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Análise comparativa dos sistemas de baixa e média intensidade de produção de leite, em bases ecológicas, no Oeste do Paraná COELHO JUNIOR, Luiz Moreira 1 ; MIRANDA, Márcio 2 ; FUENTES LLANILLO, Rafael 1 ; SOARES JUNIOR, Dimas 1 1 Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR; 2 Centro Paranaense de Referência em Agroecologia - CPRA Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Resumo Este estudo analisou comparativamente o desempenho dos produtores de leite, em bases ecológicas, com baixa e média intensidade de produção no oeste do Paraná. Para mensurar e inferir estes sistemas agroecológicos, utilizou-se o método das “Redes de Referências para agricultura familiar”. Para as condições em que foi desenvolvido este estudo conclui-se que: as famílias apresentam boa qualidade de vida e estes produtores estão enquadradas, predominantemente, na Produção de Simples de Mercadoria de nível 3; na safra 2008/09, a margem bruta média para os produtores com baixa intensidade foi de R$ 8.915,35 e com média intensidade produção foi de R$17.712,46; os produtores com baixa intensidade apresentaram melhores remunerações na mão de obra do que os produtores com média intensidade; os custos do leite dos produtores com baixa intensidade de produção são mais em conta que os produtores de média intensidade devido a composição da dieta dos animais. Palavras-chaves: agroecologia, agricultura familiar, indicadores de desempenho, redes sociais. Abstract This study examined the comparative performance of milk producers in ecological bases with low and medium intensity of production in western Paraná. To measure and infer these agroecosystems, we used the method of "Networks References to family farming." For the conditions in which it was designed this study concludes that: families have good quality of life and these producers are framed predominantly in the Production of Simple Commodity Level 3, in the 2008/09, the average gross margin for producers with low intensity was R$ 8,915.35, with an average intensity of production was R$ 17,712.46; producers with low intensity had better pay in labor than farmers with medium intensity and the costs of milk producers with low intensity of production are more aware that the producers of medium intensity due to diet composition of animals. Key Words: agroecology, family agriculture, performance indicators, social networks 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, observa-se uma expansão significativa das sociedades modernas na busca de novos padrões de consumo, principalmente, no mercado de alimentos. Por um Vitória, 22 a 25 de julho de 2012 Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1

Análise comparativa dos sistemas de baixa e média ... · COELHO JUNIOR, Luiz Moreira1; MIRANDA, Márcio2; FUENTES LLANILLO, ... pelo projeto em cada estado e de outras instituições

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Análise comparativa dos sistemas de baixa e média intensidade de produção de leite, em bases ecológicas, no Oeste do Paraná

COELHO JUNIOR, Luiz Moreira1; MIRANDA, Márcio2; FUENTES LLANILLO, Rafael1; SOARES JUNIOR, Dimas1

1 Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR; 2 Centro Paranaense de Referência em Agroecologia - CPRA

Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

ResumoEste estudo analisou comparativamente o desempenho dos produtores de leite, em bases ecológicas, com baixa e média intensidade de produção no oeste do Paraná. Para mensurar e inferir estes sistemas agroecológicos, utilizou-se o método das “Redes de Referências para agricultura familiar”. Para as condições em que foi desenvolvido este estudo conclui-se que: as famílias apresentam boa qualidade de vida e estes produtores estão enquadradas, predominantemente, na Produção de Simples de Mercadoria de nível 3; na safra 2008/09, a margem bruta média para os produtores com baixa intensidade foi de R$ 8.915,35 e com média intensidade produção foi de R$17.712,46; os produtores com baixa intensidade apresentaram melhores remunerações na mão de obra do que os produtores com média intensidade; os custos do leite dos produtores com baixa intensidade de produção são mais em conta que os produtores de média intensidade devido a composição da dieta dos animais.Palavras-chaves: agroecologia, agricultura familiar, indicadores de desempenho, redes sociais.

AbstractThis study examined the comparative performance of milk producers in ecological bases with low and medium intensity of production in western Paraná. To measure and infer these agroecosystems, we used the method of "Networks References to family farming." For the conditions in which it was designed this study concludes that: families have good quality of life and these producers are framed predominantly in the Production of Simple Commodity Level 3, in the 2008/09, the average gross margin for producers with low intensity was R$ 8,915.35, with an average intensity of production was R$ 17,712.46; producers with low intensity had better pay in labor than farmers with medium intensity and the costs of milk producers with low intensity of production are more aware that the producers of medium intensity due to diet composition of animals.Key Words: agroecology, family agriculture, performance indicators, social networks

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, observa-se uma expansão significativa das sociedades modernas na busca de novos padrões de consumo, principalmente, no mercado de alimentos. Por um

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lado, no ponto de vista do consumidor, a conscientização socioambiental tem potencializado a produção ecológica pela necessidade de uma alimentação saudável e com qualidade. Por outro lado, no ponto de vista do produtor, os altos custos da agricultura convencional têm levado vários agricultores a estabelecer estratégias alternativas na forma de se produzir.

A Agroecologia fornece "técnicas alternativas" às tecnologias modernas, abrange a proposta de dar subsídios para os sistemas produtivos, incluindo seus problemas ambientais e sociais. Diferente da visão simplista dominante, em que os fatores limitantes de produção podem ser superados apenas com tecnologias, a visão agroecológica trata os fatores limitantes como sintomas de um distúrbio sistêmico, inerente aos desequilíbrios do agroecossistema (ALTIERI, 2009).

Segundo o IBGE (2006), o Brasil têm 1,8% (90.497) do total de estabelecimentos agropecuários com produtores orgânicos. Distribuídos, principalmente, à pecuária e criação de outros animais (41,7%), às lavouras temporárias (33,5%), à lavoura permanente (10,4%), à horticultura/floricultura (9,9%) e à produção florestal (3,8%). Os principais Estados brasileiros, em estabelecimentos rurais, que fazem uso da agricultura orgânica, são respectivamente: Bahia (15.194), Minas Gerais (12.910), Rio Grande do Sul (8.532) e Paraná (7.527). No Paraná, a agricultura orgânica é desenvolvida, predominantemente, em pequenas propriedades de caráter familiar.

A agricultura familiar, entendido pela Lei 11.326/2006, tem importante parcela na agropecuária brasileira. No Paraná, 81,6% dos estabelecimentos rurais são familiares, em decorrência dos processos de ocupação e colonização, e ocupa menos de 1/3 da área agricultável do Estado (IBGE, 2006). Muitos produtores familiares, excluídos do atual modelo agrícola dominante, têm descoberto nas técnicas e princípios da agricultura orgânica uma melhoria do padrão de vida no campo, viabilizando economicamente sua em pequena escala de produção (EHLERS, 1999).

Das atividades rurais no Paraná, a pecuária leiteira é típica familiar de onde provêm 67,56% da produção do leite do Estado e a região oeste se destaca com 26,2% do que é produzido. Desse total, a produção de leite orgânico certificado ainda é inexpressiva, pois o incremento produtivo depende do uso de técnicas ecológicas comprovadas, mercado e os benefícios relacionados à saúde e ao meio ambiente (DERAL/SEAB-PR, 2008).

A Região Oeste do Paraná é formada por 50 municípios, possui uma área total de 22.840 km², equivalente a 11,74% da área total do Estado que é de 199.281,70 km². A população rural da região Oeste representa 171.335 habitantes, onde se constata que apenas 09 (nove) municípios apresentam resultados positivos de crescimento, sendo que 41 municípios apresentam taxas decrescentes de 10,2%, ampliando o êxodo rural. Essa dinâmica está relacionada diretamente com o processo de modernização e mecanização das atividades agrícolas e a busca dos jovens por melhores condições de trabalho e renda nos centros urbanos, aproximadamente, 78% de seus municípios perdem população rural, em especial nas áreas rurais (IBGE, 2006).

As políticas públicas incentivaram a atividade leiteira a elevados níveis tecnológicos nos processos de produção, alavancadas pela globalização. O setor leiteiro prega sistemas intensivos de alta produtividade desenvolvidos no Brasil nos últimos 30 anos, enquanto a agricultura familiar busca alternativas eficientes e competitivas, porém sustentáveis (VILELA et al., 1996).

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A oferta e o acesso a tecnologia é um dos fatores que os atores sociais envolvidos tem buscado ações conjuntas de P & D em estrutura organizacional de redes, influenciada pela sua importância e imbuído pela competitividade do mercado (SOARES JUNIOR et al., 2010).

O projeto “Redes de Referências para Agricultura Familiar”, criado em 1998, também conhecido apenas como “Redes”, é desenvolvido pelo IAPAR com uma parceria de outras instituições, a fim de apoiar a melhoria de sistemas de produção para a agricultura paranaense. Tem como base uma metodologia de pesquisa e desenvolvimento adaptada a partir da experiência do Institut de l’Elevage da França, visando a validação e transferência de tecnologias viáveis para os sistemas de produção estudados (MIRANDA et al., 2001).

O Projeto Redes constitui-se em uma metodologia inovadora que se propõe a enfrentar o desafio de construir um novo modelo de pesquisa e extensão rural para transpor os problemas. As Redes sugere uma reformulação dos métodos, técnicas e procedimentos de pesquisa e extensão rural para gerar referências, que utiliza os parâmetros técnicos e econômicos, a fim de subsidiar a agricultura familiar aos arranjos de sistemas que permita proporcionar melhores ganhos de renda e de qualidade de vida (SOARES JUNIOR et al., 2010).

Inicialmente, as “Redes” foram implantadas no Norte, Noroeste, Oeste e Sudoeste do Estado do Paraná e, mais recentemente, foram expandidas para as regiões Centro-Norte e Centro-Sul. Em 2002, na região Oeste paranaense o projeto “Redes” foi integrado ao Programa Cultivando Água Boa, coordenado pela Itaipu Binacional, surgindo as “Redes Orgânicas”. De 2004 a 2007, o desenvolvimento das atividades das “Redes Orgânicas” esteve paralisado por falta de recursos humanos e financeiros.

Em 2008, foram retomadas as ações das “Redes Orgânicas” com o projeto “Geração de referências para consolidação da agricultura orgânica no Oeste do Paraná” com recursos do Programa Universidade Sem Fronteiras da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Coordenado pelo IAPAR, as instituições parceiras envolvidas foram EMATER, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor - CAPA, Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná - Biolabore, UNIOESTE campus de Marechal Cândido Rondon e Itaipu Binacional.

Visto que a pecuária leiteira em bases ecológicas tem importância significativa para o desenvolvimento da agricultura familiar no oeste paranaense. Este trabalho tem como objetivo analisar comparativamente o desempenho social, técnico e econômico dos produtores de leite, em bases ecológicas, de baixa e média intensidade de produção no Oeste do Paraná.

2. METODOGIAO desenvolvimento deste trabalho se apresenta em um estudo multicaso com enfoque

sistêmico. Tem como aporte uma abordagem metodológica das redes de unidades produtivas voltadas ao desenvolvimento territorial rural. A instalação das Redes envolve diferentes etapas conforme mostra a Figura 1.

As etapas para implantação das Redes de Referências para Agricultura Familiar são: 1. Estudo prévio: a partir da caracterização do território tem por objetivo fornecer

informações para permitir a tipologia dos agricultores das regiões do estudo; 2. Escolha dos sistemas: feita com base no resultado do estudo prévio, deverá

contemplar as situações mais importantes, seja pela frequência com que ocorrem ou pelo potencial na viabilização da produção familiar;

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Figura 1 – Principais etapas para a implantação das redes de propriedades.Fonte: Miranda e Oliveira (2005).

3. Seleção de propriedades: serão selecionadas pelo menos cinco propriedades para cada um dos sistemas a serem estudados. Esta escolha deverá levar em conta o enquadramento da propriedade no sistema eleito, a disposição do agricultor em fazer registros, fornecer informações e expor sua unidade no processo de difusão, além de outros aspectos práticos, tais como facilidade de acesso e aceitação do agricultor na comunidade;

4. Diagnóstico dos sistemas de produção: consiste na descrição e análise do sistema de produção quanto à sua estrutura e dinâmica organizacional e o itinerário técnico dos agrossistemas. Será realizado em duas etapas: diagnóstico expedito, em visita de campo e utilizando-se questionário semi-estruturado e técnicas de diagnóstico rural participativo, logo no início dos trabalhos; e diagnóstico por acompanhamento, durante o primeiro ano, período em que também são implantadas as alterações previstas no plano de coerência que será descrito a seguir;

5. Plano de melhoria do sistema: consiste na elaboração de um projeto de melhoramento do sistema de produção, levando em conta os objetivos e recursos dos agricultores e contemplando um processo de transição. Também se dá em duas fases e de duas formas distintas: plano de coerência, realizado após a análise do diagnóstico expedito, com a função de estancar perdas, propor medidas para relaxamento das restrições mais evidentes e corrigir as distorções mais claras entre a forma que o sistema está organizado e os objetivos estratégicos do agricultor; e plano de longo prazo, feito em sequência ao diagnóstico por acompanhamento, visa o planejamento das intervenções para ajustar o sistema de produção da forma pretendida pelo agricultor. A execução destes planos contará com a participação dos técnicos das Redes e pesquisadores e especialistas das instituições responsáveis

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pelo projeto em cada estado e de outras instituições que possam trazer uma contribuição em temas relevantes levantados por ocasião do diagnóstico;

6. Acompanhamento das propriedades (fase de intervenções e registros) – o extensionista acompanha e orienta a implementação dos projetos e faz o registro dos resultados obtidos nas propriedades, que servirão para a elaboração das referências. Os dados serão processados através do CONTAGRI, software de gestão de propriedades rurais desenvolvido pela EPAGRI;

7. Elaboração das referências – as referências serão apresentadas através da descrição dos sistemas de produção, os “sistemas de referência”;

8. Difusão das referências – os resultados do trabalho serão levados ao conjunto de agricultores representados por aqueles que integram as Redes, através de métodos adequados à agricultura familiar.

No projeto “Geração de referências para consolidação da agricultura orgânica no Oeste do Paraná” participaram 23 famílias de agricultores de base ecológica ou orgânica, de 13 municípios do Oeste Paranaense. Os sistemas de produção envolvidos foram: pecuária leiteira, grãos (milho e soja), café e olericultura.

Para este trabalho, o tipo de amostragem foi intencional e não-probabilística para o sistema leite, afim de descrever e analisar os tipos de sistemas conforme sua intensidade de produção, ou seja, os sistemas de baixa e média intensidade de produção de leite, em bases ecológicas. Foram escolhidas 10 famílias cuja atividade principal é o leite e estão distribuídas geograficamente, conforme a Figura 2.

Figura 2 – Localização dos estabelecimentos rurais com os sistemas de produção de leite, em bases ecológicas, de baixa e média intensidade de produção no Oeste do Paraná”.

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O período estudado foi da safra 2008/09, ou seja, outubro de 2008 a setembro de 2009, a fim de realizar um diagnóstico no processo produtivo visando à melhoria de resultados técnicos e econômicos em sistemas de produção em estudo.

A tipologia de sistemas de produção utilizada pelas Redes de Referências identificam os produtores entre produtores patronais e familiares nas suas mais diversas condições, sejam eles proprietários, arrendatários, assentados, posseiros, parceiros ou meeiros.

Os critérios de tipificação e enquadramento são apresentados na Tabela 1. As classificações das unidades produtivas compreendem em cinco categorias sociais. Dentre elas quatro categorias de produtores familiares e uma categoria de empresário rural. As categorias de produtores familiares se desdobram em três categorias de Produtores Simples de Mercadorias (PSM), distribuídos nos níveis 1, 2 e 3, e a categoria de Empresário Familiar (EF). Os PSM são produtores familiares em condições de produção simples, em diferentes distâncias do estágio de acumulação de capital e os EF são produtores familiares capitalizados no estágio de produção ampliada. A quinta categoria é a dos produtores patronais capitalizados classificados como Empresário Rural (ER).

Tabela 1 – Categorias Sociais nas Redes de Referências

Categoria social Área (ha)Capital

Uso da mão-de-obra familiar (%)Benfeitorias

(R$)Máquinas e

Equipamentos (R$)

Produtor Simples de Mercadoria Nível 1 (PSM1)

≤ 15 ≤ 12.150,00 ≤ 9.720,00 ≥ 80

Produtor Simples de Mercadoria Nível 2 (PSM2)

≤ 30 ≤ 29.160,00 ≤ 29.160,00 ≥ 50

Produtor Simples de Mercadoria Nível 3 (PSM3)

≤ 50 ≤ 97.200,00 ≤ 87.480,00 ≥ 50

Empresário Familiar (EF) ≥ 50 ≥ 97.200,00 ≥ 87.480,00 ≥ 50

Empresário Rural (ER) ≥ 50 ≥ 97.200,00 ≥ 87.480,00 ≤ 50

Fonte: Miranda e Oliveira (2005).

O diagnóstico busca descrever e analisar o sistema quanto à sua estrutura, dinâmico organizacional e itinerário técnico dos sistemas de produção. Os diagnósticos foram obtidos através de visita de campo, utilizando-se questionário semi-estruturado e técnicas de diagnóstico rural participativo coma as seguintes etapas:

1) diagnóstico inicial com levantamento de dados da propriedade e objetivo do produtor (curto prazo);

2) Tabulação e estudo do sistema de produção com o objetivo de construir um projeto de melhoria do sistema em longo prazo, contemplando os objetivos do produtor e seus recursos produtivos;

3) Reunião participativa com técnicos de ATER e especialistas para consolidação do diagnóstico e formulação de propostas. Nesta etapa foram efetuadas as primeiras intervenções.

Foram realizados acompanhamentos mensais das receitas e despesas para gerar os índices de desempenho financeiros como a margem bruta e custo de produção do leite. A

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Margem Bruta (MB) utilizado como critério de avaliação econômica, sem considerar o valor do capital no tempo, por meio:

MB RT CV= −Em que, RT = Receita Total e CV= Custo variável.

Nestes acompanhamentos, também, foram mensurados os coeficientes técnicos para produção de leite em bases agroecológicas. A partir do acompanhamento das propriedades, elaborou os sistemas de produção adaptados à região e com potencial de adoção por outros agricultores. Os sistemas de produção são analisados em seu conjunto (produções animal, vegetal, florestal; e recursos naturais, financeiros e humanos), avaliando-se sua viabilidade e sustentabilidade a partir dos resultados alcançados.

Nas Redes é possível compreender como funcionam e evoluem os sistemas de produção no curto e médio prazos e também fazer os ajustes e análises de sistemas inovadores. As propriedades de referências têm ainda como função servirem como local de teste e validação de tecnologias desenvolvidas em estações experimentais. Problemas relevantes detectados, e para os quais ainda não se desenvolveu tecnologia para solução, poderão alimentar os programas de pesquisa de diferentes instituições.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃOA região Oeste Paranaense sempre foi reconhecida pela elevada tecnologia em termos

de agricultura convencional, favorecida por solos de alta fertilidade natural e disponibilidade hídrica, bem como condição térmica adequada durante o ano todo. Como consequência disso a região tornou-se grande produtora de grãos e pecuária especializada em gado de leite e suínos e recentemente frango. Essas características regionais, também, perpetuam para produção de bases ecológicas.

O sistema de pecuária leiteira de baixa intensidade (SPLBI) se caracteriza por produção superior a 15.000 L leite/ano e produção inferior a 25.000 L leite/ano; uso de uma infra-estrutura mínima de produção, gerando pouca dependência de insumos externos; ordenha mecanizada balde-ao-pé duas vezes ao dia; as bezerras são recriadas na propriedade; os machos, quando criados, têm a finalidade apenas para consumo; a mão-de-obra é, predominantemente, familiar; a alimentação é composta de capim picado, silagem de milho e pastagens típicas de inverno e verão e mineral durante todo o ano.

O sistema de pecuária leiteira de média intensidade (SPLMI) se caracteriza por produção superior a 25.000 L leite/ano e inferior a 80.000 L. Neste sistema as vacas apresentam melhor potencial genético de produção. A infraestrutura é típica de fazenda especializada em produção de leite e apresenta forte dependência de insumos modernos. A mão-de-obra é predominantemente familiar. A ordenha, realizada duas vezes ao dia, é mecânica e as crias são manejadas em esquema de aleitamento artificial, com a criação somente de fêmeas. A alimentação volumosa, de melhor qualidade e em maior quantidade, é composta por forrageiras de inverno, pastagens perenes, e silagem de milho. A dieta é suplementada com ração concentrada e sal mineral durante todo o ano.

A Tabela 2 apresenta a caracterização das unidades produtivas familiares e a classificação da tipologia dos sistemas de produção de leite em bases agroecológicas de média intensidade de produção segundo o critério das “Redes”.

Tabela 2 – Caracterização e tipificação das unidades produtivas de leite do oeste do Paraná, em bases agroecológicas, com baixa e média intensidade de produção.

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ProdutoresÁrea (ha) Capital (R$) Mão de obra (EqH)

Categoria SocialTotal SAU1 Benfeitorias

Maq. / Equip.

Animais FamiliarContratad

a

BAI

XA

IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL12 6,05 4,3 41.656,70 8.217,45 29.463,88 2,33 0,00PSM3 Leite + Agroindústria

PFL2 7,70 7,3 62.609,9521.984,8

034.621,81 2,33 0,20

PSM3 Leite + Venda direta

PFL3 5,65 4,1 94.191,6519.073,6

95.415,39 2,58 0,00 PSM3 Leite

PFL4 10,49 8,3 30.781,08 9.181,09 24.915,87 2,33 0,00 PSM3 Leite

PFL5 24,37 14,9 12.265,0023.000,0

027.000,00 2,75 0,00 PSM2 Leite

DIA

IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL6 37,50 34 129.369,3826.220,8

818.907,79 2,50 0,37

PSM3 Leite + Grão

PFL7 7,26 6,3 15.262,0034.590,0

030.470,00 2,33 0,00 PSM3 Leite

PFL8 7,83 5,4 36.834,47 8.277,99 37.677,34 1,50 0,10 PSM3 Leite

PFL9 6,05 5,8 60.630,5054.919,8

835.304,36 2,00 0,05 PSM3 Leite

PFL10 12,47 11,4 70.198,6629.222,1

674.414,76 1,00 0,10 PSM3 Leite

1 SAU = Superfície Agrícola Útil; 2 PFL = Produtor familiar de leite; 3 EqH = Equivalente Homem (300 dias trabalhando 8 horas/dia).

Para os produtores de leite com baixa intensidade de produção (BIP), os sistemas de produção envolvidos neste estudo foram leite, leite + agroindústria e leite + venda direta. Para produtores de leite com média intensidade de produção (MIP) consistiram em leite + grãos e leite. A categoria social predominante para região oeste é o PSM3 com 90% das ocorrências, sendo apenas uma propriedade definida como PSM2. As caracterizações da maioria das propriedades estão associadas aos bens de capital, como benfeitorias, maquinas e equipamentos e os animais.

As áreas totais das unidades produtivas em estudos representam bem a região oeste paranaense, apresentaram áreas entre 5,6 (seis) a 37,5 ha, não existindo muita distinção de área quanto às intensidades de produção (baixa e média), sendo que 1/5 das familiares são áreas superiores a 15 ha. Se fosse considerar a categoria social por área, cerca de 80% das propriedades estudadas se enquadrariam na Produção de Simples de Mercadoria - Nível 1 (PSM1).

Os produtores em estudo se enquadraram em quase sua plenitude (90%) na Produção de Simples de Mercadoria - Nível 3 (PSM3). Esta classificação se deve principalmente, pelo capital da unidade produtiva (benfeitorias, máquinas e equipamentos agrícolas) e uso da mão de obra familiar superior a 50% na propriedade. O PSM3 representa área inferior a 50 hectares (ha), capital (com benfeitorias superior R$ 29.160,00 e inferior a R$ 97.200,00 e máquinas e equipamentos agrícolas superior a R$ 29.160,00 e inferior a R$ 87.480,00) e uso da mão-de-obra familiar superior a 50%.

O uso da mão de obra familiar chega próximo a sua plenitude da força de trabalho nestas unidades. A mão de obra familiar foi superior a 80% da força de trabalho nas unidades produtivas e cerca de 80% das famílias usam mão de obra temporária em épocas distintas, principalmente, nos períodos de colheita e silagem. A utilização da mão de obra para os BIP

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ficou em torno de 2,46 Eq.H., ou seja, o produtor, sua esposa e o(a) filho(a) e mais mão de obra temporária. A mão de obra para os MIP foi de 2,00 Eq.H., ou seja, o produtor, sua esposa e o(a) filho(a) e mais uma pequena parcela mão de obra temporária.

O Capital das unidades produtivas BIP esteve disseminado entre R$ 25,9 mil a R$ 151,8 mil, sendo que 3/5 dos estabelecimentos rurais são inferiores a R$ 80 mil, neste tipo de intensificação produtiva. A participação das benfeitorias é em média de 54,3% do capital, em determinadas unidades produtivas chegaram ao limite máximo de 79,0% e mínimo de 20%, sendo que 3/5 dos produtores de BIP governem em torno dos 50% de benfeitorias do capital. As máquinas e equipamentos variaram entre R$ 8,2 mil a R$ 23 mil, correspondendo de 10% a 37% da participação do capital, onde 3/5 dos estabelecimentos apresentaram este componente com 16% do capital. Ainda, a respeito do capital dos BIP, tem-se o componente “animais” com valores de R$ 5,4 mil a R$ 34,6 mil representando entre 4% a 43% do capital. Devido à baixa especialização da produção em leite, cerca de 3/5 dos produtores BIP ofereceram boa participação deste componente com cerca de 40% do capital investido no estabelecimento rural.

O Capital das unidades produtivas MIP variou de R$ 80,32 mil a R$ 174,5 mil, sendo que 3/5 são superiores a R$ 150 mil. A participação das benfeitorias é em média de 43,64% do capital, em determinados estabelecimentos chegaram ao limite máximo de 74,14% e mínimo de 19,00%, sendo que 60% das unidades produtivas giram em torno dos 42% de benfeitorias do capital. As máquinas e equipamentos variaram entre R$ 8,3 mil a R$ 54,92 mil, correspondendo de 10% a 43% da participação do capital, onde 3/5 dos estabelecimentos indicou que este componente ficou entre 12% do capital. Ainda a respeito do capital, tem-se o componente “animais” que valores R$ 18,9 mil a R$ 74,4 mil representando entre 10% a 45% do capital. Devido a sua especialização da produção em leite, cerca de 3/5 dos produtores em estudo apresentam elevada participação de deste componente superior a 1/3 do capital investido no estabelecimento rural.

A Tabela 3 mostra os aspectos sociais e de qualidade de vida dos produtores de leite em bases agroecológicas, de baixa e média intensidade de produção no oeste paranaense. De modo geral, as famílias apresentam boa qualidade de vida com o consumo de alimento oriundos da propriedade, tais como: hortaliças, frutas, mel, produtos transformados e derivados de carne e leite. Estas características são típicas no oeste paranaense.

Considerando a média dos sistemas de produção de leite, em bases ecológicas, do oeste do Paraná teve uma pontuação (Escore) final de qualidade de vida de 7,7. Para a pontuação (Escore) final de qualidade de vida dos BIP se distribuiu entre 6,89 a 8,07, originando uma média de 7,53. 4/5 destes estabelecimentos apresentaram escores inferiores a 8. As unidades produtivas dos MIP apresentaram melhores condições de qualidade de vida, a pontuação (Escore) final variou de 7,18 a 8,76, acendendo uma média de 7,93 e apenas 2/5 destes estabelecimentos apresentaram escores inferiores a 8.

Os componentes dos aspectos sociais e de qualidade de vida que apresentaram comportamentos similares foram o saneamento com água potável de rede comunitária e fossa séptica, apesar de alguns produtores do BIP apresentar índices à baixa da média dos produtores, de base ecológica, no oeste do Paraná. A integração social mostra que todos participam de forma ativa na sociedade como em cooperativas, associações, igrejas, sindicatos, etc.

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Tabela 3 – Aspectos sociais e de qualidade de vida dos produtores de leite, em bases agroecológicas, de baixa e média intensidade de produção.

Produtores Habitação Saneamento Lixo Locomoção Serviços LazerIntegração social

Escore final

BAIX

A IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL1 72,97 91,7 87,5 62,5 87,5 62,5 100 8,1

PFL2 78,77 91,7 87,5 75,0 81,3 25,0 100 7,7

PFL3 82,32 66,7 62,5 62,5 75,0 75,0 100 7,5

PFL4 72,17 91,7 37,5 75,0 81,3 25,0 100 6,9

PFL5 78,76 72,2100,

075,0 75,0 25,0 100 7,5

MÉDI

A IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL6 83,77 91,7 87,5 100,0 75,0 75,0 100 8,8

PFL7 83,76 91,7100,

075,0 75,0 50,0 100 8,2

PFL8 73,62 91,7100,

025,0 87,5 25,0 100 7,2

PFL9 68,62 91,7100,

062,5 68,8 25,0 100 7,4

PFL10 87,54 91,7100,

0100,0 62,5 25,0 100 8,1

A questão do lixo para os BIP é um pouco complexa, pois alguns produtores não destina de maneira adequada o lixo seco, mas o lixo orgânico é enterrado ou feito composteira. Já as unidades produtivas dos MIP apresentam uma destinação mais adequada como a coleta publica para o lixo secas ou reciclável e o lixo orgânico é enterrado ou feito composteira

Os índices de habitação do BIP estão espalhados entre 72,17 a 82,54, mostrando que a maioria dos produtores possuem casas de madeira, muito das vezes mista, porém atende todas as necessidades da família e com muito conforto. Para os MIP os indicadores de habitação estão com uma variação maior 68,72 a 87,54 comparado com BIP, mas num mesmo padrão de conforto e necessidades da família. Tanto os BIP quantos os MIP dispõem de energia elétrica, telefones celulares.

Os BIP apresentaram uma melhor utilização do acesso aos serviços do que os MIP, como saúde, educação e odontológico são público e público privado. A locomoção destas famílias a maioria dos serviços são por meio de veículo próprio para seu translado até a cidade e o transporte escolar que é público. As estradas de acesso apresentam-se em bom estado para a maior parte das propriedades, dispondo de calçamento com pedras irregulares e para alguns até asfalto.

A Tabela 4 apresenta os coeficientes técnicos dos produtores de leite, em bases ecológicas, com baixa e média intensidade de produção no oeste paranaense. O plantel de vacas dos BIP disseminados entre 5 a 15 cabeças, com um plantel predominante de 10 vacas. A produção de leite anual variou de 15.780,20 a 23.742,00 litros, com uma média anual para o grupo de 19.093,02 litros. A produção anual leite por vaca variou das vacas por 1.435,56 a 3.341,08 litros/ano e uma média de 2.103,31 litros/ano. Para os MIP a composição do plantel de vacas se alastrou entre 13 a 21 cabeças, com um plantel predominante de 14 vacas. A produção de leite anual se distribuiu entre 40.934 a 75.091 litros, gerando uma média anual para o grupo de 56.923,60 litros. A produção anual leite por vaca variou das vacas por 2.923,86 a 4.635,92 litros/ano, com uma média de 3.794,53 litros/ano.

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Tabela 4 – Composição dos indicadores de desempenho técnico dos sistemas de leite, em bases ecológicas, com baixa e média intensidade de produção e suas relações.

ProdutoresVacas

(no)

Área SFP4

(ha)

Área PPV5

(ha)

Leite total (L)

Vacas / SFP

(no/ha)

Vacas / PPV

(no/ha)

Leite / Vaca (L/no)

Leite / SFP

(L/ha)

Leite / de PPV (L/ha)

BAIXA

INT

EN

SIF

ICA

ÇÃ

O

PFL1 5 3,96 2,12 16705 1,3 2,4 3341 13.231 7880

PFL2 11 5,69 2,40 15780 1,9 4,6 1435 8.163 6575

PFL3 15 2,57 2,42 23742 5,8 6,2 1583 4.068 9811

PFL4 8 5,92 3,02 17338 1,4 2,6 2167 12.830 5741

PFL5 11 8,25 6,00 21900 1,3 1,8 1991 16.425 3650

MÉDIA

INT

EN

SIF

ICA

ÇÃ

O

PFL6 13 4,00 3,00 60000 3,3 4,3 4615 18.462 20000

PFL7 14 3,49 2,49 40934 4,0 5,6 2924 10.204 16439

PFL8 15 3,63 2,75 48326 4,1 5,5 3222 11.695 17573

PFL9 13 5,55 3,00 60267 2,3 4,3 4636 25.729 20089

PFL10 21 9,09 3,64 75091 2,3 5,8 3576 32.504 206294 SFP = Superfície Forrageira Principal; 5 PPV = Pastagem Perene de Verão.

A produção média por dia, do plantel dos BIP, foi de 53,04 litros que variou entre 43,83 a 65,95 litros/dia. Cerca de 2/5 das unidades produtivas foram superiores a 60 litros/dia. A produtividade de cada vaca ficou entre 3,98 a 9,28 litros/dia, o que se destaca é o PLF1 que atingiu o valor máximo e o PLF2 o valor mínimo e a média das vacas foi 5,84 litros/dia.

Para os MIP, a produção média por dia do plantel foi de 158,12 litros que variou entre 113,7 a 208,6 litros/dia. Cerca de 3/5 das unidades produtivas foram superiores a 165 litros/dia. A produtividade de cada vaca ficou entre 8,12 a 12,88 litros/dia, sobressaindo o PLF9 que atingiu o valor máximo e o PLF7 o valor mínimo, mas a média das vacas foi 10,4 litros/dia.

A disponibilidade de oferta de pastagem para os animais dos BIP apresentou por meio de duas formas: a Superfície de Forragem Principal que alastrados entre 2,57 a 8,25 ha e a Pastagem Perene de Verão que difundidos entre 2,12 e 6,00 ha. Consequentemente, a lotação dos animais foi em média 5,28 vaca/ha para superfície forrageira principal e 3,19 vaca/ha para pastagem perene de verão. Para os MIP a disponibilidade de oferta de pastagem para os animais apresentou de duas formas: a Superfície de Forragem Principal que alastrados entre 3,49 a 9,09 ha e a Pastagem Perene de Verão que variou entre 2,49 e 3,64 ha. Consequentemente, a lotação dos animais foi em média 3,21 vaca/ha para superfície forrageira principal e 5,10 vaca/ha para pastagem perene de verão.

Os produtores mais eficientes dos BIP na oferta de pastagem da superfície forrageira principal foi PFL3 5,8 vaca/ha. Para pastagem perene de verão as unidades produtivas mais eficientes foram o PFL3 e PFL2 com 6,2 vaca/ha e 4,6 vaca/ha, respectivamente. Para os MIP os produtores mais eficientes na oferta de pastagem da superfície forrageira principal foi PFL7 e o PFL8 com 4,0 vaca/ha e 4,1 vaca/ha, respectivamente. Para pastagem perene de verão as unidades produtivas mais eficientes foram o PFL10 e PFL7 com 5,8 vaca/ha e 5,6 vaca/ha, concomitantemente.

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Para as relações entre o leite e a oferta de pastagem dos BIP, ficaram da seguinte forma: considerando a produção de leite com a superfície forrageira principal expôs valores mínimos de 4.067,80 L/ha e máximos de 16.424,99 L/ha e uma média de 10.943,18 L/ha. Ponderando a produção de leite com a pastagem perene de verão que proporcionou valores mínimos de 3.650,00 L/ha e máximos de 9810,74 L/ha e uma média de 6.731,33 L/ha. Para ambas as relações os estabelecimentos rurais que mais se despontaram foram PFL1 e PFL2, concomitantemente.

Enquanto os MIP hás relações entre o leite e a oferta de pastagem ficou da seguinte forma: apreciando a produção de leite com a superfície forrageira principal exibiu valores mínimos de 10.204,26 L/ha e máximos de 32.503,68 L/ha e uma média de 19.718,75. Ponderando a produção de leite com a pastagem perene de verão que proporcionou valores mínimos de 16.439,36 e máximos de 20.629,40 e uma média de 18.946,17. Para ambas as relações os estabelecimentos rurais que mais se destacaram foram PFL10 e PFL9, respectivamente.

A Tabela 5 apresenta os indicadores de desempenho econômico dos produtores de leite, em bases ecológicas, com média intensidade de produção no oeste paranaense. O PLF10 foi que apresentou melhor desempenho financeiro. Para os produtores de leite em base ecológica, no oeste do Paraná tiveram uma distribuição da margem bruta com limite superior de R$ 26,0 mil e limite inferior a R$ 3,0 mil na safra 2008/09, predominando uma média de R$ 13.313,90 no ano agrícola. Para os BIP contiveram uma classificação da margem bruta entre R$ 3,0 mil a R$ 13,0 mil, prevalecendo uma média de R$ 8.915,35 no ano agrícola 2008/09. Já os MIP tiveram uma margem bruta com limite superior de superior R$ 12,0 mil e limite inferior a R$ 25,8 mil na safra 2008/09, com uma média de R$ 17.712,90 no ano agrícola.

Tabela 5 – Composição dos indicadores de desempenho econômicos dos sistemas de leite no oeste do Paraná, em bases ecológicas, com baixa e média intensidade de produção e suas relações.

Produtores MB (R$)MB/vaca

(R$/n)MB/SAu (R$/ ha)

MB/SFP (R$/ ha)

MB/PPV (R$/ha)

MB/MO (R$/EqH)

MB/Leite (R$/L)

Cv/L (R$/L)

BAIX

A IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL1 8.794,68 1.758,94 2.035,81 2.220,88 4.148,43 3.774,54 0,53 0,39

PFL2 10.672,70 970,25 1.462,01 1.875,69 4.446,96 4.218,46 0,68 0,32

PFL3 12.894,14 859,61 2.917,23 5.017,18 5.328,16 5.730,73 0,54 0,09

PFL4 3.090,75 386,34 371,48 522,09 1.023,43 1.326,50 0,18 0,32

PFL5 9.124,50 829,50 613,62 1.106,00 1.520,75 3.318,00 0,42 0,16

MÉDI

A IN

TE

NS

IFI

CA

ÇÃ

O

PFL6 12.922,00 994,00 380,06 3.230,50 4.307,33 4.502,44 0,22 0,34

PFL7 15.613,02 1.115,22 2.494,09 4.473,64 6.270,29 6.700,87 0,38 0,21

PFL8 15.109,60 1.007,31 2.792,90 4.162,42 5.494,40 9.443,50 0,31 0,35

PFL9 19.204,54 1.477,27 3.460,28 3.460,28 6.401,51 9.368,07 0,32 0,27

PFL10 25.713,12 1.224,43 2.253,56 2.828,73 7.064,04 23.375,56 0,34 0,24

Os produtores de leite de base ecológica no oeste do Paraná mostrou que a relação da margem bruta com a área produtiva dos estabelecimentos chegou aos seguintes resultados. A margem bruta com a superfície agrícola útil ofereceram ganhos médios de R$ 1.878,10

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(R$/ha), distribuídos entre R$ 371,48 (R$/ha) a R$ 3.460,28 (R$/ ha), sendo que 60% das unidades produtivas chegaram a valores superiores a R$ 2,0 mil (R$/ha). Nas unidades produtivas do BIP, esta relação obteve ganhos médios de R$ 2.276,18 (R$/ha), distribuídos entre R$ 371,48 (R$/ha) a R$ 2917,23 (R$/ ha), sendo que 80% das unidades produtivas não atingiram a valores superiores a R$ 2,2 mil (R$/ha). O PFL3 foi que apresentou um excelente desempenho neste indicador para os BIP. E para os MIP a margem bruta conexo com a superfície agrícola útil apresentaram ganhos médios de R$ 2.276,18 (R$/ha), distribuídos entre R$ 380,06 (R$/ha) a R$ 3.460,28 (R$/ ha), sendo que 80% das unidades produtivas chegaram a valores superiores a R$ 2,2 mil (R$/ha). O PFL9 foi que apresentou um excelente desempenho neste indicador.

A margem bruta em relação a superfície forrageira principal dos produtores de leite, em base ecológica, do oeste do Paraná, ofereceram ganhos médios de R$ 2.889,74 (R$/ha), distribuídos entre R$ 522,09 (R$/ha) a R$ 5.017,18 (R$/ ha), em que os apenas PFL4 proporcionou resultados inferior a R$ 1,0 mil (R$/ha). Para as unidades produtivas dos BIP, a relação da margem bruta com a superfície forrageira principal com ganhos médios de R$ 2.148,37 (R$/ha), entre R$ 522,09 (R$/ha) a R$ 5.017,18 (R$/ ha), em que os PFL3 expuseram resultados superiores a R$ 4 mil (R$/ha). A margem bruta com a superfície forrageira principal proporcionaram ganhos médios para os MIP de R$ 3.631,11 (R$/ha), distribuídos entre R$ 2.828,73 (R$/ha) a R$ 4.473,64 (R$/ ha), em que os PFL7 e PFL8 apresentaram resultados superiores a R$ 4 mil (R$/ha).

A margem bruta com a pastagem perene de verão despontou ganhos médios de R$ 4.600,53 (R$/ha), alastrados entre R$ 1023,43 (R$/ha) a R$ 7.064,04 (R$/ ha), onde 20% das unidades familiares estudadas proporcionaram resultados inferiores a R$ 2 mil (R$/ha). Para as unidades produtivas dos BIP, a relação da margem bruta com a pastagem perene de verão despontou ganhos médios de R$ 3.293,55 (R$/ha), alastrados entre R$ 1.023,43 (R$/ha) a R$ 5.328,16 (R$/ ha), onde 60% das unidades familiares dos BIP implicações inferiores a R$ 2 mil (R$/ha). E os MIP inferiram a margem bruta com a pastagem perene de verão despontando em ganhos médios de R$ 5.907,52 (R$/ha), alastrados entre R$ 4.307,33 (R$/ha) a R$ 7.064,04 (R$/ ha), onde 60% das unidades familiares estudadas proporcionaram resultados superiores a R$ 6 mil (R$/ha).

O remuneração média anual da mão de obra (EqH/ano) dos produtores de leite de base ecológica no Oeste do Paraná foi de R$ 7.175,87, que teve valores mínimos de R$ 1.326,50 por EqH e máximos de R$ 23.375,56 EqH. As unidades produtivas familiar que mais remuneraram a mão de obra foram os PFL8, PFL9 e PFL10. Para os BIP, a remuneração média anual da mão de obra (EqH/ano) foi de R$ 3.673,65, com valores mínimos de R$ 1.326,50 por EqH e máximos de R$ 5.730,73 por EqH. As unidades produtivas familiares que menos remunerou a mão de obra foi o PFL4. E nos MIP, a remuneração média anual da mão de obra (EqH/ano) foi de R$ 10.678,09, distribuídos entre R$ 4.502,44 R$/EqH a R$ 23.375,56 R$/EqH. As unidades produtivas familiares que mais remuneraram a mão de obra foram o PFL8 e PFL9.

A margem bruta média por litro de leite de R$ 0,31, em que variou de R$ 0,18 (R$/L) a R$ 0,68 (R$/L), cerca de 70% dos estabelecimentos rurais estudados apresentaram ganho superior a média do leite. Os produtores com maiores ganhos foram PFL2, PFL3 e PFL1. Para os BIP, a margem bruta média por litro de leite é de R$ 0,47, em que variou de R$ 0,18 (R$/L) a R$ 0,68 (R$/L), cerca de 60% dos estabelecimentos rurais estudados apresentaram ganho no leite superior a R$ 0,50. Os produtores com maiores ganhos foram PFL7 e PFL8. E

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para os MIP, a margem bruta média por litro de leite foi de R$ 0,31, em que variou de R$ 0,22 (R$/L) a R$ 0,38 (R$/L), cerca de 80% dos estabelecimentos rurais estudados apresentaram ganho no leite superior a R$ 0,30. Os produtores com maiores ganhos foram PFL7 e PFL8.

O custo variável por litro de leite dos produtores de base ecológica do oeste do paraná foi de R$ 0,27, em que variou de R$ 0,09 (R$/L) a R$ 0,39 (R$/L). Cerca de 60% dos produtores rurais estudados apresentaram o custo do leite inferior a R$ 0,28. O custo do leite mais baixo foi do PFL3 e PFL5. Para os BIP, o custo variável por litro de leite de R$ 0,26 (R$/L), dispersos entre R$ 0,09 (R$/L) a R$ 0,39 (R$/L) e cerca de 60% dos produtores rurais estudados apresentaram o custo do leite inferior a R$ 0,28. O custo do leite mais baixo foi do PFL3 com R$ 0,09 o litro. O custo variável por litro de leite dos MIP constituiu em R$ 0,28 (R$/L), em que distribuídos de R$ 0,21 (R$/L) a R$ 0,35 (R$/L) e em torno de 60% dos produtores rurais estudados apresentaram o custo do leite inferior a R$ 0,28. O custo do leite mais baixo dos MIP foi do PFL7 com R$ 0,22 o litro.

4. CONCLUSÃOPara as condições em que foi desenvolvido este estudo, conclui-se que: As famílias apresentaram boa qualidade de vida, dos produtores de leite de base

ecológica do oeste do Paraná, com uma pontuação final média de 7,7;Todas das famílias estão enquadradas na Produção de Simples de Mercadoria; Os produtores com baixa intensidade de produção utilizam mais dos serviços do

Estado do que os produtores com média intensidade de produção;Na safra 2008/09, a margem bruta média para os produtores com baixa intensidade de

produção foi de R$ 8.915,35 e para os produtores com média intensidade de produção a margem bruta média é de R$17.712,46;

Os produtores com baixa intensidade de produção de leite foram melhores remunerados pela margem bruta em relação a mão de obra do que os produtores com média intensidade de produção;

O produtor familiar de leite 7 foi que apresentou o melhor desempenho econômico na produção de leite, em bases ecológicas, com média intensidade de produção.

Os custos do leite, de base ecológica, dos produtores com baixa intensidade de produção são mais em conta do que os produtores de média intensidade se deve a composição da dieta dos animais.

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