Analise Da Eficiencia Na Gestao de Transportes

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Documento sobre Gestao de Transportes

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  • Universidade Federal de Santa Catarina

    Programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo

    ANLISE DE EFICINCIA NA GESTO DO

    TRANSPORTE URBANO POR NIBUS EM

    MUNICPIOS BRASILEIROS

    Ana Maria Volkmer de Azambuja

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo da

    Universidade Federal de Santa Catarina como

    requisito parcial para obteno do ttulo de doutor

    em Engenharia de Produo

    Florianpolis

    2002

  • ii ANLISE DE EFICINCIA NA GESTO DO TRANSPORTE URBANO POR NIBUS EM

    MUNICPIOS BRASILEIROS

    Esta tese foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina

    Florianpolis, 24 de maio de 2002.

    Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph.D.

    Coordenador do Curso

    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________

    Antnio Galvo Novaes, Dr.

    Orientador

    ____________________________

    Leonardo Melgarejo, Dr.

    ____________________________

    Luiz Afonso dos Santos Senna, PhD.

    ____________________________

    Miriam Buss Gonalves, Dra.

    ____________________________

    Rutsnei Schmitz, Dr.

    ____________________________

    Srgio Fernando Mayerle, Dr.

  • iii

    Aos meus pais e irmos, pelo carinho e

    confiana que sempre depositaram

    Ao meu marido, pelo apoio e compreenso

    Ao meu filho Guilherme que, ainda no

    ventre materno, j divide as ansiedades

    e alegrias deste momento

  • iv

    Agradecimentos

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, CAPES

    Ao Curso de Ps Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de

    Santa Catarina

    Ao Prof. Antnio Galvo Novaes, que estimulou o desenvolvimento deste estudo,

    fornecendo material, disponibilidade para discusso do tema e constante

    acompanhamento

    Ao Prof. Leonardo Melgarejo, pela dedicao e amizade, tornando possvel a realizao

    deste estudo

    A ANTP Associao Nacional de Transportes Pblicos, que disponibilizou,

    antecipadamente, os ltimos Anurios

    Aos diversos rgos gestores de transporte, que colaboraram fornecendo informaes

    importantes

    A todos os amigos que, direta ou indiretamente, participaram desta etapa e

    contriburam com sua compreenso

  • v

    Sumrio Lista de Figuras.............................................................................................. p. x Lista de Quadros............................................................................................ p. xii Lista de Tabelas............................................................................................. p. xiii Lista de Redues......................................................................................... p. xvii

    Resumo.......................................................................................................... p. xxii

    Abstract.......................................................................................................... p. xxiv

    1 INTRODUO........................................................................................... p. 1

    1.1 Um Breve Histrico da Evoluo do Transporte Urbano de Passageiros

    no Brasil..........................................................................................................

    p. 1

    1.2 Justificativa............................................................................................... p. 4

    1.3 Objetivos................................................................................................... p. 9

    1.4 Contribuio deste Estudo....................................................................... p. 10

    1.5 Estrutura do Trabalho............................................................................... p. 10

    2 O PROBLEMA OBJETO DA PESQUISA.................................................... p. 12

    2.1 Introduo................................................................................................. p. 12

    2.2 Situao Atual do Transporte Urbano...................................................... p. 14

    2.3 Principais Eventos que marcaram Mudanas no Transporte por

    nibus nos ltimos anos................................................................................

    p. 17

    2.4 A Importncia do Poder Pblico no Gerenciamento do Setor de

    Transporte por nibus....................................................................................

    p. 21

    2.4.1 A Gesto e Regulamentao do Transporte Pblico por nibus.......... p. 24

    3 ANLISE DA REGULAMENTAO DO TRANSPORTE COLETIVO

    POR NIBUS EM ALGUNS MUNICPIOS BRASILEIROS...........................

    p. 32

    3.1 Caractersticas dos Municpios quanto Regulamentao do

    Transporte Coletivo por nibus......................................................................

    p. 32

    4 CONCEITOS DE PRODUTIVIDADE E EFICINCIA................................. p. 50

    4.1 Produtividade............................................................................................ p. 50

  • vi

    4.1.1 Fator de Produtividade Total................................................................. p. 53

    4.2 Eficincia.................................................................................................. p. 58

    4.2.1 Tcnicas para Obteno de Medidas de Eficincia.............................. p. 69

    5 TCNICAS PARAMTRICAS PARA MEDIR EFICINCIA....................... p. 71

    5.1 Funes de Produo.............................................................................. p. 72

    5.1.1 Variaes na Escala.............................................................................. p. 73

    5.1.2 Modelos de Funo de Produo.......................................................... p. 77

    5.1.2.1 Modelos de Fronteira de Produo Determinsticos.......................... p. 77

    5.1.2.1.1 Funo de Produo Cobb-Douglas............................................... p. 81

    5.1.2.1.2 Funo de Produo Translog........................................................ p. 82

    5.1.2.2 Modelos de Fronteira de Produo Estocstica................................. p. 85

    5.1.2.2.1 Vantagens e Desvantagens do Mtodo de Fronteira

    Estocstica.....................................................................................................

    p. 90

    5.1.3 Estudos realizados estimando Funes de Produo em

    Transporte......................................................................................................

    p. 92

    5.2 Funes de Custo.................................................................................... p. 94

    5.2.1 Propriedades das Funes de Custo.................................................... p. 98

    5.2.2 Modelos de Fronteira de Custo de uma nica Equao....................... p. 100

    5.2.2.1 Modelos de Custo em Operao de Transporte de nibus............... p. 101

    5.2.2.2 Funes de Custo Translog............................................................... p. 105

    5.2.3 Modelos de Fronteira de Custo Estocstica.......................................... p. 109

    5.2.4 Estudos realizados estimando Funes de Custo................................ p. 110

    5.3. A Dualidade e a Propriedade de Simetria entre as Funes de

    Produo e de Custo......................................................................................

    p. 120

    5.3.1 A Dualidade........................................................................................... p. 120

    5.3.2 Simetria................................................................................................. p. 124

    5.4 Alguns Comentrios sobre as Funes de Produo e Custo................. p. 124

    6 TCNICAS NO-PARAMTRICAS PARA MEDIR INEFICINCIA............ p. 127

    6.1 Um Breve Histrico sobre a Anlise Envoltria de Dados....................... p. 127

    6.2 Definio de Anlise Envoltria de Dados............................................... p. 129

  • vii

    6.2.1 Usos da Tcnica AED........................................................................... p. 132

    6.3 Decomposio da Eficincia Tcnica Total sob a tica da Anlise

    Envoltria de Dados (AED)......................................................................

    p. 133

    6.3.1 Eficincia Tcnica Pura ........................................................................ p. 134

    6.3.2 Eficincia de Escala.............................................................................. p. 135

    6.3.3 Eficincia de Congestionamento........................................................... p. 139

    6.4 Modelos AED Bsicos.............................................................................. p. 141

    6.4.1 Modelo Aditivo....................................................................................... p. 143

    6.4.2 Modelo Multiplicativo............................................................................. p. 148

    6.4.3 Modelos Orientados.............................................................................. p. 151

    6.4.3.1 Orientao para Insumo..................................................................... p. 153

    6.4.3.2 Orientao para Produto.................................................................... p. 155

    6.5 Unidades de Medida................................................................................. p. 159

    6.6 Identificao de prticas de operao eficientes...................................... p. 160

    6.7 Algumas Limitaes e Possveis Problemas na Aplicao do Mtodo

    AED................................................................................................................

    p. 168

    6.8 Alguns estudos realizados utilizando Modelos AED................................ p. 170

    6.9 Alguns estudos realizados comparando Modelos AED com Anlise de

    Regresso......................................................................................................

    p. 172

    6.10 Principais Caractersticas dos Mtodos utilizados para medir

    Eficincia........................................................................................................

    p. 173

    7 PRODUTIVIDADE E EFICINCIA NO TRANSPORTE URBANO.............. p. 179

    7.1 Principais Fatores Responsveis pelo Declnio da Produtividade e

    Eficincia no Setor Transporte.......................................................................

    p. 179

    7.1.1 Subsdio................................................................................................. p. 180

    7.1.2 Forma de Propriedade........................................................................... p. 184

    7.1.3 Regulamentao................................................................................... p. 185

    7.1.4 Formas de Remunerao...................................................................... p. 187

    7.2 As Diferentes Vises de Qualidade no Transporte Pblico...................... p. 191

    7.3 Avaliao da Performance em Empresas de Transporte Pblico............ p. 193

  • viii

    7.3.1 Alguns Indicadores de Eficincia em Transporte.................................. p. 197

    8 METODOLOGIA......................................................................................... p. 200

    8.1 Anlise sobre os Mtodos descritos para medir Eficincia...................... p. 200

    8.2 Base de Dados......................................................................................... p. 204

    8.3 Consideraes Metodolgicas................................................................. p. 207

    8.4 Aplicao da Metodologia........................................................................ p. 208

    8.4.1 Anlise de Inconsistncia dos Dados.................................................... p. 210

    8.4.2 Anlise Estatstica dos Dados............................................................... p. 210

    8.4.3 Anlise de Eficincia entre os Municpios, para o Ano de 1998............ p. 211

    8.4.4 Restringindo os Pesos das Variveis.................................................... p. 213

    8.4.5 Comparao das Performances (Graus de Ineficincia) apresentadas

    pelos Municpios, entre os Anos de 1997 e 1998 e entre 1998 e 2000.........

    p. 214

    9 MODELAGEM E ANLISE DOS RESULTADOS ALCANADOS A

    PARTIR DO MODELO...................................................................................

    p. 215

    9.1 Variveis Analisadas................................................................................ p. 215

    9.2 Base de Dados......................................................................................... p. 217

    9.3 Anlise de Eficincia para os Anos de 1998 e 2000................................ p. 219

    9.3.1 Impondo Restries nos Pesos atribudos pelos Municpios s

    variveis selecionadas para compor o modelo analtico................................

    p. 237

    9.4 Anlise de Eficincia para os Municpios pertencentes ao Grupo 2........ p. 256

    9.5 Comparao de Eficincias para os Anos de 1997, 1998 e 2000............ p. 267

    10 COMPARAO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS ATRAVS DO

    MODELO DE EFICINCIA COM AS REGULAMENTAES EXISTENTES

    EM ALGUNS MUNICPIOS BRASILEIROS...................................................

    p. 277

    10.1 Municpios Brasileiros Analisados.......................................................... p. 277

    10.2 Avaliao quanto Regulamentao dos Municpios Eficientes e

    Ineficientes.....................................................................................................

    p. 280

    11 CONCLUSES......................................................................................... p. 286

    11.1 Limitaes do Estudo............................................................................. p. 290

    11.2 Recomendaes para a Administrao Pblica..................................... p. 291

  • ix

    11.3 Recomendaes para Estudos Futuros................................................ p. 293

    12 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................... p. 294

    ANEXOS.................................................................................................... p. 315

    ANEXO 1: Bases de Dados utilizadas dos Anurios ANTP dos Transportes

    Urbanos..........................................................................................................

    p. 315

    ANEXO 2: Notas Explicativas dos termos utilizados nos Anurios

    ANTP..............................................................................................................

    p. 324

    ANEXO 3: Algumas Notas Explicativas sobre Procedimentos Analticos

    utilizados pelo Software IDEAS nas Avaliaes de Eficincia.......................

    p. 328

    APNDICE: Processo de Estimao do Modelo de Eficincia de Gesto do

    Transporte Urbano por nibus pelos Municpios .........................................

    p. 341

  • x

    Lista de Figuras Figura 1: A Fronteira de Produo e a Eficincia Tcnica......................... p. 60 Figura 2: Medidas de Eficincia Tcnica de Debreu-Farrell....................... p. 62 Figura 3: Produtividade, Eficincia Tcnica e Economias de Escala......... p. 63 Figura 4: Isoquantas representando diferentes Nveis de Produo.......... p. 64 Figura 5: Ilustrao de Eficincia Alocativa................................................ p. 65 Figura 6: Mudanas em Eficincia Alocativa.............................................. p. 67 Figura 7: Funo de Produo para Dois Insumos e Um Produto............. p. 72 Figura 8: Retornos de Escala Constantes.................................................. p. 73 Figura 9: Retornos Crescentes de Escala.................................................. p. 74 Figura 10: Retornos Decrescentes de Escala............................................ p. 74 Figura 11: Elasticidades de Substituio e Formas da Isoquanta.............. p. 77 Figura 12: A Funo de Produo de Fronteira Estocstica da

    Funo Cobb-Douglas................................................................................

    p. 87 Figura 13: Eficincia Tcnica Total............................................................. p. 134 Figura 14: Eficincia de Escala.................................................................. p. 135 Figura 15: Retornos de Escala atravs dos pesos dos insumos e

    produtos......................................................................................................

    p. 137 Figura 16: Retornos de Escala atravs do intercepto do hiperplano

    suportante...................................................................................................

    p. 138 Figura 17: Representao de Congestionamento...................................... p. 140 Figura 18: Superfcie Envoltria para o Modelo Aditivo para as

    Unidades.....................................................................................................

    p. 147 Figura 19: Faceta definindo o Hiperplano para o Modelo Aditivo............... p. 147 Figura 20: Superfcie Envoltria Cobb-Douglas......................................... p. 149 Figura 21: Superfcie Envoltria para o Modelo BCC orientado para

    Insumo........................................................................................................

    p. 154

  • xi

    Figura 22: Superfcie Envoltria para o Modelo BCC orientado

    para Produto...............................................................................................

    p. 157 Figura 23: Superfcie Envoltria para o Modelo CCR orientado

    para Insumo................................................................................................

    p. 157 Figura 24: Hiperplano Suportante para o Modelo CCR orientado

    para Produto...............................................................................................

    p. 158 Figura 25: Relao entre PASSANO e TOTONIB dos municpios,

    informados no Anurio ANTP dos Transportes Urbanos

    1998............................................................................................................

    p. 218 Figura 26: Relao entre PASSANO e TOTONIB dos municpios

    includos no Anurio ANTP dos Transportes Urbanos - 1998,

    retirando os "outliers" (So Paulo e Rio de Janeiro)..................................

    p. 219

  • xii

    Lista de Quadros

    Quadro 1: Comparao entre os diversos Mtodos utilizados para medir

    Eficincia......................................................................................................

    p. 174

    Quadro 2: Variveis analisadas com suas respectivas abreviaturas e

    definies.....................................................................................................

    p. 216

    Quadro 3: Grupos de Municpios formados pela Anlise de Agrupamento. p. 228

    Quadro 4: Municpios Eficientes para os anos de 1998 e 2000................... p. 231

    Quadro 5: Municpios Eficientes para os anos de 1998 e 2000, impondo

    restries nos pesos....................................................................................

    p. 241

    Quadro 6: Retornos de Escala para os municpios analisados para os

    anos de 1997, 1998 e 2000.........................................................................

    p. 273

  • xiii

    Lista de Tabelas

    Tabela 1: Problemas de Programao Linear, Primal e Dual, para o

    Modelo Aditivo com Retornos de Escala Variveis e

    Constantes.................................................................................................

    p. 144

    Tabela 2: Problemas de Programao Linear, Primal e Dual, para o

    Modelo Multiplicativo com Retornos de Escala Variveis e

    Constantes.................................................................................................

    p. 148

    Tabela 3: Problemas de Programao Linear, Primal e Dual, para o

    Modelo com orientao para Insumo com Retornos de Escala

    Variveis e Constantes...............................................................................

    p. 153

    Tabela 4: Problemas de Programao Linear, Primal e Dual, para o

    Modelo com Orientao para Produto com Retornos de

    Escala Variveis e Constantes...................................................................

    p. 156

    Tabela 5: Matriz de Eficincia Cruzada - "n" unidades.............................. p. 161

    Tabela 6: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo de

    Eficincia para os anos de 1998 e 2000, e os respectivos Municpios

    que atriburam maior peso a cada varivel................................................

    p. 222

    Tabela 7: Escores de Eficincia para os municpios analisados para os

    anos de 1998 e 2000..................................................................................

    p. 223

    Tabela 8: Estatsticas Descritivas das variveis includas no modelo de

    eficincia para os anos de 1998 e 2000 ....................................................

    p. 227

    Tabela 9: Estatsticas Descritivas dos trs Grupos de Municpios............. p. 229

    Tabela 10: Municpios Referncias para os Benchmarkings dos

    municpios ineficientes...............................................................................

    p. 232

    Tabela 11: N de vezes que cada municpio eficiente aparece como

    referncia para os municpios ineficientes.................................................

    p. 236

  • xiv

    Tabela 12: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo de

    Eficincia e os respectivos Municpios que atriburam maior peso a cada

    varivel, aps a imposio de restries nos pesos..................................

    p. 238

    Tabela 13: Escores de Eficincia para os municpios analisados nos

    anos de 1998 e 2000, para o Modelo de Eficincia com Restries nos

    Pesos..........................................................................................................

    p. 239

    Tabela 14: Referncias Principais para os Municpios Ineficientes, aps

    a imposio de restries nos pesos ........................................................

    p. 242

    Tabela 15: Nmero de vezes que cada municpio eficiente aparece

    como referncia para os municpios ineficientes, aps a

    restrio nos pesos....................................................................................

    p. 246

    Tabela 16: Fontes e quantias de ineficincias para cada municpio

    ineficiente, em 1998...................................................................................

    p. 250

    Tabela 17: Fontes e quantias de ineficincias para cada municpio

    ineficiente, em 2000...................................................................................

    p. 253

    Tabela 18: Escores de Eficincia para os municpios pertencentes ao

    Grupo 2, para os anos de 1998 e 2000......................................................

    p.256

    Tabela 19: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo de

    Eficincia pelo Grupo 2 e os respectivos Municpios que atriburam

    maior peso a cada varivel, para os anos de 1998 e 2000........................

    p. 259

    Tabela 20: Municpios do Grupo 2 que servem de referncias para os

    municpios ineficientes, para os anos de 1998 e 2000...............................

    p. 260

    Tabela 21: Nmero de vezes que cada municpio eficiente pertencente

    ao Grupo 2, aparece como referncia para os municpios ineficientes,

    para os anos de 1998 e 2000.....................................................................

    p. 263

    Tabela 22: Escores de Eficincia para os municpios pertencentes ao

    Grupo 2, para os anos de 1998 e 2000, impondo restries nos pesos....

    p. 264

    Tabela 23: Comparao dos Escores de Eficincia para 43 municpios

    analisados para os anos de 1997 e 1998...................................................

    p. 268

  • xv

    Tabela 24: Comparao dos Escores de Eficincia para 40 municpios

    analisados para os anos de 1998 e 2000...................................................

    p. 270

    Tabela 25: Base de Dados Referente ao Anurio ANTP dos Transportes

    Urbanos 1998..........................................................................................

    p. 315

    Tabela 26: Base de Dados Referente ao Anurio ANTP dos

    Transportes Urbanos 1997......................................................................

    p. 318

    Tabela 27: Base de Dados Referente ao Anurio ANTP dos Transportes

    Urbanos 2000..........................................................................................

    p. 320

    Tabela 28: Renda Familiar per Capita Mdia Mensal por Municpio

    1991............................................................................................................

    p. 321

    Tabela 29: Correlaes Altas e Significativas entre a Varivel N de

    Passageiros transportados por Ano e as demais variveis (nvel de

    significncia de 5%)....................................................................................

    p. 341

    Tabela 30: Primeiro ndice de Eficincia (EF1).......................................... p. 342

    Tabela 31: Correlaes altas e significativas entre EF1 e as demais

    variveis (nvel de significncia de 5%)...................................................... p. 346

    Tabela 32: Escores de Eficincia (EF2) para os 84 municpios

    analisados..................................................................................................

    p. 347

    Tabela 33: Correlaes altas e significativas entre o ndice de Eficincia

    EF2 e as demais variveis (nvel de significncia de 5%)..........................

    p. 350

    Tabela 34: Escores de Eficincia para os 82 municpios analisados......... p. 351

    Tabela 35: Correlaes altas e significativas entre o ndice de Eficincia

    EF3 e as demais variveis (nvel de significncia de 5%)..........................

    p. 354

    Tabela 36: Escores de Eficincia para os 79 municpios analisados......... p. 355

    Tabela 37: Correlaes altas e significativas entre o ndice de Eficincia

    EF4 e as demais variveis (nvel de significncia de 5%)..........................

    p. 358

    Tabela 38: Escores de Eficincia para os 64 municpios analisados......... p. 359

    Tabela 39: Correlaes altas e significativas entre o ndice de Eficincia

    EF5 e as demais variveis (nvel de significncia de 5%)..........................

    p. 361

  • xvi

    Tabela 40: Escores de Eficincia para os 51 municpios analisados......... p. 362

    Tabela 41: Eficincia Mdia calculada para cada ndice de Eficincia

    para os 51 municpios................................................................................

    p. 364

    Tabela 42: Intervalo de Pesos atribudos s variveis............................... p. 368

    Tabela 43: Escores de Eficincia para os 66 municpios analisados para

    o Modelo de Eficincia EF7........................................................................

    p. 368

    Tabela 44: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo EF7...... p. 371

    Tabela 45: Escores de Eficincia para os 64 municpios analisados para

    o Modelo de Eficincia EF8........................................................................

    p. 372

    Tabela 46: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo EF8...... p. 374

    Tabela 47: Escores de Eficincia para os 67 municpios analisados para

    o Modelo de Eficincia EF9........................................................................

    p. 375

    Tabela 48: Intervalo de Pesos atribudos s variveis do Modelo EF9...... p. 378

  • xvii

    Lista de Redues

    Abreviaturas

    ex.: exemplo

    Siglas AED Anlise Envoltria de Dados

    ANTP Associao Nacional dos Transportes Pblicos

    BHTRANS - Empresa de Transportes e Trnsito de Belo Horizonte S/A

    BCC Banker, Charnes e Cooper

    CCR Charnes, Cooper e Rhodes

    CM custo mdio

    CMarg custo marginal

    CCTC - Companhia Campineira de Transporte Coletivo

    CT custo total

    DTU Departamento de Transportes Urbanos de Braslia

    EBTU Empresa Brasileira de Transportes Urbanos

    EC eficincia de custo

    EF Ineficincia tcnica pura

    EFC Ineficincia de Congestionamento

    EFS Ineficincia de escala

    EFT Ineficincia tcnica total

    EMDEC - Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas S/A

    EMS Efficiency Measurement System

    EMTU Empresas Metropolitanas de Transportes Urbanos

    FDTU Fundo de Desenvolvimento dos Transportes urbanos

    FPP Fator de Produtividade Parcial

  • xviii

    FPT Fator de Produtividade Total

    GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes

    IBGE Instituo Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDEAS Integrated Data Envelopment Analysis System

    IDO - ndice de Desempenho Operacional

    IPK ndice Passageiro por Quilmetro

    IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba

    KMSERANO Quilometragem em Servio por Ano

    N LINHAS - nmero total de linhas existentes para o transporte urbano por nibus

    de passageiros no municpio

    NTU Associao Nacional das Empresas de Transporte Urbano

    PASSANO - N de Passageiros transportados por ano

    PM - produto marginal derivado do trabalho

    REC Retornos de Escala Constantes

    RECR Retornos de Escala Crescentes

    RED Retornos de Escala Decrescentes

    RENC Retornos de Escala No Constantes

    REV Retornos de Escala Variveis

    SETRANSP - Secretaria de Transportes de Campinas

    SIMAV - Sistema de Monitorao Automtica de Veculos

    STU Superintendncia de Transportes Urbanos

    TMST - taxa marginal de substituio tcnica

    TOTFUNCI - nmero total de funcionrios que trabalham nas empresas

    prestadoras de servio de transporte urbano por nibus,

    TOTONIB - N total de nibus existentes no municpio.

    UTD Unidade de Tomada de Deciso

    Smbolos

    a parmetro da funo de produo translog ou uma funo de custo

  • xix

    A parmetro da funo de produo Cobb-Douglas

    b parmetro da funo de produo translog

    C funo de custo

    d relao entre o maior e o menor peso encontrado para o produto r

    D despesa, ou seja, as quantidades de insumos utilizadas multiplicadas pelos

    seus respectivos preos

    e excesso de insumo

    er erro na funo de produo

    Ei elasticidade de produo parcial do i-simo insumo

    EPr - elasticidade de preo

    EPT - elasticidade de produo total

    ETj eficincia tcnica orientada para produto do produtor i

    ( ,ixf ) - funo de produo I insumos da funo de produo Cobb-Douglas

    LI Limite Inferior do intervalo de limites de pesos

    LS limite superior do intervalo de limites de pesos

    L(y) tecnologia de produo representada pelo conjunto de insumos

    m nmero de insumos

    n nmero de unidades de tomada de deciso

    P pontos que representam as unidades

    P(x) tecnologia da produo representada pelo conjunto de produtos

    Q produto na funo de produo Cobb-Douglas

    r nmero de produtos

    RE - retornos de escala

    s folga de produtos

    Sk - parcela dos custos totais do insumo k

    x insumos

    X vetor de insumos

    x insumos fixos

    y produto

    yr produto r

  • xx

    Y vetor de produtos

    Z funo de produo

    w preo de insumo

    - parmetro da funo de produo Cobb-Douglas ou funo de custo translog.

    - vetor de parmetros da tecnologia de produo ou de custo

    - parmetro da funo de custo translog

    - discrepncia total entre o ponto observado e um ponto projetado

    - parmetros da funo de custo translog 'e - reduo residual adicional individual de insumos

    's - aumento residual adicional individual de produtos

    - valor infinitesimal dos modelos AED no-arquimedianos

    ii ,rs - importncia atribuda pelo decisor aos diferentes produtos em relao

    quele insumo tomado como referncia para a determinao dos limites

    - reduo proporcional de insumos

    - propores das quantidades de insumos e produtos das unidades de referncia

    que devem ser utilizados pelas unidades ineficientes

    - multiplicador de Lagrange

    l - multiplicador virtual do hiperplano suportante

    (C) elasticidade de custo

    j erro randmico

    l - multiplicador virtual do hiperplano suportante ou peso atribudo varivel

    produto

    - valor mdio do peso r;

    rr ,rs - importncia atribuda pelo decisor aos diferentes produtos, em relao

    quele produto tomado como referncia para a determinao dos limites

    - parmetro da funo de custo translog

    - elasticidade de substituio entre insumo 2v - varincia da varivel randmica

    - reduo proporcional de insumos;

    - aumento proporcional de produtos

  • xxi

    j (ou ETj) componente de ineficincia tcnica

    - aumento proporcional de produtos

    - multiplicador virtual do hiperplano suportante

    0 - intercepto do hiperplano suportante

  • xxii

    Resumo

    AZAMBUJA, Ana Maria Volkmer de. Anlise de Eficincia na Gesto do Transporte Urbano por nibus em Municpios Brasileiros. Florianpolis, 2002. 385f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo, UFSC, 2002.

    Este estudo um conjunto de procedimentos que tem como objetivo medir

    a eficincia na gesto do transporte pblico por nibus, em municpios brasileiros,

    e subsidiar, assim, a Administrao Pblica na tomada de decises. Para tanto,

    foram avaliados os principais mtodos utilizados para medir eficincia,

    identificando aquele mais adequado para a soluo do problema.

    Aps a avaliao terica dos aspectos positivos e negativos de mtodos

    utilizados para medir eficincia, definiu-se a Anlise Envoltria de Dados como o

    que melhor se aplica ao estudo aqui desenvolvido. A Anlise Envoltria de Dados

    (AED) uma tcnica que permite que se trabalhe com mltiplos produtos, sem

    exigir informaes sobre os preos dos insumos e produtos e hipteses baseadas

    em minimizao de custos. Com essa tcnica foi possvel a construo de um

    modelo para analisar a eficincia dos sistemas de transporte coletivo por nibus

    em diversos municpios, a partir de variveis disponveis nos Anurios ANTP dos

    Transportes Urbanos. Com isso, se identificaram alguns municpios como

    exemplos de boas prticas na prestao de servios de transporte coletivo, que

    servem de referncia para aqueles ineficientes.

    Comparando os resultados obtidos atravs do modelo desenvolvido com as

    regulamentaes existentes em diversos municpios brasileiros, pode-se

    comprovar a consistncia do modelo. Percebeu-se que aqueles municpios que

    realizaram licitaes recentes, contemplando as novas Leis de Concesses e

  • xxiii

    Licitaes, para a concesso ou permisso de seus servios de transporte

    coletivo, por nibus, quando no se mostram eficientes, possuem escores de

    eficincia altos, isto , esto prximos da fronteira eficiente.

    Atravs da utilizao de processos licitrios pode-se forar as empresas

    operadoras a adotarem estratgias de reduo de custos e de aumento na

    qualidade dos servios, incluindo-se, nessas licitaes, medidas de eficincia para

    avaliao de desempenho, com repasse desses ganhos para a sociedade. Assim,

    recomenda-se a utilizao, por parte dos rgos gestores, de avaliaes de

    eficincia como instrumento para monitoramento e estmulo da performance dos

    operadores, apresentando-se a tcnica AED adequada a esta finalidade.

    Palavras-chave: AED, transporte coletivo, eficincia.

  • xxiv

    Abstract AZAMBUJA, Ana Maria Volkmer de. Anlise de Eficincia na Gesto do Transporte Urbano por nibus em Municpios Brasileiros. Florianpolis, 2002. 385f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo, UFSC, 2002.

    This study is a set of procedures that aims to measure the efficiency in the

    management of public transportation by bus in brazilian cities, and then support the

    Public Administration to arrive at solutions. For this, the main methods used to

    measure efficiency were evaluated identifying the one that was more suitable to

    solve the problem.

    After the theorical evaluation of the positive and negative aspects of

    methods used to measure inefficiency, the Data Envelopment Analysis was chosen

    as the most suitable for this study. The Data Envelopment Analysis (DEA) is a

    technique that allows working with multiple outputs, doesnt demand information

    about the prices of inputs and outputs and doesnt support the hypothesis of costs

    reducing either. With this technique it was possible to develop a model to analyse

    the efficiency of the systems of public transportation by bus in several cities, from

    variables available in the Public Transportation Year Books (ANTP dos

    Transportes Pblicos). Is was also possible to identify some cities as examples of

    good practice in the public transportation service which serve as reference to the

    inneficiency ones.

    Comparing the results obtained through the model developed with the

    existing regulations in several brazilian cities we can confirm the consistence of the

    model. As a result of this analysis we can realize that most cities that performed

    recent biddings following the Concession and Bidding Laws for the concession or

  • xxv

    permission of their public transportation services by bus showed efficiency or have

    high efficiency scores, that is, they are near the efficiency frontier.

    Throughout biddings we may force the companies to adopt policies to

    reduce costs and increase the quality of services, and these biddings should

    include efficiency measures for performance evaluation aiming good results for

    society. Therefore it is recommendable the use of efficiency evaluation by the

    public administration as an instrument to monitor and stimulate the performance of

    the bus companies. The technique DEA showed to be the most suitable for this

    target.

    Key-words: DEA, Public Transportation, Efficiency.

  • 1

    1 INTRODUO

    1.1 Um Breve Histrico da Evoluo do Transporte Urbano de

    Passageiros no Brasil

    Segundo Brasileiro (1996), at 1955 os transportes urbanos de

    passageiros no Brasil eram compostos por transportistas modestos

    (mecnicos, motoristas de veculos intermunicipais, proprietrios de postos de

    combustveis ou policiais) que, nas horas vagas, operavam um veculo de

    pequeno porte: nibus (12 a 40 lugares), micronibus (12 lugares), pick-ups,

    caminhonetes, furges e kombis.

    A partir de 1955, os prefeitos de cada municpio assumiram a

    responsabilidade da organizao dos transportes coletivos, at ento a cargo

    dos governadores de cada estado do Brasil. Isso ocorreu devido a dois

    motivos. Primeiro porque nas cidades se priorizavam a construo da rede

    viria para facilitar a circulao de automveis, ficando o transporte coletivo em

    segundo plano nas preocupaes do Estado Federal. O segundo motivo foi

    devido s primeiras eleies municipais ocorridas em 1955 nas capitais

    brasileiras, tornando-se plano de campanha dos candidatos, a reorganizao

    dos transportes coletivos. Alm disso, a constituio de 1946 estabeleceu

    autonomia municipal, passando o transporte coletivo a ser considerado um

    servio de interesse comum, posto sob a responsabilidade dos prefeitos de

    cada municpio.

    O primeiro tipo de contrato realizado entre prefeitura e proprietrios de

    transporte foi do tipo permisso a ttulo precrio1, por linha de nibus, para que

    operassem o servio.

    1 Segundo Brasileiro (1996), o direito administrativo brasileiro define a permisso como um ato unilateral da municipalidade que concede uma permisso a um particular atravs de um simples decreto. O prefeito no necessita de autorizao da Cmara de Vereadores, nem realizar uma licitao. No entanto, a permisso pode ser retirada em qualquer momento sem indenizao ao permissionrio.

  • 2

    Este tipo de contrato se adequava realidade da poltica institucional da

    poca. Primeiro porque os municpios no possuam recursos financeiros nem

    materiais suficientes para impor s operadoras normas mais rgidas e eficazes.

    Tambm porque estes contratos se baseavam, na maioria das vezes, em

    critrios polticos, em funo de amizades, de parentesco ou de favores

    eleitorais. Seu carter flexvel permitia que os poderes pblicos adequassem a

    oferta de transporte coletivo s variaes de demanda.

    A partir da, tornou-se incompatvel a organizao, urbanizao e uso do

    solo das cidades com a manuteno de uma oferta dispersa de transporte e

    sem nenhum controle por parte dos poderes pblicos municipais. Assim, em

    diversas cidades, foram postos em prtica, regulamentos proibindo a circulao

    de veculos de pequeno porte nas reas centrais, e os proprietrios foram

    pressionados para se agruparem em empresas de nibus, passando os

    mesmos por um processo de profissionalizao, onde foram separadas as

    atividades de administrao, operao e manuteno. Como os municpios no

    dispunham de recursos humanos e financeiros para coordenar e regular uma

    oferta de transportes que funcionava de forma deficiente, na segunda metade

    dos anos 70, ocorreu uma centralizao na esfera federal. Para tanto, foram

    criadas as regies metropolitanas, a Empresa Brasileira de Transportes

    Urbanos - EBTU, o Fundo de Desenvolvimento dos Transportes Urbanos -

    FDTU, as Empresas Metropolitanas de Transportes Urbanos - EMTUs e as

    Superintendncias de Transportes Urbanos - STUs. Como a organizao da

    oferta de transportes coletivos, baseada na pequena propriedade, se mostrava

    incompatvel com o crescimento urbano acelerado (instalao de fbricas de

    automveis e indstrias de autopeas e carrocerias de nibus e populaes

    habitando as periferias das grandes cidades), com a crise energtica e com as

    presses crescentes dos movimentos de usurios por melhores transportes,

    sua transformao respondeu, ento, a convergncia de interesses, para os

    vrios atores do transporte urbano:

    - O Estado Federal interveio no setor, pois precisava re-equilibrar a matriz

    energtica do pas e resolver os problemas reivindicados pelos usurios.

  • 3

    - As grandes empresas fabricantes de chassis e de carrocerias

    precisavam de um mercado para seus produtos.

    - As pequenas empresas de nibus necessitavam de subsdios e de

    segurana para investir.

    - Os poderes pblicos municipais, sem condies financeiras, outorgavam

    ao Estado a gesto dos transportes pblicos urbanos.

    Assim, a poltica federal do perodo de 1976/84 foi orientada para a

    reorganizao do setor privado de nibus, propondo para isso: a racionalizao

    dos itinerrios, dos pontos de parada e terminais; o reagrupamento dos

    proprietrios individuais em empresas de transportes (estabelecendo uma frota

    mnima para a empresa continuar operando); a adoo de subsdios para a

    renovao da frota de nibus; e uma poltica de formao de recursos

    humanos com a criao de organismos de tutela eficientes. Isso fez com que o

    setor privado investisse na renovao e ampliao das frotas. Ainda, foram

    definidos novos tipos de contratos, chamados de "permisso condicionada",

    onde os poderes pblicos municipais definiam um prazo, que variava de cinco

    a sete anos, para as empresas operarem em monoplio, contemplando no

    mais linhas isoladas, mas sim setores de operao definidos pelas cidades.

    Nesses contratos, tambm constavam parmetros e indicadores operacionais

    que deveriam ser cumpridos pelas empresas, obrigando-as a recrutarem

    pessoal tcnico de nvel superior, reforando o processo de modernizao

    gerencial (Brasileiro, 1996; Vera, 1999).

    Na segunda metade dos anos 80, ocorreu um processo de

    desengajamento do Estado Federal em relao organizao e financiamento

    dos transportes coletivos urbanos (um exemplo foi a extino da EBTU em

    1991) (Brasileiro, 1996; Siqueira, 1998). Ainda, percebeu-se um processo de

    fortalecimento do setor privado de nibus urbanos, que se manifestou, por

    exemplo, atravs da criao, em 1987, da Associao Nacional das Empresas

    de Transporte Urbano - NTU.

    Hoje, a tutela sobre os transportes coletivos retornou ao controle dos

    municpios. Isto se deve em parte pela Constituio de 1987, que coloca o

  • 4 transporte como um problema local, que deve ser gerido pelo municpio.

    Tambm, com o retorno s eleies diretas dos prefeitos em 1985, os

    transportes readquiriram um lugar de destaque nos programas de governo

    municipais (como nos anos 50) e os prefeitos tendem a no abdicarem do

    exerccio de tutela sobre um servio essencial para a populao.

    Assim, esse processo de modernizao empresarial, nas empresas

    privadas de nibus urbanos no Brasil, resultado da convergncia de vrios

    fatores: a forma especfica de produo do servio de transporte, as

    caractersticas culturais e sociolgicas do perfil dos primeiros transportistas, e o

    modo particular de desenvolvimento econmico e urbano bem como das

    relaes entre os setores pblico e privado, na gesto dos transportes coletivos

    (Brasileiro, 1996).

    1.2 Justificativa As atividades do setor tercirio nas cidades tm tido, cada vez mais, papel

    preponderante na gerao de empregos, provocando um aumento crescente

    na necessidade de deslocamentos. Para o bom funcionamento dos servios e

    do comrcio essencial, portanto, a garantia da circulao urbana. Entretanto,

    o que se observa, o crescente congestionamento do trnsito nas vias

    pblicas. Assim, comea a difundir-se a demanda por melhorias do transporte

    pblico, acompanhadas de simultnea racionalizao do trnsito (Belda, 1997).

    Nas cidades brasileiras com mais de 100.000 habitantes, ocorrem em

    torno de 90 milhes de viagens motorizadas por dia. Destas viagens, o

    GEIPOT (Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes vinculada ao

    Ministrio dos Transportes) estima que 56% so deslocamentos por nibus,

    cerca de 5,5% por trens e metrs, 32,1% por carros particulares, restando 6,4%

    para outros modos de transporte. A taxa de mobilidade (viagens/pessoa/dia)

    calculada por este rgo, nas regies metropolitanas, de 1,3

    viagens/pessoa/dia. Nas demais capitais, que no possuem regies

    metropolitanas, 1,5 viagens/pessoa/dia e nas cidades de porte mdio, de 1,8

  • 5 viagens/pessoa/dia, proporcionando uma mdia nacional de 1,4

    viagens/pessoa/dia. A expectativa de acrscimo na taxa de mobilidade para o

    ano 2000, em relao dcada de 80 de aproximadamente 28,5% (Campos

    e Szasz, 1996).

    O setor de transporte pblico de passageiros exerce papel fundamental

    de integrao do tecido urbano, afetando diretamente a produtividade das

    demais atividades econmicas, em funo da sua prpria qualidade e

    produtividade. Assim, a qualidade do servio prestado deve ser melhorada, j

    que existe uma ligao intrnseca entre o transporte coletivo urbano e a

    qualidade de vida de seus usurios (Fernandes e Bodmer, 1995). Neste

    sentido, observa-se que a qualidade dos transportes pblicos por nibus, no

    Brasil, apesar dos significativos avanos ocorridos nas ltimas dcadas, ainda

    deixa a desejar. Travassos (2000), identifica os seguintes aspectos como

    principais avanos observados neste perodo, nas diversas reas:

    - Quanto Tecnologia dos Veculos: a modernizao de equipamentos, a

    reduo da idade mdia da frota e avanos nos procedimentos de manuteno,

    assegurando menores ndices de quebras e, assim, menos interrupes das

    viagens.

    - Quanto Infra-estrutura Viria: a modernizao de abrigos, a construo de

    terminais de integrao e a implementao de faixas e vias exclusivas para o

    nibus que, embora ainda insuficientes para assegurar-lhes a devida fluidez no

    trfego, j permite alguma prioridade em determinados segmentos virios; a

    implantao de sistemas tronco-alimentados e de integraes com outros

    modais, que possibilitam maior acessibilidade e mobilidade para os usurios,

    com ganhos significativos em termos de dispndios de tempo e dinheiro.

    - Quanto aos Instrumentos de Gesto utilizados pelo Poder Pblico: embora

    heterogneos, a fiscalizao e os controles aplicados aos coletivos urbanos

    das cidades brasileiras, se apresentam em vrias delas, com mecanismos

    gerenciais modernos e eficazes, que tm sido, inclusive, tomados como modelo

  • 6 para outros pases latino-americanos. Houve importantes avanos nas

    regulamentaes dos sistemas e nos instrumentos de controle da demanda e

    das operaes (que vem sendo regidos pelas Leis de Licitaes (Lei 8666/93)

    e de Concesses (Lei 8987/95)), onde as rotinas de cadastros, vistorias e

    fiscalizao comeam a ser associadas implantao de equipamentos

    informatizados, a exemplo de sensores e catracas eletrnicas. Os rgos

    gestores tambm vm realizando trabalho intensivo junto s comunidades,

    recebendo e avaliando as reivindicaes dos usurios, transferindo

    informaes sobre os condicionantes e as limitaes do sistema e,

    principalmente, permitindo que o cidado identifique os responsveis por este

    servio pblico, fato que no ocorria nos anos 60 e 70. De uma forma geral,

    pode-se afirmar que, mesmo naquelas cidades onde os instrumentos de gesto

    so precrios ou embrionrios, existem aes que marcam a presena do

    poder pblico e apontam para melhorias do setor. Assim, como conseqncia

    do controle de demanda, estabelece-se processo de monitoramento da receita

    auferida pelas empresas operadoras. Em decorrncia, obteve-se o

    aperfeioamento das planilhas de custos, com definio de ndices e

    parmetros operacionais mais prximos da realidade, ensejando que as

    melhorias introduzidas nos servios no se refletissem em tarifas abusivas. Em

    que pese esses avanos, percebe-se que as tarifas vm apresentando, ao

    longo dos anos, reajustes superiores inflao.

    - Quanto s Empresas Operadoras: boa parte delas j abandonou o modelo

    tradicional de gesto familiar, partindo para estruturas e procedimentos

    gerenciais modernos e profissionalizados. A contribuio dos rgos gestores,

    tem se mostrado importante neste sentido, embora tais mudanas ainda sejam

    discretas e incipientes e, em termos nacionais, os modelos arcaicos de gesto

    empresarial, ainda se mostrem predominantes.

    Apesar de todos esses avanos, a sociedade brasileira ainda cultiva uma

    imagem bastante negativa do setor. Dentre os aspectos que influenciam a

    manuteno desta realidade, segundo Travassos (2000), destacam-se:

  • 7 - O Culto ao automvel: a ampla publicidade em torno dos automveis,

    enaltecendo seu desempenho, conforto e status, faz com que todo indivduo

    tenha como objetivo possuir um veculo privado, e s utilize o transporte

    coletivo "quando no h outra alternativa".

    - A Postura da Mdia: a imprensa destaca, quase exclusivamente, as

    deficincias e os problemas do setor, passando a idia de que os problemas

    constituem a regra, quando na realidade, tratam-se das excees.

    - Os Polticos e campanhas eleitorais: as campanhas eleitorais desmerecem os

    transportes por nibus. Mesmo com as pesquisas de opinio indicando que

    outros servios pblicos so mais precrios, os transportes urbanos, por suas

    caractersticas de essencialidade, pela alta freqncia de uso e grande

    exposio ao pblico cliente, permitem ampla e fcil explorao de cunho

    poltico.

    - A Contribuio de alguns tcnicos e urbanistas: a idia de que os nibus

    poluem, incomodam, provocam intruso acstica e visual, degradando as reas

    lindeiras aos seus percursos, fazendo com que uma srie de restries sejam

    criadas, essas intervenes, erroneamente, praticamente s beneficiam o

    transporte privado. Nas reas centrais, com freqncia, v-se creditada aos

    nibus a responsabilidade pelas suas degradaes, em abordagens que

    ignoram o elevado percentual da rea urbana destinada aos veculos privados,

    tanto para circulao como para estacionamentos.

    Segundo Kerstens (1996) as companhias de transporte urbano

    correspondem parte principal da rede de transporte em qualquer economia.

    Elas fornecem servios para passageiros dentro de cidades e aglomeraes, e

    operam, principalmente, atravs de nibus, bondes e metrs.

    Em muitos pases, os servios de transporte urbano so fornecidos por

    companhias pblicas, privadas ou mistas, em um ambiente altamente regulado.

  • 8

    De uma forma geral, constata-se que componentes importantes da

    infraestrutura de transporte correspondem a bens pblicos. Ainda assim, o

    estado se v, freqentemente, instado a intervir porque percebe a existncia de

    vrias falhas no mercado. A principal dentre estas se refere falta de

    competio efetiva, com surgimento de oligoplios ou mesmo monoplios,

    naturais ou parciais, fruto de arranjos devido diferenciao de custos e ao

    declnio da participao modal.

    Associado inicialmente a nveis de servios, e a variveis econmicas do

    sistema, a qualidade, durante duas dcadas, expressou somente os anseios

    das operadoras do sistema de transporte pblico e seus rgos gerenciadores.

    A partir da dcada de 90, entretanto, a qualidade destes servios passou a

    agregar tambm parmetros definidos pela viso do usurio, incluindo os

    desejos e as necessidades da sociedade. Ao mesmo tempo, as empresas

    operadoras do transporte pblico vm reorganizando suas estruturas

    administrativas, buscando maior qualidade em seus processos e

    estabelecendo mecanismo para reduo de seus custos operacionais. As

    concesses realizadas pelos rgos gestores, tambm vm passando por

    mudanas, que permitem extrapolar a avaliao da qualidade centrada,

    originalmente, em ndices operacionais, para sistemas amplos que incluem

    remunerao por desempenho operacional, qualidade e satisfao do usurio

    (Bertozzi e Lima Jr., 1998).

    A perda de qualidade de vida ocorrida nas grandes cidades tambm deve

    ser mencionada na anlise dos transportes coletivos. Dentre suas causas,

    destaca-se a escassez de projetos de urbanizao que considerem o uso

    adequado do solo e os deslocamentos dos habitantes e suas mercadorias

    (Pires, 1998).

    Com a sano presidencial de 23 de setembro de 1997 e a entrada em

    vigor, em 21 de janeiro de 1998, do novo Cdigo de Trnsito Brasileiro2, os

    organismos municipais passam a vivenciar uma nova fase. Nesta, cabe a eles

    a responsabilidade plena sobre todo o processo de construo e administrao

    2 Este Cdigo tem como objetivo a reduo de acidentes, a melhoria da circulao e da qualidade de vida urbana (Pires, 1998).

  • 9 dos problemas de circulao, em suas cidades. O municpio, j incumbido do

    planejamento e da fiscalizao de seus planos diretores (orientadores da

    construo de suas cidades) e dos transportes pblicos, passou, desde ento,

    a administrar o seu trnsito.

    A inexistncia de um sistema permanente de monitoramento e controle de

    desempenho das empresas operadoras, por parte do poder concedente, tende,

    em geral, a fazer com que estas tambm no dediquem grande esforo na

    avaliao de seu prprio desempenho. Faltam, sobretudo, ndices que

    mensurem o grau de eficincia e que sirvam de instrumento para tomadas de

    deciso e controle gerencial. Ademais, como fator agravante desta situao, o

    sistema de clculo tarifrio preconizado pelo GEIPOT, permite que os efeitos

    da ineficincia sejam, em grande parte, transferidos para a tarifa paga pelos

    usurios, o que funciona como desestmulo modernizao do sistema como

    um todo (Fensterseifer, 1986).

    Deve-se buscar novas formas de relacionamento entre os rgos

    gestores e as empresas operadoras de nibus, pois, mesmo considerando que

    eles tm, s vezes, interesses divergentes (pela prpria natureza das suas

    misses e objetivos), no necessariamente precisam ser entidades

    antagnicas em litgio permanente. importante considerar que a maior parte

    das aes conduzidas por gestores e operadores do transporte coletivo urbano

    dever ser desenvolvida em parceria, pois os interesses so comuns e

    convergentes (Travassos, 2000).

    1.3 Objetivos

    O objetivo deste estudo contribuir para a gesto do transporte pblico

    por nibus, medindo as eficincias existentes nesse setor, que desestimulam a

    sua modernizao.

    Para tanto sero avaliados os mtodos mais utilizados para medir

    eficincia, identificando e criticando aspectos positivos e negativos dos

    mesmos e definindo o mais adequado.

  • 10

    A partir da definio do mtodo, pretende-se aplic-lo para medir a

    eficincia de diversos municpios brasileiros na gesto de seu transporte

    pblico por nibus, nos ltimos anos, e gerar recomendaes para futuros

    processos de regulamentaes que possam ser desenvolvidos pelos mesmos.

    1.4 Contribuio deste Estudo

    Com a anlise de diversos municpios brasileiros quanto sua eventual

    eficincia na prestao de servios de transporte coletivo por nibus, pode-se

    identificar padres na forma de concesses ou permisses, examinando como

    os servios so licitados, e auxiliando, assim, aqueles municpios ineficientes

    na reviso de seus contratos com as empresas operadoras, no intuito de

    oferecer servios mais adequados s necessidades de seus usurios.

    1.5 Estrutura do Trabalho

    No Captulo 2 detalhado o problema objeto da pesquisa.

    O Captulo 3 comenta sobre a forma de regulamentaes existentes em

    alguns municpios brasileiros.

    Os Captulos 4, 5 e 6, apresentam uma reviso dos conceitos de

    produtividade e eficincia, detalhando os mtodos mais freqentemente

    utilizados para medi-las. Os Captulos 5 e 6, tambm destacam as principais

    diferenas entre os mtodos utilizados para medir a eficincia.

    No captulo 7, so explorados os conceitos de produtividade e eficincia

    relativamente questo do transporte urbano por nibus.

    A metodologia utilizada desenvolvida no Captulo 8, onde justificada a

    escolha de determinado mtodo para a anlise do problema de gesto do

    transporte pblico por nibus.

    No Captulo 9, so apresentados os principais resultados encontrados a

    partir da definio do modelo de eficincia. No Captulo 10 so comparados os

  • 11 escores de eficincia obtidos a partir do modelo desenvolvido com as

    regulamentaes existentes no transporte coletivo por nibus em alguns dos

    municpios brasileiros.

    No Captulo 11 so destacadas as principais concluses desse estudo.

  • 12 2 O PROBLEMA OBJETO DA PESQUISA

    2.1 Introduo

    Segundo Bicalho (1998), o transporte tem importncia social decisiva

    porque permite que as pessoas acessem locais de trabalho, equipamentos

    sociais e de lazer, e oportunidades de consumo, principalmente nas cidades de

    porte mdio e grande, onde maior a dependncia da populao dos meios de

    transporte coletivo. Segundo o mesmo autor, o transporte coletivo no menos

    importante sob o ponto de vista econmico, pois viabiliza o crescimento das

    cidades, organizando e condicionando a ocupao dos espaos urbanos e o

    uso do solo atravs da articulao entre as atividades desenvolvidas em

    diferentes locais. Trata-se, portanto, de servio pblico essencial, que deve

    atender a necessidades sociais e dar suporte a atividades econmicas, e que,

    na maioria dos casos, explorado pelo setor privado. Como o setor privado

    tende a priorizar os aspectos comerciais do transporte, nem sempre oferece

    servios adequados, em termos de qualidade e de custo, para a maioria da

    populao. Em sendo freqentes, estes casos exigem interveno estatal para

    sua organizao, atravs de regulamentao.

    No Brasil, historicamente, o Estado intervinha apenas para garantir a

    formao de um mercado fechado para os seus operadores, fortalecendo o

    setor, poltica e economicamente. Assim, viabilizou-se expanso de servios de

    transporte pblico de baixa qualidade, com tarifas muito altas para os seus

    usurios. Preocupados com seus prprios interesses, em boa parte dos casos

    os operadores descuidaram das repercusses sobre os aspectos de interesse

    pblico. Como o transporte coletivo interage com o ambiente urbano, a

    interveno estatal se evidenciou necessria, como forma para equilibrar os

    interesses conflitantes, e garantir possibilidades de vivncia urbana em bases

    mais humanas, justas e funcionais (Bicalho, 1998).

    Alguns dos problemas (Bicalho, 1998; Editorial da Associao Nacional

    dos Transportes Pblicos - ANTP, 1998) que interferem nas operaes de

  • 13 transporte por nibus, e justificam aquelas intervenes, se referem infra-

    estrutura urbana. Entre eles, tm-se:

    - As condies do sistema virio, as distncias percorridas, a existncia

    de grandes vazios urbanos e mesmo a m distribuio espacial das

    atividades econmicas, que afetam diretamente o desempenho das

    operaes de transporte, interferindo no custo e afetando a qualidade

    dos servios.

    - Os congestionamentos, que alm de aumentarem o tempo de viagem e

    reduzirem a produtividade das atividades urbanas, contribuem para a

    deteriorao ambiental (causada pelo uso inadequado do espao virio

    pelos automveis) e para o crescimento dos custos (provocando impacto

    direto sobre tarifas e indireto sobre os custos sociais, demandando

    crescente necessidade de investimentos em infra-estrutura, horas de

    produo perdidas, etc), diminuindo a atratividade do sistema.

    - A reduo nos investimentos, necessrios ao transporte pblico, levando

    a quedas no nvel e sustentabilidade do servio.

    Com isso, o transporte pblico vem perdendo prestgio junto opinio pblica,

    classe poltica, s entidades civis e aos prprios cidados que dele

    dependem. Assim, fundamental identificar elementos, modelos e prticas

    gerenciais consistentes, que permitam reverter esta situao, demonstrando a

    condio nica do transporte pblico, como estruturador do desenvolvimento

    urbano que se deseja para o Brasil.

    A melhoria da qualidade dos servios, isto , a garantia de um espao

    adequado para o transporte pblico deve expressar-se em todas as reas,

    destacando-se os aspectos tecnolgicos (veculos), gerenciais (capacitao

    dos operadores), de atendimento (cobertura fsica e temporal), de integrao, e

    de informao ao usurio (Associao Nacional dos Transportes Pblicos -

    ANTP, 1998).

  • 14 2.2 Situao Atual do Transporte Urbano

    Vrios so os autores que discutem a situao atual do transporte urbano

    no Brasil. Entre eles esto: Associao Nacional dos Transportes Pblicos -

    ANTP (1998), Cedano (1999), Junqueira & Pinto (1999) e Pereira et al. (1999).

    Os aspectos mais relevantes, naquelas anlises, so:

    - M qualidade, baixa confiabilidade, pouca flexibilidade e ineficincia do

    transporte pblico urbano.

    - Congestionamentos crnicos, com impactos negativos para a vida social e

    econmica das cidades.

    - Altos ndices de acidentes de trnsito.

    - Parcela da populao sem condies econmicas de acesso ao transporte

    pblico motorizado.

    - Tarifas elevadas, comparativamente baixa qualidade do servio oferecido

    e capacidade e/ou disposio de pagamento da populao.

    - Queda da produtividade das empresas operadoras de transporte

    regulamentado por nibus.

    - Dificuldades impostas circulao de pedestres e de ciclistas.

    - Irracionalidade nos deslocamentos urbanos, causada pelo fraco

    ordenamento dos sistemas de nibus, com sobreposio de linhas e

    desequilbrio espacial do atendimento populao.

    - Inexistncia de programas de estmulo utilizao de tecnologias mais

    limpas.

    - Violao de direitos pblicos e privados, em reas residenciais e de uso

    coletivo, e destruio do patrimnio histrico e arquitetnico.

    - Custos operacionais do transporte pblico urbano, afetados por alteraes

    de ordem poltica determinadas a nvel federal, com impacto sobre os

    preos dos insumos.

    - Atuao restrita do Governo Federal no transporte urbano.

    - Disponibilidade limitada de recursos pblicos para os investimentos

    necessrios.

  • 15 - Baixa atratividade financeira, comparativamente a outros setores da

    economia.

    - Inexistncia de programas e linhas de financiamento para a expanso e

    melhoria dos sistemas virios.

    - Reduzida participao privada nos investimentos necessrios para o setor,

    pois as empresas privadas ainda esto fortemente vinculadas a ganhos

    elevados, comuns nos perodos inflacionrios.

    - Falta de poltica pblica urbana.

    - Predominncia e incentivo, pelo Governo Federal, do transporte individual.

    - Transferncia de parcelas da demanda do transporte pblico regular para

    outras opes de transporte, em destaque para os automveis,

    deslocamentos a p e outras formas de transporte informal.

    Com a implantao do Novo Cdigo Nacional de Trnsito, a partir de

    1998, problemas de congestionamentos, acidentes, e aspectos que dizem

    respeito circulao em geral (de pedestres, ciclistas e veculos), vm sendo

    enfrentados pelos rgos municipais que, ainda de forma incipiente, vm

    obtendo resultados positivos.

    Por outro lado, fatores que exigem a interveno Federal, como:

    alteraes de preos de insumos, inexistncia de programas e linhas de

    financiamento para melhorias do sistema virio, bem como predominncia do

    transporte individual devido a incentivos para instalao de novas montadoras,

    no sero diretamente abordados neste trabalho, que se limitar a examinar,

    somente, aspectos da gesto local. Em outras palavras, questes relacionadas

    ao Governo Federal somente sero comentadas quando identificadas em

    algum padro de gerenciamento local por parte dos municpios avaliados.

    Os aspectos sociais como: parcela da populao sem condies

    econmicas de acesso ao transporte pblico e destruio do patrimnio

    histrico e arquitetnico, tambm no sero investigados neste estudo, por se

    tratarem de questes que exigem projetos especficos.

    Neste estudo, focaliza-se a qualidade e a eficincia do transporte pblico,

    examinando aspectos como tarifas elevadas, queda da produtividade das

  • 16 empresas operadoras regulamentadas de transporte por nibus, problemas de

    sobreposio de linhas e desequilbrio espacial do atendimento, medindo a

    eficincia dos diversos municpios na gesto do seu transporte pblico por

    nibus. Assim, sero identificados municpios que serviro de benchmarking

    para os demais, destacando padres utilizados pelos mesmos, como forma de

    alcanar a excelncia. Esses padres dizem respeito regulamentao de

    seus sistemas, incluindo alternativas de soluo para problemas de

    sobreposio de linhas, atendimento de todas as reas do municpio e oferta

    mnima de servio por parte das empresas operadoras, entre outros.

    Quanto s tendncias que se configuram para o futuro do transporte

    coletivo urbano, Brasileiro (1996) cita trs aspectos:

    - A redefinio de perfil dos deslocamentos e da mobilidade urbana (marcha

    a p, crescimento das cidades perifricas, desconcentrao das atividades

    econmicas, hegemonia do setor tercirio), com suas implicaes sobre a

    estrutura da oferta de transportes (crescimento do setor "informal",

    redefinio da rede viria de transportes).

    - A crise de financiamento para operaes de transporte coletivo, atualmente

    minimizada pelo artifcio do vale-transporte, cuja possibilidade de ampliao

    parece esgotada.

    - O processo de modernizao gerencial do setor privado no atinge,

    simultaneamente, todas as empresas, exigindo estudos localizados acerca

    do perfil do setor privado, em funo da heterogeneidade das dinmicas

    econmicas e das polticas locais.

    Dentro desse quadro, o transporte pblico por nibus vem sendo marcado

    pelo crescente descrdito da populao. O enfrentamento pela gesto exige

    propostas, apoiadas em anlise das mudanas observadas no padro de

    mobilidade urbana.

  • 17

    Pode-se perceber que o Poder Pblico desempenha papel fundamental

    para o desenvolvimento das empresas operadoras de transporte urbano, pois

    define normativas de desenvolvimento urbano, regulamenta a oferta de

    transportes, estabelece formas de remunerao e tipos servios que devem ser

    oferecidos populao. Apesar disso, o Poder Pblico sofre presses por parte

    das empresas operadoras, no que concerne a aumentos de tarifa, freqncia

    de servios, atendimento de certas linhas, etc, que podem levar a distores na

    oferta dos servios comunidade. Da a importncia de verificar como o Poder

    Pblico vem exercendo o seu papel de mediador, entre os interesses das

    empresas operadoras de transporte pblico, os usurios do sistema e a

    populao em geral. A identificao de modelos e prticas eficientes resulta

    instrumental, neste sentido.

    Apesar dos vrios problemas enfrentados pelo transporte pblico urbano,

    com relao a sua perda de confiabilidade e qualidade, importante destacar

    as principais mudanas ocorridas no setor, nestes ltimos anos.

    2.3 Principais Eventos que marcaram Mudanas no Transporte por nibus nos ltimos anos

    Entre os principais eventos que marcaram os ltimos anos, referente ao

    transporte coletivo por nibus, pode-se destacar (Pereira et al., 1999):

    - O Estabelecimento do Cdigo Brasileiro de Trnsito: vigorando desde

    22/01/98, atribuiu novas competncias aos municpios, obrigando os rgos de

    gerncia a se reestruturarem institucionalmente e a qualificarem seu quadro de

    pessoal, de forma a exercer novas funes. A reduo no nmero de acidentes

    de trnsito j observada em vrios municpios que o controlam, revela ser este

    um dos eventos com maior potencial de mudana qualitativa no futuro prximo.

    Em paralelo com as melhores condies de circulao, a maior aproximao

    do poder pblico aos problemas das operadoras e seu usurios dever

    melhorar a segurana da circulao nas reas urbanas.

  • 18 - Privatizaes e Concesses: as leis de licitaes (Lei 8.666/93) e de

    concesses (Lei 8987/95) s se consolidaram a partir de 1997. Novas formas

    de explorao dos servios por nibus, licitaes onerosas ou no onerosas

    por linhas, por lotes, por reas de explorao, com outros servios acoplados,

    etc, esto sendo utilizadas pelos diversos municpios que iniciaram o processo.

    Embora existam vrios municpios optando por regularizar as permisses, com

    respaldo na legislao local, existe uma tendncia cada vez maior de

    realizao de licitaes das linhas, tanto para apoiar a racionalizao dos

    sistemas quanto para aumentar a arrecadao ou apoiar os investimentos

    realizados no setor, pelos municpios.

    - Corredores de Transporte: a implantao de corredores para o transporte

    pblico de passageiros, com sistemas integrados, e a utilizao de bilhetagem

    eletrnica, ainda tem pouca expresso nas cidades brasileiras. Porm, esta

    realidade deve ser intensificada nos prximos anos. Apesar de suas exigncias

    de gesto acarretarem um custo operacional maior para os sistemas

    integrados, estes instrumentos permitiro maior acessibilidade da populao a

    oportunidades de melhoria da qualidade de vida urbana. Alm disso, este tipo

    de integrao vem se mostrando potencializador da competitividade do sistema

    de transporte pblico.

    - Transporte Informal: o crescimento do transporte informal foi notvel nos

    ltimos dois anos, levando os governos a repensar as formas de atender,

    reorganizar e regulamentar o transporte coletivo urbano. O transporte informal

    vem se desenvolvendo nas brechas do sistema formal, aproveitando-se de

    suas debilidades com respeito ao atendimento das demandas. Isso se d, em

    parte, devido baixa qualidade dos servios prestados por nibus, metrs e

    trens e, em parte, decorre da brutal recesso na oferta de empregos. Assim, o

    transporte informal responde ao fato da estrutura formal no atender

    adequadamente os reais interesses de deslocamento da populao.

  • 19 - Programas de Qualidade: houve um avano considervel na conscientizao

    e engajamento nos programas de qualidade por parte dos rgos gestores e

    empresas de transporte. Os mesmos vm se adaptando tendncia mundial

    de melhoria da qualidade dos produtos, do atendimento aos usurios e da

    busca da eficincia empresarial. A melhoria por parte de alguns rgos

    pblicos e empresas privadas, poder ser um importante contraponto aos

    transportes informais, com vistas melhoria das cidades.

    - Mudanas na quantidade e qualidade da oferta: as cmaras de compensao

    tarifria vm sendo questionadas quanto sua eficincia, pois induzem ao

    acrscimo de quilmetros rodados, alm da ocupao desordenada dos

    espaos urbanos, provocando, ainda, aumento de quilometragem em reas

    desabitadas e semi-urbanas, levando a uma expanso da oferta sem melhorias

    efetivas na prestao dos servios de transporte urbano.

    O crescimento da operao de micronibus, bem como a constante

    renovao das frotas de nibus, vm sendo utilizados como estratgias para

    reverter tendncias de perda de demanda, que se observam nas cidades.

    Soma-se a isto a adoo de servios sofisticados, como a disponibilidade de ar

    condicionado e telefone em veculos convencionais.

    A renovao da frota, essencial para o crescimento e permanncia de

    uma empresa de nibus no mercado, definida, principalmente, por aspectos

    econmicos. Ou seja, um veculo dever ser substitudo quando sua

    rentabilidade se mostrar inferior prevista para um veculo novo. Assim, a

    estratgia utilizada na renovao de veculos, depende do clculo tarifrio. Este

    clculo faz com que veculos novos impliquem em tarifas mais elevadas,

    ampliando a rentabilidade do setor, que, capitalizado, encontra maior facilidade

    para renovao da frota. A adoo desse mecanismo de tarifao, que premia

    veculos novos, pressupe que eles sero utilizados ao longo de toda sua vida

    til. Assim, valores adicionais pagos nos primeiros anos seriam compensados

    nos ltimos. Entretanto, como os veculos usados so vendidos antes dos sete

    anos - a rigor, entre trs e quatro anos esta compensao jamais ocorre.

  • 20

    Nesse contexto, resta ao usurio cobrir o nus desse diferencial (Orrico Filho,

    1995).

    - Mudanas no perfil da demanda: a mudana de hbitos da populao; o

    aumento do nmero de desempregados; a descentralizao na localizao de

    servios; a duplicao da produo e comercializao cada vez mais fcil de

    automveis; os incentivos fiscais aos veculos de baixa potncia; o aumento no

    valor do tempo dos usurios (que no esto se dispondo a longas esperas nos

    transportes pblicos); e as dificuldades financeiras da populao, tm levado a

    uma reduo das viagens nas reas urbanas, tanto em quantidade quanto em

    extenso, com reflexos significativos sobre o ndice Passageiro por Quilmetro

    (IPK)3, importante diluidor dos custos operacionais para o clculo tarifrio.

    Esto ocorrendo migraes intermodais, ou seja, usurios de renda mais

    alta esto optando por modos de transporte mais caros e mais rpidos,

    enquanto aqueles de menor renda esto deixando de viajar ou adotando os

    veculos clandestinos, como opo para reduzir as suas despesas mensais.

    - Ameaa de extino do vale transporte: a adoo, pelo Governo Federal, de

    pagamento em dinheiro para despesas de transporte casa-trabalho (de seus

    funcionrios), permite preocupaes quanto possvel extino do vale

    transporte.

    - Bilhetagem automtica: em algumas cidades, novos sistemas esto sendo

    analisados e implantados de forma total ou parcial, com diferentes graus de

    sucesso. Em qualquer caso, tanto para monitorar a demanda quanto para

    reduzir a prtica do uso do vale transporte como moeda paralela, observa-se

    que a bilhetagem automtica se configura cada vez mais importante, para os

    transportes urbanos.

    3 IPK ndice Passageiro por Quilmetro, trata-se do quociente entre o nmero total de passageiros transportados por ano e o nmero total de quilmetros rodados, no mesmo ano.

  • 21 - Incentivos indstria automobilstica: apesar das deseconomias que a

    circulao excessiva impe s cidades, persiste a escassez de recursos e

    incentivos para a expanso da rede de transporte pblico, e amplia-se a guerra

    fiscal de apoio instalao de grandes indstrias automobilsticas no pas.

    2.4 A Importncia do Poder Pblico no Gerenciamento do Setor de Transporte por nibus

    Segundo Arago (1998), a presso que o rgo gestor sofre para a

    economia dos recursos pblicos, se contrabalana com a sua preocupao

    ambiental e com a necessidade de aliviar o congestionamento da sua cidade.

    "Busca-se, de fato, a competitividade entre as empresas operadoras, com

    conscincia de que esta no deve ocorrer na rua, como uma corrida pela caa

    ao passageiro, com vrias empresas explorando as linhas mais lucrativas, mas

    sim por controle de entrada no mercado, via licitao competitiva".

    Deve-se, ainda, popularizar o acesso ao sistema, garantindo modicidade

    tarifria para os usurios. Esta condio exige maior eficincia, reduo dos

    custos operacionais e concesso de subsdios em situaes especficas como

    para linhas que possuem funo social (ANTP, 1998).

    Assim, so necessrias mudanas na forma de gerenciar, tanto do

    operador, como do poder pblico, bem como maior flexibilidade para se

    adaptar s exigncias de deslocamentos que surgem de modificaes nas

    atividades urbanas. Brasileiro et al. (1998) tambm enfatizam que, alm dos

    objetivos polticos, o Poder Pblico tambm possui uma orientao de carter

    econmico, ou seja, busca incentivar a reduo de custos e o aumento de

    produtividade das empresas operadoras do servio.

    Os conceitos de produtividade, eficincia e qualidade esto intimamente

    ligados aos pontos de vista especficos dos diversos atores intervenientes

    nestes servios, quais sejam: o operador, o governo, o usurio e a comunidade

    em geral (Arago & Figueiredo, 1993). Assim,

  • 22 - o operador concentrar sua ateno na otimizao da utilizao dos fatores

    envolvidos com a operao, tais como capital, trabalho e outros, com vistas

    a garantir a realizao do servio com menor dispndio possvel;

    - o usurio, que a rigor deveria ser o centro das atenes dos prestadores

    dos servios, estar preocupado em obter a mxima qualidade em troca de

    seus desembolsos monetrios;

    - a sociedade mais ampla, por sua vez, que, em ltima instncia, arcar

    com os custos dos investimentos pesados e das eventuais externalidades

    negativas decorrentes do sistema de transportes. Interessar sociedade,

    permanente melhoria da acessibilidade geral e maximizao de outros

    resultados positivos (empregos, chances de negcios, etc), alm da

    minimizao dos impactos negativos (poluio, engarrafamento, acidentes,

    perda de reas potencialmente produtivas para o sistema, danos a

    patrimnios ou naturais, etc);

    - o governo, contratante e responsvel pelos servios prestados, e que

    inclusive os subsidiam realizando investimentos em infra-estrutura, exigir,

    em troca de seus esforos, o alcance mximo dos seus objetivos no tocante

    satisfao ou mesmo antecipao de necessidades sociais.

    Segundo Arago (1998), a poltica de transporte pblico urbano deve se

    orientar pelas seguintes diretrizes:

    a. Aumentar o grau de utilizao do transporte pblico: deve buscar

    reorganizao do transporte pblico, em torno de valores como: flexibilidade

    e convenincia, preo baixo, conforto, bom nvel de informao,

    estabilidade dos servios e integrao.

  • 23 b. Buscar a eficincia: deve definir claramente seus objetivos polticos,

    buscando desenho apropriado dos produtos, licitaes peridicas, assim

    como adoo de comparaes entre empresas e rgos como instrumento

    de incentivo e de penalizao (uso do benchmarking).

    c. Aperfeioar a tcnica contratual: deve definir claramente os objetivos da

    licitao e responsabilidades decorrentes tais como o uso de incentivos

    contratuais para estimular