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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Fisioterapia ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO UNIVERSITÁRIO: CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DO USUÁRIO Bragança Paulista 2011

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Fisioterapia

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO UNIVERSITÁRIO:

CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DO USUÁRIO

Bragança Paulista 2011

   

AMANDA SAMPAIO DE CASTILHO – R.A. 001200800039 CAMILA DE CÁSSIA AVANZZI LEME – R.A. 001200800962

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO

UNIVERSITÁRIO: CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DO USUÁRIO

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Orientadora: Prof.ª Dra Rosimeire Simprini Padula

Bragança Paulista 2011

   

CASTILHO, A. S.; LEME, C. C. A. Análise da adequação do mobiliário universitário:

caracterização antropométrica do usuário, 2011. Trabalho de Conclusão de Curso de

Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista.

Banca examinadora:

___________________________________________________________

Prof.ª D.ra Rosimeire Simprini Padula (Orientadora) (Universidade São Francisco)

____________________________________________________________

Prof.ª Nathália Aiello Montoro (Examinadora)

(Universidade São Francisco)

____________________________________________________________

Prof. M.e Sérgio Jorge (Examinador)

(Universidade São Francisco)

   

Aos nossos queridos pais, pessoas presentes

em nossas vidas, pelo apoio e carinho

oferecidos em todo o momento,

principalmente neste.

Aos nossos companheiros, pelo carinho e

incentivo oferecidos.

Aos familiares, por terem acreditado e

fornecido condições para que nós

concluíssemos mais uma etapa de nossa vida.

   

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais André Luiz e Isabel Cristina e à minha avó Maria Benedicta que com

muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha

vida. Vocês são muito importantes para mim.

Ao meu avô Salvador Lisboa que já foi levado dessa vida, deixo mais uma pincelada de

memória nesse documento.

Ao meu namorado Raphael Pedroso por todo amor, carinho e compreensão. Obrigada por

acreditar em mim.

Agradeço à minha grande amiga Camila de Cássia pelo esforço e compreensão por toda a

faculdade e neste estudo. Obrigada por ter posto tanta sabedoria, cuidado e imaginação na

nossa amizade.

À nossa orientadora Rosimeire Simprini Padula pela paciência na orientação e incentivo que

tornaram possível a conclusão desta monografia.

Agradeço a todos os professores que colaboraram com seu conhecimento para a minha

formação acadêmica.

Aos colegas do curso de Fisioterapia. Desejo uma boa sorte a todos na busca de seus objetivos

de vida.

AMANDA SAMPAIO DE CASTILHO

   

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta caminhada.

Aos meus pais: Maria Joana e João Luiz, que foram a base de tudo pra mim, apoiando-me nos

momentos difíceis, e ensinando-me a persistir nos meus objetivos e ajudando a alcançá-los.

Agradeço também ao meu esposo, Eliel Ramos, que de forma especial e carinhosa me deu

força e coragem para alcançar meus objetivos.

À minha amiga Amanda Castilho, pelos incansáveis momentos dedicados a nossa pesquisa,

por estar presente em distintos e importantes momentos da minha graduação e se tornar uma

irmã.

A nossa orientadora Rosimeire Simprini Padula, que nos encorajou e apoiou desde o inicio,

com cobranças, exigências, dinamismo, e com muita confiança acreditando em nosso

potencial.

Enfim a todos que contribuíram para o sucesso deste trabalho. Muito obrigada.

CAMILA DE CÁSSIA AVANZZI LEME

   

“Se você está percorrendo o caminho de seus sonhos, comprometa-se com ele. Assuma seu

caminho, mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que pode fazer

melhor o que está fazendo. Se você aceitar suas possibilidades no presente, com toda

certeza vai melhorar no futuro. Enfrente seu caminho com coragem, não tenha medo da

crítica dos outros. E, sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria crítica.”

(Paulo Coelho)

   

RESUMO

Introdução: O mobiliário universitário é responsável pelo conforto físico e psicológico do aluno, tendo assim enorme importância no processo educacional, pois pessoas com dor frequente apresentam perda de concentração, prejudicando tanto no comportamento como na produtividade em sala de aula. Objetivo: Verificar a adequação ergonômica das carteiras utilizadas por alunos de uma Universidade do Estado de São Paulo aos seus aspectos antropométricos e compará-los com as carteiras disponíveis nas empresas fabricantes de mobiliário escolar. Método: Participaram 745 voluntários matriculados em diferentes cursos de graduação em uma instituição de ensino superior. Os indivíduos foram selecionados por amostragem de conveniência, tendo sido convidados quando passavam por um ponto de encontro dentro da Universidade. Os dados antropométricos mensurados foram: estatura, altura poplítea, comprimento nádega-poplítea, largura dos quadris, altura do cotovelo em relação ao assento e largura entre os cotovelos por meio de um paquímetro, peso e IMC. As medidas foram coletadas utilizando um banco e uma escada com dois degraus para posicionar os seguimentos corporais. Das carteiras, foram coletadas as medidas da largura do assento, profundidade do assento, altura do braço-assento, largura do encosto e altura chão-assento, sendo divididas em três tipos. Resultados: As carteiras disponíveis na universidade e as das empresas fabricantes, quanto à largura e profundidade do assento, apresentam uma profundidade dentro do percentil recomendado, mas uma largura abaixo do recomendado. Quanto à altura do chão-assento, ambas apresentam medidas acima do percentil recomendado. Conclusão: Através dos resultados, constata-se que as carteiras são inadequadas aos alunos.

Palavras chave: antropometria, engenharia humana/ ergonomia, postura.

   

ABSTRACT

Introduction: The university furniture is responsible for furnishing physical and psychological comfort of the student, thus having great importance in the educational process, because people with frequent pain have loss of concentration, impairing both in the behavior as in productivity in the classroom. Objective: The aim of this study was to verify the adequacy ergonomic of portfolios used by students of an University the state of São Paulo to their anthropometric aspects and compare them with the portfolios available in the manufacturers companies of school furniture. Method: Participated 745 volunteers enrolled in different undergraduate courses in an institution of higher education. The Individuals were selected by sampling of convenience, were invited when have passed by a meeting point within the University. The anthropometric data measured were: Stature, popliteal height, length buttock-popliteal, hip width, elbow height to the seat and width between the elbows using a caliper, weight and BMI. Measurements were collected using a bank and a ladder two steps to position the body segments. Of portfolios, were collected the measurements of the seat width, seat depth, height arm-seat, backrest width e seat-height floor, which were divided into three types. Results: The portfolios available in the universities and in the manufactures companies, as to width and seat depth, have a depth within the recommended percentile, but a width below the recommended. As the seat-height floor, both have measures above percentile recommended. Conclusion: Through the results, it appears that the portfolios are inappropriate for students.

Keywords: anthropometry, human engineering/ergonomic, posture.

   

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

TABELA 1 - Percentil 5%, 50% e 95% e médias das medidas antropométricas de

homens e mulheres ..................................................................................... 17

TABELA 2 - Medida das carteiras universitárias da IES ................................................ 18

FIGURA 1 - Modelo das carteiras avaliadas .................................................................. 18

TABELA 3 - Classificação dos alunos quanto ao conforto das carteiras ........................ 19

TABELA 4 - Medida em cm das carteiras confeccionadas pelas empresas .................... 19

   

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 14

2.2 Objetivo Específico .................................................................................................. 14

3 MÉTODO ............................................................................................................... 15

3.1 Desenho do Estudo ................................................................................................... 15

3.2 Materiais/Equipamentos ........................................................................................... 15

3.3 Procedimentos .......................................................................................................... 15

3.4 Análise de Dados ...................................................................................................... 16

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 17

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 20

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 24

   

1 INTRODUÇÃO

Pessoas que costumam adotar a postura sentada por um longo período de tempo,

associado a diversos fatores como a incompatibilidade entre a antropometria da pessoa e o

mobiliário adotado, posturas incorretas ao realizar o trabalho e longos períodos na mesma

posição, apresentam frequentemente algum tipo de desconforto (RUMAQUELLA et al., 2008;

SANTOS et al., 2007).

Quando a pessoa se encontra na posição em pé, ocorre uma pressão no eixo da coluna

vertebral, onde a água presente na substância gelatinosa do núcleo do disco intervertebral, sai

pelos orifícios do platô vertebral indo ao centro dos corpos vertebrais. Desta maneira ao final

do dia o núcleo se encontrara menos hidratado e espesso. À noite em repouso significativo,

ocorre a diminuição da pressão discal, quando o núcleo atrai a água, retornando a sua

espessura normal. A posição sentada é a mais prejudicial à coluna, considerada pior que a

posição em pé. (BRACCIALLI, 2000).

Se o sujeito estiver sentado nas melhores posições possíveis, as estruturas

musculoesqueléticas da coluna lombar sofrem diversas alterações. A simples transferência da

postura em pé para sentada causa um aumento de pressão interna do núcleo do disco

intervertebral de aproximadamente 35% e as estruturas da região posterior são esticadas,

como ligamentos, nervos e pequenas articulações (RUMAQUELLA et al., 2008; ZAPATER

et al., 2004).

O uso de cadeiras impróprias facilita a adoção de uma postura inadequada, que podem

ocasionar deficiências circulatórias em membros inferiores e desconforto em membros

superiores, coluna cervical e lombar (MACIEL, 1997; SIQUEIRA et al., 2008).

A manutenção errada da postura sentada por um longo período em flexão anterior do

tronco, falta de apoio lombar e falta de apoio do antebraço, potencializam as alterações

musculoesqueléticas, resultando em um aumento para mais de 70% da pressão intradiscal,

podendo acarretar em maiores desconfortos gerais para o indivíduo, como sensação de peso,

dor e formigamento em diferentes partes do corpo e em processos degenerativos,

principalmente, como a hérnia de disco (ZAPATER et al., 2004).

Os estudantes universitários fazem parte de uma das classes afetadas por esse

problema, devido ao fato de passarem em média de quatro a cinco horas por dia, muitas vezes

de maneira errada, sentados em sala de aula (SANTOS et al., 2007). Esta postura assumida

   

tende a provocar enormes dores localizadas nos músculos que servem para a manutenção da

postura sentada (MACIEL, 1997; SIQUEIRA et al., 2008). Observa-se que 30% dos alunos

apresentam dores na coluna que podem ter origem de posturas inadequadas em sala (LIDA,

2005).

O mobiliário universitário é responsável pelo conforto físico e psicológico do aluno,

tendo assim enorme importância no processo educacional, pois pessoas com dor frequente

apresentam perda de concentração, prejudicando tanto o comportamento como a

produtividade em sala de aula (BRACCIALLI, 2000; REIS et al., 2005; SANTOS et al.,

2007).

As carteiras universitárias devem ser planejadas ergonomicamente, para ajudarem na

manutenção da lordose lombar natural, para possibilitarem uma redução na atividade

muscular do tronco médio e inferior e diminuir o ângulo de flexão do pescoço. A manutenção

desta postura adequada durante todo horário de aula, somado à diminuição da atividade

muscular, pode diminuir a fadiga muscular, trazendo benefícios no processo de aprendizagem

e evitando o desenvolvimento de maus hábitos posturais, reduzindo provavelmente, o

aparecimento de dores nas costas futuramente (BRACCIALLI, 2000; SANTOS et al., 2007;

SIQUEIRA et al., 2008).

A cadeira tem que permitir mudança periódica da postura sentada, onde deve conter

encosto grande, côncavo na região torácica e convexo na região lombar, mantendo desta

maneira as curvas fisiológicas da coluna vertebral. O encosto também deve ser reclinável,

com variações de inclinação de 2o para frente e 14o para trás, e apoio na região lombar durante

o trabalho (BRACCIALLI, 2000).

Um projeto de confecção de um produto tende a ser mais confiável quando se utiliza

os dados antropométricos, pois há a consideração das possibilidades e limites do consumidor

(SILVA et al., 2007; SOUZA et al., 2010). Essas medidas variam quanto ao biótipo, gênero e

idade, que são aspectos físicos individuais e quanto a origem, etnia, época e clima que são

aspectos populacionais ( SILVA et al., 2007; LIDA, 2005).

Mas devido à falta destes dados relativos a uma determinada população para o

desenvolvimento de produtos, acaba-se gerando uma insatisfação do usuário final, pois muitas

vezes são utilizados equipamentos padronizados, que possuem características de outra

população, fazendo com que o instrumento não se ajuste à pega do indivíduo

(PASCHOARELLI et al., 2008).

   

Portanto, deve-se pesquisar sobre as características do público alvo antes de se definir

a população usuária do produto, este deve ser projetado somente para uma população ou para

populações semelhantes (SILVA et al., 2007).

   

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar os aspectos antropométricos de estudantes de uma Instituição de Ensino

Superior.

2.2 Objetivo Específico

Mensurar as carteiras utilizadas por estes usuários e determinar se as características

antropométricas dos usuários são compatíveis com os mobiliários existentes na instituição de

ensino e com mobiliários disponíveis para aquisição.

   

3 MÉTODO

3.1 Desenho do Estudo

O desenho do estudo é analítico do tipo transversal com coletada de dados uma única

vez para cada voluntário. Foram avaliados 745 voluntários, do total de 4230 estudantes

matriculados, que foram selecionados de forma aleatória em um ponto de encontro da

Universidade. Os alunos participantes cursavam os diferente cursos oferecidos pela Instituição

de Ensino Superior (IES) a saber: Administração, Biologia, Direito, Educação Física,

Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Gestão Ambiental, Hotelaria e Turismo, Medicina,

Nutrição, Odontologia, Pedagogia, Processos Gerenciais e Química, independente do

semestre de matricula.

3.2 Materiais/Equipamentos

Os dados antropométricos mensurados foram: altura poplítea, comprimento nádega-

poplítea, largura dos quadris, altura do cotovelo em relação ao assento e largura entre os

cotovelos por meio de um paquímetro.

3.3 Procedimentos

Após a aprovação da IES para a realização do estudo e pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade, no período de março a setembro de 2008, os avaliadores

permaneceram em um ponto de encontro da Universidade (lanchonete) durante os três turnos

de aula (manhã, tarde e noite), onde os indivíduos foram selecionados por amostragem de

conveniência, tendo sido convidados quando passavam pelo local. Após aceite e assinatura do

termo de consentimento livre e esclarecido, as medidas antropométricas foram feitas em uma

sala próxima a este local, sendo estas, coletadas utilizando um banco e uma escada com dois

degraus para posicionar os seguimentos corporais. As medidas foram feitas na postura sentada

   

(comprimento, largura e altura) e com o posicionamento dos pés sobre o banco. Após as

medições, foram feitas as perguntas sobre a dominância do voluntário e sua satisfação com os

mobiliários existentes nas salas de aula.

Em uma segunda etapa da pesquisa, no ano de 2011, foi realizada uma busca via

internet para localizar empresas fabricantes de mobiliários escolares e através de correio

eletrônico foi feito o contanto com estas empresas para obter informações referentes aos

mobiliários, tais como: medidas utilizadas e variações de opções das mesmas, os modelos

disponíveis, bem como as diretrizes antropométricas e legais seguidas pela empresa para

definir estas medidas. E por último, foram coletadas as medidas dos três tipos de carteiras

universitárias existentes no local de estudo, que são as mesmas utilizadas pelos voluntários no

ano de 2008, assim como a média de carteiras por sala de aula.

3.4 Análise de Dados

Foi realizada uma análise por meio de estatística descritiva (média e os percentis 5%,

50%, 95%).

   

4 RESULTADOS

Dos 745 estudantes avaliados (17,61% do total de estudantes da IES), sendo destes

aproximadamente 432 (58%) do sexo feminino e 313 (42%) do sexo masculino, com a idade

média de 23,04 ± de 5,85 anos, com idade mínima de 17 anos e máxima de 52 anos.

As medidas antropométricas obtidas de ambos os sexos, seus percentis e médias

constam na Tabela 1.

TABELA 1. Percentil 5%, 50% e 95% e médias das medidas antropométricas de homens e mulheres em cm.

Dimensão Homens Mulheres

5% 50% 95% Média 5% 50% 95% Média

Altura poplítea 38.00 45.00 51.00 44.66 35.00 41.00 46.00 40.66

Comprimento nádega-

poplítea

37.00 45.00 52.20 44.73 34.00 41.00 48.00 41

Largura dos quadris 38.00 45.00 57.20 46.73 37.45 44.00 54.00 45.15

Altura do cotovelo em

relação ao assento

20.00 24.00 30.00 24.66 19.00 24.00 28.00 23.66

Largura entre os cotovelos 38.00 47.00 59.20 40.06 35.00 42.00 52.00 43

Foram coletadas também as medidas dos três tipos de carteiras universitárias

existentes no local de estudo, sendo estas classificadas considerando a altura total como

pequena (Carteira 1), média (Carteira 2) e grande (Carteira 3) (Tabela 2).

   

TABELA 2. Medida das carteiras universitárias da IES Dimensão Carteira 1 Carteira 2 Carteira 3

Largura do assento 39 37, 36 e 39,5 36.5, 36 e 39.5

Profundidade do assento 37 39.5 40.5

Altura do braço-assento 23.5 22.5 23

Largura do encosto 39 39.5 e 37 39.5 e 37

Altura chão-assento 43 42 44

* Houve uma variação nas medidas da largura do assento/encosto, por elas serem irregulares. As medidas da largura do assento foram tiradas na ponta do assento, meio e fundo do assento consecutivamente. Já as medias da largura do encosto foram na parte superior e inferior consecutivamente.

Os modelos de carteiras existentes são apresentados na Figura 1.

FIGURA 1. Modelo das carteiras avaliadas.

A dominância manual, dentre os estudantes esta distribuída em 88,86% destros

(n=662) e 10,2% canhotos (n=76). Quanto às carteiras disponíveis na universidade, a média é

de 74 carteiras por sala de aula, sendo uma média de 4,4 carteiras para canhotos (5,94%).

Com relação a percepção sobre a qualidade do mobiliário, 48,6% estudantes (n=362) o

classificaram como regular e 26,8% estudantes (n=200) o classificaram como péssimo

(Tabela 3).

   

TABELA 3. Classificação dos alunos quanto ao conforto das carteiras.

Frequência Porcentagem (%)

Válido ótimo 18 2,4

bom 165 22,1

regular 362 48,6

péssimo 200 26,8

Total 745 100,0

Foram contactadas 21 empresas fabricantes de carteiras universitárias, das quais, 10

retornaram resposta. Destas, 6 confeccionam o modelo igual ao do estudo, 2 trabalham com

carteiras estofadas, não sendo incluídas no presente estudo e as 2 restantes não mandaram as

medidas pedidas. As medidas obtidas pelas empresas estão presentes na Tabela 4.

TABELA 4. Medida em cm das carteiras confeccionadas pelas empresas.

Empresa Largura do

assento Profundidade do

assento Altura braço-

assento Largura do

encosto Altura chão-

assento

1 40 40 26 40 42

2 40 38 30 40 42

3 38 38 -* 37 45

4 39 38 21 40 44

5 40 40 19 40 44

6a 33 33 24,5 33 47

6b 38 30 26,5 38 48,5

6c 39 38 29 39 43,5

6d 39 39 26 41 39,5

* Medida não informada. As letras a, b, c e d representam outros modelos confeccionados pela mesma empresa.

   

5 DISCUSSÃO

A constante avaliação das medidas antropométricas de uma determinada população é

importante tanto para o design e desenvolvimento do produto, como para definir o perfil da

população que irá se beneficiar.

Este estudo analisou as medidas antropométricas de 745 alunos, adquiridas no período

de março a setembro de 2008, assim como as medidas das carteiras por estes utilizadas e

posteriormente as medidas das carteiras atualmente fabricadas, adquiridas no ano de 2011.

Neste estudo, viu-se que, as carteiras disponíveis na universidade e as das empresas

fabricantes, no que se refere à largura e profundidade do assento, atendem apenas ao percentil

5% para ambos os gêneros, sendo que a profundidade encontra-se dentro da medida

recomendada, mas no que se refere à largura, apresentam medidas menores que o

recomendado, onde deveriam apresentar percentil 95% para ambos, pois a postura sentada

desenvolve grande sobrecarga na pelve, aumentando a largura dos quadris (SANTOS et al.,

2007).

No que se refere a altura do braço-assento, atendem ao percentil desejado de 5%,

enquanto que na largura do encosto não atendem a nenhum percentil. Segundo Marques

(2010), o indicado para esta medida é que atendam ao percentil 95% para permitir uma maior

estabilidade ao tronco e não aumentar sua pressão intradiscal.

Como diz Braccialli (2000), o apoio nas costas ao sentar diminui relativamente a

pressão discal, pois o encosto absorve parte do peso corpóreo, e a posição do encosto também

influencia essa diminuição de pressão, pois quando o encosto se encontra na região lombar a

coluna é colocada em posição de lordose diminuindo assim a pressão discal, e quando ela se

encontra na região torácica a coluna é colocada em posição de cifose aumentando a pressão

discal.

Quanto a altura do chão-assento, atendem ao percentil 50% do gênero masculino e

95% do gênero feminino, tanto para o mobiliário existente, quanto os dos fabricantes. Neste

caso, as medidas encontradas são maiores que o percentil recomendado (5%), o motivo é que

medidas maiores podem comprimir a fossa poplítea e a região posterior da coxa, levando a má

circulação e afetando a inervação para os membros inferiores ocasionando amortecimento e

dores nos joelhos e pés (PEREIRA, 2005; SANTOS et al., 2007).

Com isso, pode-se afirmar que o mobiliário não encontra-se adequado de acordo com

   

os perfis desses estudantes, a largura do assento e do encosto são menores que o recomendado

e a altura do assento é maior que o recomendado.

Segundo notou Paschoarelli (2008), quanto a dominância, a população no geral é

composta em sua maioria por destros e uma pequena parte canhotos, neste estudo totalizaram-

se 662 participantes destros (89,7%) e 76 participantes canhotos (10,3%). Considerando que

há uma média de 74 carteiras por sala de aula, sendo que destas 4,4 (5,9%) são para canhotos,

a quantidade de carteiras não atende a esta população. Esses dados evidenciam que as

carteiras atendem aos destros, mas indica que a distribuição deixaria 4,4% dos canhotos sem

carteiras, tendo estes que utilizarem carteiras inadequadas, mais o que realmente observamos

em sala de aula são alunos tendo que se adaptar em carteiras disponíveis para destros,

adotando posturas inadequadas, contribuindo assim para futuras patologias

musculoesqueléticas ou até mesmo interferindo no seu aprendizado (BRACCIALLI, 2000;

REIS, 2004).

Quanto ao conforto do mobiliário, 48,6% estudantes (n=362) o classificaram como

regular e 26,8% estudantes (n=200) o classificaram como péssimo e os demais ficaram entre

bom e ótimo. Esses dados confirmam que, quando o mobiliário não é confeccionado

respeitando as medidas individuais de cada um, seu resultado é insatisfatório. Porém, mesmo

as carteiras não estando de acordo com o perfil antropométrico dos estudantes, uma pequena

porcentagem o classificaram como péssimo.

Desta maneira, podemos concluir que as carteiras disponíveis na universidade e as das

empresas fabricantes não encontram-se dentro do padrão recomendado pela ABNT

(Associação Brasileira de Normas e Técnicas) NBR 14 006:2007(NBR) (NBR 14006, 1997).

Porém, a norma NBR não encontra-se de maneira clara, pois não existe uma norma específica

para carteiras universitárias, uma vez que o mobiliário escolar não tem sido proposto de

acordo com as medidas antropométricas, ou seja, não tem levado em consideração as medidas

do corpo humano. Isso significa que usuários de várias idades, padrões e tamanhos acabam

por usar o mesmo mobiliário.

Vale ressaltar que nos últimos séculos a população passou a ter um aumento do seu

peso e de suas respectivas dimensões corpóreas (LIDA, 2005), confirmando que, as NBR

podem estar ultrapassadas precisando assim ser revista para passar a adequar de maneira

correta ao perfil dos usuários. Sendo assim, necessário ter mais critério na padronização das

carteiras escolares levando sempre em conta as medidas antropométricas de seus usuários.

Neste estudo, viu-se que o modo de entrar em contato com as empresas fabricantes de móveis,

   

por meio de correio eletrônico, pode ter resultado em pouca colaboração por parte das

empresas.

Portanto, vê-se através deste estudo que faltam coletas de dados de aspectos físicos

individuais e populacionais, que se modificam conforme os anos, por parte das empresas

fabricantes de mobiliário escolar, o que podem resultar uma postura inadequada que poderá

prejudicar a produtividade dentro da sala de aula devido aos quadros álgicos

   

6 CONCLUSÕES

Pode-se concluir que o perfil antropométrico dos alunos não é compatível com o

mobiliário existente e que apesar desta incompatibilidade a maioria dos alunos classificou o

mobiliário como sendo regular. Nota-se em sala de aula que não existe um número de

carteiras adequadas para canhotos, onde apenas a grande maioria, no caso os destros, passam

a ser beneficiados.

   

REFERÊNCIAS

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