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ISSN 1809-2616 ANAIS IV FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA EM ARTE Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2006 A CONSTRUÇÃO DE TRAJETÓRIAS NO CAMPO DA ARTE CONTEMPORÂNEA CATARINENSE Sandra Devegilli 1 [email protected] Resumo: A presente pesquisa investiga a construção de trajetórias no campo da arte erudita contemporânea em Santa Catarina. Analisa as relações e os processos de “legitimação do tornar-se artista” por meio dos espaços sociais, escolares, institucionais e consagradores do “mundo da arte” local e nacional. Procura-se destacar o ponto de vista do artista, como ele concebe a arte e interage no campo de produção cultural. A arte e os artistas são frutos de um contexto social e histórico dinâmicos, nos quais as relações sociais são continuamente reformuladas à luz de novos significados. Os primeiros dados apontam para trajetórias que estão se consolidando em exposições como Projeto Schwanke (2002 a 2005), Rumos Visuais do Instituto Itaú Cultural (2000) e 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2001), com poéticas que tratam dos signos verbal e visual, instalações e intervenções urbanas. Palavras-chave: Trajetória social; Campo artístico; Arte contemporânea. Nesta pesquisa procura-se investigar a construção de trajetórias no campo da arte erudita contemporânea em Santa Catarina, a partir da história de vida de duas artistas, Jane Brüggmann e Raquel Stolf. A pesquisa teve início em 2005, com o intuito de contribuir ao processo de pesquisa principal intitulado Antropologia da Arte Contemporânea Catarinense, com a pretensão de observar e analisar as relações e os processos de “legitimação do tornar-se artista” por meio dos espaços sociais, escolares, institucionais e consagradores do “mundo da arte” local e nacional. Para tal, foram realizados estudos conceituais da noção de trajetória social e campo artístico, bem como das linguagens da arte contemporânea. Procura-se destacar o ponto de vista do artista, como ele concebe a arte e interage no campo de produção cultural nas suas relações locais e nacionais. Quanto a procedimentos metodológicos, apóia-se na pesquisa em exposições realizadas durante o ano de 2005, no registro dos trabalhos 1 Universidade da Região de Joinville – UNIVILE. Discente do Curso de Artes Visuais e Aluna Pesquisadora no Programa Institucional de Extensão Arte na Escola – Departamento Artes Visuais no projeto intitulado Antropologia da Arte Contemporânea Catarinense. 132

ANAIS - Escola de Música e Belas Artes do Paraná - EMBAP · a natureza do objeto de arte é uma função da matriz sócio-relacional na qual ... em que o visual é esbatido no tátil

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ISSN 1809-2616

ANAISIV FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA EM ARTEEscola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2006

A CONSTRUÇÃO DE TRAJETÓRIAS NO CAMPO DAARTE CONTEMPORÂNEA CATARINENSE

Sandra [email protected]

Resumo: A presente pesquisa investiga a construção de trajetórias no campo da arte erudita contemporânea em Santa Catarina. Analisa as relações e os processos de “legitimação do tornar-se artista” por meio dos espaços sociais, escolares, institucionais e consagradores do “mundo da arte” local e nacional. Procura-se destacar o ponto de vista do artista, como ele concebe a arte e interage no campo de produção cultural. A arte e os artistas são frutos de um contexto social e histórico dinâmicos, nos quais as relações sociais são continuamente reformuladas à luz de novos significados. Os primeiros dados apontam para trajetórias que estão se consolidando em exposições como Projeto Schwanke (2002 a 2005), Rumos Visuais do Instituto Itaú Cultural (2000) e 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2001), com poéticas que tratam dos signos verbal e visual, instalações e intervenções urbanas.

Palavras-chave: Trajetória social; Campo artístico; Arte contemporânea.

Nesta pesquisa procura-se investigar a construção de trajetórias no campo da

arte erudita contemporânea em Santa Catarina, a partir da história de vida de duas

artistas, Jane Brüggmann e Raquel Stolf. A pesquisa teve início em 2005, com o intuito

de contribuir ao processo de pesquisa principal intitulado Antropologia da Arte

Contemporânea Catarinense, com a pretensão de observar e analisar as relações e os

processos de “legitimação do tornar-se artista” por meio dos espaços sociais,

escolares, institucionais e consagradores do “mundo da arte” local e nacional. Para tal,

foram realizados estudos conceituais da noção de trajetória social e campo artístico,

bem como das linguagens da arte contemporânea. Procura-se destacar o ponto de

vista do artista, como ele concebe a arte e interage no campo de produção cultural nas

suas relações locais e nacionais. Quanto a procedimentos metodológicos, apóia-se na

pesquisa em exposições realizadas durante o ano de 2005, no registro dos trabalhos

1 Universidade da Região de Joinville – UNIVILE. Discente do Curso de Artes Visuais e Aluna Pesquisadora no Programa Institucional de Extensão Arte na Escola – Departamento Artes Visuais no projeto intitulado Antropologia da Arte Contemporânea Catarinense.

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em livros, catálogos e revistas e na realização de entrevistas semi-estruturadas com as

respectivas artistas.

Considera-se que a arte e os artistas são frutos de um contexto social e histórico

dinâmicos, nos quais as relações sociais são continuamente reformuladas à luz de

novos significados. Na definição de Bourdieu,

falar de história de vida é pelo menos pressupor que a vida é uma história (...) e que uma vida é inseparavelmente o conjunto de acontecimentos de uma existência individual concebida com uma história ou relato dessa história. O que equivale a dizer que não podemos compreender uma trajetória (...) sem que tenhamos previamente construído os estados sucessivos do campo na qual ela se desenrolou e, logo, o conjunto das relações objetivas que uniu o agente considerado – pelo menos em certo número de estados pertinentes – ao conjunto dos outros agentes envolvidos no mesmo campo e confrontarmos com o mesmo espaço dos possíveis.2

Podemos perceber e tentar compreender a construção de trajetória artística e os

acontecimentos sucessivos que nela ocorrem se percebermos no interior da estrutura

social e do campo artístico, bem como nas relações com o sujeito e vice versa, ou seja,

uma troca de atribuições que determinam em cada momento sentidos, valores e

atitudes. Assim podemos dizer que a construção das trajetórias resulta das múltiplas

possibilidades vividas socialmente. No texto Antropologia e Arte: uma relação de amor

e ódio, Elsje Lagrou pensando no estado da arte na Antropologia da Arte, cita a

vantagem da proposta de Gell,

a natureza do objeto de arte é uma função da matriz sócio-relacional na qual está inserido... Mas na verdade qualquer coisa poderia ser pensada como objeto de arte de um ponto de vista antropológico, aí se incluindo pessoas vivas, porque uma teoria antropológica da arte (que podemos definir em grandes linhas como as relações sociais na vizinhança de objetos que mediam agência social) se funde sem problemas com a antropologia social das pessoas e seus corpos.3

Segundo Lagrou, “a proposta é, portanto, de tratar os objetos como pessoas.

Interessa o que estes objetos e seus variados usos nos ensinam sobre as interações

humanas e a projeção da sua sociabilidade sobre o mundo envolvente; é na sua

relação com seres e corpus humanos que máscaras, ídolos, banquinhos, pinturas,

adornos plumários e pulseiras têm que ser compreendidos”.4 Assim uma investigação

antropológica possibilitará compreender a rede de significados do campo artístico

2 BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina. Usos e Abusos da História Oral. 2. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. p.183, 190. 3 LAGROU, Elsje Maria. Antropologia e arte: uma relação de amor e ódio. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 5, 2004. p. 100, 101. 4 LAGROU. Op. cit., p. 101.

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catarinense, as concepções e práticas da arte contemporânea do ponto de vista dos

artistas que atuam em Santa Catarina.

Ao colocar a natureza simbólica como seu objeto, a antropologia social não pretende em por isso afastar-se da realidade. Como poderia fazê-lo, uma vez que a arte, onde tudo é signo, utiliza veículos materiais? Não se podem estudar os deuses e ignorar suas imagens; os ritos, sem analisar os objetos e as substâncias que o oficiante fabrica ou manipula; regras sociais, independentemente de coisas que lhes correspondem. A antropologia social não se isola em uma parte do domínio de etnologia; não separa cultura material e cultura espiritual. Na perspectiva que lhe é própria – e que nos será necessário situar – ela lhes atribui o mesmo interesse. Os homens se comunicam por meio de símbolos e signos; para a antropologia, que é uma conversa do homem com o homem, tudo é símbolo e signo que se colocam como intermediários entre dois sujeitos.5

A arte contemporânea é um campo sobre o qual ainda não há definições exatas

das profundas mudanças ocorridas na sua concepção e expressão poéticas,

apresentando diversas linguagens e gestualidades que sinalizam para uma ruptura

com a referência modernista. Na ótica de Faria, “é o sintoma de uma insatisfação, cada

obra de arte traz embutida uma crítica à própria noção de arte e pode mesmo modificar

aquilo que entendemos por arte”.6 É talvez por essa insatisfação que encontramos na

arte contemporânea aspectos de desconstrução, citação, experimentação, hibridação,

apropriação, acumulação, repetição, seriação, ironia e outros. Aspectos estes

expressos nas modalidades como performances, instalações, happenings e videoarte.

Para Celso Favaretto,

A proposição de objetos é uma dissolução do primado do visual. Enquanto supõe uma participação diversificada, em que o visual é esbatido no tátil e olfativo, e para não ser tomado apenas como objeto estético substitutivo da pintura e escultura, o objeto inclui-se no domínio mais amplo da anti-arte, uma função de arte e ação constituindo uma poética que vislumbra a arte como outra coisa.7

O artista pensado como aquele que se faz no campo de produção cultural, se

reconhece à importância da pesquisa permeada pelo olhar antropológico com o

objetivo de observar as relações e as ações no processo de construção do tornar-se

artista.

Toda trajetória social deve ser compreendida como uma maneira singular de percorrer o espaço social, onde se exprimem as disposições do habitus; cada deslocamento para uma nova posição, enquanto implica a exclusão de um conjunto mais ou menos vasto de posições substituíveis e, com isso, um fechamento irreversível de leque dos possíveis inicialmente

5 LEVIS-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. p. 19.6 FARIAS, Agnaldo. Arte Brasileira Hoje. São Paulo: Publifolha, 2002.7 FAVARETTO, Celso. Das Novas Figurações à Arte Conceitual. Objeto Cotidiano/Arte – Textos teóricos, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 10-14, 2002.

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compatíveis, marca uma etapa de envelhecimento social que poderia medir o número dessas alternativas decisivas, bifurcações da árvore com incontáveis galhos mortos que representa a história de uma vida.8

Nos diversos deslocamentos sociais, nas diferentes experiências subjetivas e no

conjunto das práticas artísticas, a trajetória do agente modela-se nas intersecções e

nos diálogos tanto de instâncias consagradoras como dos discursos legitimadores da

arte num determinado contexto de relações sociais. Mas em contrapartida, o sujeito

pode ser determinante quando se trata de sua sensibilidade em relação ao seu

contexto, ou seja, uma subjetividade que na trilha analítica de Bourdieu, imprime sua

marca na cultura, mas antes de tudo, é marcada pelo habitus. “Os habitus é o

conhecimento adquirido e também um haver, um capital que indica a disposição

incorporada, quase postural de um agente em ação. Constituiu-se originalmente em

uma posição que implica, ela própria, certo direito aos possíveis e só se realiza

efetivamente em relação com uma estrutura determinada de posições socialmente

marcadas”.9

A análise biográfica assim compreendida pode levar aos princípios da evolução da obra no decorrer do tempo: com efeito, as sensações positivas ou negativas, sucessos ou fracassos, encorajamentos ou advertências, e consagração ou exclusão, através dos quais se anuncia a cada escritor (etc.) – e ao conjunto de seus concorrentes – a verdade objetiva da posição que ele ocupa e de sua evolução provável, são sem dúvida uma das melhores mediações através das quais se impõe a redefinição incessante do “projeto criador”, fracasso encorajando à reconversão ou a retirada para fora do campo, ao passo que a consagração reforça e libera as ambições iniciais. A identidade social encerra um direito determinado aos possíveis. Segundo o capital simbólico que lhe é reconhecido em função de sua posição, cada escritor (etc.) vê ser-lhe conferido um conjunto determinado de possíveis legítimos, ou seja, em um campo determinado, uma parte determinada dos possíveis objetivamente oferecidos em um momento dado do tempo.10

Assim aqueles que conseguem manter-se em posições mais elevadas são

aqueles que têm por vantagem não precisar partir para tarefas secundárias para a sua

subsistência, que conseguem mantese por um tempo sem ter que buscar lucros com

sua arte, tempo este suficiente para obter lucros simbólicos e esse por sua vez vão dar

ao sujeito o que o autor chama de “os possíveis”. O capital simbólico adquirido atribui

ao sujeito novas possibilidades e assim sucessivamente até chegar ao direito a

possíveis mais raros. Os “lucros simbólicos” atribuídos ao sujeito também dão a ele

uma certa segurança e a capacidade para realizar praticamente.

8 BOURDIEU, Pierre. As Regras da Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.9 BOURDIEU, 1996. Op. cit.10 BOURDIEU, 1996. Op. cit.

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Rompidos os códigos preestabelecidos de pintura, escultura, gravura etc. – que até mais ou menos o início dos anos 60 (no Brasil), serviam como parâmetros para os artistas –, o que tem prevalecido com base para cada artista é sempre ele mesmo: ele enquanto artista (tudo o que isso significa, quando se pensa a carga histórica dessa atividade), enquanto cidadão e indivíduo com o seu próprio corpo, sua biografia, lugar, origem etc.11

Os sentidos e os valores dados a cada momento pelo sujeito no “mundo da arte”

estão diretamente ligados às “regras do jogo”, ou seja, às concepções, aos conceitos

sempre reformulados em relação à arte e ao que é arte, a toda uma rede de

significados que criam relações, pensamentos e atitudes em cada espaço e tempo,

interagindo assim com a trajetória artística. “Se no passado os modernistas usaram a

arte para falar de seus meios, os novos artistas vêm usando-a para falar de seu

sistema ou circuito, da rede de relações existentes entre museu e instituições, galerias,

críticos, curadores, mercado, artistas e público”.12

Os primeiros dados coletados pela pesquisa apontam para duas trajetórias que

estão se consolidando em exposições locais e nacionais como Projeto Schwanke

(2002 a 2005), Rumos Visuais do Instituto Itaú Cultural (2000) e 3ª Bienal de Artes

Visuais do Mercosul (2001), com poéticas que tratam dos signos verbal e visual,

instalações e intervenções urbanas. Nestas encontramos artistas que desenvolvem

seus trabalhos dentro do campo da arte contemporânea e que encontram nesses

projetos e instituições possibilidades de estar mostrando seus trabalhos e o

reconhecimento de seu nome de artista.

Jane Brüggemann nasceu em 1969 em Mondai, Santa Catarina. Freqüentou

cursos com Luiza Interlengui, Geraldo Leão, Guilherme Vergara, Ronaldo Brito, Fayga

Ostrower, Sérgio Romagnolo, José Arthur Giannotti e Tadeu Chiarelli, entre outros.

Raquel Stolf nasceu em 1975 em Indaial/SC. Cursou Artes Plásticas pelo Centro de

Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, é Mestre em

Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre. É professora do Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa

Catarina, Florianópolis. Freqüentou cursos com Hélio Fervenza, Fernando Lindote,

Yiftah Peled, Carlos Montes de Oca, Jorge Menna Barreto e Carla Zaccagnini, dentre

outros. Tais cursos e contatos diretos com estudos e pesquisas possibilitam uma maior

aproximação com os conceitos da Arte Contemporânea, ou seja, conhecimentos que

11 CHIARELLI, Tadeu. O tridimensional na Arte Brasileira dos Anos 80 e 90: Genealogias, Superações. Objeto Cotidiano/Arte – Textos teóricos, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 10-14, 2002.12 COCCHIARALE, Fernando. Vertentes da Produção Contemporânea. Catálogos Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.

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dão ao sujeito oportunidades de situar-se no circuito da arte atual e que de certa forma

são uma orientação para possíveis produções artísticas.

As principais individuais de Jane Brüggemann são: Nós que aqui estamos por

vós lamentamos, Galeria da UFSC, Florianópolis, 2001; Recambiar, Museu de arte de

Joinville, 2002. E as principais Coletivas: 5o. Salão de Artes Cidade de Itajaí, 1997; Da

linha à imagem, Galeria Municipal Victor Kursancew, Joinville, 1998;

Reflexões/Equilíbrio, Galeria Municipal Victor Kursancew, Joinville, 1999; Encontro de

escultores de Joinville (prêmio); Inquietação Contemporânea, Espaço de Arte Francis

Bacon, Curitiba, 2000; Prêmio Blausiegel de Artes Plásticas em Santa Catarina, Masc,

Florinópolis, 2000; 3a. Bienal de Artes Visuais da Mercosul, Porto Alegre, 2001; A

Poética da Morte na Cultura Brasileira, Masc, Florianópolis, 2001; Salão de Arte

Contemporânea Luiz Henrique Schwanke, Centro Cultural de Jaraguá do Sul, 2002;

6a. Mostra João Turim de Arte Tridimensional, Curitiba, 2003.

As principais individuais de Raquel Stolf: Esquecimentos, Museu da Imagem e

do Som de Santa Catarina, Florianópolis, 1999; Ruídos do Branco, Torreão, Porto

Alegre 2002; Espaço em Branco, Pinacoteca da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, Porto Alegre; Espaço em Branco, Museu Victor Meirelles, Florianópolis, 2002.

Principais Coletivas: Projeto Rumos Visuais Itaú, Fortaleza, Recife, Curitiba, Sobral e

Rio de Janeiro, 1999 a 2001; Mapeamento das Artes Plásticas em Santa Catarina,

Museu de Artes de Santa Catarina, Florianópolis, 2000; Os Livros de Todos os Dias,

Projeto Linha Imaginária, Oficina Oswald de Andrade, São Paulo, 2000; Casa de

Todos, Projeto Linha Imaginária, Projeto Sesiminas, Belo Horizonte, 2000; Pretexto

Poético, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, 2001; Conduta da Imagem,

Projeto Linha Imaginária, Museu Metropolitano, Curitiba, 2002; Salão de Arte

Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (prêmio), Centro Cultural de Jaraguá do Sul,

2002; 8º Salão Nacional Victor Meirelles, Museu de Arte de Santa Catarina,

Florianópolis 2002; Projeto Schwanke-Perspectiva das Artes Plásticas em Santa

Catarina, Florianópolis e Galeria Marta Traba, Memorial da América Latina, São Paulo,

2003; Um Território da Fotografia, Galeria dos Arcos, Usina do Gasômetro, Porto

Alegre, 2003.

As artistas Jane Brüggemann e Raquel Stolf vivem e trabalham em

Florianópolis. São artistas consideradas ainda jovens no circuito da arte, pelo tempo e

pela quantidade de participações em exposições. Entre outros meios, é nestas

participações que ambas procuram buscar novas possibilidades para consolidar-se

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enquanto artistas, expondo seus trabalhos e também seus nomes. Em seguida, duas

imagens de trabalhos artísticos mostram um pouco da sua produção:

néscio O2 / cabeças de parafina e botijão de oxigênio / 300x300x300 cm. Jane Brüggemann Salão Luiz Henrique Schwanke

deusmandou – Site Specific. Jane Brüggemann. 31a Coletiva de Artistas de Joinville

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situação número 1 (detalhe) /2001-2002/ ratos brancos de borracha e parede branca. Obra premiada

Na obra deus mandou, Jane Brüggemann apropria-se de uma das máquinas

para sugerir uma produção em série de crianças. Pretende discutir a possibilidade de

individualidade frente à padronização e à seriação apontando para o controle que tal

atitude pode provocar. A maioria de sua produção está diretamente envolvida com

questões sociais como o gênero feminino, o trabalho infantil, a corporalidade, ente

outros, temas críticos próprios da arte contemporânea, expressos em linguagens

poéticas na forma de seriação, repetição e ironia.

Raquel Stolf, em sua proposição artística intitulada Lista de Coisas Brancas,

coisas que podem ser, que parecem ou que eram brancas, lista coisas brancas,

abertas a infinitas e descontínuas inserções, instaladas diretamente no espaço. Mostra,

segundo Cocchiarale, “que o apoio aos verbetes ajuda a reforçar a idéia do que chama

de transitividade da criação contemporânea, ou seja, sua facilidade em migrar de

linguagens, temas ou qualquer tipo de definição categórica”.13 Em seus trabalhos

encontramos aspectos da arte contemporânea, como a seriação, a repetição e a

ressignificação, entre outros.

Os resultados da pesquisa mostram algumas das possibilidades obtidas pelas

artistas e um pouco da construção de sua trajetória artística no “mundo da arte”.

13 COCCHIARALE, Fernando. Catarinense Raquel Stolf expõe obra em São Paulo. Disponível em: <www.na.uol.com.br>. Acesso em 28 abr. 2005.

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Mostram algumas de suas participações e produções dentro do circuito da arte e de

como estas produções dão às artistas novas e sucessivas oportunidades de estarem

inseridas no circuito da arte contemporânea local e nacional.

REFERÊNCIAS

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina. Usos e Abusos da História Oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.

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CHIARELLI, Tadeu. O tridimensional na Arte Brasileira dos Anos 80 e 90: Genealogias, Superações. Objeto Cotidiano/Arte – Textos teóricos. São Paulo, v. 1, n. 1, 2002.

COCCHIARALE, Fernando. Vertentes da Produção Contemporânea. Catálogos Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.

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FARIAS, Agnaldo. Arte Brasileira Hoje. São Paulo: Publifolha, 2002.

FAVARETTO, Celso. Das Novas Figurações à Arte Conceitual. Objeto Cotidiano/Arte – Textos teóricos. São Paulo, v. 1, n. 1, 2002.

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LAGROU, Elsje Maria. Antropologia e arte: uma relação de amor e ódio. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 5, 2004.

LEVIS-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.

NARLOCH, Charles. Recambiar é digerir – Jane Brüggemann expõe sua vida no MAJ. Disponível em: <www.na.uol.com.br>. Acesso em 25 maio 2005.

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