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Observações sobre o amor de transferência. - Discuta como o amor transferencial deve ser trabalhado em análise. Inicialmente, antes de discutirmos sobre o manejo do amor transferencial devemos relembrar alguns conceitos importantes para o entendimento sobre a discussão. O conceito de transferência em análise não é tão fácil de elaborar e compreender. Podemos entender que transferência é uma condição na qual o paciente desloca conteúdos e sentimentos passados (inconscientes) depositando- os no analista, assim sentimentos, desejos e afetos vividos no passado são trazidos e vivenciados na atualidade. Na analise a transferência é o elemento fundamental no tratamento, e o manejo feito pelo analista deve ser feito com muita cautela e rigor, já que o trabalho é realizado com pessoas de diferentes sentimentos e emoções. Há uma série de problemas que podem em algum momento atrapalhar a análise quando se trata de “amor de transferência”, são dificuldades que podem aparecer desde o manejo precipitado ou mal formulado do analista, até a forma como o paciente encara essa descoberta transferencial. Para o analista um grande esclarecimento terá que ser dado a uma possível contratransferência, o mesmo deverá reconhecer que a paixão é induzida pela situação analítica e não considerada como motivo de orgulho de tal conquista. No processo analítico o mesmo terá que interpretar as informações discorridas e os sinais apresentados pelo paciente atribuindo pouco valor, ou não atribuir a esse amor, e trazer pra análise como se fosse apenas um processo transferencial que alguns pacientes terá.

Amor de Tranferencia

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Page 1: Amor de Tranferencia

Observações sobre o amor de transferência.

- Discuta como o amor transferencial deve ser trabalhado em análise.

Inicialmente, antes de discutirmos sobre o manejo do amor transferencial devemos

relembrar alguns conceitos importantes para o entendimento sobre a discussão.

O conceito de transferência em análise não é tão fácil de elaborar e compreender. Podemos

entender que transferência é uma condição na qual o paciente desloca conteúdos e

sentimentos passados (inconscientes) depositando- os no analista, assim sentimentos, desejos

e afetos vividos no passado são trazidos e vivenciados na atualidade. Na analise a

transferência é o elemento fundamental no tratamento, e o manejo feito pelo analista deve ser

feito com muita cautela e rigor, já que o trabalho é realizado com pessoas de diferentes

sentimentos e emoções.

Há uma série de problemas que podem em algum momento atrapalhar a análise quando se

trata de “amor de transferência”, são dificuldades que podem aparecer desde o manejo

precipitado ou mal formulado do analista, até a forma como o paciente encara essa descoberta

transferencial. Para o analista um grande esclarecimento terá que ser dado a uma possível

contratransferência, o mesmo deverá reconhecer que a paixão é induzida pela situação

analítica e não considerada como motivo de orgulho de tal conquista. No processo analítico o

mesmo terá que interpretar as informações discorridas e os sinais apresentados pelo paciente

atribuindo pouco valor, ou não atribuir a esse amor, e trazer pra análise como se fosse apenas

um processo transferencial que alguns pacientes terá. Por fim, sem transferência não há

análise, essa transferência é necessária.

O psicanalista deve saber os limites estabelecidos na analise, pois o mesmo não deve

afastar, reprimir ou estragar essa transferência, isso pode acabar trazendo uma grande

resistência para o processo da analise, onde o analisando pode apresentar problemas de

desobediência e desinteresse no processo afastando-se da terapia, dessa forma o psicanalista

não precisa se impor, mas pode se apresentar como indispensável para obtenção de certos

resultados, ou seja, a transferência terá que ser conservada para que a analise continue a fluir,

e através dos relatos do paciente trazer o verdadeiro significado daquela paixão para o

analisando.

Tanto a contratransferência no analista quanto a transferência do paciente são essenciais

para o processo. Porém o analista tem consciência disso e deve saber manusear os seus

sentimentos na relação terapêutica, pois é essa contratransferência que permite ao analista o

poder de identificar a origem dos sentimentos dentro das relações pessoais do paciente, o que

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poderá ajudar a descobrir a fonte de conflitos na vida do paciente. Já a transferência do

paciente é um ato inocente onde o mesmo não terá controle sobre.

Os psicanalistas devem preparar o paciente para o surgimento da transferência amorosa,

pois a paixão que surge da transferência não traz benefícios nem progressão para a análise,

então não é nada vantajoso para a terapia, pois poderá acontecer de o próprio paciente perder

o interesse ou a confiança no tratamento, até porque quando esse amor transferencial acontece

o paciente acaba trazendo para a terapia apenas informações do sentimento e não mais dos

sintomas que a fez procurar um psicólogo.

Para que o analista não fracasse nesta situação, jamais deverá aceitar ou até corresponder

o sentimento a ele transferido, pois quando o analista estiver convencido de que há uma

exigência ou necessidade de correspondência de sentimento pelo paciente, ou quando o

paciente o tente conquistar, o analista deve levar a terapia adiante, apesar dessa transferência

morosa, pois o psicanalista deverá saber o momento de advogar no sentido de reconhecer as

exigências éticas e saber manusear e conseguir do paciente que o mesmo desista do

sentimento amoroso, abrindo mão dos seus desejos e prossiga o tratamento.

O analista sempre terá que ter suas técnicas, mas tentando não fazer alterações nos

resultados, pois uma das principais técnicas psicanalítica é a certa exigência do analista para

que ele mesmo se recuse a corresponder as necessidades amorosas do paciente. A terapia não

deve ser conduzida de privação, o psicanalista não deve privar-se do contato com o paciente,

até porque provavelmente ele não suportaria isso, pois as necessidades e os anseios devem

existir, devido ser o que impulsiona a terapia, as mudanças e os resultados obtidos como os

sintomas do paciente.