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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Ana Paula Soares Müller ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO DE CONCRETO DO CORREDOR DE ÔNIBUS DA CIDADE DE SANTA MARIA Santa Maria, RS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Ana Paula Soares Müller

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO DE CONCRETO DOCORREDOR DE ÔNIBUS DA CIDADE DE SANTA MARIA

Santa Maria, RS2016

Ana Paula Soares Müller

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO DE CONCRETO DO

CORREDOR DE ÔNIBUS DA CIDADE DE SANTA MARIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadopara o curso de Engenharia Civil daUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS), como requisito parcial para a obtenção dotítulo de Engenheira Civil.

Orientadora: Prof. Tatiana Cureau Cervo

Santa Maria, RS2016

Ana Paula Soares Müller

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO DE CONCRETO DO CORREDOR DE ÔNIBUS DA CIDADE DE SANTA MARIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadopara o curso de Engenharia Civil daUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS), como requisito parcial para a obtenção dotítulo de Engenheira Civil.

Aprovado em 12 de dezembro de 2016:

_________________________Prof. Tatiana Cureau Cervo, Dr.

(Presidente/Orientadora)

________________________________

Prof. Carlos José Antônio Kümmel Félix, Dr. (UFSM)

_________________________________Prof. Évelyn Paniz (UFSM)

Santa Maria, RS2016

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a todos os meus professores pelos conhecimentos transmitidos

ao longo da minha jornada acadêmica e a todas as oportunidades oferecidas pela universidade,

que permitiram o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

Agradeço aos colegas e amigos que, de alguma forma, me apoiaram e participaram da

minha trajetória pelo curso de graduação, e a todos que auxiliaram na coleta de dados e

elaboração deste trabalho, direta ou indiretamente.

Sou muito grata à professora Tatiana Cervo pela orientação e pelo apoio prestado no

desenvolvimento deste trabalho e, antes desse, como minha professora no curso de graduação,

tendo estado sempre disponível a ajudar e ensinar.

Agradeço imensamente a minha família, especialmente a meus avós e a minhas tias, por

todo o incentivo e carinho dedicados ao longo dessa minha jornada. Por sempre terem se feito

presentes, mesmo que não fisicamente, me ajudando a enfrentar todos os obstáculos que

surgiram. Por terem colaborado com o meu crescimento pessoal e profissional, me apoiando em

minhas decisões.

Em especial, agradeço a minha irmã, Daiane, pelo companheirismo e apoio desde sempre.

Pela motivação na busca por meus objetivos e por sempre me inspirar a descobrir novas soluções

para os desafios enfrentados.

Finalmente, meus maiores agradecimentos são aos meus pais, Sônia e Luciano, meus

maiores incentivadores. Obrigada pela educação que me proporcionaram e pelo amor

incondicional. Por sempre participarem das minhas escolhas e compartilharem comigo seus

valores e conhecimentos. Por serem exemplos de pessoas e de profissionais para mim, dedicando-

se com tanto empenho a nossa família.

RESUMO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO DE CONCRETO DO C ORREDOR DEÔNIBUS DA CIDADE DE SANTA MARIA

AUTORA: Ana Paula Soares MüllerORIENTADORA: Tatiana Cureau Cervo

Os pavimentos de concreto de cimento Portland estão sendo, ao longo dos anos, cada vezmais empregados, especialmente em vias com tráfego intenso e pesado. Ainda, o pavimento deconcreto tem seu elevado custo inicial, comparado com o pavimento flexível, compensado pelagrande durabilidade e baixa necessidade de manutenção. Este trabalho foi realizado no corredorde ônibus da rua do Acampamento, na cidade de Santa Maria, o qual teve seu pavimento asfálticosubstituído por pavimento de concreto de cimento Portland, em 2005, para garantir melhores emais duradouras condições de conforto e segurança ao tráfego local. Sendo assim, o objetivodesse estudo é a análise das condições atuais do pavimento em questão, através de levantamentosvisuais e do cálculo do Índice de Condição do Pavimento (ICP), dando continuidade a estudospreviamente executados. Dessa forma, os resultados obtidos foram comparados aos resultadosanteriores, permitindo uma visão geral das condições apresentadas pelo pavimento ao longo dotempo. Apesar de apresentarem certas variações em relação aos valores esperados, as avaliaçõesrealizadas ao longo do tempo, demonstram a crescente degradação do pavimento do corredor deônibus, evidenciando a necessidade de manutenção para a garantia de sua qualidade edurabilidade.

Palavras-chave: Corredor de ônibus. Pavimento de concreto. Índice de Condição do Pavimento.

ABSTRACT

ANALYSIS OF CONDITIONS OF CONCRETE PAVEMENT IN THE BUS LANE ON SANTA MARIA CITY

AUTHOR: Ana Paula Soares MüllerSUPERVISOR: Tatiana Cureau Cervo

The Portland cement concrete pavements have been increasingly used over the years,particularly in roads with intensive and heavy traffic. Also, the concrete pavement has its highinitial cost, when compared with the asphaltic pavement, offset by high durability and lowmaintenance. This work was performed at Acampamento Street bus lane in the city of SantaMaria, which had its asphalt pavement replaced by Portland cement concrete pavement in 2005,to ensure better and longer lasting conditions of comfort and safety to local traffic. Therefore, theaim of this study is to analyze the current conditions of the pavement in question, through visualsurveys and calculation of Pavement Condition Index (PCI), continuing studies previouslyperformed. Thus, the results were compared to previous results, allowing an overview of theconditions presented by the pavement over time. Despite having some variations from expectedvalues, the evaluations throughout the years generally demonstrate the increasing degradation ofthe bus lane pavement, indicating the need for maintenance to guarantee its quality anddurability.

Keywords: Bus lane. Concrete pavement. Pavement Condition Index (PCI).

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Corredor de ônibus de São Mateus à Jabaquara, em São Paulo....................................14Figura 2 – Comportamento estrutural de pavimento rígido de concreto........................................16Figura 3 – Juntas existentes em pavimento de concreto simples....................................................18Figura 4 – Alçamento de placa em pavimento de concreto............................................................21Figura 5 – Fissuras de canto em pavimentos de concreto..............................................................22Figura 6 – Placa dividida em pavimento de concreto.....................................................................23Figura 7 – Degrau de junta em pavimento de concreto..................................................................24Figura 8 – Defeitos de selagem em pavimentos de concreto..........................................................25Figura 9 – Desnível entre pavimento e acostamento em pavimento de concreto...........................26Figura 10 – Fissuras lineares em pavimentos de concreto.............................................................27Figura 11 – Pequenos reparos em pavimentos de concreto............................................................28Figura 12 – Desgaste superficial em pavimentos de concreto........................................................29Figura 13 – Bombeamento em pavimento de concreto..................................................................30Figura 14 – Quebra localizada em pavimento de concreto.............................................................30Figura 15 – Escamação em pavimentos de concreto......................................................................31Figura 16 – Fissuras de retração em pavimentos de concreto........................................................32Figura 17 – Quebras de canto em pavimentos de concreto............................................................33Figura 18 – Esborcinamentos em pavimentos de concreto............................................................33Figura 19 – Buracos em pavimentos de concreto...........................................................................35Figura 20 – Seção transversal do pavimento do corredor de ônibus de Santa Maria.....................40Figura 21 – Construção do pavimento do corredor de ônibus de Santa Maria: (a) preparação das barras de transferência, (b) concretagem do pavimento, (c) serragem das juntas transversais..................................................................................................................41Figura 22 – Delimitação do corredor de ônibus de Santa Maria....................................................42Figura 23 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) no Trecho 1.......................................................................................................................44Figura 24 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) no Trecho 2.......................................................................................................................45Figura 25 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) no Trecho 3.......................................................................................................................45Figura 26 – Determinação de valores deduzíveis para defeito específico......................................47Figura 27 – Escala de valores de ICP e conceitos correspondentes...............................................48Figura 28 - Variação dos valores de ICP para o Trecho 1..............................................................54Figura 29 - Porcentagem de placas afetadas por defeitos mais prejudiciais para o Trecho 1........55Figura 30 - Variação dos valores de ICP para o Trecho 2..............................................................56Figura 31 - Porcentagem de placas afetadas por defeitos mais prejudiciais para o Trecho 2........57Figura 32 - Variação dos valores de ICP para o Trecho 3..............................................................58Figura 33 - Porcentagem de placas afetadas por defeitos mais prejudiciais para o Trecho 3........59Figura 34 - Variação dos valores de ICP para o pavimento do corredor de ônibus.......................60Figura 35 - Volume de tráfego nos últimos anos no corredor de ônibus........................................63Figura 36 - Distribuição horária do tráfego nas últimas duas avaliações no corredor de ônibus.. .64

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Defeitos do pavimento de concreto e numeração correspondente................................46Tabela 2 – Número e porcentagem de placas afetadas por defeito específico...............................47Tabela 3 – Defeitos observados e cálculo do ICP para o Trecho 1................................................50Tabela 4 – Defeitos observados e cálculo do ICP para o Trecho 2................................................51Tabela 5 – Defeitos observados e cálculo do ICP para o Trecho 3................................................52Tabela 6 – Valores de ICP e conceitos para o Trecho 1 em estudos atual e anteriores (Lobo, Seiffert e Pereira, 2016; Gonçalves, 2013; Hennicka, 2012; Bronzatti, 2010)............54Tabela 7 – Valores de ICP e conceitos para o Trecho 2 em estudos atual e anteriores (Lobo, Seiffert e Pereira, 2016; Gonçalves, 2013; Hennicka, 2012; Bronzatti, 2010)............56Tabela 8 – Valores de ICP e conceito para o Trecho 3 em estudos atual e anteriores (Lobo, Seiffert e Pereira, 2016; Gonçalves, 2013; Hennicka, 2012; Bronzatti, 2010)............58Tabela 9 – Classificação dos veículos que trafegam no corredor de ônibus (DNIT, 2012)...........62

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................111.1. OBJETIVOS............................................................................................................................121.1.1. Objetivo geral......................................................................................................................121.1.2. Objetivos específicos...........................................................................................................122. PAVIMENTO DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND ..........................................132.1. HISTÓRICO NO BRASIL......................................................................................................132.2. ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS.................................................................................152.3. PAVIMENTO DE CONCRETO SIMPLES...........................................................................172.4. VANTAGENS E CONTROLE TECNOLÓGICO..................................................................182.5. PATOLOGIAS........................................................................................................................202.5.1. Alçamento de placas...........................................................................................................202.5.2. Fissura de canto..................................................................................................................212.5.3. Placa dividida......................................................................................................................222.5.4. Degrau de junta..................................................................................................................232.5.5. Defeito na selagem das juntas............................................................................................242.5.6. Desnível entre pavimento e acostamento..........................................................................252.5.7. Fissuras lineares..................................................................................................................262.5.8. Reparos................................................................................................................................272.5.9. Desgaste superficial............................................................................................................282.5.10. Bombeamento....................................................................................................................292.5.11. Quebras localizadas..........................................................................................................302.5.12. Passagem de nível.............................................................................................................312.5.13. Escamação.........................................................................................................................312.5.14. Fissuras de retração plástica...........................................................................................322.5.15. Quebra de canto................................................................................................................322.5.16. Esborcinamento de juntas................................................................................................332.5.17. Placa bailarina..................................................................................................................342.5.18. Assentamento....................................................................................................................342.5.19. Buraco................................................................................................................................342.6. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO PAVIMENTO.........................................................352.6.1. Índice de Condição do Pavimento.....................................................................................362.7. AVALIAÇÃO DE TRÁFEGO................................................................................................372.7.1. Volume Médio Diário.........................................................................................................383. METODOLOGIA .....................................................................................................................393.1. PROPRIEDADES DO PAVIMENTO DO CORREDOR DE ÔNIBUS DE SANTA MARIA........................................................................................................................................................393.2. DETERMINAÇÃO DOS TRECHOS E INSPEÇÃO VISUAL.............................................413.3. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE CONDIÇÃO DO PAVIMENTO................................433.3.1. Amostragem dos trechos....................................................................................................433.3.2. Cálculo do Índice de Condição do Pavimento..................................................................464. ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................................................49

4.1. ANÁLISE DO ÍNDICE DE CONDIÇÃO DO PAVIMENTO CALCULADO.....................494.1.1. Comparação com estudos anteriores................................................................................534.2. ANÁLISE DO TRÁFEGO EXISTENTE...............................................................................615. CONCLUSÕES.........................................................................................................................65 REFERÊNCIAS...........................................................................................................................67 ANEXOS.......................................................................................................................................71

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1. INTRODUÇÃO

Desde o início do desenvolvimento rodoviário do Brasil, o pavimento de concreto tem

sido bastante utilizado, sendo geralmente empregado em rodovias de grande porte, vias expressas

e aeroportos. Além dessas aplicações, a pavimentação de concreto também é largamente

empregada para corredores exclusivos de ônibus, que são uma alternativa comumente adotada

para melhorar o tráfego e tornar o transporte público mais eficiente nas cidades.

Apresentando grande durabilidade e alta resistência aos esforços solicitantes, o pavimento

de concreto, usualmente de cimento Portland, tem seu elevado custo inicial de aplicação,

comparado com o pavimento flexível, compensado pela baixa necessidade de manutenção ao

longo de sua vida útil. Dessa forma, o pavimento de concreto torna-se uma opção competitiva em

relação ao largamente utilizado pavimento asfáltico, que apresenta durabilidade reduzida e

necessita de frequentes manutenções para garantir suas condições de trafegabilidade. Além disso,

o derramamento de óleos ou combustíveis não danifica o concreto, enfatizando a vantagem da

execução desse tipo de pavimento, principalmente para rodovias com grandes volumes de tráfego

e presença de veículos pesados.

Para atender a demanda de transporte público de forma mais eficiente no município de

Santa Maria, o corredor de ônibus na região central da cidade foi executado com placas de

concreto de cimento Portland, em substituição ao antigo pavimento asfáltico, no ano de 2005.

Adotando-se a pavimentação em placas de concreto para o corredor de ônibus da rua do

Acampamento, foi possível evitar que defeitos recorrentes no antigo pavimento asfáltico, como

grandes afundamentos de trilha de roda e ondulações, retornassem a aparecer. Com isso, a

qualidade da pista de rolamento tornou-se melhor e mais duradoura, sendo o pavimento de

concreto uma opção mais adequada para suportar as altas solicitações impostas pelo tráfego do

local, fornecendo conforto e segurança aos usuários.

Entretanto, ao longo do tempo o pavimento de concreto pode apresentar defeitos devidos

ao uso e a falta de manutenção apropriada e, se não forem reparados, podem se tornar prejudiciais

ao seu desempenho. Sendo assim, este trabalho apresentará uma avaliação das condições atuais

do pavimento rígido do corredor de ônibus da cidade, analisando as patologias identificadas no

local e comparando os resultados com análises previamente executadas.

12

Dessa forma, será possível determinar se o pavimento está atendendo aos requisitos de

projeto preestabelecidos e às condições desejáveis de tráfego. Essa avaliação tornará possível,

ainda, o desenvolvimento de um plano de manutenção e reparos, caso este seja necessário, e

permitirá assegurar a eficiência de desempenho do pavimento de concreto de cimento Portland.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo geral

Avaliação das condições e patologias identificadas no pavimento de concreto de cimento

Portland do corredor de ônibus da Rua do Acampamento, na cidade de Santa Maria – RS,

realizando um comparativo com análises anteriores e permitindo determinar a necessidade de

execução de manutenção no local, de forma a garantir o desempenho adequado do pavimento.

1.1.2. Objetivos específicos

De forma a atender os objetivos deste trabalho, são destacados os objetivos específicos:

– Estudar as características e especificações de projeto do pavimento do corredor de

ônibus de Santa Maria.

– Identificar os defeitos que podem ser apresentados no pavimento rígido e mapear o

corredor de ônibus da cidade para verificar a presença destes.

– Analisar a condição atual do pavimento de concreto através de avaliação objetiva,

determinando o Índice de Condição do Pavimento.

– Realizar comparativo com dados obtidos previamente, dando sequência a avaliações

realizadas anualmente no local.

– Verificar a necessidade de manutenção e reparos no pavimento do corredor de ônibus

para garantir as condições necessárias de conforto e segurança de tráfego.

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2. PAVIMENTO DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND

Formado por camadas de materiais com características e propriedades distintas, os

pavimentos são estruturas muito complexas, conforme Balbo (2005), ocasionando uma vasta

possibilidade de respostas aos esforços solicitantes, dependendo dos materiais combinados.

Considerando os pavimentos de concreto, Balbo (2009) os classifica como pavimentos que

apresentam camada de rolamento executada em concreto podendo esta ser realizada através de

diferentes técnicas, como moldagem in loco ou pré-moldagem.

2.1. HISTÓRICO NO BRASIL

O pavimento de concreto de cimento Portland (CCP) tem sido empregado desde o início

do desenvolvimento rodoviário no Brasil, sendo que, conforme Rodrigues (2011), as primeiras

vias a receberem pavimento de concreto no país foram ruas da cidade de Pelotas, no Rio Grande

do Sul, e a Rodovia Caminho do Mar, em São Paulo, nos anos de 1925 e 1926. Desde então,

Silva (2010) afirma que o pavimento de concreto vem sendo utilizado no país tanto na execução

de grandes obras rodoviárias, portos e aeroportos, como também em corredores de ônibus e pisos

industriais.

De acordo com Pitta (1996), o concreto de cimento Portland foi empregado em grande

escala na pavimentação de vias urbanas e rodovias até a década de 50, quando a produção de

cimento foi priorizada para o emprego na indústria da construção civil e o setor de pavimentação

foi motivado a buscar outras matérias primas. No mesmo período, ocorreu amplo

desenvolvimento da indústria de pavimentos betuminosos, sendo impulsionada pelo baixo preço

do petróleo na época. Dessa forma, Pitta (1996) conclui que o setor de pavimentação brasileiro

foi motivado a equipar-se e a especializar mão de obra, quase que exclusivamente, para a

execução de pavimentos asfálticos nesse período.

Em meados da década de 90, Maschio (2012) ressalta que o pavimento de CCP retornou a

ser uma opção atraente, oferecendo custos mais competitivos e maior disponibilidade de

equipamentos de alta performance em diversos países. Silva (2010) complementa que, nessa

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época, o concreto também voltou a ser objeto de crescente interesse no ramo rodoviário

brasileiro.

Através da modernização e aquisição de novos equipamentos pela Associação Brasileira

de Cimento Portland (ABCP), a partir de 1998, o pavimento de concreto voltou a ser uma opção

amplamente adotada no Brasil, segundo Silva (2010), para rodovias e pisos industriais. Nos

últimos anos, conforme Maschio (2012), o crescente conhecimento da técnica de execução de

pavimentos de concreto, a disponibilidade de equipamentos de alta performance e a presença de

profissionais especializados possibilitou a execução de pavimentos de CCP com ótimo conforto

de rolamento e custo inicial competitivo.

Entre os locais de emprego mais recorrente de pavimentos de concreto no Brasil, se

destacam os corredores exclusivos que, de acordo com Vizzoni (2012), surgiram primeiramente

em São Paulo e Curitiba, atendendo a necessidade de privilegiar o transporte coletivo. Através

dos corredores exclusivos, pode-se melhorar o tráfego de veículos coletivos e reduzir o tempo de

deslocamento de seus usuários. Um dos primeiros corredores exclusivos a ser construído no país,

conforme o autor, foi o corredor de São Mateus à Jabaquara, em São Paulo, o qual teve seu

primeiro trecho finalizado em 1988 (Figura 1).

Fonte: (Plano Integrado de Transportes para 2020 do Estado de São Paulo, 2012).

Figura 1 – Corredor de ônibus de São Mateus à Jabaquara, em São Paulo.

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Conforme Rebelo e Benvenuto (1997), o corredor São Mateus – Jabaquara com

pavimentação em concreto foi a solução adotada para suprir a grande demanda diária de

transporte público na região sudeste da Região Metropolitana de São Paulo. Ainda, segundo

pesquisa de imagem dos transportes coletivos na Região Metropolitana de São Paulo realizada

por Raymundo (2015), desde o ano de 1999 até o ano de 2012, o corredor de ônibus de São

Mateus à Jabaquara encontra-se entre as duas opções melhores avaliadas pelos usuários,

apresentando desempenho superior ao de outras linhas convencionais de ônibus, o que evidencia

a longevidade do pavimento de concreto.

2.2. ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS

De acordo com Balbo (2005), a principal função de um pavimento é garantir um

rolamento que promova conforto, segurança e economia aos seus usuários, de acordo com as

características climáticas, com a capacidade de suporte da estrutura e com o volume e tipo de

tráfego do local. Para assegurar que o pavimento de concreto desempenhe sua função de forma

apropriada, Senço (2001) acrescenta ser essencial o cumprimento das normas e especificações

que determinam os materiais a serem utilizados, suas características e os procedimentos de

execução do pavimento.

O pavimento em placas de concreto classifica-se, conforme Mesquita (2001) e Rodrigues

(2011), como um pavimento rígido, o qual apresenta elevada resistência a esforços de flexão.

Ainda, Balbo (2005) complementa que no pavimento rígido as pressões transmitidas à fundação

são bastante pequenas, produzindo deformações também reduzidas e bem distribuídas ao longo

da área de aplicação do carregamento, conforme pode ser observado na Figura 2.

17

A camada de fundação ou subleito, conforme Rodrigues (2011) precisa ser constituída por

material homogêneo e inerte à ação da água, sendo que uma camada adicional de solo melhorado

deve ser executada como reforço caso o subleito não apresente as características desejadas. Balbo

(2005) complementa que o reforço de subleito raramente será necessário nesse tipo de pavimento

já que as placas de concreto transmitem tensões bastante pequenas para as camadas inferiores.

2.3. PAVIMENTO DE CONCRETO SIMPLES

O corredor exclusivo de ônibus da Rua do Acampamento, em Santa Maria, foi executado

em pavimento de concreto simples que, de acordo com Carvalho (2011), é o tipo de pavimento de

concreto mais amplamente utilizado no Brasil e no mundo. Definido por Oliveira (2000) como

um pavimento formado por placas de concreto de cimento Portland, o pavimento de concreto

simples se caracteriza por ser um pavimento rígido, sustentando tanto os esforços de tração

quanto os de compressão apenas pela camada de concreto.

As placas de concreto que formam o pavimento são divididas por juntas, que podem ser

moldadas ou serradas, responsáveis por evitar a fissuração pela retração das placas. Essas juntas

podem ser classificadas como juntas transversais, quando são perpendiculares ao eixo da via, ou

juntas longitudinais, quando estão no sentido do eixo da via (Oliveira, 2000).

Conforme Senço (2001) as juntas transversais devem conter barras de transferência, que

são barras de aço posicionadas na espessura média das placas e parcialmente engraxadas, de

forma a assegurar que as placas suportem os esforços solicitantes de forma solidária através da

transferência de carga de uma placa carregada para uma placa adjacente. As juntas longitudinais,

existentes quando há mais de uma faixa de rolamento, podem conter barras de ligação, que

garantem o atrito e o comportamento solidário entre placas adjacentes, isentando-as de

deslocamentos laterais indesejáveis. Ainda, o autor afirma que ambas as juntas precisam ser

preenchidas por material selante, que deve fornecer flexibilidade e impermeabilidade. A Figura 3

a seguir apresenta um esquema das juntas do pavimento de concreto simples.

18

De acordo com Carvalho (2011), alguns dos principais tipos de juntas em pavimentos de

concreto simples são:

– Juntas transversais de retração (serradas), com barra de transferência;

– Juntas transversais de construção (moldadas), com barras de transferência;

– Juntas longitudinais de articulação (serradas), com barras de ligação;

– Juntas longitudinais de construção (moldadas), com barras de ligação.

2.4. VANTAGENS E CONTROLE TECNOLÓGICO

Entre as principais vantagens apresentadas pelo pavimento de concreto, Mesquita (2001)

destaca o elevado desempenho que este pavimento apresenta ao longo de sua vida útil, que pode

alcançar mais de 20 anos, mantendo a qualidade de sua superfície de rolamento por muitos anos e

exigindo manutenção reduzida e econômica. Ainda considerando o desempenho, o autor

apresenta como vantagem do pavimento de concreto a resistência que ele apresenta a produtos

químicos, óleos e a variações climáticas, sendo praticamente impermeável. Também, conforme

Mesquita (2001), a texturização da superfície do pavimento de concreto pode ser executada

Fonte: (Rodrigues et. al., 2006).

Figura 3 – Juntas existentes em pavimento de concreto simples.

19

conforme requisitos da via, garantindo a rugosidade necessária e o escoamento adequado de

águas superficiais.

Moschetti (2015) complementa que a cor clara dos pavimentos de concreto proporciona

alta visibilidade por reflexão, permitindo economizar em até 60% os custos com energia elétrica

na iluminação pública e na sinalização da via, além de contribuindo para a redução da

temperatura ambiente. O autor também afirma que o pavimento de concreto apresenta uma menor

distância de frenagem e resistência ao rolamento quando comparado com pavimentos asfálticos, o

que acarreta em economia de combustível para veículos de grande porte.

Em relação ao controle tecnológico do pavimento de concreto, Curti (2012) destaca sua

importância para garantir o desempenho adequado do concreto em todas as fases da construção,

permitindo que sejam realizadas avaliações de qualidade e determinadas as causas de eventuais

patologias que possam surgir no pavimento. Balbo (2009) complementa que a ausência de

controle tecnológico pode prejudicar o comportamento estrutural do pavimento de concreto, que

pode apresentar defeitos precoces e imprevistos.

Conforme Curti (2015), as etapas do controle tecnológico envolvem, inicialmente, a

escolha do concreto e do fornecedor, sendo o material escolhido ensaiado em laboratório para

assegurar o atendimento às normas vigentes. Os ensaios realizados devem avaliar a consistência,

a resistência à tração na flexão e a resistência à compressão axial, entre outros parâmetros.

Características como permeabilidade, abrasividade e retração de secagem são apontadas por

Balbo (2009) como também importantes de serem controladas pra certificar que o desempenho

do concreto endurecido seja alcançado.

Além disso, Curti (2015) menciona que o controle tecnológico precisa abranger as etapas

de texturização, quando as ranhuras na superfície devem ser executadas logo após a fase final de

acabamento do pavimento de concreto, e de cura, permitindo o controle adequado da temperatura

e da umidade do concreto. O conforto de rolamento é outra característica importante que é,

conforme o autor, garantido pelo controle adequado do concreto do pavimento.

20

2.5. PATOLOGIAS

Conhecer os diferentes tipos de patologias ou degradações que podem acometer um

pavimento é, segundo Adada (2001), essencial para auxiliar na identificação das causas dos

defeitos e para definir as estratégias de reparo e manutenção mais adequadas.

A norma do DNIT 061/2004 – PRO “Pavimento Rígido – Defeitos – Terminologia”

caracteriza os tipos de defeitos que podem afetar os pavimentos de concreto de cimento Portland,

determinando termos técnicos de forma a padronizar as nomenclaturas relativas a estes

pavimentos. Ainda, DNIT (2004) define defeito como qualquer anomalia presente no pavimento,

causada tanto por problemas na fundação ou na execução do pavimento quanto pelo seu uso ao

longo de sua vida útil.

Os defeitos mais comuns nos pavimentos de concreto são os localizados, segundo DNIT

(2010), estando normalmente relacionados a falhas construtivas e uso de materiais inadequados,

associados a ausência de manutenção necessária. Conforme Balbo (2009), todos os tipos de

patologias que podem ser descritos conforme o grau de severidade com que afetam as condições

de tráfego e segurança do pavimento são classificadas em grau baixo (B), médio (M) ou alto (A),

de acordo com características específicas para cada tipo de defeito.

2.5.1. Alçamento de placas

Este defeito se caracteriza por um desnivelamento das placas que, conforme DNIT (2010)

pode ocorrer nas juntas, nas fissuras transversais ou na junção com canaletas ou outros

obstáculos. Também, DNIT (2010) afirma que esse tipo de patologia é causado pela dilatação do

pavimento devido à variações climáticas, podendo ser estimulado pela escassez de junta de

dilatação em certas placas. A Federal Highway Administration, ou FHWA, (2003) complementa

que as placas que sofrem o alçamento frequentemente apresentam quebras do concreto na mesma

área.

De acordo com Balbo (2009), o alçamento pode ser classificado com grau de severidade

dependendo do desconforto que causa ao tráfego do local. A Figura 4 apresenta um exemplo de

alçamento de placa em pavimento de concreto.

21

2.5.2. Fissura de canto

Segundo DNIT (2010), a fissura de canto é definida como uma fissura que intercepta as

juntas do pavimento de concreto, a uma distância máxima de 1,8 metro das bordas, e atingindo a

espessura total da placa de concreto. Normalmente ocorrendo na forma de semicírculo, Balbo

(2009) explica que as fissuras de canto estão relacionadas a perda da resistência por fadiga ou a

espessura insuficiente do concreto na região. DNIT (2010) complementa que outros fatores que

podem ocasionar a fissura de canto são o recalque diferencial da fundação e o empenamento dos

cantos das placas oriundos de variações térmicas.

As fissuras de canto, representadas na Figura 5, apresentam níveis de severidade

conforme a quantidade de fissuras presentes na região entre a fissura de canto e a junta do

pavimento de concreto (Balbo, 2009).

Fonte: (DNIT 061/2004).

Figura 4 – Alçamento de placa em pavimento de concreto.

22

2.5.3. Placa dividida

A placa dividida se caracteriza por uma placa que apresenta fissuras em diversos sentidos,

de forma a dividi-la em, pelo menos, quatro partes, de acordo com DNIT (2010). Conforme o

autor, a origem dessas fissuras em sentidos variados, que podem ser transversais, longitudinais ou

diagonais, pode estar relacionada a fadiga do concreto, a ineficiência do suporte da fundação ou a

espessura reduzida do pavimento de concreto.

Ainda, Balbo (2009) relaciona as placas divididas em duas categorias: placas divididas em

partes similares e placas divididas em partição localizada, ambas sendo classificadas em baixo,

médio ou alto quanto ao grau de severidade. Tanto nas placas partidas em partes similares quanto

nas placas que apresentam partição localizada, o grau de severidade depende do número de partes

em que a placa foi dividida e da abertura das fissuras existentes. Um exemplo de placa dividida é

apresentado na Figura 6.

Fonte: (Hennicka, 2012 e DNIT 061/2004).

Figura 5 – Fissuras de canto em pavimentos de concreto.

23

2.5.4. Degrau de junta

Conhecido também como escalonamento, DNIT (2010) define o degrau de junta como o

deslocamento vertical permanente e diferenciado que pode ocorrer na região da junta, entre

placas adjacentes, podendo reduzir o conforto e a segurança de rolamento do pavimento. A causa

do escalonamento mencionada por DNIT (2010) é a redução progressiva da capacidade de

transmissão de cargas pelas juntas entre placas adjacentes do pavimento, prejudicando a sua vida

útil. Conforme o autor, essa redução de capacidade pode ser causada tanto pela deficiência de

barras de transferência ou de outros dispositivos de transferência de cargas nas juntas quanto por

defeitos na sub-base ou no dimensionamento de placas. A Figura 7 exemplifica um degrau de

junta em um pavimento de concreto.

Figura 6 – Placa dividida em pavimento de concreto.

Fonte: (DNIT 061/2004).

24

Também, de acordo com Balbo (2009), pode ocorrer escalonamento em fissuras

transversais e longitudinais que permaneçam muito tempo sem receberem manutenção,

ocasionando a divisão das placas. Porém, o autor afirma que o degrau que ocorre em uma fissura

não é contabilizado durante a inspeção do pavimento, mas apenas o degrau de junta, cuja

severidade varia conforme a dimensão do desnível entre as placas.

2.5.5. Defeito na selagem das juntas

Este defeito é definido por FHWA (2003) como qualquer falha no selante das juntas que

possa permitir a infiltração de água ou a acumulação de material incompressível na junta do

pavimento. De acordo com DNIT (2010), a manutenção da selagem das juntas é fundamental

para garantir a durabilidade do pavimento, já que a penetração de água ou outros materiais

através de um defeito na selagem afeta a fundação do pavimento e influência o surgimento de

diversos outros defeitos.

Entre as falhas de selagem que podem estar presentes, as mais recorrentes são a

deficiência na qualidade ou quantidade do material selante, o rompimento ou fissuração da

selagem, a extrusão ou oxidação do material, a presença de vegetação nas juntas e a perda de

aderência entre o selante e o concreto (DNIT, 2010).

Fonte: (Hennicka, 2012).

Figura 7 – Degrau de junta em pavimento de concreto.

34

As causas mais frequentes do esborcinamento, segundo DNIT (2010), são a remoção

precoce de fôrmas, a serragem prematura de juntas e a infiltração de materiais incompressíveis na

junta, que podem ocasionar a compressão de suas bordas.

2.5.17. Placa bailarina

A placa do pavimento de concreto que apresenta movimentação vertical visível na área

das juntas, quando sujeita as ações do tráfego, é definida por DNIT (2010) como placa bailarina.

A principal causa associada às placas bailarinas, segundo o autor, é a perda de capacidade de

suporte da fundação do pavimento, sendo agravada pela presença de juntas deficientes e ação de

tráfego pesado.

Se não for executada manutenção necessária, DNIT (2010) afirma que este defeito tende a

progredir e estimular o surgimento de outros defeitos ao longo do tempo, como fissuras e

bombeamento de finos.

2.5.18. Assentamento

Definido por DNIT (2010) como um afundamento do pavimento, o assentamento provoca

ondulações superficiais extensas no pavimento de concreto, podendo ser causado por deficiências

no suporte da fundação, no projeto ou na execução da sub-base do pavimento.

2.5.19. Buraco

Buracos são defeitos que, segundo DNIT (2010), se caracterizam pela perda de concreto

local em uma placa, de modo a formar uma reentrância com dimensões bem definidas. A Figura

19 apresenta exemplos de buracos em pavimentos rígido de concreto.

36

materiais que compõem a rodovia. Para que seja possível definir os defeitos de forma consistente,

Gonçalves (1999) menciona que, na avaliação superficial, devem ser utilizados os seguintes

parâmetros: o tipo de defeito, a intensidade com que este defeito afeta o pavimento, a gravidade

que o defeito apresenta, a sua frequência de ocorrência e a extensão superficial do pavimento

comprometida pelo defeito.

A norma do DNIT 060/2004 – PRO “Pavimento Rígido – Inspeção Visual –

Procedimento” apresenta os requisitos e métodos utilizados na execução da inspeção visual de

pavimentos de concreto de cimento Portland, visando a avaliação de suas características

superficiais.

2.6.1. Índice de Condição do Pavimento

Sendo um dos índices mais confiáveis para determinar as condições da pavimentação de

concreto, de acordo com Balbo (2009), o Índice de Condição do Pavimento (ICP) se baseia no

reconhecimento de defeitos observados na superfície do pavimento. Segundo Shahin e Walther

(1990), o ICP foi desenvolvido pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos da

América (USACE) e utilizado pelo Sistema de Gerenciamento de Manutenção de Pavimentos

(PAVER) como um índice apropriado para indicar a integridade estrutural e as condições de

operação de um pavimento, além de permitir uma previsão da performance do pavimento no

futuro.

A norma do DNIT 062/2004 – PRO “Pavimento Rígido – Avaliação Objetiva –

Procedimento” define avaliação objetiva como a análise das condições estruturais do pavimento

rígido de concreto em função da determinação do ICP, considerando o conforto e a suavidade do

rolamento. Essa norma também apresenta os procedimentos necessários para a realização da

avaliação objetiva e as instruções para o cálculo do ICP.

De acordo com DNIT (2004), o valor do ICP vai de 100 à 0, conforme as condições

apresentadas pelo pavimento. O valor do ICP será 100 quando não houverem defeitos visíveis no

pavimento e o seu estado for considerado excelente e 0 quando os defeitos existentes forem

altamente prejudiciais ao pavimento, neste caso considerado destruído. Para se determinar este

valor, DNIT (2004) orienta que seja utilizado um somatório de valores deduzíveis (VD), que

dependem da intensidade, da gravidade e da frequência de cada patologia observadas no

37

pavimento. A determinação dos valores deduzíveis é feita, conforme Páez (2015), através de

curvas de valores de dedução apresentadas na norma do DNIT 062/2004 – PRO. Os valores

deduzíveis obtidos são corrigidos, utilizando-se uma curva de ajuste, e então subtraídos de 100

para se determinar o valor do ICP do pavimento analisado.

Shahin e Walther (1990) complementam que os valores deduzíveis são utilizados como

fatores de equilíbrio entre tipo, severidade e densidade de defeitos. Dessa forma, os valores

deduzíveis são uma forma de indicar o nível do dano que cada defeito em particular gera nas

condições do pavimento de concreto.

Além disso, de acordo com DNIT (2010), os pavimentos que apresentam valores de ICP

superiores a 70 não requerem um rápido plano de recuperação. Já os pavimentos com ICP no

intervalo de 40 a 70 precisam de reparos imediatos em seus defeitos de maior severidade,

permitindo a elevação do índice para um valor mínimo de 70. Por outro lado, um pavimento é

considerado praticamente destruído se possuir valor de ICP inferior a 40.

2.7. AVALIAÇÃO DE TRÁFEGO

O estudo do tráfego existente em uma rodovia, conforme DNIT (2006), permite conhecer

o número de veículos que trafegam pela via e suas características em determinado período. Dessa

forma, a avaliação de tráfego torna possível determinar a capacidade da via, estabelecer os

procedimentos necessários para garantir conforto e segurança e planejar a circulação do tráfego

de forma eficiente e econômica.

Ainda, Pereira et. al. (2007) complementam que a avaliação do tráfego possibilita calcular

uma projeção futura do número de veículos que trafegarão na rodovia. Sendo assim, Pereira et. al.

(2007) mencionam que os resultados obtidos através do estudo do tráfego são fundamentais para

o planejamento, para a conservação e para a segurança da via considerada.

De acordo com DNIT (2006), o volume ou fluxo de tráfego em uma rodovia pode ser

definido como o número de veículos que trafegam por determinada via em um certo intervalo de

tempo. Normalmente, esse volume de tráfego é apresentado em veículos por dia (VPD) ou

veículos por hora (VPH).

38

2.7.1. Volume Médio Diário

De acordo com Brasileiro, Schiapati e Comar (2014), o Volume Médio Diário (VMD) de

uma rodovia representa o fluxo de veículos, conforme o volume e a composição desse tráfego,

sendo uma ferramenta de grande utilidade para o planejamento, o projeto, a construção, a

conservação e a operação da via. DNIT (2006) acrescenta que o VMD é expresso como a média

do volume de veículos que circulam durante um dia na rodovia considerada.

Sendo a melhor forma de representar a utilização da rodovia, segundo DNIT (2006), o

VMD é utilizado para definir a necessidade de execução de melhorias ou expansão nas vias e

para determinar a prioridade de investimentos no local, entre outras funções. Considerado a

contagem realizada em um período de 24 horas, o autor afirma que, durante o levantamento dos

dados, deve-se considerar a influência que a hora do dia, o dia da semana e o período do ano

exercem nas informações coletadas, uma vez que o tráfego varia conforme esses fatores.

Pereira et. al. (2007) menciona que a determinação do volume de tráfego, geralmente,

envolve contagem manual em campo, quando se executa constatação visual do volume de tráfego

e transcrição das informações coletadas para fichas elaboradas previamente. Outras formas de

coleta de dados podem ser realizadas através de contagem mecânica, utilizando-se dispositivos

específicos.

Nesta etapa do trabalho, foram então apresentadas e referenciadas as informações e

definições a respeito do pavimento de concreto, suas características e patologias, assim como da

avaliação das condições do pavimento e do tráfego. Sendo assim, destaca-se a importância dessa

etapa para garantir a compreensão dos conceitos e métodos abrangidos nesse estudo, fornecendo

uma base consistente de dados e informações e direcionando o desenvolvimento desse trabalho.

39

3. METODOLOGIA

Os estudos realizados para o presente trabalho foram baseados em bibliografias da área de

pavimentação, em normas vigentes e em trabalhos prévios realizados sobre o mesmo tema. Para a

coleta dos dados apresentados foram realizadas visitas de campo, levantamentos, registros

fotográficos e contagens no local considerado para esta pesquisa: o corredor de ônibus da Rua do

Acampamento, em Santa Maria.

3.1. PROPRIEDADES DO PAVIMENTO DO CORREDOR DE ÔNIBUS DE SANTA

MARIA

As características do corredor de ônibus foram apresentadas por Melo et. al. (2005) e

Gonçalves (2013). O pavimento foi projetado para um volume de tráfego de 1000 veículos por

dia, considerando que 80% destes estariam sujeitos a transportar a carga máxima legal. A taxa de

crescimento de tráfego foi estipulada em 3% ao ano e o período de projeto foi estabelecido em 20

anos. Na sua execução, foi utilizada camada de reforço de subleito com espessura de 60 cm de

rachão e camada de base de brita graduada simples com espessura de 15 cm. A espessura da

placa de concreto simples executada foi em média 24 cm, consumindo 385 kg/m³ de cimento CP

V de alta resistência inicial, conforme o traço do concreto adotado, com adição de 10% de cinza

volante. Na Figura 20 se encontra uma seção transversal do projeto do pavimento de concreto.

40

Outras informações do pavimento de concreto de cimento Portland analisado foram

apresentadas por Fernandes et. al. (2009) e pela empresa Reitex Soluções em Concreto Ltda. Nas

juntas transversais foram adotadas barras de transferência de aço liso CA-25, espaçadas em 30

cm entre si, enquanto as juntas longitudinais foram preenchidas com isopor, na intersecção com o

pavimento asfáltico. Ainda, foi realizada a texturização da superfície do pavimento e utilizado o

processo de cura química do concreto. Em geral, a dimensão das placas era de 3,90 metros de

largura, como pode-se observar na Figura 20, por comprimentos aproximados de 5,00 metros,

variando nas intersecções com as esquinas e na existência de bocas de lobo. Destaca-se ainda que

as placas de concreto são interligadas ao pavimento asfáltico nos cruzamentos das ruas que

interceptam a Rua do Acampamento, também havendo barras de transferência nessas

interligações. A Figura 21 apresenta algumas etapas da construção do pavimento de concreto da

Rua do Acampamento.

Fonte: (REITEX, 2005).

Figura 20 – Seção transversal do pavimento do corredor de ônibus de Santa Maria.

41

3.2. DETERMINAÇÃO DOS TRECHOS E INSPEÇÃO VISUAL

O corredor de ônibus pavimentado com placas de concreto, em Santa Maria, está

localizado entre as intersecções da Rua do Acampamento com as Ruas Dr. Alberto Pasqualini e

Gaspar Martins.

Para a realização deste estudo, o corredor de ônibus foi inicialmente dividido em três

diferentes trechos, conforme pode-se observar na Figura 22. A divisão dos trechos foi executada

com base em trabalhos previamente realizados sobre o pavimento em questão, como Lobo,

Seiffert e Pereira (2016), Gonçalves (2013), Hennicka (2012) e Bronzatti (2010). Além disso, a

determinação de três trechos diferentes para o pavimento do corredor de ônibus originou-se a

partir dos períodos em que cada trecho foi pavimentado com placas de concreto. Os dois

primeiros trechos do pavimento foram executados no ano de 2005, enquanto o terceiro trecho foi

realizado no ano de 2007. Anteriormente aos anos mencionados, o corredor de ônibus da Rua do

Acampamento apresentava pavimento asfáltico.

O comprimento de cada trecho pavimentado em placas de concreto no corredor de ônibus

é de, aproximadamente, 260 metros para o Trecho 1, 220 metros para o Trecho 2 e 130 metros

para o Trecho 3.

Fonte: (REITEX, 2005).

Figura 21 – Construção do pavimento do corredor de ônibus de Santa Maria: (a) preparação dasbarras de transferência, (b) concretagem do pavimento, (c) serragem das juntas transversais.

43

A etapa que sucedeu a determinação dos trechos foi a inspeção visual do pavimento no

local, para realização de avaliação objetiva e identificação das patologias existentes. Um

documento foi primeiramente encaminhado à Secretaria de Controle e Mobilidade Urbana da

Prefeitura Municipal de Santa Maria, requisitando autorização para que fosse realizada a inspeção

e avaliação dos trechos do corredor de ônibus. Outro objetivo deste documento foi solicitar o

acompanhamento da Guarda Municipal de Trânsito no dia em que seria realizado o estudo, com

fins de facilitar o desvio do tráfego do local e garantir a segurança da equipe envolvida durante a

execução da avaliação.

Dessa forma, a avaliação do pavimento do corredor de ônibus foi realizada no dia 21 de

agosto de 2016, domingo, no turno da manhã. A escolha da data foi devida ao reduzido trafego

existente neste dia da semana e às condições climáticas do período. A análise das placas

bailarinas foi realizada duas semanas depois, sob temperatura aproximada de 10 ºC, em uma

terça-feira, quando o tráfego existente no corredor de ônibus era suficiente para permitir a

observação da movimentação vertical das placas.

Foram utilizados cones de sinalização e todos os envolvidos na inspeção vestiram coletes

refletivos. O trânsito foi parcialmente desviado no local, conforme a inspeção dos trechos era

realizada, e contou-se com o apoio da Guarda Municipal.

3.3. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE CONDIÇÃO DO PAVIMENTO

Considerando que a realização de inspeção na totalidade de placas de concreto que

compõem o pavimento seria inconveniente e desnecessária para o estudo que se deseja realizar, a

avaliação dos trechos foi executada utilizando-se trechos amostrais. Todos os procedimentos e

cálculos executados obedeceram orientações presentes nas normas do DNIT relacionadas a

avaliação de pavimentos.

3.3.1. Amostragem dos trechos

Seguindo especificações da norma DNIT 060/2004, os trechos amostrais a serem

avaliados devem ser selecionados de forma aleatória. Com base nos trabalhos e avaliações

44

anteriormente realizados no pavimento do corredor de ônibus, as amostras foram definidas de

forma alternada e intercalada, seguindo o mesmo padrão que, em geral, foi executado nos anos

anteriores. Apesar de ter sido verificado que, em alguns casos, o padrão de amostragem foi

ligeiramente alterado ou invertido, esse processo permite, de modo geral, que todas as placas

sejam analisadas a cada dois anos.

Dessa forma, foi possível assegurar que as placas de concreto amostradas representassem

de forma adequada as condições gerais do pavimento e que a continuidade do monitoramento não

fosse afetada. Ainda, foi garantido que os resultados obtidos na presente avaliação pudessem ser

corretamente comparados com estudos prévios. As Figuras 23, 24 e 25 apresentam a distribuição

das placas ao longo de cada trecho e, representadas com hachura, as placas que foram

inspecionadas na amostragem utilizada neste trabalho.

Figura 23 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) noTrecho 1.

Fonte: (Representação do autor, 2016).

45

Ao término da avaliação, foram inspecionadas 19 placas no Trecho 1, 19 placas no

Trecho 2 e 10 placas no Trecho 3, totalizando 48 placas de concreto analisadas no corredor de

ônibus. Conforme a norma DNIT 060/2004 e os estudos previamente realizados sobre o mesmo

pavimento, a amostragem utilizada garante confiabilidade e é superior a amostragem mínima

necessária para a execução da avaliação objetiva.

Figura 25 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) noTrecho 3.

Fonte: (Representação do autor, 2016).

Figura 24 – Representação das placas de concreto existentes e inspecionadas (hachuradas) noTrecho 2.

Fonte: (Representação do autor, 2016).

48

O próximo passo para o cálculo do ICP de cada trecho do pavimento foi o somatório dos

valores deduzíveis de todos os defeitos encontrados, obtendo-se o valor deduzível total. Assim,

foi possível a determinação do valor deduzível corrigido (VDC) para cada trecho analisado

através de gráfico presente na norma DNIT 062/2004. O valor deduzível corrigido depende do

valor deduzível total calculado para o trecho e do número de valores deduzíveis de cada defeito

em particular que forem superiores a 5. O procedimento de determinação do VDC é semelhante

ao apresentado na Figura 26 e o gráfico em questão pode, também, ser observado no Anexo B

deste trabalho.

Por fim, o valor deduzível corrigido para o trecho é subtraído de 100, que representa o

valor máximo que o ICP de um pavimento pode alcançar se esse estiver em perfeitas condições.

O resultado dessa subtração representa o valor final do ICP do trecho em questão. A Figura 27

ilustra a escala de valores de ICP que um pavimento de concreto pode apresentar, assim como o

conceito atribuído ao pavimento, correspondente ao valor do ICP calculado.

Fonte: (Adaptado de DNIT 062/2004).

Figura 27 – Escala de valores de ICP e conceitos correspondentes.

49

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Apresentada a metodologia deste trabalho, incluindo as propriedades do pavimento

analisado, a determinação de seus trechos, a descrição de como foi realizada a inspeção visual e

o cálculo do ICP para cada trecho, pode-se considerar os resultados a serem analisados.

4.1. ANÁLISE DO ÍNDICE DE CONDIÇÃO DO PAVIMENTO CALCULADO

Após a execução da inspeção visual e avaliação objetiva do pavimento do corredor de

ônibus, pôde-se alcançar resultados condizentes que permitiram a comparação com dados

previamente coletados. Os valores de ICP foram calculados e os conceitos adequados foram

atribuídos para cada trecho do pavimento analisado. As Tabelas 3, 4 e 5 apresentam os dados

coletados para cada trecho do pavimento, assim como cálculo do ICP. Para a análise, foram

considerados como mais significantes os defeitos com valores deduzíveis superiores a 5, os quais

influenciam diretamente na determinação do valor deduzível corrigido.

50

Conforme a Tabela 3, o valor do ICP encontrado para o Trecho 1 do pavimento foi de

66,5, correspondendo ao conceito “Bom”. O valor do ICP determinado deve-se, principalmente, a

alguns defeitos específicos que representam a maior parte da degradação sofrida pelo pavimento,

a qual depende tanto da densidade dos defeitos quanto do prejuízo que este geram às placas de

concreto.

Entre os defeitos mais significantes encontram-se o desgaste superficial, que afetou a

totalidade das placas inspecionadas no Trecho 1, e o esborciamento de juntas com grau de

severidade baixo, atingindo quase 90% das placas analisadas. Outros defeitos que justificaram a

condição apresentada pelo pavimento foram os defeitos na selagem das juntas com grau de

severidade alto e as fissuras lineares com grau de severidade médio. Juntos, os quatro diferentes

Tabela 3 – Defeitos observados e cálculo do ICP para o Trecho 1.

52

pavimento. Novamente, o desgaste superficial atingiu 100% das placas de concreto inspecionadas

no Trecho 2, enquanto o esborcinamento de juntas e as quebras de canto atingiram,

respectivamente, 66,67% e 42,11% do pavimento de concreto nesse trecho.

As fissuras lineares, por outro lado, são fissuras transversais que atingiram apenas 10,53%

do pavimento inspecionado no Trecho 2. Mesmo assim, apresentaram o mais elevado impacto no

valor do ICP do trecho e representam 22,84% do valor deduzível total encontrado. Esse fato

deve-se as fissuras lineares de grau alto, que apresentam abertura superior a 50 mm, serem

consideradas defeitos estruturais e causarem grande prejuízo as condições de conforto e

segurança do pavimento.

Os quatro defeitos mais prejudiciais citados acima representam, em conjunto, 68,52% do

valor deduzível total para este trecho do pavimento.

Tabela 5 – Defeitos observados e cálculo do ICP para o Trecho 3.

53

Para o Trecho 3 do pavimento de concreto analisado, o ICP calculado foi de 64, e a

condição correspondente atribuída ao pavimento foi “Bom”, conforme apresentado na Tabela 5,

sendo este resultado intermediário aos resultados obtidos para os dois trechos anteriores.

Quanto aos defeitos que exerceram maior impacto na condição do pavimento deste trecho,

destacam-se as fissuras lineares e a escamação do pavimento com graus de severidade alto, o

desgaste superficial e o esborcinamento de juntas com baixo grau de severidade. No total, estes

defeitos compõem 79,84% do valor deduzível total do trecho, o que salienta a elevada influência

que eles apresentam na degradação do pavimento nesse caso.

O desgaste superficial afeta todas as placas amostradas no trecho e o esborcinamento de

juntas com baixo grau de severidade está presente em 40% delas. Ainda assim, os defeitos mais

graves para o Trecho 3 são as fissuras lineares com alto grau de severidade e a escamação do

pavimento, os quais atingem apenas 10% das placas inspecionadas. Conforme mencionado

anteriormente, isso se deve ao alto potencial que, tanto as fissuras lineares de grande abertura

quanto a escamação em uma grande área da placa, possuem para degradar o pavimento.

4.1.1. Comparação com estudos anteriores

Determinadas as condições do pavimento para todos os trechos do corredor de ônibus,

pode-se compará-las a resultados previamente encontrados para analisar a evolução de patologias

e outras características do pavimento ao longo dos anos. As Tabelas 6, 7 e 8 apresentam os

valores de ICP e conceitos encontrados, para cada trecho do pavimento, em avaliações realizadas

nos anos anteriores.

60

Com objetivo de permitir a melhor visualização das condições do pavimento de concreto

estudado neste trabalho e considerando a totalidade de defeitos apresentados em cada trecho, é

fornecida a Figura 34. Dessa forma, pode-se observar a evolução dos valores de ICP e dos

conceitos atribuídos ao pavimento do corredor de ônibus como um todo.

Analisando a Figura 34, verifica-se, em geral, a diminuição do ICP do pavimento de

concreto inspecionado ao longo dos anos. O valor mais elevado de ICP foi calculado na primeira

avaliação realizada em cada trecho, a qual ocorreu em 2008 para os Trechos 1 e 2 e em 2009 para

o Trecho 3, representando os anos em que os pavimentos apresentaram as melhores condições de

trafegabilidade.

Nos últimos três anos em que se avaliou o corredor de ônibus, pode-se claramente

identificar um padrão nas condições apresentadas. Todos os trechos do pavimento exibiram

redução, praticamente constante, de ICP desde 2014. Porém, enquanto o Trecho 1 manteve-se

apresentando as melhores condições entre todos os trechos do pavimento, o Trecho 2 seguiu com

os valores de ICP mais reduzidos do corredor de ônibus nas últimas três análises.

Além disso, percebe-se que os valores de ICP encontrados para os trechos 2 e 3 nesse

estudo foram os menores valores já calculados para estes trechos, desde a primeira avaliação

realizada no pavimento de concreto em questão. Destaca-se também que, considerando o ano de

execução dos pavimentos com placas de concreto de cimento Portland, as avaliações de 2016

Figura 34 - Variação dos valores de ICP para o pavimento do corredor de ônibus.

61

foram realizadas onze anos após a conclusão do pavimento nos trechos 1 e 2 e nove anos após a

pavimentação do terceiro trecho.

Ainda, é importante levar em conta que as inspeções foram executadas por equipes

diferentes, o que favorece uma maior variação entre os resultados obtidos em cada ano. Apesar de

a avaliação realizada ser objetiva, está sujeita aos critérios de avaliação utilizados e a percepção

dos defeitos pelas equipes, os quais podem ser desiguais.

Também, as condições climáticas existentes no momento em que foram realizadas as

inspeções podem afetar diretamente os resultados obtidos. Por exemplo, as placas bailarinas só

são corretamente observadas sob temperaturas reduzidas, já que o calor pode provocar a dilatação

térmica das placas e ocultar o deslocamento vertical nas juntas.

Outro fator que apresenta grande influência na variabilidade dos resultados obtidos para o

ICP do pavimento são as amostras selecionadas. A cada ano, foram inspecionadas placas

diferentes ao longo de cada trecho do pavimento. Apesar de as amostragens terem, em geral,

seguido um padrão de intercalação estabelecido nas primeiras avaliações, pode-se afirmar que os

defeitos presentes são bastante variados e específicos de cada placa do pavimento, o que pode

ocasionar resultados variados.

4.2. ANÁLISE DO TRÁFEGO EXISTENTE

Apesar de não ter sido realizado o levantamento volumétrico para este estudo no ano de

2016, pode-se considerar os dados obtidos nas contagens de tráfego executadas em anos

anteriores para se ter uma avaliação mais abrangente das condições do pavimento do corredor de

ônibus.

Alguns aspectos importantes podem ser ressaltados em relação aos levantamentos

realizados previamente. Os veículos observados que não caracterizaram o tráfego diário sobre o

corredor, como caminhões ou veículos leves, não foram contabilizados nas contagens. Os tipos

de veículos que compõem o tráfego sobre o pavimento de concreto analisado podem ser

observados na Tabela 9, conforme a classificação de veículos estabelecida por DNIT (2012).

62

Quanto a lotação dos veículos considerados, todos os trabalhos prévios utilizaram o

mesmo padrão de categorias. Os ônibus que trafegavam no corredor foram classificados em leve,

médio ou pesado, sendo leve quando haviam muitos assentos desocupados, médio quando todos

os assentos estavam ocupados e pesado quando diversos passageiros estavam em pé. Os horários

de realização das contagens foram determinados para assegurar a representação do tráfego

existente em um período de 24 horas. Os intervalos de horas não abrangidos nos levantamentos

foram desconsiderados devido ao tráfego praticamente nulo de veículos durante esses períodos. A

Figura 35 apresenta a evolução do tráfego ao longo dos últimos anos em que o levantamento foi

realizado.

Tabela 9 – Classificação dos veículos que trafegam no corredor de ônibus (DNIT, 2012).

63

Analisando o tráfego observado no corredor de ônibus ao longo dos últimos anos,

conforme a Figura 35, é possível verificar um total máximo de 1571 veículos no ano de 2015.

Considerando que o pavimento de concreto foi dimensionado para suportar uma demanda diária

de 1000 veículos, percebe-se que o maior tráfego excede o esperado em quase 60%.

Por outro lado, no projeto do pavimento foi previsto que 80% dos veículos trafegariam no

corredor de ônibus com carga máxima. Assim, de acordo com o VMD de projeto, 800 veículos

trafegariam diariamente com carga equivalente a condição de Pesado ou superior. Na contagem

realizada no ano de 2015, apenas aproximadamente 3,5% do tráfego observado no corredor

trafegava com grande lotação de passageiros, valor muito abaixo do dimensionado em projeto.

Ainda, pode-se observar que a Figura 35 apresenta uma curva ascendente, o que

representa o aumento do tráfego de ônibus no corredor ao longo dos anos, condizendo com o

constante aumento da demanda por transporte. Mesmo assim, o crescimento do tráfego vem

ocorrendo de forma lenta, tendo-se um aumento de pouco mais de 100 veículos ao longo de 7

anos, do primeiro ao último levantamento realizado.

Através da Figura 36, pode-se visualizar a distribuição do tráfego no corredor ao longo do

dia nas últimas duas avaliações realizadas, sendo possível observar as variações horárias de fluxo.

Figura 35 - Volume de tráfego nos últimos anos no corredor de ônibus.

64

O tráfego no corredor de ônibus nos últimos dois anos analisados, conforme pode ser

observado na Figura 36, apresentou os mesmos três picos distintos. Os intervalos de horas que

compreenderam os picos de tráfego são das 07:00 às 09:00 horas, das 11:00 às 14:00 horas e das

17:00 às 19:00 horas, representando os horários em que o pavimento de concreto foi mais

solicitado pelo tráfego. Ainda, percebe-se que esses picos de trafego coincidem com os horários

de início e térmico das atividades comerciais e escolares, o que justifica o aumento do fluxo de

ônibus nesses períodos.

Figura 36 - Distribuição horária do tráfego nas últimas duas avaliações no corredor de ônibus.

65

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho teve como principal objetivo determinar as condições atuais das

placas de concreto de cimento Portland que compõem o pavimento do corredor de ônibus, na rua

do Acampamento em Santa Maria-RS. Foram realizadas inspeções em campo e calculados os

índices de condição do pavimento para cada trecho do corredor de ônibus, atribuindo-se um

conceito final correspondente ao ICP encontrado. Ainda, os resultados obtidos foram comparados

a estudos anteriores para garantir uma análise mais ampla, e o volume de tráfego observado no

local nos últimos anos também foi considerado na análise.

Através das informações levantadas e dos resultados encontrados nesse estudo, é possível

afirmar que, apesar de algumas variações, foram obtidos resultados condizentes com as condições

apresentadas pelo pavimento. Em relação aos defeitos observados no pavimento, pode-se destacar

o desgaste superficial, que foi verificado em todas as placas inspecionadas no pavimento, e o

esborcinamento de juntas, que esteve presente em grande parte das placas e representou grande

influência no valor de ICP determinado para os três trechos. Ainda, as fissuras lineares foram

observadas em todos os trechos do pavimento durante o levantamento realizado nesse estudo,

evoluindo consideravelmente em relação a avaliação executada ano passado, quando os trechos 1

e 3 não apresentaram fissuras lineares.

Com isso, a comparação do ICP calculado com os valores obtidos em estudos realizados

ao longo dos anos resultou em uma curva descendente, conforme esperado, principalmente em

relação as avaliações dos dois últimos anos. Na avaliação realizada nesse estudo, os trechos 2 e 3

do pavimento de concreto apresentaram os menores valores de ICP já registrados, desde a

primeira vez em que foram inspecionados. Mesmo assim, todos os trechos do corredor de ônibus

foram classificados com conceito “Bom”, sendo que o Trecho 2 apresenta-se no limite entre as

condições “Bom” e “Razoável”.

As condições atuais do pavimento devem-se, principalmente, ao desgaste natural

ocasionado por sua utilização ao longo do tempo e aos defeitos presentes nas placas, os quais são

em grande parte influenciados pela ausência de manutenção no local. Esses fatores, aliados ao

reduzido crescimento do tráfego, conforme observado em avaliações realizadas desde o ano de

2008 garantem as condições ainda boas de trafegabilidade do corredor de ônibus.

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Mesmo assim, percebe-se a necessidade de manutenção e reparos na via, principalmente

em relação as juntas das placas, onde sugere-se a substituição e aplicação de novas selagens e

restauro dos esborcinamentos existentes utilizando argamassas poliméricas, assegurando a

impermeabilidade do pavimento. Outra medida significativa que pode ser citadas como sugestão

é a restauração da camada superficial de concreto através da aplicação de microrrevestimentos a

base de cimento, por exemplo, eliminando o desgaste existente. Ainda, é sugerida a correção das

fissuras lineares transversais presentes em algumas placas. Assim, garante-se que o período de

projeto adotado possa ser alcançado pelo pavimento e que este mantenha boas características de

conforto e segurança ao longo do tempo, permitindo sua utilização pelo tráfego local e evitando

que a evolução dos defeitos comprometa sua atual condição.

Ainda, é recomendado que uma avaliação siga sendo executada anualmente no corredor

de ônibus, permitindo o monitoramento da evolução das condições do pavimento. Dessa forma,

torna-se possível a comprovação da durabilidade e resistência do pavimento de concreto,

demonstrando que este representa a opção mais adequada para um via submetida a tráfego

intenso de veículos pesados.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO A: TABELA COM INVENTÁRIO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS EM CADA

PLACA DE CONCRETO INSPECIONADA NO CORREDOR DE ÔNIBUS

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ANEXO B : GRÁFICOS E TABELAS FORNECIDOS NA NORMA DNIT 062/2004 PARA

CALCULAR VALORES DEDUZÍVEIS

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