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Análise da Situação de Saúde na Região Nordeste com foco nos Determinantes Sociais da Saúde Eduardo Freese* Eduarda Cesse* *Docentes-Pesquisadores do Dep. de Saúde Coletiva-Nesc/ CPqAM/ Fiocruz-PE

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Análise da Situação de Saúde na

Região Nordeste com foco nos

Determinantes Sociais da Saúde

Eduardo Freese*

Eduarda Cesse*

*Docentes-Pesquisadores do Dep. de Saúde Coletiva-Nesc/ CPqAM/ Fiocruz-PE

Introdução

Recife, 2013 2 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Busca milenar por compreender as possíveis causas

de adoecimento e morte

Várias, distintas e contraditórias “explicações

causais” do processo saúde-doença

Concepções, modelos explicativos e determinantes:

Concepções sobrenaturais através de crenças e religiões

(Doença como “castigo” e “curas milagrosas”)

Modelos Técnico-Científicos

(Expressam os paradigmas dominantes)

Determinantes históricos, políticos, econômicos e sociais (Doença como fato social)

Introdução

Recife, 2013 3 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Contribuições:

Hipócrates (400 a.C.)

Friedrich Engels,

Rev. Industrial,

Inglaterra

(séc. XIX)

John Snow

(Epidemia do cólera

em Londres – 1854)

Influência da água, do ar e dos lugares

No início do capitalismo, escreve e

denuncia a deterioração e precariedade das

condições de vida, trabalho e moradia.

Identifica os dois principais mecanismos

de transmissão do cólera. Responsabiliza

a água distribuída para o consumo e a

transmissão interpessoal, ainda sem

conhecer o agente infeccioso.

Introdução

Recife, 2013 4 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Contribuições:

Pós 2ª Guerra

Mundial

(a partir de 1945)

Epidemiologia e

Clínica

Autores Latinos

(a partir de 1980)

Mudanças na relação Estado-Sociedade.

Melhoria das condições de vida e trabalho.

Polarização política e ideológica de

blocos.

Sobre a situação de saúde e fatores de risco

para doenças infecciosas e DCNT

Retomam, enfatizam e avançam em

estudos sobre os DSS. Ex: Arouca,

Breilh, Laurell, Possas, Buss,

dentre outros.

Introdução

Recife, 2013 5 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Comissão Nacional

Sobre DSS

Conferência Mundial

sobre DSS da OMS

Criação em 2006. Relatório sobre causas

das iniquidade em saúde no Brasil (2008)

Realizada, em 2011 no Rio de Janeiro,

com desdobramentos importantes.

Conferência Regional

sobre DSS – NE, 2013.

Contribuições:

Recife, 2013 6 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Antecedentes e determinantes políticos, econômicos e sociais,

das desigualdades e da situação em Saúde no Nordeste:

Século XV

Autonomia de organização política, econômica, cultural e religiosa

dos diversos povos indígenas, únicos habitantes da região.

Equilíbrio destes povos com a natureza na coleta de alimentos,

caça e pesca.

Recife, 2013 7 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Século XVI

Início do colonialismo: dominação portuguesa do espaço

geopolítico, econômico, cultural e religioso.

Ampliação do Império Colonial Português no chamado “NOVO

MUNDO”.

Apropriação com extrativismo intensivo de riquezas naturais a

partir do litoral.

Implantação do conceito de territorialidade. Espaço ocupado

recebe o nome de Brasil.

Recife, 2013 8 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Século XVI ao XVIII

Evolução do colonialismo:

Instalações do Sistema de capitanias no Brasil e no NE (1534

e 1536) e inicio do Coronelismo no interior do NE.

Extrativismo associado com ampliação do plantio e

comercialização das monoculturas da cana de açúcar, cacau e

algodão no NE.

Início da escravatura de índios e de negros trazidos da África

pelo Colonizador (Século XVI).

Recife, 2013 9 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Século XVI ao XVIII

Evolução do colonialismo:

Invasões e disputas coloniais no Brasil e no NE por Holandeses

(1630/1654) e Franceses (1612) pela apropriação de terras e

exploração comercial, principalmente do açúcar produzido.

Apropriação e concentração das terras (latifúndios) pelos

“coronéis” e ampliação da produção agro-açucareira e da

pecuária no NE.

Fim do colonialismo Português no século XVIII. Formalização da

Independência do Brasil (1789).

Recife, 2013 10 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Início da 1ª República (1889) e início do Federalismo no Brasil

com a 1ª Constituição (1891).

Século XIX e XX

Reduzidos investimentos em políticas públicas e, particularmente,

de saúde no final do Século XIX e início do Século XX foram

determinantes para a predominância e negligenciamento de doenças

infecciosas e parasitárias, epidêmicas e endêmicas.

Alternância de períodos democráticos e de ditaduras militares

ou de civis apoiados pelos militares (1939-45) e (1964-1990).

Fim oficial da escravidão no século XIX, com a Lei Áurea (1888).

Recife, 2013 11 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Início da industrialização do Sudeste com investimentos públicos

e privados, a partir de 1930 e incremento a partir de 1950.

Século XX

A partir de 1930 ocorre a oficialização da divisão regional do

território brasileiro. Apenas em 1937-38 o Nordeste aparece

constituído como região no mapa confeccionado pelo IBGE e pelo

Conselho Nacional de Geografia.

2ª Guerra Mundial gerou profundas alterações nas relações entre o

Estado e a Sociedade em países e regiões dos cinco continentes.

Recife, 2013 12 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Ampliação da migração rural-urbana do NE para o Sudeste,

principalmente São Paulo, e também para as principais capitais do

Nordeste, especialmente a partir de 1950.

Século XX

Urbanização precária e ampliação de desigualdades entre as

macrorregiões, concentração de renda, exclusão social de grandes

parcelas das populações rurais e urbanas.

Tentativa/início de industrialização no NE (criação da SUDENE-

anos de 1960). Nas últimas décadas, diversificação econômica do

setor industrial, agroexportador, do turismo e do setor de serviços.

Recife, 2013 13 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986) e

promulgação da nova Constituição Brasileira (1988), com um

capítulo sobre seguridade social. Esta estabeleceu a criação do

SUS, baseado nos princípios de universalidade, equidade,

integralidade das ações e controle social.

Século XX

Processos de municipalização da saúde com programas de

atenção básica através de recursos Federais, Estaduais e

Municipais que ampliaram a cobertura do sistema de Saúde.

Recife, 2013 14 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

No final do século XX e início do XXI ocorre a redemocratização

nas relações Estado-Sociedade no Brasil.

Século XXI

Investimentos em políticas públicas e, ampliações do emprego e da

renda, aceleraram os processos das transições demográficas,

epidemiológica e nutricional. Predomínio das doenças crônicas

(diabetes, hipertensão, etc.), diferentes tipos de câncer, redução da

mortalidade infantil e incremento da expectativa de vida com

aumento da proporção de idosos e entre outros agravos, aumento

das causas externas.

Recife, 2013 15 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Permanece ainda hoje a concentração da população nas regiões

metropolitanas de todas as capitais do país, com um inadequado

IDH, incompatível com a 5ª ou 6ª economia do mundo,

considerando o PIB.

Século XXI

Permanece também elevada a concentração de renda no Sudeste e

Sul do país, em relação ao Nordeste, Centro-Oeste e Norte e

permanecem grandes desigualdades entre as classes sociais.

Recife, 2013 16 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Criação da CNDSS (2006) por Decreto Presidencial

Século XXI

Na última década, uma série de políticas de “Welfare State” estão

sendo revistas e reduzidas, particularmente, nos países Europeus

com perdas importantes para a classe trabalhadora. Esta grave

“crise internacional” tem gerado, no setor privado e público,

desemprego, redução salarial, elevação do tempo para

aposentadoria, etc, e ainda desinvestimento em saúde e educação

no setor público, com repercussões recentes e importantes em

diversos outros países nos vários continentes.

Recife, 2013 17 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Características da formação

social no Nordeste

Realização em 2011 da Conferência Mundial sobre DSS

organizada pela OMS no Rio de Janeiro, com apoio do Ministério

da Saúde do Brasil, através da Fiocruz, favorecendo a ampliação da

discussão sobre sistemas equânimes em saúde a partir do principio

da universalidade em um movimento internacional sobre este tema.

Século XXI

Século XVI ao XXI

Processo secular de secas periódicas no Semiárido Nordestino,

do Piauí até a Bahia, gerando exclusão social e graves prejuízos

econômicos à região.

Recife, 2013 18 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

27,8 % da população Brasileira

13,5 % do PIB do Brasil

Apenas 4 estados superam 1% no PIB

Bahia = 4,1%

Pernambuco = 2,5%

Ceará = 2,1%

Maranhão = 1,2%

(IBGE, 2010)

Renda per capita anual =

R$ 9.561, 41

Brasil = R$ 19.766, 33

*Até 50.000 hab.

**Acima de 100.000 hab. 19 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

(IBGE, 2010)

Região do Semiárido do Nordeste

1.135 municípios

22 milhões de hab.

Municípios de Pequeno Porte* Municípios de Grande Porte**

93,4%

62,2% 18,3%

1,6 %

12% da pop. do Brasil

Recife, 2013 20 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

(IBGE, 2010)

Taxa de

urbanização

NE

1950 1980 2010

26,4% 50,5% 73,1%

Estados do NE

taxa de urbanização

< 70%

> 70%

MA = 63,3%

PI = 65,8 %

PE = 80,2%

RN = 77,6%

PB = 75,4%

CE = 75,1%

AL = 73,6%

SE = 73,5%

BA = 72,1%

Recife, 2013 21 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

(PNUD, 2013)

IDH do Brasil ocupa a 85º posição no ranking mundial

Próximo ao de países como a Colômbia, a Venezuela e o Peru.

Inferior a países como a Argentina (40º Posição) e ao Chile (45º).

61,3% dos municípios do NE

apresentam IDM municipal

caracterizado como baixo

Recife, 2013 22 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

(PNUD, 2013)

Melhora IDHM dos municípios da região NE – 1991-2000-2010

Entretanto, os estados

do NE apresentam os

piores índices do país

16 º Rio Grande

do Norte

17 º Ceará

18 º Amazonas

19 º Pernambuco

20 º Sergipe

21 º Acre

22 º Bahia

23 º Paraíba

24 º Pará

25 º Piauí

26 º Maranhão

27 º Alagoas

Recife, 2013 23 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Escolaridade Faixa Etária Nordeste Brasil

Analfabetismo 10 - 14 anos 3,7% 1,9%

≥ 15 ano 16,9% 8,6%

Ensino Médio

Concluído

Até 16 anos 53,6% 64,9%

Até 19 anos 41,4% 51,1%

Desigualdades e escolaridade.

Recife, 2013 24 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Estudo recente divulgado pelo Centro de Estudos, Políticas e

Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde, aponta:

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ., 2013

Pop. servida

por água

Quanto maior for a escolaridade, maior o acesso

ao abastecimento de água potável. Entretanto,

essas diferenças não parecem ser

“significativas”.

Entretanto, neste estudo não foram pesquisadas as grandes

diferenças no abastecimento nas áreas urbanas e rurais

(Área metropolitana X Semiárido do Nordeste).

Recife, 2013 25 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Área

metropolitana

Redes secas

Área rural Cisternas e Poços

Caminhões “pipa”

Fornecimento intermitente em vários bairros

Compra de botijões de água para a ingesta

Poços artesianos

Recife, 2013 26 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Destino do

lixo

Quanto maior for a escolaridade, maior a

proporção de pessoas servidas.

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ., 2013

0-3 anos de

escolaridade

≥15 anos de

escolaridade

64%

97%

Região

Nordeste ANO

2009

Recife, 2013 27 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Destino dos

dejetos

(2009)

NE abaixo da média brasileira de população

servida por esgotamento sanitário

BR = 70% NE = 51%

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ., 2013

Proporção maior de pop.servida por esgotamento

sanitário quanto maior for escolaridade, no NE:

0 a 3 anos de escolaridade = 41%

≥ 15 anos de escolaridade = 51%

Dentre 9 áreas metropolitanas estudadas das várias regiões do país,

Recife apresenta as piores condições

Recife, 2013 28 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores Socioeconômicos e Ambientais

Verifica-se melhorias no período (2001-2009) de acesso à água

para consumo, a coleta de lixo, sendo que o destino dos dejetos é

ainda um grande desafio a ser superado, principalmente para a

pop. com menos anos de escolaridade.

Visando garantir um desenvolvimento sustentável da região é

ainda necessário: o controle da poluição atmosférica (industrial

e de veículos), preservação das áreas verdes nas cidades, das

praias e águas dos rios, e preservação do restante da Mata

Atlântica e da Caatinga no semiárido nordestino.

Recife, 2013 29 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Demográfica

Indicador 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Taxa

fecundidade

total

BR 6,2 6,3 5,8 4,4 2,9 2,3 1,8

NE 7,5 7,4 7,5 6,2 3,7 2,6 2,0

Índice de

envelhecimento

BR 10,3% 11,2% 12,4% 15,9% 20,9% 28,9% 44,8%

NE --- --- 11,5% 14,7% 18,4% 25,4% 38,6%

Fonte: VASCONCELOS; GOMES, 2012

Evolução das taxas de fecundidade e do índice de envelhecimento no Brasil

e no Nordeste do país (Brasil, 1950-2010).

Recife, 2013 30 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Demográfica

Redução das taxas de natalidade, fecundidade

e aumento da proporção de idosos.

Ano:

2030

Aumento da

Expectativa de vida

216,4 milhões de hab. População do País

Proporção

Mulheres = 81,9 anos

Homens = 78,3 anos

Até 14 anos: 24,5%

Idosos: 29,1%

Recife, 2013 31 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Redução da mortalidade infantil no Brasil e nas macrorregiões do país (1930-2010).

Macrorregião 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Norte 193,3 166 145,4 122,9 104,3 79,4 44,6 29,5 18,1

Nordeste 193,2 187 175 164,1 146,4 117,6 74,3 44,7 18,5

Sudeste 153 140 122 110 96,2 57 33,6 21,3 13,1

Sul 121 118 109 96 81,9 58,9 27,4 18,9 12,6

Centro-Oeste 146 133 119 115 89,7 69,6 31,2 21,6 14,2

Brasil 162,4 150 135 124 115 82,8 48,3 29,7 15,6

Redução acentuada em todas as regiões;

Entretanto, ainda maior que nos país desenvolvidos.

Fonte: IBGE

Recife, 2013 32 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Região/Escolaridade Aids DIP

Brasil

0 – 3 anos 11,6 167,3

4 – 7 anos 13,6 79,1

8 – 11 anos 4,9 24,2

% óbitos s/ escolaridade 30,8 31,3

Nordeste

0 – 3 anos 5,4 110,4

4 – 7 anos 7,3 42,7

8 – 11 anos 3,7 16,2

% óbitos s/ escolaridade 36,4 34,7

Decrescem as taxas com

maior número de anos

de escolaridade

Óbitos sem escolaridade

informada são elevados

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ, 2013

Taxa de Mortalidade Específica, segundo escolaridade, 2009.

Recife, 2013 33 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Região/Escolaridade Aids DIP

Fortaleza

0 – 3 anos 10,4 179,5

4 – 7 anos 11,8 73,3

8 – 11 anos 4,1 19,7

% óbitos s/ escolaridade 20,1 39,0

Recife

0 – 3 anos 20,9 162,3

4 – 7 anos 18,6 118,7

8 – 11 anos 7,2 32,1

% óbitos s/ escolaridade 51,5 64,2

Salvador

0 – 3 anos 12,6 161,8

4 – 7 anos 15,0 68,8

8 – 11 anos 5,2 23,1

% óbitos s/ escolaridade 46,7 43,8 Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ

Taxa de Mortalidade

Específica nas regiões

metropolitanas, segundo

escolaridade, 2009.

Decrescem as taxas com

maior número de anos

de escolaridade

Óbitos sem escolaridade

informada são elevado

Recife, 2013 34 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Região/Escolaridade DIC DCV Dibetes NEO

Brasil

0 – 3 anos 169,4 206,3 108,8 255,8

4 – 7 anos 79,0 71,2 37,5 144,3

8 – 11 anos 25,0 18,3 9,5 54,9

% óbitos s/ escolaridade 30,8 29,8 28,7 28,9

Nordeste

0 – 3 anos 131,0 172,6 108,1 176,2

4 – 7 anos 47,5 44,3 20,0 79,7

8 – 11 anos 17,9 14,5 8,9 38,2

% óbitos s/ escolaridade 30,2 30,6 28,3 29,9

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ, 2013

Taxa de Mortalidade Específica por DCNT, segundo escolaridade, 2009.

Recife, 2013 35 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Região/Escolaridade DIC DCV Diabetes Neo

Fortaleza

0 – 3 anos 106,9 210,2 98,6 262,0

4 – 7 anos 47,4 71,8 37,1 139,0

8 – 11 anos 16,2 17,1 5,8 47,9

% óbitos s/ escolaridade 34,7 37,0 25,6 38,0

Recife

0 – 3 anos 261,2 219,3 133,5 231,4

4 – 7 anos 152,7 79,6 44,7 152,0

8 – 11 anos 44,3 31,6 12,3 72,6

% óbitos s/ escolaridade 64,6 59,2 54,4 46,2

Salvador

0 – 3 anos 88,9 199,7 130,0 294,5

4 – 7 anos 53,5 66,9 43,5 126,8

8 – 11 anos 18,1 20,9 9,7 54,8

% óbitos s/ escolaridade 32,9 48,6 34,2 29,5

Recife, 2013 36 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

DCNT

As DIC, o Diabetes, AVC e Neoplasias malignas

apresentam as mais elevadas taxas de mortalidade na pop.

acima de 15 anos, no Brasil, na região Nordeste e nas

áreas metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador.

Estas também decrescem quanto maior for o tempo de

escolaridade. As mais elevadas estão entre os que têm

menos anos de estudo (0 a 3 anos).

Recife, 2013 37 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Região/Escolaridade Acid. Trans. Homicídios % Mal

definidas

Brasil

0 – 3 anos 30,9 46,6 8,7

4 – 7 anos 37,5 66,5 5,6

8 – 11 anos 18,1 17,1 4,3

% óbitos s/ escolaridade 32,8 30,1 33,8

Nordeste

0 – 3 anos 28,4 53,3 8,7

4 – 7 anos 33,8 83,1 5,1

8 – 11 anos 15,9 19,5 4,3

% óbitos s/ escolaridade 28,4 32,5 36,8

Fonte: CEPI/ DSS/ ENSP/ FIOCRUZ, 2013

Taxa de Mortalidade Específica, segundo escolaridade, 2009.

Recife, 2013 38 Eduardo Freese

Eduarda Cesse

Região/Escolaridade Acid. Trans. Homicídios % Mal

definidas

Fortaleza

0 – 3 anos --- 92,2 8,1

4 – 7 anos --- 92,1 4,4

8 – 11 anos --- 14,7 3,6

% óbitos s/ escolaridade --- 41,4 34,7

Recife

0 – 3 anos 24,7 104,8 1,4

4 – 7 anos 31,4 162,9 1,3

8 – 11 anos 14,4 29,9 1,4

% óbitos s/ escolaridade 10,0 12,1 50,1

Salvador

0 – 3 anos 14,5 189,7 10,1

4 – 7 anos 11,3 172,9 9,0

8 – 11 anos 5,1 25,2 11,0

% óbitos s/ escolaridade 8,8 2,9 29,0

Recife, 2013 39 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Acid.

Trans.

Maiores TM na pop. com menos anos de estudo. Vale referir a “epidemia” de acidentes de moto vitimando

majoritariamente os jovens nas cidades do NE, de grande e médio porte, com grande impacto nos serviços de

urgência e emergência do SUS, na Previdência Social e nas famílias.

Recife, 2013 40 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Homic.

As TM das regiões metropolitanas estudadas superam a

média brasileira e inclusive do Nordeste, considerando

os níveis de escolaridade (0-3, 4-7 e 8 e mais);

Em Salvador, observam-se taxas mais elevadas da região NE;

Nas três regiões metropolitanas as taxas de homicídios na pop. acima de 15 anos são cerca de 5 a 6 vezes maiores entre aqueles com menor nível de escolaridade, quando comparados aos que têm mais de 8 anos de escolaridade;

Recife, 2013 41 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Epidemiológica

Mal

def.

Apesar de observamos uma redução ao longo dos anos, ainda se apresentam elevados na média do país, na região Nordeste e nas áreas metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador.

Destacam-se altas proporções de óbitos por causas mal definidas entre óbitos sem informação quanto à escolaridade. Em Recife chega a 50,1% os óbitos por causas mal definidas sem informação quanto à escolaridade.

Recife, 2013 42 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Condições de Vida

Indicadores do Processo de Transição Nutricional

Passagem de um estado de desnutrição grave e moderada até

os anos 1980 para uma situação de sobrepeso e obesidade nas

várias classes sociais, e em crianças, adolescentes e adultos.

Situação de fome crônica parecem relativamente superados a

partir do bolsa família e de melhoras nos índices de emprego e

renda no Nordeste

A segurança alimentar no semiárido do Nordeste requer

atenção permanente.

Recife, 2013 43 Eduardo Freese Eduarda Cesse

O enfrentamento em Saúde Pública a

partir dos Determinantes Sociais e o

SUS

Dependem do fortalecimento do Estado Democrático no país, e

da articulação entre os poderes do Estado e da Sociedade.

Ampliação dos investimento e priorização em Políticas

Públicas intersetoriais de forma articulada em Saúde, Educação,

Transporte, Mobilidade, Segurança, Saneamento, Moradia, etc.

Cumprimento dos princípios constitucionais do SUS de

Universalidade, Equidade, Integralidade e Controle Social com

garantia de investimentos nas três instâncias de governo.

Saúde como direito e dever do Estado (Const 1988)

Recife, 2013 44 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Ampliar, consolidar, inovar e fortalecer os Sistemas de Informação

em Saúde, principalmente sobre a morbidade, fortalecendo o

planejamento, monitoramento, avaliação e tomada de decisão dos

gestores.

Implantação de plano de carreira, cargos e salários dos

profissionais de saúde de nível universitário e técnicos.

O enfrentamento em Saúde Pública a

partir dos Determinantes Sociais e o

SUS

Recife, 2013 45 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Capacitação em nível de graduação/residência/especialização e

mestrado profissional nas diversas áreas da saúde , como:

epidemiologia, planejamento, gestão, avaliação, entre outras áreas

estratégicas. Utilizar mecanismos de educação permanente

presencial e à distância, e de vídeo conferências.

Planejamento e execução de programas e ações de vigilância na

atenção básica de doenças endêmicas e epidêmicas (

esquistossomose, dengue, etc), assim como para as DCNTs

(diabetes, enfermidades oftalmológicas, osteoporoses, etc)

O enfrentamento em Saúde Pública a

partir dos Determinantes Sociais e o

SUS

Recife, 2013 46 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Novos investimentos em C&T e Inovação com desconcentração

de recursos do Sul e Sudeste para as regiões Nordeste, Centro-

Oeste e Norte.

Melhoria de qualidade da atenção do SUS e inovações na gestão e

na governança do sistema, como os Consórcios Municipais de

Saúde nos diferentes níveis de atenção (básica, especializada,

hospitalar e de urgências e emergências).

O princípio e a visão de Universalidade e Equidade do Sistema

de Saúde deve se expandir num movimento de caráter global,

visando o caráter da cidadania de milhões de pessoas nos vários

países e continentes.

O enfrentamento em Saúde Pública a

partir dos Determinantes Sociais e o

SUS

Recife, 2013 47 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Considerações Finais

No texto de referência para esta Conferência sobre os DSS foram

apresentados diversas situações e fatos históricos fundamentais na

formação social do país e do Nordeste: colonialismo, escravatura,

coronelismo, descriminação contra a mulher, estado republicano,

processos de urbanização desordenados e concentração de renda

como determinantes das atuais condições de vida.

Recife, 2013 48 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Considerações Finais

As desigualdades ainda existentes no século XXI no Nordeste e no

Brasil e a nível global são inaceitáveis e contrárias aos direitos de

cidadania com as atuais e futuras gerações.

O documento final da Conferência Mundial da OMS de 2011,

intitulado ” Declaração e Política do Rio sobre os Determinantes

Sociais da Saúde” reitera o princípio da equidade em saúde.

Um dos princípio de ação nos níveis global, nacionais e locais é o

de melhorar as condições da vida cotidiana nos ciclos da vida: ao

nascer, crescer, viver, trabalhar e envelhecer.

Recife, 2013 49 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Considerações Finais

Os processos de transição demográfica, epidemiológica e

nutricional são historicamente determinados , são interdependentes

e está em movimento com uma temporalidade ainda indefinida,

expressando as desigualdades e diferenças entre as classes sociais.

Quanto maior for o desenvolvimento político, econômico e social

do país, do conjunto das macrorregiões e dos municípios

brasileiros, aliados com a ética pública dos poderes constituídos e

das instituições com a sociedade visando a implantação de políticas

públicas intersetoriais, menor será o tempo dos processos de

transição em curso.

Recife, 2013 50 Eduardo Freese Eduarda Cesse

Por último, agradecemos à Jessyka Barbosa,

Alessandro Araújo e Rebecca Soares pelas

contribuições na elaboração deste texto.

Uma ótima conferência!

OBRIGADO À TODOS!

Análise da Situação de Saúde na

Região Nordeste com foco nos

Determinantes Sociais da Saúde

Eduardo Freese*

Eduarda Cesse*

*Docentes-Pesquisadores do Departamento de Saúde Coletiva-Nesc, CPqAM, Fiocruz/PE