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Ampliando o debate e renovando compromissosInformativo da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva ANO XXIV - BOLETIM ESPECIAL - SETEMBRO DE 2007 ABRASCO Rua

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Informativo da Associação Brasileirade Pós-Graduação em Saúde ColetivaANO XXIV - BOLETIM ESPECIAL - SETEMBRO DE 2007

ABRASCORua Hesperia, 16 Parte, Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - 21050-040Tel/Fax.: (21) 2560 8699, 2560 8403 e 2598 2527Web Site: www.abrasco.org.br - E-mail: [email protected]

Diretoria 2006-2009Presidente: José da Rocha Carvalheiro - Universidade de São PauloVice-Presidentes: Armando Martinho Bardou Raggio - FEPECS; Luiz Augusto Facchini- UFPeL; Madel Therezinha Luz - UERJ; Maurício Lima Barreto - UFBA; Paulo ErnaniGadelha Vieira - FIOCRUZ

Conselho 2006-2009Gastão Wagner de Souza Campos - DMPS/FCM/UNICAMP; Antônio Ivo de Carvalho- ENSP/FIOCRUZ; Chester Luiz Galvão Cesar - FSP/USP; Letícia Fortes Legay -IESC/UFRJ; Eduardo Freese - CpqAM/Fiocruz

Secretário Executivo - Álvaro Hideyoshi MatidaSecretárias Executivas - Mônia Mariani Besch e Margareth Pessanha de SouzaGerente Geral - Hebe Conceição da Silva PatoléaEquipe - Andréa de Cássia de Souza, Elaine Leal de Souza, Aline MacárioBarzellai Rodrigues, Jorge Luiz Lucas, Marcio Gomes de Alencar, Cátia,Pinheiro de Souza, Sidney Cabral e Inez Damasceno Pinheiro (Abrasco Livros)Coordenação Editorial - Mônia Mariani Besch e Margareth Pessanha de SouzaJornalista Responsável - Juana PortugalApoio - Elaine Leal de Souza; Andréa Souza e Jorge Luiz LucasIlustrações - Caco XavierProjeto Gráfico e Editoração - Martha SchludeImpressão - Set PrintTiragem - 4 mil exemplares

EXPEDIENTE

O processo de preparação e reali- zação do IV Congresso Brasilei- ro de Ciências Sociais e Huma-

nas em Saúde da Associação Brasilei-ra de Pós Graduação em Saúde Cole-tiva – Comissão de Ciências Sociais eHumanas em Saúde/ABRASCO, em con-junto com o X Congresso Latino Ame-ricano de Medicina Social/ALAMES e oXIV Congresso Internacional de Políti-ca de Saúde - Associação Internacio-nal de Política de Saúde/IAHP, emestreita parceria com o Instituto deSaúde Coletiva da Universidade Fede-ral da Bahia, integra o esforço destasorganizações em ampliar o debate emtorno dos grandes desafios da SaúdeColetiva no contexto da mundialização.Quatro mil participantes, entre congres-sistas e convidados, gestores, profissio-nais de saúde, lideranças de movimen-tos civis, pesquisadores e professores detodos os estados da federação e de de-zoito países fizeram da cidade de Sal-vador cenário e lócus político-cientificode mobilização, discussão e produçãode uma agenda internacional pelaequidade, ética e direito a saúde.

O tema central do evento -Eqüidade, Ética e Direito À Saúde: De-safios à Saúde Coletiva na Mundi-alização - associado à diversidade deeixos temáticos garantiu múltiplascontribuições de instituições nacionaise estrangeiras, mobilizando a comuni-dade científica e os movimentos civis ainscreverem experiências e resultados depesquisas e projetos, tanto no âmbito

da sociedade civil e dos centros de ensi-no e pesquisa quanto nos diversos níveisde serviços de saúde que integram oSistema Único de Saúde.

O programa científico comportou doisperíodos: o pré-congresso, nos dias 13 e14 de julho, com a realização de 27 ofi-cinas de trabalho e 17 cursos multidisci-plinares com a participação de 1.385 pes-soas. Estas atividades enfocaram diferen-tes temas e abordagens de interesse aoprocesso de discussão e educação conti-nuada de profissionais de saúde. Duasconferências, quatro Grandes Debates,21 Fóruns, 27 Reuniões Institucionais,129 Painéis, 24 Palestras e 133 Comuni-cações Coordenadas e 2.330apresentações nas sessões de Pôsterescompuseram a programa no segundo pe-ríodo, de 15 a 18 de julho.

Os resultados alcançados extra-polaram as expectativas da ComissãoOrganizadora e garantiram a expressãode projetos, experiências e idéias de to-dos os congressistas. A quantidade e adiversidade da produção científica rei-teram e inovam o desejo e a ação portransformações necessárias e mudançasurgentes no quadro de iniqüidades eaviltamento de direitos políticos e soci-ais que agravam a situação de saúde equalidade vida dos povos.

O esforço empreendido por todos,realizadores e participantes, fortalecemvalores e integram agendas locais, naci-onais, regionais e internacionais em tor-no da Saúde como direito inalienável,

como fator intrínseco e indissociável daseguridade social e como condição edeterminante do desenvolvimento global.

O tema central destes congressos su-blinha e renova três acontecimentos quecolocam a Saúde Coletiva brasileira eminteração com a comunidade internacio-nal. O primeiro, o mote do últimoAbrascão - Saúde Coletiva em um Mun-do Globalizado: rompendo barreiras so-ciais, econômicas e políticas - quando emconjunto com a Federação Mundial deAssociações de Saúde Publica/WFPHA,reunimos, em agosto de 2006, no Rio deJaneiro, 12 mil participantes para um de-bate crítico em torno dos grandes desafi-os da Saúde Coletiva e das idéias e pro-posições frente aos impactos da glo-balização sobre a saúde e a qualidadede vida dos povos. A Declaração do Riode Janeiro, elaborada e aprovada naquelefórum internacional é a expressão docompromisso nesta direção.

O segundo, a agenda do Comitê in-ternacional de Determinantes Sociais daSaúde e seus comitês correlatos na região(Brasil e Chile). Em 2007 no Brasil, combase no Plano de Trabalho 2006-2009 doComitê Nacional de Determinantes So-ciais da Saúde (CNDSS) e em conso-nância com os princípios e valoresdefendidos na Declaração do Rio deJaneiro, foram destinados oito milhõesde reais no desenvolvimento de pesquisasna área de iniqüidades no acesso à ser-viços e tecnologias em Saúde, direitoshumanos, ética, raça e etnia e ambiente.

Ampliando o debate e renovando compromissos

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O terceiro acontecimento, a realiza-ção da 13ª Conferência Nacional deSaúde, com o tema Saúde e qualidadede vida: Política de estado e desen-volvimento, renova nossos compromissose missão. Este fórum nacional envolve oconjunto de membros do CNS – incluindo

a ABRASCO – o CONASS, o CONASEMS, lide-ranças dos Movimentos Sociais e atoresdo SUS nas três esferas de governo.

É neste contexto amplo e diversoque situamos a realização destes trêscongressos em Salvador. A energia ecompromissos renovados revigoram e

ampliam nossas agendas para fazerfrente aos grandes desafios em torno dagarantia de equidade, ética e direito asaúde. A solidariedade e responsabilida-de globais são motrizes de nossa advo-cacia e ação pela saúde e qualidade devida de todos.

Os espaços de reflexão acadêmica e articulação política criados emtorno dos Congressos de Salva-

dor foram organizados considerando umtema central complexo: Equidade, Éticae Direito à Saúde: desafios à Saúde Co-letiva na mundialização. A escolha, mo-tivada pela busca de uma interaçãomaior com a comunidade internacionala partir de temáticas amplas, seguiu aestratégia adotada no 8º Congresso Bra-sileiro de Saúde Coletiva e 11º Congres-so Mundial de Saúde Pública, realiza-dos pela ABRASCO em parceria com aWFPHA em agosto de 2006.

A convocatória ao debate em Sal-vador enfocou quatro eixos temáticos:Saúde Coletiva Hoje - a prática, o de-bate teórico e o debate político;Equidade e Direito à Saúde, Direito àVida e à Paz e, Mobilização e Participa-ção Social - imperativo para a SaúdeColetiva. Além de nortear conferências,painéis e apresentações de trabalhos, oseixos também guiaram os quatro gran-des debates do evento que constituíramum cenário privilegiado para a discus-são e intercâmbio de idéias e ações emtorno da área da Saúde Coletiva no Bra-sil, na América Latina e no mundo.

Saúde Coletiva Hoje

O grande debate dedicado a esteeixo foi coordenado por EverardoDuarte Nunes, da Universidade Estadualde Campinas e contou com a participa-

Equidade, Ética e Direito à Saúde:desafios à Saúde Coletiva na mundialização

ção de Naomar de Almeida Filho (UFBA),Madel Therezinha Luz (ABRASCO), JaimeBreilh (Centro de Estudos e Assessoria emSaúde/Equador) e Ulrich Laaser (WFPHA).

No início do debate, foi proposta umareflexão teórica sobre o campo da SaúdeColetiva, considerando seu contextoepistemológico e político. Em seguida,abordaram-se conceitos do campo, disci-plina e paradigmas e suas intrincadasrelações. “A Saúde Coletiva envolve epis-temes científicas e das humanidades edeve abrir espaço para uma outra áreapouco conhecida e estudada, a das artes”,declarou Naomar de Almeida Filho, afir-mando que a saúde não é um campo, masuma articulação de campos disciplinaresde ação tecnológica e prática social.

Alguns dos principais desafioselencados para os teóricos são: avançarno processo de construção teórica do ob-jeto da Saúde Coletiva (Saúde-Doença);consolidar novos conceitos e reconstruirteoricamente conceitos correlatos (comointegralidade, vulnerabilidade e Atenção-Cuidado-Cura); experimentar e criar no-vas alternativas de modelagem da com-plexidade dos objetos da Saúde Coletiva;integrar os processos de modelagem teó-rica a modos alternativos de produçãode dados (integração metodológica); articu-lar marcos conceituais inter e transdisci-plinares; estruturar teori-camente os de-safios da prática do sistema de saúde; atu-alizar conceitos de Humanidades, Huma-nismo e Humanização, abrindo novas

“feridas narcísicas” e rever o papel dasArtes na construção do campo de Pro-moção da Saúde.

Mas, “o que é conceitualmente Saú-de Coletiva quando tudo o que é huma-no torna-se saúde, num marco de gene-ralização sociológica e ontológica?”, pro-vocou a Profa. Madel Terezinha Luz.Para ela a Saúde Coletiva é fruto da“humanização” da Saúde Pública, atra-vés da incorporação das Ciências Hu-manas e da Política, por isso é um campoeminentemente transdisciplinar de sabe-res e práticas. Afirmando que a produ-ção científica do campo é reconhecidano exterior Madel argumenta que não épossível que a Saúde Coletiva, diante damedicina ou da grande área de saúde,não seja considerada a sua pontaavançada em termos de conhecimento.

Na atualidade a Saúde Coletiva serevela um instrumento de intervençãoestratégico na vida e na saúde. Ques-tões como a fome, o meio ambiente vis-to como natureza deteriorada; a violên-cia como sintoma e expressão de ummodo social de viver e o regime de orga-nização social do trabalho como gera-dor de sofrimento e doença indivi-dual e coletiva, entre outras, são umapequena amostra da abrangência destaárea do conhecimento.

No campo político, Madel dividiu osdesafios em duas vertentes. Um de cará-ter acadêmico, no sentido de agir face àsAgências de fomento à pesquisa, de for-

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ma coerente e coesa, como área acadê-mica produtiva, combatendo o produ-tivismo como ideologia de Estado. A ou-tra vertente como o fim em si mesmo dapesquisa, ensino e intervenção.

Entrando no campo da política, Jai-me Breilh formulou a seguinte questão:a Saúde Pública do século XXI está do-mesticada ou despertou para descolonizare ativar mudanças profundas? Para ele, aAmérica Latina vive uma etapa de pro-messa, em que a distância entre os so-nhos e a força para realizá-los está cadavez mais curta. No entanto, os avançosalcançados em nível de governo e emoutras instâncias não significam o poderpleno e sustentável nos estados. Para opesquisador a organização insuficiente ea falta de clareza nas interpretações impli-cam numa grande vulnerabilidade paraestas conquistas e poderia significar umretrocesso na região.

Lembrando a sabedoria dos seus an-cestrais, Breilh lembrou que para lutar pelavida e a terra faz falta paixão e o espíritocrítico. Em seguida, lembrou que a saúdeé construída e alimentada não só com jus-tiça profunda, mas com o amor à terra.“Num encontro científico devemos discu-tir o amor e a forma mais perfeita do amor:a revolução”.

Breilh formulou uma série dequestionamentos: Qual é o critério cen-tral para avaliar o papel da Saúde Pú-blica? O academicismo funcional estáinfiltrado no poder na área? Estamosaproveitando o momento históricoprogressista da América Latina sem con-solidar nos cenários institucionais as no-vas práticas e idéias que inspiraram asnossas organizações?

Para ele, não estamos compreenden-do nossa época, a atual fase do capitalis-mo, e não percebemos a precariedade evulnerabilidade das nossas conquistas. Aomesmo tempo, foi apontada a existênciade um comportamento científico permis-sivo, vinculado ao poder, que por vezeschega a ser “mercenário”. Uma questãoao mesmo tempo ética, política e epis-temológica da práxis.

As organizações (acadêmicas, públicase da esfera do privado) atuam com perigo-sa timidez e autolimitação, sem tomardistância do funcionalismo, para construir,coletiva e inter-culturalmente, uma práxisvinculada às necessidades e interesses es-tratégicos das nossas coletividades. Partin-do da premissa básica de Bourdieau “a

ciência – assim como que outras opera-ções que manipulam símbolos - é umaexpressão transformada, subordinada,transfigurada e, por vezes, irreconhecíveldas relações do poder de uma sociedade”.

No caso da União Européia éhegemônico o modelo de tomada de de-cisão baseado na ciência, um modelo re-forçado, segundo Breilh, por uma visãounilateral, que coloca a incerteza científi-ca como obstáculo para a aplicação doprincípio de precaução e tem se transfor-mado em instrumento funcional do po-der. O modelo científico hegemônicoapóia toda sua validade nas chamadasavaliações por pares (peer review). Estarevisão, originalmente uma ferramenta dedesenvolvimento, virou instrumento decontrole acadêmico, científico e cultural.

O paradigma científico reducionista elinear que fragmenta e descontextualizaproblemas, empobrece a observação ci-entífica, reduzindo-a a evidências quanti-tativas e supostamente precisas que têmsido colocadas a serviço das corporações.Por isso, na Europa há um movimentogeneralizado que clama pela abertura daciência para uma posição transparente,aberta e participativa, submetendo-se aoescrutínio público e controle coletivodo saber.

Na América Latina, processos aber-tos nas assembléias constituintes deEquador e Bolívia buscam redefinir o queé saúde, os processos que a determiname os preceitos básicos de uma políticaintegral rumo a uma proposta de consti-tuição. Neste sentido, um modelo inte-gral deve ter reflexos nas políticas econô-micas e no controle social.

O pensamento independente da Saú-de Pública está perdendo espaço e é ne-cessário promover a articulação entre dis-ciplinas para combater o pensamentohegemônico que tenta domesticar a Saú-de Pública para que não cumpra seu pa-pel, aplicando um enfoque linear ereducionista que achata a realidade e nãoajuda a compreender a complexidadedo mundo.

Para Ulrich Laaser, da Federação Mun-dial de Associações de Saúde Pública/WFPHA, na Saúde Pública, onde a preo-cupação é predominantemente com as po-pulações saudáveis e a prevenção dos ris-cos, existe o dilema do utilitarismo, que ageem nome dos melhores resultados. Nele,está a necessidade de prescrever interven-ções baseadas na probabilidade para os

indivíduos ou negar esta intervenção embenefício de uma maior eficiência na apli-cação dos recursos.

Por conta do dilema do utilitarismo eem defesa dos direitos humanos, Laaserconsidera uma questão chave a criaçãode um código de ética, para a reorganiza-ção e modernização da Saúde Pública edas Ciências da Saúde. Para ele, o códigodeve abranger as causas fundamentais, asaúde da coletividade (respeitando a in-dividualidade), a informação, a sensibili-dade, a diversidade e a melhora do meioambiente, entre outros princípios fun-damentais.

Neste aspecto, o pesquisador fez men-ção à Declaração de Bolonha, de junhode 1999, documento que define um con-junto de etapas a serem cumpridas nosentido de construir, até o final desta dé-cada, um espaço harmonizado de ensinono ensino superior europeu. O objetivodesta iniciativa é aumentar a competi-tividade do sistema e promover amobilidade e empregabilidade dos egres-sos. Desta forma, um estudante poderáter seu diploma reconhecido em qualquerEstado-membro da União Européia.Lasser ressaltou também a importância daeducação e da cooperação educacionalpara o desenvolvimento e fortalecimen-to de sociedades estáveis, pacíficas edemocráticas.

Equidade e Direito à Saúde

Relacionado ao primeiro, o eixoEquidade e Direito à Saúde guardainteração com o que estamos vivendo noprocesso de discussão do entendimentoda saúde não somente como um motordo desenvolvimento, mas como umdeterminante para o desenvolvimento.

Coordenado por Paulo MarchioriBuss, presidente da FIOCRUZ, o grande de-bate dedicado a este eixo teve comoparticipantes Mirta Roses Periago(OPAS), Sônia Fleury (CEBES), CatalinaEibenschutz (Universidade AutônomaMetropolitana de Xochimilco/México) eDavid Sanders (IAHP/ África do Sul).

Durante sua intervenção a Diretora daOPAS, Mirta Roses, fez uma contex-tualização do estado da Saúde Públicana América Latina, uma região em queapesar das recentes tendências de redu-ção da pobreza e do desemprego, ainda égrande a desigualdade e o investimentoem saúde é insuficiente.

Segundo dados de 2003, da América

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Latina e Caribe, 230 milhões de habi-tantes (46%) não possuíam seguro de saú-de, 125 milhões (25%) não tinham aces-so permanente a serviços básicos de saú-de, 17% dos nascimentos aconteceramsem atenção de pessoal de saúde quali-ficado, 680 mil crianças não completa-ram seu programa de vacinação – DPTe 152 milhões de pessoas não tinhamacesso à água potável e saneamentobásico.

O direito à saúde é igualdade no aces-so a bens, serviços e oportunidades desti-nados a atender às necessidades de saú-de, fator essencial para que as pessoaspossam usufruir outros direitos. Por isso, éconsiderado elemento crucial para o de-senvolvimento humano e para a coesãosocial e um fator primordial para o de-senvolvimento produtivo dos países.

A desigualdade é o maiorlimitante para a política social e paratentar reverter este quadro é neces-sário elaborar um novo pacto, polí-tico e econômico, que tenha em vis-ta a proteção social. Neste sentido,a Dra. Roses apontou como condi-ções básicas para este novo pactoos direitos sociais explícitos e garan-tidos; níveis e fontes de financiamen-to protegidos; a combinação de me-canismos contribuintes e solidáriose a ampla participação social. Asaúde e a proteção social como po-líticas públicas de Estado; prioritáriaspara o desenvolvimento dos países.

Os atributos da extensão da proteçãosocial em saúde devem envolver o acessoaos serviços em direção à universalidade,dignidade e qualidade na atenção, solida-riedade no financiamento e proteçãofinanceira dos indivíduos e da sociedade.

Em seguida, David Sanders, da IAHP,debateu a “Globalização neoliberal e areforma no setor saúde”, descrevendo astendências da atenção primária em saúde,analisando dados de 1980 a 2004, comênfase para a situação africana, e àsenormes iniqüidades vividas naquele conti-nente. Discorreu ainda sobre o impacto daglobalização, a reforma do setor saúde, oHIV/AIDS e a pobreza, os “determinantes”da saúde, sistemas de saúde e seus recursoshumanos. Em seguida, apontou as priori-dades necessárias nas políticas parapromover a saúde naquele continente, areorientação de instituições, o desenvol-vimento da capacidade dos sistemas desaúde e suas ferramentas de gestão, o

papel da sociedade civil e as articulaçõespromovidas pelos movimentos sociais naconquista desse objetivo.

Voltando para a América Latina, apesquisadora mexicana CatalinaEibenschutz, da Universidade AutônomaMetropolitana de Xochimilco, falou sobrea equidade e o direito à saúde no México.Durante sua exposição, discutiu os diver-sos conceitos de eqüidade para demons-trar que em países com uma polarizaçãosocial extrema e um Estado “magro”,como México, o discurso moderno daeqüidade em saúde não passa de retóri-ca. Depois de tomar como ponto de par-tida o conceito de eqüidade da OMS deque “é a conquista por parte de todas aspessoas do bem-estar mais alto alcançá-vel em contextos específicos”, Catalinaconsiderou que a eqüidade significaria a

distribuição dos recursos de saúde deacordo com as necessidades, de acordocom a capacidade econômica. Utilizandocategorias como desigualdade, “justiçadistributiva”, valores de uma sociedadee bioética, Eibenschutz fez uma análiseteórica detalhada.

Considerando seu país mais influen-ciado e afetado pelas políticas neoliberaisem toda a América Latina, ela apontoucomo o eixo da transformação neoliberalo Instituto Mexicano do Seguro Social(IMSS). Depois de uma série de medidasde abertura, que incluíram a entrega docapital das aposentadorias do instituto emmãos privadas (o que terminou levando-o à falência), o Estado foi obrigado a pe-dir um empréstimo ao Banco Mundial.Além de tentar melhorar a situação elimi-nando gradualmente as subvenções pú-blicas aos grupos de melhor situação eco-nômica, a resposta significou criar o Sis-tema Nacional de Saúde, baseado nummix público/privado que, ao transformara saúde em uma mercadoria, resultou

num sistema de atenção diferenciado quesubmete seus usuários às instituições.

A situação é de migração dos direitossociais aos direitos individuais, da univer-salidade para propostas crescentementeseletivas, da solidariedade para aindividualização dos custos e da integra-lidade para a fragmentação. Em outraspalavras, segundo a pesquisadora, oMéxico vive uma crescente reproduçãodas iniqüidades.

Direito à Vida e à Paz

O terceiro eixo temático do Congres-so ”Direito à vida e à paz”, tratou de ques-tões relacionadas à violência em todassuas dimensões. Contando com a co-ordenação de Maria Cecília Minayo (CLA-VES/FIOCRUZ), o grande debate dedicado aeste eixo teve como convidados Sérgio

Adorno (USP) e Saul Franco (Uni-versidade Nacional de Colômbia).

Adorno abordou a questão daviolência, em especial a violênciafatal no Brasil. Tema já bastanteestudado e que tem recebido a con-tribuição de diversos segmentos. Acobertura mais ampla e qualidadedos dados fornecidos pelo SUS, tor-nam possível, hoje, análises maisprecisas sobre os impactos da vio-lência na nossa sociedade.

Assim, por um lado temos ho-micídios da perspectiva da assis-

tência (perspectiva da vítima) e poroutro a perspectiva da segurançapública (perspectiva do agressor). Édifícil trabalhar com as bases emconjunto, pois é necessário investigar adinâmica desses atos de violência e nãoapenas quem são as vítimas prefe-renciais e os contextos.

Enquanto para uns, tudo gira em tor-no da eficiência da segurança pública,outros defendem que a questão é de justi-ça social. A verdade é que não há garanti-as de que uma coisa ou outra será sufici-ente para resolver a situação. A onda deataques em São Paulo em maio de 2006,por exemplo, deixou evidente a crise dasegurança pública, a impossibilidade deconter o crime organizado, a disposiçãode matar e o enraizamento do crime nasociedade brasileira. Faz-se necessário sa-ber em que condições vive a populaçãode baixa renda em bairros onde a insegu-rança é uma constante. Nesses locais, aprecariedade com os vínculos de órgãosde governo são muito precários, o que re-

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percute no crescimento da ilegalidade. Namedida em que uma parte substantivada população é empurrada para esta si-tuação instaura-se uma nova moralidade.Nossa sociedade tornou-se muito maiscomplexa nos últimos 30 anos. Do pro-cesso democrático à ocupação das peri-ferias. Discutir a reconfiguração urbanae das relações sociais é imperativo, poisa paz não pode ser conquistada enquan-to uma parcela significativa da populaçãonão tem direito à liberdade.

Para Saul Franco, a paz é para a so-ciedade o que a saúde é para o individuo.A vida é o único direito fundamental semo qual não é possível existir nenhum ou-tro direito.

Lembrando do seu país, o pesquisa-dor fez um relato sobre diversas experi-ências internacionais, inclusive dando oexemplo das Forças Armadas Revolucio-nárias da Colômbia – Exército do Povo(FARC) e do Exército de Libertação Na-cional (ELN), afirmando que no artigo22 da nova constituição colombiana, de1991, o direito à paz está garantido, masnem o Estado nem os cidadãos conse-guiram sentir seus efeitos.

Apesar do panorama de morte eguerra existem muitas evidências do tri-unfo da vida sobre a morte. Mesmo nasmais difíceis condições encontramosexemplos de pessoas, organizações eestados que tentam promover a vida. Énecessário manter viva a capacidade deindignação e fazer com que a nossamilitância seja em essência pela vidaamável. Detectar exemplos positivosdesta luta, dar apoio e divulgar. Parecepouco, mas é a direção certa.

A mediadora da mesa, Dra. MariaCecília Minayo, recapitulou as falas dospalestrantes e fez algumas consideraçõescomeçando por afirmar que estamos vi-vendo um tempo novo. Na globalizaçãonada mais fica oculto, mudamos o con-ceito de espaço/tempo. Cotidianamentesabemos dos conflitos no mundo e essasquestões nos trazem problemas desde onível do abstrato de organização da soci-edade até nossa subjetividade. Nósestamos envolvidos e somos cúmplicesdessas questões.

Violência e paz são palavras com sig-nificados diferentes hoje em dia. Não é amesma paz, nem a mesma violência. Se-gurança tem sido reconhecida como si-nônimo de polícia na rua, como se a fal-ta/fraqueza da polícia fosse responsável

pela violência que vivemos hoje. Precisa-mos, na verdade, de um novo contratosocial. Neste aspecto Cecília lembrou quenós passamos por uma dinâmica de urba-nização acelerada, em que boa parte dapopulação veio da área rural para as perife-rias. Essas pessoas não receberam atençãoda sociedade e o braço do Estado quechega até eles é a instituição policial. Alémdisso, são os mais jovens as vítimas e osautores da violência. Dados divulgados peloIBGE em junho deste ano mostram que9,5 milhões de jovens estão fora da escolae sem trabalho. Essa é a quebra de contra-to e nós não sabemos em que sociedadeestamos vivendo.

A paz na sociedade de hoje, é a capaci-dade de solução dos conflitos de formafavorável, que preserve e valorize a vida. Apaz a partir da guerra ou pela opressão énegativa, não importa sua natureza. A pazque nós queremos é a paz positiva, aquelaque satisfaz as nossas necessidades básicas,em que a solução dos conflitos é pelapalavra, pela discussão. A paz vem da justiçasocial, do diálogo e do respeito. E a inclusãodas pessoas na sociedade, deve se daratravés da oportunidade da fala, do reco-nhecimento ao outro seja no núcleo familiarou na sociedade.

Cecília lembrou ainda que a violência éfruto da construção social. Sintoma disso éque hoje em dia o outro não tem dignidadeno processo civilizatório, basta olhar comoas pessoas se tratam em família. Aconstrução da paz e da democracia impli-ca a cada um de nós.

Mobilização e participação social

Os Congressos tiveram como quarto eixoo tema “Mobilização e Participação Social:imperativo para a Saúde Coletiva”, vistono âmbito dos sistemas de saúde comouma condição fundamental para a de-mocratização do setor.

O Grande Debate do eixo foi coorde-nado pela presidente do IV Congresso deCiências Sociais e Humanas em Saúde,Soraya Vargas (UFSC), e contou com aparticipação de Maria Urbaneja Durant -Embaixadora da Venezuela, Maurício Tor-res, presidente do X Congresso da ALAMES, eSandra Vallenas (PUC/Peru).

Mauricio Torres fez sua intervençãocolocando em questão até que ponto aSaúde Coletiva tem sido conseqüente como imperativo ético de promover amobilização e a participação social. Nãoapenas isso, mas questionar profundamen-

te a contribuição da área na luta contra asprofundas iniqüidades sociais e sanitárias,o alcance do seu pensamento crítico e odesenvolvimento técnico, metodológico epolítico na luta pelo direito à saúde.

As experiências dos governos com aSaúde Coletiva na América Latina sãomuito diversas, abrigando desde países quetiveram desenvolvimentos importantescomo Cuba, Brasil e Venezuela até outroscom avanços muito limitados, como Uru-guai. Neles é percebida a busca pelo de-senvolvimento do conceito e dos princípiosda saúde e o reconhecimento da participa-ção cidadã como princípio central da políticapública na saúde. No entanto, a institu-cionalidade e normatividade de muitasdessas experiências impedem umaadequada participação dos cidadãos.

Os principais obstáculos vão desde umacultura política excludente, à falta deenvolvimento da população, e até o fracodesenvolvimento das organizações sociais.

No que se refere à Saúde Coletiva pro-priamente, para Mauricio Torres a barreiraprincipal é a lógica acadêmica que primapelo desenvolvimento da área e perde ocontato com os setores sociais. Para poderavançar no imperativo ético da mobilização,o pesquisador aponta que a luta pelo poderdeve partir desde e com os excluídos, a apro-priação da saúde como direito do cidadãoe responsabilidade do Estado. A informaçãodeve ser de domínio público, o que implicaromper com a linguagem tecnocrática quehegemoniza a participação, subordinandoa maioria dos cidadãos leigos.

A recomendação do pesquisador éque a Saúde Coletiva e suas formasorganizativas, entre elas a ALAMES, revi-sem e reformulem suas formas de ope-rar caso queiram contribuir com o im-perativo ético de apoiar e fortalecer amobilização e a participação para atransformação social. Este seria o ca-minho essencial para construir um pro-jeto de sociedade que efetivamente con-cretize o direito à saúde.

A representante peruana, SandraVallenas, abordou os espaços insti-tucionalizados de participação e o mo-vimento pelo direito à saúde como es-paços de encontro, relatando a experi-ência no seu país. Destacou a necessi-dade de um movimento autônomo querespalde os participantes dos diversosmecanismos institucionalizados legiti-mando-os como representantes.

Vallenas fez uma breve análise re-

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Plano Trienal para a Comissão de Ciências Sociaise Humanas em Saúde

Aoficina da Comissão de Ciênci-as Sociais e Humanas em Saú- de da ABRASCO, iniciou com uma

breve exposição sobre o momento atu-al das Ciências Sociais em Saúde. Oprimeiro dia da reunião foi pautado comuma apresentação da Profa. Ana MariaCanesqui sobre as Ciências Sociais eHumanas na ABRASCO seguido de umdebate sobre a especificidade da produ-ção científica em Ciências Sociais e oscritérios da avaliação da CAPES, o Pla-no Trienal de desenvolvimento e a re-novação da Comissão.

A apresentação da Profa. Ana MariaCanesqui foi um resumo do históricoda Comissão de Ciências Sociais e Hu-manas em Saúde desde sua criação atéos dias atuais. Complementando afala, a Profa. Silvia Gershman, ex-co-ordenadora da Comissão, apresentoudocumentos e trouxe informações sobreas ações implementadas durante a suagestão à frente do grupo.

No debate que se seguiu foi colocadaa necessidade de realização regular desimpósios regionais da área que permi-tam o aprofundamento de temas edebates e representem um contrapontoaos grandes congressos nacionais reali-zados a cada três anos. Na ocasião, foiconfirmada a previsão de realização dopróximo Congresso para 2010 em local

a ser decidido e ressaltou-se a necessi-dade de estabelecer um cronogramapara os eventos da área na ABRASCO.

A inadequação dos atuais critérios deavaliação da CAPES à especificidade dasáreas que compõem a Saúde Coletivatambém foi objeto de discussão e resul-tou na elaboração de um documento comuma série de reivindicações. Entre asdemandas da Comissão figuram a revi-são do atual critério de classificação deperiódicos baseado no fator de impacto,a elevação imediata do Qualis de revis-tas importantes para a área pela sua qua-lidade e acolhimento da produção deCiências Sociais e Humanas em Saúde ea valorização de programas que possu-am as três áreas formadoras SaúdeColetiva (epidemiologia, ciências sociaise planejamento e gestão). O documentofoi assinado por todos os presentes paraser apresentado na oficina do Fórum deCoordenadores da Pós-Graduação e en-tregue ao presidente da ABRASCO.

Fechando a pauta do dia, o PlanoDiretor elaborado na oficina da Comis-são no Congresso de Florianópolis em2005 foi retomado, discutido, revisto eatualizado. O novo texto será colocadoem breve na página da comissão no siteda ABRASCO.

Foi debatida a renovação da Comis-são com a eleição de coordenador, co-ordenador adjunto e novos membros e

reiterada a necessidade de que a co-missão nacional reflita, na composiçãodos seus membros, a diversidaderegional e institucional da área. Naocasião, foi sugerido que a novaComissão amplie o intercâmbio compesquisadores latino-americanos e quecontemple entre seus membros pes-quisadores seniores e pesquisadoresda nova geração.

Foram apresentadas duas propostasde encaminhamento, sendo a primeirauma solicitação para que a eleição danova Comissão fosse realizada somenteapós divulgação de um processo eleito-ral e consulta aos programas de pós-gra-duação para indicação de nomes. Asegunda que a eleição fosse realizadana oficina com a constituição de umnúcleo composto por quatro pesqui-sadores de diferentes regiões do país,que receberia a missão de ampliar aComissão buscando representativi-dade nacional.

A segunda proposta venceu commaioria absoluta dos votos. Destaforma, foram eleitos para integrar onúcleo da nova Comissão de CiênciasSociais e Humanas em Saúde:Kenneth Camargo (IMS/UERJ); co-ordenador, Leny Trad (ISC/UFBA);coordenadora adjunta; Rubens Adorno(FSP-USP) e Sandra Caponi (SP-UFSC)como novos membros.

trospectiva sobre as mudanças políti-cas no Peru desde o ano 2000 descre-vendo a evolução dos mecanismos go-vernamentais de articulação do diálogodo Estado com a sociedade civil atéchegar ao processo de descentralização,em 2002/2003. Neste contexto, emagosto de 2002, oriundo de um núcleoda ALAMES, é criado o ”Fórum da socie-dade civil pelo direito à saúde”(ForoSalud), durante a I Conferência

Nacional de Saúde no Peru, com o ob-jetivo de democratizar a saúde e a ges-tão pública da saúde e constituir ummovimento sanitário, promovendo umanova relação entre o Estado e a socie-dade. Desde sua fundação o ForoSaludfoi ganhando força, atraindo cada vezmais participantes, aumentando suacapacidade de interlocução em todosos escalões do governo. Grande parteda força do movimento pelo direito à

saúde está na sua dimensão nacionale na diversidade da sua conformação,o que tem permitido a realização dealianças entre setores profissionais,acadêmicos e do funcionalismo dosetor saúde. No momento, entre osprincipais pontos de consenso da or-ganização estão: a luta pelo direito àsaúde, os modelos integrais deatenção e o financiamento público euniversal da saúde.

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Aoficina teve como objetivo ana-lisar a nova conjuntura da saúde no país, com vistas a identificar

pontos de atualização da agenda de tra-balho e intervenção do GT.

Neste sentido, a Oficina desenvol-veu-se através do posicionamento e de-bate dos participantes a partir das opor-tunidades e desafios enunciados pelacoordenação:

l Formalização e implementação daPolítica Nacional de Promoção daSaúde, que tem como principal desafiodar conseqüência à perspectivaintersetorial e de avaliação da efeti-vidade da promoção nos níveis sub-nacional e local.

l Aproximação entre a agenda doComitê Gestor da PNPS e da ComissãoNacional de Determinantes Sociais eSaúde.

l Presença do tema da Saúde Co-letiva na mídia, não restrita à discussãoda prestação de serviços, combatendoa visão de que o setor saúde é consumi-dor insaciável de recursos, enfatizandosua contribuição para o desenvolvimen-to econômico e social, considerando ocomplexo produtivo da saúde que re-presenta 10% do PIB.

l Consenso estratégico na inter-setorialidade como articulação entresetores das políticas públicas para forta-lecer um novo modelo de desenvolvi-mento, pautado pela preservaçãoambiental e produção da equidade comparticipação social.

Destaques

Destaques da iniciativas e agendasdos participantes da oficina que cor-roboram para o fortalecimento destasperspectivas no âmbito das políticas, pro-jetos e programas de Promoção daSaúde.

l Agenda da PNPS: ampliação doComitê gestor da PNPS com represen-tantes do CONASS e do CONASEMS, garan-tia de institucionalização e de recursospara a PS em todos os níveis, com a

Promoção da Saúdee Desenvolvimento Local

inclusão no PPA e no PAC da saúde;editais específicos para promoção daatividade física; ambiente e saúde do tra-balhador, prevenção das violências; for-mação para gestores através de cursos àdistância; apoio a projetos de avaliaçãoe a eventos como o II Seminário Brasileirode Efetividade da Promoção da Saúde.O grande desafio é superar o enfoquemais restrito na prevenção de agravos quese expressa na fragmentação ou poucadefinição do que é prioritário na políticade Promoção da Saúde.

l Agenda da Secretaria de GestãoParticipativa voltada para um processode reaproximação da educação popu-lar com o SUS, através da criação deComitês de Promoção da Eqüidadejunto aos conselhos municipais de saú-de, para trabalhar com grupos mais vul-neráveis – população de rua, popula-ções ribeirinhas, mulheres.

l Proposta da OPAS para as Esco-las Motoras do Desenvolvimento. En-contro em Fortaleza nos dias 29 a 31 deoutubro de 2007.

l Iniciativas de formação e pesqui-sa vêm sendo implementadas pelas Uni-versidades, em diferentes regiões dopaís, com o objetivo de criar redes quefortaleçam a perspectiva da Promoçãoda Saúde e orientem os processos deformação dos atores locais. Foram cita-das as propostas de Curso de Aperfei-çoamento presencial em 2007, deman-da da SVS/MS à ENSP, dirigido àgestores de vigilância do ministério esecretarias estaduais e municipais; e umCurso de Atualização a distância para oano de 2008, organizado a partir doPrograma de Formação em Promoçãoda Saúde e Desenvolvimento Social daENSP (apresentado na Oficina de For-mação realizada no Seminário da PNPS)e que deverá envolver as Universidadesparticipantes do GT.

l Enfoque da pesquisa-ação, proje-tos e programas desenvolvidos pelas di-versas instituições e redes partem daperspectiva da Promoção da Saúde

emancipatória e têm na equidade oobjetivo e na participação e inter-setorialidade, os pilares metológicos.Constituem-se como espaços de produ-ção compartilhada de conhecimento vi-sando apoiar movimentos sociais e po-pulações vulneráveis afetadas por gran-des projetos/mecanismos de “desenvol-vimento” (reurbanizações, barragens,fábricas, aterros sanitários, etc). O de-bate destacou o duplo papel da produ-ção de conhecimento no campo da PS (i) advocacy por um novo modelo dedesenvolvimento e uma nova “ciência”e (ii) reforço aos projetos/práticas/inici-ativas de enfrentamento das conse-qüências dos modelos vigentes naciência e na política.

Encaminhamentos em relaçãoà agenda do GT

Ênfase na dimensão política da Pro-moção da Saúde:

1. Intersetorialidade: Coalisão inter-governamental em direção a um novomodelo de desenvolvimento. Articula-ção da saúde neste esforço deve seexpressar nas políticas e programas queforem produzidos na nova conjunturado MS.

2. Formação: sujeitos seriam defi-nidos a partir de dois focos, (i) territóri-os e seus múltiplos atores, promotoresda saúde, da educação, do ambiente,da cultura e, (ii) as instituições - gestorese executores de políticas públicas.

3. Avaliação/pesquisa: maior incen-tivo para o componente de acompa-nhamento e avaliação de experiênciase programas definidos na PNPS.

4. Gestão do GT – reforçar a com-posição/participação aberta no GT am-plo, atualizando a lista e intensificandoas comunicações entre os participantes.Formalizar a representação institucional(14 instituições) e atualizar a página doGT na ABRASCO. Promover uma discus-são na ABRASCO sobre as interfaces en-tre os GT com a formulação de agen-das comuns.

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Aoficina reuniu representantes deórgãos públicos da esfera fede- ral, estadual e municipal do Bra-

sil; universidades públicas e privadasdo Brasil e do Mercosul; representaçãodos trabalhadores do país e representan-tes técnicos e acadêmicos de Argentina,Bolívia e Uruguai, com o objetivo de:

l Debater sobre as questões daglobalização e seus impactos nas con-dições de saúde dos trabalhadores e daspolíticas públicas no contexto doMercosul;

l Contextualizar e discutir osparadigmas e disparidades do campoda Saúde do Trabalhador entre os pa-íses dos Mercosul junto aos pesquisa-dores, gestores e trabalhadores da área;

l Apresentar a estratégia de consti-tuição de Centro Colaborador em Saú-de do Trabalhador no Contexto doMercosul (COLSAT-Mercosul), enquantoestrutura de apoio a Política de Saúdedo Trabalhador do Ministério da Saú-de do Brasil, com objetivo de fortaleci-mento de ações integradas com as uni-versidades, serviços e trabalhadores naconsolidação da Saúde Coletiva;

l Consolidar a articulação entre ospaíses do Mercosul no campo da Saú-de do Trabalhador.

Durante toda a oficina, a equipe doCOLSAT Mercosul registrou as apre-sentações e debates e, ao término daúltima apresentação, sistematizou umaproposta de agenda comum que foiapresentada pela Coordenadora doCOLSAT Mercosul e aprovada pelosparticipantes.

Agenda Comum

- Favorecer o debate sobre o mode-lo de desenvolvimento social presenteno bloco, bem como as novas formasde organização/precarização do traba-lho;

- Contribuir para a consolidação darede de Saúde do Trabalhador noMercosul;

- Incluir a pauta da Saúde do Tra-balhador na reunião do fórum de de-bates governamentais buscando

Saúde do Trabalhador no Mercosul

soluções comuns para os problemas dobloco, a partir da compreensão dasassimetrias entre os países;

- Propor ações na área da vigilânciano trabalho com cargas perigosas (agen-da já definida pelos ministros);

- Viabilizar a produção científica des-te grupo, através de 3 movimentos: 1º -finalizar o glossário (que objetiva o en-tendimento dos diferentes conceitos uti-lizados nos países) na área de Saúde doTrabalhador no Mercosul; 2º construirpossibilidades de harmonização de nor-mas e procedimentos comuns em Saú-de do Trabalhador no Mercosul; 3º - en-frentar os problemas específicos presen-tes nos diversos processos de trabalho dostrabalhadores;

- Socializar e disseminar, como estra-tégia política, experiências de formação/capacitação na área de Saúde do Tra-balhador do Mercosul em uma perspec-tiva crítica de formação de recursos hu-manos que atuam na área;

- Definir como paradigma a SaúdeColetiva e a formação crítica;

- Formação e intervenção sob oparadigma crítico, intercultural e inter-disciplinar;

- Compartilhar experiências de lutascoletivas dos movimentos dos trabalha-dores;

- Elencar os principais riscos relaci-onados ao trabalho dos países (Ex: te-lecomunicações, agrotóxicos, trabalhoinfantil), a fim de construir estratégiasque integrem novas metodologias de in-tervenção social (governo, universida-de e trabalhadores) e estudos multi-cêntricos;

- Identificar o arcabouço jurídico naárea da seguridade social com o obje-tivo de análise sob a perspectiva da pro-teção social;

- Qualificar o acesso à informaçãoe à disseminação das informações emtempo real para subsidiar os serviços/pesquisas;

- Levantar as demandas e especi-ficidades das áreas;

- Construir ações em Saúde do Tra-

balhador em incubadoras, empresas auto-gestoras de economia solidária;

- Considerar os avanços já obtidospela RENAST;

- Implantar a vigilância em Saúde doTrabalhador na atenção básica como por-ta de entrada;

- Fortalecer as instâncias de controlesocial, ampliando a cidadania e os direi-tos da articulação e representação dostrabalhadores como um todo no contex-to do Mercosul e do COLSAT;

- Integrar os movimentos sindicais eambientais;

- Avaliar as relações/realidades inter-nacionais e produtivas no Mercosul e en-tre o Mercosul e a Comunidade Euro-péia;

- Construir projetos que consolidemuma agenda integrada que objetiva aharmonização de normas e legislações noâmbito da saúde, do trabalho, do ambi-ente e da previdência no contexto doMercosul;

- Fortalecer as ações preventivas emdetrimento às ações de reparação e/oucompensatórias;

- Construir indicadores para identifi-cação de enfermidades relacionados como modelo de desenvolvimento econômi-co que atingem trabalhadores e a popu-lação em geral;

- Utilizar as diretrizes contidas na por-taria nº800/05 para o contexto doMercosul.

Como encaminhamento central daoficina, a equipe do COLSAT comprome-teu-se a fazer a transcrição e a traduçãobilíngüe das falas para posteriorpublicação do COLSAT Mercosul (www.colsatmercosul.org) e encaminhamentode cópia para todos participantes da ofi-cina, além do envio da agenda aprova-da na oficina para a COLSAT/MS.

Quanto à avaliação da oficina, os par-ticipantes apontaram que os objetivos doencontro foram plenamente atingidos,consideraram muito boa a qualidade dospalestrantes, as temáticas abordadas nasmesas e os resultados finais, traduzidosna agenda comum.

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Aexistência do GTComSaúde naABRASCO denota uma amplapauta social para a área de co-

municação e saúde e reflete o debateproduzido e estimulado através doscursos de formação.

Contudo, este campo de práticas ereflexões enfrenta alguns dilemas, comoa ausência de discussão sobre o plane-jamento e a gestão da comunicação nasdiferentes esferas de gestão do SUS (es-trutura organizacional, recursos, quadrosprofissionais) que dê sustentabilidade aoprocesso e a baixa continuidade dasações implementadas.

O GT se sustenta e se constitui pelopatrimônio afetivo e identitáro, reconhe-cendo-se como espaço de articula-ção onde, apesar das fragilidades,constitui referência para a área. Nestesentido, as discussões metodológicase teóricas provocadas pelo GT têmampliado e, frente à identificação depontos prioritários de políticas emSaúde e Comunicação, a oficinateve o objetivo de elencar ações epropostas para a gestão de Comuni-cação em Saúde para o SUS.

Em um primeiro momento foramidentificados princípios fundamentaispara área:

l O compromisso com a implemen-tação do SUS.

l As políticas nacionais de comuni-cação e saúde enquanto pano de fundopara o desenvolvimento das políticas decomunicação e saúde.

l A necessidade da adoção de novastecnologias da informação e da comuni-cação para a estruturação das redes.

l A produção compartilhada comoforma de construir discursos coletivosque promovam a adesão e apontem acomplexidade da realidade.

l As indissociáveis interfaces do ca-ráter pedagógico da comunicação e docaráter comunicativo da educação.

l A demanda dos serviços e dos usu-ários como determinante da produçãodo conhecimento de métodos.

Ações e Propostas para a gestãode comunicaçao no SUS

l A pesquisa como norteadora doplanejamento das estratégias de comu-nicação em saúde.

l A avaliação de impacto e de re-cepção como componente dos projetose processos.

l A importância da valorização/ in-clusão dos temas de interface na forma-ção dos profissionais de saúde e de co-municação, em especial na graduação.

Tais princípios devem pautar refle-xões acerca dos seguintes desafios:

l Como imprimir uma perspectivacrítica que qualifique a nossa forma deinterseção junto aos serviços?

l Como promover ações coletivasvoltadas para a saúde da população?

l Falta de conhecimento sobre osprofissionais que atuam no Sistema deSaúde e sobre as práticas que realizam.

l Falta de conhecimento dos re-cursos que os serviços têm paragerenciar os processos de comunica-ção.

l Falta de entendimento do finan-ciamento da comunicação na saúde.

l Falta de mapeamento das comu-nidades discursivas no campo da Co-municação e Saúde.

A partir deste cenário, o grupo or-ganizou metas e atividades que, par-tindo da estrutura interna do GT, pos-sam estimular o debate e auxiliar na

reorganização da área de Comuni-cação e Saúde para o SUS:

Meta 1: Estruturar a circulaçãoda produção do conhecimento dogrupo de atividades através do pla-nejamento e produção de um sítioeletrônico.

Meta 2: Reconfigurar o GTCom-Saúde definindo a composição ela-borando o Regimento/ Estatuto.

Meta 3: Mapear as demandas eprodutos do campo realizando pes-quisas com identificação de interlo-cutores/parceiros e resgatando apesquisa do controle social.

Meta 4: Articular estratégias e de-mandas mapeando as ações e neces-sidades da comunicação no SUS/ ser-viços; realizando oficina com gestores,CONASS, CONASSEMS; produzindo mate-riais que informem sobre as necessi-dades de comunicação para uma ins-tituição pública de saúde e agendandoeventos afins.

Meta 5: Implantar o ObservatórioNacional da Mídia em Saúde através daelaboração de projeto multicêntrico, como objetivo de orientar o gestor; da análi-se dos materiais produzidos pela mídia apartir de diferentes perspectivas; daclipagem dos diários nacionais e análiseda representação que a população temsobre a mídia em saúde.

“A demanda dos serviçose dos usuários como

determinante da produção doconhecimento de métodos”

l Como determinar qual é a estrutu-ra adequada para atender demandas decomunicação nas diferentes esferas degestão do SUS?

l Como promover os discursos daárea de Comunicação e Saúde no cam-po da Saúde Coletiva?

Definidos os princípios norteadoresdas ações em Comunicação e Saúde,foram elencadas as principais lacunaspara a área:

l Desarticulação/distanciamento en-tre a produção desenvolvida no campoteórico da Comunicação e Saúde e ademanda expressa pelas práticas nas di-ferentes esferas e níveis de serviçosde saúde.

l Falta de elementos para subsidiaruma Política de Comunicação no SUSque dê conta da complexa realidade.

l Falta de conhecimento da situaçãoda comunicação nas instituições/ servi-ços de saúde (potências e fragilidades), ede suas demandas.

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Aoficina “Cooperação Internacio-nal no Continente Africano: for- talecimento e ampliação da

formação de técnicos em saúde”, orga-nizada e promovida pela EscolaPolitécnica de Saúde Joaquim Venâncio(EPSJV), Organização Pan-Americanada Saúde – Brasil (OPAS), OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e pelaSecretaria de Gestão do Trabalho e daEducação na Saúde do Ministério daSaúde do Brasil (SGTES/MS), foi umaoportunidade para a discussão e ocompartilhamento, em nível internacio-nal, de conhecimentos, experiências edemandas relativas à formação detrabalhadores técnicos em saúde, comvistas à definição de estratégias estru-turantes de cooperação técnicapara o fortalecimento dessa áreanos Países Africanos de LínguaOficial Portuguesa (PALOP).

Participaram da reunião apro-ximadamente 30 pessoas, entre re-presentantes dos Ministérios daSaúde de Angola, Cabo Verde,Guiné Bissau e Brasil, OPAS, OMS,das Escolas Técnicas que compõema Comissão Geral de Coordenaçãoda Rede de Escolas Técnicas do SistemaÚnico de Saúde (RET-SUS) e profissionaisda EPSJV e da Escola Nacional de SaúdePública Sérgio Arouca (ENSP) da FundaçãoOswaldo Cruz.

Tendo em vista a necessidade dofortalecimento da educação de técnicos nocontinente africano, para fazer frente às de-mandas e necessidades que advêm da criseda força de trabalho em saúde, conformeapontado no Relatório Mundial da OMSde 2006, os participantes da referida oficinaformularam algumas diretrizes que têm oobjetivo de subsidiar as propostas de coo-peração técnica na região. Estas recomen-dações, fruto de um amplo processo de dis-cussão realizado a partir da apresentaçãoda realidade da área de educação detécnicos em saúde pelos PALOP presentese da explanação de algumas experiênciasbrasileiras, são as seguintes:

Cooperação Internacional no Continente Africano

l Os processos de cooperação técnicaque venham a ser desenvolvidos com osPALOP devem ter como objetivo primor-dial a colaboração na organização dossistemas nacionais de educação de técnicosem saúde, respeitando-se a soberania dasnações na formulação e implantação daspolíticas públicas de educação e saúde;

l A formação de técnicos deve estararticulada com a organização dos sistemasde saúde, com ênfase na qualificação dostrabalhadores para a atenção primária, semdeixar em segundo plano a atençãosecundária e terciária;

l É de fundamental importância queas estratégias de fortalecimento da educa-ção de técnicos contemplem a elevação daescolaridade desses trabalhadores, através

to e avaliação de políticas e projetos naárea de Recursos Humanos;

l De forma a apoiar o processo deeducação de técnicos, favorecendo oacesso à informação científica etecnológica, faz-se necessária a estru-turação, o fortalecimento e a moderni-zação dos acervos bibliográficos espe-cializados. Sugere-se o acesso àsBibliotecas azuis e à produção do Pro-grama Ampliado de Livros Textos eMateriais de Instrução (PALTEX), alémdo estímulo à doação de material didáti-co, livros e revistas científicas.

l O desenvolvimento da atividade depesquisa na educação técnica, engloban-do o corpo docente e discente, deve ser

estimulado como forma de con-tribuir para a produção de co-nhecimento na área, sistemati-zando as experiências de forma-ção empreendidas contribuindopara a identificação de poten-cialidades, necessidades e de-mandas na área;

l As iniciativas de coopera-ção técnica para a elaboraçãode material didático devem res-

peitar as línguas e dialetos nacionais, in-corporando as diversas realidades cultu-rais, na perspectiva de construção da au-tonomia desses países para essa produ-ção didática. Assim, indicam-se propos-tas de cooperação que objetivem a adap-tação de material didático produzido in-ternacionalmente às realidades nacionais,o apoio ao processo metodológico de ela-boração desse material pelos própriospaíses africanos, além da construção deprocessos que possibilitem o desenvolvi-mento da capacidade de autoria do corpodocente das Escolas Técnicas dessespaíses.

l Para a consolidação da área, de-vem ser empreendidas propostas de in-vestigação que tenham como objetivoa avaliação do processo ensino-apren-dizagem, bem como o acompanha-mento dos egressos.

da sua articulação com as demais políticaspúblicas;

l A estruturação das Escolas Técnicasdeve levar em consideração as especi-ficidades de cada país, incorporandoprocessos descentralizados de formação,integração ensino - serviço e a estratégia deeducação à distância;

l A Rede de Educação de Técnicos emSaúde (RETS) deve ser fortalecida nosPALOP, principalmente por meio dasferramentas de comunicação planejadas(sítio e revista impressa), para possibilitar ocompartilhamento de informações e conhe-cimentos relativos à área de educação detécnicos;

l A implantação de Observatórios deRecursos Humanos em Saúde, com ênfasenos trabalhadores técnicos, deve ser estimu-lada devido ao seu potencial de contri-buição na formulação, acompanhamen-

“A Cooperação Internacional paraa educação de técnicos em saúde

implica no respeito à soberania dasnações em paralelo à incorporação

da diversidade cultural”

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A Oficina “Direito Humano à Ali-mentação e Nutrição – Perspectivaspara o SUS” reuniu representantes deinstituições de ensino, das coordena-ções de alimentação e nutrição das trêsesferas de governo e dos conselhos na-cionais de secretários estaduais e mu-nicipais de saúde - CONASS e CONASEMS.

Promovida pela Coordenação Geralda Política de Alimentação e Nutri-ção – CGPAN/DAB/SAS do Ministé-rio da Saúde, a reunião teve comoobjetivo discutir a pertinência dacriação de um grupo de trabalho –GT de Alimentação e Nutrição – , noâmbito da ABRASCO e estratégias parao fortalecimento da Política Nacionalde Alimentação e Nutrição/PNAN,com vistas à concretização do DireitoHumano à Alimentação Adequada ea Segurança Alimentar e Nutricionalna perspectiva do SistemaÚnico de Saúde/SUS.

A metodologia de tra-balho da oficina foi apre-sentada pelos representan-tes do Ministério da Saúde,Patricia Chaves Gentil eAna Maria Cavalcante.

Em seguida, foi realizada uma ex-posição sobre a estrutura organi-zacional da CGPAN e sobre o proces-so de implementação das ações pre-conizadas pela PNAN. Na oportuni-dade, foram destacados alguns desa-fios identificados na gestão públicasobre a inserção da Nutrição no SUS,tendo em vista os compromissosgerenciais firmados entre as esferas degestão, bem como o componenteintersetorial da PNAN frente à Lei Or-gânica de Segurança Alimentar eNutricional e à implementação do Sis-tema de Segurança Al imentar eNutricional/SISAN.

Destacou-se, ainda, a necessidade deuma interlocução da Saúde Coletiva paracompor o Conselho Nacional de Segu-rança Alimentar e Nutricional/CONSEA.

Direito Humano à Alimentação e NutriçãoPerspectivas para o SUS

As discussões prosseguiram emdois momentos: o período da manhã,destinado a questões relacionadas àNutr ição e à implementação daPNAN; e o período da tarde, direci-onado à proposição do GT na ABRASCO.

Algumas das principais questõesdiscutidas foram:

l A dificuldade em definir umlócus para a Nutrição na pós-gradua-ção visto que a área está disseminadaentre diferentes grupos/comitês, naCAPES (Medicina II) e no CNPq(Saúde Coletiva).

l A criação do GT de Nutrição naABRASCO pode significar um salto dequalidade e um crescimento técnicoe político da área, potencializando aimplementação da PNAN e a inser-ção da nutrição no SUS.

voltado para questões relacionadas àpromoção, prevenção, cuidado, tra-tamento e recuperação da saúde sãoindicativos desta demanda:

l A necessidade de viabilizar umfórum de discussão entre as instânciasestaduais de alimentação e nutrição,com uma interlocução representativajunto ao Ministério da Saúde;

l No que se refere à formação derecursos humanos é necessário esti-mular e viabilizar a inter-relação en-tre a Academia e o SUS, que vemformando profissionais voltados paraassistência e focados no serviçoprivado;

l Foi mencionada a iminência dacriação dos núcleos de apoio à estra-tégia da saúde da família, conside-rando a possibilidade de incorporar oprofissional nutricionista de acordo

com a demanda local e aintenção do gestor. Isto ori-ginou uma intensa discus-são sobre a inserção donutricionista no SUS.

Por fim, foram identi-f icadas algumas prior i-dades:

1) Aproveitar o debate da Promo-ção da Saúde para evoluir as discus-sões acerca do referencial teórico dapromoção da alimentação saudável;

2) Promover o cuidado com apessoa obesa – trabalhando não sóas questões orgânicas, mas tambémo est igma, a cidadania e o pre-conceito.

Além destas, também foram men-cionadas questões relacionadas às ca-rências nutricionais que ainda cons-tituem importante problema de saúdepública em algumas regiões geográfi-cas do país. Também foram lembra-dos distúrbios alimentares, como aler-gias, intolerâncias e etc, principal-mente com relação às prescriçõesdesordenadas e sem controle de formu-las lácteas que oneram o SUS.

“(...) dimensões de prazer e desejo estãorelacionadas ao ato da alimentação e

devem ser consideradas”

l A necessidade de incorporar/considerar nas políticas públicas asquestões subjetivas, simbólicas, decomportamento e as dimensões deprazer/desejo que estão relacionadascom o ato da alimentação;

l A importância de considerar osprocessos, e não somente os resulta-dos, na avaliação das políticas públi-cas, e de avaliar as políticas/progra-mas em fase de implementação con-siderando a efetividade e não somentea eficiência e a eficácia;

l O desafio colocado à agendada nutrição para o SUS apresenta umcomponente intersetorial qualifican-do a discussão no campo da Segu-rança Alimentar e Nutricional. Asquestões inerentes ao setor saúde eainda um componente intrasetorial

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13Boletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador Julho 2007 2007 2007 2007 2007

Aoficina, organizada pela Inicia- tiva Hondurenha pelo Direito à Saúde (IHDES), a Associação

Latino-americana de Medicina Social(ALAMES) e pela Sociedade Internacio-nal pela Equidade na Saúde, tevecomo objetivos (i) identificar temasprioritários em nível continental/regi-onal/nacional; (ii) identificar atores esócios estratégicos diretos e indiretos;(iii) identificar as oportunidades emodalidades de colaboração e coope-ração estratégica em nível macro emicro e; (iv) estabelecer um plano deação de doze meses por etapas e al-cances de curto e médio prazo.

A reunião iniciou com a apresenta-ção dos organizadores e os anteceden-tes que deram origem à aliança entre asorganizações, particularmente o posicio-namento da Iniciativa Hondurenha peloDireito à Saúde como espaço de lide-rança, em nível nacional e internacio-nal, e a identificação de grupos e insti-tuições para o desenvolvimento de umtrabalho cooperativo e colaborativo so-bre o direito à saúde.

Durante o mês de junho, prévio àrealização da Oficina, através do grupode discussão sobre Equidade e Saúdeque conta com 59 membros de diferen-tes países da América Latina, foi aplica-do um questionário semi-estruturado online com os objetivos de:

1. Obter um perfil dos membros doGrupo;

2. Aproximar a definição da proble-mática de saúde em relação à equidadee ao Direito à saúde; e

3. Identificar atores, as oportunida-des e obstáculos para a formulação eimplementação de políticas públicas ori-entadas pelo enfoque de direitos eequidade que busquem provocar impac-to nos determinantes de iniqüidadessociais e de saúde.

Destacando-se os principais aspec-tos do questionário que despertaram adiscussão, encontrou-se uma convergên-cia na definição da saúde e na valoriza-

Rumo à equidadee à proteção social

ção desta como direi-to e uma obrigação doEstado. Da mesma for-ma, foram encontradassemelhanças nas conseqüências da saú-de assumida como benefício.

Principais temas /eixos discutidos naOficina:

l O entendimento dos determi-nantes e iniqüidades em saúde, obser-vando-se a necessidade de distingui-losdas conseqüências no estado de saúde.

l Advogou-se para que as açõespelo direito à saúde nos sistemas de saú-de sejam focadas desde a Saúde Públi-ca, rompendo assim o foco biomédicoda atenção.

l A categoria cidadania foi discuti-da como privilegiada para o exercíciodos direitos humanos e políticos, já quenão oculta diferenças e não obriga à se-paração de sociedade política e socie-dade civil.

l A relação dos Direitos Econômi-cos, Sociais e Culturais (DESC) com osdeterminantes de saúde oferece umavisão íntegra da posição socioeco-nômica e de saúde da população.

l Considera-se importante discutirsobre a viabilidade dos sistemas univer-sais considerando a situação dos paísese as possibilidades da universalidade.

Analisando os atores internacio-nais, regionais e nacionais distingue-se que a cooperação e colaboraçãodemanda ser focada não somente deum ângulo técnico, mas em relaçãotambém com as posturas ideológicase políticas e em relação à decisão deorientar as ações rumo à equidadesocial e de saúde.

Os atores, potencialmente colabo-radores, estão representados por umaampla gama que vai desde as organi-zações sociais, instituições e associa-ções, passando pela cooperação inter-nacional e os governos. Destaca-se aimportância de envolver os governoslocais como atores-chave potenciais,

considerando-se a dinâmica que atra-vessam os países com a territoria-lização.Os atores problemáticos estãoidentificados como os promotores daprivatização da saúde e vão desde aempresa privada até os Estados e go-vernos de tendência neoliberal que nãoreconhecem a saúde como direito.

Assumindo as particularidades decada país participante, o que foi apre-sentado e discutido conduz a colocar emevidência que a situação comum é ob-servada num conjunto de problemas,desafios e de iniciativas para a promo-ção do direito à saúde, nos quais a par-ticipação social é um facilitador nos pro-cessos de construção, implementação eseguimento de políticas com foco no di-reito e na equidade.

As condições de tipo político, em al-guns casos, representam oportunidadese, em outros, obstáculos que fortalecemou debilitam respectivamente a ação dosmovimentos sociais. Neste sentido, con-tamos com diversas iniciativas na cons-trução do direito à saúde, fazendo usode metodologias de atuação particulares,reconhecendo que para lograr incidêncianos sistemas sanitários os movimentossociais devem buscar um espaço deatuação política, tendo em vista que asaúde não é somente um tema exclusi-vamente técnico, mas principalmente po-lítico e social e que os sistemas de saúde,como expressão da institucionalidade,podem ser a porta de entrada paramudanças através de propostas técnicase políticas. Para isso estima-se aimportância de alianças estratégicas e decolaboração e cooperação.

Para avançar na construção de umaagenda continental pelo direito à saúde,a oficina propõe o fortalecimento dosmovimentos e organizações sociais parauma nova gestão pública e formação delideranças políticas.

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14 Boletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador Julho 2007 2007 2007 2007 2007

Aoficina contou com a participa-ção de 101 representantes de 58 instituições. As atividades da

reunião foram planejadas a partir daidentificação dessa subárea como emer-gente na produção de conhecimentose iniciativas na Grande Área da SaúdeColetiva e, ao mesmo tempo, pelasoportunidades tanto de fortalecimentoda atuação da Associação Brasileira dePós-Graduação em Saúde Coletiva(ABRASCO) nesse tema quanto de potên-cia de aglutinação de novos atoresinstitucionais e individuais (docentes,estudantes e estudiosos da educação naárea da saúde).

A demanda por uma tematizaçãoespecífica do Ensino e Formação emsaúde no interior da Associação já vi-nha sendo pautada por diver-sos segmentos acadêmicos, go-vernamentais e de outros mo-vimentos da sociedade civil en-volvidos com o ensino técnico,de graduação e de pós-gradu-ação (lato e strictu sensu) nagrande área das Ciências daSaúde desde a 12ª Conferên-cia Nacional de Saúde, realizada em2003.

Após aquele Congresso, essa de-manda foi formulada à direção daABRASCO como proposta de criação deum Grupo Temático por um conjuntode instituições, fóruns, articulações emilitantes da Saúde Coletiva. Por de-corrência desse histórico e do reconhe-cimento da relevância crescente dotema, os participantes da oficinaenalteceram a iniciativa da Associaçãode acolher a proposição desta Oficinae das demais atividades que consolidamo tema do Ensino e da Formação emSaúde Coletiva.

a) Análise de situação da temáticae seus cenários contemporâneos

A importância de uma maiororganicidade às discussões relativas aoensino e à formação na área da saúdena ABRASCO decorre do papel que nos-

A Educação na Saúdee o Ensino da Saúde Coletiva

sa Associação desempenha nos cenári-os do ensino, da pesquisa, da política eda ação social em saúde. A estratégia énítida: ao se proporcionar maior organici-dade institucional na discussão sobre oensino e a formação na área da saúde,teremos condições de identificar, articu-lar e difundir conhecimentos e práticas aeducadores e instituições que atuam nes-se campo, tornando a ABRASCO interlo-cutora especialmente qualificada junto àcomunidade científica, formuladores egestores de políticas públicas. Trata-se,assim, de produzir redes e adensar a for-mulação nesta área e com este foco,envolvendo docentes, discentes, institui-ções acadêmicas, serviços, movimentos,instituições da sociedade civil e dos go-vernos. É preciso, para isso, apostar na

cia, estimular o Mestrado Profissionale fortalecer os Mestrados e DoutoradosAcadêmicos na saúde.

Cabe acrescentar que novosMestrados e Doutorados em SaúdeColetiva têm apresentado - como Li-nha de Pesquisa - o Ensino e Forma-ção na Saúde. Essas contribuições têmsido significativas para a configuração/reconfiguração de processos formativosem diferentes níveis e, ainda, na edu-cação permanente em saúde. Alémdisso, reconhecemos a necessidade deum re-exame e definição do próprioensino da Saúde Coletiva na graduaçãodas profissões da saúde, tendo em vistao perfil profissional proposto pelas di-retrizes curriculares nacionais.

b) Estruturação do GT deEnsino e Formação em Saúde

Propõe-se para a coordena-ção do GT uma composiçãocolegiada que considere a diver-sidade de atores e instituiçõesparticipantes de movimentos eprocessos de transformação daformação, bem como a oportu-

nidade de contemplar as diferentes re-giões do País, a presença de gestoresde saúde e as diferentes acumulaçõesna educação técnica, graduação, pós-graduação e movimentos em rede,além do compromisso objetivo dasinstituições para com a área e com apresença da temática na ABRASCO.

Assim, a Oficina indica a seguinteproposição de composição do cole-giado (em ordem alfabética): ENSP,EPSJV, FNEPAS, Rede Unida, UCPel,UCS, UERJ, UFAC, UFF, UFJF, UFMG,UFPA, UFRGS, UFSCar, UNESP,UNIDERP e UNIFESP, além da Represen-tação dos pós-graduandos, do CONA-SEMS e da SES/BA.

c) Sugestão de elementos para umPlano Diretor do GT:

1) Recuperar e disponibilizar as ini-ciativas, documentos e relatos de expe-riência sobre ensino e formação de pro-

produção coletiva e comprometida como Sistema Único de Saúde e com a his-tória de desafios da Saúde Coletiva noBrasil e na América Latina, de maneiraaliada aos avanços brasileiros naconceitualização da Educação.

Neste sentido, grande parte dos mo-vimentos de mudança no ensino na saú-de tem sido disparada por pressões e in-terpretações intelectuais da área da Saú-de Coletiva. Vários núcleos e grupos daSaúde Coletiva têm-se dedicado à pes-quisa e à produção de conhecimentosrelevantes para a reorientação da forma-ção nas profissões da saúde. Destacam-se os relacionados à construção demetodologias ativas de ensino-aprendi-zagem na saúde, bem como ao próprioprocesso de organização do ensino comomodalidades e estratégias orientadas paraformar Agentes Comunitários de Saúde,estabelecer a Educação Técnica, modifi-car a Graduação, desenvolver a Residên-

“O compromisso ético e políticocom o Sistema Único de Saúde

é componente permanenteda formação”

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15Boletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador Julho 2007 2007 2007 2007 2007

fissionais em saúde, realizadas anteri-ormente, compondo uma construçãohistórica da agenda dessa temática;

2) Trabalhar pelo reconhecimen-to dos avanços no debate e formula-ção de políticas sobre a gestão do tra-balho e da educação na saúde, sendoobjeto de reflexão da gestão da saúdee não simplesmente a administraçãodos trabalhadores nos espaçosocupacionais;

3) Resgatar as proposições da 12ªConferência Nacional de Saúde e IIIConferência Nacional de Gestão do Tra-balho e da Educação na Saúde noordenamento de estratégias de atuaçãoda ABRASCO;

4) Subsidiar posicionamentos daABRASCO nas Conferências Nacionais deSaúde e nas instâncias do SUS;

5) Construir influência na formula-ção de políticas e nas intervenções polí-ticas em Saúde Coletiva tanto no setorda saúde, como no setor da educação eem setor de interface comodesenvolvimento cultural e dacidadania;

6) Aproximar a ABRASCO

e o MS na formulação de pro-postas de políticas e nas ava-liações de acompanhamentonos segmentos de abrangênciada temática de educação nasaúde;

7) Organizar estratégias para am-pliar e fortalecer o ensino e a pesquisano âmbito da temática;

8) Promover a interlocução per-manente com as agências de fomen-to, revendo critérios para incentivo àpesquisa, produção e difusão do co-nhecimento nessa temática;

9) Promover a interlocução com asinstâncias de avaliação da educaçãoe do desempenho e produção docen-te, valorizando a atuação no ensino ea produção de conhecimento e asses-sorias às redes locais;

10) Retomar, valorizar e qualificara participação da ABRASCO junto aoFNEPAS;

11) Fortalecer a interlocução comas redes já existentes (Rede Unida,FNEPAS, ANEPS, Fórum de Residentes,Fórum de Coordenadores de Residên-cia, Associações de Ensino das Profis-sões da Saúde etc.);

12) Investir conhecimentos e práti-

cas sobre a formação de formadorespara dar conta de uma educação inte-grada à Reforma Sanitária;

13) Debater e construir os concei-tos constitutivos da identidade do cam-po (educação de/em/na saúde), bemcomo mecanismos de inter-ação e diá-logo com campos correlatos;

14) Discutir e estabelecer proposi-ções sobre o ensino e a transversalidadeda Saúde Coletiva nos cursos de saúde;

15) Trabalhar pela construção deuma noção de Princípios do ProcessoFormativo na Reforma Sanitária:multiprofissionalidade, integralidade,humanização, conhecimento do SUS,pedagogia problematizadora, meto-dologias ativas, integração ensino-tra-balho-cidadania;

16) Construir referências e propos-tas de avaliação para a educação per-manente em saúde como eixonorteador e transversal a todos os pro-cessos de educação (auxiliar as insti-

Sistema Único de Saúde (VER-SUS) eas Residências Multiprofissionais comopotenciais para a integralidade da for-mação e para o avanço da ReformaSanitária na constituição dos sujeitos;

22) Conferir vigor à área com am-plas articulações, mobilização de re-vistas e editoras, negociação com asrevistas da área, em especial a Ciên-cia & Saúde Coletiva;

23) Promover a integração dasações e agendas dos diferentes seg-mentos implicados com a espe-cificidade do GT: instituições da áreada educação e da saúde (universida-des, escolas técnicas, escolas de saú-de pública, MEC, MS, MCT, CONASS,CONASEMS e instâncias de controlesocial);

24) Propor agendas compartilha-das com o GT Recursos Humanos eProfissões, tendo em vista a necessi-dade de interações com o Ministériodo Trabalho; a discussão das temáticas

que envolvem a regulação pro-fissional, novas profissões e mi-gração de profissionais; a cons-trução da priorização daprofissionalização técnica, ocomponente formação / edu-cação continuada / educaçãopermanente nas carreiras detrabalhadores da saúde e es-tudo sobre as correlações exer-

cício-formação profissional;25) Promover a interlocução perma-

nente com os demais GTs da ABRASCO,em especial, os de Comunicação, Infor-mação, Educação Popular, Promoção daSaúde e Saúde do Trabalhador;

26) Estabelecer um inventário deatores na área com mapeamento deexperiências de redes locais, de servi-ços, de escolas técnicas, instituições deensino superior e programas de espe-cialização para compor de formaplural o GT;

27) Constituir grupo de discussãovirtual para dar agilidade ao trabalho doGT de Ensino e Formação na área dasaúde, considerando a extensãoterritorial do país e a diversidade de ato-res e entidades envolvidas;

28) Trabalhar pela ampliação daassociatividade individual e institucionalà ABRASCO entre docentes, estudantes,residentes, Centros, Núcleos e Progra-mas de Educação na Saúde.

“Reconhecemos a necessidadede um re-exame e definição do próprioensino da Saúde Coletiva na graduação

das profissões da saúde”

tuições na condução dos seus proces-sos de ensino e formação com um con-ceito de Educação mais constituídonos cotidianos do ensino e do traba-lho em saúde);

17) Construir referências e propostaspara colocar a integralidade como con-ceito norteador da formulação pedagógi-ca em saúde e como objetivo de constru-ção comum nos processos educativos(potencial para construção de um profis-sional de saúde mais integral e maispróximo da realidade do SUS);

18) Tomar o compromisso ético epolítico com o SUS como componentepermanente da formação em saúde;

19) Reafirmar os processos deaproximação entre o ensino, o traba-lho em saúde e a cidadania;

20) Contribuir enfaticamente coma renovação da Extensão Universitáriapara os cursos da área da saúde;

21) Reafirmar estratégias como a deVivências e Estágios na Realidade do

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16 Boletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador Julho 2007 2007 2007 2007 2007

A oficina do GT Educação Popular daABRASCO, contou com a participação de li-deranças populares, educadores e militan-tes de movimentos sociais populares parti-cipantes da Articulação Nacional de Movi-mentos e Práticas de Educação Popular(ANEPS) e da Rede de Educação Populare Saúde.

O encontro teve entre seus principaisobjetivos aprofundar a análise sobre o pro-cesso histórico de luta popular e constru-ção da Saúde Coletiva e Pública no Brasil;conhecer as experiências de luta popularpor saúde na América Latina; analisar aconjuntura atual e os desafios para a ga-rantia do direito à saúde no Brasil; definirestratégias de luta e de ação da ANEPS eda Rede de Educação Popular para avan-çar na garantia do direito à saúde no Bra-sil; traçar ações de intervenção da ANEPSe da Rede de Educação Popular e Saúdepara o processo das Conferências de Saú-de, o Pacto pela Saúde e EC-29 e; cons-truir estratégias organizativas da Rede e daANEPS.

No primeiro dia, depois da apresenta-ção feita através de uma dinâmica deintegração que incluiu as danças Coco eMaracatu, foi abordada a questão da “Re-tomada histórica da luta e construção daSaúde Pública no Brasil”. Através da apre-sentação do vídeo “Políticas Públicas deSaúde no Brasil”, de Renato Tapajós/SEGEP-MS, seguida de debate.

Esse vídeo inclui a perspectiva do pa-pel dos movimentos populares na constru-ção do SUS e na consolidação do direito àsaúde e traz para a Articulação Nacionalde Movimentos e Práticas em Saúde a in-dagação: somos protagonistas nessa histó-ria? Valeu lembrar as dificuldades enfren-tadas pelos movimentos populares comoelemento para pensar a atual conjunturados próprios movimentos e sua relação como Estado.

Como principais desafios foramelencados:

Educação Popular e Saúde

l A efetiva implantação do SUS – coma universalidade, integralidade e equidade;

l O financiamento para a Saúde, a leide responsabilidade sanitária, a regulamen-tação da EC-29 e a garantia do direito àSaúde, como parte do direito à SeguridadeSocial;

l A importância de repensar o direito àsaúde dos trabalhadores (as) (da saúde, docampo, da cidade e os informais), a eqüi-dade e sua relação com os impactos na saú-de provocados pelo modelo de desenvol-vimento;

l A construção de novas formas departicipação e atuação nas Conferências deSaúde, em especial a 13ª CNS;

l Ação sobre os determinantes sociaisda saúde;

l A situação dos trabalhadores da saú-de, plano de cargos e salários, condições erelações de trabalho;

l A educação permanente na saúde ea educação popular na saúde;

l O fortalecimento de articulações, re-des e processos organizativos e formativosdas classes populares na defesa dos direitose na construção de um outro mundo dejustiça e solidariedade. Destaca-se, nesseponto, a importância da ANEPS, da Redede Educação Popular e Saúde, dos Movi-mentos Sociais Populares, da Escola Con-tinental de Saúde do Trabalhador, das enti-dades sindicais, entre outras.

No segundo dia da Oficina, o acolhi-mento se deu através de um poema e deuma performance com o grupo do Ceará ede Pernambuco e foram debatidas as es-tratégias de luta, de ação popular por saú-de, de educação em saúde e de fortaleci-mento dos movimentos, práticas e das arti-culações sociais populares.

Organizados em grupos temáticos, osparticipantes debateram e apresentarampropostas relativas a três questões centrais:

I) Quais as estratégias de mobilizaçãoe atuação no processo das

Conferências de Saúde e de lutapela garantia dos Direitos Sociais?

O processo de construção da SaúdePública no Brasil se deu com muita luta emobilização da sociedade brasileira. AsConferências de saúde se construíram demobilização, debate e deliberações sobre oque é necessário que se avance na saúdedo povo brasileiro. Neste sentido, foi feitoum breve levantamento sobre o processopreparatório das conferências de saúde noBrasil, a partir do olhar dos participantesem seus estados e municípios, o que per-mitiu mostrar que as conferências estão comdinâmicas diferentes. Há locais em que nãoestão acontecendo, outros só estão ocorren-do por pressão dos Movimentos Sociais eoutros em que estão acontecendo e mobili-zando o conjunto dos atores envolvidos coma Saúde Pública.

Assim, ficou definido que cada mili-tante de movimentos e práticas de educa-ção popular e saúde buscarão atuar nosentido de:

1. Fazer com que seja garantida a reali-zação das conferências de saúde;

2. Que haja nas conferências de saúdea preocupação e um processo metodo-lógico participativo que garanta aos par-ticipantes a:

- reflexão sobre a situação de saúde dapopulação, desde o seu nível local, até onacional,

- articulação desta situação com osdeterminantes e condicionantes do proces-so saúde-doença,

- relação deste contexto com um proje-to de desenvolvimento da sociedade,

- construção de propostas e diretrizespara o avanço da saúde nos municípios,estados e no Brasil;

- reflexão e defesa dos Direitos Sociais,da Saúde como parte da Seguridade Soci-al do campo e da cidade.

3. Que seja garantido o debate em tor-no de proposições estratégicas como:

- Defesa da efetiva implantação do SUS

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– Sistema Único de Saúde garantindo aintegralidade, a eqüidade e a participaçãopopular;

- Fortalecimento da Atenção Básica àSaúde, articulando o conjunto da rede afim de garantir a integralidade de atençãoà saúde;

- Regulamentação da Emenda Consti-tucional - EC-29 vinculação dos recursosda saúde;

- Garantia de políticas para a saúde dostrabalhadores do campo, da floresta, da ci-dade e também dos trabalhadores da saúdee do setor informal;

- Lei de Responsabilidade Sanitária;- Educação Permanente e popular

no SUS.4. Que tenha participação ativa dos

Movimentos e Práticas de Educação Po-pular e Saúde na implantação do ProjetoCultural da 13ª CNS considerando:

- A arte, cultura, educação e saúdecomo dimensão de criatividade humana,como expressão de resistência e de pro-cesso libertário das pessoas e dos grupossociais, como expressão de saúde e devida e não como instrumento e/ou showpara ser apreciado;

- Que expresse uma nova concepção eprática de integralidade do cuidado com asaúde e a vida;

- Que expresse a educação popular epermanente em saúde como matrizes po-lítico-pedagógicas de referência de práti-cas humanizadoras, participativas, de ci-dadania e de cuidado integral com a saú-de e a vida.

- Critérios para seleção de experiên-cias que tenha a ver com o temário da 13ªCNS e que expresse a concepção e práticade saúde, arte, cultura e educação na pers-pectiva da integralidade e da participação;

5. Que haja debate e propostas em tor-no de novos eixos temáticos como:

- Valorização da biodiversidade e a pro-moção da saúde e do desenvolvimento sus-tentável e ecológico;

- Práticas integrativas, tradicionais epopulares de cuidado em saúde;

- Mobilização, participação, controlesocial e cidadania;

- Educação popular e permanente emsaúde.

6. Encaminhamentos:- Construir parceria e/ou participar jun-

to com o Conselho Nacional de Saúde e

com o Ministério da Saúde para aviabilização deste processo;

- Dar visibilidade: materiais, banca, tex-tos, bótons, etc;

- Estar presentes nas Conferências deSaúde;

- Levar em todos os espaços a impor-tância da 13ª CNS frente o contexto naci-onal geral e da saúde em que estamosvivendo e a necessidade de ressignificaras grandes questões da Reforma Sanitá-ria expressas na 8ª CNS neste processo;ou seja, assumir a defesa dos DireitosSociais e a Saúde como parte daSeguridade Social como eixo mobilizador,agir no sentido de que os processos dasConferências sejam democráticos eparticipativos e evidenciar que asustentabilidade, a qualidade de vida e asaúde tem a ver com a disputa de proje-tos de desenvolvimento da sociedade;

II) Quais as propostas paraa realização do IV ENEPS, I ENEPOPe I Seminário Nacional da ANEPS?

Foi sugerida a possibilidade de reali-zar o III Encontro Nacional da ANEPSjunto com o IV ENEPS e I ENEPOP. No en-tanto, ficaram duas interrogações a esterespeito:

a) a data, pois precisa ser realizado atéfinal de março de 2008 e teríamos poucotempo para articular o conjunto de movi-mentos e práticas que a ANEPS vem sedesafiando a fazer;

b) o financiamento do encontro, poispelo DECIT, os recursos são limitados e nãopermitem viabilizar o transporte das pessoasvinculadas aos movimentos e práticasintegrativas e tradicionais.

Considerando as questões, ficou defi-nido que o grupo operativo da ANEPSNacional buscará formas de financiamen-to para a realização do III EncontroNacional da ANEPS e I Encontro Nacio-nal de Práticas Tradicionais e Integrativas.A ANEPS fará parte do processo de reali-zação do IV ENEPS e I ENEPOP, construin-do a programação conjunta e a realizaçãode atividades da ANEPS conjugadas, nãoprecisando ser necessariamente o IIIEncontro Nacional da ANEPS, podendoser Seminário ou outra identificação.

III) Quais as propostas e estratégiasde formação e educação na saúdena perspectiva da educação

permanente e popular, a partirdo olhar dos Movimentos SociaisPopulares?

- Reafirmar o sentido político da dimen-são educativa na saúde e os pressupostosda educação popular e saúde. Entende-seque não se trata de construir agora, umapolítica nacional de educação popular nasaúde (exclusiva), mas uma estratégia trans-versal nas diversas políticas e processos deformação, de gestão, de atenção e de con-trole social na saúde;

- Identificar atores e gestores aliados;- Potencializar os espaços e projetos já

existentes;- Aprofundar esta temática con-

ceitualmente;- Construir experiências de trabalho

junto aos processos de formação, ensi-no e educação permanente nas váriasinstâncias;

- Potencializar o GT de Educação Popu-lar da ABRASCO;

- Construir ações em parceria entre oGT de Educação popular da ABRASCO e oGT de Formação e Ensino na Saúde;

- Construir ações junto à Escola LatinoAmericana de Líderes Sociais;

- Participar do processo do próximoFórum Social Mundial que será no Brasil,em Belém;

- Avançar na atuação da sociedade civilna questão dos Determinantes Sociais daSaúde, já em andamento.

Avaliação da Oficinae Encerramento

Foi realizada uma performance e cadaparticipante expressou em uma palavra o queestava levando da oficina, como segue: boa,interessante, resgate, desafio, conhecimen-to, troca, produtivo, proveitoso, satisfatório,integração, paciência, necessidade, diversi-dade e luta, reencontro, construção, prazer,construção coletiva, apaixonante a ANEPS,cultura, saúde, educação e arte; busca, forçae união; sonhos e desafios.

Ao final, todos os participantes uniram-se à oficina sobre Formação e Ensino e àoficina da ANEPOP num momento singularde socialização dos principais debates decada uma, de troca e de vivência coletiva.

O encerramento contou com umaperformance coordenada por cirandeiros eatores populares de Fortaleza, Recife eOlinda.

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18 Boletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador JulhoBoletim Especial Congressos Salvador Julho 2007 2007 2007 2007 2007

Criado com o intuito de divulgar os periódicos cien-

tíficos e promover as-sinatura e comer-cialização de númerosantigos e inéditos,lançados durante oevento, o Espaço Abras-co Periódicos teve suaterceira edição no Con-gresso Salvador 2007.

Montado no 4ºandar do Centro deConvenções da Bahia,onde esta-vam localiza-dos as salas e auditóri-os do evento, o Espaçodedicou a manhã dodia 18 de julho a lançamentos de dezperiódicos científicos. Esta iniciativaé mais um passo na busca pelo reco-nhecimento e valorização do papeldestas publicações para a divulgaçãocientífica.

Na ocasião foram lançados núme-ros da Revista Ciência e Saúde Cole-tiva (ABRASCO), Revista Brasileira deEpidemiologia (ABRASCO), RevistaQuestões de Saúde Reprodutiva (GTGênero/ABRASCO), Revista SocialMedicine (ALAMES), Revista Brasileirade Saúde Materno Infantil (IMIP), Ca-dernos de Saúde Pública (FIOCRUZ),Physis – Revista de Saúde Coletiva

Espaço Abrasco Periódicos

(CEPESC/IMS/UERJ), Revista Saúdeem Debate e Divulgação para Debate(CEBES), Interface: Comunicação,Saúde e Educação (Fundação Uni/Botucatu), Revista Saúde e Socieda-de (Associação Paulista de Saúde Pú-blica/FSP) e a Revista Trabalho, Edu-cação e Saúde (EPSJV/FIOCRUZ). En-tre os temas abordados pelas publi-cações lançadas estão: integração re-gional e políticas de saúde; agro-tóxicos, saúde e ambiente; o SUS;globalização, desigualdade e doençasinfecciosas; saberes e práticas dagestão municipal; saúde e paz; situa-ção e desafios do sistema hospitalar

brasileiro, entre outros.Para Márcia Fur-

qu im de A lmeida eMoi sés Go ldbaum,ed i to res da Rev i s taBrasileira de Epidemi-ologia, “a ABRASCO re-presenta a comunida-de técnico-cientí f icada Saúde Co le t i vabrasileira e exerce umpapel fundamental noprocesso de comunica-ção e disseminação daprodução científica daárea ao sustentar a edi-ção de seus dois perió-dicos: Revista Brasileirade Epidemiologia e Ci-

ência & Saúde Coletiva.Maria Cecília Minayo, editora da

Revista Ciência & Saúde Coletiva,argumenta que “o Espaço Abrasco Pe-riódicos, foi um dos mais visitados doCongresso, sempre cheio de partici-pantes nacionais e estrangeiros sejacomprando os números temáticos dis-poníveis, seja fazendo inscrição comoassinantes. Muitos autores tambémcompareceram, enaltecendo a belezae a utilidade das Revistas para seutrabalho. Segundo Cecília, a impor-tância de ter um espaço específicopara as Revistas dá visibilidade e asaproxima de seus leitores.

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Terapia Ocupacional:Equidade, Ética e Direito à Saúde

O principal eixo estruturador dos debates empreendidos nestaOficina foi a discussão sobre

equidade, ética e direito à saúde.Assim, considerando que saúde é

resultado de processo social complexoque integra acesso a bens, serviços edireitos; os problemas de saúde da po-pulação devem ser acompanhadosnum sistema de saúde que ofereça as-sistência integral e possibilite a partici-pação e controle social; os serviços desaúde devem promover a equidade.

A promoção da equidade entendi-da como valor que implica na im-plementação de mecanismos de indu-ção de políticas ou programas parapopulações em condições de desigual-dade em saúde, por meio do diálogoentre governo e socieda-de civil, deve envolver in-tegrantes dos diversosórgãos e setores do Minis-tério da Saúde, pesquisa-dores e lideranças de mo-vimentos sociais. Paragarantir a oferta de açõesdiferenciadas para grupos com neces-sidades especiais; a rede de serviços deveorganizar-se para atender às necessida-des de saúde e de melhora da qualidadede vida da população a ser atendida; osprofissionais de saúde devem estar aten-tos ao desenvolvimento de propostas deatenção integral e que promovamequidade e o direito à saúde.

Objetivos Específicos

l Identificar/mapear/caracterizar asações da Terapia Ocupacional na cons-trução da equidade, ética e direito asaúde;

l Discutir a formação permanentedo Terapeuta Ocupacional para a atua-ção no Sistema Único de Saúde – SUS;

l Sensibilizar e envolver os partici-pantes na realização da pesquisa “Pro-jeto Coletivo de Cooperação Técnicada Rede Nacional de Ensino de Terapia

Ocupacional – RENETO” com o Minis-tério da Saúde.

A partir desse referencial realizamosa Oficina de trabalho de TerapiaOcupacional segundo as etapas apre-sentadas a seguir:

Participaram desta oficina 56 pro-fissionais representando os estados daBahia, Pernambuco, Minas Gerais, Dis-trito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo,Ceará, Rio Grande do Sul e Alagoas;Conselho Federal de Fisioterapia e Te-rapia Ocupacional - COFFITO; ConselhosRegionais 1ª. Região (RN, PB, PE eAL), 2ª. Região (RJ e ES) 3ª. Região(SP) 5ª. Região (RS), 6ª. Região (CE ePI), 7ª. Região (BA e SE), 9ª Região(AC, RO, MT e MS), 10ª Região (SC)e 11ª Região (DF e GO); Associações

Ana Cristina de Oliveira Brasil, Vice-presidente do COFFITO abriu a oficinaagradecendo a presença de todos e,em seguida, passou a palavra a LuizOdorico Monteiro de Andrade,Secretário Municipal de Saúde deFortaleza, que apresentou um pano-rama da constituição do campo daSaúde Pública e da Saúde Coletiva,como também da constituição do Sis-tema Único de Saúde tendo como eixode análise a defesa da equidade e dodireito à saúde. Apresentou tambémseu ponto de vista sobre a importânciado Programa de Saúde da Famíliacomo estratégia de implementação daatenção básica no país e sua propostade criação de um sistema nacional deformação para o SUS. Sua interven-

ção pautou-se no deta-lhamento das experiên-cias locais assis-tenciaise de formação como aresidência em Saúde daFamília, que se desen-volveu para Médicos,Enfermeiros, Terapeutas

Ocupacionais, Fisioterapeutas entre ou-tros profissionais. Esse modelo de for-mação estaria baseado na necessida-de de construção de estratégias de cui-dado interdisciplinares tendo em vistaa complexidade do processo saúde-do-ença e dos agravos à saúde das popu-lações no país.

Outra contribuição ao debate foida Dra. Marta Carvalho de Almeida,Presidente da RENETO, que apresen-tou dados sobre o Ensino de TerapiaOcupacional no país analisando osaspectos relativos à distribuição devagas e de cursos de graduação nasdiferentes regiões no período entre1991 e 2006.

Os participantes foram divididos emquatro grupos de discussão com os te-mas previamente acordados, a saber:(1) Mapeamento e descrição da inserçãoda Terapia Ocupacional nos serviços de

Regionais de Terapia Ocupacional dosestados da Bahia, Minas Gerais,Pernambuco e ABRATO representada pelaATOMG; Rede Nacional de Ensino de Te-rapia Ocupacional - RENETO; Cursos deTerapia Ocupa-cional da Escola Baianade Medicina e Saúde Pública na Bahia,da Faculdade de Ciências Médicas deMinas Gerais, das Universidades Fede-rais de Pernambuco e de Minas Gerais,da Universidade Potiguar, do CentroUniversitário de Araraquara – SãoPaulo, Universidade Estadual de Ciên-cias da Saúde de Alagoas e Universi-dade de São Paulo,assim como profis-sionais vinculados a serviços como Cen-tros de Atenção Psicossocial – CAPS,hospitais gerais e de especialidades, Se-cretaria Estadual de Saúde da Bahia edo Rio de Janeiro, Secretaria Municipalde Saúde do Rio de Janeiro e deSalvador.

“Eqüidade implica na induçãode políticas públicas dirigidas às populações

em condições de desigualdade em saude”

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A maior integração de informaçõessobre a formação profissional e o SUSauxiliará na discussão com o Minis-tério da Educação para que se possatambém atingir a finalidade desse tra-balho, a saber:

1. Ampliação dos cursos de gra-duação nas universidades públicas,federais e estaduais, e na formaçãode profissionais com perfil e experi-ência para implementar as políticasassistenciais em curso;

2. Inserção do profissional Tera-peuta Ocupacional como consultordas escolas regulares de ensino deeducação infantil, fundamental emédio com vis tas à garant ia daequidade e do direito à educaçãodas pessoas com def i c iênc ias etranstornos mentais.

Tais informações subsidiariam adiscussão sobre ensino de TerapiaO c u p a c i o n a ltambém junto aoMinistér io daEducação, com afinalidade de pro-mover e estabele-cer a formaçãodo TerapeutaOcupacional emcondições de par-ticipar e contri-buir com o desen-volvimento de políticas assistenciaissignificativas para a universalizaçãoda atenção à saúde, abrangendoações de prevenção, promoção, pro-teção e recuperação da saúde, bemcomo para o desenvolvimento de pro-postas de atenção de caráter integrale que favoreçam a equidade.

Os participantes da Oficina foramunânimes no reconhecimento da ne-cessidade de dar continuidade ao tra-balho iniciado. Para tanto sugerem aorganização de um Simpósio sobre otema nos próximos Congressos Bra-sileiros e regionais da área, de formaa contribuir com a experiência con-creta das atividades assistenciais re-alizadas em Terapia Ocupacionalpara a melhor qualidade de atençãoà saúde.

Atenção Básica; (2) Mapeamento edescrição da inserção da TerapiaOcupacional nos serviços de AtençãoEspecializada; (3) Mapeamento e des-crição da formação do TerapeutaOcupacional; (4) Mapeamento e des-crição da inserção da Terapia Ocu-pacional na Gestão Institucional e Ex-tra-Institucional.

Foram realizadas as discussões es-pecíficas nos grupos e, posteriormente,os resultados foram apresentados emplenária, onde se discutiram as pro-postas de encaminhamentos.

A experiência assistencial e de ensi-no dos profissionais participantes daOficina subsidiou as discussões reali-zadas. Percebeu-se a necessidade deampliar as informações sobre avinculação de profissionais a serviços eprogramas de saúde existentes a partirde aprofundamento das informaçõeslevantadas no Cadastro Nacional deEstabelecimentos de Saúde (CNES).

A presença da Terapia Ocupacionalem diferentes estados e em diferentesserviços (Hospitais, ambulatórios, clí-nicas especializadas, CAPS, etc.) podeser melhor detalhada facilitando o de-senvolvimento de propostas assisten-ciais no país. Será necessário melhorara qualidade das informações paraconstruir um banco de dados queespecifique as diferentes ações desen-volvidas pela Terapia Ocupacional noSUS. Maior detalhamento das infor-mações do CNES, no que diz respeitoà vinculação dos profissionais a servi-ços público-privados e tipos de serviços,auxiliará no desenvolvimento de pesqui-sa sobre as ações e formação de tera-peutas ocupacionais no e para o SUS.

Esses dados subsidiarão discussõesjunto ao Ministério da Saúde a fim deestabelecer diretrizes para a melhor in-serção da Assistência TerapêuticaOcupacional nos diferentes programasimplantados e implementados no SUS.E assim contribuir para uma maior qua-lidade na atenção prestada a crianças,adolescentes, jovens, adultos e idosos,bem como a populações vulneráveis comoaquelas com incapacidades e/ou defici-ências e limitação na participação ematividades.

Durante o encontro foi aprova- da a proposta de um mani- festo pró-Associação Brasilei-

ra de Saúde Mental a ser consolidadadurante o Congresso. Uma Comissãoredigiu o documento, destacando a im-portância de uma Associação para estecampo, e circulou durante todos osdias do evento buscando assinaturasde apoio. Paralelamente discutiu-se aproposta de criação de uma RevistaBrasileira de Saúde Mental e foi cria-da uma comissão para elaborar o an-teprojeto da publicação e fazer umprimeiro esboço da linha editorial.

Discutiu-seainda o trabalhodesenvo lv idopelo GT com oMinistério daCultura, cujosrepresentantesestiveram pre-sentes na oficinado ano passadoapresentando a

proposta de um projeto unindo os doiscampos - saúde e cultura -, para a cri-ação de uma oficina de formulaçãode políticas de financiamento para ocampo da Saúde Mental. Na oca-sião, foi confirmada a presença deSérgio Mambertti, Secretário Nacio-nal da Identidade e da DiversidadeCultural do Minc, durante o Congres-so, explicando e divulgando a estra-tégia do Ministério neste sentido.

Discutiu-se ainda a realização doII Fórum Internacional de Saúde Men-tal e Direitos Humanos, evento pro-gramado para maio de 2008, e foi res-saltada a importância da participaçãode diversos segmentos sociais, de en-tidades e de experiências importantesrepresentativas nos âmbitos nacionale internacional.

Oficinado GT de

Saúde Mental

“Foram apresentadaspropostas de financiamento

para a política de SaúdeMental na interaçãoSaúde & Cultura”

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Equidade e Relações de Trabalho na Saúde

AOficina aconteceu nas depen-dências da Escola Estadual de Saúde Pública da Secretaria

de Saúde do Estado da Bahia econtou com 41 participantes.

O Programa foi iniciado com umaMesa Redonda que abordou o tema“Relações de Trabalho” com asinterfaces da humanização, das polí-ticas sociais e da reorganização pro-dutiva, convi-dando os participantespara uma análise sob a perspectivada inclusão e exclusão como categoriasóciopolítica central. Um termo dereferência balizou o conhecimentoprévio de todos os participantes dorecorte adotado e três palestrantesfizeram abordagens complementares.

Dois momentos dedicados a tra-balhos de grupo possibilitaram umaanálise do tema a partir dos aportesefetuados pelos palestrantes e das ex-periências trazidas pelos participantes.As discussões focalizaram a gestão dotrabalho tomando em conta a dinâ-mica da sociedade, tendo no tema daflexibilização um foco importantepara compreender os problemas deinclusão e exclusão no interior dasequipes e dos processos de trabalho.Os vínculos, as condições de trabalho,a noção de per tencimento, aprofissionalização da gestão, a saúdedo trabalhador, a humanização e acentralidade do trabalho e do traba-lhador foram balizadores importantespara a estruturação do debate e dasconclusões. Outra questão analisadarefere-se à forma como adesigualdade se constitui no interiordas equipes, o que possibi l i touintroduzir a discussão da relação entreeducação e trabalho, com reflexos naformação para a gestão e para a as-sistência, tendo no tema da educa-ção permanente uma interface privi-legiada de seus desdobramentos euma estratégia poderosa parareconfiguração da gestão do trabalhoem saúde.

Regulação, flexibilidade, inter-

setorialidade e diversidade foram re-ferentes considerados importantespara compreender e analisar os fenô-menos levantados pelo grupo. Foi for-mulada uma agenda e definidos oscaminhos al ternativos para arealização de estudos, assessorias ecapacitações estratégicas.

Principais Conclusõese Recomendações

1. Incentivo à real ização deestudos e pesquisas avaliativas, en-volvendo temas como: condições detrabalho; impacto das emendas cons-titucionais 29 e 51 nas políticas deRH; responsabilidade fiscal na gestãodo trabalho no SUS; sentimento depertencimento dos trabalhadores deSaúde e tópicos relacionados;motivações, custos, limites e possibi-lidades das diferentes modalidades decontratação; mesas de negociação eoutros comitês e colegiados inseridosna gestão do trabalho; a gestão dotrabalho nas agendas dos diferentesConselhos (municipais, estaduais enacional); relação dos diferentes ato-res do SUS com a indução depolíticas de mudanças na formaçãodos profissionais de Saúde; a Educa-ção Permanente como ferramenta re-lacionada à gestão do trabalho; ainter-relação da EP com a gestão dotrabalho; o conhecimento dos proble-mas emergentes e complexos do SetorSaúde nos processos de qualificaçãodos trabalhadores; propostas inova-doras para a regulação e análise daimplementação das dife-rentes formasde organização; repercussão da par-ticipação dos trabalhadores na fina-lidade dos serviços prestados; estudoscomparativos das diferentes agênci-as e fundações de apoio na incorpo-ração de trabalhadores ao setorSaúde; diversidade no interior do pro-cesso de trabalho e de gestão do tra-balho no SUS (gênero, etnias, etc).

2. Estímulo e fomento à área decomunicação e informação para que

cumpra o seu papel estruturante nasáreas e nas políticas de RH (conheci-mento de tecnologias e experiências po-sitivas, atualização de bancos de da-dos sobre oferta de profissionais,disponibilização de dados estratégicospara a gestão, construção de sistemasamigáveis).

3. Estímulo às estratégias que tra-duzam a intersetorialidade na área degestão do trabalho, através de maioraproximação com a área de saúde dotrabalhador, da consideração dos agra-vos e adoecimentos dos trabalhadoresna construção de propostas de humani-zação do trabalho na saúde; da incor-poração da humanização na gestão dotrabalho na saúde e da valorização dagestão da informação como aspectofundamental para a tomada de decisãopara qualificar a gestão participativa epara a qualificação permanente.

4. No âmbito do financiamento faz-se necessário disseminar no interior doSUS a Resolução do CNS que defineas ações que podem ser financiadascom recursos próprios da saúde e de-senvolver estudos sobre a aplicaçãodessas recomendações.

5. Ampliar as possibilidades de par-ticipação dos trabalhadores nos deba-tes sobre o trabalho no SUS e analisarem que medida a participação dos tra-balhadores repercute na qualidade dosserviços prestados.

6. Promoção do envolvimento nodesenvolvimento de novos mecanismos deincorporação dos trabalhadores e aperfei-çoamento dos existentes; no investimentoem idéias inovadoras para a interiorizaçãodo trabalho em saúde, inclusive analisandoa adoção do serviço civil obrigatório comomecanismo regulamentado pelo SUS; nodesenvolvimento de mecanismos deestímulos para que os estudantes retornemaos seus municípios de origem após com-pletada a sua formação e no incentivo eproposição de medidas para a incorpora-ção da força de trabalho feminina nos cargosgerenciais e diretivos do setor saúde.

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Oficina Políticas Públicase Acesso a Medicamentos:questões éticas e sociais

O acesso a medicamentos seguros eeficazes tornou-se uma questão relevan-te de Saúde Pública em todos os países,sejam eles desenvolvidos como o Cana-dá, emergentes como o Brasil, ou em viasde desenvolvimento como Haiti.

As apresentações feitas durante aoficina mostraram que as mudançasprovocadas pelas políticas públicas acon-tecem dentro desistemas sociais,econômicos e ju-rídicos comple-xos. Os papéis ecomportamentosdos atores da ca-deia dos medica-mentos, assimcomo o jogo per-manente da coo-peração e competição existente entreesses atores no momento da elaboraçãoou da implantação de uma política deacesso são fatores a serem levados emconta. Ressaltaram os desafios enfrenta-dos pelo Quebec e o Brasil na implanta-ção de um sistema universal de acesso amedicamentos, e outras questões éticase sociais, como, a “judicialização” do aces-so, que exige dos gestores maior atençãoaos diversos fatores envolvidos na garantia

universal do direito ao medicamento.No Haiti, por outro lado, são graves

os problemas de disponibilidade, de aces-so, de qualidade, de uso racional e derecursos financeiros, materiais e huma-nos. Neste caso, precisamos sublinharmais uma vez a importância, para os ato-res da colaboração internacional e da as-sistência humanitária, da da necessidade

de reforçar as ca-pacidades de to-dos os compo-nentes de um sis-tema público edemocrático degoverno.

A oficina, re-alizada no dia13 de julho, foiparte do I I

Simpósio Internacional da COLUFRAS

que permit iu reforçar a joveminiciat iva integrando colegasbrasileiros no campo do medicamen-to e da Saúde Pública, além de servircomo uma atividade preparatóriatambém para o próximo evento da Ini-ciativa Luso-Francófona sobre o aces-so aos medicamentos e a proteção docidadão, a realizar-se em Montreal nomês de novembro de 2007.

7. Realizar fóruns de aproximaçãoentre academia e serviços em todosos níveis do sistema, incorporando te-mas de gestão do trabalho e da edu-cação na saúde no âmbito do Pactopela Saúde e pela Vida.

Mecanismos Propostos para a Ges-tão das Cooperações, Estudos e Pro-cessos de intervenção:

l Articulação do GT-RH com todosos Observatórios de RH existentes no País;

l Articulação do GT-RH com dife-rentes áreas do conhecimento noâmbito da pós-graduação (ANPAD,ANPEC, ANPOCs, etc);

l Fortalecer os processos de forma-ção de negociadores;

l Estimular a ampliação das ativi-dades de mudanças na graduação noâmbito do SUS;

l Reforçar e estimular experiênciasde formação como CADRHU e CEDRHU

como mecanismo concreto de articula-ção das áreas de trabalho e educação.

l Estimular a busca de financia-mento para os estudos propostos, e en-volver grupos inseridos nas diferentes ins-tituições do país;

l Ampliar as equipes dedicadas àpesquisa e a cooperação na área, ado-tando estratégias mobilizadoras emredes;

l Estimular os grupos de pesquisaexistentes na formação de novos qua-dros dedicados à temática da gestãodo trabalho, nas dimensões amplas dis-cutidas pela Oficina.

“O acesso a medicamentosseguros e eficazes tornou-se

uma questão relevantede Saúde Pública em todos

os países”

Você conhece o Abrasco Divulga?O Boletim Eletrônico da Abrasco foi desenvolvido para divulgar notícias, oportunidades,

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Aoficina de Gestão em SaúdeGlobal teve como objetivo principal construir subsídios e

identificar colaborações intelectuaispara um programa de qualificaçãoavançada para a área.

O encontro transcorreu conformeprogramado, repactuando-se seus ob-jetivos e produtos para adequação aopúblico presente, tendo em vista ab-sorver o máximo de contribuições peladiversidade de pesquisadores, do-centes e instituições que acorreram,mas também pela provocação ao di-álogo despertada pelas falas de aber-tura e pela oportunidade da constru-ção colet iva de um programaformativo, ultrapassando a lógica decursos em catálogo para processosmobilizadores de aprendizagem e con-versação em rede. A oportunidadeímpar foi a de visualizar um progra-ma formativo que se constituíssecomo dispositivo para atores em pro-cesso de mudança de realidade (umaespécie de construção de potênciaspara o enfrentamento de realidadeslocais, nacionais e internacionais).

No turno da manhã, aconteceu atematização da Saúde Global, daSaúde Internacional, das DimensõesInternacionais da Saúde e do Desa-fio de Programas e Projetos Estraté-gicos à Global ização e à Mun-dialização em Saúde. Os palestrantesconvidados apresentaram comu-nicações sobre um Programa de Qua-lificação Avançada em Gestão daSaúde Global.

Edmundo Gallo, da Coordenaçãode Programas e Projetos Estratégicosda FIOCRUZ em Brasília, discorreu sobrea complexidade das questões pre-sentes no cenário da saúde global eas estratégias que a Fundação vemdesenvolvendo em interação com estecenário, contextualizando a propostado Programa Avançado de Qualifica-ção em Saúde Global e o propósitoda própria oficina.

Em seguida, o Dr. Mario Rovere,

Gestão em saúde global

com o tema intitulado “La Salud In-ternacional en un Tiempo Postglobal”,desenvolveu uma importante análisesobre as Relações Internacionais – emsuas diferentes escolas – e a SaúdePública, considerando a presença dosorganismos internacionais e da pró-pria universidade, apontando possi-bilidades e desafios presentes nestecontexto. Lembrou diversas particu-laridades que levaram a compreen-são de que há determinação interna-cional sobre a saúde de quaisquer po-vos, a exemplo de obter ou não me-dicamentos, equipamentos e tec-nologias, incluídas as de gestãosetorial.

A comunicação seguinte foi doDr. Sebastián Tobar, que abordouo tema “Capacidad Institucional ySalud Global”, desenvolvendo umacontundente reflexão sobre a capa-cidade dos Ministérios da Saúdedos pa í ses daAmérica do Sulde abordar ques-tões vinculadasà saúde interna-c iona l . As tec-nologias de ges-tão setorial emaspectos inter-nacionais foram evidenciadas pelobaixo envolvimento político e eleva-da determinação burocrática. Foi pos-sível visualizar a área de relações in-ternacionais no interior dos sistemasde saúde nacionais e a sua ausêncianos sistemas locais, restando reduzi-das as oportunidades de diálogo epactuação de gestão em situaçõesconcretas de organização setorial.

Ao fechamento, o Dr. Ricardo BurgCeccim teceu comentários inte-gradores das falas, destacando apotência da articulação dos conceitosteóricos, a relevância da análise desituação das realidades institucionais,a importância de nosso país assumircompromissos internacionais dequalificação em saúde que tomem as

fronteiras brasileiras como desafio decompromisso pol í t ico com odesenvolvimento da cidadania, demaneira estratégica. O Brasil possuifronteira com 10 países na Américado Sul, são 150 Km de largura aolongo de 15.719 Km de extensão,abrangendo 11 Estados e 588Municípios, o que significa 27% doterritório nacional.

Um ágil debate sucedeu a mesa eo coordenador enlaçou sucintamenteos pontos relevantes, a partir dascontri-buições dos participantes e doscomponentes da mesa.

Na parte da tarde, em um primeiromomento, houve uma rodada de apre-sentações entre todos os presentes:nome, procedência e instituição a quepertenciam, com um pequeno comen-tário sobre quais os seus possíveispontos de contato com a temática.Em seguida foi iniciado o debate, por

meio de inscri-ções, em tornoda proposta deum processoeducativo en-volvido com asaúde global.Várias idéias, ques-t i o n a m e n t o s ,

suges tões e dúv idas su rg i ram,revendo-se os objetivos da oficina,a princípio genericamente e, depois,criticamente, a fim de que não seperdesse o sen t ido or ig ina l daoficina.

A sistematização das idéias apre-sentadas ficou ordenada em (a) ques-tões de fundo, ou seja, aquelas rela-cionadas à formulação e orientaçãode um projeto formativo e (b) possí-veis temáticas ou tematizações quedevem estar presentes no desenvolvi-mento de um projeto formativo emsaúde global.

(a) Quanto à formulaçãoe orientação de um projetoformativo

“A qualificação de gestoresem saúde global exige

processos mobilizadoresde apredizagem”

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1) Considerações que devem ser pro-vidas na formulação de um programade qualificação avançada em gestão dasaúde global:

l Aprofundar termos e confronto determos que envolvem uma formaçãoem saúde global: saúde global x saúdeinternacional; relações de poder entrepaíses e decorrentes de interesses eco-nômicos internacionais entre governos;democratização global x globalizaçãoneoliberal (“neoliberalização”).

l Definir um projeto ético-político deum programa formativo que dê contada problemática da saúde global, iden-tificando aliados e adversários, realizan-do uma cartografia de objetivose potências e discutindopropostas e projetos que olimitam e fortalecem, bemcomo o utilizam como pas-sagem, oportunidade e vazão.

l Avaliar a potência oupossibilidade de utilizar ouconjugar esforços com recursos comoo do Telessaúde.

l Constituir redes de colaboradoresentre gestores e especialistas internaci-onais.

2) Questionamentos que devem serconsiderados na formulação de umprograma de qualificação avançada emgestão da saúde global:

l Um programa de qualificaçãoavançada em Saúde Global (e seusCursos) deve tratar de questões nacio-nais e fronteiras de vizinhança interna-cional, deve tratar de questões nacio-nais e dimensões internacionais dasaúde ou deve se compor pelocruzamento de ambas as condições?

l A certificação em Cursos pode tervalidade internacional?

l Será uma nova especialidade ouserá um conjunto de conhecimentospara o avanço nos sistemas de saúdee, assim, uma temática para as váriasáreas de formação ou um projeto deespecificidade interna a si mesmo?

l Deve-se investir em uma nova es-pecialidade ou investir conhecimentosnas formações já existentes?

l A oferta de Cursos com foco nasaúde internacional dirige-se apenas aosgestores de sistemas de saúde ou envolvedemais dirigentes governamentais?

l Entre os destinatários ou interes-ses de uma tal formação estariam ou de-

veriam estar lideranças junto aos movi-mentos sociais e junto aos estudantes?

l Qual o papel desejado/desejávelaos movimentos sociais e junto aosestudantes num programa com estanatureza?

(b) Temáticas presentesno desenvolvimento de umprojeto formativo em saúde global

Este subordenamento pode ser in-terpretado como um agregado paracursos de atualização e/ou itineráriospara cursos de aperfeiçoamentoavançado. Foram 04 agregados“curriculares”: saúde global e sistemas

Brasil com os países da Região e parti-cularmente os compromissos ético-po-líticos do País com a situação dos paí-ses vizinhos (a importância da solidari-edade entre os países), sem minimizara necessidade de compromissos com ospovos pobres no mundo (responsabili-dade planetária com a saúde e com di-reito à qualidade de vida);

l Tratar cada eixo, tema ou açãoformativa como transposição de ferra-mentas concretas para o trabalho degestão política da saúde em seus diver-sos âmbitos e potências (intervençãomacro e micropolítica: colaboraçãoobjetiva e construção de condições

subjetivas);l Organizar uma ação

educativa onde cada módulode curso se configure comoFórum de Aprendizagem paraalunos (matrículas formais) epara convidados (alargamentode atores em conexão), como

programa curricular ou como simpósiode discussão temática, atendendojornada prevista ou representando a cri-ação de uma jornada;

l Considerar, entre cada módulo decurso, temas emergentes;

l Considerar possibilidades de inter-seção de curso com ações educa-tivasinovadoras, como programas devivência e estágio para estudantes degraduação da área da saúde entre ospaíses vizinhos (VER-SUS internacio-nal);

l Estabelecer avaliação institucionalformativa para que cada módulo decurso ou cursos não se façam em auto-referência de quem os propõe;

l Valorizar o trabalho com colabo-radores de múltiplas inserções, buscan-do o permanente ajustamento e a efe-tiva revisão dos percursos;

l Desencadear um programa forma-tivo sem fechamento prévio (pacote com-pleto): iniciar cursos de “atualização avan-çada” ao longo da preparação de novoscursos de “atualização avançada” econstruir o sentido de percursos/itinerári-os de formação que levem ao aperfeiço-amento e à especialização em gestão dasaúde global e preparem um MestradoProfissional no horizonte institucional daFiocruz Brasília, de modo a desencadeara produção de conhecimento para aAmérica Latina.

locais de saúde no contexto geopolíticomundial; modelos tecnoassistenciais esistemas nacionais de saúde - estudoscomparados na América Latina; gestãoda tecnologia e da inovação (criação deredes) e, por fim, tecnologias de gestãode sistemas, redes e serviços de saúdee os desafios internacionais da saúde.

Para cada agregado, um desdobra-mento de tematizações para a futuracomposição de conteúdos:

l Saúde global e sistemas locais desaúde no contexto geopolítico mundial;

l Modelos tec-noassistenciais e sis-temas nacionais de saúde - estudoscomparados na América Latina;

l Gestão da tecnologia e da inova-ção (criação de redes);

l Tecnologias de gestão de serviços,sistemas e redes de saúde e os desafiosinternacionais da saúde.

Após o debate sobre o produto sis-tematizado, foram apresentadas ressal-vas e acrescidas novas sugestões:

l Inclusão de eixos ou temáticas:- Ética e Direito Internacional,- Ecossistemas e a Preservação

Ambiental,- História social e determinantes his-

tórico-sociais da Saúde Global;- História e organização social e po-

lítica do Sistema Único de Saúde: Re-forma Sanitária Brasileira.

l Considerar a responsabilidade do

“Deve-se investir em uma novaespecialidade ou investir conhecimentos

nas formações já existentes?”

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Aoficina teve como objetivoaprofundar a discussão sobre in-dicadores e procedimentos

metodológicos que possibilitem o moni-toramento de políticas e programas quedireta ou indiretamente incidem sobrea saúde das mulheres e as relações degênero.

Na primeira apresentação do dia, aDra Suzana Cavenaghi (ENCE/ABEP),discutiu a viabilidade da inclusão de in-dicadores de gênero e raça no PPA2008-2011, tomando como pressupos-to que as ações que têm como objetivoespecífico diminuir ou erradicar desi-gualdades requerem o monitoramentoe a avaliação criteriosa dos processosdesde o seu início, pois é necessário co-nhecer os efeitos do uso dos recursospúblicos na redução das desigual-dades de gênero e raça.

A primeira pergunta posta pelapesquisadora é se é possível incluirem todos os 237 programas doPPA 2008-2011 indicadores degênero e raça, considerando quepara o período 2004-2007somente 10 faziam referência ex-plícita à redução das desigualdades degênero. Se sim, quais seriam os limitesimpostos para esta tarefa? Se não, queoutros mecanismos de controle das po-líticas públicas poderiam ser planeja-das para permitir o monito-ramento des-tas ações e dar subsídios ao controlesocial destas ações? A partir da análisede vários exemplos de programas incluí-dos no PPA, como o Programa BolsaFamília, o Programa de Direitos Huma-nos e o Programa de Saúde da Família,a pesquisadora mostrou que existem en-traves básicos, ao nível de formulaçãodos programas, que se transformam quaseque em obstáculos reais para omonitoramento dos mesmo, e concluiua sua apresentação com as mesmasquestões com que havia iniciado: é pos-sível, necessário e útil monitorar todos osprogramas incluídos no PPA?

Políticas públicas, saúde da mulhere relações de gênero

O segundo apresentador do dia, opesquisador André Caetano (CEDEPLAR/ABEP) mostrou o trabalho que vem re-alizando sobre o impacto do programade transferência de renda comcondicionalidades sobre a saúde dasmulheres. De uma forma bastante didá-tica o pesquisador apresentou algunsproblemas metodológicos que são ne-cessários enfrentar neste tipo de traba-lho, tais como a própria complexidadedo PBF, em termos de desenho e estra-tégias para a sua implementação; ques-tões relacionadas à amostragem, a defi-nição de indicadores de equidade degênero e raça, e o próprio tempo e cus-to de uma pesquisa desta magnitude.Os resultados do trabalho realizado pelopesquisador apresentam indicações de

2) As políticas voltadas para a fa-mília encobrem a dimensão de gênero,pois são voltadas ao “chefe da família”,sem distiguir se é homem ou mulher esem uma abordagem específica paracada caso. Nos programas deagricultura familiar, por exemplo, asentrevistas são majoritariamentevoltadas para homens. Análises de pro-gramas voltados para as famílias devemter recorte de gênero!

Na segunda mesa o palestranteJoão Palma (SEGEST, M&A),apresentou a proposta de indicadoresque o Ministério da Saúde temtrabalhado para monitorar o impactode algumas de suas ações e programassobre a saúde das mulheres, discutin-do a proposta de que este seja um

instrumento fácil e simples demodo a poder ser apropriado e uti-lizado por conselheiros de saúdecom diferentes formações e grausde escolaridade. Em seguida a pes-quisadora Suzana Checa(CONDERS, Argentina) apresentou otrabalho de monito-ramento dapolítica argentina de Saúde Sexual

e Reprodutiva realizada por um con-sórcio de pessoas e organismos da co-munidade. O trabalho demonitoramento passou por uma sériede etapas, compreendendo desde adivulgação da Lei e o ProgramaNacional de Direi tos Sexuais eReprodutivos até chegar à realizaçãode um diagnóstico social (linha debase) sobre atenção a SS e SR emtodo o país (ago/2003).

A discussão que se seguiu a este pri-meiro bloco enfatizou a importância decapacitar a sociedade civil para ações demonitoramento, e discutiu o problemade desagregação de dados, fundamentalpara ações de controle social em nívellocal e para que se dimensionar melhoras iniqüidades que se quer reduzir. Umponto importante, neste debate, foi anecessidade de se desagregar a categoria

diferencial positivo em relação aoempoderamento das mulheres, o queprecisa ser mais bem explorado e dis-cutido, em função dos indicadoresutilizados e da disponibilidade de da-dos, alto percentual de municípiossem acompanhamento das condici-onalidades de saúde e uma grandeheterogeneidade municipal, comodeterminantes da capacidade local degestão das políticas sociais e, portan-to, do impacto do PBF.

A discussão desta mesa destacoudois pontos:

1) É necessário contextualizar que aavaliação do PPA 2004 a 2007: é difícildefinir indicadores de gênero se nãoexistem políticas de gênero; a existênciade políticas para mulheres e para homensnão é igual a Política de Gênero.

“É necessário conhecer os efeitosdo uso de recursos públicos

na redução das desigualdadesde gênero e raça”

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“idoso”, construída unicamente a partirde critérios etários que não levam emconta que o processo de envelhecimentode homens e de mulheres é totalmentedistinto.

O segundo bloco de apresentaçõesfoi voltado fundamentalmente para adiscussão de indicadores de desigual-dade de raça/etnia. Os dois pesquisa-dores que discutiram este tema, LuisEduardo Batista e FernandaLopes, apresentaramreflexões, respectivamentesobre a dificuldade de en-contrar bases de dados coma desagregação por raça/core sobre como a omissãodesta informação podeimpedir uma análise mais apurada daspolíticas. Baseados num conjunto deanálises de distintos dados, que demodo consistente mostram a situaçãode desvantagens dos indivíduos da raçanegra, os pesquisadores reiteraram a ne-cessidade de que todo o sistema deinformação em saúde no Brasil sejadesagregado por raça/cor.

A discussão que se seguiu tratou dasuperposição entre pobreza e racismo,fatores de vulnerabilidade social que noBrasil atuam em sinergia. Foi conside-rado necessário que as investigações so-bre determinantes sociais das desigual-dades em saúde busquem estratégiasmetodológicas cada vez mais apuradas

para problematizar este tipo de questão.A apresentação final da oficina, da

pesquisadora Antonia Angulo Tuesta(SCT/MS), trouxe os resultados da ava-liação da sub agenda da saúde da mu-lher na agenda nacional de prioridadesem saúde. A análise dos dados apre-sentados mostra que o esforço doDECIT no apoio às pesquisas em saú-de da mulher precisa ser continuado,

públicas, ainda faltam dadosconfiáveis e apropriados, além demétodos e procedimentos simples,eficientes e adequados para acom-panhar os resultados esperados naimplemeta-ção destas políticas emedir seus impactos.

O estabelecimento de parceriacom o GT de comportamentoreprodutivo e fecundidade daABEP e com a ALAMES foi con-siderado útil e produtiva e foi su-gerido que se busque continuarimplementando atividades con-juntas.

Plano de Trabalho para 2007/2008:

Em reunião realizada logo apóso término da Oficina, os membrosdo GT Gênero e Saúde definiram aseguinte pauta de atividades para operíodo 2007/2008:

1) Manter a proposta de realiza-ção de curso sobre Gênero e Saúde paraos próximos congressos e eventos pro-movidos pela ABRASCO, atividade reali-zada em paralelo à oficina e que teveuma excelente repercussão entre os par-ticipantes (docentes e discentes);

2) Realizar uma oficina de análisede aprofundamento dos dados apre-sentados pela Dra. Antônia AnguloTuesta. A atividade, prevista para o

dia 23 de agosto, buscacontribuir com a revisãoda agenda nacional depesquisa em saúde;

3) Realizar um semi-nário, em parceria doABEP, CNPD e Fiocruz,para aprofundar aspectos

da situação de saúde sexual e repro-dutiva das mulheres e jovens no país,de modo a contribuir com a atual polí-tica do Ministério da Saúde;

4) Implementar o projeto (já elabo-rado e aprovado) de alinhamentoconceitual das proposições para a saú-de das mulheres e para as políticas deequidade de gênero às atuais diretrizesdo Sistema Único de Saúde;

5) Realizar uma reunião em setem-bro para elaboração de um plano dire-tor para gênero e saúde, que oriente asações do GT para os próximos cincoanos;

6) Manter a edição anual da revista“Questões de Saúde Reprodutiva”.

“Análises de distintos dados mostram,de modo consistente, a situação de

desvantagens dos indivíduos da raça negra”

mas é importante uma revisão da agen-da, no sentido de identificar as lacunasque foram de alguma forma pre-enchidas durante esta primeiro esforçode trabalho, de modo a direcionarmelhor os editais para os próximos trêsanos.

A avaliação final da Oficina mos-trou que é necessário aprofundar os es-forços no sentido da produção de ins-trumentos eficientes e padronizadospara mensurar os avanços obtidos comprogramas específicos voltados para aequidade de gênero. Ademais, a des-peito da enormidade de dados prove-nientes dos sistemas administrativos eda produção nacional de estatísticas

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As Ciências Sociais e Humanas são parte fundamental eestruturante do campo da Saúde Coletiva desde o seu surgimento, há cerca de três décadas. As implicações po-

líticas e ideológicas dos determinantes sociais da saúde e aimportância do reconhecimento das Ciências Sociais e Humanascomo parte da identidade do campo da Saúde Coletiva foramtemas abordados na entrevista concedida por Soraya MariaVargas Côrtes, Presidente do IV Congresso Brasileiro de Ciênci-as Sociais e Humanas e ex Vice-presidente da ABRASCO. Confira!

Abrasco - Quais eram as expectativas da ABRASCO ao parti-cipar da organização do Congresso em Salvador? Os objetivosforam atingidos?

Soraya - Nossa principal expectativa era que o Congressofosse um espaço de debates para todos aqueles que nos camposda Saúde Coletiva e das Ciências Sociais e Humanas examinamas questões relativas à saúde utilizando as perspectivasepistemológicas e o instrumental teórico e metodológico das Ci-ências Sociais e Humanas. Não queríamos, no entanto, que fos-se apenas um espaço para debates acadêmicos, mas que incor-porasse também questões trazidas para discussão por aquelesque agem nas instituições de saúde, nos movimentos sociais eem outras arenas políticas. Esperávamos também que as ques-tões produzidas nos debates viessem a colaborar para a constru-ção de sistemas e instituições de saúde mais equânimes ehumanizados.

Nossos objetivos foram plenamente atingidos. O número departicipantes e a intensidade de seu envolvimento nos debatespodem ser considerados como indicadores do sucesso. Foram3.548 pessoas apresentando e assistindo as mais diversas ativi-dades – trabalhos, palestras e conferências – sobre assuntos vari-ados distribuídos entre os quatro eixos organizadores do Con-gresso. A intensidade do envolvimento dos participantes, as dis-cussões e reflexões realizadas colaborarão para a revitalizaçãodo debate na área e ajudarão estudantes, professores, profissio-nais de saúde e gestores a pensar e repensar as implicações polí-ticas e ideológicas de suas ações individuais e coletivas.

Abrasco - Num campo jovem como da Saúde Coletiva, quais

são os principais desafios para a inserção dos paradigmas dasCiências Sociais e Humanas?

Soraya - Creio que o principal desafio refere-se ao curtotempo de estruturação e ao modo como se constitui o campoda Saúde Coletiva. Os campos científicos são estruturas sociaisextremamente dinâmicas, que além das mudanças endógenas,estão sujeitos a mudanças provocadas pelo ambiente externo.Funcionam como sistemas abertos, cuja sobrevivência dependetambém de constante interação com outros sistemas científicose não científicos. As regras que definem os critérios queestabelecem o que ou quem tem mais ou menos mérito emcada campo foram construídas através de longos percursoshistóricos que se confundem com as histórias das disciplinascientíficas. No campo da Saúde Coletiva convivem disciplinasdiversas (como já foi apontado por diversos autores). A convi-vência entre elas é tensa, mas também cooperativa, e a co-operação é um dos principais elementos que podem favorecero fortalecimento do campo da Saúde Coletiva, frente aosdemais campos científicos e na sua interação com oscontextos políticos e sociais.

Para que haja convivência cooperativa com as demais dis-ciplinas que integram a Saúde Coletiva é necessário que asCiências Sociais e Humanas se reconheçam, e sejam reconhe-cidas, não apenas como importantes, mas como constitutivasda identidade do campo. O principal desafio seria a construçãosólida desse processo de reconhecimento mútuo.

Um congresso como o nosso é um movimento estratégiconesse sentido. Ele dinamiza a história, ainda curta, deestruturação do campo da Saúde Coletiva. Fortalece tambémsua interação com os contextos políticos e sociais, na medidaem que dele participaram gestores, profissionais de saúde, tra-balhadores de saúde, além de diversos atores sociais e individu-ais com inserção em outras áreas que não exclusivamente a desaúde. Ele auxilia na compreensão de que as Ciências Sociais eHumanas são talvez o principal componente identitário peculiarda Saúde Coletiva, em torno do qual se construiu a especificidadedo campo entre as demais ciências da saúde. O desafio, portanto,

Salvador 2007: Determinantes Sociaise Saúde Coletiva em pauta

Salvador 2007 foi um dos maiores encontros de Saúde Pública e Ciências Sociais e Humanas realizados naAmérica Latina. Organizados pela Abrasco, em parceria com a Associação Latino-americana de Medicina Social(ALAMES) e a Associação Internacional de Políticas de Saúde (IAHP), o 4º Congresso Brasileiro de Ciências Sociaise Humanas em Saúde, 10º Congresso da Associação Latino Americana de Medicina Social e 14º Congresso daAssociação Internacional de Políticas de Saúde superaram todas as expectativas dos organizadores ao congregar3.548 participantes, de 38 países, e ter mais de 2.400 trabalhos científicos apresentados.

Confira a seguir, nas entrevistas concedidas pelos presidentes dos Congressos ao Boletim da ABRASCO, comoeste evento foi construído e os desdobramentos obtidos a partir das articulações entre indivíduos e entidades propiciadaspor este grande encontro.

Determinantes sociais na saúde e a busca por sistemas e instituições de saúdemais equânimes e humanizados

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é reconhecer que as Ciências Sociais e Humanas certamentecolaboraram, e de forma decisiva, para a constituição de modosde interpretação sobre a saúde e doença não restritos à dimen-são biomédica ou às análises quantitativas da natureza dasendemias e epidemias. É reconhecer também que elas contri-buíram para construção de estratégias e vitórias na mobilizaçãode agentes, de articulações em defesa do direito à saúde e deconcepções que não restringem a saúde e a doença à dimen-são biomédica.

Abrasco - Qual é influência de um encontro como o deSalvador na construção de uma agenda internacional em tornodo tema principal do Congresso “Equidade, Ética e Direito ÀSaúde: Desafios à Saúde Coletiva na Mundialização”?

Soraya - Nosso Congresso ocorreu junto ao XIV Congres-so da International Association of Health Policy e o X Congres-so da Associação Latino Americana de Medicina Social. Ostrês Congressos participaram na definição de uma agenda co-mum baseada em uma visão também comum sobre quaisdevem ser os resultados das políticas de saúde. Em termos deconteúdo esta agenda envolveria temas, tais como: a busca derespostas sobre a viabilização da acessibilidade democrática eequânime a serviços de atenção existentes; a humanização dotratamento a diferentes indivíduos e coletividades; a recusa àdiscriminação e exclusões étnicas, de gênero, de idade, de re-gião de origem – no caso dos migrantes –, ou de tipo de condi-ção de saúde – no caso de pessoas com patologias ou deficiên-cias, entre outros. Importante também foi a aproximação destasentidades e de outras organizações cujos dirigentes ou integrantescompareceram aos Congressos. Assim, foi possível divisar

ações conjuntas de apoio mútuo. O fortalecimento de redes deindivíduos e entidades que defendam essa agenda talvez sejaum dos principais resultados dos Congressos.

Abrasco- Qual será o papel da ABRASCO nesse sentido?Soraya - Creio que a ABRASCO vai manter sua posição no debate

sobre Saúde Coletiva, Políticas de Saúde, Saúde Pública e MedicinaSocial no cenário internacional. As denominações variam, mas oconteúdo básico em disputa é o mesmo. Disputa-se para que aSaúde Coletiva, as Políticas de Saúde, a Saúde Pública e a MedicinaSocial sejam guiadas pelos ideais normativos expressos na agendacompartilhada pelas entidades que promoveram os nossosCongressos, a que me referi na questão anterior.

Para manter esta posição de protagonista, talvez tenhamosque repensar nossos congressos (Saúde Coletiva, Epidemiologiae Ciências Sociais e Humanas), em termos de periodicidade,de abrangência temática e de articulação entre eles. No entan-to, eles não devem perder aquilo que tem de mais estimulante:a vitalidade de incorporar o novo, como temática ou comopolêmica, e os novos, aqueles que estão se aproximando docampo e que o revigoram, o renovam. A ABRASCO deve aindamanter sua postura de participante ativa de fóruns, institucionaisou societais, e entidades nacionais e internacionais que pau-tam o debate e influenciam concepções e decisões de atoresestatais e sociais que atuam em diversos paises e agências in-ternacionais. A ação em diversos espaços articulados e de di-versas maneiras, mas principalmente a capacidade – que pare-ce inesgotável – de angariar aliados individuais e coletivos paraa defesa desta agenda comum, deve continuar guiando nossasdecisões sobre estratégias e ações futuras.

A ALAMES foi constituída durante o III Seminário Latino-americano de Medicina Social, em Ouro Preto, no Brasil, em novembro de 1984. Em seus 22 anos de vida, a enti-

dade consolidou-se como uma associação dinâmica que temunido pessoas e instituições de todo o continente através dediversos tipos de redes temáticas e associativas: academia,movimentos sociais, prestadores de serviços de saúde, profis-sionais de saúde, investigadores, analistas e formuladores depolíticas sociais e de saúde. Veja aqui a entrevista concedidapor Mauricio Torres, Presidente do X Congresso Latino-ame-ricano de Medicina Social e Coordenador Geral da ALAMES eLeticia Artiles, Coordenadora Geral Adjunta da ALAMES.

Abrasco - Como foi firmada a parceria entre a ALAMES,a IAHP e a ABRASCO para a organização dos Congressos?Quais eram as expectativas da ALAMES?

Alames - A ALAMES e a IAHP, como organizações irmãs,tem desenvolvido de maneira alternada seus Congressos.Em 2000, foram realizados o VIII Congresso de ALAMES e oXII Congresso da IAHP, em Havana, e ali ficou estabeleci-do que os próximos Congressos seriam realizados em par-ceria no ano de 2006 em Salvador, Bahia. Mas, em 2005,concordamos em adiar os congressos para 2007, já que em2006 seria realizado o grande congresso da ABRASCO. Poste-riormente, em meados de 2006, foi proposto pela ABRASCO

associar aos nossos congressos ao IV Congresso de Ciênci-

as Sociais e Humanas em Saúde, o que foi aprovado pelasdiretorias da ALAMES e da IAHP.

O propósito destes congressos de lograr uma amplaconvocatória, seguir consolidando-se como espaços de encon-tro da produção acadêmica e política da Saúde Coletiva no con-tinente, consideramos que foi alcançado amplamente. Neste sen-tido podemos dizer que os congressos apontam para o fortaleci-mento social e político da consolidação de um pensamento con-tra-hegemônico no campo sanitário no continente, que buscaincidir em processos sociais para que efetivamente a saúde sejaconstruída e exercida como um direito humano e um bem públi-co não negociável nas lógicas excludentes do mercado.

No que se refere especificamente à ALAMES, o Congressoacrescenta o reencontro de parte de seus membros e no avançoorganizativo. Na Assembléia da Associação, realizada no mar-co do Congresso, foi avaliado o período anterior, foram da-das linhas de projeção para o próximo período e ficou defini-da a nova diretoria. Então, em relação à parte organizacionalda ALAMES, também alcançamos o nosso objetivo.

Os congressos permitiram dar um passo importante naaproximação da ABRASCO, ALAMES e IAHP, e esperamos queisso seja consolidado a partir do convênio subscrito entre aALAMES e a ABRASCO.

Os congressos tiveram importantes contribuições e conside-ramos de grande valor a grande quantidade de trabalhos apre-

Aproximando a academia e os movimentos sociais: a lutapelo reconhecimento da saúde como direito

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sentados, mas ao mesmo tempo, acreditamos que isto dificul-tou localizar os aspectos de maior destaque, os consensos edissensos sobre os quatro eixos centrais da discussão dos con-gressos, o que para nós deve ficar como experiência para próxi-mos encontros. Desta forma, faremos mais proveitoso o exercí-cio do debate e acordos sobre os temas centrais de discussãoque são definidos em nossos congressos.

Também consideramos que para próximos eventos deve-mos promover cenários de aproximação e debate conjuntoentre setores acadêmicos da Saúde Coletiva com as organiza-ções e movimentos sociais. Assim, ambos espaços de conhe-cimento fortalecerão um ao outro na luta pelo reconhecimen-to da saúde como direito humano.

Abrasco - Quais são os avanços no que se refere à incor-poração por parte da Medicina Social à incorporação dosparadigmas das Ciências Sociais e Humanas?

Alames - Nós considera-mos que o desenvolvimentoda medicina social no conti-nente tem logrado, faz bas-tante tempo, uma articulaçãoimportante entre os para-digmas das Ciências Sociaise Humanas com os da saúde.No entanto, o paradigma biomédico continua hegemônico, masnão porque o paradigma médico social não tenha as basesteórico-metodológicas sólidas, mas porque não se tem conse-guido socavar as bases do paradigma dominante, desafio quecontinua de primeira ordem e que exige seguir evidenciando asprofundas limitações do modelo biomédico para enfrentar ostemas sanitários e por sua vez demonstrar os avanços no cam-po epistemológico e político do desenvolvimento do paradigmamédico social. Esta situação demanda continuar renovando aformação do talento humano em saúde e o desenho e execuçãodas políticas sanitárias.

Neste sentido, devemos continuar introduzindo o enfoquemédico social na formação dos recursos humanos em saúde,para que existam líderes que nos seus afazeres cotidianos apli-quem este ponto de vista, de modo que a transmissão da ex-periência transcenda a clínica e a tecnologia, para o necessá-rio diagnóstico médico social que localiza o ser humano nascondições de vida onde se reproduz biológica e socialmente eonde os determinantes sociais constituem elementos protago-nistas na educação e promoção da saúde, assim como para odiagnóstico, a decisão terapêutica e a construção social dobem-estar e a saúde. Esta formação do talento em saúde des-de os promotores comunitários, trabalhadores sociais até osmédicos deve dirigir-se também ao respeito dos saberes tradi-cionais em saúde e sua incorporação à práxis.

No campo das análises e intervenções da Saúde Coletivaé necessária uma transposição das diferenças para aepidemiologia, de tal forma que a iniqüidade constitua umeixo determinante no traçado de perfis epidemiológicos deterritório, etnia, cor da pele e gênero. Isto permitirá uma orga-nização das respostas institucionais e sociais na medida dasnecessidades sanitárias das populações.

Consideramos substancial esta perspectiva da formaçãoe da análise sanitária para a reestruturação das respostas

sociais em saúde, na via de desconstruir o modelo médicohegemônico ortodoxo que impera.

No terreno das intervenções, é necessário dar novos rumosàs agendas políticas, o que será possível na medida em que exis-tam processos de interação entre a academia, os governos (emqualquer nível) e os movimentos sociais. Neles devemos colocarem ação o saber acumulado da articulação entre as CiênciasSociais e Humanas e as ciências da saúde, para configurar res-postas sociais adequadas aos contextos sociais e sanitários.

Como síntese, diremos então que os desafios centraisnão estão no terreno epistemológico, no qual, é claro, de-vemos continuar trabalhando. Os desafios estão mais nocampo da práxis. Nele, o saber acumulado da articulaçãoentre as ciências humanas e sociais e a saúde pode ser co-locado em cena, de maneira ampla e hegemônica, nos pro-cessos de formação - formais e informais - dos gestores

de saúde e também, nocampo do desenho, im-plementação e avaliaçãodas polít icas sociais esanitárias.

Abrasco - Qual é arepercussão de um en-contro como o de Salva-

dor na articulação de agendas comuns entre as instituiçõesparticipantes?

Alames - É difícil medir as repercussões que têm congressoscomo estes, mas o certo é que uma das virtudes desses cenários épropiciar o encontro de múltiplos atores que têm interesses comuns,o que torna possível articular e pactuar processos.

Os congressos colocaram uma grande ênfase na necessi-dade de afetar os determinantes da saúde a partir de umaperspectiva ética, eqüitativa e de direito à saúde, tema revela-do pela quantidade de trabalhos, painéis e grandes debatesque abordaram esses temas.

De maneira específica, vale a pena contar que ALAMES partici-pou de cenários de articulação de diversas organizações onde foiexposta a necessidade de gerar uma coligação global em prol daequidade e da justiça social, para desenvolver uma agenda quedispute terreno com a agenda hegemônica no campo sanitário,que segue empenhada em privatizar a saúde e por esta via au-mentar as iniqüidades e exclusões sociais no mundo. Nós consi-deramos que esta é uma iniciativa importante na qual queremoscolaborar junto à Federação Mundial de Saúde Pública, o Movi-mento Mundial de Saúde dos Povos, o Fórum Social Mundial daSaúde, a IAHP, ABRASCO, CEBES, entre outros atores sociais.

Abrasco - Quais serão as próximas estratégias e/ou açõesda ALAMES neste sentido?

Alames - Neste momento estamos trabalhando com umconjunto de organizações sociais da América Latina na cons-trução de uma agenda continental sobre determinantes sociaisda saúde, que teve um momento importante na reunião regionalde determinantes sociais da saúde em Brasília, em abril de2007. Com esta iniciativa esperamos ter a capacidade de incidirnas políticas sociais e sanitárias nacionais e locais, demandan-do para isso o compromisso dos governos nacionais e locais edos organismos internacionais para que desenvolvam políticasque efetivamente ataquem as causas estruturais geradoras de

“os desafios centrais não estão no terrenoepistemológico, (...) Os desafios estão mais

no campo da práxis”

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A IAHP é uma organização científica, de ação políticae cultural na área da saúde, fundada em Amsterdã, em 1976. Criada para promover a análise científica

de assuntos relativos à saúde pública e constituir-se comoum fórum para comparações internacionais e debates sobrepolítica da saúde, é uma rede internacional de professores,trabalhadores na área de saúde e ativistas. O pressuposto fun-damental dos membros da IAHP é considerar a saúde comoum direito social e político. Confira a entrevista concedida porJosé J. O‘Shanahan Juan, Presidente do XIV Congresso daAssociação Internacional de Políticas de Saúde e atual vice-presidente da IAHP, e pela Dra. Alicia Stolkiner, Presidente daIAHP.

Abrasco - Como surgiu a oportunidade de participar doencontro em Salvador e quais eram as expectativas?

IAHP - A Associação tinha como meta, há algum tempo,avançar na aproximação da realidade da África, e contribuirpara o desenvolvimento do debate sobre as políticas de saúdee as reformas sanitárias, desde a perspectiva do reconheci-mento da saúde como umdireito social num compro-misso solidário, político esocial. Respondendo a essaestratégia, foi organizada aXIII Conferência Internaci-onal que foi celebrada, emparceria com a AssociaçãoSulafricana de Saúde Pública, em Durban, África do Sul, emjunho de 2004, e foi confirmada a importância de organizaresta XIV Conferência da IAHP, na Bahia.

Com Sebastião Loureiro, ex-presidente da ABRASCO, comoPresidente do Comitê Organizador da XIV Conferência, pre-vista há mais de quatro anos, tivemos a oportunidade de fazê-la coincidir com o Congresso da ALAMES e o de Congresso deCiências Humanas e Sociais da ABRASCO. Pareceu-nos que eraum momento e um lugar de celebração muito interessante paraconfluir e realizar sinergias entre nossas organizações e, além

Convergência na construção de uma agenda comum

disso, manter o olhar na África com a organização de umcorredor temático sobre políticas de saúde nessa região, or-ganizado junto à Cátedra UNESCO da Universidade de Pal-mas de Gran Canaria e o Instituto de Saúde Coletiva daUFBA, com a colaboração da Secretaria de Saúde da Bahia,do CONASEMS e das Câmaras Municipais de Salvador e es-pecialmente Veracruz. O país anfitrião, Brasil, e em parti-cular Bahia e sua capital, Salvador, constituem uma ex-pressão idônea da miscigenação integradora de culturas etambém, de experiências no âmbito social e político, e nasua luta por uma reforma sanitária libertadora, democráti-ca, integral, eqüitativa e universal.

O Congresso pressupôs um importante avanço na apro-ximação entre a IAHP, a ABRASCO e a ALAMES e realmentesuperou nossas expectativas de participação, nível de de-bate e de possível convergência numa agenda comum. Alémdisso, estabelecemos princípios de acordos com outras or-ganizações com as quais também temos grande afinidadecomo a People Health Movement (PHM), ou instituições

como a FIOCRUZ, a Univer-sidade Federal da Bahia,através do seu Instituto deSaúde Coletiva. Da mes-ma forma esperamos fazerprogressos numa agendacomum com a FederaçãoMundial de Associações

de Saúde Pública e ressaltar uma aproximação interessan-te com a direção da OPAS e com uma representação daComissão Européia neste sentido.

Apesar da excelente participação de representações africa-nas, superior à das conferências internacionais anteriores daIAHP – com exceção da celebrada em Durban –, faltaramapoios para ter um maior número de participantes da África.Talvez o que tenhamos que fazer é levar uma reunião comoesta a terras africanas, viajar nós em parceria, talvez em 2010.

Abrasco - A inserção dos paradigmas das Ciências

exclusões sociais e de enfermidades e mortes injustas,indesejáveis e evitáveis.

Estamos também aproximando-nos da proposta daCampanha Mundial pelo Direito à Saúde, que tem o im-pulso do Movimento Mundial da Saúde dos Povos, desde aqual se procura posicionar a saúde como um direito huma-no e desenvolver ações e exigibilidade que o concretizemnos cenários nacionais e locais.

A ALAMES continua apoiando o desenvolvimento de Re-latórios Alternativos de Saúde, continentais e mundiais, en-tendidos como relatórios que podem mostrar uma realida-de social e sanitária mais verídica e dar voz aos que pade-cem as exclusões sociais e iniqüidades.

Participaremos da preparação e desenvolvimento daConferência Mundial sobre Sistemas Públicos Universaisde Saúde que será realizada em 2008, no Brasil (comoparte da celebração dos 25 anos do nascimento do SUS),que foi uma das tarefas derivadas do II Fórum Social

Mundial da Saúde, em Nairobi, em janeiro de 2007.Por último, a ALAMES quer avançar numa perspecti-

va ética no atual contexto de globalização de formaque possibilite superar iniqüidades e garantir o direitoà saúde, o que passa por impulsionar processos deintegração regional, horizontais e solidários. Por isso,buscaremos no próximo período participar decididamen-te no processo da Alternativa Bolivariana para as Amé-ricas (ALBA), que entendemos como uma proposta deintegração regional com identidade latino-americana emoposição ao que impulsiona os Estados Unidos na re-gião, que é totalmente vertical, desigual e não-solidá-rio. Este tema ficou explícito na nossa Declaração deSalvador, Bahia , ao expor “apoiar as ins tânc iastransformadoras para o desenvolvimento da AméricaLatina, como a ALBA, contra os acordos castradores paranossos países da Área de Livre Comércio das Américas(ALCA), impostos pelo imperialismo norte-americano”.

“O principal desafio está simultaneamenteno campo do debate teórico e no da

articulação entre teoria e ação política”

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Sociais e Humanas no Campo da Saúde Coletiva é umdesafio?

IAHP - O principal desafio está simultaneamente nocampo do debate teórico e no da articulação entre teoria eação política. A inclusão dos paradigmas das Ciências Sociaise Humanas coadjuva e, ao mesmo tempo, requer de sistemasuniversais de saúde e de políticas nas quais seja reconhecidoo caráter de direito social e humano da saúde. É necessárioproduzir pensamento para transformar a realidade e, ao mes-mo tempo, as transformações da realidade são motores daprodução de conhecimentos. É também um desafio para asCiências Sociais e Humanas, na sua articulação no campo daSaúde Coletiva, manter uma capacidade de análise crítica daspolíticas e discursos hegemônicos na saúde. Isto implica nanecessidade de construir e potencializar relações e redes entreos agentes e atores do campo que contestam a influênciaque o processo de mercantilização crescente da produçãode conhecimentos exerce sobre o pensamento.

Abrasco - De que forma a realização simultânea dosCongressos em Salvador favoreceu a elaboração de umaagenda internacional em torno do tema principal do Con-gresso “Eqüidade, Ética e Direito à Saúde: Desafios à Saú-de Coletiva na Mundialização”?

IAHP - Durante o Congresso participamos de um Fórumorganizado pelo Comitê Brasileiro de Determinantes Sociaisem Saúde (BCSDH) e pela secretaria executiva da ABRASCO,na sua interação com a missão e a agenda do plano estratégi-co da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública(WFPHA) e o desenvolvimento da Declaração do Rio(WFPHA-ABRASCO), agosto de 2006). O objetivo fundamen-tal foi discutir a proposta de elaboração de uma agendacomum sobre Advocacy e Saúde Coletiva em nível interna-cional. Acreditamos que pode ser uma iniciativa importanteno assentamento sobre um compromisso político.

Abrasco - Quais são os temas de maior relevância parao IAHP atualmente no que se refere a esta agenda?

IAHP - Entre os temas que consideramos poderiam en-trar nessa agenda comum, destacam-se:

• Posicionamento conjunto no projeto do Relatório Mun-dial da Saúde 2008, da OMS, no que se refere, particular-mente, à Atenção Primária em Saúde. Manter os termosatuais suporia um grave atentado aos princípios, filosofia eestratégia da APS proposta na Declaração de Alma – Ata.Implicaria a institucionalização da fragmentação emercantilização da APS. Tomamos posição na luta pelaabertura de patentes que permitam universalizar o direito

ao acesso a medicamentos e produtos sanitários essenci-ais para a proteção e atenção à saúde da população.

• Apoio à organização da Conferência do Fórum Soci-al Mundial e seu Fórum Temático de Saúde no segundosemestre de 2008, no Brasil, sobre o “Acesso Universal àSaúde e à Seguridade Social”.

• Participação ativa no 12º Congresso Mundial de Saú-de Pública da WFPHA, em 2009, com um eixo temáticocoordenado que permita a apresentação e seguimento destaestratégia conjunta e de preparação para uma ConferênciaInternacional na África, em 2010, sob os princípios que ins-piraram o Congresso de Salvador-Bahia 2007: “Equidade,Ética e Direito à Saúde: desafios num mundo globalizado”.

• Desde a Direção da OPS, e a IAHP, em colaboraçãocom a Comissão Européia foi levantada a possibilidade defacilitar o diálogo Sul-Sul, com o apoio do Norte. O objeti-vo é o intercâmbio de experiências em políticas de saúde ereformas sanitárias, especialmente naquelas áreas de con-trovérsia sobre a equidade no financiamento da atençãosanitária, entre América Latina e África. Neste âmbito tam-bém foi sugerida a possibilidade de uma reunião préviaem Canarias, ou num país da África Ocidental, comoSenegal, preparatória para o Fórum Mundial de Saúde, aser realizado no Brasil em 2008.

Abrasco - Quais serão os próximos passos da IAHP?IAHP - No que diz respeito ao desenvolvimento de uma

agenda internacional com as organizações do congresso, va-mos propor a criação de grupos de trabalho para cada umadas estratégias ou operações, aprovados pelo comitê de co-ordenação de dita agenda comum. Além disso, possivelmentepensaríamos em algumas outras propostas que, mesmo nãosendo da agenda comum, fariam parte do plano de ação daIAHP, nos próximos dois anos e que seriam colocadas àdisposição para serem avaliadas pelos demais, como temosfeito em outras oportunidades com alguns documentos epronunciamentos. No que se refere à organização, enfrenta-mos o desafio de aumentar o nível de institucionalizaçãosem perder a potência do funcionamento em rede, em cujabase estão os vínculos entre pessoas. Enfrentaremos no fu-turo o desafio de constituir-nos num ator mais visível dadefesa da saúde como direito num contexto de profundasiniqüidades. Trata-se de manter a identidade de base e aomesmo tempo aumentar a capacidade de influência, crian-do uma rede com outros movimentos e promovendo umamaior difusão de suas atividades.

Congressos Salvador 2007!

A Comissão Organizadora agradece a participação de todas as lideranças das áreas de Ciências Sociaise Humanas em Saúde, Medicina Social e Políticas de Saúde, docentes, pesquisadores, gestores, profissionaisde saúde de várias regiões do Brasil, além de representantes de diversos países, que cumpriram, com êxito,

a missão de incentivar o debate, a reflexão e o enfrentamento dos desafios colocados para a área.Dada a qualidade e diversidade da produção que analisamos, dedicamos este trabalho a todos os congressistasque, no Brasil e no mundo, trabalham dia a dia para a construção de uma Saúde Coletiva democrática, justa

e inclusiva, e agradecemos aos pareceristas seu auxílio dedicado e silencioso, sem o qual a realizaçãodo próprio congresso seria impossível.

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DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃODO SABER NA SAÚDE COLETIVA

Durante o 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e11º Congresso Mundial de Saúde Pública, realizados no mu-nicípio do Rio de Janeiro, em 2006, que reuniu mais de 13mil pessoas, centenas de militantes se organizaram para ques-tionar a estrutura daquele evento e o que isso representavana construção da Saúde Coletiva.

Esse movimento, que se constituiu e auto-denominou Abra-ço à ABRASCO, reconhecia os Congressos de Saúde Coletiva comoos Congressos de Saúde da População Brasileira. A partir desseentendimento questionou: o acesso elitizado e excludente à dis-cussão, reflexão e construção do sistema de saúde brasileiro, afalta de espaços de debates nas mesas e conferências, o des-prezo pelos trabalhos aprovados como pôsteres, a ausência departicipação dos Movimentos Sociais e Populares e convocavaa ABRASCO a democratizar com os vários atores a construçãoda Saúde Coletiva.

Mesmo após esse movimento, estamos perplexos com a ausên-cia de mudanças profundas no modelo de organização da SaúdeColetiva Brasileira e de seus congressos e encontros. Houve pequenosavanços como a criação de fóruns de debates e o convite a algunsmilitantes de Movimentos Populares. Porém, são mudanças focaisque não permitem que nesses espaços haja construção coletiva,democrática e plural da Saúde Coletiva.

Diante disso, questionamos:A Saúde Coletiva se relaciona diretamente com setores

com os quais se espera acontecer as transformações sanitári-as ou reproduzimos um esquema hegemônico de construçãodo pensamento onde há alguns pesquisadores que observamos processos sociais, opinam sobre eles e fortalecem a lógicade ação política centrada na tecnocracia?

Até onde a Saúde Coletiva tem gerado processos que con-trapõem o modo hegemônico de socialização do conhecimen-to? Os congressos, as publicações de revistas e livros acadêmi-cos que realizamos não são evidências de que não saímos doformato hegemônico de socialização do conhecimento?

Até onde a saúde coletiva não tem se pautado na lógica deintelectuais, acadêmicos, pesquisadores e técnicos que proces-sam conhecimento que os fortalece em seus recursos de poderpassando a ter a verdade sobre o campo da saúde, mas nãoentram em diálogo com os setores sociais excluídos do direito asaúde e não conseguem atingir suas praticas sociais e políticas?

Diante disso, pontuamos alguns aspectos concretos da or-ganização deste evento que precisam ser discutidos:

- Falta de espaço para debates; elevado valor dasinscrições; pouca valorização das atividades culturais comoinstrumento de integração; poucos espaços de convivência;falta de alojamento; desvalorização dos pôsteres e da formacom que suas atividades foram conduzidas.

Diante disso, referendamos tais reflexões:- Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de edu-

cação popular e Saúde - ANEPS - Articulação Nacional deExtensão Popular - ANEPOP; Fórum Nacional de ResidentesMultiprofissionais em Saúde - FNRMS e Rede de EducaçãoPopular e Saúde – REDEPOP.

ATENÇÃO INTEGRAL À PESSOA COM DOENÇAFALCIFORME: UM COMPROMISSO COM A ÉTICAE O DIREITO À SAÚDE

Considerando:A alta prevalência das doenças falciformes na popula-

ção brasileira, dentre as quais a Anemia Falciforme é majo-ritária;

Que a anemia falciforme é a doença genética com maior fre-qüência no Brasil, tendo uma incidência de 1:1000 nascimen-tos no país, com uma estimativa de 3.500 novos casos/ano;

A necessidade de tratamento multiprofissional e multi-disciplinar a ser realizado por profissionais adequadamentepreparados;

E ainda que desde 1996, o GTI - Grupo de TrabalhoInterministerial para Valorização da População Negra, afirmouque a doença falciforme é um problema de Saúde Pública;

Os participantes da IV Congresso Brasileiro de Ciências So-ciais e Humanas em Saúde propõem a imediata regulamenta-ção da portaria MS 1391, de 16 de agosto de 2005, que instituino âmbito do Sistema Único de Saúde, as diretrizes para aPolítica Nacional de Atenção Integral às Pessoas com DoençaFalciforme e outras Hemoglobinopatias.

RESPALDO A LAS COMUNIDADES ECUATORIANAS DELA FRONTERA NORTE Y AL GOBIERNO ECUATORIANOPOR SU DEFENSA DE LA VIDA Y LA SALUD

La Asamblea General del X Congreso Latinoamericanode Medicina Social, del IV Congreso Brasilero de CienciasSociales y Humanas y del XIV Congreso de la AsociaciónInternacional de Políticas de Salud, reunida en la ciudad deSalvador, Brasil el día Jueves 19 de Julio de 2007:

CONSIDERANDO1. Que el Plan Colombia implementado por el gobierno

de Colombia, bajo el auspicio del gobierno de los EstadosUnidos, ha realizado en los departamentos de Narilio yPutumayo desde hace mas de 7 años, en la franja fronterizacon Ecuador, un programa de erradicación del cultivo ilícitode coca mediante aspersión aérea basado en glifosato.

2. Que dicho sistema de erradicación utilizando un con-junto herbicida de amplio espectro por aspersión, formadopor Glifosato y sustancias coadyuvantes, se aplica encondiciones anti-técnicas peligrosas, desoyendo loscriterios científicos internacionales y estándares técnicosy del derecho internacional (Declaración de Río, PrincipioXV) recomendados para este tipo de medidas.

3. Que distintas entidades científicas de Colombia, deEcuador y del Mundo, si bien rechazan la producción ilicita

Moções aprovadas

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de coca y el narcotrafico, desaconsejan el empleo de un siste-ma de esa naturaleza, por sus impactos colaterales en cultivoslícitos, en los seres humanos y en los elementos vulnerables deuna zona de alta biodiversidad como la afectada.

4. Que una Comisión Científica Ecuatoriana formada porreconocidos investigadores independientes ha publicado unasistematización de los impactos de “EI Sistema de AspersionesAéreas del Plan Colombia y sus Impactos sobre el Ecosistemay la Salud en la Frontera Ecuatoriana”, en el que se sustentacon información y resultados científicos rigurosos los impactoshumanos, ambientales y sociales provocados en la zona de lascomunidades fronterizas del Ecuador, se explica además estecaso de incertidumbre y disenso científico, y se sistematiza unanálisis de las falencias interpretativas y metodologías de laargumentación técnica del Gobierno de Colombia.

5. Que según la prensa internacional el Gobierno de Ecuadorante la persistente negativa del Gobierno de Colombia parareconocer las evidencias científicas suficientes para aplicar elprincipio de precaución, considera agotado el dialogo diplomá-tico y científico sobre el caso.

6. Que varias organizaciones internacionales entre los queconstan el Comité de los Derechos del Nino de la ONU; elRelator Especial sobre los Pueblos Indígenas de la Comisión deDerechos Humanos de la ONU; la Federación Internacional deDerechos Humanos; y el Relator Especial de Naciones Unidassobre el Derecho al Máximo Nivel de Salud de los Pueblos, hanafirmado la existencia de efectos nocivos y la peligrosidadreconocida de todo sistema como el de las aspersiones, sobrederechos fundamentales de pobladores de la frontera.

7. Que forma parte del mandato de nuestras organizacionesel velar por el respeto a la vida, el derecho a la salud y lasrelaciones fraternas como las que han construido los pueblosde Colombia y Ecuador, para el impulso de sociedades mássaludables.

ACUERDA1. Expresar a la Comisión Científica Ecuatoriana su respal-

do por su frontal y científica mente sustentada defensa delderecho a la salud del pueblo ecuatoriano, y por su pedidoque beneficiara también a las localidades afectadas deColombia.

2. Recomendar al Gobierno de Ecuador la persistenciaen su decisión de asumir la defensa de la salud de laspoblaciones de la frontera, exigir la inmediata y permanenteaplicación del principio de precaución y respaldar todas lasmedidas encuadradas en el derecho internacional que dichogobierno asuma para lograr la remediación respectiva y laprevención de futuros peligros.

3. Enviar copia de este respaldo formal de nuestrasorganizaciones internacionales para la defensa de la salud delas comunidades de la frontera, a la comisión científicaecuatoriana, a los respectivos gobiernos, a las naciones Uni-das, a la Organización Panamericana de la Salud y a las enti-dades internacionales y nacionales que se relacionan a estecaso referente al derecho a la salud.

En nombre de la asamblea de participantes de las tresorganizaciones, reunidos en plenario general en el Centro deConvenciones de Bahía, suscriben los presidentes a los 18 díasdel mes de Julio del 2007.

IMPORTÂNCIA DO QUESITO CORCOMO INSTRUMENTO DE GESTÃO

Considerando que as estatísticas oficiais de saúde que jáincorporam o quesito cor têm revelado importantes desigual-dades entre os grupos, no tocante a mortalidade e morbidade;

Considerando a importância da informação para a to-mada de decisão em saúde - identificação de necessidades,definição de prioridades, destinação orçamentária,monitoramento e avaliação.

As/os participantes do IV Congresso Brasileiro de CiênciasSociais e Humanas em Saúde, X Congresso Latino-Ameri-cano de Medicina Social e XIV Congresso Internacional dePolíticas de Saúde, abaixo relacionados recomendam que aSecretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde:

i) publique e divulgue amplamente uma nota técnica so-bre a importância do quesito cor como instrumento de ges-tão. Na nota é importante que haja orientação sobre a coletada informação - feita por autodeclaração -, utilizando as ca-tegorias de cor do IBGE, a saber, branco, preto, pardo, amareloe indígena. Em caso de óbito, a informação deve ser solicita-da ao parente ou pessoa próxima e, para os nascidos vivos, ainformação sobre a cor do bebê deve ser solicitada à mãe.

ii) inclua o quesito cor em todos os documentos e formu-lários do SUS e sistemas de informação em saúde, sobretu-do, SIAB, SIA e AIH.

Assinam as/os participantes da Oficina de Trabalho“Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e sua re-percussão sobre a saúde sexual e reprodutiva e as relações degênero e raça”, realizada em 14 de julho de 2007.

APOIO PARA A APROVAÇÃO DO PROJETODE COOPERAÇÃO BRASIL-CUBA

Nós, congressistas participantes do X CongresoLatinoamericano de Medicina Social; IV Congresso Brasilei-ro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde e XIV Congressof the International of Health Policy, queremos, através deste,solicitar o apoio para a aprovação do Projeto de CooperaçãoBrasil-Cuba que está em tramitação no Congresso Nacional,o qual possibilita a revalidação dos diplomas dos Médicosformados na Escola Latinoamericana de Ciências Médicas(ELAM).

O NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO

O NTEP, em vigência desde abril, é política oficial reguladapor lei específica, com instrumentos necessários. Foi previamentediscutida e deliberada no âmbito do Conselho Nacional dePrevidência e também na Conferência Nacional de Saúde doTrabalhador, baseada em estudo acadêmico específico realiza-do na UnB e com discussões e aval de outros profissionaisacadêmicos e instituições envolvidas na área.

A ABRASCO - Associação Brasileira de Pós-Graduação emSaúde Coletiva, reunida em seu IV Congresso Brasileiro deCiências Sociais e Humanas em Saúde, entre 13 e 18 de julhode 2007, em Salvador, Bahia, manifesta que:

1. O uso de informações estatísticas, com apoio deferramental epidemiológico, é adequado e necessário paraanálise dessa realidade e para apontar soluções.

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minação às mulheres, inclusive pouca atenção a medidascapazes de garantir sua adesão à uma prática contraceptiva,de modo a evitar a recorrência do aborto;

- Os gastos com o atendimento das mulheres em situaçãode abortamento assim como o tratamento das complica-ções dos abortos inseguros oneram o sistema de saúde, coma soma de recursos dispendidos nas internações hospitalaresonerando o sistema de saúde;

- A precária informação sobre métodos contraceptivosseguros e reversíveis e a falta de acesso a estes insumos,inclusive a contracepção de emergência, assim como asbarreiras ainda existentes para implementação da Lei doPlanejamento Familiar que assegura a possibilidade daesterilização feminina, para aquelas mulheres ou casais quedesejam encerrar suas carreiras reprodutivas, constituemfatores determinantes da elevada incidência de gravidezesnão previstas que terminam em abortos;

- As relações desiguais entre homens e mulheres resultamna pouca capacidade das mulheres de exercer seus direitosreprodutivos, decidindo segundo suas próprias escolhas, se equando querem engravidar;

- Assegurar o pleno exercício dos direitos reprodutivos e arevisão da atual legislação que criminaliza o aborto foramcompromissos assumidos pelo Brasil nas Conferências In-ternacionais da ONU.

Declaramos nosso apoio às políticas recém anunciadaspelo Ministério da Saúde de implementação das ações deplanejamento familiar, especificamente relacionadas à ga-rantia do acesso das mulheres e dos casais aos métodoscontraceptivos e aos procedimentos de encerramento da car-reira reprodutiva de ambos (ligadura de trompas evasectomia). Também nosso reconhecimento à postura co-rajosa do atual Ministro José Gomes Temporão naexplicitação da necessidade do amplo debate pela sociedadebrasileira sobre a situação do aborto no país, assim comoda revisão da legislação vigente.

Desse modo, enquanto cientistas sociais, pesquisadoras/es, gestoras/es de saúde, representantes de movimentos so-ciais, presentes no X Congresso Latino Americano de Medi-cina Social, IV Congresso Brasileiro de Ciências Sociais eHumanas e Saúde e XIV Congress of the InternationalAssociation of Health Policy, defendemos a discriminalizaçãoe legalização do aborto no Brasil.

FÓRUM DE POLÍTICAS PARA A PROMOÇÃO DAIGUALDADE: PERSPECTIVAS PARA A SAÚDE COLETIVA

1. Considerando as desigualdades raciais e étnicas, regio-nais, de gênero e geração explicitadas por meio das estatísticasoficiais;

2. Considerando o impacto destas desigualdades na deter-minação do perfil de saúde das pessoas e dos coletivos:

Os (as) participantes do IV Congresso Brasileiro de CiênciasSociais e Humanas em Saúde recomendam aos gestores desaúde nas três esferas de governo que operacionalizem a execu-ção da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde daPopulação Negra, com garantia de recurso federal e definiçãode responsabilidades e estratégias de gestão participativa.

2. O chamado Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP)utiliza para análise a base de dados da Previdência e está deacordo com a legislação. O uso do ferramentalepidemiológico é previsto em regulamentos de leisPrevidenciárias, da CLT e da Saúde.

3. Apóia essa iniciativa da Previdência, pelos seus princí-pios, pela motivação e pela possibilidade de contribuiçãopara aprimoramento de ações de saúde pública e para pro-moção de justiça e ambientes de trabalho maissaudáveis.

4. Considera a calibração no uso da ferramenta relativaà aplicação da informação de concentração de casos emalguns ramos de atividade é prevista, de acordo, inclusive,com prescrição do próprio regulamento legal do NTEP. Por-tanto, eventuais e pontuais desajustes que possam ocorrernão invalidam o método utilizado ou o seu resultado e denenhum modo inviabiliza o projeto ou diminui a sua rele-vância e uso prático, ainda mais que, em sua aplicação nadecisão quanto à etiopatogenia, pode ser analisado e revisa-do pelo ato pericial.

Devemos, enfim, obedecendo ao espírito e interesse pú-blico, assumir compromisso político e ético na/para a pro-moção da saúde e diminuição de iniqüidades, e, com respei-to à ciência, contribuir para maior eficiência e efetividadena gestão pública.

Estamos, assim, estabelecendo canais de diálogo com ogoverno e buscaremos também interlocução com outras en-tidades e instituições que estabelecem interface com essetema, objetivando oferecer nossa contribuição com essa po-lítica pública, ao mesmo tempo em que reafirmamos nossamais profunda indignação com a forma como historicamen-te os trabalhadores brasileiros, vitimados por acidentes edoenças do trabalho, têm tido negado seus direitos.

APOIO À POLÍTICA DE SAÚDE E ÀS POSIÇÕESDO MINISTRO JOSÉ GOMES TEMPORÃO QUANTOAO ENFRENTAMENTO DO ABORTO INSEGURONO BRASIL

Considerando que:- O aborto constitui no Brasil, assim como nos países em

que sua prática é ilegal, um grave problema de saúde pública,sendo a quarta causa de morte materna no país, com acuretagem pósaborto representando o segundo procedimen-to obstétrico mais realizado na rede pública;

- A legislação restritiva vigente no país que criminaliza oaborto não tem sido capaz de evitar sua ocorrência, comestimativa anual de milhão de procedimentos anuais,realizados na clandestinidade;

- A ilegalidade do aborto é fonte de iniqüidade social,pois favorece a realização de práticas inseguras, realizadaspor profissionais não qualificados, em ambientes sem ospadrões sanitários requeridos, penalizando especificamenteas mulheres mais jovens, de estratos sociais menosfavorecidos, negras, que não têm acesso a procedimentosseguros;

- Na rede pública, o atendimento às mulheres em situaçãode abortamento, é realizado, muitas vezes, sem respeito aosprocedimentos técnicos requeridos, com atitudes de discri-

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