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Método das Boquinhas I Congresso Nacional de Boquinhas Maringá/PR www.metododasboquinhas.com.br 1 ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE BOQUINHAS MARINGÁ/PR 16 e 17/SET/16 SUMÁRIO RESUMOS EXPANDIDOS DAS APRESENTAÇÕES EM TEMA LIVRE E PÔSTERES TÍTULO DO TEMA LIVRE AUTOR PG 1 O Método das Boquinhas e a interdisciplinaridade no contexto da atenção básica: Patrícia Hoffmeister e Joana Bohmgahren 2 2 A automatização da alfabetização por meio do Jogo REMATA Alessandra A. Baquete e Andressa Gouveia Saad 5 3 Estudo de caso do método fonovisuoarticulatório na reabilitação da dislexia Carina Teixeira Blanco 7 4 Intervenção com a metodologia Boquinhas em crianças com apraxia de fala Claudiane Marques Campos 8 5 Uso do método das boquinhas com crianças na transição da hipótese pré silábica para silábica com valor sonoro Annalisa de Faria Begiato e Gláucia Mietto Canalle 11 6 Aprendendo com as boquinhas: projeto de reabilitação nas dificuldades de Alfabetização Edy Simone Del Grossi 14 7 Método das Boquinhas e comunicação alternativa para educandos com transtorno do espectro do autismo Maira Cristina Farias 16 8 Dislexia: é preciso entender e intervir neste transtorno de aprendizagem Jéssica Lemos 18 9 Uso de Boquinhas para alfabetização de paciente com esquizencefalia de lábios fechados Claudiane Marques Campos 21 10 O sucesso da alfabetização na educação especial Jeanine C. Elgersma 24 11 Autismo: características e adaptações curriculares Viviani Guimarães 26 12 Evolução na aprendizagem e na autoestima de adultos com treino da conciência fonoarticulatória: resultados preliminares Andressa Gouveia Saad e Renata Savastano Ribeiro Jardini 27 13 Superando as dificuldades e alfabetizando com Boquinhas Maria do Carmo Gonçalves Schoenmaker 29 14 Método das Boquinhas e EAD possibilitando conhecimento no desenvolvimento infantil Jacy Carmen Ourives Virgulino 32 15 Uso social de comandos básicos em crianças com transtorno do espectro autista não verbal Claudiane Marques Campos 33 16 Boquinhas na alfabetização Rosemary Márcia De Azevedo e Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones 36 17 Vencendo o silêncio - falando, lendo e escrevendo com Boquinhas Rosely Monteiro 39 18 Método das Boquinhas e teste da psicogênese na prática escolar Elisabete Ribeiro Bardine Sanches 42 19 Introdução lúdica no processo de desenvolvimento fonoarticulatório com crianças de 3-4 anos Sue Ellen Simon, Juliana Giaretta, Ana Maria Luchesi, Érica Savoy e Lilian Bruna Recka 45 20 Atividades para alunos com necessidades educacionais especiais e com dificuldades de alfabetização com o Método das Boquinhas Maria Das Graças Fernandes Koga, Mayumi YabeTerao e Adriana Manfrim 47 21 Aprendendo com boquinhas na educação infantil Eliane Maia e Marcia Maia 50 22 Boquinhas e autismo - trabalho de resultado Roberta Navarrete 53 TÍTULO DO PÔSTER AUTOR PG 1 Boquinhas na alfabetização Rosemary Márcia De Azevedo e Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones 55 2 Jogos de Boquinhas na sala de aula Andréa Liliane Farias Silva de Campos 57

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE BOQUINHAS …...verbo, memória, acesso lexical, percepção visual, processamento visual de figura/fundo, processamento auditivo e cognição. Os

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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE BOQUINHAS – MARINGÁ/PR – 16 e 17/SET/16

SUMÁRIO

RESUMOS EXPANDIDOS DAS APRESENTAÇÕES EM TEMA LIVRE E PÔSTERES

Nº TÍTULO DO TEMA LIVRE AUTOR PG

1 O Método das Boquinhas e a interdisciplinaridade no contexto da atenção básica:

Patrícia Hoffmeister e Joana Bohmgahren

2

2 A automatização da alfabetização por meio do Jogo REMATA

Alessandra A. Baquete e Andressa Gouveia Saad

5

3 Estudo de caso do método fonovisuoarticulatório na reabilitação da dislexia

Carina Teixeira Blanco 7

4 Intervenção com a metodologia Boquinhas em crianças com apraxia de fala

Claudiane Marques Campos 8

5 Uso do método das boquinhas com crianças na transição da hipótese pré silábica para silábica com valor sonoro

Annalisa de Faria Begiato e Gláucia Mietto Canalle

11

6 Aprendendo com as boquinhas: projeto de reabilitação nas dificuldades de Alfabetização

Edy Simone Del Grossi 14

7 Método das Boquinhas e comunicação alternativa para educandos com transtorno do espectro do autismo

Maira Cristina Farias 16

8 Dislexia: é preciso entender e intervir neste transtorno de aprendizagem

Jéssica Lemos 18

9 Uso de Boquinhas para alfabetização de paciente com esquizencefalia de lábios fechados

Claudiane Marques Campos

21

10 O sucesso da alfabetização na educação especial Jeanine C. Elgersma 24

11 Autismo: características e adaptações curriculares Viviani Guimarães 26

12 Evolução na aprendizagem e na autoestima de adultos com treino da conciência fonoarticulatória: resultados preliminares

Andressa Gouveia Saad e Renata Savastano Ribeiro Jardini

27

13 Superando as dificuldades e alfabetizando com Boquinhas Maria do Carmo Gonçalves Schoenmaker

29

14 Método das Boquinhas e EAD – possibilitando conhecimento no desenvolvimento infantil

Jacy Carmen Ourives Virgulino 32

15 Uso social de comandos básicos em crianças com transtorno do espectro autista não verbal

Claudiane Marques Campos

33

16 Boquinhas na alfabetização Rosemary Márcia De Azevedo e Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones

36

17 Vencendo o silêncio - falando, lendo e escrevendo com Boquinhas

Rosely Monteiro

39

18 Método das Boquinhas e teste da psicogênese na prática escolar

Elisabete Ribeiro Bardine Sanches 42

19 Introdução lúdica no processo de desenvolvimento fonoarticulatório com crianças de 3-4 anos

Sue Ellen Simon, Juliana Giaretta, Ana Maria Luchesi, Érica Savoy e Lilian Bruna Recka

45

20 Atividades para alunos com necessidades educacionais especiais e com dificuldades de alfabetização com o Método das Boquinhas

Maria Das Graças Fernandes Koga, Mayumi YabeTerao e Adriana Manfrim

47

21 Aprendendo com boquinhas na educação infantil Eliane Maia e Marcia Maia 50

22 Boquinhas e autismo - trabalho de resultado Roberta Navarrete 53

Nº TÍTULO DO PÔSTER AUTOR PG

1 Boquinhas na alfabetização Rosemary Márcia De Azevedo e Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones

55

2 Jogos de Boquinhas na sala de aula Andréa Liliane Farias Silva de Campos 57

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3 Apraxia de fala e Boquinhas Claudiane Marques Campos 59

4 Dislexia: estudo de caso com intervenção fonoaudiológica pelo Método das Boquinhas

Tatiane Rosseto, Thalita Correia Lemes e Leandra Teixeira Falcão

61

5 Mapa de ideias no maternal Maisa Bezerra Chaga, Clarinda Fernandes e Girlayne Salgueiro

63

6 A aplicabilidade da letra R e seus diferentes sons na proposta do Método das Boquinhas

Maisa Bezerra Chaga e Lívia Luana Ribeiro

65

7 A evolução da escrita de um adolescente com Síndrome de Down

Jeanine C. Elgersma

66

8 Quebrando paradigmas sobre a capacidade do aprendiz Maria Helena S. Fonseca 69

9 Atividades para alunos com necessidades educacionais especiais e com dificuldades de alfabetização com o Método das Boquinhas

Maria Das Graças Fernandes Koga, Mayumi Yabe Terao e Adriana Manfrim

71

10 Boquinhas na EJA x deficiência intelectual Eliane Maia e Márcia Maia 73

11 O Mapa de Ideias e a produção textual Alexandra Soriani Moteka e Jacy Carmen Ourives Virgulino

75

12 Estimulação dos pré-requisitos para leitura e escrita Roberta Rodrigues Moura e Carla Silva 76

13 Confronto entre surda e sonora Maisa Bezerra Chaga 79

14 Organização da produção de textos através do Mapa de Ideias com alunos do terceiro ano do ensino fundamental

Daniela Verusca Fernandes, Andressa Gouveia Saad e Lia Mara Santos

81

15 Método das Boquinhas e equoterapia: projeto de potencialização da alfabetização de crianças e adolescentes com deficiência intelectual

Adriana Souza, Edilaine Mazolini e Karoline Senna

83

16 A troca de um segredo: relato sobre os resultados do uso da ferramenta Boquinhas

Greicy Zagui Pazini, Adriana Paggi e Valdirene Rosolen

85

17 Projeto Boquinhas – uma proposta por meio da prática Bruna Silva de Oliveira Zavarisi 86

RESUMOS EXPANDIDOS DAS APRESENTAÇÕES EM TEMA LIVRE 1. O MÉTODO DAS BOQUINHAS E A INTERDISCIPLINARIEDADE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA

HOFFMEISTER, Patrícia [email protected]

BOHMGAHREN, Joana [email protected]

Prefeitura Municipal de Alvorada – RS

Pretende-se apresentar neste trabalho uma experiência de articulação interdisciplinar entre os campos da fonoaudiologia e da psicanálise, em grupos de crianças com problemas na aprendizagem no contexto da Atenção Básica.A Atenção Básica caracteriza-se com o porta de entra da preferencial do SUS, formando um conjunto de ações de Saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. No contexto da atenção integral se incluem, então, as demandas escolares das crianças e a visão destas como sujeitos de direitos, tendo prioridade neste atendimento (BRASIL, 2013).

Foi escolhida como metodologia para intervenção dos problemas de aprendizagem, o método Fonovisuoarticulatório, conhecido como Método das Boquinhas (JARDINI, R.S.R., 2010). Optou-se por utilizar esta metodologia, que utiliza-se de estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/letra) e articulatórias (articulema/boquinhas), por esta ser indicada para trabalhar com qualquer tipo de criança na alfabetização e reabilitação dos distúrbios de aprendizagem, visto que sua abordagem é multissensorial, e

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desta forma oferece e estimula diversos inputs neuropsicológicos. De acordo com Jardini (2010), "Parte das reflexões deste método foi proporcionada pelo contato com o “Programa de Mejoramiento de la Calidad y Equidad de la Educación” (MECE) –“Programa das 900 Escolas”, desenvolvido no Chile desde 1990, indicado pela UNESCO e estendido a outros países (Guttman, 1993). Sua fundamentação encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro(1986), Watson (1994), entre outros, cujas ideias são resumidas numa percepção holística frente à alfabetização, tendo a visão da linguagem – em especial a fala -, como ponto focal da aprendizagem". Esta visão sobre o aprendiz, vem de encontro ao princípio da Integralidade do SUS (Lei 8080), o qual é entendido como um conjunto de ações curativas e preventivas, e que para tal, necessita de uma ação interdisciplinar a fim de que se possa perceber o indivíduo como um todo, e não apenas nas suas queixas específicas. Este método também baseia- nos atuais estudos das neurociências e neuroimagens, e conforme a autora, pode-se afirmar que a Metodologia Boquinhas sendo multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtex cerebral pré-frontal. "Essa constatação baseia-se no fato de que a área de Broca, situada nessa região, responsável pela articulação das letras é fortemente ativada com o trabalho de Boquinhas, favorecendo de maneira rápida, concreta e eficaz a aquisição da leitura e escrita. Segundo as pesquisas, ao aprendermos a ler, e mesmo quando nos tornamos bons leitores, sempre executamos uma articulação dos fonemas,mesmo que de forma não explícita (Dehaene, 2012; Germano 2008; Gindri et al.,2007; Mulas et al, 2006; Pekkola et al., 2006; Badley, 2003). Como consequência, podemos afirmar, seguramente, que Boquinhas traz benefícios à memória imediata (loop – caminho fonológico), à memória de longa duração (loop– caminho articulatório), à atenção e, consequentemente, à cognição de um modo geral,melhorando as capacidades fonológicas dos usuários", diz Jardini (2010).

Junta mente como Método das Boquinhas, também utilizou-se da psicanálise como estratégia de intervenção, possibilitando uma escuta da criança na sua singularidade e no seu desejo, tomando a apropriação do saber, logo a aprendizagem, como situada em um contexto familiar, cultural, escolar e biológico. Portanto, consideramos que o atraso ou a ruptura desse saber pode ser tomado como sintoma nestes sujeitos, em relação a estes contextos.

Esta experiência ocorreu em 3 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Alvorada/RS. Em cada unidade de saúde havia um grupo de crianças com idades entre6 e10anos, tendo em média 8 participantes em cada grupo. Os encontros ocorriam uma vez por semana, com duração de uma hora e trinta minutos,por um período inicial de 3 meses.Estes grupos foram coordenados conjuntamente por uma fonoaudióloga, uma psicóloga eos agentes comunitários de saúde (ACS) de cada UBS.

Antes de ingressarem nos grupos, as crianças foram submetidas a uma triagem psicológica e fonoaudiológica, que tinham como objetivos conhecer a história destes sujeitos, a fim de melhor mediar e intervir em suas variadas demandas, respeitando suas singularidades. Todas elas foram encaminhadas para aqueles especialistas por solicitação das escolas, com a queixa principal de dificuldade de aprendizagem, associada a questões emocionais e/ou comportamentais.

Este trabalho teve como objetivo principal estimular algumas habilidades que são consideradas pré-requisitos para adquirir e compreender o processo de alfabetização, tais como habilidades de consciência fonológica, habilidades de memória e habilidades visuo-espaciais (Jardini, 2012; Santamaria et. al, 2004; Navas, 2008). As atividades envolveram tarefas de rima, aliteração silábica e fonêmica, consciência fonêmica, percepção de palavras dentro da frase, associação fonema-grafema utilizando como ferramenta a consciência fonoarticulatória, construção de frases tendo como base a percepção do verbo, memória, acesso lexical, percepção visual, processamento visual de figura/fundo, processamento auditivo e cognição.

Os grupos também tinham como objetivo, além de auxiliar as crianças em suas questões com a aprendizagem, o de capacitar os ACS para dar continuidade aos grupos, já que a fonoaudióloga e a psicóloga fazem parte de uma equipe (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) a qual tem por função apoiar as equipes básicas em suas variadas demandas – como as de saúde mental e as escolares. As ACS receberam capacitação com a fonoaudióloga de 4h sobre o Método das Boquinhas, que abordou os pressupostos teóricos e aplicação da metodologia, habilidades neurológicas envolvidas no desenvolvimento da leitura e escrita e consciência fonológica e fonoarticulatória.

Os materiais utilizados para desenvolver as atividades com as crianças foram os livros "Alfabetização com Boquinhas - livro do aluno" (JARDINI, R.;2011) e "Novo Alfabetização com Boquinhas - coleção" (JARDINI, R.; GUIMARÃES, V.; 2015); os jogos Remata, Lince, Troca-bocas, Loto de Vogais, Dominó de Vogais, Memória Letra, Memória Sílaba, Dominó de Rimas, Dominó de Surdas e Sonoras, Rimas 7x1, e Aplicativo Memória Letra Inicial, todos do Método das Boquinhas.

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Observamos nos grupos a complexidade dos problemas de aprendizagem e a necessidade de uma conversa constante com os cuidadores das crianças e com a escola, pois muitas vezes eram confundidas as dificuldades com os distúrbios de aprendizagem. Ao invés de somente a escola encaminhar ao especialista a “criança com problema”, com um parecer incompleto e preguiçoso, foi possível, através do grupo e da utilização do método das boquinhas, dar uma devolução para a escola e cuidadores com maior especificidade das dificuldades da criança e passar orientações, além de implicar ambos na atenção a essas dificuldades.

O grupo teve como função terapêutica a possibilidade de as crianças observarem que não eram os únicos em sala de aula com problemas, gerando maior extroversão, curiosidade e confiança para aprender. Também foi importante trabalhar com as crianças a possibilidade de errar, de incluir o erro construtivo no aprendizado, de não desistir na primeira tentativa, de ter prazer com o aprendizado do outro, dando chance ao colega de se manifestar e vibrando junto quando este obtinha sucesso. Enquanto se trabalhavam essas questões, a psicóloga pôde escutar alguns pais e a história familiar de cada criança, contexto essencial para que o desejo de saber fosse sustentado, possibilitando a consolidação da aprendizagem. Relembramos de um menino de 8 anos que não conseguia ler nem escrever e era extremamente tímido. No decorrer dos atendimentos descobrimos que sua mãe havia lhe ocultado a informação sobre quem era seu verdadeiro pai, e havia lhe mentido, durante toda sua vida, que o padrasto é quem era o pai biológico. O menino descobre tal fato de forma desastrosa (um primo lhe conta) e foi necessário o início de um difícil trabalho com ele e com a mãe, para tratar sobre todas as questões advindas desse não-dito, desse não-saber. Uma das questões notadamente era o “poder saber”. Como o menino poderia aprender ou querer-saber, se não podia saber sobre sua própria história, sua origem? Após a descoberta, a mãe tampouco falava sobre o assunto, ela o evitava, mas à medida que fomos a questionando, o menino pôde fazer o mesmo e simultaneamente começou a progredir na leitura e na escrita. Fernández (1991) nos diz que há sempre um saber presente que sustenta o sujeito, ainda que esteja aprisionado e que, para aprender, põem-se em jogo quatro níveis: orgânico, corporal, intelectual e simbólico (inconsciente). Por isso a criança com problema de aprendizagem requer a intervenção de diferentes especialistas. Para que tais intervenções sejam efetivas, ou, como nos diz Fernández (1991), para que a inteligência seja libertada, é necessário o encontro com o perdido prazer de aprender.

Em relação aos ACS, os resultados mostraram maior motivação e empenho da equipe em organizar e dar continuidade nos grupos, interesse pela educação e os temas desenvolvidos na capacitação e aplicados nos encontros, maior vínculo com as escolas das crianças participantes do grupo e o desenvolvimento da autonomia e segurança para liderar os grupos.

No que se refere as crianças, foi possível observar durante as atividade um aumento da confiança em si próprios e na equipe, estabelecimento de vínculo entre os participantes e reconhecimento daquele espaço como local de aprendizagem e de escuta. Os avanços nas questões de aprendizagem verificados através de sondagens, mostrou uma melhora significativa na construção de frases daqueles que já estavam alfabetizados; avanços nas hipóteses de escrita (Ferreiro, E.; Teberosky, A.; 1985) e desenvolvimento de consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória. Além disso, foi possível observar nas crianças a recuperação do prazer em aprender, fato importante a ser transmitido aos familiares e à escola, já tão desacreditados em relação a essas crianças.

Conclui-se que o trabalho interdiscliplinar favoreceu um aumento na autoestima das crianças e pais, que encontraram um espaço de escuta, viabilizando apropriarem-se da sua história psicossocial, permitindo desta forma a reflexão e modificação de ações.País (1996) lembra, sobre a ética da interdisciplina, que a clínica interdisciplinar não implica a perda de especificidade das disciplinas intervenientes, mas permite um deslocamento do saber que admite a escuta de outros discursos (tanto os pronunciados pelos pacientes como os sustentados por outros profissionais).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica n.34 – Saúde Mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes médicas, 1991.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogenese da lingua escrita. 4. ed. Porto Alegre: Artes Medicas, 1985.

GIANGIACOMO, M.C.P.B.; NAVAS, A.L.G.P. A influência da memória operacional nas habilidades de compreensão de leitura em escolares de 4ªs. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 13(1): 69-74, 2008.

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JARDINI, R. S. R. Boquinhas no desenvolvimento infantil - professor. 1 ed. Bauru: Ed. Boquinhas, 2012.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas : alfabetizaçao e reabilitaça o dos disturbios da leitura e escrita - fundamentação teórica. Bauru: Ed. Boquinhas, 2010.

JARDINI, R.S.R.; SOUZA, P.T. Alfabetização com as boquinhas - livro do aluno. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008, 3a ed.

PAÍS, A. Interdisciplina e transdisciplina na clínica dos transtornos do desenvolvimento infantil. In: CENTRO LYDIA CORIAT. Escritos da Criança. n. 4. Porto Alegre: 1996. p. 24-32. SANTAMARIA, V.L.; LEITÃO, P.B.; ASSENCIO-FERREIRA, V.J. A consciência fonológica no processo de alfabetização. Rev. CEFAC. São Paulo. v.6, n.3, 237-41, 2004.

2. A AUTOMATIZAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DO JOGO REMATA

BAQUETE, Alessandra A. [email protected]

SAAD, Andressa Gouveia [email protected]

INTRODUÇÃO

Sabemos que a motivação transforma o aprendizado de maneira mais efetiva e eficiente, pois melhora a concentração e memorização. Os jogos em sua competitividade fazem a criança desejar brincar e consequentemente aprender. Aproveitando essa oportunidade de interesse da criança, o Método das Boquinhas desenvolveu o jogo Remata, que é um jogo similar ao uno, porém com letras e bocas.

O objetivo do jogo é fixar o domínio da conversão fonema/ grafema por meio dos articulemas (letra/boca).

Este pode ser jogado de diversas formas e adaptado ao nível de desenvolvimento de cada jogador. As cartas do jogo podem ser usadas de diversas formas, até mesmo aproveitadas em outros jogos, diversificando as estratégias e favorecendo a automatização.

Durante as intervenções clinicas foi possível observar como as crianças desejavam jogar o REMATA em todas as sessões e como melhora a propriocepção e automatização das letras, tanto na alfabetização, como na discriminação das surdas/sonoras e sílabas complexas.Tudo isso de forma prazerosa, favorecendo ainda mais a aprendizagem.

OBJETIVO GERAL Proporcionar à criança uma maneira divertida, objetiva e fácil de memorizar as letras, bem como perceber as diferenças visuais, auditivas e articulatórias de cada uma. OBJETIVO ESCPECÍFICO

Desenvolvimento da consciência fonológica e fonoarticulatória.

Estimulação da memória e discriminação visual, auditiva e fonoarticulatória.

Desenvolvimento do léxico na linguagem oral.

Nomeação das letras.

Atenção.

Cognição.

Motivação e autoestima.

Competitividade.

Raciocínio. MATERIAL E MÉTODOS

Relataremos o caso de uma menina com dislexia mostrando o desenvolvimento e interesse da mesma através do jogo. É aluna da rede municipal de ensino da cidade de Marilândia do Sul, cursando a segunda série e recebendo atendimento uma vez por semana, em sessões de trinta minutos. Em todas as sessões realizamos uma atividade diferente utilizando o jogo ou as cartas do jogo. Algumas vezes desenvolvemos o encontro de outras crianças com o mesmo quadro e fazemos uma interação, afim de estimular a competitividade e motivação.

O jogo é composto de cartas brancas com bordas coloridas (azul, amarelo, vermelho e verde), letras maiúsculas em caixa alta e fotos das boquinhas relacionadas a cada fonema.

Pode ser jogado de várias maneiras sugeridas nas regras,como:

Falar o som das letras.

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Falar o nome das letras.

Falar uma palavra que comece com a letra.

Falar adjetivos, substantivos, verbos e frases com a letra. Cada jogador recebe sete cartas e uma é virada à mesa, então inicia-se com uma criança que

deverá colocar uma carta a mesa com a mesma cor ou letra da carta virada. Colocando a carta correspondente, a criança falará o som, o nome, palavras, verbos, substantivos, adjetivos ou frases de acordo com o objetivo da terapeuta.

Além do próprio jogo Remata ser eficiente, podemos usar as cartas para discriminação surda/sonora confrontando-as, bem como as sílabas complexas. Pode também ser usado num jogo com trilhas que a criança cai em uma armadilha e terá que pegar uma carta e falar ou escrever uma palavra que inicie ou tenha aquela letra no nome.

Esse jogo pode ser usado de diversas formas aproveitando as letras e criando novas estratégias criativas para que a terapia seja motivadora, interessante e eficiente. DISCUSSÃO

Discutiremos agora o desenvolvimento da criança que chamaremos de Caso M. M. iniciou terapia com quatro anos por apresentar uma fala ininteligível com muitas trocas.

Trabalhamos durante um ano e meio até conseguirmos a articulação correta. Durante o período de educação infantil fomos percebendo as dificuldades na consciência fonológica, processamento auditivo e linguagem. Orientamos os professores sobre a pré-dislexia e intensificamos os cuidados com relação à alfabetização (pré-requisitos).

Ao iniciar a escolarização tivemos uma pausa no atendimento fonoaudiólogo no primeiro semestre, ficando apenas com o trabalho em sala de aula com boquinhas. Durante esse semestre não conseguiu memorizar nenhuma consoante, apenas as vogais, com a escrita na fase silábica.

No segundo semestre retornou o atendimento fonoaudiológico, o qual observamos a severidade na dificuldade de memorização das letras, bem como a frustração e falta auto estima. Notamos a mãe sem perspectivas e também muito frustrada.

Iniciamos o trabalho com o Remata em todas as terapias, afim de gerar motivação e confiança, já que as bocas favorecem o reconhecimento da letra. Diversificamos as maneiras de jogar e fomos desenvolvendo o trabalho a cada sessão. Algumas vezes emprestamos o jogo para brincar com a família.Mãe participa da terapia se apropriando do jogo e dando continuidade em casa. A professora nos auxilia desenvolvendo um bom trabalho de boquinhas em sala de aula.

Em seis meses M. estava lendo palavras com sílabas simples, e confundindo bem menos as letras. Hoje já está lendo silabas complexas, compreende o que lê e estamos enfatizando a escrita, que

por hora ainda apresenta muitas trocas. Apesar das trocas na escrita está acompanhando o segundo ano sem maiores dificuldades.

A professora referiu que depois que começamos as intervenções facilitou muito o trabalho , pois hoje M. está mais confiante e interessada.

CONCLUSÃO Apesar de trabalhar há dez anos com o método e vibrar com a evolução das crianças, cada caso nos surpreende em suas peculiaridades. Nesse caso, entre muitos outros, foi perceptível o quanto a motivação e a brincadeira, deixa a criança relaxada e com vontade de aprender. O fato das boquinhas virem acima da letra, deixa a criança confiante de que pode acertar e competir com eficiência. A repetição visual, auditiva e sinestésica em cada sessão, motivada por um jogo, faz com que a criança nem perceba que está estudando e quando nos damos conta, já automatizou. O mais gratificante é perceber a satisfação da criança em conseguir fazer, perceber que já sabe ler, ver o sorriso da mãe antes desacreditada, e poder contar com uma professora cada vez mais motivada e confiante. Em todos os casos em que usamos esse jogo, o resultado veio muito rápido e hoje podemos referi-lo como o “coringa” da terapia de aprendizagem.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. 4.ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R. e GUIMARÃES, V.A. Aprender + com boquinhas: aluno. Bauru: Boquinhas, 2013. JARDINI, R. S. R..Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita - Livro 1, fundamentação teórica. 3.ed. Bauru: Boquinhas, 2010. JARDINI, R. S. R..Boquinhas no desenvolvimento infantil: Aluno. Bauru: Boquinhas, 2011.

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3. ESTUDO DE CASO DO MÉTODO FONOVISUOARTICULATÓRIO NA REABILITAÇÃO DA DISLEXIA

BLANCO, Carina Teixeira [email protected]

Clínica de Diagnóstico e Reabilitação (CDR) A alfabetização é essencial para que o indivíduo se torne ativo na sociedade e possa fazer uso da escrita como forma de expressar suas ideias e pensamentos, e da leitura como canal na busca de toda e qualquer informação que desejar. Desenvolver satisfatoriamente as habilidades de leitura e escrita nos primeiros anos do ensino fundamental vem sendo o objetivo de vários projetos pedagógicos. Quando nos deparamos com crianças que apresentam dificuldades ou distúrbios de aprendizagem faz-se necessário pensar em métodos de alfabetização e estratégias que realmente facilitem o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. É de fundamental importância definirmos os conceitos e as diferenças entre dificuldades e distúrbios de aprendizagem, pois dessa forma pode-se definir melhor as mediações e o prognóstico de cada caso. O termo “distúrbio” está mais vinculado ao aluno, na medida em que sugere a existencia de comprometimento neurológicos em funções corticais especificas e o termo “dificuldade” está mais relacionado a problemas de ordem psicopedagógica e/ou sócio - culturais, ou seja, o problema não está centrado apenas no aluno. Podemos citar como distúrbios de aprendizagem: autismo, deficiência intelectual, síndromes, TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), dislexia, etc. Nesse trabalho daremos ênfase à dislexia e ao TDAH e o grande desafio é a busca de estratégias de intervenção para adequação das habilidade de leitura e escrita nesses casos. A Dislexia é caracterizada por uma disfunção do Sistema Nervoso Central tendo como critérios de exclusão o rebaixamento intelectual, déficits sensoriais (visual, auditivo), déficits motores significativos, com condições supostamente adequadas de aprendizagem e ausência de problemas psicossociais (LIMA et al, 2009). A dislexia do desenvolvimento é caracterizada pelo prejuízo em leitura de palavras simples frequentemente envolvendo déficits na decodificação fonológica, soletração que acomete indivíduos sem deficiências sensoriais, isentos de comprometimento emocional significativo e com oportunidades educacionais adequadas. A palavra dislexia é derivada do grego "dis" (dificuldade) e "lexia" (linguagem), sendo definida como uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura (Associação Nacional de Dislexia, 2005). Entretanto, ela não é causada por uma baixa de inteligência. O que ocorre é uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar, sendo que o problema não é comportamental, psicológico, de motivação ou social (Associação Nacional de Dislexia, 2005). PINTO, 2010 relata que os indivíduos com dislexia apresentam dificuldade em aprender o alfabeto, no planejamento motor de letras e números, em separar e sequenciar sons, em soletrar; em se orientar espacialmente como direita e esquerda, embaixo, em cima; em copiar do quadro, dificuldade na leitura; na sequência de letras e palavras, pois não lê em voz alta na turma; dificuldade na elaboração de textos; em memorizar a tabuada e dificuldade com figuras geométricas. O TDAH e a dislexia são condições prevalentes na infância (acometem cerca de 5% das crianças), com impactos na vida escolar, social e familiar. A taxa de comorbidade entre TDAH e Dislexia é elevada e bidirecional (25 a 40% apresentam sintomas do outro transtorno, independente do inicial). Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade, que tendem a diminuir na fase adulta. Rohde et. al. afirmam que é o transtorno mais comum na infância, cuja prevalência situa-se entre 3 e 6% em crianças com idade escolar (ROHDE et al., 2000). De acordo com Rotta et al. (2006), caracteriza-se por um nível inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, levando a distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais. As características básicas são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, podendo variar em menor ou maior grau. Mas é bem mais do que isso. Não se trata apenas de uma questão de estar desatento ou hiperativo, muito menos de um estado temporário, uma fase “normal” da infância. Também nao é falta de disciplina ou controle parental, nem algum tipo de “maldade” da criança (BARKLEY, 2002). O objetivo desse trabalho foi minimizar as dificuldades de leitura e escrita em uma criança disléxica com comorbidade em TDAH por meio do Método das Boquinhas, utilizando também como instrumento investigativo o PLIN (protocolo lince de investigação neurolinguística). O Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas, utiliza-se

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além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais(grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). A neurociências mostra que a Metodologia Boquinhas sendo multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtex cerebral pré-frontal. Essa constatação baseia-se no fato de que a área de Broca, situada nessa região, responsável pela articulação das letras é fortemente ativada com o trabalho de Boquinhas, favorecendo de maneira rápida, concreta e eficaz a aquisição da leitura e escrita. As crianças com dislexia apresentam dificuldades no processamento fonológico dificultando as correspondências entre fonemas e grafemas, possuem falhas de consciência fonológica e, portanto, necessitam se apoiar em outros canais sensoriais para que possam desenvolver a leitura e escrita. A consciência fonoarticulatória trabalhada por essa metodologia possibilita que essas crianças compreendam as habilidades necessárias e avancem no seu desenvolvimento. Dessa forma o uso dessas estratégias foi escolhido para realização do trabalho de alfabetização dessa criança em atendimento clínico. As sessões terapêuticas foram realizadas 2 vezes por semana (início em março/2015) durante 6 meses e depois foram diminuídas para uma vez por semana. Após 8 meses de trabalho observou-se melhoras significativas no desempenho das tarefas de leitura e escrita e melhora na autoestima e na atenção. Vale ressaltar que juntamente aos atendimentos foram realizadas orientações à escola, que passou a utilizar Boquinhas na sala de aula, contribuindo significativamente para os avanços da criança. Após os 8 meses de estimulação foi realizado a aplicação do PLIN que evidenciou as habilidades e as dificuldades que a criança apresentava naquele momento e mostrou as tendências para a dislexia e TDAH, confirmando o diagnóstico inicial dado pelo neuropsicólogo e neurologista. Sendo assim, as mediações foram específicas para as habilidades mais comprometidas e foi realizado mais 4 meses de intervenção e observou-se maior fluência na leitura e diminuição nas trocas de fonemas surdos e sonoros e erros ortográficos. Ficou evidenciado que o Método das Boquinhas e o PLIN foram instrumentos muito efetivos para o distúrbio específico de aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROHDE, L. A. et al. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 22, Supl. II, p. 7-11, 2000.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DISLEXIA. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl6_12.asp . Acesso realizado em 13/09/2005.

BARKLEY, R. A. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH): guia completo para pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2002

LIMA RF, Salgado CA, Ciasca SM. Atualidades na Dislexia do Desenvolvimento. Revista Psique 2009; 38:22-9.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2010. (Livro 1, fundamentação teórica).

PINTO, M. B. Dislexia um jeito diferente de aprender. Publicado em: 18 maio 2010. Disponívelem:http://www.webartigos.com/artigos/dislexia-um-jeitodiferente-de-aprender/38025.

Acesso em: 12 jul. 2011. ROTTA, N. T. et al. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

4. INTERVENÇÃO COM A METODOLOGIA BOQUINHAS EM CRIANÇAS COM APRAXIA DE FALA

CAMPOS, Claudiane M. [email protected]

Consideramos o termo praxia para apresentarmos o conceito de fala. A fala é uma tarefa complexa

que envolve grupos musculares e partes do corpo. Para sua realização, os movimentos devem ser executados em perfeita sintonia. Caruso e Strand (1999) apresentam o modelo de fala como: cognição= ideia; linguagem: acesso lexical, mapeamento fonológico, sintaxe; planejamento motor: planejamento, programação e execução. Sabemos que a fala está intimamente atrelada a praxia. O planejamento motor da fala envolve uma sequencia de movimentos/ gestos articulatórios (propriocepção), seleção dos músculos e direção dos movimentos articulatórios, distância, velocidade, força e contração necessária para realizar o movimento. Consideramos também a hierarquia para o controle motor da fala, conforme apresenta Hayden, 1994 (InstitutePrompt), prosódia, sequência de movimentos, coarticulação, controle lingual, planejamento de movimento anteroposterior e inferior-superior, controle lábio-facial, plano de

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movimento horizontal. Confere aqui a produção segmental, tempo e duração. Finalizamos com o controle mandibular, controle vertical, tônus, respiração e controle fonatório.

Desta forma quando encontramos a sincronia e sequencialização de todo o complexo esboçado acima podemos sinalizar a presença de um quadro de apraxia de fala. Em relação aos distúrbios de linguagem, o nível fonético e nível fonológico nem sempre foram bem especificados nos estudos que incidem sobre esta patologia. Este desconhecimento é compreensível, pois os dois tipos de distúrbios frequentemente coexistem. Os autores Aram e Nation (1982, p.146-166), diferenciam claramente dois níveis: fonético: produção da fala e fonológico: programação da fala. Esses autores chegaram à conclusão que nas apraxias da fala, coexistem ambos distúrbios. Shriberg e colaboradores (1997 a,b,c) confirmaram a existência de um distúrbio motor da fala (na ausência de uma patologia neuromuscular) que, para eles, vai traduzir-se por um déficit na sequencia pré-articulatória dos alvos segmentais, ou seja dos fonemas a serem produzidos.

Apraxia de fala na Infância é um grave distúrbio motor na fala (neurológico) que afeta a habilidade da criança em produzir corretamente as sílabas e as palavras. Percebe-se nas crianças uma fala muito limitada e/ou ininteligível. As dificuldades estão em planejar os movimentos dos lábios, boca, língua e mandíbula para produção dos sons da fala. O cérebro tem dificuldade em coordenar os movimentos necessários para a fala. Segundo a Childhood Apraxia of Speech – CAS, apraxia é um distúrbio neurológico motor da fala na infância, resultante de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala, na ausência de déficits neuromusculares. Pode ocorrer como resultado de impedimento neurológico de origem desconhecida, associada a desordens neurodesenvolvimentais complexas, de etiologia conhecida ou não, como se fosse um distúrbio neurogênico ou idiopático de produção dos sons da fala. Esse comportamento impacta na habilidade da criança em posicionar, temporizar a sequência dos gestos articulatórios.

Considera também que corresponde a alteração nos parâmetros de planejamento e/ou programação espaço-temporal das sequencias de movimentos e que resultam em erros na produção da fala e na prosódia. Faz-se necessário uma avaliação criteriosa de um fonoaudiólogo. Acriança com apraxia tem dificuldade em produzir o fonema, melhor desempenho com vogais, porém estas poderão estar distorcidas, erros na fala com palavras que contém mais sílabas, erros na produção da frase, na prosódia e velocidade de fala, pobre repertório de fonemas, vogais e consoantes, imitação pobre ou reduzida com dificuldade em progredir nas imitações, esforço para falar e problemas com o processamento da linguagem. Em alguns casos a apraxia de fala pode estar associada a apraxia oral, apresentando assim dificuldade com movimentos de imitação dos órgãos fonoarticulatórios. Frente a estas manifestações, consideramos o uso do método das Boquinhas produz resultados favoráveis uma vez que a metodologia é multissensorial. Agrupa pistas: visuais, auditivas, táteis, proprioceptivas e cognitivas.

O Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas, utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta, sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e mediar/reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. Sua fundamentação encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro(1986), Watson (1994), entre outros, cujas ideias são resumidas numa percepção holística frente à alfabetização, tendo a visão da linguagem – em especial a fala -, como ponto focal da aprendizagem.Muitas pesquisas e metodologias para reeducação de surdos foram propostas com bases articulatórias e fônicas, como Fernald (1943); Fernald e Keller (1921) que descrevera um método de decodificação cinestésico, em que a chave da aprendizagem residia no movimento da boca, e usava o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual. Gilingham e Stillman (1973) o VAK (visual-auditivo-cinestésico), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial para surdos. Mas em todos eles, a conotação pautava-se nas pistas cinestésicas, isto é, o movimento da boca. Apesar de fortes contribuições e ganhos na alfabetização, tanto de crianças com ou sem necessidades especiais, acreditamos que a pista fônica ainda é muito abstrata,exigindo alto grau de atenção e percepção auditiva, que, por vezes, não corresponde a totalidade dos aprendentes. Posto isso, e motivados por essas queixas, acrescentamos a este processo abstrato de produção de fonemas – o método fônico puro -, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas) e em seguida a formação de sílabas e palavras.

Desta forma, focalizamos a aprendizagem em uma boca concreta que produz o som, que está inserido dentro de palavras significativas, que por sua vez, estarão imersas em frases e textos. Essa abordagem foi baseada nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986, 1990; Albano,2001) como a unidade mínima de fala. Com os conhecimentos das neurociências e neuroimagens atuais pode-se afirmar que a Metodologia Boquinhas sendo multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtex cerebral pré-frontal. Essa constatação baseia-se no fato de que a área de Broca, situada nessa região, responsável

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pela articulação das letras é fortemente ativada com o trabalho de Boquinhas. Podemos afirmar, seguramente, que Boquinhas traz benefícios à memória imediata (loop – caminho fonológico), à memória de longa duração (loop– caminho articulatório), à atenção e, consequentemente, à cognição de um modo geral,melhorando as capacidades fonológicas dos usuários. A proposição teórica do Método das Boquinhas viabiliza e favorece a alfabetização a partir da conscientização da Consciência Fonoarticulatória. Assim, se torna um método oralista, fônico e articulatório de alfabetização, que além de viabilizar a aquisição da leitura e escrita pela fala, fortalece a correta articulação, propiciando uma mediação pedagógica e preventiva das alterações fonológicas de fala e processamento auditivo, reforçado nas orientações de atuação da Fonoaudiologia na Educação (CRFa- 2ª região, 2010).

Em Boquinhas é adotada a abordagem multissensorial, em que vários inputs neuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de estimulação das percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações espaço-temporais e outras. Entende-se, como descrito por Souza (2005), que a consciência fonológica é a habilidade de se refletir explicitamente sobre a estrutura sonora das palavras faladas, podendo manipular seus componentes (Carvalho e Alvarez, 2000), e a consciência fonêmica como a habilidade de se refletir sobre os fonemas. A consciência fonológica independe do significado das palavras, como ressaltam Stanovich et al. (2002). Já, as habilidades sintática, semântica e pragmática, ou seja, a consciência linguística ou metalinguagem, bem como as habilidades metacognitivas estão relacionadas ao período das operações concretas descritas por Piaget, desenvolvidas ao longo da aprendizagem escolar, a partir de programas de atividades específicas (YavaseHaase, 1988). Sintetizando, a consciência fonológica, seria a percepção e consciência acústica das letras “dentro” da palavra, em atividades elaboradas por meio de estimulação das percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações espaço-temporais e outras.

Para a intervenção em crianças com apraxia de fala na infância, sugerem-se os encartes individuais associados ao CD com dos fonemas isolados, na sílaba inicial, medial e final. O uso do CD indicado com headfone propicia estimular as habilidades visuais associadas as auditivas e articulatórias. Trabalhos aqui a temporalização, velocidade, imitação, percepção, discriminação e posterior automatização dos fonemas. A apresentação é fonêmica, porem o fonema é apresentado em posições diferentes nas sílabas, complementamos o trabalho na coarticulação. O aplicativo Memória Inicial, Jogos “Memória Letra Inicial e Memória Silaba Inicial”, Trocas Bocas e Boca Certa poderao ser utilizados.A escolha da estratégia bem como da hierarquia do material a ser utilizado, dependera do resultado da avaliação. Algumas crianças apresentam ininteligibilidade na fala enquanto que outras podem apresentar a produção de vogais, outras de consoantes, algumas de sílabas porem descontextualizadas entre outros.

O jogo “Troca-Bocas” objetiva aumentar o vocabulário, formando novas palavras, a partir da palavra sorteada, inserindo e/ou eliminando letras; desenvolver a consciência fonêmica e fonoarticulatória; desenvolver a alfabetização com bases fonovisuoarticulatórias por meio das boquinhas; ensinar a forma correta da representação gráfica do fonema sílaba e palavra. Por conter fichas avulsas dos fonemas vocálicos e consonantais, facilita a utilização independente do resultado da avaliação. O uso do erro construtivo, ou seja, apresentarmos os fonemas que são pares mínimos na mesma intervenção é parte integrante das orientações do método e encontramos a sua importância nos textos de Casana.Este poderá ser utilizado em qualquer momento durante o processo terapêutico. O aplicativo memória letra inicial tem resultados expressivos a produção oral, uma vez que engaja a identificação do fonema por meio do visema, a percepção auditiva pela nomeação e a relação com consciência fonológica ao passo que a criança percebe o fonema inicial de determinada figura. Este aplicativo apresenta 3 fases que gradativamente atribui uma complexidade e nível de atenção no jogo. Percebemos uma participação efetiva da criança por ser uma atividade com instrumento eletrônico.Estes materiais contribuem no aprimoramento das habilidades de imitação oral, conhecimento do ponto e modo articulatório, reconhecimento da posição do fonema na sílaba e na palavra, reconhecimento da sílaba tônica, prosódia, associação e análise do fonema ao articulema e consciência fonoarticulatória associada às habilidades de leitura e escrita.Sabe-se que criança com apraxia não apresenta comprometimento intelectual, o que beneficia o tratamento considerando tempo e eficácia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBANO, E. C. O gesto e suas bordas: esboço de fonologia articulatória do português brasileiro. Campinas: Mercado das Letras, 2001.

BROWMAN, C.; GOLDSTEIN, L. Towardsanarticulatoryphonology.Phonol.Yearbook, v. 3, p. 219-252, 1986.

Caruso A.,&Strand E. A. (1999). Motor speech disorders in children: Definitions, background and a theoretical framework. In A. Caruso & E. A. Strand (Eds.), Clinical management of motor speech disorders in children (pp. 1-27). New York, NY: Thieme.

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CARVALHO, I. A. M.; ALVAREZ, R. M. A. Aquisição da linguagem escrita: aspectos da consciência fonológica. Fono.Atual., v. 1, n. 11, p. 28-31, 2000.

DEWEY, J. Experience andeducation. New York: Macmillan, 1938.

FERNALD, G.; KELLER, H.The effectofkinestheticfactors in developmentofwordrecognition in the case of non-readers.JournalofEducationalResearch, n. 4, p. 355- 377, 1921. FERNALD, G. M. Remedialtechniques in basicschoolsubjects. New York: McGrawHill, 1943

FERREIRO, E. Proceso de alfabetización: laalfabetizaciónenproceso. Buenos Aires: Centro Editor de América Latina, 1986

Hayden, D. (1994). Differentialdiagnosisof motor speech dysfunction in children. P.A. Square (Ed.), Developmental apraxia of speech: assessment. Clinics in Communication Disorders. 4 (2), 118-147.

http://www.apraxia-kids.org/library/treating-children-with-motor-speech-disorders. TreatingChildrenwith Motor Speech Disorders. A Multi-focal Approach to Speech Therapy For Childrenwith Apraxia of Speech.

Shriberg LD1, Austin D, Lewis BA, McSweeny JL, Wilson DL. The speech disordersclassification system (SDCS):

extensionsandlifespanreference data. J Speech Lang Hear Res. 1997 Aug;40(4):723-40.

SOUZA, L.B.R. Consciência fonológica em um grupo de escolares da 1ª série de 1° grau em Natal – RN. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., São Paulo, v. 10, n. 1, p. 12-7, jan/mar, 2005.

STANOVICH, K. E. Progress in understandingreading: scientificfoundationand new frontiers. Nova York: The Guilford Press, 2000.

YAVAS, F.; HAASE, G. V. Consciência fonêmica em crianças na fase de alfabetização. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 4, p. 31-55, 1988.

5. O USO DO MÉTODO DAS BOQUINHAS COM CRIANÇA NA TRANSIÇÃO DA HIPÓTESE PRÉ SILÁBICA PARA SILÁBICA COM VALOR

BEGIATO, Annalisa de Faria [email protected]

CANALLE, Gláucia Mietto [email protected]

Colégio Divino Salvador – Jundiaí/SP A criança de cinco anos encontra-se em uma fase de diferentes descobertas e observa-se que uma

delas está atrelada a leitura e escrita de palavras que se dispõem no seu dia a dia. Nessa fase é despertada a curiosidade pela leitura de diversos portadores de textos atrelados ao convívio da criança, sejam eles dentro ou fora do ambiente escolar de maneira formal e/ou informal.

Na escola, diante do interesse apresentado nessa fase, cabe ao professor propiciar oportunidades de exploração do ambiente alfabetizador, facilitando a apropriação do conhecimento da escrita e favorecendo o seu domínio. Através dos estímulos recebidos, que podem ser visuais, auditivos e sinestésicos, a criança passa a perceber que o ato de escrever é funcional e necessário para a sua vida, visando a comunicação em diversas situações. Segundo Ferreiro e Teberosky, 1991, a escrita é uma maneira de representação daquilo que é funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras próprias. Para que a aprendizagem da língua escrita ocorra, o indivíduo precisa conhecer o sistema de regras e esse conhecimento acontece de forma gradual. Sendo assim, o contato com portadores de textos favorece o reconhecimento da função social da escrita e conduz sua aquisição de uma maneira mais eficaz.

De acordo com o interesse apresentado pelas crianças é proposto como instrumento principal o “Método das Boquinhas”, desenvolvido por Renata Jardini e que é utilizado como ferramenta com o objetivo de facilitar a leitura e a escrita realizada pela criança.

Nesse contexto, viabilizamos sondagens de escrita espontânea com o intuito de identificar em que fase da escrita a criança se encontra. A escrita é realizada individualmente (criança e professor) em um ambiente tranquilo e sem influências do meio como: interferências visuais e auditivas, seguindo o processo de sondagem de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.

Com a utilizaçao do “Método das Boquinhas”, a criança utiliza como ferramenta um espelho para a visualização fonovisuarticulatória da palavra e também é composta por quatro imagens do mesmo campo semântico, classificadas pelo número de sílabas em ordem decrescente (polissílaba, trissílaba, dissílaba e monossílaba). A criança identifica a imagem e diz seu nome em voz alta para depois escrevê-lo, refletindo

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sobre cada som produzido. Após o término da escrita a criança é orientada a realizar a leitura do que escreveu.

De acordo com Ferreiro e Teberosky, 1991, a escrita segue fases graduais e são elas: Fase pré-silábica: a criança reconhece que a escrita é uma forma de representação e demostra a

intenção de escrever. Ela ainda não consegue diferenciar letras de números, não há correspondência entre fonema e grafema, acredita que a palavra representa o objeto e não seu nome, utiliza as letras do seu nome para a composição do que quer escrever e realiza a leitura global.

Fase silábica: a criança relaciona uma letra para cada sílaba, mas não necessariamente

corresponde a letra ao seu valor sonoro. a) Fase silábica sem valor sonoro: a criança não atribui valor sonoro para cada sílaba;

b) Fase silábica com valor sonoro: a criança atribui o valor sonoro para cada sílaba, podendo

apresentar valor sonoro para vogais ou consoantes.

Nesta fase, costumam aparecer os conflitos: quantitativo (números de letras) ou qualitativo (repetição da mesma letra).

Fase silábica alfabética: compreende que a escrita representa os sons da fala. Percebe a necessidade de mais de uma letra para a maioria das sílabas, aumenta a utilização da quantidade de letras.

Fase alfabética: compreende o uso social da escrita: comunicação. Escreve foneticamente (faz a correspondência do som à letra). Nessa fase ainda é comum encontrarmos erros ortográficos. A criança conhece o valor sonoro de quase todas as letras, faz leitura com ou sem imagem, separa as palavras quando escreve frases.

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Seguindo esse modelo de sondagem, foi proposto no mês de fevereiro uma atividade de escrita

espontânea com alunos de quatro a cinco aos, com objetivo de avaliar em qual fase da escrita cada criança se encontrava. Utilizando o “Mapa de acompanhamento da Sondagem”, sugerido por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, notou-se que de um total de 57 alunos, 48 se encontravam na fase pré-silábica e 9 na fase silábica com valor. Após três meses de intervenção, obteve-se um avanço significativo no processo da aquisição da escrita, onde 42 alunos encontram-se atualmente na fase silábica com valor. Sendo assim, 33 alunos avançaram de fase.

Esse resultado foi obtido devido a utilizaçao do “Método das Boquinhas” em atividades proporcionadas em sala de aula, visando as dificuldades apresentadas nas sondagens. As boquinhas estão constantemente presentes no cotidiano dos alunos através de atividades lúdicas onde as professoras desenvolvem atividades de registro que são apresentadas seguindo a sequência das letras e estratégias (presença e ausencia; começo, meio e fim; confronto) propostas pelos livros “Alfabetizaçao com Boquinhas”.

Fica evidente que o Método das Boquinhas favorece a percepção da função da escrita pela

criança, sendo prazerosa e significativa tanto para ela quanto para o professor, e também para os pais que, durante o processo, fizeram colocações favoráveis às conquistas alcançadas.

EVOLUÇÃO DA ESCRITA

Pré-Silábico Silábico-Sem Valor Sonoro

Silábico – Com Valor

Sonoro

Silábico – Com Valor Sonoro -

Consoante

Silábico alfabético

Alfabético

NOME DOS

ALUNOS

DATA DE NASCIMENTO

DATA DA SONDAGEM ___/___/___

DATA DA SONDAGEM ___/___/___

DATA DA SONDAGEM ___/___/___

DATA DA SONDAGEM ___/___/___

DATA DA SONDAGEM ___/___/___

OBSERVAÇÕES DO PROFESSOR

1

2

3

4

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. 4ª Edição, Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

6. APRENDENDO COM AS BOQUINHAS: PROJETO DE REABILITAÇÃO NAS DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO

DEL GROSSI, Edy Simone [email protected]

Prefeitura Municipal de Londrina (PML) INTRODUÇÃO O Método das Boquinhas surgiu numa época turbulenta da educação brasileira, pois o quadro de analfabetização estava crescendo assustadoramente entre os anos 1990 a 2000. Muitas crianças não conseguiram apropriar-se do sistema de leitura e escrita, começou a aparecer uma série de indagações sobre o método de alfabetização que seria capaz de instrumentalizar as ações pedagógicas. A concepção construtivista proposta por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1996) não foram compreendidas como processo de formação e de construção da leitura e da escrita. Muito se perdeu e se confundiu dentro da Teoria da Psicogenese da Lingua Escrita (FERREIRO, 1996), por ser considerado um “método de alfabetizaçao”. Sendo este, muito abstrato e complexo exigia alto grau de atençao e percepçao auditiva e sua aplicabilidade era prejudicada devido à dificuldade de metodologias adequadas e da falta de interesse dos alunos no desenvolvimento dos exercícios propostos. Os professores e os alunos não souberam explorar essa “nova pedagogia” e o sistema educacional brasileiro se perdeu em meio de informações de “como se aprende”. Diante deste cenário, surgiu o Projeto “Aprendendo com as Boquinhas” que visava alfabetizar e/ou reabilitar crianças que apresentavam dificuldades e distúrbios na leitura e na escrita que estavam cursando o 3º ou 4º anos do Ensino Fundamental I, nos anos 2010 a 2014 da Escola Municipal Mercedes Martins Madureira em Londrina, Paraná. Na tentativa de sanar as dificuldades apresentadas até o ano estabelecido para ser concluída a alfabetização, 3º ano do Ensino Fundamental I, foram elaborados vários projetos de contra turno nessa escola que visavam a Leitura e a Escrita como metas.

O Método das Boquinhas foi escolhido pela facilidade de aplicação e por estar ligado à teoria construtivista onde o aluno participa ativamente do próprio aprendizado mediante a experimentação e suas vivências. Essa experiência culmina na aquisição do conhecimento, no aprimoramento da consciência fonológica e também nas estimulações visuais e articulatórias da fala, para promover o processo de alfabetização.

Assim, produzindo estímulos para a oralidade acontece automaticamente o saber usar, lidar, manipular e pensar a língua escrita a partir da boca. As habilidades cognitivas necessárias para a alfabetização são exploradas e empregadas através das funções executivas empregadas em atividades constantes nesse projeto. MATERIAL E MÉTODOS

Participaram deste projeto cerca de 30 crianças por ano, entre os anos de 2010 a 2014. Em média foi realizado quatro atendimentos semanais contemplando 20h/a por mês. Os atendimentos eram feitos duas vezes por semana, terças e quintas feiras, das 9h às 11h, com grupos de 6 a 8 crianças entre 8 a 10 anos de idade, todas com atraso na escolaridade regular. Para participar do projeto era necessária uma avaliação escolar baseada no modelo exposto por Jardini (2002) elaborado por Condemarin (1986), que avalia a oralidade, memória e discriminação auditiva, leitura de palavras e pseudopalavras, consciência fonológica, análise e síntese, leitura e interpretação de textos. Baseado na queixa escolar juntamente com o resultado do déficit em várias áreas da avaliaçao o aluno era encaminhado para o Projeto “Aprendendo com as Boquinhas”, que acontecia no horário inverso do seu periodo de estudo (contra turno).

Após 6 meses ou mais, algumas crianças eram dispensadas pois, alcançaram a meta estabelecida pelo projeto, que era dominar a leitura e escrita pertencentes à Fase Alfabética do processo de alfabetização. Momento em que a criança passa a dominar o valor sonoro das letras e sílabas, fase esta que possui a compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba. Escreve como se fala e ainda não domina as normas ortográficas da língua portuguesa. Com a vaga em aberto, eram colocadas outras crianças em seus lugares, formando assim novos grupos.

As aulas tinham um cronograma mensal e eram divididas em parte teóricas e práticas, onde a base metodológica foi utilizada sistematicamente de acordo com o livro de Alfabetização das Boquinhas (JARDINI, 2002) seguindo-se um roteiro de apresentações de famílias silábicas e de exercícios propostos

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que viabilizam o desenvolvimento da Consciência fonovisoarticulatória. As atividades de intervenção foram sempre contextualizadas com histórias infantis e temas geradores que motivavam as crianças a não faltarem nos encontros. Os jogos e brincadeiras sempre foram presentes na parte da prática para desenvolver a consciência fonológica e a estimulação psicomotora.Ao final de cada aula (encontro) era feito uma autoavalição onde o aluno explicava o que aprendeu aos demais colegas através da oralidade ou de expressões artísticas (dramatização, pinturas, colagens, cantigas) o que tinha aprendido naquele dia. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os instrumentos utilizados nas aulas eram baseados no Método das boquinhas e na experiência profissional da autora desse artigo, que teve a prática pedagógica enriquecida com a aplicação do mesmo.Os dados relatam que os tipos de erros apresentados anteriormente ao Projeto eram comuns em quase todas as crianças avaliadas e que a metodologia utilizada para a alfabetização em sala de aula estava aquém do aluno. Esse não conseguia entender o processo e demonstrava claramente quando era trabalhado processos fonológicos e a rota fonológica da leitura. Entretanto, após a intervenção, que durava cerca de 3 a 4 meses, já se notava um grande avanço nas áreas fonológicas e na aquisição do valor sonoro de cada fonema trabalhado. A criança utilizava um espelhinho para ver sua “boquinha” e utilizava o cartaz do alfabeto para comparar as letras que estavam conhecendo. Em todas as aulas foram utilizados jogos pedagógicos (CEU) com vistas a identificar as habilidades fonológicas: segmentação oral de sílabas e comparação de tamanho de palavras, identificação de sílabas iniciais e finais, rimas e fonemas no início de palavras e vários outros. A persistência e repetição de atividades que envolviam a Consciência fonológica e fonêmica foram fundamentais para que o projeto desse certo. Apareceram muitos desafios e desistências, desânimos e frustrações, mas a maioria dos alunos alcançou as expectativas e conseguiu se alfabetizar. A consolidação dos conceitos internalizados pela leitura e pela escrita através desse método foram vistos como um aprendizado sistematizado e engrandecedor para o potencial de cada aluno. CONCLUSÕES Desenvolver a aquisição da linguagem oral e escrita, por meio de processos fundamentais da cognição humana foi a principal intençao do Projeto “Aprendendo com as boquinhas”. Entretanto, alfabetizar muitas vezes é confundido com escrita correta e leitura fluente. Esse trabalho foi exatamente conclusivo nesse ponto. Pois, fornecer subsídios e utilizar os passos dessa metodologia como ferramentas de suporte para a alfabetização, demonstrou que a aquisição da leitura e da escrita é aprendida através da construção da língua falada e ouvida, do treinamento dos movimentos produzidos pela boca, promovendo assim a consciência fonoarticulatória. Em 2014 encerrou-se esse trabalho, por motivos de remanejamento de professores naquela escola, onde pode-se obter uma estimativa aproximada de 139crianças atendidas pelo projeto. Contudo, 10% não terminaram o programa, 5% mudou de escola e as restantes 75% concluíram com êxito o objetivo proposto. O sucesso desse projeto se deve ao Método das Boquinhas que estimula a criança a aprender a ler e a pensar à língua escrita a partir da sua boca. Sendo assim, torna-se possível aos educadores em suas práticas de ensino, conseguir compreender as hipóteses de escrita dos alunos, fornecendo resultados verdadeiramente eficazes.

GRÁFICO DE Nº DE PARTICIPANTES EM CADA ANO

Fonte: SME – Escola Municipal Mercedes Martins Madureira – PML

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Anos

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Esse gráfico demonstra a quantidade de alunos que frequentaram e participaram do Projeto Aprendendo com Boquinhas, desde 2010 até 2014. Totalizando 139 crianças, dessas teve algumas desistências e outras que mudaram de escola com resultado final de 124 crianças alfabetizadas pelo Método das Boquinhas.

REFERÊNCIAS

CAPELLINI, A.S. e SMYTHE, I. Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-linguísticas: livro do profissional e do professor. Marília: Fundep; Editora; 2008.

CAPOVILLA, A. G. S.; CAPOVILLA, F. C. C. Alfabetização: método fônico. São Paulo: Memnon, 2002.

COLDEMARIN, Mabel.A leitura: teoria, avalição e desenvolviemnto. 8 ed. Porto Alegre: Artemd, 2005. 216p

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita.Porto Alegre: Artes Médicas, 1999

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1996.

JARDINI, R. S. R.; VERGARA, F. A. Alfabetização de crianças com distúrbios de aprendizagem, por métodos multissensoriais, com ênfase fono-vísuo-articulatória: Relato de uma Experiência. Pró-Fono Rev. Atual. Cient. Carapicuíba: v. 9, n.1, p. 31-34, 1997.

JARDINI, Renata Savastano R.; GOMES, Patrícia Thimóteo S. Alfabetização com as Boquinhas: livro do professor. 2° edição. São José dos Campos, SP: Pulso Editorial Ltda., 2007.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Alfabetização e reabilitação pelo método das boquinhas: fundamentação teórica: livro 1. 2.ed. revisada e atualizada – Bauru, SP: R. Jardini, 2010.

7. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DE FORMA COMPLEMENTAR NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL

FARIAS, Maira Cristina [email protected]

Atendimento Educacional Especializado - Município de Pinhais/PR

O processo do Método Inclusivo inicia-se embasado no método Teacch, com a organização da SRMF. Os materiais e atividades são pré-estabelecidos para atingir um objetivo específico, levando em consideração a especificidade do educando.

O método baseia-se na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da relação a seu local de trabalho e ao que se espera dele. Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada aluno, visando o desenvolvimento da autonomia do aluno. (KEINERT, 2012)

Para entrar na SRMF o educando precisa executar um comando de leitura e comportamento que está na porta da SRMF, muito importante para o desenvolvimento da comunicação, interação social e consciência fonológica. Para que esse comando se torne funcional, o educando recebe o auxílio do acompanhante que o trás na SRMF dando-lhe o modelo de como agir.

Esse comando é escrito na ferramenta simbolar do software Boardmaker que é um software de autoria. A frase (BATER NA PORTA E ESPERAR. OLÁ PROFESSORA) contem escritas às palavras (grafema), juntamente com a figura (visual) e também o desenho da articulação de letras.

Nesse processo o educando realiza a leitura entendendo o significado (semântica) de cada palavra e também faz o treino fonovisuoarticulatório, aprende a realizar a imitação do movimento labial fazendo a relação do som que sai da sua boca. Mesmo para o educando que ainda não verbaliza, consegue entender a pista de comunicação do que se espera e procura realizar na SRMF como também em outros ambientes o mesmo gesto. (CANCINO, 2015).

Ao entrar o educando segue para a mesa de apresentação da rotina, nessa mesa o primeiro comando é para SENTAR, logo em seguida são apresentadas as ações que irá acontecer no momento do atendimento. Com isso o educando fica menos ansioso, diminuindo os comportamentos inadequados. Para a apresentação do material, utilizam-se figuras, palavras e a associação da articulação da boca referente à primeira letra da palavra, embasados no Método das Boquinhas. (JARDINI, 2012).

Para o desenvolvimento da fala os aspectos de audição são essências, mas para escutar os sons das pessoas e os nossos próprios sons precisamos de atenção e intencionalidade. Quando a criança entende que o movimento da boca e a expressão facial tem uma relação direta com o falar, começa a desenvolver uma intencionalidade para o desenvolvimento da linguagem. (CANCINO, 2015, P. 24).

Ao entrar a criança inicia atividade completando o quadro do calendário, preenchendo na sua pasta o dia, mês, ano e como está o tempo. O quadro do calendário é construído com números,

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símbolos, figuras e a articulação da boquinha, onde a professora do AEE faz a mediação dando ênfase ao som da primeira letra da palavra. O material é produzido com figuras coloridas (Boardmaker), plastificadas e manuseadas com o velcro. Esse treino ajuda na realização dos conteúdos em sala de aula. (SARTORETO, 2010).

Ao olhar o desenho da articulação da boca das letras que formam a palavra juntamente com a mediação para a leitura da palavra com a figura, a criança percebe que determinado som, corresponde a um movimento articulatório. Segundo Cancine (2015)com essa ação é possível ler a palavra entendendo o significado, pois o nível semântico depende do recurso visual e da experiência social.

Após completar a contagem do tempo, o educando inicia a primeira atividade das mesas coloridas que formam um circuito de sete atividades. Cada mesa com um cartão da mesma cor para serem retirados assim que realizar a atividade.

Ao terminar a atividade o educando retira o cartão e leva até o quadro de cores. Quando preencher o quadro com as sete cores, ganha a pasta PECS com figuras para a escolha e os pedidos.

Os cartões são confeccionados com palavras e figuras de reforçadores positivos para que construa uma frase Ex: EU QUERO TABLET.

Todos os alunos estão sendo treinados com o PECS, de modo que sabem exatamente como comunicar suas escolhas. Para alguns o pedido é feito de forma verbal, utilizando a pasta para organização de palavras e desenvolvimento de linguagem pragmática. Segundo Cancino (2015) são habilidades e capacidades que nos permitem comunicar intenções, sentimentos, nos adaptar a nosso meio social, ser simpáticos, nos expressar com claridade para quem nos escuta.

Outros comunicam seus desejos organizando de duas a três figuras na faixa de sentença para em seguida darem a mediadora do AEE. Ao receber o cartão de sentença de pedido a mediadora imediatamente dá a recompensa e fala o nome da palavra dando ênfase ao som e a articulação da primeira letra.

Infelizmente por falta de informação, muitas escolas e mesmo dentro do núcleo familiar as pessoas insistem em utilizar apenas a linguagem de forma verbal, aliás, primeiro é preciso entender a diferença entre linguagem e a comunicação, como no diz Cancino.

De modo simples podemos considerar a comunicação como o conjunto de ações que partilham ao menos dois sujeitos e que as realizam com fim de conseguir a atenção do outro, pedir objetos, compartilhar objetos, interesses ou informação e trocar afetividades (2015, p 24).

Portanto, a comunicação é a procura de um efeito social que se faz muitas vezes com a troca de

figuras contendo palavras e desenhos. As informações visuais são imprescindíveis, pois pesquisas recentes mostram que muitos autistas são pensadores visuais. Segundo Grandin (2010), o autismo é caracterizado como desordem neurológica que revela claras anormalidades cerebrais.

E agora quero falar com vocês sobre as diferentes formas de pensar. Vocês têm que se afastar da linguagem verbal. Eu penso em imagens. Eu não penso em linguagem. Então, o que acontece numa mente autista é que se foca nos detalhes. Ok, este é um teste no quais vocês têm de descobrir as letras grandes, ou descobrir as letras pequenas. E o pensamento autista descobre as letras

pequenas mais rapidamente. (GRANDIN, 2010, p.137).

As mesas coloridas são organizadas previamente com atividades para desenvolver habilidades de

comunicação, coordenação motora, consciência fonológica, raciocínio lógico, discriminação visual, discriminação auditiva, esquema corporal, desenvolvimento da capacidade de coerência central e estímulos sensoriais.

Os circuitos de atividades ajudam os alunos desenvolverem a capacidade de organização dentro do espaço físico, ter noção de tempo por meio de atividades sequenciais, desenvolvimento de habilidades e pré-requisitos para a alfabetização, noção de regras e deveres na escola, diminuição da ansiedade e melhora na socialização dentro da SRMF e também da sala de aula. Todas as atividades são produzidas, adaptadas e mediadas respeitando as necessidades e especificidades de cada aluno.

O material pedagógico produzido tem o objetivo de atender as características, motora, cognitiva e comunicativa no ambiente escolar, deve seguir a proposta curricular para a série sendo funcional na aprendizagem. Os profissionais devem ser capacitados a fazer o uso juntamente com o educando para que haja interação social, e a participação ativa dentro da escola. (SARTORETO, 2010).

CONCLUSÕES

Esse trabalho teve como objetivo principal relatar a experiência pedagógica do Atendimento Educacional Especializado para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), enquanto atendimento complementar aos educandos matriculados na rede municipal de ensino do município de Pinhais - PR no

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ano de 2015/2016com déficit de comunicação, dislexia e interação social. As ações de intervenção pedagógica foram embasadas no Método Inclusivo, que é a junção de três abordagens: A Comunicação Alternativa e Aumentativa; do Método Fonovisuoarticuatório, de Renata Jardini, conhecido como Método das Boquinhas; e a Experiência de Aprendizagem Mediada da teoria de Reuven Fouerstein. A intervenção realizada visa a modificabilidade estrutural do indivíduo.

Os resultados estão sendo observados tanto na SRMF quantona sala de aula de ensino comum com a diminuição da ansiedade e organização das ações para realização de atividades, autonomia, comunicação e interação social. Os alunos demonstraram entender as regras e procuram sempre as pistas comunicativas no ambiente para se orientar.

Com relação às crianças com hiperlexia, estão realizando leitura com significados, expressado sem frases e o aumento no vocabulário. Para o aluno com dislexia a irritabilidade diante da dificuldade de leitura e escrita foi substituída pela ação de pensar no som das letras antes de ler e escrever.

Demonstram iniciativa para propor uma brincadeira como a do pega-pega e estão cumprindo as regras sociais na escola como ficar na fila, horário para recreio, hora de sair para brincar, pedir para ir ao banheiro, bater na porta antes de entrar na sala, esperar e comunicar uma necessidade.

O vínculo estabelecido com os recursos de apoio foi essencial para que a Comunicação Alternativa - CAA, por meio do PECS, e o Método das Boquinhas pudessem fazer parte da realidade escolar tantodos alunos com TEA e quanto para neurotípicos.

Por meio de pranchas de comunicação, rotinas organizadas, sinalizadores em ambientes, banner das Boquinhas e o trabalho do circuito na SRMF,os alunos puderam entender a organização das atividades bem como opinar sobre sua participação.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 27º Edição, São Paulo, 2003. MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygotsky. 7º Edição. Curitiba, 2011. NUNES, Leila Regina de Paula. Favorecendo o desenvolvimento da comunicação em crianças e jovens com necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro, 2004. GRANDIN, Temple. Uma menina estranha: autobiografia de uma autista. Cia das Letras. 3º reimpressão. São Paulo, 2010. FROST, Lori. PECS, Sistema de comunicação por troca de figuras. 2ª Edição. Brasil, 2002. KEINERT, Maria Helena Jansen de Melo. Espectro Autista: O que? O que fazer? Curitiba: Ìthala, 2012. BAPTISTA, Claudio Roberto; BOSA, Cleonice. Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção. Artmed Editora S.A, 2012. BUDEL, Gislaine Coimbra; MEIER Marcos. Mediação da aprendizagem na educação especial. Curitiba, 2012.

SANTOS, Idê Borges dos Santos. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem no autismo. Brasília: MEC, SEESP, 2004.

REGANHAN, W. G. Recursos e estratégias para o ensino de alunos comdeficiência: percepção de professores. Marilia: Unesp, 2006. (Dissertação de Mestrado).

JARDINI, Renata. Alfabetização e reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2010 internet método das boquinhas.

LEON,V.de & LEWIS,S.M.dos S. Programa TEACCH. In SCHARTZMAN, José Salomão et.al. Autismo Infantil. São Paulo, Mennon, 1995.

SARTORETO, Mara Lúcia. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: recursos pedagógicos acessíveis e comunicação aumentativa e alternativa. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará. 2010.

ROPOLI, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Brasíia. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. 2010.

8. DISLEXIA: É PRECISO ENTENDER E INTERVIR NESTE TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM

LEMOS, Jéssica.

[email protected] Dislexia: o que é? A primeira instituição para pesquisas e estudos sobre a dislexia: A Orton DyslexiaSociety, atual

InternationalDyslexiaAssociation (IDA), caracteriza a dislexia trazendo a seguinte reflexao: “A dislexia é

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uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de caracteristicas”.

Deve-se compreender que a dislexia é um transtorno de origem genética e neurobiológica que provem de alterações no sistema nervoso cerebral (analisa sinais oriundos das vias sensoriais) para a compreensão de informações, ou seja, o disléxico apresenta uma combinação de genes desfavoráveis para a leitura.

No momento da leitura estão envolvidas diversas áreas do cérebro e, na ocasião em que a palavra é depreendida e percebida visualmente pelo cérebro, mensagens são enviadas as áreas da linguagemverbal, em particular à área de Broca, área motora, no córtex frontal inferior e a área de Wernicke, área auditiva, córtex temporal superior onde são associados aos respectivos sons.

A capacidade de compreender a escrita, de entender uma lógica na escrita é pelo funcionamento do Giro Angular, ou seja, ter uma lesão neste local resultará na Dislexia, pois, o Giro Angular, localizado entre Wernicke e o córtex visual, converte sinais gráficos (letras) em fonemas.

http://sites.sinauer.com/wolfe4e/ch/11/essay1101/bw.jpg

É de extrema importância ressaltar como é o funcionamento cerebral dos disléxicos para o

reconhecimento das palavras. Segundo Relvas (2008) o cérebro é dividido em dois hemisférios que trabalham juntos através de milhões de fibras nervosas que formam comissuras cerebrais que mantêm estes hemisférios em constante interação. Mesmo havendo uma relação entre estes hemisférios, cabe lembrar que cada um é responsável por habilidades específicas.

O hemisfério esquerdo é responsável pela linguagem, palavras, razão, fonética, leitura, escuta e associação auditiva; o direito é sensorial, responsável pelas relações espaciais, pelas percepções, sentimentos e emoções.

O disléxico quando realiza atividades linguísticas faz o uso recrutante do hemisfério direito apresentando assim um déficit no sistema da linguagem e, por isso, é caracterizado como um distúrbio específico decorrente do funcionamento cerebral no processamento da linguagem.

Os estudos de Shaywitz e, Shaywitz (2008) comprovam a dificuldade no reconhecimento da palavra nos indivíduos disléxicos através da neuroimagem por meio da Ressonância Magnética Funcional (FRMI).

Sendo assim, fica evidente que as áreas neurológicas mais estimuladas quando os disléxicos leem correspondem ao hemisfério cerebral direito (frontooccipitotemporal) e os considerados bons leitores fazem o uso do córtex temporal esquerdo. Ou seja, há uma falha no processamento da informação.

Geralmente os sintomas da dislexia aparecem na fase da alfabetização ou nos primeiros anos do ensino fundamental, deste modo, é necessário que o professor tenha consciência deste transtorno que é um déficit múltiplo do neurodesenvolvimento e entenda que os indivíduos com a dislexia são vagarosos na leitura de palavras e pseudopalavras o que muita das vezes influencia na compreensão de grandes textos. Desta forma, nota-se a necessidade de os professores terem uma atenção especial com os educandos disléxicos pois, segundo Teixeira (2013), este transtorno afeta aproximadamente 3% a 10% das crianças e acomete mais em meninos do que em meninas.

Para melhor entendimento e compreensão pode-se ressaltar a divisão da dislexia em três tipos. Com base em Jardini (2010), apresenta-se a divisão entre a dislexia predominantemente visual, a predominantemente fonológica e a mista mostrando breves sintomas.

Sintomas da predominantemente visual: inversões (letras, sílabas, palavras, frases); omissões (letras, sílabas, palavras, linhas); aglutinação das palavras na frase; trocas espaciais (b/d, p/q); dificuldade com coordenação e ritmo; espelhamento resistente (além dos cinco anos) de números e letras.

Sintomas da predominantemente fonológica: troca de letras surdas/sonoras (p/b,t/d, k/g, f/v, x/j, s/z); troca arquifonemas, trocas vogais e nasais; dificuldade na produção de textos com sequência lógica; dificuldade na detecção de sons e ritmos;

Dislexia Mista: apresenta uma junção ou a presença de características citadas anteriormente pois deve-se lembrar que muitos descritos são comuns aos dois tipos.

Broca’s Area (Broca): atenção, nomeação,

memória de curta duração, articulação, conversão

grafofonêmica e expressão da linguagem.

Wernicke’sArea (Wernicke): processos

fonológicos, compreensão e interpretação da

linguagem falada, escrita e tateada.

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Diagnóstico É preciso saber que não há exames clínicos que comprovem a dislexia. Por isso, faz-se necessário

uma equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogo, psicólogo e/ou neuropsicólogo, psicopedagogo e por um neurologista.

Exames neurológicos que apresentam normalidade: Ressonância-MRI e EEG – eletroencefalograma – alterados tem-se PET Scan e RMI (ausência de assimetria cerebral). Apresenta-se Alterações no PAC – Processamento Auditivo Central – que se refere aos processos envolvidos na detecção, na análise e na interpretação de eventos sonoros.

Na avaliação da dislexia, há mais de 30 anos utiliza-se o tradicional Jogo Lince e em 2008 Jardini desenvolveu a versão Jogo Lince de Boquinhas como ferramenta para a avaliação qualitativa da leitura e da escrita, já que “o uso de um aparato lúdico como recurso avaliativo tem que ser considerado” (Jardini, 2010 p.111).

Dislexia no âmbito escolar Dentre os principais sintomas do disléxico no âmbito escolar destacam-se, com base em Teixeira

(2013): atraso na aquisição da linguagem; dificuldade para se lembrar de símbolos e para aprender o alfabeto; dificuldade em aprender os nomes das letras; dificuldade para separar e sequenciar sons e palavras; nível de leitura abaixo do esperado para a sua idade; dificuldade para entender enunciados.

Dessa forma, apresenta-se como recuso para lidar com alunos disléxicos o Método Fonovisuoarticulatório, conhecido como Método das Boquinhas idealizado e desenvolvido pela Fonoaudióloga, Psicopedagoga, Mestre e Doutora em pediatria Renata Jardini com base na Fonoaudiologia e na Pedagogia com o intuito de reabilitar/mediar os distúrbios de leitura e escrita além de ser indicado para alfabetizar qualquer criança partindo da condição prévia de obtenção de conhecimentos e da linguagem.

O Método das Boquinhas usa estratégias articulatórias (articulema/boquinhas), visuais (grafema/letra) e fônicas (fonema/som). Sendo assim, o trabalho com Boquinhas promove estímulos cerebrais nos lobos occipital pois conta com o apoio visual, parietal ao possibilitar que a criança perceba as articulações e vibrações através de sensações no próprio corpo e com o tato e, no lobo temporal por contar com o apoio sonoro e, quanto mais vias de busca no cérebro mais conexões cerebrais o indivíduo fará.

O método tradicional utiliza a repetição como base para a aprendizagem e o método fônico, utiliza uma única via sensorial(a audição) mas é preciso saber que a criança disléxica que possuir alteração no processamento auditivo não conseguirá ser alfabetizada por esse método. Por isso, apresenta-se o Método das Boquinhas que trabalha não só com o apoio auditivo, mais também com o apoio articulatório e sinestésico (sensação e percepção do próprio corpo).

Com todo o apoio articulatório, visual e sinestésico torna-se mais fácil para o disléxico e para qualquer outra criança identificar as letras, já que trabalha-se com o som e não com o nome das letras como no método tradicional. Assim, a criança identifica o som e articulação das vogais, começa a utilizá-las e posteriormente faz as identificações dentro das palavras e após as consoantes são trabalhadas da mesma forma com todo o apoio. Ou seja, o indivíduo consegue perceber as diferenças entre as articulações (boquinha) e as vibrações que diferenciam as consoantes identificadas como surdas e sonoras (p/b – t/d – f/v – k/g – x/j – s/z) que são dificuldades para os disléxicos.

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Boquinhas tende a manter a motivação e a credibilidade da criança em menor tempo de trabalho,

mantendo-a na rede regular de ensino. Com vários inputs neuropsicológicos oferece aos indivíduos a conscientização e a percepção de padrões fono-vísuo-articulatórios, favorecendo a aprendizagem com satisfação e alegria.Dessa forma, facilita-se o processo de ensino-aprendizagem, a consciência e a possibilidade de autoavaliação o que estimula o educando, principalmente, por ser um método prazeroso que cria a possibilidade de aumentar a autoestima que, pode estar abalada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABUSSÚ, Maria Arminda S. Tutti. Dislexia e estresse: implicações neuropsicológicas e psicopedagógicas. In Rev. Psicopedagogia 2009; 26 (81) 476-85.

CHAVES, C. R.et all(orgs.). Que cérebro é esse que chegou à escola? As bases neurocientíficas da aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak ed.,2012.

DAHAENE, Stanislas: Os neurônios da leitura: Como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012. Resenha de JARDINI, RENATA. Os neurônios da leitura.

DAHAENE, Stanistas. A neurociência deve ir para a sala de aula: entrevista [14 de agosto, 2012]. Revista Época. Entrevista concedita a Flávia Yuri.

JARDINE, Renata. Alfabetização e reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2ed. São Paulo: 2010.

STAMPA, Mariângela. Aquisição da Leitura e da Escrita: uma abordagem teórica e prática a partir da Consciência Fonológica. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

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ZORZI, Jaime Luiz; CAPELLINI, Simone Aparecida. Dislexia e outros distúrbios da leitura-escrita: letras desafiando a aprendizagem. 2ed. São José dos Campos: Pulso, 2009.

ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a ler e escrever: indo além dos métodos. CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, 2003.

ZORZI, Jaime Luiz. Os distúrbios de aprendizagem específicos de leitura e da escrita. CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, 2004.

9. USO DE BOQUINHAS PARA ALFABETIZAÇÃO DE PACIENTE COM ESQUIZENCEFALIA DE LÁBIOS FECHADOS

CAMPOS, Claudiane M. [email protected]

Esquizencefalia é uma malformação congênita que se caracteriza por uma fenda uni ou bilateral,

normalmente estendendo-se do córtex à região peri ventricular. Apresenta-se de 2 tipos: tipo I quando as fendas estão justapostas e tipo II quando a fenda é preenchida pelo liquido cefalorraquidiano. O quadro clínico pode variar de acordo com a extensão e localização da fenda. As manifestações mais recorrentes são: déficit motor, crises convulsivas e retardo mental. Vários aspectos da esquizencefalia ainda permanecem obscuros, como a etiologia, os mecanismos e os estágios do desenvolvimento envolvidos na sua patogenia. Os dados das publicações científicas especializadas apontam para uma anomalia heterogênea em sua patogenia e etiologia, sendo descritos fatores genéticos e ambientais, defeitos na morfogênese cerebral e resultantes de fatores disruptivos, e defeitos na proliferação e/ou migração neuronal, migração neuronal e/ou organização cortical, e especificação de áreas corticais.

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Ainda encontramos que a esquizencefalia é malformação cerebral que foi descrita pela primeira vez em 1859 por Haeschl8. O termo esquizencefalia, porém, foi introduzido somente em 1946 por Yakovlev e Wadsworth, referindo-se a “uma fenda com persistencia de espessa e rica camada de substância cinzenta na profundidade, de extensão do córtex até o ventrículo e com orientação simétrica bilateralmente”. Ela é considerada uma anomalia da migração neuronal sendo que, neste grupo, incluem-se também a agiria, a polimicrogiria, a paquigiria e a heterotopia da substância cinzenta.A etiologia mais aceita é a de uma falha segmentar na formação de porção da matriz germinativa ou na migração de neuroblastos primitivos,formando fendas cerebrais, que podem ser uni ou bilaterais. A alta incidência de lesões bilaterais na região peri-silviana, tem sido usada para reforçar a ideia de que a hipotensão fetal e dano cortical isquêmico, reside nessa região por ser o maior território vascular do cérebro. Todavia, insultos infecciosos e danos diretos de origem tóxica, não podem ser descartados dentre os fatores etiológicos. Baseado na ideia de que a esquizencefalia tem fisiopatologia semelhante às displasias corticais, é proposto que o insulto cerebral ocorra entre o 2° e o 5.° mês de gestação.

Utilizamos o material de Boquinhas, com uma paciente do sexo feminino, 9 anos, com Esquizecefalia tipo I, bilateral. O Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas, utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais(grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta,sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e mediar/reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. Muitas pesquisas e metodologias para reeducação de surdos foram propostas com bases articulatórias e fônicas, como Fernald (1943); Fernald e Keller (1921) que descrevera um método de decodificação cinestésico, em que a chave da aprendizagem residia no movimento da boca, e usava o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual. Hegge, Kirk e Kirk (1936)apresentaram o fono-grafo-vocal; Pittman (1963) o ITA (InitialTeachingAlphabet), e Gilingham e Stillman (1973) o VAK (visual-auditivo-cinestésico), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial para surdos. Mas em todos eles, a conotação pautava-se nas pistas cinestésicas, isto é, o movimento da boca.

Essas metodologias tiveram a intenção de complementar a aquisição da leitura e escrita de indivíduos com algum tipo de perda sensorial, geralmente a auditiva, por isso, pistas visuo-cinestésicas.Também encontramos na literatura proposições de se pautar a alfabetização em pressupostos essencialmente fônicos, onde o aprendizado das letras/grafemas era associado aos sons/fonemas das mesmas. Essa metodologia é utilizada em muitos países e explicitada com muita propriedade no livro Alfabetização Infantil(Cardoso-Martins et al, 2005). Recentemente conhecemos o trabalho de Lindamood-Bell – LIPS (1983), que igualmente à Boquinhas, associa a atividade oral-motora da fala à correspondência fonêmica. Esse excelente trabalho foi desenvolvido para crianças com dificuldades e distúrbios da leitura e escrita e, se mantém até hoje com essa proposição nos EUA, atuando unicamente como diagnóstico e tratamento das patologias, contando com inúmeros projetos e excelentes materiais.Mas, apesar de fortes contribuições e ganhos na alfabetização, tanto de crianças com ou sem necessidades especiais, acreditamos que a pista fônica ainda é muito abstrata, exigindo alto grau de atenção e percepção auditiva, que, por vezes, não corresponde a totalidade dos aprendentes.

Também é considerável a porcentagem de educadores que desconhecem os verdadeiros fonemas, distorcendo-os, produzindo equívocos e, consequentemente, trazendo mais malefícios do que benefícios, por uma ensinagemduvidosa, insegura e distante do treino e preparo teórico que deveriam acompanhar uma nova abordagem.Posto isso, e motivados por essas queixas, acrescentamos a este processo abstrato de produção de fonemas – o método fônico puro -, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas). Desta forma, focalizamos a aprendizagem em uma boca concreta que produz o som, que está inserido dentro de palavras significativas, que por sua vez, estarão imersas em frases e textos. Essa abordagem foi baseada nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986, 1990; Albano,2001) como a unidade mínima de fala.

Os autores Heilman, Voeller e Alexander (1996) afirmam que para a automatização da conversão fonema/grafema, é preciso ativação do gesto motor articulatório, reiterado por Santos (2009). Atualmente, com os estudos aprofundados de consciência fonológica, vimos aumentar o interesse dos pesquisadores sobre a consciência fonoarticulatória (CFA), e os estudos de Santos, Vieira e Vidor-Souza, (2011) tem sinalizado para a necessidade de se avaliar a CFA como fator de sucesso na aquisição da leitura e escrita, propondo instrumentos para essa investigação.Com os conhecimentos das neurociências e neuroimagens atuais pode-se afirmar que a Metodologia Boquinhas sendo multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtexcerebral pré-frontal. Essa constatação baseia-se no fato de que a área de Broca, situada nessa região, responsável pela articulação das letras é fortemente ativada com o trabalho de Boquinhas, favorecendo de maneira rápida, concreta e eficaz a aquisição da leitura e escrita. Sabemos que ao aprendermos a ler, e mesmo quando nos tornamos bons leitores, sempre executamos uma articulação dos

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fonemas,mesmo que de forma não explícita. Como consequência, podemos afirmar, seguramente, que Boquinhas traz benefícios à memória imediata (loop – caminho fonológico), à memória de longa duração (loop– caminho articulatório), à atenção e, consequentemente, à cognição de um modo geral,melhorando as capacidades fonológicas dos usuários.

Nos aproximamos da posição teórica rotulada por distintos autores como "construtivismo" (Bednar et al., 1993), Coll et al. (1990; 1993), Ferreiro (1986), enquanto definem a aprendizagem como um processo ativo no qual o significado se desenvolve sobre a base da experiência - que aqui se apresenta como a consciência fonoarticulatória (Boquinhas), uma ferramenta segura e concreta para o aprendizado da leitura e escrita. Em Boquinhas é adotada a abordagem multissensorial,em que vários inputsneuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de estimulação das percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações espaço-temporais e outras. Assim, a criança é levada a ler e escrever, em diversos ambientes, e em diversas situações, em sala de aula, no parque ou no refeitório, utilizando todos os recursos de que dispõe. A leitura é a finalização e consequência dos conceitos internalizados, promovendo a aquisição da rota fonológica de maneira simples e rápida, favorecendo em seguida, com os exercícios propostos, o advindo da rota lexical de leitura, como continuidade natural do processo.

O trabalho direto com os fonemas e a análise fonológica orienta as crianças quanto ao sistema de sons da fala, favorecendo a ruptura do código oral e facilitando a tomada de consciência (metacognição) por parte da criança dos elementos constitutivos da linguagem escrita e de seu funcionamento, podendo compreender o SEA mais facilmente (Domínguez 1994; Jardini e Vergara, 1997; Jardini e Souza, 2002).A consciência fonológica independe do significado das palavras, como ressaltam Stanovich et al. (2002). Já, as habilidades sintática, semântica e pragmática, ou seja, a consciência linguística ou metalinguagem, bem como as habilidades metacognitivas estão relacionadas ao período das operações concretas descritas por Piaget, desenvolvidas ao longo da aprendizagem escolar, a partir de programas de atividades específicas (Yavas e Haase, 1988). Sintetizando, a consciência fonológica, seria a percepção e consciência acústica das letras “dentro” da palavra e é um dos passos fundamentais para a alfabetização. Boquinhas favorece a CFA (consciência fonoarticulatória) e com esse conhecimento atinge-se seguramente, e de maneira rápida e eficaz, a conversão fonema/grafema, viabilizando a compreensão e utilização do SEA (sistema de escrita alfabética) da Língua Portuguesa. Parafraseando Soares (2003), acredita-se ser essa uma boa sugestão de “reinvençao da alfabetizaçao” que sendo o passo inicial, a compreensão do processo, permite uma adequada continuidade, construindo gradativamente o letramento. Correlacionamos as ações do método com as habilidades do sistema auditivo. É através do processamento auditivo que em conjunto com o sistema nervoso, irá utilizar as informações que chega através da audição.Desde o nascimento a criança já possui a habilidade de localizar, focar, ignorar e memorizar os sons. Desta forma,o trabalho proporciona o conjunto de habilidades necessárias para o aprendizado da leitura e escrita.

A paciente em questão já foi acompanhada por vários profissionais especialistas na área. Em novembro de 2014, deu-se início ao tratamento com sessões semanais, com apoio da família e solicitando parceria da escola. Paciente apresenta um quadro de quadriplegia espástica, com melhor desempenho do braço direito,linguagem receptiva preservada e expressiva limitada. Não fala e tem dificuldades no desempenho escolar. Para comunicação, realiza gestos não convencionais. Iniciou-se o programa terapêutico utilizando o jogo Remata, com objetivo de trabalhar-se as habilidades de consciência fonológica, relação fonema/grafema e processo de leitura. As atividades foram pareamento de vogais, de palavras monossílabas associada a figura correspondente, identificação de palavras funcionais e cotidianas como o nome da paciente e dos familiares. Devido a limitação de precisão de movimento com os membros superiores, muitas atividades já estão com as palavras escritas e a paciente tem que realizar a ligação entre a imagem e o seu nome. Desta forma a atividade é auditiva e visual. Para aprimorarmos, buscamos realizar atividades somente auditivas com base na leitura de palavras em imagens.

A paciente apresenta necessidade de pistas para cumpri-las, porém não desiste de fazê-las. Priorizando palavras de alta frequência e funcionais, brincamos de nomeação de partes da casa, eletrodoméstico, locais de lazer, pessoas da família e personagens. Nessas atividades, as consoantes estão escritas e a paciente precisa mostrar ou fixar a vogal corresponde, fazendo associação som/letra. Após o reconhecimento, a última etapa é o registro gráfico. Pensarmos nas atividades neste contexto, provoca a motivação da paciente. Inseriu-se o aplicativo de “Memória Silaba Inicial” de Boquinhas, porém a paciente apresenta limitação do movimento dos membros superiores. Desta forma, optou-se pelo uso do mesmo jogo na forma física. Atualmente percebe-se melhor desempenho na leitura e escrita. Na Intervenção enfatiza-se a habilidade de leitura com uma apostila do Método das Boquinhas ampliada. Ressalto que a fonoaudióloga e a psicopedagoga, escolheram quais atividades são pertinentes para cada etapa da evolução da escrita. Neste contexto iniciamos com a consoante M, pois é a letra inicial do seu nome. A estratégia é a mesma da anterior, porem com categorias mais específicas como nome de

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colegas, frutas, desenhos entre outros. Na sequência, seguimos com as consoantes lineares, ou seja, que apresentam apenas 1 registro gráfico (L,P,V,T). Os resultados estão sendo satisfatórios, pois estamos com mais engajamento da família. Próximo passo serão as sílabas complexas. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALBANO, E. C. O gesto e suas bordas: esboço de fonologia articulatória do portuguêsbrasileiro. Campinas: Mercado das Letras, 2001.

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10. O SUCESSO DA ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

ELGERSMA, Jeanine C. [email protected]

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Arapoti, Paraná

INTRODUÇÃO A inclusão de crianças na rede comum de ensino, com alguma deficiência ou não, é sempre um grande desafio e a maior preocupação normalmente é a alfabetização. Descreveremos aqui o trabalho realizado numa Escola de Educação Básica na modalidade Educação Especial no município de Arapoti/PR, entre o mês de setembro de 2011 e o mês de outubro de 2013. O aluno já havia sido matriculado numa escola na modalidade educação especial no programa de educação infantil, foi inserido na rede comum, voltou ao ensino especial e após ser alfabetizado pelo Método das Boquinhas, foi reinserido no ensino comum, onde está até hoje. OBJETIVO

Mostrar o resultado de uma alfabetização bem sucedida numa escola de educação básica, modalidade educação especial, utilizando-se uma metodologia multissensorial, o Método das Boquinhas.

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DESCRIÇÃO DO CASO O presente estudo tem o objetivo de relatar a vida acadêmica de um menino, hoje um adolescente

de 15 anos. Iniciou sua vida escolar na Escola de Educação Básica – Modalidade Educação Especial (APAE – Arapoti), aos 02 anos de idade por apresentar atraso no desenvolvimento psicomotor. Aos três anos de idade, ainda não construía frases, comunicava-se através de palavras isoladas e quando desejava alguma coisa, apontava para o objeto. O relatório pedagógico daquela época ainda refere que o infante preferia brincar sozinho, não gostando de dividir seus brinquedos; sua atenção e concentração durante as atividades eram reduzidas e em seu comportamento demonstrava ansiedade.

Aos 06 anos de idade, foi submetido a uma avaliação psicológica, sendo que esta avaliação teve como resultado uma deficiência intelectual limítrofe. Foi estimulado globalmente dando-se ênfase quanto aos conteúdos pré-escolares e aos 07 anos foi encaminhado ao ensino comum, por apresentar os pré-requisitos necessários para a alfabetização e não apresentar uma deficiência intelectual que justificava sua permanência na educação especial. Lá permaneceu durante cerca de quatro anos, porém, não obteve a evolução esperada, não sendo alfabetizado, mesmo recebendo apoio na classe especial.

Aos 11 anos de idade foi submetido novamente a uma avaliação psicológica. O parecer deste profissional descreve que a avaliaçao “evidenciou um funcionamento intelectual significativamente abaixo do esperado para sua idade cronológica, sendo considerado com Deficiência Intelectual”. O relatório ainda descreve “pouca evoluçao no processo da aprendizagem, falta de limites, imaturidade e fracasso no ensino comum”. Nesta idade frequentava a classe especial e segundo relatório pedagógico, o pré-adolescente reconhecia somente as vogais; apresentava dificuldades na organização temporal, contava somente até 20 e resolvia operações simples com material concreto e auxílio do professor.

Após a avaliação psicológica e avaliação pedagógica realizada pela equipe da escola em que estudava, juntamente com profissionais da secretaria municipal de educação, decidiu-se matriculá-lo novamente no ensino especial, ou seja, na APAE (no final de 2011). Também foi submetido a uma avaliaçao com médico neurologista que em seu diagnóstico descreveu “epilepsia controlada” e TDAH, sendo que na época receitou medicamento para ambos os diagnósticos.

Logo que reiniciou na escola de educação básica – modalidade educação especial, foi submetido ao PLIN - Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística, desenvolvido por Jardini e Ruiz. Este tem como objetivos, entre outros, “conhecer as habilidades neurolinguisticas envolvidas no processo de aquisição da leitura e escrita, de uma forma lúdica e fornecer dados quantitativos e qualitativos sobre o desempenho do avaliado”. Embora o PLIN nao nos forneça um diagnóstico, ele nos dá uma visao geral das habilidades e dificuldades que o avaliado apresenta; ele nos permite verificar se o indivíduo apresenta tendências para alguma patologia, como deficiência intelectual, dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.

Os itens avaliados foram habilidades de consciência fonológica, visuoespacial, leitura e escrita, memória imediata e cognitiva. Na primeira avaliação realizada em setembro de 2011, quando o protocolo ainda estava em fase de estudo, C.D.M. apresentou uma classificação do percentil abaixo para a categoria de assintomáticos, com falhas de maior e menor dificuldade em todas as habilidades avaliadas. Logo que o trabalho na educação especial foi reiniciado, optou-se em fazer uso do Método das Boquinhas, desenvolvido por Renata Jardini (1997), com o livro Alfabetização com as Boquinhas, uma vez que o maior desafio seria a alfabetização deste menino. Esta metodologia foi escolhida por ser multissensorial, por fazer uso de vários inputs neurológicos (auditivos, visuais e sinestésicos) e por ter sido desenvolvido com o objetivo de alfabetizar e reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. Acreditamos que teríamos resultados, pois as atividades seriam realizadas de uma forma diferenciada e concreta. O trabalho foi realizado diariamente em sala de aula, sendo a professora orientada semanalmente pela fonoaudióloga da instituição.

Após dois anos de trabalho na educação especial, com resultado satisfatório na alfabetização, o adolescente estava praticamente alfabetizado. Foi então novamente avaliado pela psicóloga da APAE. Esta concluiu que C.D.M.V. apresentava uma capacidade cognitiva abaixo da média, porém, “capaz de desenvolver um repertório acadêmico com apoio pedagógico especializado”; sendo assim, foi encaminhado novamente ao Sistema Comum de Ensino, com a sugestão de receber atendimento da Sala de Recurso Multifuncional e Sala de Apoio. Está lá há dois anos, atualmente freqüenta o 4º ano. Segundo relatório de rendimento escolar elaborado pela coordenaçao pedagógica da escola, C.D.M.V. “consegue manter a atenção e concentração para a resolução das atividades propostas, realiza situações problemas e cálculos mentais sem precisar de auxílio, escreve frases e pequenos textos com coerência, lê fluentemente, compreende histórias lidas e ouvidas e realiza interpretações”.

Em julho de 2016, foi novamente aplicado o PLIN - Protocolo Lince de Investigação Neurolinguistica – edição de 2015. Embora seja um teste indicado para crianças de 05 até 12 anos, optou-se em novamente aplicá-lo, para que pudéssemos fazer um comparativo dos resultados anteriores à alfabetização e os resultados atuais. O resultado obtido foi significativamente melhor se comparado ao

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teste aplicado em 2011. Nesta última avaliação, ao contrário da primeira, apresentou uma classificação do percentil alto para a categoria de assintomáticos, com falhas somente na habilidade de memória imediata.

CONCLUSÃO

Conclui-se com este relato que, quando se realiza uma avaliação bem elaborada e principalmente uma intervenção com um método adequado, consegue-se traçar objetivos claros, obtendo-se resultados com sucesso, inclusive na educação especial.

Neste caso específico, o Método das Boquinhas foi primordial, pois comprovou o que sua autora cita em uma de suas apresentações, “Boquinhas foi idealizada para um trabalho na inclusao”, obtendo-se excelentes resultados com rapidez e segurança.

BIBLIOGRAFIA

JARDINI, Renata Savastano R.Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas. 2. ed. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria Ltda.-ME, 2010.

JARDINI, Renata Savastano R.; GUIMARÃES, Viviani Amanajás. Novo alfabetização com asBoquinhas:livro do educador.1.ed. Bauru,SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria Ltda.-ME, 2015. JARDINI, Renata Savastano R.; RUIZ, Lydia Savastano Ribeiro. Plin – Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística. 1.ed. 2.reimpressão. Bauru,SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria Ltda.-ME, 2015.

11. AUTISMO: CARACTERÍSTICAS x BOQUINHAS

GUIMARÃES, Viviani [email protected]

Brasília, DF O presente trabalho é um Relato de Experiência que mostrará as características do Autismo e por que Boquinhas é um bom método para a alfabetização de crianças com autismo. INTRODUÇÃO

Acredita-se que a inteligência está associada à capacidade de aprender relações e os métodos de avaliar as habilidades cognitivas são variados (Seabra, 2014). Então surge a pergunta: todos aprendem da mesma forma? Crianças neurotípicas e crianças com alguma síndrome ou transtorno aprendem da mesma forma? É claro que não. Então, se elas aprendem de forma diferente, Boquinhas tem que ser ensinado de forma diferente, precisamos adaptar a forma de ensinar Boquinhas?

Boquinhas é uma metodologia fonovisuoarticulatória, portanto, ela usa o som, a visão e a articulação da boca para que as crianças façam a associação do fonema x grafema x articulema. Como então trabalhar Boquinhas com as crianças com Transtorno do Espectro Autista – TEA? RELATO DE EXPERIÊNCIA

A cada ano, o número de crianças nascidas com o Transtorno do Espectro do Autismo é maior. O Autismo, como é mais comumente conhecido, é um transtorno do desenvolvimento que afeta, segundo o DSM - 5, principalmente, as áreas do comportamento, da comunicação e da interação social.Apesar do número crescente de autistas, verifica-se que a maioria das pessoas pouco sabem sobre esse transtorno que afeta 1 a cada 51 crianças nascidas. E esse desconhecimento acarreta muitos prejuízos tanto aos autistas quantos a seus familiares.

Por ser multissensorial, Boquinhas é indicada para o trabalho com autistas pois esse método faz com que várias áreas do cérebro sejam ativadas, o que facilita e propicia maior aprendizagem de crianças e adultos que têm esse transtorno.

Esta apresentação tem a pretensão de informar e sensibilizar pais, profissionais e professores sobre o TEA para que se proporcione uma vida com mais autonomia e respeito a todos os autistas.

Também será apresentado o Livro Especial Mente Azul que mostra as principais características dos autistas. RESULTADO

O autista tem um cérebro diferenciado: ele tem um cérebro superestimulado e que apresenta distintas formas de aprendizagem e diferentes sintomas comportamentais.

De acordo com o DSM – 5, o autismo pode ser classificado entre leve, moderado e grave em que se leva em consideração os sintomas, a capacidade intelectual e o quanto esse indivíduo precisará de

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auxílio para realizar diversas atividades. Vale ainda lembrar que o autismo ocorre mais em meninos que em meninas.

Os autistas têm dificuldades em fazer associações, em teoria da mente e na aprendizagem implícita. Mas quando se usa Boquinhas, o aprendizado é concreto e ao trabalhar a visão, mostrando o movimento da boca, o autista se interessa, pois a aprendizagem é mais explícita.

E como é um método de fácil aplicação, as boquinhas podem ser usadas por terapeutas, professores e pais. E quanto mais vezes a criança vê, mais a sua memória é usada e essa é uma área em que a maioria dos autistas tem grande evolução.

Cada boquinha tem um movimento distinto e essa a diferença também foi levada em consideração ao se escolher a sequência das consoantes que seria ensinada. E finalmente, como Boquinhas trabalha a articulação correta de cada fonema, a fala do autista também é estimulada.

CONCLUSÃO

Quando se trata educação inclusiva, da aprendizagem de crianças com TEA, a palavra-chave é DEPENDE. Por exemplo: sabe-se que, em sua maioria, os autistas são mais visuais que auditivos, mas pode ser que não. Então tenho que usar sempre mais a visão que a audição? Depende.

Sabe-se que a maioria gosta de rotina. Então não devemos mudar? Depende. Alguns não querem fazer sempre a mesma coisa.

Os autistas podem apresentar deficiência intelectual, então devemos sempre partir do mais fácil? Depende. Muitos deles, apesar da deficiência, têm áreas de alto funcionamento em que podem ser mais exigidos.

Como Boquinhas é multissensorial, ela é a ideal para o ensino com pessoas com autismo, pois ela pode aproveitar o que essa criança tem de mais facilidade e a sua aprendizagem será mais efetiva.

BIBLIOGRAFIA

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SEABRA, Alessandra Gotuzo et all. INTELIGÊNCIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS: AVANÇOS E DESAFIOS PARA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA. Memnon Edições Científicas, 2014, 1ª Edição, São Paulo.

12. EVOLUÇÃO NA APRENDIZAGEM E NA AUTOESTIMA DE ADULTOS COM TREINO DA CONCIÊNCIA FONOARTICULATÓRIA: RESULTADOS PRELIMINARES

SAAD, Andressa Gouveia

[email protected] JARDINI, Renata Savastano Ribeiro

[email protected] Pesquisa realizada no Colégio Friburgo -São Paulo

INTRODUÇÃO

Apesar da educação ser um direito humano consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), em todo o mundo, 781 milhões de adultos veem negado o seu direito à alfabetização. O Brasil atualmente ocupa o 8º lugar no ranking de analfabetos e quando nos referimos à Educação de jovens e adultos -EJA, nos deparamos com uma situação ainda mais estarrecedora: de acordo com dados da UNESCO- 2015, de 2000 a 2015, o analfabetismo de adultos caiu de 18 % a 14 %, revelando que muito pouco ou quase nada tem sido feito para mudar esta realidade mundial nos últimos anos. É sabido que o sucesso no processo de alfabetização depende da prontidão do aluno em termos de habilidades fonológicas.

Por serem os fonemas de caráter abstrato e frágil, o Método das Boquinhas propõe a estimulação dos processos de consciência fonológica (CF), pela via articulatória da fala, como ferramenta para a conversão fonografemica. O referido método utiliza a fala, e seus sons (fonemas), como ponto de partida para a aquisição das letras (grafemas), como é feito no processo fônico, trabalhando diretamente nas habilidades de análise fonológicas e consciência fonológica (Capovilla e Capovilla, 2002; Santos e Navas, 2002), acrescentando à ela, a consciência fonoarticulatória, ou seja, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciadas isoladamente (articulemas, ou “boquinhas”), baseados nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, (Browman e Goldstein, 1986; Albano, 2001).

Para ler é necessário aprender a decodificar; ou seja, estabelecer a correspondências entre os sons da língua e os grafemas que os representam. Os enunciados são escutados pelos alunos como um todo, e para que eles percebam a relação existente entre grafema e fonema, num código alfabético, o

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desenvolvimento das habilidades em consciência fonológica são um fator determinante (Cielo 20). O Método das Boquinhas acrescenta à este aprendizado, o apoio articulatório, que favorece a decodificação e a consciência fonológica, tornando a aquisição da leitura e escrita mais concreta, segura e consistente.(Jardini, 2005)

Destaca-se, ainda, que o Método das Boquinhas é multissensorial, não sendo apenas uma metodologia cinestésica, ou seja, relacionada ao movimento da boca, mas possui ainda a conotação de metodologia sinestésica, ou seja, estimula o sentir pela percepção de sua boca como a ferramenta da decodificação/codificação das letras em sons, trazendo, como diferencial, benefícios na voz, articulação das palavras, musculatura orofacial e, principalmente, ganhos na autoestima enquanto potencial de aprendizagem e empoderamento, fatores primordiais para o sucesso na alfabetização de jovens e adultos. Neste sentido creditamos que tal método possa beneficiar estes estudantes, que em sua maioria apresentaram dificuldades em se alfabetizar dos outras vias.

OBJETIVO GERAL:

Investigar o efeito do treinamento da consciência fonoarticulatórias na aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura em adultos alunos da EJA em fase inicial de alfabetização.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Observar mudanças no nível de aquisição de CF nos adultos do grupo experimental (GE- estimulados pelo método Fonovisuoarticulatório-Boquinhas) e do grupo controle (GC- estimulados com a leitura), com a utilização dos protocolos CONFIAS e CONFIART;

Observar mudanças no nível de alfabetização (aquisição de leitura e escrita) através da sondagem do nível de escrita, comparando GE e GC, antes e após as intervenções;

Ressaltar a importância da alfabetização como meio de inserção e inclusão social.

METODOLOGIA: Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética da UFF Universidade Federal Fluminence.

Todos os responsáveis pelos sujeitos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido como preconizam os Documentos Internacionais, as Boas Práticas em Pesquisa Clínica e a Resolução CNS 466/12 e complementares da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) assentindo o seu consentimento na pesquisa e posterior divulgação dos resultados. Os responsáveis pelas instituições coparticipantes assinaram uma Declaração de Anuência também em conformidade com a Resolução 466/12.

A proposta deste estudo é de um ensaio clínico com 10 adultos de sala de EJA, realizado em uma escola em São Paulo: Colégio Friburgo. Os sujeitos serão divididos em dois grupos (Experimental e Controle) que passarão inicialmente por avaliação clínica fonoaudiológica, com a utilização dos protocolos CONFIAS e CONFIART e por sondagem do nível de escrita. Os grupos receberão 16 sessões de intervenção, onde GE receberá treinamento de atividades fonovisuoarticulatórias (Boquinhas), enquanto GC permanecerá com a professora regente em atividades extras ou de leitura de textos. Ao final ambos os grupos serão reavaliados e os dados analisados e comparados. CONCLUSÃO:

Esta pesquisa ressalta a importância da alfabetização e do letramento para alunos da EJA como meio não só de apropriação da leitura e da escrita, mas como instrumento que possibilita amenizar os preconceitos e frustrações, e que insira estes alunos na sociedade. Sendo assim, o objetivo da EJA passa pela promoção da inclusão social dos jovens e sua inserção no mercado de trabalho, proporcionando construção da cidadania, resgate de identidade e acesso à qualificação (Q-ed, 2015; Cardoso-Martins at al. 2005).

Acredita-se que os resultados desse trabalho possibilitarão uma compreensão da inter-relação entre o desenvolvimento da CFA e CF, refletindo diretamente nas habilidades de leitura dos sujeitos estimulados com o método das boquinhas, podendo direcionar a estimulação oferecida em salas de aula. Atualmente este projeto encontra-se em fase de intervenção. Entretanto,os resultados preliminares já alcançados revelam melhoras na motivação, empoderamento e interesse em aprender, bem como a redução de número de faltas nos sujeitos do GE.

BIBLIOGRAFIA

ALBANO, E.C. O gesto e suas bordas: esboço de fonologia articulatória do português brasileiro. Campinas: Mercado das Letras, 2001.

BROWMAN, C.; GOLDSTEIN, L. Towards an articulatory phonology.Phonol. Yearbook, v.3, p. 219-252, 1986.

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CAPOVILLA, A.G.S.; CAPOVILLA, F.C.C. Alfabetização: método fônico. São Paulo: Memnon, 2002.

Q-EDU. Site de buscas na educação brasileira, 2014. Disponível em: http://www.qedu.org.br/ acesso em: 12/1/2015

CARDOSO-MARTINS C, CAPOVILLA F, GOMBERT JE, OLIVEIRA JBA,MORAIS JCJ, ADAMS MJ, BEARD R; CAPOVILLA (ORGS). Os novos caminhos da alfabetização infantil. São paulo: menon, 2005.

JARDINI RSR, VERGARAFA. Alfabetização de crianças com distúrbios de aprendizagem, por métodos multissensoriais, com ênfase fono-vísuo-articulatória: Relato de uma Experiência. Pró-Fono Rev. Atual. Cient., Carapicuíba: 9(1):31-34, 1997.

JARDINI RSR, SOUZA PT. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

SANTOS MTM, NAVAS ALGP. (Orgs.) Distúrbios de leitura e escrita. Barueri: Manole, 2002.

13. SUPERANDO AS DIFICULDADES E ALFABETIZANDO COM BOQUINHAS

Maria do Carmo Gonçalves Schoenmaker1

[email protected] INTRODUÇÃO

A criança ao ingressar na escola, na educação infantil incrementará suas habilidades e seu desenvolvimento a partir das propostas e estimulações a que será exposta. Chegando ao ensino fundamental será exigido dela que já inicie o processo de alfabetização dentro dos 3 primeiros anos: o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.O que por vezes pode acontecer sem uma sistematização e um método adequado, que leve a criança à alfabetização não mais num processo lúdico, como o era na educação infantil, e por vezes, com um alfabetizador não treinado e desconhecedor da fase da criança e de suas (im)possibilidades. Segundo Soares (2016), alfabetizar com método é: orientar a criança por meio de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, estimulem e orientem as operações cognitivas e linguísticas que progressivamente a conduzam a uma aprendizagem bem sucedida da leitura e escrita em uma ortográfica alfabética.E ainda segundo Soares a multiplicidade de métodos teve sua origem muito mais em materiais ditos para ensinar a ler e aprender (abecedários, silabários e atualmente livro didático) do que propriamente em fundamentos psicológicos e linguísticos da aprendizagem da modalidade escrita da língua. Como consequência o resultado é que se chegou a propostas antagônicas. Conhecendo o Método das Boquinhas e sua eficácia, instigou-nos poder realizar o presente trabalho e aproveitar a oportunidade para mostrar esses resultados, ainda que com um número reduzido de participantes. Participantes estes, que estão no ciclo do ensino fundamental 1, e estão sendo submetidos a intervenção psicopedagógica, ambas com queixas no processo de alfabetização. As duas crianças têm idade de 8 anos e cursam o 2º ano do ensino fundamental, sendo uma de escola particular, do sexo feminino, que será tratada como MC e a outra de escola pública, do sexo masculino, que será tratado como LF, com queixas de atraso na aquisição do sistema de escrita alfabética (SEA). A intervenção iniciou em março/2016 e está em andamento, com objetivo de conduzi-las ao nível silábico de alfabetização até sua conclusão, final do mês de agosto. Relatar o desenvolvimento das duas crianças, em fase de alfabetização, cuja queixa escolar é de que o desempenho de uma delas (da escola privada) está abaixo do esperado para a idade/série e a segunda criança (da escola pública) ainda não está alfabetizada. No decorrer do trabalho houve alguns percalços, ou seja, algumas faltas que impactaram no resultado final, uma vez que se esperava uma frequência continua para que se obtivessem os melhores resultados possíveis ao concluir o presente trabalho.Para consecução dos objetivos organizamos o trabalho de forma a ter claros nosso tema, estabelecer os objetivos básicos, utilizar uma método de alfabetização reconhecidamente eficaz e propor atendimentos semanais, para viabilizar às famílias o acesso aos atendimentos com um mínimo de interferência na sua dinâmica e compromissos. Sendo assim firmou-se o compromisso dos atendimentos semanais, em que as crianças, já previamente avaliadas, seriam acompanhadas com a utilização de um dos livros do Método das Boquinhas, mais especificamente A Construção da Alfabetização com Boquinhas. Método que foi idealizado e desenvolvido por Renata Jardini e definido como: um Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas, utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som)

1 Psicopedagoga, Multiplicadora do Método das Boquinhas, Tutora Certificada Cogmed (Memoria Operacional), Mediadora do PEI

(Programa de Enriquecimento Instrumental), Equoterapeuta ANDE Brasil

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e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta, sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e mediar/reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. (JARDINI, 2010) OBJETIVOS

Aplicar, em consultório de psicopedagogia, os materiais do Método das Boquinhas, (livros e jogos) para que os dois sujeitos da pesquisa progridam de uma fase a outra na leitura.

Comprovar a eficácia do Método das Boquinhas, quando aplicado à crianças com nível de dificuldade superior aos demais da turma.

Aplicar o Método das Boquinhas como instrumento alfabetizador.. MATERIAL E METODOLOGIA

Ao iniciar o trabalho percebeu-se a necessidade de definir as condições dos dois participantes, no quesito alfabetização. Foi aplicado o Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística (PLIN) para sondagem de falhas nas habilidades para alfabetização, levantando indícios de patologias dos dois participantes e, após esse levantamento, contatou-se que ambos têm uma questão emocional interferindo no seu desempenho, mas um dos participantes também tem uma questão de ¨ensinagem¨, desta forma foi iniciado o trabalho específico de alfabetização utilizando o material de boquinhas (livros e imagens das boquinhas). O principal objetivo deste trabalho é conseguir que essas crianças avancem ao menos uma etapa na fase de alfabetização que se encontram no presente momento, que está pré-silábica. O método de alfabetização conhecido como Método das Boquinhas, de autoria de Renata Jardini, como um instrumento alfabetizador, com uma fundamentação teórica consistente e que tem se mostrado como eficaz. O método se pauta numa concepção construtivista de educação e seus pressupostos teóricos provem da fonoaudiologia, área de formação da autora, que dispõe de rico material de alfabetização desde a educação infantil ate educação de jovens e adultos (EJA). Para consecução do objetivo do presente projeto optou-se por utilizar o livro A Construção da Alfabetização com Boquinhas, um dos materiais indicados para o início da alfabetização, para que, através de um trabalho sistematizado e dirigido a esse público se possa alcançar plenamente o objetivo a que se propõe. No decorrer serão levantadas as melhoras observadas por ambos, apontando se os resultados apresentados são equiparáveis ou se há discrepâncias e em caso positivo proceder ao registro. Considerando que os atendimentos são apenas uma vez por semana e os demais entraves consideramos que até agora tudo indica uma grande possibilidade de sucesso. Até o presente momento utilizamos o livro A Construção da Alfabetização com Boquinhas, jogos diversos, leitura para e com a criança, encontros com escola, e orientação a pais e familiares que acompanham a criança. Foram utilizados jogos de Boquinhas e brincadeiras com o objetivo de consolidar ainda mais a aquisição da alfabetização. DESENVOLVIMENTO

Dando continuidade à proposta acima apresentada, o relato agora esta em meados do mês de julho e já se observa a visível melhora de ambas às crianças. O trabalho ocorreu todo em atendimentos individuais, em consultório, pois embora se previsse o atendimento em duplas, isso não se provou eficaz no decorrer da aplicação do mesmo, fato que levou a tomar a decisão de atender individualmente, respeitando o ritmo e nível de cada um deles. Essa decisão se provou acertada já que ambos tiveram percalços no período em que acontecia a estimulação da alfabetização com o material de Boquinhas. O avô de MC teve um diagnostico medico que o levou a tratamento cirúrgico e quimioterápico, o que acarretou algumas faltas, além do impacto emocional também. LF passou por cirurgia de adenoide e amígdalas e, portanto, também se ausentou do acompanhamento. Além dos materiais descritos acima também se adotou a estratégia de emprestar livros para lerem em casa, juntamente com algum membro da família. Isso se provou eficiente, uma vez que os fez ficarem mais entusiasmados com o poder que a leitura exerceu sobre cada um deles. RESULTADOS

Houve um desenvolvimento notável, embora não tenha sido equiparável. Esse fato já era previsível, uma vez que a menina encontrava-se num nível mais adiantado no processo de aquisição da leitura e escrita, enquanto o menino, sequer conhecia todas as letras ao inicio do trabalho. A apresentação do material foi bem aceita por ambos, o que facilitou bastante o trabalho permitindo um envolvimento por parte de cada um deles. Apesar dos entraves encontrados e que resultaram em algumas ausências das crianças aos atendimentos, até a segunda semana de julho, pode-se notar a evolução que ambos obtiveram. Ao iniciarmos o trabalho a escola de LF se prontificou a trabalhar em parceria, mas aos poucos ficou evidente que isso não aconteceria. Nesse momento, ficou claro que o uso do método seria somente em consultório, sem participação ou colaboração da escola. LF não foi retido no primeiro ano por questões

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legais, mas não apresentava condições de ir para o segundo ano, no entanto a escola deslocou LF da sala de segundo ano para a sala com uma professora do programa Amigos da Escola, muito experiente em alfabetização com o método global. Sua autoestima estava bastante afetava pela situação em que se encontra, alocado no segundo ano, sem, no entanto ir para a sala do segundo ano! Na outra sala, a professora delega a seu filho (que a acompanha) o acompanhamento de LF. Portanto podemos concluir que ele esta sendo negligenciado pela escola. Ao visitar a escola, são apresentados cadernos tão caprichados e impecáveis, que dá para se questionar se realmente são do aluno, pois sua produção escrita, apesar de melhor ainda não está com a qualidade que tem sido apresentada na escola. Chegamos a pensar numa mudança de escola, porem não há vagas, ou melhor, não se consegue mudança de escola publica nessa fase do ano. Apesar de todos esses entraves, a confiança da mãe e da criança foi fundamental para o desenvolvimento do trabalho e assim, hoje nossa rotina é: chegada, retrospectiva oral do que fizemos na sessão anterior, leitura (escolha dele), atividade com o livro de Boquinhas, jogos ou brincadeiras e algumas vezes registro em gravação de voz de sua leitura, para refletir com ele, sendo que em um dos registros sua voz esta nasalizada por conta da cirurgia. Ele tem evoluído muito bem e hoje está no nível silábico. Sua leitura ainda é fragmentada e não fluente, porém já faz inferências fonemas/grafemas. Lê palavras com sílabas simples e frases simples com palavras conhecidas. Começa a mostrar discretamente a leitura pela rota lexical. Passemos agora ao relato de MC, cuja fase já de leitura e escrita já estava pouco adiante de LF. MC já reconhecia letras e caminhava lentamente na leitura e escrita. Foi adotada com ela, uma estrutura de atendimento um pouco diferente, uma vez que em casa se costuma ler com ela. Nesse caso trabalhamos mais o livro, mesmo porque ela é muito envolvida e cheia de vontade de aprender, vibra com suas conquistas e percebe quando não evolui. Sua atenção é bastante difusa, e por isso é necessário realizar as atividades de maneira a focar bastante atenção. MC esta lendo palavras com silabas simples e complexas e já começa a fazer perguntas a respeito das letras usadas na grafia de determinadas palavras, segundo sua sonoridade, ou seja, infere que determinado som pode ser escrito com diferentes letras, associando fonema/grafema. Seu ritmo é lento em função de sua extrema necessidade de realizar as coisas corretamente, e com isso escreve lentamente, por isso tenho trabalhado essa questão com ela de forma bem pratica, segundo a proposta da autora Renata Jardini, que são os seguintes passos durante o registro dessa escrita: 1º passo, PENSA, 2º PASSO, fala (articula), 3º PASSO escuta, 4º PASSO, escreve. Isso trouxe como resultado um ritmo mais condizente com sua serie e demanda de escrita.

DISCUSSÃO Ao início do trabalho, havia a questão da incógnita que seria seu resultado, uma vez que LF estava bastante aquém do esperado e MC num processo que, segundo a escola, não caminhava no processo de alfabetização. Em ambos os casos a sinalização de seus professores era de que LF não se alfabetizaria e MC estava muito atrás diante de seus colegas de sala. Após as intervenções foi notável o desenvolvimento que obtiveram. Há que se dar destaque também a melhora da auto estima, pois passaram a acreditar em si mesmos como atores de sua aprendizagem e não mais apenas aquela criança fadada ao insucesso escolar, como eram considerados antes da intervenção com Boquinhas. Ao longo do trabalho ambos obtiveram resultados, ainda que em diferentes proporções, mas constatou-se que a adoção de um método consistente e eficiente trouxe resultados e ainda trará mais, uma vez que o trabalho não se encerra aqui, mas continuará, pois o objetivo agora passa a ser o de levar os dois participantes ao letramento, lançando mão de outros materiais do Método das Boquinhas. Com isso se espera apresentar à escola, que apesar do ¨não aprender¨ de LF há que se levar em conta o método que foi adotado e mostrar os resultados concretos obtidos. CONCLUSÃO Finalizando o presente trabalho, no entanto, não podemos dizer que foi de fato finalizado, uma vez que dado o desenvolvimento apresentado pelos dois participantes, fica a inquietação de levar as duas crianças a alfabetização silábica alfabética, tendo em vista que caminham para o terceiro ano. Ano escolar que e demanda a leitura e escrita fluentes, já que os conteúdos assim o exigem. Assim, fica claro que obtendo os resultados citados, o desafio continua e será levado adiante para que a seu tempo, estejam alfabetizados. Podemos afirmar que o trabalho consolidado até o momento com o uso dos materiais do Método das Boquinhas foi bem sucedido e servira de reflexão tanto para seu uso clinico como em grupos de estudantes nas escolas dos alunos participantes da pesquisa.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R., GUIMARÃES, V., BAQUETE, A.A construção da alfabetização com Boquinhas –aluno- Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2014.

JARDINI, R. S. R., GUIMARÃES, V., BAQUETE, A. A construção da alfabetização com Boquinhas –professor -

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JARDINI, R.S.R. Lince das Boquinhas – jogo. Bauru: Jardini, 2008.www.metododasboquinhas.com.br

JARDINI, R.S.R. Loto de consoantes – jogo. Bauru: Jardini, 2005.www.metododasboquinhas.com.br

JARDINI, R.S.R. Memoria de letra – jogo. Bauru: Jardini, 2005.www.metododasboquinhas.com.br

JARDINI, R. S. R.. Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita - Livro 1, fundamentação teórica. 2.ed. Bauru: Boquinhas, 2010.

JARDINI, R. S. R.. Passo a Passo da Intervenção nas dificuldades e distúrbios da leitura e escrita: abordagem pelo Método das Boquinhas – 2ª ed. São Jose dos Campos: Pulso, 2009

SOARES, M.Alfabetização:a questão dos métodos. – São Paulo: Contexto, 2016.http://pacto.mec.gov.br/noticias/134-adesao-2016 Consultado em 28/07/2016.

14. MÉTODO DAS BOQUINHAS E EAD, POSSIBILITANDO CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

VIRGULINO, Jacy Carmen Ourives [email protected]

INTRODUÇÃO A educação a distancia - EAD - é uma excelente maneira de propiciar ao público uma aprendizagem diferenciada, formação continuada e qualificação profissional. A viabilização de qualquer formação depende principalmente do querer do individuo, da sua flexibilidade e organização.

Os meios para que isso aconteça, atualmente é facilitada com o recurso da internet, ferramenta primordial utilizada nos cursos EAD, proporciona o estudo em casa ou num ambiente de aprendizado que possibilite a leitura dos materiais disponibilizados. As tecnologias nos ajudam nesta construção, facilitando a pesquisa, a interação e, principalmente, a personalização do processo. Pela pesquisa, aceleramos o acesso ao melhor que acontece perto e longe de nós. Pela interação aprendemos com a experiência dos outros. Com a personalização, adaptamos o processo de aprendizagem ao ritmo possível de cada aluno, às condições reais de cada um, às motivações concretas para adquirir a aprendizagem.

As tecnologias são cada vez mais multimídias, multissensoriais, resgatando conhecimentos prévios e possibilitando a aprendizagem de forma prazerosa.Minha ideia inicial, enquanto aluna de EAD, era de um curso que proporia teorias e mais teorias e no final receberia o certificado e pronto, mais um momento de leitura. Entretanto, Boquinhas mostrou que curso a distancia é muito mais que isso, pois o embasamento teórico apresentado nos instiga, nos inquieta, propõe reflexões e as atividades sobre a prática, representa o grande facilitador durante o processo de aprendizagem, relacionando teoria e prática de forma contundente e eficaz.

Enquanto profissional, o estudo, a leitura, são recursos para estimular, ensinar esse novo aprendente/aluno/paciente que a cada dia encontro. O estudo contínuo através de instituições comprometidas com a aprendizagem nos dá esse suporte para a busca de informações fidedignas. METODOLOGIA

O curso é divido em módulos, onde contemplam resenhas de textos, vídeo aulas, chats e avaliação. A leitura das resenhas oportuniza o conhecimento de artigos científicos que muitas vezes estão distantes do cotidiano, seja por falta de oportunidade ou interesse por esse tipo de leitura.

As vídeo-aulas demonstram a teoria, uma síntese, um olhar específico com o qual já estamos trabalhando, o vídeoilustra, amplia, exemplifica, provoca inquietação e serve como abertura para um tema, como uma sacudida para a nossa inércia. Ele age como tensionador, na busca de novos posicionamentos, quebra de paradigmas.

A participação no chat, esta interação acontece de forma peculiar, pois estamos tão acostumados com “bate-papo” sobre inúmeros assuntos, que muitas vezes nao somos objetivos no assunto abordado, entretanto nesse momento o tutor lança um assunto pertinente a semana estudada e vai mediando a conversa, realmente um bate-papo sobre o tema abordado, não há certo e/ou errado, há ideias, interpretações diferentes onde estas enriquecem a vivência de cada um dos participantes.

A cada semana também acontece o envio de atividades, momento impar da autoavaliação, pois o tutor media, mostra, interage com o aluno individualmente, e com isso há a oportunidade de ressignificar seus saberes.Independente da graduação do aluno, este é um momento impar de aprendizagem, pois em alguns casos, profissionais que se formaram há muito tempo, não estudaram sobre determinados temas, ou, não conseguiram aliar teoria e prática, e essa junção o curso EAD no Desenvolvimento Infantil mostra a cada módulo,vale ressaltar que o conhecimento adquirido desde o inicio da nossa formação é

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importante, tem a sua função, mas não dá considerar apenas aquele aprendizado, pois a cada momento aparecem informações novas que antes eram inimagináveis. Então nada mais adequado que mesclar as novas aprendizagens com as antigas e com sagacidade escolher qual vai auxiliar naquele momento, naquela situação, pois o que funcionou ontem, hoje, talvez não seja tão eficaz.Como já dizia um trecho da música de Raul Seixas “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opiniao formada sobre tudo...”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente como tutora do curso EAD Boquinhas no Desenvolvimento Infantil há cada turma que faço as mediações, a aprendizagem é ampliada, pois a troca de experiências é importante para quem se preocupa com a base da educação brasileira.

Durante o curso, (duração média de 04 meses) reflete-se sobre os pré-requisitos para a aquisição da alfabetização, uma criança da Educação Infantil, com cerca de 3-5 anos de idade deve ter conhecimento de conceitos e dos pré-requisitos que compõem o SFL (Sistema Funcional da Linguagem), ou seja: esquema corporal, cores, formas geométricas, noções espaciais, noções temporais, sequência lógica temporal, contagem, análise e síntese visual e auditiva, consciência fonológica/fonêmica, ritmo, memória visual, auditiva e cinestésica, coordenação visuomotora e motora fina, lateralidade, figura/fundo, vale ressaltar que essas noções vão se aprofundando com a maturação cerebral e devem ser treinadas.

As habilidades acima mencionadas, no curso EAD- Boquinhas, são demonstrados, inclusive é a proposta do livro de Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Tais conceitos, “antigamente chamados de “prontidao” eram treinados nas pré-escolas, havendo inúmeras cartilhas para essa exercitação. Porém, na maioria das vezes, este treino era puramente mecânico e restrito aos “trabalhinhos”, em que a criança decorava os conceitos, sua nomenclatura, nao os internalizando” (JARDINI, 2009). Partilhamos com a convicçao de Jardini “que todos os conceitos do SFL devam ser treinados, em menor ou maior grau, com quaisquer crianças, e fundamentalmente, com aquelas que possuam algum tipo de dificuldade de aprendizagem.Mas defendemos este treino consciente, contextualizado, vinculado à necessidade de aprendizagem atual em que o ser vivencia”.

As habilidades necessárias dessa fase que devem ser estimuladas e/ou ensinadas, as perspectivas para minimizar dificuldades apresentadas pelas crianças e quais as possibilidades de intervenção, num momento tão especial em que as “janelas de oportunidade” estão a espera de estímulos. Pensando nessas questões, propôs-se a realizar esta comunicação oral sobre o EAD no Desenvolvimento Infantil, uma metodologia idealizada por Renata Jardini, autora do Método das Boquinhas, para trabalhar os pré-requisitos tão necessários e por vezes esquecidos durante a educação infantil nas escolas brasileiras,mostrando aos educadores e profissionais afins, um pouco mais sobre o desenvolvimento peculiar dessa faixa etária. O objetivo desta apresentação é mostrar aos participantes de maneira objetiva, quais as ferramentas necessárias para preparar essas crianças, respeitando seu conhecimento prévio, aliado com o método eficaz e para o desenvolvimento pleno da aprendizagem.Só as tecnologias não dão conta desta nova pedagogia, desta nova postura necessária para uma educação inovadora. Mas, pressupondo estas bases, as tecnologias facilitam e muito esta inovação. 15. USO SOCIAL DE COMANDOS BÁSICOS EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NÃO VERBAL

CAMPOS, Claudiane M. [email protected] Centro Integrado psicoterapêutico – CIP

A intervenção com pacientes que apresentam Transtorno do Espectro Autista e não verbais, vem

sendo a maior demanda no Centro Integrado Psicoterapêutico – CIP, Cuiabá-MT. Os pacientes são atendidos de forma multidisciplinar e interdisciplinar com os profissionais da Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicologia. Apresenta-se a intervenção realizada com uma paciente de 08 anos, sexo feminino, com diagnóstico primário de Síndrome de West e secundário para Transtorno do Espectro Autista. A Síndrome de West é um tipo raro de epilepsia, chamada de "epilepsia mioclônica". As convulsões que a doença apresenta são chamadas de mioclonias e podem ser de flexão ou de extensão, e afetam geralmente crianças com menos de um ano de idade. São como se, de repente, a criança se assustasse e quisesse agarrar uma bola sobre o seu corpo. Os espasmos são diferentes para cada criança. Podem ser tão leves no início que não são notados ou pode-se pensar que originam-se de cólicas. Cada espasmo começa repentinamente e dura menos de alguns segundos. Tipicamente, os braços se distendem e a cabeça pode pender para frente e os olhos fixam-se em um ponto acima (Tic de SAALAM). No início, a criança pode experimentar somente um ou dois espasmos por vez, mas, no

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decorrer de um período de dias ou semanas, estes evoluem para dúzias de espasmos que ocorrem em intervalos de poucos segundos. As convulsões são de difícil controle, e a criança pode chegar a ter mais de 100 convulsões por dia.Cada espasmo é uma crise epiléptica (ataque epiléptico) composta de uma série de movimentos descontrolados, causados por um excesso de atividade elétrica no cérebro. Estes ataques foram primeiramente descritos pelo Dr. West (1841) em relação ao seu próprio filho.

A Síndrome de West é multifatorial e certos casos podem ter suscetibilidade poligênica oupode ser completamente ambiental. Algumas crianças podem chorar e/ou gritar antes ou após as convulsões e mostram-se geralmente muito irritadas. O período mais crítico para as convulsões são a hora de dormir ou de acordar, onde a Síndrome apresenta toda a sua face mais cruel. Nestes momentos ocorre a perda das aquisições cognitivas. Criança com Síndrome de West apresentam como comorbidade ou quadro secundário, características do quadro de Transtorno do Espectro Autístico. O autismo, uma grave e complexa alteração do desenvolvimento, pode ser diferenciado de outros transtornos por meio de critérios diagnósticos descritos no DSM-IV (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) e CID-10 (classificação internacional das doenças).

Os quadros que compõem o espectro autístico caracterizam-se pela tríade de impedimentos graves e crônicos nas áreas de interação social, comunicação verbal e não verbal e interesses afetando o comportamento, a comunicação/linguagem e a sociabilização. Existe uma grande variabilidade de sinais e sintomas em pessoas com autismo. Entretanto, há uma marcada alteração em domínios como habilidade social, comunicação/linguagem e comportamento antes do terceiro ano de nascimento. Uma das mais intrigantes manifestações deste prejuízo é que desde pequenos parecem não se interessar pelo contato social com o outro (Hill e Frith, 2003). Segundo o recorte da Tabela abaixo, o item B em destaque nos coloca na posição de intervir quanto ao aspecto da comunicação que está diretamente ligado a interação social.

Tabela - Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (299.00).

B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: (1) interação social, (2) linguagem para fins de comunicação social, ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos.

Fonte: DSM IV (FIRST, FRANCES e PINCUS, 2000).

O trabalho com uso do método das boquinhas esta pautado nos estudos com os “neurônios espelhos”. Consideramos que a etiologia de base primária nao refere há alteraçao em neurônios espelho, agregamos esta habilidade no objetivo do trabalho com uso do Método das Boquinhas. Os neurônios espelho foram descobertos por Rizzolatti e colaboradores na área pré-motora de macacos Rhesus na década de 90 (Gallese, Fadiga, Fogassi, & Rizzolatti, 1996; Rizzolatti, Fadiga, Gallese, & Fogassi, 1996). Estes pesquisadores demonstraram que alguns neurônios da área F5, localizada no lobo frontal, que eram ativados quando o animal realizava um movimento com uma finalidade especifica também eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo realizando a mesma tarefa. A importância desta descoberta para a compreensão direta da ação e/ou da intenção do outro ser humano foi imediatamente percebida (Gallese et al., 1996; Rizzolatti et al., 1996; Rizzolatti & Craighero, 2004). Ou seja, os neurônios espelho, quando ativados pela observaçao de uma açao, permitem que o significado da mesma seja compreendida automaticamente (de modo pré-atencional) que pode ou não ser seguida por etapas conscientes que permitem uma compreensão mais abrangente dos eventos através de mecanismos cognitivos mais sofisticados. Além de um estimulo visual explicito (observaçao de uma açao), estes neurônios podem também ser ativados por eventos que possuem apenas relação indireta com uma determinada ação, como: a partir de um som habitualmente associado a uma ação.

Da mesma forma, não é só a ação manual que é capaz de ativar os neurônios espelho. Por exemplo, existem neurônios-espelho que são ativados quando o macaco executa e/ou observa ações relacionadas com a boca, tais como lamber, morder ou mastigar alimentos, movimentos isolados e contínuos. Além disso, na mesma região onde são encontrados estes neurônios existe uma pequena percentagem de células que dispara quando macaco observa o experimentador fazer ações faciais comunicativas na sua frente (Ferrari, Gallese, Rizzolatti, & Fogassi, 2003). Em um outro estudo foram comparadas as regiões cerebrais ativadas pela observação de ações comunicativas da região orofacial de cães (latir), macacos (movimentos labiais) e humanos (fala em silêncio). Os resultados, em seres humanos, mostraram que a observação da fala em silêncio ativa a área de Broca no hemisfério esquerdo e a observação dos movimentos labiais de macacos ativa uma parte menor da mesma região cerebral em ambos os hemisférios, mas que a observação do latir do cão só ativa áreas visuais extra-estriadas (Buccino, Binkofski, & Riggio, 2004). Ou seja, quando a ação observada (o latir) não faz parte do repertório

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de ações do ser humano, os neurônios espelho não são ativados (Buccino et al., 2004, Gallese, 2005).

Acreditamos que no ser humano estas áreas são ativadas uma vez que os fonemas, sílabas e palavras estão presentes na nossa comunicação. Os neurônios espelho foram associados a várias modalidades do comportamento humano: imitação, teoria da mente, aprendizado de novas habilidades e leitura da intenção em outros humanos (Gallese, 2005; Rizzolatti, Fogassi, & Gallese, 2006) e a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo.Estes resultados mostraram que a área de Broca não está somente envolvida com o processamento da linguagem oral e do significado de gestos linguísticos. A homologia proposta entre a área de Broca e a área F5 dos macacos, junto com a comprovação recente da participação da área de Broca no SNE sugere que os neurônios espelho podem ter contribuído para a gênese da linguagem humana, servindo de base para a apropriação simbólica de atos motores.Mas esses neurônios-espelho permitem não apenas a compreensão direta das ações dos outros, mas também das suas intenções, o significado social de seu comportamento e das suas emoções. Pessoas com autismo gastam menos tempo investigando a região dos olhos do interlocutor, tendendo a fixar o olhar na região da boca (KLIN et al., 2002a).

Com base nos estudos relacionados, a intervenção fonoaudiológica enfatizou os comandos básicos para a comunicação, com uso do Método das Boquinhas.A intervenção iniciou-se em março de 2016, 02 sessões por semana. Utilizou-se a estratégia de pareamentos de articulemas dos jogos “Remata e Troca Bocas”, associado à ficha de comunicaçao com uso real. O jogo “Trocas bocas” objetiva o aumento do vocabulário, formando novas palavras, inserindo e/ou eliminando letras; desenvolver a consciências fonêmica e fonoarticulatória, desenvolver a alfabetização com bases fonovisuoarticulatória por meio das boquinhas. Utilizamos este jogo inicialmente com a atividade de pareamento das vogais, com visemas/grafemas e visemas/visemas.Objetiva-se proporcionar a imitação fonoarticulatória, habilidade de consciência fonológica e fonética, o reconhecimento da grafia, apontar, comunicação, habilidade visual, uma vez que crianças com TEA apresentam melhor direcionamento para a boca do interlocutor e não para os olhos. A construção e a realização da atividade, trabalha a flexibilização, antecipação e sistematização da comunicação. Inicia-se com fichas de comunicaçao representando “oi”, “sim” e “nao”. Treina-se o apontar para as fichas respectivas ao contexto. Cabe ressaltar que esta comunicação se estendeu para a sessão com a terapeuta ocupacional. Com isso, buscamos estender uso funcional dos comandos comunicativos, da postura para leitura e escrita, bem como da evolução da habilidade de motricidade fina. Após alguns meses, refinou-se as atividades solicitando a leitura com os de dose a entrega da ficha ao interlocutor. As atividades são escolhidas pela paciente. A mesma tem total liberdade para solicitar o que deseja realizar. Para este comando ela realiza o apontar associado a uma vocalização e direcionamento do olhar para o interlocutor e objeto de desejo.

Quando necessitamos trocar de atividade e paciente nao quer, a mesma entrega a ficha do “nao”, busca a caneta para escrever o deseja comunicar. Atualmente realiza-se o apontar, entrega da ficha, leitura e a escrita “sim” ou “nao”. Ao passo que solicitamos a escrita, conseguimos que a comunicaçao se torne mais elaborada, o que chamamos de comunicação ampliada. Percebe-se um avanço na comunicação, no apontar, na escrita, na vocalização, tempo de tolerância, diminuição dos comportamentos indesejados, nas habilidades de leitura e escrita. A equipe multidisciplinar se reúne com a escola, compartilhando das estratégias utilizadas com os alunos. A próxima etapa já foi iniciada com a estratégia anterior porem com o seu nome eas palavras “mae e pai”. Há um relato da mae descrevendo o comportamento de sua filha, na casa da avó, onde a mesma levou a caneta para a mãe na sala, comunicando o desejo de utilizar um objeto que estava no quarto. Neste momento a mãe fez a pergunta se ela queria escrever sim. Como resposta, a paciente vocalizou “sim” associado ao gesto com a mao. Em seguida ambas foram para o quarto, a mãe pegou o papel, a filha escreveu sim e apontou o objeto. Temos a certeza de que estamos no caminho para aperfeiçoar a comunicação com esta paciente. A mesma reconhece as vogais com uso ficha de boquinhas e estamos na fase da hipótese silábica, utilizando as fichas para preenchimento dos espaços correspondentes as vogais. Nesta sequência, a paciente preenche os espaços com as fichas, realiza a leitura com apoio do texto, vocaliza sons vocálicos e posteriormente os escreve. O uso das fichas de boquinhas para os comandos básicos proporcionou habilitar as vias multissensoriais, visual, fonoarticulatório, leitura e escrita. Nosso objetivo agora é proporcionar a leitura e escrita de novos comandos e nomes que façam do dia a dia da paciente.

REFERÊNCIAS

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FIRST, M.B.; FRANCES, A.; PINCUS, H.A. Manual de diagnóstico do DSM-IV. Tradução: Dayse Batista. Porto Alegre:Artes Médicas, 2000. Original inglês.

Gallese V, Fadiga L, Fogassi L, Rizzolatti G.Action recognition in the premotor cortex.Brain. 1996 Apr;119 ( Pt 2):593-609

Gallese, V. (2005). What do mirror neurons mean? Intentional Attunement.The Mirror Neuron system and its role in interpersonal relations.Recuperado em 05 de Dezembro de 2006, de http://www.interdisciplines.org/mirror/papers/1 HILL, E.L.; FRITH, U. Understand autism: insights from mind and brain. Phil. Trans. R. Soc. Lond. B., v. 358, p. 281-89, 2003

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2010. (Livro 1, fundamentação teórica).

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. (Livro 2, caderno de exercícios), São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

KLIN, A.; JONES, W.; SCHULTZ, R.; VOLKMAR, F.; COHEN, D. Defining and quantifying the social phenotype in autism.Am J Psychiatry, v. 159, n. 6, p. 895-08, 2002a.

Rizzolatti G, Fadiga L, Gallese V, Fogassi L.Premotor cortex and the recognition of motor actions.Brain Res Cogn Brain Res. 1996 Mar;3(2):131-41. Rizzolatti G, Fadiga L, Matelli M, Bettinardi V, Paulesu E, et al. 1996b. Localization of grasp representation in humans by PET: 1. Observation versus execution. Exp. Brain Res. 111:246–52

Rizzolatti G. 2004. The mirror-neuron system and imitation. In Perspectives on Imitation: From Mirror Neurons to Memes, ed. S Hurley, N Chater. Cambridge, MA: MIT Press. In press

Rizzolatti, G., Fogassi, L., & Gallese, V. (2006).Espelhos na mente. Scientifi c American, 55, 44-51

16. BOQUINHAS NA ALFABETIZAÇÃO

Rosemary Marcia de Azevedo2 [email protected]

Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones3 [email protected]

Prefeitura Municipal de Itabirito INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado tem como referencial o Método das Boquinhas. Metodologia visuofonoarticulatória, criada por Renata Jardini e aplicada em crianças de Escolas Municipais da cidade de Itabirito. Estas crianças apresentaram dificuldades na aquisição da leitura e escrita em anos anteriores. Considerando a importância da escrita e da leitura para a formação integral dos alunos, iniciamos em fevereiro de 2016 um projeto piloto, monitorando alunos em processo de alfabetização. Este trabalho testa a eficácia do Método das Boquinhas, além de oportunizar a professoras e supervisoras que trabalham com estes alunos, formação nesta metodologia, vivenciando experiências novas e ricas em estratégias sensoriais. A intervençãocom as crianças continuará até o final do ano letivo de 2016, a evolução está sendo monitorada, sendo avaliados os processos de aquisição de leitura e escrita.

OBJETIVO GERAL

Verificar a eficácia da intervenção, usando o Método das Boquinhas, em crianças com dificuldades escolares no período de alfabetização.

DESENVOLVIMENTO

2 Pedagoga, especialista em Supervisão Pedagógica, Psicopedagoga, Screneer em Síndrome de Irlen, Mediadorade

Enriquecimento Instrumental, professora do município de Itabirito e Multiplicadora do Método das Boquinhas. 3 Pedagoga, especialista em Supervisão Pedagógica, Screneer em Síndrome de Irlen, Mediadora de Enriquecimento Instrumental,

supervisora do município de Itabirito e aplicadora do Método das Boquinhas.

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A intervenção está sendo realizada com 36 crianças, conforme quadro abaixo:

Escola Municipal Número de alunos

Ano/série

Grupo A “Laura Queiroz” 17 2ºano(14) 3º ano(3)

Grupo B “Manoel Salvador” 17 2º ano

Grupo C

“Guilherme Hallais” 1 4º ano

“Pe Antônio Cândido” 1 4º ano Total 36

Os 2 alunos do 4º ano, Grupo C apresentam diagnóstico da Síndrome de Irlen. Inicialmente foi realizado um teste com o Grupo A de 17 crianças da Escola Municipal “Laura

Queiroz”. A faixa etária varia entre 8 a 10 anos completos ou a completar durante o ano. Nesse universo temos crianças com dificuldade acentuada na visão e na fala. Um dos alunos sofreu falta de oxigenação no cérebro na hora do parto. Dois alunos com laudo CIDF70 (Déficit intelectual) e CIDF90 (TDAH), sendo uma com quadro de epilepsia grave com crises noturnas. Os outros com defasagens de conceitos trabalhados na educação infantil e todos com autoestima baixíssima. Estas crianças foram avaliadas por meio do IAR (Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização) de Sérgio Antônio da Silva Leite. Foram avaliados os seguintes critérios: esquema corporal, lateralidade, posição, direção,espaço, tamanho, quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva, verbalização de palavras, análise/ síntese e coordenação motora.

Porcentagem das dificuldades por habilidade avaliada

IAR (Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização)

Analisando o resultado do teste, pode-se perceber que os pré-requisitos para a alfabetização não foram consolidados neste grupo de crianças. Assim foi organizado um trabalho tendo como base o Livro Boquinhas na Educação Infantil de Renata Jardini. Os exercícios selecionados deste livro foram aqueles que contemplam as habilidades de consciência e habilidade corporal; consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória; desenvolvimento cognitivo; processamento vísuo-motor; processamento auditivo; habilidade espaço-temporal e treinos motores. Optou-se por trabalharas atividades do Livro Boquinhas na Educação Infantil, no período de aulas da tarde, sendo a Escola de Tempo Integral.

As atividades de processamento auditivo do Livro Boquinhas na Educação Infantil foram encaminhadas para as aulas semanais de Música. Vale aqui expor que todos os alunos da Rede Municipal de Itabirito matriculados nas turmas do 1º ao 5º ano têm aulas de música com professores especializados como parte integrante do currículo. O planejamento das aulas de música nas turmas de alfabetização foi

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organizado para estimular o desenvolvimento das habilidades necessárias à aquisição da leitura e da escrita. É um trabalho de refinamento da percepção auditiva.

As atividades que trabalham o esquema corporal, a coordenação motora elateralidade foram orientadas para as aulas semanais de Educação Física.

Durante o período regular de aulas foram trabalhados os fonemas : /a/, /e/, /i/, /o/, /u/, /l/, /v/, /p/, usando a coleção Novo Alfabetização com as Boquinhas de Renata Jardini volumes 1 e 2 com todos os 36 alunos.

Os alunos do Grupo B, “Escola Municipal Manoel Salvador”, realizam as atividades em periodo regular de aulas porque a escola não possui tempo integral.

Os alunos do Grupo C recebem atendimento individualizado em sua própria Escola uma vez por semana, usando as atividades do Novo Boquinhas na alfabetização.

Todos os36 alunos, quando necessário, são encaminhados para triagem no CMAEE (Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado). O CMAEE é composto pelos profissionais: psicopedagogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, screneer para Sindrome de Irlen e as aplicadoras do Método das Boquinhas. Com a parceria da Saúde Municipal são encaminhados, mensalmente, alunos para avaliação oftalmológica no Centro Municipal de Especialidades.

CONCLUSÃO

As crianças que trabalharam, até o presente momento, as habilidades do Livrodo Boquinhas na Educação Infantil, mostraram-se mais aptas ao desenvolvimento da leitura e escrita. A professora, regente da turma, percebeu mudanças na caligrafia, lateralidade, coordenação motora fina, habilidade de percepção auditiva e de percepção do todo e das partes.

O planejamento das aulas de música, contemplando o processamento auditivo, facilitou a aliteração, a divisão silábica e a rima.

As crianças sentiram-se privilegiadas por ter um trabalho diferenciado: uso do espelho com as Boquinhas e cartaz das Boquinhas.

A intervenção propicia uma prática multissensorial para as crianças e tem contribuído para que a professora regente crie outros recursos sensoriais, estimulando os alunos em todas as disciplinas.

O desenvolvimento das crianças, a partir da intervenção pedagógica, se tornou objeto de reflexão dos profissionais envolvidos: supervisora, professora regente, monitora e aplicadora do Método Boquinhas. Trabalho em conjunto na avaliação e condução da intervenção.

Todos os alunos apresentaram evolução nas etapas da escrita, estão na etapa do silábico qualitativo 31 alunos correspondendo a 86,1 % do total. Já estão começando a ler 11 alunos que corresponde a 44,4 %. Mas todos estão muito entusiasmados para ler. Estão sendo monitorados muito de perto e pedem ajuda quando precisam porque sempre querem fazer de acordo com as Boquinhas.

Todos os alunos tem acompanhamento individualizado pela professora, monitora e aplicadora do Método Boquinhas, desta forma eles se sentem apoiados, motivados e seguros.

No Grupo A (Escola Laura Queiroz) dois alunos apresentam diagnóstico de comprometimento cognitivo. Ambos apresentaram evolução. Um deles avançou mais e reconhece as letras, melhorou muito a coordenação motora, percebe todos os fonemas trabalhados e os grafemas correspondentes, avançando para o nível de escrita silábica alfabética. Este aluno tem também uma deficiência visual, mas se apoia muito no suporte auditivo do Método das Boquinhas.

Do ponto de vista pedagógico o Método tem se mostrado muito eficaz. Crianças com dificuldade na percepção visual, tem o suporte do auditivo e do articulatório. Como é o caso das duas crianças com Síndrome Irlen.

O Método trabalha, domais simples para o mais complexo. Assim propicia mais segurança para estas crianças tão marcadas pelo fracasso escolar.

O professor se sente seguro porque tem um caminho bem demarcado, com rotina definida para alunos também. A rotina transmite segurança para as crianças, especialmente as mais agitadas.

A Metodologia do Boquinhas dá ao professor recursos para a mediação dos alunos. Articulando o fonema, observando-o no espelho. O registro correto dos grafemas é garantido. Não existe o erro, porque o caminho está todo sinalizado.

A intervenção será finalizada em dezembro de 2016. Mas já temos resultados que comprovam a eficácia do Método das Boquinhas em crianças que apresentaram dificuldades na alfabetização.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

JARDINI, R.S. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do aluno. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolona Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012.

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JARDINI, R.S. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do aluno. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012.

JARDINI, R.S.;SOUZA,P.T. Alfabetização com Boquinhas. Livro doaluno. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012.

JARDINI, R.S.;SOUZA,P.T. Alfabetização com Boquinhas. Manual do Educador. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP : Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012. JARDINI, R.S.;SOUZA,P.T. Novos Livros Alfabetização com as Boquinhas. Livro do aluno volumes1 e 2. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012.

17. VENCENDO O SILÊNCIO - “FALANDO, LENDO E ESCREVENDO COM BOQUINHAS”

MONTEIRO, Rosely4

[email protected] Clínica Reuter - Marechal Cândido Rondon-PR

É por meio da audição que conseguimos identificar e reconhecer os diferentes sons do ambiente,

além de podermos nos comunicar com nossos semelhantes. A habilidade sensorial auditiva está envolvida com o desenvolvimento linguístico, com a aprendizagem global e com a produção da voz. Indicando que alterações neste importante órgão poderá acarretar uma gama de prejuízos em vários sistemas do desenvolvimento humano.O objetivo de compartilhar os resultados da experiência em oralizar e alfabetizar crianças com surdez de grau severo e profundo é corroborar o que professores, pedagogos e fonoaudiólogos relatam sobre a eficiência do método fono-vísuo-articulatório, conhecido carinhosamente de Método das Boquinhas. Participaram deste estudo, duas crianças do sexo feminino com problemas severos de comunicação. Ambas receberam treinamento auditivo respeitando a ordem de maturação das respostas auditivas conforme orienta Chalfoni e Sheffelin (1969)que são: atenção auditiva; consciência auditiva; localização sonora; discriminação de sons com a fonte sonora; discriminação de sequências de sons; seleção figura-fundo e associação de sons com a fonte sonora. Visando o desenvolvimento da linguagem oral e escrita foi amplamente trabalhado as habilidades de consciência fonológica; consciência fonêmica; consciência fonoarticulatória e processamento auditivo embasado no processo de aprendizagem multissensorial fono-vísuo-articulatório (Jardini e Vergara,1997; Jardini e Souza,2006) cuja essência é associar o fonema ao articulema. Ao fazer usoda metodologia `Boquinhas` juntamente com os livros, banners e jogos que a compõe, foi fundamental para sanar as alterações relativas aos pares fonêmicos surdo x sonoros que severamente acomete a leitura e o processo de escrita em pessoas com surdez. CASO 1 C.L.S - Deficiência auditiva profunda bilateral – Implante coclear (IC) – surdez peri-lingual .Limiares auditivos após o implante coclear.

250hz 500hz 1000hz 2000hz 4000hz 50db 55db 50db 80db aus C.L.S.nascida em 04/02/2004 realizou terapia fonoaudiológicaentre 29/09/2010 até

23/06/2014.Com 1 ano e 10 meses C. L.S. foi diagnosticada com LLA-Leucemia Linfoide Aguda que é uma forma de neoplasia maligna mais frequente na infância,caracterizada pela proliferação anormal dos leocócitos.C.l.S permaneceu internada de forma integral por 2 anos e 1 mês. Durante o período de internamento teve paralisia periférica facial grau IV e inúmeras infecções de otites que evoluíram para crônicas por baixa imunidade decorrente da forte medicação quimioterápica, sendo submetida a colocação detubo de ventilação,porém , apesar de todos os procedimentos, houve perda auditiva bilateral total profunda (colesteatomas).Entre 2008 a 2009 foi submetida a cirurgia tímpanomastoidectomia parcial bilateral e após mastoidectomia radical com o objetivo de conter os colesteatomas verificou-se a ausência total da audição sendo encaminhada para o Implante coclear no centro de otorrinolaringologia do hospital

4Fonoaudióloga - CRFa 7314 – PR. Trabalha em APAE há16 anos atendendo pessoas com necessidades

específicas.

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das Clínicas- USP-SP.Após 3 meses de terapia em outra clínica C.L.S reiniciou a reabilitação na clínica Reuter com sessões de 30 minutos , duas vezes por semana compreendendo o período de 29/09/2010 à 23/06/2014. Atividades extra clínica que foram executadas pela mãe eram registradas diariamente para acompanharmos a evolução efetiva do desenvolvimento da comunicação.

Fig.1-treinamento auditivo sem pista visual (extra clínica).

Fig.2- treinamento da fala com apoio de “boquinhas” (extra-clínica)

Fig.3 - Atividades do livro Alfabetização com boquinhas.

CASO 2 - A.L.K – Adaptada com aparelho de amplificação sonora individual(AASI) – Surdez pré-lingual. Fig.1 audiometria condicionada

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A.L.K nasceu em 06/01/2003 prematura e sendo acometida pela sepse do recém-nascido

(sepsisneonaturum) que é uma infecção bacteriana grave que se propaga por todo o corpo durante o primeiro mês de vida. Esta infecção é cinco vezes mais frequente em prematuros do que os nascidos a termo e afeta duas vezes mais o sexo masculino. No caso de A. não ficou comprovado se a deficiência auditiva é de causa congênita ou foi consequência do tratamento para combater a septicemia. Com a idade de 2 anos e 1 mês A.L.K foi diagnosticada com deficiência auditiva pelo serviço de Saúde Auditiva HRAC-USP,onde foi protetizada. Iniciou a terapia fonoaudiológica com2 anos e 6 meses, com sessões de 30 minutos cinco dias por semana até completar 4 anos de idade por orientação do neurologista. Depois foram 3 vezes por semana A. frequentava escola privada desde 0s 2 anos de idade, porém a instituição a tratava como a “aluna especial” nao exigindo dela o necessário em relaçao aos requisitos para alfabetização.

Para que A. não fizesse parte da estatística de alunos que não acompanham o processo de alfabetização muitas vezes justificado pela falta do sentido da audição, habilidade sensorial esta fundamental para a aprendizagem, foi que aplicamos sistematicamente a metodologia “boquinhas” em seis meses A. estava lendo e escrevendo. Foi utilizado atividades do livro “Boquinhas na Educação Infantil, jogos Memória Letra Inicial, Dominó Sílabas Complexas, Lotos de Vogais e Consoantes, todos com o objetivo de otimizar a aprendizagem da escrita e aprimorar a leitura e a comunicação oral.

Fig.2 – atividade do livro Alfabetização com as boquinhas

Fig. 3 – Amanda com 9 anos - 4º- ano.

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Foi fixado na parede no quarto de Amanda todos os articulemas(boquinhas) em tamanho

aumentado o que facilitou ainda mais a alfabetização.Alguns fonemas ela já aprendia mesmo não sendo apresentados sistematicamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

JARDINI, Renata Savastano R. Boquinhas na Educação Infantil: livro do Professor/ livro do aluno Renata Savastano R. Jardini; Patricia T. S. Gomes.Araraquara-2009

JARDINI, Renata Savastano R. Alfabetização com Boquinhas – livro do aluno/Renata Savastano R. Jardini: Patricia T.S. Gomes .Araraquara – 2009

HONORA, Marcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Dificuldades na audição Coleção Fono na escola – 2009 Schettini, Regina Céli/Rocha, Tereza C. de Melo/Almeida.Zenilda Lúcia D.M. Exercícios para desenvolvimento de habilidades do processamento auditivo, 2011.

18. MÉTODO DAS BOQUINHAS E TESTE DA PSICOGÊNESE NA PRÁTICA ESCOLAR

SANCHES, Elisabete Ribeiro Bardine5

[email protected] Escola Municipal São Fernando – Educação Infantil e Ensino Fundamental

INTRODUÇÃO

No trabalho docente é possível constatar diante das experiências de muitos professores os resultados insatisfatórios perante o trabalho realizado em sala de aula com os alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem que envolve tanto aspectos afetivos como cognitivo. E o professor sempre procurando meios para sanar tais resultados.

Na Escola Municipal São Fernando essa realidade é bastante comum, logo sentiu a necessidade de procurar novos caminhos, sendo assim o método das boquinhas juntamente com o teste da psicogênese foi um meio encontrado pela professora da turma do pré para aplicar uma metodologia até então não trabalhada neste estabelecimento de ensino.

Segundo Jardini (2003), com o método das boquinhas a aquisição da leitura e escrita passa a ser acessível a qualquer tipo de aluno, pois bastaria à utilização da boca como ferramenta de trabalho. Utiliza

5 Graduada em Pedagogia pela UAB/Unicentro, graduada em Matemática Licenciatura pela UEL Universidade Estadual de

Londrina, especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela ESAP/ Faculdade Iguaçu. E-mail: [email protected]

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o movimento dos lábios, o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual, a criança precisa sentir como faz o movimento, precisando colocar a mão nos lábios.

Compreender qual nível o aluno está é fundamental para os professores de alfabetização, pois é a partir do teste da psicogênese o professor é capaz de visualizar os avanços de cada aluno, assim pode fazer um trabalho que favoreça o avanço nas hipóteses (Ferreiro e Tebersoky, 2008).

Este trabalho consiste num relato de experiência, apresentando o avanço da turma do pré da educação infantil com 27 alunos de 5 e 6 anos de idade, no processo da alfabetização. Além do relato, apresentar uma fundamentação do método das boquinhas, o teste da psicogênese e sugestões para trabalhar em sala de aula embasada no método. MÉTODO DAS BOQUINHAS

O Método das Boquinhas utiliza estratégias fônicas (fonema e som), visuais (grafema e letra) e articulatórias envolvendo articulema e bocas, propiciando a aquisição da decodificação e depois da codificação.

Segundo Jardini (2003) autora do método, “sua fundamentaçao encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro (1986),Watson (1994), entre outros”, pesquisadores como foco voltado para aprendizagem.

O método trabalha a memória imediata e de longa duração, melhorando as capacidades fonológicas dos alunos. Estimula a criança a usar a língua escrita a partir da boca, servindo de auxílio para compreender e construir textos significativos interpretá-los, identificar a informação mais importante, sintetizar e gerar perguntas, porém essa aquisição só será possível, a partir da alfabetização, que proporciona ao indivíduo igualdade e condições de adaptação ao seu meio. TESTE DA PSICOGÊNESE

Segundo Ferreiro e Teberosky (2008), a criança desenvolve tentativas de escrever, antes mesmo de estarem na escola. É na psicogênese da escrita que a criança elabora hipóteses sobre a escrita.

Para Ferreiro e Tebersoky (2008), a Psicogênese da língua escrita são: Nível 1: pré-silábico , neste nível a criança não estabelece vínculo entre fala e escrita e tem leitura global, individual e instável do que escreve, só ela sabe o que quis escrever, Nível 2: Intermediário Silábico, a criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita, Nível 3: Hipótese Silábica, a criança tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras, Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II, a criança consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável e Nível 5: Hipótese alfabética, a criança compreende o modo de construção do código da escrita.

O teste deve ser aplicado individualmente e num ambiente tranqüilo. O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e uma monossílaba, sem dar ênfase a separação de sílabas ao ditar. Na frase deve usar pelo menos uma das palavras usadas no ditado. As palavras devem ser do mesmo campo semântico. Veja abaixo alguns exemplos:

PANETONE BOLACHA LEITE PÃO MARIA GOSTA MUITO DE BOLACHA

CAMPEONATO FUTEBOL BOLA PÉ EU GOSTO DE FUTEBOL.

Como iniciar o teste:Entregue uma folha de sulfite ou pautada para o aluno e peça para colocar seu

nome; Dite as palavras para que possa escrever; Solicite que faça a leitura da palavra; No término do primeiro teste, registre em uma folha a forma como o aluno leu (global ou silabicamente), a fase de escrita em que ele se encontra e outras informações importantes; Guarde a folha até o próximo teste, repita novamente o procedimento e, na sequência, registre os avanços dos alunos. RELATO E RESULTADOS

O trabalho foi iniciando no 2º bimestre após formações sobre o método na Educação Infantil e anos iniciais. Foram providenciados para cada aluno um mini espelho para que o mesmo possa observar o movimento da sua boca para cada letra que irá aprender. As atividades foram realizadas baseadas nos livros do método das boquinhas, porém algumas atividades aplicadas de forma coletiva e/ou por meio de competições onde os alunos utilizavam a lousa para registrar.

A idéia inicial é deixar bem claro para os alunos que cada letra tem um nome e faz um ou mais sons, se o aluno entender isto já é meio caminho andado para a alfabetização. Exemplos, como a figura do cachorro, um animal que late, tem pelos, quatro pernas, rabinho entre outros é o... CACHORRO, um

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animal que se chama cachorro, porém seu som pode ser AU AU quando está feliz, AI AI AI, quando sente dor, e ainda faz outro tipo de som quando outro animal vai tentar pegar sua comida. Portanto, seu nome é cachorro e tem mais de um tipo de som, exatamente o que acontece com algumas letras, tem um nome e um som igual ou diferente do seu nome, podendo ser um som ou mais de um som a mesma letra, como é o caso das vogais A, (A/Ã), E (Ê/É), O (Ô/Ó).

Para cada letra apresentada era criada uma história baseada no livro “O aniversário do Seu Alfabeto de Amir Piedade, e por fim as letras foram sendo fixadas na parede da sala com a foto da boca imagens e palavras com o mesmo som.

Com algumas consoantes é possível fazer comparações para melhor compreensão dos alunos, algumas foram sugeridas pelos alunos. A letra F (surdo) comparar com o som do balão murchando ou pneu furando, letra V (sonoro) som do motor do avião. A letra S (silêncio), Z parece o som da abelha; a letra P (boca de idoso ou explode) e a letra B (sonora), letra T (explode) e letra D (gutural), letra G (barulho do sapo, sente no ouvido), letra L foi feito brigadeiro com alunos para que eles passassem a língua no céu da boca, assim aprendendo a fazer o som; letra M (“tres pernas”, dedos no lado da boca representando: lábio de cima – zíper fechado – lábio de baixo, expressão fácil de algo gostoso “Que delicia!”!), letra N ( “duas pernas”, dedos no lado da boca representando: lábio de cima – lábio de baixo, Nh (expressão facial de algo fedido), letra R (tem mais que um som: r da garganta (leão), r brando (helicóptero), r de engolir (trator).

Assim, na junção das sílabas só foi preciso lembrar primeiramente do som das letras, como por exemplo: letra F (som) com letra A (som), tirando aquela linguagem que muitos professores utilizam: “F + A= FA”, forçando o aluno a decorar as silabas e não aprendê-las de forma compreensiva. Dessa forma os resultados foram aparecendo espontaneamente.

O teste da psicogênese foi realizado no segundo semestre, pois foi neste período que esse conhecimento foi passado pela equipe pedagógica para que os professores pudessem aplicar.

SUGESTÕES PARA SALA DE AULA

Os professores podem usar as mesmas brincadeiras que envolvem alfabetização em sala de aula, porém ao invés de frisar somente o nome da letra irá sempre trabalhar com o nome e som da letra.

Jogo da memória: Um painel anexado do lado da lousa com seis janelinhas identificadas por cores, dentro de cada uma coloca as letras trabalhadas das semanas,pedir para o aluno escolher uma janela e quando o professor abrir todos devem falar o som da letra (mesma regra de um jogo da memória) para cada par de letras encontradas relembrar toda a família silábica da letra e palavras que tenham o mesmo som, tudo isso na oralidade, se for vogais dizer o som montar palavras com vogais (oi eu ui ai...).

Direita/esquerda: O professor fala palavras com A ou Ã, cada vez que o professor falar palavras com A, os alunos levantam o braço direito e com à levantam o esquerdo, ou ao invés de levantar o braço podem correr para o lado direito ou esquerdo.

Mímica com a boca: O professor faz o movimento com a boca de alguma consoante ou vogal sem o som e o aluno tentar adivinhar que letra é. O aluno pode fazer para o seu colega tentar adivinhar. Depois pode ser feito também a sílaba.

Letras ao vento: Um aluno escreverá uma letra (caixa alta) bem lentamente no ar, os outros alunos deverão descobrir que letra ele escreveu, quem acertar ele passará sua vez para o próximo.

Montando sílabas: Forme grupo de três alunos e disponibilize para cada grupo placas com barbante para pendurar no pescoço com as vogais e as consoantes trabalhadas juntamente com desenho da boca de cada letra. A professora falará uma sílaba e os grupos deverão formar com as placas, o primeiro grupo que montar e se posicionar na forma correta ganha um ponto, vence o grupo que tiver mais pontos.

Caixinha Surpresa: Coloque em uma caixinha varias fichas com letras ou sílabas ou palavras. Distribua para cada aluno de forma que eles não mostrem para os colegas as fichas. Cada criança gesticulará lentamente com os lábios a letra que recebeu sem fazer o som. Os demais alunos tentarão adivinhar.

02468

10121416

Pré-silábico Silábico Silábico Alfabético

Alfabético

Agosto

Novembro

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Dança da cadeira com letras: Mesma regra da dança da cadeira, porém cada cadeira deverá conter uma letra, ou sílaba ou palavra. Quando a música parar e as crianças sentarem, cada criança deverá falar a letra e som da letra que está na cadeira que sentou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados apresentados, é possível perceber que neste período de tempo tiveram um avanço significativo, mostrando que o método é eficaz. Os alunos que permaneceram neste período no mesmo nível foram avaliados nos anos seguintes sendo encaminhados para sala de recurso.

O trabalho realizado com estes alunos mostrou que é possível trabalhar com sucesso e motivação pela agilidade dos resultados e que o método das boquinhas é um excelente caminho para o sucesso dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, Renata. Método das Boquinhas: Alfabetização e Reabilitação dos Distúrbios da Leitura e Escrita- Fundamentação Teórica. Editora: Casa do Psicólogo, São Paulo, 2003.

Revista Guia Prático para professores de Ensino Fundamental I. Disponível em:http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professoresatividades/94/imprime252538.asp. Acesso em: 15/04/2014.

FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: ArtMed, 2008.

19. INTRODUÇÃO LÚDICA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO FONOARTICULATÓRIO COM CRIANÇAS DE 3-4 ANOS

SIMON, Sue Ellen [email protected] GIARETTA, Juliana

[email protected] LUCHESI, Ana Maria

[email protected] SAVOY, Érica

[email protected] RECKA, Lilian Bruna

[email protected] Colégio Divino Salvador – Jundiaí/SP

INTRODUÇÃO

Brincar é uma atividade presente na vida de toda criança de diversas idades e culturas. Tem importante papel no desenvolvimento e na aprendizagem, principalmente nos primeiros anos de vida, onde a criança descobre o mundo em que vive e descobre-se parte dele. Uma etapa determinante é a aquisição da linguagem e o desenvolvimento de sua oralidade. Sabe-se que aos 3 anos de idade a criança já possui um vocabulário e sua maneira de se expressar muda conforme ela amplia seu repertório oral, podendo demonstrar e relatar sentimentos como tristeza, raiva e seus desejos. Aos 4 anos de idade é quando estatisticamente a maioria das crianças apresenta uma articulação completa dos fonemas. As crianças nessa faixa etária têm o domínio da oralidade, porém não tem conhecimento consciente sobre as partes das palavras e como se organizam na linguagem oral, sendo assim o professor tem papel fundamental na estimulação e organização dessa oralidade proporcionando em momentos como a roda da conversa, rimas, parlendas e cantigas. Antes de submeter à criança ao conhecimento das letras é fundamental que sejam trabalhadas habilidades pré-requisitos para a alfabetização. Estes pré-requisitos devem ser apresentados às crianças na Educação Infantil, a partir de três ou quatro anos de idade favorecendo a aquisição da leitura e escrita, com o trabalho em estágios iniciais desse desenvolvimento, partindo de indivíduos com hipóteses de escritas pictóricas ou iconográficas (garatujas), oferecendo-lhes subsídios consistentes e diversificados com enfoque multissensorial (JARDINI, 1997).

Tendo clara a importância da intervenção do professor como facilitador neste processo de desenvolvimento da consciência fonoarticulatoria, e percebendo necessária a fundamentação teórica para uma educação de qualidade, a coordenação, responsável pela formação continuada dos educadores, buscou capacitá-los com o objetivo de que houvesse uma maior consciência da importância de um trabalho de compromisso com a Educação Infantil e que, consequentemente, resultasse em uma mudança na pratica pedagógica.

Iniciou-se, a partir desta capacitação o interesse em trabalhar habilidades e pré-requisitos para o desenvolvimento da consciência fonoarticulatoria dentro da educação infantil juntamente com o

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Método das Boquinhas e ferramentas lúdicas que foram criadas e adquiridas com a multiplicadora do método.

O presente trabalho aborda o desenvolvimento do processo da consciência fonoarticulatória com o uso do Método das Boquinhas e a ludicidade em crianças de 03 a 04 anos de idade, frequentadoras do Pré I de uma Escola Particular de Jundiaí-SP, trabalho iniciado em janeiro de 2016, e, que, permanece em andamento.

OBJETIVO GERAL

Propiciar através do lúdico, o desenvolvimento do processo da consciência fonoarticulatória em crianças de 03 e 04 anos.

MÉTODO

O material utilizado foi o Método das Boquinhas (fascículo 1 VOGAIS do Kit Completo Novo Alfabetização com Boquinhas) e jogos (jogos de memória, jogo Lince de Boquinhas, além de jogos no laboratório de informática), proporcionando uma aprendizagem lúdica.

Foi desenvolvido pela professora de informática da educação infantil, um jogo digital de autoria própria (vide FIG.1 e 2), criado a partir de um software de autoria; programa multimídia que possibilita a integração de texto, imagens e sons, permitindo o desenvolvimento de uma variedade de atividades alternativas que podem estimular o desenvolvimento cognitivo, a linguagem e a autonomia dos usuários favorecendo assim o processo ensino-aprendizagem.

FIG. 1 FIG. 2

DESENVOLVIMENTO O projeto iniciou-se em fevereiro de 2016, com a capacitação através da multiplicadora do Método

das Boquinhas, onde percebeu-se a necessidade em se trabalhar desde as series iniciais a consciência fonoarticulatoria para o desenvolvimento de linguagem e escrita que se daria posteriormente a idade trabalhada, com intuito de garantir as crianças um melhor aproveitamento de sua escolarização.

O trabalho foi iniciado com a apresentação das VOGAIS (Livro 1 fascículo Alfabetização com Boquinhas), por sua fácil articulação, por estarem presentes em todas as sílabas, além do fato de os nomes de suas letras serem iguais ao som que elas produzem, favorecer a aquisição do fonema. Para a aprendizagem sistemática onde a criança aprende a vogal associada à boca e à letra (fonema/articulema/grafema) utilizamos a seguinte sequência das vogais: A/O/ U,W/E/ I,Y.

Juntamente com os jogos digitais, foram trabalhados o fonema e o grafema, e para o desenvolvimento articulatório, utilizou-se entre outros jogos (LINCE, VIDE fig.3 e jogo da forca) o espelho e brincadeiras entre pares (dança das vogais, vide FIG 4 e 5).

Fig. 3 Fig. 4 Fig. 5 Dando continuidade no processo do ensino do fonema/articulema/grafema, foram feitos alguns

registros e juntamente com eles o traçado e o aprimoramento da coordenação motora fina. Foi utilizado como parte do trabalho o projeto (MEU MUNDO DE DESCOBERTAS, vide fig.6) desenvolvido

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pela série para a experienciação, fixação e verificação dos conteúdos lecionados, culminando em registros contextualizados com o que as crianças estavam vivenciando em sala de aula através do projeto. Para o processo de consciência fonoarticulatoria, além de muitas atividades dentro dos jogos digitais elaborados pelas professoras polivalentes da série e pela professora de informática dentro do contexto do que estava sendo abordado em sala através do projeto, utilizou-se as vogais dentro das palavras (quais vogais? Quantas vogais? Qual posição da vogal, início, meio ou final) e do treino auditivo e articulatório.

Dentro do desenvolvimento do trabalho, juntamente com a capacitação dada pelo Método das Boquinhas, foi possível inserir nos conteúdos o erro construtivo, que faz parte do processo de desenvolvimento da criança e seu significado de construção para a apropriação dos conhecimentos.

Fig.6 Fig. 7

RESULTADOS E CONCLUSÃO Como resultado obtido através de sondagens e escrita espontânea regulares (realizadas

mensalmente), pode-se avaliar parcialmente(ainda em andamento) um desenvolvimento satisfatório para a idade, onde observou-se que através de estímulos multissensoriais a criança desenvolve primeiro seu pensamento apreendendo através da utilização de vários estímulos neurológicos, onde a fala e a audição do fonema apreendido contribui neste processo de registro do grafema que ser quer registrar ( Cérebro aprende, a boca auxilia a mão a escrever).

Sendo assim, concluiu-se que, até o momento, a consciência fonoarticulatória foi adquirida com sucesso, bem como a compreensão necessária para o processo de sistema de escrita alfabética das etapas e séries sequenciais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

FALKEMBACH, G. A. M; GELLER, M.; SILVEIRA, S. R. Desenvolvimento de jogos educativos digitais utilizando a ferramenta de autoria multimídia: um estudo de caso com o ToolBook Instructor. UFRGS, 2006.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Professor. Bauru:2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Aluno. Bauru: Jardini,2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador.São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008.3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. São Paulo:Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed.Bauru: Boquinhas, 2011. JARDINI, R.S.R. Livro do Professor: Boquinhas no Desenvolvimento Infantil. Bauru:Boquinhas, 2012.

20. ATIVIDADES PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E COM DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO COM O MÉTODO DAS BOQUINHAS

Maria das Graças Fernandes Koga6 [email protected]

Mayumi Yabe Terao7 [email protected]

Adriana Manfrim8 [email protected]

6 Pedagoga, Psicopedagoga, Multiplicadora Método das Boquinhas, Argilina, Especialista em Neuropsicologia, Educacão

Especial DI e DV. 7 Pedagoga, Psicopedagoga, Argilina, Especialista em Neuropsicologia.

8 Fonoaudióloga, Especialista em Neuropsicologia e Educação Especial.

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INTRODUÇÃO

Quando o processo de alfabetização inicia na vida de uma criança, espera-se que ocorra com sucesso, porém muitas não conseguem se alfabetizar. As causas e motivos são diversos e, entre eles, podemos destacar os problemas cognitivos, Síndrome de Down, Transtornos de aprendizagem, Distúrbios de leitura e escrita, entre outros.

Diante disso, há uma preocupação por parte dos professores que estão empenhados no processo de aquisição da leitura e a escrita que, muitas vezes, não sabem lidar com as dificuldades de aprendizagem que as crianças apresentam e acabam rotulando-as. No entanto, na verdade, pode ter ocorrido a falta de adequada estimulação (JARDINI, 2010). Acredita-se que muitas dificuldades seriam minimizadas ou evitadasse os profissionais da educação e das áreas afins tivessem um olhar mais atento para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil, antes do início do processo de alfabetização.

Com a evolução da espécie humana, a boca que antes tinha função apenas neurovegetativa (sucção/mastigação) passou a ser utlizada para a fala, desenvolvendo a partir daí a comunicação oral e depois a escrita.

O Método das Boquinhas (fonovisuoarticulatório) é um instrumento facilitador para transferir os sons ouvidos pela fala, para a escrita (fonema/grafema), desenvolvendo assim a rota fonológica, base fundamentalparaaalfabetização.DeacordocomSimonetti(2007),etimologicamente,otermoalfabetização significa levar à aquisição do alfabeto, ensinar as habilidades de ler e escrever, processo de aquisição do código escrito e das habilidades de leitura e escrita.

Soares (2003), esclarece que aprender a ler e escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou decodificar.

A aprendizagem se dá no Sistema Nervoso Central (SNC) e o desenvolvimento do cérebro acontece nos primeiros anos de vida do educando. Este período fará diferença na alfabetização e, se não for bem explorado e trabalhado respeitando cada fase da infância, poderá acarretar dificuldades de aprendizagem. Rotta esclarece:

Não há dúvida que o ato de aprender se passa no SNC, onde ocorrem modificações funcionais e condutuais, que dependem do contingente genético de cada indivíduo, associado ao ambiente onde este ser está inserido. O ambiente é responsável pelo aporte sensitivo-sensorial, que vem pela substância reticular ativadora ascendente e é modificado pelo sistema límbico, que contribui com os aspectos afetivos emocionais da aprendizagem (ROTTA, 2006, p. 116).

Segundo Jardini (2010), em Boquinhas é adotada uma abordagem multissensorial, em que vários inputs neuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de habilidades diversas tais como: percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações e espaços-temporais e outras.

O Método das Boquinhas por ser multissensorial, tem auxiliado diversas crianças, inclusive com Síndrome de Down, visto que nas intervenções psicopedagógicas e fonoaudiológicas são exploradas as habilidades auditivas com o objetivo de facilitar a conversão fonema/grafema, sendo esta, fundamental para a sua alfabetização.

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados alcançados nas intervenções psicopedagógica e fonoaudiológica, com uso do Método das Boquinhas. O trabalho foi iniciado a partir de 2012, com uma paciente Síndrome de Down, matriculada no 1º ano do Ensino Fundamental, escola particular e atualmente na escola pública.

DESENVOLVIMENTO

O trabalho com L.M.P.C. foi desenvolvido desde 2012 por uma equipe multidisciplinar composta de: psicopedagoga, fonoaudióloga, neurologista, pediatra e pela professora.

A professora e a coordenadora receberam o material adaptado e orientações de como trabalhar com a mesma.

Quando o trabalho foi iniciado, a aluna não conseguia escrever, só desenhava e realizava tentativas de escrita de vogais, encontrava-se na fase pré-silábica, passando para a silábica sem valor sonoro.

Após quatro (4) anos L.M.P.C., apresentou um resultado satisfatório, principalmente na oralidade, demonstrando reconhecer auditivamente o fonema (som) da maioria das letras e sua articulação correta. Aprendeu a escrever várias letras, iniciando o nível silábico-alfabético, hoje alfabético (gráfico 1) escrevendo palavras e frases simples e dando inicio à leitura e escrita de forma soletrada ou silabada.

RESULTADOS

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O uso de Atividades elaboradas e adaptadas possibilitaram um resultado satisfatório da leitura e escrita para L.M.P.C. e para as crianças com dificuldades de aprendizagem que estão na fase alfabética. As mesmas apresentaram uma melhora quanto à aquisição da consciência fonológica, reconhecimento do alfabeto e na tentativa da leitura e escrita, pois a repetição de várias estratégias possibilitaram às crianças a utilização de várias alternativas, para que ocorresse a aprendizagem.

Na prática, o trabalho realizado com a paciente Síndrome de Down e com as crianças com dificuldades de alfabetização e com necessidades educacionais especiais, estimularam as habilidades de atenção e concentração, sendo observado a compreensão do conteúdo trabalhado tanto nos relatos verbais, como também, na produção gráfica de cada criança estimulada e mediada pelo Método das Boquinhas.

GRÁFICO

FOTOS ALUNOS

CONCLUSÃO

O trabalho interdisciplinar, desenvolvido pela Psicopedagoga e Fonoaudióloga, possibilitou um acompanhamento integrado para que a aluna desenvolvesse e acompanhasse a série em que está cursando.

De acordo com relatos dos profissionais envolvidos, as atividades auxiliaram muito na aprendizagem de L.M.P.C. e dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Segundo Jardini (2012), é grande a comprovação de que Boquinhas tem procedência, tanto para quem ensina como para quem aprende, pois parte de pressupostos concretos, visíveis, palpáveis, que

2012

2013

2014

2015

2016

Pré-Silábico Silábico sem valor sonoro

Silábico Alfabético

Alfabético

Gráfico 1: Resultados alcançados de acordo com as fases de escrita

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funcionam para qualquer tipo de aprendente. Ao se trabalhar o Método das Boquinhas nos atendimentos clínicos psicopedagógicos e

fonoaudiológicos com L.M.P.C. e com os alunos com necessidades especiais educacionais especiais e com dificuldades de aprendizagem foi possível observar um grande avanço no processo de alfabetização. O Método Boquinhas fez nascer o “encantamento” do aprender em L.M.P.C. e nos demais alunos com necessidades educacionais especiais desenvolvendo as suas habilidades e potencialidades, favorecendo a sua inclusão escolar.

O trabalho será finalizado com a organização de um livro, contendo as atividades que foram elaboradas e desenvolvidas, para serem trabalhadas com a paciente Síndrome de Down L.M.P.C., com os alunos com dificuldades de aprendizagem e com necessidades educacionais especiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2ª ed. São Paulo: R. Jardini, 2010.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do professor; colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar Dos Santos. Transtornos de aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SIMONETTI, Amália. O desafio de alfabetizar e letrar. Fortaleza: Editora Flávio Martins. 2007.

SOARES, Magda. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. 26 edição. Poços de Caldas: ANPED: GT Alfabetização, leitura e escrita, 2003.

21. APRENDENDO COM BOQUINHAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL MAIA, Eliane9

[email protected] MAIA, Marcia10

[email protected] Escola Municipal Paulo Scofano – Município de Mangaratiba/RJ

INTRODUÇÃO

A alfabetização é um dos maiores entraves em nosso País, e na realidade do Município de Mangaratiba, não é diferente. Apesar dos programas de formação oferecidos pelo MEC e a Secretaria de Educação, o trabalho ainda apresenta lacunas. Diante deste contexto, houve a necessidade de realmente entender o processo de aprendizagem e consolidar a aprendizagem dos alunos e dos profissionais envolvidos. Deste modo, iniciamos um estudo sobre os Países nos quais os problemas com alfabetização foram minimizados e descobrimos que todos utilizavam o Método Fônico.

Avaliando os alunos da turma do nível 4 educação infantil ( crianças de cinco anos) percebeu-se que 60% deles já apresentavam baixa estima, indisciplina, agressividade por não darem conta das atividades. Diante deste fato, o trabalho foi reavaliado imediatamente, sendo dada continuidade às pesquisas por um método eficaz de alfabetização.

Tendo claro que a fundamentação teórica é o alicerce para uma educação de qualidade, a equipe Pedagógica responsável pela formação continuada dos educadores buscou por autoformação com o objetivo que junto aos professores houvesse uma maior consciência da importância de um trabalho de compromisso com a Educação Infantil e que, consequentemente, resultassem em uma mudança na pratica pedagógica.

Após interesse pelo Método das Boquinhas, buscou-se capacitação da equipe até culminar na qualificação como Multiplicadoras do Método. Iniciou-se o projeto de implantação da metodologia Boquinhas na íntegra com 12 alunos de 5 anos na última etapa da Educação Infantil chamada de nível 4 da Escola Municipal Paulo Scofano no município de Mangaratiba estado do Rio de Janeiro. Onde o resultado foi impactante.

9Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, professora do município de Mangaratiba e

Multiplicadora do Método das Boquinhas; 10Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, professora do município de Mangaratiba e

Multiplicadora do Método das Boquinhas;

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Um dos questionamentos que mais se escuta quando se trata de alfabetização é de qual a idade ideal para se iniciar o processo de alfabetização. Acreditamos que a pergunta principal não se restrinja à idade propriamente dita, mas ao conteúdo a ser trabalhado.

Antes de submeter à criança ao conhecimento das letras é fundamental que sejam trabalhadas habilidades pré-requisitos para a alfabetização. Estes pré-requisitos devem ser apresentados às crianças na Educação Infantil, a partir de três ou quatro anos de idade favorecendo a aquisição da leitura e escrita, com o trabalho em estágios iniciais desse desenvolvimento, partindo de indivíduos com hipóteses de escritas pictóricas ou iconográficas (garatujas), oferecendo-lhes subsídios consistentes e diversificados com enfoque multissensorial (JARDINI, 1997).

OBJETIVO GERAL

Propiciar aos alunos da Educação Infantil um ensino de qualidade e a possibilidade de se alfabetizar na idade certa. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Promover subsídios eficientes para que o processo de leitura e escrita se desenvolva a contento na continuidade dos anos iniciais do ensino fundamental; - Analisar a evolução de leitura/escrita de crianças que cursam o último ano da Educação Infantil submetidas a um trabalho multissensorial com enfoque nas habilidades pré-requisitos para alfabetização; - Proporcionar desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais.

DESENVOLVIMENTO

O projeto foi uma iniciativa da equipe pedagógica da E. M. Paulo Scofano, localizada na Praia da Gamboa, Ilha de Itacuruçá em Mangaratiba. A Escola hoje tem 171 alunos e atende a Educação Infantil e Ensino Fundamental. A comunidade é carente, muitos aprendentes tem a escola como base de sua alimentação e educação. O projeto foi realizado com recursos próprios como: rifas, cantina e também PDDE, para adquirir materiais como livros para todos os alunos, jogos, banner e todos os demais materiais de Boquinhas.

O projeto foi iniciado em fevereiro de 2012 e concluído em dezembro de 2012, com a turma de educação infantil, nível quatro, composta por crianças de cinco anos, totalizando doze aprendentes com uma professora.

Todos os professores da Educação Infantil e primeiro segmento (anos iniciais) receberam formação com a direção e coordenadora pedagógica bimestralmente mais acompanhamento semanal com a coordenadora pedagógica, além de participarem de dois cursos com a autora Jardini com a carga horária de dezesseis horas cada.

A professora que aplicou a metodologia apresentou um compromisso muito grande com o trabalho e em muito pouco tempo foi possível observar seu crescimento profissional, além de se apresentar mais autônoma, com a autoestima elevada, uma linguagem pedagógica coerente e assertiva, se tornando ainda uma profissional estudiosa.

Foram realizadas reuniões com os pais, no início das aulas, a fim de esclarecer a nova metodologia adotada e as variantes do processo, como a presença de fonemas e articulemas. Foi esclarecido que o objetivo principal desse trabalho era a viabilização da leitura e escrita como um processo a ser adquirido no decorrer de todo o ano, não sendo uma meta a ser atingida, e sim, uma consequência do trabalho focado nos pré-requisitos na alfabetização.

Conforme orientação encontrada no livro do professor, a metodologia foi trabalhada uma hora por dia, devendo, no entanto ser abordado o seu conceito nas outras disciplinas dadas, em todas as ocasiões que fossem pertinentes, como ciências, matemática, português, etc. O plano das aulas seguiu a sequência dos exercícios oferecidos no livro e continuou-se a seguir o currículo da Secretaria Municipal da Educação.

O processo de avaliação manteve os critérios anteriormente adotados pela escola, ou seja, investigação da ontogênese da escrita sob sondagem da escrita de palavras de determinado conteúdo semântico, a critério do professor. Foram classificados segundo Ferreiro em pré-silábica, silábica sem valor sonoro, silábica com valor sonoro, silábica alfabética e alfabética.

Ao total foram realizadas três sondagens de escrita das crianças, sendo a inicial e a final feita com a coordenadora e as demais com a professora.

A coordenadora estabeleceu metas como apresentação das vogais em duas semanas, onde seriam apresentadas fotos das BOQUINHAS enquanto se pronunciava (articulema/lalema), fazendo reconhecimento e conscientização frente ao espelho e o uso dos banners de boquinhas que fica exposto na sala de aula. Sempre na tríade fonema/grafema/articulema.

Utilizou-se a letra de forma maiúscula, associando-as com os articulemas correspondentes. Essa associação foi mantida durante o tempo necessário, para que a criança fizesse a correlação entre algo

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abstrato (som/fonema) com algo concreto (uma boca) o que propicia a real compreensão de como se dá a relação fonema/grafema não apenas a memorização.

Devido à progressão e velocidade de aquisição do grupo, os objetivos com as vogais foram atingidos em duas semanas. Então a professora iniciou o reconhecimento auditivo articulatória do uso das vogais dentro das palavras e a memorização da forma espacial, traçado na mesa, no chão, no ar, no caderno, no computador, em letras em alto relevo, etc. Ao compreenderem o uso das vogais dentro das palavras, elas adquiriram a etapa silábica com valor sonoro de leitura e escrita. Segundo Ferreiro, esta etapa configura a compreensão da consciência fonêmica.

A partir das vogais assimiladas, apresentou-se as consoante L e P em duas semanas cada; consoantes V, T e M em uma semana cada, repetindo-se a associação fonema/grafema/articulema da letra escolhida com treino multissensorial, fixação das famílias silábicas por compreensão do processo e não por decoreba. Vale ressaltar a importância do processo concreto onde o aluno deve compreender que cada sílaba pode corresponder a mais de uma letra, como no caso da sílaba LA, a qual é formada por duas letras. Com este objetivo alcançado passou-se então ao modelo de escrita silábico alfabético.

A partir de quatro famílias silábicas dominadas foi feita a associação entre elas, para a fluência leitora e logo foi formalizado o modelo de escrita alfabética. Com o uso do Método das Boquinhas este processo aconteceu em quatro meses. As demais letras foram apresentadas progressivamente e, muitas delas já tinham sido aprendidas pelo grupo, sem que necessitassem ser trabalhadas formalmente.

Os exercícios do livro contemplam as habilidades de: consciência e habilidade corporal, consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória; desenvolvimento cognitivo, processamento vísuo-motor, auditivo; habilidade espaço temporal. Muitos exercícios são executáveis em sala de aula e carteira, ou seja, realizados em um papel ou no próprio livro. Outros são vivenciais, e estão apenas descritos,

sendo realizados oralmente em espaços variados da escola. Foram realizadas diferentes formas de aplicação como: individualmente, em duplas, em pequenos grupos e com toda a turma.

No total foram realizadas três sondagens de escrita das crianças, sendo a inicial e a final feitas com a coordenadora e as demais com a professora. Foi montado um portfólio detalhado para cada aluno.

A evolução foi muito significativa, conforme demostrada em gráfico a seguir.

Pode-se ainda destacar como resultados:

Maior segurança do professor diante da facilidade dos alunos na prática do método;

Favorecimento da correção de falhas na articulação de algumas crianças;

As crianças que apresentavam timidez e algumas trocas de letras na fala, expuseram-se mais, eliminado o problema ou minimizando significativamente;

Os pais mostraram-se muito interessados e colaboradores, querendo aprender o trabalho para acompanhar seus filhos em casa e surpreenderam-se com a velocidade nas aquisições;

As crianças passaram a gostar mais de vir para escola, pedindo para não faltar e apresentam muita autonomia, confiança e auto-estima elevada;

Melhorou o número de ruído descontextualizado da sala. Elas ficaram quietas para se ouvirem falando Boquinhas;

A professora sentiu-se motivada, desafiada e segura de obter sucesso.

CONCLUSÃO A educação brasileira com a alteração para o ensino fundamental de nove anos abriu margem para

a consolidação da grade curricular, de maneira a solidificar e aprofundar as aprendizagens e a educação continuada (UNESCO, 1999). Aprendeu-se ao longo deste trabalho com o Método das Boquinhas que

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2

4

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Pré-silábico Silábico Silábico Alfabético

Alfabético

Março

Julho

Novembro

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esse avanço somente se consolidará quando a Educação Infantil oferecer aos alunos as verdadeiras bases que o desenvolvimento infantil necessita, para que se viabilizem os conteúdos alfabetizantes e construtivistas que se seguirão, podendo, finalmente, letramento e alfabetização serem solidários (SOARES, 1998; TFOUNI, 1995).

O Método proporcionou a toda a equipe acreditar na parceria entre a Fonoaudiologia e a Pedagogia que traz ganhos aos estudantes e à educação em geral com resultados rápidos e consistentes, enquanto complementação de saberes, necessários ao ensino/aprendizagem de áreas que envolvem tanto linguagem como educação, como é o caso da alfabetização (MOOJEN, 2009).

Podemos afirmar que o crescimento e amadurecimento da equipe da EM Paulo Scofano, junto à aplicação do Método das Boquinhas, foi muito grande. O que possibilitou não somente entender a teoria e dominar a prática do processo de alfabetização, como também desenvolver a autonomia, elevar a auto-estima e aumentar a motivação para estudar cada vez mais!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Professor. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Boquinhas na Educação Infantil: Aluno. Bauru: Jardini, 2007. 2ª Ed., 2009.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: passo a passo da intervenção nas dificuldades e distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2009.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Manual do educador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com Boquinhas: Aluno. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

22. BOQUINHAS E AUTISMO - TRABALHO DE RESULTADO NAVARRETE, Roberta11

[email protected] Espaço Interdisciplinar Fazendo a Diferença

Segundo Schwartzman, (Schwartzman e Araújo 2011), O Autismo (TEA - Transtorno do

Espectro do Autismo) é considerado, atualmente, um transtorno do desenvolvimento de causas neurobiológicas definido de acordo com critérios eminentemente clínicos. As características básicas são: anormalidades qualitativas e quantitativas que, embora muito abrangentes, afetam de forma mais evidente as áreas da interação social, da comunicação e do comportamento.

Saulnier, Quirmbach e Klin (Schwartzman e Araújo 2011) reforçam que a investigação de um indivíduo com TEA envolve o levantamento de dados do desenvolvimento precoce da criança e das informações relativas ao comportamento atual da criança. É essencial para o diagnóstico a história contada pelos pais e/ou cuidadores da criança e a observação direta do comportamento atual em contextos estruturados e não estruturados. Nesses dois componentes diagnósticos, são imprescindíveis as informações sobre linguagem, comunicação, interação social, bem como as manifestações comportamentais, incluindo interesse restrito, repetitivo, sensorial ou perseverativo, padrões atípicos de comportamento e desregulação comportamental.

Perissinoto (Schwartzman e Araújo 2011) salienta que os estudos do TEA apontam para a variedade de alterações comportamentais em que a linguagem está profundamente relacionada às dinâmicas sociais e aos procedimentos repetitivos e reflete alterações cognitivas. O problema essencial do autismo está em uma maneira peculiar de processamento de informações, em que a parte se sobrepõe ao todo. Desta forma, seria inapto para fazer inferências que dependam da análise do contexto e para identificar as relações de causa e efeito entre ações. Teria, então, uma fragilidade da Coerência Central. A fragilidade na coerência central é um estilo cognitivo específico dos quadros de TEA e não está diretamente associada a um déficit de cognição.

Os critérios para o diagnóstico do TEA foram revisados no DSM 5 (2013), usando um modelo didático de dois critérios: déficits persistentes na comunicação social e interação social; padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades.

11Fonoaudiologia e Pedagogia. Especialista em Motricidade Orofacial. Fonoaudióloga clínica e educacional e

multiplicadora do Método das Boquinhas.

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Grandin e Panak (2015) afirmam que se pudermos reconhecer, de modo realista e caso a caso, os pontos fortes de um indivíduo, podemos determinar melhor seu futuro. Ao longo dos anos observamos que pessoas com autismo prestam mais atenção nos detalhes que as neurotípicas.

Dourado (2012) salienta que a neurociência tem lançado novas luzes na compreensão do cérebro do e da mente. Nas últimas décadas, vários estudos têm comprovado anormalidades neurobiológicas em pacientes com autismo, estando várias concentradas nas estruturas e no funcionamento do cérebro.

Bruni (Mercadante, 2009) enfatiza que como em outros processos terapêuticos, o processo de alfabetização não ocorre de forma convencional, ou seja, não se trata de adaptar a criança ao mundo, mas adaptar a compreensão de mundo da criança ao que ela pode desempenhar nele. Para alfabetizá-la, a experiência tem mostrado que a escrita e a leitura devem ganhar sentido no universo próprio de cada criança e, principalmente, desempenhar uma função dentro do âmbito de seus interesses, ainda que seja um único interesse restrito.

Corroborando com Jardini e Souza (2006) quando citam que a intervenção descrita pelo Método das Boquinhas não é apenas uma técnica mecanicista que afasta da criança a possibilidade de compreender e refletir a escrita enquanto linguagem e seus significados, nem tampouco descreve uma ação homogeinizadora e fragmentada da linguagem, ao contrário, capacita a criança a enfrentar desafios linguísticos em igualdade para com os demais alunos, uma vez que, tendo efetivamente aprendido a ler, pode fazer uso da leitura e escrita, com segurança e eficácia, de maneira reflexiva e contextualizada.

O Método das Boquinhas, segundo Jardini e Souza (2006) foi criado a partir de bases multissensoriais Fono-Vísuo-Articulatórias, pois as mesmas foram tomadas como ênfase para a criação e desenvolvimento do Método, podendo então, propiciar um melhor e mais rápido rendimento escolar, na medida em que a criança é submetida simultaneamente a vários inputs neurossensoriais, favorecendo, dessa forma, que maiores áreas cerebrais recebam estímulos. Foi escolhido então a fala, e seus sons (fonemas), como ponto de partida para a aquisição das letras (grafemas), como é feito no processo fônico, trabalhando diretamente nas habilidades de análise fonológicas e consciência fonológica, mas foi acrescentada a ela, a consciência fonoarticulatória, ou seja, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou "boquinhas"), baseados nos princípios da Fonologia Articulatória (FAR), que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório.

Nota-se que a metodologia proposta pelo método das boquinhas vem de encontro às necessidade das pessoas com TEA, pois parte dos detalhes (fonemas) para chegar ao todo (palavras) e por ser um método multissensorial estimula várias áreas do cérebro (auditiva, visual, tátil). Sempre lembrando que quando se trabalha com uma criança dentro do TEA, há que se considerar isoladamente, cérebro por cérebro, indivíduo por indivíduo.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:

DOURADO, F. Autismo e cérebro social: compreensão e ação. Fortaleza: Premius, 2012.

GRANDIN, T.O cérebro autista/ Temple Grandin, Richard Panck; tradução 2ªed. Cristina Cavalcanti. – 2ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.

JARDINI, R. S. R. & SOUZA, P.T. de. Alfabetização e reabilitação dos distúrbios de leitura/escrita por metodologia fono-vísuo-articulatória. Pró-Fono R. Atual. Cient. [online]. 2006, vol.18, n.1 [cited 2016-08-13], pp.69-78.

MERCADANTE, M.T.Autismo e cérebro social, São Paulo: Segmento Farma, 2009.

SCHWARTZMAN, J.S. &ARAÚJO, C. A. de Trasntorno do espectro do autismo – TEA. Vários Autores– São Pulo: Memnon, 2011.

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RESUMOS EXPANDIDOS DAS APRESENTAÇÕES EM PÔSTERES

1. BOQUINHAS NA ALFABETIZAÇÃO

Rosemary Marcia de Azevedo12

[email protected] Maria Aparecida Ferreira Curilem Mardones13

[email protected] Prefeitura Municipal de Itabirito/MG

INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado tem como referencial o Método das Boquinhas. Metodologia visuofonoarticulatória, criada por Renata Jardini e aplicada em crianças de Escolas Municipais da cidade de Itabirito. Estas crianças apresentaram dificuldades na aquisição da leitura e escrita em anos anteriores. Considerando a importância da escrita e da leitura para a formação integral dos alunos, iniciamos em fevereiro de 2016 um projeto piloto, monitorando alunos em processo de alfabetização. Este trabalho testa a eficácia do Método das Boquinhas, além de oportunizar a professoras e supervisoras que trabalham com estes alunos, formação nesta metodologia, vivenciando experiências novas e ricas em estratégias sensoriais. A intervenção com as crianças continuará até o final do ano letivo de 2016, a evolução está sendo monitorada, sendo avaliados os processos de aquisição de leitura e escrita.

OBJETIVO GERAL

Verificar a eficácia da intervenção, usando o Método das Boquinhas, em crianças com dificuldades escolares no período de alfabetização.

DESENVOLVIMENTO A intervenção está sendo realizada com 36 crianças, conforme quadro abaixo:

Escola Municipal Número de alunos Ano/série

Grupo A “Laura Queiroz” 17 2ºano(14) 3º ano(3)

Grupo B “Manoel Salvador” 17 2º ano

Grupo C “Guilherme Hallais” 1 4º ano

“Pe Antônio Cândido” 1 4º ano

Total 36 Os2 alunos do 4º ano, Grupo C apresentam diagnóstico da Síndrome de Irlen . Inicialmente foi realizado um teste com o Grupo A de 17 crianças da Escola Municipal “Laura

Queiroz”. A faixa etária varia entre 8 a 10 anos completos ou a completar durante o ano. Nesse universo temos crianças com dificuldade acentuada na visão e na fala. Um dos alunos sofreu falta de oxigenação no cérebro na hora do parto. Dois alunos com laudo CIDF70 (Déficit intelectual) e CIDF90 (TDAH), sendo uma com quadro de epilepsia grave com crises noturnas. Os outros com defasagens de conceitos trabalhados na educação infantil e todos com autoestima baixíssima. Estas crianças foram avaliadas por meio do IAR ( Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização) de Sérgio Antônio da Silva Leite. Foram avaliados os seguintes critérios: esquema corporal, lateralidade, posição, direção, espaço, tamanho, quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva, verbalização de palavras, análise/ síntese e coordenação motora.

Porcentagem das dificuldades por habilidade avaliada

IAR (Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização)

12

Pedagoga, especialista em Supervisão Pedagógica, Psicopedagoga, Screneer em Síndrome de Irlen, Mediadorade Enriquecimento Instrumental, professora do município de Itabirito e Multiplicadora do Método das Boquinhas.

13 Pedagoga, especialista em Supervisão Pedagógica, Screneer em Síndrome de Irlen, Mediadora de

Enriquecimento Instrumental, supervisora do município de Itabirito e aplicadora do Método das Boquinhas.

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Analisando o resultado do teste, pode-se perceber que os pré requisitos para a alfabetização não

foram consolidados neste grupo de crianças. Assim foi organizado um trabalho tendo como base o Livro Boquinhas na Educação Infantil de Renata Jardini. Os exercícios selecionados deste livro foram aqueles que contemplam as habilidades de: consciência e habilidade corporal; consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória; desenvolvimento cognitivo; processamento vísuo-motor; processamento auditivo; habilidade espaço-temporal e treinos motores. Optou-se por trabalhar as atividades do Livro Boquinhas na Educação Infantil, no período de aulas da tarde, sendo a Escola de Tempo Integral.

As atividades de processamento auditivo do Livro Boquinhas na Educação Infantil foram encaminhadas para as aulas semanais de Música. Vale aqui expor que todos os alunos da Rede Municipal de Itabirito matriculados nas turmas do 1º ao 5º ano têm aulas de música com professores especializados como parte integrante do currículo. O planejamento das aulas de música nas turmas de alfabetização foi organizado para estimular o desenvolvimento das habilidades necessárias à aquisição da leitura e da escrita. É um trabalho de refinamento da percepção auditiva.

As atividades que trabalham o esquema corporal, a coordenação motora e lateralidade foram orientadas para as aulas semanais de Educação Física.

Durante o período regular de aulas foram trabalhados os fonemas : /a/, /e/, /i/, /o/, /u/, /l/, /v/, /p/, usando a coleção Novo Alfabetização com as Boquinhas de Renata Jardini volumes 1 e 2 com todos os 36 alunos.

Os alunos do Grupo B, “Escola Municipal Manoel Salvador”, realizam as atividades em periodo regular de aulas porque aescola não possui tempo integral.

Os alunos do Grupo C recebem atendimento individualizado em sua própria Escola uma vez por semana, usando as atividades do Novo Boquinhas na alfabetização.

Todos os 36 alunos, quando necessário, são encaminhados para triagem no CMAEE (Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado). O CMAEE é composto pelos profissionais: psicopedagogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, screneer para Sindrome de Irlen e as aplicadoras do Método das Boquinhas. Com a parceria da Saúde Municipal são encaminhados, mensalmente, alunos para avaliação oftalmológica no Centro Municipal de Especialidades. CONCLUSÃO

As crianças que trabalharam, até o presente momento, as habilidades do Livro do Boquinhas na Educação Infantil, mostraram-se mais aptas ao desenvolvimento da leitura e escrita. A professora, regente da turma, percebeu mudanças na caligrafia, lateralidade, coordenação motora fina, habilidade de percepção auditiva e de percepção do todo e das partes.

O planejamento das aulas de música, contemplando o processamento auditivo, facilitou a aliteração, a divisão silábica e a rima.

As crianças sentiram-se privilegiadas por ter um trabalho diferenciado: uso do espelho com as Boquinhas e cartaz das Boquinhas.

A intervenção propicia uma prática multissensorial para as crianças e tem contribuído para que a professora regente crie outros recursos sensoriais, estimulando os alunos em todas as disciplinas.

O desenvolvimento das crianças, a partir da intervenção pedagógica, se tornou objeto de reflexão dos profissionais envolvidos: supervisora, professora regente, monitora e aplicadora do Método Boquinhas. Trabalho em conjunto na avaliação e condução da intervenção.

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Todos os alunos apresentaram evolução nas etapas da escrita, estão na etapa do silábico qualitativo 31 alunos correspondendo a 86,1 % do total. Já estão começando a ler 11 alunos que corresponde a 44,4 %. Mas todos estão muito entusiasmados para ler. Estão sendo monitorados muito de perto e pedem ajuda quando precisam porque sempre querem fazer de acordo com as Boquinhas.

Todos os alunos tem acompanhamento individualizado pela professora, monitora e aplicadora do Método Boquinhas, desta forma eles se sentem apoiados, motivados e seguros.

NoGrupo A (Escola Laura Queiroz) dois alunos apresentam diagnóstico de comprometimento cognitivo. Ambos apresentaram evolução. Um deles avançou mais e reconhece as letras, melhorou muito a coordenação motora, percebe todos os fonemas trabalhados e os grafemas correspondentes, avançando para o nível de escrita silábica alfabética. Este aluno tem também uma deficiência visual, mas se apoia muito no suporte auditivo do Método das Boquinhas.

Do ponto de vista pedagógico o Método tem se mostrado muito eficaz. Crianças com dificuldade na percepção visual tem o suporte do auditivo e do articulatório. Como é o caso das duas crianças com Síndrome Irlen.

O Método trabalha, do mais simples para o mais complexo. Assim propicia mais segurança para estas crianças tão marcadas pelo fracasso escolar.

O professor se sente seguro porque tem um caminho bem demarcado, com rotina definida para alunos também. A rotina transmite segurança para as crianças, especialmente as mais agitadas.

A Metodologia do Boquinhas dá ao professor recursos para a mediação dos alunos. Articulando o fonema, observando-o no espelho. O registro correto dos grafemas é garantido. Não existe o erro, porque o caminho está todo sinalizado.

A intervenção será finalizada em dezembro de 2016. Mas já temos resultados que comprovam a eficácia do Método das Boquinhas em crianças que apresentaram dificuldades na alfabetização.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

JARDINI, R.S. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do aluno.colaboração de alessandra Baquete

Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolona Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria,2012.

JARDINI, R.S. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do aluno.colaboração de alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

JARDINI, R.S.; SOUZA,P.T. Alfabetização com Boquinhas . Livro doaluno. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

JARDINI, R.S.;SOUZA,P.T. Alfabetização com Boquinhas . Manual do Educador. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

JARDINI, R.S. ;SOUZA,P.T. Novos Livros Alfabetização com as Boquinhas . Livro do aluno volumes1 e 2. Colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

2. JOGOS DE BOQUINHAS NA SALA DE AULA

FARIAS SILVA DE CAMPOS, Andréa Liliane

[email protected] Escola Municipal Antonio Francisco Nunes - Balneário Pinhal/RS

É do conhecimento dos educadores que a ludicidade em sala de aula(através de jogos e

brincadeiras) faz com que a criança construa seu conhecimento de forma prazerosa e envolvente.Unir a ludicidade a uma fundamentação teórica consistente, como o Método Fonovisuoarticulatório – Boquinhas, dá suporte ao professor no desenvolvimento do seu trabalho, mediando a construção do conhecimento, tornando o aluno ativo nas situações de ensino e agente de sua aprendizagem.

Os materiais e jogos de Boquinhas propiciam treino e fixação da alfabetização, são práticos com possibilidades diversificadas de exploração, além de contribuir para resultados positivos no desenvolvimento da aprendizagem. A oficina “Jogos de Boquinhas na Sala de Aula” foi desenvolvida paracriar formas de utilizar os autênticos materiais de Boquinhas e mostrar as possibilidades riquíssimas de exploração do material por meio de atividades práticas incentivando e instrumentalizando o professor.

As atividades desenvolvidas foram adaptadas a partir das regras de “jogos em equipes” para os materiais e jogos de Boquinhas,e são apropriadas para turmas do primeiro ao terceiro ano do bloco de

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alfabetização,podendo também, ser exploradas por turmas do quarto e quinto ano se o objetivo for especificamente a consciência fonêmica para minimizar as dificuldades ortográficas.

A oficina segue a dinâmica de trabalho da Metodologia Multissensorial Fonovisuoarticulatória, primeiro se apresentou as vogais, depois seguiu-se para sílabas simples, dificuldades ortográficas e por último as sílabas complexas.

Na apresentação das vogais, as atividades foram embasadas no jogo Memória Letra, adaptado com dois conjuntos dos cartazes individuais de Boquinhas, utilizando as estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/letra) e articulatórias (articulema/Boquinhas). O mesmo seguiu para exploração das demais consoantes (L-P-V-V-T e M-F-B-N-D), optou-se por não corresponder à sequência alfabética, justamente para seguir fielmente a Metodologia do Boquinhas, que adotou esta sequência para priorizar letras de articulação mais simples, bem diferentes umas das outras e que não possuíssem confrontos de surdas e sonoras e/ou ortográficas logo no início do processo.

A oficina tem o objetivo de refletir sobre e desenvolver práticas que estimulem a consciência fonológica e fonoarticulatória dos alunos. Os Jogos de Boquinhas favorecem o desenvolvimento da consciência fonológica, e, no sentido da palavra, consciência fonológica significa conhecer os sons da língua. Conforme literaturas específicas sabe-se que, no processo de alfabetização, quando tomamos ciência dos sons aprendemos mais rápido, e o som associado a sua produção articulatória (consciência fonoarticulatória) se torna muito importante para aprendizagem do sistema de escrita alfabética (SEA).

Na sequência do trabalho, para exploração de jogos que trabalhem com as dificuldades ortográficas, explorou-se o jogo Troca-bocas, em sua forma original, sendo adaptado somente com a substituição das suas cartinhas com articulemas, pelas cartas do jogo Remata.Esta atividade foi desenvolvida com alunos do 3º e 4º anos, onde possibilitou-se desenvolver, além da consciência fonêmica e fonoarticulatória, a reflexão em cima de novas palavras, corrigir erros ortográficos com bases fonovisuoarticulatórias. Ainda para exploração das dificuldades ortográficas e sílabas complexas, optou-se por desenvolver o “Jogo da Forca” adaptado com figuras do Remata para construçao das palavras, podendo ser utilizado pistas de categoria semântica para facilitação do processo ou não.

Para fins de treino e fixação da alfabetização lançou-se mãos de jogos como “Ovo Choco” com figuras do Remata, possibilitando a consciência fonológica e fonêmica para letras iniciais. O treino e fixação da alfabetização por meio de jogos possibilita maior consistência na aprendizagem de forma lúdica.

A ocorrência de sílabas complexas é uma das últimas etapas a serem trabalhadas neste processo de Alfabetização, e um exemplo disto é o confronto entre as surdas e sonoras. Sabemos que as trocas surdas e sonoras podem ocorrer tanto na fala quanto na escrita somente ou ainda concomitantemente (fala e escrita). O início do trabalho para este fim, é auditivo e uma das formas exploradas na oficina é a adaptaçao do jogo “Dança das cadeiras” adaptado para 2 grupos especificamente, um para os fonemas sonoros e outro para os fonemas surdos. Para tal atividade será necessário lançar mão dos cartazes de boquinhas individual para identificar qual par de letras surdas/sonoras está em evidência. Como inicialmente o trabalho é auditivo, esta atividade leva o aluno a discriminar o fonema inicial ou medial da palavra falada, analisá-lo e responder se é sonoro ou o surdo dirigindo-se para as respectivas cadeiras do grupo (sonoro ou surdo).

Analisando subjetivamente, a experiência possibilitou momentos interessantes, envolventes, instigantes e alegres. Teve-se muita satisfação em proporcionar aos alunos momentos de aprendizagem prazerosa e observou-se que os professores passaram a usar os materiais e jogos do Método Fonovisuoarticulatório com maior segurança e propriedade.

Essa experiência também possibilitou o resgate dos alunos com dificuldades de aprendizagem, ou seja, repetentes e alunos ainda não alfabetizados no segundo e terceiro ano do referido bloco. Após dois meses já se constatou os primeiros resultados referente ao avanço na hipótese de escrita.

Cabe ressaltar ainda que a experiência vivida neste trabalho possibilitou contato com alunos com dificuldades e distúrbios de aprendizagem, além disso, uma turma, especificamente, tinha três alunos laudados como Deficientes Intelectuais leves, apresentando aprendizagem lenta e não fixação dos conteúdos. Foi possível constatar que a Metodologia realmente favorece a aprendizagem destes alunos, uma vez que esta abordagem alia estímulos neuropsicológicos auditivos (sons-fonemas) aos visuais (letras-grafemas) e aos cinestésicos (boquinhas-articulemas). É uma abordagem multissensorial concreta que atende a qualquer tipo de criança, pois evidenciou evolução e respostas diferentes em relação à hipótese de escrita, constatando sucesso em curto espaço de tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI,R.S. R.;GUIMARÃES, V. A.Aprender + com Boquinhas, apostilado professor. Bauru: Boquinhas

Aprendizagem e Assessoria, 2013.

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JARDINI, R. S. R.; GUIMARÃES, V. A. Novo Alfabetização com Boquinhas: Livro do Educador. Bauru: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2015.

JARDINI, R. S. R.; GUIMARÃES, V. A.; BAQUETE, A. A Construção da Alfabetização com Boquinhas, livro do professor. Bauru: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2014.

JARDINI, R. S. R. Método das Boquinhas: Alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita, Caderno de exercícios. Bauru: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2011.

3. APRAXIA DE FALA E BOQUINHAS

CAMPOS, Claudiane M.; [email protected]

A apraxia de fala vem sendo estudada com maior ênfase por estar associada ao quadro de

Transtorno do Espectro Autista. Sabe-se que 65% das crianças com este transtorno, apresenta apraxia. Apraxia de fala é um distúrbio de natureza motora. É um grave distúrbio motor na fala (neurológico) que afeta a habilidade da criança em produzir corretamente as sílabas e as palavras. Percebe-se nas crianças uma fala muito limitada e/ou ininteligível. As dificuldades estão em planejar os movimentos dos lábios, boca, língua e mandíbula para produção dos sons da fala. As manifestações são dificuldade para realizar a produção dos sons não verbais e verbais (fonemas, sílabas e palavras), sendo desconsiderado como causa a fraqueza muscular e/ou algum tipo de paralisia nos músculos da face. Relaciona-se este comportamento de fala, como sendo um “problema de ordem neurológica para planejar, coordenar e realizar a produçao dos movimentos da fala”. Pode ocorrer como resultado de impedimento neurológico de origem desconhecida, associada a desordens neurodesenvolvimentais complexas, de etiologia conhecida ou não, como se fosse um distúrbio neurogênico ou idiopático de produção dos sons da fala. Esse comportamento impacta na habilidade da criança em posicionar, temporizar a sequência dos gestos articulatórios.

Considera também que corresponde a alteração nos parâmetros de planejamento e/ou programação espaço-temporal das sequencias de movimentos e que resultam em erros na produção da fala e na prosódia. Não há relação com déficits cognitivos e/ou intelectuais. Observa-se a presença dos comportamentos do desenvolvimento cognitivo, porém há pouca ou nenhuma inteligibilidade de fala. Para a abordagem terapêutica dessas crianças indica-se o profissional Fonoaudiólogo, capacitado para tal, realize a atuação. Neste campo, compreende-se que a articulação, coarticulação e produção oral, sejam o pilar do planejamento terapêutico individualizado. Desta forma, indica-se o uso da metodologia visuofonoarticulatória, conhecida como Método das Boquinhas para a intervenção. O uso de Boquinhas estimula as áreas cerebrais necessárias para produção da fala.

A fundamentação teórica do Método das Boquinhas viabiliza e favorece a alfabetização a partir da conscientização da CFA. Assim, se torna um método oralista, fônico e articulatório de alfabetização, que além de viabilizar a aquisição da leitura e escrita pela fala, fortalece a correta articulação. Podemos afirmar, seguramente, que Boquinhas traz benefícios à memória imediata (loop – caminho fonológico), à memória de longa duração (loop– caminho articulatório), à atenção e, consequentemente, à cognição de um modo geral,melhorando as capacidades fonológicas dos usuários. Ressalta-se que ao utilizar as habilidades visuais, proprioceptivas, cinestésicas, sinestésicas e fonoarticulatórias, a criança que apresenta apraxia, compreende o processo da fala, pois concretiza-se o som que é abstrato, oferecendo o modelo de articulação com o uso dos articulemas, vídeos, espelhinho de Boquinhas, jogos e aplicativos. A criança é autora do seu aprendizado.

Para crianças que estão se alfabetizando, complementa-se com o uso dos livros. Além disso, conseguimos que a criança desperte e aprimore a habilidade de imitação com a produção não somente do fonema, mas da coarticulação dos sons da fala, do aprimoramento das habilidades de imitação oral, conhecimento do ponto e modo articulatório, reconhecimento da posição do fonema na sílaba e na palavra, reconhecimento da sílaba tônica, prosódia, associação e análise do fonema ao articulema e consciência fonoarticulatória associada às habilidades de leitura e escrita,aprimorando uma habilidade maior que denomina-se linguagem.

É importante esclarecermos que as atividades e instrumentos irão acompanhar o desenvolvimento da criança. Iniciando com vogais, consoantes, sílabas canônicas e não canônicas, pequenas frases e narrativas. O resultado atingirá além da comunicação a auto estima da criança. Lembramos ainda que todos os materiais, são de fácil acesso, podendo ser utilizado em casa, na escola e em intervenções terapêuticas.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

JARDINI, R. S. R.; VERGARA, F. A. Alfabetização de crianças com distúrbios de aprendizagem, por métodos multissensoriais, com ênfase fono-vísuo-articulatória: Relato de uma Experiência. Pró-Fono Rev. Atual. Cient., Carapicuíba: v. 9, n.1, p. 31-34, 1997.

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2010. (Livro 1, fundamentação teórica).

JARDINI, R. S. R. Método das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. (Livro 2, caderno de exercícios), São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 2ª Ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2008. 3ª Ed. Bauru: Boquinhas, 2011.

JARDINI, R. S. R. Fonoaudiologia aliada à psicopedagogia: um estudo de caso de dislexia, 2004. 132f. Monografia (Especialização em Psicopedagogia) Centro Universitário Central Paulista, UNICEP, São Carlos.

CD que contém fotos e filmes dos articulemas mais explicações com a autora sobre cada detalhe nas articulações. Trabalhamos a discriminação do fonema em posições diferentes: fonemas isolados, na sílaba inicial, medial e final.

Mini Espelho para visualização individual da boca do aluno e treino dos articulemas. O aprendiz tem posse do seu espelho, e faz uso em diversos ambientes e com diferentes atividades.

Usados para desenvolver consciência fonêmica e habilidades fonológicas necessárias à alfabetização. Reformulado e com cartelas de maior tamanho e plastificada. Com uso do aparelho, reforçamos a percepção visuofonoarticulatória.

Usados para desenvolver habilidades de memória e associação do fonema (som) com o grafema (letra), por meio do articulema. Reformulados com peças de maior tamanho e plastificada.

Para desenvolver e treinar a fonoarticulação com Boquinhas, associação fonema inicial com a figura, nomeação da figura e reconhecimento do grafema (letra inicial). Contém 3 fases com 3 níveis de complexidade cada. Lúdico, simples e divertido. Treina memória e consciência fonológica e fonoarticulatória.

Um jogo desafiante, para crianças e adultos, que aumenta o repertório léxico pela formação de novas palavras, modificando outras. Um treino para aprofundar e aplicar os conceitos de consciência fonológica e fonoarticulatória, bem como o uso de prefixos e sufixos. Proporciona a identificação do fonema correto no confronto.

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JARDINI, R.S.R; SOUZA, P.T. Alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura/escrita por metodologia fono-vísuo-articulatória.. Pró-Fono R Atual Ci, Barueri(SP), v.18, n.1, p.69-78, jan-abr, 2006.

JARDINI, R.S.R. e CALLARI, A. O dilema da desatenção. Bauru: Jardini, 2010.

JARDINI R.S.R; PAULA, A.V; BLANCO, C.T.A Facilitação da Alfabetização na Educação de Jovens e Adultos pelo Método Fonovisuoarticulatório – Boquinhas. Congresso ABENEPI 2013.

JARDINI, R.S.R e RUIZ, L.S.R. Avaliaçao dos Cursos de Capacitaçao: “Método das Boquinhas”. - Rev Psicopedagogia 2011, 28(86): 133-43.

4. DISLEXIA: ESTUDO DE CASO COM INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PELO MÉTODO DAS BOQUINHAS

ROSSETO, Tatiane [email protected] LEMES, Thalita Correia

[email protected] FALCÃO, Leandra Teixeira

[email protected] Faculdade Global de Umuarama / UNIESP

Segundo Almeida (2010) “A palavra dislexia é formada pela contraçao das palavras gregas dis que

significa difícil e lexis, palavra caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletraçao”. O método das Boquinhas pode ser um aliado na superação das dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelas crianças.

O método multissensorial busca combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita, ao unir as modalidades auditivas, visuais, sinestésica e tátil, este método facilita a leitura e a escrita ao estabelecer a conexão entre aspectos visuais (a forma ortográfica da palavra), auditivos (a forma fonológica) e sinestésico (os movimentos necessários para escrever aquela palavra) (GUTSCHOW, 2003).

Ao se deparar com crianças que apresentam problemas de aprendizagem, deve haver uma preocupação em investigar seu desempenho escolar, buscando envolver maior número de informações obtidas com professores, pais ou responsáveis. Para atingir estas informações foi realizado um estudo de caso com um indivíduo com diagnóstico de dislexia do sexo masculino, 12 anos de idade e estudante do 5º ano do ensino fundamental. O objetivo foi avaliar dentro do contexto fonoaudiológico esse indivíduo disléxico, investigando as habilidades neurolinguísticas envolvidas no processo de leitura e escrita, e a sua evolução por meio da intervenção fonoaudiológica pelo Método das Boquinhas Fonovisuoarticulatório.

Foi realizada a avaliação no início do tratamento para comparar o desenvolvimento do paciente. O paciente foi atendido em doze sessões de terapia, realizadas na Clínica Escola da Faculdade Global de Umuarama, onde foram divididas em três sessões por semana e a duração da terapia foi de quarenta e cinco minutos por sessão.

O método utilizado foi o PLIN (Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística), Método das Boquinhas, onde Jardini e Ruiz (2014), explica que, esse método é multissensorial, utiliza-se de estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/letra) e articulatórias (articulema/boquinha), tornando assim, concreto o processo de aprendizagem em salas de aula e consultórios.

Os resultados serão apresentados em forma de tabela, mostrando todos as habilidades avaliadas, classificando-as em presente ou ausente.

A tabela 1 demonstra as dificuldades que o paciente possui em relação as habilidades de consciência fonológica.

Tabela 1. Habilidade de consciência fonológica - avaliação segundo protocolo PLIN desenvolvido por Jardini e Ruiz (2014).

Avaliação de Protocolo Presente Ausente 1 - Soletração X

2 - Aliteração silábica e categoria semântica X 3 - Rimas X

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A tabela 2 demonstra as dificuldades que o paciente possui em relação as habilidades visuo-

espacial.

Tabela 2. Habilidade visuo-espacial - avaliação segundo protocolo PLIN desenvolvido por Jardini e Ruiz (2014).

Avaliação de Protocolo Presente Ausente 1 - Percepção visual X 2 - Coordenadas linha/coluna X

3 - Cópia de figuras X

A tabela 3 demonstra as dificuldades que o paciente possui em relação as habilidades de

leitura/escrita. Tabela 3. Habilidade de leitura/escrita - Avaliação segundo protocoloPLIN desenvolvido por Jardini

e Ruiz (2014).

Avaliação de Protocolo Presente Ausente 1 - Escrita espontânea X

2 -Associação fonema/grafema/articulema X

3 - Rota fonológica e lexical X A tabela 4 demonstra as dificuldades que o paciente possui em relação as habilidades de memória

imediata. Tabela 4. Habilidade de memória imediata - Avaliação segundo protocoloPLINdesenvolvido por

Jardini e Ruiz (2014).

Avaliação de Protocolo Presente Ausente 1 - Nomeação rápida de figuras X

2 - Memória visual e auditiva X

3 - Repetição de frases X

A tabela 5 demonstra as dificuldades que o paciente possui em relação as habilidades de

cognição.

Tabela 5. Habilidade de cognição - Avaliação segundo protocolo PLINdesenvolvido por Jardini e Ruiz (2014).

Avaliação de Protocolo Presente Ausente 1 - Encontrar figura por dica X

2 - Formação de frases por figuras X 3 - Noções matemáticas X

O Método das Boquinhas fonovisuoarticulatório foi desenvolvido pela primeira autora da pesquisa

com o intuito de alfabetizar e reabilitar os distúrbios da leitura/escrita. O jogo Lince de Boquinhas foi idealizado para conhecer e treinar percepção visual, consciência fonológica, memória imediata, memória visual e auditiva, funções visuoespaciais, cognição e leitura/escrita, dentre outras.

Após a aplicação do PLIN foi iniciado a intervenção fonoaudiológica clínica por meio do Método das Boquinhas. A programação de estratégias e atividades foi sendo definida a cada sessão pela terapeuta, à partir dos resultados obtidos com os conteúdos trabalhados da sessão anterior.

Durante as primeiras sessões o paciente interagiu facilmente com as atividades propostas, mantendo boa postura, compreendeu ordens verbalmente, manteve sequência e coerência na conversa, colaborou adequadamente durante a avaliação, respeitou ordens, teve tolerância à frustração sabendo ganhar e perder, fez uso do espelho das Boquinhas com interesse mediante mediação, usou as Boquinhas para ler e escrever, assim mostrando maior segurança ao ler e escrever após mediação com Boquinhas, pois tinha muita dificuldade em compreender o enunciado da atividade proposta, assim consequentemente

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muita dificuldade em escrever e ler a resposta da atividade, onde já deveria ter as habilidades linguística-cognitivas necessárias para o processo de alfabetização dentro de um sistema de escrita alfabética.

À partir da quarta sessão, o paciente já estava com menos dificuldade na compreensão das atividades propostas e realizava com mais facilidade utilizando o espelho e as Boquinhas do Método das Boquinhas.

Após a quinta sessão de terapia por intervenção fonoaudiológica pelo Método das Boquinhas o paciente já interpretava o enunciado e respondia dentro do contexto, assim não apenas decodificando ou memorizando as informações, e sim se tornando coautor do seu próprio conhecimento, compreendendo, criando e expondo suas ideias.

Após a sétima sessão de terapia, o paciente conseguiu promover uma leitura e posteriormente uma escrita com maior prazer, consistência e eficácia, assim com maior velocidade para a sua aquisição.

Assim, foi possível observar, após a intervenção fonoaudiológica, que algumas habilidades foram desenvolvidas, tornando-as presentes, sendo elas: soletração, rimas, coordenação linha/coluna, associação fonema/grafema/articulema, nomeação rápida de figuras e repetição de frases.

De acordo com Jardini (2009), o trabalho fonoaudiológico é importante para o indivíduo disléxico, proporciona esperança aos pais, educadores e para as próprias crianças que não se enquadram em salas comuns e são julgadas como crianças inaptas para o aprendizado de leitura/escrita. É forçoso reconhecer, pois, que a educação de cada época foi eficiente a seu tempo, e que o foi deixando de ser à medida que novas exigências foram impondo-se no cenário da vida social (NÈRICI, 1992).

As propostas de trabalho que o método das Boquinhas apresentada, sugere o desenvolver um caráter lúdico, estabelecendo uma positiva relação com a aprendizagem, buscando elevar a autoestima, conscientizando o indivíduo sobre suas habilidades e potencialidades (JARDINI, 2009).

Verificou-se que o indivíduo apresentou dificuldades em todos os cinco blocos de habilidades aplicadas pelo PLIN e que após a intervenção fonoaudiológica apresentou melhora significativa na leitura e escrita, assim nas habilidades de consciência fonológica, visuo-espacial, memória imediata e cognição.

Pode-se observar a importância da intervenção fonoaudiológica com ênfase na percepção da articulação durante a produção dos fonemas, associada ao método multissensorial, com o indivíduo disléxico. Sendo que, o método facilitou a assimilação do indivíduo contribuindo para os atributos essenciais e correlatos para a aquisição da alfabetização.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, D. Como Lidar com a Dislexia na Escola. 2010. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/como-lidar-com-a-dislexia-na-escola/37938/>. Acesso em: 15 de novembro 2015.

GUTSCHOW, C. R. D. Dislexia do Desenvolvimento: Intervenção e Prevenção. 2003. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp>. Acesso em: 15 de novembro 2015.

JARDINI, R. S. R. Passo a Passo da Intervenção nas Dificuldades e Distúrbios da Leitura e Escrita: abordagem pelo Método das Boquinhas. São José dos Campos: Pulso, 2009.

JARDINI, R. S. R.; RUIZ, L. S. R. Protocolo Lince de Investigação Neurolinguística. 2014. Disponível em:<http://loja.metododasboquinhas.com.br/p/73/kit-plin-completo-lince>. Acesso em: 17 de novembro 2015.

NÈRICI, I. G. Metodologia do Ensino. São Paulo: Atlas, 1992.

5. MAPA DE IDEIAS NO MATERNAL

CHAGA BEZERRA, Maisa [email protected]

FERNANDES, Clarinda [email protected]

SALGUEIRO, Girlayne [email protected]

Instituição Colégio Renascer- Cuiabá MT O presente trabalho aborda a implantação da metodologia Mapa de Ideias no Maternal utilizando o

método das Boquinhas para estímulos no desenvolvimento das habilidades necessárias para a fase abordada. As etapas no processo de desenvolvimento de competências e habilidades, bem como da compreensão de leitura e escrita através do lúdico.

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A atividade originou-se a partir da observação que, a proposta poderia adequar-se na turma do

Maternal – Educação infantil com crianças de dois e três anos, levando os alunos a imaginarem e criarem as situações de leitura a partir do conto infantil. Nesta atividade foi possível desenvolver as habilidades de processamento auditivo relacionadas à consciência dos sons do ambiente, da natureza dos ruídos corporais, interpretando, selecionando, decodificando e associando as informações auditivas, começando com o áudio da historia do patinho feio, https://www.youtube.com/watch?v=oYi6Q7YTWzU, ouvida sem pista visual, estimulando o auditivo, explorando a linguagem oral dos alunos na recontagem do conto por eles mesmos, sendo verificada a compreensão textual conforme os objetivos a serem alcançados com a narrativa. Contavam a historia conforme o entendimento, responderam na oralidade perguntas; provocando as crianças a destacarem os sons que apareciam na história, lugar do acontecimento, os personagens, relatando todo o enredo histórico. As crianças identificaram e imitaram o som dos animais e os tipos de vozes variados no qual ouviram, estimulando assim consciência fonológica, analisando os sons envolvidos, através dos diferentes sons e estímulos multissensoriais. Sempre favorecendo a explorar a espontaneidade na oralidade da criança, todos participaram, sendo estimulados os mais tímidos e equilibrando os mais expressivos, oportunizando cada criança a participar respeitando sua personalidade com estímulos necessários para avanços.

A etapa seguinte foi à apresentaçao do conto infantil “O patinho feio”, pela professora, utilizando gravuras, um momento de encantamento e estímulos, pois durante a verbalização usou a entonação da voz adequada para os alunos, ressaltando cada som destacado no áudio do conto; e eles puderam imaginar criar e responder aos estímulos sonoros através da expressão corporal, onde os movimentos aconteciam, visando otimização de todos os potenciais da criança. Os olhares e ouvidos atentos a toda e qualquer situação inusitada e esperada fez com que em cada momento e fase pudessem desenvolver a habilidade proposta e estimulada. Com consciência corporal a criança vivenciou e experimentou diversas sensações e percepções, além dos movimentos, obtendo domínio e autoconsciência favoráveis a aprendizagem; ela foi estimulada com movimentos dos verbos que apareceram na história, apresentados através de mímicas no pátio do colégio, com auxilio da pista visual, onde a criança observava o gesto do educador, com o desafio de descobrir qual ação praticada e repetir a ação, estimulando assim o cognitivo, onde refletiu, pensou e elaborou linhas de raciocínio.

Na medida em que trabalhou os verbos existentes no enredo como nadar, andar, cantar, voar, a imaginação das crianças aflorava cada vez mais tornando a aula harmoniosa e enriquecedora, ali estavam contribuindo com a sequencia da história. Foi proposto cada criança fazer uma frase da ação trabalhada, se colocando no processo, elaborando frase com situações adequadas, encontrando soluções e optando por qual ação gostaria de expor. Ex. João foi nadar com papai no rio. Para estímulos das habilidades visuomotoras foi colocado no quadro às cenas da historia fora da sequencia, com objetivo de organizar conforme aconteceu na história, com o desafio da cabeça ficar parada e só os olhos se moverem horizontalmente, e após a organização as crianças foram submetidas a fazer desenhos de cada cena em papel A3, devido sua idade o espaço do papel deve ser adequado, sendo observado qual a mão dominante e a identificação de crianças que ainda não teria esse domínio, para estímulos e treinos adequados.

O desempenho e interesse foi surpreendente. O resultado final foi o esperado, pois houve o cumprimento das atividades planejadas e percebendo o desenvolvimento das habilidades destacadas com compreensão e ação das crianças diante da proposta, preparando-os para etapas seguintes no processo de construir e compreender a leitura e escrita respeitando as fases de forma lúdica.

A proposta do Mapa de ideias veio somar e agregar valores e aprendizados recíprocos, considerando que dá certo, basta a dedicação e o olhar diferenciado, amplo, de que a criança é capaz de desenvolver e compreender a realidade que o cerca. O trabalho tem como proposta ser desenvolvido pelo menos uma vez ao mês, estimulando e intervindo quando necessário quando apresentar dificuldades no desenvolvimentos das habilidades propostas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Jardini, Renata Savastano Ribeiro– EAD Educação Infantil, Mapas de Ideias,

Jardini, Renata Savastano Ribeiro– Livro Boquinhas no desenvolvimento Infantil Professor

You tube – disquinho -https://www.youtube.com/watch?v=oYi6Q7YTWzU

Jardini, Renata Savastano Ribeiro– Método das Boquinhas

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6. APLICABILIDADE LETRA R E SEUS SONS

CHAGA BEZERRA, Maisa

[email protected] LUANA RIBEIRO, Lívia

[email protected] Instituição Colégio Renascer- Cuiabá MT

A descoberta na aplicabilidade do uso da letra R através da metodologia Método das Boquinhas

desenvolve a compreensão da letra abordada. Facilita adulto e crianças no uso da letra R, a proposta é desenvolvida valoriza o som e articulemas, deixando o decorar para compreendê-lo. Apresenta-se a boca (articulema), o nome da letra – erre - e o fonema /R, é feito com a boca aberta, o som é raspado na garganta com a ponta de língua para baixo, sentindo a vibração da garganta; inicialmente o explorando o visual através do espelho, propõe para cada criança observar sua boca. Exagere ao pronunciar cada palavra mostrando o movimento articulatório onde a boca está entreaberta e o som sai raspando na garganta, com a ponta da língua para baixo no -R-, não soletra palavra, fale-a mais devagar. Apresente a boquinha da letra junto do grafema. Para fixar o aprendizado explore figuras com R inicial e apresente figuras em R, para identificar ausência/presença desse fonema. Importante ensinar o traçado espacial da letra corretamente visualizando e verbalizando, “inicia em cima, descer e voltar a subir, faz uma barriga em cima e puxa uma perninha para baixo”, respeitando o angulo da letra, onde auxiliara no processo de leitura.

A grafia do R deve ser cuidada para que, na letra manuscrita minúscula(r), evita-se traçar a curva superior á esquerda com proeminência, pois, se exagerada, pode ser confundida com a letra (e). Essa letra é chamada de R forte e deve ser treinada com atenção, pois vai propiciar dupla ocorrência ortográfica para o mesmo som: R inicial e RR(dígrafo), que aparecendo o som no meio da palavra ou na silaba final ganha mais um R; e deve-se trabalhar a separação silábica desse dígrafo, em que os RR devem ficar separados em duas silabas diferentes. Ex. carro – car-ro.

Na maior parte das regiões brasileiras, esse fonema é feito raspando-se a garganta(som faríngeo), por isso utilizamos a mão na vertical, sinalizando arranhar, como garras. Algumas regiões brasileiras possuem essa pronuncia com língua erguida atrás dos dentes superiores, vibrada. Uma ocorrência geralmente proporcionada pela influencia estrangeira nas colonizações, principalmente no sul do país. Isso é regionalismo, reforça-se que nao há certo ou errado quando o “sotaque” é analisado. Há alguns regionalismo onde essa pronuncia é feita com (r) brando no lugar do R forte, em termos fonológicos, essa ocorrência não existem na língua portuguesa e deve ser evitada na fase de alfabetização; rATO, ou BArIGA, pois induziria o erro e á troca de letras.

Utilizamos do treino da consciência fonêmica e fonoarticulatória da letra –R-, usa-se figuras para este treino, fortalecendo a consciência do som e onde ele aparece, não utilizamos palavras, visto que, a pista visual facilita o processo não deixando consolidar o conhecimento. R fraco – sua pronuncia com a ponta de língua e seus rebordos elevados, projetando-se ao fundo do céu da boca, lembrando uma pronuncia caipira. Esse movimento é bem rápido e frágil, (por isso é considerado fraco) e se difere do R garganta, que tem a ponta da língua abaixada. Evite não pronunciar o r brando vibrando a ponta da língua para não gerar erro, fazendo confundir com RR. Esse som nunca aparece no inicio da palavra(apesar de no inicio termos apenas um R) e isso é uma característica da língua, que devemos memorizar. O r fraco sempre estará entre vogais. Fazemos os confrontos dos R/r para checar a aprendizagem, o confronto vai explicitar, além da diferença do som (R/raspa a garganta, enquanto /r/ faz o som mais caipira), sua articulação, que é a melhor forma de não errar. O /R/ não sobe a língua, enquanto o /r/ sobe. Observe essa distinção mantém-se nos ARRA e ARA entre as vogais.

Faça um treino dessa aprendizagem, inicialmente articulatório, depois auditivo e, somente por último, escrito. O erro construtivo ajuda na fixação da aprendizagem, utilize-o somente na oralidade, nunca na escrita, pois a escrita consolida o conhecimento. Use palavras ou frases com erros para fazer a correção, livros e site de boquinhas têm vários exemplos.

Dicas que favorecem: a mão na garganta para perceber se a letra é surda ou sonora, ficando evidente a importância do som que diferenciará da letra R fraco que denomina-se ponta de língua. Com o treino da consciência fonêmica facilita a aprendizagem, destacando que o som forte do R, produzido na garganta, aparece também no meio das palavras, apresentando os dois RR, um dígrafo, duas letras com o mesmo som, com uma só boquinha, sempre usado entre as vogais, qualquer uma delas. Com ouso do R fraco, observa-se a posição da língua na boca, R fraco a língua sobe, e R forte a língua fica em baixo. Com o confronto dos R forte e R fraco, consolida a aprendizagem.

Percebe-se que a metodologia abordada traz uma compreensão e segurança no processo,sendo

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eficaz na solução dos problemas do uso da letra R, auxiliando a aquisição da leitura e escrita de forma mais lúdica. Dentro de todo o processo consegue identificar o uso do R no inicio;2 RR = R (entre vogais); 1R= R(entre vogal e consoante); 1 R = r(entre vogais), facilitando o domínio da aprendizagem. Trabalhar com o método das boquinhas proporciona segurança na aprendizagem, poi o enfoque multissensorial possibilita compreender melhor a diferença entre os R, RR. Concretizando o processo ensino e aprendizagem, o método da boquinha associa o som das letras à boca que pronuncia. Assim, associar o som à boca, ou seja, o fonema ao articulema, ou gesto articulatório, ocorre por um processo natural, concreto e coerente. Através das inúmeras atividades proposta do livro de boquinhas, facilita ao aluno a compreensão, sabendo diferenciar o som e a boca em suas atividades proposta no livro do aluno.

O aluno passando por todos os processos que o método proporciona, consegue no final, diferenciar os sons e identificando, na escrita e falada quando citada a palavra com os /R, /RR/. Só é possível atingir o sucesso da compreensão dos /R, /RR/, é o sinestésico (sentir) que provém dos sentidos. Resultando em uma aprendizagem prazerosa e significativa fazendo a diferença na aprendizagem.

R ARA

BIBLIOGRAFIA

Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Novo alfabetização com as Boquinha: livro educador

Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Boquinhas no desenvolvimento Infantil: livro professor

Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Curso EAD Treino Novo alfabetização com Boquinhas

7. A EVOLUÇÃO DE ESCRITA DE UM ADOLESCENTE COM SÍNDROME DE DOWN

ELGERSMA, Jeanine C. [email protected]

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Jaguariaíva, Paraná

INTRODUÇÃO Nas APAE’s (Associaçao de Pais e Amigos dos Excepcionais) podem ser encontrados diferentes tipos de comprometimentos cognitivos, ligados ou não a uma síndrome. O trabalho de alfabetização nas escolas especiais sempre foi e é uma grande dificuldade encontrada pelos professores. Observamos muitas vezes que professores não conseguem seguir uma única metodologia de trabalho (propedêutica pedagógica), seja pelo nível de comprometimento cognitivo que o aluno apresenta, seja pela falta de domínio do método por parte do professor, ou mesmo por falha da própria escola.

Realizou-se um trabalho de alfabetização numa Escola de Educação Básica na modalidade Educação Especial no município de Jaguariaíva/PR utilizando-se um método de alfabetização multissensorial, o Método das Boquinhas, mostrando sua eficiência no trabalho com alunos na rede especial de ensino, no período entre março de 2012 e março de 2013. Os alunos participantes já haviam sido matriculados em outras escolas na modalidade educação especial ou não, porém, sem sucesso na aprendizagem da leitura e escrita. Focamos aqui, a evolução de um pré-adolescente com Síndrome de Down, M.C. Foram obtidos resultados na leitura e escrita, através da aplicação de provas que avaliaram o nível de construção da escrita, associados a registros de imagens. O intervalo utilizado para a realização das provas foi no início do ano letivo, no final do mesmo ano letivo e no início do ano letivo seguinte, com evoluções significativas, tanto no traçado quanto no nível de escrita.

OBJETIVO GERAL

Analisar os resultados no desempenho da leitura e escrita numa sala de aula, em uma escola de educação básica, modalidade educação especial, utilizando-se uma metodologia multissensorial, o Método das Boquinhas.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Verificar a evolução no desempenho da leitura e escrita de um aluno com Síndrome de Down, durante um ano letivo.

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METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS Foi selecionado um aluno, com diagnóstico clínico da Síndrome de Down, de um grupo

composto por 09 alunos, entre 10 e 16 anos de idade, devidamente matriculados numa Escola de Educação Básica – Modalidade Educação Especial, na cidade de Jaguariaíva/Pr, todos com diagnóstico de deficiência intelectual. Parte destes alunos já frequentaram a classe especial ou regular do ensino comum, inclusive o aluno em questão, porém, todos sem sucesso na aprendizagem da leitura e escrita. Participou deste trabalho, uma professora especialista em educação especial inclusiva e com o curso de capacitação plena pelo Método das Boquinhas e uma fonoaudióloga, multiplicadora do Método, que assessorou o trabalho realizado.

No início do trabalho, em abril de 2012, todos os alunos passaram por uma avaliação para que fosse analisado o nível de construção da escrita e os pré-requisitos necessários para o processo de alfabetização. A avaliação utilizada, foi elaborada pela autora e idealizadora do Método das Boquinhas, dra. Renata Jardini. Abaixo duas imagens da primeira avaliação realizada por M.C.:

Após análise das avaliações, optou-se pelo uso dos seguintes materiais: Boquinhas na Educação

Infantil (Jardini e Gomes, 2007) e Alfabetização com as Boquinhas (Jardini e Gomes, 2007). O trabalho de leitura e escrita foi realizado diariamente, durante as primeiras duas horas de aula do dia. Após este horário, era trabalhado o restante do conteúdo do Currículo Escolar, utilizando-se ou não Boquinhas.

Uma segunda avaliação foi aplicada em novembro de 2012. Aplicou-se a mesma avaliação utilizada no início do ano, isto para que se pudesse fazer o comparativo do desenvolvimento da escrita. Abaixo as imagens da segunda avaliação de M.C.:

Verificando-se uma evolução satisfatória, por parte de M.C., decidiu-se aplicar mais uma avaliação,

esta um pouco mais complexa (também de autoria de JARDINI), em dezembro de 2012, as imagens abaixo:

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Para que se pudesse comprovar que houve retenção de conteúdo, em fevereiro de 2013 foi novamente aplicada a avaliação utilizada em dezembro de 2012. Esta ação foi tomada, porque muitos professores da educação especial se queixam de que após as férias escolares (dezembro e janeiro), seus alunos não se lembram mais do que lhes foi ensinado, principalmente no que tange a leitura e escrita. Veja as imagens abaixo:

DISCUSSÃO E RESULTADOS Como mencionado anteriormente, o trabalho teve início logo após a aplicação da primeira avaliação. Observou-se durante o período trabalhado que tanto os alunos, quanto a professora tiveram um alto nível de motivação, sendo que o número de faltas às aulas durante o ano letivo foi baixo, se comparado ao ano letivo anterior. Se compararmos todas as imagens, observamos que há uma evidente evolução tanto no traçado da escrita, quanto ao nível de escrita. A professora ainda refere que, durante o trabalho realizado, observou uma melhora na auto-estima de M.C. e seus colegas, bem como na articulação de fala, tornando sua fala mais inteligível. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo apresentou o resultado de um trabalho realizado numa Escola de Educação Básica – Modalidade Educação Especial, dando ênfase à evolução da leitura e escrita de um pré-adolescente com diagnóstico clínico de Síndrome de Down. Além da evolução na leitura e escrita, podemos afirmar também que, este aluno nao “esqueceu” o conteúdo trabalhado, durante o periodo férias, pois a última avaliação realizada em 2012 foi reaplicada em fevereiro de 2013, logo no início do ano letivo. Diante estes resultados, podemos afirmar que é possível sim, obtermos resultados positivos no trabalho de alfabetização em crianças com um déficit cognitivo. Sabe-se que o trabalho realizado com este alunado exige mais tempo, estudo e dedicação, porém, o processo de alfabetização não é impossível. Fato importante é que quando se realiza um trabalho multissensorial, há vários “inputs” neurossensoriais, estimulando-se várias áreas do cérebro ao mesmo tempo, havendo melhor resultado de trabalho. Vale ressaltar aqui que no trabalho em sala de aula, é necessário uma sequência, não basta o professor selecionar atividades para serem trabalhadas, é de suma importância que o professor siga uma metodologia adequada dar continuidade ao trabalho e obter resultados. BIBLIOGRAFIA

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro; GOMES, Patrícia Thimoteo S. Alfabetização com as boquinhas: método fono-visuo-articulatório: livro do educador. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2007.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Método das Boquinhas:Alfabetização e Reabilitação dos Distúrbios da Leitura e Escrita: fundamentação teórica, livro 1.4.ed. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo, 2007.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro; GOMES, Patrícia Thimóteo de S. Boquinhas na educação infantil: livro do aluno.1.ed. Araraquara,SP: Graphset, 2012.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Provinha 2.pdf. emhttp://www.metododasboquinhas.com.br/ExemplodeAtividadesdeBoquinhas.aspx

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Provinha 3.pdf. emhttp://www.metododasboquinhas.com.br/ExemplodeAtividadesdeBoquinhas.aspx

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8. QUEBRANDO PARADIGMAS SOBRE A CAPACIDADE DO APRENDIZ.

Maria Helena S. Fonseca14 [email protected]

Em base nas discussões da psicanalista Anny Cordié, no livro “Os Atrasados Nao Existem” (1996),

em que muitas crianças, passam pela difícil experiência de abandonar sua turma escolar porque não conseguem acompanhar os conteúdos e que muitas vezes inclusive, não conseguem ao menos interagir com a turma em termos de adaptação e precisam frequentar classes de recuperação e permanecer de qualquer forma atrasados, sendo discretamente discriminados sob a etiqueta “fracasso escolar”, tal situação crítica é decorrente de um enorme sofrimento psíquico, ou seja, corresponde a um sintoma que precisa ser compreendido.

O que ocorre é que na maioria das vezes, somente se rotula, mas não se compreende o diagnóstico, não se investiga, nessa pesquisa se discute a ideia de investigação nos mais variados ângulos.

As inibições podem se manifestar em diferentes campos, como explica Freud, apud Anny (1996) no entanto nessa conversa nos ateremos a inibição intelectual, que consiste na negação inconsciente a aprendizagem por algum fator que o desencadeou e que precisa ser tratado.

Entendemos que o sujeito se constrói perseguindo ideais que se apresentam a ele no decorrer de sua existência. Ele é assim, o produto de suas identificações sucessivas, que formam a trama do seu ego. Esses são ideais essencialmente aqueles que seu meio sociocultural de sua família, esta mesma marcada pelos valores da sociedade a qual pertence.

Como se forma esse sintoma? Cordié (1996) revisa os fatores implicados no fracasso escolar - aspecto sociocultural, conflitos familiares, sistemas pedagógicos, deficiência intelectual- e constata que nenhuma dessas causas, por si mesma, é suficiente para explicar o fracasso, até porque no contexto atual em que vivemos podemos dizer que o fracasso escolar se tornou sinônimo de fracasso de vida.

Entende-se a partir desse viés que para que a criança aprenda ela precisa ter o desejo de aprender, ora ninguém pode obrigar alguém a desejar, e que segundo as teorias lacanianas a demanda pode esmagar o desejo de aprender em algumas patologias.

O desejo de saber e a necessidade de compreender estão dentro do individuo e vão se prolongar através de inúmeras perguntas, a curiosidade, o prazer da descoberta e a aquisição de conhecimento fazem parte da dinâmica da vida. Da aprendizagem pelo jogo, ela deve passar no decorrer da infância a uma outra forma de saber, aquele que a escola oferece. E é frequentemente nesse momento que a mecânica emperra, há uma recusa inconsciente de aprender, de entrar em um novo sistema de aquisição de conhecimento

Esse desejo de saber, que Freud assimila a uma pulsão, a pulsão epistemofílica, é inibida, há uma suspensão dos investimentos cognitivos, inversão da pulsão( o nada saber, equivale ao nada comer do anoréxico). Em inibição, sintoma e angustia, Freud define a inibiçao como a “ expressao de uma limitaçao funcional do ego que pode ter origens diferentes.

Nunca há uma causa única para o fracasso escolar;há sempre a conjunção de várias causas que, agindo umas sobre as outras, interferem. Essa interação, com seus efeitos de bumenrangue, lembra uma espécie de circulo viciosos, com a dificuldade, quando não a impossibilidade, de sair dele num determinado momento.(Cordié, 1996).

Podemos elencar algumas reações da criança diante dessas dificuldades, e a primeira delas é que dependendo da criança é que ela não fica passiva diante dessa não aprendizagem, e pela situação de malogro e de exclusão, ela reage por meio de distúrbios de comportamento. Para compensar esse fracasso, ela procura se fazer notar de outra forma que não os escolares, banca o palhaço, o autoritário, o agressivo, a fim de recuperar um certo prestígio junto aos colegas. Se essas condutas desviantes se perpetuarem acentuam a rejeição, que pode chegar a rejeição social, delinquência e marginalização.

Outra maneira de manifestação da criança em meio ao fracasso escolar vivido por ela é aceitar esse fracasso, esse sofrimento ela o faz seu, torna-se mau aluno, instala-se numa posição passiva masoquista, será rotulada como um individuo com déficit intelectual e se investigada e trabalhada muitas vezes se descobre que não tem nada disso.

14

Graduada em Pedagogia pela FACIPAL – Palmas -PR, Especialista em Educação Especial pela FACIBEL - Francisco Beltrão – PR. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional pela ISULPAR. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico pela FACINTER. Formanda em Psicanálise pela Sociedade Psicanalítica do Paraná.

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Além dessas reações da criança pode-se destacar as reações das pessoas envolvidas, família e escola, que vai desde a indiferença, a desaprovação, a medicação e o abarrotamento de atividades para ocupar esse sujeito e fazê-lo aprender alguma coisa, mas salienta-se que tudo deve ser nadose certa, falo em dose certa porque tudo o que é excesso, sobra, mas o que é pouco, falta e faz mal.

O importante disso tudo, é que no decorrer dessa reflexão a autora mostra que os atrasados lhes ensinaram, e com eles aprendemos que “eles os atrasados nao existem”.

E diante dessa colocação e dessa pesquisa casamos bem o caso abaixo de uma criança que prova ser vitima de uma demanda que esmaga o desejo de aprender, quando todos acreditam que é fraco, sensível e que protegem tanto porque essa porcelana é tão frágil que pode quebrar a qualquer momento.

ESTUDO DE CASO J. é uma criança do 2º ano anos iniciais, que já passou por vários encaminhamentos e

intervenções, sem sucesso e então avaliado pela psicóloga e equipe pedagógica foi diagnosticado com deficiência intelectual, e em consonância com a família encaminharam o menino para a escola especial já que não estavam dando conta dessa fragilidade .

Este chega na escola especial com a queixa de que pouco se comunica, não realiza as atividades, chora muito e sempre que solicitado que realize as atividades propostas pelo educador chora , é sensível e não aprende.

Realmente percebe-se uma criança insegura, que precisa se auto afirmar o tempo todo, não sabia realmente nem o nome das letras, percebeu-se que a insistência e talvez a persistência da professora em tentar fazê-lo gravar o alfabeto ensinou-lhe memorizar a letra do alfabeto ligada a uma figura com a letra inicial do alfabeto, e este associou a figura e não a letra, nem o som, por exemplo no alfabeto inteiro ele dava o nome de uma palavra inicial. Para a letra A era abelha, B) bola, C) cavalo, D) dado e assim sucessivamente até a Z) zebra.

J. é uma criança que vive somente com o pai, vive o trauma do abandono pela mãe e na escola, sente-se alguém fracassado , e fragilizado como alguém que nunca acerta.

Na escola especial ele começa a viver situações confortáveis porque as atividades oferecidas para ele eram de acordo com sua capacidade, dificuldade e potencialidade através do método multissensorial, fonovisuoarticulatório. O som da letra e sua articulação em que se usa o instrumento que todos possuem para alfabetizar que éa sua boca.

Ele foi trabalhado pela professora Rosa Elizabete dos Santos, conhecedora do método,capacitada pela multiplicadora autora deste estudo de caso, e levam-no a perceber que cada letra tem um nome, mas que tem um som e uma boca, e essa articulação faz toda diferença na vida desse menino, diagnosticado com deficiência intelectual, mas que com um ano de trabalho com Boquinhas saiu da fase da escrita de Emilia Ferreiro, pré silábico para silábico e hoje entrando para silábico alfabético, pois já entende que para escrever BOLA, não dá apenas para escrever OA, mas entende que tem mais que uma boca e mais de um som e então já iniciou a BOLA, palavra simples, mas que para uma pessoa com deficiência intelectual com baixa auto estima, ele já é um vencedor demonstrando um desejo de aprender e a mostrar a que veio.

Acreditar em si mesmo o faz desejar, o desejo é uma pulsão de vida, é uma busca constante que faz crescer, viver lutar, o que estava acontecendo com J. na escola comum era uma demanda de fracasso, de desvalorização, de medo, sufocando o desejo de aprender, não havia motivo, força e desejo de vencer, pois nunca conseguia acompanhar nenhum colega da sua idade, que realizavam as atividades com louvor, e recebiam aplausos da professora, e na reunião de pais ele era sempre o mau aluno, o que não aprende, a frustração de um pai, que ouve que esse menino não vai para frente , não consegue, já tentaram de tudo.

Boquinhas, método multissensorial é pulsão de vida, para as pessoas que possuem dificuldade de aprendizagem e que não conseguem avançar com métodos tradicionais ele é inovador, e mostra que todos conseguem, que independe do tempo, eles os atrasados não existem.

REFERÊNCIAS

CORDIÉ. Anny, Os Atrasados Não Existem- Psicanálise de crianças com Fracasso Escolar.Ed Artemed. Porto Alegre.1996.

Russo, Maria de Fátima. Maria Inês Aguiar Van. Alfabetização um processo em Construção. Editora Saraiva. São Paulo.2001.

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9. ATIVIDADES PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E COM DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO COM O MÉTODO DAS BOQUINHAS

Maria das Graças Fernandes Koga15 [email protected]

Mayumi Yabe Terao16 [email protected]

Adriana Manfrim17 [email protected]

INTRODUÇÃO

Quando o processo de alfabetização inicia na vida de uma criança, espera-se que ocorra com sucesso, porém muitas não conseguem se alfabetizar. As causas e motivos são diversos e, entre eles, podemos destacar os problemas cognitivos, Síndrome de Down, Transtornos de aprendizagem, Distúrbios de leitura e escrita, entre outros.

Diante disso, há uma preocupação por parte dos professores que estão empenhados no processo de aquisição da leitura e a escrita que, muitas vezes, não sabem lidar com as dificuldades de aprendizagem que as crianças apresentam e acabam rotulando-as. No entanto, na verdade, pode ter ocorrido a falta de adequada estimulação (JARDINI, 2010). Acredita-se que muitas dificuldades seriam minimizadas ou evitadas se os profissionais da educação e das áreas afins tivessem um olhar mais atento para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil, antes do início do processo de alfabetização.

Com a evolução da espécie humana, a boca que antes tinha função apenas neurovegetativa (sucção/mastigação) passou a ser utilizada para a fala, desenvolvendo a partir daí a comunicação oral e depois a escrita.

O Método das Boquinhas (fonovisuoarticulatório) é um instrumento facilitador para transferir os sons ouvidos pela fala, para a escrita (fonema/grafema), desenvolvendo assim a rota fonológica, base fundamental para a alfabetização.

De acordo com Simonetti (2007), etimologicamente, o termo alfabetização significa levar à aquisição do alfabeto, ensinar as habilidades de ler e escrever, processo de aquisição do código escrito e das habilidades de leitura e escrita.

Soares (2003) esclarece que aprender a ler e escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou decodificar.

A aprendizagem se dá no Sistema Nervoso Central (SNC) e o desenvolvimento do cérebro acontece nos primeiros anos de vida do educando. Este período fará diferença na alfabetização e, se não for bem explorado e trabalhado respeitando cada fase da infância, poderá acarretar dificuldades de aprendizagem. Rotta esclarece:

Não há dúvida que o ato de aprender se passa no SNC, onde ocorrem modificações funcionais e condutuais, que dependem do contingente genético de cada indivíduo, associado ao ambiente onde este ser está inserido. O ambiente é responsável pelo aporte sensitivo-sensorial, que vem pela substância reticular ativadora ascendente e é modificado pelo sistema límbico, que contribui com os aspectos afetivos emocionais da aprendizagem (ROTTA, 2006, p. 116).

Segundo Jardini (2010), em Boquinhas é adotada uma abordagem multissensorial, em que vários inputs neuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de habilidades diversas tais como: percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações e espaços-temporais e outras.

O Método das Boquinhas por ser multissensorial, tem auxiliado diversas crianças, inclusive com Síndrome de Down, visto que nas intervenções psicopedagógicas e fonoaudiológicas são exploradas as habilidades auditivas com o objetivo de facilitar a conversão fonema/grafema, sendo esta, fundamental para a sua alfabetização.

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados alcançados nas intervenções psicopedagógica e fonoaudiológica, com uso do Método das Boquinhas. O trabalho foi iniciado a partir de 2012, com uma

15

Pedagoga, Psicopedagoga, Multiplicadora Método das Boquinhas, Argilina, Especialista em Neuropsicologia, Educacão Especial

DI e DV. 16

Pedagoga, Psicopedagoga, Argilina, Especialista em Neuropsicologia. 17

Fonoaudióloga, Especialista em Neuropsicologia e Educação Especial.

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paciente Síndrome de Down, matriculada no 1º ano do Ensino Fundamental, escola particular e atualmente na escola pública.

DESENVOLVIMENTO

O trabalho com L.M.P.C. foi desenvolvido desde 2012 por uma equipe multidisciplinar composta de: psicopedagoga, fonoaudióloga, neurologista, pediatra e pela professora.

A professora e a coordenadora receberam o material adaptado e orientações de como trabalhar com a mesma.

Quando o trabalho foi iniciado, a aluna não conseguia escrever, só desenhava e realizava tentativas de escrita de vogais, encontrava-se na fase pré-silábica, passando para a silábica sem valor sonoro.

Após quatro (4) anos L.M.P.C., apresentou um resultado satisfatório, principalmente na oralidade, demonstrando reconhecer auditivamente o fonema (som) da maioria das letras e sua articulação correta. Aprendeu a escrever várias letras, iniciando o nível silábico-alfabético, hoje alfabético (gráfico 1) escrevendo palavras e frases simples e dando inicio à leitura e escrita de forma soletrada ou silabada. RESULTADOS

O uso de Atividades elaboradas e adaptadas possibilitaram um resultado satisfatório da leitura e escrita para L.M.P.C. e para as crianças com dificuldades de aprendizagem que estão na fase alfabética. As mesmas apresentaram uma melhora quanto à aquisição da consciência fonológica, reconhecimento do alfabeto e na tentativa da leitura e escrita, pois a repetição de várias estratégias possibilitaram às crianças a utilização de várias alternativas, para que ocorresse a aprendizagem.

Na prática, o trabalho realizado com a paciente Síndrome de Down e com as crianças com dificuldades de alfabetização e com necessidades educacionais especiais, estimularam as habilidades de atenção e concentração, sendo observado a compreensão do conteúdo trabalhado tanto nos relatos verbais, como também, na produção gráfica de cada criança estimulada e mediada pelo Método das Boquinhas.

FOTOS ALUNOS

CONCLUSÃO

O trabalho interdisciplinar, desenvolvido pela Psicopedagoga e Fonoaudióloga, possibilitou um acompanhamento integrado para que a aluna desenvolvesse e acompanhasse a série em que está cursando.

De acordo com relatos dos profissionais envolvidos, as atividades auxiliaram muito na aprendizagem de L.M.P.C. e dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Segundo Jardini (2012), é grande a comprovação de que Boquinhas tem procedência, tanto para

2012

2013

2014

2015

2016

Pré-Silábico Silábico sem valor sonoro

Silábico Alfabético Alfabético

Gráfico 1: Resultados alcançados de acordo com as fases de escrita

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quem ensina como para quem aprende, pois parte de pressupostos concretos, visíveis, palpáveis, que funcionam para qualquer tipo de aprendente.

Ao se trabalhar o Método das Boquinhas nos atendimentos clínicos psicopedagógicos e fonoaudiológicos com L.M.P.C. e com os alunos com necessidades especiais educacionais especiais e com dificuldades de aprendizagem foi possível observar um grande avanço no processo de alfabetização. O Método Boquinhas fez nascer o “encantamento” do aprender em L.M.P.C. e nos demais alunos com necessidades educacionais especiais desenvolvendo as suas habilidades e potencialidades, favorecendo a sua inclusão escolar.

O trabalho será finalizado com a organização de um livro, contendo as atividades que foram elaboradas e desenvolvidas, para serem trabalhadas com a paciente Síndrome de Down L.M.P.C., com os alunos com dificuldades de aprendizagem e com necessidades educacionais especiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2ª ed. São Paulo: R. Jardini, 2010.

JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. Boquinhas na Educação Infantil: Livro do professor; colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra Soriani Moteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar Dos Santos. Transtornos de aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SIMONETTI, Amália. O desafio de alfabetizar e letrar. Fortaleza: Editora Flávio Martins. 2007.

SOARES, Magda. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. 26 edição. Poços de Caldas: ANPED: GT Alfabetização, leitura e escrita, 2003.

10. BOQUINHAS X DEFICIENCIA INTELECTUAL

MAIA MIRANDA MOREIRA, Eliane18 [email protected]

MAIA MIRANDA BARROS, Márcia19 [email protected]

INTRODUÇÃO

A EJA, mesmo sendo uma modalidade de ensino da educação básica, que possui pressupostos inclusivos, ainda não consegue trabalhar com e a partir das diferenças. Neste universo educacional estão incluídos os adultos com deficiência intelectual, mas, na maioria dos casos, não estão conseguindo dar conta dos conteúdos e das exigências que o ensino tradicional ainda impõe e exige.

Inúmeras vezes esses alunos ficam durante anos dentro da escola, no mesmo patamar de ensino, sem avançar. Dessa forma, sua presença na EJA constitui um desafio para os professores que precisam responder às suas demandas e assegurar um ensino de qualidade.

Segundo Vygotsky (1995) a linguagem escrita é processo histórico e cultural, que assume grande importância para o desenvolvimento cultural da criança. Para ele a aquisição da linguagem escrita se constitui em movimentos de idas e vindas, sendo um processo marcado tanto por involuções como evoluções.

A habilidade de apropriação do sistema, escrito por pessoas com ou sem deficiência intelectual, depende daquilo que lhe é permitido ou não apropriar deste sistema culturalmente pré-estabelecido, que é determinado pelo contexto social e cultural, que pode ser tanto favorável quanto desfavorável para sua aquisição.

Ao compreender que o sujeito não se desenvolve sozinho e, sim, por sua interação com o meio, compreende-se que se o meio não oportunizar a aprendizagem da linguagem escrita, sozinho, esse sujeito não irá aprender a ler e escrever.

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Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga em formação, professora do município de

Mangaratiba e Multiplicadora do Método das Boquinhas. 19

Pedagoga, especialista em Educação Infantil, Psicopedagoga, professora do município de Mangaratiba.

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Segundo Jardini (2010), em Boquinhas é adotada uma abordagem multissensorial, em que vários inputs neuropsicológicos são recrutados, em atividades elaboradas por meio de habilidades diversas tais como: percepções auditivas, visuais, consciência fonológica, análise e síntese, orientações e espaços-temporais e outras.

DESENVOLVIMENTO

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados alcançados nas intervenções pedagógicas e psicopedagógica, com uso do Método das Boquinhas. O trabalho foi iniciado no mês de outubro de 2015 na Escola Municipal Caetano de Oliveira no município de Mangaratiba/RJ com uma aluna de 23 anos com laudo de Deficiência Intelectual, esquizofrenia, microcefalia e glaucoma.

A aprendente sempre esteve inserida em uma unidade escolar, mas, ainda se encontrava na fase de escrita pré-silábica. Iniciamos um trabalho com o método fonovisuoarticulatório – Método das Boquinhas no mês de outubro para que de fato pudesse ter uma aprendizagem efetiva. Como já estávamos no final do ano letivo o trabalho foi interrompido pelas férias e retomado no mês de março de 2016 quando as aulas reiniciaram nas escolas do município.

Hoje a referida aluna está sendo alfabetizada em sala de aula com o Método das Boquinhas e com atendimento com psicopedagoga que também atua com a mesma metodologia.

Quando o trabalho foi iniciado com a aluna esta só utilizava letras aleatórias para escrever sem respeitar as convenções da escrita. Estava na fase pré-silábica. Após ser feita intervenções com as vogais apresentou um excelente desempenho, principalmente na oralidade, demonstrando reconhecer auditivamente as vogais e sua articulação correta. Iniciando o nível silábico com valor sonoro. O Trabalho foi interrompido pelas férias e quando retomado em março de 2016 deu-se continuidade com as vogais somente por uma semana e foram lançadas durante cinco meses as quatro consoantes (L, P, V, T) escrevendo algumas palavras com sílabas simples, com mediação dos profissionais, estimulando e associando o fonema ao seu grafema. É importante ressaltar que o trabalho da professora na escola é de grande parceria no decorrer do trabalho realizado com o Método das Boquinhas e o resultado tão almejado pelos profissionais (psicopedagoga e professora) está sendo concretizado na sala de aula, pois a aluna está conquistando a sua alfabetização. RESULTADOS

CONCLUSÃO É fundamental que, desde cedo, a escola oportunize condições de apropriação da linguagem

escrita a todos os alunos, inclusive os com deficiência intelectual. Assim, há necessidade de conhecer melhor como está sendo abordada essa temática nas pesquisas científicas brasileiras.

Segundo Jardini (2012), é grande a comprovação de que Boquinhas tem procedência, tanto para quem ensina como para quem aprende, pois parte de pressupostos concretos, visíveis, palpáveis, que funcionam para qualquer tipo de aprendente.

Apesar da aparente lentidão no processo de alfabetização, ocorreu a eficácia na aquisição, visto que a aluna avançou grandemente.

Assim, o projeto com o Método das Boquinhas contribuiu para com a aquisição do processo de leitura e da escrita dessa aluna.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, R. S. R. Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas: fundamentação teórica. 2ª ed. São Paulo: R. Jardini, 2010. JARDINI, R. S. R..

Boquinhas na Educação Infantil: Livro do professor; colaboração de Alessandra Baquete Cunha, Alexandra SorianiMoteka, Carolina Luna Baptista Pinto. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

JARDINI, R. S. R.; GUIMARÃES, V. Livro do Aluno: Alfabetizando e letrando: métodovísuo-articulatório. Boquinhas Aprendizagem e Assessoria. Bauru, SP: 2012.

11. O MAPA DE IDEIAS E A PRODUÇÃO TEXTUAL Alexandra SorianiMoteka20

[email protected] Jacy Carmen Ourives Virgulino21

[email protected] INTRODUÇÃO

Ao falarmos em alfabetização, processo de leitura e escrita, não há como nos desvincularmos do tema produção de texto. Esse assunto apavora muitos alunos e vestibulandos por terem aquela ideia de que escrever, produzir um texto é difícil, enfadonho. Muitos educadores também tem receio ao ensinar seu aluno a produzir um texto, muitas vezes por não saberem como conduzir esse aprendizado junto ao seu aluno.

A ação da leitura e escrita faz parte de funções cerebrais onde os processos mentais, como a percepção, cognição, atenção, memória, audição, visão, linguagem, emoção devem estar equilibrados. O cérebro precisou se especializar para a aprendizagem da leitura e da escrita, ao contrário da fala que é inata ao ser, ou seja, todos os humanos nascem com a habilidade para desenvolver a fala, salvo se o individuo é portador de alguma deficiência correlata à audição. Mas esse fato não acontece com a leitura e a escrita, devido a isso, ler e escrever é um ato que requer ensinagem, metodologia.

Para produzirmos um texto também precisamos de um direcionamento, e pensando nisso com o objetivo primário de simplificar esse processo Renata Jardini, autora do Método das Boquinhas, propôs uma técnica para auxiliar tanto o educador a ensinar como o educando a produzir um texto. Essa técnica refere-se ao uso do Mapa de Ideias como um recurso auxiliar, como uma base para a produção textual, possível desde o início da Educação Infantil. Jardini (2015) ressalta que o trabalho com o Mapa de Ideias é um exemplo de como fazer um texto, devendo posteriormente depois de compreendido e praticado, ser favorecido por toda a riqueza literária já conhecida sobre o assunto.

De acordo com Soares (2001), a criança aprende a escrever através da interação com a língua escrita, ousando e experimentando escrever, construindo e testando hipóteses sobre as correspondências entre o oral e o escrito. Por isso, já podemos estimular essa “pseudo-escrita” desde a Educação Infantil, mesmo que só na oralidade inicialmente. É importante salientar que o erro aqui não deve ser visto como algo ruim, muito pelo contrário. O erro é construtivo, faz parte do sistema de construção da escrita que a criança vivencia ao construir suas hipóteses. Com isso, deixamos de lado aquela escrita mecânica, robotizada de frases prontas, sem uso da criatividade, sem a criança deixar de ser autora da sua própria história. Esse é o verdadeiro sentido da escrita, de uma produção textual.

METODOLOGIA

O presente trabalho é uma demonstração do curso desenvolvido pela Dra. Renata Jardini, O Mapa de Ideias na Produção Textual, que faz parte da grade de cursos do Método das Boquinhas, apresentando nesse Congresso em formato de Oficina.

20 Formada em Psicologia pela UEM, Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela CESUMAR, Pós-graduada em Psicoterapia Comportamental Cognitiva e Análise do Comportamental pela UEM, Pós-graduada em Neuropsicologia pela UNIFAMA, Multiplicadora do Método das Boquinhas. [email protected] 21 Formada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Inglesa pela UFMT, Especialista em Psicopedagogia pela Universidade UNIPLI, Multiplicadora do Método das Boquinhas. [email protected]

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DISCUSSÕES

Ao pensarmos em produção textual, temos alguns conceitos importantes que farão parte desse processo, como texto, frase, oração. Na oração, o elemento primordial que a define é o verbo, a ação.Como Boquinhas tem a premissa de sempre partir do mais simples para o mais complexo, o trabalho com o verbo nesse primeiro momento consiste em associá-lo à ação gestual, ou seja, a mímica. Por exemplo, ao mostrar a uma criança a figura de uma bola, pedir que ela fale verbos associados à figura, como: jogar, chutar, brincar, pegar, lançar, entre outros. Isso fornecerá elementos para ampliar o vocabulário da criança e ajudará a fugir dos verbos de ligação (ser, estar, ficar), que geram frases simples,seguindo um modelo,limitando a escrita da criança. Boquinhas propõem então, o trabalho com os verbos de cada substantivo, auxiliando a criança ao formar uma frase. Deve-se ressaltar que, esse trabalho deve ser iniciado desde a educação infantil, à princípio oralmente e tendo o professor como escriba. Portanto, a identificação do verbo é o primeiro passo para o processo do Mapa de Ideias.

Jardini (2015) sugere que esse trabalho deve ser realizado utilizando sequências lógica de figuras, ou histórias em quadrinhos simples com até 5 imagens-ação, para que a criança consiga compreender esse conceito. O aluno deve então montar a sequência adequada da história e destacar o verbo de cada figura.

O segundo passo é a formação de uma frase geratriz a partir desse verbo, frases simples de início, que expresse o verbo eleito da figura selecionada. Com isso, já temos o Mapa de Ideias, ou seja, o esqueleto do texto, onde as ideias já foram delimitadas e expressas. Parece um modo muito simplista de conduzir uma produção textual, mas é dessa maneira que chegaremos ao mais complexo. A criança precisa compreender esses primeiros passos para depois poder amadurecer as ideias, expandi-las e posteriormente conseguir realizar uma produção textual coerente.

Passada essas duas fases iniciais chegamos à produção textual em si. O aluno deverá nessa etapa esticar as frases geratrizes, expandir as ideias, enriquecendo-as com detalhes, personagens, descrições, tempos, etc. Com isso, temos como produto final, uma produção textual melhor desenvolvida e assimilada pelo aluno.Jardini (2015) ressalta que todo esse trabalho favorece na detecção de falhas do aluno, possibilitando uma melhor mediação dos resultados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Mapa de Ideias é uma ferramenta que pode auxiliar muito os educadores a desenvolverem com seus educandos, a produção de textos de uma maneira simples e eficiente. Tem como ponto de partida a identificação de verbos da sequência da história apresentada à criança para a partir disso, formar frases geratrizes e posteriormente esticar essas frases, elaborando melhor as ideias colocadas. Com isso, a criança consegue realizar uma produção textual mais coerente. Esse trabalho pode ser realizado desde a Educação Infantil, podendo, portanto, contribuir de modo efetivo para a prática de elaboração e interpretação de textos no Ensino Fundamental.

REFERÊNCIAS JARDINI, Renata Savastano Ribeiro. A produção de textos e o Mapa de Ideias. 2015 SOARES, Magda Becker. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: ZACCUR, Edwiges (org.). A magia da linguagem. Rio de Janeiro, DP&A, SEPE, 2001. pp. 49-73

12. ESTIMULAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PARA LEITURA E ESCRITA

MOURA, Roberta Rodrigues

[email protected] SILVA, Carla

[email protected]

A Educação infantil é o período ideal para estimular o Desenvolvimento da criança. É importante que antes de submeter a criança à aprendizagem das letras, sejam treinados os pré-requisitos para alfabetização. Esses pré-requisitos devem ser treinados a partir de 3 anos de idade. No livro Boquinhas no Desenvolvimento infantil não há a orientação que a alfabetização ocorra nesse período da Educação infantil, mas que devemos oferecer estímulos adequados para desenvolver a maturação neurológica e sócio-emocional nessa fase. Com os pré-requisitos bem trabalhados, a leitura e escrita passam a ser consequência e não uma meta a ser cumprida.

A seguir, serão abordadas cada habilidade e exemplos de exercícios que contemplam o treino das habilidades de: consciência corporal; consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória;

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desenvolvimento cognitivo; processamento vísuo-motor; processamento auditivo; habilidade espaço-temporal.

CONSCIÊNCIA E HABILIDADES CORPORAIS O corpo é o ponto de partida para aprendizagem, pois através dele exploramos o nosso meio.

Nesse período da Educação infantil, o Hemisfério direito está em pleno desenvolvimento, onde estão localizadas áreas de grande importância, como a corporal, cinestésica e outras que serão a base para alfabetização. A primeira área a ser desenvolvida é o esquema corporal. Desta forma, a criança deve experimentar sensações e percepções, movimentos para que tome contato com seu corpo e com o espaço. Inicialmente a aprendizagem ocorre nas áreas globais do corpo, a seguir nas proximais e finalmente nas distais. Exemplos de exercícios para o treino da consciência corporal retirados livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA A Consciência fonológica é a análise dos sons que fazem parte de uma palavra ou sílaba

independente do indivíduo estar alfabetizado. É compreender que as palavras são formadas por diferentes sons que podem ser manipulados, sendo capaz de refletir e operar com fonemas, sílabas, rimas e aliterações. Na maioria dos indivíduos sem distúrbios de leitura e escrita a correlação fonema/grafema inicia aos 4 anos e prediz a aprendizagem da leitura e escrita.

Exemplos de exercícios para o treino da consciência fonológica retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

CONSCIÊNCIA FONÊMICA A Consciência fonêmica é a habilidade de refletir sobre o fonema. É ouvir e perceber as letras no

tempo-espaço que elas ocorrem. Seria a análise dos sons dentro da palavra que envolve a organização seqüencial, discriminação, intensidade, ritmo, localização, etc. Essa habilidade deve ser treinada antes da alfabetização, sendo a chave do princípio alfabético.

Exemplos de exercícios para o treino da consciência fonêmica retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

CONSCIÊNCIA FONOARTICULATÓRIA É a capacidade de pensar sobre os sons e gestos motores orais, ou seja, ter o conhecimento do

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gesto que a boca está articulando enquanto falamos. Essa capacidade é importante não somente na produção e na percepção dos sons, mas também na aprendizagem do sistema alfabético de escrita. Essa consciência pode ser desenvolvida se for realizado treino específico e colabora para aquisição da leitura e escrita.

Exemplos de exercícios para o treino da consciência fonoarticulatória retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

PROCESSAMENTO AUDITIVO (PA) O Processamento auditivo é a habilidade do cérebro em interpretar, selecionar, decodificar e

associar informações auditivas recebidas pelo aparelho auditivo. O PA deve ser reabilitado em clínica fonoaudiológica. As atividades abordadas no livro Boquinhas no Desenvolvimento infantil tem a intenção de prevenir e estimular o desenvolvimento dessa habilidade, auxiliando dessa forma, o desenvolvimento da leitura e escrita.

Exemplos de exercícios para o treino do processamento auditivo retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A faculdade de pensar, de adquirir cognição deve ser treinada e estimulada na Educação

Infantil. O desenvolvimento cognitivo, antes chamado de inteligência está ligado à hereditariedade e variações individuais, mas independente do nível em que a criança se encontra, deve ser estimulada. Os exercícios do livro tem o objetivo de estimular o raciocínio da criança.

Exemplos de exercícios para o treino para o desenvolvimento cognitivo retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

HABILIDADES ESPAÇO-TEMPORAIS Essa habilidade é um dos pré-requisitos para aquisição da leitura e escrita. Os princípios

envolvidos na relação têmporo-espacial são as noções espaciais: cima/baixo, dentro/fora, frente/atrás, as noções temporais antes/depois e a lateralidade (direita e esquerda).

Exemplos de exercícios para o treino das habilidades espaço-temporais retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

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PROCESSAMENTO VÍSUO-MOTOR (sem 14 EAD) A integração vísuo-motora é uma habilidade de interação harmoniosa entre os olhos e as

mãos; envolve a percepção visual e a coordenação olho-mão; requer a capacidade de traduzir a percepção visual em função motora e é necessária para muitas atividades do ser humano como pegar um objeto e lançá-lo, escrever, desenhar, pintar, recortar, etc.

A construção das coordenações visuo-motoras representa um papel essencial na aprendizagem da escrita. Baixa habilidade perceptiva ou da capacidade de organização motora pode refletir em dificuldades de aprendizado da leitura, escrita e matemática. Os exercícios à seguir têm a intenção de estimular a coordenação olho-mão e os movimentos sacádicos para leitura.

Exemplos de exercícios para o treino do processamento vísuo-motor retirados do livro Boquinhas no Desenvolvimento Infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARDINI, RENATA SAVASTANO RIBEIRO. Alfabetização e reabilitação pelo método das boquinhas: fundamentação teórica: livro 1. Bauru, SP: Jardini, 2010.

JARDINI, RENATA SAVASTANO RIBEIRO. Boquinhas no Desenvolvimento infantil: Manual do educador. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

JARDINI, RENATA SAVASTANO RIBEIRO. Boquinhas no Desenvolvimento infantil: Livro do aluno. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2012.

MOOJEN, SÔNIA: Confias - Consciência Fonológica Instrumento de Avaliação Sequencial (teste completo). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

13. CONFRONTO ENTRE SURDA E SONORA

CHAGA BEZERRA, Maisa [email protected]

Instituição Colégio Renascer - Cuiabá MT Após uma grande dificuldade e muitas tentativas para intervir em crianças com trocas de letras,

sem chegar a um resultado satisfatório, mudamos as estratégias para o uso do Método das Boquinhas. O processo inicia com o conhecimento do som de cada letra, valoriza o estímulo do processamento auditivo, que já deve ter acontecido anteriormente a essa etapa, pois precisará ter a consciência do som e a localização do som na palavra. Não tem como falar em intervenção de surda e sonora sem

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sonorização, destacando, que toda a proposta tem também um foco preventivo, diminuir a fragilidade do processamento auditivo, visto que, a técnica de memorização não tem resolvido à questão. Propomos uma aquisição consolidando o entendimento do processo através da estimulação adequada. Conhecer o som das letras se faz necessário no processo. Importante perceber colocando a mão embaixo do queixo, que a letra de oposição (quando se tem duas letras com a mesma posição articulatória),possui a mesma boquinha, mas fazem som diferente, quando for surda não vibra as pregas vocais, e quando o som é sonoro vibra as pregas vocais. Letras de oposição - F/V; T/D; S/Z; X/J; P/B; C/G.

Pode-se mostrar a característica comum aos fonemas surdos, ou seja, que sua articulação não produz vibração de pregas vocais ao ser pronunciado (F/V). Isso deve ser estimulado como distinção dos seus oponentes sonoros (os que vibram as pregas vocais). O treino inicial será auditivo, pelo fonema e seu articulema (posição da boca quando falo o fonema (som da letra)), treino isolado de forma auditiva, silaba,palavras, em diversas posições, frases e pseudopalavras; depois com a oposição surda e sonora, para compreender e identificar que o articulema é o mesmo, porém o som é diferente, um é surdo e o outro é sonoro,diferença que pode ser percebida colocando a mão no pescoço.

Necessário perceber auditivamente e sensorialmente a diferença da vibração dos fonemas. Treine o som puro (só a letra), depois na silaba inicial, medial e por ultimo em frases. Para a aprendizagem fique bem dominada use ditado de pseudopalavras (palavras que não existem), fortalece o saber, inventar e escrever essas palavras confirma o legitimo processo de conversão fonografêmica, sinalizando as crianças com dificuldades.

Uma técnica utilizada é o erro construtivo para melhor fixação do processo, trocar oralmente entre uma e outra boca o par opositivo, propositalmente, testando e comprovando o acerto, é a melhor maneira de aprender,essa troca deve acontece somente na oralidade, nunca pedir para criança escrever o erro, pois a escrita consolida a aprendizagem. Exercícios com o erro construtivo usado na leitura, deve ser lido como esta escrito, para que a semântica possa favorecer a correção.

Crianças que leem certo, quando escrevem errado, o fazem porque acessam a rota lexical (ler pelo significado) pulando a rota fonológica (ler pelo som). Muitas vezes precisam ser regredidas de rota para poderem avançar com segurança. Assim, para se ler /boente/ (como esta escrito) e não /doente/ (palavra correta) você deve fragmentar a palavra em suas silabas, lendo uma por uma, para depois, ler a palavra toda, como bo-e-te. Então percebe, de fato. o erro de /bo/ no lugar de /do/. O confronto é necessário, assim como o erro construtivo, para que a aprendizagem suceda, pois por meio deles, as duvidas serão sanadas. Apesar de alguns educadores defenderem que o confronto e o erro devem ser evitados para que não sejam memorizados, Boquinhas defende que isso não é verdadeiro.

Exercícios utilizando com imagem e não palavras favorecem o processo, pois o aluno diante da imagem “bailarina” devera identificar auditivamente qual letra usara P ou B, usando o sentir com a mão se a letra é surda ou sonora antes da grafia, avançando no processo, para que a aprendizagem fique bem dominada. A metodologia abordada traz uma compreensão e segurança no processo, sendo eficaz na solução dos problemas de trocas de letras, auxiliando a aquisição da leitura e escrita de forma mais lúdica. Com todo o treino auditivo as crianças ficam aptas a ler e escrever sem erros, pois aprendem a diferença da sonoridade.

O jogo Boca Certa de Boquinhas auxilia na fixação do conteúdo abordado. Trocas de surdas e sonoras: F/V; T/D; S/Z; X/J; P/B; C/G. O par X/J pode ser fricativo, ou seja, passível de esticar seu som, é facilmente percebido. Treine-o bem, usando as pistas sinestésicas, como sentir com o dorso da mão na garganta, a vibração. Explore atividades com erro construtivo na oralidade, fazer trocas do par opositor, inicialmente tendo só um, depois de treino usem com mais letras opositivas. Todo treino devera ser iniciado no auditivo, depois do domínio auditivo, utilizaremos a grafia, utilizando a técnica do erro construtivo, lê-sea palavra com erro, identifique auditivamente e faça a correção necessária na escrita.No livro Caderno de Exercícios de Boquinhas, você encontrara um banco de palavras e frases contendo muitas opções para realizar atividades auditivas.

Essas técnicas fixam bem a aprendizagem, pois leva a criança a aprender de forma lúdica, o que já é comprovado pela ciência, estimula as áreas cerebrais envolvidas com a memória. Mas certifique-se de que haja aprendizagem individual, pois algumas crianças tendem a copiar padrões, para não serem identificadas e sofrer pressões. Isso é fruto de uma educação coletiva, que tende a priorizar os melhores alunos e punir os mais fracos. Um olhar diferenciado do professor faz toda a diferença.

BIBLIOGRAFIA Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Novo alfabetização com as Boquinhas: livro Educador Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Curso EAD Treino Alfabetização Jardini, Renata Savastano Ribeiro – Método das Boquinhas: alfabetização e reabilitação da leitura e escrita – Caderno de Exercício.

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14. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE TEXTOS ATRAVÉS DO MAPA DE IDEIAS COM ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

FERNANDEs, Daniela Verusca.

[email protected] SAAD, Andressa Gouveia.

[email protected] SANTOS, Lia Mara.

[email protected] Colégio Divino Salvador – Jundiaí – SP

INTRODUÇÃO

Para que um texto tenha significado tanto para quem escreve quanto para quem o lê, é preciso que o autor construa um repertório não só relacionado ao assunto que escreve (letramento), como também são necessários conhecimentos relacionados ao sistema de escrita alfabética (SEA). Nem sempre, nós professores, temos clareza da necessidade de um ensino sistemático de produção de textos, principalmente em relação à sua estruturação.

O Mapa de Ideias, descrito pelo Método das Boquinhas tem se mostrado uma excelente ferramenta no direcionamento deste trabalho, favorecendo a compreensão e facilitando a prática, para se produzir quaisquer tipos de textos, e de gêneros textuais. O Mapa de ideias parte do verbo para a construção de frases geratrizes e destas para a estruturação do texto. Sendo assim, é imprescindível, que desde pequenas, as crianças consigam compreender o significado de verbo, pois essa é a primeira parte do processo de construção textual. A partir do verbo, deve-se atribuir-lhe o sujeito (executor da ação) ou o objeto (que sofrerá a ação) formando uma frase. Na sequência, parte-se para a real produção de um texto, que é mais elaborada, onde o refinamento dependerá de cada aluno.

Assim, o trabalho descrito teve o objetivo de desenvolver dois aspectos do texto: estruturação e ampliaçãoda produção de texto com 29 alunos do terceiro ano do ensino fundamental. A produção descrita, apresenta uma proposta de produção de texto em duas etapas e verificou-se uma notável diferença no processo de elaboração e qualidade na escrita em todos os alunos. Isso evidencia que a ferramenta no direcionamento deste trabalho, favoreceu a compreensão e facilitou na prática, a produção de quaisquer tipos de textos e de gêneros textuais.

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Na experiência aqui descrita, a atividade foi proposta nas seguintes etapas: apresentação dos verbos e construção das frases geratrizes; produção do texto coletivo e ampliação /reescrita.

Segundo a professora e primeira autora deste trabalho,logo que apresentou a proposta de cenas com destaque ao verbo já houve um questionamento das crianças quanto à dificuldade de usar aquelas palavras que nao se “encaixavam” bem nas frases.

Então, aproveitou-se dessa observação para explicar às crianças que o verbo ou “açao” pode ser flexionado, ou seja, conjugado de acordo com a frase que se quer fazer. Após essa primeira observação e análise da classe o grupo foi estimulado a construir uma frase para cada cena. Simultaneamente, a professora os estimulava com perguntas como “Quem fez? ”e“ Por que?”. Dessa forma, construiu-se o texto coletivo. Foi registrado primeiramente na lousa as frases norteadoras de um texto mais estruturado e ampliado.

Realizada essa primeira etapa a classe foi dividida em duplas para a ampliação dessas frases, que agora gerariam os parágrafos do texto, então se retomou o conceito de parágrafo. Ao terminarem a construção do texto, cada integrante da dupla, registrou o texto que posteriormente foi corrigido pela professora com as sinalizações dos erros que deveriam ser corrigidos. Numa terceira etapa, as crianças identificaram os erros sinalizados e reescreveram o texto com as correções devidas.

ETAPA 1: FIGURAS COM VERBO E CONSTRUÇÃO DAS FRASES GERATRIZES. Exemplo 1

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1- João e sua mãe enfeitaram a casa para a festa de aniversário da vovó Sofia. 2- A vovó já estava imaginando quantos presentes iria ganhar. 3- Assim que todos os convidados chegaram eles foram cantar os Parabéns. 4- Depois de cantar comeram um bolo delicioso de chocolate com morangos.

Exemplo 2

1- Em uma bela tarde, Ana Bela sentiu que seu dente estava a cair. 2- Ana decidiu guardar o dente debaixo do travesseiro. 3- À noite, foi dormir. 4- Quando ela acordou, pensou que ia ganhar uma moeda, mas viu que haviam três moedas de

dez centavos.

ETAPA 2: PRODUÇÃO

Exemplo 1 Um dia, João e sua mãe prepararam o aniversário de sua avó Sofia, com balões, brigadeiros e etc. Quando a vovó Sofia acordou teve uma surpresa, havia uma festa surpresa para ela. E ela já estava pensando quantos presentes iria ganhar porque convidou muitas pessoas. Quando o aniversário começou os convidados já estavam chegando e foram cantar parabéns,

cortar o delicioso bolo e comer. Depois que acabou a festa foram para casa, abriram os presentes e todos foram dormir.

Exemplo 2

Em uma linda tarde, Ana Bela sentiu que seu dente estava caindo. Ana decidiu guardar o dente debaixo do travesseiro para não perder.

À noite, ela foi dormir, para que a fada do dente pegasse o dente e trocasse por uma moeda. Mas uma rata apareceu em sua cama, então ela acordou. A ratinha disse: - Eu sou Matilda, como você se chama? Ela disse: - Sou Ana Bela, é legal conhecer você! As duas viraram amigas e foram se conhecendo. Depois Matilda foi embora, então Ana bela foi

dormir.

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Quando ela acordou, pensou que Matilda teria deixado uma moeda. Mas, ela deixou três moedas de cinquenta centavos, porque era a única amiga humana da ratinha. Ela ficou muito feliz, pois comprou uma bolinha pula-pula roxa e azul na feirinha de rua de seu

bairro, em troca dos um e cinquenta de dinheiro recebido por Matilda! RESULTADOS:

Essa atividade foi realizada em dois momentos diferentes que foram bem pontuados junto à criança para que ela tivesse segurança daquilo que era para ser construído, por isso foi prazeroso ver que todos conseguiram concluir a atividade. Os alunos que apresentavam maior dificuldade em escrever textos produziram textos coerentes e com sequência lógica de acontecimentos. Já aqueles que já tinham facilidade em escrever desenvolveram ainda mais suas ideias dentro dos parágrafos.

No início do trabalho, a sondagem mostrou que do total de 29 alunos, 50% dos alunos demonstravam dificuldades em algum aspecto da produção de texto e após duas propostas de atividades as dificuldades foram minimizadas.

Podemos afirmar a partir do relato da experiência que o Mapa de ideias norteia para a criança como ela deve proceder em relação a organização de suas ideias na construção de um texto. Por isso foi tão satisfatório acompanhar e mediar o processo de criação de textos tão completos e detalhados por crianças que estão desenvolvendo a arte de serem autores de surpreendentes estórias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

JARDINI, R. S. R. Mapa de Ideias: os caminhos da produção textual: Boquinhas Aprendizagem e assessoria, Bauru-SP, 2006.

15. MÉTODO DAS BOQUINHAS E EQUOTERAPIA: PROJETO DE POTENCIALIZAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

SOUZA, Adriana [email protected]

MAZOLINI, Edilaine [email protected]

SENNA, Karoline [email protected]

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Viana (APAE de Viana)

INTRODUÇÃO A literatura comprova que tanto a equoterapia quanto o Método das Boquinhas contribui para o

processo de alfabetização. O método das Boquinhas, assim carinhosamente chamado, é um método multissensorial de

alfabetização, ou seja, utiliza estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/letra) e articulatórias (articulema/boquinhas) para desenvolver as habilidades de leitura e escrita. Ele foi reconhecido como tecnologia educacional no ano de 2009 pelo MEC (ministério da educação) e nasceu de uma motivação inicial de alfabetizar crianças que não se alfabetizavam pelos métodos tradicionais (alfabético, silábico) (Jardini, Gomes, 2011).

Segundo as mesmas autoras, este método, alicerçado na fonoaudiologia em parceria com a pedagogia, é considerado potencializador da alfabetização, uma vez que estimula a consciência fonológica e o princípio alfabético, pré-requisitos para a aquisição da leitura e escrita.

Já a equoterapia, é um método terapêutico onde o cavalo atua junto à uma equipe multidisciplinar, estando montado ou não, visando o desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes. Aqui vale ressaltar que se entende por praticante, o paciente que participa dos atendimentos de equoterapia (in Apostila do Curso de Pós Graduação em Equoterapia da Fundação Rancho GG, ano 2015).

Na equoterapia as respostas que o praticante obtém do cavalo permitem intensificar a experiência perceptiva. Assim, o praticante interioriza sensações corporais, sentimentos e emoções, através da visão, do olfato, do tato, da audição e da cinestesia, estimulando a consciência corporal mediante a percepção do seu corpo em relação ao do outro indivíduo; aguça o raciocínio, o sentido da realidade e percepção espacial despertando, ao mesmo tempo, uma profunda comunhão entre o praticante e o ambiente (in Apostila do Curso de Pós Graduação em Equoterapia da Fundação Rancho GG, ano 2011).

Desse modo, através da equoterapia, aborda-se algumas atividades que pelas suas características facilitam a atuação dos profissionais engajados no processo direto de alfabetização e na área psicomotora,

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proporcionando e facilitando a aprendizagem da leitura, da escrita e do conhecimento lógico matemático. Portanto, vale ressaltar, que a equoterapia não visa alfabetizar seus praticantes, mas sim trabalhar sua prontidão para a alfabetização/aprendizado (in Apostila do Curso de Pós Graduação em Equoterapia da Fundação Rancho GG, ano 2015).

MÉTODO

Este estudo consiste em um relato de experiência vivenciado pelas profissionais das áreas de fonoaudiologia, fisioterapia e psicologia atuantes na APAE (Associação de pais e amigos dos excepcionais) do município de Viana, no estado do Espírito Santo, mencionando o trabalho realizado no período de março a junho de 2016.

A experiência trata-se de um projeto que associa equoterapia e terapia fonoaudiológica através do Método das Boquinhas e que está apenas iniciando. Ele busca potencializar a alfabetização de crianças e adolescentes com deficiência intelectual e contempla a participação de 4 (quatro) pacientes (D, L, E e I) acompanhados pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Viana, com diagnóstico de deficiência intelectual, no período de março a dezembro do corrente ano, podendo ser estendido, bem como, expandido a outros pacientes.

São ofertados atendimentos quinzenais e intercalados de fonoaudiologia, utilizando-se o Método das Boquinhas, e equoterapia, mediada por fisioterapeuta e psicóloga e, quando possível a fonoaudióloga participa como mediadora.

Os atendimentos de equoterapia acontecem nas dependências de uma penitenciária agrícola municipal e os internos participam como auxiliares, já os atendimentos de fonoaudiologia são realizados na sede da instituição, pela mesma fonoaudióloga que eventualmente media os atendimentos de equoterapia.

Vale salientar que os planejamentos das terapias são feitos com base na avaliação informal inicial que levantou dados sobre as habilidades de consciência fonológica, nível de escrita e aspectos básicos para a aprendizagem e alfabetização dos participantes, bem como, através de reavaliações trimestrais. Também contou-se com uma avaliação específica na equoterapia, visando levantar as potencialidades e dificuldades de cada praticante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se constatar que houve melhora na prontidão para a aprendizagem de ambos os praticantes, levando-se em conta a avaliação inicial realizada na equoterapia, onde estes apresentavam defasagem no desenvolvimento das percepções e da linguagem, dificuldade para realizar experiências desafiadoras, assim como insegurança na realização de atividades psicomotoras. Pôde-se verificar uma maior agilidade e disposição para realização das tarefas sugeridas, maior adequação ao tempo e espaço, minimização dos distúrbios comportamentais, além da integração das percepções, organização psicomotora e estruturação espaço-temporal.

Quanto à fonoaudiologia e o desenvolvimento da consciência fonológica, D, L, e I tem apresentado evolução quanto à consciência fonológica de uma forma geral (consciência de palavras, consciência silábica, aliteração, rima e consciência fonêmica) mais especificamente em relação à consciência silábica e fonêmica, sendo possível observar o início do processo de alfabetização desses (fase silábica), já reconhecendo e associando algumas letras e sons e, E tem apresentado avanços nas habilidades de consciência fonológica mais refinadas e na escrita, encontrando-se em transição da fase silábica-alfabética para alfabética de escrita, ou seja, E compreende o valor social da escrita e vem desenvolvendo em relação ao conhecimento do valor sonoro de muitas letras.

D, L e I encontravam-se na fase pré-silábica no início do projeto, ou seja, não faziam relação entre escrita e fala, e E estava na fase silábica-alfabética de escrita, onde já conseguia compreender que a escrita representa os sons da fala e percebia que existe a necessidade de mais de uma letra para a maioria das sílabas. Ambos apresentavam déficit em relação a aspectos básicos, como: noção de lateralidade, sequência e orientação espacial, orientação temporal, sistema sensorial (visual, auditivo e tátil), coordenação motora geral, concentração e atenção, capacidade executiva e consciência fonológica. CONCLUSÕES PARCIAIS Através da realização do projeto o quadro clínico dos participantes com deficiência intelectual segue se modificando, demonstrando avanços na alfabetização, como relatado em resultados e discussão. Dessa forma, essa experiência tem evidenciado que está sendo atingido o objetivo do projeto em questão. Além disso, vale ressaltar que o projeto está sendo visto pelos profissionais como uma forma dos pacientes desenvolverem suas potencialidades e enfrentarem suas limitações, bem como, está contribuindo para a “reabilitaçao” dos internos envolvidos, o que poderá ser melhor mencionado nos próximos relatos sobre o projeto

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REFERÊNCIAS

JARDINI, R.S.R.; GOMES, P.T.S. Alfabetização com as boquinhas: método fono-vísuo-articulatório: livro do aluno. Bauru, SP: Boquinhas Aprendizagem e Assessoria, 2011.

WALTER, G.B. Apostila do curso de Pós Graduação em Equoterapia. Fundação Rancho GG- Centro de Treinamento e Pesquisa e Ensino de Equoterapia. Ibiúna, SP, 2011.

WALTER, G.B. Apostila do curso de Pós Graduação em Equoterapia. Fundação Rancho GG- Centro de Treinamento e Pesquisa e Ensino de Equoterapia. Ibiúna, SP, 2015.

16. A TROCA DE UM SEGREDO: RELATO SOBRE OS RESULTADOS DO USO DA FERRAMENTA BOQUINHAS

ZAGUI PAZINI, Greicy [email protected]

PAGGI, Adriana [email protected]

ROSOLEN, Valdirene [email protected]

Colégio Vicentino Santa Cruz – Ensino Fundamental I – Séries Iniciais.

Analisando a ação metodológica que melhor pudesse atender as necessidades da atualidade, iniciou-se a análise do método das boquinhas, como algo inovador,com olhares diferentes para o ensino aprendizagem.Segundo Piaget (1998) a aprendizagem ocorre a partir de algo que é vivenciado e observado. E a modernidade vem nos trazendo cada vem mais inovação no ensino aprendizagem, não podemos deixar de caminhar junto a tecnologia, pois essa é um marco de progresso e avanço da atualidade. Teve-se início esse trabalho com a formação inicial com o curso EAD, método das boquinhas, feito inicialmente pela psicopedagoga Valdirene e a coordenadora Adriana, posteriormente realizou-se uma formação com todas as professoras da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Nessa formação, realizada através de estudos com os textos, realizamos todo um processo de bate papo com a equipe. Então, tivemos o prazer do Método Boquinhas implementado no Colégio Vicentino Santa Cruz.

No decorrer do ano letivo de 2015, o Método Boquinhas passou a fazer parte da didática nas aulas destes segmentos, o professor adaptava o método junto com o material, e assim ministrava suas aulas, repassando essa ferramenta de suma importância. Por meio de estudos realizados em sala, os professores puderam conhecer mais o método e constantemente aplicá-lo diariamente em suas aulas. Pensando em como essa ferramenta apresentava resultados concretos junto com a didática da professora, trabalhou-se em forma de projeto em todo o segmento do Ensino Fundamental I, através de oficinas pedagógicas, nas quais os estudantes do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) puderam demonstrar para seus pais a metodologia aprendida durante o ano letivo. Os estudantes juntamente com seus professores, organizaram o que cada turma realizaria, para demonstrar para os pais, os resultados obtidos, durante todo o ano letivo. Assim, a organização ficou:

1ºanos: Oficina das letrinhas (conhecendo um pouco mais os nomes das letras e seus respectivos sons); 2º anos: Oficina Rap da Consciência fonológica; (trabalho com música, através da construção do rap com os estudantes) 3º anos: Oficina dos sons das letras; (trabalho realizado com explicações focando nos dígrafos) 4 anos: Oficina Jogos das boquinhas; (através de jogos montando pelas professoras trabalhou-se juntamente com os pais) 5º anos: Oficina do Bingo de Boquinhas (trabalhou-se através do bingo, a consciência dos sons de cada letra). As oficinas realizadas apresentaram algumas observações e considerações feitas pela

coordenação pedagógica e psicopedagoga, sobre a forma de ensino e resultado da utilização do Método das Boquinhas como ferramenta didático-pedagógica no Colégio Vicentino Santa Cruz. Para que tais oficinas acontecessem, os estudantes se organizaram e relataram suas experiências com o Método das Boquinhas e os pais participaram das mesmas, interagindo durante as apresentações, tirando suas dúvidas e opinando através de relatos, observando nas práxis o método empregado, tivemos depoimentos de pais dizendo “Como é bom saber e aprender juntos com nossos filhos”. Ao término das oficinas, os pais

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relataram o impacto positivo do método na aprendizagem de seus filhos, o que evidencia sua eficácia.

O corpus utilizado para análise foi obtido nas oficinas. Sendo assim, o presente trabalho expõe o processo de ensino aprendizagem obtido por meio da utilização do referido método, que contribui diretamente na alfabetização e nas dificuldades do referido processo,bem como a maneira de se operar didaticamente, ou seja, aplicar Boquinhas dentro da sala de aula”.Podemos dizer que por meio do trabalho, foi possível inovar reflexões, que acrescentaram conhecimentos pessoais e profissionais. Muitas descobertas e ideias aumentam e, ao mesmo tempo reafirmaram a convicção da importância do trabalho que um método pode contribuir diante das intervenções psicopedagógicas, como o método das Boquinhas.

REFERÊNCIAS

COLELLO, Silvia. Redação Infantil: tendências e possibilidades. Tese de doutorado apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.

CHIAPPINI, Ligia. Aprender e ensinar com texto. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2001.

DEMO, Pedro. O desafio de educar pela pesquisa na educação básica. In: Educar pela pesquisa. 2ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.

GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior.4 ed. Atlas.

JARDINI, R. S. R; GOMES, P. T. S. Boquinhas na Educação Infantil. Ed: Copyright, São Paulo, 2009.

MARTINS, Edson; SPECHELA, Luana Cristine. A importância do Letramento na Alfabetização. 2012. Disponível :www.editorarealize.com.br/revista/fiped

17. PROJETO BOQUINHAS – UMA PROPOSTA POR MEIO DA PRÁTICA

ZAVARISI, Bruna Silva de Oliveira

[email protected] Colégio Vicentino Santa Cruz

INTRODUÇÃO O projeto Boquinhas é trabalhado como uma forma de viabilizar o canal de aprendizado de maneira

segura, prática e rápida para aprender. Nesta perspectiva, este projeto cria harmoniosamente uma alfabetização lúdica e prazerosa, tendo a fala como ponto focal da aprendizagem. O Método Fonovisuoarticulatório foi aprimorado para que os estudantes aprendam a língua portuguesa de maneira mais consistente e segura.Desta forma, o referido projeto aguça nos estudantes o estimulo de interação, uma vez que as atividades são desenvolvidas os estudantes podem compartilhar o conhecimento e trocar ideias e estratégias tendo o professor como mediador nas atividades. Ensinando os mesmo a fazerem o uso das boquinhas faz com que tenham os estímulos para analisar, questionar e pensar a língua escrita a partir da boca, tendo esta faceta como método didático, cria-se um conjunto sistemático/organizado e lúdico, fortalecendo o raciocínio e a consciência fônica.

METODOLOGIA

O referido projeto acontece uma vez por semana, com a duração de uma hora aula iniciado no primeiro trimestre;

O público alvo são todos os estudantes das salas do 2° e 3° ano do Fundamental I; O trabalho é desenvolvido com plaquinhas confeccionado com cartolinas e palito de sorvete,

contendo a Boquinha e a letra correspondente; No primeiro ato são presentados aos estudantes cada grafema e o valor sono que cada uma tem; O projeto é desenvolvidos de 2 maneiras;

Primeira maneira que o jogo é aplicado:

Primeiramente os estudantes são separados em grupos;

Logo após é dado aos grupos plaquinhas de boquinhas;

O dirigente do projeto faz o sorteio de letras onde é pronunciado apenas o valor sonoro das letras;

Cada grupo tem que levantar a plaquinha correta do som emitido;

Se o grupo acertar tem que falar uma palavra que comece com a mesma letra que foi emitido o som;

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O grupo que erra tem que escrever na lousa ou folha a letra correta e a letra que o grupo errou, para reconhecer o verdadeiro valor fônico (fonema/som), visual (grafema/letra) e a articulação (articulema/Boquinhas) correta de cada letra.

Após terem compreendido o som do grafema de cada letra, é distribuído letras sortidas do alfabeto móvel, o grupo tem que levantar a plaquinha da letra sorteada e separar uma palavra com o alfabeto móvel.

Segunda maneira que o jogo é aplicado:

Primeiramente os estudantes são separados em grupos;

Logo após é dado aos grupos plaquinhas de boquinhas;

Cada membro do grupo pega na caixa de mistérios uma ficha de trava-língua com o desafio de ler sem errar;

Os outros grupos devem ouvir atentamente para descobrir qual letra mais, repete no trava- língua;

Exemplo do trava-língua: Maria-Mole é molenga, se não é molenga, Não é Maria-Mole. É coisa malemolente, Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.

Os outros grupos devem levantar a plaquinha correta da letra que mais foi pronunciada;

O grupo que erra deve reler o trava-língua, com o objetivo de explícito de aprender articular o fonema/grafema de forma consciente.

A caixa de mistérios é passadas por todos os grupos, e cada integrante do grupo pega um ficha para fazer a leitura; O projeto será concretizado no 3° trimestre, final do ano letivo

RESULTADOS E DISCUSSÃO Ciente da proposta de se trabalhar boquinhas por meio da prática, as repercussões são analisada

diariamente pelo professor reagente, através de observações, registros, e com a ficha avaliativa de cada educando no final de cada trimestre.Contribuindo assim com o educador e as famílias, para terem visão do processo evolutivo educacional do estudante. No caso de alguns estudantes que apresenta algumas defasagens os mesmo são encaminhados para sala de apoio com a intervenção mais adequada em cada caso.

Figuras 1,2 e 3 – sorteio das letras/ reconhecimento do valor sonoro/visual dos grafemas

Figuras 4 e 5 – formação de palavras das letras sorteadas

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Figuras5, 6 e 7 – estudantes lendo o trava-língua e associando o som do grafema que mais repete

CONCLUSÃO Como percebemos nas imagens dispostas acima, os estudantes vivencia o projeto de forma lúdica

e harmoniosa; Diante de todo o projeto, noto o quanto os alunos vem atribuindo no desempenho de pensamentos

independentes e criativos e capacidade de resolver problemas em trabalhos coletivos; Os estudantes demostra que, senti como a boca está fazendo o movimento e usa pista tátil para

identificar a letra; No entanto, concluo que o projeto auxilia os estudantes ter estímulos que oriente as operações

cognitivas e linguística que gradualmente é conduzido a uma aprendizagem bem-sucedida da leitura e da escrita em uma ortografia alfabética.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Fonoaudiologia Fga. Leandra Teixeira Falcão: Articulando com uso de Trava - Línguas: Auxílio na Dicção; Disponível em: http://leandrafono.blogspot.com.br/2011/06/articulando-com-uso-de-trava-lingua.html. Acesso em 26 julho 2016.

Noções básicas sobre a fundamentação prática do Método das Boquinhas, fono-vísuo-articulatório, de autoria e desenvolvimento de Renata Jardini - CRFa: 4028.:Disponível em: www.metododasboquinhas.com.br.