34
Amor de Perdição Camilo Castelo Branco

amordeperdio-100823182524-phpapp01

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Citation preview

Amor de Perdio

Amor de PerdioCamilo Castelo Branco

Personagens: Simo Botelho Domingos Botelho(pai de Simo) D. Rita Preciosa (me de Simo) Rita ( irm mais nova de Simo) Teresa Albuquerque Tadeu de Albuquerque Baltazar Coutinho, Joo da Cruz (ferrador) Mariana Arreeiro A Mendiga No romance , o narrador-autor reproduz o registro de priso de Simo Botelho nas cadeias da Relao do Porto. Inicialmente, fala diretamente ao leitor, imaginando a reao que tal histria poderia provocar : compaixo, choro, raiva, revolta.

(...) Dezoito anos!... E degredado da ptria, do amor e da famlia! Nunca mais o cu de Portugal, nem liberdade, nem irmos, nem me, nem reabilitao, nem dignidade, nenhum amigo!... triste! O leitor decerto se compungiria; e a leitora se lhe dissessem em menos de uma linha a histria daqueles dezoito anos choraria! Trecho extrado do livro Amor de Perdio. Simo Botelho,15 anos, filho de Domingos Botelho e D. Rita, estuda em Coimbra.Em um determinado perodo de frias vai para Viseu, onde moram seus pais, onde por ventura se mete numa briga em defesa de um criado que fora espancado, seu pai enfurecido o quer ver preso. Sua me o ajuda na fuga para Coimbra, onde aconselha que o filho aguarde aplacar a fria do pai. O discurso ia no mais acrisolado da ideia regicida, quando uma escolta de verdeais lhe aguou a escandescncia. Quis o orador resistir, aperrando as pistolas, mas de sobra sabiam os braos musculosos da corte do reitor com quem as havia. O jacobino, desarmado e cercado, entre a escolta dos arqueiros foi levado ao crcere acadmico, donde saiu seis meses depois, a grandes instncia dos amigos de seu pai e dos parentes de D. Rita Preciosa. No espao de trs meses fez-se maravilhosa mudana nos costumes de Simo. As companhias do rel despresou-as. Saa de casa raras vezes, ou s, ou com sua irmo mais nova, sua predileta... Em casa encerrava-se no se quarto, e saa quando o chamavam para a mesa. Desconhece a esse momento Domingos Botelho a real razo da mudana de seu filho: o rapaz nos seus 17 anos est apaixonado pela filha do vizinho, um inimigo de seu pai. A inimizade tinha se concretizado quando Domingos Botelho dera sentenas contrrias aos interesses de Tadeu de Albuquerque e azedado mais uma vez quando Simo machuca empregados de Tadeu em recente briga. Por trs meses, Simo e Teresa encontram-se e falam s escondidas, sem levantar nenhuma suspeita. Na vspera do retorno de Simo Coimbra, os enamorados falam-se pela janela, quando subitamente Teresa arrancada da frente de Simo. seu pai, reagindo fortemente ao flagrante. Simo se desespera, tem febre, mas assim mesmo parte para Coimbra, com o plano de retornar secretamente para se comunicar com Teresa. Quando metia o p no estribo, viu ao seu lado uma velha mendiga, estendeu-lhe a mo aberta como quem pede esmola, e, na palma da mo um pequeno papel. Sobressaltou-se o moo; e a poucos passos distante de sua casa, leu estas linhas: (...) Meu pai diz que me vai encerrar num convento por tua causa. Sofrerei tudo por amor de ti. No me esqueas tu, e achar-me-s no convento, ou no cu, sempre tua do corao e sempre leal Parte para Coimbra. L iro dar as minhas cartas; e na primeira te direi em que nome hs de responder a tua pobre Teresa Rita, a irm caula de Simo, e Teresa comeam a travar uma amizade secreta, com conversas sussurradas atravs das janelas. Tadeu tem para consigo a convico de que o melhor remdio para curar aquela paixo o silncio e a distncia. Planeja secretamente casar a filha com um primo, Baltasar Coutinho. Chama logo o rapaz a Viseu, conta seus planos e lhe incentiva a cortejar a filha. Teresa, no entanto, se nega a Baltasar, que insiste em conhecer suas razes: quer ouvir a confisso da prima sobre seu rival. O que ele fez foi logo chamar a Viseu o sobrinho de Castro-d Aire, e preveni-lo do seu desgnio, para que ele, em face de Teresa, procedesse como convinha a um enamorado de feio, e mutuamente se apaixonassem e prometessem auspicioso futuro ao casamento Simo tremia sazes e as artria frontais arfavam-lhe entumescidas . Nesse propsito saiu, alugou cavalo, e recolheu a vestir-se de jornada.

Quando o arreeiro bateu porta, Simo Botelho(...); resolvera ir a Viseu, entrar de noite, esconder-se e ver Teresa.13 Fica acertada uma hospedagem na casa do primo do arreeiro, o ferrador Joo da Cruz. O arreeiro encaminha correspondncia para Teresa. Ao longe, Simo percebe que na casa de sua amada est acontecendo um festa. uma nova investida de Tadeu, que planeja agora propiciar convvio social a Teresa, na esperana que assim ela deixe de teimar em amar o nico rapaz que conhece. (...)Naquela noite se festejava os seus anos, e se reuniram em casa os parentes. Disse-lhe que s onze horas em ponto ela iria ao quintal e abriria a porta. O primo Baltasar se encontra entre os convidados e observa todos os passos de Teresa. Percebe assim quando Teresa sai da sala e se dirige ao fundo do quintal. A menina volta logo, mas o primo continua a observ-la e, numa segunda escapada, a segue at o jardim. Teresa percebe seu vulto e se assusta, retornado a casa. Ao pai, Teresa alega que est sentindo dores. Mas como o primo Baltasar no encontrado na sala, Teresa se oferece para ir procur-lo l fora. Aproveita a oportunidade para ir ao encontro de Simo que a esperava junto ao muro. Trocam os enamorados correspondncia. Simo passa o dia na casa do ferrador, que lhe revela se sentir a ele unido por dever de gratido: o ferrador escapou h trs anos da forca por intermdio do pai de Simo. Coincidentemente, h mais tempo ainda, foi empregado de Baltasar Coutinho, que lhe emprestou dinheiro para se estabelecer e, h coisa de poucos meses, lhe chamou pedindo que matasse um homem: o prprio Simo. Trocam os enamorados correspondncia. Simo passa o dia na casa do ferrador, que lhe revela se sentir a ele unido por dever de gratido: o ferrador escapou h trs anos da forca por intermdio do pai de Simo. Coincidentemente, h mais tempo ainda, foi empregado de Baltasar Coutinho, que lhe emprestou dinheiro para se estabelecer e, h coisa de poucos meses, lhe chamou pedindo que matasse um homem: o prprio Simo. Seguem a Viseu Simo, o ferrador e o arreeiro. Baltasar Coutinho e dois homens esto preparando uma tocaia. Ambos os grupos discutem suas estratgias. Simo mal se avista com Teresa e o clima fica to tenso e perigoso, que o grupo planeja a retirada. No caminho, encontram mesmo os homens de Baltasar; matam um e ferem o outro. Simo tenta dissuadir Joo da Cruz a consumar o segundo assassinato, mas o ferreiro no o escuta. Os crimes permanecem um mistrio, sem testemunhas e sem ningum em condies de denunci-los, j que todos os envolvidos tm sua parcela de culpa e participao. No embate, Simo fora ferido e passa por temporada de recuperao na casa do ferreiro. cuidado por Mariana, de quem aos pouco descobre o amor. Enquanto isso, Teresa levada provisoriamente ao convento de Viseu, enquanto no se completam os preparativos para sua transferncia para o convento de Monchique, no Porto. No convento encontra o favor de uma das freiras, que se compromete a restabelecer sua correspondncia com Simo. noite, quase no escuro, Teresa escreve carta para Simo. O rapaz, ao receber a carta com notcias do convento, escreve resposta e pede que o ferrador se encarregue de encaminh-la. O ferrador percebe que o rapaz est quase sem dinheiro e com a filha inventa uma forma de resolver tambm este problema de Simo: dizem que a me lhe enviou dinheiro. Prepara-se a mudana de Teresa para Monchique e cresce a desesperana dos amantes. Envia por Mariana uma carta, entregue em mos a Teresa no convento. Em resposta a Simo, Teresa manda dizer que de nada adiantam os planos de fuga porque uma grande escolta a acompanha na viagem, incluindo o primo Baltasar... Simo se aflige em especial com este detalhe da notcia. Resolve assim mesmo ir ver Teresa sada do convento e Joo da Cruz se prontifica a acompanh-lo, com um grupo, para que possam proceder a um rapto. Simo no aprova o plano, mas mantm em segredo a deciso de ir ver Teresa. Noite alta, Simo aguarda nas proximidades do convento. s quatro e meia, comea a movimentao da comitiva, formada por Tadeu de Albuquerque, criados, Baltasar e suas irms. To logo saem todos, Simo os intercepta. Agredido verbalmente por Baltasar, reage e, quando o rival avana, responde com um tiro de pistola. Neste momento, surge o ferrador que incita Simo fugir. Simo, no entanto, se recusa. O meirinho-geral, vizinho do convento, chega rapidamente e lhe sugere novamente a fuga, que novamente recusada. O crime rapidamente chega ao conhecimento da famlia Botelho. As irms choram, a me espera que o pai interceda favoravelmente ao filho, mas Domingos Botelho duro: espera que a lei se cumpra com rigor. A situao de Simo pssima: confessa tudo, sem nem alegar legtima defesa. O pai se nega inclusive a lhe financiar o conforto e as primeiras necessidades na cadeia e decide mudar com a famlia de Viseu, para que ningum se sinta coagido a facilitar a situao de Simo. J na cadeia, Simo recebe almoo mandado por sua me e acompanhado de uma carta. Pelos dizeres da me, acaba por concluir que a ajuda que recebera anteriormente no viera dela e passa a recusar qualquer auxlio materno. Simo condenado forca. Mariana, to logo sai a sentena, sofre de um ataque de loucura. Amigos, conhecidos, familiares e sobretudo sua me, Rita, pressionam seu pai a interceder em seu favor, mas Domingos Botelho, residindo afastado da famlia, resiste a faz-lo. At que um tio o pe contra a parede. Domingos Botelho age, movido tambm pelo prazer em se mostrar mais influente que Tadeu de Albuquerque. Consegue assim a comutao da pena do filho para um degredo de dez anos na ndia. Enquanto isso, Teresa se encontra no convento de Monchique, no Porto. Acompanhada de uma criada, Constana, e bem tratada pela sua tia, prelada do convento. Consegue brecha para mandar carta a Simo, onde manifesta que tambm se sente espera da morte. Joo da Cruz, que vem acompanhado da filha, j recuperada. Mariana quer novamente servir a Simo. Tambm restabelece-se a possibilidade de correspondncia com Teresa. Joo da Cruz retorna a Viseu, deixando Mariana com Simo. Pouco depois Joo da Cruz morto em vingana de um antigo crime. Mariana ento retorna a Viseu e vende tudo o que seu pai lhe deixou, com a inteno de estar livre para acompanhar Simo no seu degredo.Passam-se ainda alguns meses at que em 17 de maro de 1807 Simo da Botelho embarca para a ndia. Mariana, sem maiores dificuldades, consegue um lugar bordo.-Onde Monchique ? Perguntou Simo a Mariana. - acol, senhor Simo. Cruzou os braos Simo, e viu atravs do gradeamento do mirante um Vulto. Era Teresa.Teresa

Emaou depois as cartas, e cintou-as com cintas de seda desenlaadas de raminhos de flores murchas, que Simo, dois anos antes, lhe atirara da sua janela ao quarto dela.(...) Deu as cartas a Constana, e encarregou-a de uma ordem, a respeito das cartas.(...)e, estendendo o brao mendiga recebeu o pacotinho de cartas enviado por Teresa. L mesmo no mirante, Teresa morre. O capito do navio conta a Simo detalhes da morte de Teresa e promete a esse que, caso algo lhe acontea, reconduzira Mariana a Portugal. Simo l a derradeira carta de Teresa, que lhe chegou junto ao mao de correspondncia. Algum tempo depois morre Simo. Seu corpo lanado ao mar, e algo que todos viram e ningum j pode segurar foi Mariana que tambm se atirara ao mar.Amou, perdeu-se, e morreu amando.SimoO amor de Simo Botelho e Teresa Albuquerque: Amor singularmente discreto e cautelosoSobre o Autor