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Ana Carolina Soares Bertho Doutoranda em Demografia - Unicamp Campinas, 27 de outubro de 2011

Ana Carolina Soares Bertho - EMDEC

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Ana Carolina Soares Bertho

Doutoranda em Demografia - Unicamp

Campinas, 27 de outubro de 2011

De acordo com a OMS, 1,2 milhões de pessoas morrem a cada

ano nas ruas e estradas de todo o mundo. Entre 20 a 50 milhões

sofrem lesões não fatais. Mais de 90% das mortes ocorrem em

países de salários baixos e médios, embora apenas 48% da

frota mundial esteja nesses países. (WHO, 2009)

O Brasil está entre os recordistas mundiais de acidentes de

trânsito, não apenas em números absolutos, mas também nos

índices por pessoa ou por veículo. (IPEA; ANTP, 2003)

A pesquisa considera que os diferenciais das taxas de incidência

podem ser potencializados ou abrandados conforme contexto

socioeconômico e ambiental que envolve as vítimas e os

acidentes.

35281 35620

3089029569 28995

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Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus)

* Divulgado no 18º. Congresso da ANTP

22,46 22,31

19,0918,04

17,0817,71

18,76 18,7419,60 19,54 19,47 19,76 20,18 19,63

21,29

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Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus); IBGE.

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Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus)

27,07

29,32

23,05

19,26

16,4015,16

18,19

15,5917,18

15,21

17,2718,64

19,6818,32

19

96

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19

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08

20

09

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus); IBGE.

Buscar maior compreensão sobre as conexões entre

vulnerabilidade social e a vitimização nos acidentes de

trânsito em ambiente urbano, fugindo do enfoque que

culpabiliza unicamente os indivíduos pelos acidentes.

Avaliar o perfil sociodemográfico das vítimas dos

acidentes ocorridos em 2006 nas vias municipais de

Campinas, identificando suas especificidades quando

comparadas à população residente.

Foram utilizados dados da EMDEC produzidos a partir dos Boletins de Ocorrência de acidentes de trânsito com vítimas fatais e não-fatais nas vias municipais de Campinas em 2006.

As informações sobre locais de residência foram obtidas a partir da transcrição de 4.171 cópias de Bos.

Os locais de residência foram usados como aproximação das condições socioeconômicas das vítimas e as áreas de concentração de vítimas residentes são interpretadas à luz das Zonas de Vulnerabilidade (ZV), definidas por Cunha (2009) a partir do Censo 2000.

Software TerraView Política Social e TerraView 3.5.0

Ferramenta: análise a partir da Densidade de Kernel.

Acidente de trânsito: acidentes de transportes que se originaram,

terminaram ou envolveram veículo pelo menos parcialmente situado

na via pública.

Vulnerabilidade : qualidade intrínseca dos sistemas de resistir ao

perigo (MARANDOLA JR.; HOGAN, 2004a). Ocorre “quando os

recursos dos domicílios são insuficientes para aproveitar

oportunidades de acesso ao bem-estar.” (KAZTMAN; FILGUEIRA,

2006, p.72)

Ativos: recursos mobilizados pelos domicílios para reduzir a

vulnerabilidade frente ao empobrecimento, ou mesmo para a

manutenção destes. (MOSER, 1998).

BERTHO (2010)

Taxa de vitimização por 100 mil hab. por acidentes de trânsito nas

vias públicas municipais – Campinas, 2006

Fonte: BERTHO (2010).

Fonte: BERTHO (2010)

Vítimas fatais de acidentes de trânsito e taxa de letalidade por 1.000 feridos,

por grupos etários e tipo de veículo que ocupavam - Campinas, 2006

*Vítimas fatais residentes em Campinas sobre as quais há informações sobre grupo de etário e tipo de veículo que ocupavam

Total de vítimas fatais residentes em Campinas

0 a 14 15 a 29 30 a 44 45 a 59 60 ou mais Total

Pedestres 1 2 5 5 7 20

Motociclistas 0 16 6 0 0 22

Ciclistas 1 1 0 0 0 2

Ocupantes dos demais veículos 0 12 0 2 1 15

Taxa de letalidade por 1.000 feridos residentes em Campinas

0 a 14 15 a 29 30 a 44 45 a 59 60 ou mais

Pedestres 5.6 11.1 44.2 49.5 59.8

Motociclistas 0.0 10.7 15.4 0.0 0.0

Ciclistas 29.4 14.1 0.0 0.0 0.0

Ocupantes dos demais veículos 0.0 18.4 0.0 10.6 10.5

*Total de viagens realizadas em cada zona da O/D por dia dividido pelo número de habitantes

Fonte: Emplasa – Pesquisa O/D 2003; EMDEC/Setransp (2009). Elaboração própria.

Fonte: BERTHO (2010)

Residência Ocorrência

Participação da pop. de 0 a 14

anos na pop. total do municípioZonas de Vulnerabilidade

Fonte: BERTHO (2010)

Residência Ocorrência

Zonas de VulnerabilidadeParticipação da pop. de 60 anos ou

mais na pop. total do município

*Total de viagens realizadas a pé em cada zona da O/D por dia dividido pelo número de habitantes

Fonte: Emplasa – Pesquisa O/D 2003; EMDEC/Setransp (2009). Elaboração própria.

Residência Ocorrência

Zonas de VulnerabilidadeParticipação da pop. de 15 a 24

anos na pop. total do município

Fonte: BERTHO (2010)

100

150

200

250

300

350

400

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

(%)

Ano

Frota total Motocicletas

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, RENAVAM – Registro

Nacional de Veículos Automotores. Elaboração própria.

Fonte: site da EMDEC

Reflexão:

Em 2009, das 37.594 vítimas fatais de acidentes de trânsito, apenas 177 eram ocupantes de ônibus.

Um ônibus convencional pode transportar até 75 pessoas. Um biarticulado pode transportar até 190.

Em Campinas, os motociclistas se destacam entre as vítimas

(fatais e não fatais), totalizando 44% , seguidos pelos

ocupantes dos demais veículos (33%), pedestres (16%) e

ciclistas (3%).

A taxa de letalidade por 1.000 feridos residentes em Campinas

mostra que o risco de falecer em decorrência de um

atropelamento aumenta com a idade: dos 0 aos 14 anos a taxa

foi de 5,6 óbitos; entre os idosos, chegou a 59,8 por mil.

Nos três grupos, observou-se concentração dos locais de

ocorrência dos acidentes na região central do município.

Nos atropelamentos de vítimas de 0 a 14 anos, a análise mostrou que há

indícios de que a vulnerabilidade social torna os indivíduos mais

vulneráveis também frente ao risco de sofrer acidentes. No caso das

vítimas de atropelamentos de 60 anos ou mais não há evidências de

relação entre a vulnerabilidade social e a vitimização em acidentes.

Entre os motociclistas de 15 a 24 anos, observou-se maior concentração

dos locais de residência na região sul - embora na região norte também

haja alta concentração de jovens desse grupo etário.

A vulnerabilidade social pode ser um agravante na vitimização por

acidentes de trânsito. Os mais pobres não são necessariamente os

mais atingidos, mas há uma situação intermediária em que a população

consegue escolher como fará o deslocamento e, ainda que vença outros

riscos graças à facilidade para fazer as viagens, acaba se expondo mais

aos riscos do trânsito (caso específico dos motociclistas).

Os acidentes de trânsito podem e devem serevitados. Tão importante quanto estudar oscomportamentos individuais é estudar ocontexto social, o que pode auxiliar naprevenção desse tipo de ocorrência.

AYRES, J. R. C. M. et al. Conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios.

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Dissertação (Mestrado em Demografia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual

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