, mas outros sectores, também assumem que a investigação do acidente tenha sido torpedeada por demagógicos e oportunismos políticos, que desviaram as atenções a todos os que queriam descobrir a verdade, pois, na sua óptica, foram afastadas directa ou indirectamente as pessoas com-petentes que conheciam e tinham grande experiência da aviação civil em Moçambique.

Samora Machel era um homem das massas. A sua memória está viva e incarnada no dia--a-dia dos moçambicanos. Samora não gostava de secretismos. No Governo de Samora Machel, os salários dos governantes e de outros demais dirigentes superiores do Estado não constituíam segredo, conforme atesta o Boletim da República I Série, n. 29, do dia 30 de Agosto de 1975. O Decreto que fixou a remuneração dos dirigentes foi publicado e era do conhecimento de todos. Hoje, o mesmo assunto é tratado com grande secretis-mo. Ninguém quer revelar quanto ganham os grandes chefes, pretendendo assim ignorar que os governantes são funcionários superiores do Estado e o Estado é dos cidadãos.

Samora chamava a atenção sobre um aspecto fundamental: a necessidade de os dirigentes no seu comportamento representarem os sacrifícios consentidos pelas massas, pois segundo o ex -estadista o poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme sendo daí ser pertinente que estes vivam modestamente com o povo, não fazendo da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores. Samora apregoava que a corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares, amigos ou a gente da sua região fazem parte do sistema de vida que a Frelimo queria destruir. O tempo passa. Mas Samora continua vivo. É só ver e ouvir os seus discursos nos transportes públicos, nas tabernas, e em tudo que seja público e sentir a distância que hoje nos separa do calor dos mesmos. Trinta e quatro anos de saudades, dirão uns. Outros nem tanto!

| opinião | zambeze | 9Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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E&P MOZAMBIQUE AREA 1, LIMITADA

A Total E&P Mozambique Area 1, Lda ("TEPMA1") esta a desenvolver o Projecto de Gas Natural Liquefeito (GNL) no Distrito de Palma, no Norte de Moçambique.

No ambito do apoio a capacitaçao institucional considerada de vital importancia para a execuçao do projecto, a TEPMA1 convida as empresas interessadas a apresentar uma Manifestaçao de Interesse para os seguintes servicos:

l Instalaçao e/ou Reabilitaçao de escritorios, devendo estes ser completamente equipados de forma a assegurar todas as funcionalidades, bem como serviços de Gestao de Escritorios nas seguintes regioes de Moçambique: - Maputo Cidade- Ressano Garcia- Nacala- Pemba- Palma

Os serviços devem garantir que os escritorios institucionais operem de forma segura, confortavel e economica, de acordo com os requisitos a serem de�inidos TEPMA1 e que incluam, mas nao se limitem ao abaixo mencionado:

lServiços de gestao desses escritorios, que deverao conter com todas as funcionali-dades integradas, manutençao geral dos escritorios (preventiva e correctiva), serviços publicos comuns e outros que se considerem necessarios.

Os serviços a prestar deverao ser inclusos num unico contrato entre a TEPMA1 e o Prestador de Serviços (como uma soluçao integrada e unica), compreendendo a fase inicial de instalaçao funcional dos escritorios, bem como a fase subsequente de gestao de escritorios.

As empresas interessadas devem seguir os passos seguintes:

1. Registar-se na Base de Dados de Fornecedores da TEPMA1: http://www.mzlng.com/Opportunities/Suppliers

2. Submeter a Manifestaçao de Interesse com a seguinte documentaçao:

lEstatutos Actualizado (conforme publicado no Boletim da Republica)lCerti�icado de Registo Comercial Actualizado. (parte de Construçao, de Gestao e

de Operaçoes)lLicença Operacional ou documento equivalente emitido pelas autoridades

competentes, com validade de 90 dias. (parte de Construçao, de Gestao e de Operaçoes)

lDeclaraçao de NUITlComprovativo de Registo Fiscal e declaraçao de inıcio de actividade (M/01C e

M02)lPer�il da empresa lDescriçao detalhada de projectos e serviços similares oferecidos em Moçambique lA lista de sub-contratadas e parceiros para executar o projecto, quando aplicavel lPessoa de contacto (nome, telefone e email) para receber quali�icaçoes e informa-

çoes comerciais.

Caso a Manifestaçao de Interesse seja apresentada por um consorcio, devera ser acompanhada do contrato de consorcio que devera de�inir os termos e condiçoes do mesmo, o seu periodo de duraçao e a forma de participaçao dos respectivos mem-bros.

Apos a recepçao da Manifestaçao de Interesse, a Total E.P. Mozambique A� rea 1, podera selecionar empresas para uma pre-quali�icaçao adicional. A apresentaçao de uma Manifestaçao de Interesse nao garante que a empresa seja convidada para o Concurso.

A M a n i fe s t a ç a o d e I n te re s s e c o m o a s s u n to : FORNECIMENTO DEINFRAESTRUTURAS, EQUIPAMENTOS E PROVIMENTO DE SERVIÇOS PARA OAPOIOAOSGABINETES INSTITUCIONAISDEDICADOSAOPROJECTO deve ser submetida ate as 17:00 CAT do dia 28 de Outubro 2020, ao seguinte endereço electronico:[email protected]

MANIFESTAÇÃODEINTERESSEPARAO FORNECIMENTODEINFRAESTRUTURAS,EQUIPAMENTOSEPROVIMENTO

DESERVIÇOSPARAOAPOIOAOSGABINETESINSTITUCIONAISDEDICADOSAOPROJECTO

Total E&P Mozambique Area 1, Lda ("TEPMA1") is developing the Mozambique Lique�ied Natural Gas (LNG) Project ("the Project") in the District of Palma, in Northern Mozambique.

As part of the support to the for institutional training capacity considered critical for the execution of the project, TEPMA1 invites interested companies to submit an Expression of Interest for the following facilities:

lProvision and/or refurbishment of of�ices fully managed, serviced, and equipped of�ice facilities, inclusive of internet and consumables . The facilities shall be available in the following geographical locations:- Maputo City, - Ressano Garcia- Nacala- Pemba and - Palma

lManagement services for these of�ices, shall include cleaning, general of�ice maintenance (preventive and corrective), common public services and others that are considered necessary.

The services to be provided should be included in a single contract between TEPMA1 and the Service Provider (as an integrated and unique solution), comprising the initial �itting out of the facilities, and subsequent of�ice management.

Interested companies shall take the following steps:

1. Register at AMA1 supplier database: http://www.mzlng.com/Opportunities/Suppliers

2. Submit the Expression of Interest with the following documentation:

lUpdated Articles of Association (as published in the Of�icial Gazette).lUpdated Certi�icate of Commercial Registration. (for construction, Management

and operations)lOperational License or equivalent document issued by the relevant authorities,

valid for the last 90 days. (for construction, Management and operations)lNUIT DeclarationlEvidence of tax registration and commencement of activity declaration (M/01C e

M02).lCompany pro�ile lDetailed description of similar projects and services offered in Mozambique lThe list of subcontractors and partners to carry out the project, when applicablelContact person (name, phone, & email) for receiving quali�ications and commercial

information.

If the Expression of Interest is submitted by a consortium, respondents shall provide details of the joint venture agreement.

Following receipt of Expressions of Interest, Total E&P Mozambique Area 1, may select companies for further pre-quali�ication. Submission of an Expression of Interest does not guarantee that a company will receive an invitation to tender.

The Expression of Interest with the subject: EXPRESSIONOFINTERESTFORTHESUPPLYOFINFRASTRUCTURES,EQUIPMENTANDPROVISIONOFSERVICESTOSUPPORTTHEINSTITUTIONALOFFICESDEDICATEDTOTHEPROJECT shall be submitted no later than 17:00 CAT of October 28, 2020, to the following Electronic address: [email protected]

EXPRESSIONOFINTERESTFORTHESUPPLYOFINFRASTRUCTURE,EQUIPMENTANDSERVICESTO

SUPPORTTHEINSTITUTIONALOFFICESDEDICATEDTOTHEPROJECT

| coMercial | Quinta-feira, 15 de Outubro de 202010 | zambeze

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| coMercial | zambeze | 11Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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Os produtores do povoado de Mulelemane e Mawadia, distrito de Magude, província de Maputo, queixam-se de falta de meios para escoamento de produção agrícola. No distrito houve produção em abundância, com destaque para hortículas, desde a couve, repolho, alface, feijões, cebola, entre outros excedentes agrícolas arrolados pelos agricultores ouvidos pela nossa reportagem, ao mesmo tempo que mostra-ram-se preocupados com o risco de deterioração a que está sujeita a produção.

A p o p u l a ç ã o do distrito é maior i tar ia-mente consti-tuida pela et-

nia Changana e, nas zonas fronteiriças verifica-se alguns aglomerados populacionais de origem sul africana, decorrente da situação histórica do distrito.

Dados apontam para uma população de cerca de 63.691 ha-bitantres, representando um cres-cimento na ordem de 20% em re-lação ao censo de 2007. Trata-se de um distrito com grande poten-cial para a prática da agricultura e criação do gado.O cultivo da terra é em grande medida realizado por pequenos proprietários rurais, tendo, como mão de obra, funda-mentalmente, o núcleo familiar

Um outro desafio apontado

pelos pequenos produtores da-quele ponto do distrito está as-sociado à falta de mercado para comercializar a sua produção, uma vez desde que o país regis-ta casos da covid-19 o governo distrital proibe a prática de fei-ras agrícolas que aconteciam aos domingos, uma medida tomada tendo em vista a conte-ção da propagação da covid-19.

Os pequenos agricultores enfrentam ainda desafios de ele-mentos complementares que melhorem a produção e produti-vidade, a exemplo de motobom-bas para o sistema de regadio das machambas, para além de pesticidas, compostos orgáni-cos para banir o desenvolvi-mento de pulgões e pragas que devastam plantações agrícolas.

Faira Ngovene detém mais de

25 hectares, no povoado de Ma-lelene, no entanto, não explora na plenitude as terras, e aponta a falta de meios de trabalho. Dedica-se ao cultivo de milho, couve, repolho, feijões, tomate, cebola, pimenta,

pepino, entre outros produtos.Outro desafio apontado pela

Ngovene passa pela capacidade de poder controlar o efeito das pragas que, vezes sem conta põem em causa a produção. Entre as principais pragas frequentes des-

taque para o lagarto do milho, rato do campo, e gafanhoto elegante.

“A minha motobomba é pequena para o espaço que ex-ploro, o que acaba limitando a minha produtividade, mas tam-

bém estamos com problemas sérios de comercializar a nossa produção”, lamentou Ngovene.

Os desafios são ainda ano-tados pelos agricultores Ernesto Nhantumbo e Domingos Chi-vambo, do povoado de Mawadia,

que se dedicam à produção de cenouras, batata-reno, repolho, couve, alho e outros produtos.

Os produtores indicam que a falta de locais para a comer-cialização da produção trouxe prejuizos avultados, para além de que já denotam a detoriação de seus excedentes. Com base na prática da agricultura familiar os nossos entrevistados anotam que garantem o sustento de famílias e dos estudos dos filhos, alguns já a frequentar o nível superior.

Governo distrital estuda modelos para comério de

produtos frescos da machamba

De acordo com o adminis-trador do distrito, Lázaro Mbam-bamba, o Governo distrital deci-diu encerrar a prática de feiras agrícolas sob pretexto de evitar que aquelas tornarem-se em fo-cos de contágio da covid-19.

Trata-se de feiras que não só abrangiam agricultores ao nível daquele distrito, mas também beneficiavam a agricultores da zona sudoeste da província de Gaza (Chokwé, Chibuto, Macia).

Com o relaxamento de me-didas em vigência, o distrito pondera reabrir as feiras, mas num novo normal, devendo limitar-se àcomercialização de produtos frescos da macham-ba e não a manufacturados..

“Para os produtos manufac-turados temos lojas suficientes

para a sua venda, portanto, será uma feira de apenas produtos frescos da nossa machamba”, argumentou Mbambamba.

O governo distrital diz estarem em curso iniciativas no sentido de que os pequenos agricultores pos-

Escoamento de produção preocupa agricultores de Magude

luÍs cuMbe

Quinta-feira, 15 de Outubro de 202012 | zambeze

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sam aumentar a sua produção e produtividade, recorrendo ao uso de motobombas alocadas a asso-ciações de agricultores. Para os produtores particulares, de acordo com Mbambamba, em cada pos-to administrativo foram alocados pelo menos dois extensionistas para assistir o sector da pecuária e na área de cultivo, em função da necessidade do agricultor.

“Este extensionista não é re-activo, ele é proactivo, ele deve deslocar-se até aos agricultores para atender cada caso particu-lar. Para a área de agricultura não é só o extensionixta que cuida, mas o chefe do posto e da loca-lidade deve conhecer as áreas de produção do seu território”, fundamentou Mbambamba.

Infecções da Sida preocupam autoridades da Saúde de

Magude

Um outro desafio no distrito regista-se no sector da Saúde. Os números de transmissão do virus da Sida preocupam as autoridades da Saúde do distrito de Magude, província de Maputo, comparan-do com outras doenças também com desafios, desde a tuberculo-se, malária e doenças diarreicas, respectivamente. Até o primeiro semestre do ano em curso, o ditri-to registou pelo menos 21 óbitos, e um total de 502 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

“Temos problemas de HIV, tuberculose, malária, diarreias, doenças mais comuns de pacien-tes que aparecem aqui na unidade

sanitária. Mas em relação a malá-ria há uma diminuição de casos comparado com outros anos, mas não deixa de ser uma doença com muitos pacientes aqui no distrito”, indicou o director distrital de saúde de Magude, Milagre Machaieie.

O distrito registou até finais do primeiro semestre pelo menos 21 ôbitos vítimas da Aides, con-tra 52 de igual período de 2019, e 28 em 2018. Ainda de acordo com dados do distrito, 502 pes-soas foram diagnosticadas com vírus da Sida, contra 6111 casos de 2019, sendo 666 em 2018.

A taxa de abandono ao trata-mento Anti-Retroviral constitui outra preocupação das autori-

dades. Pelos menos 63 pessoas foram dadas como tendo aban-donado o tratamento ao TARV no periodo em análise, contra

86 que também abandonaram a TARV em 2019 e 73 em 2018.

Destes números 510 ini-ciaram a TARV até meados do ano em curso, contra 604 regis-tados em 2019 e 710 de 2018. Os dados incluiem um total de 27 crianças que também ini-ciaram com o tratamento no período em análise, contra 34 em 2019, sendo 49 em 2018.

Relativamente a tuberculose as autoridades registaram pelo menos 9 óbitos desta doença, no período em análise, contra 6 re-gistados em 2019, e 3 em 2018, de um total de 353 casos diagnostica-dos até finais do primeiro semes-tre, contra 486 em 2019, e 225 em

2018, em igual período de análise. Para os casos de malária, pelo

menos 942 casos registaram--se no período em análise de 2020, contra 1470 a igual perí-odo de 2018, e 1950 em 2018.

O distrito conta pelo menos com dez unidades sanitárias, destas apenas seis oferecem ser-viços de medicina preventiva. No entanto, todas unidades sa-nitárias oferecem o Tratamento Anti-Retroviral (TARV), o que é apontado como fundamen-tal na adesão e seguimento.

Trata-se de um distrito que apresenta um número considerá-vel de indivíduos que trabalham

ou têm familiares na África do Sul. Alguns doentes de HIV que regressam daquele país em situ-ação grave de doença, de acordo com o director distrital de saúde, saiem do distrito em processo de tratamento Anti-Retroviral, no entanto, nalgum momento não cumprem com as datas de le-vantamento de medicamento ou ao exame clínico, o que é visto como a influenciar no número de obitos registado no distrito

“São pessoas que chegam na unidade sanitária já muito debi-litadas e a sua recuperação tem sido difícil. São pessoas que nor-malmente vão a África do Sul e voltam com sérios problemas

de saúde”, indicou Machaieie.A dispersão da população

obriga a que as comunidades per-corram longas distâncias para po-der aceder aos serviços de saúde, é exemplo disto o posto administra-tivo de Mapulanguene, cujo raio é de 16 quilômetros de distância.

Perto de 70% da população está concentrada no posto cede do distrito, o que eleva o fluxo de pes-soas no Centro de Saúde da vila sede. Para incurtar as distâncias o sector de saúde criou pelo menos 35 agentes polivalentes de saúde distribuidos entre os postos admi-nistrativos para prestação de cui-dados de saúde nas comunidades.

Governo distrital aposta em acções de prevenção da covid-19

Volvidos dois meses e pou-co que o país registou o primei-ro caso da covid-19, o distrito detectava um caso importado. Nas últimas semanas o distrito registou comulativamente 20 ca-sos, sendo dezassete considera-dos totalmente livres da doença.

Foram precisas acções de sensibilização junto das comu-nidades, onde foi localizada a primeira pessoa positiva da covid-19, uma vez, de acordo com o director distrital, Milagre Machaieie, houve tendência de

discriminação da vítima incluin-do a família que era proibida de participar em locais de concen-tração, a exemplo de pontos onde se busca água para o consumo.

“Nas nossas sensibilizações fazemos perceber que em caso de alguém ser positivo não sig-nifica o fim da vida, porque es-sas pessoas doentes precisam de nós para darmos assistência, embora precisamos dar distancia-mento social”, disse Machaieie.

Num outro desenvolvimento, Machaieie indicou que o medo de contrair a covid-19 associado a falta de informação correcta levou a que as populações não procuras-sem em massa pelos serviços de saúde nas unidades hospitalares.

Apesar do Centro de Saú-de de Magude não registar flu-xo de doentes, alguns serviços funcionam observaram alguma mudança a exemplo de estoma-tologia (um serviço de estrac-ção de dente não disponível em alguns Centros de Saúde um pouco pelo país), oftamologia, fisioterapia, uma medida tendo em vista priorisar casos urgentes.

“Há casos urgentes para esto-matologia, em que não pode apa-recer alguém com um dente que se percebe que não pode ficar para amanhã, e deixar, então acaba-se extraindo”, esclareceu Machaieie.

zambeze | 13Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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14 | zambeze | nacional |

Desmantelada quadrilha de assaltantes a residências

Sem respeito aos direitos humanos não há democracia

Cidade de Chimoio

Diz Nova Democracia

A polícia da República de Moçambique junto do SERNIC desmantelou uma suposta quadrilha composta de três elementos que se dedicava a assaltos e roubos em residências com recurso a instrumentos contundentes e em plena luz do dia, na cidade de Chimoio.

As incursões eram feitas nos bairros Cin-co, Quatro, Centro hípico,

Nhamadjessa, Trangapasso e Heróis Moçambicanos, por onde arrombavam residências e na ausência dos proprietários introduziam-se para retirar bens materiais e colocavam numa viatura de marca Toyota Runx.

A última incursão ocorreu no bairro Trangapasso onde subtraíram cinco televisores Plasmas, 40 mil meticais, uma viatura, aparelhos sonoros, micro-ondas e joias, acção que suscitou investigação por parte do SERNIC tendo resultado em recuperação dos referidos bens, inclusive a viatura e a deten-ção de três cidadãos de idades compreendidas entre 22 a 29 anos em conexão com o caso.

O suposto cabecilha foi al-vejado na perna direita quando tentava colocar-se em fuga, e encontra-se sob cuidados mé-dicos no hospital provincial de Chimoio. Um dos supostos la-drões chama-se Élton Virgínio de 22 anos de idade, confessa ter cometido o crime em compa-nhia de seus colegas, alegando falta de emprego no país o que o leva a subtrair bens alheios.

“Somos nós que rouba-

mos estes bens, nós entrava-mos e não encontrávamos os proprietários, pedíamos licença e depois entravamos, um de nós arrombava, outro ficava a vigiar enquanto en-travamos, eu roubo por falta de emprego, já procurei fazer serviço como electricista, mas nunca encontrei”, confirmou.

Zacarias Jorge de 29 anos de idade também confessa pertencer a quadrilha, “minha área é vigiar, só espero carre-gar, quando a pessoa traz mer-cadoria eu carrego, procuro cliente e vendo e assim consi-

go obter a minha parte”, disse. O porta-voz do Coman-

do provincial da PRM em Manica, Mateus Mindú ex-plica que a suposta quadrilha semeava terror no seio dos moradores dos bairros onde faziam as suas incursões.

“Estão detidos estes cida-dãos em resultado de um tra-balho feito da PRM junto ao SERNIC, os mesmos fazem parte de uma quadrilha que semeava terror nos bairros sob jurisdição da Quarta esquadra. Importa referir que há dias escalaram uma residência no bairro Trangapasso onde sub-traíram cinco plasmas, uma quantidade não especificada de jóias e valores monetários tam-bém não quantificados, e uma viatura, e graças ao trabalho feito foi possível apreender a tal viatura e entregar à proprietária, embora vandalizada”, disse.

Kelly Mwenda

O movimento Nova Democracia (ND) aponta que apesar de se passarem 45 anos de independência, e hoje celebrar-se 30 anos de Constituição Democrática, entre outros ganhos, os moçambi-canos continuam excluídos dos processos políticos e de decisão nacional, imperando a cultura do medo e das ordens superiores, pondo em causa o respeito aos direitos humanos e princípios de democratização.

De acordo com a ND, através de um co-municado enviado à nossa redacção, há uma série de

atropelos de direitos humanos de forma grosseira no país, para além do não cumprimento de compro-missos de preservação de direitos humanos e outros instrumentos as-sumidos pelo Governo que apontam para o desenvolvimento e melhora-mento da vida dos moçambicanos.

A Nova Democracia acredita que sem direitos humanos não há democracia, e acrescenta que os 30 anos de democracia não podem sig-nificar um entretenimento político.

“Nós, moçambicanos, nas-cemos iguais em dignidade e em direitos e, todos nós filhos e fi-

lhas desta pátria devíamos viver em fraternidade e solidariedade, protegidos contra acções que agri-dem as liberdades fundamentais e a dignidade da pessoa humana”.

A ND toma como exemplos de um Governo pouco preocupado na evolução dos moçambicanos, ao citar os indicadores dos Objectivos do Desenvolvimento do Sustentá-vel (ODS). Ou seja, com apenas 10 anos para o término da Agenda 2030, ainda não são popularmente conhecidos os indicadores nacionais de monitoria dos ODS, e referem no seu comunicado, que a pobreza no país afecta 78,2% da popula-ção, que vive com menos de 3,20 dólares por dia e, 56,6% que vive com menos de 1,90 dólares por dia.

Nos 14 indicadores de saúde,

a quase totalidade dos núme-ros moçambicanos apresenta valores piores do que os re-comendados. Estes incluem a mortalidade infantil, morta-lidade materna (489 grávidas morrem em 100.000 partos), tuberculose (551 casos em 100.000 pessoas), número de gravidezes de adolescentes en-

tre 15 e 19 anos (138,9 partos em cada 1.000 jovens) e outros.

“O PQG 2020 – 2024 não apresenta linha de base para a redução do número de rapa-rigas com gravidez precoce e do número de raparigas com desistência escolar precoce, o que partidariza a possibilidade de controlo do progresso des-

tes indicadores; - 33% dos de-tidos em Moçambique tinham prisão preventiva expirada até 201910. A população prisio-nal em Moçambique até finais de 2017 era estimada entre 222,1% acima da capacidade das cadeias11 e mais de 350% da capacidade dos estabeleci-mentos prisionais”, aponta ND.

Quinta-feira, 13 de Agosto de 202014 | zambeze

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| nacional |

Linha Fala Criança descentralizada para centro do país

Comercial

Kelly Mwenda

Mais de 150 casos de violação dos direitos da criança com mais enfoque para rapariga, foram identificados nos últi-mos trinta dias na zona centro do país, dos quais 121 foram encaminhados para o Ministério Público, este que resolveu 46 casos, no âmbito da descentralização da Linha Fala Criança implementada pela GirlChildRights (GCR), uma organização não-governamental.

Consta do rol dos casos identifica-dos através da Li-nha Fala Criança (116), agressão

física contra a rapariga, uniões prematuras, violação sexual e negligência de outros direitos da criança por parte dos adultos, notificados nas províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambézia.

A Linha Fala Criança foi descentralizada de Maputo para a província de Manica, com o objectivo de corresponder a toda zona centro do país, visando tra-zer os sistemas e serviços de pro-tecção social e legal da criança mais próximos das comunidades.

Para a sua concretização, a Linha Fala Criança foi finan-ciada pela Save TheChildren Internacional em Moçambique, num valor monetário de mais de 50 mil dólares americanos para a sua materialização, sendo um meio de comunicação em que as crianças e o público em ge-

ral tenham um espaço para ex-pressar as suas preocupações.

Por ocasião do lançamento da Linha Fala Criança em Chimoio, o director Executivo da GCR, Nha-rarai Magudo explica que Mo-çambique é um país pioneiro na implementação de iniciativas do género ao nível da região SADC.

“É uma abordagem inovado-ra de segurar que os serviços de protecção da criança sobretudo a rapariga estejam mais perto da comunidade para conseguir se-gurar que a criança não viva no mundo do sofrimento, ver o so-nho dela a ser concretizado, e na fase experimental conseguimos apurar acima de quatro mil cha-madas, e 167 casos identificados, dos quais encaminhamos 121 casos e apenas 46 foram resol-vidos”, disse Nhararai Magudo.

A directora provincial de pro-gramas na Save The Children em Manica, Ana Dulce Gui-zado explica que é importante que a Linha tenha participação

das equipas multissectoriais a operar, olhando para o sector da Saúde, Procuradoria, Acção Social e outros actores sociais.

“Nós queremos que quando esses casos entrarem, tenham uma abordagem integrada, tenham as-sistência e resolução e acima de tudo, a nossa expectativa é que a linha seja a súmula de tudo, onde nós vamos encontrar todos os casos que deram entrada pelos diferentes canais e saber quantas crianças conseguimos salvar atra-

vés dessa linha, então para nós é importante a responsabilização de cada um dos sectores”, disse.

Por seu turno, o secretário do Estado da província de Manica, Edson Macuacua apeou na oca-sião do lançamento da Linha Fala Criança que coincidiu com a co-memoração do dia internacional da rapariga, que todas as forças vivas da sociedade devem parti-cipar activamente na divulgação e implementação das leis, sobre-tudo a da protecção da criança.

“O desafio que deixamos é que a sociedade civil deve divul-gar as leis para que seja aplicada pelos cidadãos e que os direitos de qualquer um sejam observa-dos. Nós temos que envolver as comunidades, os líderes co-munitários e religiosos, e outros intervenientes sociais para parti-ciparem na moralização da socie-dade e que sejam actores activos neste processo de protecção e promoção dos direitos da rapa-riga e da criança”, acrescentou.

zambeze | 15Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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AdeM lança “ Projecto Cobrança Com Envolvimento das Comunidades”AdeM lança “ Projecto Cobrança Com Envolvimento das Comunidades”

O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r A

No leito do grande rioMelhoria de alimentação em Mecubúri

Niassa recebe apoio do BCI para fazer face à pandemia

MIC em Conselho Coordenador

As comunidades do distrito de Mecubúri, a par de outros 12 distritos da província de Nampula, estão a beneficiar do projecto Transform Nutrition que visa essencialmente melhorar o estado nutricional de 118.000 mulheres grávidas e lactantes, 260.000 raparigas adolescentes e 165.000 crianças com menos de 2 anos.

Em curso desde finais de 2019, o projecto da USAID imple-mentado pelo con-sórcio liderado pela

ADPP Moçambique em parceria com a Associação h2n, Universi-dade Lúrio (UniLúrio), a Viamo e a Aliança Global para a Melhoria da Nutrição (GAIN), os seus efei-tos já se fazem sentir no seio das comunidades beneficiárias. Amélia José, é uma jovem de 32 anos de idade residente no distrito de Me-cubúri e beneficiária do projecto.

Para a Amélia, o projecto Transform Nutrition, trouxe para si informações valiosas sobre nu-trição, o que de certa forma está melhorando a sua saúde e a dos seus filhos. Segundo ela, e mesmo

considerando que antes da inter-venção do projecto tinha algum conhecimento sobre alimentação saudável, a sua alimentação mu-dou bastante, pelo facto de ter feito uma horta na sua casa, o que faz com que adquira alguns alimentos directamente da sua casa, facto que permite maior diversificação de ali-mentos, o que não acontecia antes.

“Graças ao projecto, consegui ultrapassar alguns tabus relacio-nados à proibição do consumo de alguns alimentos pelo facto de ser gestante, como as folhas da man-dioqueira e o ovo”, Conta Amélia.

Durante o período do que está a participar no projecto, a Amélia conseguiu construir uma copa e uma horta. E mesmo as-sim, o seu desejo é de continuar a

O BCI ofereceu há dias, na ci-dade de Lichin-ga, um lote de meios de pro-

tecção e de higienização à Secreta-ria do Estado de Niassa. Composto por recipientes diversos para a la-vagem das mãos, sabão e mácaras, o donativo foi canalizado por uma equipa de colaboradores do Banco, encabeçada pelo respectivo direc-

tor comercial regional, Armando Muchanga. O material foi recebido pelo Secretário do Estado na pro-víncia de Niassa, Dinis Vilanculo, que é igualmente presidente da comissão provincial de combate e prevenção contra a COVID-19.

Na ocasião, Armando Muchan-ga referiu que“esta acção enquadra--se no programa que o BCI está a levar a cabo, através do qual está a prestar apoio a diversas institui-

ções públicas e privadas, em todo o país”. Particularizando o caso daquela província do norte de Mo-cambique, acrescentou que “ao tomamos conhecimento do núme-ro de casos positivos em Niassa, julgámos mais oportuno ainda agir, unindo-nos aos esforços em curso. Razão por que aqui viemos manifestar a nossa solidariedade”.

O Secretário do Estado na Pro-víncia de Niassa saudou a iniciativa do BCI, sublinhando que os meios disponibilizados vão ser de grande utilidade, e vão chegar aos neces-sitados, com destaque para os des-locados de Cabo Delegado que se encontram no centro de Malica e noutros pontos da província. Dinis Vilanculo indicou ainda que idosos, crianças e mais pessoas em situação de vulnerabilidade, noutros locais, vão também beneficial desta ajuda.

Actualmente, os apoios que o BCI continua a canalizar, no âmbito da pandemia, já alcança-ram todas as províncias do país. Os mesmos chegam através da vasta rede de Agências do Banco.

Refira-se que a rede comer-cial do BCI em Niassa conta com 10 unidades de negócio, sendo 1 Centro BCI Exclusivo, na capital provincial, e 9 agências: em Lichin-ga (2), Cuamba, Marrupa, Metan-gula, Mecanhelas, Maúa, Mavago e Mecula. O Banco dispõe ainda, em Niassa, de 24 ATM e 381 POS.

implementar as sugestões deixa-das pela sua mentora, sendo que neste momento têm pensado na criação de animais domésticos.

De acordo com o projecto o que acontece na casa da Amélia replica-se por tantos outros que vendo o sucesso da sua imple-mentação, decidem aderir aos ensinamentos de modo a me-

Sob o Lema ´ Industrialização: factor da diversificação económica e promoção de investimentos, `` o Ministério da Indústria e Comér-cio realiza, de 14 a 16 de Outubro de 2020, no posto administrativo de Chidenguele, distrito de Man-dlakazi, província de Gaza, o seu XVIII Conselho Coordenador.

Este Conselho Coordena-dor tem por objectivo geral ava-liar o desempenho do sector da Indústria e Comércio, definir as linhas-mestre e estratégicas de acção face ao momento que o país atravessa, bem como deli-near as orientações para 2021.

Entre outros pontos, o XVIII Conselho Coordenador vai apre-ciar o Programa Quinquenal do

Governo 2020-2024 e o Plano de Acção de Implementação dos Projectos Estruturantes, avaliar o Plano Económico e Social 2020, Janeiro a Setembro, e Perspectivas para 2021 e, ainda, reflectir sobre os desafios do sector da Indústria e Comércio face à industrializa-ção, acesso sustentável aos merca-dos e promoção de investimentos.

O evento será dirigido por Carlos Alberto Fortes Mesquita, Ministro da Indústria e Comér-cio, e contará com participação de quadros do Ministério da Indús-tria e Comércio, do nível central e provincial, dos Ministérios da Economia e Finanças, Agricultura e Segurança Alimentar e da Admi-nistração Estatal e Função Pública.

lhorar não só a sua alimentação, mas também a qualidade de vida.

Importa referir que o objectivo do projecto é reduzir o atraso de

crescimento e melhorar o estado nutricional de mulheres grávidas e lactantes, crianças com menos de dois anos e raparigas adolescentes.

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O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r A

No leito do grande rio

O Presidente do Conselho de Administração do Moza Banco, João Figueiredo, diz que a pequena e média indústrai deve procurar, sempre, maneiras de se sustentar com capitais próprios, porque a banca não poderá intevir na dianteira desse processo.

João Figeuredo falava, num webinar organi-zado para falar-se do papel do sector finan-ceiro na indústria em

Miçambique, onde, além dele, como representante do Moza e especialista da banca, partici-param outros intervenientes da indústria, bem como da banca.

Segundo Figueiredo, os dois sectores precisam de criar “uma relação biunívica”, ou seja, um situação de interajuda, sem que nenhum dos dois dependa intei-ramente do outro. Aliás, o espe-cialista levantou a necessidade de se discutir também a contribuição da indústria para que “tenhamos um sistema financeiro saudável”.

“A banca vai sempre olhar para a indústria no quadro da-quilo que ela puder trazer como sustentabilidade”, afirma João

Figueiredo, avançando a neces-sidade de se olhar, “a nível das nossas pequenas e médias indús-trias, é preciso olhar para a sua capacidade ou incapacidade de ter capitais. Não se pode estar à espera que a banca suporte quem não tiver capacidade de capitais próprios, porque ela não vai fa-zer”, daí que, segundo o PCA do Moza Banco, “o desafio é: como é que a indústria consegue se ca-pacitar em termos de capitais”.

Além da capcidade em capi-tais, o especialista diz que a PME deve se capacitar em termos de qualidficações da sua mão-de--obra (que considera ainda barata em Moçambique), para que pos-sam ter produtos de qualidade in-ternacional e isso, fará diferença “no objectivo de reduzir impor-tações e aumetar as exportações”.

O banqueiro mostra uma

incogruência entre a dimensão e contribuição e explica. “Em moçambique, 90 porcento das empresas industriais são Peque-nas e Médias Empresas, mas 70 porcento da produção industrial em Moçambique é feita pelas grandes empresas industriais”, e a reversão desta disproporcio-

nalidade acaba por ser um dos maiores desafios da indústria.

Mas o desafio não termina nos empresários ou pequenas e mé-dias indústrias, vai também, como diz o banqueiro, para o regulador da indústria em Moçambique. “O desafio tem a ver com a nossa capacidade de criar uma regila-

mentação que crie um ambiente favorável à vinda de capitais de risco para o nosso país. Os capi-tais de risco são fundamentais no sentido de nos suportar”, explica.

E mais, Figueiredo diz que a indústrai moçambicana deve ser integrada numa cadeia de valor forte e capaz de acresceen-tar valor. Ou seja, é preciso que produção industrial, com recur-so a matérias primas existentes em Moçambique, seja inicia-da e concluída dentro do país.

Outra proposta de João Fi-gueiredo é a necessidade de cria-ção de tribunais arbitrários para julgamento de processos e casos de execução pós-financiamentos bancários e das garantias e ele justifica a necessidade: “A moro-sidade dos processos dos proces-sos nas acções de execução fazem com que muita gente da banca seja mais conservadora e pensali-zante para os agentes económicos, nomeadamente, para a indústria”, explica, esclarecendo que se o processo leva mais tempo do que se espera, o banco fica penalizado.

Indústria não pode depender da banca

A empresa Águas da Região de Maputo (AdeM) lançou, no dia 7 de Outubro, uma campanha de incentivo ao cliente, denominada “Pagou Ganhou”, através da qual pretende esti-mular os clientes a utilizarem plataformas e canais alternati-vos para o pagamento de facturas de água, oferecendo, para tal, prémios por meio de um concurso.

Com a implemen-tação desta cam-panha, que vai até ao dia 29 de Dezembro com a

entrega do grande prémio, a AdeM espera massificar o uso dos meios electrónicos de pagamento de fac-turas, aumentar o volume de co-brança, e, por via disso, reduzir a dí-vida dos clientes que, em situações normais, resulta na suspensão do fornecimento de água, por um lado e por outro, a empresa ajusta-se ao novo normal face ao contexto da Covid-19 que impele as empresas a adoptar meios alternativos de re-lacionamento com seus Clientes.

Conforme explicou Rui No-vela, gestor do Departamento de Marketing, a campanha “Pagou Ganhou” vai concorrer para a me-lhoria da interacção com os clientes por meio das tecnologias disponí-veis no mercado, e a consequen-te redução de afluência às lojas.

“Pretendemos estimular os clientes a aderirem às plataformas electrónicas para o pagamento de facturas de água, bem como a pagar

regularmente as suas facturas. Des-ta forma, foi definido um pacote de incentivos com regras e característi-cas de um concurso, obedecendo as práticas da Inspecção Geral de Jo-gos”, explicou Novela para depois acrescentar que “o concurso é res-tritamente destinado à clientes do-mésticos que efectuarem pagamen-tos através dos meios de pagamento electrónico, nomeadamente, M--pesa, Mkesh, Top-up, RecargAki, Transferência bancária automática, IZI, QUIQ e Ponto 24, ou seja, excluem-se todos outros Clientes fora deste quadro. Estamos a falar de clientes Pré-Pago, Comércio e Serviços, Serviços Públicos e In-dústrias. Excluem-se, igualmente, Clientes domésticos que efectuarem pagamento nas lojas da AdeM”.

Associada à campanha, a em-presa lança para o mercado a Pla-taforma USSD *876#. O sorteio está dividido em duas categorias, mensal (Outubro e Novembro) e anual (Dezembro), cujos sor-teios serão feitos no primeiro dia útil de cada mês, com trans-missão em directo na televisão.

Concorrem para a categoria mensal todos os clientes que, no mês, pagarem duas facturas (cor-rente e uma dívida ou duas em dívi-da). Como prémio serão atribuídos um televisor 32” e uma geleira de duas portas (1° lugar), uma bicicle-ta (2° lugar), um micro-ondas (3° lugar), um liquidificador (4° lugar)

e um ferro de engomar (5° lugar).Para a categoria de final de ano

(prémio anual) são elegíveis clientes que tiverem efectuado pagamentos regulares de facturas correntes, e te-nham saldado toda a dívida até a ex-tracção anual, durante a qual serão atribuídos um Txopela (1° lugar), uma motorizada (2° lugar) e uma

geleira de duas portas (3° lugar).O cupão com o número de

série associado ao cliente será gerado pelo sistema mediante o pagamento das facturas, onde o cliente será notificado através de um SMS. O mesmo (cupão) pode ser consultado no final do dia atra-vés da plataforma USSD da AdeM.

AdeM lança incentivo “Pagou Ganhou”

Para seu financiamento

zambeze | 17Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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| econoMia|

Dívida de Moçambique à China elevada e pouco transparente

CIP considera discriminatório acordo de segurança com francesa Total

O Centro de Integridade Pública considera a dívida de Moçambique à China pouco transparente e pede que o Governo explique como vai gerir o encargo, em tempos de Covid-19. China diz que não discute publicamente acordos.

A organização da sociedade civil m o ç a m b i c a n a faz a avaliação do impacto da dí-

vida chinesa nas contas públicas de Moçambique numa análise intitulada “Dívidas contraídas com a China afectam disponibi-lidade de recursos no orçamen-to para enfrentar a Covid-19”.

Nas conclusões do estudo, o CIP assinala que o país devia à China cerca de dois mil mi-lhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) até ao final de 2019, classificando a cifra como “as-sustadora” e “similar às dívidas ocultas” – os empréstimos secre-tamente avalizados pelo anterior Governo moçambicano, entre 2013 e 2014, e que provocaram uma crise financeira e económica.

A organização acredita que a dívida “é capaz de provocar grandes desvios de fundos ne-cessários para sectores sociais, especialmente no contexto ac-tual da pandemia de covid-19”.

“O Governo deve esclare-cer aos moçambicanos como vai pagar essa dívida e apresen-tar detalhadamente os projectos que constituem à dívida”, diz a análise. Essa explicação, pros-segue o CIP, é pertinente, tendo em conta que os sete anos de graça das dívidas de Moçam-bique à China estão a vencer.

É urgente “mos-trar transparência”

“Mostrar transparência re-ferente a esses empréstimos é urgente, neste momento em que os moçambicanos têm de fazer face ao novo coronavírus, o que

implica para o Governo usar os poucos recursos disponíveis de forma a proteger no máxi-mo a saúde e o bem-estar dos moçambicanos”, lê-se no texto.

O CIP critica o facto de os re-latórios da dívida pública do Es-tado moçambicano não incluírem informações sobre juros e amorti-zações na dívida com a China, “o que representa uma fraqueza para um documento que na sua gene-ralidade tem um conteúdo rico”.

A organização assinala que o Estado moçambicano vem con-traindo empréstimos à China an-tes de 2010, mas o endividamento entrou num ritmo acelerado em 2016, principalmente com o Chi-na Export-ImportBank (CEIB).

“Uma das razões pelas quais as dívidas com a China con-tinuaram a crescer depois de 2016, ano em que despoletaram as dívidas ocultas, foi porque os membros do Clube de Pa-ris praticamente se recusaram a dar novos créditos a Moçam-bique”, lê-se no documento.

Mas as dívidas com a Chi-na, prossegue o texto, foram usadas para financiar pro-jectos de investimento em infra-estruturas de grande en-vergadura, maioritariamente de ca-ráter comercial ou administrativo.

Critérios chine-ses “menos rigorosos”

“Um elemento que certamen-te influenciou esse crescimento da dívida com a China é que esse país aplica critérios menos rigorosos para a concessão de novos em-préstimos”, refere-se no estudo.

O “alto nível de dívida” de

O Centro de I n t e g r i d a -de Pública (CIP), orga-nização não-

-governamental (ONG) moçambicana, considera dis-criminatório o acordo entre o Governo e a multinacio-nal francesa Total na área de segurança, defendendo um entendimento “abrangente”.

A 24 de Agosto, a Total anunciou uma revisão do memorando de entendimento com o Governo moçambica-no para a operacionalização de uma força conjunta para a segurança do projecto de gás natural do consórcio da Área 1 da bacia do Rovu-ma, norte de Moçambique.

Numa análise ao acor-do, o CIP entende que o executivo moçambicano e a Total ignoraram o impac-to do conflito armado nou-tros pontos da província de Cabo Delgado, ao incidir geograficamente a actuação do entendimento na Área 1 – Afungi, distrito de Palma.

“Tratando-se de um docu-mento importante que prevê medidas face ao conflito em Cabo Delgado, com vista a proteger os investimentos realizados naquela provín-cia e garantir os benefícios da exploração de recursos de uma forma geral, seria de

esperar que o mesmo envol-vesse outras empresas que igualmente operam naquela zona do país”, defende o CIP.

Por outro lado, prossegue o texto, os distritos e locali-dades assolados pela acção de grupos armados estão interligados, situação que impõe uma maior cobertura das estratégias de seguran-ça face à violência armada.

“Importa realçar ainda que o memorando de enten-dimento [entre Governo e Total] terá impacto direto na vida das comunidades locais, do empresariado da provín-cia, na capacidade de fisca-lização do Instituto Nacional de Petróleos [INP], do Institu-to Nacional de Minas [Inami] e na vida dos moçambicanos, em geral”, observa o CIP.

A organização assina-la igualmente que o acordo afecta a soberania nacional de Moçambique, porque delega matérias de segu-rança nacional a uma em-presa que persegue interes-ses estritamente privados.

O CIP ressalva que as despesas resultantes do acor-do devem ser reguladas, ten-do em conta que os custos vão onerar os investimentos do projecto de consórcio e baixar as receitas fiscais do Estado moçambicano.

“O facto de se manter o

memorando de entendimento como um documento confi-dencial dificulta ainda mais a monitoria aos custos recu-peráveis por parte do regula-dor”, refere a análise do CIP.

A organização considera compreensíveis as preocu-pações da Total com a se-gurança do seu empreendi-mento na bacia do Rovuma face aos ataques armados na região, mas ressalta que qualquer iniciativa nessa ma-téria deve ser “abrangente”.

Nesse sentido, continua, a abordagem sobre segu-rança deve merecer maior coordenação entre as ins-tituições estatais e as em-presas do sector extractivo, nomeadamente na resposta através de “força conjunta”.

Na sequência do acordo em agosto, em esclarecimen-tos à Lusa, a petrolífera fran-cesa referiu que “a revisão do memorando de segurança reflecte o aumento das acti-vidades na fase de constru-ção e a mobilização de uma maior força de trabalho”.

A província de Cabo Del-gado é palco há três anos de ataques armados desen-cadeados por forças clas-sificadas como terroristas.

A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 365.000 deslocados internos.

Moçambique expõe o país ao ris-co de cair na dependência finan-ceira da China, que pode resultar numa “pressão enorme sobre o Governo moçambicano” – “uma possível armadilha da dívida”.

De acordo com o CIP, os empréstimos chineses expõem Moçambique a riscos cambiais, dado que a dívida está denomi-nada em dólares, o que a torna vulnerável a variações cambiais.

Num comentário à Lusa, Agostinho Mondlane, economis-ta do Centro para a Democra-cia e Desenvolvimento (CDD), considerou que os contratos de dívida com a China têm sido ca-racterizados pela “opacidade e sem informação pública sobre os termos e condições em que as

dívidas devem ser amortizadas”.“Na falta de informação so-

bre os termos e condições des-sas dívidas, não se sabe sequer quais são os colaterais anexa-dos a essas dívidas, nem se são concessionais ou comerciais”, afirmou Agostinho Mondlane.

Por outro lado, algumas infra--estruturas financiadas com o di-nheiro chinês são de retorno eco-nómico duvidoso, porque não tem havido a diligência de realizar es-tudos de viabilidade consistentes. “Infelizmente, parte desse dinhei-ro financia autênticos elefantes brancos, que depois oneram o erá-rio público dos países devedores”, referiu Agostinho Mondlane.

China não discu-te publicamente acordos

Fonte da embaixada da China em Maputo disse que o seu Gover-no não vai discutir publicamente aspectos inerentes a acordos de dívida com o Estado moçam-bicano, escusando-se a entrar em pormenores sobre o tema.

Sobre o risco de even-tuais incumprimentos por parte de Moçambique leva-rem as autoridades chineses a penhorar bens públicos, aquele economista mostrou--se céptico em relação a esse cenário, considerando que há sempre espaço para a restruturação das dívidas.

“Não me parece lógico que a China prefira ‘castrar’ a ‘galinha dos ovos de ouro’”, Agostinho Mondlane. (MMO)

Quinta-feira, 15 de Outubro de 202018 | zambeze

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| econoMia|

Proposta de fundo moçambicano prevê 81.400 milhões de receitas de gás

Moçambique terá lei para a recuperação de activos

Resultantes da corrupção

Moçambique espera receber 96 mil milhões de dólares (81,4 mil milhões de euros) na vida útil do gás do Rovu-ma, quase sete vezes o Produto Interno Bruto (PIB) actual, anuncia o Banco Central na proposta de criação de um fundo soberano.

“Es t i -m a -- s e que o p a í s

venha a arrecadar cerca de 96 mil milhões de dólares durante a vida útil dos pro-jectos de exploração do gás natural”, refere a proposta do Banco de Moçambique - que não especifica parcelas nem o prazo, mas o Governo tem apontado para, pelo me-nos, 25 anos de extracção.

A auscultação visa “en-riquecer a proposta técni-ca, antes da sua submissão às entidades competentes” e “conferir maior transparência,

participação e inclusão ao pro-cesso”, refere nota do banco central.Além de disponibili-zar a proposta no seu portal na Internet, aquela entidade anuncia que vai promover se-minários e outras iniciativas.

O documento revela a am-bição de Moçambique em “in-tegrar o grupo dos dez maiores produtores mundiais de gás natural e tornar-se no segun-do maior produtor em África”.

Em Junho, o ministro dos recursos Minerais e Ener-gia, Max Tonela, anunciou que a Área 1 (consórcio li-derado pela Total) devera obter ganhos globais, ao lon-go de 25 anos, da ordem dos 61.000 milhões de dólares

(51.900 milhões de euros).Deste valor, “o Esta-

do moçambicano, por via

de impostos, partilha de lu-cro e participação da ENH vai ficar com pouco mais de 50%, cerca de 31.000 mi-lhões de dólares (26.380 mi-lhões de euros)”, referiu.

Esta será apenas uma parte das receitas, porque, além da Área 1, outro projeto de desen-volvimento de dimensão ligei-ramente superior está previsto para a Área 4 (consórcio lide-rado pela Exxon Mobil e Eni).

O fundo conta ainda com o potencial em reservas de carvão, areias pesadas, titânio e outros minérios de elevado valor de mercado. A proposta do Banco Central prevê uma maturação do fundo até ao vigésimo ano. Até essa altu-ra, deve receber metade das receitas brutas provenientes da exploração de recursos na-turais não renováveis (a outra metade vai para o Orçamento do Estado, OE) e só libertá-las em caso de “choque extremo” na economia ou calamidades.

Depois de completar 20 anos, o fundo deverá contribuir para o OE com 4% do seu saldo.

“Fica vedado o uso dos re-cursos do fundo para garantias na contratação de empréstimos pelo Estado ou por outras enti-dades”, prevê ainda a proposta, considerando desde já “nulo” e “sem efeitos” qualquer contra-to que ainda assim seja feito - numa altura em que Moçam-bique tenta libertar-se das dívi-das ocultas de 2,2 mil milhões de dólares (1,8 milhões de euros) garantidas pelo Gover-no, à revelia do parlamento e parceiros, entre 2013 e 2014.

O fundo terá dois objecti-

vos, “acumular poupança” e “contribuir para a estabiliza-ção fiscal do país”, com regras de transparência e prestação de contas. O Centro para a Democracia e Desenvolvi-mento (CDD), organização da sociedade civil moçambi-cana, criticou em Setembro o que considerou como uma exclusão da sociedade civil do processo de criação do fundo.

Na altura, anunciou que vai produzir uma proposta de projecto de lei que pretende persuadir o Governo e a As-sembleia da República (AR) a alargar o leque de contri-buições para a estrutura e o funcionamento do mesmo.

Os projectos de gás lide-rados na Área 1 pela petrolí-fera francesa Total e na Área 4 pela norte-americana Exxon Mobil e pela italiana Eni re-presentam em conjunto cerca de 50 mil milhões de dólares de investimento na bacia do Rovuma, ao largo da provín-cia nortenha de Cabo Delgado.

Só o projecto da Área 1 teve decisão final de investi-mento e tem obras no terreno, representando o maior inves-timento privado em África - a Área 4 lançou a construção de uma plataforma flutuan-te, mas o grosso do investi-mento continua por decidir.

As petrolíferas têm de li-dar com uma insurgência ar-mada que há três anos afecta Cabo Delgado nas zonas em redor do empreendimento de gás e que está a provocar uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250.000 des-locados. (Noticias ao Mundo)

O Parlamento Moçambi-cano vai debater neste mês de Outubro a proposta de lei que estabelecerá o regi-me jurídico especial de perda alargada de bens e recupe-ração de activos, um instru-mento que visa a que estado seja ressarcido e confisque os bens derivados de corrupção.

Para António Boene, Presidente da Primeira Co-missão da Assembleia da República, esta lei é mais abrangente e está alinhada à convenção das Nações Uni-das de combate à corrupção.

“É de conhecimento geral que na maior parte dos crimes que ocorrem no nosso país a maior preocupação é apenas de garantir que os implicados sejam condenados a penas de privação de liberdade por lon-gos períodos, mas poucos se preocupam para garantir, por um lado, que os mesmos não tenham mais recursos para continuar com a sua activida-de criminosa”, disse Boene.

A lei, comentou Boene, deve também garantir que “nos casos em que se justifique

que o Estado possa ser ressar-cido dos prejuízos sofridos”.

A elaboração desta lei contou com a participação da sociedade civil. Baltazar Faela, pesquisador do Cen-tro de Integridade Pública (CIP), e o antigo bastonário da ordem dos advogados, Flá-vio Menete, consideram que este é um passo importante para o combate à corrupção.

Prisões não bastam

“Já fazia muita falta no ordenamento jurídico moçam-bicano, principalmente nestes crimes de cariz económico em que os agentes muitas vezes se beneficiam de recursos e a capacidade” e o Estado tem uma capacidade bastante redu-zida de recuperar, disse Faela.

E para o antigo Bastonário da Ordem dos Advogados, as prisões não bastam para re-solver os crimes económicos.

“O mais importante é sim assegurar que o Estado te-nha de volta todos os bens e direitos adquiridos em resul-tado deste tipo de criminali-dade incluindo os juros, etc”.

Através desta lei serão criados os gabinetes de Re-cuperação de Activos e o de Administração de Bens, o que para Menete é excessivo.

“Quero acreditar que um gabinete seria suficiente e teria áreas separadas para a recupe-ração de ativos e para admi-nistração de bens, e eventual-mente pouparíamos dinheiro, quer com pessoal, quer com instalações e equipamentos”, observou Menete. (MMO)

zambeze | 19Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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| desporto|

País perdeu uma das referências

Dérbi de Milão e clássico Man City X Arsenal aquecem próximo fim-de-semana

Segundo presidente Filipe Nyusi

Seniores masculinos

Moçambique joga em Kigali qualificação ao Afrobasket 2021

O Presidente da República, Filipe Nyusi, diz que com a morte de Stélio Craverinha, o país perde uma das suas grandes referências que muito de si deu para o desenvolvi-mento e sucesso do desporto nacional, e do atletismo em particular, cujo vazio nos deixa mais pobres nessa área.

Ac o m p a n h a na integra a mensagem do Presidente da R e p ú b l i c a :

“ C o m p a t r i o t a s ;Foi com profunda dor

e consternação que tomá-mos conhecimento do fa-lecimento do senhor Stélio Craveirinha, no dia 11 de Outubro de 2020, no Hos-pital Central de Maputo, ví-tima de doença prolongada.

Moçambique está de luto pela partida de uma das figuras mais emblemáticas do atletis-mo e do desporto em geral, cuja carreira brilhante dei-xou um legado como um dos maiores recordistas no salto em comprimento, especiali-dade que o levou a representar o nosso país nos Jogos Olím-picos de Moscovo em 1980.

A sua ligação com o des-porto, com o atletismo em

particular, continuou mesmo depois de deixar de compe-

A selecção moçambica-na de basquetebol em senio-res masculinos disputa em Novembro a primeira ron-da de qualificação ao Afro-basket do próximo ano em Ruanda na sua capital Kigali.

Inserido no grupo B, Mo-çambique tem pela frente os combinados nacionais do Se-negal, Angola e Quénia. Os jogos dos grupos A, B e D também serão disputados em Ruanda enquanto que as parti-das do grupo E estão agenda-das para Alexandria, no Egipto.

Quanto ao grupo C, os jogos da primeira ronda de qualificação já foram dispu-tados em Fevereiro, fican-do assim a aguardar a pró-xima ronda de qualificação para entrarem nas quadras.

O Comité Executivo da FIBA informa que a escolha de Kigali e Alexandria para acolherem os jogos da ronda de qualificação de Novembro

deveu-se a factores como “ga-rantias de saúde e viagens em conformidade com os protoco-los de saúde da FIBA, incluin-do testes e entrada controla-da em um ambiente seguro”.

A decisão de realizar os jogos em cidades diferentes foi tomada “após levar-se em consideração a saúde e segu-rança dos jogadores, treinado-

res e oficiais, e seguindo uma recomendação das Comissões Médicas e de Competições”.

Na fase de qualificação ao Afrobasket 2021 que vai decor-rer em Ruanda, de 24 de Agosto a 5 de Setembro, os três primei-ros classificados de cada grupo ganham bilhete à competição mais importante do basquete-bol africano (LANCEMZ).

tir, tendo abraçado a carrei-ra de treinador, transmitindo a experiência e sua paixão para gerações mais novas.

Foi pela mão de Stélio Craveirinha, como treina-dor, que a nossa menina de Ouro, a Lurdes Mutola, in-gressou no atletismo e fez soar o Hino Nacional de Moçambique nos melhores

palcos do atletismo do mun-do, quando se sagrou cam-peã mundial e campeã olím-pica dos 800 metros planos.

Para além da Lurdes Mu-tola, a veia de sucesso de Stélio fez despontar outros talentos como a Elisa Cossa, Argentina da Glória, entre ou-tros talentos que dignificam o nosso país nas mais diversas competições internacionais.

O país perde uma das suas grandes referências que muito de si deu para o de-senvolvimento e sucesso do desporto nacional, e do atle-tismo em particular, cujo va-zio nos deixa mais pobres nessa área. Á família enlu-tada endereçamos as nossas mais sentidas condolências”.

A temporada de futebol 2020/21 continua ao ru-bro na DStv e GOtv com o re-

gresso da acção das melhores ligas de futebol (Liga Inglesa, Espanhola e Italiana) no pró-ximo fim de semana depois da curta paragem para dar lugar aos jogos internacionais das selecções. A Supersport é a casa do futebol e os telespec-tadores podem se preparar para uma cobertura sem pre-cedentes dos melhores lances, comentários fiáveis e trans-missão em formato digital.

A acção da Liga Inglesa do fim de semana começa na tarde de Sábado, 17 de Outubro, com o tão aguarda-do embate entre os rivais da cidade dos Beatles, Everton X Liverpool em Merseysi-de em Goodison Park, para ver 13.30h na DStv no canal Supersport Premier League, disponível a partir do pacote DStv Grande. Tanto os To-ffees quanto os Reds vêm de um excelente começo na nova temporada 2020/21, apesar do Liverpool ter registado uma pesada derrota por 7-2 na última partida na desloca-ção ao terreno do Aston Villa

Ainda no Sábado, outro confronto de dar água a boca a contar para a Liga Inglesa é

o embate entre o Manchester City de Guardiola e Arsenal de Arteta. Espera-se que uma vez mais o técnico do Gunners coloque a sua inteligência contra o ex-técnico Pep Guar-diola com vista a continuar o seu desenvolvimento como treinador de um grande clube.

Na Liga Italiana, o des-taque vai para o Derby della Madonnina (dérbi de Milão) opondo os velhos rivais da cidade, Inter de Milão e o AC Milão, no sábado, 17 de Outubro, a partir das 18ho-ras, em directo e exclusivo na DStv, canal Supersport Football (a partir do pacote DStv Familia) e na GOtv, no canal Supersport GOtv Se-lect 01 (Pacote GOtv Max). Os rossoneri deram grandes passos sob a orientação do técnico Stefano Pioli, mas será desta que vão colocar ponto final a uma seqüência de quatro derrotas consecu-tivas contra os nerazzurri?

Não perca a tempora-da de futebol de 2020/21 no SuperSport na DStv e GOtv. Prepare-se para o regresso da fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA a partir do dia 20 de Outubro em directo e em exclusivo. Baixe o aplicativo My DStv e faça a gestão da sua con-ta de forma conveniente.

Quinta-feira, 15 de Outubro de 202020 | zambeze

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| desporto|

Comercial

Federação de Automobilismo e Motociclismo justifica providência cautelar e diz que é para “impor regras”

Geny Catamo o menino dos 60 milhões

A Federação Moçambicana de Automobilismo e Mo-tociclismo (FMAN) reagiu ao comunicado do Automóvel Touring Club de Moçambique (ATCM) em relação à provi-dência cautelar que impediu ao ATCM de realizar uma pro-va de Drift Rivals, inicialmente agendada para este sábado.

Em comunicado de imprensa, a FMAN faz sa-ber que a sua acção junto ao

Tribunal Judicial da Cidade de Maputo visa exclusiva-mente para que o “desporto seja praticado com obser-vância das regras em vigor”.

A FMAN reclama para si o direito de “regulamentar a modalidade e aprovar os calen-dários desportivos, entre ou-tros”, e revela que “o ATCM recebeu cartas da Federação” no sentido de “o automobi-lismo e motociclismo serem

praticados em com as regras aprovadas pela Federação”.

Eis na íntegra o Comu-nicado emitido pela FMAM:

“A Federação Moçambica-na de Automobilismo e Moto-ciclismo (FMAM) teve acesso a um comunicado emitido pelo ATCM e dirigido a toda a comu-nidade do desporto automóvel, datado de 9 de Outubro de 2020.

Tendo em conta as inver-dades e omissões constantes do referido comunicado, que têm confundido pilotos me-nos informados sobre o que opõe a FMAM do ATCM, a Federação Moçambicana de

Automobilismo e Motociclis-mo vem esclarecer o seguinte:

A Federação Moçambicana de Automobilismo e Motoci-clismo é uma pessoa colectiva de direito privado, constituída à luz do direito moçambicano, sendo que o despacho de re-conhecimento da mesma é da-tado de 7 de Outubro de 2019.

Da constituição a esta parte, a FMAM tem estado a envidar esforços nos sentido de asse-gurar que o automobilismo e motociclismo sejam praticados em conformidade com as re-gras aprovadas pela Federação sendo de referir que o ATCM recebeu cartas da Federação nesse sentido e não se dignou sequer responder, antes optan-do por ignorar o papel reser-vado por lei às Federações tal como se infere do comunicado ao dizer que a providência cau-telar foi instaurada por “…uma Federação Moçambicana de Automobilismo e Motociclis-mo…” como se muitas outras federações de automobilismo e motociclismo existissem.

Nos termos do artigo 19 da Lei do Desporto, compete à Fe-deração, nomeadamente, regu-lamentar a modalidade e apro-var os calendários desportivos, entre outros…, daí a estranhe-za relativamente ao facto do ATCM vir a público dizer (sem apresentar qualquer documento de suporte) que a Secretaria de Estado do Desporto considerou reunidas as condições para con-ter a propagação da COVID/19 mas, naturalmente, jamais quis exercer o papel de Federação.

Contrariamente ao que o ATCM diz no comunicado, a FMAM não tem qualquer in-tenção nem interesse de limitar a liberdade de competição dos pilotos, mas antes e exclusi-vamente pretende que o des-porto seja praticado com ob-servância das regras em vigor.

O ATCM não pode nem deve

O Sporting informou à Co-missão do Mercado de Valores Mobiliários de que a cláusula de rescisão de Geny Catamo está fixada em 60 milhões de euros, uma subida de 15 milhões de Euros quando comparado ao valor inicialmente anunciado em Setembro quando da assi-natura do contrato profissio-nal do jogador moçambicano.

A informação disponibili-zada à CMVM indica que os leões terão que pagar 600 mil

euros ao Amora que detém 75% do passe do internacio-nal moçambicano, sendo que este valor deverá ser pago em prestações e por cinco épocas.

Recordar que Geny Ca-tamo iniciou a sua formação no Clube Desportos da Ma-xaquene tendo posteriormen-te passado para a Associação Black Bulls formação que abriu portas para a transfe-rência da promessa do futebol moçambicano. (LANCEMZ)

continuar a ser simultaneamen-te jugador e árbitro, como vinha acontecendo entre 2007 e 2019.

A Federação tem um espe-cial apreço pelos pilotos, equi-pas, oficiais de prova parceiros do desporto e vai continuar a lutar para que tão rapidamente

quanto possível possam regres-sar à actividade desportiva.” Referir que o braço de ferro será dirimido no próximo dia 2 de Novembro quando o Tribu-nal Judicial da Cidade de Ma-puto realizar a audição das par-tes em conflito. (LANCEMZ)

zambeze | 21Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

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| cultura|

Poeta Louise Glück vence Prémio Nobel da Literatura

As cartas estão lançadas: Louise Glück ganhou o pré-mio Nobel da Literatura 2020. Há semanas que se espe-culava em torno dos nomes passíveis de receber a maior das distinções, e o seu nome foi uma surpresa face à lista dos que se consideravam favoritos. Surpresa foi também o facto de ser entregue a uma poetisa, já que os romancis-tas têm historicamente sido os mais assíduos contemplados.

O Comité Nobel destacou “a voz poética incon-fundível que com uma be-

leza austera torna a existência individual universal”, salien-tando que não se deve encarar LouiseGlück como uma “po-eta confessional”, na medida em que “procura a universa-lidade e inspira-se também em mitos e temas clássicos”.

A cerimónia teve lugar na última quinta-feira, 8 de Ou-tubro de 2020, o anúncio foi feito na manhã do mesmo dia pela Academia Sueca. A ce-rimónia foi transmitida por streaming da Suécia, onde a Academia escolhe o laureado.

Nascida em 1943 em Nova York, Louise mora em Cam-bridge, Massachussets (EUA)

e, além de escrever, é profes-sora de inglês na Yale Univer-sity. A estreia dela foi em 1968 com Firstborn, e foi aclamada como uma das poetisas mais proeminentes da literatura con-temporânea americana. Ao todo, publicou 12 colecções e alguns ensaios individuais de poesias em sua carreira, sendo que a infância, a vida familiar e a relação próxima com pais e irmãos foram temáticas centrais de todas as suas obras. Estudou na Universidade de Columbia, mas uma anorexia nervosa grave impediu-a de se graduar, levan-do-a a envolver-se numa terapia que durou sete longos anos. Em compensação, frequentou os cursos de poesia do Sarah La-wrence College e os workshops ministrados em Columbia para estudantes não convencionais.

Léonie Adams e Stanley Kunitz foram dois dos professores e po-etas que mais a influenciaram.

Foi secretária, casou-se e di-vorciou-se, e nesse ano de 1968 estreou-se com a obra “First-born”, que a tornou rapidamente numa das mais aclamadas poeti-sas da literatura contemporânea americana. Ensaísta e poeta, é também professora na Universi-dade de Yale. Desde cedo referiu a marca da psicanálise no seu tra-balho de escrita, além da inspira-ção de Rainer Maria Rilke e Emi-ly Dickinson. Publicou 14 livros de poesia e dois de prosa. Entre

os prémios recebidos estão o Pu-litzer, o National Book Award e o Bollingen. Este ano, venceu também o Prémio Tranströmer.

Louise Glück, de 77 anos, a 15ª mulher a receber um Nobel da Literatura, foi uma decisão imprevista da Academia Sue-ca, e outros nomes circulavam como sendo os favoritos. Es-tes eram os da russa Ludmilla Ulitskaya, o keniano (e já ve-terano nesta lista) Ngugiwa Thiong’o, a autora oriunda de Guadalupe Maryse Condé, as canadianas Margareth Atwood e Ann Carson, o japonês Haruki Murakami, o espanhol Javier Maríase o sul-coreano KoUn.

O prémio Nobel de Litera-tura é um dos mais aguardados do Nobel. Este ano, a pandemia de covid-19 determinou que al-guns dos eventos presenciais em Estocolmo fossem cance-lados e substituídos por uma abordagem digital. Do mesmo modo, os prémios irão ser en-tregues às embaixadas em vez de directamente aos escritores.

Em 2017 foi o ano do nipo-

-britânico Kazuo Ishiguro e 2016 o de Bob Dylan, o único músico de sempre a vencer o Nobel de Literatura. Em 2015, a bielorrussa Svetlana Alexie-vich arrebatou-o, nos antípodas do francês Patrick Modiano, que o tinha ganho um ano antes.

Em 2019, o austríaco e con-troverso Peter Hanke foi o seu depositário. Nesse ano, a polaca Olga Tokarczuk recebeu o ga-lardão correspondente a 2018, ano em que a entrega dos pré-mios foi cancelada devido a um escândalo que envolveu o marido de um dos membros da Academia Sueca, o fotógrafo francês Jean-Claude Arnault, acusado de assédio sexual a 18 mulheres e de divulgar ante-cipadamente alguns dos escri-tores na corrida para o prémio.

Ao todo, o Nobel de Lite-ratura foi outorgado 112 vezes a 116 laureados entre 1901 e 2019. Este ano, o valor pecuni-ário do prémio será ligeiramente superior ao do ano anterior: 10 milhões de coroas face aos 9 milhões previamente atribuídos.

REVISTO

Poeta Louise Glück vence Prémio Nobel da Literatura

As cartas estão lançadas: Louise Glück ganhou o prémio Nobel da Literatura 2020. Há semanas

que se especulava em torno dos nomes passíveis de receber a maior das distinções, e o seu nome

foi uma surpresa face à lista dos que se consideravam favoritos. Surpresa foi também o facto de

ser entregue a uma poetisa, já que os romancistas têm historicamente sido os mais assíduos

contemplados.

O Comité Nobel destacou "a voz poética inconfundível que com uma beleza austera torna a

existência individual universal", salientando que não se deve encarar LouiseGlück como uma

"poeta confessional", na medida em que “procura a universalidade e inspira-se também em mitos

e temas clássicos".

A cerimónia teve lugar na última quinta-feira, 8 de Outubro de 2020, o anúncio foi feito na

manhã do mesmo dia pela Academia Sueca. A cerimónia foi transmitida por streaming da

Suécia, onde a Academia escolhe o laureado.

Nascida em 1943 em Nova York, Louise mora em Cambridge, Massachussets (EUA) e, além de

escrever, é professora de inglês na Yale University. A estreia dela foi em 1968 com Firstborn, e

Antiga Capela da Paróquia de N’hlamankulu da Igreja Presbite-riana de Moçambique, Património Cultural Nacional de Classe “B”.

Quinta-feira, 15 de Outubro de 202022 | zambeze

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| cultura|

Titosse e a resiliência no meio do caos

Edelson Ezequias Titosse de 29anos de idade residen-te no bairro do Zimpeto, escritor e activista social há sen-sivelmente seis anos, actualmente desenvolve um trabalho como consultor de informação para criação de aplicações para gestão de conteúdos e como activista social desen-volveu alguns projectos sociais para escolas primárias.

“Be m , n a lite-r a -tu r a

eu tenho explorado muito o campo da poesia e a crónica, escrevo textos motivacio-nais”. Edelson começou a es-crever de forma espontânea, “comecei a escrever sem eu mesmo me aperceber”. Tudo começa na Escola Secunda-ria Francisco Manyanga na cidade de Maputo, quando tinha um grupo de amigos que gostavam de assistir de-senho animado e ler banda desenhada, dai surge a von-tade de criar nossas próprias histórias, e foi nesse pro-cesso que do nada começei a escrever textos poéticos.

Edelson diz que os seus textos têm uma certa impor-tância para todos aqueles que os lêem, pois para além de serem meras palavras em forma de poesia ou crónicas, estas também são motivacio-nais. “Os meus escritos na sua maioria tem a ver com motivação pessoal e colec-tiva e eu penso que a litera-tura que faço é uma forma de dar valor as experiências das pessoas para que elas entendam que as suas ac-ções têm um impacto social na vida dos outros e quanto mais cativantes somos para os outros contribuímos para construção de uma socieda-de melhor, por isso digo aos outros, sempre que escrevo deixo de ser eu para ser tan-ta gente, está é a forma de eu despertar em mim e nós outros a humanidade comum que existe em todos nós”...

Depois de começar a es-crever textos poéticos na escola secundária, teve que interromper, pois começara com a sua primeira licen-ciatura em contabilidade e auditoria,” parei de escrever naquela época, pois, a minha a minha escrita era motiva-da pela paixão que eu tinha

por bandas desenhadas”. Em 2016 teve a oportunidade de fazer parte de um Movi-mento de Activistas, desig-nado Movimento Activista Moçambique. Através desse movimento recebeu um con-vite de uma colega activista para participar numa pales-tra na Remar (Centro de re-abilitação para dependentes tóxicos) e, escrever um tex-to sobre vício e superação.

Edelson conta-nos que sentiu-se gratificante ao ter participado deste movimen-to, pois, um dos seus poemas foi declamado e percebeu que a escrita tem força de abrir a mente e as pessoas identifi-carem-se a partir dela, “no momento que eu interagi com os indivíduos que estavam internados na Remar senti a emoção que tiveram quan-do escutaram a declamação da minha colega no poema escrito por mim, percebi na-quele momento que além de-les, há muita gente que pre-cisa de ouvir e ler algo que eles se identifiquem... A par-tir desse momento comecei a apostar em textos motivacio-nais, houve na altura muita gente e varias situações que me influenciaram a escre-ver textos poéticos e moti-vacionais”, afirma o jovem.

Edelson diz que sofreu uma forte influência de Onei-de Mondlane, uma activista do Movimento, e das situ-ações que o influenciaram constam também os projectos sociais desenvolvidos pelo Movimento Activista Mo-çambique, uma vez que este grupo é bastante interventivo na área de educação, conviver com moradores de rua, parti-cipar de campanhas ambien-tais, sair de casa para cumprir o papel como cidadão, varrer a estrada com os outros co-legas sem ganhar dinheiro, tudo por mera cidadania, isso influenciou bastante na mi-nha forma de se posicionar na literatura, referiu o artista.

Edelson ainda não tem nenhuma obra publicada, até ao momento já participou em duas antologias poéticas: An-tologia Moçambique/Brasil e a Antologia Amor em Brasas que conta com poetas Mo-çambicanos, Angolanos, Bra-sileiros e Portugueses... con-tudo está a organizar ensaios para um livro a ser lançado no próximo ano, sem uma data previa, intitulado *Resi-liência no meio do Caos*, “os textos estão a ser escritos na base de depoimentos de his-torias de superação que estou a colher”... afirma o artista.

Edelson diz que enfrentou vários desafios no mundo da escrita, contudo ele destaca o desafio de forma geral para o engajamento da literacia no país, “Eu penso que só o facto de ser um escritor num país de fraca capacidade de literacia já é um desafio para todo o escritor que pretende

se engajar e engajar os outros através da literatura afinal se vem para construir uma nova consciência seja ela histórica ou social precisa de segui-dores e aqueles que acredi-tam que possam encontrar alguma coisa funcional para suas experiencias pessoas.

Outro desafio que este é mais pessoal do que genéri-co é o facto de ser novo no mercado literário e construir um estilo próprio, muitas vezes quando apareces com um estilo novo ou uma nova forma de se posicionar na li-teratura nem sempre isso é bem recebido, eu penso que esse foi o meu caso parti-cular e busco histórias mo-tivacionais para apresentar num estilo poético posso di-zer que algo novo... Então o primeiro dos desafios é con-quistar um espaço com aqui-lo que você é e pode fazer

de melhor... disse o artista.Edelson deixa um conse-

lho para todos os amantes da arte e para todos os artistas, “dizer que a literatura é como qualquer outra coisa que ob-servamos para compreender e desenvolver uma experien-cia de valor para na nossa vida diária, assim como as-sistimos a novela, escutamos as histórias dos outros com atenção, nada é diferente com a literatura, ler é se conectar a um mundo e viver aquela experiencias porque a vida é isso, uma colecção de ex-periencias e busca incessante do conhecimento. Acrescenta que devemos ser mais analí-ticos e desenvolver a capaci-dade de compreender os di-ferentes fenómenos da arte, a boa obra artística não está no padrão mas sim na qualidade dela e capacidade de se ade-quar a diferentes realidades.

silvino Miranda

REVISTO

Titosse e a resiliência no meio do caos

Silvino Miranda

Edelson Ezequias Titosse de 29anos de idade residente no bairro do Zimpeto, escritor e activista

social há sensivelmente seis anos, actualmente desenvolve um trabalho como consultor de

informação para criação de aplicações para gestão de conteúdos e como activista social

desenvolveu alguns projectos sociais para escolas primárias.

"Bem, na literatura eu tenho explorado muito o campo da poesia e a crónica, escrevo textos

motivacionais". Edelson começou a escrever de forma espontânea, "comecei a escrever sem eu

mesmo me aperceber". Tudo começa na Escola Secundaria Francisco Manyanga na cidade de

Maputo, quando tinha um grupo de amigos que gostavam de assistir desenho animado e ler

banda desenhada, dai surge a vontade de criar nossas próprias histórias, e foi nesse processo que

do nada começei a escrever textos poéticos.

Edelson diz que os seus textos têm uma certa importância para todos aqueles que os lêem, pois

para além de serem meras palavras em forma de poesia ou crónicas, estas também são

motivacionais. "Os meus escritos na sua maioria tem a ver com motivação pessoal e colectiva e

eu penso que a literatura que faço é uma forma de dar valor as experiências das pessoas para que

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Comercial

Renovação de assinaturas para 2021 EzambEz

O n d e A n A ç ã O S e r e e nc O n t r AAv. 25 de Setembro, Nr. 1676 z Cell: 82 30 73 450 z [email protected] z Maputo

Comercial

As aulas já

retomaram

ISFIC

Como em qual-quer novela de intriga, violência e ambições, só

a partir de um certo momen-to começam a aparecer novas personagens, o que nos faci-lita a compreensão mais de-talhada, os interesses daqueles que até então permaneceram escondidos, mas que influen-ciam o resto das personagens e o desenvolvimento do romance.

Este é o romance sangrento da Junta Militar e do seu auto-proclamado líder, Nhongo, que

até agora era o principal actor nos ataques terroristas a cida-dãos inocentes, na região central do país. No entanto, abre-se um novo capítulo e aparece um novo actor que estava escondido e ain-da assim foi a pessoa que mexeu os fios e lidou com a guerrilha como lhe agradava. Este novo protagonista não passa de Elias Dhlakama, que tem gerido a Junta Militar para seu próprio interesse, dando uma imagem de confronto, contra o acordo de desmobilização dos membros da Renamo, que foi aprovado pela Renamo e pelo governo.

No entanto, o verdadeiro interesse de Elias Dhlakama é desacreditar o novo presiden-te da Renamo, Ossufo Moma-de, eleito por maioria absoluta, num congresso realizado com plena liberdade e no qual ele, que também se apresentou, foi o candidato derrotado, que não conseguiu assimilar ou aceitar.

De acordo com o enredo do seu romance, ele pensava que era o herdeiro do seu falecido irmão, como se fosse uma di-nastia, isto é, sem convocar um congresso e realizar eleições. O destino e a democracia interna

do partido Renamo mudaram os seus planos e ambições, por isso, sentindo-se humilha-do, mudou a sua estratégia ao capacitar a Junta Militar e o seu líder para fazer o trabalho sujo que liderou nas sombras.

Relataram que havia guer-rilheiros desmobilizados que tinham aderido ao acordo cha-mado DDR, que foram mor-tos, mas nunca deram os no-mes ou lugares onde estão os seus corpos, o seu objectivo era desacreditar o acordo as-sinado pelo Presidente Nyusi e por Issufo, líder da Renamo,

Elias Dhlakama, actor invisível da Junta Militar

Nhongo seduzido, enganado e abandonado

a fim de intimidar aqueles que queriam aderir a esse acordo e utilizar o mesmo acordo para enfraquecer Ossufo Moma-de. O seu verdadeiro inimigo.

Há também rumores de que Elias Dhlakama foi o autor in-telectual da morte do coman-dante desmobilizado João Mu-tande para declarar que houve ataques contra os guerrilhei-ros que aderiram ao programa DDR e desacreditaram o gover-no e o presidente da Renamo.

Outra das acções desta am-biciosa personagem foi pres-sionar Nhongo para intimidar o líder da Renamo, com ameaças de morte, entre outras ameaças, a abandonar as suas responsa-bilidades no partido, para po-der fazer um golpe político e alcançar o seu objectivo, assu-mir a presidência da Renamo.

Elias e os seus comparsas há muito que fazem declara-ções contra a Renamo e contra o Governo, mas nunca mos-trou nada nem apresentou pro-vas de qualquer tipo, apenas desinformando os cidadãos e membros e apoiantes da perdiz.

Agora que parece que o li-vro pode introduzir diferentes capítulos, aquele carácter am-bicioso ao qual o seu jogo foi descoberto, diz que não apoia Nhongo. Essa mudança de atitude pode ser interpretada como uma fuga, porque as suas intenções estão a ser descober-tas ou talvez porque o líder da Junta Militar está a perceber que o caminho que tomou, a longo prazo, não leva a nada e se sentiu manipulado. Teremos de esperar um pouco para ler os próximos capítulos deste mal-dito romance de traidores, guer-rilheiros, políticos e golpistas.

Contra CorrenteFabião Carapau