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Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
ISSN 2446-6840
Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
ISSN 2446-6840
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
UNIDADE ACADÊMICA DE GEOGRAFIA
COORDENAÇÃO ACADÊMICA DE GEOGRAFIA
CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA
CADERNO DOS TRABALHOS COMPLETOS
GRUPO DE TRABALHO 01
FORMAÇÃO DOCENTE E ENSINO DE GEOGRAFIA
ISSN 2446-6840
VII Semana de Geografia
"A Atual Política Educacional do Brasil e os Desdobramentos no Ensino de Geografia"
II Seminário de Geografia do Semiárido
"Os Atores Sociais e a Gestão do Território no Semiárido Brasileiro"
SITE DO EVENTO
https://sgssemageo.wixsite.com/ufcg
Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
ISSN 2446-6840
COMISSÃO ORGANIZADORA
PROFESSORE(A)S DA COMISSÃO ORGANIZADORA
Alexsandra Bezerra da Rocha – UNAGEO/CFP/UFCG
Micaelle Amancio da Silva – PPGG/UFPB
Jacqueline Pires Gonçalves Lustosa – UNAGEO/CFP/UFCG
Josué Pereira da Silva – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Dr. Santiago Andrade Vasconcelos – UNAGEO/CFP/UFCG
CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA – CAGEO/CFP/UFCG
Emanoel Henrique Rulim Pereira
Italo Anderson Duarte Nunes
Jefferson Santos Fernandes
Kaiame Leite Araujo
Manoel José da Silva Neto
Oraldo Rick Lourenço Leite
Rodolfo Noberto de Macedo
Suênia Kadidja Ferreira do Nascimento
Wagna Cristina Ferreira Moura
MONITORE(A)S
Adriana Silva Souza
Alessandra Santos Araujo
Alina Maria Machado Fiuza
Andreia Carlos Feitosa
Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
ISSN 2446-6840
Dayane da Silva Tomaz
Denise Dias da Silva
Emanoel Henrique Rulim Pereira
Fábia Larissa Abrantes Gonçalves
Francisco Dantas da Silva
Italo Anderson Duarte Nunes
Jefferson Santos Fernandes
Jônatas Claudio Farias Marciel
Kaiame Leite Araujo
Leandro Alves da Silva
Livia Romana Alexandre Martins
Macilândia dos Santos Custódio
Maiara Felix Fernandes
Manoel José da Silva Neto
Maria Andresa Martins Parnaíba
Maria Aparecida de Souza Oliveira
Maria Betânia de Alexandre Barros
Maria do Socorro Barros
Maria Marlene Dantas de Magalhães
Maria Rodrigues Monteiro Duarte
Moema Vieira Lima
Natália Kessia de Carlos Oliveira
Odnei Edson Brasil
Pierre Campos Medeiros
Rodolfo Noberto de Macedo
Romário Pereira Morais
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II Seminário de Geografia do Semiárido
ISSN 2446-6840
COORDENAÇÃO GERAL
Alexsandra Bezerra da Rocha – UNAGEO/CFP/UFCG
Jacqueline Pires Gonçalves Lustosa – UNAGEO/CFP/UFCG
Jefferson Santos Fernandes – CAGEO/CFP/UFCG
Josué Pereira da Silva – UNAGEO/CFP/UFCG
Micaelle Amancio da Silva – PPGG/UFPB
COMISSÃO CIENTÍFICA
Professora Dra. Alexsandra Bezerra da Rocha – UNAGEO/CFP/UFCG
Professora Dra. Cícera Cecília Esmeraldo Alves – UNAGEO/CFP/UFCG
Prof. Dr. David Luiz Rodrigues de Almeida– UNAGEO/CFP/UFCG
Professora Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo – UNAGEO/CFP/UFCG
Professora Dra. Jacqueline Pires G. Lustosa – CAG/UNAGEO/CFP/UFCG
Prof. Dra. Joseane Abílio – UAE/CFP/UFCG
Professor Dr. Josias de Castro Galvão – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Dr. Josué Pereira da Silva – UNAGEO/CFP/UFCG
Prof. Ms. Luiz Eduardo do Nascimento de Assis (UERN-PAU DOS FERROS)
Professora Dra. Luciana Medeiros de Araújo – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Dr. Marcelo Henrique de Melo Brandão – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Me. Marcos Assis Pereira de Souza – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Dr. Rodrigo Bezerra Pessoa – UNAGEO/CFP/UFCG
Professor Dr. Santiago Andrade Vasconcelos – UNAGEO/CFP/UFCG
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ISSN 2446-6840
SECRETARIA GERAL
Jefferson Santos Fernandes
Kaiame Leite Araujo
Manoel José da Silva Neto
Wagna Cristina Ferreira Moura
TESOURARIA
Micaelle Amancio da Silva
Rodolfo Noberto de Macedo
EQUIPE DE MONITORIA
Alessandra Santos Araujo
Jefferson Santos Fernandes
Maria do Socorro Barros Pereira
Wagna Cristina Ferreira Moura
COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
Alessandra Santos Araujo
Italo Anderson Duarte Nunes
Jefferson Santos Fernandes
Lívia Romana
Manoel José da Silva Neto
Maria Marlene Dantas de Magalhães
Valnice Amaro Santos
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COMISSÃO DE CULTURA
Andreia Carlos Feitosa
Ítalo Duarte Nunes
Kaiame Leite Araujo
Wagna Cristina Ferreira Moura
COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO
Alina Maria Machado Fiuza
Dayane Tomaz
Francisco Dantas da Silva
Maria Daiane da Silva
Romário Pereira Morais
COMISSÃO DE PATROCÍNIO
Micaelle Amancio da Silva
Manoel José da Silva Neto
Maria do Socorro Barros Pereira
Romário Pereira Morais
REALIZAÇÃO
Unidade Acadêmica de Geografia
Centro Acadêmico de Geografia
GRUPOS DE TRABALHO
GT 01 - Formação Docente e Ensino de Geografia
Profa. Dra. Ivanalda Dantas Nóbrega Di Lorenzo
Prof. Dr. Rodrigo Bezerra Pessoa
Profa. Micaelle Amancio da Silva
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Prof. Dra. Joseane Abílio
GT 02 - Geografia Física e Questões Ambientais
Prof. Me. Marcos Assis Pereira de Sousa
Prof. Dr. Josué Pereira da Silva
GT 03 - Geografia Urbana e Agrária
Profa. Dra. Luciana Medeiros de Araújo
Prof. Ms. Luiz Eduardo do Nascimento de Assis
Professor Dr. Santiago Andrade Vasconcelos
GT 04 - Cartografia Escolar e Análise Espacial de Dados Geográficos
Prof. Me. David Luiz Rodrigues de Almeida
UNIVERSIDADES PARTICIPANTES
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN
Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
Universidade Regional do Cariri – URCA
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Universidade Federal do Oeste do Pará – UFPO
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RIO
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SUMÁRIO
CAMINHOS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA:
UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA. .................................................................................. 10
FORMAÇÃO, PESQUISAS E PRÁTICAS DOCENTES NO ENSINO DE GEOGRAFIA .. 23
ESTÁGIO SUPERVIOSIONADO EM GEOGRAFIA: PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIA
NO ENSINO FUNDAMENTAL II .......................................................................................... 38
INTERESSE E DESINTERESSE POR DISCIPLINAS NO CURSO DE LICENCIATURA
EM GEOGRAFIA – CFP/UFCG ............................................................................................. 49
LITERATURA E GEOGRAFIA:MUTAÇÕES DO GÓTICO (PÓSCOLONIAL) ................ 61
O PLANEJAMENTO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: CONTRIBUIÇÃO E
IMPORTÂNCIA PARA CONSTRUÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE .................................. 73
QUESTÕES QUE NORTEIAM A AVALIAÇÃO ENQUANTO PROCEDIMENTO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA ................................................................ 84
A CHARGE NO ENSINO DE GEOGRAFIA: APLICAÇÕES NO ESTUDO DA
PAISAGEM. ............................................................................................................................. 95
POBREZA E CURRÍCULO ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DO
MUNICÍPIO DE ALENQUER-PARÁ .................................................................................. 103
O ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL E A FORMAÇÃO
DOCENTE A PARTIR DE POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................... 116
RELATO DE EXPERIÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM GEOGRAFUA II PARA FORMAÇÃO DOCENTE .................. 129
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO DOCENTE:
DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM SALA DE AULA ....................................................... 139
A IMPORTÂNCIA DO USO DA LITERATURA NO ENSINO DE GEOGRAFIA ........... 152
O ESTÁGIO EM FORMA DE PROJETO – UM DIALÓGO ENTRE ESCOLA E
COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA .................................................................. 166
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CAMINHOS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
GEOGRAFIA: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA
Diêgo Souza Albuquerque
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado “Profª. Maria
Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM)
Luiz Eduardo do Nascimento Neto
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado “Profª Maria
Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM).
Mariana Priscila de Assis
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado “Profª Maria
Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM).
Resumo
O estágio, como elo primordial na formação, visa habilitar indivíduos a exercer uma
profissão. Pensando o licenciando, o estágio é uma experiência necessária à qualificação
profissional, uma vez que se constitui um dos pontos cruciais do processo formativo que se
consagra na sala de aula. Nesse intento, o presente trabalho objetiva apresentar as
experiências práticas e reflexões construídas do Estágio Curricular Supervisionado em
Geografia III (OEG III), que ocorreu entre março e maio de 2017, incluindo como campo de
estágio a Escola Estadual Professora Maria Edilma de Freitas, localizada em Pau dos
Ferros/RN. Nesse ínterim, é abordado o Plano de Ação do estágio: observação,
coparticipação, pesquisa exploratória, relatoria dos resultados e reflexão destes. As
experiências ora apresentadas possibilitaram observar o universo da escola e alguns elementos
inerentes ao processo ensino e aprendizagem, além da oportunidade de desenvolver a pesquisa
“O laboratório de informática e o ensino de Geografia: possibilidade e uso”, uma análise
exploratória que buscou investigar o uso desse recurso estrutural no ensino e aprendizagem de
Geografia na escola campo de estágio. Para realização da pesquisa necessitou-se observações
e diagnósticos sobre o laboratório pesquisado, além da realização de entrevistas com a
supervisora do mesmo, com a professora regente de Geografia do 1º ano do Ensino Médio e
com alunos da série supracitada. Desse modo, refletimos que o estágio é uma importante
etapa no processo formativo docente, ao passo que permite a vivência e a posição
investigativa, mesmo que temporária, do estagiário no ambiente escolar.
Palavras-chave: Formação de Professor. Pesquisa. Ensino de Geografia.
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THE TEACHING TRAINING AND THE PATHWAYS OF THE GEOGRAPHY
CURVED STAGE: A RESEARCH EXPERIENCE
Abstract
The internship, as the primary link in training, aims to enable individuals to pursue a
profession. Thinking of the licenciando, the internship is a necessary experience to the
professional qualification, since it constitutes one of the crucial points of the formative
process that is consecrated in the classroom. In this attempt, the present work aims to present
the practical experiences and reflections constructed from the Supervised Curriculum
Internship in Geography III (OEG III), which occurred between March and May 2017,
including as a field of study the State School Professor Maria Edilma de Freitas, located in
Pau dos Ferros/RN. In the meantime, the Action Plan of the internship is addressed:
observation, participation, exploratory research, reporting of results and reflection on these.
The experiences presented here made it possible to observe the universe of the school and
some elements inherent to the teaching and learning process, as well as the opportunity to
develop the research "Use of the computer lab and the teaching of Geography: possibility and
use", an exploratory analysis that sought to investigate the use of this structural resource in the
teaching and learning of geography in the school field of training. For the accomplishment of
the research, observations and diagnoses about the laboratory researched were required, as
well as interviews with the supervisor of the same, with the teacher of Geography of the 1º
year of High School and with students of the above-mentioned series. In this way, we reflect
that the internship is an important stage in the educational formation process, while it allows
the internship and the research position, even if temporary, of the trainee in the school
environment.
Key works: Teacher Shaping. Search. Geography Teaching
Introdução
A formação de professores, nos cursos superiores de licenciatura, é apregoada de
inúmeras ações que devem corroborar para uma formação docente de qualidade, imprimindo
no processo de ensino e aprendizagem, dos formandos, sustentação necessária para exercer a
profissão pretendida. Nesse ínterim, o Estágio Curricular Supervisionado, que faz parte desse
processo de formação, constitui-se como importante instrumento para adquirir experiência na
construção do ser/fazer docente.
O Estágio Curricular Supervisionado constitui-se como um dos momentos no qual o
licenciando tem contato direto com o ambiente escolar e, principalmente, com a sala de aula,
afim de que possa adquirir experiências significativas para o seu futuro profissional, uma vez
que se constitui como um dos pontos cruciais para o processo formativo e que se consagra na
sala de aula.
A realização do Estágio Curricular Supervisionado é uma atividade obrigatória e
necessária para a formação dos licenciando de Geografia. O mesmo constitui-se como
atividade avaliativa na graduação e que pode configurar a práxis docente nesse processo. Para,
além disso, o estágio deve ser visto com responsabilidade por quem o pratica, principalmente,
quando reportado ao estágio de regência, tendo em vista que o professor supervisor do campo
de estágio permite a entrada do estagiário em sua sala de aula para que o mesmo possa
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Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
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desenvolver seu estágio, assim “retirando” do professor titular suas atividades cotidianas.
Desse modo, é primordial o exercício da responsabilidade e compromisso por parte do
estagiário perante o papel de professor que pretende exercer.
Na presente escrita tecemos considerações sobre o Estágio Curricular Supervisionado
em Geografia III (OEG III), do Curso de Geografia do Campus Avançado “Profª. Maria Elisa
de Albuquerque Maia” (CAMEAM), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
(UERN), sediada em Pau dos Ferros. A experiência do estágio curricular aqui expressa
realizou-se no semestre 2016.2, em caráter de observação e coparticipação, conforme está
preconizado no Projeto Pedagógico do Curso (PPC), e foi desenvolvido em sala de aula em
conjunto com a professora regente da disciplina de Geografia, num total de 20 horas/aulas. A
atividade de estágio citada foi desenvolvida no nível de Ensino Médio
Essa etapa da Educação Básica é essencial para a formação do professor de Geografia,
reforçando a necessidade da vivência docente do estagiário realizada no Ensino Fundamental,
uma vez que permite conhecer as etapas do Ensino Básico.
Para a realização da etapa citada, foi elaborado o Plano de Ação do estágio composto
pelas seguintes ações: observação e coparticipação em sala de aula e extra sala; pesquisa
exploratória que resultou em relatório que constam as reflexões construídas nesse entremeio.
Metodologicamente, faz-se necessário destacar que para a realização do estágio foram
necessárias as orientações com o professor supervisor acadêmicas de estágio a respeito das
atividades a serem realizadas nesse período, tais como aporte em leituras que discutem o
Ensino Médio como etapa da Educação Básica, além de munir-se dos procedimentos
burocráticos necessários para o desenvolvimento do estágio entre os sujeitos e espaços
envolvidos: estagiário, universidade e escola campo de estágio. Após as orientações, deu-se
início aos procedimentos do Plano de Ação do estágio.
A construção deste trabalho segue a dimensão qualitativa com o uso da natureza
discursiva e da pesquisa participante, no qual os autores vivenciam e observam o fenômeno
tratado em tela. Este trabalho é fruto das reflexões das experiências vivenciadas, seja das
discussões teórica e/ou atividade prática, em sala de aula ou extra sala.
O presente artigo lança algumas considerações sobre as nuances do Estágio Curricular
Supervisionado em Geografia do CAMEAM/UERN, expõe reflexões simplificadas da
consulta realizada no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola campo de estágio,
reconhecendo que o conhecimento das metas e ações educacionais e pedagógicas da escola é
importante para o estagiário; discutimos à luz de Ajanbuja (2011) o que é o Plano de Ação, e
por fim, trazemos resultados e reflexões da pesquisa investigativa do Plano de Ação do
estágio ora relatado.
Considerações acerca do estágio curricular supervisionado
O Estágio Curricular Supervisionado se constitui como mais um elemento na
formação docente para que os licenciandos busquem descobrir e desenvolver habilidades e
competências necessárias à vida profissional docente. Propõe ainda atitudes e posturas que
sustentem e aprimorem a formação do estagiário atribuindo-lhes responsabilidades e
objetivando lidar com a realidade de sua pretendida profissão.
O estágio, aliado e somado as demais atividades do curso, é mais um momento no qual
o estagiário pode aplicar na prática a teoria aprendida, podendo confortá-la de fato. É a
oportunidade de trabalhar os conteúdos que aprendeu no decorrer de sua formação,
conectando-se ao “mundo escolar” e mobilizando a Geografia Escolar com uma nova
roupagem, eu uma nova situação, imbuído de outros encargos.
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Pimenta e Lima (2010) salientam que o estágio na formação docente é um campo de
conhecimentos e um espaço de formação. Logo, o estagiário deve permanecer atento aos
elementos que possam contribuir para a realização e qualificação desse processo.
As observações realizadas na escola pelo estagiário, além de atentar sobre estruturas
físicas, carece de um olhar apurado acerca das conexões dos fenômenos embutidos nos fatos
da escola, assim é possível tecer reflexões sobre a escola enquanto organismo vivo, ou seja,
que está sujeito a transformações e mudanças, conforme reflete Lima (2012).
Nesse sentido, as práticas de estágio permitem um locupletamento da formação a partir
do momento em que o estagiário enriquece a sua formação adentrando em espaços educativos
e percebendo as relações existentes na docência. Martins e Tonini (2016, p. 105), pensando o
estágio em Geografia, consideram que:
Compreender que saberes são mobilizados e produzidos no espaço do estágio
supervisionado em Geografia é penetrar em territórios existenciais, em
representações e significados construídos sobre iniciação à docência, que são tecidas
por práticas e histórias de vida de cada sujeito envolvido neste processo. São
experiências construídas por uma história singular, percebida em cada narrativa que
representa a realidade vivida de cada um que está envolvido na construção do seu
percurso formativo.
Considerando tal reflexão, infere-se que o Estágio Curricular Supervisionado, no caso
específico, se torna fundamental na formação do professor de Geografia, reconhecendo ser
uma experiência abastada com o universo da escola, sua estrutura, dinâmicas, seus atores com
desafios e perspectivas. Desse modo, o conhecimento do ambiente escolar e sua interação são
elementos introdutórios de preparação do licenciando para a docência.
Pensando no processo formativo docente do estagiário, além da observação do
espaço escolar, é necessário que o mesmo desenvolva atividade de regência, lecione aulas,
pois essa ação permite que o estagiário construa práticas necessárias para o exercício da
profissão. Refletindo como o exercício docente necessita ser realizado partindo da concepção
da linha tênue entre “conteúdo da universidade e da escola”, Anderi (2008, p. 75) acredita que
o mesmo deve:
[...] articular o conhecimento especifico da área de formação com as condicionantes,
particularidades e objetivos deste conhecimento na educação básica. Será espaço
para reflexão sobre o conteúdo que está sendo aprendido pelo graduando e que será
ensinado por ele quando se apresenta sua atuação profissional como professor.
Ao iniciar a prática de estágio, no caso o licenciando, o mesmo deve possuir
discussões e compreensões teóricas, metodológicas e didáticas acerca do universo da ciência
estudada e que envolvam questões do ensino e de sala de aula para que consiga exercer, da
melhor forma possível, a atividade designada. Faz-se necessário o estagiário mobilizar os
conhecimentos que por ele foi construído no percorrer da formação, objetivando propiciar
construção de conhecimentos junto aos alunos.
O estágio é um dos momentos no qual o estagiário pode mediar na escola campo de
estágio a sua práxis docente ainda que de modo temporário e como exercício da prática
docente estruturada em seu processo formativo.
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Anais VII Semana de Geografia
II Seminário de Geografia do Semiárido
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Do mesmo modo, o Estágio Curricular Supervisionado, para o licenciando, pode ser
uma ferramenta de avaliação acerca da escolha profissional, visto que permite reflexões sobre
a realidade que se vivencia, os desafios e perspectivas do/no mundo docente, possibilitando,
desse modo, análises do ambiente que futuramente poderá compor sua realidade profissional,
decidindo por continuar ou não tal processo após a sua formação. Esse período é revelador ao
passo que possibilita os estagiários abraçar ou não a profissão docente.
O Estágio Curricular Supervisionado em Geografia do CAMEAM/UERN
Os Estágios Curriculares Supervisionados em Geografia do curso de Geografia do
Campus Avançado “Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM) contempla dois
momentos: a observação e coparticipação e a regência. Em ambas as modalidades do processo
formativo oportunizam os licenciandos a intervir nas escolas campo de estágio com propostas
e atividades construtivas que auxiliam na construção de seu perfil profissional.
No curso supracitado, o Estágio Curricular Supervisionado é atividade obrigatória que
articula a práxis docente nos estabelecimentos de ensino em nível fundamental e médio e em
espaços não-escolares na esfera público ou privado. Sua realização é indispensável à
formação docente e integralização curricular, Projeto Pedagógico do Curso de Geografia
(PPC, 2014).
As atividades do estágio curricular são desenvolvidas sob o manto das discussões
teóricas dos professores supervisores acadêmicos de estágios orientando os estagiários para a
atuação prática docente nas escolas campo de estágio. Dentre estas ações destacamos a
realização de: observação e coparticipação em sala de aula e extra sala com o (a) professor (a)
regente da disciplina, pesquisas e diagnósticos dessa, elaboração e aplicação de oficinas
pedagógicas, regência e produção de relatórios parciais e finais conforme a estágio a ser
desenvolvido no período em que se encontra o discente.
Tais atividades necessitam ser organizadas e planejadas, espacial e temporalmente,
para o melhor desenvolvimento das mesmas. Possibilitando atingir os objetivos propostos e
resultados significativos dessas atividades.
O Estágio Curricular Supervisionado em Geografia do curso supramencionado é
vivenciado a partir do quinto semestre e os demais estágios se estendem até o oitavo semestre
onde finaliza o curso. O mesmo é avaliado e acompanhado por professores supervisores
acadêmicos do curso e por professores colaboradores das escolas campo de estágio.
Notadamente, para a realização do componente de estágio se faz necessário seguir as
regulamentações pertinentes ao componente citado. E no caso, segue as regulamentações do
Conselho Nacional de Educação CNE/CP 01 de fevereiro de 2002 e CNE/CP02 de fevereiro
de 2002, respectivamente, em que se instituíram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior dos cursos de licenciatura
em graduação plena e estabelece a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de
graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior.
O estágio supramencionado segue, ainda, a resolução nº 06 de 25 de fevereiro de 2015
do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) da UERN que preconiza a
aprovação das normas para a realização do mesmo. O documento reconhece o estágio como
campo de conhecimento teórico-prático e interdisciplinar, que possibilita ao educando a
aproximação como o espaço de convergência dos conhecimentos científicos, sendo essencial
para a formação de competências docentes (UERN, 2015).
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As atividades do estágio do curso citado devem ocorre em diferentes etapas com suas
características especificas, mas mantendo-se relacionadas, sustentando-se na orientação,
planejamento, observação, coparticipação e regência, que ocorrem no Ensino Fundamental e
no Ensino Médio, sendo que a Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia (OEG) I e
II, respectivamente, observação/coparticipação e regência, vislumbra o ensino básico
fundamental do 6º ao 9º ano e a OEG III e IV, respectivamente, observação/coparticipação e
regência acontece na etapa final do Ensino Básico (PPC, 2014). No (Quadro 1) pode ser
vislumbrado a carga horária exigida para realização das atividades em cada OEG
desenvolvida no curso supracitado. Vale salientar que cada OEG exige carga horária mínima
especifica para a presença do estagiário na escola campo de estágio. Sendo que OEG I, II, III,
IV, perspectivamente, exigem 30 (trinta), 40 (quarenta), 20 (vinte) e (30) horas/aulas para
realização do estágio
Quadro 1: Carga horária exigida para o desenvolvimento das atividades nas OEG
SEMESTRE
S
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
EM GEOGRAFIA- UERN
CARGA
HORÁRIA
(CH)
5º Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia I 150
6º Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia II 150
7º Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia III 150
8º Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia IV 135
Sub-total 585
Fonte: PPC do Curso de Geografia, 2014, dados trabalhados pelos autores.
As regulamentações do estágio em questão preconizam que ao longo do Estágio
Curricular Supervisionado em Geografia no Ensino Fundamental e Médio deverão ser
produzidos dois Relatório de Conclusão de Estágio (RCE) parciais, sendo 01 (um) no 5º
(quinto) e 01 (um) no 7º (sétimo) período. E no final do Estágio Curricular Supervisionado
em Geografia no Ensino Fundamental e Médio deverão ser produzidos dois RCE finais, sendo
01 (um) no 6º (sexto) e 01 (um) no 8º (oitavo) período. Os RCE devem constar os resultados
da experiência vivenciada, apontando as atividades desenvolvidas, as observações, reflexões e
conhecimentos construídas sobre/no espaço escolar com os atores envolvidos, demostrando
diagnósticos dessa fase do processo formativo docente.
Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola Estadual Professora Maria Edilma de
Freitas: algumas exposições.
No Estágio Supervisionado em Geografia III, foram tecidas também considerações
sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola campo de estágio.
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No Projeto Político Pedagógico da escola em tela, apresenta um conjunto de metas e ações
que visam atingir os objetivos educacionais e pedagógicos estabelecidos para a referida
unidade de ensino.
A Escola Estadual Professora Maria Edilma de Freitas (EEMEF) apresenta-se como
um ambiente democrático que deve propiciar a experiência e aprendizado inclusivo para os
diferentes atores do espaço em evidência. A mesma busca preservar um espaço reflexivo
buscando promover a participação social e a formação emancipatória de seu corpo discente e
docente. A construção do seu PPP ocorreu mediante reflexões da comunidade escolar,
tomando como ponto de partida o cotidiano da escola, a comunidade e o seu contexto
sociocultural. A dimensão de o ensino objetiva aliar teoria e prática na formação de seus
alunos a partir de procedimentos metodológicos, de acompanhamento e avaliações.
A formação dos seus alunos pauta-se numa visão humanística, principiada na justiça
social, com igualdade, cidadania, emancipação, ética e sustentabilidade ambiental, avistando a
formação humana integral com inclusão social, centrado em uma gestão democrática com
transparência de todos os atos, obedecendo aos princípios da autonomia, da descentralização e
da participação coletiva.
A escola em evidência, ainda aponta em seu PPC que tem como função social,
contribuir para a constante melhoria das condições educacionais da comunidade, visando
assegurar uma educação de qualidade aos alunos. Para que esta função se efetive necessita-se
de mais recursos humanos e materiais que deem suporte técnico e pedagógico.
O PPP como entendemos é um documento que norteia as ações na escola. Por isso, foi
construído com os segmentos envolvidos nos processos educativos e responsáveis por sua
implementação.
Dessa forma, o referido documento é consultado e avaliado constantemente, visto ser
fonte de construção dos meios e instrumentos efetivos no desenvolvimento do trabalho
escolar, interferindo positivamente no plano de ação do professor, da equipe pedagógica, e
nas relações estabelecidas entre os diferentes segmentos da escola (PPP, 2015).
Assim o PPP é instrumento indispensável no processo educacional para a referida
escola, e a partir dele se ramificam ações no processo de gestão da escola em especial o
processo de ensino e aprendizagem.
Plano de Ação para o Estágio Curricular Supervisionado.
O Plano de Ação de Estágio se incluiu em uma Situação de Estudo ou Situação-
Problema que, segundo Ajanbuja (2011), caracteriza-se como uma Metodologia Cooperativa.
Estas são propostas e pesquisas que podem ser desenvolvidas nas escolas e fora delas, desde
que mantenha aproximações e que devem estar sintonizadas com a concepção escolar da
integração dos saberes científico e da realidade dos alunos.
A Situação de Estudo ou Situação-Problema proposta na pesquisa do Plano de Ação
do Estágio consolida-se como uma metodologia que emprega também a atividade de ensino
“[...] desenvolvida a partir da articulação de um tema específico e da vivência dos alunos,
possibilitando ou necessitando ser uma prática interdisciplinar” (AZUMBUJA, 2011, p. 191).
Assim, refletimos que o processo de aprender e ensinar na formação docente pode ocorrer a
partir de situação de estudos que se aproximam da realidade escolar.
Para elaboração do Plano de Ação do estágio em debate concentramos atenções nos
objetivos e propostas de ensino e aprendizagem da escola realizando, a observação e análise
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da prática do docente e discente em sala de aula em Geografia subsidiados pelo PPP da
referida escola.
Como foco principal da atividade de estágio curricular elaboramos uma pesquisa
exploratória acerca do uso do laboratório de informática da referida unidade de ensino como
recurso metodológico na disciplina de Geografia, analisando seus limites e potencialidades
enquanto recurso estrutural didático e pedagógico necessário nas escolas. Intitulamos a
referida pesquisa de “O laboratório de informática e o ensino de Geografia: possibilidade e
uso”.
Nesse intento, a pesquisa sobre uma situação prática do laboratório mencionado pode
contribuir com a formação dos discentes da disciplina de Geografia ao passo que relaciona as
atividades da escola e das demais áreas de conhecimentos a outros atores e aspectos do
cenário escolar.
Nessa perspectiva, desenvolvemos o presente Plano de Ação de estágio utilizando da
pesquisa qualitativa como recurso para análises e focamos atenção no uso do laboratório de
informática da escola campo de estágio, atrelando o seu uso ao ensino de Geografia, surgindo,
assim, discussões que refletem sobre o uso de metodologias diversas nas aulas dessa
disciplina. O laboratório citado se constitui como ferramenta que pode ser usado em
atividades que auxiliem no ensino dos conteúdos da Geografia Escolar.
Segundo Parreira Júnior e Franco Neto (2009, p. 02), “as Tecnologias da Informação e
da Comunicação (TIC) estão cada vez mais disponíveis para os docentes nas escolas e a
necessidade de utilizar estes recursos em sala de aula é uma realidade”. Notadamente, essas
ferramentas apresentam evoluções, enriquecimentos e despertam o interesse para a utilização
de novas metodologias pedagógicas, seja pelo professor ou pelo aluno, no ensino e
aprendizagem de Geografia. Assim, as mesmas podem ser utilizadas na sala de aula como
recurso que pode subsidiar práticas educativas que contribuam para o aprendizado dos alunos.
A necessidade em pesquisar e compreender os aspectos do laboratório de informática
originou-se diante das recorrentes discussões sobre a necessidade da utilização de novas
metodologias no ensino de Geografia. Entendemos que um laboratório de informática pode
ser utilizado no ensino da ciência mencionada, seja para realização de pesquisas on line,
criação de atividades didáticas, utilização de software, elaboração e formatação de trabalhos
dentre outras atividades que circundam o universo complexo da Geografia Escolar.
No desenvolvimento da pesquisa acerca do laboratório de informática da escola campo
de estágio, foi realizada coleta de informações através de questionários com a professora
regente da disciplina de Geografia e com a supervisora do laboratório de informática, o
mesmo processo de aplicação de questionários ocorreu com os alunos de duas turmas de
primeiro ano do Ensino Médio, objetivando conhecer as concepções dos mesmos sobre esse
instrumento metodológico, seus limites e potencialidades possíveis de serem exploradas para
o ensino da referida disciplina.
O Estágio Curricular Supervisionado e as observações em sala de aula
Na realização do referido estágio ocorreram algumas eventualidades que
impossibilitaram um olhar totalizante da sala de aula como havia sido planejado no Plano de
Ação do estágio. A saber, as observações das aulas deveriam acontecer às sextas-feiras de
cada semana nas quais seriam observadas e analisadas as práticas metodológicas do docente
regente da disciplina e a participação dos alunos, pertencentes às turmas lócus do estágio. No
entanto, devido a eventuais paradas da escola (feriados e manifestações) nesses dias da
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semana, reduziu a participação do estagiário em sala de aula no caráter de observação e
coparticipação junto à professora regente da disciplina de Geografia.
Acreditamos que a participação em sala de aula, em caráter de observação e
coparticipação, influi contribuições significativas na formação do estagiário e em seu
processo formativo ao passo que vivencia momentos práticos e de relações dinâmicas entre
grupos. Nesse cenário, podem ser impressos no estagiários reflexões e aprendizados
entusiasmantes ou desanimadores.
No estágio de observação e coparticipação o estagiário não deve reduzir sua ação
somente a sala de aula, pois a escola, em toda sua dimensão, deve ser foco das observações,
análises e reflexões. Desse modo, pôde-se desenvolver essa etapa formativa de caráter
qualitativo e de investigação em consonância com o Plano de Ação do estágio no qual deve
ser planejadas atuações para além da sala de aula e, no caso específico, da disciplina de
Geografia.
Desse modo, a escola, como reflete Cavalcanti (2011), é uma instituição social,
entendida em uma dimensão técnico-racional e incluída em uma dimensão pedagógica,
marcada por problemas e por sua significativa capacidade de garantir ou construir um caráter
educativo na sociedade.
Coadunamos com a autora supracitada. Acreditamos que a escola é um ambiente
diverso, heterogêneo, carregado de responsabilidades e cargas que recaem sobre todos aqueles
que nela convivem, principalmente, sobre a gestão e corpo docente. É, sem dúvidas, um
ambiente amplo para reflexões, bem como pesquisas, visto as várias dimensões que a mesma
comporta.
Acerca das dimensões que a escola pode propiciar junto ao estagiário quando da
realização do seu estágio imbuído de pesquisa ou por assim afirmar como estagiário
pesquisador, podemos observar que a aproximação da realidade escolar pelo estagiário é uma
das premissas para realização das mesmas. “[...] essa caminhada certamente será uma trilha
para a posição de novas experiências” (GARRIDO, 2010, p. 45).
A autora nos brinda com suas reflexões ao discorrer sobre estágio e pesquisa e nos
permite refletir que a pesquisa no estágio é método de formação de futuros professores por
mobilizar investigações que permitam ampliação e análise de aspectos e contextos onde os
estágios se realizam. Assim, a pesquisa no estágio conjuga uma posição investigativa de suma
importância na formação docente, assumindo uma possibilidade formativa para o estagiário.
Garrido (2010), também discute a relação teoria e prática como essenciais na formação
docente. A autora demostra que o estágio tem de ser teórico-prático, e para desenvolver essa
perspectiva é necessário romper com a fragmentação ente eles a partir da práxis. Isso aponta
no estágio uma postura investigativa que deve envolver a reflexão e a intervenção na vida
escolar.
No estágio realizado na Escola Estadual Professora Maria Edilma de Freitas,
enquadrou-se a pesquisa investigativa no laboratório de informática, percebendo suas
potencialidades e problemas, bem como as possibilidades de uso desse equipamento no
ensino e aprendizagem em Geografia.
Analisando o laboratório de informática: entre o mito da existência e condições para uso
Para concretização da pesquisa referente ao laboratório foram aplicados 41 (quarenta e
um questionários), sendo 39 (trinta e nove) destes para os estudantes do 1º ano do Ensino
Médio, turmas A e B, um (01) para a supervisora do laboratório em análise e mais um (01)
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para a professora regente da disciplina de Geografia da escola campo de estágio. As questões
elaboradas e aplicadas aos sujeitos da pesquisa visaram analisar e compreender a estrutura do
laboratório de informática da escola, a concepção dos sujeitos da pesquisa sobre o uso desse
equipamento mencionado, bem como, a sua utilização nas aulas de Geografia objetivando
evidenciar as possibilidades de ensino e aprendizagem.
Segundo o PPP (2015) da referida escola, o laboratório é um aporte didático
metodológico necessário a escola e se encontra em boas condições de usos. O que, a partir da
pesquisa realizada, constatou-se uma contradição, tendo em vista que esse equipamento
apresenta problemas e fragilidades que impede a sua utilização por alunos e professores.
Referente à estrutura desse item analisado é possível diagnosticar que o mesmo
apresenta fragilidades ao que concernem as falhas constantes de conexão dos computadores à
rede de internet, impossibilitando, assim, um desenvolvimento mais consistente de atividades
de pesquisa on line. Salientamos ainda que o número de computadores neste espaço é
insuficiente para a demanda de alunos existente na unidade escolar onde apenas dez unidades
encontram-se em bom estado de funcionamento. O laboratório enfrenta problemas ao que se
refere à ambientação do mesmo sendo inexistente a presença de climatização adequada ou
ventilação considerável. Esses problemas, segundo a supervisora do laboratório, não são
solucionados devido à falta de verba ou recursos financeiros destinados para a manutenção
desse equipamento na escola.
Percebemos que o público da pesquisa vincula inúmeras vantagens ao uso do
laboratório de informática para o ensino. A supervisora afirma que a utilização desse
equipamento pode ampliar a bibliografia das várias disciplinas estudadas pelos alunos, e que a
partir de softwares pode simular experimentos químicos, cálculos matemáticos entre outras
atividades. Desse modo, a utilização desse espaço pode ser uma rica ferramenta para
ampliação de conhecimentos. Afirma que a procura dos professores e alunos para uso é
constante, no entanto, devido aos problemas já mencionados acima, os mesmos ficam
desassistindo, não conseguindo, na maioria das vezes, êxito nas atividades propostas para esse
ambiente.
De modo geral, os alunos descrevem que o uso desse equipamento pode dinamizar as
aulas, sendo um suporte necessário para atividade de pesquisas, estudos e elaboração de
trabalhos e/ou atividades. Atribuem importância do uso pois pode “Ampliar as fronteiras do
conhecimentos” ao mesmo tempo que “cria facilidades no ensino com pesquisas”, além de ser
“um estimulamento (sic) da aprendizagem e da comunicação” e, sendo assim, possibilita “um
melhor desenvolvimento e melhor aprendizado do aluno.”
A maioria dos alunos pesquisados mencionaram que nunca foram encaminhados ao
laboratório para realizar alguma atividade envolvendo os equipamentos que lá existem. Os
alunos que tiveram a oportunidade de ir frequentar afirmam que quando são levados não
conseguem desenvolver as atividades propostas. Reforçam a informação de que o
equipamento apresenta problemas de funcionamento “nunca dá certo fazer nada lá. Não tem
internet, os computador (sic) é lento ou não funcionam.”
Segundo a professora, computador e internet são necessários e essenciais no atual
estágio de desenvolvimento social, alicerçado nos meios técnicos, científicos informacionais e
na escola devem ser usados, pois “as vantagens são inúmeras. Desde pesquisas mais simples
às mais avançadas que podem aprimorar os conteúdos vistos em salas de aula e atualizar as
informações do livro didático [...]”. Afirma ainda que já fez uso do laboratório para
desenvolver atividades na disciplina de Geografia, no entanto, não tinha planejado, ainda,
nem uma atividade no laboratório para as turmas de alunos supracitadas. A mesma assegura
que desenvolveu “[...] diversas pesquisas com várias temáticas, tanto da Geografia física
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como da humana [...] Já trabalhei com localização de países, procurar características
demográficas, econômicas, ambientais [...]”. Reconhece as mesmas problemáticas
supracitadas e limitações do laboratório.
Percebemos que a professora reconhece o recurso de informática como de
fundamental importância e necessário no desenvolvimento das aulas de Geografia. Afinal,
ensinar é uma prática na qual o professor aplica os conhecimentos que tem do conteúdo e
utiliza de métodos que considera adequado para o ensino desse componente curricular
(PARREIRA JÚNIOR; FRANCO NETO; COSTA, 2009).
O laboratório de informática pode ser uma fonte de pesquisa para aprimorar
conhecimento e atualizar informações estudadas em sala de aula, destacando-se como fonte
exploratória de informação, segundo a professora.
Ainda sobre o uso do laboratório no ensino de Geografia, os alunos afirmam ainda não
ter utilizado esse equipamento para esses fins no presente ano letivo. Isso pode ser explicado
pelas condições precárias de uso do laboratório e ainda pelo baixo número de aulas de
Geografia que os mesmo tiveram no início do ano letivo 2017, o que reduz ainda mais o
acesso ao objeto de estudo em tela.
A concepção dos envolvidos acerca das possibilidades de ensinar e aprender
Geografia usando o laboratório de informática demostra resultados positivos ao que concerne
a perspectiva que essa ferramenta pode propiciar ao ensino de Geografia.
De modo geral, o laboratório de informática pode ser auxilio na ampliação de
informações, na melhoria do trabalho em equipe, na dinamização das aulas, metodologias e
recursos e no aprimoramento do conhecimento. Isso pode ser desenvolvido a partir do
momento que se usa o laboratório para desenvolver atividades sobre os vários conteúdos
pertinentes a Geografia, seja eles humanos, físicos e cartográficos.
Considerações finais
Consideramos que o desenvolvimento da presente pesquisa possibilita o entendimento
acerca de uma das dificuldades da escola pública: a fragilidade de sua estrutura. Um
laboratório de informática bem equipado, com acesso à internet e agradável, a quem utiliza,
deve ser uma prioridade nas escolas pelo fato de possibilitar inúmeras vantagens ao processo
de ensino e aprendizagem.
Percebeu-se que o recurso pesquisado apresenta inúmeras limitações quanto seu uso
pelos alunos e professore. Computadores que não funcionam, conexão com a internet
fragilizada, climatização precária, falta de verbas econômicas e deficiência de perspectivas de
mudança do quando, são problemas encontrados mediante pesquisa.
Chegamos à conclusão, mediante entrevistas, que, em contexto do ensino de
Geografia, esse equipamento pode auxiliar nesse processo, tendo em vista que por meio da
pesquisa na internet pode-se obter e atualizar informações importantes sobre conhecimentos
geográficos, é possível o uso de software no ensino e aprendizagem da cartografia e da
Geografia física, além de que computadores em bom estado de funcionamento poderiam ser
utilizados na produção de trabalhos escolares, por exemplo.
É notório que o laboratório é um recurso possível para dinamizar as aulas de
Geografia, no entanto, os problemas presentes nesse impedi o uso. Para a superação dessas
dificuldades, é necessário a manutenção e conserto dos objetos que o compõe e para isso é
necessário recurso econômico. E para além do laboratório, o professor pode dinamizar as
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aulas utilizando de metodologias e outros recursos, dependendo dos assuntos trabalhados, que
possa aproximar e auxiliar os aluno em seu processo de ensino e aprendizagem em Geografia.
Conclui-se que o desenvolvimento do Plano de Ação do estágio, constitui-se como
importante auxilio ao estagiário no entremeio de suas atividades durante o período de estágio,
ao passo que reivindica a definição e o planejamento das etapas que, adiante, serão
executados. O Plano de Ação executado no Estágio Curricular Supervisionado, como
pesquisa consolidada, comporta-se como importante instrumento de investigação e possibilita
novas experiências no processo formativo docente em Geografia a partir da pesquisa.
A pesquisa investigativa, por sua vez, acerca de um elemento da escola campo de
estágio, não se restringindo apenas a observação em sala de aula, comporta-se como um
caminho eficiente e possível para a formação de professores, visto que permite vislumbrar a
forma como a escola se estrutura e se realiza, assim, contribuindo para qualificação
profissional mediante vivência com os nexos existentes no espaço escolar.
Agradecimentos
Agrademos ao curso de Geografia do CAMEAM/UERN, em especial, ao componente
curricular Orientação e Estágio Supervisionado em Geografia. Agradecimento particular a
escola campo de estágio pela concessão do mesmo e, com muito apreço, aprazamos aos sujeitos
da pesquisa.
Referências
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formação do professor. In: ZANATTA, Beatriz Aparecida; Souza, Vanilton Camilo de.
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RN, 2015.
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fevereiro de 2015 – CONSEPE. Regulamenta o Estágio Curricular Supervisionado
Obrigatório nos Cursos de Licenciatura da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte. Sala das Sessões dos Colegiados. Mossoró/RN, 25 de fev. 2015.
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FORMAÇÃO, PESQUISAS E PRÁTICAS DOCENTES NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Jamires Monteiro de Andrade
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/CFP
RESUMO
Esse artigo pretende discutir a formação, pesquisas e práticas docentes no ensino de geografia.
Para tanto, apresentamos uma breve analise sobre a formação profissional do professor, pois é
um assunto que vem sendo discutido pelas instituições de ensino como também pelos próprios
profissionais na área de geografia. Certamente necessitamos de profissionais qualificados e
capacitados para atuar no âmbito dessa interação de ensino e pesquisas para obtermos
resultados satisfatórios no ensino e aprendizado dos alunos. Procuramos descrever sobre as
práticas docentes no ensino de geografia que integrem no processo de explanação de
conteúdo, facilitando a compreensão dos educandos. O artigo teve como objetivo refletir
sobre a formação pesquisas e as práticas pedagógicas dos professores conduzindo os mesmos
a repensarem seus recursos e metodologia na sala de aula. Os métodos utilizados para
elaboração desse artigo foram de caráter bibliográfico, onde subsidiou o andamento da
pesquisa durante todas as suas fases, permitindo a problematização referente ao tema, como
também para compreender os elementos a serem analisados através da observação. No entanto
foi possível entender que o professor é de fundamental importância no processo de ensino e
aprendizagem e deve procurar maneiras de diversificar as metodologias para lecionar os
conteúdos para aos alunos. Dependendo da metodologia de ensino que ele utilizará poderá
proporcionar aula criativa e dinâmica que possa despertar nos alunos momentos de prazer ao
estudar geografia. O professor deve sempre estar à procura de novos horizontes sejam eles
referente à sua formação e pesquisas de ensino e repensando a sua prática, pois estará
contribuindo na formação dos cidadãos mais conscientes e críticos.
Palavras-chave: Formação. Pesquisa. Prática. Ensino.
ABSTRACT
This article aims to discuss training, research and teaching practices in geography teaching.
For this, we present a brief analysis on the professional formation of the teacher, since it is a
subject that is being discussed by educational institutions as well as by the professionals in the
area of geography. We certainly need qualified and qualified professionals to work within this
teaching and research interaction to obtain satisfactory results in the teaching and learning of
the students. We try to describe the teaching practices in the geography teaching that integrate
in the process of explanation of content, facilitating the understanding of the students. The
aim of the article was to reflect on the formation of research and pedagogical practices of the
teachers, leading them to rethink their resources and methodology in the classroom. The
methods used for the elaboration of this article were of bibliographic character, where it
subsidized the progress of the research during all its phases, allowing the problematization
related to the theme, as well as to understand the elements to be analyzed through
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observation. However, it was possible to understand that the teacher is of fundamental
importance in the process of teaching and learning and should look for ways to diversify the
methodologies to teach the contents to the students. Depending on the teaching methodology
he will use, he will be able to provide a creative and dynamic classroom that can awaken in
the students moments of pleasure when studying geography. The teacher should always be
looking for new horizons, whether they relate to their education and teaching research and
rethinking their practice, as it will be contributing to the formation of the most conscious and
critical citizens.
Keywords: Training. Search. Practice. Teaching.
INTRODUÇÃO
No sentido de compreendermos a relevância dos estudos sobre a formação pesquisas e
práticas dos educadores no ensino de geografia, nos faz refletirmos sobre as nossas didáticas e
o conhecimento sobre as mudanças que vem ocorrendo no momento contemporâneo, diante
do ensino e aprendizado de geografia em sala de aula.
O presente artigo tem como objetivo de estudo abordar a importância da formação do
educador no contexto profissional, à articulação que os educadores devem fazer em relação ao
ensino e pesquisa, onde o conhecimento não fique fragmentado, ou seja, somente a
explanação do conteúdo acabado sem fazer uma interdisciplinaridade, e as práticas
pedagógicas envolvendo recursos e metodologias que possam facilitar no ensino geográfico.
A escolha do tema foi motivada pelas experiências vivenciadas em sala de aula, pois
leciono mais de nove anos, quando tive a oportunidade de observar colegas de trabalho
conduzindo até a sala de aula somente conteúdos programados do livro didático sem fazer
uma contextualização com os acontecimentos que vem ocorrendo no momento atual,
professores questionando sobre sua formação pela universidade com práticas tradicionais e os
recursos e metodologias que o professor não utilizava nas aulas de geografia mesmo a escola
disponibilizando.
Nesse sentido percebemos que o educador deve explorar as habilidades dos alunos,
melhorando a autoestima, a capacidade cognitiva, favorecendo assim um melhor
desenvolvimento para os educandos. Para isso, as atividades necessitam ser planejadas por
educadores para que estes possam utilizá-las como mais uma alternativa através da qual
proporcionará um ambiente facilitador para o desenvolvimento do educando.
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O convívio com os alunos em um contexto de docência serviu como ponto de partida
para o interesse do artigo bibliográfico, analisando assim, o contexto do professor em
repensar sobre a sua formação acadêmica sendo continuada em estudos e pesquisas que
possam favorecer para aluno e professor, verificando as práticas pedagógicas lecionadas pelos
mesmos. Pois a prática de ensino planejado permite que o aluno amplie seus conhecimentos e
tanto o professor como o aluno possa interagir no ensino e aprendizagem.
Sendo assim, as discussões que seguem têm como pretensão dar suporte para que o
aluno atinja um desenvolvimento pleno. Vivemos um mundo em constante mudança, e o
educador necessita repensar sobre sua formação continuada dando ênfase ao ensino e
pesquisa, e suas práticas e metodologias aplicadas em sala de aula. O aluno deve ser
conduzido a buscar conhecimento na escola, ou até mesmo aperfeiçoar o que já traz do seu
dia-a-dia. Desse modo, o professor deve aperfeiçoar os novos horizontes dos alunos
orientando para sua vida pessoal e social.
2. DESENVOVIMENTO
2.1 A Formação Profissional do Professor no Ensino de Geografia
Estamos vivendo um período de profundas transformações, seja ela educacional
profissional sociocultural e entre outras que podem nos conduzir a uma reflexão no contexto
da formação dos professores. Diante desse estudo não queremos expor conceitos ou até
mesmo ditar regras em que o professor possa seguir, pelo contrário são estudos que possam
contribuir a relevância que tem a formação no contexto profissional do educador no processo
do ensino e aprendizado.
Assim justifica os autores Pontuschka, Paganelli e Cacete:
Cabe afirmar, todavia, que o momento atual é de transição, marcado pela crise do
modelo anterior e pela incerteza quanto aos novos paradigmas de formação docente.
Para propor as mudanças necessárias e leva-las a efeito, é necessário conhecer a
realidade que deve ser objeto de transformação, ou seja, os cursos de licenciatura,
além dos meios e sua utilização. Portanto, não se trata apenas de produzir uma teoria
sobre a formação de professores, mas de criar condições e produzir referenciais
concretos para, efetivamente, pô-la em prática mediante as mudanças operadas
(PONTUSCHKA, PAGANELLI E CACETE, 2009, p.92).
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Nesse contexto, para analisarmos as diferentes abordagens sobre a formação
profissional do professor nos dias atuais, precisamos recorrer ao passado para
compreendermos o presente, e sermos críticos na renovação de uma formação revendo a
realidade que estamos vivenciando no momento atual sem esquecer-se de outras ferramentas
pedagógicas que nos remete a ter um ensino de qualidade.
Como explicita Conti apud Rego et al:
Com a ditadura militar, mudou o objetivo da disciplina escolar de geografia [...] a
mudança foi tão significativa que a disciplina foi praticamente extinta do currículo
escolar, sendo substituída pelos Estudos Sociais (uma disciplina sem tradição, sem
conteúdo definido, mas com objetivos muito bem estabelecidos), [...] as aulas de
geografia ficaram restritas à parte dos conteúdos que interessavam àqueles governos.
O que víamos nas salas de aulas de todo o país era a continuação das mesmas
práticas mnemônicas, das nomenclaturas e dos conteúdos recém-estabelecidos pelos
militares, isto é, a preocupação com um país grande, rico em recursos e belezas
naturais e com uma sociedade vivendo sem conflitos e sem diferenças sociais
(CONTI, 1971, p. 19 apud REGO et al, 2011, p.22).
Como os autores nos apresentam da mesma forma que o ensino de geografia estava
ocorrendo mudanças no currículo da disciplina, a formação dos educadores sobre essa
disciplina também ocorria modificações no processo de mudanças, até porque o que ensinava
antes já não era o mesmo que se passava no momento atual. Somente no século XIX o ensino
de geografia adquiriu algumas relevâncias no currículo escolar, ou seja, a geografia passou a
ser estudada separadamente das outras disciplinas, e o método se caracterizava ainda pela
elaboração de perguntas e respostas, com o objetivo de tornar mais fácil a lição para a
memorização e não existia um estudo mais além em relação ao que lecionavam em sala de
aula.
Assim justifica os autores Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009); “Na esteira desse
processo, sobretudo a partir dos anos 1990, a formação dos professores e o exercício
profissional da docência foram postos no centro das discussões”. Aconteceu o repensar dos
cursos de formação docente, em razão não apenas das novas exigências suscitadas pelo
movimento de renovação curricular da escola fundamental e médio, mas, sobretudo, dos
problemas dos cursos de licenciatura, considerados, historicamente, fracos no que dizia
respeito à formação de seus profissionais.
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Dessa forma o que os professores pensavam sobre suas práticas em sala de aula, a formação
do professor estava também sendo debatida, pois a mesma estava sendo considerado fraco em
relação à modernização e às mudanças que os países exigiam. Os professores precisavam de
um curso mais eficiente com perspectiva de renovação na prática pedagógica.
Nas últimas décadas do século XX, movimentos sociais se mobilizaram dando
importância a uma educação voltada para a transformação social. E a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB), determina que “a educação é dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana e tem finalidade do
pleno desenvolvimento do educando” (BRASIL, 2009). No entanto, aliado a isso se discutia
sobre a necessidade da formação do professor em múltiplas dimensões.
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender
aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as
características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá
como fundamentos:
I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a
capacitação em serviço;
II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em
instituições de ensino e outras atividades;
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-
á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil
e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em
nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 2009).
Podemos observar como a própria LDB dar relevância à formação dos profissionais
como também o ensino e o aprendizado do educando, dando ênfase a cada fase que o mesmo
enfrentará diante dos desafios escolar, seja eles social cultural ou até mesmo escolar. E sobre
tudo a continuidade da formação continuada dos profissionais que atuam na área do ensino.
Sendo assim a Lei n. 12.014, alterou o artigo 61 da LDB, com intuito de separar as
categorias destes trabalhadores que devem ser considerados profissionais da educação.
Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela
estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos
reconhecidos, são:
I - professores habilitados em nível médio ou superior para a docência
na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio;
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II - trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia,
com habilitação em administração, planejamento, supervisão,
inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado
ou doutorado nas mesmas áreas;
III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso
técnico ou superior em área pedagógica ou afim (BRASIL, 2009).
Como podemos perceber a valorização do profissional no âmbito escolar é
indispensável para que possamos cada vez mais termos profissionais capacitados, e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no parágrafo primeiro do artigo 57 da Resolução n. 4
de 13 de julho de 2010 que:
§ 1º – A valorização do profissional da educação escolar vincula-se a
obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas se associam a exigência de
programas de formação inicial e continuada de docentes e não docentes, no contexto
do conjunto de múltiplas atribuições definidas para os sistemas educativos, em que
se inscrevem as funções do professor (BRASIL, 1996).
A formação do educador é necessária desde a disciplina que escolheu cursar até o
momento do planejamento de conteúdos que irá lecionar. Mesmo que o município e o estado
ofereça a capacitação continuada para esses profissionais é necessário que ocorra medidas
para que essa formação não aconteça de forma isolada e compartimentada como ocorre nos
dias atuais. Pois diante da disciplina de geografia e entre outras necessita de uma interação
entre as demais disciplinas no momento desta capacitação e isso não acontece.
... nos cursos de formação inicial, quer nos e formação continuada e lhes fazemos a
pergunta: “ O que deve saber e saber fazer um professor para ser um ótimo
profissional”. Sempre obtemos uma resposta em primeiro lugar: “ele deve saber o
conteúdo que irá ensinar”. Depois se organizarmos uma discussão uma discussão em
grupo em que os professores possam discutir com seus colegas, muitos outros
saberes vão sendo elencados, tais como: saber preparar as aulas, dirigir as atividades
doa alunos; ter boa interação em classe, isto é, entender o que os alunos dizem e se
fazer entender por eles, saber avaliar, escolher dentro do currículo apresentado pela
escola o que é mais significativo, etc.. Mais os grupos de professores reunidos ainda
ratificam que saber o conteúdo a ser ensinado é o fator mais importante que
caracteriza um bom profissional. (CARVALHO E PEREZ, 2016, p.107).
Com ênfase no que foi questionado nos remete a relembrar as universidades em que
lecionam disciplinas de geografia compartimentadas e muitas vezes sem fazer a
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interdisciplinaridades com as outras disciplinas. O estudo de cada disciplina é importante,
porém não pode ser esquecida essa interação de conhecimentos entre elas.
Até porque ocorrendo essa interação ira favorecer maior aproximação entre o
conteúdo que o professor estar explicando como também a realidade que os futuros
professores irão enfrentar em sala de aula. Caso contrário esse processo de
interdisciplinaridade entre os conteúdos ficará difícil do aluno acadêmico ao chegar a sua sala
de aula fazer essa diferença diante dos educandos.
Sobre isso os autores Pontuschka, Paganelli e Cacete afirmam que:
No âmbito de cada ciência e também da geografia, apesar de toda a discussão
existente sobre a interdisciplinaridade, ainda se realiza um trabalho
compartimentado e isolado com pouca interlocução entre os responsáveis pelos
vários ramos do conhecimento (PONTUSCHKA, PAGANELLI E CACETE, 2009,
p.144).
Sendo assim, ser professor não é somente ter o domínio de conteúdos para ser
transmitidos para os alunos ou então para fazer o planejamento exigido pela escola como
muitos pensam. Ser professor vai além de tudo isso mesmo sendo importante o conhecimento
do conteúdo a ser lecionado e o que está sendo construído com os alunos.
Por isso que a formação profissional do professor e inadmissível, pois o mesmo
necessita de conhecimentos de sua área como também de didáticas que possam contribuir para
o ensino e aprendizado dos alunos. Apesar de o educador enfrentar vários desafios tanto por
parte da escola no sentido de muitas vezes não ter o apoio suficiente da gestão, para tornar o
seu trabalho coerente como na parte dos alunos que conduz até a escola problemas
socioculturais em que o professor muitas vezes não está preparado para dar pelo menos
alguma opinião. Por isso que nós devemos estar em constantes estudos.
2.2 Pesquisas No Ensino de Geografia
Diante dessas colocações há necessidades dos educadores ampliarem seus
conhecimentos em relação ao ensino de geografia. Os educadores devem articular em sala de
aula o ensino com pesquisas, sendo assim com esses procedimentos tornará a aula mais
construtiva e renovadora.
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Mas para que ocorram aulas de geografia construtiva e renovadora através das pesquisas, todo
trabalho do professor irá depender de sua disposição e dedicação. A formação do professor
contribui de forma positiva para o ensino e o aprendizado, mas o professor deve estar atento
aos desafios que encontrará no dia-a-dia em sala de aula.
É importante que os Geógrafos se dediquem tanto na pesquisa quanto no ensino
escolar. Assim um professor bacharel ou licenciado em geografia, todos eles passaram pelo
curso, que tiveram mesma base, porém com peculiaridades. Dessa forma essa interação entre
a escola e a pesquisa, ou então, a pesquisa e a escola se torna relevante para o processo de
ensino e aprendizado entre professor e aluno.
Segundo os autores:
Há algum tempo se discute a necessidade de incorporar a pesquisa e os processos de
investigação nos cursos de formação docente. Razoável bibliografia tem apoiado a
pesquisa como princípio cognitivo e formativo de professores para a escola básica,
demonstrando não serem poucos os defensores da relação entre a formação docente
e a pesquisa (PONTUSCHKA, PAGANELLI E CACETE, 2009, p.94).
Nesse processo fica evidente a compreensão dos autores em introduzir a pesquisa na
formação dos educadores. Nas universidades estudamos as disciplinas de geografia
fragmentadas, e geralmente o que acontece são alunos de graduação onde uns dedicam a
pesquisa e outros o ensino.
Os autores mencionam uma colocação interessante a respeito desse assunto:
Um dos grandes desafios dos cursos de formação de professores de Geografia diz
respeito à necessidade prática de articulação dos conteúdos desse componente
curricular com os conteúdos pedagógicos e educacionais, ou seja, aos mecanismos
de transposição didática, que envolve metodologias do ensinar a ensinar. A pesquisa
pode, ao mesmo tempo, constituir um instrumento de ensino e um conteúdo de
aprendizagem, permitindo o exercício de investigação de novas proposições em
termos de metodologia do ensino em Geografia docente e a pesquisa
(PONTUSCHKA, PAGANELLI E CACETE, 2009, p.94).
Geralmente os alunos das universidades só se dedicam mais a pesquisa quando estão
perto de finalizar o curso, no caso é o que acontece no estágio. E não é raro ouvir dos
estagiários que “na prática a teoria é outra”. Ou seja, estudamos disciplinas isoladas sem
ocorrer essa interação entre a pesquisa e o ensino. E quando entramos em contato com os
alunos queremos fazer a prática da imitação, isto é transmitir conteúdos inacabados.
Segundo Pimenta e Lima afirmam que:
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A formação do professor, por sua vez, se dará pela observação e tentativa de
reprodução dessa prática modelar: como um aprendiz que aprende o saber
acumulado. Essa perspectiva está ligada a uma concepção de professor que não
valoriza sua formação intelectual, reduzindo a atividade docente apenas a um fazer
que será bem-sucedido quanto mais se aproximar dos modelos observados
(PIMENTA e LIMA, 2008, p.36).
Ser professor vai além de transmissão de conteúdos e prática pedagógica. Pesquisa de
conteúdos interdisciplinares, planejamento, plano de aula, projetos pedagógicos, relação
reflexiva entre a ação pedagógica e os discentes e entre outras maneiras de fazer com que o
conhecimento seja construído com os alunos de forma que venham contribuir para a vida do
aluno e que não sirva somente para o mesmo ter uma formação.
Sobre isso os autores Pontuschka, Paganelli e Cacete escreve que:
Desse modo, a pesquisa sobre o ensino de Geografia permite ao aluno o acesso a
várias metodologias de ensino e aprendizagem, exercita sua capacidade de fazer
opções relativas aos conteúdos e suas didáticas e promove sua capacidade de
elaboração própria de novos tratamentos e metodologias no âmbito do ensino da
disciplina (PONTUSCHKA, PAGANELLI E CACETE, 2009, p.94).
Nessa perspectiva de estudos devemos ter um olhar mais amplo em relação a nossa
formação enquanto a nossa prática e ação em vários seguimentos como foi citado acima e não
escolher uma linha para que possamos trabalhar com os alunos. Até porque vivemos um
mundo contemporâneo que vive em constantes modificações e nós precisamos acompanhar
esse ritmo de aceleração para dar um ensino prazeroso aos alunos, para que eles não sintam
obrigados a estar ocupando aquele espaço.
2.3 Práticas Docentes No Ensino de Geografia
Os conhecimentos sobre a prática docente no ensino de geografia se tornam uma
estratégia eficaz na hora da aula. Pois as metodologias utilizadas pelos educadores devem ter
vários sentidos desde o conteúdo programado até a realidade dos educandos.
Uma dessas estratégias seria a elaboração de projetos na escola para trabalhar
conteúdos do livro didático. Essa é a importância de trabalhar com projetos, porque além de
trabalhar com conteúdos em sala, envolve também a coletividade entre professores e os
componentes que compõem a escola, através da colaboração.
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Projeto esses que são mais utilizados nas aulas de geografia usando jogos, vídeos,
músicas, textos, mapas, estudo de campo, jogos, a utilização de cartazes, teatro, gravuras,
jornal escolar, informática, música, globo, grupos de trabalho, dramatização, enfim são
recursos que podem transformar um conteúdo tornando a aula criativa e dinâmica. E entre
outros métodos que podem servir ou serem adaptados para facilitar na aprendizagem dos
alunos nas aulas de geografia.
Analisamos sobre a importância que tem os jogos nas aulas de geografia os autores
Júnior e Passini:
O jogo é um instrumento pedagógico de grande potencial integrador e oferece
também a oportunidade para a construção da habilidade de elaborar sínteses. Os
jogos pedagógicos são baseados em modelos de situações reais e são amplamente
reconhecidos por serem ao mesmo tempo lúcidos e válidos numa variedade de
contextos de aprendizagem. Os modelos simplificam a realidade e os jogos oferecem
um contato simulado com a realidade modelada, permitindo tanto a vivência e
apreciação quanto o experimento e reflexão. O que distingue a forma de apreensão
destes modelos através do jogo ou através da leitura e do estudo formal é a dinâmica
lúdica do próprio jogo (JÚNIOR, 2002, p.45 apud PASSINI, 2011, p. 117-118).
Os alunos gostam de estudar através de jogos, pois, cria expectativas, entusiasmo,
preocupação em saber sobre regras e a atenção em não querer perder o jogo. O jogo é uma
metodologia que trabalha com mais precisão o individual e a coletividade do aluno em sala de
aula. O docente deve utilizar a sua imaginação e criatividade em fazer jogos para envolver os
conteúdos, e depois expor na sala de aula, ou até mesmo construir esses jogos juntos entre
aluno e professor.
Outro recurso utilizado pelo professor de geografia é o vídeo, esse é um dos recursos
que o professor deve ter bastante cuidado em exibi-lo para os alunos, pois o conteúdo em
relação ao vídeo precisa ser planejado e o tempo também. O ideal é o professor assistir o
vídeo antes de exibi-lo para os alunos. Os professores fazem a explanação do vídeo fazendo
intervalo na hora do filme para explicar a relação do filme e o conteúdo, e entre outros meios
como documentários, desenhos, enfim imagens que possibilite a visualização e a interpretação
de análises assistido pelos alunos.
Embora a autora Zóboli afirme que:
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Os filmes podem ser utilizados em todos os níveis escolares. Prendem atenção
devido ao movimento, facilitando a compreensão dos fenômenos naturais. Além
disso, agradam às pessoas de todas as idades, apresentando fatos do presente e do
passado em sala de aula, bem como fazem previsões para o futuro, aproximam
locais distantes, levantam problemas e transmitem importantes informações. Trata-
se de um recurso tão rico que, alguém já disse certa vez, uma imagem vale por mil
palavras. (ZÓBOLI, 1999, p. 105).
Como a autora Zóboli cita “uma imagem vale por mil palavras” isto é, um filme com
imagens interessantes principalmente que esteja envolvido com a realidade dos alunos, os
mesmos se sentiram participantes daquela história. É importante recordarmos outro recurso
que venha ser trabalhado nas aulas de geografia é a música.
Já o estudo de campo é uma atividade que se tira aproveito na aprendizagem tanto do
professor quanto do aluno. Mas para o professor fazer o estudo de campo, é preciso que o
professor conheça os lugares e tenha planejamento para lidar com o espaço pelo qual irá
estudar. Além disso, proporcionar para os alunos segurança e o desejo de aprender.
As imagens, os mapas podem ser incluídos na leitura. Através das imagens, os alunos
elaboram documentários, relatórios, analise de paisagem, exposição de cartazes, basta o
professor ter a criatividade e estar aberto para as opiniões e ideias dos alunos.
Conforme Libâneo:
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também
ouve os alunos.Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se,a
expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As
respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do
professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.
Servem, também, para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades
[...] (LIBÂNEO, 1994, p. 250).
O estudo de campo nas aulas de geografia proporciona motivação, curiosidade de
descobrir coisas novas. Cabe ao professor através de questionários e fotografias conduzir ao
aluno a pesquisa e a observação do espaço. O estudo de campo possibilita ao aluno a ter uma
visão diferente do que eles veem todos os dias na sala de aula, tornando uma aula criativa e
diferente.
Argumenta Libâneo que:
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É necessário reafirmar que todo estudo educativo é sempre precedido do trabalho do
professor: a incentivação para o estudo, a explicação da matéria, a orientação sobre
os procedimentos para resolver tarefas e problemas, as exigências quanto a precisão
e profundidade do estudo etc. è necessário, também que o professor esteja atento
para que o estudo ativo seja fonte de auto-satisfação para o aluno, de modo que sinta
que ele esteja progredindo, animando-se para novas aprendizagens (LIBÂNEO,
1994, p. 105).
O uso do computador se torna um dos obstáculos enfrentados pelos funcionários e
professores, por na maioria das vezes não aceitar dificuldades. Por outro lado, os alunos
acompanham as mídias de maneira rápida, divulgando e transmitindo informações para o
meio que ele está inserido.
Os meios de informações como o computador vídeo, informática, música, são meios
tecnológicos que trazem benefícios ao ensino e a aprendizagem para o ensino médio. Porém,
cabe aos professores e aos demais aprender a manusear não só o uso do computador, mas
também dos outros recursos para ensinar aos alunos. Além disso, é necessário que os
professores acompanhem as evoluções que auxiliam na sua formação e consequentemente
ajudam na aprendizagem dos alunos.
Conforma o autor Haydt (1998, p. 280), discorre da seguinte maneira:
Na escola, o computador deve ser usado não como um substituto do professor, mas
como mais um recurso auxiliar de que ele dispõe para facilitar o desenvolvimento do
trabalho pedagógico interdisciplinar. O computador não deve ser encarado também
como uma panacéia, isto é, como um remédio para todos os problemas da educação
escolar. É apenas mais uma alternativa que se apresenta e cuja contribuição para o
processo pedagógico exige, da parte do educador, uma análise crítica, em função das
concepções e dos objetivos da educação (HAYDT, 1998, p. 280).
Sendo assim, o professor pode utilizar todos os tipos de recursos na sua aula, desde
que saiba interagir um recurso com o outro. Um exemplo pautado nessa abordagem é do
professor ao assistir um filme seja qual for e ao terminar, deve debater com os alunos e em
seguida fazer uma atividade escrita e interpretativa entre ambas.
Por outro lado, devemos salientar que um bom recurso nem sempre garante a
aprendizagem significativa do aluno. Dessa forma, Passini (2011). Relata que “o domínio do
conteúdo é de fundamental importância, e que o professor tenha motivação de aprender e
ensinar, pois a aprendizagem só se constrói numa relação de reciprocidade”. Sendo que a aula
é um acontecimento no qual a uma relação entre sujeitos: professores e aluno.
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A esse respeito Passini coloca em questão sobre a importância que tem a dinâmica da aula:
A aula dinâmica, que tem a participação do aluno como sujeito na construção
partilhada do conhecimento, pode ser bastante produtiva porque o aluno esta
motivado a buscar as informações e comprometido com as analises para comprovar
seus argumentos. É uma aula rica em conteúdo e todos saem com o conhecimento
melhorado, porque a cooperação na construção de um saber coletivo motiva todos
que dela participam. Não é produção, não é “ditação”, não é cópia: é invenção dos
autores. (PASSINI, 2011, p. 102).
Neste sentido o professor é a referencia principal na sala de aula, é somente este pode
reconhecer as necessidades dos alunos em sala de aula. Desse modo, o profissional de ensino
deve assumir uma postura de mudanças significativas em relação aos métodos didáticos e as
metodologias em sala de aula.
Além disso, é importante criar e recriar novas metodologias de ensino na sala de aula.
Podemos dizer que o educador necessita ter através de suas experiências, estudos,
pesquisas enfim a criatividade de utilizar o espaço que a escola tem, para conduzir aos alunos
a expor suas próprias ideias opiniões em relação ao assunto abordado. Para Oliveira e
Chadwick (1982, p.197) “os professores que tenham habilidades, imaginação e sensibilidade
para organizar as atividades e manipular as diversas variáveis do processo da aprendizagem,
possivelmente obterão melhores resultados com seus alunos”.
O educador deve olhar os diferentes recursos tecnológicos como um aliado, e não
como concorrente, pois, facilitam nos seus métodos e metodologias para explicar os
conteúdos em sala de aula. Assim a autora Ramos (2013, p.26) frisa que “o planejamento não
pode ser baseado em aulas em que só o adulto tem a palavra e não sobra espaço para a
expressão do ponto de vista da classe”. Vale lembrar que o professor não trabalha sozinho,
mas em conjunto com a equipe e tendo como o foco o aluno.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na perspectiva dos professores em relação aos seus cursos de formação profissional
necessita em pensar na troca de saberes e a ousadia no sentido de estar sempre em busca de
estudos sobre o ensino e aprendizado dos alunos no ensino de geografia. Pois torna um
desafio para o educador em querer lecionar geografia somente pelo livro didático. E nós
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sabemos que as mudanças ocorrem repentinamente e o que ensinávamos antes já não
acontecem da mesma maneira no momento atual.
Buscamos refletir sobre a extrema importância dos alunos em participarem das aulas
de geografia para que os mesmos se sintam mais à vontade de estar presente naquele espaço e
também diante dos novos desafios no processo de aprendizagem.
Durante a realização do artigo bibliográfico, foi possível refletir sobre as relações e as
contribuições para um ensino eficaz e coerente, de modo que se tenha um planejamento e o
educador esteja consciente da sua importância na sala de aula como um ser que facilita na
construção do conhecimento.
No entanto as pesquisas diante da sua formação e também no seu planejamento tornará
a aula criativa e participativa entre educador e educando. Onde tornará relevante que os
docentes lecionem os conteúdos fazendo uma associação entre as experiências e o
conhecimento dos alunos. Sendo assim para que ocorra um ensino eficaz é necessário um
planejamento do professor, pois, facilita muito o processo de ensino aprendizagem.
Nessa perspectiva, as metodologias do educador incluem também a sua flexibilidade,
pois deve fazer parte de trabalho, onde se possuem ritmos de alunos diferentes e isso precisa
ser respeitado. Também a utilização de recursos didáticos disponíveis e adequados ao tema
estudado, como vídeo, jornais, TV, imagens, dentre outros deve ser muito explorado.
É importante descrevermos que as transformações acontecem numa escala temporal e
o ensino de geografia faz parte dessas mudanças que vem ocorrendo no decorrer dos anos.
Sendo assim é preciso que se pense em novas metodologias de ensino. Às vezes imaginamos
que só a escola deve mudar ou que os alunos devem ser mais comprometidos com o estudo,
mas esquecemos de avaliar como está a prática pedagógica do educador.
Por isso o objetivo do professor consiste sempre em buscar novos estudos pesquisas e
cursos que possam contribuir para o conhecimento renovador e metodologias e técnica de
ensino. Não se pode apenas copiar o modelo de ensino ultrapassado ou então continuar
reproduzir metodologias que se tem do material didático, como por exemplo, o livro didático.
Sendo assim, concluímos que o professor é de fundamental importância entre o ensino
e a aprendizagem, e deve procurar maneiras de ampliar as metodologias para lecionar os
conteúdos no ensino de geografia. Dependendo da metodologia de ensino que o educador
utilizará poderá proporcionar aula criativa e dinâmica que possa despertar nos alunos
momentos de prazer ao estudar determinados conteúdos e não de repulsão. O professor
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constantemente deve estar repensando a sua prática, pois estará contribuindo na formação dos
cidadãos mais conscientes e críticos.
4. REFERÊNCIAS
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Ciências humanas e suas tecnologias/ ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica
/. Secretaria da Educação Fundamental. V.3. Brasília: DF. Secretaria, 2006.
CASTRO, Amelia Domingues de. CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.) Ensinar a
ensinar: didática para a escola. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
HAYDT, Regina Célia Cazaux.Curso de Didática Geral. 5ºed. São Paulo: Ática.1998.
LIBANEO, José Carlos. Didática. (Coleção Magistério 2° grau. Série formação do
professor. (Coleção magistério.2º grau. Série formação do professor).São Paulo: Cortez,
1994.
______. Lei n. 12.014, de dezembro de 2009. Altera o artigo 61 da Lei nº 9.394/96, com a
finalidade de discriminar as categorias de trabalhadores que se devem considerar profissionais
da educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <
http://www.leidireto.com.br/lei-12014.html > Acesso em 11 de setembro. 2017.
______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Institui a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394 >
Acesso em: 13 de setembro de 2017.
OLIVEIRA, João Batista Araújo E; CHADWICK, Clifton B. Tecnologia Educacional
Teorias da Instrução. 7ºed. Petrópolis: Rio de Janeiro. Editora. Vozes. 1982.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Ilda; CACETE; Núria Hanglei. (Org.).
Para ensinar e aprender Geografia. (Coleção docência em formação. Série Ensino
Fundamental). 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.
PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. Revisão de
técnica José Cerchi Fusari. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. (Coleção docência em formação
série saberes pedagógicos).
PASSINI, Elza Yasuko. PASSINE, Romão, Malysz, Sandra T. (org.). Práticas de ensino de
geografia e estágio supervisionado. 2º Ed. 1ª reimpressão São Paulo: Contexto, 2011.
REGO, Nelson. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. KAERCHER. Geografia: práticas
pedagógicas para o ensino médio. V. 2. Porto Alegre, 2011.
ZÓBOLI, Graziella Bernardi. Práticas De Ensino: Subsídios para a atividade docente. 10.
ed. São Paulo, Ática. 1999.
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ESTÁGIO SUPERVIOSIONADO EM GEOGRAFIA: PERCEPÇÕES E
EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II
Cicero Gomes de Souza Licenciando em Geografia pelo CFP/UFCG.
Bolsista PIBID/CAPES. E-mail: [email protected]
José Juscélio Lins Lira Licenciando em Geografia pelo CFP/UFCG.
E-mail: [email protected]
Leandro Alves da Silva Licenciando em Geografia pelo CFP/UFCG.
E-mail: [email protected]
Grupo de Trabalho: Formação Docente e Ensino de Geografia – GT 01
RESUMO
O trabalho em questão tem como intuito relatar as percepções dos licenciandos em Geografia
sobre a prática docente exercida durante o Estágio Curricular Supervisionado II e as reflexões
sobre o espaço escolar enquanto estagiário. A ideia de apreender e analisar as ações
desenvolvidas durante o estágio partiu da necessidade de discussão sobre o processo de
formação docente e suas implicações na sala de aula, uma vez que que são bem pertinentes os
relatos negativos sobre atuação do profissional docente no ambiente escolar. A importância
do Estágio Supervisionado consiste no fato de preparar os licenciandos para lidarem com as
mais diversas situações e surpresas que ocorrem diariamente dentro da sala de aula, além de
subsidiar meios para que o futuro docente responda todo e qualquer questionamento referente
ao seu campo de atuação. O objetivo prático do Estágio em Geografia é criar, nos discentes de
licenciatura, a capacidade de apreensão e aplicabilidade da teoria na sua prática, permitindo
que o mesmo subsidie instrumentos necessários para uma transformação da sociedade,
ajudando a seus alunos a construir princípios e valores, tornando-os em cidadãos críticos e
reflexivos. O trabalho foi realizado mediante a pesquisa bibliográfica e exploração teórica do
tema, com base nos fundamentos de alguns autores reconhecidos pela comunidade acadêmica,
que analisaram profundamente essa temática, além de todo o relato de experiência
vivenciados na escola por alguns estagiários. Em síntese, buscou-se mostrar alguns aspectos
inerentes a prática pedagógica e as principais reflexões e sentidos acerca do espaço escolar.
Palavras-chaves: Estágio; Formação Docente; Reflexões; Geografia
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1. INTRODUÇÃO
O estágio supervisionado é um dos acontecimentos mais importantes durante nossa
formação docente, pois é um momento de práticas e experiências únicas, caracterizando-se
como um componente teórico-prático de novas oportunidades, possibilitando ao discente ter
uma visão/percepção da realidade escolar da qual ele fará parte. O estágio une e mescla os
conhecimentos teóricos-científicos com a prática didático-pedagógica.
De acordo com Pimenta e Lima (2004), o estágio é tido como uma base central na
formação docente, pois é por meio deste que o futuro professor irá tomar consciência dos
aspectos necessários para sua formação e edificação de sua identidade profissional, além de
proporcionar novos saberes a cada dia. No que compete ao estágio no âmbito da ciência
geográfica é pertinente debruçar-se com o desafio de entender as transformações ocorridas
historicamente no espaço geográfico e uma das tarefas impostas é mostrar ao alunado como
essas mudanças são vistas no mundo atual e quais as questões inerentes a essa complexidade
do espaço, levando-os a ter uma capacidade de percepção dos fenômenos, do global ao local.
E para que isso ocorra é preciso que haja um esforço e dedicação plena do futuro docente,
pois a teoria não deve apenas ser discutida e “repassada” de modo mecânico, mas
compreendida de uma forma que possibilite ao aluno uma assimilação e percepção acerca do
seu espaço de vivência e ao seu entorno.
Nesse sentido, o futuro profissional colocará em prática todo seu potencial e sua
qualidade particular para que possa investigar e estudar situações que virão durante o
exercício de sua profissão, para que assim possa desenvolver habilidades e técnicas
metodológicas que deem conta de cada situação vivida em sala de aula. É na realidade da sala
de aula que nós, futuros professores, percebemos que não existem fórmulas prontas e acabada
para uma aula excelente. A sala de aula é um local experiência constante e aprendizagem
incessante. Freire e Horton (2003) tratam bem disso ao falar que somos seres incompletos,
inacabados, pois sempre estamos caminhando e atravessando por novos aprendizados e
experiências, seja na vida ou no ambiente de trabalho. Experiências essas que modificam
constantemente nossa visão de mundo e é por isso que a educação deve ser libertadora e
criativa, buscando a realização de uma nova sociedade. Nós, professores, precisamos aceitar e
assumir que não somos seres completos e que precisamos sempre estar num processo
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permanente de busca, já que a indagação, a pesquisa e a busca deve e faz parte da essência de
qualquer prática docente.
Diante disso, o artigo em questão irá abordar experiências e discernimentos acerca da
prática desenvolvida pelos licenciandos da disciplina de Estágio Supervisionado II nas salas
de aula do ensino fundamental II, ressaltando as principais contribuições do Estágio aos
discentes de Geografia, como também suas dificuldades e potencialidades dentro do espaço
escolar, na qual os licenciandos passarão a intervir e refletir diariamente sobre sua prática
educativa. O intuito é mostrar a grande importância que o Estágio Supervisionado possui
durante o processo de formação do professor de Geografia, tratando dialeticamente as
questões que permeiam o ensino dessa ciência.
2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E O ENSINO DE GEOGRAFIA
A formação docente passou por muitas transformações ao longo de sua construção e
atualmente tem sido largamente discutida pelos órgãos e institutos escolares. É sabido que a
formação inicial e contínua do profissional de ensino é um elemento bastante primordial para
a realização do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Cada vez mais encontramos no
mercado de trabalho novos profissionais, muitos deles compromissados, competentes e
qualificados para exercer sua arte de ensinar. Diante disso os cursos de licenciatura têm
promovido nos últimos anos um aperfeiçoamento das atividades práticas, condicionando o
estágio como uma parte imprescindível para a formação acadêmica do futuro docente. No
ambiente escolar há uma maneira peculiar de relação social, cuja premissa centra-se no
processo de ensino-aprendizagem e compete exclusivamente a nós, futuros educadores,
conduzir com habilidade essa função, permitindo difundir processos de interação, objetivos,
estratégias e didáticas de ensino. Ensinar numa escola exige uma preparação e planejamento
antecedentes, exige de nós uma vocação/habilidade geral unido aos objetivos teórico-
metodológicos do ato de ensinar e aprender.
O ensino de Geografia, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, tem um
histórico de sucessivas de mudanças e atualmente têm passado por grandes reformulações,
reflexo das mudanças socioespaciais que vem ocorrendo, ressignificando o papel da escola
perante a sociedade. O papel da escola na sociedade está constantemente sendo repensado e
reconstruído, uma vez que precisa manter uma relação dialética com a comunidade e se
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adequar a expansão e criação de novas realidades. Em face dessas transformações do espaço,
a ciência geográfica contraiu uma função singular, enfrentando a difícil tarefa de entender o
espaço geográfico diante de contextos complexos. Na escola não é diferente, já que ensinar
geografia não é uma tarefa relativamente fácil, apesar de aparentar ser. Fazer uma análise do
espaço geográfico, relacionado a dialética homem-natureza e a compreensão do espaço-tempo
requer muito conhecimento, habilidade e empenho.
O estágio supervisionado II em geografia é o primeiro contato do discente com a
experiência em sala, agora não apenas como observador, mas como regente e esse momento é
crucial para sua futura formação. O futuro professor (a) necessita seguir essa nova dinâmica
incorporada no ensino de geografia, adequando-se as mudanças que irão aparecer no processo
de ensino e aprendizagem. É função do próprio estagiário traçar e sistematizar técnicas e
habilidades próprias que lhe auxiliem durante suas práxis em sala, tal como diz
Castrogiovanni (2007, p.8):
O desafio a qual se propõem estes professores é pensar a sua própria prática
e exercitar sua função docente para além do compromisso funcional a qual
se habilitam com a titulação de licenciados em geografia. E nos mostram que
é possível fazer algo diferente da monotonia que se implantou nas escolas de
um modo geral e da geografia particularmente.
No mundo contemporâneo, é preciso cada vez mais renovar as práticas e as
procedimentos metodológicos usados no ensino, não só de geografia, mas de todas as
disciplinas. Por isso que o profissional docente deve sempre estar se aperfeiçoando e
buscando o novo, atualizando-se para não ficar perdido no tempo, pois sabemos que o mundo
globalizado ocasiona um fluxo cada vez mais rápido de informações, alcançando os mais
ínfimos locais e em um curto tempo. A transformação no espaço geográfico segue uma
situação análoga, como já dito antes.
As mudanças provocadas pelo homem nesse espaço são complexas, por isso a
necessidade do aperfeiçoamento constante. Infelizmente o que vemos nas instituições de
ensino nesse país são professores extremamente imbuídos de comodismo, conformados com o
tradicionalismo do ensino e a geografia é trabalhada em sala de uma forma basicamente
descritiva, pautada unicamente na transmissão de conhecimentos, sem usar os instrumentos
necessários para compreensão da realidade de mundo. Se não há contextualização dos
conteúdos ministrados com a realidade dos alunos, com certeza haverá falha no processo de
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ensino-aprendizagem. À medida que os conteúdos passam a ser uma possibilidade de
interação com a realidade, ela irá propiciar aos alunos a construção de um olhar crítico do
mundo, permitindo ao mesmo pensar de forma epistêmica.
Vivemos marcados por uma sociedade entrelaçada por redes e movimentos, uma
sociedade que apresenta inúmeras formas de aprender e na escola não é diferente. No mundo
globalizado em que vivemos torna-se indispensável pensar, aprender e pesquisar com
autonomia, saber fazer, pensar, trabalhar em grupo, executar análises, ter disciplina e
raciocínio lógico, organizar seu ambiente de trabalho e, acima de tudo, estar receptivo a novas
aprendizagens e novas informações, articulando sempre o conhecimento com a prática. Nós,
professores, precisamos ser curiosos, idealizar um sentido para nossa docência e uma
perspectiva de vida. Como dizia Paulo Freire (1997) o professor é muito mais que um
mediador do conhecimento, ele é um organizador do conhecimento e da aprendizagem,
construindo e reconstruindo cada novo saber, jamais deixando de ser também aprendiz, um
construtor de sentidos, um cooperador. Ser professor é uma profissão nobre e se você
verdadeiramente ama o que faz, com certeza alcançará êxito na sua carreira, terá conquistas e
alegrias, poderá proporcionar a seus alunos a compreenderem o mundo da vida e o ser
humano em sua totalidade.
O estágio supervisionado II estabelece-se com uma fase de extrema importância para o
discente de Geografia, já que é nesse período que o futuro docente irá se engajar no seu futuro
local de trabalho, assumindo assim, uma responsabilidade para com o ensino. Esse contato
inicial com o ambiente de ensino possibilita também o discente que crie e edifique sua postura
e princípios, morais e éticos. Propicia ainda que o futuro docente possa vivenciar já de cara a
realidade do universo escolar, bem como a organização do espaço e as relações entre os
sujeitos que compõem a rede de ensino, além dos limites e os desafios da educação na
conjuntura atual do país.
3. NOVAS PESPECTIVAS SOBRE A TEORIA E A PRÁTICA DOCENTE
A formação docente, durante sua trajetória, é influenciada por diversos fatores (muitos
deles negativos) e os orientadores de estágio e docentes do ensino superior sempre devem
atentar nos acontecimentos que se debruçam sobre o futuro profissional para que se possa
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intervir e evitar que ocorra um desencorajamento e o mesmo caia em uma frustação sem
precedentes. É preciso mediar de um modo construtivo para que o estagiário possa assumir
sua missão em sala de aula e lidar com os distintos acontecimentos que são comuns em sala.
A iniciação à docência deve estimular uma atitude crítico e reflexiva por parte do professor-
estagiário, fornecendo meios para que o mesmo execute com maestria sua dinâmica em sala.
Assim como as demais profissões, ser professor requer uma mescla do conhecimento
teórico com a ação prática. Teoria e prática são indissociáveis, elas se complementam, pois
para que possamos exercer qualquer ação prática, precisamos ter uma base teórica consistente
e articulada. Como diz Pimenta e Lima (2004, p.78):
O exercício de qualquer profissão é prático, no sentido do que se trata de
aprender a fazer ‘algo’ ou ‘ação’. A profissão de professor também é prática.
O exercício de qualquer profissão é técnico, no sentido de que é necessária a
utilização de técnicas para executar as operações e ações próprias.
Diante disso, são levantadas algumas possibilidades teórico e metodológicas que estão
intrinsicamente envolvidas na formação docente, sobretudo no estágio. Pimenta e Lima
(2004) apresentam duas perspectivas que se fazem presente no exercício prático da profissão
docente: uma que constituiu como imitação de modelos e outra como instrumentalização
técnica. A prática como imitação de modelos nada mais é que uma imitação, reprodução de
modelos tidos como bons. Essa prática fica reduzida a mera “cópia” do método de ensino de
determinado professor. Muitas vezes, essa é a saída encontrada pelo estagiário: tentar
reproduzir algo que ele admira em outra pessoa, mesmo sabendo que essa transposição
didática não trará uma valorização intelectual, sem falar que são situações bem distintas, o
que quer dizer que o que funciona com determinado professor, poderá não funcionar
adequadamente com o estagiário, pois não se trata de uma mesma personalidade. A prática
como instrumentalização técnica fundamenta-se unicamente na prática pela prática,
desconsiderando a teoria e valendo-se somente da técnica. Essa prática fica restrita a
instrumentalidade técnica como única forma de realização do processo de ensino. Apesar da
importância da técnica e a habilidade instrumental no mundo tecnológico atual, o processo
educativo não se faz somente com isso, já que é algo bastante amplo e complexo, não
podendo ficar retido somente a técnica. Essas duas perspectivas não se mostram como
modelos adequados a serem seguidos pelos futuros profissionais docentes, uma vez que
separa teoria e prática, tornando o ensino algo superficial e mecânico.
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Nesse contexto, é preciso seguir um outro método, como por exemplo, o estágio como
pesquisa. A ideia é realçar a importância da pesquisa na construção da carreira docente,
possibilitando a compreensão efetiva dos processos de aprendizagem e permitindo ao alunado
a capacidade de interpretação da realidade. A pesquisa no estágio propicia para o futuro
docente uma nova práxis, dando-lhe um viés crítico e reflexivo para lidar com as situações do
cotidiano, além de compreender (através de sua atitude investigativa) o processo educativo e a
partir daí criar e recriar novas metodologias de ensino, sempre cultivando uma atividade de
investigação permanente.
4. PRINCIPAIS PERCEPÇÕES ACERCA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO
ENSINO FUNDAMENTAL II
A formação docente vem sendo amplamente debatida nas instituições escolares,
levando em consideração a formação inicial e continuada do educador como fator
extremamente essencial no processo de ensino aprendizagem dos alunos, por isso a
importância do estágio supervisionado, pois é uma forma de proporcionar ao discente como se
portar enquanto profissional futuro docente, tanto no período da observação quanto na
regência, além de ver como os agentes que compõem o espaço escola se comportam e como
são os processos que regem o ambiente de ensino, moldando diariamente a sua construção
acerca do processo de ensino-aprendizagem.
Quando somos alunos de cursos de licenciatura e que lidam com a experiência de
observar e atuar numa sala de aula passamos a construir didaticamente nossa prática docente,
feita mediante uma série de observações e análises. Como bons estagiários, procuramos
superar as dificuldades com muito foco e dedicação até atingir nossos objetivos.
A primeira experiência, enquanto estagiário, é provavelmente a mais problemática de
todas. Sempre nos perguntamos internamente: “Como será a nossa postura?” Serei legal?
Serei carrasco?” Como os alunos vão se comportar? O que vão achar da aula? Ou seja, são
essas todas as perguntas que atormentam todo e qualquer estagiário.
Nas primeiras aulas tivemos um pouco de dificuldade, pois a sala era um pouco
numerosa e muitas das vezes foi preciso elevar o tom da voz para que os alunos pudessem nos
ouvir, mas fora essa dificuldade conseguimos desenvolver todas as atividades que tínhamos
em mente, obtivendo uma resposta muito boa por parte de toda a turma, pois depois de muito
esforço conseguimos a participação de quase todos da sala. Os alunos, de acordo com o
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desenrolar das aulas, iam participando efetivamente cada vez mais. Mas depois de tudo isso e
de todas as dificuldades enfrentadas tivemos a satisfação de receber elogios de grande parte
dos alunos, onde os mesmos disseram que gostaram da maneira de como aula foi dirigida por
nós durante o tempo de regência.
A maior dificuldade que passamos no período de início de estágio foi, sem dúvida, as
conversas paralelas entre os alunos. Talvez tenha sido resultado de nossa postura ter sido um
tanto mais liberal (mas não permissiva), com o objetivo de demostrar como as aulas seriam
diferentes daquelas as quais eles estavam acostumados com os outros professores. Nossa
maior preocupação era que eles deixassem aquela velha mania de só escutar o professor
falando, falando e os mesmos ficassem “mudos”. Porém, obtivemos um resultado totalmente
oposto, já que houve bastante participação por parte do alunado, mostrando um considerável
potencial nos seus questionamentos e opiniões. A partir daí podemos perceber que a cada
nova aula que dada, ficávamos cada vez mais envolvidos e engajados pela nossa função
enquanto futuros educadores.
O que também percebemos nesse processo de regência foi que a aula dialogada é outro
fator importante e que merece destaque. No decorrer das explicações dos conteúdos foi
instigado a participação dos alunos através de perguntas orais, perguntas estas destinadas a
toda a turma logo após alguma abordagem teórica que nós havíamos feito em sala de aula. Os
alunos tinham total liberdade de expressarem suas ideias ou tirarem as suas dúvidas. O
resultado desta experiência/método foi avaliado de forma positiva e motivou que esta
metodologia fosse utilizada durante os dias em que lecionamos na sala de aula.
As aulas planejadas tinham um caráter somatório e ao fim de cada atividade atribuía-
se alguns pontos. Com a adoção dessa medida os alunos foram dedicando-se cada vez mais e
se comprometeram fielmente em realizar todas as atividades propostas. Tivemos algumas
dificuldades, pois os mesmos não tinham sequer uma noção dos assuntos que nós debatíamos
em sala de aula. Diante desse desafio, dividimos a sala em grupos e solicitamos para que
fizessem pequenos textos do que eles entendiam sobre o assunto relacionado, para que com
esses textos eles se familiarizassem com o assunto, tornando a aula mais agradável e
produtiva.
Analisando acerca dos recursos didáticos utilizados pelos discentes ao longo das aulas
percebeu-se que, quando necessário, os recursos didáticos estão sempre à disposição. A
medida que prevíamos usar algum recurso didático em determinada aula, tínhamos que
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reservar com antecedência junto à secretaria da escola e só depois poderíamos utilizá-los.
Todos os recursos são bem vistos pelos alunos e nos ajuda profundamente a melhorar nossa
forma de ensinar. Como o trabalho estava voltado mais para a questão de incentivar a
participação do alunado, nas aulas foi utilizado retroprojetor, notebook, caixinhas de som e as
explicações eram feitas mediante o uso de gráficos, imagens, tabelas e mapas, facilitando a
compreensão do aluno sobre determinado fenômeno e/ou conceito, além de incitar sua
participação através dos diálogos. Percebemos que, diante de todo esse momento de vivência
e prática, conseguimos contribuir positivamente para que a turma desenvolvesse a capacidade
de perceber e apreender criticamente a realidade do mundo, apesar de serem
consideravelmente ainda jovens. Todos alunos têm bastante potencial para um pleno
desenvolvimento intelectual e cognitivo, cabe a ele e a nós (futuros docentes) ter uma boa
perspectiva de futuro e buscar meios de vencer as barreiras que são impostas no decorrer
dessa caminhada, sempre buscando uma nova forma de ensinar, o “novo” perante o habitual.
As experiências foram as mais diversas possíveis, aprendemos com os alunos coisas
novas que irão ficar marcadas na nossa vida. Conseguimos compreender o vínculo que existe
dentro da sala de aula em relação aos alunos e professores, como todos os outros agentes que
compõem o espaço escolar. Enfim, o estágio veio no momento certo e os alunos nos
mostraram como é bom essa profissão, imprescindível para o desenvolvimento pleno de uma
sociedade democrática. Contudo, ainda temos alguns desafios, mas com persistência e força
de vontade perpassaremos todos os obstáculos e atingiremos as metas propostas para uma
educação do futuro. Foi um período curto, porém bastante proveitoso, na qual crescemos tanto
pessoalmente quanto profissionalmente.
5. A ESCOLA ENQUANTO ESPAÇO DE FORMAÇÃO, NA PERSPECTIVA DO
ESTÁGIARIO.
A escola tem uma relevante importância na formação do profissional docente, bem
como de todos os agentes que a compõem, em virtude da mesma se apresentar como um
centro de difusão, não só do conhecimento científico, mais como também do próprio
conhecimento empírico, ou seja, já no estágio os graduandos começam a adquirir saberes que
certamente os auxiliará durante suas aulas, nas relações de ensino e aprendizagem com os
próprios alunos. Como também com os professores e funcionários, no seu cotidiano na escola
e na construção ideológica dos alunos, fato este que contribui diretamente para a evolução
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social e cultural da comunidade na qual está inserida. A escola, bem como o estagiário, pode
contribuir significativamente para a efetivação de um pleno processo de ensino e
aprendizagem, ajudando na formação de alunos mais críticos, ao ponto de não ficarem
completamente submetido ao discurso de dominação imposto pela escola, como bem afirma
APPLE (1989, p.30-331):
Pois as escolas não são meramente instituições de reprodução,
instituições em que o conhecimento explícito e implícito molda os
estudantes como seres passivos que estarão aptos aos anseios para
adaptar-se a uma sociedade injusta. [...]. Obviamente, as escolas
precisam ser vistas de forma muito mais complexa do que apenas
através de simples reprodução.
Podemos afirmar que a escola é um ambiente de formação bastante amplo, pois forma
os alunos que nela estuda. Já os professores, ao iniciarem sua formação contínua durante o
estágio, cujo volume de informações transmitidas são repassadas e absorvidas de maneiras
diferenciadas pelos mesmos, ganham intensões peculiares e refletem diretamente na
capacidade de respostas dos mesmos, principalmente quando são questionados ou retirados de
sua zona de conforto, seja dentro da escola ou fora dela.
Nesse sentido, o estagiário deve fazer na sala de aula a junção da teoria com a prática,
para que o mesmo não seja apenas mais um professor com discurso inovador no seu ambiente
de formação e que no seu magistério repete o que antes criticava, dando aulas meramente
reprodutivas, com procedimentos metodológicos tradicionais. Dependendo da didática e
metodologia adotada pelos estagiários, as aulas podem apresentar uma série de conteúdos
enfadonhos, como bem relata SOUSA NETO (2008, p.15):
Desse modo, a ultrapassagem de uma perspectiva tradicional no
âmbito da educação exige que os professores não vejam mais os
alunos como se fossem objetos sobre os quais se deposita
conhecimento, bem mais que isso, eles são sujeitos do processo no
qual se dá a realização processual do próprio professor.
A falta ou mau planejamento é comum ocorrer durante a prática do estágio. O
estagiário muitas vezes não dá devida importância a sua regência e acaba improvisando
perante a sala de aula, o que pode comprometer seriamente sua futura carreira docente, pois
não terá assumido consigo um compromisso ético e profissional, prejudicando a formação de
todos aqueles que passarem por sua sala. Um bom educador é aquele que faz o planejamento
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prévio das suas aulas, criando novas formas de ensino e usando recursos didáticos que
suscitem a curiosidade do alunado. Dessa forma, o estagiário afasta a possibilidade de
ocorrências de empecilhos e mesmo que ocorram, poderão ser facilmente contornados.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das experiências vivenciadas em sala de aula, durante a regência do Estágio
Supervisionado II, na disciplina de geografia, foi possível avaliar que foi uma experiência
bastante significativa nesse processo de formação profissional, visto que a prática cotidiana na
convivência com os alunos possibilitou o estabelecimento de relações, que contribuíram para
uma mútua troca de conhecimento, que só foi possível graças as relações que se
estabeleceram positivamente em torno de um elo de confiança que desenvolvemos durante a
regência do estágio. O corpo de funcionários como um todo, além dos alunos contribuíram
imensamente para que lograsse êxito nessa experiência prática, que só reforçou o quão é
importante o estágio para a formação do professor, pois é nele que o graduando começa a
desenhar a realidade que o mesmo irá vivenciar ao assumir uma sala de aula. O aprendizado
se torna mais importante quando se é obtido por meio da experiência, pois na prática o
conhecimento é algo que dialoga com mais eficácia. A prática docente promovida pelo
estágio deve ser refletida a cada dia, por meio da experiência vivida nas escolas, para que
assim haja um desenvolvimento pleno e vigoroso. Diante disso, o futuro professor acaba
adquirindo importantes experiências, convívio e interação entre os que estão a sua volta,
dando-lhe o embasamento necessário para que possa enfrentar sua carreira. O estágio trouxe
uma nova visão de mundo acerca do ambiente escolar e passamos a conhecer de perto o
desenrolar de sua rotina, suas relações, seus pontos mais ocultos, enfim, todo o seu cotidiano
e suas diferentes particularidades. Constata-se que durante esses meses de aproximação mais
íntima com a escola tivemos uma melhor compreensão e assimilação do que é ser professor,
ampliando nossa visão sobre a educação e dos desafios enfrentados pela mesma.
Reconhecemos a imensa importância do profissional docente como um agente formador de
seres críticos e reflexivos e, apesar das inúmeras barreiras para a realização de sua função, o
mesmo as perpassa e prossegue sua missão. A educação necessita de pessoas que estejam
interessadas com a mudança e novos paradigmas ,encarando os desafios que a vida docente
oferece.
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7. REFERÊNCIAS:
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2004.
FREIRE, Paulo e HORTON, Myles (2003). O caminho se faz caminhando: conversas sobre
educação e mudança. Petrópolis: Vozes.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. Et. al. Ensino de Geografia: caminhos e encantos.
Porto Alegre-RS: EDIPUCRS, 2007.
FREIRE, Paulo (1997). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra.
SOUSA NETO, Manoel Fernandes de. Aula de Geografia e algumas crônicas. Campina
Grande, PB: Bagagem, 2008.
APPLE, Michael W. Educação e Poder. Trad. Maria Cristina Monteiro. 1ª ed. Porto Alegre:
Artes Médicas.
INTERESSE E DESINTERESSE POR DISCIPLINAS NO CURSO DE
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA – CFP/UFCG
Odinei Edson Leite Brasil - [email protected] - UFCG
Alia Mirles Alves Pinheiro - [email protected] – UFCG
Orientadora: Profa. Dra. Alexsandra Bezerra da Rocha - [email protected] - UFCG
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RESUMO
O curso de Geografia do campus Cajazeiras – (CFP-UFCG) oferta em sua grande curricular diferentes
disciplinas. O objetivo geral deste trabalho é analisar o interesse e desisterese dos estudantes por disciplinas, no
final do curso de Licenciatura em Geografia e qual a avaliação do curso por parte dos alunos, entendendo melhor
a formação e desenvolvimento do professor de Geografia do Centro de Formação de Professores de Cajazeiras –
PB. Como objetivos específicos: Procuramos investigar principalmente as cadeiras com maior interesse pelos
alunos no decorrer do curso, entendendo o motivo da desaprovação de determinadas disciplinas. Buscou-se
elaborar esta pesquisa com estes alunos que estão concluindo o curso, pelo fato de já terem visto uma
porcentagem significativa da grade curricular do curso. A metodologia utilizada foi a pesquisa, utilizando
questionários, com perguntas objetivas e subjetivas contextualizadas a cerca do tema abordado, realizada a
carácter quantitativo e qualitativo. Observou-se a opinião dos 28 alunos em cada uma das disciplinas, somamos
cada resposta e dividimos pelo número de participantes da pesquisa, obtendo uma média percentual em relação
as disciplinas. Pode-se observar diferentes pespectivas sobre o curso e as disciplinas com maior interesse na
concepção dos alunos durante a formação docente.
Palavras-chave: Interesse, Desinteresse, Pesquisa, Geografia.
INTEREST AND DISINTERESSE BY DISCIPLINES IN THE GEOGRAPHY COURSE - CFP / UFCG.
Abstract
The Geography course of the Cajazeiras campus - (CFP-UFCG) offers in its great curricular different disciplines.
The general objective of this work is to analyze the interest and desisterese of the students by disciplines, at the
end of the course of Degree in Geography and what the evaluation of the course by the students, understanding
better the formation and development of the professor of Geography of the Center of Formation of Teachers of
Cajazeiras - PB. As specific objectives: We seek to investigate mainly the chairs with the greatest interest by the
students during the course, understanding the reason for the disapproval of certain disciplines. It was sought to
elaborate this research with these students who are concluding the course, because they have already seen a
significant percentage of the curricular grade of the course. The methodology used was the research, using
questionnaires, with objective and subjective questions contextualized around the subject matter, performed
quantitative and qualitative. We observed the opinion of the 28 students in each one of the disciplines, added up
each answer and divided by the number of participants of the research, obtaining a percentage average in relation
to the disciplines. It is possible to observe different perspectives about the course and the disciplines with greater
interest in the conception of the students during the teacher training.
Keywords: Interest, Unselfishness, Research, Geography.
INTRODUÇÃO
Este trabalho procura avaliar o interesse dos estudantes de graduação por disciplinas
em final do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Campina Grande,
do Centro de Formação de Professores, Campus Cajazeiras - PB. O objetivo geral é analisar o
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interesse e desinteresse à determinadas disciplinas do curso de Licenciatura em Geografia,
pois é percebido que durante todo o curso existem cadeiras com mais aceitação que outras,
reclamações a cerca da forma que os conteúdos são ministrados, aumentando assim o
desinteresse destes por determinadas disciplinas.
O trabalho foi realizado com os estudantes do curso de Licenciatura em Geografia,
especificamente os estudantes que estão concluindo o curso, graduandos do 8° período do
turno matutino e 10° período do turno noturno, sendo que os alunos do turno matutino
ingressaram no período 2013.2 finalizando o mesmo no semestre 2017.1, o curso tem duração
de quatro anos (oito períodos), os alunos noturnos ingressaram no curso no período 2012.2 e
concluíram no semestre 2017.1, levando cinco anos (dez períodos), devido à carga horária.
Buscou-se elaborar esta pesquisa com estes alunos que estão concluindo o curso, pelo fato de
já terem vistos parte significativa da grade curricular do curso.
A metodologia utilizada para realizar a pesquisa, será por meio de aplicação de
questionários elaborados pelos pesquisadores, pergunta referente ao interesse e desinteresse
em cada disciplina foi contextualizada de acordo com o tema abordado.
A avaliação de um curso é de grande importância para o meio acadêmico, pois a partir
dos resultados os docentes e os coordenadores poderão reavaliar sua didática e metodologia
para um melhor aproveitamento durante as disciplinas. Avaliou-se o desinteresse a partir da
visão do aluno, podendo compreender por parte destes os principais motivos de desaprovação
das disciplinas.
Segundo Carrara (2004), devemos lembrar que os motivos e interesses humanos são
históricos e sociais, ou seja, são criados nas crianças pela sociedade em que vivem e por tudo
o que acontece ao seu redor. Os motivos, necessidades e interesses são aprendidos a partir das
condições concretas de vida e educação: por exemplo, os programas de TV a que assistimos
criam, em nós, interesses e motivos. Se os motivos, os interesses e as necessidades são
aprendidos, então velhos motivos que podem ser modificados e novos podem ser ensinados
ou criados.
As teorias científicas surgem influenciadas pelas condições da vida social, nos seus aspectos
econômicos, políticos, culturais, dentre outros. São produtos históricos criados por homens
concretos, que vivem no seu tempo e contribuem ou alteram, radicalmente, o
desenvolvimento do conhecimento.
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Procuramos investigar principalmente as cadeiras com maior interesse pelos alunos no
decorrer do curso, compreendendo a aprovação e desaprovação das disciplinas, entendendo
assim, a preferência dos estudantes por certas áreas.
REFERENCIAL TEÓRICO
Na atualidade, com a vasta possibilidade de obtenção de conhecimentos, se faz
necessário uma reflexão direcionada a formação docente, diante da importância que este
profissional tem de assumir nas novas demandas da nossa sociedade contemporânea, que
incluem diversas mudanças nas atividades humanas. Com a lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, que determina as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foram implantadas
reformulações em todo o sistema educacional brasileiro.
Com isso, para se fazer uma análise na formação do professor de Geografia, ao
interesse de disciplinas implantadas na grade curricular do curso, constitui questões
complexas. Entre diversas concepções, principalmente direcionado ao modelo de profissional
que se pretende formar. Sendo assim, o Currículo desenvolvido para a formação do
profissional, determina-o a ser instigado ou não a ter interesse no curso, estabelecendo assim,
sua formação, pois segundo (STENHOUSE, 1975, apud GOODSON, 2008. p.58):
O desenvolvimento do currículo transfere as ideias para as práticas de
sala de aula, e com isso ajuda o mestre a reforçar sua própria prática,
testando de modo sistemático e consciente de suas ideias.
Assim, nota-se que a atividade de um docente tem grande importância no meio social,
principalmente em relação ao conhecimento e as estratégias para o desenvolvimento cognitivo
do seu aluno. Muitas vezes, alguns futuros professores, acreditam que para realizar o ato de
ministrar aulas, necessita apenas dos saberes adquiridos no início da formação, como se isso
fosse o bastante para as diversas questões do cotidiano da escola e da sala de aula.
Segundo a Profª Dr.ª Núria Hanglei Cacete da Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo (USP), essa é uma questão muito complicada: ninguém nasce professor, nós nos
formamos professor. Assim, não basta saber os conteúdos para se exercer o papel de
professor. A aula envolve uma série de conhecimentos e de reflexões que devem ser pautados
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nos cursos de formação. Em outras palavras, é importante e necessária a formação dos
professores em Nível Superior. Com efeito, é a partir dessa ambiguidade da formação e da
profissionalização – que envolve o processo da valorização profissional e salarial – que
situamos os nossos esforços reflexivos.
Em relação a isso é importante considerar que estamos em constante mudança, o
professor precisa estar sempre atualizado. Para Carrara (2004) ser humano é, pois, um ser
histórico-cultural. As habilidades, capacidades e aptidões humanas criadas e necessárias à
vida eram uma na Pré-História, outras na Idade Média, outras ainda no início da Revolução
Industrial e são outras neste momento da nossa história. E cada ser humano, em seu tempo,
apropria-se daquelas qualidades humanas disponíveis e necessárias para viver em sua época.
Essas qualidades, além disso, diferem de um grupo social para outro, de acordo com o acesso
que cada pessoa tem à cultura.
Para o ensino de Geografia o MEC divulgou um relatório, em que os professores de
Ensino Médio no país que ministram esta disciplina somente 26% são formados na área. Com
esta situação um pouco complicada de professores que atuam sem formação, os cursos de
licenciatura sofrem muitas críticas, resultando num processo longo de revisão, discussões e
reflexões, que perpassa toda a década de 1990 e os anos 2000. Mesmo melhorando, ainda se
têm muitas críticas, algumas em relação ao fraco rigor dos currículos.
É possível perceber então que, o ensino de Geografia deve se dar para além de uma
simples transmissão de informação ou dados ou de uma simples descrição do Espaço
Geográfico, a ciência geográfica proporciona conhecimentos e conceitos que devem ser
elaborados de maneira reflexiva, a partir de uma análise crítica da realidade social, de forma
interligada entre professor e aluno, pois, durante a realização da prática de ensino estamos a
realizar a continuidade da nossa formação profissional.
O processo de formação inicial para Cavalcanti (2006 apud MARTINS, 2015. p. 257)
implica na definição de um eixo de ligação entre a universidade, a escola e a geografia
escolar. Isso facilitará a compreensão do movimento que ocorre no cotidiano da escola,
conduzindo esse profissional à articulação da sua formação com o trabalho que desenvolverá.
A docência exige uma relação entre o conhecimento acadêmico (os específicos da geografia e
os didático-pedagógicos) e os conhecimentos da experiência pessoal dos professores. A
articulação entre esses conhecimentos será referência para a construção do seu referencial
profissional.
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Para a formação do professor em Geografia, é importante que se apresente a ligação
entre o espaço universitário, da escola a qual ele irá exercer sua profissão futuramente e a
geografia escolar que será trabalhada. A experiência pessoal e acadêmica do aluno/professor
se faz essencial para sua formação profissional.
Levando em consideração a Escola de Vygotsky, para Carrara (2004), de acordo com
a concepção de ser humano da teoria histórico-cultural, vamos percebendo uma de suas teses
principais: o processo de desenvolvimento resulta do processo de aprendizagem. Esse
processo de aprendizagem da cultura e de reprodução das aptidões humanas nela encarnadas é
um processo socialmente mediado.
Trazer a realidade das escolas e dos possíveis alunos para o estudante de licenciatura é
de grande importância para a sua formação e real desempenho acadêmico, não criando algo
imaginário de como seria ser professor. Para CACETE (2015):
[...] é preciso entender que a situação de ensino requer uma análise
mais profunda. Por mais que se aprendam as técnicas, os métodos, a
situação em sala de aula é sempre uma situação específica,
contextualizada – e nem sempre aquilo que se aprende na teoria se
configura como passível de aplicabilidade. Esse discernimento é
fundamental à qualidade de nossos cursos de formação de professores.
Tomar por base somente as práticas e as metodologias de ensino
podem produzir o imaginário errôneo de que as situações de ensino
seguem determinados padrões e que os problemas podem ser
resolvidos através da aplicação de métodos e técnicas, o que não é
necessariamente verdade.
Por isso, para Vygotsky, um ensino de qualidade é aquele que garante aprendizagem e
impulsiona o desenvolvimento. Através de um processo colaborativo entre educador e aluno.
Assim, percebemos que o processo de aprendizagem é sempre colaborativo, ou seja, resulta
da ação conjunta entre o educador ou parceiro mais experiente e aquele que aprende.
(CARRARA; KESTER, 2004).
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se
atribui à esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas palavras:
aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO (1994), a aprendizagem
refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, obtida
ou não de forma sistemática. Enquanto que o desenvolvimento seria uma aprendizagem de
fato, sendo este o responsável pela formação dos conhecimentos.
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Formação curricular do aluno do curso de Geografia da UFCG/CFP
A partir de informações apresentadas pelo Projeto Pedagógico do Curso de
Licenciatura em Geografia, UFCG/CFP – 2008, a federalização do curso representou e
representa um importante acontecimento, não somente para o Sertão Paraibano, uma vez que
atende a uma demanda procedente dos estados circunvizinhos do Rio Grande do Norte e
Ceará, o que totaliza algumas dezenas de municípios. Funcionando desde o ano de 1979, o
Centro de Formação de Professores – CFP tem sido responsável pela preparação/formação de
um corpo docente que supre as demandas da educação básica em importantes áreas do
conhecimento em vários municípios.
No que se refere especificamente ao ensino, nos últimos anos, o curso de Geografia
tem oferecido oitenta vagas anuais, sendo quarenta no turno matutino e quarenta no noturno,
atendendo assim, além do público que dispõe de horário integral, àquela parcela da população
que dispõe unicamente do horário noturno para estudar. Do mesmo modo, o CFP tem
desempenhado importante papel no que se refere ao desenvolvimento da região.
A organização dos conteúdos no Projeto Pedagógico do Curso de Geografia –
modalidade licenciatura, da UFCG, leva em consideração as Diretrizes Curriculares Nacionais
do Curso de Geografia que determina que cada IES estabeleça a sequência e estrutura
semestral das atividades acadêmicas curriculares de acordo com as necessidades intrínsecas
da formação pretendida para o profissional em Geografia, de maneira a conferir-lhes um eixo
de integração ao longo do curso.
A Estrutura Curricular do Curso de Licenciatura Plena em Geografia do CFP/UFCG,
Campus de Cajazeiras, totaliza uma carga horária de 3.060 horas, que correspondem a 204
créditos. A matriz curricular do curso se apresenta em quatro ou 3 núcleos: Núcleo
Específico, Núcleo Complementar e Núcleo de Opções Livres. Em que se apresenta os
conteúdos básicos e complementares organizados. O Núcleo Específico contempla o
conhecimento geográfico o que inclui: História do Pensamento Geográfico, Geografia Física,
Geografia Humana, Geografia Regional e do Brasil; O Núcleo Complementar contempla
conteúdos considerados necessários à aquisição de conhecimento geográfico e que podem ser
oriundos de outras áreas do conhecimento, mas não excluem os de natureza específica da
Geografia. Estão compostos pelas disciplinas das áreas afins, as instrumentais e, as
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pedagógicas; O Núcleo de Opções Livres refere-se aos créditos das disciplinas optativas e
tópicos especiais em Geografia.
Os conteúdos definidos para um currículo de formação profissional e o tratamento que
a eles deve ser dado assumem papel central, uma vez que é basicamente na aprendizagem de
conteúdos que se dá construção e o desenvolvimento de competências. No seu conjunto, o
currículo precisa conter os conteúdos necessários ao desenvolvimento das competências
exigidas para o exercício profissional. Segundo o parecer, têm que se considerar suas
diferentes dimensões, ou seja: sua dimensão conceitual – na forma de teorias, informações,
conceitos; sua dimensão procedimental – na forma do saber fazer e, na sua dimensão
atitudinal – na forma de valores e atitudes que estarão em jogo na atuação profissional e
devem estar consagrados no projeto pedagógico da escola (PARECER CNE/CP 009/2001).
O curso de Licenciatura em Geografia traz diretrizes curriculares que propiciam ao
aluno, compreender os elementos e processos concernentes ao meio natural e ao construído,
com base nos fundamentos filosóficos, teóricos e metodológicos da Geografia [e], dominar e
aprimorar as abordagens científicas pertinentes ao processo de produção e aplicação do
conhecimento geográfico.
A partir do currículo, espera-se que o aluno ao concluir o curso apresente
competências e habilidades como, a compreensão dos elementos e processos do meio natural
e social com base na relação sociedade-natureza, que se materializa na produção ou
organização do espaço geográfico; utilizar técnicas, fundamentos filosóficos, teóricos e
metodológicos da Geografia em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, quando estes
fundamentos se mostrarem adequados à abordagem da relação sociedade-natureza ou da
organização do espaço geográfico; atuar como professor na Educação Básica, orientando e
mediando o ensino para aprendizagem dos alunos; ter consciência do seu papel como
educador e como cidadão participante do processo de construção da cidadania e
desenvolvimento da sociedade brasileira; despertar o interesse do aluno; estimulá-lo a
aprender; ser capaz de situar, contextualizar, significar, problematizar, articular o conteúdo
com a realidade; situar-se como profissional em sua realidade social compreendendo,
resinificando continuamente o seu papel em função das novas emergências do mundo atual;
ser capaz de articular as diferentes áreas do conhecimento; compreender o papel de cada saber
disciplinar na articulação com os outros saberes da organização curricular; situar os saberes
disciplinares no conjunto dos conhecimentos escolares; conhecer e assumir um
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posicionamento crítico em relação à legislação que orienta e organiza os sistemas de ensino,
bem como em relação às políticas destinadas à educação (Projeto Político Pedagógico do
Curso de Geografia-CFP).
METODOLOGIA
Para a elaboração da pesquisa e aplicação dos questionários tivemos como base a
pesquisa quantitativa. A pesquisa quantitativa, prioriza apontar numericamente a frequência e
a intensidade do comportamento dos indivíduos de um determinado grupo ou população. Os
meios de coleta de dados são estruturados, e entre eles estão à entrevista individual e o
questionário, sempre com perguntas diretas, objetivas e claras. Neste caso as ferramentas
estatísticas devem ser aplicadas com rigor para que haja a confiabilidade necessária para,
através da amostra, termos resultados satisfatórios.
A partir disso a pesquisa da equipe é quantitativa, com questões fechadas, elaboradas
em um questionário buscando classificar, ordenar e medir as variáveis possíveis para
chegarmos a um resultado aceitável para o que estar proposto em nosso tema.
O questionário aplicado foi desenvolvido com 1 questão específica relacionada ao
nível de interesse e desinteresse dos alunos nas disciplinas ofertadas durante todo o curso.
Utilizando a escala de Likert, que é um tipo de escala psicrométrica usada habitualmente em
questionários, essa escala é usada em pesquisa de opinião, ao responderem as perguntas
baseadas nesta escala, os entrevistados especificam seu nível de concordância com uma
afirmação, facilitando as respostas dos alunos, em relação ao interesse e desinteresse de
disciplinas. Facilitando também a análise do grupo em relação aos dados adquiridos.
Os participantes da pesquisa são os alunos do curso de Licenciatura em Geografia da
Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras - PB, sendo especificamente
estudantes que estão concluindo o curso, como graduandos do 8° período do turno matutino e
10° período do turno noturno, sendo que o turno matutino tem duração de quatro anos (oito
períodos) e o noturno cinco anos (dez períodos). Buscou-se elaborar esta pesquisa com estes
alunos que estão concluindo o curso, pelo fato de já terem vistos uma porcentagem
significativa da grade curricular, tendo mais conhecimento em relação ao tema abordado na
pesquisa passando um valor mais significativo para o trabalho.
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Após a coleta dos dados, procuramos verificar o interesse e desinteresse em cada
disciplina, usamos a escala de Likert obtendo-se uma média com os resultados obtidos. A
escala de Likert vai de 1 a 7 e para a interpretação dos dados da questão fizemos uma média
aritmética usada diariamente, observou-se a opinião dos 28 alunos (2016) em cada uma das
disciplinas (cada cadeira foi avaliada 28 vezes), somamos cada resposta e dividimos pelo
número de participantes da pesquisa, obtendo uma média percentual em relação as disciplinas,
cada média variou de 1 a 7.
Exemplo para a disciplina Geografia da Paraíba: soma de todos os valores = 180/28 =
6,4
RESULTADOS
Após a análise dos dados de todos os questionários, fez a compilação dos dados,
chegando-se a uma contagem das 38 disciplinas, a disciplina menos aceita pelos alunos foi
língua estrangeira e a que recebeu maior média foi Geografia da Paraíba.
Entre as 10 primeiras escolhidas pelos alunos 5 estão na área da Geografia Física, 4
na área da geografia humana e 1 na área de ensino. Os resultados para disciplinas nas áreas
das exatas e pedagógica mostrou resultado preocupante em termos de não afinidade, obtendo
média abaixo de 6.
Na 13° colocação temos a disciplina final de trabalho de conclusão de curso, podemos
observar que apesar dos alunos chegarem a este momento quase formado, o interesse pela
disciplina ainda não é satisfatório, tendo em vista sua importância e a experiência dos alunos.
Tivemos também resultados preocupantes em a relação a Disciplina que considera-se
estruturante e extremamente fundamental para os estudantes no seu processo de formação,
onde ficaram abaixo da 20º colocação.
Entre os 10 últimos tivemos, 4 disciplinas relacionadas diretamente com a geografia, 5
de modo indireto e 1 tida como de fundamental importância na formação docente
Tabela1: Resultados da pesquisa com os alunos do curso de geografia – Aceitação e desinteresse.
1º Geografia da Paraíba 6,6
2º Geohidrologia 6,5
3º Geologia Geral 6,4
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4º Geografia Regional do Brasil 6,3
5º Geografia do Turismo 6,3
6º Geografia Agrária 6,2
7º Geografia Física do Brasil 6,1
7º Projeto de Pesquisa 6,0
8º Prática de Ensino em Geografia Regional do Brasil 6,0
9º Biogeografia 6,0
10º Geomorfologia 6,0
11º Educação Ambiental 5,9
12º Libras 5,9
13º Trabalho de Conclusão de Curso 5,8
14º Prática de Ensino em Geografia Física 5,7
15º Pedologia 5,7
16º Geografia do Espaço Mundial 5,7
17º Climatologia 5,7
18º Evolução do Pensamento Geográfico 5,7
19º Geoprocessamento 5,7
20º Estagio Curric. Super. em Geografia III 5,6
21º Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem da Adl 5,5
22º Geografia Urbana 5,5
23º Geografia Econômica 5,5
24º Estagio Curric. Super. em Geografia I 5,3
25º Estagio Curric. Super. em Geografia II 5,3
26º Metodologia Cientifica 5,3
27º Prática Ens. em Geografia Humana 5,3
28º Didática 5,2
29º Psicologia da Educação 5,1
30º Teoria e Metodologia da Geografia 5,0
31º Prática de Ensino em Cartografia 5,0
32º Introdução a Sociologia 4,7
33º Estagio Funcio. do Ensino Básico 4,6
34º Cartografia Geral 4,5
35º Língua Portuguesa 4,5
36º Geografia da População 4,4
37º Introdução a Filosofia 4,1
38º Língua Estrangeira 3,8
Fonte: Dados da pesquisa
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Durante nossa pesquisa assumimos o desafio e a responsabilidade de investigarmos de
maneira eficaz o interesse e desinteresse por disciplinas no curso de Licenciatura em
Geografia da Universidade Federal de Campina Grande - Campus Cajazeiras - PB CFP.
Consideramos que o resultado dessa pesquisa pode ajuda o corpo docente do curso de
geografia, sobretudo no processo de reformulação de disciplinas, bem como no processo de
escolha de pré-requisito e semestre de oferta das mesmas. Além disso, terão como
responsabilidade e compromisso a inovação em sua metodologia de trabalho ou na
metodologia que estava sendo colocada por outro professor.
REFERÊNCIAS
BRITO, Miguel Sá de Souza; SENA, Tamires Martins; ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da.
A Formação do Professor de Geografia: Uma breve Revisão Bibliográfica sobre as
Concepções Teóricas. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, v.3, n.7,
p.134-150, out. 2011. Disponível em:
<http://www.observatorium.ig.ufu.br/pdfs/3edicao/n7/9.pdf>. Acesso em 22 de fevereiro de
2017.
CACETE, Núria Hanglei. Formação do professor de geografia: sobre práticas de ensino e
estágio supervisionado. Disponível em:
<http://www.uvanet.br/rcgs/index.php/RCGS/article/view/240> Acesso em 24 de fevereiro de
2017.
CARRARA, Kester (Org). Introdução à psicologia da educação: seis abordagens – São
Paulo: Avercamp, 2004.
MARTINS, Rosa Elisabete Militz Wypyczynski. A formação do professor de geografia:
aprendendo a ser professor. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/35625> Acesso em 24 de fevereiro
de 2017.
TAFNER, Malcon MSc. A construção do conhecimento segundo Piaget. Sem ano.
Disponível em:
http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm. Acesso em
20/11/17.
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LITERATURA E GEOGRAFIA:
MUTAÇÕES DO GÓTICO (PÓSCOLONIAL)
Daise Lilian Fonseca Dias
Universidade Federal de Campina Grande
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar mutações sofridas pelas literaturas europeia e americana
em virtude do espaço geográfico, através do gótico. Segundo Moretti (2003), a geografia não
é um espaço inerte onde histórias acontecem, ela é um fator ativo nas relações humanas, de
modo que os espaços definem o tipo de narrativa que é produzida em dada localidade ou
acerca dela, como nas literaturas colonial e póscolonial (BONNICI, 2000) e (SAID, 2003).
No caso das mutações sofridas pelo gótico, elas foram determinantes à medida em que àquele
gênero foi se espalhando pela Europa (local onde surgiu o gótico tradicional) e pelos Estados
Unidos (um espaço colonial ainda para ser significado e construído pela literatura local)
(HOGLE, 2002). Nesse sentido, os signos góticos que já estavam cristalizados na tradição
européia tiveram que ser adaptados pelos americanos, uma vez que seu espaço era aquele de
uma “nova nação”, com “poucos anos de história” e carente da ambientação gótica do Velho
Mundo (SAVOY, 2002). Assim, os americanos foram responsáveis por ressignificar a estética
gótica, adaptando-a para o espaço geográfico local, de modo que novos signos surgiram ao
ponto de localidades produzirem obras góticas de acordo com sua paisagem e mentalidade
local, a exemplo do “gótico do Sul,” o “gótico da Nova Inglaterra”, dentre outros, todos eles
vindo a compor o “gótico americano”. Este tipo de conhecimento pode ser útil para o
professor de geografia para que se compreenda como a geopolítica interfere na produção de
sentidos dentro e fora do universo literário.
Palavras chave: Literatura. Sociedade. Geografia. Gótico.
LITERATURE AND GEOGRAPHY:
MUTATIONS OF THE (POSTCOLONIAL) GOTHIC
Abstract
The objective of this paper is to analyze mutations suffered by European and American
literatures due to the geographical space, through the gothic. According to Moretti (2003),
geography is not an irrelevant space where stories take place, it is an active factor in human
relations, so that spaces define the kind of literature that is produced in such locality or about
it, as in colonial e postcolonial literatures (BONICCI, 2000) and (SAID, 2003). Concerning
the mutations suffered by the gothic, they were fundamental as that genre spread throughout
Europe (the place where the traditional gothic emerged) and throughout the United States (a
colonial space yet to be signified and built by local literature) (HOGLE, 2002). In this sense,
the gothic signs that were already en vogue in European tradition had to be adapted by the
Americans, since their space was that of a “new nation”, with “just a few years of history”
and it lacked the gothic ambience of the Old Continent (SAVOY, 2002). Thus, the Americans
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were responsible for ressignifying the gothic aesthetics, adapting it to the local geographical
space, so that new signs emerged so that places produced gothic works according to their
local landscape and mentality, such examples are those of the “Southern Gothic”, “New
England Gothic,” among others, all of them came to form the “American gothic”. This kind of
knowledge can be useful for the teacher of geography in order for him to understand how
geopolitics interfere in the production of meaning inside and outside the literary universe.
Key works: Literature. Society. Geography. Gothic.
Introdução
Quando se pensa na relação entre literatura e geografia, observa-se com pouco esforço
que, com exceção de algumas poesias, tanto o enredo de um texto narrativo quanto aquele de
uma obra dramático ocorre em um determinado espaço físico. Contudo, o espaço também
pode funcionar de modo simbólico enquanto lugar e enquanto condição social, de modo a
interferir nas relações de
raça, classe e gênero, pro exemplo, fomentando ideologias nesses três aspectos. Diante disso,
conclui-se com Moretti (2003) que o espaço reforça a hierarquia, de modo que o que ocorre
depende muito de onde ocorre. Estas questões não se limitam apenas aos enredos de obras
literárias, influenciam inclusive o surgimento e mutações de gêneros literários, como é o caso
da literatura colonial e póscolonial, e do gótico.
Nesse sentido, é prudente para o professor de literatura e/ou de geografia atentar para como
essas questões ocorrem na literatura, sobretudo para despertar a criticidade dos alunos em
relação à geopolítica que permeia o texto ficcional e manipula o leitor desavisado.
O texto que se segue é fruto de um projeto de pesquisa individual, intitulado O GÓTICO
PÓSCOLONIAL NA LITERATURA AMERICANA: EDGAR ALLAN POE, que está em
processo de desenvolvimento pela UAL/CFP/UFCG. Este projeto enseja fazer um
levantamento de aspectos do gótico na literatura americana, destacando uma de suas
vertentes, a póscolonial, considerando as subvertentes do gótico póscolonial conforme os
postulados de Khair (2009). O objetivo central é discutir o tratamento que o gênero gótico
tradicional – isto é, aquele forjado na Europa – recebe na jovem sociedade estadunidense, e
como ele é adaptado de modo subversivo por certos romancistas, tais como Hawthorne em A
letra escarlate (1850) e Melville com Moby Dick (1851) para empreender um “projeto” de
literatura nacional, com as cores locais, funcionando como uma crítica aos antigos
colonizadores ingleses. Ainda assim, a pesquisa mostrará que esses autores não conseguem
escapar das ideologias imperialistas que criticavam, uma vez que as reproduzem em suas
obras em relação a minorias étnicas e sexuais que povoam aquela nação. A pesquisa destacará
também aspectos da obra de Edgar Allan Poe que se encaixam no perfil acima citado: o
fascínio pela Europa; orientalismo; analogia entre a cor negra e a escravidão; a presença do
judeu, dentre outros.
Aspectos do gótico tradicional europeu
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Segundo Cuddon (1996)1, o gótico tradicional diz respeito a um tipo de literatura popular
no final do século XVIII e início do século XIX. A palavra “gótico,” derivada do povo
“Godo”, que falava “gótico”, responsáveis por atormentar o Império Romano, ao ponto de
serem os primeiros a invadir Roma. Em virtude do terror que eles espalharam pela Europa em
suas conquistas territoriais, o autor destaca que a palavra “gótico” veio a significar selvagem,
bárbaro, qualidades que muitos escritores consideraram atraentes para serem cultivadas em
reação ao neoclassicismo da cultura do início do século XVIII.
Apesar de que o que veio a ser denominado como “gótico” se espalhou para vários
campos do saber, tais como a arquitetura, o foco deste trabalho é na literatura classificada
como gótica. É importante considerar que os enredos de romances góticos eram sempre
colocados no passado (em geral, na era medieval) e em países estrangeiros, em especial, nos
países católicos do sul da Europa ou na Europa Oriental, uma vez que eles eram vistos como
mais atrasados por haverem permanecido por mais tempo no paganismo e no Catolicismo,
diferente dos países europeus protestantes. Estes, por sua vez, encorajavam a prática da
alfabetização para que seus cidadãos pudessem ler a Bíblia, fato oposto ao que ocorreu nos
países católicos.
Cuddon (1996) destaca que as histórias se passavam em monastérios, castelos, prisões
subterrâneas e paisagens montanhosas (espaços marcados pela Inquisição). Os enredos
tratavam de suspense e mistérios envolvendo o fantástico e o sobrenatural, de modo que
muitos romances góticos são contos de mistérios e horror. Eles contem elementos
sobrenaturais e a maioria apresenta uma topografia familiar: paisagens desoladas e selvagens,
florestas escuras, igrejas em ruínas, salões feudais, castelos medievais com prisões
subterrâneas, passagens secretas, câmaras de tortura, aparições monstruosas e maldições; uma
terrível atmosfera de desolação, heróis e heroinas em situações terríveis, vilões terríveis,
bruxas perversas, poderes demoníacos, dentre outros.
Já o gótico póscolonial, conforme postula Khair (2009) acerca do seu contexto, ele
envolve o impacto social e histórico do Outro colonial e racial foi resistido não apenas pela
literatura produzida até o século XX, mas pela crítica literária, de modo que as colônias
estavam, geralmente, à margem das narrativas eurocênticas e imperialistas europeias. O
padrão óbvio da literatura colonial (quando lidava diretamente com o Império) eram as
lendas do Rei Arthur, um paradigma para encontros coloniais com o Outro: os cavaleiros
deixam a corte de Arthur – o reino do conhecido – para
encontrarem-se com o outro. Entretanto, muitos colonizados em algum momento tiveram que
ir para a Inglaterra, por exemplo, ou retornar para lá, e não poderiam ser sempre ignorados
pela literatura hegemônica, tal como mostram os romances de Charles Dickens. Todavia, a
ficção influenciada pelo gótico, com seu fascínio pelo outro, por ideias tais como: decadência,
transgressão, impureza, crime – todas palavras ligadas aos estrangeiros – encontraram espaço
para representar o outro. Ex: O fantasma da ópera (1911), de Gaston Leroux e O morro dos
ventos uivantes (1847), de Emily Brontë.
Khair (2009) aponta variações do gótico pós-colonial. Fantasmas das colônias, em
sombras góticas ou como o outro gótico, entram nas narrativas inglesas de várias maneiras,
um fenômeno que segue o personagem de espaços coloniais até a Europa, por exemplo, e
ansiedades imperiais acerca do medo da invasão da Merópole imperialsita, como em obras de
1 São de nossa autoria as traduções de autores cujas obras citadas encontram-se nas referências em
língua inglesa.
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ficção científica (Guerra dos mundos, de H. G. Wells). A seguir, características do gótico
imperial, isto é, aquele produzido por escritores da metrópole imperialista européia, conforme
designa Khair (2009):
1) Histórias que se passma fora da Europa e no espaço imperialista, ou nas suas
franjas. Ex. O coração das trevas (1899), de Joseph Conrad.
2) O império está presente em sua ausência. Em romances de Jane Austen e
Charles Dickens, o império pode ser um local no qual o protagonista ou um
personagem principal desaparece ou do qual ele/ela retorna, como na silenciosa e
subnarrada base da superestrutura inglesa, em Mansfield Park [Palácio das
Ilusões], de Jane Austen.
3) Narrativas de genocídio de outras raças. Através de uma percepção exagerada
do medo da invasão, o uso do outro racial como horror ou como fonte de terror
que justificam o genocídio. Ex: Guerra dos mundos, de H. G. Wells, e ‘The yellow
danger” [O perigo amarelo] (1908), de Mathew P. Shild, sobre a matança de
chineses na Inglaterra, através do uso de armas químicas.
4) Darwinismo social. Uma concepção racializada da degeneração
civilizacional/biológica ou, talvez, mais comumente, um medo do hibridismo
cultural e racial, que pode transpor em termos mais acessíveis, às vezes, contextos
completamente narrativos e ingleses. Mais uma vez é preciso que seja dito que
essas narrativas podem se passar nas colônias, como em A ilha do Doutor Moreau
(1896), de H. G. Wells, sobre animais humanizados, ou podem se passar na
Inglaterra, como em Dr. Jekyl and Mr Hyde (1886) [O médio e o monstro]; sobre a
besta escondida no homem, cuja distorção de caráter levou Stevenson a se referir a
ele como gnomo gótico.
5) Tornar-se nativo [em terras estrangeiras ou em cenários urbanos]. Esta é uma
ansiedade essencial do império. Significa declínio moral; o lado animalesco oculto
do ser humano em erupção. Esta vertente trata de como fachadas da cultura sempre
escondem o terror do outro gótico que está à espreita nos corações humanos. Ex.:
O coração das trevas, de Joseph Conrad.
6) O fantasma colonial. È um papel assumido pelo protagonista europeu. Aqui, o
outro “racial” ou “colonial” não está, de fato, presente, mas a narrativa – e, às
vezes, um personagem – depende da imagem do outro não-europeu. Isso pode
envolver um certo jogo teatral (o duplo como o outro não europeu). Ex: Rochester
passando-se por uma cigana em Jane Eyre (1847).
7) Fantasmas das colônias: palavras, maldições, artefatos, rolos e manuscritos das
colônias ou de espaços não europeus. Ex: a tapeçaria em “A queda da casa de
Usher”.
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8) Outros góticos em carne e osso. Isso envolve crime, duplicidade, vingança,
mistério, transgressão, causando ansiedade. Ex: O morro dos ventos uivantes e
Drácula.
9) A expedição colonial. Revela a suposta superioridade do europeu e sua civilização
x a suposta inferioridade/monstruosidade do nativo. (Ex: Uma passagem para a
Índia, de E. M. Foster)
Em resumo, na maioria da literatura gótica, ou em obras com elementos góticos, as
colônias e os colonizados permanecem misteriosamente meio-presentes através do séculos
XIX e início do século XX. Eles são raramente narrados diretamente; sua materialidade não é
enfatizada e quando isso ocorre é de modo negativo. Eles são como Bertha Mason, a esposa
secreta, louca e Creole de Rochester, em Jane Eyre, esquecida nos recessos da narrativa,
assombrando corredores europeus
mais na forma de um fantasma e de pesadelos do que um personagem de carne e osso.
Todavia, eles estão lá – como Bertha – sendo centrais para a história.
Com relação ao gótico feminista deve-se antes mencionar que o gótico tem confrontado
problemas culturais das distinções de gênero, estruturas de poder, e questionado as fronteiras
entre os sexos para reorientar tais estruturas. Fleenor (1983) mostra que em obras tais como
The Castle of Otranto –The Mysterious Mother, as mulheres são figuras clássicas presas em
labirintos de escuridão, hesitantes sobre que rumo tomar, temendo a perseguição de um
patriarca lascívo e dominador que deseja apropriar-se do seu útero para reservar a propriedade
e riqueza.
Pode-se perceber uma relação entre o gótico feminino e o Bildugnsroman feminino, uma
vez que ambos retratam o quanto a questão de gênero é um componente vital naquele gênero
em relação a ideia de sucesso ser marcado pela noção de gênero e os homens e mulheres
tenderem a ser impedidos e julgados de formas diferentes pela sociedade. Teóricos do gótico
feminino tem chamado a atenção para o fato de que medos e desejos reprimidos das mulheres
diferem dramaticamente daqueles dos seus pares masculinos. A primeira grande escritora de
romances góticos, Anne Redcliffe, com The Mysteries of Udolpho, descreve como
advertência, ritual e viagem-aventura os testes e crescimento emocionais da heroína às
vésperas do casamento e de tornar-se mulher (FLEENOR, 1983).
Transformações no gótico: o gótico americano (póscolonial)
Diante do exposto, este artigo se volta para uma análise panorâmica da literatura
americana na perspectiva póscolonial, com enfoque na utilização do gótico póscolonial para
destacar o surgimento de uma literatura tipicamente americana, desvinculada do processo de
mera imitação dos padrões literários e temáticos do arquivo literário inglês, do qual aquela
sociedade deriva.
Após um levantamento bibliográfico, constatou-se que este tipo de análise daquela
literatura não costuma ser comum, de modo que foram encontrados poucos textos que
empreendem tal tarefa, a exemplo de Savoy (2002) e Elliot (1991). A validade desta proposta
reside no fato de que, enquanto uma nação em formação, os Estados Unidos deram início às
suas produções literárias - no sentido daquela produzida por imigrantes europeus e seus
descendentes - de maneira análoga ao processo que vitimou as demais nações em igual sorte,
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ou seja, aquelas vítimas da colonização por potências européias, tanto na condição de colônias
de exploração quanto as colônias de povoamento, como é o caso da americana.
Isto significa que, inicialmente, as obras eram escritas à maneira do grupo hegemônico
que a dominava, isto é, os ingleses, como é o caso do primeiro livro escrito ali, The tenth
muse (1650), de Anne Bradstreet, embora neste caso, o poema de abertura, “The prologue,”
evidencie a ironia feminista da autora que predomina no livro e não algum tipo de discussão
acerca daquela sociedade em formação. Uma profusão de sermões cristãos inundaram as
letras locais, como o mais famoso deles, “Sinners in the hands of an angry God” (1741), de
Jonathan Edwards, passando a compor o corpo inicial do que veio a ser conhecido como
Literatura Americana. Somando-se aos citados, peças
e, posteriormente, romances de baixo valor literário, porém com inclinações às questões
locais surgiram e obtiveram relativo sucesso entre o público ávido por diversão, a exemplo do
primeiro romance escrito na nova nação, The power of sympathy (1789), de Charles B.
Brown, que, à propósito, é gótico.
Elliot (1991, p. viii; tradução nossa), traz uma referência importante sobre o que Julian
Hawthorne entende por “romance americano”: “um romance americano é um romance que
trata de pessoas, lugares, e ideias de um ponto de vista americano.” Esta citação parece
simples e óbvia, entretanto, ela enseja a necessidade de uma voz cultural para o gênero
literário que estava em plena fase de consolidação tanto na Europa, mas que estava apenas
nascendo nos Estados Unidos, e que veio a ser um poderoso gênero literário em ambos os
lados do atlântico, de modo que tornou-se o principal veículo de difusão de ideologias
nacionais, tanto dentro das metrópoles imperialistas europeias quanto no resto do mundo.
Quando se discute acerca de vozes culturais no universo literários, observa-se os
meios pelos quais um autor com uma determinada consciência e linguagem específica,
falando ou não através de uma persona, produz uma visão cultural de uma sociedade, de
modo que a voz pela qual
o narrador fala e a linguagem que ele escolhe para se expressar são agentes de revelação do eu
interior e moral de si, mas também da sociedade da qual ele faz parte (RUBIN-DORSKY,
1991).
Rubin-Dorsky (1991) defende que não havia voz uma cultural americana nos
primeiros romances americanos, uma vez que neles não se via uma linguagem americana
autêntica, talvez por ela não existir ainda ou não ter sido reconhecida pelos intelectuais, mas
também porque autores, tais como as pioneiras – hoje esquecidas - Hanna Webster e Susanna
Rowson, e os famosos Washington Irving e James Fernimore Cooper ainda eram muito
dependentes do estilo, modo, estruturas e ritmos do inglês da Inglaterra que eles dispunham
via livros dos seus autores ingleses favoritos.
Rubin-Dorsky (1991) avalia que os americanos obtiveram considerável sucesso ao
adaptarem o romance gótico para seu cenário sem resquícios feudais, nem castelos ou ruínas
de igrejas antigas, especialmente porque eles se voltaram para outro aspecto que o gótico
trata, as superstições e fobias humanas, ansiedades e motivações malignas, como se vê nas
obras de Poe e em Moby Dick (1851), isto tudo também podendo ser associado ao passado
nacional puritano, como bem ilustra A letra escarlate (1850). Assim o gótico tornou-se a
forma ideal para expressar os medos da sociedade americana, bem como suas ideologias
liberalistas, a questão do individualismo, de modo que nenhum autor, até o século XVIII
havia expressado essas questões de natureza gótica naquela nova nação como Charles
Brodcken Brown o fez, e nenhum explorou tais pontos de maneira tão eficiente como ele até
então, com romances tais como Wieland (1878), Ormond (1799) (RUBIN-DORSKY, 1991).
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Ainda com base no valioso estudo acerca desta temática empreendido por Rubin-Dorsky
(1991, p. 22, tradução nossa), deve-se considerar o que o autor ressalta no que se refere a estas
primeiras manifestações góticas nos Estados Unidos, uma vez que mesmo sendo
experimentais e ousadas, e cheias de falhas, com esses romances Brown testa “os limites da
razão em um país que se via como sem limites, examina os impulsos malignos e sombrios de
uma imaginação” ainda não compreendida plenamente, como a americana, visto estar em
processo de formação e desenvolvimento.
Contudo, é a partir do século XVIII que começam a surgir os contos e os romances
góticos que marcariam o início do que veio a ser o “romance americano,” que, na verdade, só
surgiria em nível tido como canônico no século XIX, a exemplo dos primeiros desta
categoria, os já citados A letra escarlate (1850), de Nathaniel Hawthorne e Moby Dick (1851),
de Herman Melville. As obras iniciais que marcaram o début deste subgênero no romance nos
Estados Unidos hoje estão esquecidas, mas ilustram a relevância da utilização do gótico
naquela localidade, constituindo o que veio a ser uma tradição literária gótica que culminou
com ramificações próprias e distintas, a exemplo do “Gótico do Sul” e do “Gótico da Nova
Inglaterra”. Como a própria nomenclatura permite antever, além do surgimento do que veio a
ser chamado de “Gótico Americano”, regiões dos Estados Unidos passaram a produzir obras
sob este rótulo de modo tão distinto e marcante que vieram a dar nome a subvertentes
literárias. Exemplos dos dois grupos citados acima estão o conto “A rose for Emily” (1930),
de William Faulkner e “A New England nun” (1891), de Eleanor Wilkins Freeman,
respectivamente.
Diante do exposto, observa-se a relevância que este subgênero romanesco adquiriu
naquele país, servindo para a construção de uma identidade literária local. Todavia, neste
contexto, não se
pode esquecer da importância do gótico também para as produções de autoria feminina
estadunidenses, forjada no que veio a ser conhecido como o “Gótico Feminista”, o qual tem
como célebre referência, o conto clássico da escritora americana Charlotte Perkins Gilman,
“The yellow wallpaper” (1899), embora muitos romances góticos de autoria feminina escritos
na Europa, tenham
tido notável reputação já no século XVIII, sobretudo na década que ficou marcada como “a
década do gótico”, os anos de 1790.
Edgar Allan Poe: Perspectivas do gótico póscoloniais
Esta perspectiva panorâmica apresentada acima serve de base e referencial para se
observar contos de um dos mais renomados escritores estadunidenses, Edgar Allan Poe
(1809-1849), sobretudo porque o autor, em toda a sua produção, utilizou-se do gótico para
tratar de aspectos profundos da psiqué humana com tal maestria que passou a ser a primeira
figura literária nascida e criada nos Estados Unidos a influenciar seus pares literatos europeus,
vindo a ser, inclusive, o precursor do simbolismo e criador do gênero “literatura policial”.
Por ser um dos autores americanos mais estudados, as obras de Poe são conhecidas
para um número elevado de leitores tanto dentro quanto fora do universo acadêmico
estadunidense. Olhando-as de modo geral, seguindo o tipo de leitura analítica que se costuma
fazer sobre elas – em geral, destacam-se questões já repetidamente analisadas sobre o uso do
gótico, simbolismo, construção formal. Todavia, em nossas pesquisas iniciais não foram
encontradas análises das obras de Poe na perspectiva do gótico póscolonial, exceto um breve
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trecho, embora de elevado teor analítico, em Savoy (2002). O autor avalia que o fascínio de
Poe pela cor negra pode ser utilizado para se estabelecer paralelos com a questão da
escravidão no seu país.
Savoy (2002) percebe em “O gato preto”, uma alegoria abolicionista que introduz a
figura do morto-vivo e seu retorno gótico com o objetivo de acertar contas com a história de
perversidade da escravidão americana. O autor menciona um estudo de Lesley Ginsberg que
“demonstra a eficácia de tal leitura alegórica que situa o gato de Poe em relação às imagens de
animais da literatura abolicionista americana” (SAVOY, 2002, p. 183), como bem ilustra a
série de obras que retratam Brer Rabbit (irmão coelho), um coelho astucioso que ilustra o
desejo da comunidade negra americana por liberdade e por desejo de vencer os brancos, ainda
que pela “trapaça”, conforme discute Fanon (1983).
Savoy (2002) pontua que os simpatizantes da causa escravagista na sociedade
americana costumavam desumanizar a figura do negro de diversas maneiras, ao passo que o
contra-discurso dos abolicionistas destacava o horror do darwinismo social dessa prática
através da crítica à dissolução de fronteiras entre os humanos e os animais. Assim:
A combinação do tropo abolicionista do escravo como animal
doméstico [...] e seu retorno do túmulo leva Gisnberg a argumentar que
‘Douglas permite-nos reler a irrepreensível voz do morto em “O gato
preto” como uma metáfora explícita dos silêncios e repressões
(SAVOY, 2002, p. 183).
que serviram de base e fundamento para a instituição da escravidão nos Estados Unidos.
Savoy (2002) ainda estabelece um elo entre o potencial simbólico da negritude de
personagens afro-descendentes e mulheres na obra de Poe, uma vez que ambos constituem a
figura do “outro” na sociedade americana de então. Para o autor, tanto mulheres como negros
aparecem na produção de Poe de modo semelhante: sempre relacionados com a morte e com o
retorno gótico.
Na verdade, observa-se na contística de Poe uma ausência de personagens negros. Está
é, na verdade, uma estratégia imperialista utilizada amplamente por autores europeus que Poe
reproduz. Esta suposta sutil alusão à questão do terror causado pelos afro-descendentes nos
seus compatriotas brancos e cristãos pode ser, por outro lado, uma forma de Poe tratar do
político sem se ater a detalhes explícitos que pudessem marcar, sua obra, numa construção
que para ele poderia ser vista como datada historicamente.
Esta hipótese é trazida aqui em virtude do fato do conhecimento que se tem hoje sobre
o pensamento expresso por autores irlandeses no final do século XIX e início do século XX.
Döring (2008) enfatiza o desejo de Yeats e Lady Gregory de produzirem uma literatura
irlandesa universal,
isto é, sem obrigatoriamente ter que tratar de assuntos referentes à opressão causada pelo
domínio inglês na Irlanda. Estes autores foram inclusive criticados por parecerem insensíveis
à causa nacional, uma vez que todo bom escritor irlandês que se prezasse deveria advogar a
independência nacional e/ou criticar os dominadores.
Todavia, esses autores estavam engajados na causa nacional, mas ao seu modo, ou
seja, observando a questão de maneira mais ampla. Suas respostas aos críticos vieram também
através do Movimento Dramático Irlandês que, no início do século XX ilustrou o sentimento
de resgate de uma cultura nacional através do teatro. Isto se deu através da criação do Teatro
Abbey, o segundo mais famoso em língua inglesa, sendo o Teatro Globo de Shakespeare
considerado o mais importante. Naquele ambiente, primava-se por peças irlandesas, escritas
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por autores irlandeses e levadas ao público por atores e diretores irlandeses. Synge, O’Casey,
Yeats e Lady Gregory foram os
líderes do movimento. Estes dois últimos defendiam, contudo, que o artista deveria ser livre
para escrever sobre qualquer assunto que sua imaginação lhe trouxesse; esta lhes parecia ser
uma forma de criar uma literatura irlandesa de alcance internacional (DÖRING, 2008).
Ora, a digressão acima para tratar de um período marcante no desenvolvimento da
literatura da mais antiga colônia inglesa serviu para ilustrar o argumento plenamente plausível
de que Poe pode ter tido mentalidade semelhante à de Yeats e Gregory, especialmente porque
quando ele começou a publicar suas obras, a literatura americana ainda estava
“engatinhando”, visto que as produções de até então não passavam de imitações dos padrões
europeus, embora sem grande valor literário.
Outrossim, é importante ressaltar que um ano antes de Poe trazer ao público sua
primeira obra “O poço e o pêndulo” (1832), Hawthorne publicou o hoje conto gótico clássico
“Young Goodman Brown”, ainda assim, era pouco material para se perceber que ali estava o
que engatilhara a arrancada literária que marcaria o século XIX como aquele que,
definitivamente, deu início a tão sonhada literatura americana (escrita por americanos, sobre a
nova nação, nas cores locais, em “idioma” local) e em nível do que hoje denomina-se de
canônico.
Apesar de ser classificado como produzindo o que veio a ser conhecido como o gótico
psicanalítico, isto é, aquele voltado para a psiqué humana, Poe não produz personagens
americanos, ele escreve sobre europeus ou sobre pessoas de nacionalidade não revelada. O
certo é que se pode inferir - quando o texto não deixa claro - que eles são homens brancos; em
sua vasta maioria, perversos (“O gato preto”, “O poço e o pêndulo”); de mente doentia;
doentes fisicamente (“A queda da casa de Usher). Disto conclui-se que Poe examina a
maldade humana e, aplicando-se a perspectiva póscolonial, é plenamente possível inferir que
ele o faz acerca do homem branco tanto entre eles (incluindo contra judeus que assim como os
afro-descendentes, formam outro grupo de vítimas de segregação racial, preconceito,
perseguição, diáspora, etc) quanto com animais. Se a morte e a escuridão são praticamente
sinônimos em sua obra, elas remetem tanto à maldade quanto à negritude (não na
terminologia do uso corrente atual, sobre o Movimento Negritude, mas no que diz respeito à
cor negra), visto serem elementos que parecem engatilhar, em muitos casos, o lado sombrio
do ser humano.
Diante disso, pode-se analisar sua obra na perspectiva do gótico póscolonial,
notadamente porque, somando-se ao já exposto, Poe trata também de questões de mentalidade
colonial de forma binarista. Se por um lado ele se sensibiliza com a causa do judeu
perseguido e torturado pela inquisição em “O poço e o pêndulo”, ele utiliza um elemento da
cultura árabe, isto é, um tapete, em “A queda da casa de Usher”, para ser um item tratado
como gótico na economia da obra, por ser um dos elementos que causa medo, pavor e
profundo estranhamento ao narrador, logo na sua chegada à mansão de Usher.
Esta é uma forma de reproduzir a outremização imposta pelos orientalistas e seus
seguidores a artefatos, espaços e indivíduos do Oriente, tanto na sua sociedade quanto na
europeia, conforme destaca Said (2003) ao propor tal terminologia, isto é, “orientalismo”.
Neste ponto, Poe reproduz um
pensamento preconceituoso conforme visto na literatura europeia que lhe servia de base, visto
ser, até então, o único padrão a ser seguido por, de modo geral, um homem típico europeu ou
americano do seu tempo. Este tipo de uso de um elemento de uma cultura tida como inferior
por europeus e americanos é chamado de “gótico pós-colonial” por Khair (2009), em uma de
suas nove características, aquela em que objetos de terras colonizadas estão no espaço
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metropolitano e causam terror aos brancos que com eles tem contato, conforme se verá
adiante.
Além disso, o retorno ao paganismo, mesmo sendo uma das vertentes do Romantismo
- movimento no qual Poe está inserido - isto via gótico, é também marcante na obra do autor.
No poema “O corvo”, por exemplo, o gótico é construído também através de um objeto
externo, desta vez, ao Cristianismo, no caso, um livro de “folclore esquecido”, uma alusão aos
livros místicos pagãos
que circularam livremente, sobretudo na Europa pré-cristã. Ele remete à invocação de
espíritos e à reencarnação da amada do eu-lírico, Lenore. Este é mais um ponto de
aproximação do autor com práticas góticas europeias.
Pode-se dizer que outra questão que ilustra o quão divido Poe parecia estar –
conscientemente ou não - ao produzir sua literatura é exatamente o quanto ele se volta para
espaços europeus ou implicitamente europeus. Em um universo que influenciaria a construção
do mundo de Sherlock Holmes por Arthur Conan Doyle no final do século XIX,
“Assassinatos na rua do necrotério” se passa na Europa. O orangutango que é o assassino tão
procurado pela polícia é descoberto pelo detetive de nome francês de Poe, Hercule Piorot.
Tem-se aqui o uso do pensamento filosófico de um homem branco, cuja racionalidade
sobrepõe-se ao primitivismo da figura por ele descoberta, ilustrando uma ansiedade
imperialista tão recorrente nas ideologias colonialistas da época: a suposta superioridade do
homem branco europeu tanto no sentido científico quanto filosófico em relação a mais um
objeto das colônias que marca a obra do autor e que se torna símbolo da suposta maldade e
primitivismo inatos do que vem da África, por exemplo.
Considerações finais
As mutações sofridas pelo “gótico tradicional”, isto é, aquele produzido por autores
europeus, conforme pode ser observado na literatura americana produziram obras hoje
clássicos da literatura universal. Olhar para o contexto descrito ao longo deste artigo revela
atitudes imperialistas que foram questionadas e/ou sancionadas pelos mesmo escritores que
não se viam nem seus países naquela estética tão característica do espaço geográfico e
histórico europeu. De modo que a produção do gótico ilustra um processo duplo de ruptura e
continuidade com uma forma de pensar excludente européia que foi posta em xeque, mas
também reproduzida no contexto histórico e literário estadunidense.
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O PLANEJAMENTO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: CONTRIBUIÇÃO E
IMPORTÂNCIA PARA CONSTRUÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE
Oraldo Ryk Lourenço Leite1
Universidade Federal de Campina Grande- UFCG/CFP
José Valmir Pereira de Sousa2
Universidade Federal de Campina Grande- UFCG/CFP
Fabrício Ribeiro de Sousa3
Universidade Federal de Campina Grande- UFCG/CFP
Resumo
Pretende-se neste trabalho, destacar a importância do planejamento durante o período do
Estágio Supervisionado em Geografia III e suas contribuições para o desenvolvimento da
prática docente do futuro profissional em formação. Verificamos que o período de estágio
trouxe contribuições significativas, onde, possibilitou uma maior aquisição de experiência
sobre a importância do planejamento para o desenvolver das atividades práticas no espaço
escolar. Neste sentido, o método utilizado para realização deste trabalho, partiu das
observações e das experiências vivenciadas in loco durante a execução do estágio e através de
um levantamento bibliográfico, com base em leituras realizadas por meio de livros e artigos
acadêmicos. Tendo em vista esses procedimentos, é notório destacar que o planejamento se
caracteriza com uma das ferramentas que possibilita ao profissional da educação orientar-se e
ministrar uma aula com base no que havia planejado. Sendo necessário constatar que, é
preciso planejar de diversas formas/maneiras para que este docente não fique preso somente
de uma única forma (estratégias) de ministrar uma aula, pois, de acordo com o atual contexto
escolar que vivemos, faz-se necessário que os profissionais da área da educação estejam
sempre preparados para se sobressair aos mais variados imprevistos que possa vir a acontecer
durante o desenvolver das suas aulas.
Palavras chave: Contribuições, Planejamento, Estratégias, Práticas Docentes.
THE PLANNING ON THE SUPERVISED INTERNSHIP: CONTRIBUTION AND
IMPORTANCE FOR THE CONSTRUCTION OF TEACHER'S PRACTICE
ABSTRACT
This paper intends to highlight the importance of planning during the period of supervised
internship in Geography III and its contributions to the development of the teaching practice
of the future professional in formation. We verified that the internship period brought
significant contributions, where it allowed a greater acquisition of experience about the
importance of planning to develop practical activities in the school space. In this sense, the
method used to develop this paper was based on observations and experiences lived locally
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during the execution of the stage and through a bibliographical survey, based on readings
made through books and academic articles. In view of these procedures, its notorious to
highlight that planning is characterized by one of the tools that enables the education
professional to orientate himself and ministers a class based on what he had planned. It is
necessary to realize that it is necessary to plan in different ways / modes so that this teacher
does not get stuck in only one way (strategies) to teach a lesson, because, according to the
current school context that we live, it is necessary that the professionals of the education area
are always prepared to exceed the most varied unforeseen that may happen during the
development of their classes.
Key works: Contributions, planning, strategies, teaching practices.
Introdução
O ato de planejar as aulas, é um fato indispensável nas práticas educativas de um bom
profissional que pensa, em um desenvolvimento mais significativo de suas atividades perante
a sala de aula, como também na aprendizagem de seus alunos. Planejar, ultrapassa o
planejamento propriamente dito, uma vez que provoca as relações de poder que se constituem
entre os sujeitos do espaço escolar. Ele interfere nas relações entre direção, supervisão,
professores, além dos alunos e seus familiares (THOMAZI e ASINELLI, 2009).
Com isso, podemos perceber que planejar não é coisa simples, e não pode ser feito de
qualquer forma, pois, implica diretamente no desenvolvimento e/ou dinâmica do espaço
escolar e principalmente da sala de aula. Toda e qualquer aula em que se pense, deve por
obrigação ser planejada, para que esta não venha a ocorrer sob a forma de improviso e,
posteriormente comprometa o trabalho que se pretende realizar.
Planejar, constitui a prática de organizar ações, o planejamento deve existir para atuar
facilitando tanto o trabalho do professor quanto do aluno, ele deve se configurar como uma
organização de ideias e informações (CASTRO; TUCUNDUVA e ARNS, 2008).
No planejamento de uma aula, existirá em sua construção a tomada de decisões que
serão feitas conforme aquilo que se propõe com um objetivo em comum a ser alcançado.
Metas são traçadas, recursos são elencados e conteúdos são organizados, tudo pensando na
melhor forma de se realizar o exercício das atividades e de alcançar o sucesso nestas. O
planejamento está em todo processo educacional, pois ele estabelece e dita exigências, aponta
necessidades básicas, como também determina os recursos básicos a serem utilizados para a
aquisição de finalidades e objetivos da educação (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001
apud CASTRO; TUCUNDUVA e ARNS, 2008). Apesar de ser uma importante ferramenta
para o desenvolvimento das aulas e do trabalho docente, existem professores que não realizam
esta prática, fazendo uso apenas do chamado improviso. Estes são negligentes quanto a sua
prática educativa, implicando em não alcançar os objetivos traçados e comprometendo a
formação cidadã dos alunos. Esta improvisação das atividades docentes traz como
consequência, sérios problemas, levando prejuízo a aprendizagem dos alunos e por
consequência do trabalho escolar como um todo. Diante disso, é necessário quebrar com a
ideia de que o planejamento é uma prática técnica e, que os professores possam refletir o que
realmente é necessário para a formação cidadã dos educandos, sob a ótica da transformação
social.
O planejamento não pode representar um regulador de ações humanas, em outras
palavras, um limitador de ações sociais e pessoais, mas deve ser realizada com a finalidade de
direcionar o ser humano na busca por sua autonomia, em sua tomada de decisões, solução de
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problemas e capacidade de escolha de seus caminhos (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001
apud CASTRO; TUCUNDUVA e ARNS, 2008).
Diante dessas afirmações, podemos perceber que o planejamento de aulas deve ser
feito com o intuito de emancipar o aluno, tornando-o um ser atuante, crítico, social e
participante na sociedade a qual faz parte. O discente, tem que perceber-se importante dentro
do contexto do que se está sendo ensinado, tanto em seu contexto histórico quanto no seu dia
a dia, ou até mesmo para suas ações e formação futura.
Para que se obtenha sucesso no âmbito de emancipação do aluno, faz-se necessário
que o professor tenha noção de todo o contexto sócio espacial a qual está inserida a escola,
assim como seus alunos, trabalhando com a realidade que os educandos se encontram. Sem
isso, serão abertas as portas para a improvisação, deixando a desejar o processo de
ensino/aprendizagem.
Procedimentos Metodológicos
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do mesmo, parte das necessidades
que encontramos no local de trabalho, ou seja, no próprio ambiente escolar, mais
precisamente dentro da própria sala de aula, que consiste em relatos vivenciados pelos
graduandos durante o desenvolvimento das atividades ocorridas no Estágio Supervisionado
em Geografia III.
As vivencias experiências durante o período do desenvolvimento das atividades
ocorridas no estágio, foram bem significativas e muito importantes para o processo de
formação das práticas educativas dos futuros profissionais da educação, onde, possibilitou aos
alunos do curso de geografia, adquirirem experiências em relação a importância de fazer uso
do planejamento antes de desenvolver qualquer atividade no espaço escolar, seja ela, prática
ou teórica.
Para que o estágio se efetivasse com a devida eficácia, os alunos graduandos se
apoiaram em referenciais teóricos que discutem a problemática em questão, sendo estas,
encontradas em livros e artigos científicos e também, nas experiências que a professora
supervisora do referente estágio detinha. Esta, trouxe contribuições importantíssimas em
relação ao ato de realizarmos um bom planejamento prévio em relação as atividades que
pretendíamos desenvolver com os educandos do ensino básico.
Fundamentação teórica
O estágio supervisionado, se configura como uma experiência importantíssima em que
todos os alunos de cursos de licenciatura deveriam vivenciar. Assim como afirmam Scalabrin
e Molinari (2013):
O Estágio Curricular Supervisionado, indispensável na formação de docentes nos
cursos de licenciatura é um processo de aprendizagem necessário a um profissional
que deseja realmente estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira e
deve acontecer durante todo o curso de formação acadêmica, no qual os estudantes
são incentivados a conhecerem espaços educativos entrando em contato com a
realidade sociocultural da população e da instituição. Como preparação à realização
da prática em sala de aula, o tradicional estágio se configura como uma
possibilidade de fazer uma relação entre teoria e prática, conhecer a realidade da
profissão que optou para desempenhar, pois, quando o acadêmico tem contato com
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as atividades que o estágio lhe oportuniza, inicia a compreensão aquilo que tem
estudado e começa a fazer a relação com o cotidiano do seu trabalho.
Desta forma, o planejamento se constitui dentro do estágio supervisionado como uma
importante ferramenta a ser realizada antes de exercermos qualquer atividade dentro e/ou fora
da sala de aula. É o estágio que irá propiciar ao aluno graduando essas vivencias e ganho de
experiência em relação a importância de se executar o planejamento de suas atividades.
Desde os tempos mais remotos, o homem já fazia uso desta atividade, no ato de pensar em
como ele podia caçar, pescar e plantar, elaborando meios para a sua sobrevivência, já ia se
configurando como uma forma de planejamento.
Menegolla e Sant’Anna (2001, p. 15) destacam que: “O ato de pensar não deixa de ser
um verdadeiro ato de planejar”. Ou seja, por mais simples que seja a atividade que
pretendemos executar, já estaremos fazendo uso do planejamento, por exemplo, no ato de
pensamos em ir desenvolver alguma atividade na escola, já estamos fazendo uso desta
ferramenta.
De modo geral, é necessário compreender que o ato de planejar se desdenha como uma
tarefa não muito fácil de realizar. Além disto, a ausência deste pode acarretar algumas
consequências negativas para a aprendizagem dos alunos, já que, quando o docente não faz
um bom planejamento prévio, poderá deixar algumas lacunas em suas atividades a serem
preenchidas.
Estando ligado diretamente com o ser humano, “o planejar das coisas” se concretiza
desde o seu acordar, onde se é pensado todas as ações que irá ser realizadas durante o seu dia.
Ao realizar a atividade de pensar, o homem administra melhor seu tempo e estabelece e
consegui cumprir as suas metas para aquele dia.
Entretanto, o ato de planejar não está somente vinculado à educação, mas sim, em
todas as situações presentes do nosso cotidiano. Portanto, o docente tem que conhecer as
necessidades dos alunos para colocar em prática o que tinha tido planejado anteriormente
E, assim como ocorre na nossa vida diária, com o estágio não diferente, é de suma
importância que o aluno estagiário, assim como todo profissional da educação, antes de
executar qualquer atividade na escola, seja ela teórica ou prática, por mais simples que esta
seja, realize com antecedência o ato de planejar, pois caso contrário, ele poderá enfrentar
grandes dificuldades quando vier a encarar o espaço escolar, caso ele não se prepare para
possíveis situações imprevisíveis que poderão ou não acontecer.
De acordo com Menegolla e Sant’Anna (2001, p. 15) “O ato de planejar é uma
preocupação que envolve toda a possível ação ou qualquer empreendimento da pessoa.
Sonhar com algo de forma objetiva e clara é uma situação que requer o ato de planejar”.
Então, quando pensamos em ir desenvolver alguma atividade na escola, devemos nos planejar
sempre pensando que algo pode dar errado, pois se isso vier de fato a acontecer, já teremos
um segundo plano previamente elaborado, para pormos em prática.
Nesta perspectiva, enfatizamos a importância do estágio para cursos de licenciatura,
pois, uma das coisas que ele nos proporciona é o contato prévio com a sala de aula, ainda em
processo de formação docente. Ele serve para adquirirmos experiência em relação a algumas
atitudes que devemos tomar frente ao ambiente escolar, na qual podemos destacar o
planejamento. O estágio, vem para nos mostrar o que acontece quando fazemos uso de um
prévio planejamento antes de ir para a sala de aula e o que acontece quando este não ocorre,
mostrando na prática as possíveis dificuldades que se têm quando não ocorre esse
planejamento prévio.
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BURIOLLA (1996 apud Maziero e Carvalho 2012, p. 68) falam que, “cabe ao
supervisor, através do processo de reflexão e ação, do diálogo e da crítica, trabalhar junto ao
estagiário suas inseguranças e suas concepções, para que este encontre sua própria identidade
profissional”.
Durante o período de estágio, vale destacar a importância que a professora supervisora
desempenha em relação ao estágio. Ela tem um papel importantíssimo para o
desenvolvimento do planejamento das atividades do educando, pois é ela, que, por sua vez irá
auxiliar o aluno estagiário a desenvolver o seu planejamento, e é em comunhão com ela, que
ocorre o seu primeiro planejamento, onde ela irá falar para o estagiário qual o melhor
conteúdo a ser trabalhado, qual melhor turma para ele atuar, constituindo assim o primeiro
planejamento do aluno estagiário.
No processo de formação desse futuro professor, o supervisor de estágio tem o papel
de propiciar condições para que o estágio se realize de maneira honesta e proveitosa
para o estagiário, para os alunos da escola, bem como, para a escola como instituição
de ensino e corresponsável pela formação inicial de professores. CARVALHO
(1985 apud MAZIERO E CARVALHO 2012 p. 68).
Como podemos perceber, de acordo com os autores supracitados, a professora
supervisora tem uma importância crucial na e para a formação dos futuros profissionais da
educação, guiando como estes devem desenvolver o estágio, os auxiliando no passo a passo
de suas atividades, trazendo contribuições diretas para o futuro profissional da educação ainda
em formação.
A professora supervisora, ainda irá auxiliá-lo avaliando o desenvolvimento das
atividades desenvolvidas pelo aluno estagiário em sala de aula, apontando os pontos positivos
e mostrando os que precisam ser melhorados pelo mesmo, destacando a sua posição perante a
turma, desta forma interferindo indiretamente nos próximos planejamentos do aluno, pois é a
partir das contribuições dela, que ele irá desenvolver novos métodos ou melhorar o
planejamento que ele faz antes de ir à escola.
É importante destacar que, todos os planejamentos realizados pelo aluno estagiário
sobre os conteúdos que ele iria trabalhar em suas aulas, devem ser previamente planejados
com o auxílio da professora supervisora. Pelo fato de esta ter mais experiência com a turma,
ela indicava para o profissional em formação, qual seria o melhor conteúdo a ser trabalhado
com a turma e qual seria a metodologia mais apropriada para ele utilizar, com isso, teremos
um estágio mais significativo, que realmente trará contribuições para a formação do aluno
ainda em processo de formação.
Diante disso, espera-se que o supervisor, no campo de estágio, seja um observador,
in loco, participante das ações dos estagiários na sua turma. Nesse processo de via
de mão dupla, o supervisor deve enviar ao professor orientador as informações
necessárias da atuação do estagiário para as intervenções de aperfeiçoamento da
aprendizagem do estagiário. (MAZIERO E CARVALHO 2012, P. 69).
Com isso, fica claro a verdadeira função do professor supervisor perante as funções
que o aluno estagiário deve desenvolver dentro da sala de aula, como também, a sua própria
função enquanto professor supervisor do estágio e o trabalho em conjunto deste com o
professor orientador do estágio, propiciará ao graduando uma melhor formação de mais
qualidade e muito mais completa, tendo em vista, que todos os seres que fazem parte desta
ação, estão totalmente comprometidos com as suas respectivas funções.
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O professor que não faz o planejamento com a devida cautela antes de desenvolver suas
atividades em sala de aula, ou mesmo fora dela, sentirá muitas dificuldades para enfrentar as
situações imprevisíveis do dia-dia, que são tão normais acontecerem que devemos estar bem
preparados para saber lidar com elas, quando de fato vierem a ocorrer.
Em outros casos, alguns educadores trocam o tempo do planejamento pelo livro
didático, tornando-o uma ferramenta indispensável e única para ministrar suas aulas, e
acabam esquecendo que este deveria ser apenas mais um suporte na preparação de suas aulas.
Em vista disso, acrescentamos que a negação do planejar se da na maioria das vezes, por
alguns educadores trazem o plano de aula como algo já pronto e em sua maioria se esquecem
de lembrar que este também serve para cronometrar a quantidade de conteúdo a ser
ministrado em cada aula.
Devemos levar em consideração que cada aluno terá sua especificidade na hora de
absorver o assunto abordado em sala, alguns demonstraram melhor desempenho durante o
processo de aprendizagem, como também encontraremos outros que se demonstrarão mais
desanimados nas primeiras dificuldades, onde poderão se negar a seguir tentando a entender o
conteúdo.
De acordo com Libâneo (1994, p. 221), “O planejamento é um meio para se programar
as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado a
avaliação”. Então, temos o planejamento como uma ferramenta muito importante, em que, os
docentes devem fazer uso dele para programarem as atividades que eles pretendem
desenvolver em sala de aula.
Sendo assim, Libâneo (1994, p. 222) diz que: o planejamento trata-se de “um processo
de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar
e a problemática do contexto social”. Neste sentido, o plano de aula serve antes de tudo para
organização das aulas e dos conteúdos a serem transmitidos, e além de possibilitar na hora do
planejamento um possível plano “B”, caso haja algum advento.
Já Leal (p. 1) se refere ao planejar como: “um processo que exige organização,
sistematização, previsão, decisão e outros aspectos na pretensão de garantir a eficiência e
eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro, quer seja no nível macro”.
Não podemos deixar de citar que, durante as aulas, é inadmissível que o docente
pratique improvisos durante as suas aulas, onde o professor atua apresentando conteúdo
totalmente desarticulados com o conhecimento prévio que os educandos detêm.
Contudo, durante o planejamento das aulas é que o professor irá realizar as suas
pesquisas sobre os conteúdos que ele pretende trabalhar, indo além da ideia inicial de se
planejar, pois no momento em que o profissional da educação pensa, faz pesquisas, elabora a
sua aula, ele também está adquirindo conhecimento paralelamente a este ato.
Faz-se necessário destacarmos também, o que chamamos de “desânimo na hora do
planejamento”, onde, alguns mestres relatam que o horário dedicado a esta prática, é
ineficiente, devido à grande bagagem de outras atividades que o mesmo desenvolve
concomitante com o magistério, alegando não ter tempo.
De acordo com Inforsato e Santos (2011 apud Menegolla e Sant’Anna, 2008) citam
que:
Á descrença dos professores no planejamento como decorrência de vários fatores, a
maioria deles, relativos às experiências que eles tiveram nas escolas em que
atuaram, as quais lhes demonstraram a inutilidade de fazer o planejamento, pois, em
geral, nada do que é planejado é aplicado.
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Diante disso, os professores relatam que esta ação se transforma em um
prolongamento do recesso escolar, se transformando para eles em uma perca de tempo. A
pouca importância que estes “profissionais” atribuem ao planejamento de suas aulas, se dá em
decorrência da falta de conhecimento que eles têm sobre esta ação, sendo que a mesma se
caracteriza como um dos elementos centrais dos profissionais da educação. Desse modo,
sabemos que a particularidade de cada instituição esta relacionada com o planejamento e
como ele é aplicado durante todo o período letivo.
Diante disso, Castro; Tucunduva e Arns (apud Fusari, 2008) relatam que:
A ausência de um processo de planejamento de ensino nas escolas, aliado às demais
dificuldades enfrentadas pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma contínua
improvisação pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma
prática eventual acaba sendo uma “regra”, prejudicando, assim, a aprendizagem dos
alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.
É difícil pensar em desenvolver uma aula atualmente, sem se quer, pensar no que vai
trabalhar, na forma como fazer isso, como irá tentar ensinar aos educandos, e o planejar vai se
desencadeando como uma ferramenta que possibilita ao docente organizar tudo aquilo que
havia pensado anteriormente, para posteriormente ser posto em prática na sala de aula. Não
esquecendo de destacar que em alguns casos, poderá aparecer certas dificuldades que estão
fora do planejamento, e será neste instante que seremos obrigados a pensar o mais rápido
possível numa forma para soluciona-las, sem pôr em risco o processo de aprendizagem dos
alunos.
Conforme Libâneo (1994, p. 221), “[...] o planejamento é uma atividade de reflexão
acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos
dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses
dominantes na sociedade”. O planejamento se constitui como uma ferramenta em que
devemos pensar e refletir sobre o que devemos trabalhar com os nossos alunos, pois, de
acordo com o autor supracitado, se não fizermos uma boa reflexão do que realmente é
importante para a formação cidadã de nossos alunos, estaremos apenas atendendo aos
interesses das classes dominantes da sociedade.
Thomazi e Asinelli (2009, p. 182 apud Padilha 2001, p. 63), citam que:
Lembramos que realizar planos e planejamentos educacionais e escolares significa
exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e
ideológico e isento de neutralidade. Planejar, em sentido amplo, é um processo que
visa dar respostas a um problema, através do estabelecimento de fins e meios que
apontem para a sua superação, para atingir objetivos antes previstos, pensando e
prevendo necessariamente o futuro, mas sem desconsiderar as condições do presente
e as experiências do passado, levando-se em conta os contextos e os pressupostos
filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e de com quem se planeja.
Conforme os referentes autores acima citados, podemos destacar que o ato de planejar,
não é uma atividade neutra, ou seja, sem nenhum propósito ou intenção. Quando fazemos um
planejamento sobre um determinado assunto, estamos fazendo uma reflexão sobre o mesmo,
estamos pensando algo sobre ele.
Eles ainda falam que planejar, seria discutir como podemos desenvolver nossas
atividades e traçar metas e meios para alcançar nossos objetivos, levando em consideração as
experiências vivenciadas. Isso é bem perceptível durante a execução do estágio, conforme o
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passar do tempo e após ganhamos mais experiência com a vivencia em sala de aula, o nosso
planejamento vai mudando e se adequando a realidade escolar e de nossos alunos.
De acordo com Libâneo (1994, p. 222):
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários
para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações
docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência
permanente as situações didáticas corretas (isto é, a problemática social, econômica,
política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a
comunidade, que interagem no processo de ensino).
O planejamento serve para o docente, como uma ferramenta que ele utiliza antes de
qualquer coisa, para fazer possíveis previsões do que possivelmente ocorrerá em sua aula,
preparando-se para a possibilidade de, se ocorrer algum imprevisto em sua aula, ele venha a
estar preparado para lidar com o mesmo com a maior tranquilidade possível. É importante
destacar na fala do autor, que esse planejamento deve ser feito, sempre levando em
consideração as questões sociais e a influência desta sobre os seres que compõe o espaço
escolar.
De acordo com Dorta e Franco (2013, p. 493 apud Libâneo 1994) dizem que:
O plano de aula bem estruturado favorece a organização do trabalho didático, e
estabelece uma metodologia facilitada com ordem de execução no qual sem dúvidas
poderá influenciar nos futuros resultados de ensino aprendizagem no quais
professores e alunos estarão submetidos.
O planejamento é muito importante para o processo de ensino e aprendizagem. Ele
tem uma contribuição fundamental no processo de ensino, pois é através dele que o professor
irá elaborar metodologias que mais se adequem as características daquela turma com a qual
ele pretende trabalhar. Sua contribuição para o processo de aprendizagem também é bastante
significativa, ele vem para dar suporte ao professor em algum problema que por ventura
venha aparecer no decorrer da aula, não prejudicando os alunos.
Com base nisso Libâneo (1994, p. 225), afirma que:
O planejamento não assegura, por si só, o andamento do processo de ensino. Mesmo
porque a sua elaboração está em função da direção, organização e coordenação de
ensino. É preciso, pois, que os planos estejam continuamente ligados a prática, de
modo que sejam sempre revistos e refeitos.
Com isso, podemos perceber que a elaboração do planejamento não é um fato isolado,
que depende única e absolutamente do profissional da educação. Conforme o referente autor,
não é a elaboração de um bom plano que vamos ter um bom ensino mais efetivo, de boa
qualidade, podemos ver que ele está associado a outros fatores, como por exemplo, os seres
que compõe o espaço escolar.
Ele ainda destaca a importância de não termos um planejamento único, pronto e
acabado, este deve estar adequado ao dia-dia do educando, com a realidade escolar, tornando-
se flexível as mais distintas situações que por ventura podem aparecer.
Durante o ato de planejar, o educador deve levar em consideração a realidade em que
os educandos estão inseridos, e buscar aplicar uma aprendizagem que surta efeito, tendo isso
como o objetivo crucial de suas ações. Em outras palavras, significa dizer que a maneira como
cada profissional aborda determinado tema, pode facilitar ou dificultar a aprendizagem do
aluno.
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Assim como destacam Thomazi e Asinelli (2009, p. 182): “Apesar de se admitir que a
dinâmica do contexto e do cotidiano escolares nem sempre permitem o acompanhamento
rígido e inflexível do planejamento, tal ação, indiscutivelmente, organiza e sistematiza o
trabalho pedagógico, evitando a improvisação”. Esta dinâmica que o espaço escolar nos
apresenta, é o que faz com que o planejamento se torne uma ferramenta passível a alterações.
Podemos inferir que, o planejamento se constitui como uma ferramenta muito
importante para qualquer atividade que pretendemos desenvolver seja em sua vida diária ou
profissional. É indispensável que o professor, antes de desenvolver alguma atividade em sala
de aula, faça um prévio planejamento de suas atividades, pois assim, estará preparado para
situações imprevisíveis, para que não seja pego de surpresa por estas, tendo em vista a grande
diversidade de seres que encontramos dentro da sala de aula e que devemos nos prepararmos
bem para toda esta dinâmica, como afirma Chaves et al. (2012, p. 1) que:
Atualmente as escolas e os alunos vêm sofrendo mudanças impostas pela dinâmica
de uma sociedade em constante transformação pelo avanço da tecnologia e da
ciência, se o professor não acompanhar essas mudanças e não estiver muito bem
preparado não será capaz de oferecer um ensino de qualidade aos seus alunos. Por
isso, torna-se imprescindível o desenvolvimento de estágios supervisionados e
intervenções pedagógicas com o objetivo de aperfeiçoar o processo de ensino-
aprendizagem. Para lidar com essa nova realidade de mudanças e transformações os
professores devem estar preparados e engajados em encontrar alternativas em busca
da melhoria de sua prática docente e assim contribuir de forma mais significativa
com o desenvolvimento de seus alunos.
Diante do que foi discutido, o plano de aula apresenta-se como uma ferramenta
indispensável para o auxílio do educador, possibilitando a este ter um norte. Desta forma, é
importante destacamos também a flexibilidade que o mesmo deve ter, pois se planejamos uma
aula e quando formos desenvolvê-la a turma não conseguir acompanhar o ritmo do conteúdo
apresentado, devemos ali no momento adequar aquele conteúdo o máximo possível a
realidade daquela turma, focando nas duvidas que os alunos apresentem mesmo que não
conseguirmos atingir nossas metas anteriormente planejadas.
O estágio vem para nos proporcionar todas essas vivências e ganharmos mais
experiências, para que, quando viermos estar inseridos no mercado de trabalho estarmos o
mais preparado possível.
Em vista disto, consideramos o planejamento como uma ferramenta de suma
importância para o desenvolvimento das práticas pedagógicas, para o processo de ensino e
aprendizagem dos alunos e para o andamento das atividades escolares. Constitui-se como um
indispensável instrumento na realização das atividades laborais docentes. Deve ser pensado
para os alunos, visando a promoção da autonomia dos discentes, preparando-os para o
exercício da cidadania, e participação em sociedade. O planejamento é configurado por
etapas, que atua facilitando o desempenho das atividades no momento de sua execução,
diretamente relacionado a efetivação de bons resultados, uma vez que, o professor irá traçar
seus conteúdos com melhor organização, traçar objetivos, aplicar conteúdos, traçar metas e ao
final, fazer uma avaliação do que foi feito. Contudo, o planejamento fornece ao professor,
uma pequena noção da relevância que sua aula tem.
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Considerações finais
O referido trabalho teve como intuito principal mostrar uma breve discussão sobre a
importância do planejamento durante o período do estágio, para a vida dos profissionais da
educação, onde, é verificado que o mesmo se desdenha como uma das ferramentas que
condiciona o docente a pensar e repensar as suas práticas educativas e o que ele pretende
trabalhar com seus alunos, com isso, construindo em conjunto com os educandos uma
aprendizagem mais significativa e de maior qualidade.
Neste sentido, é possível constatar que o planejamento de desdenha como uma
importante ferramenta a ser utilizada pelo professor, pois, é a partir deste, que estes
profissionais irão fazer a organização dos conteúdos a serem trabalhados com os educandos
do ensino básico, tanto em sala de aula como além deste espaço.
Sendo assim, é importante destacar que, quando não ocorre o ato de se planejar
previamente determinadas atividades, poderemos enfrentar sérios problemas em relação ao
processo de ensino/aprendizagem, pois, na medida em que o professor deixa de exercer essa
prática pedagógico, trazendo na maioria das vezes um discurso falsário apoiado em seus anos
de experiência docente, onde, justifica que não necessita parar para (re) pensar as suas
práticas, devido a toda a sua carga de conhecimento adquirida ao longo dos anos de
magistério e, a partir de atitudes como essas, ele pode vir a passar por dificuldades dentro da
sala de aula e sem estar preparado para este tipo de situação, põe em risco o desenvolvimento
do aprendizado do aluno.
Nesta perspectiva, evidenciamos que para se obter resultados significativos se faz
necessário que se tenha um feito um bom planejamento antes de desenvolver qualquer
atividade dentro do espaço escolar, desta maneira, para exercer um bom trabalho (à docência),
se destacar com resultados positivos é necessária qualidade dos profissionais para planejar e
assim, atingir seus respectivos objetivos.
Evidenciamos a flexibilidade que o planejamento deve ter durante o desenvolvimento
de certas atividades, se adequando o máximo possível as reais necessidades dos educandos,
tonando-se a peça fundamental na arte de ensinar e aprender. Não devemos nunca ir
despreparados para a sala de aula, sem planejamento, sem saber o que fazer, utilizando-se do
improviso, ter sempre em mente o compromisso, a responsabilidade e a ética com nosso
trabalho. Enfatizamos que o livro didático não pode limitar o ensino e nem muito menos a
aprendizagem do aluno, o professor não pode fazer deste uma ferramenta única e exclusiva no
seu papel docente.
Portanto, é necessário que durante o desenvolver dos procedimentos (planejamentos),
que os educadores trabalhem dentro da realidade presenciada e vivida dos educandos, tendo
em vista, despertar um maior interesse nos alunos em aprender. Deixando sempre em
evidência que, diante do contexto escolar é preciso (re) pensar a maneira como ocorrerá o
planejamento, as metodologias a serem trabalhadas, assim como observar todo o desenrolar
durante o processo de avalição, para saber se realmente os resultados estão sendo positivos.
Contudo, diante de tudo que foi exposto e discutido ficou a reflexão que, por mais que
possamos observar, analisar, e, até reproduzir modelos preexistentes de como ensinar, essas
atividades devem apenas servir como base para construção do nosso perfil enquanto
professor, sempre pensando na perspectiva de que o profissional da educação está em
constante formação/construção. O bom professor, é aquele que repensa suas práticas para o
seu melhor desempenho, e principalmente para o crescimento intelectual e social de seus
alunos, enquanto membros de uma sociedade e prontos para o exercício da cidadania.
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QUESTÕES QUE NORTEIAM A AVALIAÇÃO ENQUANTO PROCEDIMENTO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Gleydilene Ferreira Duarte
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG-CFP
Francisca Natália Félix
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG-CFP
RESUMO
O presente artigo traz uma discussão a cerca da avaliação da aprendizagem escolar em
Geografia, uma prática fundamental do processo de ensino-aprendizagem e que fornece
informações não apenas sobre o aproveitamento dos alunos, mas também sobre a prática
docente, para que o mesmo possa reorientar e aprimorar continuamente seu trabalho. Esse
estudo traz uma abordagem sobre a avaliação na prática docente do professor de Geografia, e
faz alguns apontamentos sobre ensinar, aprender e avaliar em Geografia. Assim, essa pesquisa
tem como objetivo, buscar refletir teoricamente a avaliação enquanto procedimento do
processo de ensino e aprendizagem em geografia. Para alcançar os objetivos propostos nesse
estudo, a metodologia adotada pariu de uma análise qualitativa e descritiva do material
levantado, tendo em vista a pesquisa bibliográfica por meio de livros, artigos e teses. Utilizou-
se como referencial teórico: Callai (2012), Cavalcanti (2010), Kimura (2010) Perrenoud
(1999) entre outros. Dessa forma, visto que a avaliação é fundamental na prática pedagógica,
torna-se importante um estudo sobre esse tema, abordando a contribuição desse instrumento
para auxiliar na construção do conhecimento geográfico, pois espera-se a partir das reflexões
aqui colocadas, que a mesma deve ser entendida para além de um momento decisivo do
processo de ensino-aprendizagem, mas sim como um instrumento comprometido com a
eficiência da aprendizagem. .
Palavras- chaves: Avaliação Escolar. Aprendizagem. Ensino de Geografia. Prática Docente.
ABSTRACT
This article presents a discussion about the evaluation of school learning in geography, a
fundamental practice of the teaching-learning process and that provides information not only
on the students' use but also on the teaching practice, so that it can reorient and continuously
improve their work. This study brings an approach to evaluation in the teaching practice of
the Geography teacher, and makes some notes about teaching, learning and evaluating in
geography. Thus, this research aims to seek to theoretically reflect evaluation as a process of
teaching and learning in geography. In order to reach the objectives proposed in this study, the
methodology adopted resulted from a qualitative and descriptive analysis of the material
collected, in view of the bibliographic research through books, articles and theses. It was used
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as theoretical reference: Callai (2012), Cavalcanti (2010), Kimura (2010) Perrenoud (1999)
among others. Thus, since evaluation is fundamental in pedagogical practice, a study on this
subject is important, addressing the contribution of this instrument to assist in the construction
of geographic knowledge, since it is expected from the reflections set forth that the same
should be understood beyond a decisive moment in the teaching-learning process, but rather
as an instrument that is committed to the efficiency of learning.
Key-words: School evaluation. Learning. Teaching Geography. Teaching Practice.
INTRODUÇÃO
Frente às dificuldades impostas atualmente quanto à melhoria da qualidade da
educação, refletir sobre a avaliação no cotidiano do trabalho docente é fundamental, visto que
a mesma consiste em uma prática reflexiva do processo de ensino-aprendizagem que fornece
informações não apenas sobre o aproveitamento dos alunos, mas também sobre a prática do
professor, para que o mesmo possa reorientar e aprimorar continuamente sua prática,
buscando sempre os melhores resultados. A
avaliação escolar é um componente do processo de ensino e aprendizagem que assume grande
importância no trabalho pedagógico do professor, atuando como procedimento essencial para
o desenvolvimento e aprimoramento de sua prática. O exercício da avaliação é complexo e
não se resume apenas às provas e atribuição de notas, pois deve-se priorizar os conhecimentos
dos alunos, tanto aqueles que ele traz de suas vivências fora da sala de aula quanto àqueles
que o aluno aprimorou ou construiu na escola.
É importante ressaltar nesse contexto, a importância de repensar a ação docente no que
se refere à avaliação, pois é um desafio que se coloca constantemente na formação de
professores, uma vez que, partindo de uma formação profissional desqualificada e superficial,
os professores tendem a encarar a avaliação como um processo puramente objetivo e
direcionado apenas para quantificar a aprendizagem, classificando os alunos unicamente por
uma nota atribuída ao desempenho em uma prova meramente decorativa.
Visto que a avaliação é fundamental na prática pedagógica, torna-se importante um
estudo sobre esse tema, abordando a contribuição desse instrumento para auxiliar na
construção do conhecimento geográfico, pois a mesma deve ser entendida para além de um
momento decisivo do processo de ensino-aprendizagem, mas sim como um instrumento
comprometido com a eficiência da aprendizagem.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia adotada para a realização desse trabalho partiu uma análise qualitativa
e descritiva do material levantado, a fim de realizar uma melhor construção da sistematização
do estudo, assim como uma reflexão teórica das questões que norteiam o tema em estudo.
Para tanto, foi realizado uma pesquisa bibliográfica, utilizando-se de uma literatura
atualizada e especializada, de livros, publicações em anais de congressos, artigos, teses e
dissertações, numa perspectiva critica, a fim de ter-se uma melhor fundamentação teórica e
reflexão do material levantado.
A avaliação da aprendizagem escolar na prática docente em Geografia
Diante dos desafios para a concretização de uma prática pedagógica comprometida
com uma aprendizagem significativa dos alunos, e á melhoria da qualidade da educação, a
avaliação destaca-se como um componente imprescindível desse processo, na medida em que
se constitui como prática reflexiva do processo ensino e aprendizagem. Pensando nisso, a
melhoria do ensino e consequentemente da avaliação da aprendizagem representam um dos
maiores desafios para o professor, para a escola e para o sistema educacional.
Os desafios relacionados à avaliação da aprendizagem em Geografia se colocam no
processo de ensino-aprendizagem desde a formação docente, pois se o professor conclui uma
formação baseada em uma perspectiva tradicional, conservadora, é provável que desenvolva
uma prática coerente com o que aprendeu, e não voltada para atender às necessidades que esse
profissional, em conjunto com os demais atores da escola, deveria identificar e buscar atender
(CALLAI, 2012).
A prática docente deve se basear em métodos didáticos que estimulem a
aprendizagem, com base em atividades nas quais o aluno possa participar ativamente.
Valorizando o ensino a partir dessa abordagem, o professor certamente estará criando meios
de avaliar o aluno de uma perspectiva qualitativa, valorizando o conhecimento adquirido pelo
aluno e não simplesmente colhendo dados para classificar os alunos segundo métodos
puramente objetivos (NASCIMENTO, 2005).
Nessa perspectiva, o professor de Geografia, atuando em conformidade com as tendências
atuais para a educação, superando as práticas pedagógicas tradicionais, buscando oferecer a
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seus alunos a oportunidade de compreender como os conteúdos ministrados em sala de aula
podem influenciar positivamente suas vidas. Contudo, isso significa criar meios para
oportunizar a aprendizagem através de uma prática avaliativa condizente com as metodologias
de ensino.
A prática avaliativa está diretamente relacionada ao significado construído pelo
professor para a avaliação da aprendizagem, na qual a construção de uma avaliação como um
efetivo instrumento de comunicação e melhoria do processo de ensino-aprendizagem depende
fundamentalmente de uma formação inicial coerente com o que se almeja para a
concretização de uma educação de qualidade. (CAVALCANTI; et al 2009).
No enfrentamento dos desafios que se observam no processo de avaliação da
aprendizagem em Geografia, é necessário diversificar os instrumentos de avaliação,
privilegiar o conhecimento prévio do aluno e a capacidade de leitura, compreensão e
representação do espaço, buscando identificar as formas como o aluno compreende os
conceitos geográficos e os relaciona a sua realidade.
Libâneo (2006, p.95), ao tratar do processo de avaliação e de sua importância para o
ensino, considera que a avaliação é uma tarefa fundamental do trabalho docente, que deve
estar presente em todo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que
vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são utilizados
para constatar progressos, dificuldades e reorientar o trabalho para as correções necessárias.
O autor ainda aponta que a avaliação escolar desempenha três funções básicas: função
pedagógica didática, diagnóstica e de controle. A primeira refere-se ao papel da avaliação no
cumprimento dos objetivos da educação escolar. A avaliação, nessa perspectiva, contribui
para a assimilação e fixação, visto que a correção de erros eventualmente cometidos favorece
o aprofundamento e ampliação de conhecimentos e habilidades. Já a função de diagnóstico
permite identificar dificuldades e progressos dos alunos, como também a atuação do
professor, determinando modificações no processo de ensino para atender às exigências dos
objetivos. A função de diagnóstico pode ser considerada a mais importante, uma vez que
permite cumprir a função pedagógico-didática e fundamenta a função de controle. Trata-se de
uma avaliação realizada no início, durante e ao final do desenvolvimento das aulas.
A função de controle da avaliação escolar diz respeito aos meios e a frequência das
verificações e qualificação de resultados escolares, possibilitando diagnosticar as situações
didáticas. Nesse sentido, há um controle sistemático que ocorre a partir da interação entre os
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alunos e o professor durante as aulas, por meio de uma variedade de atividades, permitindo ao
professor observar a forma como os alunos estão assimilando conhecimentos e habilidades.
Entretanto, em um processo de avaliação no qual o professor valorize o conhecimento
do aluno e não simplesmente a memorização de conceitos, é importante que o erro seja visto
como uma hipótese a ser reformulada. Assumindo essa postura o professor busca
compreender a forma de pensar do aluno, diagnosticando as necessidades e discutindo as
soluções com a comunidade escolar.
Para Rabelo (2010), a avaliação deve se transformar em um momento efetivamente
integrante do processo de ensino-aprendizagem, indispensável e para o qual deve ser dada a
devida importância. Isso é necessário porque, em uma prática na qual prevalece à mera
transmissão de conteúdos, a aprendizagem se torna um processo mecânico, caracterizada pela
repetição e memorização de conceitos.
Diante disso, demanda-se uma mudança efetiva na prática avaliativa através da
avaliação formativa, visando o desenvolvimento integral do aluno, visto que é de grande
importância estabelecer um diagnóstico correto para cada aluno, identificando as possíveis
causas de dificuldades e do eventual fracasso escolar. É o momento de priorizar a qualificação
da aprendizagem, e não a quantificação.
Para Perrenoud (1999, p. 103) “é formativa toda avaliação que ajuda o aluno a
aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participa da regulação das aprendizagens e do
desenvolvimento no sentido de um projeto educativo”. Nesse sentido, os diagnósticos
contínuos favorecem um acompanhamento permanente de cada aluno, fornecendo ao
professor as informações fundamentais para que possa elaborar metodologias adequadas para
atender a cada necessidade. O ato de avaliar requer o conhecimento sobre o aluno. Para isso, o
professor deve acompanhar seu comportamento, suas atividades e aprendizagens no âmbito
escolar, valorizando também suas experiências prévias. Promover a aprendizagem exige do
educador que conheça seus alunos. Para isso é preciso analisar as conversas, conhecer o
contexto no qual o aluno está inserido e assumir o compromisso de aperfeiçoar o tempo e as
oportunidades de promover a aprendizagem (MANFIO; et al. 2014).
Pensando nisso, procuramos refletir como a avaliação da aprendizagem escolar vem sendo
encarada na disciplina Geografia, diante do atual quadro de mudanças que temos vivenciado
no ensino de Geografia. As discussões têm apontado para a necessidade de valorizar recursos
que busquem superar o uso de metodologias tradicionais, nas quais o professor é considerado
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o detentor do conhecimento e geralmente reféns do livro didático, e os alunos por sua vez
receptores de informações. Assim, superando essas práticas que já se revelaram ineficazes,
tem demandado novas formas de ensinar, e consequentemente de avaliar.
Alguns apontamentos sobre ensinar, aprender e avaliar em Geografia.
A Geografia Escolar foi muito discutida nos últimos anos, mas considera-se que ainda
há muito para ser alcançado. A busca pelo avanço e pela mudança permite que sejam
identificadas alternativas para que a geografia seja trabalhada em sala de aula a partir de uma
perspectiva libertadora, cumprindo assim com o papel de formar cidadãos preparados para
lutarem por uma sociedade mais justa. Para isso, no entanto, é necessário que o processo de
ensino e aprendizagem em Geografia assuma uma postura crítica e transformadora
(RABELO, 2010). Nesse sentido,
Pensar em alterações no ensino da Geografia significa, num primeiro momento,
caminhar no sentido de eliminar a feição de uma disciplina enfadonha e decorativa,
características que têm marcado este campo do saber e, simultaneamente, rever os
conceitos e categorias analíticas, numa dinâmica que acabe por descobrir e
convencer professores e educandos do importante papel que esta ciência tem no
processo de formação do cidadão consciente e crítico de sua realidade. (OLIVEIRA;
TRINDADE, 2007, p. 65).
A forma como muitos professores articulam o ensino de Geografia na sala de aula, na
qual os conteúdos são abordados totalmente desvinculados da realidade do aluno, tornam-se
temas sem significado para os alunos. A falta de contextualização, ao ignorar os
conhecimentos prévios dos alunos e a realidade que os cerca, é um dos principais obstáculos
para a aprendizagem significativa em Geografia.
Para tanto o ensino de Geografia deve proporcionar ao aluno o desenvolvimento de
habilidades e competências, que o possibilite analisar e interpretar criticamente a realidade em
que vive, proporcionando aos alunos a capacidade de realizar análises do espaço geográfico,
bem como compreender as relações que se estabelecem entre os aspectos sociais, políticos
econômicos e culturais e o seu cotidiano.
Assim, o ensino de Geografia tem enfrentado algumas dificuldades no que trata sobre
o processo de avaliação da aprendizagem, principalmente por ainda ser tratada como
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disciplina de memorização, na qual alguns professores encontram-se reféns de livros didáticos
meramente conteudista, e cobram de seus alunos uma avaliação pontual, desarticulado, sem
levar em consideração a aprendizagem dos alunos. Para Nascimento
(2005), para que haja sucesso no processo avaliativo, é necessário levar em consideração a
dinamicidade teórico-metodológica da prática educativa do ensino de Geografia. A avaliação
não pode ocorrer de forma isolada, é preciso estabelecer objetivos precisos sobre o processo
de construção de aprendizagens significativas, buscando oportunizar aos alunos condições e
instrumentos que possibilite a compreensão da realidade em que vivem, ou seja, a
compreensão do espaço geográfico. Nessa perspectiva, para Callai (2012) a avaliação da
aprendizagem em Geografia deve enfatizar principalmente a formação de conceitos
geográficos essenciais, como a natureza, território, sociedade, paisagem, lugar, região, entre
outros, como também no entendimento de relações sócio espaciais. Cabe ao professor, nesse
processo, avaliar os alunos quanto à formação de conceitos geográficos e assimilação das
relações que ocorrem no espaço.
Para tanto, a avaliação da aprendizagem em Geografia não deve se prender à
verbalização de conceitos, pois esses devem ser relacionados a outros conceitos e
conhecimentos pré-estabelecidos, já que a aprendizagem efetiva só é alcançada quando
fenômenos são compreendidos e entendidos como parte da realidade objetiva. Ao aprender, o
aluno se torna capaz de resolver problemas tanto no âmbito escolar, quanto fora dele.
(RABELO, 2010).
Nesse contexto, o processo de avaliação no ensino de Geografia se torna um
instrumento que auxilia no processo de ensino, quando o mesmo passa a exercer sua
verdadeira função, ou seja, avaliar não somente os conhecimentos do aluno no momento
isolado, através de provas que preconizam a “decoreba”, mas, especialmente a capacidade do
aluno compreender o conteúdo ensinado e em seguida adquiram competências e habilidades
para utilizar os conhecimentos construídos em sala de aula na sua realidade.
Cavalcanti (2009) ressalta que o professor de Geografia deve utilizar-se de
instrumento avaliativos que visem à compreensão dos conhecimentos geográficos, bem como
sua autonomia na construção de relações entre o que é ensinado na sala de aula e o que se
vivencia no cotidiano. Além disso, ao utilizar diferentes recursos e instrumentos no momento
da avaliação, possibilita o professor retomar aspectos que precisam ser revistos e
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reorientando, dimensionando e enfatizando sua abordagem em função do processo de
aprendizagem, tanto no âmbito coletivo quanto individual, quando julgar necessário.
Sabe-se que muitas vezes as formas que o professor utiliza para avaliar o
conhecimento dos alunos nem sempre refletem o real aprendizado, pois é possível, por
exemplo, que o aluno simplesmente memorize o conteúdo a ser exigido em uma prova e, logo
em seguida, esqueça praticamente de tudo, pois o que houve foi memorização e não
aprendizagem.
Kimura (2010, p. 188) considera que avaliação da aprendizagem em Geografia, deve
ser articulada a fim de diagnosticar a prática docente no processo de ensinar e aprender e,
como um instrumento para alunos situarem-se no seu fazer-pensar. Assim, o aluno necessita
compreender o que aprende, por que aprende e como aprende, para que a partir do
esclarecimento e contextualização dos conteúdos, crie condições de compreender melhor os
conhecimentos geográficos de maneira mais significativa. Partindo desse prisma, a avaliação
da aprendizagem em Geografia não pode ser pontual e quantificável. Ela pressupõe o
exercício de ir além da assimilação de conteúdos, requer a ampliação dos horizontes de
aprendizagem de maneira a contemplar as experiências cotidianas e trazê-las à reflexão no
ambiente da sala de aula.
Avaliar em Geografia, segundo Zambone (2012), significa utilizar instrumentos
relacionados com a ampliação da capacidade de leitura dos espaços. Partindo dessa
perspectiva, os mapas, desenhos, croquis e imagens são instrumentos que podem ser
utilizados, mesmo de uma forma ainda tímida. No entanto, a prova, formada por questões de
múltipla escolha ou dissertativas, ainda é o instrumento mais utilizado para avaliar a
aprendizagem em geografia.
A avaliação em Geografia exige que o aluno seja levado a construir análises com base
nos conceitos e no pensamento geográfico desenvolvido em sala de aula, e não simplesmente
repetindo em uma prova, com frases curtas, um ou outro conceito que memorizou estudando o
livro didático (ZAMBONE, 2012).
Não basta ser adepto da idéia de uma avaliação formativa. Um professor deve ainda
ter os meios de construir seu próprio sistema de observação, interpretação e
intervenção em função de sua concepção pessoal de ensino, dos objetivos, do
contrato didático, do trabalho escolar. Propor modelos de ação que exigiriam do
agente a renúncia ao que ele é, ao que ele faz de boa vontade, ao que ele crê justo ou
eficaz não pode levar a uma mudança duradoura das práticas (PERRENOUD, 1999,
p. 122).
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Uma perspectiva atual que norteia o ensino e a avaliação da aprendizagem da Geografia
aponta a necessidade do professor considerar a realidade dos alunos, relacionando-os com os
conteúdos geográficos, trazendo para o ensino da Geografia e para a avaliação da
aprendizagem o entendimento de que o aluno deve ser capaz de aplicar o conhecimento
adquirido na escola em situações do dia a dia, compreendendo e atuando na sociedade em que
vive de uma maneira consciente e autônoma.
Contudo, a avaliação adequada da aprendizagem em Geografia não pressupõe o uso
de instrumentos necessariamente considerados difíceis. Pelo contrário, são instrumentos
ideais para o conhecimento que o professor objetiva avaliar. Utilizar o instrumento de
avaliação adequado, nesse sentido, significa, antes de tudo, que o professor sabe exatamente o
que busca avaliar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das reflexões realizadas nesse trabalho é possível afirmar que é necessário que
a avaliação deixe de ser encarada como uma arma, tanto por alunos quanto por professores,
visto que, ao intimidar o aluno por meio de uma prova, o professor não está utilizando uma
postura pedagógica. Ao se sentir ameaçado, o aluno teme fazer perguntas e demonstrar que
não sabe. Uma prova muitas vezes gera ansiedade, preocupação e temor por parte do aluno.
Espera-se, com base nessas necessidades, que o professor de Geografia avalie a
aprendizagem dos alunos a partir de um maior estreitamento das relações entre o ensino e a
avaliação, cumprindo o papel de verdadeiramente buscar identificar se o aluno é capaz de
aplicar o que aprendeu em uma situação prática na sala de aula ou na vida cotidiana.
Para atender a essa demanda, cabe ao professor mobilizar saberes, renovando o
pensamento e fugindo das rotinas e práticas tradicionais. Diversificar e contextualizar as aulas
são atitudes fundamentais de um professor comprometido com a aprendizagem de seus
alunos.
No entanto, avaliar a aprendizagem em Geografia de uma maneira comprometida,
exige o confronto entre objetivos pretendidos e alcançados, os interesses e valores dos alunos,
possibilitando ao professor a compreensão sobre os limites e possibilidades de cada um e,
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com base nesse diagnóstico, desenvolver metodologias cada vez mais eficientes para
favorecer o desenvolvimento do educando.
Portanto, no que tange sobre o processo de avaliação no ensino de Geografia, o
professor deve romper com a ideia de que esta é uma disciplina essencialmente teórica,
mostrando para os alunos as relações práticas entre os conceitos geográficos e as situações
observadas no cotidiano. Seguindo essa atitude, certamente o processo de avaliação, conforme
a discussão desse artigo se tornará mais dinâmico e produtivo tanto para o professor quanto
para os alunos.
REFERÊNCIAS
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CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos/ CALLAI, Helena Copetti/ KAERCHER, Nestor
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OLIVEIRA, C. G. S. de.; TRINDADE, G. A. Ensino de Geografia e reflexões acerca da
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ZAMBONE, G. O processo de avaliação nas aulas de geografia. Revista Brasileira de
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<http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/78> Acesso em
Setembro de 2015.
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A CHARGE NO ENSINO DE GEOGRAFIA: APLICAÇÕES NO ESTUDO DA
PAISAGEM.
Jefferson Santos Fernandes
Universidade Federal de Campina Grande - CFP/UFCG
Andreia Carlos Feitosa
Universidade Federal de Campina Grande - CFP/UFCG
Resumo
O presente artigo busca discutir a Charge como recurso didático no Ensino de Geografia a
partir do estudo da categoria Paisagem em sala de aula. Esta preocupação resulta de uma
experiência de estágio supervisionado realizado com os alunos do 6º ano em uma escola
pública municipal em Aurora-Ce. A Charge foi a metodologia utilizada para a abordagem de
um capítulo do livro didático que tratava sobre as transformações na Paisagem da terra no
tempo geológico e histórico-social. Como resultado os educandos apresentaram ao longo do
estágio um maior envolvimento com a disciplina e interesse pelos conteúdos escolares,
evidenciando a potencialidade da Charge em atrair a atenção destes através da sátira e da
crítica em representações gráficas, sendo deste modo uma metodologia de grande
aplicabilidade para o Ensino de Geografia.
Palavras-chave: Ensino de Geografia; Charge; Paisagem.
Introdução
O processo de ensino é, por natureza, essencialmente dinâmico, e na atualidade precisa
de novas mobilizações para a promoção da aprendizagem. O Ensino de Geografia, por sua
vez, não está fora desta realidade. É necessário dinamizar o acompanhamento do
desenvolvimento social, econômico e cultural de nossa sociedade, fazendo com que o espaço
escolar seja um ambiente prazeroso para os alunos. Formas alternativas com novas
metodologias para a troca de conhecimentos são cada vez mais urgentes. Cabe ao
professor(a), neste caso, estar atento e consciente sobre o seu papel de mediador e de
formador de opiniões para criar e articular novas metodologias de ensino.
É neste contexto que a Charge surge como proposta viável para a promoção do ensino-
aprendizagem. Este gênero textual constitui-se em uma proposta de nova leitura, crítica e
dinâmica, pois segundo Lessa (2007, p. 02) “sabe-se que a linguagem se estabelece na
interação entre sujeitos” tornando a sala de aula um espaço de “pesquisa-ação-produção”, ou
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seja, proporcionando a ampliação do conhecimento e aperfeiçoamento de sua formação
escolar.
Na disciplina de Geografia, é possível trabalhar com vários recursos didáticos, devido
ao extenso volume de temas sociais críticos e contemporâneos que esta ciência abarca. As
Charges que são veiculadas pelos meios de comunicação tais como TV, internet, jornais e as
contidas no próprio livro didático, são um caminho viável nesta perspectiva. Faz parte da
necessidade de intervir na conhecida falta de interesse pelos conhecimentos geográficos na
escola, e por termos uma ciência tão rica em conhecimentos sendo tratada como disciplina
“mnemônica”, e por sua vez, desinteressante. É preciso, desta forma, que o(a)
professor(a) de Geografia, volte sua preocupação para as técnicas de ensino, a dominação do
conteúdo e a contextualização dos temas abordados com a realidade dos sujeitos,
compreendendo que a atividade docente vai além da sala de aula, e envolve todo espaço social
e experimentado pelos educandos. A ampliação dos conhecimentos no exercício da docência
resulta na qualidade de como será construída as informações para o(a) aluno(a). O(a)
educador(a) necessita estar sempre inovando e buscando novas metodologias e aprendizados,
e pesquisando outras formas de avaliação visando o rompimento das metodologias
tradicionais. A Charge é um elemento importante para essa conquista, visando a substituição
de exames rigorosos por novas formas de avaliar a aprendizagem.
Este trabalho apresenta as reflexões resultantes da experiência do estágio
supervisionado realizado com os alunos do 6º ano em uma escola de ensino fundamental, no
município de Aurora-Ce, onde trabalhamos a categoria Paisagem a partir da utilização de
Charges como ferramenta didático-pedagógica no Ensino de Geografia. Tivemos como base
os conteúdos de um capítulo do livro didático, que tratava sobre as transformações na
Paisagem do planeta terra ao longo do tempo geológico e histórico-social. As Charges que
tratavam destas transformações possibilitaram uma leitura crítico-reflexiva sobre o espaço
geográfico vivido e experimentado pelos(as) alunos(as), bem como contribuíram para um
interesse maior na disciplina.
Desejamos assim contribuir para a ampliação do debate sobre a utilização de novas
metodologias, linguagens e recursos no Ensino de Geografia para promoção da construção do
conhecimento e ampliação da capacidade dos processos de promoção do ensino-
aprendizagem.
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Preocupações Metodológicas no Ensino de Geografia
A compreensão espacial das ações, objetos e fenômenos, partindo do pressuposto de
que o sujeito é componente da materialidade social, é uma missão para o(a) professor(a) de
Geografia. Por ser o espaço geográfico uma instância da sociedade, dinâmico, e em constante
transformação, estudá-lo nestas condições requer uma análise da sociedade e da natureza, bem
como do jogo de influência existente nessa relação.
Diante do dinamismo presente na relação sociedade-natureza na produção do espaço
geográfico, Cavalcanti (2002, p.11) aponta que “a Geografia escolar tem procurado pensar o
seu papel nessa sociedade em mudança, indicando novos conteúdos, reafirmando outros,
reatualizando alguns outros, questionando métodos convencionais, postulando novos
métodos”. Ou seja, o Ensino de Geografia não é algo estático, imutável, pois sendo pouco
provável que um médico com os instrumentos e métodos clássicos consiga tratar um paciente,
o(a) professor(a) em pleno século XXI, em meio a tanta efervescência de acontecimentos, seja
capaz de sucesso em suas aulas com práticas metodológicas do passado, como por exemplo,
insistir na memorização de fenômenos apenas para uma posterior avaliação e nota.
A sala de aula na disciplina de Geografia, em especial na escola pública, deve tornar-
se em um palco de processos ambiciosos onde o(a) professor(a) de Geografia tem o desafio de
fazer a mediação do conhecimento dos conteúdos e a formação política diante da atual
conjuntura social do país, dada a presença de grupos hegemônicos no poder e os recentes
ataques sofridos pela classe trabalhadora, pois historicamente o ensino público é destinado
aos filhos(as) de trabalhadores(as) assalariados(as). A sala de aula ainda, tal como se
apresenta hoje, segue análoga a uma modelo de produção fabril, que segundo Santana Filho
(2010, p 02):
As exigências são econômicas e mercadológicas, orientadas pelos novos
modelos de produtividade e competitividade, para os quais, afirmam os
gestores e mentores do sistema escolar público, os educandos (filhos da
classe trabalhadora) precisam estar habilitados e capacitados.
É fundamental que escola trabalhe a realidade social e cultural dos educandos, sendo
as particularidades levadas em conta no processo de ensino-aprendizagem, caso contrário, os
conteúdos tornam-se distante da compreensão e assimilação por parte destes. Por isso a
importância de se conhecer o(a) aluno(a) para não ocorrer o erro de nivelação, pois em uma
sala de aula com várias pessoas de personalidades e histórias de vida diferentes, todas acabam
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tendo características próprias, identidades, histórias, problemas, individualidades, e o(a)
professor(a) precisa estar disposto(a) a lidar com estas diferenças. De acordo com Alves
(2016) “a importância sócio-educacional que o Ensino de Geografia detém para a formação
do educando, do homem cidadão, é imprescindível”, estando a escola ciente da importância
dos conteúdos geográficos para a formação humana.
A intenção de tornar a aula mais instigante e participativa, por meio da utilização das
Charges com o interesse de gerar diálogos partindo do local para o global. A utilização dessa
metodologia deve ser merece especial destaque para uma triagem com compatibilidade a
propósito dos objetivos e conteúdo a serem assimilados pelos educandos. No
Ensino de Geografia, a Charge como ferramenta didático-pedagógica pode ter grande
utilidade na abordagem das categorias de análise e de cunho político. Ao tratar de temas
vistos como “tabus”, por exemplo, a Charge contribui no sentido de que, por meio das
representações gráficas, os(as) alunos(as) possam fazer uma leitura crítico-reflexiva não
apenas sobre as transformações espaciais ao longo do tempo, mas também, as problemáticas
postas na atualidade como é a questão da violência contra a mulher, racismo, intolerância
religiosa etc. O(a) professor(a) do século XXI precisa estar preparado para abordar estes
assuntos, de forma sensata e consciente.
Aplicações da Charge no Estudo da Paisagem
A Charge é tida como uma metodologia de ensino que possui enorme potencialidade
para o ensino-aprendizagem, uma vez que permite a leitura crítica de mundo representada nas
imagens e no texto. É um gênero textual que consegue explorar o dito e o não dito na
representação gráfica, provocando as mais profundas interpretações.
Para Alves, Pereira e Cabral (2013) as Charges são riquíssimas em intertextualidade,
permitindo que o receptor raciocine e analise o que é subtendido nas mesmas. É uma leitura
dinâmica que exige, porém, conhecimento prévio do assunto, o que deve ser trabalhado em
sala de aula.
Romualdo apud Alves, Pereira e Cabral (2013) considera que a Charge é um tipo
de gênero textual que atrai o leitor, posto que a imagem é de rápida leitura e consegue
transmitir múltiplas informações de maneira condensada. Está geralmente ligada a um tema
discutido na atualidade, sendo constantemente veiculadas pelos meios de comunicação como
internet, jornais impressos, revistas e programas de TV.
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Uma das características principais da Charge é o humor nas suas representações, a sátira,
normalmente com um fim político. A Charge consegue assim romper com a velha monotonia
posta em sala de aula através do uso exclusivo do livro didático. É uma metodologia
inovadora e criativa, que consegue despertar a curiosidade dos estudantes pelos assuntos
escolares, sendo, portanto, um recurso estratégico no processo de ensino-aprendizagem.
No Ensino de Geografia, esta metodologia pode ter grande utilidade na abordagem das
suas categorias de análise. No estudo da Paisagem, por exemplo, a Charge contribui no
sentido de que, por meio das representações gráficas, o(a) aluno(a) pode fazer uma leitura
crítico-reflexiva sobre as transformações espaciais ao longo do tempo. Estas transformações
podem ser tanto da ordem natural, obedecendo a um processo dinâmico da própria natureza,
ou humanas, resultante das ações do homem em sua relação com o espaço.
O conceito de Paisagem difundido na Geografia, faz com que esta seja uma categoria
bastante estudada e debatida, e por tal importância é necessário levar essa discussão para a
sala de aula. A Paisagem pode ser considerada como a porção visível do espaço geográfico,
que comporta elementos físicos, naturais e sociais. Maximiniano (2004) destaca que na
Paisagem, não devemos levar em conta apenas os fatores naturais do espaço, mas sobretudo a
existência humana e sua capacidade transformadora. Alerta para a necessidade de se fazer
uma análise integradora destes elementos, que interagem na produção do espaço geográfico.
Maciel apud Vidana (2011 p. 12) trabalha este conceito como sendo:
Entidade dinâmica e diferenciada da superfície terrestre, constituindo-se no
suporte das aulas teóricas e práticas, considerada então, uma categoria
espacial de aspecto visível e imediatamente perceptível, podendo ser
conceituada, descrita e explicada através de sua morfologia decorrente da
composição do meio natural e das ações antrópicas.
Oliveira (1998) apud Maciel (2011) afirma que a Paisagem não pode ser configurada
como uma realidade imóvel, já que a presença do homem nela se estampa, tanto na área
urbana como na área rural, através de sua ação sobre os diversos componentes, os quais irão
produzir os frutos da sua própria cultura.
Dantas e Morais (2008) destacam a oposição entre Paisagem natural e social. A
primeira corresponderia ao espaço visto pelo observador em que ainda predominam os fatores
naturais. A segunda, por sua vez, seria o espaço transformado pelo homem, sobretudo a partir
das relações capitalistas de produção no seu modelo urbano-industrial.
Santos (1998, p. 21) ao estudar a Paisagem considera que:
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Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta
pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não
é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores,
sons etc.[...] A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que
chega aos sentidos. Por isso, o aparelho cognitivo tem importância crucial
nessa apreensão, pelo fato de que toda nossa educação, formal ou informal, é
feita de forma seletiva, pessoas diferentes apresentam diversas versões do
mesmo fato.
Nesta perspectiva, a Paisagem está relacionada ao mundo da percepção do sujeito,
uma vez que a interpretação do fenômeno acaba por interferir na dimensão da Paisagem. Isto
permite, a tratarmos deste conceito em sala de aula, colocar o educando como protagonista no
estudo desta categoria, sendo o mesmo sujeito ativo no processo de definição e leitura das
diferentes Paisagens.
No estágio supervisionado realizado com os alunos do 6º ano em uma escola pública
municipal em Aurora-Ce, tivemos a oportunidade de trabalhar a Charge como metodologia de
ensino. A base dos conteúdos foi proposta pela professora-supervisora, sendo um capítulo do
livro didático, denominado de “As Transformações do Planeta Terra”, de Casterlar (2012) em
“Geografia uma Leitura de Mundo”. Dado o problema da pouca carga horária da disciplina de
Geografia na escola, com duas aulas de 45min em diferentes dias da semana, decidimos
trabalhar o estágio em dois momentos: uma exposição teórica dos conteúdos no primeiro dia e
parte prática de análise das Charges no segundo. Isso foi um fator que dificultou o nosso
trabalho, mas os resultados foram satisfatórios.
Ao analisar as representações gráficas, os(a) alunos(as) tinham como atividade em sala
a produção de textos e posterior discussão coletiva com base nos conteúdos vistos no dia
anterior. Esta forma avaliativa ensejou a reflexão e identificação dos fatores que levam a
transformação da Paisagem, em especial as ações antrópicas no espaço geográfico. Questões
como sistema econômico de produção, recursos naturais e desigualdade socioespacial foram
postas em sala e descritas pelos educandos em suas análises sobre a Paisagem natural e social.
Sobretudo as discussões se voltaram para âmbito local, destacando a Paisagem do espaço
semiárido brasileiro. Assim, foram colocadas questões como diversidade da caatinga, o
processo de ocupação do homem e as mudanças sofridas a partir da relação sociedade-
natureza. Logo, a maioria conseguiu apresentar uma capacidade de leitura crítico-reflexiva
sobre a categoria Paisagem com base nas Charges.
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Figura 1: charge utilizada em sala para tratar as transformações da paisagem
Disponível em: www.turmadamonica.com/papa-capim/tira 2000. Acesso em 26 de agosto de 2016
A carga de humor geralmente embutida neste gênero textual e a forma breve e
dinâmica de passar o conteúdo acabou sendo um fator decisivo, pela capacidade de chamar a
atenção dos alunos. Este método avaliativo da aprendizagem demostrou que a Charge pode
ser utilizada no Ensino de Geografia sem grandes dificuldades de aplicação e com bons
resultados para a compreensão de diversos temas, aqui evidenciado na discussão sobre a
Paisagem.
Considerações Finais
A experiência do estágio supervisionado com o uso de Charges como instrumento
pedagógico em sala de aula e o estudo da Paisagem a partir desta, possibilitou a ampliação do
conhecimento e da prática docente, sendo possível propormos formas de ensino mais atrativas
a partir de recursos didáticos não exatamente novos, mas com um potencial de criticidade
natural, como é o caso da Charge. A leitura e interpretação de imagens permite uma análise
crítico-reflexiva sobre o espaço social vivido e experimentado pelos(as) alunos(as),
contribuindo no aprendizado e o interesse em relação aos temas propostos pelo(a)
professor(a), com o objetivo de desmistificar a dicotomia entre teoria e a prática vista na
realidade escolar.
A Charge, deste modo, favorece a uma compreensão mais rápida do assunto a ser
estudado, tendo as ilustrações, com grande carga de humor associado a riqueza teórica sobre a
temática. Com esta metodologia, os conteúdos passaram a ser vistos de maneira mais
dinâmica em aula, e a Geografia uma disciplina mais prazerosa.
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POBREZA E CURRÍCULO ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DO
MUNICÍPIO DE ALENQUER-PARÁ
Edenilza Oliveira dos Santos Licenciada e Bacharela em Geografia pela UFOPA
GT 1. FORMAÇÃO DOCENTE E ENSINO DE GEOGARFIA
Resumo
A verdadeira educação é aquela que é capaz de transformar o educando em um ser pensante e
questionador e está voltada para a transformação social através do saber. Para que esta seja
capaz de mudar os modos de ser e de agir do homem é preciso que alguns temas estejam
inseridos no currículo escolar, temas que busquem mostrar a realidade da sociedade e o bem
viver. Nesse contexto, esse trabalho tem como objetivo geral realizar uma análise em uma
escola municipal de ensino fundamental, situada no município de Alenquer, estado do Pará,
acerca da importância da inserção de temas no currículo escolar recorrentes na sociedade, em
especial a Pobreza. Para tanto, a metodologia empregada parte da pesquisa bibliográfica e de
campo, através de uma abordagem qualitativa de caráter descritivo e exploratório visando a
coleta de dados. O Instrumento empregado foi um questionário semiestruturado, contendo 54
perguntas, aplicado a uma pedagoga e professora. E tem como principal tema: a escola, o
currículo e a pobreza. As perguntas fazem referência ao perfil dos alunos da escola, e mais
especificamente, aos alunos que participam do Programa Bolsa Família, da infraestrutura da
escola, se o tema pobreza está inserido no currículo escolar. Como referencial teórico foi
utilizado os seguintes autores: Arroyo (2014); Sacristán (2013); Vesentini(1992). A partir dos
dados coletados, pode-se observar que a escola não oferece temas atuais como a Pobreza em
seu currículo. A escola tem papel fundamental na formação do educando, pois é a partir dela
que a sociedade terá homens que sejam colaboradores, e principalmente, que tenham vontade
de transformar a realidade em que vivem, sem antes se envergonhar de tal situação.
Palavras chave: Pobreza. Currículo. Educação. Escola.
POVERTY AND SCHOOL CURRICULUM: A CASE STUDY AT A SCHOOL IN
THE MUNICIPALITY OF ALENQUER-PARÁ
Abstract
True education is one that is able to transform the learner into a thinking and questioning
being and is geared towards social transformation through knowledge. In order for it to be
able to change man's ways of being and to act, it is necessary that some themes are inserted in
the school curriculum, themes that seek to show the reality of society and the good life. In this
context, this work has as general objective to perform an analysis in a municipal elementary
school located in the municipality of Alenquer, state of Pará, about the importance of
insertion of recurrent themes in the school curriculum in society, especially Poverty. To do so,
the methodology used is based on bibliographical and field research, through a descriptive
and exploratory qualitative approach aiming at data collection. The Employee Instrument was
a semistructured questionnaire, containing 54 questions, applied to a pedagogue and teacher.
Its main theme is school, curriculum and poverty. The questions refer to the profile of the
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students of the school, and specifically, to the students who participate in the Family Bag
Program, of the school infrastructure, if the theme of poverty is inserted in the school
curriculum. As a theoretical reference, the following authors were used: Arroyo (2014);
Sacristan (2013); Vesentini (1992). From the data collected, it can be observed that the school
does not offer current themes such as Poverty in its curriculum. The school has a fundamental
role in the education of the student, since it is from there that society will have men who are
collaborators, and above all, who want to transform the reality in which they live, without first
being ashamed of such a situation.
Key words: Poverty. Curriculum. Education. School.
INTRODUÇÃO
A educação tem um enfoque bem mais abrangente do que o ler e escrever, não que
isto seja um ponto de vista novo, e sim porque agora é muito mais intenso, visto que a
sociedade está cada vez mais preconceituosa e separatista. E para que essa realidade seja
rompida é preciso que as escolas juntamente com seus professores, equipe gestora e demais
funcionários revejam seus currículos e suas formas de ensinar. Inserir novos temas nas aulas é
um meio de buscar o incentivo e a motivação que tanto os alunos precisam para permanecer
na escola. O tema pobreza, por exemplo, é um tanto esquecido no ambiente escolar.
Um bom currículo é aquele capaz de mudar esta realidade. Integrar às disciplinas
temas, muitas vezes polêmicos faz parte de uma educação de qualidade. É somente por meio
dele que aqueles que vivem em condições desfavoráveis podem ser motivados a lutar por sair
desse meio e aos demais, saber conviver com a diversidade respeitando o outro.
Nesse contexto, as escolas são as grandes responsáveis por essa mudança. A
educação nacional tem uma base curricular comum, mas que pode ser complementada de
acordo com a necessidade de cada local e de cada cultura. Desta forma o professor torna-se
responsável por fazer esta adequação de acordo com a demanda escolar.
Assim, a escolha do tema pobreza no currículo escolar se deu pelo fato de se
observar que as escolas não tratam este assunto como deveriam, pois deixam de lado uma
condição social que é vivida por grande parte da sociedade.
O objetivo deste trabalho é realizar uma análise acerca da importância da inserção de
temas no currículo escolar recorrentes na sociedade, em especial a Pobreza. Observar o que os
autores pensam sobre o currículo e como deve ser trabalhado na escola. Desta forma, para este
trabalho, pensou-se na aplicação de um questionário em uma escola no município de
Alenquer/PA. A escolha da referida escola se deu pelo fato de ser localizada na periferia. A
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intenção desta aplicação é conhecer a estrutura física da escola e depois observar se o tema
pobreza está inserido no currículo do educandário.
REFERENCIAL TEÓRICO
Uma educação de qualidade é aquela que é capaz de levar o educando a pensar, a
inferir, a dialogar, questionar e a lutar por melhorias em sua vida e na vida dos outros. Alguns
temas deveriam fazer parte do currículo escolar para que os alunos pudessem se sentir
motivados a permanecer na escola, como, por exemplo, a pobreza, visto que é um tema
bastante evidente na sociedade, mas pouco discutido dentro das escolas.
A sociedade está acostuma a dividir seus cidadãos da seguinte forma:
De um lado os poucos auto definidos como racionais, cultos, civilizados, cidadãos
curtidos na ética do esforço e do trabalho, previdentes, empreendedores, dirigentes;
de outro lado a maioria, os Outros, inferiorizados como irracionais, primitivos,
incultos, preguiçosos, os coletivos indígenas, negros, pobres, trabalhadores,
camponeses, favelados, subempregados e subcidadãos (ARROYO, 2013, p. 139).
Esse conflito social na educação brasileira está nas escolas, quer sejam públicas ou
privadas, e segrega determinadas classes sociais em benefício de outras. A inexistência no
currículo escolar das experiências cotidianas das classes populares demonstram certos
problemas que exprimem a desvalorização e segregação das classes menos abastada quanto à
educação, por exemplo, conteúdos curriculares fora do contexto social das massas e um
ensino básico voltado para uma finalidade específica: produzir mão de obra (ARROYO,
2013).
A desigualdade social presente em todos os níveis de ensino adquire grandes
proporções na vida pós-escola de cada aluno. Visto que é a partir de uma boa educação
escolar que eles poderão mudar essa questão de segregação, de separação entre ricos e pobres.
Todavia, para que as diferenças curriculares tenham fim, é necessária uma estrutura
que considere todos os aspectos diferenciais do discente, do contrário, pode ocorrer o
agravamento da exclusão social referente às instituições de ensino.
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Vale destacar a dificuldade que as escolas poderão ter com a falta de material
didático que contemple as exigências da sociedade tecnológica, bem como a
proposta de ensino a ela conveniente. Os atuais materiais didáticos, tais como livros
didáticos, como conteúdos selecionados por editoras e apostilas, foram concebidos,
em geral, para modelarem o ensino a um formato curricular homogêneo, vinculado a
um paradigma curricular que se liga a racionalidade técnica, do tipo preparação para
concursos vestibulares (DOMINGUES; TOSCHI; OLIVEIRA, 2000, p. 73).
Não há como se pensar em um sistema escolar democrático, que considere as
diferenças e peculiaridades dos diferentes atores sociais, se o próprio sistema se apresenta
antidemocrático, sem oportunidade para um currículo diversificado.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum,
a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e da clientela. (LDB nº 9.394/1996).
É através dos esforços pedagógicos que a escola alcança seus objetivos e é com a
ajuda de currículos bem formulados que os estudantes serão motivados a repensarem em sua
vida e sua permanência em sociedade. Descobrirão que para estar em sociedade não importa
sua condição social.
De acordo com Sacristán (2013) é obrigação dos professores:
Transformar as crianças em cidadãos solidários, colaboradores e responsáveis,
fazendo com que tenha experiências adequadas e sejam reconhecidas como cidadãos
enquanto educadas. Consolidar no aluno princípios de racionalidade na percepção
do mundo, em suas relações com os demais e em suas atuações. Torná-los
conscientes da complexidade do mundo, de sua diversidade e da relatividade da
própria cultura, sem renunciar à sua valorização também como “sua”, à valorização
de cada grupo, cultura, país, estilo de vida, etc. Capacitá-los para a tomada
democrática de decisões. (SACRISTÁN, 2013, p.25)
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Portanto, o currículo não pode ser apenas uma rotina em sala de aula ou na escola, rotina esta
em que o aluno é visto apenas como um mero receptor de informações, de disciplinas
escolares, que está em sala de aula para aprender a ler e a escrever, para passar de ano e
concluir a carga horária escolar. É responsabilidade do professor, transformar esta rotina em
aulas mais agradáveis e que levem os alunos a mostrarem suas experiências acerca do mundo
em que vivem. Somente dessa forma eles serão conduzidos à valorização da sua realidade e
da realidade do outro.
A escola tem papel fundamental na formação do educando, pois é a partir dela que a
sociedade terá homens que sejam colaboradores e principalmente que tenham vontade de
transformar a realidade em que vivem, sem antes se envergonhar de tal situação.
E foi partindo destes princípios que se pensou em uma pesquisa, em forma de
questionário, em que se pudesse observar: a estrutura da escola para atender os alunos e se a
escola trabalha com a questão da pobreza dentro do seu currículo.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada baseou-se em uma abordagem qualitativa. Inicialmente foi
realizada uma pesquisa bibliográfica que consistiu em buscar autores cujo referencial teórico
estivesse de acordo com o tema em questão e que de acordo com Gil (2008) é desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Em seguida foi realizada a pesquisa de campo por meio da aplicação de um questionário,
elaborado pela Equipe de Criação e Desenvolvimento do Curso de Pós Graduação Educação,
Pobreza e Desigualdade Social da Universidade Federal do Pará/UFPA, o qual foi
disponibilizado no módulo IV- Pobreza e Currículo: uma complexa articulação, sendo
aplicado em uma Escola Municipal de Educação infantil e Fundamental no município de
Alenquer/Pará. O questionário é composto por 54 perguntas onde cada uma tem três ou mais
opções de respostas. E tem como principal tema: a escola, o currículo e a pobreza.
No primeiro momento as perguntas estão voltadas para o perfil do aluno da escola
pesquisada e mais especificamente aos alunos que participam do Programa Bolsa Família.
O Programa Bolsa Família foi criado em 20 de outubro de 2003 pela Medida
Provisória Nº 132, convertida na Lei nº 10.836 de 09 de janeiro de 2004, regulamentado pelo
Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, alterado pelo Decreto nº 6.157 de16 de julho de
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2007 e implantado pelo Governo Federal Brasileiro. É um programa de transferência de renda
para a população considerada abaixo da linha da pobreza (SILVA, 2007, 1429).
A transferência de renda quando bem aplicada pode levar as famílias a saírem da
extrema pobreza e romper com essa continuidade entre gerações. Em seguida se quer saber da
infraestrutura da escola. E por fim se o tema pobreza está inserido no currículo escolar das
crianças desta escola.
O questionário foi respondido pela Pedagoga da escola que também é professora, no
mesmo educandário. A partir da pesquisa bibliográfica e dos dados coletados junto à escola
pesquisada, procurou-se construir as inferências sobre o tema em questão a partir do
entendimento da autora em consonância com os demais autores e à realidade apresentada com
o intuito de auxiliar na compreensão desta e de outras realidades nas quais o tema em questão
seja pertinente. Tais inferências encontram-se ao final deste trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
No primeiro bloco de questões referentes ao perfil da escola, as respostas obtidas
foram: a Escola pesquisada está localizada em um bairro pobre do município. A metade dos
estudantes reside próximo à escola. A renda média destes é de até um salário mínimo. A
frequência escolar é um problema, visto que a maioria dos estudantes vive em constante
mudança. Isto de acordo com a Pedagoga.
Em relação à pergunta: Quais as causas que impedem os alunos de frequentar a
escola assiduamente? As respostas obtidas foram: trabalho doméstico/necessidade de cuidar
dos irmãos e dificuldade de acesso (moradia muito distante).
Em relação ao segundo bloco, que está relacionado aos estudantes que participam do
Programa Bolsa Família as perguntas foram: 1. Os estudantes são participantes do Programa
Bolsa Família? A Pedagoga respondeu que a maioria dos estudantes participa deste programa.
Em relação à pergunta: Existem ações específicas da escola para lidar com os estudantes que
participam do Programa Bolsa Família? A resposta dada foi que não existem ações
específicas para lidar com esses estudantes. Sobre a pergunta: Em geral, qual a percepção dos
estudantes participantes do Programa Bolsa Família sobre ter que ir à escola? A pedagoga
escolheu opção que os alunos veem a escola como uma obrigação. 4. Como é o rendimento
(notas) dos estudantes que participam do Programa Bolsa Família? O item marcado foi que,
está abaixo da média.
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Percebe-se que as crianças que vem de famílias mais pobres são aquelas que têm um
desempenho mais baixo, pois muitas vezes vão para a escola sem se alimentar ou sofrem
algum problema dentro da família, além da pobreza. Segundo Ferreira e Marturano (2002,
p.39) “crianças provenientes de famílias que vivem com dificuldades econômicas e habitam
em comunidades vulneráveis, tendem a apresentar mais problemas de desempenho escolar e
de comportamento”.
Uma das condições do Programa Bolsa Família é que as crianças frequentem e
permaneçam na escola. E as famílias assumem esse compromisso para que continuem
recebendo este benefício. Por conta disso, estas famílias muitas vezes veem como uma
obrigação esta permanência na escola e assim as crianças vão para escola, não com o intuito
de aprender, mas de marcarem presença nos relatórios que são enviados para a SEMED.
A maioria dos alunos desta escola participa do Programa Bolsa Família, visto que
são de famílias pobres e que necessitam de algum tipo de ajuda. E a escola por estar
localizada em um bairro pobre recebe estes alunos, mas sem nenhuma estrutura com ações
que possibilitem melhor aproveitamento escolar destes estudantes.
O terceiro bloco de questões está relacionado à infraestrutura da escola. E as
perguntas foram. A escola funciona em tempo integral? A reposta dada foi não. Quais
estruturas a escola possui? (foram dadas algumas opções como: Biblioteca, quadra esportiva,
e outros). As opções escolhidas pela Pedagoga foram: Quadra Esportiva, Laboratório de
Informática, Biblioteca (improvisada ou não adequada – complemento dado pela Pedagoga) e
Horta. Os espaços descritos no item anterior estão disponíveis aos alunos e à comunidade fora
do horário da aula, para uso livre? A resposta nesta questão é não.
Ainda sobre a infraestrutura, foram realizadas as seguintes perguntas: 1) Os espaços
descritos na questão anterior são utilizados para promover atividades extraclasses? O item
escolhido para a resposta foi o sim, e ela explica que os professores organizam as turmas por
série para a execução de cada atividade. 2) Quais estruturas existem próximo à escola? 3)
Existem Posto de Saúde, Praça/Parque, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) e Espaços para a prática de esportes. Na questão
seguinte não se obteve nenhuma resposta: 4) Quais destes profissionais trabalham na escola?
(Psicólogo, Enfermeiro, Assistente Social e Nutricionista). 5) A escola serve alimentação para
os estudantes? A Pedagoga disse que sim. E em complemento a esta pergunta ela disse que
são servidas duas refeições para os estudantes durante o dia. 6) É possível comer mais de uma
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vez na mesma refeição? A resposta dada foi que na maioria das vezes as crianças repetem a
merenda. Os estudantes têm a merenda escolar como principal refeição diária. Essa afirmação,
segundo a pedagogos é referente a maioria dos estudantes.
Se a merenda tem esses objetivos é preciso que a escola ofereça aos alunos uma
variedade de alimentos que sejam capazes de aumentar a resistência das crianças. É preciso
que escola e governo estejam em constante contato para que a merenda escolar não falte, visto
que a maioria dos alunos vê na escola a possibilidade de ter pelo menos uma alimentação por
dia.
É possível notar quando estas crianças chegam a escola sem se alimentar, pois muitas
vezes estão tristes, sem vontade de estudar e de brincar, desta forma é necessário que a escola
ofereça merenda antes das aulas, para que este estudante se sinta mais disposto em aprender.
Seguindo as perguntas do questionário: Que tipo de alimentação é ofertada? Nesta
questão foram dadas algumas opções e dentre estas a Pedagoga marcou: Frutas in natura,
Verduras/alimentos in natura, Pão, Arroz, Macarrão, Carnes Frescas e Sucos Naturais.
Seguido por este ponto se quis saber: Quais os critérios usados para definir o cardápio? E as
respostas obtidas foram que são escolhidas pelo valor nutritivo e para que seja uma
complementação da alimentação de casa. Foi perguntado se a alimentação era igual para todos
os estudantes em uma mesma refeição, e a resposta foi que sim. Já para a pergunta se havia
algum programa de educação alimentar na escola, a pedagoga respondeu que não tem.
Em relação à refeição ser igual para todos é preciso tomar nota que, muitos alunos
possuem alguma necessidade especial em relação a alimentação, seja na restrição ou algum
tipo de alergia. Aqui cabe mais uma vez um plano de ação ou um programa de educação
alimentar que valorize essa criança, que dê a ela possibilidades de participar do momento da
merenda escolar, mas com todos os cuidados necessários.
Assim, nenhuma criança será discriminada. Esse tratamento “diferenciado” é de
grande importância, pois muitas vezes os estudantes que precisam de uma alimentação mais
restrita não têm em casa por falta de condições e é na escola que ele pode ter essa
oportunidade de se alimentar bem e mais saudavelmente, contribuindo assim para a melhora e
continuidade de sua saúde.
O programa de educação alimentar, além de buscar uma alimentação mais saudável
também deve estar voltado para a utilização dos alimentos e frutas regionais, pois assim
fortalece a cultura e a valorização da região.
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O quarto, e último, bloco de questões está voltado para a Disciplina Geografia e sua atuação
na escola. Referente às primeiras perguntas que se relacionavam com a questão da pobreza
como parte da disciplina, a Pedagoga não escolheu nenhuma opção de resposta.
Mesmo que a Pedagoga não tenha respondido a esta questão é importante frisar que a
questão da pobreza deve ser sim inserida dentro das aulas de geografia, pois já não se pode
mais fugir desta triste realidade em que vivem muitos alunos e muito menos tapar os olhos
para esta questão social.
O ensino da geografia deve ser um meio de libertação. Libertar os alunos de pensamentos
egoístas e preconceituosos, e de pensamentos de inferioridade. No mundo de hoje a questão
da discriminação por conta da renda familiar é muito grande, a mídia é a grande responsável
por essa separação de mundos. O papel social da geografia é unir esses dois lados
desmistificando cada pré-conceito já concebido pelo aluno antes de frequentar a escola.
Em relação à pergunta: Ocorrem durante as aulas casos de discriminação, contra
estudantes cuja condição socioeconômica é vulnerável? A Pedagoga disse que sim, que esses
casos acontecem na escola, principalmente em forma de apelidos. E isto se dá pelo fato de as
crianças, muitas vezes irem mal vestidas ou sujas. Este é o mais forte motivo para sofrerem
discriminação.
Esses casos de agressão contra a integridade física e emocional ocorrem em qualquer
escola, seja pela aparência da criança ou pelo fato de esta se encontrar em situação inferior,
em relação ao dinheiro, das outras crianças ou adolescentes. Na escola pesquisada o que se
pode notar é que os casos de discriminação ocorrem mais pela situação da pobreza, pois
muitas vão para a escola, malvestidas e malcuidadas. É claro que isso causa certo desconforto
nestas crianças.
Seguindo este pensamento se quis saber se: Quando esses casos ocorrem, o docente
leva o problema à comunidade escolar para ser discutido? A pedagoga respondeu que sim e
que é feita uma ocorrência e em seguida reunião com os pais ou responsáveis e com os alunos
envolvidos. Disse também que alguns alunos procuram os docentes para tratar de assuntos ou
problemas que tem fora da escola.
Seguindo esse bloco de perguntas, questionou-se: Quais os problemas mais
recorrentes que levam os alunos a procurarem o docente? As opções escolhidas foram:
Problemas de convivência em casa, Problemas de relacionamento com colegas fora da escola
e violência doméstica. Foi perguntado também de que forma o docente lida com essas
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situações? E três respostas foram escolhidas pela Pedagoga: Não me envolvo e encaminho
para a equipe pedagógica ou correspondente. Envolvo-me e procuro ajudar o estudante por
conta própria. Articulo-me com a comunidade escolar para auxiliarmos o estudante a resolver
a situação.
Ainda em relação a pergunta anterior a Pedagoga diz que o docente se envolve
nessas situações porque acredita que a ação da escola pode surtir efeitos positivos em alguns
casos, como por exemplo, violência doméstica, abusos, fome e falta de material para os
estudantes.
As últimas perguntas estão voltadas para a disciplina. O que o docente acha mais
importante para sua disciplina? Quatro opções foram escolhidas: Permitir que os estudantes
aprendam a partir da troca de conhecimentos entre os sujeitos envolvidos no processo.
Possibilitar que a educação aconteça também fora dos espaços da escola. Fazer os estudantes
absorverem o conteúdo previsto para a sua série e possibilitar uma educação para o mercado
de trabalho.
Em relação aos questionamentos: 1) De que forma os conhecimentos costumam ser
explorados durante a disciplina? Coletivamente, os estudantes contribuem com seus
conhecimentos. Resposta da Pedagoga. 2) A disciplina possibilita a troca de conhecimentos
dos alunos fora da sala de aula, como, por exemplo, a efetuação de trabalhos socializados e
compartilhados com toda a escola ou mesmo com a comunidade? A Pedagoga respondeu que
a culminância dos projetos durante o ano letivo fora da sala de aula são socializados e
compartilhados com toda a comunidade escolar.
As aulas de geografia devem ser espaço para que os alunos mostrem o que sabem
através de criatividades, acompanhados pelos professores. O professor deve aproveitar as
aulas para abrir os olhos dos educandos sobre seu papel na sociedade, assim tanto o mais
pobre terá a possibilidade de se sentir importante, quanto àquele que tem condição social mais
favorável notará que ambos são necessários dentro do grupo social.
As aulas devem ser motivo de querer, que o aluno sinta prazer em estar na escola e
principalmente em sala de aula. Os trabalhos realizados pelo professor devem ser feitos de tal
forma que todos da turma sejam envolvidos. Que nenhum seja excluído por sua condição
social.
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As duas últimas perguntas querem saber como os estudantes respondem ao processo
de ensino-aprendizagem e se ajudam na construção das aulas? A resposta foi que eles agem
indiferentemente e que não participam na construção das aulas.
A não participação dos alunos durante as aulas deve ser motivo de preocupação por
parte dos professores. Devem-se observar os motivos que levam a este desinteresse, se são as
aulas que não são atrativas ou se estes estão desmotivados por sua condição social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise das respostas do questionário é possível dizer que o tema Pobreza
dentro da escola ainda fica de lado. De acordo com as respostas da Pedagoga a escola em
questão está situada em um bairro pobre da cidade de Alenquer e a maioria das crianças é de
classe baixa, participa do Programa Bolsa Família e não tem local certo para moradia. Com
essas características é fácil dizer que estão em meio a Pobreza e que precisam de incentivos
educacionais por parte da escola, já que muitas vezes o meio social e familiar não os oferece.
Esses alunos, pobres, são os que mais têm dificuldades em aprender e a terem
desempenho em mais altos em relação a notas bimestrais. Isso se dá pelo fato de irem para a
escola muitas vezes com fome, ou por faltarem muito às aulas por não terem local fixo de
moradia. Esses, de certo, são alguns dos motivos que levam os alunos a estarem abaixo da
média escolar, como afirmou a Pedagoga.
A escola pesquisada não tem um programa de alimentação diferenciada para as
crianças, mas afirma que o lanche é servido todos os dias e em quantidades adequadas para
satisfazer os estudantes. Mas esse lanche deveria ser servido antes das aulas, visto que muitos
chegam à escola sem se alimentar e isso de certo tira a atenção na hora das aulas.
Problemas com casos de discriminação ocorrem em todos os lugares, na escola os
casos mais frequentes estão relacionados ao financeiro, os mais pobres sempre ficam de lado e
não são queridos pelos que tem uma vida financeira mais ajustada. É neste sentido, que a
inserção do tema Pobreza no currículo escolar se faz necessário e urgentemente, pois as
crianças mais pobres não podem viver a margem da sociedade e nem crescerem pensando que
são inferiores por conta de sua condição/classe social.
É na escola que essa realidade pode mudar. E é com a inserção e desenvolvimento
efetivo deste tema no currículo escolar que tudo pode mudar. Pois é dever da escola formar
cidadãos éticos e conscientes não só de seus direitos e deveres, mas também do respeito
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mútuo, da solidariedade e da justiça social. É com um currículo escolar bem elaborado e com
temas atuais e relevantes para a formação do homem de amanhã, que a escola estará educando
com responsabilidade.
Professores, Pedagogos e Diretores precisam trabalhar juntamente com as famílias,
numa gestão democrática e participativa para que assim se possam ver quais os problemas que
pedem mais urgência em ser resolvidos dentro da escola. As famílias também devem ser
trabalhadas, devem ser inseridas no processo de educação social, devem ser levadas a viver de
forma que não se sintam discriminadas e afastadas da sociedade, pois só assim as crianças
terão mais força para lutar e quebrar esse círculo de pobreza que cerca o país.
As aulas já não podem ficar fixadas apenas no livro didático, ou com práticas
rotineiras, aprender a ler e escrever é primordial, mas não é tudo na vida dos educandos. Eles
precisam de muito mais para seguir, precisam conhecer o mundo que o cerca e saber como
viver nele de maneira mais digna e justa. A educação é um direito humano e social, e como
tal, precisa ser garantida a todos sem distinção de cor, sexo, gênero ou condição social só
assim a permanência na escola estará garantida.
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MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo:
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VESENTINI, José W. Para uma Geografia crítica na escola. São Paulo: Ática, 1992.
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Anais VII Semana de Geografia
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ISSN 2446-6840
O ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL E A FORMAÇÃO
DOCENTE A PARTIR DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Urandy Alves de Melo2*; Orientador: Prof. Drn. Henrique Miguel De Lima Silva3
Universidade Estadual da Paraíba, R. Baraúnas, 351, universitário. CEP: 58.429- 500, Campina Grande, PB,
Brasil. E- mails: [email protected]; [email protected]
Resumo: O presente estudo propõe analisar o ensino de geografia no ensino fundamental e a formação
docente a partir de políticas públicas. Para a realização desse estudo foi utilizada uma pesquisa
bibliográfica, uma análise, elaboração de teorias, que foram de suma importância para o embasamento
das idéias consideradas no campo da ciência de estudos contínuos a serem fundamentados nas
tendências que adentram no padrão educativo, com uma visão de mundo que no século passado
tornou-se parâmetro pelas políticas públicas de ensino no Brasil. Nosso estudo foi baseado nas teórias
de: Braga; Célia (2001), Cambi (1999), Libãneo (1998), Gadotti (2000), Garcia (1995), Gómez (1995)
Kalinke (1999), Peterson (1995), Marcelo (1999), Mauri; Solé (1996), Nóvoa (1995), Schön; Nóvoa
(1995), Santos (2003), Santos; Pontuschka; Oliveira (2002), os quais contribuíram para o
embasamento desse estudo bibliográfico. Compreende-se que o ensino de geografia no ensino
fundamental e a formação docente a partir de políticas públicas voltam à realização dos
conhecimentos, fundamentos da geografia, da relação dessa ciência com o ensino, bem da exigência,
em considerar os trabalhos com esse componente curricular dentro das possibilidades, para que em
suas atividades o docente em geral, desenvolva uma geografia crítica. Resultados constataram que nas
geografias instituídas e instituintes o processo de ensino de geografia aplicar-se ao conhecimento, ao
saber, perante a classificação ou grupos de pesquisas que nas tendências atuais, produzem os seus
conhecimentos em certos estabelecimentos de ensino.
Palavras chave: Ensino; Docente; Geografia; Políticas públicas.
2Graduando em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba 3Professor Orientador. Graduado em Letras Português, Inglês e suas Literaturas pela UPE. Especialista em
Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa pela FUNESO. Especialista em Psicopedagogia Institucional pelo CINTEP. Mestre em Linguística pela UFPB. Doutorando em Linguística pela UFPB Membro do Laboratório de Aquisição da Fala e da Escrita - LAFE/UFPB. Membro do Projeto Variação Linguística na Paraíba - VALPB/UPB. Membro do Grupo de Estudos em Cognição e Ensino – COGENS/UFPB. Membro do Grupo de Estudos em Aspectos Psicológicose Sociais da Aprendizagem – GPAPSA/UFPB.
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THE GEOGRAPHY TEACHING IN FUNDAMENTAL TEACHING AND
TEACHER TRAINING FROM PUBLIC POLICIES
Urandy Alves de Melo1*; Orientador: Prof. Drn. Henrique Miguel De Lima Silva2
Universidade Estadual da Paraíba, R. Baraúnas, 351, universitário. CEP: 58.429- 500, Campina
Grande, PB, Brasil. E- mails: [email protected]; [email protected]
Abstract: The present study proposes to analyze the teaching of geography in primary education and
teacher education based on public policies. In order to carry out this study, a bibliographical research,
an analysis, elaboration of theories were used, which were of paramount importance for the foundation
of the ideas considered in the field of the science of continuous studies to be based on the tendencies
that enter the educational pattern, with a vision of the world that in the last century became a
parameter for public education policies in Brazil. Our study was based on theories of: Braga; Célia
(2001), Cambi (1999), Libanneo (1998), Gadotti (2000), Garcia (1995), Gómez (1995) Kalinke
(1999), Peterson (1995), Marcelo (1999), Mauri; Solé (1996), Nóvoa (1995), Schön; Nóvoa (1995),
Santos (2003), Santos; Pontuschka; Oliveira (2002), which contributed to the basis of this
bibliographic study. It is understood that the teaching of geography in primary education and teacher
training from public policies return to the realization of knowledge, fundamentals of geography, the
relation of this science to teaching, and the requirement, to consider the work with this curricular
component within the possibilities, so that in its activities the teacher in general, develops a critical
geography. Results showed that in geographies instituted and instituted the geography teaching
process applied to the knowledge, to the knowledge, before the classification or groups of research
that in the current trends, produce their knowledge in certain educational establishments.
Keywords: Teaching; Teacher; Geography; Public policy.
1Graduando em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba 2Professor Orientador. Graduado em Letras Português, Inglês e suas Literaturas pela UPE. Especialista em Linguística
Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa pela FUNESO. Especialista em Psicopedagogia Institucional pelo CINTEP.
Mestre em Linguística pela UFPB. Doutorando em Linguística pela UFPB Membro do Laboratório de Aquisição da Fala e da Escrita - LAFE/UFPB. Membro do Projeto Variação Linguística na Paraíba - VALPB/UPB. Membro do Grupo de
Estudos em Cognição e Ensino – COGENS/UFPB. Membro do Grupo de Estudos em Aspectos Psicológicose Sociais da
Aprendizagem – GPAPSA/UFPB.
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INTRODUÇÃO
Por interferir em outro tipo de relação, ou seja, a relação entre aluno e professor ver-se
momentos de repensar a educação à luz de uma rica discussão, em que se procura entender a
construção dos conhecimentos.
A visão que eles têm está relacionada à geografia que eles estudaram há muitos anos
atrás, ou seja, ainda descritiva e fragmentada, em referência à geografia, que notar-se a
formação dos professores, deixando a desejar, em se tratando de professores mais antigos no
contexto escolar. Eles sofrem o efeito de terem tido uma graduação precária, porque entraram
na rede de ensino recentemente. Em cursos de licenciatura curta com complementação em
Geografia ou em História a formação desses profissionais está estruturada. Se faz necessária,
mas da maneira como os governos estão fazendo e nem tentando retomarem o curso de
Estudos Sociais, com o nome de Ciências Humanas, mas não como os professores estão
querendo, para que repensem, na grade curricular dos curso(s) e, assim consigam uma
melhoria na qualidade da formação diante da área que for especificada.
Pelos meios de comunicação e trazidas pelos alunos (as) para o contexto da sala de
aula, é o professor (a) que deve atribuir os conteúdos às mensagens veiculadas, conduzir as
discussões e selecionar as informações. Tornam esvaziadas as mesmas para o professor, no
sentido para aqueles que não aprenderam fazer delas uma leitura crítica sem a participação do
professor no processo mediador, as mensagens veiculadas são diversas que as mídias
costumam mostrar.
Complementando esse sentido, Gadotti (2000) realça porque o professor é o
“caminho” pelo qual as informações se transformam em conhecimento e a profissão docente
nunca deixará de existir em decorrência das técnicas, sendo que o conhecimento deve ser
construído com o auxílio do professor, mas as informações podem ser veiculadas por
diferentes mídias.
Estar-se de frente a um problema que requer uma solução efetiva e prática, se a
formação do professor é importante para a melhoria do ensino.
Contudo, não significa mudar a prática, dar uma formação. Confrontam-se estratégias e
mudanças no sistema educativo, que terá um longo percurso em uma sociedade democrática.
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Podendo serem denominadas de inquietações ou preocupações, apenas as mudanças na prática
de ensino desses professores são ainda mais sutis do que as dos professores das demais séries
do Fundamental e Médio. Com o ensino desenvolvido associado à frustração de não saber
como praticá-lo de forma diferente a principal delas é a insatisfação. Deve datá-las de marcos
adequados para realizá-las, em torno das atividades de ensino prático, de planejamento, ou
seja, “a formação do professor deve estar articulada com o núcleo de seu trabalho
profissional.” (Mauri & Solé, 1996, p.413)
Afirmam, ainda eles a esse respeito que:
[...] a ninguém escapa do fato de que, em cada situação concreta, são
necessários alguns procedimentos destinados a contextualizar os
princípios prescritivos, pelo que não se pode ignorar a importância que
adquire a atividade de planejamento das intervenções como passo
intermediário entre os princípios puramente teóricos e a prática
educativa.” (p.411).
Atuando no desenvolvimento curricular, em seu desenvolvimento profissional e
deixando de ser mero consumidor, o professor deve apropriar-se do conhecimento e de sua
experiência.
Nas distintas áreas do sistema educativo, segundo os valores dominantes e vários
grupos sociais, o conceito de educação e de qualidade têm concepções diferentes. Não se
limitam a constatar, a encontrar culpados e, sim que o ensino não vai bem, porque do ponto
de vista estrutural situações relativas ao ensino-aprendizagem como um todo envolvem o
sistema educacional.
Resultado disso, provavelmente a baixa qualidade do sistema educacional, as
conseqüências absorvidas, o descaso com a formação do docente, que atualmente é precária,
devido a negligência, pois, ainda hoje docentes em sua estrutura chegam a ter profissão
desconsiderada, a qual ver-se desprofissionalizada. Para a consolidação de uma profissão que
é autônoma na produção dos seus saberes, dos seus valores e para a “emancipação
profissional contribuem-se as práticas de formação nos moldes coletivos” (Nóvoa, 1995).
Diante dos aspectos expostos o estudo propõe analisar o ensino de geografia no
ensino fundamental e a formação docente a partir de políticas públicas
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Os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental e o ensino de Geografia
É uma tarefa difícil ensinar e falar de formação de professores para ensinar Geografia
nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Para o problema das áreas específicas na formação
de docentes e da locação dos conteúdos não visados pelos pesquisadores, é uma discussão que
não tem tido êxito e soluções pela complexidade. Para que a discussão não se coloque nos
âmbitos universitários apenas as suas metodologias de Pedagogia, é um dos fatores que
contribui com tal característica da maioria dos cursos de formação. Nem sempre ensinam
conteúdos que priorizem a escrita e a leitura.
Para o desempenho de suas funções frente à disciplina: o “o que” e “como” ensinar
Geografia nos cursos destinados à formação docente não têm sido contemplados aspectos
considerados fundamentais. Para o ensino de Geografia com isso, os professores das séries
iniciais permanecem distanciados das propostas recentes e das discussões teóricas. Para
ensinar Geografia nos últimos anos, professores induzem afirmar que têm tido conhecimento
do surgimento de muitas “idéias” norteadoras, através de livros, artigos, PCNs de cursos, dentre
outros.
Podem existir contatos, bastante superficiais na maioria dos casos, aliados à insatisfação
com a prática de ensino desenvolvido, sabendo-se da existência de outras “formas” de ensinar
Geografia, diferentes das formas que eles ensinam. Mas para que as coloquem em prática com
autonomia e segurança seus conhecimentos sobre elas são muito incipientes. Na prática docente
é a autoconsciência da fragilidade do ensino desenvolvido, no processo de mudança e na visão
de Marcelo García (1999), que complementa em ser uma inquietação, uma característica
positiva, por conta de apresentar-se como um dos fatores determinantes.
A partir da disciplina de Didática ou Ensino de Geografia, feitas no curso de
Magistério e, no caso dos que possuem formação superior suas aprendizagens da disciplina
foram construídas, em geral, no ensino que tiveram como alunos no ensino básico.
Aos professores polivalentes ver-se formas, através das quais as Geografias Críticas vêm
sendo apresentadas em certos momentos. São estas as responsáveis pela inquietação de uma
parcela dos docentes no ensino que as praticam.
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Mesmo que insatisfeitos, ou por mesclarem esse ensino com algumas práticas por eles
traduzidas das atuais tendências na ausência de uma fundamentação clara e segura de como
ensinar uma Geografia Crítica, os professores optam por permanecerem ensinando a
Geografia que aprenderam quando alunos. Nessa fase do ensino, determinando o exercício de
uma prática, em que os conteúdos são ensinados sem uma articulação com os objetivos
maiores da disciplina, onde o problema maior é interpretação, a falta de embasamento teórico,
que “constitui um dos inibidores no trabalho docente” (BRAGA E SILVA, 2001, p. 123).
Enaltecem os conhecimentos pedagógicos e didáticos, em detrimento dos específicos da
matéria, uma vez na tentativa de mudarem os professores, caso se ressentirem com sua
formação. Suprime-se nesse caso características da abordagem tradicional, mas, em função
disso, ainda está longe de se constituir um ensino crítico e de formação continuada, o qual, na
verdade poderia minimizar a carência, na prática de um ensino de Geografia com mais
qualidade.
Todavia, em se tratando de um ensino crítico, apenas, em nomenclaturas dos aspectos
geográficos considerados importantes e em certos dados e aspectos populacionais ou econômicos, os
tipos de conteúdos ensinados vêm sofrendo algumas alterações em sua atualidade.
Formação Continuada de Professores
Trazem novas exigências à formação de professores, acrescentadas às que já existiam
em fatos contemporâneos ligados aos avanços da ciência, da tecnologia, das mudanças, dos
processos de produção e de suas repercussões na educação, bem como da globalização no
mundo contemporâneo. O crescente avanço científico e tecnológico é, ao mesmo tempo um
fator de ampliação, de possibilidades e de exclusão social.
Diante desse contexto, tornar-se necessário uma reavaliação das relações entre a
escola e a sociedade, entre a escola e as fontes de informações, entre a informação e
conhecimento e entre o trabalho realizado pelo professor (Libâneo, 1998).
O quadro-negro é considerado uma grande mudança no ensino. Fora ele continua sendo
realizado o mesmo trabalho desenvolvido pelos professores do início da civilização. Os
educadores de hoje são cópias fiéis dos educadores gregos, que passavam para seus alunos,
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oralmente, todo conhecimento armazenado em seus estudos, através de longos passeios pelos
bosques. Com a diferença de que, hoje, são utilizadas áridas salas de aula para se ”passar” os
conhecimentos armazenados. Outra diferença é que naquela época o aluno não dispunha de
outra opção para a aprendizagem, além do mestre e não tinha acesso às opções de que o mestre
dispunha. Ao contrário de hoje, o mestre é o único detentor e transmissor de conhecimento. O
professor continua no estágio inicial de sua evolução profissional (Kalinke, l999).
O tempo atual é de acesso pleno e rápido à informação, e essa é inegavelmente uma
das maiores transformações das últimas décadas. Para atender às expectativas atuais, o
professor precisa estar completamente envolvido no “boom” tecnológico e preparado para
enfrentar as transformações que se vislumbram nos anos que virão.
Somente com a sua atenção voltada para o processo de contínuas mudanças,
mesclando com predisposição, para a busca contínua de adaptação às novas formatações, o
mundo impõe à condições de sobrevivência digna o indivíduo no mercado profissional. Caso
contrário, ficará às margens, como espectador, de um contexto social e profissional bem
diferente da percepção e visão adquiridas na sua formação acadêmica e experiências
profissionais, referências básicas, identidade profissional seguida pelo indivíduo. Normalmente
o indivíduo constrói o seu saber ao longo de seu percurso de vida. Mesmo quando o indivíduo
não apresenta nenhum tipo de resistência é importante frisar as mudanças, gerarem
sentimentos desconfortáveis.
Diferentemente de tempos anteriores, todos têm acesso às mesmas informações,
vivenciam os mesmos processos de mudanças.
Sendo assim, não há como o professor desenvolver um trabalho de qualidade,
compatível com as necessidades sociais sem uma formação continuada. Conforme afirma
Kalinke (1999, p. 13):
Esse aumento brutal de informações e recursos tecnológicos, aliados à
velocidade das mudanças, faz com que estejamos permanentemente
buscando atualização em relação aos novos estudos e às novas
tecnologias.
Estamos sempre a um passo de qualquer novidade. As informações e as mudanças
emergem com muita rapidez na sociedade.
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A formação do professor, para ser coerente, deve ir além da aquisição de técnicas e de
conhecimentos. Deve passar por socialização, configuração profissional e autonomia reflexiva
do professor, considerando-se as dimensões que norteiam a sua formação, inclusive com
preparação acadêmica, preparação e prática profissional.
Não é o acúmulo de cursos de conhecimentos ou técnicas que constroem a formação
de um professor, mas o trabalho de reflexão crítica sobre as práticas de construção,
permanente de uma identidade que é pessoal.
Daí a importância do processo de formação continuada do professor. Esse é um
processo de ir, vir, avanço, recuo, construção e reconstrução contínuas.
A formação do professor deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça
meios, para um pensamento autônomo e uma facilidade das dinâmicas de auto-formação
participativa, permitindo a compreensão da globalidade do sujeito no processo de formação
mútua, já que cada professor tem seu espaço para exercer o seu papel de formador com o
formando, além de consolidar saberes emergentes (Nóvoa, 1995).
O trabalho de formação, quando centrado na figura do professor, é, sem dúvida, uma
experiência importante, nos momentos de mudanças, em que o docente vivencia sentimentos
de que não domina as informações, situações e contextos que lhe possibilitam intervir na sua
realidade profissional, gerando stress em decorrência desses sentimentos. Sentimentos são
que minimizados quando o professor ouve experiências de insucessos, sucessos, discute,
partilha suas dificuldades com os colegas.
Diante do exposto, a formação continuada do professor é uma necessidade tônica atual,
para que haja uma coerência entre o trabalho realizado pela escola e a realidade social.
Apesar da organização das escolas não contemplar espaços para o conhecimento
profissional partilhado, o que dificulta a socialização de experiências significativas, as quais
podem ser abrangidas por um processo que pode conduzir a uma transformação e produção,
pelos próprios professores, de saberes reflexivos e pertinentes.
Para a sua participação cooperativista e transformadora na ação educativa a formação
profissional pode estimular o desenvolvimento da autonomia necessária ao contexto profissional
do docente, promover as habilidades reflexivas importantes.
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Envolvem-se em situações problemáticas que necessitam de decisões, que demandam
reflexões complexas e especificidades inerentes a cada caso os problemas que emergem na
prática docente, sendo todos esses problemas não apenas instrumentais (Nóvoa, 1995).
Implicam acompanhamento, empenho de formação, interpretação, orientação, trajetória
específica de intervenção e passam pelo professor diversos problemas de convivência social, de
projeção política e de renovação cultural (Cambi, 1999).
Faz-se desses problemas lições de reflexões e crescimento no seu cotidiano, porque só o
profissional com conhecimentos contextualizados, formação global ou holística, flexibilidade e
visão abrangente conseguirá solucionar-los, minimizar-los e contornar-los.
Para manejar a complexidade e resolver problemas práticos através da integração
criativa e inteligente do conhecimento e da técnica considera-se, ainda, que o êxito
profissional depende de sua capacidade (Gómez, 1995).
Quanto às sugestões para esse trabalho reflexivo há reincidências entre os autores
interessados pelo estudo de formação docente. Refletir sobre suas atitudes, sua teoria, através
de experiências bem-sucedidas, sugere um trabalho que permita ao docente uma formação
contínua centrada na atividade cotidiana, assumindo uma dimensão ativa, flexível,
investigadora, participativa, tendo como referência central o trabalho das equipes docentes”
(Garcia, 1995).
A reflexão e a tomada de consciência das limitações culturais, ideológicas e sociais da
própria profissão docente, bem como manter alguns princípios éticos, didáticos, pedagógicos,
independentemente do nível de formação, o trabalho de formação docente deve proporcionar
situações que possibilitem intervir em sua realidade profissional (Garcia, 1995).
Conhecimento na ação, indagação reflexiva, prática reflexiva, reflexão, ação, reflexão na ação,
reflexão sobre a ação são termos muito pontuados pelos autores na discussão sobre formação
de professores. Para uma ausência de imparcialidades e preconceitos, ensino com mentalidade
aberta as ênfases e pontuações são dadas pelos autores a esses termos, considerando-se a
relevância das atitudes reflexivas ou necessárias.
Para uma compreensão melhor da importância, da inserção e dos processos reflexivos, dentre
esses termos, serão definidos alguns. Gómez (1995, p. 103), refere-se à “reflexão” da seguinte
forma:
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É importante frisar que a reflexão não é apenas um processo
psicológico individual passível de ser estudado a partir de
esquemas formais, independentes do conteúdo, do contexto e das
interações. Autores, os programas de formação docente tendem a ser
condenados ao fracasso, quando não são balizados pelas reflexões e
pelas experiências práticas dos professores. O processo permeado
pelo diálogo deixa transparecer aspectos implícitos da realidade
divergente e cria novos marcos de referência, novas formas de
perceber e de reagir. É um trabalho criativo de construção, que vai
além de regras, fatos, teorias e procedimentos conhecidos e
experiência, um mundo carregado de conotações, valores,
intercâmbios simbólicos, correspondências afetivas, interesses
sociais e cenários políticos. O conhecimento acadêmico, teórico,
científico ou técnico, só pode ser considerado instrumento dos
processos de reflexão se for integrado significativamente, não em
parcelas isoladas da memória semântica, mas em esquemas de
pensamento mais genéricos ativados pelo indivíduo quando
interpreta a realidade concreta em que se vive e quando organiza a
sua própria experiência. A reflexão não é um conhecimento puro,
mas sim um conhecimento contaminado pelas contingências que
rodeiam e impregnam a própria experiência vital.
No saber fazer o conhecimento na ação, segundo Habermas (apud, Gómez, 1995), é o
componente inteligente que se manifesta e orienta toda a atividade humana. Sobre experiências
passadas, mesmo que sejam fruto de reflexões em toda ação inteligente, pois nesta há um tipo
de conhecimento.
Na busca assertiva das ações do cotidiano profissional como é o caso da prática
reflexiva, a qual pode ser entendida como uma prática pautada de reflexões contínuas, que
envolvem experiências, conhecimentos teóricos, científicos e os demais componentes de um
processo reflexivo, a partir de análise e interpretação da sua atividade em reflexão, ação, pois
segundo Schön, 1995, é um processo pelo qual os professores, aprendem.
Já que é um conhecimento tático, pessoal e não-sistemático, uma característica
relevante do ensino, constitui uma profissão, em que a prática conduz à criação de um
conhecimento específico ligado à ação, que só pode ser adquirido, através do contato com a
prática. Pode ser desenvolvido numa série de momentos combinados na prática de ensino esse
processo de reflexão e ação.
O professor se surpreende com o que o aluno faz em um primeiro momento, mesmo reflexivo,
pensa sobre o motivo que o surpreendeu, reflete sobre o fato, em um segundo momento.
Levantando uma nova hipótese, analisa e reformula o problema apresentado na situação em
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um terceiro momento, formulando a partir do modo de pensar do aluno uma experiência para
testar a sua nova hipótese em quarto momento.
Sobre a sua adoção de novos sentidos, sobre o que aconteceu em sua aula nesse
processo, é possível olhar retrospectivamente e refletir sobre a reflexão e ação (Schön, 1995).
afirma em relação a esse processo auto-suficiente e autônomo, Gómez (1995, p.104) que:
...a reflexão na ação é um processo de extraordinária riqueza na formação
do profissional prático. Pode considerar-se o primeiro espaço de
confrontação empírica com a realidade problemática, a partir de um
conjunto de esquemas teóricos e de convicções implícitas do
profissional. Quando o profissional se revela flexível e aberto ao cenário
completo de interações da prática, a reflexão na ação é o melhor
instrumento de aprendizagem. No contato com a situação prática, não só
se adquirem e constroem novas teorias, esquemas e conceitos, como se
aprende o próprio processo dialético da aprendizagem.
Sobre as características e processos de sua própria ação a reflexão sobre a ação e sobre
a reflexão na ação pode ser considerada como a análise que o professor realiza a
posterioridade. Para analisar, avaliar e descrever por intervenções anteriores resíduos
deixados na memória, é por meio do conhecimento. No processo de ensino-aprendizagem
consiste a formação do professor (Gómez, 1995).
Conforme apontam os disponíveis (Gómez, 1995), encontra-se uma concepção
construtivista da realidade com que ele se defronta na base desta perspectiva, que confirma o
processo de reflexão na ação do profissional (Schön, 1995). Os saberes ajudam a resolver
problemas práticos e são produzidos em cooperação. É mais um apoio técnico dos formandos
a formador. Para, assim, oportunizarem a construção de atitudes frente ao contínuo trabalho
de auto-formação docente e para se obterem resultados produtivos nos trabalhos de formação
docente, em experiências que marcam o cotidiano profissional há tendências que enfatizam o
diálogo, a reflexão dialética, a participação e a socialização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Pelos diversos suportes eletrônicos a prática docente assume, na atualidade, um papel
de destaque no contexto marcado pela super-abundância de informações veiculadas. Para que
os alunos não se percam nos labirintos do ciberespaço exige-se,, que o professor de
Geografia, a partir dessa realidade seja capaz de avaliar quantitativa e qualitativamente as
informações e conduzi-las objetivamente.
Pouco se sabe sobre o impacto de tais ferramentas naquilo que o aluno pode realizar a
partir delas, para a aquisição do conhecimento, embora para o ensino-aprendizagem os
recursos de multimídia estejam sendo respeitados como mais do que uma mera tecnologia.
Favorecem ou limitam o ensino de Geografia. Mas sinalizarmos ou avaliarmos o
aspecto as novas tecnologias, ainda não é possível, pois frente à realidade tecnológica na qual
a Educação se insere na atualidade, têm se mostrado insuficientes os modelos de ensino
pautados em materiais impressos (PETERSON, 1995).
Nos mais variados territórios para a movimentação e implantação desse capital o Estado
se mantêm como estrutura política responsável pela criação das condições necessárias, apesar
de ter o seu papel redimensionado no avanço transnacional do capital, (SANTOS, 2003). Pela
redução dos investimentos na área social e pela liberdade do processo educacional, empresas
pleiteiam a instalação de filiais que criam aliança do Estado com o neoliberalismo, o que tem
sido evidenciado pela criação de incentivos na privatização de empresas estatais, pela
flexibilização de direitos.
Para a grande massa de professores leigos e semileigos que ingressavam na
profissão docente, é nesse contexto que o governo passa a investir no apoio, nos documentos
oficiais, na elaboração dos materiais pedagógicos de apoio, na formulação dos projetos
pedagógicos, no livro didático, nas práticas educacionais e nos planos de ensino. (SPÓSITO,
2002, p. 24)
REFERÊNCIAS
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discussão necessária. Revista Sitientibus – Revista da Universidade Estadual de Feira de
Santana, Feira de Santana, nº 25, p. 117 – 128, julho/dezembro 2001.
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KALINKE, Marco Aurélio. Para não ser um professor do século passado. Curitiba: Gráfica
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Porto Editora Ltda, 1999.
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NÓVOA, António. Os professores e a sua formação. 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
SCHÖN, Donald A. Formar Professores como Profissionais Reflexivos. In: Nóvoa, António.
Os professores e a sua formação. 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995. Cap. 4, 77-92.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência
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SPÓSITO, Mª. Encarnação. As diferentes propostas curriculares e o livro didático. In:
PONTUSCHKA, N. N; OLIVEIRA, A. Umbelino (Orgs.). Geografia em Perspectiva. São
Paulo, SP: Contexto, 2002.
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RELATO DE EXPERIÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO
CURRICULAR SUPERVISIONADO EM GEOGRAFUA II PARA FORMAÇÃO
DOCENTE
Maiara Felix Fernandes
Universidade Federal de Campina Grande
Dallila Rayara de Almeida Silva [email protected]
Universidade Federal de Campina Grande
José Joaquim de Oliveira Neto
Universidade Federal de Campina Grande
Resumo
O presente artigo é resultado da regência e observação realizadas no Estágio Supervisionado II no curso de
Licenciatura em Geografia, disciplina curricular exigida nos cursos de licenciatura, tendo como objetivo
descrever como foi o desenvolvimento ao longo do referido estágio. Apesar de pouco tempo em sala de aula e
em convivência com a escola, o estágio nos permite não só observar, mas também atuar neste ambiente. Para
muitos estudantes de graduação em licenciatura é o teste final sobre a sua futura decisão de permanência no
curso, pois é neste momento que o aluno irá se relacionar com o seu futuro ambiente de trabalho, reconhecendo
se realmente constitui-se como sendo sua vocação profissional. Nesta perspectiva, a finalidade do estágio é
proporcionar ao estudante uma aproximação com a realidade profissional da docência, visando assim o
aperfeiçoamento tanto técnico como científico e pedagógico de sua formação acadêmica. Uma das principais
características do estágio é poder dialogar de forma crítica sobre a realidade atual e favorecer a articulação ao
uso de novas estratégias de ensino. O presente artigo contém descrições de aulas que foram desenvolvidas com
base no Projeto de Intervenção de Estágio, elaborado a partir das observações realizadas na sala de aula onde o
Projeto foi aplicado.
Palavras chave: Estágio Supervisionado. Formação de Professores. Recursos didáticos. Paisagem.
EXPERIENCE REPORT: CONTRIBUTIONS OF THE CURRICULUM STAGE
SUPERVISED IN GEOGRAPHUA II FOR TEACHER TRAINING
Abstract
The present article is a result of the regency and observation carried out in Supervised Internship II in the course
of Degree in Geography curricular discipline required in undergraduate courses, aiming to describe how was the
development throughout the internship. Despite a short time in the classroom and in coexistence with the school,
the internship allows us to not only observe but also act in this environment. For many graduating
undergraduates it is the final test of their future decision to stay in the course because it is at this moment that the
student will relate to their future work environment, recognizing if it really constitutes their professional
vocation. In this perspective, the purpose of the internship is to provide the student with an approximation to the
professional reality of teaching, aiming at the technical, scientific and pedagogical improvement of his academic
training. One of the main characteristics of the internship is to be able to dialogue critically on the current reality
and to favor articulation with the use of new teaching strategies. The present article contains descriptions of
classes that were developed based on the Intervention Project of Internship, elaborated from the observations
made in the classroom where the Project was applied.
Key works: Supervised internship. Teacher training. Didactic resources. Landscape.
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Introdução
Dentro da construção da nossa formação de futuros educadores, é obrigatório que cada
aluno desempenhe 04 Estágios Supervisionados. Especificamente no curso de Geografia, o II
Estágio Curricular Supervisionado busca uma vivência em sala de aula com alunos do 6º ou
7º ano do ensino fundamental II.
Neste sentindo, o presente artigo se trata de um relato de experiência do Estágio
Curricular Supervisionado em Geografia II, realizado na Escola Estadual do Ensino
Fundamental e Médio Professor Adalberto de Sousa Oliveira, a qual foi criada em 15 de
agosto de 1971, hoje, atende às modalidades de ensino fundamental (4º ao 9º ano) e ensino
médio (1º ao 3º) e atende cerca de 450 alunos. A partir deste relato, buscaremos estacar as
potencialidades e desafios do estágio e sua contribuição para a formação docente.
A turma em que ocorreu o estágio funciona no turno vespertino e conta com
aproximadamente 30 alunos. A sala é composta em sua maioria por alunos que residem nas
áreas rurais do município de Cachoeira dos Índios, e utilizam o transporte coletivo para
chegarem à escola. A sala apresenta uma grande diversidade de alunos pelo fato de ser a
única turma de 6º ano no período da tarde. Identificamos que há alunos na idade certa para
estarem na série e outros já adolescentes acima da idade estipulada pelo Ministério da
Educação para a modalidade.
A formação inicial busca preparar o estudante para os desafios que serão enfrentados
em sala, auxiliando-o na construção da identidade docente. Para isto nesta disciplina foram
utilizados diversos textos, com vários autores com pensamentos diferentes, possibilitando
assim uma maior aproximação com a sala de aula que veríamos enfrentar.
Os textos debatidos em sala de aula foram importantes, pois contavam com temas
atuais, gerando assim boas discussões entres os colegas e professora. As metodologias
também são responsáveis pelo processo de ensino aprendizado dos alunos. As metodologias
utilizadas em sala pela professora Micaelle Amâncio em sala de aula e foram inovadoras e
desafiadoras, sempre com novas propostas, onde os alunos motivados realizavam a atividade
sugerida à medida que tiravam suas dúvidas junto aos colegas.
Após o início da regência, voltamos a nos reunir para debates sobre as experiências em
sala de aula e quais os maiores desafios encontrados. Era visível o desanimo e a revolta de
alguns colegas que contestavam onde o que aplicamos em sala de aula e a teoria que
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estudamos na academia. Os discursos que tínhamos antes dos estágios eram diferentes das
opiniões que construímos hoje, após as experiências docentes.
A capacitação do professor vai se moldando ao longo de sua carreira, pois é na
vivência de sua profissão, que aprenderá a adaptar-se a diversas situações que estarão à sua
espera, muitas das quais irão surpreendê-lo. É importante frisar que o estágio supervisionado
é o início do processo da formação docente, porém o professor vai sendo moldado ao longo
de sua carreia através da vivência de sua profissão aprendendo a adaptar-se às diversas
situações que estarão à sua espera.
É comum a atividade de estágio ficar conhecida como “a hora da prática”, “o como
fazer”, “as técnicas a serem empregadas em sala de aula”, “desenvolvimento de habilidades
específicas do manejo de classe”, “preenchimento de fichas de observação” (PIMENTA E
LIMA). Nesta disciplina a professora trouxe um grande recurso e um jeito novo para que
pudéssemos trabalhar, ao invés de escolhermos um tema próprio, muitas vezes fora do
cronograma escolar, aplicaríamos um projeto baseando-se no conteúdo programado, o nosso
projeto foi realizado focando nas metodologias e trazendo para a sala de aula um modo
diferente de ministrar as aulas, com as quais obtivemos bons resultados, que será descrito ao
logo do artigo.
O trabalho com diferentes metodologias em sala de aula é de fundamental importância
para que os alunos despertem um interesse a mais pela disciplina, e que estes desenvolvam
habilidades necessárias à aprendizagem. É nesta concepção que a aula deve ser planejada, na
intenção de que o educando compreenda o que está estudando e relacione com sua realidade.
Portanto, as discussões desenvolvidas nas aulas de estágio contribuíram para uma
melhor reflexão e conhecimento individual e coletivo da turma, com discussões e temas
relevantes. Toda esta preparação foi importante para a atuação em sala de aula, pois devemos
considerar que dificilmente estaremos preparados para as situações que a sala de aula irá nos
preparar, já que cada turma/escola possui suas particularidades.
Procedimentos Metodológicos
O desenvolvimento da pesquisa aconteceu em sala de aula com a professora
orientadora da disciplina de estágio, através de discussão de textos, debates e reflexões acerca
das práticas docentes e ainda da Regência do Estágio Curricular Supervisionado em Geografia
II que aconteceu entre os dias 31 de agosto e 28 de setembro de 2016. Durante este período,
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aplicamos o projeto de intervenção intitulado: O uso de jogos e maquetes no ensino-
aprendizagem na categoria geográfica paisagem.
Para Pimenta & Lima (2004), o estágio é identificado como:
A parte prática dos cursos de licenciatura para a formação de profissionais, em
contraposição à teoria. Não é raro ouvir, a respeito dos alunos que concluem seus
cursos, referências como “teóricos”, que a profissão se aprende “na prática”, que
certos professores e disciplinas são por demais “teóricos”. Que “na prática a teoria é
outra”. No cerne dessa afirmação popular, está a constatação, no caso da formação
de professores, de que o curso nem fundamenta teoricamente a atuação do futuro
profissional nem toma a prática como referência para fundamentação teórica. Ou
seja, carece de teoria e de prática. (p.33)
Imagem 1. Observação das aulas.
Fonte: Fernandes, 2016. Acervo pessoal.
A partir de conversas com o professor da turma a ser realizada o estágio, as aulas
foram planejadas e desenvolvidas baseando-se no conteúdo a ser trabalhado que foi a
dinâmica do interior da terra. Utilizamos diversos recursos didáticos e metodologias, como
produção de maquetes, utilização de jogos trabalhando imagens e atividades diárias.
As aulas de Geografia na turma do 6ºano B da Escola Professor Adalberto de Sousa
Oliveira aconteceram nas quartas-feiras sendo elas a primeira, a segunda e a quarta. As aulas
iniciais foram utilizadas para explicação do conteúdo utilizando o livro didático e outros
recursos como Datashow, vídeos, imagens, a quarta aula foi utilizada para desenvolvimento
de atividades. Como podemos observar na imagem 02:
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Imagem 2. Explicação inicial do conteúdo.
F
Fonte: Fernandes, 2016. Acervo pessoal.
Ao mesmo tempo em que o conteúdo era explanado no Datashow os alunos eram
incentivados a utilizarem o livro didático respondendo as interrogações feitas durante a
explicação. Por ser um momento inicial consideramos um momento de muita interação, pois
os alunos conseguiram responder aquelas perguntas que lhes eram feitas e ainda relacionarem
com outros conhecimentos que tinham. Excepcionalmente neste dia começamos a atividades
onde tratou-se da confecção das maquetes, a sala dividida em quatro equipes que juntos
produziriam uma representação do interior da Terra, utilizando isopor, tintas e pinceis.
Imagem 3. Equipes desenvolvendo a maquete
Fonte: Fernandes, 2016. Acervo pessoal.
Esta atividade nos surpreendeu bastante, pois houve a participação absoluta dos alunos
que estavam em sala, mesmo aqueles que não costumavam participar sentiram-se motivados e
contribuíram com sua equipe.
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Imagem 4. Equipes desenvolvendo a maquete
Fonte: Fernandes, 2016. Acervo pessoal.
Imagem 5. Equipes desenvolvendo a maquete
Fonte: Fernandes, 2016. Acervo pessoal
Na aula seguinte fizemos de início uma pequena revisão sobre o assunto estudado na
última aula. Aproveitamos e fizemos a interligação com o conteúdo “Formas de Relevo” que
seria visto no dia. Utilizamos mais uma vez o Datashow, com o apoio do livro didático, e o
quadro branco, após as explicações nas primeiras aulas referentes às diversas formas de
relevo, suas características, sua formação, realizamos na quarta aula um jogo com a utilização
de imagens.
Na semana seguinte o conteúdo visto em sala foi sobre águas continentais, mais uma
vez utilizamos o Datashow para uma explicação inicial, porém sempre nos apoiando ao livro
didático, com indagações aos estudantes estimulando a participação de todos na aula. Ao final
os alunos receberam quatro tipos de atividades diferentes que foi permitido levarem para casa
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com compromisso de trazerem na semana seguinte. Esta metodologia não saiu como
esperávamos, pois alguns deles não retornaram com a atividade completada.
Na última semana, ao final na aula os alunos e o professor supervisor responderam um
questionário utilizado para elaboração do relatório final da disciplina de estágio.
Neste questionário foi perguntado aos alunos por que eles teriam escolhido a referida
escola para estudar. A maioria deles respondeu que foi devido a escola estadual “ser melhor
que a outra”, fazendo referência à escola municipal existente na cidade. Obtivemos respostas
também como: a escola é muito boa, possui bons professores, é muito organizada, por
vontade dos pais ou por que algum irmão mais novo ou mais velho estuda também.
Perguntamos ainda qual opinião dos estudantes acerca da disciplina de Geografia. A
maior parte dos alunos atribuiu à disciplina adjetivos como: boa, legal, ótimo, perfeita,
aprende tudo e regular. Além dos adjetivos acima citados, os alunos ainda complementaram
que gostam da disciplina, pois “o professor é bom, porque gostam do conteúdo e porque
apreende muitas coisas”.
Por tanto entendemos por essas respostas que os alunos têm grandes interesses pela
disciplina, principalmente pela relação com o professor e dos conteúdos. Com essas
combinações acreditamos que os alunos deveriam apresentar estar com boas notas, porém nas
observações verificamos que muitos deles estão com notas abaixo da média.
Concluímos o questionário com o objetivo de identificar em quais momentos do dia-a-
dia os alunos percebem a relação da Geografia com a sua realidade. Obtivemos as seguintes
respostas diante da pergunta:
Quando eu venho de casa eu vejo muitas coisas interessantes, açude e muitas coisas
(Vanessa, 13 anos); Quando venho de casa eu vejo serra, açude, matas, bichos
brutos e etc (Kaliane); Quando eu venho da escola eu vejo muitas paisagens, muito
lindas (Ingrid, 11 anos); Árvores, pedras várias paisagens, barragem açude etc...
(Erica, 14 anos); Uma matéria legal e vários rios barragens e etc... (José, 12 anos);
Quando saio de casa, as plantas, os rios, etc (Josué, 11 anos); Quando eu preciso de
algum mapa ( Daniel, 15 anos); Eu vejo a formação do relevo, eu vejo a geografia
legal (Anderson, 14 anos); Nas montanhas e nas coisas que eu viajo e participo das
oficinas e também os lugares imaginários (Maria, 11 anos); No que eles explica
sobre a geografia é bom e eu vejo como se eu tivesse vendo (Victor, 13 anos); Eu
vejo muitas paisagens, mato verde, mato seco e mar, etc! (Daniele, 11 anos); Em
casa que eu estudo a matéria e vejo alguma coisa que representa a geografia etc
(Samuele, 14 anos); Eu vejo na TV, nas ruas e em todos os lugares que eu vou
(Maria Vitória, 12 anos).
Assim sendo, podemos perceber que os alunos conseguem exemplificar em quais
momentos do seu cotidiano há características geográficas, pois citaram tipos de paisagens,
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relevo, vegetação, presenças de animais, além de localizações no espaço. Observa-se que
todos os elementos citados pelos estudantes são referentes a conteúdos já discutidos em sala
de aula.
O questionário aplicado ao Professor, recém formado em Geografia pela Universidade
Federal Campina Grande – UFCG, campus Cajazeiras - PB e exerce à docência há 8(oito)
meses. A primeira pergunta foi sobre a sua relação com os alunos, o mesmo disse que a
relação é ótima, a mesma resposta foi obtida quando perguntas a respeito da sua relação com
os sujeitos da escola. Quando foi perguntada a questão dos recursos utilizados em sala, o
mesmo disse que faz uso de Data show, notebook, e banners. No entanto percebemos nas
observações das aulas que ele só fazia uso de Datashow, notebook e do livro didático, e esse
último recurso é bastante utilizado pelo mesmo, mas não foi citado na lista de recursos
utilizados.
Pode-se perceber que o professor sempre busca inovar na sala, levando vídeos que
facilitam o ensino-aprendizagem, porém os alunos não prestam muita atenção, observamos
alguns dormindo enquanto o mesmo passava um vídeo sobre o conteúdo da prova.
Perguntamos ainda sobre as principais dificuldades no ensino da Geografia, o
professor respondeu que as principais dificuldades a qual o ensino passa, é a desvalorização
do profissional da educação e a segunda é a falta de investimento por parte do governo para a
educação.
Alguns fatores impediram a realização total do projeto como havia sido planejado, não
conseguimos estudar todos os conteúdos programados, devido ao feriado e à comemoração
em despedida. O que mais surpreendeu foi a participação dos alunos, pois durante as
observações apresentava uma sala “barulhenta” com pouca participação, porém tivemos
participações significativas durante toda regência.
Fomos responsáveis por atribuir uma nota aos alunos e pelo que podemos observar a
grande maioria apresentou uma melhora significativa, obtendo uma nota superior as
anteriores, vale ressaltar que a cada encontro realizávamos alguma atividade e essas
atividades serviram de base para notas.
Considerações Finais
Ao concluímos o estágio, podemos perceber importância do mesmo para a nossa
formação docente, pois assim conseguimos observar o campo de trabalho que iremos atuar, a
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escola entendendo suas relações, e da sua importância para uma identidade profissional.
Nesse segundo estágio tivemos um maior desafio, pois lidar com crianças de 6º ano não é uma
tarefa muito fácil, pois é uma nova fase na qual os estudantes estão chegando, acostumados
no ensino infantil com apenas um professor, se depara no 6º ano com nove, além disso,
muitos deles estão iniciando a adolescência, tida como uma das fases humanas mais difíceis e
confusas, com mudanças de comportamentos, no corpo, nas amizades tudo isso influencia no
comportamento deles, mas o importante é que tivemos êxitos ao trabalhar os conteúdos com
eles, e conseguimos observar isso na nossa última aula onde fizemos uma gincana em cada
um falou o que tinha aprendido, sendo esse momento muito rico para nós. Em relação à
experiência vivenciada, notamos que a realidade da educação pública pouco se assemelha
com algumas teorias, na prática é desafiante, muitas vezes há a práxis, mas como lidamos
com pessoas, são sempre imprevisíveis, por isso cabe o professor buscar novas teorias,
reinventar-se a cada dia em sala de aula. E para chegarmos a uma educação de qualidade é
necessário o envolvimento de todos da comunidade, o desenvolvimento de políticas públicas
em educação e em outras áreas que estão diretamente ligadas, como saúde e cultura para que
assim haja um incentivo maior para os estudantes.
A disciplina de Estágio Supervisionado II foi bem desenvolvida, e nos possibilitou um
enriquecimento intelectual devido aos debates em sala sobre diversos temas, o que nos levou
a uma maior e melhor expressividade, bem como uma melhor reflexão do sistema atual de
ensino, no qual citamos acima como sendo um dos mais importantes e principais ambientes
responsáveis pela formação individual e social da pessoa, e que necessita passar por
mudanças para tal finalidade.
Referências
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– Brasília: MEC/SEF, 1998. 138 p.
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Paulo: Contexto, 2015.
CASTELLAR, S.; VILHENA, J. Ensino de Geografia. - São Paulo: Cengage Learning,
2011.
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Kimura, Shoko. Geografia no ensino básico: questões e propostas. – 2.ed., 1ª reimpressão. –
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contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 40, Janeiro a
Maio de 2009.
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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO
DOCENTE: DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM SALA DE AULA
Ana Elizabeth Jerônimo¹
Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia do Centro de Formação de Professores da
Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras/PB
E-mail: [email protected]
Ailmo Xavier Soares²
Graduando em Licenciatura Plena em Geografia do Centro de Formação de Professores da
Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras/PB
E-mail: [email protected]
Cícera Cecília Esmeraldo Alves³
Professora Adjunta do curso de Geografia do Centro de Formação de Professores da
Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras/PB
E-mail: [email protected]
Resumo
O Estágio Supervisionado deve ser considerado um instrumento fundamental no processo de
formação do professor. As experiências na escola, possibilitará o aluno/a estagiário, analisar o
exercício da docência em uma totalidade imaginável, o aluno/a muitas vezes pela imaturidade,
ainda incerto sobre a carreira profissional acaba-se descobrindo nos estágios de maneira
positiva ou negativa diante das práticas relacionadas ao universo escolar. O objetivo central
deste trabalho é analisar as práticas didáticas pedagógicas trabalhadas durante o Estágio
Supervisionado II. Os objetivos específicos consistem em 1). Refletir sobre a atuação do
discente em Geografia no período de regência. 2) Apresentar metodologias trabalhadas em
sala de aula. 3). Reconhecer a importância do uso de mapas como recurso didático no ensino
de geografia. Os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento deste
trabalho e para o alcance dos objetivos propostos, constitui em um levantamento bibliográfico
referente à temática e também uma aplicação de um questionário a vinte e oito alunos na
turma do 6° A, contendo dez questões objetivas e subjetivas, que objetivavam compreender a
importância dos mapas nas aulas de Geografia. Os dados quantitativos foram tratados com o
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objetivo de compreender as concepções dos alunos sobre os mapas na ciência geográfica. O
período de regência foi constituído de intensos aprendizados, as vivencias em sala de aula,
proporcionaram uma análise crítica e reflexiva do exercício da docência que transcenderam os
muros da escola. Nesse sentido, é de extrema importância apresentarmos os resultados para a
construção de diálogos e perspectivas para e na formação docente.
Palavras chaves: Estágio Supervisionado; Formação docente; Mapas temáticos.
Abstract
The Supervised Internship should be considered a fundamental instrument in the teacher
training process. The experiences in the school, will enable the trainee student, analyze the
exercise of teaching in a totality imaginable, the student / often immature, still uncertain about
the professional career is found in the stages in a positive or negative way before the practices
related to the school universe. The main objective of this work is to analyze the teaching
didactic practices worked during Supervised Stage II. Specific objectives consist of 1).
Reflect on the performance of the student in Geography in the period of regency. 2) Present
methodologies worked in the classroom. 3). Recognize the importance of using maps as a
didactic resource in geography teaching. The methodological procedures used for the
development of this work and for the achievement of the proposed objectives constitute a
bibliographical survey on the theme and also a questionnaire application to twenty-eight
students in the 6th grade group, containing ten objective and subjective questions, which
aimed to understand the importance of maps in Geography classes. Quantitative data were
used to understand students' conceptions of maps in geographic science. The regency period
was made up of intense apprenticeships, the experiences in the classroom, provided a critical
and reflexive analysis of the exercise of teaching that transcended the walls of the school. In
this sense, it is extremely important to present the results for the construction of dialogues and
perspectives for and in teacher education.
Keywords: Supervised Internship; Teacher training; Thematic maps.
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Introdução
O presente trabalho, versa sobre a experiência em sala de aula, possibilitada pela
disciplina de Estágio Supervisionado em Geografia II, do Curso de Licenciatura em
Geografia, na Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Professor Manoel Mangueira
Lima, na turma do 6° ano do Ensino Fundamental, no município de Cajazeiras-PB.
O objetivo central deste trabalho é analisar as práticas didáticas pedagógicas
trabalhadas durante o Estágio Supervisionado II. Os objetivos específicos consistem em 1).
Refletir sobre a atuação do discente em Geografia no período de regência. 2) Apresentar
metodologias trabalhadas em sala de aula. 3). Reconhecer a importância do uso de mapas
como recurso didático no ensino de geografia.
E. E. E. F. M. Professor Manoel Mangueira Lima, foi inaugurada no ano de 1985,
nos termos do Decreto Lei N° 10.592 de 05 de fevereiro de 1985, tendo iniciado suas
atividades no mesmo ano. Recebeu esse nome em homenagem ao Professor Manoel
Mangueira no qual prestou relevantes serviços na área da educação do município. (PPP, 2013-
2014).
Imagem 01- Escola Professor Manoel Mangueira Lima
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
A escola atende o Ensino Fundamental e Médio, mas na sua fundação iniciou suas atividades
atendendo alunos desde a pré-escola até o Ensino Médio, no ano de 2000 foi instituído o
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Ensino Fundamental do I Seguimento. A partir do ano de 2008 deu início o atendimento ao
alunado do EJA (Educação de Jovens e Adultos), passando a funcionar os três turnos. (PPP,
2013-2014).
A comunidade escolar é caracterizada em sua maioria, por famílias advindas da
classe baixa e média baixa, composta de famílias trabalhadoras, que valorizam a
escolarização. A região possui localidades onde moram famílias em vulnerabilidade social que
ainda necessitam do Programa Bolsa Família. Um percentual significante participa ativamente
das atividades e eventos que a escola oferece, embora seja necessário um maior
comprometimento dos pais com o cotidiano escolar dos seus filhos, principalmente nas
reuniões de pais, dentre outras ações que possam estreitar a parceria com o trabalho
pedagógico da escola. (PPP, 2013-2014).
Os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho e
para o alcance dos objetivos propostos, constitui em um levantamento bibliográfico referente
à temática e também uma aplicação de um questionário a vinte e oito alunos na turma do 6°
A, contendo dez questões objetivas e subjetivas, que objetivavam compreender a importância
dos mapas nas aulas de Geografia. Os dados quantitativos foram tratados com o objetivo de
compreender as concepções dos alunos sobre os mapas na ciência geográfica.
O período de regência foi constituído de intensos aprendizados, as vivencias em sala
de aula, proporcionaram uma análise crítica e reflexiva do exercício da docência que
transcenderam os muros da escola. Nesse sentido, é de extrema importância apresentarmos os
resultados para a construção de diálogos e perspectivas para e na formação docente.
O estágio na construção da identidade docente
Os Estágios nos cursos de formação são indispensáveis para a construção da
identidade profissional nos diversos campos do conhecimento. Nas licenciaturas, estes são
fundamentais e torna-se decisivo no exercício da docência. O contato com a escola, oferece o
aluno/a estagiário em formação, a oportunidade de viver as múltiplas realidades da educação,
principalmente a práxis educativa, onde possibilitará integrar teoria e prática. Para Silva &
Miranda (2008, p.18):
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A experiência no cotidiano escolar contribui para a construção da identidade profissional do estágio, fazendo com que futuramente ele assuma determinadas posturas e consolide suas opções e intenções. Por
meio de critérios objetivos e subjetivos, nesse momento de sua trajetória
acadêmica, os futuros professores e pedagogos estão fazendo escolhas.
As experiências na escola, possibilitará o aluno/a estagiário, analisar o exercício da
docência em uma totalidade imaginável, o aluno/a muitas vezes pela imaturidade, ainda
incerto sobre a carreira profissional acaba-se descobrindo nos estágios de maneira positiva ou
negativa diante das práticas relacionadas ao universo escolar. Para Fazenda (1994, p.64 – 65):
O Estágio Supervisionado deve ser considerado um instrumento
fundamental no processo de formação do professor. Poderá auxiliar o aluno
a compreender e enfrentar o mundo do trabalho e contribuir para a
formação de sua consciência política e social, unindo a teoria à pratica.
Mas, para que isso ocorra, o Estágio não pode ser encarado como uma
tarefa burocrática a ser cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado
nas escolas onde os estagiários buscaram espaço. Deve sim assumir a sua
função prática, revisada numa dimensão mais dinâmica, profissional,
produtora, de troca de serviços e de possiblidades de abertura para
mudanças.
Os estágios são fundamentais no processo de formação dos professores, os estagiários
não devem buscar a regência apenas como uma tarefa burocrática, apenas para a obtenção de
notas, mas, que este espaço promova um ambiente de construções de saberes. Também
possibilita o discente a partir das vivências enfrentar o mundo do trabalho com competências
e habilidades necessárias, quando trabalhado com dedicação e compromisso.
Alguns profissionais, no início da carreira, encontra uma realidade totalmente
diferente com a qual idealizam, no âmbito escolar a atuação do professor não estar limitado
exclusivamente em construir o conhecimento ou “dar aula,” envolve um conjunto de fatores
que fazem parte da profissão como, por exemplo, identificar e solucionar os problemas
existentes em sala de aula, buscar metodologias que desperte no aluno o interesse pelos
conteúdos, lidar com as dificuldades de aprendizagem, uma vez que cada indivíduo apreende
de uma forma diferente, tendo em vista que todos esses problemas destacados não é um caso
restrito apenas de uma escola, mas de todos os espaços escolares (PIMENTA, et al, 2008,
p.42).
Nessa perspectiva, vale ressaltar o olhar crítico sob o contexto escolar e sua ação
profissional, pois sem uma análise crítica, o professor estará sujeito a imitar modelos no
processo de ensino. Para Barreiro & Gebran (2006, p.28).
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A formação dos professores deve pautar-se por conteúdos e atividades no
decorrer dos estágios que discutam o contexto da formação e da atuação
profissional, as dimensões éticas e políticas do trabalho do professor, os
fundamentos da educação, da ação docente e a identidade do professor.
Deste modo, o processo de formação inicial é fundamental, pois a identidade do
professor é construída a partir do estágio. Figueiredo (2010, p. 12) enfatiza:
O estágio supervisionado tem sido considerado um importante instrumento
pedagógico na formação dos profissionais de licenciatura. Isso em virtude
das rápidas mudanças provindas do meio em que vivemos, bem como da
necessidade de uma atuação teórica prática do discente que pode, através
do estágio, testar os conhecimentos adquiridos na universidade, bem como
verificar as áreas escolhidas na qual atuou é realmente a desejada, na qual
pretenderá atuar após sua formação cidadania, passando atuar na realidade
da sociedade que está inserido.
O papel do professor é motivar os alunos e incentivá-los a aprender. Cabe ao
professor relacionar o conhecimento ao interesse do aluno. Não basta dispor de
conhecimentos, é preciso mobilizá-los em situações. Nas ações. Em contextos: nem se
concretizam ações sem recursos..., nem adianta dispor de recursos sem mobilização, pois
serão inúteis, (LE BOTERF, 1994, P. 16).
Entretanto, é clara a importância de inovar por parte do professor, criar, propor
alternativas que chamem “atenção” dos alunos, como por exemplo, fazer uso de mapas,
maquetes, desenhos, entre outros meios que promovam a compreensão e o despertar pelo
aprendizado, sendo assim, a intervenção do professor no processo de ensino/aprendizagem é
de suma importância para o desenvolvimento pessoal e profissional do discente.
Os mapas temáticos como recurso metodológico no ensino de geografia: Descrição das
atividades
Em um período correspondente a um mês, durante cinco encontros foram realizadas
atividades nas aulas de geografia, com o objetivo de trabalhar a importância dos mapas
temáticos em sala, levando assim os alunos a compreender o uso dos mapas de forma crítica e
reflexiva.
Pensar na perspectiva de trabalhar com os mapas temáticos, é um processo que deve ser
discutido principalmente no ensino de geografia, levar esse recurso para a sala de aula com a
finalidade de desenvolver a capacidade de aprendizagem dos alunos. Alves (2016, p.33)
enfatiza que:
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[...] o uso das representações cartográficas, também, são recursos que o
educador deve usar em sala para a exploração e vivência do mundo
cartográfico. Exemplo disso é a produção de maquetes construída com base
em carta topográfica. Essa produção transfere o aluno para o conhecimento e
interpretação do mapa para retirada das curvas de nível e identificação da
área de acordo com a escala adotada. A educação cartográfica desperta a
criatividade no aluno e o interesse pelos conhecimentos cartográficos, bem
como a aprendizagem.
Como citado, às representações cartográficas são recursos didáticos que devem ser
trabalhados na sala de aula, buscando outras metodologias que contribuam para a construção
do conhecimento, através das maquetes, mapas, mapas mentais, desenhos entre outros, para
que desperte a criatividade e o interesse dos alunos pelos conhecimentos cartográficos.
No primeiro dia de regência do estágio (28/08/16), apresentamos o projeto
desenvolvido nas aulas de Estágio Supervisionado II, intitulado “As práticas metodológicas e
os mapas temáticos no ensino de geografia” os quais seriam trabalhados nas aulas. Aplicamos
também um questionário para que pudéssemos identificar como estavam o conhecimento dos
discentes acerca dos mapas temáticos, os resultados dos questionários aplicados na turma do
6º A, do Ensino Fundamental II, da referida Escola constatou-se os seguintes resultados que
serão analisados e discutido a seguir:
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Gráfico 1: Disponibilidade de mapas temáticos na Escola
Fonte: Soares e Silva, 2016.
No que concerne os mapas temáticos na escola, podemos identificar no (gráfico 1)
que a maioria dos alunos afirmaram que há disponibilidade destes recursos didáticos, eles
relataram que existem uma gama de mapas na instituição e que muitos destes são
desatualizados, o que dificulta com que os professores trabalhem em sala de aula de forma
significativa.
Gráfico 2: A utilização de mapas temáticos no ensino de geografia
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Fonte: Soares e Silva, 2016.
De acordo com os dados da pesquisa, identifica-se que na turma do 6° A, vinte
alunos/as afirmaram que os mapas são trabalhados nas aluas de geografia de acordo com a
necessidade dos conteúdos, seis alunos/as elencaram que não são utilizados esses recursos e
dois alunos/a não assinalaram as alternativas.
Gráfico 3: Dificuldades apresentadas na interpretação dos mapas
Fonte: Soares e Silva, 2016.
Conforme os dados obtidos no (gráfico3) observasse, que na turma do 6° A, quinze
discentes afirmam que apresentam dificuldades em interpretar e compreendê-los, já onze
destaca que não apresentam dificuldades, apenas dois alunos/as não assinalaram. Dessa
forma, podemos identificar que a maioria dos estudantes apresentam dificuldades na
identificação e interpretação dos fenômenos cartográficos apresentados nos mapas e
consequentemente do conteúdo.
Apresentamos alguns mapas temáticos, abordando a história dos mapas, as
transformações nos diferentes períodos históricos até a atualidade, os elementos contidos
como por exemplo: título, legenda, localização, escala e autores. Isso possibilitou uma
melhor compreensão em relação a importância dos mapas para o processo de localização, e
sobre os conhecimentos cartográficos.
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Imagem 02- Exposição dos mapas em sala de aula
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
No segundo momento, dividimos a turma em seis equipes de cinco integrantes, e
aplicamos uma atividade correlacionada aos temas apresentados nos mapas. Os mesmos
foram instruídos a analisar e identificar nos mapas temáticos as informações contidas.
Imagem 03 - Atividade “ mapas temáticos”
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Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Para alguns alunos/as, esse momento foi o primeiro contato com os mapas, no início,
apresentaram certa dificuldade em desenvolver as questões propostas, pois elencaram que os
mapas não eram trabalhados com frequência durante as aulas de geografia.
Os mapas, são recursos didáticos que abordam conteúdos pertinentes da Ciência
Geográfica. A leitura desse material, envolve todo um planejamento para que ocorra o
processo de ensino e aprendizagem, este por se só, não contempla em totalidade o conteúdo, o
professor deve buscar estratégias para facilitar a compreensão. Para trabalharmos os temas
representados em alguns mapas disponibilizados na escola, fizemos uma discussão teórica
sobre os conteúdos “ O clima do Brasil e População”, onde recorremos há outros recursos
didáticos, como por exemplo o livro, desenhos, slides.
Imagem 04- Exposição teórica sobre o “ciclo hidrológico”
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
A alfabetização cartográfica é fundamental para que o discente possa analisar um
mapa, a ausência destas etapas impede que o processo de ensino e aprendizagem tenham bons
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resultados. O aluno/a tem que entender que esse recurso didático não é apenas uma figura
ilustrativa, mas uma ferramenta essencial para a compreensão do espaço vivido. Para Câmara
& Barbosa (2012, p. 39) consideram que:
Aprender a utilizar mapas é um processo lento, que deve ser desenvolvido
em diversas etapas, desde a representação feita pelo próprio aluno (mesmo
que de forma rudimentar) de espaços vividos por ele, da realidade
conhecida e experimentada, até a interpretação de mapas que representem
espaços e realidades que ele não conhece, de forma complexa, exigindo
maior nível de abstração.
Em algumas instituições de ensino, os mapas, as representações cartográficas e o
globo terrestre são expostos como objeto de decoração. Isso, faz com que os conteúdos não
sejam problematizados e contextualizados no espaço escolar.
Considerações
A disciplina de Estágio na formação é indispensável para o exercício da atividade
docente, pois, é uma oportunidade que o licenciando tem de conhecer e pôr em prática o que
apreendeu no âmbito acadêmico. Dessa forma, o discente saberá lidar com as situações em
sala de aula, uma vez que é extremamente dinâmica.
Neste período, enfrentamos constantes desafios, decepções, constrangimentos,
alegrias e sobretudo muito aprendizado. A professora da escola não participava com
frequência das aulas nos passando total responsabilidade sob os alunos, o que foi de certa
forma positivo, pois, tínhamos liberdade de trabalhar como planejávamos.
Quanto os alunos/as do 6° A, alguns mostraram-se interessados e participativos em
todas as aulas, mas, uma minoria se apresentaram bastante problemáticos, atrapalhavam as
aulas através de conversas paralelas, discussões entre outros conflitos.
Dessa forma, o Estágio é crucial para a formação profissional e para a vida, uma vez
que, todas as experiências adquiridas sejam positivas ou negativas contribui para a construção
da identidade do professor.
Com relação a aplicação do projeto, percebemos que é necessário enfatizar a busca
pela alfabetização e interpretação adequada dos mapas nas aulas de geografia, fazendo com
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que os alunos notem o quanto é importante o entendimento do espaço geográfico de forma
lúdica e simples, através dos mapas temáticos.
Nos diferentes momentos históricos da sociedade, o homem buscou métodos de
localização que constitui em uma pluralidade de mapas, estes apresentam linguagens
específicas da ciência cartográfica. Trabalhar com mapas não é uma atividade simplória,
alguns estudantes mostram dificuldades em analisar e compreendê-los, como identificamos
nos dados dos gráficos. Nessa perspectiva, é importante que o docente trabalhe os mapas
fazendo uma contextualização com a realidade dos alunos.
Referências
ALVES, C. C. E. Ensino de geografia e suas diferentes linguagens no processo de ensino e
aprendizagem: perspectivas para a educação básica e geosaberes. Disponível
em:<file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/DialnetEnsinoDeGeografiaESuasDiferentes
LinguagensNoProces-5548106.pdf> Acesso em: 12/04/2017 às (15hs 45min).
BARREIRO, I. M. F.; GEBRAN, R. A. Prática de ensino e estágio supervisionado na
formação de professores. – São Paulo: Editora Avercamp, 2006. p. 126.
CÂMARA, C. de F.; BARBOSA, M. E. S. Abordagem cartográfica no ensino de
geografia: reflexões para o ensino fundamental. Disponível em: <
http://www.revistaensinogeografia.ig.ufa.br/N.5/Art3v3n5final.pdf> Acesso em: 10/10/2017
às (14hs20min).
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da
Comissão Int4ernacional de Educação para o século XXI. 2. ed. São Paulo: Cortez; Brasília,
DF: MEC/UNESCO, 2013.
FIGUEIREDO, A. H. D. de. O estágio supervisionado e sua importância para a
licenciatura em geografia/ GUARABIRA 2010.p 12.
Projeto Político Pedagógico da E. E. E. F. M. Professor Manoel Mangueira Lima.
Cajazeiras-PB, 2013 e 2014.
SILVA, L. C; MIRANDA, M. I. Estágio Supervisionado e prática de ensino: desafios e
possibilidades. – Araquara, SP: Junqueira&Marin:Belo Horizonte, MG: Editora
FAPEMIC, 2008, p. 176.
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A IMPORTÂNCIA DO USO DA LITERATURA NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Nayanny Bruno de Oliveira Braz
Graduanda do Curso de Geografia da Universidade Regional do Cariri – URCA/CE
Analiane Vidal de Alencar
Graduanda do Curso de Geografia da Universidade Regional do Cariri – URCA/CE
Resumo
A disciplina de Geografia busca sempre novas maneiras de tentar passar um bom conteúdo e
adequado nas aulas, com isso se faz a necessidade de se recorrer a novas práticas de ensino-
aprendizagem. Para isso a literatura vem sendo utilizada pelo professor como uma nova
proposta pedagógica. A través dessas obras literárias os alunos têm a oportunidade de
conhecer de uma forma diferenciada os aspectos da paisagem. Com isso se reforça a ideia que
é possível aprender Geografia com ajudar da leitura de alguns autores brasileiros. A
importância do uso da literatura no ensino de geografia se faz na necessidade de chamar a
tenção dos alunos leitores para as questões sociais e políticas do território brasileiro e para
sua grande variação natural e cultural. A parti da literatura os alunos podem começar a terem
um senso crítico e reflexivo, como pensar, questionar e debater sobre espaço geográficos
dentro das obras literárias e trazer para sua realidade escolar e fora da escola, proporcionando
uma reflexão analítica dos fatos.
Palavras-chave: Ensino de Geografia. Literatura. Praticas pedagógicas.
INTRODUÇÃO
A Geografia como disciplina tem um papel fundamental no currículo do
ensino básico, podendo contribuir com a formação crítica dos alunos e uma participação mais
atuante na sociedade. Com isso, se faz uma constante buscar de como estimular os alunos, e
novas maneiras de tentar passar um bom conteúdo e adequado nas aulas, a parti disso se faz a
necessidade de se recorrer a novas práticas de ensino-aprendizagem.
É possível o uso da literatura no ensino de geografia? Sim isso possível, as
obras literárias brasileiras têm uma grande riqueza em detalhes que retratam as diferentes
paisagens, regiões e aspectos sociais, políticos e culturais da sociedade brasileira em
diferentes realidades temporais.
A través dessas obras literárias os alunos têm a oportunidade de conhecer de
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uma forma diferenciada os aspectos da paisagem nas Zona da Mata, Agreste, Sertão e Litoral
nordestino.
A disciplina de Geografia busca sempre novas maneiras de tentar passar um bom
conteúdo e adequado nas aulas, com isso se faz a necessidade de se recorrer a novas práticas
de ensino-aprendizagem. Para isso a literatura vem sendo utilizada pelo professor como uma
nova proposta pedagógica.
Para isso a literatura vem sendo utilizada pelo professor como uma nova proposta
pedagógica. A través dessas obras literárias os alunos têm a oportunidade de conhecer uma
nova forma e diferenciada os aspectos da paisagem.
A literatura é uma ótima ferramenta metodológica de se conhecer um determinado
fato histórico real e cultural de uma região, a parti dessa nova proposta pedagógica é possível
relacionar os fatos da geografia com a literatura e para que possam ampliar a ideia que o
espaço Geográfico e construído e reconstruído por todos nos diariamente por cada ação.
Nesta perspectiva encontramos nas obras literária como o cortiço, de Aluísio
Azevedo romance foi inscrito no período de grandes mudanças na paisagem urbanista do rio
de janeiro cortiço. Além de outras produções literárias, como os romances urbanos e
regionais O gaúcho e Senhora. O triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto.
Como já se foi falado a literatura é um importante instrumento de transformação do
intelecto e da linguagem. A parti dessas novas experiências são compreendidas e comparadas
a realidade com o universo representado na literatura.
Portanto, A importância do uso da literatura no ensino de geografia se faz na
necessidade de chamar a tenção dos alunos leitores para as questões sociais e políticas do
território brasileiro e para sua grande variação natural e cultural. Com isso se pode ensinar a
variação de conhecer o patrimônio cultural e dinâmico que está à disposição.
A GEOGRAFIA ESCOLAR
A Geografia como disciplina tem um papel fundamental no currículo do ensino
básico, podendo contribuir com a formação crítica dos alunos e uma participação mais
atuante na sociedade. Esse papel justifica-se a partir das necessidades que regem a vida do
aluno como cidadão no conhecimento da realidade social. A compreensão dessa realidade
passa pelos conhecimentos geográficos que possibilitam o reconhecimento de sua inserção
em uma determinada organização social que promove o sentimento de pertencer e
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compreender os mecanismos de poder que regem e orientam uma organização, criando-se as
possibilidades de atuação nesse espaço.
A partir das relações do homem com a realidade resultantes de estar com ela
e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele
dinamizando o seu mundo. Vai dominando a realidade. Vai humanizando.
Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é o fazedor. Vai
temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura (FREIRE,1999, p. 51)
O conhecimento da organização social tem uma dimensão de passado,
presente e futuro. O conhecimento da realidade passa pelo entendimento do conhecimento
vivido e experimentado pelo aluno. O conhecimento é construído e modificado passo a passo
por meio das interações com os conteúdos escolares e o professor tem uma função
fundamental nesse processo. Portanto, não é um conhecimento normativo, mas reflexivo e em
encontra-se em transformação constante.
Tem um significado mais abrangente, na medida em que vai além do
domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva, “possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um
importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do
cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de
vida e pela transformação social” (FREIRE, 1991, p. 68).
Nessa perspectiva, partindo de situações concretas vividas pelo aluno, é de
responsabilidade do professor elaborar uma metodologia sobre o mundo social do educando.
Na busca dos conhecimentos teóricos necessários para interpretar essa situação, o professor
deve selecionar o que é significativo, organizar dados de formas surpreendentes.
Como elaborar próprios textos, através de variados suportes físicos, gráficos
e não gráficos como livros de literatura, coleções de fotografias, músicas, filmes, vídeos -
tapes periódicos, mapas, etc. enfim, na busca de refletir e encontrar novas maneiras formas de
passar o conhecimento, utilizando-o como um instrumento de transformação da realidade e
como caminho de inserção no processo histórico.
A construção da capacidade de produzir e compreender as mais diversas
linguagens estão diretamente ligada a condições propícias para ler, para dar
sentido ou atribuir significado a expressões formais e simbólicas,
representacionais ou não, quer sejam configuradas pela palavra, quer pelo
gesto, pelo som, pela imagem. E essa capacidade relaciona-se em princípio
com a aptidão para ler a própria realidade individual e social (MARTINS,
2007, p.65).
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Ao começar a lecionar Geografia o educador deve pensar que está mostrando um
universo vasto de informações ao educando, e o mesmo irá utilizá-la no seu dia-a-dia. O
professor ao obter a concepção de que a matéria que está apresentado ao educando, de um
modo ou de outro faz parte do nosso cotidiano, irá com mais facilidade explanar a ideias
referentes ao assunto tratado. Devemos ter a consciência de que, vivemos a geografia todos
os dias em várias situações, ao falar do local onde moramos, ao reconhecermos o percurso
dos produtos que consumimos e dos alimentos que estamos ingerindo, ou falar de política,
localização e educação ambiental, etc.
Ao promover a interação entre indivíduos, a leitura, compreendida não só
como leitura da palavra, mas também como leitura de mundo, deve ser
atividade constitutiva de sujeitos capazes de interligar o mundo e nele atuar
como cidadão (BRANDÃO, 1997, p.22).
Assim, tem destaque a contribuição da Geografia ao estudar o processo histórico
de formação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio da leitura do
lugar, do território, da paisagem a partir da leitura de literatura. Esses conceitos estão
persentes nas práticas cotidianas dos alunos e cabe ao professor utilizar nova referenciais em
sala de aula para motivar uma maior interação dos conteúdos e disciplinas com os alunos e
promover uma aprendizagem adequada e com interação ao seu nível de desenvolvimento dos
mesmos.
UMA NOVA PROPOSTA PEDAGÓGICA
A disciplina de Geografia busca sempre novas maneiras de tentar passar um bom
conteúdo e adequado nas aulas, com isso se faz a necessidade de se recorrer a novas práticas
de ensino-aprendizagem. Para isso a literatura vem sendo utilizada pelo professor como uma
nova proposta pedagógica. A través dessas obras literárias os alunos têm a oportunidade de
conhecer de uma forma diferenciada os aspectos da paisagem nas Zona da Mata, Agreste,
Sertão e Litoral nordestino.
Alunos são levados a uma nova proposta de ensino, através da leitura de novos
conceitos e aspectos de lugares são criados.com estas obras os alunos têm um maior
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entendimento do tema e fazem um recorte do espaço-temporal de alguns fatos históricos reais
e geográficos.
A leitura não é tarefa apenas da escola. É por isso também que a formação
dos professores deve incluir contato com os pais, com bibliotecas de bairro e
de empresa, com associações, de maneira a estabelecer intercambio entre as
ações de informação e formação. (FOUCABERT, 1994, p.11).
A leitura é de extrema importância e está ligada diretamente com aprendizagem, e
só a parti dela que é possível adquirir conhecimento, assim terá um melhor desenvolvimento
do intelecto, da linguagem e até da personalidade.
Através da literatura, os educadores incentivaram ao educando buscarem os
pontos Geográficos daquelas obras como, os aspectos sociais, econômicos, políticos e
naturais. E com isso será feito uma comparação das obras com relatos reais do passado.
O USO DA LITERATURA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Nas últimas décadas a Geografia está se utilizando de diferentes e novos recursos
para conseguir passar os conteúdos necessário e o que se pede no currículo escolar. Nessa
procura de tentar conciliar o ensino de Geografia com a realidade dos alunos, vem se
expandindo as novas maneiras de se pôr em práticas as diversas metodologias como, o uso da
música, do cinema e da arte, mas é a literatura que tem o grande destaque.
Mas ainda essa literatura tem sido pouco utilizada, por professores de Geografia,
apesar de ter grandes efeitos e contribuições na tentativa de ajudar a investigar nas análises
espaciais, as diferentes escalas, a paisagem, o cotidiano, os lugares, o mundo em que
vivemos.
A literatura é dificilmente usada no campo Geográfico, mesmo assim os
Parâmetros Curriculares Nacionais veem como uma nova possibilidade na
interdisciplinaridade com a Geografia. De acordo com os PCN’s é possível aprender
Geografia com ajudar da leitura de alguns autores da literatura brasileira isso é possível,
através das obras literárias brasileiras que têm uma grande riqueza em detalhes que retratam
as diferentes paisagens, regiões e aspectos sociais, políticos e culturais da sociedade brasileira
em diferentes realidades temporais.
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No campo da literatura podemos contar com um grande número de autores que podem ajudar
na procura de compreender a construção e solidificação do espaço Geográfico.
O cortiço, de Aluísio Azevedo esse romance foi inscrito no período de grandes
mudanças na paisagem urbanista do rio de janeiro, com uma apresentação de naturalismo e
fatos reais políticos e sociais do período, que nos mostra uma forma importante para
compreensão desse espaço temporal do final do século.
Figura 1 capa do livro o cortiço.
Fonte: google, 2017
Como José de Alencar, autor de romances indianista, o guarani, Iracema, que
escreveu essas obras romancista que podem ser usadas pela Geografia, mas também pela
filosofia, sociologia e a história
Figura 2 capas do livros o Guarani e Iracema.
Fonte: google, 2017
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Mas que também tem outras produções literárias, como os romances urbanos e regionais
O gaúcho e Senhora.
Figura 3 capas dos livro o Gaúcho e Senhora.
Fonte: google, 2017
O uso da literatura no ensino da Geografia é utilizado principalmente por obras
naturalista e realista por terem caráter documental e que mais se aproximam das realidades
históricas. Os que marcaram esse período foram Aluízio Azevedo, Machados de Assis e
Lima Barreto entres outros.
O triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, esse romance se passa
durante o governo de Floriano Peixoto com fatos sociais discutido durante o livro todo, e nos
traz uma construção crítica e descritiva do subúrbio carioca, e mostrar detalhadamente o
cenário urbano, as antigas construções, a paisagem local e vizinhança.
Figura 4 capa do livro o triste fim de Policarpo quaresma
Fonte: google, 2017
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Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa
em matéria de edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente
montanhosa, influi decerto para tal aspecto, mais influíram, porém, os azares
das construções. Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano
qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem semeadas
ao vento, e conforme as casas as ruas se fizeram. Há algumas delas que
começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão
circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com ódio tenaz e
sagrado. (O triste fim de Policarpo Quaresma, p.86-87).
Diversos outros autores falam em suas obras e fazem uma discrição do espaço
geográfico da região e das inter-relações sociais e históricas que se passaram na construção
da sociedade brasileira.
Os romances regionais são os mais utilizados em sala de aula pois vem chamando
a atenção para as regiões norte, nordeste. Vem retratar o sertão, os nordestinos e os
problemas sociais, políticos e culturais dessas regiões.
José Américo de Almeida Relata na a bagaceira um romance que se passa entre
1898 e 1915, os dois períodos de seca, os retirantes sertanejos, e os horrores gerados pela
seca.
Figura 5 capa do livro a bagaceira.
Fonte: google, 2017
O sol, vermelho como um fundo de tacho, escaldava. [...] um monstro
clandestino resfolegava. Era o Nordeste, no seu advento pulveroso. Aos
remoinhos. Querendo dançar a ciranda com os retirantes. Depois os Cariris
Velhos de uma sequidão mais desolada. Uma natureza quaresmal de cactos
sobreviventes, eretos como círios acesos em frutos de fogo. Dessa altura se
divisava a perspectiva percorrida, à visão de um sol que dourava tanta
miséria, tudo cor de ouro. A planície alagada da fulguração vertiginosa. Até
as colinas avulsas se afiguravam blocos de luz (a bagaceira. Pág. 29)
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Euclides da cunha faz uma junção de literatura com relato históricos em seu
livro os sertões e descreve com riqueza de detalhes a geografia da região do nordeste em um
cenário com características geológica e topográfica da região entre o rio grande do norte e o
sul de minas gerais, vem relatando sobre as secas e suas causas e a ação do homem como
atuante nesse cenário.
Figura 6 capa do livro os sertões.
Fonte: google, 2017
A terra desnuda tendo contrapostas, em permanente conflito, as capacidade
emissiva e absorvente dos materiais que a formam, do mesmo passo
armazena os ardores das soalheiras e deles se esgota, de improviso. Insola-
se e enregela-se, em 24 horas. Fere-a o sol e ela absorve-lhe os raios, e
multiplica-os, e reflete-os, e refrata-os, num reverberar ofuscante: pelo topo
dos cerros, pelo esbarrancado das encostas, incendeiam-se as acendalhas da
sílica fraturada; rebrilhantes, numa trama vibrátil de centelhas; a atmosfera
junto ao chão vibra num ondular vivíssimo de bocas de fornalha em que se
pressente visível, no expandir das colunas aquecidas, a efervescência dos
ares; e o dia, incomparável no fulgor, fulmina a natureza silenciosa, em cujo
seio se abate, imóvel, na quietude de um longo espasmo, a galhada sem
folhas da flora sucumbida. Desce a noite, sem crepúsculo, de chofre — um
salto da treva por cima de uma franja vermelha do poente — e todo este
calor se perde no espaço numa irradiação intensíssima, caindo a temperatura
de súbito, numa queda única, assombrosa. Ocorrem, todavia, variantes
cruéis. Propelidas pelo Nordeste, espessas nuvens, tufando em cumulus,
pairam ao entardecer sobre as areias incendidas. Desaparece o Sol e a
coluna mercurial permanece imóvel, ou, de preferência, sobe. A noite
sobrevém em fogo; a terra irradia como um Sol escuro, porque se sente uma
dolorosa impressão de faúlhas invisíveis; mas toda a ardência reflui sobre
ela, recambiada pelas nuvens. (Os sertões. Pág. 13)
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A IMPORTÂNCIA DO USO DA LITERATURA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Como já se foi falado a literatura é um importante instrumento de transformação
do intelecto e da linguagem. A parti dessas novas experiências são compreendidas e
comparadas a realidade com o universo representado na literatura.
Portanto, A importância do uso da literatura no ensino de geografia se faz na
necessidade de chamar a tenção dos alunos leitores para as questões sociais e políticas do
território brasileiro e para sua grande variação natural e cultural. Com isso se pode ensinar a
variação de conhecer o patrimônio cultural e dinâmico que está à disposição.
Uma pessoa que não lê, ou que lê pouco, ou que lê apenas porcarias, pode
falar muito, mas dirá sempre poucas coisas, porque para se exprimir dispõe
de um repertório reduzido e inadequado de vocábulos. Não se trata apenas
de um limite verbal; é, a um só tempo, um limite intelectual e de horizonte
imaginário, uma indigência de pensamentos e de conhecimentos, porque as
ideias, os conceitos, mediante os quais nos apropriamos da realidade e dos
segredos da nossa condição, não existem dissociados das palavras, por meio
das quais as reconhece e define a consciência. Aprende-se a falar com
precisão, com profundidade, com rigor e agudeza, graças à boa literatura, e
apenas graças a ela. (LLOSA, 2009, p.09).
A partir da literatura os alunos podem começar a terem um senso crítico e
reflexivo, como pensar, questionar e debater sobre espaço geográficos dentro das obras
literárias e trazer para sua realidade escolar e fora da escola, proporcionando uma reflexão
analítica dos fatos.
Consequentemente, a proposta de que a leitura [de literatura] seja enfatizada
na sala de aula significa o resgate de sua função primordial, buscando
sobretudo a recuperação do contato do aluno com a obra de ficção. Deste
intercâmbio, respeitando-se o convívio individualizado que se estabelece
entre texto e leitor, emerge a possibilidade de um conhecimento real,
ampliando os limites – até físicos, já que a escola se constrói como um
espaço à parte – a que o ensino se submete. (ZILBERMAN, 2009, p.35).
ALGUNS PONTOS IMPORTANTES
Assim enriquecendo o repertório linguístico, favorecendo também para o sucesso
de uma futura produção textual, requisito básico na maioria dos concursos de vestibular
outros. Assim vemos a leitura como algo indispensável em qualquer sala de aula e essencial
na hora.
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A leitura é tão importante e indispensável no ensino, que deveria ser trabalhada
de forma interdisciplinar, por todos os professores “A Leitura é importante [...], o seu
processo permite alargar os horizontes de expectativas do leitor e amplia as possibilidades de
leitura [...] da própria realidade social. ” (MARTINS, 2005, p. 66). Seria trabalhado de
acordo com cada disciplina e assunto, assim teria um maior impacto e resultados aos olhos e
gostos dos alunos.
No decorrer de artigo, virmos que o ensino de Geografia se beneficiar muito com
o auxílio da literatura, assim se torna mais atrativa a junção dos conteúdos de Geografia na
literatura. E com isso resulta em processos mais interativo no ensino Geográfico e a
literatura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui se que a escola deve sempre buscar a criação de leitores efetivos e
conscientes, apaixonados pela literatura e não apenas obrigados a reconhecer as denominadas
“obras clássicas” de forma obrigatória e desestimulante. Assim enriquecendo o repertório
linguístico, favorecendo também para o aperfeiçoamento de uma produção textual.
O desenvolvimento deste trabalho possibilitou adquirir muitos
conhecimentos acerca das influências literárias para o ensino de Geografia, pelas quais
contribuíram. Muitos na minha profissão como futura professora de Geografia.
A necessidade do uso da literatura se faz pela a atratividade por partes dos alunos
para as questões sociais e políticas do território brasileiro e para sua grande variação natural e
cultural. Com isso se pode ensinar a variação de conhecer o patrimônio cultural e dinâmico
que está à disposição.
Portanto o estudo sobre o uso da literatura nos faz ver uma nova forma de
construir o ensino e a aprendizagem. Onde está sendo visto pelos alunos, como um método
inovador, pelo qual o próprio aluno conduz a construção do seu próprio repertorio de
conhecimento literário, onde ele ter uma visão ampla do Nordeste brasileiro descrita de
forma romantizada nas grandes obras literárias, desta forma leva o aluno a ter uma outra
visão com a relação da disciplina de Geografia.
REFERÊNCIAS.
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O ESTÁGIO EM FORMA DE PROJETO – UM DIALÓGO ENTRE ESCOLA E
COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Darlia Ruth Dantas da Silva Alves – UFCG/CFP
Maria Marlene Dantas de Magalhães – UFCG/CFP
RESUMO - O presente texto apresenta alguns dos conhecimentos adquiridos a partir de
experiências vividas durante o período de Estágio Supervisionado em Geografia II, junto à
turma do 6º ano do Ensino Fundamental, da E.E.I.F Antônio Amâncio da Cruz, situada no
distrito Tipi, município de Aurora – Ceará. O referido estágio, realizado a partir da elaboração
de um projeto intitulado ”Tipi, Valorização da memória econômica local: um diálogo entre
escola e comunidade” tinha como finalidade estabelecer um diálogo entre os alunos e sua
própria comunidade, ou seja, com sua realidade social, incentivando-os a pesquisa, e/ou
despertando a curiosidade e a reflexão dos mesmos em relação à história do lugar em que
vivem.
Palavras – Chave: Estágio, Cotidiano, Comunidade, Projeto.
INTRODUÇÃO
Dentre as várias atividades exercidas pelo ser humano ao longo de sua vida, as
atividades econômicas são, sem dúvida, as mais importantes para a sociedade. Pois, é a partir
destas, que exploramos a matéria-prima, e transformamo-las em recursos materiais
necessários para suprir nossas necessidades.
De acordo com Castro (1990), “a agricultura no Brasil é, historicamente, umas das
principais bases da economia do país, desde os primórdios da colonização até o século XXI”.
Segundo o mesmo autor, é na Região Nordeste que ela ganha papel de destaque. Dentre os
principais cultivos, podemos citar a cana-de-açúcar, os plantios de algodão, milho, feijão,
tabaco, caju, uva, manga, melão e outros frutos para consumo interno e exportação. Em locais
como o sertão predomina a agricultura de subsistência, às vezes prejudicada pelas estiagens.
Diante da importância da agricultura para a população rural nordestina, tida como
principal meio de subsistência, pensamos em desenvolver um projeto que possibilitasse aos
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alunos – a maioria filhos de agricultores – uma inserção no seu contexto social, histórico e
econômico.
Nessa perspectiva, o surgimento do projeto “Tipi, valorização da memória econômica
local: um diálogo entre escola e comunidade”. Buscou resgatar e valorizar a memória
econômica da comunidade em questão, aproximando os alunos do seu cotidiano, da sua
realidade, fez com que os mesmos, de alguma maneira, sentirem-se inseridos na construção
do espaço geográfico, despertando assim o interesse pela aprendizagem.
REFERENCIAL TEÓRICO
Para que possamos obter uma maior compreensão acerca da dinâmica e do
desenvolvimento regional, é importante que todos conheçam um pouco sobre, em quais
atividades se baseiam a economia e quais os principais produtos cultivados na sua localidade.
Afim de, classificar e facilitar a compreensão sobre os diferentes tipos de atividades
econômicas existentes, estas foram divididas em três setores econômicos ou de produção,
denominados como: Setor Primário, Setor Secundário e Setor Terciário.
De acordo com Colin Clark (1940, apud Pereira, 2012, pág. 25) o setor
primário corresponde às atividades de agricultura, pecuária, pesca além das
atividades de extração. O setor secundário, conhecido como industrial, é
constituído de todas as atividades de transformação da economia. O setor
terciário, ou de serviços, abrange as demais atividades que não estão
diretamente relacionadas à produção de bens físicos, tais como
administração pública, educação, comércio entre outras.
O Tipi, comunidade onde aplicamos o projeto em questão, por pertencer à zona rural,
tem grande parte das suas atividades relacionadas ao setor primário da economia.
De acordo com Macedo (2013), é no final do século XIX, entre as décadas
de 1880/1890, que começam a se fixar, na região do Riacho do Tipi os
primeiros habitantes, daquela comunidade. Grande parte dessa população,
era proveniente de cidades e regiões próximas que atraídos principalmente
por a boa qualidade das terras, começaram a constituir fazendas, cujas
principais atividades eram a plantação de milho, arroz, feijão, algodão, cana-
de-açúcar, mandioca e à criação de gado bovino.
A Cana-de-açúcar foi uma das primeiras atividades de grande importância econômica
para o Tipi.
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No município de Aurora, a moagem da cana-de-açúcar era realizada nos engenhos de
pau, puxados a boi, e engenhos de ferro. Segundo Tavares (1999) os mais antigos engenhos
de pau foram os de Antônio Leite Teixeira Neto no Distrito de Santa Vitória, Vicente Matias
no sítio Taboca entre outros. Ao decorrer dos anos estes engenhos foram sendo trocados pelos
engenhos de ferro, que foram instalados no sitio Jitirana, tendo como dono o senhor (Antônio
Leite), no sítio tipi de cima (Manuel Correia) e no ano de 1903, também foi instalado um
engenho de ferro no sitio Tipi, na fazenda de Marica Macêdo.
No decorrer dos anos 30, a força animal foi sendo gradativamente
substituída por máquinas a vapor (locomóvel) e por motores de óleo diesel
ou óleo cru. Quem primeiro instalou engenho de ferro, movido a locomóvel
foi Silvino Macedo, em 1937, no sítio Mel. Tendo sido esse maquinismo
fabricado por Antônio Linard, de Missão Velha (TAVARES, 1999).
Além da cana, o algodão foi outro produto de destaque para a economia local.
Segundo Cícero & Bitecourt (1996), o município de Aurora já foi grande produtor de algodão
arbóreo (mocó) e conseguiu durante quase quarente anos usufruir consideráveis rendas com a
exportação deste produto. Porém, a praga do “bicudo” destruiu os algodoais aurorenses
apressando uma crise econômica que começou quando foram paralisadas as estradas de ferro
da Rede Viação cearense (REFFSA) com a interrupção da ida e vinda dos comboios.
A partir do fracasso na plantação do algodão os agricultores, começaram a buscar
outros meios, esse período foi marcado por grande queda no desenvolvimento econômico,
pois os grandes e pequenos proprietários perderam suas lavouras algodoeiras.
Sabe-se que com o declínio do algodão a agricultura acabou tendo um grande
desenvolvimento, os agricultores plantavam milho, feijão, arroz, mandioca entre outros
produtos para subsistência familiar, sendo que eles continuavam a plantar o algodão, porém
em pequena escala. De acordo com Andrade (2005) “a colheita e venda do algodão permitiam
ao pobre trabalhador a aquisição de roupas e outros utensílios para a família.” Segundo o
mesmo, este era o modo de viver do trabalhador sertanejo sem terra nas áreas da caatinga até
quase os nossos dias. Morando em uma propriedade o trabalhador tinha que dividir seu
trabalho entre o roçado próprio e o patrão.
Atualmente a população do Tipi, realiza o cultivo do feijão, milho, fava, macaxeira,
abóbora, além de árvores frutíferas para a sobrevivência dos mesmos. Mas, devido aos
grandes períodos de estiagens que aconteceram na região nos últimos dez anos, os
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agricultores conseguem colher alimentos apenas para sobrevivência da família, sem que haja
uma grande colheita, impedindo-os de comercializar seus produtos na cidade.
Os agricultores que possuem um terreno maior optam pela pecuária, outra importante
atividade para a economia local. De acordo com informações do IBGE (2013), a pecuária
pode ser entendida como um conjunto de processos técnicos usados na domesticação de
animais para obtenção de produtos com objetivos econômicos. Também é conhecida como
criação animal. A pecuária é mais antiga que a agricultura.
A criação de gado, bodes, ovelhas, e galinhas gera renda para os produtores, pois eles
podem comercializar os animais, o leite, e podem produzir queijo, manteiga, doces entre
outros produtos. Os pequenos proprietários costumam criar apenas, os animais que cabem em
espaços menores como o bode, ovelhas e galinhas.
Portanto, a partir desse projeto podemos perceber que as atividades econômicas que fazem
parte da história do Tipi, contribuíram e estão contribuindo com o desenvolvimento da
economia local e regional. Percebe-se que todas tiveram seu período de ascensão e declínio,
por causa disso ocorreram diversas mudanças na vida da população que sobrevivia do cultivo
desses produtos, pois cada atividade que surgia tinha diferenças na forma de relações de
trabalho e produção.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Na tentativa de alcançar os objetivos propostos, durante a aplicação do projeto Tipi,
Valorização da Memória Econômica Local: um Diálogo entre Escola e Comunidade,
utilizamos várias metodologias.
No primeiro encontro com a turma, apresentamos o projeto a ser desenvolvido, e
fizemos uma abordagem teórica sobre os setores econômicos – Setor Primário, Secundário e
Terciário - apresentando as atividades relacionadas a cada um. Em seguida, visando
aproximar o conteúdo a realidade dos alunos, apresentamos as principais atividades
econômicas desenvolvidas ao longo da história da comunidade na qual a escola está inserida.
Ao final desse primeiro encontro, para concluir a parte teórica do projeto e avaliar o quanto os
alunos tinham de fato aprendido, realizamos uma atividade prática. Na ocasião, levamos
papéis cortados com alguns nomes, para que eles pudessem associar as atividades econômicas
aos seus respectivos setores.
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No segundo encontro, após dividirmos os alunos em duas equipes e entregarmos um
questionário para cada equipe, decidimos levá-los para visitar a comunidade e entrevistar
(fig.1) dois de seus moradores, com intuito de conhecer um pouco mais sobre a história do
Tipi e as atividades desenvolvidas no passado nesse local, como, por exemplo, os trabalhos
realizados com a cana-de-açúcar nos engenhos, e os grandes plantios de algodão. Ambas
extintas.
Figura 1. Entrevista com moradores da comunidade do Tipi.
Fonte: Alves, 2017.
Segundo Pontuschka et al (2007) , à saída da escola é um momento de diálogo: com o
espaço, com a história , com as pessoas, com os colegas e seus saberes e com tantos outros
elementos enriquecedores de nossa prática e de nossa teoria. Sem dúvidas, o momento de
conversa/diálogo entre os moradores e os alunos contribuiu significativamente para
construção de conhecimento e aprendizado.
Para encerramento do projeto, fizemos uma pequena exposição para todo o corpo
escolar. Na ocasião, foram apresentadas algumas fotografias do lugar e os principais produtos
encontrados na comunidade, relacionados a cada setor (fig. 2 e 3).
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Figuras 2 e 3. Exposição de Fotografias e principais produtos agrícolas da comunidade.
Fonte: Alves, 2017
No setor primário, por exemplo, foram expostos produtos, como a cana, o algodão, o
milho, o feijão; no setor Secundário, a rapadura e o alfinim; no terciário, foram representados
alguns tipos de serviço como, o comércio e a educação. Os alunos também falaram um pouco
sobre o que tinham aprendido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Realizar um estágio em forma de projeto desafiou-nos a pensar em algo inovador,
dinâmico e que ao mesmo tempo estivesse atrelado ao cotidiano dos alunos. Para atender a
tais propósitos, foi necessário fazer uma reflexão tanto a cerca dos conteúdos de Geografia,
como da vida dos alunos e da comunidade (Tipi) na qual a escola estava inserida. Após um
breve período reflexivo decidimos trabalhar com algo que estava diretamente relacionado à
vida dos sujeitos envolvidos – as atividades econômicas da comunidade. Isso acabou
proporcionando a todos, um conhecimento maior a respeito da sua própria história, um
diálogo entre escola e comunidade e uma valorização da memória local.
Diante do exposto, e das observações feitas durante a realização do nosso projeto de
estágio, podemos afirmar que os alunos participaram, questionaram e interagiram mostrando
interesse pelo conteúdo abordado. As aulas expositivas, o uso de fotografias e as entrevistas
realizadas com os moradores da comunidade, possibilitaram um maior conhecimento a cerca
do espaço vívido e do lugar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos a realização desse projeto muito importante, pois, ao levarmos em
consideração o cotidiano e a realidade dos alunos, além de facilitarmos o processo de ensino-
aprendizagem, conseguimos promover uma maior interação/participação entre o docente e os
discentes.
Dessa maneira, podemos afirmar que trabalhar a partir do contexto social dos alunos, é
fundamental para despertar a curiosidade e o interesse dos mesmos.
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