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ANAIS

ANAIS - nupem.orgº-FÓRUM-DE... · - Ademir de Marco (FEF/UNICAMP), Jose Carlos Freitas (UNINOVE), Maria Nazare da Cruz (FE/UNIMEP), Vitor Antonio Cerignoni Coelho (UFT) 16h00 -

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ANAIS

Ficha catalográfica BIBLIOTECA – UNIMEP

Anais do 1º. Fórum de Desenvolvimento Infantil e

Educação Básica. Organizadores: Rute

Estanislava Tolocka, Isabella Freguglia.

Piracicaba: UNIMEP,2014.

56p.

Desenvolvimento Infantil. 2. Educação básica. 3.

Pre-escola. 4- Creches. I. Tolocka, Rute

Estanislava, II Freguglia, Isabella. III Título.

PROGRAMA

Quinta-feira 09/10

08h30 - 09h00: Credenciamento

09h00 - 09h30: Abertura

09h30 - 11h00: Palestra & atividades práticas Escola Ativa: promovendo o

desenvolvimento infantil

Ella Shoval – The Zinman College, Wingate Institute,Netanya/Givat

Washington, Kvuzat Yavne, Israel

11h00 - 11h15: intervalo

11h30 - 12h30: Exposição– Contribuições à educação Infantil (de escolas ou

grupos de pesquisa)

12h30 - 14h00: intervalo (almoço)

14h00 - 16h00: mesa redonda: Formação continuada e educação infantil:

- Ademir de Marco (FEF/UNICAMP), Jose Carlos Freitas (UNINOVE), Maria

Nazare da Cruz (FE/UNIMEP), Vitor Antonio Cerignoni Coelho (UFT)

16h00 - 16h15: intervalo

16h15 - 17h30: Debate aberto: Re-criando a Educação Infantil

Sexta-feira 10/10

08h30 - 10h15: Mesa redonda: Atividades motoras diversificadas,

desenvolvimento integral e ensino infantil. Ida C Martins (FE/UNIMEP),

Cinthia Lopes, (FACIS/UNIMEP), Marcelo Cesar de Castro (FACIS/UNIMEP)

10h15 - 10h30: intervalo

10h30 - 11h45: Mesa redonda: Desenvolvimento infantil e meio ambiente -

Estudos realizados no NUPEM (Rute E Tolocka, Melissa De Marco, Barbara

Blanco)

11h45 - 12h00: Exposição: A obra de Rui Krebs sobre o desenvolvimento

infantil

12h00 - 14h00: intervalo (almoço)

14h30 - 16h30: celebrando o dia do ex-aluno na unimep – exposição de

trabalhos e confraternização entre ex-alunos e alunos da Unimep

16h30 - 17h00: Encerramento – Em comemoração aos dez anos de NUPEM

realizaremos uma exposição contando um pouco sobre a trajetória do

NUPEM

Sumário

PARTE I: CONFERÊNCIAS E PALESTRAS................................................... 6

PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM INFANTIL

COM MOVIMENTO SIGNIFICATIVO .......................................................... 7

Ella Shoval ..................................................................................... 7

FORMAÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃO INFANTIL: O PARFOR DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NA UFT E AS RELAÇÕES COM A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES PARA ATUAR NA INFÂNCIA ........................................ 11

Vitor Antonio Cerignoni Coelho.................................................... 11

ATIVIDADES MOTORAS DIVERSIFICADAS, DESENVOLVIMENTO

INTEGRAL E ENSINO INFANTIL CINTHIA LOPES (FACIS/UNIMEP):

Contribuições da Antropologia e dos Estudos do Lazer à Aprendizagem

Motora na Educação Infantil ...................................................................... 16

Cinthia Lopes da Silva ................................................................. 16

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: MANIFESTAÇÕES

EMOCIONAIS EM ATIVIDADES MOTORAS DE CRIANÇAS DE 5 A 6

ANOS DE IDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................... 25

Melissa De Marco ........................................................................ 25

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: O

MICROSSISTEMA SALA DE AULA DE DIFERENTES INSTITUIÇÕES

INFANTIS DE UMA REDE MUNICIPAL DE ENSINO,NO INTERIOR DE

SÃO PAULO .............................................................................................. 29

Barbara Detoni Borba Blanco ...................................................... 29

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: CONTRIBUIÇÕES

DA TEORIA BIOECOLÓGICA DE BRONFENBRENNER PARA

DESVELAR O QUE OCORRE EM SALAS DE AULAS NO ENSINO

INFANTIL ................................................................................................... 35

Rute Estanislava Tolocka ............................................................ 35

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: RUI KREBS

CONTRIBUTIONS FOR STUDIES IN CHILD DEVELOPMENT - IN

MEMORIAM ............................................................................................... 40

Ella Shoval ................................................................................... 40

PARTE II - CONTRIBUIÇÕES À EDUCAÇÃO INFANTIL (DE ESCOLAS OU

GRUPOS DE PESQUISA) ............................................................................ 42

O COTIDIANO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO DE HÁBITOS

ALIMENTARES SAUDÁVEIS NA PRÉ-ESCOLA ...................................... 43

Catarina Couto; Camila Bruzasco Oliveira .................................. 43

ANÁLISE DOS COMPORTAMENTOS DE PROFESSOR E ALUNOS À

LUZ DA TEORIA COMPORTAMENTAL DE APRENDIZAGEM ................ 45

Aline Granzotto; Pâmela Donato Lallement ................................. 45

AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS QUE PODEM PROPICIAR O

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES NO AMBIENTE DE

CRECHE – UM ESTUDO PILOTO. ........................................................... 47

Audrei Fortunato Miquelote; Bruna Dias Patresi Silva, Môyra A.

Romero, Caroline M Almeida, Denise CC Santos .................................. 47

A INICIAÇÃO ESPORTIVA, DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A AÇÃO

DO PROFESSOR DA GINÁSTICA ARTÍSTICA ........................................ 49

Poletto, Jéssica Eloá Poletto; Rute Estanislava Tolocka ........... 49

A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR: EDUCAÇÃO PARA O LAZER .................................... 51

Cinthia Lopes da Silva, Galindo, Vinícius Aparecido ................... 51

ATIVIDADES DO DIA A DIA ESCOLAR E VIVÊNCIAS DE HABILIDADES

MOTORAS EM ESCOLAS INFANTIS DE UMA CIDADE DO INTERIOR

DE SÃO PAULO ........................................................................................ 53

Isabella Freguglia, Rute Estanislava Tolocka .............................. 53

ASPECTOS DOS DESENVOLVIMENTOS INFANTIS NOS JOGOS E

BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ELETRÔNICAS: UMA

APROXIMAÇÃO COM A ESCOLA ............................................................ 55

Benecta Patricia Fernandes; Cinthia Lopes da Silva .................. 55

PARTE I: CONFERÊNCIAS E PALESTRAS

PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

INFANTIL COM MOVIMENTO SIGNIFICATIVO

Ella Shoval

W ingate Ins t i tu te / Givat Washington, Kvuzat Yavne – IL Contato: [email protected]

Iniciamos com uma pergunta: Porque é necessário conectar

movimentos com habilidades acadêmicas? É porque temos solicitado que

crianças pequenas permaneçam sentadas em nossas escolas por muitas

horas por dia mas elas não são madura o suficiente para isto e isto não é

saudável para elas.

Da escola espera-se que as crianças tragam conhecimentos

acadêmicos, porém para que isto ocorra o movimento deve ser atento e

significativo. E para isto é necessário lembrar que a aprendizagem de

movimento significativo está ligada com a teoria do movimento corporal a

qual distingue “Movimento do corpo” de “ Movimento de partes do corpo”

que permitem que maneiras de pensar, expressar, funcionar e manejar

ocorram através da comunicação não verbal.

Aprendendo atividades acadêmicas ganha-se conhecimento da

linguagem verbal sobre matemática, língua (hebraico, português, inglês,

dentre outras), ciências biológicas, ciências sociais e outros conteúdos da

escola. Mas para trabalhar a linguagem não verbal é necessário trabalhar o

movimento e isto implica em lembrarmos que existem ao menos 03 maneiras

de aprender o movimento corporal:

1- Movimento para conhecer o próprio movimento, isto é, desenvolver

habilidades motoras e ou condicionamento físico

2- Movimentos de apoio: movimentos enquanto se faz outra tarefa, por

exemplo subir uma montanha e observar a paisagem)

3- Movimento atento/ significativo (Mindful-Movement): movimentos para

levar a aprendizagem de habilidades acadêmicas: ex. (correr para

fazer contas)

Para trabalhar com o movimento corporal é necessário que se tenha

claro que existe diferença entre imagem corporal, imagem mental do corpo,

consciência corporal, conhecimento do corpo, inteligência corporal

cinestésica e alfabetização corporal.

Qual é o significado destes conceitos e o que há de diferente entre

eles?

O conceito de imagem corporal se relaciona a como eu me sinto sobre meu

corpo; a imagem mental do corpo está ligada a como eu lembro de meus

movimentos (figuras que faço do meu movimento),o conceito de consciência

corporal refere-se a minha habilidade de verbalizar meu próprio movimento e

fazer mudanças nele quando for necessário, o conhecimento do corpo alude

a conhecimentos acadêmicos sobre o corpo e movimento ( e não esta

conectado ao meu eu). A inteligência corporal cenestésica é uma das 07

inteligências citadas por Gardner e por alfabetização corporal se tem as

ferramentas básicas que alguém precisa para melhorar seus movimentos.

Verificamos assim que o trabalho ocorre em duas direções: aprende-

se movimento corporal através de habilidades acadêmicas e aprende-se

habilidades acadêmicas através do movimento corporal.

O Movimento atento/ significativo (Mindful-Movement) pode melhorar

a aprendizagem pois permite contato físico com o meio ambiente estudado;

possibilita interação verbal e não verbal entre pares e apoia a aprendizagem

das atividades.

O sistema nervoso tem a possiblidade de coletar as informações

provenientes do meio ambiente. A percepçã é a base do processo de

informação e temos diferentes tipos de vias sensorias, cada uma traz uma

forma de perceber, por exemplo: visão, audição, cinestesia, dentre outros.

Através da cinestesia recebemos informações sobre partes do nosso

corpo a partir de cada músculo, tendão ligamento, agrupamento de tendões

ou ligamentos que fazem o movimento ocorrer ou os restringem, pois eles

são sensíveis para contrair, alongar e relaxar.

Assim, a aprendizagem pode ser potencializada se usarmos duas vias

sensórias juntas: a cinestésica e a visual. Por exemplo: o contato físico

possibilita o processamento de informações cinestésicas e pode ser usado

para comparação de tamanho de diferentes ângulos, como ilustra a figura 1.

Figura 1: aprendendo habilidades acadêmicas através de movimentos corporais

O movimento também aumenta as possibilidades de interação social

entre os pares, seja através de atividades de cooperação ou de competição,

que utilizam diferentes movimentos corporais. Os pares possuem diferentes

conhecimentos em diferentes áreas e possibilitam a comunicação não

verbal, principalmente entre crianças pequenas.

Além disto, atividades com movimentos onde as crianças ficam com

partes ou todo o o corpo suspenso podem auxiliar no desenvolvimento da

capacidade de atenção, pois isto elicita alertas fisiológicos do corpo, que são

notáveis para os professores.

A aprendizagem do movimento corporal e através dele ocorre quando

quando:

as crianças se movem e conversam com adultos ou com seus

pares, compartilhando suas experiências de movimento, logo

após te-las vivenciado;

são dadas direções para cada um antes de se iniciar o

movimento

Qual destes ângulos é o maior?

as crianças experimentam problemas e soluções usando seus

ossos e músculos e observando outros se movimentando,

praticando tanto por si mesmo quanto com outros.

As crianças tem possibilidades de escolher os movimentos e as

formas de resolver os problemas.

Estas ideáis foram utilizadas em um de nossos estudos (SHOVAL,

2014) , onded comparamos dois grupos de crianças na aprendizagem

geometria, vindo de oito classes de segundo e terceiro ano de seis escolas

infantis O grupo experimental (usando movimento consciente na

aprendizagem cooperativa) incluiu 158 alunos de cinco classes e o o grupo

controle (que recebeu tratamento didático convencional) incluiu 103 alunos

de três classes. Verificamos experimental alcançou resultados

significativamente melhores na aprendizagem de ângulos. Além disso, foi

encontrada uma correlação positiva significativa entre cada uma das cinco

variantes: contato físico com o ambiente a ser estudado; modelagem visual e

cinestésico; interação verbal e sócio-cinestésica; aprendizagem sustentada

auxiliada por movimento.

Outros estudos utilizando-se de aprendizagem cooperativa com

movimentos conscientes devem ser feitos para verificarmos com mis

detalhes como o sucesso na aprendizagem acadêmica ocorre.

FORMAÇÃO CONTINUADA E EDUCAÇÃO INFANTIL: O PARFOR

DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA UFT E AS RELAÇÕES COM A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES PARA ATUAR NA INFÂNCIA

Vitor Antonio Cerignoni Coelho

Universidade Federal do Tocantins – UFT Contato: [email protected]

Este texto tem como objetivo registrar as discussões e

contribuições apresentadas na mesa redonda “Educação Infantil e Formação

Profissional” do I Fórum de Desenvolvimento Infantil da Universidade

Metodista de Piracicaba/SP (UNIMEP) que aconteceu nos dias 9 e 10 de

outubro de 2014 no Campus Taquaral, Bloco 7 desta universidade.

A partir da lei 6755 de 2009 o governo Federal instituiu a Política

Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica

(PARFOR) a fim de atender uma demanda crescente de profissionais sem

formação inicial ou específica nas áreas de atuação na Educação Básica e

também para atender aos requisitos da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB – 9.394/96) sobre formação profissional (CAPES,

2010).

Diante disto o Estado do Tocantins com uma população

aproximada de 1.400.000 habitantes, destes apenas 5,7% com formação

superior, segundo dados do IBGE (2010), indicava uma necessidade de

ações e programas para formar e capacitar melhor e mais pessoas a fim de

lecionar na Educação Básica. Com esta demanda o Governo Federal em

parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT), estado, municípios

e secretarias de educação aderiram ao PARFOR com o compromisso de até

2017 formar mais de 11.000 licenciados nas diversas áreas de atuação da

Educação Básica Brasileira, como letras (inglês e português), biologia,

pedagogia, física, sociologia, geografia, artes, filosofia, história, matemática e

educação física (UFT, 2007).

Especificamente esta última, a Educação Física, revela-se como

uma área ainda em expansão no estado do Tocantins que conta atualmente

com apenas um único curso superior público de Educação Física que é

justamente o PARFOR de Licenciatura em Educação Física do Campus

Universitário de Miracema.

Atualmente, este curso, conta com uma única turma de 37 alunos,

sendo 33 efetivos, 75% da grade concluída, e após avaliação do MEC em

abril de 2014 o curso foi aprovado com conceito 3.

A primeira dificuldade encontrada para concretização e andamento

do curso estava relacionada aos professores que ministrariam as aulas, pois

no estado ainda há poucos profissionais da Educação Física com mestrado e

doutorado. Durante o curso os alunos tiveram aulas com os professores de

outras áreas como Pedagogia e Serviço Social, para as aulas específicas e

práticas a UFT fez uma parceria com IFTO de Palmas e os professores com

especialização atuavam nas disciplinas do núcleo específico do currículo.

Outros desafios do PARFOR de Educação Física envolviam as

atividades de ensino, pesquisa e extensão, já que a maioria dos estudantes

trabalhavam e apenas nos períodos de férias estavam na Universidade para

cumprir com suas disciplinas, este processo provocou um distanciamento dos

alunos do PARFOR das ações cotidianas da Universidade, como eventos

culturais, acadêmicos e científicos, participação em comissões e lideranças

estudantis. Além de dificultar as tarefas do estágio e o trabalho de conclusão

de curso.

No Estado do Tocantins a Educação Física Escolar, na Educação

infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, não é ministrada por

professores de Educação Física, situação que provoca certo conflito entre as

áreas e discussões já superadas em outros estados da federação, como

quem deve ministrar aulas de Educação Física são educadores físicos.

Mas este contexto levanta algumas reflexões acerca da atuação

de educadores físicos na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental. Estes profissionais tem capacitação para atuar nestas etapas?

Eles estão preparados para atuar com crianças? Os currículos dos cursos de

Educação Física oferecem condições para tal demanda?

A partir daí uma análise no Projeto Pedagógico do Curso de

licenciatura PARFOR de Educação Física da UFT revelou que apenas 6

disciplinas do currículo apresentam ementários voltados para a infância como

“Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem”; “Jogos recreativos e

Lazer”; “Cultura Popular e Movimento”; “Qualidade de vida para escolares”;

“Educação Física para grupos especiais”; “Estágio em Educação Física

Infantil”.

Observando detalhadamente os conteúdos e bibliografia utilizados

verificou-se que não são disciplinas completamente ligadas a infância e as

etapas da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental

sedimentando um currículo ainda em construção e que não atende aos

requisitos e exigências voltados para atuação com crianças, hoje discutidos

por teóricos e pensadores da infância como Kishimoto (1999) e Machado

(2000) sobre a formação profissional nestas etapas da educação básica;

discussões acerca do cuidar e educar mencionados por Barbosa (2000) e

Bogus et al. (2007); promoção do Desenvolvimento Integral argumentado por

Lima e Bhering (2006); a inclusão de disciplinas sobre criança,

desenvolvimento infantil em cursos de formação de professores como

apontado por Bonetti (2004); mudanças no currículo alertada por Gatti

(2010); qualidade da Educação Infantil investigadas por Kagan (2011) e

Campos et al. (2011) e a importância do movimento e da ludicidade na vida

das crianças expressadas nas discussões de Sayão (2002) e Iza e Mello

(2009).

Estas pesquisas orientam para uma mudança de paradigma na

formação de professores para atuar com crianças, seja na Educação Infantil

ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental e a Educação Física não pode

estar distante e alienada deste processo sendo necessário rever os

currículos de formação e o perfil do egresso que os cursos superiores em

Educação Física pretendem formar seja no Tocantins ou no Brasil.

É preciso se pensar, também, que a infância é uma frente de

trabalho e pesquisa em nosso país que vem ganhando atenção especial e se

é uma ou outra área que deverá atuar com os pequenos ainda não se sabe,

mas que é necessário pensar e capacitar profissionais que vivenciem e

compreendam o desenvolvimento das crianças, suas necessidades e as

possibilidades de estímulos adequados a esta faixa etária, isto é inevitável.

O PARFOR de Educação Física da UFT deve rever seu projeto

pedagógico e ampliar seus olhares para o contexto em que está inserido,

observando o mercado de trabalho que se revela no estado do Tocantins e

as possibilidades de políticas publicas que podem ser conquistadas para

fortalecer a atuação dos profissionais de Educação Física e a relação deles

com o trabalho desenvolvido na infância tocantinense.

Referências

BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil.

Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Universidade Estadual de

Campinas. 283f. 2000.

Bógus, C. M., Nogueira-Martins, M. C. F., Moraes, D. E. B., & Taddei,

J.A.A.C. (2005) Cuidados oferecidos pelas creches: percepções de mães e

educadoras. Revista Nutrição. 20(5), 499-514.

Bonetti, N. (2004). A especificidade da docência na educação infantil no

âmbito de documentos oficiais após a LDB 9394/1996. Dissertação de

Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da

Educação, 190f.

CAPES. Plano Nacional de Formação de Professores da Educação

básica – PARFOR. 2010.

UFT. Plano de Desenvolvimento Institucional – Universidade Federal do

Tocantins. 2007.

SAYÃO, D. T. Corpo e Movimento: notas para problematizar algumas

questões relacionadas à educação infantil e à educação física. Revista

Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas: v. 23, n. 2, p. 55-67, 2002.

IZA, D. F. V.; MELLO, M. A. Quietas e caladas: as atividades de movimento

com as crianças na Educação Infantil. Educação em Revista, v. 2, p. 283-

302, 2009.

IBGE. (Instituto Brasileiro de Geografia Econômica). Estados. 2011.

Disponível em: http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=to. Acesso

em: 29 de setembro de 2014.

CAMPOS et al. A qualidade na Educação Infantil: Um estudo em seis capitais

Brasileiras. Cadernos de Pesquisa,v.41, n.142, 2011.

Gatti, B. (2010). Formação de professores no Brasil: características e

problemas. Revista Educação e Sociedade. 31(113), 1355-1379.

KAGAN, S.L. Qualidade na educação infantil: Revisão de um estudo

Brasileiro e recomendações. Cadernos de Pesquisa, v.41 n.142 , 2011

KISHIMOTO, T.M. Política de formação profissional para aeducação infantil:

Pedagogia e Normal Superior. Educação & Sociedade, ano 20, nº 68, 1999.

LIMA, A.B.R.; BHERING, E. Um estudo sobre creches como ambiente de

desenvolvimento. Cadernos de Pesquisa. v. 36, n° 129, p573-596, dez.

2006.

MACHADO, M.L.A. Desafios iminentes para projetos de formação de

profissionais da educação infantil. Cadernos de Pesquisa, n° 110, p.191-

202, jul.2000.

ATIVIDADES MOTORAS DIVERSIFICADAS, DESENVOLVIMENTO

INTEGRAL E ENSINO INFANTIL CINTHIA LOPES (FACIS/UNIMEP):

Contribuições da Antropologia e dos Estudos do Lazer à

Aprendizagem Motora na Educação Infantil

Cinthia Lopes da Silva

Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) Grupo de Estudo e Pesquisa em Lazer, Práticas Corporais e Cultura

Contato: [email protected]

Primeiramente gostaria de agradecer a possibilidade de participação

neste I Fórum de Desenvolvimento Infantil, realizado na Unimep, organizado

pelo NUPEM, grupo coordenado pela Profa. Dra. Rute Estanislava Tolocka, e

pela oportunidade de integrar a mesa intitulada “Atividades motoras

diversificadas, desenvolvimento integral e ensino infantil”, junto com os

professores doutores Ida Martins Carneiro e Marcelo de Castro Cesar, que

também atuam aqui na Unimep.

A discussão que proponho neste trabalho é apresentar contribuições à

Aprendizagem Motora na Educação Infantil (EI), tendo como base: 1) os

estudos antropológicos, principalmente o conceito de cultura de Clifford

Geertz e a noção de Técnicas Corporais de Marcel Mauss e 2) os estudos do

lazer, partindo de alguns pontos básicos da obra de Nelson Carvalho

Marcellino. Apresentarei a seguir um resumo dessas ideias que se encontram

divididas em quatros partes: 1) O problema da não participação dos alunos

nas aulas de Educação Física no decorrer da escolaridade, 2) A

Aprendizagem Motora: visão microscópica, 3) contribuições da Antropologia

à Aprendizagem Motora na EI: visão macroscópica e 4) as contribuições dos

estudos do lazer à Aprendizagem Motora na EI. Ao final farei algumas breves

considerações.

O problema da não participação dos alunos nas aulas de

Educação Física no decorrer da escolaridade

Em uma pesquisa realizada por mim e Jederson Garbin Tenório, no

Grupo de Estudo e Pesquisa em Lazer Práticas Corporais e Cultura (GELC),

finalizada em 2014, foi possível identificar por que alguns alunos que estão

nos anos finais do Ensino Fundamental de uma escola pública do estado do

Mato Grosso não participam efetivamente das aulas de Educação Física,

estando muitas vezes presentes nas aulas mas apenas assistindo as

atividades realizadas pelos demais alunos. Esse foi um problema de

pesquisa elaborado com base em várias observações do autor Jederson G.

Tenório na escola em que atua, no estado do Mato Grosso. Ao término da

pesquisa foi possível identificar que os alunos não participam efetivamente

das aulas devido a repetição de conteúdos de ensino no decorrer da

escolaridade e também pelas atitudes de exclusão que já sofreram pelos

próprios colegas, por não serem tão habilidosos.

Esse é um problema cultural e que diz respeito também à

Aprendizagem Motora. Isso porque os alunos são diferentes. Em uma aula

podemos ter aqueles que se destacam, que realizam um determinado gesto

com certa facilidade e aqueles que demonstram dificuldades na realização de

determinados gestos. No caso desses últimos talvez não tiveram ainda

oportunidade de vivenciar a diversidade de experiências corporais e por isso

não compreenderam ainda a relação entre o gesto solicitado e a finalidade do

mesmo ou seja, seu significado, sendo esta uma explicação do ponto de vista

cultural. Para a Aprendizagem Motora, a questão pode ser explicada, grosso

modo, pelo processo de aprendizagem do movimento.

Essas duas abordagens são complementares e são fundamentais para

o domínio do profissional que irá atuar no âmbito escolar. Principalmente

daqueles que trabalham na EI. Podemos considerar que os alunos que

tiverem uma bagagem motora ampla durante a infância poderão nas demais

fases da vida ter base para novos aprendizados, evitando assim a situação

de alunos que não participam das aulas de Educação Física no decorrer do

Ensino Fundamental e Médio ou que no tempo disponível das obrigações

sociais se privam de realizar as práticas corporais (ginástica, luta, dança,

jogo, esporte etc.), por não terem tido a experiência de vivenciar diferentes

gestos, construindo assim uma ampla bagagem motora.

A aprendizagem motora: visão microscópica

A aprendizagem motora se caracteriza pela visão microscópica com

relação ao aprendizado do movimento. De acordo com Tani et al apud Daolio

(1997) o processo interno de um indivíduo no aprendizado do movimento

ocorre quando este passa de um estado em que não sabia executar

determinada tarefa motora para outro que a realiza com facilidade. Ou seja,

ocorre uma mudança no comportamento motor. Portanto, o que a

aprendizagem motora estuda são os passos ou estágios que ocorrem

quando um indivíduo aprende.

Uma habilidade motora é aprendida da seguinte maneira, de acordo

com Gentile apud Daolio (1997):

1- O aprendiz deve perceber o que é para ser aprendido, possuindo

assim um objetivo;

2-identificar no ambiente os estímulos que serão relevantes para a

execução;

3- formular um plano motor;

4- executar uma resposta;

5- avaliar os resultados;

6- revisar o plano motor para emitir uma outra resposta e assim entrar

novamente no circuito até passar para a fase seguinte, de

fixação/diversificação da tarefa motora.

Portanto, o principal ponto para a aprendizagem motora é como tornar

a aprendizagem mais significativa para o aluno e como o professor pode

ensinar de maneira mais efetiva a habilidade.

Diante do exposto apresentarei a seguir algumas contribuições da

Antropologia, particularmente da Antropologia Social, à Aprendizagem

Motora na Educação Infantil.

Contribuições da Antropologia à Aprendizagem Motora na EI:

visão macroscópica

A Antropologia é uma disciplina das Ciências Humanas que estuda a

cultura. Portanto, uma de suas contribuições à Aprendizagem Motora é o seu

conceito de cultura. Para o senso comum este conceito pode estar associado

ao acúmulo de conhecimentos. Frequentemente vemos pessoas que para se

referirem a alguém que consideram heruditos, possuidores de conhecimentos

como professores ou pesquisadores dizem: essa pessoa é culta. Outros

significados podem ser atribuídos ao termo cultura como a ideia de cultivo,

daí as palavras agricultura e fisiculturismo (cultivo de músculos). No entanto,

para a Antropologia Social, tendo como base as ideias de Geertz (1989,

p.15):

O conceito de cultura que eu defendo, e cuja utilidade os ensaios abaixo tentam demonstrar, é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise.

O conceito proposto por Geertz (1989) tem como base a produção de

significados, sendo esta uma atividade eminentemente humana. Seu

conceito ainda se apoia em uma ideia dinâmica de cultura. Uma teia é

continuamente tecida, assim como os significados que são produzidos pelos

seres humanos e atribuídos às suas ações. Com isso, podemos considerar

que quando a criança se movimenta ela está produzindo cultura, atribuindo

um conjunto de significados que são tecidos ao se movimentar. Quanto mais

ampla sua bagagem motora ou quanto mais experiências ela tiver com

relação às possibilidades de expressão corporal ela terá mais condições para

produzir novos significados, aprimorando assim seus gestos. Com isso

poderá aprender as diversas técnicas corporais.

O conceito de técnicas corporais é a segunda contribuição da

Antropologia à Aprendizagem Motora. Mauss (s/d), em 1934, publicou um

ensaio sobre a noção de técnicas corporais. Para o autor tais técnicas são

atos tradicionais e eficazes que são transmitidos de pai para filho, de pessoa

para pessoa. Este conceito propõe a revisão da noção de técnicas corporais

que frequentemente circula em nosso meio social, como sendo aqueles

movimentos aprimorados, realizados por atletas ou profissionais como

dançarinos. O que o autor sinaliza é que todo gesto é uma técnica corporal.

Tanto a criança quando corre e salta de um banco escolar como o atleta de

alto rendimento que corre disputando uma competição estão realizando

técnicas corporais.

Mauss (s/d) nos dá como exemplo do aprendizado das técnicas

corporais o nado. Quando ele era criança os professores ensinavam as

pessoas a nadar recomendando que fechassem os olhos para depois abri-los

na água. Já quando adulto, o autor observava que as pessoas eram

ensinadas a ficar de olhos abertos o tempo todo como uma forma de se

adaptarem mais facilmente ao meio aquático. Outro exemplo é o

deslocamento na água, antes as pessoas aprendiam a nadar com a cabeça

fora d’água, o que gerou futuramente um aprendizado do nado com as

variações do estilo crawl, com a cabeça dentro d’água. Com esses exemplos

é possível compreender que o ensino das técnicas corporais é modificado

com o tempo, sendo um contínuo processo de construção e que depende do

momento histórico e do contexto social em que se vive.

Mauss (s/d) ainda traz como contribuição em sua classificação das

técnicas corporais, as técnicas da infância e da atividade (movimento). São

elas:

- Técnicas da infância:

o Criação e alimentação; o Atitudes da mãe e da criança; o A sucção, a maneira de transportá-la; o Desmame; o Utilização ou não de berços; o A criança após desmame: ela sabe comer e beber, é ensinada a

andar, visão, audição, senso de ritmo, forma e movimento são exercitados. Dança e música.

- Técnicas da atividade, do movimento o Movimento: ausência de repouso; o Movimentos do corpo inteiro: rastejar, pisar, andar. A marcha, a

corrida, a dança, salto, escalar, descida, nado, movimentos de força (empurrar, puxar, levantar), lançar, segurar.

Nesse sentido, podemos pensar o ensino das técnicas corporais da

infância e do movimento como um aprendizado que se dá social e

culturalmente. Na EI, especificamente, poderá ser um momento da

escolaridade fundamental para a exploração de tais técnicas, de modo a

ampliar a bagagem motora dos alunos, assim como o lidar com as diferenças

entre as crianças na realização das técnicas corporais, sendo que o

professor poderá evitar uma atitude preconceituosa no lidar com as

expressões corporais de seus alunos. Essas são as principais contribuições

da discussão do conceito de cultura e das técnicas corporais para a EI, a

partir de uma visão macroscópica.

As contribuições dos estudos do lazer à aprendizagem motora na

EI Com relação ao lazer, podemos identificar que na vida adulta as

pessoas geralmente têm uma vivência de lazer restrita, tanto pelo fator

econômico, já que muitas atividades realizadas no tempo disponível das

obrigações sociais são pagas (assistir um filme no cinema ou uma peça de

teatro, frequentar um clube para a prática de esportes, viajar etc.) como pelo

fator do não acesso às discussões sobre lazer, ou seja, o fato de

desconhecerem as opções de lazer. É com o intuito de trazer contribuições

justamente a este segundo problema que me proponho a apresentar alguns

elementos relacionados ao lazer, tendo como base os estudos do

pesquisador brasileiro Nelson Carvalho Marcellino, que por sua vez tem

como base o referencial de Joffre Dumazedier e Antonio Gramsci. A

justificativa para me centrar nesse autor é que ele apresenta um conceito de

lazer que inclui a cultura, para ele lazer é “a cultura vivenciada no tempo

disponível das obrigações sociais”, tendo como categorias centrais o tempo e

a atitude. Esse conceito é referência para muitos estudos e pesquisadores

brasileiros e, particularmente, para os estudos que tenho desenvolvido na

Unimep, que se centram no referencial cultural. Uma segunda justificativa é

que esse autor propõe que o lazer seja discutido nas escolas, a partir de um

projeto de educação para o lazer, o que poderá minimizar o problema das

pessoas terem restrito acesso aos conhecimentos sobre lazer durante o

processo de escolaridade, iniciado pela Educação Infantil.

A educação para o lazer é uma ação pedagógica que tem como

centro viabilizar aos alunos o acesso aos conteúdos culturais do lazer

(fisicoesportivo, manual, artístico, intelectual, social e turístico). Além disso,

de possibilitar aos estudantes a compreensão de que o lazer não está

associado somente ao descanso e ao divertimento, mas também ao

desenvolvimento pessoal e social.

O lazer tem três gêneros: a prática de uma atividade (brincar de

amarelinha, por exemplo), a assistência (as crianças na EI poderão assistir a

um filme infantil) e, por último, o conhecimento (as crianças poderão assistir

ao filme e depois participarem de uma discussão sobre o mesmo, em que o

professor poderá destacar quais são os personagens principais, os valores

que orientam os personagens, o que é principal no filme – a mensagem do

filme etc), de modo que possam ter acesso ao conhecimento sobre o filme

assistido. Com isso, quero dizer que embora a explicação sobre os gêneros

do lazer se dê de modo separado, no processo de aprendizagem eles

poderão ocorrer de forma complementar.

Ainda temos os níveis do lazer que poderão ser pensados na EI como

uma meta para que os alunos possam desenvolver atitudes de modo a

atingirem os níveis crítico e criativo. Isso pode ocorrer, por exemplo, com

uma discussão junto a uma criança de cinco anos com relação a brinquedos

industrializados. A criança pode brincar com uma boneca ou com um

carrinho, de acordo com as possibilidades que o brinquedo propõe, ela

estaria assim no primeiro nível, o conformista. À medida que a criança é

incentivada a ter curiosidade em descobrir como o brinquedo foi construído,

assim como a desmontar o brinquedo, poderá experienciar o nível criativo e,

por último, a criança poderá tentar montar o brinquedo novamente ou

construir seus próprios brinquedos, assim ela poderá atingir o nível criativo.

Ou seja, o professor na EI terá um papel fundamental em propor diferentes

estratégias para que a criança desenvolva uma atitude de ter curiosidade, de

querer experimentar coisas novas, de questionar sua realidade. O que será

um aprendizado dos níveis crítico e criativo do lazer. Há que se ressaltar que

esses níveis não são estanques. As crianças poderão ter atitudes ora críticas

e ora conformistas, mas à medida que seja confrontada e incentivada a ver a

realidade de uma nova maneira, poderá manter ao longo da vida uma atitude

crítica e criativa.

Um último ponto que apresento referente a educação para o lazer é

seu propósito de minimizar as barreiras inter e intra classes sociais. Na

barreira interclasse social há o fator econômico como limitante, nesse caso, é

fundamental uma ação no âmbito das políticas públicas para que viabilize à

população o acesso ao lazer em seus diferentes níveis, gêneros e conteúdos.

Na barreira intraclasse social a restrição das pessoas ao lazer se dá devido a

alguns fatores como idade (por exemplo, as crianças que ainda não estão no

processo produtivo e os idosos que já saíram do mesmo acabam tendo uma

privação com relação ao acesso ao lazer), estereótipo, gênero (atividades

que são restritas a homens ou a mulheres), dentre outros. Assim, a EI poderá

ter como base atividades que lidem com os preconceitos das crianças e com

conhecimentos de modo que as mesmas passem a compreender que o lazer

é um direito social e que é papel das políticas públicas garantir esse direito à

população. As crianças poderão ainda aprender a lidar com as diferenças

entre seus colegas, aqueles que se mostram menos experientes em

determinadas atividades corporais, assim como lidar de maneira humana,

sem discriminação com crianças brancas, negras, orientais, deficientes etc.

Assim, poderão desenvolver uma atitude que poderá minimizar as barreiras

sociais inter e intraclasses sociais com relação ao lazer.

Considerações finais

Diante das ideias que foram aqui por mim expostas, apresento uma

síntese das contribuições da Antropologia e dos estudos do lazer à

Aprendizagem Motora na EI:

- A Antropologia, os estudos do lazer e Aprendizagem Motora são

campos de conhecimentos complementares de conhecimento e é

fundamental que o professor que atua na EI tenha acesso a essas

discussões e debates;

- A Antropologia propõe uma compreensão da cultura e das técnicas

corporais de modo que professores e alunos na EI possam rever

preconceitos e considerar as diferenças culturais entre os alunos na

construção das técnicas corporais;

- A ação pedagógica do professor que irá atuar na EI poderá viabilizar

aos alunos o acesso ao conhecimento acerca do lazer para que possam

usufruir de seus diferentes conteúdos e gêneros ao longo da vida, atingindo

os níveis crítico e criativo e minimizando as barreiras sociais.

Vale dizer ainda que é fundamental o diálogo entre os professores da

EI com o meio acadêmico, de modo que possam trazer para o debate

acadêmico suas experiências pedagógicas realizadas junto aos alunos e

para que o meio acadêmico possa desenvolver mais estudos e pesquisas

que atendam às necessidades de professores e crianças na EI.

Referências

DAOLIO, J. Contribuições da antropologia ao estudo da aprendizagem

motora. In: DAOLIO, J. Cultura, educação física e futebol. Campinas, SP:

Editora da Unicamp, 1997.

GEERTZ, C. Interpretação das culturas. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 1989.

MARCELLINO, N. C. Lazer e educação. Campinas/SP: Papirus, 11ª. ed,

2004.

MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo, SP: Cosacnaify, s/d.

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE:

MANIFESTAÇÕES EMOCIONAIS EM ATIVIDADES MOTORAS DE

CRIANÇAS DE 5 A 6 ANOS DE IDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Melissa De Marco

Universidade nove de Julho -UNINOVE/ SP

Contato: [email protected]

A Educação Infantil compreende um momento de iniciação da criança

às práticas educacionais, o que é de extrema importância para o

desenvolvimento integral dos indivíduos ao longo de suas vidas, pois se

caracteriza como uma das suas primeiras experiências fora do núcleo

familiar, do lar.

Desenvolvimento este que envolve aspectos diferenciados do

comportamento humano, como o social, psicológico, cognitivo, motor e

emocional, considerando-os integrados, conforme Gallahue e Ozmun (2005)

afirmaram.

Manifestações emocionais são demonstradas em diferentes meios em

nossa sociedade, podem ser observadas na escola, inclusive em situações

ocorridas no Ensino Infantil, e quando são muito exaltadas podem trazer

problemas para o processo de aprendizagem. Neste caso, a reflexão sobre o

papel e as relações da Educação Física com estes comportamentos das

crianças se faz necessária.

Atividades motoras, o movimento; como denomina o Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil, Brasil (1998); deve estar

presente neste segmento educacional, mesmo que não se trate de aulas de

Educação Física com tempo e espaço demarcados. Entretanto, se as

crianças não conseguem participar em determinada brincadeira ou atividade

por não apresentarem suficiente habilidade motora para tal, ou como

denominou Bronfenbrenner (1996), recursos, elas podem demonstrar

frustração e até mesmo emoções bastante negativas.

Em sua teoria Bronfenbrenner (1992, 1996) define o desenvolvimento

como o processo pelo qual as propriedades pessoais e as do ambiente

interagem para produzir constância e mudanças nas características da

pessoa durante seu curso de vida. Sendo que ocorrências diversas nos

ambientes em que a pessoa possa se inserir ao longo do seu

desenvolvimento são consideradas, sejam estes ambientes imediatos ou

não.

Contudo, o estudo em questão teve o objetivo de investigar as

manifestações emocionais e os fatores que podem influenciá-las, em

crianças de 5 a 6 anos, no ambiente de Educação Infantil durante a prática

de atividades motoras, segundo pressupostos da teoria (bio)ecológica de

Bronfenbrenner (1996).

Tratou-se de uma pesquisa de campo, na qual foram realizadas

observações sistemáticas registradas em um diário previamente estruturado,

segundo orientações de Minayo et al. (1994). Participaram do estudo 30

crianças de 5 a 6 anos de idade pertencentes ao Programa de

Desenvolvimento da Criança e Adolescente (PRODECAD/UNICAMP), cujos

pais ou responsáveis assinaram termo de consentimento livre e esclarecido,

permitindo a participação.

Foram também feitos registros com duas câmeras filmadoras;

posicionadas diagonalmente uma a outra; em momentos de atividades

motoras livres e aulas de Educação Física, bem como entrevistas

semiestruturadas com os responsáveis pelas crianças, de acordo com Lüdke

e André (1986). As imagens captadas foram analisadas segundo

pressupostos da teoria bioecológica do desenvolvimento humano de

Bronfenbrenner (1996). Para análise das emoções manifestadas foram

considerados pressupostos de Ekman (1994).

Tem-se nos resultados que a manifestação emocional predominante

foi a alegria, tanto nas aulas de Educação Física como nos momentos de

atividades motoras livres. Nas relações interpessoais estabelecidas nas aulas

prevaleceram as de observação e nos momentos de atividades motoras

livres as de participação conjunta, dado que sugere poder ter havido mais

favorecimento às relações em momentos livres. As aulas se mostraram

prioritariamente conduzidas sob os estilos comando ou tarefa, o que

corrobora com estudos de Gozzi e Ruete (2006).

Alguns fatores influenciaram as manifestações emocionais destas

crianças, sendo os mais significativos: seus atributos pessoais (recursos),

suas experiências fora do ambiente escolar, a pouca possibilidade de criação

durante as aulas e o nível de habilidade motora de cada uma, este, algumas

vezes, impedia a participação da criança em determinadas atividades e neste

caso causavam sentimentos como a tristeza ou a raiva, porém, quando

conseguiam sucesso, a manifestação era de alegria e até excitação.

Sugere-se que novas investigações sejam feitas, analisando a

qualidade de movimento das crianças na Educação Infantil, seu nível de

habilidade, em instituições que possuam e não possuam profissionais de

Educação Física. Considerando que as crianças da faixa etária em questão

se encontram em importante momento em sua trajetória de desenvolvimento

motor, de acordo com Gallahue e Ozmun (2005) estão adquirindo e

aprimorando suas habilidades motoras básicas, fundamentais, de locomoção,

estabilização e manipulação e as variadas formas de combinações entre

elas.

Portanto, necessitam de mediação profissional para auxiliá-las neste

processo de desenvolvimento, que além de motor, é integral, envolvendo

todos os aspectos comportamentais das crianças, inclusive as manifestações

emocionais, as quais podem ser investigadas em futuros estudos, que

objetivem relacioná-las aos recursos motores apresentados por elas em

momentos de práticas motoras na instituição de Educação Infantil.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.

Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

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LÜDKE, M. ; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens

qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MINAYO, M. C. S. et al. (orgs.). Pesquisa social: teoria, método e

criatividade. 20ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: O

MICROSSISTEMA SALA DE AULA DE DIFERENTES INSTITUIÇÕES

INFANTIS DE UMA REDE MUNICIPAL DE ENSINO,NO INTERIOR DE SÃO

PAULO

Barbara Detoni Borba Blanco

Prefeitura Municipal de Piracicaba – Secretaria de Educação Contato: [email protected]

A teoria bioecológica proposta por Bronfenbrenner (2005) não é

fácil de ser compreendida, entretanto a complexidade deste modelo teórico

instiga cada vez mais o pesquisador devido às inúmeras respostas que este

pode trazer. Diferentes aspectos do desenvolvimento por ele proposto nesta

teoria, podem ser observados seja em estudos científicos ou no cotidiano. A

relação entre os ambientes, os relacionamentos sociais entre outros aspectos

da teoria estão presentes sempre.

O desenvolvimento infantil é influenciado pelas situações da

sociedade, podendo ser citada a revolução industrial que trouxe inúmeras

transformações socioeconômicas, dentre elas a inserção da mulher ao

mercado de trabalho. Contudo, criação das crianças passou compartilhada, e

não somente de responsabilidade das famílias. Os primeiros locais que

atendiam as crianças tinham caráter assistencialista, e visavam atender a

classe daqueles mais pobres, oferecendo cuidado às crianças através de

entidades filantrópicas, religiosas ou damas da sociedade. Atualmente, o

cuidado das crianças passou a estar associado à educação, e no Brasil é um

dever do estado e direto da criança a este atendimento (BRASIL, 1996,

1988).

As instituições de ensino infantil são os locais mais buscados nas

diferentes culturas, o número de crianças matriculadas em escolas de ensino

infantil é cada vez maior assim como no Brasil. Ainda, este número só tende

a crescer, pois políticas educacionais brasileiras incentivam a matrícula da

criança desse a mais tenra idade e espera-se que 100% das crianças de 4 a

6 anos estejam matriculadas no ensino infantil até 2016 e 50% das de até 3

anos estejam também matriculadas até 2020 (BRASIL, 2010).

Mas a instituição de ensino infantil não é buscada apenas como um

local onde os pais ou responsáveis possam deixar as crianças enquanto

trabalham, mas também por ser considerada importância de um ambiente

estimulante e de socialização para o desenvolvimento da criança (MOREIRA;

BIASOLI-ALVES, 2007).

De acordo com Bronfenbrenner – Teoria Bioecológica (1996, 2005)

para observar o desenvolvimento da criança é necessário considerar a

relação entre os ambientes que ela frequenta. Assim, as escolas infantis

tornam-se um dos principais ambientes para o desenvolvimento da criança,

ficando atrás apenas do lar. Todavia, para que para que um ambiente seja

considerado primordial para o desenvolvimento, as atividades realizadas

devem ser mediadas por profissional comprometido com o desenvolvimento

da criança, visando a exploração de atributos pessoais (habilidades

cognitivas, sociais, psicológicas, motoras, características físicas, dentre

outros), estabelecimento de relações interpessoais, e possibilidade de

vivência de papéis sociais.

Mas será que estas escolas têm conseguido atingir o objetivo à que se

propõe: “garantir o desenvolvimento integral da criança em seus diferentes

aspectos”. Estudos têm apontado que apesar de avanços, ainda há

dificuldade em incorporar práticas que atendam o desenvolvimento integral

da criança, sendo observado ainda rotinas rígidas baseadas na alimentação,

higiene; muito tempo de espera; deficiência na formação e quantidade de

profissionais; predominância de atividades escolarizantes; ausência de

atividades lúdicas, com movimentos e que explorem a interação entre as

crianças (SPESSATO et al , 2009; FARIA et al, 2010, TOLOCKA,BROLO,

2010).

Assim, foi realizado um estudo que buscou investigar sob a ótica do

paradigma Bioecológico (1996, 2005) o microssistema (classes/turmas) de

diferentes instituições infantis da rede municipal, bem como as atividades

realizadas, papéis sociais e atributos pessoais desempenhados pelas

crianças. Foram analisados também os recursos pessoais das profissionais

que atuavam nestas classes/turmas. (BLANCO, 2014).

Blanco (2014) verificou quanto aos recursos das profissionais que

todas eram do sexo feminino, a maioria tinham formação em nível superior,

com idade média de 35,5 anos e tempo médio de experiência no ensino

infantil de 5,5 anos. Estes dados apontam a predominância de sexo feminino

na área educacional em especial no Ensino Infantil, confirmando o registrado

no Censo da Educação Básica (MEC/INEP 2013), 97% das profissionais são

mulheres. Esta característica é proveniente de influências históricas e

culturais associadas à vocação maternal para o atendimento da criança.

Características predominantemente femininas como afeto, delicadeza,

atenção, paciência eram considerados essenciais para o atendimento da

criança em instituições, elevando o número de mulheres que destinavam a

esta função, sem exigência de formação profissional (AYUB, 2001).

Com relação à formação acadêmica, avanços no atendimento da

criança nas instituições e a atribuição destes locais ao ensino básico,

trouxeram a exigência da formação em nível superior aos profissionais do

Ensino Infantil. Verifica-se que maior parte das profissionais neste estudo

tem curso de superior em licenciatura plena atendendo às determinações da

Resolução n.1/2002 (BRASIL, 2002) que se exige a formação em pedagogia

e licenciatura plena. Segundo Oliveira (2007), foi apenas com a Resolução n.

1 (BRASIL, 2006) que a Educação Infantil foi tratada com prioridade na

formação em Pedagogia, e salienta que na prática, os currículos para esta

formação ainda são separados por disciplinas e tratados concomitantemente

com o Ensino Fundamental.

Foram observadas atividades de: Jogos Tradicionais, Brincadeiras

Livres, Contação de História, Brincadeiras Cantadas, Circuitos, Roda

Cantada, Atividades Manuais, Outras (Teatro, Plantio de feijão e Brincadeira

dirigida no parque) e atividades de Alfabetização). Embora previstas n

Referencial Curricular do Ensino Infantil e Diretrizes Curriculares do Ensino

Infantil (Brasil, 1998, 2010) observa-se que estas atividades não

contemplaram os elementos necessários para que o ambiente fosse

considerado primordial ao desenvolvimento conforme apontamentos de

Bronfenbrenner (1996, 1992). Isso pode ser exemplificado dentro das

categorias. Nas atividades de Jogos tradicionais observou-se que havia baixa

exploração de recursos (habilidades motoras) principalmente devido ao

pouco tempo de prática e exclusão das crianças, bem como a

impossibilidade de exploração ambiental por elas. Desta forma os

relacionamentos sociais deixavam de ser incentivados.

As atividades de Circuito foram as que mais possibilitaram exploração

dos recursos (habilidades motoras) e também nas quais as disposições

geradoras e disruptivas recebessem mais atenção das profissionais, que

incentivavam e encorajavam a realização de movimentos, aspecto essencial

para a criança conforme sugere Bronfenbrenner (2005) ao destacar que o

ambiente deve ser mediado por adultos comprometidos com o

desenvolvimento da criança.

As atividades de roda cantada e brincadeiras cantadas exploravam

recursos linguísticos e transmissão cultural, entretanto a primeira por ter a

condição de manter as crianças paradas sem possibilidades de

deslocamentos não favoreceu o deslocamento ambiental e

consequentemente deixou de possibilitar que houvesse maiores

relacionamentos sociais. Na segunda categoria, as crianças puderam se

deslocar e assim estabelecer relacionamentos sociais e explorar o ambiente.

As atividades de Contação de história estiveram presentes em todas

as faixas etárias e mesmo assim observou-se que geraram demandas

ambientais muito semelhantes. As crianças ficavam sentadas em roda e a

professora contava a história, sendo assim observados poucos

relacionamento interpessoais. Em apenas uma delas as crianças exploraram

recursos motores manuseando livros adequados à sua faixa etária. Houve

mínima exploração de papéis sociais, diferente da atividade de teatro na qual

as crianças tiveram contato com outras pessoas representando diferentes

papéis sociais.

Nas atividades de Brincadeiras livres apesar da pouca mediação

profissional as crianças encontraram nesta atividade um espaço para

explorar recursos motores, exploração ambiental, relacionamentos sociais e

papéis sociais.

Assim, o cotidiano dos ambientes observados demonstrou

principalmente carência em atividades que explorem recursos motores,

propiciando o engajamento das crianças em atividades que incentivem o

movimento, essencial nesta faixa etária. Assim, diante dos ambientes

observados pode-se dizer que apesar de avanços com relação à variedade

de atividades propiciadas e mediações profissionais observados as

instituições infantis ainda apresentem dificuldade em propiciar alguns

ambientes que contemplem o desenvolvimento integral da criança.

Logo este estudo trouxe maior conhecimento do ambiente das

instituições de ensino infantil sob a ótica do paradigma da Teoria

Bioecológica trazendo subsídios para discussão sobre os aspectos

necessários pra tornar este ambiente primordial ao desenvolvimento da

criança conforme sugere o autor da teoria. Mias uma vez, confirmou-se a

Influência mútua entre sistemas, pois é possível observar características

do macrossistema influenciando mutuamente o microssistema observado.

Referências

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Paulista Educação Física, São Paulo, supl.4, p.53-60, 2001.

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______. Resolução CNE/CP n. 1 de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes

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licenciatura. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 de maio de 2006.

________. Projeto de Lei nº 8.035, de 20 de dezembro de 2010. Aprova o

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BRONFENBRENNER, U. Ecological Systems theory. In VASTA, ROSS. Six

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DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: CONTRIBUIÇÕES

DA TEORIA BIOECOLÓGICA DE BRONFENBRENNER PARA DESVELAR

O QUE OCORRE EM SALAS DE AULAS NO ENSINO INFANTIL.

Rute Estanislava Tolocka

FACIS/UNIMEP Contato: [email protected]

O desenvolvimento infantil pode ser visto em diferentes aspectos, tais

como: cognitivo, psicológico, social,físico, sexual ou motor, como é dividido

para fins de estudos acadêmicos, porém a complexidade como ele ocorre é

percebida tão logo se espere identificar por faixa etária qual é o nível de

desenvolvimento de uma criança, uma vez que o desenvolvimento não

ocorre de forma linear e nem ao mesmo tempo nos diferentes aspectos

analisados.

Insatisfeito com resultados de estudos que analisavam causa e efeito

em diferentes aspectos do desenvolvimento humano, Urie Bronfenbrenner

iniciou sua obra sobre a teoria ecológica para o desenvolvimento humano, na

década de 70, (século XX) e a aperfeiçoou sucessivamente

(BRONFENBRENNER, 1979, 1992, 1994, 1996,, 2002, 2005). Nesta teoria o

desenvolvimento ocorre mediante processos cada vez mais complexos, que

dependem da interação de diferentes contextos. Traçando paralelo com a

teoria geral dos sistemas (BERTALANFFY,1969) ele propôs que o ser

humano pode ser vista como parte de um sistema aberto, que possui

diferentes níveis: micro, meso, exo e macrossistema, que ocorre ao longo do

tempo (micro e macro-tempo) , considerados como contextos e que se inter-

relacionam com a pessoa, o tempo e os processos.

Para uma melhor compreensão desta teoria para estudos sobre o

movimento humano, e especialmente sobre o desenvolvimento infantil,

recomendamos a leitura dos artigos publicados por Rui Jornada Krebs

(KREBS, 2009a 2009b) nos quais ele apresenta detalhadamente esta teoria

e traz relatos de alguns estudos realizados no campo da Educação Física e

Esportes.

E Krebs quem introduziu esta teoria no Brasil, espalhando-a em

diferentes partes deste país (KREBS, 1997). E foi também através dele que

estudos sobre o desenvolvimento infantil a partir desta visão sistêmica

começaram a ser realizados no Brasil. Como Bronfenbrenner não

apresentou metodologia para testagem de sua teoria, coube a Rui Krebs

faze-lo. Ele o fez propondo que fossem realizadas observações in locu, no

meio ambiente onde as crianças se encontrassem: na sala de aula, no

recreio, em casa, no clube, dentre outros.

Ele propôs também que fossem utilizados questionários para coletar

informações sobre outros ambientes e experiências vividas ao longo do

tempo (KREBS, 1997, 2003, 2009; RAMALHO, 1996; COPETTI, 2003;

LIMA,BOHERING, 2006; KREBS et al, 2008; KREBS, COPETTI, 2008).

SPESSATO et al , 2009, KREBS et al, 2010).

Dando continuidade aos trabalhos de Krebs, o Núcleo de Estudos em

Movimento Humano – FACIS/ UNIMEP, tem trabalhado para melhorar as

formas de extrair os dados dos registros de observações feitas ao vivo,

através de filmagens de cenas do cotidiano infantil e também tem buscado

formas de analisar estes dados, uma vez que o volume de informação é

grande e pode ser tratado tanto qualitativa quanto quantitativamente (DE

MARCO, 2006; COELHO, 2007; TOLOCKA, BROLLO, 2010; REVERDITO,

2011; NASCIMENTO, 2013; COELHO, TOLOCKA, 2014; BLANCO, 2014).

Estes estudos tem mostrado que o ambiente das escolas infantis está

aquém do necessário para que as crianças que nele interagem possam

atingir seu potencial de desenvolvimento, pois as crianças tem vivido

experiência motoras pobres e isto dificulta a interação dela com o ambiente,

uma vez que é se movendo que o ser humano age no mundo e é através da

ativação de sistemas sensório-motores que ele capta, trabalha e reage com

as informações ambientais de todos os tipos.

Sendo assim, aproveitamos a realização deste 1º. Forum de

desenvolvimento infantil e educação básica, para uma homenagem póstuma

à aquele que trouxe para o Brasil e para o NUPEM a possibilidade de tentar

enxergar para além de um aspecto, a imensa complexidade que é o

desenvolvimento infantil. Assim, deixamos aqui, o nosso muito obrigada, mas

uma vez, ao nosso saudoso Rui, não te-lo entre nós hoje, nesta mesa, nos

faz lembrar o poeta:

“naquela mesa tá faltando ele, e a saudade dele, está doendo em mim”

Nelson Gonçalvez

Referências

BLANCO, B. T. B. Criança, tarefa e meio ambiente na instituição de

ensino infantil em uma cidade do interior de São Paulo. Dissertação

(Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Ciências e Saúde, Programa

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DESENVOLVIMENTO INFANTIL E MEIO AMBIENTE: RUI KREBS

CONTRIBUTIONS FOR STUDIES IN CHILD DEVELOPMENT - IN

MEMORIAM

Ella Shoval

W ingate Ins t i tu te / Givat Washington, Kvuzat Yavne – IL

Contato: [email protected]

Rue arrived for his doctoral studies in the middle of the first lesson of

the autumn 1984 semester straight from the airport. He stood at the threshold

of the classroom, surveyed the students there and then sat near me. We were

two thirty-something strangers sitting in a class of Americans in their twenties.

We immediately became close friends. We spoke extensively about life in

general and our private lives in particular. We shared with each other our

professional views on education in general and on physical education in

particular. I came to appreciate his professional views and learned a lot from

him. I liked the inherent humanism of his personality, his ideas and deeds.

My family – my spouse and two daughters – considered him as a member of

our own family.

I believe that the strength of our friendship and our professional

alliance were so powerful that they led Rute Estanislava Tolcka, his esteemed

disciple and associate, to meet me and then to bring me here in an amazingly

rare coincidence.

In Hebrew we say after the dead:

תהה נשמתו צרורה בצרור החיים

Which officially means:

May his soul merit eternal life.

But has one more meaning:

Each of us is holding a bouquet of people, our flowers, those who dear

to them and are part of their life.

Though, in my life Rue will live on forever.

Thank you all for the love and warmth you have bestowed on me.

Ella

PARTE II - CONTRIBUIÇÕES À EDUCAÇÃO

INFANTIL (DE ESCOLAS OU GRUPOS DE PESQUISA)

Resumos de trabalhos apresentados

O COTIDIANO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO DE HÁBITOS

ALIMENTARES SAUDÁVEIS NA PRÉ-ESCOLA

Catarina Couto; Camila Bruzasco Oliveira

Curso de Nutrição – FACIS/UNIMEP; Prefeitura Municipal de Piracicaba/ SP

Contato: [email protected]; [email protected]

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº.

9394/96 (BRASIL, 1996) as creches tornaram-se instituições de Ensino

Infantil, como parte da educação básica, e não mais apenas locais onde

mães que precisavam trabalhar deixavam seus filhos, com isso maior número

de crianças passou a frequentar ás pré-escolas. A obesidade infantil tornou-

se um problema de saúde pública mundial nas ultimas décadas. Segundo a

OMS, em 2010 havia 42 milhões de crianças menores de 5 anos com

excesso de peso (WHO, 2010). Além da carência de estudos, a fase pré-

escolar é um período no qual os hábitos alimentares estão se formando e

irão contribuir para uma alimentação correta e saudável na idade adulta

(Pereira et al, 2013, Bissoli e Lanzillotti, 1997), por isso se faz de extrema

importância o estudo dos hábitos alimentares das crianças em fase pré-

escolar no município de Piracicaba. Trata-se de um estudo realizado com

191 crianças menores de 5 anos frequentadoras de instituições de ensino

infantil do município de Piracicaba – SP, com o objetivo de avaliar os hábitos

alimentares das mesmas. Para alcance de tal objetivo, foi aplicado um

questionário alimentar qualitativo da alimentação em casa e as crianças

foram medidas e pesadas para obtenção de dados antropométricos. O

questionário de frequência alimentar qualitativo da alimentação em casa

contou com 63 alimentos separados por seus grupos: leite e derivados,

carnes e pescados, ovos, cereais e derivados, açúcares e doces, óleos e

gorduras, condimentos, legumes e verduras, leguminosas, frutas, bebidas e

outros (que incluem fast-foods, salgadinhos, sorvetes, etc.), e foi aplicado

com pais e responsáveis durante encontros nas próprias instituições. As

opções de frequência de consumo para cada alimento eram: todo dia,

algumas vezes na semana, raramente ou não consome, o qual deveria ser

assinalado com um X. O dados antropométricos das crianças, peso e altura,

também foram obtidos nas respectivas instituições. Foram pesadas utilizando

uma balança digital e vestindo e mínimo de roupas e descalças, e a estatura

foi mensurada utilizando um estadiômetro, com intervalo de 1 mm, estando

as crianças em pé, descalças, com os braços estendidos ao longo do corpo e

com a cabeça sem adornos. Para a tabulação dos dados dos questionários

foi utilizado porcentagem simples com o Excell, e com os dados

antropométricos foi calculado o índice de massa corporal (IMC) e obteve-se o

escore de cada um, e levando-se em conta o manual “Avaliação Nutricional

da criança e do Adolescente: Manual de Orientação” cada criança foi

enquadrada em um dos grupos: Magreza, Eutrofia, Risco de sobrepeso,

Sobrepeso e Obesidade. Com os dados antropométricos e os dados de

consumo alimentar das crianças, foi possível traçar o perfil nutricional de

cada grupo antropométrico e estudar suas características. O estudo mostrou

que em todos os grupos há um consumo excessivo de alimentos não

recomendados, ricos em açúcares, sal e gorduras, e um baixo consumo de

alimentos recomendados, como frutas, legumes e verduras. Após constatar

que há problemas no estado nutricional e na alimentação das crianças, foi

elaborado um folheto educativo para os pais, com dicas de alimentação

correta e atividade física

Palavras-chave: Nutrição, crianças, pré-escola

ANÁLISE DOS COMPORTAMENTOS DE PROFESSOR E ALUNOS À

LUZ DA TEORIA COMPORTAMENTAL DE APRENDIZAGEM

Aline Granzotto; Pâmela Donato Lallement

Curso de Psicologia, Curso de Educação Física - UNIMEP

Contato: [email protected]

Como relato de experiência, nós participamos de duas observações

em um trabalho que analisou comportamentos emitidos no âmbito escolar a

partir de teorias comportamentalistas. Considerando que tais teorias são

baseadas numa relação entre estímulo e resposta, e a aprendizagem é

compreendida como a aquisição de comportamentos pela interação dos

mesmos, nossas visitas consistiram em observar os relacionamentos de uma

sala de aula de 1ª série, com aproximadamente 30 alunos e uma professora,

e identificar o que presidia no estabelecimento das relações. Para isso, todos

os comportamentos realizados foram anotados a analisados mediante uma

matriz que permitiu separar didaticamente a condição antecedente, a

resposta e a condição subsequente. Primeiramente foram decompostas as

interações observadas em condições antecedentes, resposta(s)/ação(ões) e

condições subsequentes afim de analisar a(s) prováveis relações de controle

presentes nestas interações, levantando hipóteses. Posteriormente foi

identificada a presença ou ausência de condições positivamente

reforçadoras, condições aversivas liberadas pela professora e pelos alunos,

ou extinção, e avaliado como apropriado/inapropriado para cada uma das

situações o uso destas contingências. Desse modo, à luz da teoria

comportamental de aprendizagem, foi possível compreendermos o conceito

de comportamento, definido como a relação entre a ação do organismo e o

ambiente, sendo o ambiente entendido como tudo aquilo que acontece antes,

durante e depois, imediatamente ou não, da situação. Foram compreendidos,

também, conceitos comportamentais como o reforçamento positivo e

negativo, a punição positiva e negativa e a extinção para analisar as

principais respostas comportamentais emitidas nesse contexto. Quanto ao

reforçamento, é necessário saber que os reforços são divididos em dois

tipos: reforço positivo e reforço negativo. Assim, um reforço positivo se

caracteriza por aquele que aumenta a probabilidade de um comportamento

pela presença de uma recompensa. Já um reforço negativo também aumenta

a probabilidade de um comportamento, mas o que o difere do anterior é que

essa probabilidade é aumentada pela ausência de um estímulo aversivo, ou

seja, que cause desprazer, após o organismo apresentar o comportamento

pretendido. A punição, por sua vez, se caracteriza por um estímulo aversivo

que reduz a probabilidade do comportamento. A punição pode ser positiva,

caso em que consiste em se inserir no ambiente um estímulo aversivo; ou

negativa, caso em que consiste na retirada de um estímulo reforçador do

ambiente. Por fim, a extinção se consiste pela ausência de resposta em

relação a determinado comportamento, não interferindo em sua probabilidade

de emissão futura. Com base nas observações, pôde-se analisar que ainda

que houvesse reforços ou punições inapropriadas, esses tiveram menor

significância, por aparecerem em menor frequência e serem menos

relevantes, pois no geral, houve prevalência, tanto por parte dos alunos

quanto por parte da professora, o reforçamento positivo de maneira

apropriada, fator que colaborava para o aumento de probabilidade de

comportamentos apropriados, permitindo que as aulas fossem produtivas.

Palavras-chaves: aprendizagem, comportamental, educacional.

AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS QUE PODEM PROPICIAR

O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES NO AMBIENTE DE

CRECHE – UM ESTUDO PILOTO.

Audrei Fortunato Miquelote; Bruna Dias Patresi Silva, Môyra A.

Romero, Caroline M Almeida, Denise CC Santos

Curso de Fisioterapia,FACIS/UNIMEP

Contato: [email protected]; [email protected]

Introdução: Oferecer ao lactente oportunidades de ação ou movimento

é importante no processo de desenvolvimento e aprendizado que ocorre nos

primeiros meses e anos de vida. No entanto não se sabe bem em que

medida o ambiente de creche propicia oportunidades de ação para bebêes.

Objetivo: descrever as atividades/oportunidades que ocorrem no cotidiano de

classes de berçário e que propiciam o desenvolvimento motor de lactentes.

Metodologia: O estudo envolveu duas classes de berçário de duas creches

municipais e 10 lactentes. Os lactentes, 6 meninos e 4 meninas, tinham idade

entre 6-13 meses (média 10±2 meses). Para a avaliação do ambiente foi

utilizada a dimensão Atividades Diárias (11 questões) do questionário

Affordances in the Home Environment for Motor Development - Infant Scale

(AHEMD-IS) com adaptações para aplicação no ambiente de creche. A

aplicação do AHEMD-IS no ambiente de creche ocorreu por observação da

rotina e registro das oportunidades que ocorreram nas classes de berçário,

no período vespertino, por uma semana. Resultados: Os resultados

referentes as questões com resposta dicotômica (sim/não) foram expressos

em proporção de dias da semana que aconteceu a oportunidade: 1) a criança

brincou com outras crianças? 2) a educadora brincou com a criança? 3) a

criança brincou com outro adulto, além da educadora? 4) ocorreram

brincadeiras/interações envolvendo reconhecimento de partes do corpo? 5)

ocorreram palavras/frases que indicam ações ou movimentos? Dentre os

achados destaca-se que a possibilidade de brincar com outras crianças não

ocorreu na maior parte dos dias da semana; apenas 20% das crianças

brincaram com o educador todos os dias da semana; para 70% das crianças

não ocorreram brincadeiras/interações envolvendo o reconhecimento de

partes do corpo. Os resultados referentes as questões em formato Likert

mostram a proporção de crianças para as quais a oportunidade aconteceu

durante uma semana, considerando os seguintes níveis de resposta (nunca,

às vezes, quase sempre, sempre): 6) carregado no colo? 7) sentado em

algum tipo de cadeira/equipamento que mantenha a criança sentada? 8) em

um equipamento para ficar em pé ou andar (andador ou outro)? 9) num

cercado infantil, berço ou outro local do qual a criança não possa sair sem

ajuda? 10) brincando de barriga para baixo? 11) livre para se movimentar

pelo ambiente (se arrastar, rolar, engatinhar ou andar)? Observou-se que

60% das crianças quase sempre foram carregadas no colo; 60% ficaram

quase sempre ou sempre sentadas em algum tipo de cadeira/equipamento;

70% das crianças não brincaram na posição de barriga para baixo; apenas

50% das crianças ficaram livres para se movimentar pelo ambiente quase

sempre ou sempre. Considerações finais: Embora esse seja um estudo piloto

os achados indicam que o ambiente de creche talvez não esteja oferecendo

suficientes oportunidades de ação em um período crítico para o

desenvolvimento motor e no qual o desenvolvimento cerebral é altamente

modulado por influências ambientais.

Palavras-chaves: desenvolvimento motor, lactente, creche

A INICIAÇÃO ESPORTIVA, DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A

AÇÃO DO PROFESSOR DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

Poletto, Jéssica Eloá Poletto; Rute Estanislava Tolocka

FACIS/UNIMEP

Contato: [email protected]; [email protected]

No Brasil, a ginástica artística (GA) é uma modalidade que vem

ganhando espaço no mundo esportivo, devido aos últimos resultados

positivos dos ginastas brasileiros em olimpíadas e mundiais. Graças a esses

resultados e a sua divulgação, essa modalidade é procurada, principalmente,

por crianças que almejam fazer as acrobacias “mágicas” que elas podem

observar na televisão, nos jornais e nas revistas. Porém, é relevante levar em

consideração os aspectos necessários para se chegar ao desempenho de

alto nível, a interação entre a pessoa e o meio ambiente, a atuação do

profissional que está diretamente ligado no desenvolvimento esportivo, todos

os níveis da iniciação esportiva da ginástica e, principalmente, o

desenvolvimento pelo qual a criança passa. O entendimento de que a criança

em desenvolvimento precisa ser observada em todos os seus aspectos e não

apenas o motor, levou a busca de uma base teórica que permitisse a

discussão do desenvolvimento integral da criança. O autor escolhido foi Urie

Bronfenbrenner (1996, 2002), devido à ampla visão que ele apresenta não

somente sobre o gesto motor, mas também sobre a relação existente entre

os diversos ambientes aos quais a criança está inserida e seu

desenvolvimento. A teoria bioecológica proposta por este autor relaciona o

desenvolvimento da pessoa e ao contexto no qual ela está inserida, não

apenas o imediato, mas também, todos os que se relacionam com esta de

modo direto ou indireto e interfere no desenvolvimento da mesma

(BRONFENBRENNER, 1996). Objetivo: Este estudo teve como objetivo

identificar na literatura especializada estudos sobre as ações do professor na

iniciação esportiva da GA e sua relação com o desenvolvimento da criança.

Especificamente, pretende-se observar textos sobre a iniciação esportiva, a

ginástica artística e o desenvolvimento infantil. Metodologia: A metodologia

utilizada para realização deste pré-projeto foi de pesquisa bibliográfica que se

refere à ação do professor na iniciação esportiva da ginástica artística. Foram

pesquisados artigos, dissertações, teses e livros provenientes dos arquivos

PubMed, SIBRADID, SPORTDiscus, Banco de Teses da Capes em Ciências

Biológicas e Ciências da Saúde e LILACS, encontrados a partir das palavras-

chave ginástica artística, motivação, desenvolvimento infantil, iniciação

esportiva, teoria bioecológica e ação do professor e a partir dos cruzamentos

entre elas, dos quais apenas nove trabalhos científicos foram encontrados.

Foram então utilizados outros textos didáticos afins. Os dados foram

analisados baseados na metodologia de Lakatos (1991). Resultados: Para a

iniciação esportiva na GA, é preciso considerar todos os ambientes em que a

criança está inserida, respeitar a individualidade, desenvolver habilidades

motoras básicas, contribuir para o desenvolvimento da criança em todos os

aspectos e oferecer ao aluno um trabalho com responsabilidade.

Considerações finais: Conclui-se que há pouco material científico sobre essa

área da GA, portanto torna-se pertinente a realização de estudos mais

aprofundados sobre a iniciação esportiva o desenvolvimento infantil e ação

do professor da GA.

Palavras-chaves: teoria bioecológica, ginástica artística, desenvolvimento

infantil.

A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR: EDUCAÇÃO PARA O LAZER

Cinthia Lopes da Silva, Galindo, Vinícius Aparecido

FACIS/UNIMEP Contato: [email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar a construção de brinquedos

como uma possibilidade para as aulas de Educação Física escolar, no

sentido da educação para o lazer. Na constante transformação em que o

mundo atual apresenta, impulsionada pelo capitalismo global, a educação

constitui-se ferramenta de crescimento, visto que propicia e promove a

construção do conhecimento. Em uma escola articulada com a comunidade

local, compete ao professor, a partir dessa realidade, criar um ambiente

favorável para o desenvolvimento das relações sociais, formando cidadãos

conscientes a partir de um planejamento em bases teóricas contextualizadas.

A Educação Física escolar deverá ser um espaço para observação e

transformação de princípios e valores, viabilizando aos alunos reflexões para

além do ambiente escolar. Isto requer ser indispensável a estruturação de

procedimentos pedagógicos imbuídos destes propósitos em que se destaca a

construção de brinquedos com material reciclável, o caminho possível no

processo de aprendizagem, ao valorizar o lúdico e o educando em sua

totalidade. Para tanto, fizemos um levantamento bibliográfico inicial, a partir

de obras relativas ao lazer e educação física escolar. Para os estudos das

obras investigadas realizamos as análises textual, temática, interpretativa e

problematização. É imprescindível as escolas terem materiais disponíveis

para as aulas, sendo os brinquedos recicláveis uma opção para a aula de

educação física dentro de um projeto de educação para o lazer. Na

reciclagem, os materiais que indevidamente vão para o lixo, ao serem

aproveitados, podem ser recontextualizados. Segundo Campos ( 2010 ): “[...]

o objeto, assim confeccionado, passa a ter significado e sentido para a

criança, porque ela vivenciou todas as etapas de sua elaboração, tomou

decisões, sugeriu mudanças, estabeleceu regras para poder brincar com ele

[...]”. Por outro lado, com o desenvolvimento das cidades, observa-se que

processos de urbanização e de industrialização restringem o contato das

crianças com jogos, brincadeiras e brinquedos tradicionais e trazem, em sua

substituição, um aumento no consumo de equipamentos tecnológicos:

videogames, computadores, televisores, brinquedos de controle remoto e

telefones celulares. De acordo com Marcellino (2008), a educação para o

lazer pode ser entendida também como um instrumento de defesa contra a

homogeneização e internacionalização dos conteúdos veiculados pelos

meios de comunicação de massa, e ela pode atenuar seus efeitos, com o

desenvolvimento de uma atitude crítica. O uso da internet dentro de casa

reduz as atividades de lazer praticado na rua, dos jogos e brincadeiras

facilitadores da interrelação entre os participantes. Construir e brincar

envolve: cooperação, socialização, criatividade, preservação e habilidades

fundamentais para a formação do cidadão produzindo conhecimento novo,

por meio da ação lúdica. Espera-se, com esse estudo que o professor

contemporâneo considere uma educação física que possa ser acessível a

todos, ao atuar coletivamente em uma perspectiva interdisciplinar na escola,

que visa a construção de autonomia e criticidade. Além disso, que possa

viabilizar aos alunos uma educação para o lazer, a partir da construção de

brinquedos recicláveis, de modo a propor aos educandos a revisão de

sentidos e valores.

Palavras-chaves: Educação Física Escolar, Brinquedos e Educação.

ATIVIDADES DO DIA A DIA ESCOLAR E VIVÊNCIAS DE

HABILIDADES MOTORAS EM ESCOLAS INFANTIS DE UMA CIDADE DO

INTERIOR DE SÃO PAULO

Isabella Freguglia, Rute Estanislava Tolocka

FACIS/UNIMEP

Contato: [email protected], [email protected]

RESUMO:

A falta de atividades lúdicas prejudica o desenvolvimento motor e

cognitivo de crianças além de reduzir as possibilidades de aprendizagem. Um

amplo incremento das chamadas habilidades motoras ocorre principalmente

na infância, no início do processo de escolarização, porém estas atividades

são escassas na escola infantil. O objetivo deste estudo foi observar

atividades realizadas por 10 professores na rede municipal de ensino em

escolas infantis, sorteados entre os inscritos na Secretaria de Educação

daquela cidade. Foi solicitado que eles selecionassem atividades, que

utilizavam no cotidiano com as crianças e as realizasse com elas por 20

minutos, em local por eles escolhidos na escola. Tais atividades foram

gravadas e as imagens registradas a partir de um roteiro analisado onde se

observou as habilidades motoras (de locomoção, manipulação e

estabilização); interações sociais (interação em grupo, relação professor-

aluno e aluno-aluno), habilidades psicológicas. Através do estudo observou-

se que existem deficiências nas Escolas de Educação Infantil com relação ao

movimento e seus benefícios ao desenvolvimento motor das crianças. O

caráter de ludicidade não pode ser perdido nas atividades, porém deve-se

ressaltar a importância da união deste ao incentivo do movimento das

crianças, já que este tem papel importante no desempenho motor. A

intervenção do professor é fundamental para proporcionar momentos e

condições necessárias para o desenvolvimento integral da criança. Algumas

atividades analisadas mostraram-se pouco aproveitadas pelas crianças pelo

simples fato de o professor não realizar essa união comentada. Verificou-se

que a maioria das atividades não estimulava o desenvolvimento motor das

crianças. Assim é verificou-se que os profissionais encontrados nas Escolas

de Educação Infantil necessitam trabalhar melhor as atividades que levam ao

desenvolvimento motor das crianças, não esquecendo também da ludicidade

destes, deixando de exigir como forma de demonstrar comportamento e

atenção, uma postura rígida por parte do aluno. São indicados cursos de

formação continuada para capacitação dos professores para que possam

incluir em suas rotinas as atividades que estimulem o desenvolvimento

motor associado às atividades lúdicas.

Palavras chaves: Desenvolvimento Motor, Cotidiano, Escola Infantil

ASPECTOS DOS DESENVOLVIMENTOS INFANTIS NOS JOGOS E

BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ELETRÔNICAS: UMA APROXIMAÇÃO

COM A ESCOLA

Benecta Patricia Fernandes; Cinthia Lopes da Silva

FACIS/UNIMEP

Contato: [email protected]; [email protected]

Este estudo tem por objetivo, um analisar as contribuições dos jogos e

brincadeiras tradicionais e eletrônicas infantis para o desenvolvimento infantil.

Percebemos que estas formas de brincadeiras oferecem contribuições para o

desenvolvimento infantil. Nesse sentido, Rojas (2007, p.17), afirma que: “... O

brincar é o primeiro a experimentar do mundo que se realiza na vida da

criança. É uma linguagem de interação que possibilita descoberta e

conhecimento sobre si mesma, sobre o outro, sobre o mundo que a rodeia”.

Logo, enfatizamos que a brincadeira proporciona para a criança prazer,

desenvolvimento social, físico e emocional. Os jogos e brincadeiras

tradicionais infantis, que podem se manifestar em ruas, parques, praças, ou

seja, em diferentes espaços e tempos, possibilitam às crianças o

desenvolvimento da criatividade. Além disso, a criança quando brinca,

exprime agressividade, trabalha a angústia, favorece o contato de

experiências, trabalha a interação social, a cognição, a simbologia e a

linguagem. Ao exploramos considerações sobre os aspectos do

desenvolvimento infantil com a escola, percebemos que há uma fecunda

relação entre estes dois elementos. Autores como Spoked e Saracho (1998),

enfatizam que a introdução do brincar no currículo escolar estimula o

desenvolvimento físico, cognitivo, social, criativo e a linguagem da criança.

Quando relacionamos os jogos e brincadeiras eletrônicas com os aspectos

dos desenvolvimentos infantis, expomos os pensamentos de Gee (2008), ao

destacar a importância dos jogos eletrônicos para a aprendizagem, somados

aos conteúdos escolares, bem como ao aprendizado de conteúdos

contemporâneos. Ainda de acordo com este autor, os jogos eletrônicos

podem ser desafiadores para quem joga, atuando tanto de forma direta,

quanto de forma indireta, nos conteúdos escolares. Enfatizando assim que os

jogos eletrônicos podem ser desafiadores para quem joga. A inserção dos

jogos eletrônicos no meio escolar deve ser analisada em objetivos concretos,

com a intenção de facilitar o aprendizado da criança, bem como facilitar o

ensino de estratégias que ampliem a capacidade física, intelectual e

cognitiva. O procedimento metodológico da investigação é a pesquisa

bibliográfica realizada a partir de levantamento efetuado nos sistemas de

bibliotecas da UNICAMP, UNIMEP e USP e em ferramentas acadêmicas

disponíveis na Rede Mundial de Computadores. Para a investigação

consideramos as seguintes palavras-chave: desenvolvimento infantil, jogos e

brincadeiras tradicionais, jogos e brincadeiras eletrônicas. As análises

textual, temática e interpretativa com base em Severino (2007) são parte dos

procedimentos para a análise e interpretação dos textos. A partir destas

considerações, os resultados são os jogos e brincadeiras tradicionais e

eletrônicas infantis são elementos contribuintes para a formação do

desenvolvimento infantil. Concluímos nessa assertiva que quando a criança

brinca por meio dos jogos e brincadeiras tradicionais e eletrônicas infantis, a

mesma pode se desenvolver em um contexto social, criativo, cognitivo e

motor.

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil; jogos e brincadeiras tradicionais;

jogos e brincadeiras eletrônicas.