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AMORA AMORA NOME VULGAR PORTUGUÊS AMORA ESPANHOL MORA FRANCÊS MÛRE INGLÊS BLACKBERRY CLASSIFICAÇÃO CIENTIFICA Família: Rosaceae Género: Rubus Espécie: Rubus ulmifoliu

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AMORA

AMORA

NOME VULGAR

PORTUGUÊS AMORA

ESPANHOL MORA

FRANCÊS MÛRE

INGLÊS BLACKBERRY

CLASSIFICAÇÃO

CIENTIFICA

Família: Rosaceae

Género: Rubus

Espécie: Rubus ulmifoliu

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INFORMAÇÃO TÉCNICA PARA O SEU CULTIVO

Na sequência de outras fichas já apresentadas, e correspondendo ao interesse

que tem vindo a ser demonstrado no cultivo de frutos de baga ou frutos vermelhos,

apresentam-se neste documento algumas considerações sobre as boas regras

agronómicas para a condução e manutenção de um pomar de amoras.

ORIGEM

Das diversas variedades de amoreira, a mais utilizada na exploração

comercial é a amoreira-preta que, tal como outros pequenos frutos, tem suscitado

grande interesse por parte dos produtores, entre outras razões porque permite um

rápido retorno do investimento realizado na instalação do pomar. Isto deve-se ao

facto de, comparativamente com outras fruteiras, estas plantas entrarem

rapidamente em produção começando a gerar receitas logo ao segundo ano após a

plantação.

Das espécies silvestres foram domesticadas três grupos de amoreiras pretas,

dois oriundos da América do Norte e um correspondente a um grupo nativo da

Europa.

A planta é um arbusto que emite lançamentos bianuais, com hábitos de

crescimento que podem ser prostrados, semi-eretos ou eretos. Depois de passar

por um período de dormência surgem as flores, agrupadas em cacho que darão

origem aos frutos que designamos por amoras. Depois da frutificação estas hastes

não voltam a produzir, morrem e devem ser eliminadas.

Tal como os outros frutos de baga, especialmente a framboesa, com a qual

muito se assemelha, a amora é um fruto muito sensível, devendo ser manuseada

com muito cuidado, uma vez que tem uma polpa pouco firme, e um período de pós

colheita muito curto.

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Fonte:

sistemasdeproducao.

cnptia.embrapa.br

VARIEDADES

Das variedades melhoradas existentes nos viveiristas podemos encontrar

plantas com espinhos e algumas já sem espinhos, no entanto as diferentes

variedades de amora normalmente são classificadas conforme os hábitos de

crescimento das varas. Assim existem:

Variedades prostradas – Possuem vigorosos lançamentos do ano que

necessitam de ser conduzidos através da utilização de um sistema de suporte para

permitir as operações culturais e a colheita. Estas varas nascem a partir da base da

planta ou coroa e não são produtivas.

No ano seguinte surgem rebentamentos a partir desta haste principal que irão

ser responsáveis pela produção do ano. Os frutos das variedades prostradas são

normalmente menos firmes e apresentam um tempo de vida útil inferior aos das

variedades eretas e semi-eretas, pelo que são mais adequados ao mercado de

transformação.

Exemplos: “Siskiyou”; “Obsidian”; “Metolius”, “Onyx”, “Newberry”;

Variedades semi-eretas - Tal como acontece nas variedades prostradas,

neste grupo os novos lançamentos também surgem a partir da base da “coroa” ou

“touça”, no entanto estes apresentam normalmente maior diâmetro e alguma

firmeza, que permite que não fiquem depositados no solo, mas arqueados.

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Exemplos: “Chester Thornless”; “Triple Crown”; “Loch Ness”, “Hull

Thornless”;

Variedades eretas – Como o nome indica a forma de crescimento das varas

aproxima-se mais da vertical, sendo igualmente muito vigorosas, chegam a atingir

4 metros de altura. Nestas variedades os lançamentos podem surgir da base da

touça ou das raízes como acontece na framboesa.

As variedades eretas no primeiro ano têm hábitos de crescimento prostrado,

transformando-se em eretas apenas a partir do segundo ano.

Exemplos: “Navaho”; “Ouachita”; “Tupi”, “Apache”, “Triple Crown”, “Osage”

Fonte: http://www.ncsu.edu/

Embora a maioria das variedades de amora seja não remontante, ou seja, a

diferenciação floral dos gomos ocorre após o fim do crescimento do primeiro ano,

existem algumas variedades, menos exigentes em frio, que frutificam em ramos do

ano.

O melhoramento tem trabalhado no sentido de melhorar as variedades de

porte erecto em detrimento das plantas de hábito prostrado dada a maior facilidade

de condução daquelas. Outro objetivo do melhoramento tem sido o apuramento das

variedades sem espinhos também por uma questão de ordem prática nos trabalhos

do pomar. A obtenção de frutos menos ácidos e menos adstringentes tem

constituído também uma meta dos trabalhos de melhoramento.

Quase todas as variedades são auto-férteis no entanto é muito útil, em

explorações comerciais a utilização de abelhões para promover a fecundação, o que

tem reflexos consideráveis na produção total.

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CLIMA E SOLOS

A cultura da amora está bem adaptada às condições climáticas do norte de

Portugal, com invernos frios e chuvosos que permitem suprir as necessidades em

horas de frio necessário para a indução e diferenciação floral.

As necessidades de frio variam conforme as cultivares mas são normalmente

superiores nas cultivares eretas.

De um modo geral apresenta uma boa resistência à geada sendo apenas de

temer as geadas tardias que podem danificar os gomos florais.

Na escolha do local de implantação do pomar deve optar-se por locais

abrigados porque a planta apresenta sensibilidade aos ventos fortes. No inverno os

ventos podem partir os jovens rebentos, que irão assegurar a produção futura, e no

verão os ventos fortes e secos afetam a qualidade e o tamanho do fruto. É no

entanto desaconselhável o uso de redes quebra ventos porque podem prejudicar a

boa ventilação das plantas, aumentando os problemas sanitários.

Relativamente a solos, a planta prefere solos férteis, bem drenados e com pH

ácido. Os solos pesados com o lençol freático muito à superfície são totalmente

inadequados.

Os solos franco-arenosos são os mais indicados para a instalação da cultura. Em

solos com maiores teores de argila a drenagem torna-se deficiente, pelo que a

plantação tem que ser efetuada em camalhões. Estes camalhões são realizados em

terra ou substrato e consistem num monte com cerca de 50 cm de altura ao longo

da linha de plantação.

Realização de

camalhões para

plantação

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FERTILIZAÇÃO

A amora gosta de solos ricos em matéria orgânica, no entanto não é tão

exigente como a sua “prima” framboesa.

Pelo menos seis meses antes da plantação deve-se fazer uma análise de solo

para proceder aos ajustamentos necessários ao nível de pH, matéria orgânica e

incorporação de outros elementos como fósforo e potássio.

O pH aconselhado deve ser inferior a 6,5, no entanto há que monitorizar

cuidadosamente este valor porque se estiver muito baixo o fósforo torna-se

indisponível e o alumínio e manganês podem tornar-se tóxicos. Nesta situação, o

fósforo, embora presente no solo está indisponível para a planta e esta manifesta

sintoma de carência de fósforo, análogo ao de outras carências, em que as folhas

mais velhas apresentam áreas vermelhas ou pretas, caindo prematuramente.

A amoreira é muito exigente em potássio, especialmente durante a fase de

frutificação, pelo que, em anos de grande produção, poderão ocorrer sintomas de

carência, que incluem atrasos no crescimento, com clorose e necrose marginal das

folhas levando à sua queda prematura.

Conforme o valor dos teores de fósforo e potássio apontados pela análise de

solo deve-se proceder a uma adubação de pré-plantio de forma a garantir um valor

mínimo, em solos de textura média, de 8 mg/kg e 41mg/kg de fósforo e potássio

respetivamente.

Plantação de jovens

plantas

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Relativamente à adubação azotada, recomenda-se a utilização de sulfato de

amónio, que fornece enxofre, necessário à planta, consistindo numa boa fonte de

azoto em solos ácidos onde normalmente origina uma boa resposta das plantas.

Uma vez instalado o pomar, a única forma fidedigna de diagnosticar com

precisão problemas, que se suspeite serem de natureza nutricional, é efetuar uma

análise foliar. Para isso recolhe-se um conjunto de folhas, conforme um protocolo

estabelecido, que depois de analisadas fornecem os teores foliares de macro e

micronutrientes que podem ser interpretados por comparação com os valores de

referência em plantas sadias e equilibradas.

A análise de solos e/ou foliar deve ser realizada regularmente, pelo menos de

3 em 3 anos. As análises foliares devem ser feitas a seguir à frutificação.

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Compassos

O espaçamento a adotar depende do vigor da variedade que se escolheu, do

sistema de condução e do tipo e dimensão das máquinas a utilizar nas operações

culturais. Normalmente varia entre 60 a 120 cm na linha em variedades de porte

ereto (ou 90 a 150 cm nas variedades de tipo prostrado) por cerca de 3 metros na

entrelinha. Poderá ainda adotar-se um sistema de dupla fila com espaçamento de

40 cm com as plantas dispostas em triângulo.

Controlo de infestantes

O herbicida cuja aplicação está autorizada na cultura da amora, ao abrigo dos

usos menores, é o quizalofope-P-etilo no combate a gramíneas anuais. A utilização

de herbicidas no entanto deve ser cuidadosa e restrita à entrelinha, sobretudo nas

variedades eretas, porque a sua atuação inibe a formação de novos rebentos.

Para controlar as infestantes e conservar a humidade na planta devem ser

usados sistemas de cobertura do solo, com materiais que vão desde os materiais

orgânicos (palha ou produtos de compostagem em camadas de 8 a 10 cm), até

plástico preto e, mais frequentemente, telas.

Na entrelinha, afastado cerca de 10 cm da linha de plantação, para evitar a

competição, deve ser semeada uma cobertura vegetal com espécies resistentes a

fungos, cujo desenvolvimento é mantido com recurso a cortes. O material

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resultante do corte deve permanecer sobre o terreno, contribuindo assim para

aumentar o teor do solo em matéria orgânica.

É necessário ter cuidado com as mobilizações na entrelinha porque se se

aproximarem muito da linha de plantação podem danificar as raízes, o que irá ter

implicações na nutrição da planta, e portanto no seu vigor e capacidade produtiva.

Nas variedades eretas, onde é possível surgirem rebentamentos a partir da raiz, a

capacidade de produzir novos lançamentos poderá também ser afetada.

A cobertura com material orgânico (mulching) tem o inconveniente de ter que

ser reposto, no todo ou em parte, pelo menos de dois em dois anos. Por outro lado

o mulching pode conter sementes que irão germinar e originar uma infestação que

concorre com a produção. Também cria condições para o alojamento de roedores e

agentes patogénicos.

Pomar com cobertura de tela na linha

Sistemas de Condução

As variedades eretas não necessitam suporte, no entanto muitas vezes

instalam-se sistemas de condução para ordenar o crescimento dos ramos,

facilitando as operações, nomeadamente a colheita, e melhorando o arejamento

das linhas de plantação.

Nas variedades semi-eretas e prostradas é obrigatório, pelo menos a partir do

segundo ano, quando os crescimentos do ano começam a ficar mais vigorosos, a

instalação de um sistema de condução:

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Postes simples: É o sistema mais elementar, em que os lançamentos

são presos aos postes a cerca de 1,5 m. Normalmente usa-se apenas

nas variedades eretas para ordenar o pomar;

Cordão duplo: Sistema muito comum, em que se utilizam postes de

madeira tratada, separados de 6 a 7 metros entre os quais são

esticados dois arames paralelos de ø 9/11. O primeiro arame é

colocado a 1 metro do chão e o segundo a 1,5 metros. Os postes

devem ser ancorados no extremo da linha, de forma a conferir

estabilidade ao sistema de suporte.

À medida que os lançamentos vão crescendo devem-se atar de forma

a formar feixes. Quando atingem a altura do arame superior fazem-se

passar sobre ele e depois por baixo do arame inferior formando uma

espiral. Alternativamente, em variedades semi-eretas ou pouco

vigorosas, os ramos são esticados e presos aos arames em forma de

leque.

Esquema ilustrativo da condução em cordão duplo

Existem ainda outros sistemas, em que os postes são colocados em V com

uma inclinação de 20º a 30º, ou colocados paralelamente, dos quais saem arames

delimitando uma faixa na qual crescem as plantas. Na Califórnia, onde o cultivo de

amora está muito disseminado, existem já estruturas mecanizadas que fazem

variar a orientação e exposição dos lançamentos na altura da colheita para um

melhor acesso aos frutos.

Armação do terreno

A utilização de camalhões na plantação é uma prática recomendada, uma vez

que melhora a drenagem, evitando problemas como a asfixia radicular, responsável

pelo insucesso de muitos pomares. Os camalhões devem ter uma altura de cerca de

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50 cm relativamente ao do nível do solo por 60 cm de largura e poderão ser

construídos em terra, ou, preferencialmente em substrato.

Forçagem

No nosso clima não é necessário instalar estufas para a produção de amoras,

no entanto, a utilização de coberturas pode ter impactos positivos na produtividade,

na qualidade da fruta ou na deslocação da época de produção.

Uma das técnicas utilizadas consiste na cobertura das linhas de plantação,

depois de satisfeitas as necessidades de frio das plantas, com polietileno térmico,

conseguindo-se assim antecipar a entrada em produção em cerca de duas

semanas. Esta proteção da planta contra os danos do frio e chuvas origina também

uma redução de doenças foliares com impacto positivo na qualidade dos frutos. O

aumento da produtividade é devido à menor quantidade de fruta perdida por não

apresentar condições de comercialização.

É também usual a utilização de redes de sombreamento desde o vingamento

do fruto até à colheita para preservar a sua integridade.

A produção sob coberto permite também uma otimização da rega e

fertilização.

O investimento numa estrutura para cobertura do pomar, não sendo portanto

uma necessidade no que respeita a fornecer as condições agronomicamente

adequadas à cultura, é uma decisão de carácter económico em que há que

ponderar os custos/benefícios em termos de valor de investimento e valorização da

produção.

Existem ainda outras técnicas, que visam a obtenção de frutos em períodos fora da

época em que se dá o pico de produção, como a produção pelo sistema de long-

canes, com recurso a câmaras de frio, que poderão ser aplicadas desde que o

mercado pague estes investimentos que são normalmente avultados.

PRAGAS E DOENÇAS

Em cultura intensiva verifica-se o aparecimento de diversas doenças causadas

por fungos que atacam diferentes partes da planta, causando problemas fisiológicos

diversos que acabam sempre por se refletir na produção. Os fungos mais

comumente encontrados são os do género Trichoderma e Botryts.

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Os ataques de diversas pragas são também responsáveis por quebras na

produção de amora cultivada. Dentre os mais importantes destacamos os estragos

provocados pela broca, que escava galerias nos troncos, originando quebras de

vigor que podem ir até à morte da planta devido à dificuldade de translocação da

seiva.

Fonte: Direção Regional de

Desenvolvimento Agrário - Açores

A atuação correta consiste em não esperar que a doença se instale para

depois atuar, devendo antes privilegiar-se as medidas preventivas. Daí a

obrigatoriedade de um acompanhamento regular da cultura, de forma a fazer a

estimativa do risco de ataque, em função de fatores como as condições

meteorológica e estado vegetativo da planta, e adotar regras de prevenção de

doenças e pragas.

A primeira regra consiste em adquirir as plantas em viveiristas idóneos e

credenciados, porque por vezes são as próprias plantas que já transportam agentes

patogénicos que vão contaminar todo o pomar.

De seguida devem-se remover as plantas de amora selvagem existentes nas

proximidades, porque elas constituem alojamento privilegiado de inimigos da

cultura.

Uma vez instalado o pomar devem ser utilizadas técnicas culturais

adequadas, como sejam proceder à destruição de plantas e ramos infetados e

efetuar a remoção dos ramos resultantes da poda, de forma a minimizar as

condições propícias ao desenvolvimento dos inimigos da cultura.

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De qualquer forma é fundamental garantir um desenvolvimento vegetativo

equilibrado da planta, para que esta seja resistente aos ataques. Isto passa

sobretudo por garantir que o solo, donde a planta extrai os elementos

necessários ao seu crescimento, seja um solo fértil, rico em matéria orgânica e

com teores de pH adequados. Uma nutrição equilibrada constitui um garante de

plantas com boas resistências a ataques de doenças e pragas.

Outra prática cultural preventiva da ocorrência de infestação consiste em

garantir um bom arejamento das plantas através de um bom espaçamento e

podas razoáveis

REGAS

No nosso clima, com verões amenos mas secos, é imprescindível montar no

pomar um sistema de rega, tanto mais que a formação e maturação dos frutos,

períodos de maior suscetibilidade ao stress hídrico, ocorrem exatamente nesse

período.

As plantas sujeitas a stress hídrico durante a fase de crescimento e

frutificação desenvolvem frutos com menor tamanho e lançamentos mais débeis, o

que tem implicações na produção do ano e na do ano seguinte.

O sistema de rega aconselhado é a gota a gota porque fornece água numa

faixa junto ao caule, onde se situam as raízes primárias, responsáveis pela maior

parte da absorção. Este sistema, porque não molha as folhas e frutos, reduz o

apodrecimento de frutos e os problemas fitossanitários.

A utilização de coberturas, porque diminui a evapotranspiração, conduz a uma

economia de água.

PODA

No primeiro ano de vida do pomar, para além da rega e do controlo de

infestantes, a única operação cultural necessária é uma poda adequada, efetuada

no inverno, e que consiste apenas no desponte dos ramos, 15 cm acima do arame

de suporte.

No final deste primeiro inverno ocorrerá a rebentação, nos ramos do ano, de

novos lançamentos onde irá ocorrer a frutificação. Após a colheita deverão ser

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eliminados os ramos onde ocorreu a frutificação, com um corte junto ao solo, uma

vez que não irão voltar a produzir frutos. Nas hastes do ano deverá ser retirada a

extremidade, deixando apenas um troço que permita a amarração no arame, de

forma a estimular a rebentação secundária onde irá ocorrer a próxima produção.

No verão poderá ser necessário efetuar uma poda em verde, se a vegetação

for excessiva, de forma a eliminar alguns rebentos, o que irá reduzir a competição

entre os ramos, aumentar o arejamento e facilitar a circulação de pessoas e as

operações culturais. Com o mesmo objetivo deve-se também cuidar de controlar

todos os rebentos que surgirem entre as linhas, mantendo a densidade de

plantação e a largura da linha.

Fonte:

sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br

Em resumo, nas variedades eretas deve-se proceder à eliminação dos

lançamentos que nascem fora duma largura de cerca de 45 cm ao longo da linha de

plantação, dos ramos que já produziram frutos e dos lançamentos pouco vigorosos,

elegendo apenas os melhores 13 a 20 lançamentos por metro linear para promover

o arejamento e ganhar espaço para a ramificação nos lançamentos selecionados. O

corte deverá ser efetuado ao longo da estação de crescimento, consistindo no

desponte dos ramos primários a cerca de 100cm de altura, para eliminar a

dominância apical, estimulando o rebentamento de ramos laterais, onde ocorrerá a

frutificação, e tornar estes ramos primários mais fortes para suster o peso da

produção. No fim do inverno devem-se selecionar os lançamentos secundários que

se encontram bem inseridos e podá-los a cerca de 30 cm para estimular a sua

frutificação.

Nas variedades prostradas, onde é obrigatória a utilização de um sistema de

suporte, os lançamentos podem crescer durante o verão junto ao solo encostados à

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linha de plantação. Após a colheita procede-se à eliminação dos ramos que já

frutificaram e selecionam-se os melhores lançamento do ano, que se despontam a

1,80, sendo então atados e distribuídos pelas fiadas do sistema de suporte. Os

lançamentos secundários são podados a cerca de 30 cm no fim do Inverno, tal

como nas variedades eretas.

PLANTAÇÃO

O primeiro passo consiste em escolher o local onde será instalado o pomar,

obedecendo às regras anteriormente apontadas e que dizem respeito à exposição e

tipo de solo. Zonas onde foram cultivadas solanáceas (tomate, batatas, beringela,

etc.) devem ser evitadas porque são zonas potenciais de ocorrência de nemátodos,

aumentando o risco de infeção. De qualquer forma é conveniente proceder a uma

fumigação para eliminar organismos patogénicos.

A preparação para a plantação deve começar um ano antes, com a

sementeira de um adubo verde com vista a incrementar o teor do solo em matéria

orgânica e inviabilizar as sementes de infestantes.

No ano que antecede a plantação, ou no mínimo 6 meses antes, deve-se

mandar analisar uma amostra de solo para proceder à correção do pH se for caso

disso. Na mesma altura deve-se fazer a incorporação de matéria orgânica para

incrementar o arejamento e a drenagem do solo assim com aumentar a capacidade

de retenção de água. No boletim de análise é também referida a recomendação de

fertilização de fundo adequada.

As plantas devem ser plantadas em dormência, no início da primavera,

devendo ser adquiridas para o efeito plantas saudáveis e certificadas, pois elas vão

determinar a capacidade produtiva do pomar mais do que qualquer outro fator.

Uma cultivar muito produtiva em más condições fitossanitárias não irá exprimir o

seu potencial produtivo nem poderá produzir frutos saudáveis.

Numa altura em que o solo não esteja encharcado proceder à abertura de

covas de forma a permitir o enterramento completo das raízes das plantas e cobrir

com 5 a 7 cm de terra. De seguida podar para estimular o crescimento de novos

lançamentos.

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PRODUÇÃO E COLHEITA

A produção de amoras inicia-se em meados de Maio e poderá estender-se até

meados de Outubro com as diferentes variedades cultivadas no nosso país. O

período de colheita de cada variedade poderá durar até 6 semanas.

A produtividade média de um pomar, conduzido corretamente, é de cerca de

10 t/ha. O peso médio dos frutos é de 4 a 7 gramas.

A maturação ocorre 35 a 45 dias após a polinização das flores, com os frutos

a evoluírem de verde para vermelho e finalmente preto, à medida que vão

ganhando peso e amadurecendo. A administração em água e a radiação solar são

fundamentais para o fruto adquirir peso e sabor.

A colheita deve ser efetuada quando os frutos tiverem adquirido a cor negra

mas ainda permaneçam com uma película brilhante, de forma a aguentarem o

tempo de armazenamento e transporte.

Frutos com coloração negra mas com aspeto

baço e polpa pouco firme são mais doces mas

têm pouco tempo de conservação devendo

ser consumidos de imediato. Recomenda-se

uma passagem no pomar a cada dois a três

dias para proceder à colheita dos frutos

maduros. A colheita deve ser efetuada

quando o dia ainda estiver fresco mas os

frutos não devem ter humidade.

O momento exato da colheita é de

extrema importância na definição da

qualidade, na medida em que, se os frutos

forem colhidos demasiado cedo possuem uma adstringência que os torna

desagradáveis ao paladar, se ultrapassado o ponto de maturação perdem firmeza e

a sua conservação e manuseamento são afetados.

A colheita pode ser mecanizada, no entanto este método só é utilizado

quando a fruta é destinada ao mercado da transformação uma vez que, tratando-se

de um fruto muito sensível, o seu aspeto pode ficar deteriorado e portanto

desvalorizado para o mercado em fresco. A colheita mecânica pode ser responsável

também por quebras de produção de podem ir até aos 40%.

A amora, sendo um fruto bem remunerado, destinado a um consumidor

exigente em termos de padrões de qualidade, nomeadamente no que diz respeito a

higiene, exige especial atenção a questões ligadas a contaminação durante o

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manuseamento, transporte e armazenamento. Assim devem ser adotadas as boas

práticas que impeçam a contaminação por agentes de natureza biológica, química e

física e que incluem, entre outras coisas, a utilização de material não tóxico e

devidamente higienizado, condições de higiene para trabalhadores assim como a

utilização veículos exclusivos, que não devem ser utilizados para o transporte de

outros produtos. Para cumprir todas as regras deverá se elaborado um programa

de procedimentos de higiene com registo de procedimentos.

A colheita deve ser feita diretamente para as embalagens, de cerca de 150 gr,

ou outras, conforme exigido pelo operador que fará a comercialização, para que o

fruto não seja mais manipulado ao longo de toda a cadeia de conservação,

transporte e comercialização. Se não se dispuser das embalagens de

comercialização aquando da colheita, e os frutos tiverem que ser armazenados a

granel, deve-se ter o cuidado de não efetuar camadas superiores a 5 cm para

preservar a integridade da polpa.

A amora é um fruto que sofre uma rápida quebra de qualidade pós-colheita,

pelo que, logo a seguir à colheita, é aconselhável proceder a uma pré-refrigeração

com ar forçado a 5ºC durante 4 horas. Devido ao fruto ser constituído por mini-

drupas agregadas está desaconselhado o uso de água para efetuar este

procedimento, uma vez que a imersão pode levar à danificação dos tecidos de

proteção do fruto e aumentar a ocorrência de podridões.

De seguida o fruto deve seguir para armazenamento, onde poderá

permanecer até 5 dias, a temperatura de 0º e com humidade relativa de 90-95%.

Se não forem adotados todos os cuidados pós-colheita, os frutos rapidamente

sofrem danos fisiológicos, que originam desvalorização da produção, e que vão

desde alterações na cor, desidratação, alterações de aroma e sabor, até à podridão

dos frutos. Estas alterações estão ligadas ou à ausência de frio ou a deficiências nas

câmaras como sejam falta de humidade ou concentrações de oxigénio e dióxido de

carbono longe das recomendadas, quando conservados em atmosfera controlada.

Regras a observar para a preservação da higiene e sanidade dos

frutos:

Como se trata de um fruto que irá ser consumido em natureza, sem casca

para retirar, há que ter especial atenção no sentido de minimizar contaminações:

Usar matéria orgânica devidamente maturada;

Não usar na rega águas contaminadas;

Não permitir a circulação de animais no pomar especialmente na altura da

colheita;

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Desinfetar as embalagens para onde são apanhados e transportados os

frutos;

Dispor de casas de banho para os trabalhadores de campo;

Formar o pessoal no sentido de proceder à desinfeção das mãos;

Não misturar frutos são com frutos deteriorados ou contaminados.

Senhora da Hora, Janeiro de 2015

Isabel Barrote

(Engª Agrónoma)

MIRTILO