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Amor Eterno
Por Silvio Dutra
Jun/2018
2
A474
Alves, Silvio Dutra
Amor eterno /Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2018.
50p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Cristianismo. 3. Amor.
I. Título.
CDD 232
3
“De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo:
Com amor eterno eu te amei; por isso, com
benignidade te atraí.” (Jeremias 31.3)
É importante observar que esta maravilhosa
revelação feita por Deus ao profeta relativa ao
seu amor eterno ao verdadeiro Israel, encontra-
se inserida no mesmo capítulo em que lhe foi
feita também a revelação da Nova Aliança, nos
termos que se seguem:
“31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com
a casa de Judá.
32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da
terra do Egito; porquanto eles anularam a minha
aliança, não obstante eu os haver desposado, diz
o SENHOR.
33 Porque esta é a aliança que firmarei com a
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas
leis, também no coração lhas inscreverei; eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo,
nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece
4
ao SENHOR, porque todos me conhecerão,
desde o menor até ao maior deles, diz o
SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e
dos seus pecados jamais me lembrarei.
35 Assim diz o SENHOR, que dá o sol para a luz
do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz
da noite, que agita o mar e faz bramir as suas
ondas; SENHOR dos Exércitos é o seu nome.”
(Jeremias 31.31-35)
As boas promessas lançam-se para um futuro
que ainda estava distante dos dias de Jeremias,
pois, teriam cumprimento em Jesus Cristo cerca
de 600 anos depois, mas, estavam ancoradas
desde antes da fundação do mundo no eterno
amor e plano de Deus para os que são seus,
conforme os havia elegido em seu coração para
estarem para sempre com ele, como seu povo
amado, sob a Cabeça de Jesus Cristo.
Eles nem eram nascidos ainda, mas Ele os
conheceu e os amou com amor eterno. Sendo
Deus, conhece tudo e a todos. Tudo o que será é
conhecido perfeitamente por Ele, de modo que
tudo o que vier a existir por toda a eternidade é
conhecido por Ele pelos seus atributos de
presciência e onisciência.
5
Com isto, entendemos que os eleitos foram
amados por Deus antes mesmo de ter criado os
céus e a terra visíveis, e os amou de tal forma,
que não os rejeitaria apesar de estarem todos
eles debaixo da escravidão do pecado, e sendo
necessário que fossem redimidos, resgatados
de tal condição, para serem adotados como
filhos de Deus santos e inculpáveis.
Para que esta união com seus filhos amados seja
segura e eterna, foi feito um Testamento, um
Novo Testamento ou Aliança, unilateral, com
Jesus Cristo, para que fosse o Mediador, o Fiador
e a Garantia do Testamento, de maneira que
estes filhos fossem constituídos herdeiros de
Deus para sempre, sem o risco de perderem tal
condição por motivo de qualquer transgressão
que fosse eventualmente praticada por eles. Por
isso a aliança foi feita sem que os beneficiários
fossem previamente consultados, ou chamados
a firmar algo como um contrato em que
pudessem também por sua parte, desfazer o
pacto firmado.
Filhos amados não são empregados
contratados, mas herdeiros. Não são filhos para
um tempo, mas para sempre, e daí o caráter da
aliança que foi estabelecida pelo Pai em Jesus
Cristo. Ela é irrevogável, e nada pode anulá-la ou
tirar o aliançado dos benefícios do pacto. A
6
relação de caráter familiar de Deus com os
eleitos é indicada por isso pelos termos de Pai,
filhos, irmãos, esposo, esposa, bem
demonstrando qual é o tipo de amor que há
entre a igreja e a Trindade Divina.
Esta adoção de filhos tem sido feita ao longo dos
séculos, desde o primeiro homem criado, por
meio da purificação expiatória do sangue de
Jesus, cujo efeito eficaz é retrógrado e avança
também no tempo para que não seja excluído
nenhum eleito descendente de Adão.
Deus nos amou antes mesmo de termos sido
justificados, regenerados e santificados por
meio da fé em Jesus Cristo. Isto não é
absolutamente maravilhoso, que tenha assim
nos amado?!
Esta verdade foi plenamente confirmada na
Pessoa de Jesus em tudo o que fez e ensinou em
seu ministério terreno. Por exemplo, quando
disse que não veio para os sãos e os justos,
vemos aí expressado o amor de Deus por nós,
quando ainda éramos pecadores que ainda
seriam curados por Cristo de sua condição
pecaminosa.
Por meio do que Jesus foi e fez e encontra-se
registrado nas Escrituras para o nosso consolo,
7
podemos ter a plena certeza de que Deus nos
tem amado para além da nossa condição de
pecadores, pois Jesus não somente incentivou
os pecadores a virem a Ele para serem salvos, e
aliviados da sobrecarga de suas almas, como
demonstrou o seu amor e interesse por eles
curando as suas enfermidades e fazendo toda a
sorte de bem, mostrando que veio de fato para
destruir as obras do diabo, e dar-nos da sua
própria vida, a vida abundante espiritual e
celestial.
Ele não se intimidou nem um pouco com as
palavras alarmantes que Pedro lhe dirigiu
quando do seu primeiro contato com ele, sob a
alegação de que se afastasse dele porque era
pecador. Muito ao contrário disse que não
temesse e que faria dali em diante que ele fosse
pescador de homens, tal como ele que viera com
esta missão de salvar os eleitos de Deus, de cujo
número Pedro fazia parte, e não sabia, até que
lhe foi revelado o grande amor de Deus na
Pessoa de seu Filho amado.
Este amor divino, em razão da nossa condição de
escravidão ao pecado, veio até nós, cheio de
terna misericórdia, e por isso, Deus fez questão
de destacar na promessa da Nova Aliança que
faria através do sangue de Jesus, que “para com
as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos
8
seus pecados jamais me lembrarei.”, Hebreus
8.12.
Ele declarou desde a mais remota antiguidade, a
Moisés, que usaria de misericórdia com quem
quisesse usar desta misericórdia, e o apóstolo
entendeu isto como uma promessa para a
salvação dos eleitos, que jamais poderiam ser
salvos de outra forma, senão esta de Deus se
mostrar compassivo para com eles, tendo
misericórdia dos seus pecados, e usando o meio
necessário para perdoá-los de todos eles,
fazendo com que a sua culpa fosse transferida
para Jesus Cristo, que os carregou em seu
próprio corpo na cruz.
Em nosso texto de abertura vemos o Senhor
declarando ao profeta que por causa do amor
eterno com que amou o seu povo, antes mesmo
de trazê-lo à existência, ele o atraiu para si, ou
seja, trouxe-o à conversão, pela chamada do
convite à salvação. E é dito que esta atração seria
feita por meio de Sua benignidade para com
eles, na qual, se encontra incluída a sua
misericórdia. Isto seria necessário porque em
seu conselho eterno havia decidido ter um povo
que estivesse para sempre com ele, como se vê
no contexto imediatamente anterior “Naquele
tempo, diz o SENHOR, serei o Deus de todas as
9
tribos de Israel, e elas serão o meu povo.”
(Jeremias 31.1).
Este povo seria formado pela conversão de
pecadores, chamados por Deus eficazmente
para serem justificados, regenerados,
santificados e glorificados.
Não foi este o caso de Abraão? Ele foi chamado
quando ainda vivia como um pagão em Ur dos
Caldeus, e Deus o amou e chamou, antes mesmo
de tê-lo justificado pela fé. Isto seria uma
consequência necessária do fato de ter sido
assim amado por aquele que o chamou para ser
o pai da fé, e exemplo de todos aqueles que
seriam justificados da mesma forma.
Se esta eleição não fosse por puro amor, algo
seria exigido da nossa parte para que fôssemos
aceitos por Deus, mas o amor nada cobra, ao
contrário, somente dá, e é gracioso em tudo. Por
isso somos salvos somente por graça, e para que
seja visto que é por graça, isto é feito mediante a
fé, e não por obras, méritos, sacrifícios ou
qualquer outra coisa de nossa própria parte.
Então, o mesmo amor com o qual Abraão foi
amado, nós também somos, como se vê em
Romanos 5, em que o apóstolo afirma
expressamente que Deus nos amou quando
10
éramos ainda seus inimigos, e quando éramos
completamente fracos para que pudéssemos
fazer de nossa parte algo que fosse colocado em
nosso favor diante de Deus.
Deus nos amou antes da fundação do mundo,
mas nós necessitávamos ser reconciliados com
ele, pelo recebimento do perdão dos nossos
pecados, de maneira que a sua justiça pudesse
ser satisfeita e vindicada, e isto, ele fez através
de Jesus Cristo.
“8 Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5.8)
O fundamento da nossa união eterna com ele
reside portanto, neste grande e eterno amor,
que para nos permitir também amá-lo, com o
mesmo amor puro e santo com que nos ama,
nos deu o seu Filho Unigênito como sacrifício
expiatório por nós, do qual também fez ser o
nosso Sumo Sacerdote, Salvador, Rei, Senhor,
Advogado, Fiador e Garantia da aliança que
temos com a Divindade, de modo que não
deixemos de ser aceitos como filhos, em razão
de qualquer fraqueza ou pecado cometido por
nós, conforme os termos da aliança declarados
em Jeremias 31.31-35.
11
Foi por amor, e um amor eterno, desde antes da
fundação do mundo, que Deus conheceu a
Igreja, formada por aqueles que eram dele por
eleição, e que ele deu a Jesus Cristo, para ser a
Cabeça deles, e para viverem em amor uns com
os outros e com a Trindade por toda a
eternidade sem fim.
Assim, o ponto de partida correto na teologia
não é a criação do mundo, do homem na terra,
mas o céu, o coração do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, em tudo o que viu e planejou
fazer para que este seu conselho e desejo eterno
fosse levado inteiramente à consecução.
Deus amou ardentemente a estes que conheceu
de antemão na sua onisciência e presciência,
como um pintor que ama o quadro que já viu
completo em sua imaginação e nem sequer
começou ainda a pintar.
Deus já viu tudo como realizado e assim, trará
todas as coisas à existência, em seu próprio
tempo e conforme o seu eterno amor e poder.
A história da humanidade não é algo, portanto
que corre aleatoriamente, independente de
ações ativas do Senhor. Satanás é o príncipe do
mundo caído em pecado, em sentido de ter
acesso a ele e influência, conforme lhe foi
12
permitido por Deus, mas é o Senhor que a tudo
governa e dirige segundo a Sua boa vontade.
Nada pode frustrar os seus planos, pois
conforme revelou aos profetas, todas as coisas
têm sido cumpridas exatamente conforme ele
as revelou, e será assim até a consumação final,
pela restauração de todas as coisas.
Deus não criou todas as coisas para depois
intentar formar uma Igreja.
Ao contrário, foi para formar a sua Igreja, um
povo que fosse exclusivamente seu, que Ele
criou os céus e a terra, e tudo o que neles há.
Tudo existe para refinar a fé dos crentes, para
aperfeiçoá-los em santidade, e para que Deus
seja glorificado em seu grande poder em criar
este povo em meio aos grandes embates e
oposições sofridas por parte da semente da
Serpente.
E este povo que está sendo formado ao longo das
eras foi chamado a ser santo assim como Deus é
santo, ou seja, perfeito em santidade, assim
como ele é perfeito. Deus já tem o quadro final
planejado e intentado por Ele, completamente
visto em sua mente, e está trazendo tudo à
existência em seu próprio tempo, desde a
primeira pincelada dada na criação, fazendo
13
com que as coisas futuras já vistas e
contempladas e idealizadas por ele, sejam
realizadas em cada momento presente, sendo
este presente nada mais do que a transição de
um futuro já visto e planejado por Ele, para um
passado de plena realização da Sua vontade.
No caso da Igreja o passado não significa cair no
esquecimento, mas complementação do que
está sendo cumprido, pois os santos que
compuseram a igreja no passado encontram-se
em glória aguardando a plena reunião de todos
os santos que estão determinados por Deus para
alcançarem a vida eterna, para que Cristo seja
tudo em todos, como a Cabeça deste seu corpo
que é a Igreja.
Como devem ser então os membros deste corpo
senão perfeitos como é a sua Cabeça? Como
devem ser as pedras vivas do edifício espiritual
do qual Jesus é a pedra angular, senão também
perfeitas como Ele é perfeito? Nada mais
natural então que deve haver progresso no
aumento em piedade, na vida santificada, de
modo que o plano eterno de Deus se cumpra em
cada um dos seus filhos amados.
É um modo muito errado de considerar a ação
de Deus no mundo como tendo sido apenas o
criador dos céus e da terra em seis dias, e que
14
depois disso cruzou os braços e deixou que tudo
seguisse o seu rumo aleatoriamente. Jesus disse
em seu ministério terreno que assim como Pai
continuava trabalhando até então (e do que se
depreende que continuaria trabalhando
sempre), Ele também trabalhava sem cessar,
assim como o Pai. Dos próprios crentes é dito
que servirão a Deus dia e noite, eternamente.
Deus é imutável em relação ao seu caráter santo
e espiritual, e moral. E não devemos confundir
imutabilidade com imobilidade, pois a
imobilidade é peculiar ao que é morto, mas Deus
é vivo, e Deus de vivos, cuja característica
principal é trabalho e movimento. Assim, temos
a ação permanente de Deus conduzindo a
história da humanidade, fazendo com que tudo
ocorra segundo o Seu planto eterno, conforme
vemos a confirmação desta verdade nas
profecias que Ele mandou registrar na Bíblia
para a nossa instrução. Ele eleva e rebaixa reinos
e nações. Ele sequer permite que um pardal caia
do céu sem a Sua permissão, quanto mais que
suceda algo em relação à humanidade que fuja
da Sua direção ativa ou permissiva. Até mesmo
o que ocorre de mal, tem a sua razão de ser para
contribuir para o aperfeiçoamento dos santos
na piedade, para aquela vida eterna que terão no
céu. Nada que ocorra está fora da regra de tudo
contribuir para o bem dos que amam a Deus. E
15
em tudo isto o seu grande nome é glorificado,
quer nas bênçãos que derrama, quer nos juízos
que exerce.
É somente no amor de Deus que podemos nos
sentir seguros, pois como pode haver segurança
onde não há aceitação por Ele?
Sabendo e estando convictos pela fé de que
somos eleitos de Deus, pela testificação do
Espírito Santo com o nosso espírito, e com o
amor de Deus que Ele derrama nos nossos
corações, sentimo-nos seguros e confiantes a
ponto de nada mais temer, nem sequer a morte,
porque sabemos que viveremos eternamente
com aquele que nos amou com amor eterno e
nos atraiu a Cristo para que fôssemos salvos dos
nossos pecados e da condenação eterna.
Jacó teve essa certeza de ser assim amado, por
uma eleição eterna, mas isto foi negado a Esaú,
e por isso Jacó foi o que foi e fez o que fez,
enquanto seu irmão desprezou a Deus e a toda a
Sua vontade.
“13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me
aborreci de Esaú.” (Romanos 9.13)
Por esta passagem, e por muitas outras do
mesmo caráter na Bíblia, comprova-se
16
definitivamente que Deus nos amou, antes
mesmo de termos sido justificados pela fé em
Cristo, como foi o caso de Jacó que foi amado por
Ele antes de ter nascido, e na verdade, porque foi
amado desde antes da fundação do mundo,
porque é do número daqueles que Deus
conheceu de antemão, pela sua presciência,
conforme afirmado em Romanos 8.29, os quais,
em seu próprio tempo, seriam chamados por
Ele à existência, para serem justificados,
regenerados e santificados.
“2 Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós
dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú
irmão de Jacó? – disse o SENHOR; todavia, amei
a Jacó,
3 porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes
uma assolação e dei a sua herança aos chacais
do deserto.” (Malaquias 1.2,3)
Deus amou nossas pessoas, o que conheceu de
antemão quanto ao que viríamos a ser em nossa
união com Jesus Cristo. Tanto que aqueles que
são justificados e regenerados por Ele,
receberão um novo nome escrito numa
pedrinha branca, conforme se afirma no livro de
Apocalipse.
17
Deus nos amou com amor eterno, santo, puro,
perfeito, porque sabia perfeita e seguramente
que também seria amado por nós, e que este
amor, ainda que imperfeito aqui na Terra, será
completamente perfeito no céu. É assim com os
eleitos e excluem-se os demais, porque é
evidente que não pode haver tal amor de
comunhão, alegria, paz, harmonia, de serviço
voluntário, entre aqueles que são rebeldes em
suas naturezas e que se opõem tenazmente a
Deus e a toda a Sua vontade.
Daí serem tantas as exortações e ordenanças
bíblicas no sentido de que amemos a Deus e uns
aos outros com o mesmo amor que há na
Trindade.
“9 Como o Pai me amou, também eu vos amei;
permanecei no meu amor.” (João 15.9)
“23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo
conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim. (Este “os amaste” no
sentido de que foram amados desde a
eternidade, assim como o Cristo é amado pelo
Pai, e não apenas que os amou a partir do tempo
em que se converteram a Cristo).
18
24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou,
estejam também comigo os que me deste, para
que vejam a minha glória que me conferiste,
porque me amaste antes da fundação do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te conheceu; eu,
porém, te conheci, e também estes
compreenderam que tu me enviaste.
26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o
farei conhecer, a fim de que o amor com que me
amaste esteja neles, e eu neles esteja.” (João
17.23-26)
“1 Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus
que era chegada a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até ao fim.” (João
13.1)
“19 Entretanto, o firme fundamento de Deus
permanece, tendo este selo: O Senhor conhece
os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da
injustiça todo aquele que professa o nome do
Senhor.” (2 Timóteo 2.19)
“7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque
o amor procede de Deus; e todo aquele que ama
é nascido de Deus e conhece a Deus.
19
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois
Deus é amor.
9 Nisto se manifestou o amor de Deus em nós:
em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao
mundo, para vivermos por meio dele.
10 Nisto consiste o amor: não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou e enviou o seu Filho como propiciação
pelos nossos pecados.
11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou,
devemos nós também amar uns aos outros.” (1
João 4.7-11)
“16 E nós conhecemos e cremos no amor que
Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e
Deus, nele.
17 Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que,
no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois,
segundo ele é, também nós somos neste mundo.
18 No amor não existe medo; antes, o perfeito
amor lança fora o medo. Ora, o medo produz
tormento; logo, aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor.
20
19 Nós amamos porque ele nos amou primeiro.”
(1 João 4.16-19)
Se Deus não nos tivesse amado com amor
eterno, e ainda que tivesse amado, mas caso não
revelasse este amor a nós, por meio de Jesus
Cristo, e não somente isto, perdoando-nos e nos
purificando de nossos pecados, jamais teríamos
amado a Deus, pois éramos seus inimigos, assim
como os demais. Foi por meio da cruz que a
inimizade foi desfeita e fomos reconciliados
com o Pai, de modo que já não há motivo para
termos medo de uma condenação eterna futura
ao inferno de fogo, porque dela fomos
resgatados pelo amor do nosso Pai, que se
manifestou abundantemente em nosso favor,
dando-nos o seu próprio Filho para nos salvar.
“8 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a
terra, aqueles cujos nomes não foram escritos
no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto
desde a fundação do mundo.” (Apocalipse 13.8)
“8 a besta que viste, era e não é, está para
emergir do abismo e caminha para a destruição.
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos
nomes não foram escritos no Livro da Vida
desde a fundação do mundo, se admirarão,
vendo a besta que era e não é, mas aparecerá.”
(Apocalipse 17.8)
21
Estes dois textos de Apocalipse demonstram
claramente que todos aqueles que são do
Senhor já tiveram seus nomes escritos no Livro
da Vida, desde antes da fundação do mundo. Isto
comprova não somente o amor eterno de Deus
pelos que são seus, antes mesmo de tê-los
trazido à existência, como também o seu
completo conhecimento de todas as coisas que
são e que ainda serão, e isto por toda a
eternidade.
“34 então, dirá o Rei aos que estiverem à sua
direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na
posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo.” (Mateus 25.34)
Temos aqui outra passagem em que se vê
claramente que a união eterna dos crentes com
Cristo foi planejada desde antes da fundação do
mundo, e que eles foram conhecidos pela
condição de serem achados dignos de
participarem do reino de Deus.
“3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo,
22
4 assim como nos escolheu, nele, antes da
fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor
5 nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o
beneplácito de sua vontade,
6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos
concedeu gratuitamente no Amado,
7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a
remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua
graça,
8 que Deus derramou abundantemente sobre
nós em toda a sabedoria e prudência,
9 desvendando-nos o mistério da sua vontade,
segundo o seu beneplácito que propusera em
Cristo,
10 de fazer convergir nele, na dispensação da
plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as
do céu como as da terra;
11 nele, digo, no qual fomos também feitos
herança, predestinados segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o
conselho da sua vontade,
23
12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós,
os que de antemão esperamos em Cristo;
13 em quem também vós, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação, tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo Espírito da promessa;
14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua
glória.” (Efésios 1.3-14)
Este texto de Efésios resume tudo o que já foi
dito anteriormente e revela claramente a
predestinação que foi feita por Deus em relação
à Igreja, baseada no Seu amor, e possibilitada
pelo Seu atributo de presciência e onisciência.
Aqui também se destaca o caráter
eminentemente espiritual deste amor divino
entre Deus e os crentes, de modo que não se
refere a simples sentimento natural, mas a uma
condição espiritual renovada e santificada que
nos permita discernir as coisas do Espírito de
Deus. Toda a nossa comunicação com a
Trindade é de caráter espiritual, e o amor com o
qual Jesus disse que deveríamos amar nossos
irmãos na fé, é também espiritual, andando nós
no Espírito Santo e estando cheios do seu fruto e
24
exercendo os dons recebidos para servir à
Igreja.
Não são coisas românticas as que são aqui
referidas, ou mesmo de mero caráter
sentimental, mas a obediência determinada e
objetiva em se guardar os mandamentos de
Cristo, pela sua incorporação à própria vida.
Sem isto, nenhum amor verdadeiro pode ser
manifestado, porque o amor está fundado na
verdade e na justiça, e daí, o Senhor ter orado
pela nossa santificação na verdade, de modo que
possamos ser praticantes efetivamente do seu
amor.
“1 Quando Israel era menino, eu o amei; e do
Egito chamei o meu filho.
2 Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam
da minha presença; sacrificavam a baalins e
queimavam incenso às imagens de escultura.
3 Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os
nos meus braços, mas não atinaram que eu os
curava.
4 Atraí-os com cordas humanas, com laços de
amor; fui para eles como quem alivia o jugo de
sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-
lhes de comer.” (Oseias 11.1-4)
25
Mesmo ao Israel terreno, em suas rebeliões e
idolatrias, Deus demonstrou de diversas formas
o caráter do Seu amor, pois, por amor aos
patriarcas prometeu ser o Deus de Israel para
sempre, de modo que jamais abandonaria o
povo que formou a partir de Abraão, uma vez
que importava trazer por meio deste povo o
Messias ao mundo.
“16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.” (João 3.16)
Baseado no amor eterno de Deus aos eleitos, já
comentado anteriormente, podemos ter uma
melhor compreensão destas palavras de Jesus,
pois o mundo aqui do qual é dito ter sido amado
por Deus, não é obviamente o mundo de pecado
e destinado à perdição, pois deste mundo
inclusive se dá o testemunho de que aquele que
o ama torna-se inimigo de Deus.
Trata-se portanto, de uma referência àqueles
que Deus conheceu de antemão, a Sua Igreja, à
qual deu Jesus para ser justificada e purificada
por ele.
26
“28 Sabemos que todas as coisas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito.
29 Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes
à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também
glorificou.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se
Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho,
antes, por todos nós o entregou, porventura, não
nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus? É Deus quem os justifica.” (Romanos 8.28-
33)
“16 Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e
Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu
eterna consolação e boa esperança, pela graça,”
(2 Tessalonicenses 2.16)
27
A citação do apóstolo neste texto “Deus, o nosso
Pai, que nos amou” não é uma mera referência
ao amor em curso da parte de Deus pelos
tessalonicenses, naqueles dias, mas aos crentes
em geral de todas as épocas, e este amor é fixado
na eternidade, antes da fundação do mundo,
para que eles soubessem que independente
daquilo que eles eram em suas imperfeições e
fraquezas, eles era amados por Deus desde antes
da criação do mundo, e que por este amor, eles
tinham recebido “eterna consolação e boa
esperança, pela graça”.
“1 Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago,
aos chamados, amados em Deus Pai e guardados
em Jesus Cristo,
2 a misericórdia, a paz e o amor vos sejam
multiplicados.” (Judas 1,2)
Judas, o irmão do Senhor Jesus, sabia
perfeitamente, que os crentes são chamados à
salvação e à vida eterna, porque são “amados em
Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”. E de
igual forma, devemos entender que a referência
a “amados em Deus Pai” não se aplica somente
às manifestações de amor que desfrutavam no
presente, mas a algo que Deus tinha por eles em
seu coração, e isto por toda a eternidade, desde
28
que os havia conhecido antes mesmo de formá-
los no ventre.
“5 Antes que eu te formasse no ventre materno,
eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te
consagrei, e te constituí profeta às nações.”
(Jeremias 1.5)
“6 de cujo número sois também vós, chamados
para serdes de Jesus Cristo.
7 A todos os amados de Deus, que estais em
Roma, chamados para serdes santos, graça a vós
outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 1.6,7)
Esta expressão “amados de Deus” se multiplica
nas epístolas, demonstrando a firme convicção
que os apóstolos tinham da eleição eterna
baseada no amor de Deus por seus filhos. Daí,
dizer o apóstolo Paulo com toda a certeza que
nada poderá nos separar do amor de Deus que
está em Cristo Jesus.
“1 Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos
amados;
2 e andai em amor, como também Cristo nos
amou e se entregou a si mesmo por nós, como
oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.”
(Efésios 5.1,2)
29
“12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de ternos afetos de
misericórdia, de bondade, de humildade, de
mansidão, de longanimidade.” (Colossenses
3.12)
“2 Damos, sempre, graças a Deus por todos vós,
mencionando-vos em nossas orações e, sem
cessar,
3 recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da
operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso
amor e da firmeza da vossa esperança em nosso
Senhor Jesus Cristo,
4 reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a
vossa eleição,” (1 Tessalonicenses 1.2-4)
A igreja de Tessalônica era reconhecida pelo
apóstolo como sendo formada por eleitos
genuínos, porque havia a evidência do amor de
Deus por eles, em seus espíritos.
“13 Entretanto, devemos sempre dar graças a
Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor,
porque Deus vos escolheu desde o princípio
para a salvação, pela santificação do Espírito e fé
na verdade,
14 para o que também vos chamou mediante o
nosso evangelho, para alcançardes a glória de
30
nosso Senhor Jesus Cristo.” (2 Tessalonicenses
2.13,14)
Este não é um estudo sobre predestinação e
eleição, mas sobre o amor eterno de Deus.
Todavia, como podemos ver, ambos estão
relacionados nas Escrituras, não somente nos
textos já citados, como em muitos outros.
Agora, esta relação é necessária por ser de causa
e efeito, pois o amor é a grande causa, e a eleição
pela predestinação é o seu efeito, pois, tendo
amado com amor eterno aqueles que conheceu
de antemão, Deus os elegeu para serem seus
filhos amados para sempre. Ele os contemplou
em seus espíritos e caráter, por sua onisciência,
viu o que seriam pelo trabalho da graça em cada
um deles, e assim, os reservou para si, para
serem um povo exclusivamente seu, zeloso de
boas obras, pelos quais revelaria o Seu caráter
de Pai amoroso tanto a anjos quanto a homens.
Por suas ações através deles e neles, por Jesus
Cristo, revelaria também todos os seus
atributos, especialmente os de sua justiça,
santidade, bondade, benignidade, misericórdia,
longanimidade, juízo, alegria, não apenas os
manifestando, mas implantando-os no próprio
caráter de seus filhos amados.
31
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que
são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia,
Capadócia, Ásia e Bitínia,
2 eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e a
aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz
vos sejam multiplicadas.” (1 Pedro 1.1,2)
Deus conhece de fato de antemão o seu povo,
antes mesmo que se converta a Cristo, como se
pode ver claramente em muitas passagens
bíblicas, das quais destacamos a seguinte:
“9 Teve Paulo durante a noite uma visão em que
o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário,
fala e não te cales;
10 porquanto eu estou contigo, e ninguém
ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta
cidade.
11 E ali permaneceu um ano e seis meses,
ensinando entre eles a palavra de Deus.” (Atos
18.9-11)
Deus disse a Paulo que havia muitos eleitos em
Corinto que seriam salvos por Ele, através da
pregação do apóstolo. Ele conheceu não apenas
aqueles que viviam nos dias do apóstolo, mas
32
todos os que viveriam depois, não apenas em
Corinto, mas em todas as partes do mundo.
Estas são as ovelhas de outro aprisco, às quais
Jesus disse em seu ministério terreno, que
também lhe convinha reuni-las em um só
rebanho.
Destes, que foram dados a Ele pelo Pai, Jesus se
refere dizendo que seriam atraídos a ele para
serem salvos. E somente estes que foram assim
amados com este amor eterno de Deus podem
fazê-lo. Somente a eles é dado pelo Pai se
achegarem ao Filho para serem salvos, e assim
poderem ser participantes do seu amor.
“14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim,
15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
16 Ainda tenho outras ovelhas, não deste
aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas
ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho
e um pastor.” (João 10.14-16)
“26 Mas vós não credes, porque não sois das
minhas ovelhas.
33
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as
conheço, e elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e
ninguém as arrebatará da minha mão.
29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que
tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”
(João 10.26-29)
“44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me
enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no
último dia.” (João 6.44)
“65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos
tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo
Pai, não lhe for concedido.” (João 6.65)
“1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus
Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de
Deus e o pleno conhecimento da verdade
segundo a piedade,
2 na esperança da vida eterna que o Deus que
não pode mentir prometeu antes dos tempos
eternos
3 e, em tempos devidos, manifestou a sua
palavra mediante a pregação que me foi
confiada por mandato de Deus, nosso Salvador,”
(Tito 1.1-3)
34
“48 Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e
glorificavam a palavra do Senhor, e creram
todos os que haviam sido destinados para a vida
eterna.” (Atos 13.48)
Neste texto afirma-se claramente que os que
creram foram todos os que haviam sido
destinados para a vida eterna. Tomar este texto
sob o sentido geral de que que todos estão
destinados a isto, e que é assim que deve ser
entendido, então deveríamos aceitar que todas
as pessoas daquela cidade, sem uma única
exceção, creram em Jesus Cristo e foram salvas
efetivamente, alcançando a vida eterna. O que
seria completamente contrário não apenas à
revelação das Escrituras, como à própria
realidade natural visível, que comprova que
mais são os que se perdem do que os que são
salvos.
Desta forma, o texto deve ser aplicado aos
eleitos daquela cidade, que eram os que estavam
destinados pelo amor eterno de Deus a eles, à
salvação, e por conseguinte, à vida eterna.
“21 Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama; e aquele que me
35
ama será amado por meu Pai, e eu também o
amarei e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde
procede, Senhor, que estás para manifestar-te a
nós e não ao mundo?
23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama,
guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e
viremos para ele e faremos nele morada.
24 Quem não me ama não guarda as minhas
palavras; e a palavra que estais ouvindo não é
minha, mas do Pai, que me enviou.” (João 14.21-
24)
Quando Jesus diz que aquele que o ama é quem
guarda os seus mandamentos, o significado
disto não é meramente e principalmente, que o
amor consiste em obedecer os mandamentos,
mas que é por guardá-los, que obtemos aquela
condição de alma santificada que é a única que
está habilitada a compartilhar da comunhão
amorosa com Ele, com o Pai e com o Espírito
Santo, e uns com os outros.
Entenda-se também, que a obediência aos
mandamentos de Jesus, é uma evidência de que
o amamos de fato, porque isto não existe
naqueles que não o conhecem. Eles não
36
somente não o amam, como também não
guardam os seus mandamentos.
Deus nos amou, por sermos seus eleitos, mesmo
nos dias da nossa ignorância, porque seu amor é
eterno, mas enquanto nas trevas não podíamos
ter qualquer comunhão amorosa com ele. Daí a
necessidade de sermos regenerados e
santificados pelo Espírito para podermos
participar do seu amor em plena comunhão
com ele.
Toda a nossa obediência é sempre muito
imperfeita, e ai de nós se não fosse o amor de
Deus que cobre multidão de pecados. Mas a
intenção sincera e real de obedecermos ao
Senhor, nos credencia a receber o favor da sua
graça superabundante, que cobre o pecado, e
nos faz aceitáveis a ele.
Não se pense entretanto, que a mera intenção,
que não conduza a uma purificação real pelo
Espírito Santo, em infusões renovadas do seu
poder e amor, é suficiente para tal aceitação.
Daí sermos exortados a nos esforçar e ser
diligentes com todo o empenho para
crescermos na graça e no conhecimento de
Jesus, pois onde isto faltar, não haverá qualquer
37
graça disponível para nós atuando efetivamente
em nossos corações para purificá-los.
Se não andarmos no Espírito, o que prevalecerá
será a carne, porque ambos lutam entre si, de
modo que a carne sempre nos conduz a fazer o
que é contrário à vontade de Deus, e somente o
Espírito, por andarmos nele, pode vencê-la,
levando-nos a fazer o que Lhe é agradável.
Há este conflito interior permanentemente em
nós, e por isso se fala de caminhar no Espírito,
indicando movimento contínuo, incessante,
tanto em vigilância, quanto em oração, para
guardarmos nosso coração incontaminado do
mal.
Nisto se comprova o nosso amor a Deus, pela
renúncia a nós mesmos, ao nosso ego carnal, de
maneira que não a nossa vontade, mas a dEle
seja cumprida em nossas vidas.
Já que fomos amados com um amor eterno, que
não considerou nossas fraquezas, e
permaneceu nos amando, e permanecerá por
toda a eternidade, até concluir em nós o
trabalho de uma perfeita santificação, que
esforço seria grande demais, ou renúncia, para
agradarmos a Quem nos amou e tem amado
com um amor tão infinito, eterno e perfeito?
38
“10 Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; assim como
também eu tenho guardado os mandamentos
de meu Pai e no seu amor permaneço.
11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu
gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.
12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns
aos outros, assim como eu vos amei.” (João 15.10-
12)
A oração sacerdotal de nosso Senhor em João 17,
resume tudo o que tem sido falado acerca do
amor eterno de Deus tanto em relação a Ele
quanto a todos os que são seus. Nesta oração,
Jesus destacou claramente que estava
intercedendo somente em favor dos eleitos que
são amados com tal amor eterno, e não poderia
ser de modo diferente, porque os que são do
mundo, de modo nenhum poderiam atender
aos motivos da intercessão que ele fez,
notadamente no que se refere à unidade em
amor entre os crentes, pela santificação de suas
vidas mediante a aplicação da verdade, ou seja,
da Palavra de Deus.
Esta oração enfatiza suficientemente o
cumprimento da Sua missão de resgatar as
ovelhas perdidas e levá-las em segurança ao
39
aprisco eterno e espiritual do amor divino,
conforme ele havia planejado que fosse assim
desde antes da fundação do mundo, ou seja,
antes mesmo de ter trazido a raça humana à
existência, bem como todo o universo visível.
Sem o trabalho do Senhor em Sua morte,
ressurreição e derramamento do Espírito Santo
no coração dos crentes, nada disso teria sido
possível, e tudo não passaria apenas de um
plano que Deus fez e que não pôde ser cumprido.
Mas, como nenhum dos planos do Senhor pode
ser frustrado, especialmente este de ter
intentado ter um povo que fosse
exclusivamente seu, Ele revelou todo o Seu
poder trazendo este povo à existência não de
uma condição de plena santidade, mas de uma
completa miséria em trevas e escravidão ao
pecado e ao jugo de Satanás e da própria Lei de
Deus. O amor venceu tudo e ultrapassou tudo,
removeu todos os obstáculos para que a família
dos salvos santificados pudesse se transformar
em realidade, e sem falhas, sem a falta de um
único eleito que deveria ser resgatado.
Glórias sejam dadas eternamente ao Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo, não por
uma obrigação, mas por um ato de amor infinito
40
e eterno aos que são assim resgatados e
purificados.
“1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os
olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora;
glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre
toda a carne, a fim de que ele conceda a vida
eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste.
4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra
que me confiaste para fazer;
5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo,
com a glória que eu tive junto de ti, antes que
houvesse mundo.
6 Manifestei o teu nome aos homens que me
deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e
eles têm guardado a tua palavra.
7 Agora, eles reconhecem que todas as coisas
que me tens dado provêm de ti;
41
8 porque eu lhes tenho transmitido as palavras
que me deste, e eles as receberam, e
verdadeiramente conheceram que saí de ti, e
creram que tu me enviaste.
9 É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo,
mas por aqueles que me deste, porque são teus;
10 ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas
coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado.
11 Já não estou no mundo, mas eles continuam
no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti.
Pai santo, guarda-os em teu nome, que me
deste, para que eles sejam um, assim como nós.
12 Quando eu estava com eles, guardava-os no
teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum
deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para
que se cumprisse a Escritura.
13 Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no
mundo para que eles tenham o meu gozo
completo em si mesmos.
14 Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo
os odiou, porque eles não são do mundo, como
também eu não sou.
15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os
guardes do mal.
42
16 Eles não são do mundo, como também eu não
sou.
17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.
18 Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo.
19 E a favor deles eu me santifico a mim mesmo,
para que eles também sejam santificados na
verdade.
20 Não rogo somente por estes, mas também
por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra;
21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó
Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em
nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me
tens dado, para que sejam um, como nós o
somos;
23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo
conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim.
43
24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou,
estejam também comigo os que me deste, para
que vejam a minha glória que me conferiste,
porque me amaste antes da fundação do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te conheceu; eu,
porém, te conheci, e também estes
compreenderam que tu me enviaste.
26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o
farei conhecer, a fim de que o amor com que me
amaste esteja neles, e eu neles esteja.” (João 17)
A religião que recebemos de Cristo é a religião
do amor, e a vida religiosa a qual é dada à luz em
nós é para ser uma vida de amor a Deus,
assegurando nossa obediência, alistando-nos
para o nosso serviço e constrangendo-nos, pelas
misericórdias. de Deus, para oferecer nossos
corpos como sacrifícios vivos; assim nos
ensinando e nos fortalecendo a "negar toda
impiedade e concupiscências mundanas, e a
viver piedosamente, justamente e sobriamente
neste presente mundo mau".
A própria disciplina e castigos com que Deus
visita seus filhos é pelo amor de um Pai que visa
o melhor para eles, de modo que sejam
44
desviados do mal, e movidos para o bem. Afinal,
isto também é parte essencial do verdadeiro
amor que não se alegra com a injustiça, senão
somente com a verdade.
"Aqueles a quem o Senhor ama, castiga e açoita
a todos os filhos que recebe". "Eu repreendo e
castigo a todos quantos amo."
"Veja que tipo de amor o Pai nos concedeu para
que fôssemos chamados filhos de Deus." O que
mais diremos? É um amor que não cessará -
nem cessará então - até que tenha trazido seu lar
para Si mesmo no céu, tendo nos permitido
glorificá-Lo aqui, permitindo-nos desfrutá-lo
plenamente, e para sempre, daqui em diante.
Cristo morreu por nós, porque Deus nos amou;
em outras palavras, a expiação de Cristo não foi
a causa, mas a consequência; não a origem, mas
a manifestação; do grande amor com o qual
Deus nos amou.
Nada menos que amor infinito pode satisfazer a
necessidade profunda e saciar os anseios
intensos de nossa alma. Na proporção em que o
Espírito Santo nos leva a ver as profundezas de
nossa pecaminosidade, pobreza e nada,
aprenderemos que nada menos que um Deus de
45
infinito amor, graça e suficiência poderia
solucionar nosso caso.
Não poderíamos fechar este livro sem incluir
nele as palavras do apóstolo inspiradas pelo
Espírito Santo para definir o amor ágape, este
amor sobrenatural de Deus, cujas
características essenciais foram destacadas
neste belo texto de 1 Coríntios 13:
“1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos
anjos, se não tiver amor, serei como o bronze
que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e
conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de
transportar montes, se não tiver amor, nada
serei.
3 E ainda que eu distribua todos os meus bens
entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver
amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde
em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
5 não se conduz inconvenientemente, não
procura os seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal;
46
6 não se alegra com a injustiça, mas regozija-se
com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor jamais acaba; mas, havendo profecias,
desaparecerão; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará;
9 porque, em parte, conhecemos e, em parte,
profetizamos.
10 Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o
que é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, pensava como menino;
quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino.
12 Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte; então, conhecerei
como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e
o amor, estes três; porém o maior destes é o
amor.” (1 Coríntios 13.1-13)
Este amor que jamais acaba, e que permanecerá
quando tudo o mais for removido, é declarado
47
para assim permanecer em diversas partes das
Escrituras, das quais destacamos alguns
exemplos a seguir:
“10 Porque os montes se retirarão, e os outeiros
serão removidos; mas a minha misericórdia não
se apartará de ti, e a aliança da minha paz não
será removida, diz o SENHOR, que se
compadece de ti.” (Isaías 54.10)
“19 Desposar-te-ei comigo para sempre;
desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e
em benignidade, e em misericórdias;
20 desposar-te-ei comigo em fidelidade, e
conhecerás ao SENHOR.” (Oseias 2.19,20)
“E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século.” (Mateus 28.20b)
“15 Acaso, pode uma mulher esquecer-se do
filho que ainda mama, de sorte que não se
compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda
que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia,
não me esquecerei de ti.” (Isaías 49.15)
“38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho,
para que me temam todos os dias, para seu bem
e bem de seus filhos.
48
40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual
não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu
temor no seu coração, para que nunca se
apartem de mim.” (Jeremias 32.38-40)
É por causa deste amor eterno de Deus que
podemos ter a plena certeza de que jamais
seremos separados dele, nem mesmo por nossa
própria iniciativa em buscar fazê-lo, porque é
impossível que este laço de amor que temos
com Deus através de Jesus Cristo, seja destruído.
“33 Quem intentará acusação contra os eleitos
de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será
tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos
entregues à morte o dia todo, fomos
considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais
que vencedores, por meio daquele que nos
amou.
49
38 Porque eu estou bem certo de que nem a
morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor.” (Romanos 8.33-39)
“17 O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti,
poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti
com alegria; renovar-te-á no seu amor,
regozijar-se-á em ti com júbilo.” (Sofonias 3.17)
Deus se deleita nas pessoas do Seu amor. Eles
são preciosos, inconcebivelmente preciosos
para o Seu coração. Ele os guarda como a
menina dos seus olhos. Em sua opinião, eles
podem ser vis, poluídos, sem valor; mas visto por
Ele em Jesus, Ele pode, e Ele diz, para cada um:
"Vocês são todos lindos, são o fruto do meu
amor, não vejo nenhuma mancha em vocês".
Descansando em Jesus, o Filho do Seu amor, por
meio de quem Ele pôde formar um povo
espiritual exclusivamente seu, Ele pode
descansar no Seu povo, que é o objetos do Seu
amor.
50
Ele pode afligir, castigar e repreender, e julgá-
los, permitindo que sejam severamente
atacados pelas circunstâncias do mundo e por
suas próprias tentações internas; Ele pode até
esconder o rosto deles por um breve momento,
e falar duramente com os seus, como José fez a
seus irmãos no Egito; Ele pode perturbar seus
lugares de descanso e espalhar suas
misericórdias ao vento - no entanto, são todos
eles santos e amados de Deus.
Como Jesus tem prometido, a nenhum que tiver
vindo a Ele, atraído pelo Pai, para ser salvo,
jamais lançará fora, jamais deixará de
reconhecer como sendo filho amado de Deus e
participante da família dos santos. Ele os
corrigirá, e até pode exercer sobre alguns a
disciplina extrema da morte física, mas jamais
os deixará de amar como filhos amados que são,
e serão achados em seus espíritos no céu, ainda
que sofrendo danos por sua desobediência
deliberada aqui na Terra.