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ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE VALOR ENTRE
AS 25 MAIORES E MELHORES EMPRESAS QUE ATUAM NO
MERCADO BRASILEIRO DESTACADAS EM 2013, EM VENDAS E
LUCROS. Área temática: Gestão Econômica e Financeira
Rosângela Nunes
Wilma Vieira de Aquino
Charles Washington Costa de Assis
Anna Beatriz Grangeiro Ribeiro Maia [email protected]
Resumo: As recentes alterações nas normas brasileiras de contabilidade, bem como as exigências
da sociedade e do mercado, quanto à mudança de postura das empresas no que diz respeito ao seu
papel dentro do meio em que está inserida, dão à Demonstração do Valor Adicionado (DVA) um
caráter não mais discricionário, e sim obrigatório às empresas que buscam sua legitimidade
perante o mercado de uma forma geral. Em suma, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
apresenta a geração e a distribuição de riqueza das entidades. Enquanto a geração de valor
consiste no resultado obtido no decorrer do exercício através dos esforços que a entidade faz para
obtê-lo, a distribuição relaciona a respectiva divisão entre todos que contribuíram para sua
existência. O presente trabalho busca analisar o comportamento da distribuição de riqueza aos
stakeholders entre os anos de 2010 a 2013 das empresas que atuam no mercado brasileiro e que
foram elencadas no ranking das maiores e melhores em vendas e lucros segundo a revista Exame
no ano de 2013. A análise realizada se deu em 25 empresas selecionadas para a amostra de forma
intencional por estarem entre as cem maiores e melhores em resultado de vendas e de lucro. Ao
que se refere aos aspectos metodológicos foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva,
dividindo-se em parte teórica e parte prática. Na parte teórica utilizou-se de base bibliográfica, na
parte aplicada foi elaborado um levantamento de dados secundários, através de um estudo
documental nas demonstrações do valor adicionado das empresas selecionadas nos anos de 2010,
2011, 2012 e 2013. Quanto à natureza, a pesquisa é predominantemente qualitativa, visto que não
se utiliza de técnicas estatísticas robustas. Os dados da pesquisa foram analisados através da
análise de conteúdo das demonstrações do valor adicionado, os resultados apresentados em forma
de tabelas e gráficos. Observou-se que o pressuposto inicial foi confirmado, tendo em vista que em
cada ano analisado o valor total distribuído foi crescente em relação ao ano anterior e
consequentemente houve uma maior distribuição aos stakeholders. Como principais achados desta
pesquisa, identificou-se que: no decorrer dos anos, a maior parte do valor adicionado é distribuído
ao governo através de Impostos, taxas e contribuições - este resultado não possui variação,
independente do ramo de atividade da empresa, enquanto os demais agentes sofrem alterações
dependendo do seu ramo de atuação; Pessoal e encargos e Capital de terceiros se intercalam entre
o segundo lugar na distribuição do valor adicionado; e, somente no ramo do comércio que o
Pessoal e encargos tem maior valor distribuído em todos os anos da pesquisa..
Palavras-chaves: Distribuição de riqueza, Stakeholders, Demonstração do valor adicionado.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a percepção do papel das empresas no desenvolvimento econômico e
social tem fomentado novos paradigmas no mercado. Tem-se exigido das empresas uma
mudança no perfil gerencial, exigindo ações voltadas para preservação ambiental, melhores
condições de trabalho e desenvolvimento social.
Conforme Lobato et al. (2002), as organizações contemporâneas têm assumido ampla
gama de atividades e comportamentos para equilibrar o resultado econômico com a
responsabilidade social empresarial. A partir da nova visão das empresas em que focam não
somente nos lucros, mas também na parte social, emerge a necessidade de maiores
informações de cunho socioeconômicas antes não divulgadas, para tornar essas informações
transparentes à sociedade foram criados alguns relatórios financeiros.
Além disto, as recentes alterações na legislação societária (Lei 6.404/1976, alterada
pela Lei 11.638/2007 e pela Lei 11.941/2009) ocorridas no Brasil, em decorrência do
processo de adequação às normas internacionais de contabilidade forçaram as empresas a
conviver, a partir de 2010, com novos procedimentos contábeis elaborados pelo Comitê de
Pronunciamento Contábil (CPC), respaldado pelos órgãos reguladores.
Apesar de não se relacionar diretamente com as normas internacionais, a informação
sobre o valor adicionado foi normatizada na contabilidade brasileira através do
pronunciamento técnico CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado, aprovado pela CVM
(Deliberação nº 557/08, de 12-11-2008), pelo CFC (Resolução nº 1.138/08, Resolução nº
1.162/09 e NBC TG 09), pela ANEEL (Despacho nº 4.722/09), ANTT (Comunicado SUREG
nº 01/2009) e ANS (Instrução Normativa nº 290/12 AN I).
O valor adicionado gerado pela empresa consiste na diferença entre o valor da
produção e o consumo (insumos) de determinado período, conforme definido por De Luca
(1998), o valor adicionado representa o quanto de valor a empresa agrega aos insumos que
adquire em determinado período, e é obtido de forma geral, pela diferença entres as vendas e
o total de insumos adquiridos de terceiros.
Com a aderência da CVM e do CFC ao CPC 09 (2008), foram normatizados os
procedimentos técnicos a serem observados no trabalho de elaboração dessa demonstração.
Conforme a NBC TG 09, os dados e as informações sobre o valor da riqueza gerada pelas
empresas devem ser extraídos do sistema contábil e os valores informados ter como base o
princípio e a distribuição dessa riqueza em determinado período.
O presente estudo se justifica na medida tem como objeto de análise uma
demonstração que, apesar de sua utilidade ser muito realçada no meio acadêmico, uma vez
que evidencia diferentes concepções sobre a riqueza criada e distribuída por uma empresa,
esta demonstração ainda é desconhecida por boa parte dos stakeholders, já que até bem pouco
tempo não havia no Brasil um esforço canalizado para normatizar sua elaboração e,
tampouco, obrigar sua publicação (KROETZ; COSENZA, 2004; SANTOS, 2007;
COSENZA; VIEIRA, 2013).
Apesar de algumas pesquisas como de Cunha, Ribeiro e Santos, (2005), Nobre e
Nunes (2013), Tomaz e Nunes (2015), é um tema ainda incipiente no panorama científico
contábil, principalmente no que se trata de pesquisas que não sejam desenvolvidas sob o
enfoque tributário.
A partir das recentes alterações nas normas contábeis, que tornaram legítima a
publicação da DVA por parte das empresas de capital aberto, e diante da importância das
informações contidas nesta demonstração, o presente estudo se propõe a responder a seguinte
questão: Como se comportou a distribuição de valor nas 25 empresas maiores e melhores que
foram destaques em 2013 em sua atuação no mercado brasileiro?
Com o intuito de responder ao respectivo questionamento, objetivo geral deste estudo
concerne em analisar o comportamento da evolução da distribuição de valor nas empresas
destacadas em 2013 como maiores e melhores do Brasil. Para tanto, foram delineados os
seguintes objetivos específicos: (i) compreender como se dá a geração de valor no contexto
empresarial; (ii) conceituar a DVA e identificar os fatores de agregação e distribuição de valor
conforme a teoria da contabilidade e a legislação; (iii) realizar um estudo nas 25 empresas
identificadas como maiores e melhores que tiveram destaques em vendas e lucro, de modo a
verificar o poder de distribuição do valor adicionado entre os anos de 2010 a 2013 destas.
A pesquisa parte do pressuposto que com o decorrer do tempo, maior é o valor
adicionado gerado pelas empresas e, consequentemente, maior é sua distribuição entres os
stakeholders. O que se pretende com esse estudo é demonstrar a importância das informações
contidas na DVA, fazendo uma análise de distribuição de riqueza gerada pelas empresas.
O presente trabalho se caracteriza: quanto à natureza, predominantemente qualitativo,
visto que não utiliza estatística robusta; quanto aos objetivos, descritiva e exploratória, tendo
em vista que apesar de não ser um tema novo, é ainda bastante incipiente. Para coleta dos
dados, caracteriza-se como: pesquisa bibliográfica, a partir de material já publicado,
principalmente de livros, artigos e periódicos e materiais disponibilizados na internet;
pesquisa documental, ao analisar as demonstrações das empresas da amostra; e, estudo
multicaso, ao analisar a realidade da amostra das maiores e melhores empresas de 2013. Para
a análise dos dados, utiliza a análise de conteúdo e a estatística descritiva simples para o
confronto à teoria, e suporte às respectivas conclusões.
Esse artigo encontra-se estruturado em cinco partes: na primeira, segue a introdução
com o tema de pesquisa, a justificativa, os objetivos, e um breve resumo da metodologia
utilizada; na segunda, encontra-se o referencial teórico com o desenvolvimento dos conceitos
de crescimento e geração de valor, a demonstração do valor adicionado e o panorama recente
de pesquisas científicas sobre o tema; na terceira, apresenta-se a metodologia da pesquisa
utilizada; na quarta parte consta o estudo de caso com os seus resultados; e, por fim, a quinta
parte com as conclusões e considerações finais do estudo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Crescimento e geração de valor
Crescer significa expandir e isto acontece quando a empresa usa suas habilidades na
busca de conseguir o sucesso juntamente com o bem-estar de seus clientes, sócios e
empregados. O crescimento empresarial não é promovido somente pelos conhecimentos dos
seus administradores, mas por um contato direto com o cliente e também pelas boas relações
com os empregados, incentivando-os a alcançar os objetivos propostos.
Para Sheedy (1996), uma empresa quando se desenvolve faz bem não apenas para seu
proprietário, mas também contribui para o bem-estar pessoal e financeiro de seus empregados,
fornecedores, clientes e parceiros de mercado.
O ambiente empresarial está passando por transformações significativas decorrentes
do agravamento de problemas sociais e ambientais, a sociedade está cada vez mais, cobrando
que as empresas não restrinjam sua visão somente para o lucro, mas sim que possam também
oferecer benefícios para a sociedade como um todo.
Coutinho e Macedo-Soares (2002) afirmam que, devido ao agravamento dos
problemas sociais e ambientais (desemprego, exclusão, poluição, exaustão de recursos
minerais) e a dificuldade do governo em solucioná-los, a sociedade está passando por um
processo de reorganização. Neste contexto, as empresas adotam uma conduta socialmente
responsável (sustentável) nos seus negócios. Assim, o volume de recursos investidos em
práticas ligadas à responsabilidade social tem apresentado grandes elevações e adquirido
maior relevância no cenário mundial.
Galvão e Souza (2008) julgam como crucial a necessidade de crescimento da empresa
e de proteger as habilidades e potenciais internos à organização e, ao mesmo tempo, de
infundir nas empresas novas perspectivas e conhecimentos vindos de fora. Nesta mesma
vertente, Rezende (2014) afirma que uma empresa com perspectiva de crescimento tem muito
mais condições de atrair e reter talentos. Algumas fontes possíveis de crescimento são: a
divulgação da empresa e de seus produtos, identificar quais são as tendências presentes no seu
segmento e beneficia-se deles, estender a marca e a venda de outros produtos para os mesmos
clientes, cuidar dos clientes, buscar inovação, estabelecer metas e buscá-las.
Antes desta nova visão da empresa que se preocupa com o ambiente a sua volta, o
lucro era buscado de qualquer maneira, considerando a sociedade e os empregados apenas
como unidades econômicas de produção, agora cresce a preocupação com o meio ambiente e
com o retorno para as diferentes partes que afetam ou que é afetada por suas atividades (os
stakeholders), evidenciando-se a preocupação com o desenvolvimento social. A demonstração
do valor adicionado evidencia justamente este retorno para as partes interessadas.
2.2 Demonstração do valor adicionado – DVA
O valor adicionado representa a riqueza criada pela entidade em determinado período,
normalmente um ano, que é medida, sinteticamente, pela diferença entre o valor de vendas e
os insumos de terceiros.
Montoro Filho (1994, p. 27):
Define-se valor adicionado como o resultado da diferença entre o valor dos bens e
serviços vendidos pela empresa, quaisquer que sejam, e o valor dos bens e serviços
comprados pela empresa junto a outras empresas. Significa assim o acréscimo de
valor que a empresa incorpora ao bem na cadeia produtiva. Com o advento da lei 11.638/2007, que introduziu entre outras alterações o inciso V
do artigo 176 da lei n° 6.404/1976, a elaboração da DVA tornou-se obrigatória para as
companhias de capital aberto, devendo ser elaboradas e publicadas no final de cada exercício
social junto com as demais declarações já obrigatórias, balanço patrimonial, demonstração do
resultado do exercício, demonstração dos lucros e prejuízos acumulados, e a demonstração do
fluxo de caixa que também passou a ser obrigatória a partir desta lei.
A DVA vem acrescentar informações importantes que antes não seriam possíveis
obter com as demonstrações já existentes. É através da DVA que se conhece o resultado da
atividade econômica do país o PIB produto interno bruto. De acordo com o CPC 09 (2008), a
DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando apresentar, eliminando os
valores que representam dupla contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na
formação do Produto Interno Bruto (PIB).
Marion (2005, p. 486) afirma que,
O valor adicionado ou valor agregado evidencia para quem a empresa está
canalizando a renda obtida: ou ainda admitindo que o valor que a empresa adiciona
através da sua atividade seja um “bolo”, para quem estão sendo distribuídas as fatias
do bolo e de que tamanhos são estas fatias.
A DVA é uma demonstração contábil que evidência os valores referentes à formação
da riqueza gerada pela entidade em determinado período e sua distribuição. A DVA expõe o
valor adicionado pela empresa em razão das suas atividades, a forma de distribuição da
riqueza gerada entre os stakeholders, que são as partes interessadas na distribuição de valor
adicionado: empregados, acionistas, financiadores de capital, governo, comunidade, e a
parcela retida na empresa para reinvestimento (DE LUCA, 1998; SANTOS, 2007;
FERREIRA, 2011).
2.2.1 Geração do valor adicionado
De acordo com o CPC 09 (2008), a primeira parte da DVA apresenta de forma
detalhada a riqueza criada pela entidade, medida pela diferença entre o valor das receitas e os
insumos adquiridos de terceiros, inclui também o valor adicionado recebido em transferência,
ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade.
Às receitas somam-se: as vendas de mercadorias, produtos e serviços que incluem os
valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS),
corresponde ao faturamento bruto; as outras receitas, onde também se incluem os tributos
sobre as receitas; e, por fim, a perda estimada com créditos de liquidação duvidosa, que inclui
os valores relativos à constituição e reversão dessa provisão.
Os insumos adquiridos de terceiros subdividem-se entre: custos dos produtos, das
mercadorias e dos serviços vendidos que inclui os valores das matérias-primas adquiridas
junto a terceiros e contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos serviços
vendidos adquiridos de terceiros, onde não se inclui os gastos com pessoal próprio; despesas
com bens, utilidades e serviços adquiridos de terceiros (materiais, energia, serviços de
terceiros e outros, onde devem ser considerados os tributos incluídos no momento das
compras recuperáveis ou não); perda e recuperação de valores ativos, relativos a ajustes por
avaliação a valor de mercados de estoques, imobilizados, investimento, os valores
reconhecidos no resultado do período tanto na constituição quanto na reversão de perdas por
recuperabilidade de ativos; e, a depreciação, amortização e exaustão, incluindo as respectivas
despesas ou custos do período.
O valor adicionado recebido em transferência pode representar receita ou despesa. Se
for despesa deve ser considerada como redução ou valor negativo. Receitas financeiras
incluem as receitas financeiras, inclusive as variações cambiais. Outras receitas incluem os
dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia, etc.
Assim se dá a formação da riqueza gerada, que posteriormente será distribuída aos que
ajudaram a construí-la, os stakeholders.
2.2.2 Distribuição do valor adicionado
De acordo com o CPC 09 (2008), a segunda parte da DVA apresenta a distribuição da
riqueza gerada pela entidade, segregada pelos seguintes agentes: pessoal e encargos;
impostos, taxas e contribuições; remuneração de capital de terceiros; e, remuneração de
capitais próprios.
Pessoal e encargos representa a remuneração direta, isto é, valores relativos a: salários,
décimo terceiro, honorários da administração, férias comissões, horas extras, participação de
empregados nos resultados; os benefícios, como assistência médica, alimentação, transporte,
plano de aposentadoria; e, por fim, o FGTS depositado na conta vinculada dos empregados.
Os Impostos, taxas e contribuições, por sua vez, representam a “fatia” do governo.
Dividem-se em: federais, que são os tributos devidos à União, tais como, IRPJ, CSLL, IPI,
PIS e COFINS; estaduais, o ICMS e o IPVA; e, municipais, com o ISS e o IPTU.
A remuneração de capitais de terceiros corresponde aos valores pagos ou creditados
aos financiadores externos de capital, subdivididos em: juros, que são as despesas financeiras
relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto às instituições financeiras,
empresas do grupo ou outras formas de obtenção de recursos; aluguéis pagos ou creditados a
terceiros; e outras, que inclui remunerações que configurem transferência de riqueza a
terceiros.
A remuneração de capitais próprios corresponde aos valores relativos à remuneração
dos sócios e acionistas, subdivididos em: juros sobre o capital próprios e dividendos, que
incluem os valores pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do
período; lucros retidos e prejuízos do exercício, que são os valores relativos ao lucro ou
prejuízo (sinal negativo) do exercício destinados as reservas.
Ressalta-se que a segunda parte da DVA, que trata do detalhamento da distribuição da
riqueza gerada em determinado período para os seus componentes, é o foco do estudo desta
pesquisa, a metodologia adotada para este estudo será descrita a seguir.
2.3 Panorama recente das pesquisas científicas sobre a DVA
Em uma busca simples pelo portal SPELL é possível perceber como a discussão sobre
esse tema ainda é incipiente. Ao buscar o termo "demonstração do valor adicionado" em
Resumos, filtrando a pesquisa em Artigos e Resumos de Teses ou Dissertações, de 2010 a
2015, foi possível encontrar 09 pesquisas.
Em 2010, nenhuma pesquisa. Em 2011, 04 (quatro) pesquisas (sob o enfoque da
destinação de riqueza, da carga tributária, dos indicadores sociais, e a DVA como ferramenta
estratégica); em 2012, nenhuma pesquisa; em 2013, 01 (uma) pesquisa (analisando os
benefícios da obrigatoriedade da DVA); em 2014, 02 (duas) pesquisas (sob os aspectos da
obrigatoriedade e da aplicabilidade da DVA em uma entidade sem fins lucrativos); e, em
2015, 02 (duas) pesquisas (no que cerne ao seu conteúdo informacional e à Teoria dos Jogos).
A. Cunha , Ribeiro e Santos (2005) realizaram uma pesquisa em que se analisou a
DVA como instrumento de mensuração da distribuição da riqueza gerada pelas empresas e
como se dava sua distribuição entre os que ajudaram a criá-la, onde se identificou que maior
parte da riqueza gerada é distribuída ao governo e em segundo lugar os empregados, e após
este estudo pode-se afirmar que os indicadores extraídos da DVA se constituem num
excelente avaliador da distribuição da riqueza, à disposição da sociedade.
B. Nobre e Nunes (2013) desenvolveram uma pesquisa com o intuito de analisar
se há uma relação entre a obtenção de margem líquida e a geração e distribuição de riqueza
aos empregados, foram analisadas as 30 maiores empresas brasileiras em vendas líquidas e ao
final da pesquisa pode-se afirmar que as empresas consideradas com maiores criadoras de
riquezas, não necessariamente são as que mais distribuíram valor adicionado aos empregados.
C. Tomaz e Nunes (2015) realizaram um estudo aprofundado no setor elétrico
brasileiro quanto à distribuição do valor adicionado. Através dos relatórios de sustentabilidade
foram obtidas as informações necessárias, com o objetivo de verificar se existem diferenças
significativas na distribuição de valor entre as geradoras, transmissoras e distribuidoras de
energia elétrica. Após o estudo, os autores concluíram que a distribuição do valor adicionado
apresentou variações significativas, partindo-se da premissa que há diferenças entre a forma
distribuição do valor adicionado, dependendo do segmento do setor de energia elétrica a que
pertença.
D. Destarte, com as experiências das pesquisas anteriores sobre o tema, este
estudo se diferencia primariamente no sentido de que, apesar de analisar a distribuição da
riqueza gerada pelas empresas, as unidades de análise e o período são diferentes.
3 METODOLOGIA
Este trabalho quanto aos seus objetivos é uma pesquisa descritiva e exploratória, tendo
em vista que se trata de uma pesquisa desenvolvida sob um tema que demanda mais
esclarecimentos, onde se explora a realidade em busca de maiores conhecimentos (GIL,
2007).
Referente aos procedimentos técnicos utilizados, essa pesquisa classifica-se como:
pesquisa bibliográfica, por meio da análise de livros, artigos, outras pesquisas científicas,
dicionários e enciclopédias (SILVA; MENEZES, 2012); pesquisa documental, por meio da
análise de documentos organizacionais (ALMEIDA, 2011); estudo de caso, envolvendo
estudo profundo e exaustivo das empresas da amostra, quanto à realidade das maiores e
melhores empresas de 2013 (SILVA; MENEZES, 2001).
Possui também características de análise de conteúdo, com o objetivo de compreender
o que se diz sobre determinado assunto consistindo em uma série de procedimentos que
geram indicadores, a partir dos quais são feitas as conclusões do estudo (ALMEIDA, 2011).
Para analisar o comportamento da distribuição de valor das empresas, utilizou-se para
a análise dos dados, o método indutivo, fundamentado na experiência, não levando em conta
princípios preestabelecidos (SILVA; MENEZES, 2001). No sentido de atingir o objetivo
deste artigo, foi utilizada a amostra intencional, que conforme Iudícibus e Martins (2000, p.
41) referem-se à amostragem intencional da seguinte forma: “de acordo com determinado
critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos que irão compor a amostra”.
A amostra foi composta por 25 (vinte e cinco) empresas do mercado brasileiro que
tiveram destaque entre as Maiores e Melhores da Revista Exame no ano de 2013, levando em
consideração as variáveis vendas líquidas e lucros. Para serem consideradas na amostra, as
empresas deveriam estar entre as cem maiores e melhores do ano de 2013 nos dois quesitos,
vendas líquidas e lucros. Foi utilizada a revista Exame para a seleção das empresas, pois a
mesma faz a análise sobre a economia e o ambiente de negócios brasileiros, sendo uma
grande referência de informações no mundo empresarial.
Assim, foram selecionadas as 25 empresas, que ao longo do período de 2010 a 2013
disponibilizaram em todos os quatro anos a demonstração do valor adicionado. No quadro 2,
consta a relação das empresas selecionadas para o estudo de caso, distribuídos por ramo de
atividade.
Quadro 2 – Relação das empresas utilizadas no estudo de caso, por ramo de atividade
Indústria Comércio Serviços
Cooperativa Agro-Industrial Brasileira –
Coamo
Ipiranga Produtos de
Petróleo S.A
TIM Participações S.A
Braskem S.A Brasil Foods S.A - BRF Telemar Norte Leste S.A
Fiat do Brasil S.A Cargill Agrícola S.A Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo – Sabesp
Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer JBS S.A Cielo S.A
ArcelorMittal Brasil S.A CRBS S.A Petrobrás Transportes S.A –
Transpetro
Whirlpool Latin America Natura Cosméticos S.A
Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás Sousa Cruz S.A
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN Via varejo S.A
Companhia de Eletricidade do Estado da
Bahia – Coelba
Companhia Brasileira de
Distribuição – GPA
Votorantim Cimentos S.A Lojas Americanas S.A
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizadas informações contidas na DVA
divulgadas pelas empresas nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013, que foram extraídas através
dos sites das entidades selecionadas. Com base nos dados apurados foi feita uma análise da
DVA de uma forma geral identificando os valores totais de geração e distribuição de valor das
empresas. Em seguida, foi analisada a segunda parte da demonstração que se refere à
distribuição do valor adicionado entre os ramos de atividades e posteriormente por seus
setores.
A metodologia da análise consiste na identificação de como se comporta durante o
decorrer dos anos a distribuição de valor para as partes interessadas, pelos diferentes ramos e
setores de atividade. As análises consistiram em verificar e comparar como se deu a
distribuição de valor nas empresas selecionadas. Os dados coletados foram analisados por
meio de tabelas e gráficos que esboçam o comportamento de cada ano e cada ramo e setor de
atividade, verificando como os mesmos estão distribuindo os valores adicionados.
Em seguida, procedeu-se à análise geral da distribuição do valor adicionado, por meio
da análise pelos 3 ramos de atividades: indústria, comércio e o de serviços, e posteriormente
nos setores de atividades: energia, auto-indústria, siderúrgica e metalúrgica, indústrias
diversas, telecomunicações, serviços, bens de consumo e comércio varejista, somando 8
setores de atividade.
4 RESULTADOS
A amostra conta com 25 empresas que apresentaram a DVA nos anos de 2010 a 2014
em todos os quatro anos sem exceção, foi agrupada por ramos de atividades e, posteriormente,
por setores. Conforme o ramo foram identificadas e analisadas 10 empresas industriais (40%
da amostra), 10 empresas comerciais (40% da amostra), e 05 prestadoras de serviços (20%).
As empresas industriais foram subdivididas pelos setores de: automotivos (2), diversos
(2), eletroeletrônicos (1), química e petroquímica (1), siderurgia e metalurgia (3) e energia (2).
As empresas de comércio foram divididas pelo setor de: atacado (1), comercio varejista (3) e
bens de consumo (6). As prestadoras de serviços entre os serviços: de transporte (1), diversos
(2), de telecomunicações (2).
O montante do valor adicionado das 25 empresas no ano de 2010 foi de
312.725.100,00 milhões de reais. Em 2011, o valor foi de 328.425.766,00 milhões de reais.
Para 2012, o valor adicionado foi de 351.281.605,00 milhões de reais. E, em 2013, o valor
adicionado total foi 387.424.261,00 milhões de reais. Nota-se ao decorrer dos anos um
crescente aumento nos valores a serem distribuídos.
A distribuição desta riqueza criada pelas empresas aos agentes que contribuíram para
sua formação está na Tabela 1.
Tabela 1 - Distribuição do valor adicionado - em % - 2010 a 2013
Ano/Agente Governo Empregados Juros e Aluguéis Sócios e Acionistas
Lucros
Retidos
2010 38,30 21,26 16,68 11,29 12,47
2011 36,49 22,22 21,60 8,43 11,26
2012 34,18 23,19 24,84 9,97 7,82
2013 34,37 21,55 24,12 9,93 10,03
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Verifica-se na tabela 1, que em todos os anos os impostos, taxas e contribuições
ocupam o primeiro lugar na distribuição da riqueza gerada. Representa a “fatia” que empresa
destina ao Estado, seja federal, estadual ou municipal. No ano de 2010, o segundo lugar foi
para pessoal e encargos, ou seja, valor que foi distribuído aos seus empregados. Nos demais
anos, o segundo lugar coube aos juros e aluguéis, o capital de terceiros.
Observou-se que o montante da riqueza criada pelas empresas no período de 2010 a
2013 apresentam-se em crescimento constante, notando-se um acréscimo real de 22,35%. A
parcela de riqueza distribuída aos empregados, na forma de salários e encargos teve um
decréscimo comparando os anos de 2010 a 2011 e nos anos posteriores havendo um
crescimento constante nos valores distribuídos.
A maior parte da distribuição é destinada aos impostos, taxas e contribuições, mesmo
assim a participação da carga tributária no valor adicionado total sofreu queda no decorrer dos
anos, caiu de 48,21% em 2010 para 45,37% em 2013, com redução de 2,84 pontos
percentuais, mesmo o valor adicionado sofrendo alterações positivas no decorrer dos anos.
Outro agente que apresentou constante crescimento é o valor das riquezas distribuídas
aos financiadores externos de capital, na forma de juros e alugueis. Em 2010, o percentual de
participação no valor adicionado era de 12,87 por cento, em 2011 passou para 16,13%,
19,61% em 2012 e finalizando em 2013 em 20,67%.
Já os financiadores internos de capital – juros sobre o capital próprio, dividendos e
lucros retidos teve variações de um ano para o outro. A maior distribuição para estes agentes
ocorreu em 2010, em 2012 foi a segunda maior distribuição de juros sobre o capital próprio e
dividendos o que não ocorreu da mesma forma com os lucros retidos onde a segundo maior
distribuição ocorreu em 2011.
4.1 Análise por Ramos de Atividade
No gráfico 1 é apresentado de forma sintética a distribuição do valor adicionado por
ramos de atividades (indústria, comércio e serviços) de 2010 a 2013.
Gráfico 1 – Distribuição do valor adicionado por ramos de atividades de 2010 a 2013.
34%33%
31%32%
41%42%
39% 39%
42%
37%
39%
37%
19%
21%
23%
21%
16%17%
15% 15%
26% 26% 26%25%
15%
9%10% 10%
8%
6%
10% 10%9% 9%
15%
11%
14%
25%
29%
25%
16%
18%
20% 20%19%
21%
18%
21%
18%
12%
7%
12%
19%
17%16% 16%
4%
7%
2%
6%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
2010 2011 2012 2013 2010 2011 2012 2013 2010 2011 2012 2013
DISTRIBUIÇÃO DE VALOR INDUSTRIA
DISTRIBUIÇÃO DE VALOR SERVIÇOS DISTRIBUIÇÃO DE VALOR COMERCIAL
Distribuição do Valor Adicionado por ramos de atividades Industria, Serviço e Comercio
nos anos 2010 a 2014
GOVERNO % EMPREGADOS % ACIONISTAS % FINANCIADORES % RETIDO %
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Analisando por ramo de atividade (indústria, comércio e serviços), nota-se que na
indústria, ramo com dez empresas analisadas, ocorre um aumento crescente no valor
adicionado gerados no decorrer dos anos.
A distribuição do valor adicionado neste ramo de atividade está exposta no gráfico 2,
onde se pode observar que a riqueza gerada pela indústria é crescente, sendo a maior parte
distribuída através dos pagamentos de impostos, taxa e contribuições, apesar de ser o maior,
nota-se um declínio no decorrer dos anos, em 2010 teve a representatividade de 34 % no valor
adicionado total já em 2013 último ano de análise o percentual foi de 32%. No segundo lugar
de maior percentual de distribuição vem o pessoal e encargos, oscilando entre os anos
analisados, capital de terceiros apresenta-se crescente entre os anos analisados tendo um
crescimento de mais de quinze pontos percentuais entre os anos de 2010 até 2012, em 2013
teve uma redução de 4 pontos percentuais.
Os juros sobre capital próprio e dividendos lucros e prejuízos retidos sofrem variações
no decorrer dos anos em 2010 e 2013, ocorreu maior percentual de distribuição de capitais
próprios e dividendos em 2010, e aos lucros retidos foi no ano de 2010 e apresentando o
mesmo percentual de distribuição em 2011 e 2013 com 12% do valor distribuído.
Nas empresas de serviços, a maior distribuição é referente aos impostos taxas e
contribuições havendo variação percentual entre os anos, variando de 39 a 42%, no ramo de
serviços o segundo lugar de maior distribuição de valor é os juros e aluguel que são os
capitais de terceiros seguido do valor distribuído ao pessoal e encargos, nos dois há variações
entre os anos, há maior percentual de lucros retidos do que distribuídos para o capital próprio
e dividendos.
No comércio, o percentual de distribuição para o governo é o maior, tendo oscilações
ao decorrer dos anos, em 2010 teve seu maior percentual distribuído de 42%, em 2011
diminui para 37% este percentual repetiu-se em 2013. A distribuição aos empregados
permaneceu inalterada em 2010 a 2012 sendo distribuídos 26% e em 2013 diminuiu 1 ponto
percentual.
O capital de terceiros não teve mudanças significativas ficou em torno de 20%, os
lucros tiveram sua maior distribuição em 2011 com representando de 7%.
Fazendo uma comparação entre os ramos de atividades no gráfico 1 é possível
identificar as distribuições dos três ramos de atividades nos anos de 2010 a 2013, a
distribuição para o governo teve o seu maior percentual de 42% em 2011 no ramo de serviços
e em 2010 no ramo de comércio com o mesmo percentual. O setor de comércio é o que mais
distribui valor adicionado em todos os anos analisados. Os lucros retidos têm um percentual
maior de distribuição no ramo de serviços.
4.2 Análise por setores de Atividade
Como anteriormente informado, a amostra nesse trabalho é composta por 25 empresas,
distribuída em três ramos de atividades e doze setores. Para alguns setores a avaliação setorial
não é feita, por ser composta de uma única empresa, que são os setores de química e petróleo,
eletroeletrônica, transporte e de atacado. Os setores analisados são os de energia (02
empresas), auto indústrias (02), siderúrgica e metalúrgica (02), indústrias diversas (02),
telecomunicações (02), serviços diversos (02), bens de consumo (06) e varejo (03).
O governo é principal agente na distribuição do valor adicionado, com cerca de 50%
do valor a ser distribuído.
O capital de terceiros é o agente que mais vem crescendo ao longo dos anos, em 2010
sua distribuição foi representada por 9% do valor total distribuído enquanto que em 2014
chegou a 22% um aumento de 13 pontos percentuais, um crescimento significativo
comparando-se ao crescimento dos demais agentes, os empregados e lucros retidos são os
agentes de menores parcelas de distribuição, com variação moderada entre os anos, mesmo
assim teve crescimento de 3% para os empregados, pois em 2010 foi distribuído era de 8% no
ano seguinte não houve alteração, nos anos de 2012 e 2013 aumentou para 10 e 11%
respectivamente.
O setor de auto indústria está se mostrando um setor de exceção entre os demais, pois
é o único em que a parte distribuída ao governo não está em primeiro lugar. A autoindústria
tem sua maior parcela de distribuição, destinada aos lucros retidos - em 2012 teve sua maior
distribuição, chegou a 46% do valor adicionado, seguido de 2010 que foi 45% do valor total
distribuído, em 2013 foram 42%, e o ano em que houve menor percentual de distribuição,
2011 com representatividade de 40%.
O segundo agente com maior distribuição percentual de valor adicionado é pessoal e
encargos. Contudo, ao decorrer dos anos, nota-se queda de 5% comparando-se os anos de
2010 a 2013. Somente a terceira parte da distribuição vai para o governo, principal
arrecadador de riqueza nos demais setores, havendo um aumento de 7% no decorrer dos anos,
em 2010 seu percentual era de 16%, aumentou para 17% em 2011, 2012 teve um aumento
mais representativo de 5% indo para 22%, e, em 2013 finalizou com 23%.
A parcela de capital de terceiros e de capitais próprios são as menores não chegando
em nenhum mês a representar 10% do valor adicionado.
Nas indústrias diversas há uma uniformidade de distribuição, os impostos com a maior
“fatia” distribuem ao governo no ano de 2010, 32% do valo adicionado total, em 2011 sobe
para 34, e nos anos seguintes tem queda no seu percentual para 24% em 2012 e 28% em 2013.
O pessoal e encargos ao decorrer dos anos têm um aumento de 7% no decorrer dos anos, o
capital próprio também aumentou no passar dos anos, em 2010 tinha 26% caiu para 22 em
2011, e depois aumentou para 30 e 31 em 2010 e 2011.
No setor de telecomunicações pode-se notar que a parcela destinada ao governo no
decorrer dos anos é acima de 50%, chegou em 2011 ao maior percentual com 60% do valor
adicionado distribuído ao governo, capital de terceiros tem a segunda maior distribuição
ficando em torno de 20%, em 2012 foi sua maior distribuição com 29%, chama atenção a
parcela destinada aos empregados pois é baixa, em nenhum dos anos ela chega a representar
10% do valor distribuído.
O setor de serviços diversos tem uma distribuição mais uniforme entre os seus
agentes, os impostos em torno de 30% a variação de 2010 para 2014 chega a ser somente de 2
pontos percentuais, lucros retidos em 2010 chegou a 26% manteve-se em 2011 com mesmo
percentual teve um aumento para 2012 de 29% e em 2013 baixou um ponto percentual
ficando com 28%, pessoal e encargos ficou com 15% em 2010 passando por 19% e 16% em
2011 e 2012, em 2013 passou para 17% e capital próprios ficou entre 10% a 15% no decorre
dos anos.
No setor de bens de consumo há um diminuição ao longos dos anos na distribuição do
valor adicionado ao governo e aos empregados, o governo em 2010 tinha o percentual de 46%
, chegando em 2013 a 38% diminuição de 8% ao decorrer de quatro anos, os empregados
também tiveram diminuição de valor adicionado em 2010 ficou com a fatia de 25% em 2011
e 2012 24% e 2013 com 22%,o capital de terceiro se comportou inversamente, teve uma
crescente na sua parte de distribuição, começou em 2010 com 14% e em 2014 já estava com o
percentual de distribuição de 25% um aumento de 11% no decorrer dos anos.
O comércio varejista tem uma diminuição no decorrer dos anos dos impostos, taxas e
contribuições de 9% ao decorrer dos anos de 2010 a 2013, e um aumento na distribuição aos
empregados, em 2010 e 2011 o valor destinado a este agente era de 28%, deu um salto em
2012 distribuindo 36% e um leve diminuição em 2013 passando para 32%, capital de terceiro
ficou com 30% em média.
O gráfico 2 detalha de forma simplificada a distribuição do valor adicionado ao
governo de todos os setores e anos analisados, para uma melhor visualização do seu
desenvolvimento no decorrer do tempo. O gráfico 3 refere-se a parte da distribuição aos
empregados. O comércio varejista é o setor que no decorrer dos anos de 2012 e 2013 tem os
percentuais de distribuição maiores entre os setores.O gráfico 4 representa a distribuição ao
capital de terceiros. E, o gráfico 5 refere-se à distribuição aos sócios e aos dividendos.
Observa-se que o setor de energia se destaca como o setor que mais distribuiu valor
adicionado ao governo, chegando em 2011 e 2012 a distribuir 59% do valor adicionado total.
A maior distribuição feita ao governo nos períodos analisados aconteceu no ano de 2011 pelo
setor de telecomunicações, o setor com menor distribuição ao governo é o da autoindústria.
Gráfico 2 – Comparativo da distribuição ao governo em %.
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
O setor de telecomunicações é o que menos distribuiu valor adicionado aos seus
empregados a sua parcela de distribuição não chega em nenhum dos anos analisados a
representar 10% do total distribuído, o setor de energia também tem valor o percentual de
distribuição baixo em relação aos demais setores analisados em 2010 e 2011 distribuiu 8%,
em 2012 distribuiu 10% e em 2013 chegou a distribuir 11% seu maior percentual no período.
O gráfico 4 representa a distribuição no decorrer dos anos de 2010 a 2014 da
distribuição de terceiros. O setor de siderúrgica e metalúrgica teve crescimento em 2011
comparando com 2010 de 14%, e de 2011 para 2012 cresceu mais 18% em 2013 teve uma
baixa de 6%, passou a ser a partir de 2011 o setor de maior distribuição nos anos analisados.
A autoindústria é o setor com menor distribuição de valor para os terceiros em todos os anos
da pesquisa.
Gráfico 3 – Comparativo da distribuição aos empregados em %.
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Gráfico 4 – Comparativo da distribuição aos terceiros em %.
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
No que concerne à distribuição ao capital próprio e dividendos, o setor de indústrias
diversas se destaca como o setor que mais distribuiu valor adicionado a estes agentes, variou
de entre 22% em 2011, 26 em 2010, 30 e 31% em 2012 e 2013 respectivamente. O percentual
de distribuição para este agente nos demais setores analisados não é tão expressiva quanto na
distribuição para o governo e pessoal.
Numa análise geral dos resultados pode-se perceber que os impostos representam o
maior beneficiário do valor adicionado distribuído, os empregados e o capital de terceiros tem
distribuição relevante alternando-se entre o segundo lugar, o capital próprio e lucros e
prejuízos tem uma distribuição menor em quase todos os setores sendo exceção o setor de
autoindústria e indústria diversas que tem uma parcela relevante nos setores de lucros e
capital próprios respectivamente.
Gráfico 5 – Comparativo da distribuição aos sócios e acionistas em %.
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
No presente estudo observou-se que no cenário atual as empresas estão cada vez mais
percebendo a importância do seu papel dentro da sociedade. A DVA se configura como um
excelente detentor de informações não só para a entidade, mas também para a sociedade em
geral, por trazer informações claras e de simples compreensão.
Nesta pesquisa identificou-se que a maior parte do valor adicionado é distribuído para
o governo, através de impostos, taxas e contribuições - este resultado não possui variação,
independente do ramo de atividade da empresa. Os demais agentes sofrem alterações
dependendo do seu ramo de atuação. Pessoal e encargos e Capital de terceiros se intercalam
entre o segundo lugar na distribuição do valor adicionado. Somente no ramo do comércio que
o pessoal e encargos tem maior valor distribuído em todos os anos da pesquisa.
Esta pesquisa confirma a teoria de Santos, Ribeiro e Cunha (2005) que o governo é o
agente que mais recebe valor adicionado através dos impostos, taxas e contribuições, não se
confirmando a informação que o segundo lugar de maior distribuição é para pessoal e
encargos.
5 CONCLUSÕES
Este estudo discorreu sobre o valor adicionado, focando na sua distribuição às partes
interessadas na geração de riqueza, seguindo à análise da Demonstração do Valor Adicionado
(DVA) divulgadas pelas empresas selecionadas entre os anos de 2010 a 2013. Identificou-se
também a forma de distribuição riqueza entre os stakeholders, e, analisou-se o
comportamento da distribuição do valor entre os ramos e setores de atividades.
A pesquisa realizada respondeu ao problema e atingiu seus objetivos na medida em
que se pode observar o comportamento da distribuição do valor adicionado entre as 25
maiores e melhores empresas com atuação no mercado brasileiro, elencadas no ranking das
maiores e melhores em vendas e lucros segundo a revista Exame no ano de 2013.
A pesquisa realizada atingiu seus objetivos à medida que se realizou a análise do
comportamento da evolução da DVA nas empresas selecionadas para a pesquisa. Discorreu
sobre o crescimento e a geração de valor, conceituou a demonstração do valor adicionado e,
empiricamente, analisou, com o estudo de caso nas 25 empresas da amostra, a riqueza
distribuída nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013.
Pode-se verificar que a maior distribuição do valor adicionado na pesquisa realizada
destinou-se ao governo através dos Impostos, taxas e contribuições, corroborando os achados
de Ribeiro e Cunha (2005). Pessoal e encargos e Capital de terceiros apresentam uma
alternância entre os anos de qual agente distribui maior valor adicionado. E, Capital próprio e
lucros retidos tem, entres os agentes, a menor parcela de distribuição.
Verificou-se na pesquisa realizada que a distribuição do valor adicionado apresentou
variações significativas em relação a cada setor de atividade, conforme apontado por Tomaz e
Nunes (2015), contudo, o governo se manteve com a maior “fatia” do valor adicionado.
O pressuposto inicial foi confirmado, tendo em vista que em cada ano analisado o
valor total distribuído foi crescente em relação ao ano anterior e, consequentemente, houve
uma maior distribuição aos stakeholders.
Como restrições de pesquisa, pode-se destacar a falta de divulgação da DVA em
alguns anos, que não foram disponibilizadas pelas empresas, o que causou uma redução
expressiva da amostra. Pode-se destacar também a abordagem a atingir os objetivos traçados,
que não levou considerou ferramentas econométricas robustas, como para analisar a causa e
efeito.
O trabalho aqui realizado trata-se apenas de uma frente para novas pesquisas, no
sentido de que o assunto aqui discorrido é de grande importância e foi estudado de forma
limitada. Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se sugerir o maior aprofundamento nas
questões tributárias por ser o agente que mais obtém valor adicionado, e também se sugere um
estudo voltado para as questões dos benefícios que o valor adicionado distribuído aos
empregados, traz aos mesmos.
Ressalta-se que a questão da divulgação e mensuração da riqueza pelas empresas bem
como a sua distribuição para as partes interessadas que contribuíram para sua geração, tratam-
se de informações que podem apontar que o resultado da empresa depende da motivação de
todos os envolvidos. Entretanto, essa discussão ainda é incipiente no Brasil, cabendo novos
estudos e pesquisas a aperfeiçoarem estes pressupostos.
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