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Amor inesperado- SRP 1 Autora - SRP Revisora - Valéria Avelar O livro conta a história de Fernando Salvatore, um advogado brilhante, que dirigi uma advocacia com mãos de ferro. Ele guarda um segredo: Ele é alcoólatra. Ele contrata Stella. Ela será sua secretária pessoal. Com a convivência, percebem a atração que sentem um pelo outro, mas ambos resistem a essa atração. Fernando tem um processo difícil em suas mãos, o mais difícil que pegou em sua carreira. Uma viagem de negócios aproximará Stella e Fernando, e o que era uma simples atração se transformará em amor, mas uma descoberta, o tornará impossível. Dedico esse livro a minha amiga, Valéria Avelar Obrigada Valéria pelo seu incentivo, que gerou em mim a vontade de escrever novamente.

Amor Inesperado SRP

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O livro conta a história de Fernando Salvatore, um advogado brilhante, que dirigi uma advocacia com mãos de ferro. Ele guarda um segredo: Ele é alcoólatra. Ele contrata Stella. Ela será sua secretária pessoal. Com a convivência, percebem a atração que sentem um pelo outro, mas ambos resistem a essa atração. Fernando tem um processo difícil em suas mãos, o mais difícil que pegou em sua carreira. Uma viagem de negócios aproximará Stella e Fernando, e o que era uma simples atração se transformará em amor, mas uma descoberta, o tornará impossível.

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    Autora - SRP

    Revisora - Valria Avelar O livro conta a histria de Fernando Salvatore, um advogado

    brilhante, que dirigi uma advocacia com mos de ferro. Ele guarda um segredo: Ele alcolatra.

    Ele contrata Stella. Ela ser sua secretria pessoal. Com a convivncia, percebem a atrao que sentem um pelo

    outro, mas ambos resistem a essa atrao. Fernando tem um processo difcil em suas mos, o mais difcil

    que pegou em sua carreira. Uma viagem de negcios aproximar Stella e Fernando, e o que

    era uma simples atrao se transformar em amor, mas uma descoberta, o tornar impossvel.

    Dedico esse livro a minha amiga, Valria Avelar

    Obrigada Valria pelo seu incentivo, que gerou em mim a

    vontade de escrever novamente.

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    CAPTULO I Espanha, Cdiz 1990 Stella saiu do carro naquela tarde ensolarada, e estudou a casa de

    tijolos vermelhos. O exterior era composto por uma grande diversidade de azaleias com cores vivas e grama recm cortada. Tudo muito bem cuidado.

    O barulho das gaivotas e do mar era o nico som em Cdiz; era assim que ela se lembrava: um lugar maravilhoso e tranquilo.

    Stella Allan suspirou alto, estava em frente casa de seu pai depois de seis anos sem estar com ele. A no ser em eventuais encontros.

    Stella vivia com sua me e seu padrasto em um apartamento espaoso e bem decorado em Sevilha.

    Quando seus pais se separaram Stella tinha apenas dez anos de idade, as brigas deles eram constantes, mas mesmo assim fora difcil para ela lidar com a separao. Seu pai desde ento sempre a pegava nos finais de semanas. Embora fizessem vrios programas juntos: como ir ao cinema, zoolgico, restaurantes e teatro, isso no preenchia a ausncia de seu pai, pois eles sempre tiveram uma ligao muito forte. Ele a entendia como ningum, muito diferente de sua me, que era muito distrada, e mesmo morando juntas, era muito ausente.

    Jason Allan depois dois anos separado de sua me casou-se novamente, e acabou se mudando para outra cidade, e suas visitas ficaram menos frequentes.

    Stella, muito apegada ao pai, sentiu na alma esse afastamento, isso lhe doeu muito no corao. Por muito tempo chorou, pois foi difcil criar um conformismo com a situao.

    Nos finais de semanas quando ele no aparecia, sentia a falta dele, das conversas, do carinho...

    Stella, na poca, conhecera a nova famlia de seu pai, pois em eventuais encontros, ele a levara em restaurantes com Eleonora e Raquel, que era fruto de outro casamento de Eleonora.

    Quando a me de Stella se casou novamente, Stella estava com dezenove anos, e para dar tranquilidade aos recm-casados, Stella

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    fora morar um tempo com seu pai. Em duas semanas, Stella experimentara uma alegria sem igual. Foram dias maravilhosos: as gaivotas sobrevoando o mar, as

    chuvas quentes que costumavam cair no vero no final da tarde, a areia fina que lhe envolvia os ps nus, dando uma sensao de aconchego, a alegria de acordar todos os dias e poder nadar e aproveitar a tranquilidade do lugar. O silncio era tamanho que podia ouvir o ocasional zunido de algum inseto.

    Stella tambm usufrui da companhia de seu pai. Ele se mostrou muito satisfeito e feliz por sua estadia l. Ela tambm, logo se identificou com Rachel, pois tinham a mesma idade e gostos parecidos, como msica, filmes, e alm de muitas outras coisas em comum.

    Passou a conhecer Eleonora e am-la, pois ela lhe acolhera como uma filha. E isso se comprovou, no terrvel episdio que se seguiu. Semanas depois de sua estadia foi um tormento para Stella.

    Aquele pensamento lhe trouxera de volta a lembrana da primeira vez em que vira Raul.

    Stella ficou tensa, recordando-se da poca em que comeara a nutrir uma ingnua paixo por Raul. Aos doze anos, havia sido uma garota tmida, que se sentira pouco vontade na companhia dos meninos de sua idade.

    Stella estava com dezenove anos, e Raul, dez anos mais velho, parecera para ela personificao da masculinidade a seus olhos inexperientes.

    Olhou instintivamente para a rua, e avistou ao longe a casa abandonada de Raul. Um momento de amor, perdido num tempo distante, tomavam forma novamente.

    Errara sim, mas no podia negar o fato de t-lo amado. Carregara Raul por muito tempo em seu corao.

    Ento o peso da realidade que Raul estava morto, foi maior que as recordaes e lgrimas rolaram por seu rosto. Tristemente suspirou. Jamais passaria por sua cabea, que Raul morreria to prematuramente.

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    CAPTULO II Seis anos atrs... Raquel era retrada por ser gordinha na infncia, sofrera muito na

    escola, isso fez de Raquel uma mulher insegura e com baixa autoestima.

    Raquel era uma mulher bonita, mas infelizmente no se via assim, pois ela entendia que o padro de beleza era ser muito magra, e no adiantava falar que ela era linda com suas formas mais cheinhas.

    A amizade das duas fora muito benfica para Raquel, que ficara mais solta, mais feliz. Na mesma poca Raquel namorava Raul, um rapaz 10 anos mais velho que ela.

    Raul havia herdado de seu falecido pai uma imobiliria. Raquel explicou que seus negcios se expandiam por toda Espanha, e com isso, ele viajava constantemente. Stella, ento, no chegara a conhec-lo de imediato.

    Raquel estava entusiasmada com Raul, pois falara muito dele. Eles namoravam h seis exatos meses.

    Raquel estava apaixonada. Stella nunca havia sentido tal sentimento, e escutava Raquel com

    curiosidade, em ver a vivacidade da amiga quando falava de Raul. Raquel contou-lhe de sua competncia em administrar os

    negcios, passando uma imagem de Raul de um homem perspicaz. Formando em administrao, pois desde muito jovem j visara

    assumir os negcios da famlia, era um verdadeiro gnio da comunicao, entendia de pblico, programao e vendas como ningum, comandava tudo com maestria.

    Raquel falara tanto dele, que Stella sentira como se j o conhecesse bem.

    Sbado tarde, Stella e seu pai estavam sentados frente a frente, compartilhando uma jarra de suco gelado, pois estava muito quente, nessa hora Stella pode ouvir Raquel do lado de fora falando com algum, foi ento que a porta da sala se abriu, entrando a figura de Raquel radiante de braos dado a um homem. Stella logo compreendeu que pelo sorriso de Raquel de orelha a orelha, que o homem sua frente se tratava Raul.

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    Stella voltou sua ateno para o visitante, e analisou a figura mscula diante de si. Raul com seus 31 anos aparentava bem mais idade do que realmente tinha. Seus cabelos eram espessos e negros como o carvo, o rosto de traos retos e atraentes. Os olhos eram negros e observadores. A testa era larga e a boca grande e bem talhada.

    Raquel ao lado dele parecia uma criana feliz, e imatura. A imagem era muito reveladora: Raquel e Raul destoavam. No combinavam.

    Stella tambm no se sentira suficientemente madura para namorar um homem como Raul. Perto dele, ela parecia uma criana boba e desengonada.

    Impressionada, Stella continuou a observ-lo. Sem dvida, Raul era extremamente atraente, alm de passar uma imagem de firmeza e segurana.

    Logo lhe viera mente: Mulheres jovens como elas, s se envolviam com esse tipo de homem uma vez

    na vida. A no ser que gostassem de sofrer. Raquel entusiasmada ento apresentou Raul a Stella, que se

    aproximou para cumpriment-lo com um sorriso. Prazer em conhec-lo. Raul fez um gesto corts com a cabea, porm no sorriu.

    Apertou-lhe a mo com firmeza, soltando-a em seguida. O que se viu em seguida fora seu pai e Raul conversando

    descontraidamente na sala, enquanto Stella e Raquel, bebericando um caf fresquinho que Eleonora havia passado.

    Stella, curiosa, os ouvia atentamente e observando as respostas breves e inteligentes que Raul dava ao seu pai, percebeu que, longe de soar pedante, sua maneira de ser, realava ainda mais a aura de autoridade e mistrio que dele emanava.

    Ela reparou nas sobrancelhas levemente levantadas, no queixo firme e nos lbios sensuais, que provavelmente no sabiam o que era um sorriso h muitos dias. Sentiu dificuldade em tirar os olhos dele, e nisso descobriu que no era imune quela magia; suas reaes eram to intensas e embaraosas que precisava lembrar-se a toda hora que Raul era namorado de Raquel, e que ela devia manter seus sentimentos neutros, e indiferentes a figura de Raul.

    Raul passara ento a frequentar a casa, ele sempre chegava a

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    noitinha, depois do trabalho. Estar na presena dele todos os dias tornara sua vida um tormento. Na poca por ser imatura no conseguira entender a intensidade com que ele a perturbara. Hoje ela entendia o porqu do fascnio que ele exercera sobre ela.

    Ela podia explicar aquela fascinao que ele transmitia com uma nica palavra: carisma. A magia, a capacidade inata que certas pessoas tm para serem lderes. Coisa que, alm da beleza e do charme, Raul sem dvida possua!

    Quantas noites, Stella demorara dormir, acordando sempre de madrugada e no conseguindo mais conciliar o sono. A presena de Raul na casa todos os dias a incomodara muito.

    Por qu? Perguntara-se tantas vezes. Por que no conseguira resistir ao charme de Raul?

    Por que quando ele a beijou, ela no reagiu, passando uma imagem que estava aprovando tal ato?

    Como a exploso de uma bomba distante, a antiga culpa dominou-a. No com a dolorosa intensidade que a atingira no incio, mas era inevitvel que viesse tona. Sua culpa era uma carga que ele levaria por toda a vida. A culpa era sua punio. Mesmo aps vrios anos, ainda se recordava como se fora ontem.

    Tudo acontecera, quando ela se dirigia para casa, na luz do crepsculo, andando ao longo da calada larga, calmamente, mas com uma leveza nos passos que no ecoava em nada a leveza de seus pensamentos, pois justamente fizera a caminhada para se acalmar mediante os sentimentos que a confundiam e imperavam em seu corao.

    Quando j estava em frente casa, resolvera no entrar logo, se demorara justamente para dar o tempo de Raul ter deixado a casa. Raul morava a algumas quadras dali. Isso j se tornara rotina, pois em uma semana, desde que Raul passara a frequentar a casa, Stella saa antes de ele chegar e s voltava quando ele j tinha ido embora.

    Apenas uma vez, ela conversara com ele e mesmo assim na presena de Raquel. Raul havia lhe contado um pouco de seus negcios e a morte prematura de seus pais. A conversa inteira levara poucos momentos, mas na poca, ela se repetira dentro de sua cabea, como em cmera lenta. Stella de costas para casa estivera to absorta em seus pensamentos, que olhava a paisagem com olhos vidrados, mas sem ver.

    Nesse dia, a sua rotina fora quebrada, e nessa quebra, fora o

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    suficiente para mudar a trajetria de toda uma vida. Stella, que pretendia morar definitivamente, com o pai, tivera que ir embora, carregando essa culpa, que no a deixara desde ento.

    Sozinha na varanda da casa, e distrada ela no estava preparada para o que estava por vir...

    Apreciando vista? A voz mscula e neutra soou em suas costas. Fazendo com que Stella se assustasse.

    Virou parcialmente e viu Raul, sua expresso revelava to pouco, pois ele estava semi-ocultado pelas sombras. Seus traos, delineados pela luz do luar, revelavam a sua natureza arrogante, parecia um selvagem. Os contornos do rosto, a linha firme do queixo, a pele morena, o nariz aquilino e orgulhoso. Uma onda de pnico invadiu-a. Havia algo na voz dele que Stella no conseguiu decifrar, mas uma coisa ela sabia, precisava sair de l rpido. Ele no parecia estar l para falar do tempo ou coisa parecida.

    Stella se viu forada, em um ato de defesa, a desviar a vista para livrar-se daquele desumano olhar que a enfeitiava com uma fascinao proibida. Teve que limpar a garganta antes de poder falar.

    J vou entrar. Stella quis se distanciar, esconder-se. No pde evitar recuar um

    passo, quando seus ps se deram no final do degrau. Cuidado! Raul Torres se moveu to rpido que ela congelou. Dedos longos

    e morenos se fecharam em seu pulso quando ele a puxou para frente, e um hlito quente soprou seu rosto.

    Foi impossvel para Stella se mover. Impossvel falar ou mesmo pensar. Tudo o que pde fazer foi sofrer com a torrente de emoes que irrompeu dentro dela, as quais se derramaram por cada nervo que possua.

    Aquilo era uma tortura. Um arrepio a percorreu. Sentindo-se subjugada com a presena

    dele, s ficou a observ-lo sem nada dizer e sentindo desprezo por ela mesma.

    Uma sensao estranha apossou-se de Stella, pois sentiu como se tudo que estivesse acontecendo fosse irreal.

    Saiu ento como se estivesse em um transe e num tom rspido conseguiu falar, sem conseguir disfarar o quanto sentia raiva por ele perturb-la tanto.

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    Obrigada. Agora me solte. Raul percebeu e sorriu. Stella Sentiu o corao bater mais pesado. Recuou um pouco, de

    modo que ele no lesse sua expresso. Ele o namorado de Raquel. Ele namorado de Raquel! As palavras martelavam em sua cabea. Ela no se perdoaria se

    fraquejasse. Raul se moveu inquieto. Porque ele no parava de olh-la daquele jeito? Os longos clios de Stella baixaram, fugindo de seu olhar. Ela

    tentou esquivar-se. E antes que ela tivesse ideia do que ele ia fazer, sentiu sua mo ser tomada e levantada.

    Eu a quero demais! confessou ele com voz rouca. Um tremor a sacudiu. No estivera preparada para aquilo. Stella perplexa jogou a cabea para trs e encarou-o com os olhos

    arregalados e os lbios entreabertos. A respirao que estivera suspensa por um instante tornou-se terrivelmente audvel. Raul moveu o corpo para junto dela, para ler sua expresso, seus quadris tocaram as coxas musculosas dele. Ela perdeu o flego ao sentir a rigidez do membro msculo a queimar lhe a pele sob o tecido fino do vestido.

    Lutou por compostura. Isso no deveria acontecer! Ele namorado de Raquel! Ele um estranho!

    Eu no o conheo! Mas conhecia o suficiente para saber que desde que Raul passou a

    frequentar a casa, ele a encarava abertamente, seu olhar parecia sempre desnud-la e mesmo abraado a Raquel ele no parecia disposto a disfarar.

    Muitas vezes Stella se perguntava: Como Raquel no percebia? Eu a quero tanto... Voc no a mais bela mulher que j

    conheci, mas h algo em voc que me abalou desde o primeiro instante em que a vi. Disse Raul num tom firme e afirmativo, e muito srio observava-lhe a reao. Ento ele a beijou...

    Stella fez meno de se afastar, contudo Raul no permitiu que ela fizesse isso, os braos envolvendo-a com carinho e cuidado. Ele no a aprisionava, daria para Stella sair daqueles braos, mas Stella no o fez, e se perdeu em seu beijo. Muito mais difcil do que ela imaginava, sentiu na pele o poder da atrao entre eles, e cada vez

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    sua entrega fora maior. Naquele momento s importava estar no calor dos braos de Raul e todo o seu corpo correspondeu aquele beijo...

    Quando se afastaram, ele continuou a olh-la, a expresso inescrutvel.

    Viu ento lentamente a mo dele estendendo-se, sentiu dedos quentes roarem seu rosto, um toque incrivelmente leve. Aquilo durou apenas um momento, mas fez sua pele esquentar, e, mesmo depois que ele baixou a mo, era como se continuasse tocando-a. Ele deu um sorriso divertido, ainda prendendo seu olhar. Stella ento ficou presa naquele sorriso, era a primeira vez que o vira sorrir.

    Nessa hora Stella quase deu aquele meio passo fatal em direo a ele novamente, sabia que Raul a envolveria nos braos e tomaria sua boca...

    Quase... Mas no fez isso. Reunindo foras, ao contrrio recuou. Isso no deveria ter acontecido... Exclamou como um

    desabafo. E sem saber o que dizer, pois ela poderia ter dado um tapa merecido em seu rosto, ou sei l, ter feito algo para impedi-lo, ao contrrio, correspondeu seu beijo.

    Boa noite. A voz de Stella soou determinada. Como um ponto final naquele, que para ela, era um desastroso episdio.

    Boa noite. O brilho desaparecera dos olhos de Raul. A voz era fria e educada. Ento, gesticulando brevemente com a cabea, ele se foi.

    Stella entrava em casa, quando viu Eleonora que se aproximou dela pensativa, ento seus olhos adquiriram uma estranha intensidade. E tudo indicava que ela havia presenciado tudo pela janela da sala. Stella abriu a boca e fechou. No sabia o que dizer, que argumento ela daria a me de Raquel?

    Stella, Stella, Stella... Eleonora meneava a cabea enquanto falava. O que foi aquilo? E se calou por um momento.

    Stella baixou a cabea, no conseguia olhar para Eleonora. Estava pronta para receber um insulto, um sermo ou coisa parecida. Mas o que se vira depois a surpreendeu...

    Te conheo o suficiente para saber que voc no falsa, e gosta da minha filha. E voc muito jovem tambm...

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    Ainda ao seu lado soltou um suspiro de impacincia. Raul um homem experiente, e diante de tudo que vi, sei que

    ele a envolveu, e atribuo a ele a culpa de tudo que eu presenciei agora.

    Fez ento uma breve pausa e continuou: Vou conversar com ele. Ele no serve para minha filha! Mas

    voc entende, que mesmo que, Raul e Raquel se afastem voc no dever ter qualquer envolvimento com ele, no seria justo para com Raquel.

    E com firmeza acrescentou: Ele no serve para voc Stella, pois da mesma forma que amo

    Raquel, eu aprendi a amar voc tambm. Quero seu bem... Stella nessa hora ergueu os olhos surpresa e envergonhada correu

    para os braos de Eleonora e chorou, uma mistura de sentimento de perda, tristeza, culpa...

    Eleonora ento a afastou e disse-lhe muito sria. Ele no teve a dignidade de terminar com minha filha. Ele

    maduro o suficiente para saber que por respeito Raquel, ele no deveria ter se envolvido dessa forma com voc...

    Eleonora viu o aspecto cansado e triste de Stella e deu o assunto por encerrado. Mas para Stella o que acontecera, ficara martelando em sua cabea, acusando-a...

    Naquela noite, em seu quarto, passara a noite em claro em frente janela, ora andando de um lado para outro, infeliz, muito infeliz. No dormira a noite inteira, tensa demais para relaxar, aps aquela cena atormentada com Raul, s quando amanhecia Stella conseguira dormir, olhos inchados, exausta.

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    CAPTULO III No dia seguinte, Raul terminara com Raquel, antes mesmo que

    Eleonora falasse com ele. Raquel abalada se trancou no quarto. Eleonora em particular o chamou, e expusera sua averso em relao atitude dele e ordenou que ele se afastasse de todos daquela casa.

    Stella levantara tarde naquele dia, tinha ainda os olhos inchados, fruto de uma noite mal dormida, e de tanto chorar. Eleonora logo a inteirara do que estava acontecendo e contara-lhe tambm de sua conversa com Raul.

    Seu pai no parecera surpreso com o trmino do namoro de Raquel e Raul.

    Eleonora no quis omitir de seu pai o que havia acontecido na noite anterior. E reuniu Stella e seu pai na biblioteca e de portas trancadas, contou para seu pai todo o ocorrido. Sem acusao, apenas expusera os fatos, e ao contar, colocou toda a culpa em Raul, expondo a seu pai a imaturidade de Stella, e a sagacidade de Raul em envolv-la. Stella ouvia calada, mas por dentro se culpava.

    Seu pai nessa hora a abraou, e da mesma forma que Eleonora, no lhe imputara culpa alguma, deixando claro que sua tica em relao a tudo que ocorrera, era a mesma que de Eleonora.

    Mas mesmo com toda compreenso que recebera dos dois, Stella se sentira muito mal desde ento.

    Ela no se perdoaria nunca! O cenrio que se viu em seguida foi difcil para Stella assistir:

    Raquel caiu em depresso. Stella tentou anim-la, mas parecia tudo em vo. Stella se fazia de

    forte, mesmo com seu corao em frangalhos. Tentara inutilmente passar fora para Raquel, mas ela mesma

    sofria as penas do inferno e chorava toda noite, culpada. Raul por hora, tinha se afastado, mas a abrupta deciso de

    Eleonora afast-lo o pusera em seu encalo. Estava envergonhada por ter-lhe permitido o beijo, sabia que, por parte dele, s existia desejo.

    Depois de trs dias do episdio do beijo, Stella estava sozinha na praia quando Raul a procurou. Ela estava sentada nas pedras

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    contemplativa. A preguia havia tomado conta dela, pois no dormia bem desde ento. Deitou-se. Acomodou-se sobre a grande pedra que estava sentada, cobrindo sua cabea com um chapu fechou os olhos e pegou no sono; No sabia quanto tempo dormira, quando uma voz familiar lhe despertou:

    Precisamos conversar. Stella abriu os olhos, quando viu Raul. Ele estava vestido com um

    short branco, camiseta branca e descalo. Comeou a escalar as pedras, e com uma rapidez de um felino. Logo se colocou de p ao seu lado.

    Nessa hora Stella gelou internamente, mesmo estando no sol, sentindo a pele quente. Sentou-se rpido, um misto de frustrao e dio a invadiu, sobrepujando a precauo e seu instinto de autodefesa.

    Posso me sentar? Sua raiva a exortou a se defender, a fazer com que ele soubesse

    exatamente que tudo aquilo fora um erro, que s lhe trouxera prejuzo. Levantou-se ento rapidamente:

    No! Olhos escuros, com clios incrivelmente longos, fixaram-se nela, a

    expresso sria denotando o formidvel ar de comando que o envolvia. Stella o observou.

    Ele do tipo que d ordens... E obedecido. Raul quando a viu arisca, lhe disse com firmeza. Eleonora conversou comigo, me proibiu de frequentar a casa,

    disse que nos viu. Enquanto ela falava, s pensava em voc... Pude sentir no beijo que trocamos, que voc naquela hora era minha. Senti sua entrega, e sei que ns nos atramos muito. No quero me afastar de voc, de maneira nenhuma. E vim lhe fazer uma proposta.

    Ela respirou fundo:

    Precisava disso para lembrar que No era imune a Raul, ao seu charme, mesmo que ainda um completo estranho, pois o que ela conhecia dele? E por mais impacto que lhe causasse, estava ali em frente a ela, sinalizando que gostava do que via.

    Seu crebro pareceu se partir em dois. Uma metade vibrava com a percepo. A outra gritava em aviso. Hora de prestar ateno a essa.

    Stella balanou a cabea.

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    Obrigada, mas no. Sua voz soou firme. No quero nem ouvir o que tem a me dizer.

    Raul permaneceu parado por um momento. E ento se mexeu impaciente.

    Voc est sendo covarde. O que sentimos pode acontecer s uma vez na vida. E eu no estou disposto a deixar passar esse momento.

    Por um instante, uma imagem vvida preencheu sua cabea. Lembrou-se do beijo, do seu toque gentil, do quanto seria maravilhoso conhec-lo, estar com ele...

    Meu Deus! No podia!!! Raul, eu errei, voc errou... Que proposta diante de tudo isso

    voc tem para me dizer? O que apaga o fato de eu ser responsvel por ver Raquel num estado de depresso que me faz mal?

    Raquel mimada. Ela precisa amadurecer. Entender os nos da vida.

    Stella sorriu com amargor. Isso serve para voc! Raul se aproximou dela, de forma rpida e perigosa... Vejo sim em seus olhos. A voz profunda causou-lhe o mesmo friozinho na barriga. Assim

    como a figura alta e os olhos escuros que olhavam dedutivamente... Stella engoliu em seco. Sabia exatamente o que deveria fazer. Deveria virar as costas e sair dali. Isso

    era o que deveria fazer. Qualquer outra coisa era loucura. Era pedir por complicaes.

    O que ele tinha ainda a lhe dizer? Que proposta era essa? O que um homem como Raul, com seus 31 anos, teria para dizer para uma jovem mulher como ela? Pois assim como Raquel, ela era muito jovem, no sabia nada da vida. E essa situao? O que apagaria o fato de Raquel estar em depresso por sua causa?

    Um calafrio a percorreu. Enquanto entretinha a possibilidade de ouvi-lo, sabia que era muito

    improvvel que ele tivesse uma boa proposta. Ele lera a inquietao nos seus olhos? Interpretara sua hesitao momentnea

    como relutncia compreensvel em se engajar numa conversa com um homem que mesmo que namorando Raquel a beijou?

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    Provavelmente, porque, antes que ela pudesse responder, ele falou novamente:

    Stella, eu quero lhe comprar um apartamento, em qualquer lugar a sua escolha. Investiria em seus estudos, com a condio de que voc seja minha. S minha... Estarei com voc sempre que puder. Eu tirarei frias no final do ms. Seria timo para procurarmos um apartamento a sua escolha, os mveis...

    Stella ficou imvel, o corao violentamente disparado, pensamentos girando na cabea.

    Ele quer que eu seja sua amante? O convite no deixa dvidas quanto a isso! Nenhuma ambiguidade, apenas um convite direto...

    A decepo fora to grande que ela sentiu um alvio... Seu corao, sua mente se libertara do homem sua frente.

    Esse era o Raul que ela no conhecia... Stella ento sorriu, e ento gargalhou. Raul ficou sem reao por um breve momento, pois logo ele

    adquiriu o um semblante fechado. Stella viu ira em seus olhos. Sabia que ele no esperava dela tal reao.

    Stella contendo-se fechou o semblante e disse com a firmeza de uma mulher madura, parecia que tinha ganhado dez anos a mais de vida.

    A resposta no, e mais... Fico feliz de ser a causadora do trmino do seu namoro com Raquel, foi um livramento para ela... Agora vejo! E mais... Nunca seria sua amante! Tenho sonhos. Sonhos de me casar, ter filhos. Ter uma famlia.

    Ento uma lgica passou em sua cabea, e isso a fez perguntar-lhe:

    At quando Raul, eu viveria nessa condio? Tenho certeza que no muito, pois logo seria descartada por voc como um sapato velho. Quero um homem que me ame. Quero que ele me veja envelhecer, que no esteja comigo em encontros eventuais... Encontros furtivos, no sou seu objeto...

    Dito isso desceu escalando as pedras, com uma agilidade enorme, que adquiriu naquela hora, por causa da adrenalina que sentia correr nas veias. Caminhou para casa, deixando Raul l parado vendo a figura de Stella se afastando, correndo...

    Ele no podia ver, mas suas lgrimas desciam como cascata enquanto corria o mais rpido que pode. Nunca mais o vira, isso lhe

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    deu a certeza que ela estava certa quanto sua proposta, pois ele no a procurou mais, nem se defendeu.

    Uma semana depois, o dia de sua partida se aproximou. Eleonora ento, convidara Stella para morar permanentemente com eles. Stella ponderou suas opes e concluiu que seria mais sensato ir embora, e arranjou vrias desculpas.

    Stella agora reconhecia a falta de carter de Raul, mas mesmo mediante ao reconhecimento que fora melhor o trmino do namoro de Raquel com ele, no se conformava em ver sua amiga naquele abatimento.

    Stella gostaria que fosse de qualquer outra forma que o namoro dos dois terminasse, que de alguma forma Raquel enxergasse que Raul no a merecia, mas ser a causadora de tudo isso fazia com que ela se sentisse igual a ele: Sentia-se suja, duas caras, uma trara.

    Eleonora e seu pai sabiam do sofrimento de Stella. As olheiras e seu abatimento eram evidentes. Somente Raquel estava alheia aparncia da amiga, pois ela estava envolta em sua prpria dor.

    Stella voltara ento para casa de sua me. Mas sua mente se ocupara constantemente com a imagem de Raul. Nunca o esquecera. Saiu da conversa naquele dia da praia, vitoriosa. Conseguira desvencilhar da sua proposta com um no. Mas por dentro no se sentia vitoriosa, e isso fez com que Stella entendesse que havia se apaixonado por ele, mesmo constatando a sua falta de carter.

    Dois anos depois ficara sabendo da morte prematura de Raul. Ele sofrera um acidente terrvel de carro, pois estava alcoolizado. Stella quando soube, teve um misto de sentimentos, a princpio a incredulidade, depois o mal-estar, e pr fim a sensao de perda.

    Ferida Stella passou ento a dedicar-se cada vez mais aos estudos. Queria fechar aquele crculo em que por muito tempo ficou. Era tempo de comear vida nova!

    No primeiro ano de faculdade, os professores j haviam percebido que ela possua um talento nato para a Administrao. Era boa ouvinte, com enorme capacidade de absoro e tinha um timo senso prtico.

    Seis anos se passaram e Stella estava ali agora formada em administrao de empresas, mais segura de si, mais madura. Poderia agora enfrentar os fantasmas do passado.

    Olhou ansiosa para a porta...

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    Lembrou-se de sua me, o quanto ela relutara o fato de Stella morar com seu pai. Stella quase acabara cedendo, mas tinha um agravante, no qual a ajudou a tomar essa deciso: Ela no gostava de seu padrasto.

    Ele era um homem muito severo, fechado e mal-humorado, tinha mania de limpeza e era totalmente contrria a vontade de Stella trazer algum para a sua casa.

    Stella acabou no cultivando amizades e com o tempo ela passou a se sentir muito sozinha.

    Na faculdade chegou a namorar Henrique, um rapaz de sua idade, gentil e muito bem-humorado, mas acabou no dando certo, pois Stella percebera que estava com ele mais por carncia afetiva, do que por am-lo de verdade.

    Hoje Stella estava com vinte e quatro anos. Alta e magra, os cabelos, ondulados e de um castanho escuro que caam levemente sobre os ombros, contornando o rosto de traos perfeitos.

    Vestia jeans de brim preto e uma jaqueta de couro preta. O zper, aberto at a altura do busto, deixava ver a blusa branca. As botas pretas de saltos altos completavam o traje ao mesmo tempo esportivo e sofisticado.

    Fechando os dedos trementes em torno da ala da bolsa, armou-se de coragem e se aproximou da pesada porta. Pensou em como era formosa a paisagem marinha seguindo a rua da casa, quantas vezes ia para a praia, embora, muitas vezes sozinha, pois Raquel se recusava por se achar gordinha.

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    CAPTULO IV Enxugou as lgrimas de dolorosas lembranas e afastando o

    cabelo do rosto, Stella voltou a tocar a campainha. J vou anunciou uma voz masculina. Papai? Tinha passado muito tempo, e Stella desde que voltara

    novamente a morar com sua me depois das frias, nunca mais tinha visto seu pai.

    Sentiu no estmago uma dor, quando ouviu o rudo de passos aproximando-se da porta.

    Ento a porta se abriu. Meu Deus, filha! Jason Allan abriu os braos e Stella se

    aninhou neles. Papai, que saudades. Stella chorou em seu peito. Pensei que voc viesse s tarde. Seu pai disse emocionado. Stella o afastou, notando os cabelos grisalhos, mas que no

    revelavam seus cinquenta e oito anos, e as rugas no canto dos olhos verdes iguais os dela. Ele era bem conservado.

    Eu sei. Mas a ansiedade era tanta por chegar que vim mais cedo. Fiz mal?

    Jason Allan se afastou sorrindo, com os olhos cheios de lgrimas. Claro que no. Deixe-me olhar para voc. Voc est muito

    diferente daquela jovenzinha magrela que saiu daqui. Stella enxugou as lgrimas e lhe deu mais um abrao. Senti tanto sua falta papai. Jason a afastou e a observou com ternura. Eu tambm, muita mesmo. Jason, ento afastando as

    lgrimas que comeavam a cair, falou desconcertado. Mas entre, Raquel, no v a hora de te ver. D-me as chaves do seu carro, que eu pego as malas. Voc ficar no quarto do final do corredor. Ele ento sorrindo acrescentou. Aquele sempre ser seu quarto.

    Stella sorriu e deu-lhe as chaves do carro e entrou na sala. Os minutos seguintes foram passados numa confuso de risos e

    abraos. Raquel e Eleonora a receberam muito bem. Todos queriam falar ao mesmo tempo e ningum entendia o que o outro estava dizendo.

    Seu pai entrou ento com as malas.

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    Eleonora, olha como essa menina est diferente. Uma bela

    mulher. Raquel sorrindo disse para Stella. Voc est maravilhosa. Stella observou o cabelo ruivo da amiga e os olhos verdes. O

    corpo exibia formas bem definidas, cheinho, mas bem feito. Voc tambm Raquel, ficou ainda mais bonita. Raquel lhe lanou um sorriso triste. Eu? Eleonora a repreendeu. Pare j com isso Raquel, no h nada de errado com seu

    corpo. Voc linda. Eleonora comentou com Stella. No sei por que ela se acha gorda? E se fosse? Tem muitos homens que gostam.

    Stella fitou-a sria. verdade Raquel. Eleonora est certa e voc est linda.

    Ento Stella gracejou. Talvez voc fale isso, s para receber elogios.

    Raquel sorriu e deu de ombros. Fiquei muito feliz com sua deciso de morar conosco. E

    sorrindo completou Depois quero conversar com calma com voc. Quero que voc venha at meu quarto. Tenho novidades... Disse Raquel bem prxima a Stella.

    Stella assentiu. Seu pai a pegou pela mo nessa hora. Vem, filha, voc deve estar com fome. No papai. No estou. Mame me fez tomar um caf

    reforado antes de sair. E falando nisso preciso ligar para ela. Ela pediu que eu ligasse quando chegasse.

    Claro, do jeito que conheo sua me, ela deve estar ansiosa pelo seu telefonema.

    Com certeza, por isso vou ligar agora para ela. Stella se afastou e entrou na biblioteca, conhecia a casa como a

    palma de sua mo. A casa no havia mudado nada. A casa era ampla, com quatro quartos todos com sute. Um

    lavabo, uma sala de estar, uma de jantar, uma cozinha espaosa, biblioteca, piscina e uma grande rea de descanso que ficava na parte externa da casa, toda gramada.

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    Mais tarde enquanto almoavam, conversavam todos alegremente.

    Stella lembrou-se da casa de sua me, l comiam em silncio absolutos, pois o padrasto no gostava de conversas na mesa.

    O amor deve nos cegar. Pensou consigo. Pois sua me fazia tudo para deix-lo feliz. E sei que provei disso! Fui cega

    por um tempo. Stella se concentrou no que seu pai lhe dizia. Filha come mais, voc comeu to pouco. Estou sem fome. Stella, ento se lembrou do cargo de

    secretria que seu pai tinha mencionado. Papai, o senhor me falou que eu teria a oportunidade de um emprego aqui em Cdiz.

    Filha, voc acabou de chegar, e j est pensando em trabalhar. Papai, o senhor me conhece. Eu at agora estudei, fiz apenas

    um estgio de seis meses. Mame fez questo que eu s estudasse. No vejo hora de ter minha independncia.

    Raquel meneou a cabea. Credo. Levantar cedo todos os dias, no comigo. Raquel querida, voc tem um dom maravilhoso com suas telas,

    que segundo papai est vendendo muito bem. Eu no. Sou apenas uma simples mortal, que tem que ralar para conseguir o po de cada dia.

    Jason se serviu mais de vinho e sorriu para Raquel. Raquel, realmente tem se sado muito bem. E voltando a

    ateno para Stella, disse. Se voc quiser, eu marco amanh para voc a entrevista.

    Que bom papai... Ento Stella o fitou insegura. Papai. E essa vaga? Seu amigo no est fazendo isso s para me ajudar, est?

    No filha, essa vaga est disponvel, eles tm se virado s com uma secretria. Parece que ela se aposentar. Mas pedi Alejandro um tempo para voc, na verdade uma semana, para voc gozar um pouco suas frias.

    E ele aceitou? Stella olhou desconfiada para o seu pai. Aceitou sim. Alejandro uma tima pessoa, ele entendeu meu

    pedido. Papai, eu detestaria aceitar um emprego por que eu sou a filha

    do amigo do dono da empresa. Jason ergueu as sobrancelhas.

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    Stella, na entrevista voc passar pelos seus prprios mritos. Eleonora ento se manifestou, percebendo a impacincia do

    marido. Stella, minha querida. Confie em seu pai, eu o no conheo

    pessoalmente, mas seu pai sempre me falou muito bem dele. Fiquei tranquila. Seu pai no est forando uma situao. E sorrindo mudou de assunto. Fiz uma sobremesa maravilhosa. Tenho certeza que voc gostar.

    Stella percebeu a virada de assunto de Eleonora e sorriu, aceitando a sobremesa que ela lhe estendia: um manjar branco com calda de ameixas.

    Stella enquanto comia pensava sobre o assunto.

    Detestaria entrar num lugar de favor, mas iria entrevista. Caso conseguisse a vaga, se esforaria ao mximo para aprender, daria seu melhor.

    Seu pai no jantar todo ria e contava suas estripulias na infncia, nos tempos que ele era casado ainda com sua me. Relembrar a infncia lhe trouxe paz, e a preocupao quanto ao emprego passou por um momento.

    Depois do jantar animado, a pedido de Raquel, Stella foi ao quarto da amiga. Ele era todo em tons rosa claro e branco.

    Raquel quando a viu entrar em seu quarto lhe sorriu. Vem. Eu quero te contar as novidades. Stella a acompanhou at a varanda, onde tinha duas

    espreguiadeiras, com vista para o jardim. Ele estava apenas iluminado pela luz prateada do luar. Ao longe se avistava a piscina que era iluminada com luzes internas. A vista era linda...

    Mas a curiosidade era tanta, que Stella passou rpido os olhos na paisagem e logo lhe perguntou:

    Raquel, que novidades so essas? Conta logo. Eu estou curiosa.

    Stella, eu conheci um homem muito interessante. Stella exclamou sorrindo. Que bom! Fico muito feliz por voc. Voc est namorando?

    De onde ele ? Stella estava feliz pela amiga, e seus olhos brilharam de felicidade.

    Raquel hoje mais madura, no lembrava a velha Raquel, to insegura e tmida. Observou amiga, Raquel no tinha ideia como era linda.

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    Stella suspirou feliz pela amiga. Eu estava expondo meus quadros em uma galeria aqui perto,

    ele veio at mim, e elogiou muito minha arte. Comeamos a conversar e ele encomendou um quadro comigo, ficou de me levar at um lago que ele gostava muito de nadar com o irmo dele que faleceu. E pediu para eu pint-lo. Ele foi muito gentil e prestativo comigo.

    Ele disse o nome dele? O ele que faz? Onde mora? No, bem na hora que ns amos comear a falar de modo

    mais pessoal um com o outro, fomos interrompidos. Mas ele era muito srio, fino, gentil e ficou de me ligar.

    Fico feliz por voc. E quando ele te ligar? Isso ele no disse, mas estou muito ansiosa. To ansiosa que j

    provei um monte de roupas. Vai com calma Raquel, no gere muitas expectativas. Espere

    ele ligar, seja profissional, e com o passar do tempo vocs vo se conhecendo.

    Eu gostei muito dele, Stella. Muito mesmo. Stella riu feliz e abraou a amiga. Toro por voc. Voc sabe que eu gosto muito de voc

    Raquel, e quero a sua felicidade. Mas vai com calma. Ento uma sombra de pensamento passou nos pensamentos de

    Stella, e Raul veio a sua mente. Reviveu os dias que Raquel falava-lhe de Raul, e talvez por isso

    tivesse se envolvido tanto com ele. Isso a fez se levantar e dizer a amiga:

    Bom, eu vou me deitar agora. Amanh vou levantar cedo, vou entrevista.

    Raquel transparecendo decepo, por ela cortar a conversa disse suspirando.

    Boa noite ento. Tora por mim. Stella sorriu. Claro! Sempre torcerei por voc. Stella saiu do quarto de Raquel e se dirigiu ao seu quarto. Acendeu

    a luz e ao fechar a porta encostou-se nela feliz. Os olhos de Raquel brilhavam ao lhe contar do rapaz. Sabia como era bom se apaixonar, amar algum e ser amada, mas isso se configurava a um amor possvel, e no a um amor proibido.

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    Depois de Raul, Stella no tinha chegado nem perto disso. Nunca mais seu corao batera forte por homem algum.

    Se um dia se casasse queria um casamento duradouro, no queria que seus filhos passassem pelo que ela passou com seus pais, quando se separaram.

    No dia seguinte Stella levantou-se cedo, segundo seu pai, o senhor Alejandro Salvatore a aguardava para a entrevista, s nove horas. Por fim tinha chegado a hora da verdade. Desceu e as escadas e encontrou seu pai lendo o jornal no sof da sala, ele ergueu olhos do jornal e a fitou com aprovao nos olhos.

    Stella vestia um terninho cinza e uma camisa branca por baixo, seus cabelos estavam presos a um coque e alguns fios estavam soltos nas laterais de seu rosto.

    Filha, voc est linda. Vamos tomar caf? Papai, eu no costumo comer nada de manh, s tomarei um

    copo de iogurte. Minutos depois, Stella saiu da cozinha e encontrou Raquel.

    Eleonora e seu pai a mesa, tomando o caf. Tchau, me desejem sorte. Boa sorte. Disseram em coro. Stella sorriu, pegou a bolsa e

    pasta, que havia colocado no sof da sala e saiu. Reprimindo sua ansiedade, Stella entrou em um alto edifcio de

    escritrios situado na parte mais prestigiosa do centro de Cdiz. Era um edifcio novo de dez andares com a fachada de tijolos vista vermelhos. Segundo seu pai, Advocacia Salvatore era uma das mais reconhecidas e conceituadas da Regio.

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    CAPTULO V Os saltos da Stella ressonavam no mrmore da recepo. Embora

    j houvesse sado com seu pai nessa zona da cidade em outras ocasies, aquela era a primeira vez que entrava naquele impressionante edifcio.

    Estava nervosa, e tinha motivos para isso. No tinha experincia nenhuma, apenas um pequeno estgio em escritrio pequeno de uma construtora.

    Voltando-se ao passado, compreendia que tinha sido uma tola em no ter insistido com sua me para trabalhar, agora com vinte cinco anos, se sentia uma dondoca indo ao primeiro emprego.

    Mas seu pai lhe dissera que quando Alejandro se inteirou de que ela acabava de obter um graduado na escola de Administrao de Empresas e contava com um certificado que lhe permitia trabalhar como secretria executiva, logo lhe props essa vaga.

    A princpio Stella se tinha mostrado resistente, mas eram poucas as oportunidades de encontrar trabalho naquela regio, por ser um local de turismo. Resolveu ento engolir seu orgulho e enfrentar a entrevista.

    A recepcionista a recebeu muito amavelmente, com um enorme sorriso que Stella lhe devolveu esperando parecer uma mulher confiante.

    Tenho uma entrevista com Alejandro Salvatore Disse-lhe. A mulher, que devia estar pelos trinta e poucos anos, era muito

    bonita, tinha uns enormes olhos verdes e uma pele perfeita, olhou sua agenda.

    voc a senhorita Allan? Exato. Por favor. Sente-se e lhe direi ao senhor Salvatore que j est

    aqui. Obrigado. Stella se sentou em uma das cadeiras estofadas da recepo e

    pegou uma revista. Stella nem sequer teve tempo de folhear a revista quando

    apareceu um senhor grisalho muito bonito. Ele deveria ter a idade de seu pai uns cinquenta e oito anos. Segundo seu pai, Salvatore era

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    um homem agressivo, trabalhador e ambicioso era especializado em Direito Empresarial.

    Ol, Stella, me alegro de conhecer a filha de Jason Allan Disse Salvatore, dando um passo adiante.

    Eu tambm Levantou-se e lhe estendeu a mo. Salvatore apanhou sua mo entre as suas. No era um homem

    especialmente alto e ela, com seu mais de metro setenta, tampouco era pequena, mas sua mo parecia minscula entre as do senhor Salvatore, umas mos slidas e fortes.

    Vim para falar sobre a possibilidade de trabalhar como secretria executiva em seu escritrio Disse.

    Tinha a sensao de que, tratando-se do amigo de seu pai, o melhor era abordar as coisas diretamente.

    timo, vamos a meu escritrio? Uma vez em seu escritrio, Salvatore lhe fez um gesto para que se

    sentasse, rodeou o a mesa de carvalho e se reclinou contra o assento de couro negro de sua cadeira.

    Obrigado por me atender. Disse Stella, cruzando as pernas. um prazer A fitou pensativamente. Voc

    recentemente se formou em Administrao? Stella assentiu. Sim, licenciei-me em Administrao de empresas, estagiei um

    ano em uma construtora como secretria, onde digitava, cuidava do arquivo, e atendia os clientes.

    Salvatore a fitou seriamente. Voc estar substituindo a secretria de meu filho que se

    aposentar. No sabia disso, pensei que fosse trabalhar para o senhor. Salvatore meneou a cabea. No. Ento ele ficou srio. Muito bem! Voc pode

    comear hoje? Stella respondeu de pronto. Claro. O Senhor Salvatore levantou-se ento a chamou. Vem. Acompanhe-me. Stella o seguiu at um corredor e entrou em uma grande sala,

    onde havia uma senhora de cabelos brancos, olhos azuis e rosto bondoso.

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    Lcia. Essa Stella Allan. Ela que ocupar o seu lugar. Muito prazer. Salvatore ento lhe sorriu e lhe deu a mo. Stella o cumprimentou. Seja bem-vinda. Stella sorriu-lhe. Obrigada. Meu filho, Fernando, chegou hoje de viagem, e s vir

    segunda-feira para o escritrio. Ento a estudando com ateno perguntou. Est segura de que quer trabalhar aqui? Stella assentiu Sim, sem dvida nenhuma. Alejandro sorriu. Que bom. Fico feliz. Eu e seu pai nos encontramos por acaso,

    e ele me falou de voc. H muito tempo no nos falamos. Seu pai era um timo jornalista, pena que ele se aposentou. Adorava ler os artigos dele no: Notcias.

    Era muita correria para ele. Agora ele est mais sossegado. eu entendo. Eu j penso em me aposentar, ainda bem que

    meu filho, tem dado conta do recado, pois irei me aposentar mais tranquilo. Em sorrindo disse-lhe. Bom trabalho. Partiu fechando a porta.

    Ao final do primeiro dia, Stella j se sentia como se tivesse estado trabalhando durante toda uma semana.

    Deram-lhe um pequeno escritrio situado ao lado do escritrio de Fernando Salvatore. O escritrio se Alejandro Salvatore era no mesmo andar, mas no final do corredor.

    Lcia lhe passou uma multido de tarefas, entre as que inclua digitar os processos, tomar nota dos recados e organizar os arquivos.

    Na hora do almoo saram juntas e foram em um pequeno restaurante ao lado.

    Depois de haverem feito o pedido, Lcia sorriu para Stella. Voc ir gostar de trabalhar para Fernando. Ele um rapaz de

    ouro, mas muito exigente tambm. Stella sorriu. O senhor Salvatore me falou que o senhor Fernando est

    viajando. Sim, ele precisou ir a Sevilha, pessoalmente, colher algumas

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    informaes para um caso que pegamos. Ento Lcia exclamou. Puxa. Ainda bem que hoje sexta-feira.

    Stella sorriu e deu uma olhadinha para a janela, onde o sol

    irradiava l fora a todo vapor. amanh pelo visto far sol. Vou aproveitar a praia. Lcia sorriu de volta. Eu gosto muito do mar e de observar a natureza. Stella sorrindo disse. Eu tambm gosto. Amo a paz, e a tranquilidade da paisagem. No final do expediente Stella foi at seu carro. Acomodando-se

    atrs do volante, ela observou um grupo de crianas gargalhando na calada enquanto passavam uniformizadas, deveriam ser de alguma escola ali perto. Sorriu e ao longe avistou as palmeiras e ao fundo o mar de um azul turquesa, feliz dirigiu at em casa.

    Quando entrou na sala a primeira pessoa que viu foi Raquel, que estava radiante. Usava um vestido verde que combinava muito bem com seus cabelos ruivos.

    E ento, conseguiu o emprego? Consegui. Que bom, estou muito feliz por voc. E advinha? Stella observou a felicidade estampada no rosto de Raquel. Lembra do rapaz que eu te falei? Stella sorriu para amiga. Amanh ele vem me pegar e vamos ao tal lago. Que timo. Eu amanh vou acordar cedo e vou praia. Nessa hora Jason entrou na sala. Filha, e ento? Pelo visto voc comeou hoje. Gostou? Stella foi at seu pai e lhe abraou e sorrindo lhe deu um beijo no

    rosto. Amei. Tenho certeza que vou gostar muito de trabalhar l. E

    Eleonora? Ela est com dor de cabea e foi deitar cedo. Vamos jantar? Stella sorriu. Papai, eu estou louca por um banho e estou sem fome. Jason falou desapontado. Pelo visto s comerei eu e Raquel.

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    Nada disso, eu estou de regime. Resolvi perder alguns quilos... Stella ergueu as sobrancelhas perfeitas e sorriu, entendendo a

    preocupao da amiga de ficar mais atraente por causa do rapaz que ela havia conhecido, mas mesmo assim ela meneou a cabea:

    A atitude de Raquel era preocupante, pois tinha medo que a amiga se tornasse uma anorexia. Mas no tinha jeito. No importava o que dissessem, ela se sentia gorda.

    Uma hora depois, quando estava se preparando para meter-se na cama, Stella suspirou feliz. Meteu-se debaixo dos lenis e pensou consigo, de como estava dando tudo certo com ela. Tinha se formado com notas boas, agora o emprego, s faltava agora conhecer algum interessante, e amar. Queria tanto que sua vida sentimental engrenasse. Tinha tanta curiosidade de descobrir o que era amar e ser amada, sem culpa, somente entrega.

    Idealizava um homem bom, carinhoso, prestativo, boa ndole. Queria tanto estar assim empolgada como Raquel... Ento um arrepio lhe percorreu na espinha...

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    CAPTULO VI No dia seguinte Stella espreguiou-se na cama e constatou que

    havia dormido muito, o relgio digital do criado mudo marcava nove horas.

    Stella vestiu rpido seu biquni, um modelo preto e branco e colocou uma sada de banho. Desceu as escadas e avistou Eleonora.

    Ela lhe sorriu. Bom dia. J vi que vai aproveitar o sol. Perdi a hora. Queria tanto chegar cedo praia. S vou tomar

    um copo de iogurte e ir. Seno ficar muito tarde. E olhando ao redor perguntou com estranheza. E papai? Raquel?

    Seu pai foi fazer umas compras que eu pedi e Raquel saiu com o rapaz, foi ver a rea que ela ir pintar para ele.

    Raquel est bastante empolgada com ele. Eleonora a pegou pela mo e a fez sentar no sof. E sentando-se

    em seguida comentou. Depois de Raul, nunca vi Raquel to empolgada com uma

    pessoa. Eleonora fitou-a pensativa por um momento. O som do nome de Raul foi suficiente para fazer o corao de Stella disparar, mesmo depois de tantos anos. Mas se controlou para no demonstrar. Nada mais importava agora, ele estava morto.

    Eleonora continuou. Raquel infelizmente muito frgil, me preocupo com ela. E

    esse interesse dela por esse rapaz. Espero que faa bem, essa paixo toda, a minha filha. Ela demorou muito para se reerguer. Seu pai na poca sugeriu a ela que fizesse uma terapia. Ela se recusou. Mas depois de tanta insistncia conseguimos fazer com que ela fizesse. E graas a Deus ajudou muito.

    Stella a fitou surpresa; Eu no sabia... Vocs me passaram que ela logo ficara bem,

    que tinha se conformado... No queramos te preocupar, pois sabamos o quanto voc

    estava sofrendo com tudo o que aconteceu. Como ela lidou com a morte de Raul? Eleonora riu. Por incrvel que parea, ela lidou muito bem.

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    Stella a fitou surpresa. Pelo jeito ela superou mesmo... Stella lembrou-se de

    quantas noites chorou pela morte dele. Precisava ter feito uma terapia tambm.

    Ficou imvel quando se lembrou do que Raul lhe disse. Raquel mimada. Seria possvel que Raquel sofresse somente pela rejeio do que pelo amor perdido? Ou a terapia a tinha ajudado mesmo?

    Stella confusa se levantou. Bem, eu vou indo. Quero aproveitar o sol. E completou

    sorrindo. Lembre-se que acabou a moleza, estou trabalhando agora!

    Claro, tome seu iogurte e vai logo, seno o sol fica muito forte. O momento de tenso se esvanecera, porm, Stella ficara

    pensativa pelo fato de Raquel ter superado to bem. Talvez Raquel fosse mais forte do que todos imaginassem. No entanto, tais pensamentos foram logo esquecidos. Depois de

    cinco minutos de caminhada da casa at a praia, ela j se sentia feliz. Adorava o cheiro do mar, o som das gaivotas, a paz ento reinou em seu corao. Tudo agora era passado. Nada mais importava...

    Stella, ento resolveu caminhar contornando o mar at um ponto em que ela se transformava muna estreita faixa de areia, coberta de rochas e algas marinhas secas.

    Stela ficou um tempo sentada nas rochas, observando o mar que batia nelas com fora, o ir e vir das gaivotas que rondava o cu procurando peixes, onde algumas mergulhavam e saiam com eles no bico.

    O sol das onze horas estava forte e ela no teve alternativa seno retornar. Uma vista maravilhosa era o sol batendo nas guas, um pequeno mundo encantado.

    Quando chegou a casa subiu a escada e se dirigiu ao quarto no seu banheiro anexo ao quarto tomou uma ducha. Colocou um vestido branco e sandlias brancas e se dirigiu sala.

    Seu pai preparava uma bebida. E transparecendo bom humor cumprimentou seu pai.

    Bom dia papai. Bom dia, voc est mais corada. E observando os cabelos

    de Stella molhados pelo banho indagou. Voc foi at a praia? Fui. Estava um dia maravilhoso. Muito bom mesmo.

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    Faz tempo que eu no caminho na praia. O senhor deveria. Ia lhe fazer muito bem! Eleonora apareceu na porta da cozinha. Stella, me ajuda a servir o almoo... Stella sorriu. Claro. Hoje dei folga a Ruth, a cozinha hoje por nossa conta. Ainda

    bem que ela deixou uma lasanha pronta e foi s esquentar. Eu adoro lasanha. Disse Stella se dirigindo cozinha. Ela ento percebeu que Eleonora colocou um lugar a menos na

    mesa. E Raquel? Eleonora sorriu. Creio que almoar com o rapaz, pois at agora no voltou. Voc o conheceu? No. Nessa hora eu estava com seu pai no quarto e s a ouvi

    dizer um j vou. Era cedo, umas oito horas. E Raquel detesta levantar cedo. Para voc ver como ela deve estar empolgada com o rapaz.

    Stella fitou Eleonora admirada tambm, era bom para Raquel

    viver esse momento, tristemente pensou em Raul. Ficava feliz que ela agora estava dando um novo rumo a sua vida.

    O dia passou tranquilo, a casa estava silenciosa, seu pai e a madrasta foram ao cinema, Stella ento aproveitou para fazer as unhas, e ler algumas revistas.

    s quatro horas da tarde, Stella ouviu um carro estacionar em frente casa, ela colocou a revista que estava lendo de lado e deu uma olhada pela janela, ento viu Raquel se inclinar e o rapaz beijar-lhe o rosto. Stella forou-se a enxerg-los, mas no conseguiu v-los direito, pois ambos estavam em meio s sombras no carro. Stella se afastou da janela e sentou-se no sof.

    Raquel entrou suspirando, Stella a avaliou. Ela estava linda, com uma saia preta, sapato preto de saltos alto e camisa branca entreaberta, onde se via o vo dos seios.

    Quando Raquel viu Stella sorriu e se sentou ao lado dela no sof. Stella. Estou apaixonada. Como foi? Perguntou Stella ansiosa. Samos cedo, fomos conversando at o lago, no percurso

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    inteiro. L ele me mostrou o lago, e o ngulo que ele queria que eu pintasse. Nossa. O lago era muito bonito mesmo. Ele me contou do irmo que morreu. Disse-me que ele morreu cedo, de Leucemia e de como eles desfrutavam o lago quando jovens, ele me pediu para eu pintar o quadro, ele quer dar de presente para o pai, que far aniversrio.

    E ele jovem? Quantos anos ele tem? Ele deve ter uns trinta e seis anos. Nessa hora a porta se abriu e Eleonora e seu pai entraram. Filha e a? Eleonora perguntou para Raquel animada. Stella se levantou e deixou-os conversando... No jantar Raquel no comeu novamente e deitou-se cedo. Stella

    tambm se despediu e foi para o quarto, mas antes de sair, viu a felicidade da madrasta contando para o seu pai do rapaz, sorrindo subiu as escadas. A felicidade de Raquel pelo visto j contagiava todos.

    Stella acordou cedo, no eram nem sete horas da manh e se dirigiu a cozinha, e espantada encontrou Eleonora.

    Meu Deus que cedo! Eu vou praia, mas e voc? Por que levantou to cedo?

    Seu pai no te falou? Falou o qu? Todo domingo ns vamos ao clube aqui perto. No quer ir

    conosco? No. Fiquei tanto tempo longe da natureza que vou andar na

    praia. Ontem at peguei uma cor. Mostrou-lhe os braos sorrindo. E Raquel?

    Raquel no vai, parece que o Fernando vem peg-la. Stella ergueu as sobrancelhas, pensando na coincidncia dos

    nomes, pois seu chefe tambm se chamava Fernando. Ainda tem puchero. s esquentar. Stella sorriu. No se preocupe comigo. Eu me viro. Eleonora saiu da cozinha. Stella abriu a geladeira, e pegou um

    copo de iogurte e tomou, pegou algumas tortilhas e seguiu em direo praia.

    A vista da praia era maravilhosa. Ao longe o mar azul se estendia at o horizonte, deixando que os primeiros raios de sol lhe

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    dourassem de leve a superfcie. O cheiro de gua salgada juntava-se ao perfume das flores e ao mato molhado que recobriam todo o caminho desde a praia at a casa, enchendo o ar com a expectativa de um novo e belo dia.

    Stella alcanou a praia e andou at as pedras. Sentada ficou a olhar o mar. Perdeu-se em seus pensamentos. Sempre fora sozinha praia, pois Raquel detestava o mar e implicava com a areia.

    Ento a imagem de Raul invadiu sua mente, pois l fora onde ela tinha tido a ltima conversa com ele.

    Quando pensou em voltar, ao longe viu a figura de Raquel bem distante com um homem, eles andavam para outra direo, Stella ficou em p nas pedras e ficou a olh-los. Eles andavam lado a lado conversando em direo a casa. Ele era bem alto, usava terno preto, com as calas arregaadas caminhava na areia segurando os sapatos. Raquel estava de vestido branco e gesticulava muito, esbanjando felicidade. Do ponto que Stella os observava, no dava para v-los nitidamente.

    Stella ficou mais um pouco e resolveu dar um mergulho na gua gelada.

    Tirou a sada e das pedras mergulhou em um local seguro, nadou um pouco e saiu. Sentiu uma sensao de bem estar, como era bom o contato da gua gelada, no corpo quente do sol.

    Pegou a sada de praia nas pedras, vestiu e se dirigiu para a casa. Ser que finalmente ia descobrir quem era o tal homem misterioso? Caminhou a passos lentos para casa, pois tinha receio de

    atrapalhar o romance dos dois. Quando chegou viu Raquel almoando sozinha na sala de jantar.

    Raquel, foi impresso minha, ou eu te vi com o rapaz? Realmente era eu. Mas ele teve que ir embora. Stella observou amiga e disse. E voc est magoada. Triste? O que houve? Por que voc acha que estou me afundando na comida? Fiquei

    triste sim, afinal, esperava que ele passasse o dia comigo. Mas no vou ficar me lamentando, vou agora mesmo pegar minhas telas e pincis e vou para o lago. Aproveitar a luz, que hoje est boa.

    Isso mesmo, no fique se lamentando pelos cantos por ningum. Se valorize que ele ir te valorizar. Stella estava preocupada com a amiga, mas perguntou expressando naturalidade.

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    Ele disse por que no podia passar o dia com voc? No foi muito evasivo. S falou que tinha um monte de coisas

    para fazer. Stella sorriu e disse com ironia. Eu me surpreendi de te ver na praia com ele. Voc que detesta

    ir praia, se sujar de areia? Raquel sorriu. Pois . At eu me surpreendi, mas foi s ele ir embora fui

    correndo lavar os ps para tirar areia... Ah, aproveita que a comida est quente, est l no fogo.

    Eu vou tomar um banho primeiro, depois venho comer. No ligo se estiver um pouco fria no.

    Ento t. Voc quem sabe. Stella fitou com preocupao a amiga. Raquel sempre fora uma

    menina muito frgil, emotiva, se abalava por qualquer coisa. A primeira impresso que ela havia amadurecido se esvanecia com

    as atitudes de Raquel. A verdade era que Raquel ainda se mostrava muito imatura. Com esses picos de alegria e tristeza, que eram regidos pelo o que acontecia em sua vida.

    Talvez por isso que pintasse to bem, talvez ela colocasse suas frustraes nas telas. Pois quando ela pegava para pintar, podia esquecer-se dela. Ela simplesmente se desligava do seu redor e se dedicava a sua arte.

    Stella passou uma tarde tranquila, seu pai e Eleonora chegaram tardezinha e Raquel chegou um pouco depois, carregando suas coisas para o seu quarto que era bem espaoso e tinha um espao que ela fazia de ateli.

    Todos muito quietos, Raquel meio emburrada, e seu pai e Eleonora pareciam meio cansados.

    Raquel no quis jantar. Stella ento jantou com seu pai e Eleonora.

    Seu pai ento perguntou. Filha, como foi seu dia? Stella sorriu. Foi tranquilo, andei bastante na praia. Jason ergueu as sobrancelhas. Voc sabe o que aconteceu com Raquel? Por que raios essa

    menina est emburrada agora?

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    Stella suspirou. Ela est aborrecida, pois ela colocou expectativas no rapaz que

    ela est pintando o quadro, ela esperava que ele a convidasse para sair hoje.

    Jason balanou a cabea. Essa Raquel muito mimada, as coisas no so como ela quer,

    nem sempre tudo acontece conforme nossos planos. Stella a defendeu, mesmo que em seu interior soubesse que seu

    pai estava certo. Ela est gostando do rapaz. Eleonora sorriu para Stella. Stella no entendeu o sorriso de Eleonora, se ela concordava com

    seu pai, ou se ela achou graa dela defender a amiga. Jason deu de ombros e disse com expresso cansada. Filha. S sei de uma coisa, eu vou me deitar. Ento se

    dirigindo a esposa sorriu. Vamos subir. Eleonora? Eleonora se levantou e disse pronta. Vamos, pois estou cansada tambm. Deixe a loua a que

    amanh Ruth lava. No custa nada eu lavar. Boa noite para vocs. Jason levantou-se e beijou a testa de Stella. Boa noite, filha. No dia seguinte Stella chegou ao trabalho cedo. Lcia quando a

    viu, se levantou da cadeira e foi ao seu encontro. O chefe est a? O senhor Alejandro Salvatore? No, seu Fernando Salvatore. Stella ergueu as sobrancelhas perfeitas e sorriu. verdade, tinha me esquecido que ele chegava hoje. Ele

    perguntou por mim? No. Ele disse um bom dia e j se enfiou no escritrio. Mas

    Alejandro deve ter falado de voc. O que que eu fao? Bato na porta e me apresento? Eu te anuncio. Lcia pegou o telefone e ligou o ramal dele.

    Senhor Salvatore, a nova secretria chegou. Peo para ela entrar? Lcia sorriu para Stella. Pode entrar. Ele a espera.

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    CAPTULO VII Stella passou as mos na saia apreensiva e respirou fundo. Abriu

    a porta e o viu. O homem estava atrs da mesa de carvalho entretido em um papel, quando a ouviu entrar levantou a cabea e seus olhos negros encontraram-se com os verdes de Stella.

    Aqueles escuros, queimantes olhos. Um quente rubor varreu sobre seu corpo. Seu corao no apenas comeando a correr mais rpido, ele saiu de controle. Muito mais do que as palmas estavam midas. Fernando Salvatore ento se levantou e Stella deu com seu um metro e noventa, o elegante, forte corpo. Sentiu-se tensa.

    A viso dele foi como um choque. Ela engoliu em seco... Cabelos negros dele como tinta eram bem penteados para trs, o terno negro, gravata vermelha e camisa branca, contrastava com a pele morena. Beirava uns 38 anos.

    Ele ento sorriu, mostrando dentes perfeitos brancos. Fernando Salvatore estendeu a mo em um cumprimento. Stella Allan. Prazer em conhec-la. Meu pai me falou de sua

    contratao. Stella pegou-lhe a mo quente e recebeu o cumprimento, e um arrepio involuntrio passou por seu corpo. Stella constrangida logo tirou a mo. No estava gostando nada dessa sensao que ele lhe provocava.

    O prazer meu. Disse Stella educadamente, com um sorriso cordial.

    Sente-se, por favor. Fernando apontou a cadeira para Stella e sentou-se novamente na sua cadeira de couro vermelha.

    Stella sentou, observando-o nervosamente, colocou uma mecha do cabelo castanho escuro atrs da orelha. Os olhos de Fernando tambm a estudavam.

    Ele se reclinou na cadeira. Bem. O que espero de voc pontualidade, rapidez, tanto na

    taquigrafia, como no digitar os processos. E muito mais do que tudo isso que descrevi, confiana. Sigilo absoluto de tudo que voc ouvir e ver aqui. Voc acha que capaz de desempenhar bem essa funo?

    Stella observou os olhos negros perspicazes a observando

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    atentamente, e viu certo brilho maroto. Stella se irritou. Por que ele a olhava como se ela fosse algum divertimento? Stella fechou a cara e disse sria. Sim, eu creio que sou capaz. Mas pelo seu olhar, creio que o

    senhor no acredita muito. Fernando sorriu aberto. De maneira nenhuma. E sorriu mais divertido ainda.

    que me desculpe. Voc me lembra de uma garota que gostei muito na faculdade... E na poca numa das minhas investidas levei um tapa no rosto.

    Stella ergueu as sobrancelhas e imaginando a cena, sorriu para ele. Fernando ento se colocou em p.

    Mas isso passado. Fernando se voltou para sua mesa e pegou uma pasta. Por favor, tire cpias para mim, e me chame Lcia, que preciso passar umas coisas para ela, para ela te orientar.

    Stella pegou a pasta das mos dele, reparou que elas eram bem trmulas.

    Levantou-se e disse agradecida. Obrigada pela oportunidade. No vou decepcion-lo. Fernando a estudou srio. Tenho certeza que no... Stella assentiu e saiu da sala. E se dirigiu a Lcia. O senhor Salvatore quer falar com voc. Lcia sorriu. E ento? Ele um encanto de pessoa. No ? Stella assentiu sria. Encanto at demais... Sim... Ele parece ser uma tima pessoa. Lcia sorriu largo. Mas ele exigente. Ele parece ser um doce, mas no trabalho s

    vezes se comporta como um carrasco. No tenho medo de trabalho. Acho que quanto mais nos

    envolvemos, mais o dia passa rpido. Stella mostrou a pasta. Onde eu posso tirar xerox?

    Vai ao final do corredor e voc encontrar a sala de xerox. Stella concordou e saiu do recinto. Pouco tempo depois Lcia havia lhe passado vrios processos.

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    Stella estava to envolvida que uma hora da tarde ainda digitava quando Fernando saiu da sala.

    Voc j voltou do almoo? Stella levantou a cabea e fitou os olhos negros indagadores de

    Fernando. Eu ainda no sa. Fernando lanou lhe um olhar de desaprovao. O que Lcia andou te falando? Por acaso ela te colocou medo

    de mim, para voc se preocupar tanto em acabar esse processo? No, eu que perdi a noo do tempo. Fernando sorriu. No duvido nada que Lcia tenha feito a minha caveira. Tem

    certeza que ela no me chamou de carrasco? Stella ficou sem ao, mas acabou sorrindo e disse de forma

    natural. Bem, na verdade ela me disse que voc era muito exigente e

    que chegava a ser um carrasco s vezes. Fernando sorriu e se aproximou da mesa de Stella. Sabia! Mas Lcia est desculpada. Ela pegou uma fase difcil

    na advocacia. Tivemos que lutar muito para a advocacia Salvatore ter um nome.

    Stella incomodada com os olhos negros intenso de Fernando se levantou.

    Bem. Eu vou almoar ento. Vamos almoar juntos... Stella o fitou surpresa e abriu a boca para protestar, mas no

    conseguiu, pois Fernando pegou-lhe a bolsa e sorrindo, disse-lhe num tom que no admitia desculpas.

    Vamos? Ainda brigando consigo mesma, disse sem escapatria: Vamos. Forou um sorriso Fernando afastou o corpo e lhe deu a bolsa. Stella saiu na frente,

    mas logo Fernando se colocou ao seu lado. No corredor encontraram Lcia que voltava do almoo. Ela os observou surpresa. Isso incomodou Stella.

    Lcia, eu tenho uma reunio com o Thomas Anderson s trs horas, ligue para ele e diga que vou me atrasar um pouco.

    Lcia assentiu e fitou Stella, que olhava para os sapatos,

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    constrangida. Ela sentiu a mo quente de Fernando em seu brao e levantou o

    rosto srio. Lcia j entrava no escritrio quando ela fitou Fernando. Os olhos negros dele passearam por seu rosto e se detiveram em sua boca e se voltaram para os seus olhos de novo.

    O corao de Stella quase saiu pela boca, e aumentou seu constrangimento.

    Vamos? Eu no quero atras-lo para a reunio... Stella disse rpido. Fernando sorriu. Voc no me atrasar. E eu preciso almoar... Eu no deveria

    te dar explicaes, mas meu atraso se dar, pois depois do almoo eu irei ao frum.

    Stella ficou vermelha. Claro... Desculpe-me. Mas se ficarmos parados aqui, a sim voc ir me atrasar. Fernando ento a conduziu ao elevador. No elevador, Stella

    evitou olhar para Fernando, mas sentia os olhos dele pousados sobre ela.

    Quando o elevador abriu, Stella se precipitou para fora, seguida por Fernando.

    Na calada ensolarada pelo sol da tarde, Fernando a pegou pelo brao.

    Vamos por aqui, nessa mesma calada tem um timo restaurante pesqueiro. Voc gosta?

    Ento subitamente ele parou. Stella parou e o fitou. No conseguia dominar o nervosismo ao v-lo passar os dedos pelos cabelos negros, enquanto ele aguardava sua resposta.

    Sim. Eu gosto muito... Conseguiu dizer num tom natural. Ele sorriu e a pegando pelo brao novamente, a conduziu, mas

    fora um gesto rpido, mas Stella ainda podia sentir o toque de seus dedos em seu brao.

    Stella percebeu que ele estava pensativo. Como se algo o preocupasse. Caminharam por cinco minutos na calada sem nada dizer, at chegarem ao restaurante.

    A decorao era simples e acolhedora. O cho revestido de mrmore em tons variados era enfeitado por aqurios de peixes marinhos multicoloridos, as mesas com toalhas vermelhas e plantas

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    diversas estavam espalhadas em cada canto. O lugar era fresco e agradvel.

    Fernando puxou-lhe a cadeira, ela sentou-se e observou-o sentar sua frente com um sorriso maroto, como que adivinhando seu constrangimento por estar almoando com o chefe. Ele no parava de fit-la e isso aumentava seu constrangimento.

    Fernando lhe deu o cardpio e voltou ateno para um bando de crianas que riam ao ver os peixinhos. Stella aproveitou esse momento em que ele estava entretido e o observou.

    Notou as mos enormes morenas que eram um pouco trmulas, a cabeleira negra um pouco despenteada por causa do vento, e os espessos clios negros.

    Ele levantou os olhos e deu com o olhar de Stella. Stella se recomps e segurando o olhar, disse naturalmente.

    Eu no sei o que escolher. O que o senhor sugere? Fernando sorriu. Por favor, me chame de Fernando. Fernando ento se

    recostou na cadeira. A moqueca de Cao com arroz branco tima. O que voc acha?

    Acho timo. Fernando sorriu. Hum. Ento o que voc quer beber? Suco de abacaxi. Boa pedida. Eu vou pedir para mim tambm. Stella concordou e sentiu os olhos de Fernando sobre ela.

    Evitando seu olhar, tentou distrair-se com o movimento ao seu redor: observou um casal que conversava descontraidamente, as crianas que riam. O ir e vir das pessoas...

    Fernando ento disse contrariado. O que foi Stella? No sou uma boa companhia? Voc parece

    incomodada. Stella voltou seus olhos rpido para ele e disse veemente e um

    tanto surpresa. No... No isso! Eu que me distraio com facilidade. Nessa hora o garom os serviu. Stella se deteve na comida e

    saboreou bebericando o suco, de vez em quando olhava Fernando que a fitava pensativo...

    Stella... No sei como te dizer isso... Mas eu te trouxe aqui para

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    te falar um problema que eu estou enfrentando... Como voc ser minha secretria de confiana, voc ter que me cobrir minhas sadas...

    Stella o observou sem entender. Fernando suspirou, passando a mo pelos cabelos.

    Eu sou alcolatra... Trs vezes por semana, participo do AA. Meu pai no sabe... Ningum sabe... Estou participando j faz trs semanas...

    Stella assentiu sem saber o que dizer. Fernando ento mostrou as mos tremulas.

    Voc j viu as mos de um alcolatra? Stella meneou a cabea com um no. Fernando sorriu tristemente. Esse lugar para mim, uma tentao... No fcil esse vcio...

    Outra coisa, eu no sirvo bebidas para os meus clientes, pois eu cairia na tentao de beber, por isso voc servir para mim. Tudo bem?

    Stella fitou os olhos negros de Fernando que a observavam ternamente.

    Eu sei que no a sua funo, mas... Stella o interrompeu. Eu no me importo! Eu sirvo as bebidas... Stella ento pensou:

    E Lcia sabia de sua condio? Ela tambm o ajudava a ocultar do Sr. Salvatore suas idas ao AA?

    Queria entender seu papel como secretria. E isso a fez perguntar-lhe:

    E Lcia sabe? Fernando a fitou sombrio. Quando eu disse que ningum sabe, quis dizer ningum sabe

    mesmo.

    Mas ela era uma estranha para ele, e ele confiou o seu segredo a ela. Por que ocultou de Lcia?

    Stella movida por dvidas insistiu: Por que voc me confidenciou essa sua condio? Um silncio profundo se estabeleceu at que por fim Fernando

    disse: Entendo seu questionamento. No confidenciei a Lcia, pois

    ela est h mais de 20 anos trabalhando conosco, e isso fez com que

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    laos se estreitassem. Ela muito amiga de meu pai, e tenho certeza que chegaria aos ouvidos de meu pai. E eu no quero. Meu pai j sofreu muitas perdas na vida.

    Stella o fitou por um longo momento, com um leve rubor nas faces.

    Lcia nunca desconfiou? Nunca dei satisfao de minha vida para Lcia. Muitas vezes

    no aparecia no trabalho, pois estava bbado na casa de algum amigo. A bebida uma droga silenciosa e diria to inocente para muitos Desde muito jovem tive perodos de bebedeiras, mas naqueles tempos eram momentos curtos, dias ou semanas, mas desde o incio deste ano passei por um longo perodo de ingesto alcolica e, como muitos, achava normal, comecei com algumas latinhas de cervejas diariamente No incio bebia somente noite, depois aps o meio-dia, at chegar a passar dias sem comer e dormir, apenas bebia Aps desmaiar algumas vezes vi que precisava de ajuda. Meu pai sabe que temos muita presso no escritrio, so casos difceis que chegam a ns, somos tidos como o melhor escritrio de advocacia de nossa regio. Muitas causas que parecem sem soluo, que muitos advogados desistiram, ns vencemos. Eu nunca fui relapso com meu trabalho, ento meu pai nunca me questionou se sumia s vezes, creio que ele achava que precisava de um tempo. Agora que Lcia est se aposentando, espero seu total sigilo. Posso confiar em voc?

    Stella o estudou. Parecia haver tristeza nos olhos dele. Um calafrio a percorreu, mas sua voz saiu firme.

    Pode. Voc tem a minha total discrio. Fernando deu por encerrada a conversa, pois pegou a carteira e

    tirou uma nota e colocou na mesa. Afastou a cadeira para Stella, e juntos emudecidos, caminharam pela calada.

    Stella encontrou Lcia que a olhou estranhamente. Stella a ignorou e voltou a digitar o processo, logo viu Fernando se despedindo dizendo que no voltaria mais naquele dia.

    A tardezinha, Stella chegou a casa e encontrou Raquel na sala. Raquel quando a viu sorriu-lhe. E ento? Est gostando do trabalho? Stella esgotada se jogou no sof. Estou.

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    Raquel fez uma careta. Pois no parece. Voc est com uma cara. Stella sorriu. S cansada... E voc? Saiu hoje? Como anda a pintura? Hoje o sol estava muito forte, no fui ao lago, perdi a hora, e

    no pude retrat-lo. Mas amanh eu vou... Raquel bocejou. O jantar s esquentar... Papai e mame foram ao cinema. Stella sorriu. Quando voc trar seu namorado misterioso? Raquel sorriu e se levantou. Ele um mistrio para mim tambm. Eu nem sei o que ele faz,

    ou trabalha... Falamos sobre as pinturas, sobre o irmo morto, tudo muito superficial. Ele muito contido. Sempre quando quero me aprofundar no assunto ele muda a conversa. Raquel suspirou. Vou dormir. Boa noite. Bom trabalho amanh.

    Boa noite. Durma com os anjos. Mais tarde, Stella crtica, se olha no espelho. Observou seus

    cabelos castanhos escuros, que estavam precisando de um corte, gostava de seus olhos, eram arredondados de um verde claro. Stella ainda assim no se sentia bonita, queria ser mais sofisticada, se sentir bem com cortes de cabelo da moda, mas no ousava mudar. Era muito tradicional para isso.

    Lembrou-se ento de Fernando, a mnima lembrana dele provoca-lhe um arrepio, por todo o seu corpo e fez seu sangue correr rpido nas veias.

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    CAPTULO VIII O dia estava bonito. Stella observou da janela de sua sala

    enquanto tomava um caf. A semana passou rpido. Trabalhava com afinco e pouco viu Fernando. De vez em quando ele aparecia e se trancava em sua sala, sempre

    chamava por Lcia, que resolvia tudo com muita competncia. Lcia depois lhe ensinava tudo. Ela era muito didtica e Stella no

    teve dificuldade nenhuma de entender o que lhe era passado. Depois de uma semana, que Stella trabalhava, Fernando viajou.

    Mas ele mantivera contato durante todo o tempo, via fax, telefone... Stella percebera que ele era do tipo que levava os negcios muito a srio.

    Fernando deixara uma grande quantidade de processos para organizar, coisas para digitar e hoje o trabalho todo era por sua conta, pois ontem tinha sido o ltimo dia de Lcia.

    Quase no viu Raquel tambm, que se dedicou a pintura. Mas o pouco que a vira, ela estava mal-humorada. Stella sabia que se devia ao fato dela estar frustrada com a ausncia do rapaz.

    O escritrio muitas vezes ficava em um silncio completo, de vez em quando o Sr. Salvatore aparecia e lhe pedia algum documento para levar. Sua sala ficava no mesmo andar no final do corredor. Mas a maior parte do tempo ele ficava ausente, pois ele que fazia a captao dos clientes. Passava por ele antes de passar por Fernando, pois o Sr. Salvatore fazia uma triagem dos clientes. Mas quem os representava era Fernando. Ele que assumia o caso. Ento o Senhor Salvatore fazia, por assim dizer a parte comercial.

    O Edifcio por ser comercial, tinha uma boa movimentao. J fizera at amizades rpidas na espera do elevador. Conhecera Joaquim, corretor de imveis, trabalhava em uma imobiliria no andar acima do seu. Nunca conseguiram conversar muito, mas o pouco que eles se falaram, Stella percebeu que ele era muito bem humorado.

    Conhecera Snia, ela era secretria de um escritrio de contabilidade. Algumas vezes almoaram juntas. Ela tinha 40 anos, me solteira e tinha uma filha de dez anos. Era deslumbrada por

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    Fernando, pois sempre lhe perguntava dele: Se ele era comprometido, ou casado, se tinha filhos...

    Stella nunca tinha resposta para dar, ela mal o via. Dois dias depois que assumira como secretaria interina, enquanto

    entrava no elevador, lembrou-se de que Lcia dissera que Fernando chegaria hoje.

    Parou no 3. Andar dirigiu-se rapidamente ao escritrio. Fernando j estava em sua sala como pressentira e com certeza sua espera. Estava a olhar pela janela, pensativo de costas para ela. Sua camisa estava toda amassada.

    Bom dia. Disse Stella educadamente. Fernando demorou-se um pouco quando se virou para Stella. E

    sem lhe responder o cumprimento disse direto. Como se tivesse algo urgente para resolver.

    Stella, por favor, venha at meu escritrio... Ele passou por ela como um furaco e entrou em sua sala. Stella sentiu um odor forte, de suor, misturado a colnia.

    Stella demorou-se um pouco procurando seu bloco de anotaes. Quando entrou na sala de Fernando o encontrou sentado com o olhar parado em um ponto fixo, tinha olheiras profundas, e um leve tremor nas mos. Os cabelos negros despenteados, sem gravata e a camisa muito amassada.

    Voc est bem? Fernando a fitou impaciente e indicou a cadeira para ela sentar.

    Stella sentou-se rpido, e o observou colocar a cabea entre as mos. Stella preocupada insistiu.

    Fernando? Fernando ainda com a cabea apoiada sobre as mos disse

    entoando frustrao. Ontem, fraquejei... Fiquei bbado, dormi na casa de um amigo,

    vim direto de l, nem troquei de roupa... Preciso que voc saia e me compre uma camisa limpa e uma gravata... No quero que meu pai me veja assim.

    Stella se levantou e os olhos de Fernando caram sobre ela. Embora ele estivesse com uma terrvel dor de cabea, com mal-

    estar e enjoado, estava mais vivo e alerta do que nunca. Os pensamentos de Fernando voavam e pensava como seria tirar aquela garota do srio. Sempre to certinha e ao mesmo tempo to jovem.

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    O pouco que falara com ela, e a vira, criaram nele uma percepo aguada da jovem. Nada parecia aliviar a tenso que experimentava em sua presena. Tinha conscincia dela constantemente.

    Stella sentiu uma onda aquecer seu corpo. Fernando se deu conta que a estivera encarando por muito tempo.

    Desviou os olhos. Por favor. Pegue para mim um caf forte e aspirinas, elas ficam

    guardadas na sala do caf, em um armrio de canto... Por favor... Alguns minutos depois Stella entrava na sala de Fernando e o

    encontrou inclinado sobre a cadeira de olhos fechados... Stella pigarreou, mas ele continuava imvel. Stella foi mansamente at ele e o tocou no ombro... Fernando abriu os olhos, que estavam injetados e vermelhos...

    No quero que me olhe assim. Stella no entendendo meneando a cabea perguntou-lhe: Como? Fernando fitou-lhe os olhos com uma expresso sinistra e

    perigosamente intensa. Com piedade. Stella abriu a boca e a fechou sem saber o que dizer. Por favor, Stella. Eu preciso que me compre uma camisa antes

    que meu pai chegue. No quero que ele me veja assim, todo amassado. E tirando uma nota de trinta pesos lhe disse. Tamanho 6.

    Stella sem discutir ou argumentar. Saiu feito um furaco, no estava gostando nada de servir Fernando Salvatore como uma empregada, e ainda estava irritada, pois por mais que ela tentasse reprimir a excitao que ele provocava, admitia que era uma tarefa rdua. Exigia dela muito esforo. Pensava nisso andando com muita pressa, quando deu um encontro com o senhor Salvatore na recepo.

    Meu Deus menina, onde voc est indo com tanta pressa? Vai apagar algum um incndio?

    Stella constrangida e apreensiva, pois sabia que o Sr. Salvatore ia at a sala de Fernando, lhe disse sem lhe dar mais explicaes.

    Senhor Salvatore, o senhor est indo ver Fernando? Sim, por qu? Fernando no est. Disse se odiando pela mentira. Ele

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    teve que ir ao frum. E me orientou a dizer-lhe que caso o Senhor fosse procur-lo, ele o receber tarde. Stella disse torcendo para ele no perguntar novamente aonde ela iria.

    Salvatore deu de ombros. Tudo bem. No era urgente... Diga a ele que tarde falo com

    ele... E tirando uma pasta, estendeu para Stella. Entregue esta pasta para ele, pede para ele ler esse processo, assim tarde, quando eu falar com ele, ser meio caminho andado.

    Claro. Salvatore se deu por satisfeito, e mudou a direo, indo em

    direo rua. Stella suspirou aliviada, e para no sair logo atrs dele, foi at a mquina de caf, esperou um pouco, e s depois saiu. Sentiu o ar quente, pela ausncia do ar condicionado. Suspirou. Olhou insegura em que direo seguir, ainda no conhecia nada da regio. Tudo havia mudado muito desde a ltima vez que tinha ido naquelas redondezas. Por fim escolheu uma direo...

    No demorou muito encontrou uma loja masculina. Comprou uma camisa azul claro e gravata azul marinho e se dirigiu ao escritrio.

    Stella entrou meia hora depois na sua sala com a sacola das compras em uma das mos, e a outra a pasta que Salvatore lhe havia entregado. Dirigiu-se a sala de Fernando e sem bater entrou.

    Fernando se encontrava agitado, andava de um lado para outro, no parecia o mesmo Fernando que ela havia deixado meia hora atrs.

    Ele quando a viu parou imediatamente, impaciente exclamou: Mas que Diabos! Por que a demora? A testa de Fernando revelava pontos de suor. Stella, sria, tentando conter as batidas disparadas do corao,

    fitou-o por um longo momento. Seu pai me atrasou. Ele me encontrou na recepo, se dirigia

    para c, eu disse que voc havia sado, ele me deixou essa pasta. Colocou a pasta na mesa e a sacola, enfrentando seu olhar.

    Fernando no se mostrou abalado nem sem jeito, pelo contrrio, lhe devolveu o mesmo olhar, detendo se por um pequeno momento no ponto em que a blusa branca de Stella mostrava o incio da curva dos seios. Stella sentiu os batimentos cardacos aumentarem. Ela deu as costas para Fernando, queria sair dali, tentava se recompor

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    emocionalmente. Apenas o fato de estar na mesma sala com Fernando j a deixava

    sem foras, ele parecia um campo de fora que a mantinha magnetizada e incapaz de pensar com calma.

    O nico homem que fora capaz disso estava morto. Stella no queria misturar trabalho com envolvimento pessoal. Por mais que Fernando a atrasse.

    Ouviu um movimento atrs de suas costas Stella, no v. Desculpe-me. Ele a pegou gentilmente pelo brao, isso fez com que ela se virasse e o encarasse.

    Ele estava muito prximo. Stella podia sentir a colnia que ele usava misturada ao suor e a

    bebida. Stella entendeu que ele precisava de ajuda, isso a fez recuperar a sobriedade e conseguiu se recompor mediante a figura frgil de Fernando. Ela ento o fitou profissionalmente.

    Fernando continuou. Meu Deus, me perdoe. Mal voc comeou a trabalhar comigo

    e j estou dando meu show. Sei muito bem que no sua funo sair para comprar um alfinete sequer.

    Uma onda de tristeza a invadiu. Estava incomodada em ver Fernando daquele jeito.

    Stella impaciente se apressou em dizer. Tudo bem. Fernando se afastou, como que consciente de seu odor. Ficou por um momento de costas para ela, olhando a janela,

    como se ela no tivesse mais l. Ele ento a fitou.

    Stella o fascinava, desde a primeira vez em que a vira. Ela tinha uma aura e uma graa feminina que o atingira. Talvez por ser muito jovem e ao mesmo tempo passar a segurana de uma mulher madura. Parecia ser do tipo bem comportada, e ao mesmo tempo deveria ser alegre e cheio de vida nas horas vagas.

    Ele a viu colocar uma mexa do cabelo que teimava em cobrir-lhe um dos olhos. Notou o traje recatado de Stella. Uma estranha emoo o percorreu. Quantas vezes tinha se deparado com mulheres que se vestiam de forma provocante, e no lhe surtia o efeito que Stella provocava nele agora?

    Tentou afastar o olhar dela, mas ela o atraa de volta. Seu pai vir tarde, ele pediu para voc ler o processo antes

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    dele falar com voc. De repente a imagem que Stella fazia dele passou a incomod-lo.

    A boca esculpida de Fernando se comprimiu numa linha fina, quando sentiu uma onda de raiva atingi-lo que o forou a liberar a tenso que enrijecia seus ombros. Sentou na cadeira de couro. Voltou a estudar Stella que o fitava.

    E Fernando podia entender por qu. Estava um trapo humano. Como poderia passar uma imagem de competncia

    e autoridade sendo um fraco? Pois era isso que a bebida fazia, o deixava exposto, roubava-lhe a vida, a sobriedade.

    Um sentimento violento e angustiado o invadiu. Fazendo-o responder seco.

    Obrigada. Pode ir. Ele desviou o olhar daquela figurinha que o incomodava novamente e se concentrou nos papis a sua frente.

    Fernando, ento, entrou no banheiro anexo do escritrio tirando a camisa, com raiva a jogou longe.

    Lavou as axilas o rosto e o trax com vigor. Colocou a camisa e a gravata. Gostou do resultado.

    Stella tem bom gosto. Fernando fechou os punhos diante da lembrana da sensao

    quando pensou na figura de Stella, com raiva reprimiu o pensamento. No tinha condio de se envolver com quem quer que fosse. Muito menos com sua secretria, sua tica profissional no o permitia.

    Que tica! Seu ntimo zombou de seus pensamentos. Mal podia se controlar diante de um copo de bebida. Como podia pensar em

    tica?

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    CAPTULO IX Saiu do banheiro se sentindo melhor fisicamente, mas seus

    pensamentos estavam caticos. Precisava se ocupar. Pegou a pasta e comeou a ler o processo, queria fazer algumas anotaes antes de falar com seu pai. Mas a imagem seu pai o fez ficar pensativo por um instante. As paredes do seu escritrio luxuoso pareciam fechar-se a seu redor de modo sufocante. Daquela mesa, tinha ganhado muitas causas. Ele