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Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial - PPGEI CHARLES BISPO GUIMARÃES ANALISE DA USINABILIDADE DA LIGA AL-7%SI SOLIDIFICADA EM UM SISTEMA UNIDIRECIONAL HORIZONTAL. Belém-PA 2014.

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Serviço Público Federal

Universidade Federal do Pará

Instituto de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial - PPGEI

CHARLES BISPO GUIMARÃES

ANALISE DA USINABILIDADE DA LIGA AL-7%SI SOLIDIFICADA EM UM SISTEMA

UNIDIRECIONAL HORIZONTAL.

Belém-PA

2014.

CHARLES BISPO GUIMARÃES

ANALISE DA USINABILIDADE DA LIGA AL-7%SI SOLIDIFICADA EM UM SISTEMA

UNIDIRECIONAL HORIZONTAL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Industrial do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito necessário para obtenção do título de Mestre em Engenharia Industrial. Área de concentração - Processos de Fabricação.

Orientador: Profa. Dra. Maria Adrina Paixão de Souza da Silva.

Belém-PA

2014.

CHARLES BISPO GUIMARAES

ANALISE DA USINABILIDADE DA LIGA AL-7%SI SOLIDIFICADA EM UM SISTEMA

UNIDIRECIONAL HORIZONTAL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Industrial do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito necessário para obtenção do título de Mestre em Engenharia Industrial. Área de concentração - Processos de Fabricação.

Orientador: Profa. Dra. Maria Adrina Paixão de Souza da Silva.

Belém-PA

2014.

DEDICATÓRIA

A minha mãe, Gilma Bispo Guimarães

e ao meu pai, Paulo Cesar Guimarães.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me direcionar e mostrar qual o caminho a trilhar, dando-me força e garra o suficiente para continuar e, ainda, suprindo todas as minhas necessidades.

À minha família, ao qual amo muito. Um obrigado especial à minha mãe e meu pai pela paciência, carinho e ensinamentos ao longo dessa jornada.

À minha orientador, a Professora Maria Adrina Silva, por acreditar em mim e no futuro desse trabalho e sua contribuição ao meu crescimento profissional.

À minha amada esposa, Kene Paes, pelo incentivo, motivação e paciência dedicadas no decorrer do trabalho.

À minha amiga, Enfermeira Fabiane Lobo, por seu apoio e ajuda na consolidação desta dissertação.

Aos amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e incentivando.

Aos Colegas da UFPA que me ajudaram nos testes no laboratório da UFPA durante a etapa de usinagem e captação de temperatura de corte.

À colega, Tereza Rodrigues Felipe, do Instituto ITEGAM, que sempre se mostrou solidária e prestativa todas as vezes que foram necessárias.

A Todos, meus agradecimentos!

EPÍGRAFE

“Aproveite as idéias que as pessoas te apresentam, pois até mesmo um

relógio parado está certo duas vezes por dia”

Marcelo de Souza Bastos.

RESUMO

Usinagem é provavelmente o processo de fabricação mais amplamente utilizado e os

metais e ligas formam o grande percentual de materiais usinados. Durante o processo de

usinagem, uma imensa quantidade da energia é convertida em calor e como a temperatura de

corte é então de fundamental importância no processo de usinagem, muito tem se estudado nesse

sentido, mas são bastante escassos na literatura estudos que avaliem a influência da estrutura da

peça de trabalho na temperatura de corte. Nesse sentido, sabe-se que a relação entre

processamento, estrutura, propriedades e comportamento de um material é de extrema

importância uma vez que a estrutura, que depende de como esse material é processado, exerce

uma grande influência nas propriedades dos produtos obtidos e sua performance depende

diretamente delas, como por exemplo a usinabilidade. Essas propriedades estão fortemente

relacionadas à composição química do material, que associada às condições de resfriamento

empregadas definem a estrutura final da peça, ou seja, o controle das variáveis térmicas de

solidificação para uma determinada composição química da liga definem a estrutura final de

solidificação, como os espaçamentos dendríticos. O objetivo deste trabalho é investigar a

influência dos parâmetros térmicos e dos espaçamentos dendríticos secundários (λ2) da liga Al-

7%Si solidificada em um dispositivo de solidificação direcional horizontal nas temperaturas de

corte obtidas durante o sangramento no torno. Em todos os sangramentos realizados, houve um

aumento significativo da temperatura de corte, seguido de um leve decréscimo ao final do

processo. Além disso, leis experimentais do tipo potência relacionando temperatura de corte com

taxa de resfriamento, velocidade de solidificação e espaçamentos dendríticos secundários

puderam ser desenvolvidas.

Palavras-Chave: Solidificação direcional horizozntal; Temperatura de corte; Espaçamento dendrítico secundário;

Variáveis térmicas.

ABSTRACT

Machining is probably the most widely used manufacturing process and metals and alloys

form a large percentage of machined materials. During the machining process, a considerable

amount of the machine energy is transferred into heat and as the cutting temperature is of

fundamental importance in machining processes, much has been studied on this sense but are

scarce literature studies on the influence of structure of the workpiece in the cutting temperature.

On this way, it is known that, the relationship between processing, structure, properties and

behavior of a material is extremely important because its structure, which depends on how the

material is processed, exerts a high influence on the properties of the obtained products and their

performance depends directly on these properties, such as machinability. These properties have a

strong relationship with the chemical composition of the material that associated with the cooling

conditions employed define the final structure of the piece, i.e., the control of the solidification

thermal variables for a particular chemical composition of the alloy set the final structure, such as

dendritic arm spacing. The aim of this research is to investigate the influence of solidification

thermal parameters and the secondary dendritic arm spacing (λ2) of an Al-7wt%Si alloy solidified

on a transient horizontal directional device on the cutting temperatures during turning bleeding.

In all of the performed bleedings, there was a significant increase in cutting temperature,

followed by a slight decrease at the end of the process. Moreover, experimental power function

laws relating cutting temperature with cooling rate, solidification rate and secondary dendrite arm

spacing could be developed.

Keywords: Directional horizontal solidification; Cutting temperature; Secondary dendritic arm spacing; Thermal

variables.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Representação esquemática da obtenção das amostras para macroestruturas e

microestruturas...............................................................................................................................20

Figura 2.1 - Usinagem de alumínio................................................................................................23

Figura 2.2 - Principais elementos de liga metálica de alumínio.....................................................24

Figura 2.3 – Aresta postiça (B.U.E)................................................................................................29

Figura 2.4 - Elemento de referência representativo do sistema metal/molde................................31

Figura 2.4.1 - Encadeamento de fatores e eventos durante a solidificação de um metal...............32

Figura 2.4.2 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde na solidificação

vertical ascendente..........................................................................................................................36

Figura 2.4.3 - Representação esquemática do banco experimental do dispositivo de solidificação

vertical descendente........................................................................................................................37

Figura 2.4.4 - Dispositivo de solidificação unidirecional horizontal..............................................38

Figura 2.4.5 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde durante a

solidificação horizontal...................................................................................................................39

Figura 2.4.6 – (a) Gradiente de temperatura da linha liquiduse (b) Perfis de temperatura real.....40

Figura 2.4.7 – (a) Esquema do desenvolvimento de uma interface celular (b) Interface com

estrutura tipicamente celular obtida através de MEV.....................................................................41

Figura 2.4.8 – Imagens de estrutura dendrítica...............................................................................42

Figura 2.4.9 – Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na formação das

microestruturas de solidificação.....................................................................................................43

Figura 2.4.10 - Espaçamentos interdendríticas primários, secundários e terciários.......................43

Figura 3.1.1 – (a) Diagrama de fases binário do sistema Al-Si e (b) Curva de resfriamento de liga

Al-7%Si..........................................................................................................................................47

Figura 3.1.2 – (a) Balança digital; (b) Cadinho; (c) Forno mufla...................................................48

Figura 3.1.3 – (a) Termopar do tipo K; (b) Registrador de temperatura........................................49

Figura 3.1.4 – (a) Molde de silicone; (b) Lixadora e politriz rotativa; (c) Pasta de diamante........50

Figura 3.1.5 – (a) Microscópio ótico acoplado ao sistema de aquisição de imagem; (b) Tela de

trabalho de imagem tool; (c) Tela de trabalho do OriginPro 8.......................................................50

Figura 3.1.6 – (a)Torno mecânico; (b) Ponta do bedame; (c) Termômetro infravermelho............51

Figura 3.1.7 – Imagens ilustrativas do dispositivo de solidificação horizontal refrigerado a

água.................................................................................................................................................52

Figura 3.1.8 – Esquematização do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal acoplado

ao sistema de aquisição de dados utilizados neste trabalho............................................................52

Figura 3.2.1 – Representação esquemática da obtenção das amostras para macroestruturas e

microestruturas...............................................................................................................................56

Figura 3.2.2 – Microestruturas dendríticas das posições 10, 30 e 60 mm obtidas para a liga Al-

7%Si................................................................................................................................................57

Figura 3.2.3 – (a) Macroestrutura da liga Al-7%Si com detalhe esquemático da retirada do corpo

de prova na zona colunar e (b) corpo-de-prova utilizado no ensaio...............................................58

Figura 3.2.4 – Imagem do experimento de medição de temperatura de corte................................60

Figura 4.1 - Taxas de resfriamento a partir da interface metal/molde em função da posição........62

Figura 4.2 – Espaçamentos dendríticos secundários em função da posição a partir da interface

metal/molde da liga investigada.....................................................................................................62

Figura 4.3 - Espaçamentos dendríticos secundários em função da taxa de resfriamento para a liga

investigada......................................................................................................................................63

Figura 4.4 - Espaçamentos dendríticos secundários em função da velocidade de deslocamento da

isoterma liquidus para a liga investigada........................................................................................63

Figura 4.5 – Temperatura do corte em função do tempo de sangramento para cada corpo-de-

prova...............................................................................................................................................64

Figura 4.6 – Perfil de temperatura de corte para cada faixa de posições........................................65

Figura 4.7 – Temperatura máxima de corte em função da taxa de resfriamento para a liga Al-

7%Si solidificada no dispositivo horizontal...................................................................................66

Figura 4.8 – Temperatura máxima de corte em função da velocidade de deslocamento da isoterma

liquidus para a liga Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal..............................................66

Figura 4.9 – Temperatura máxima de corte em função do espaçamento dendrítico secundário para

a liga Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal....................................................................67

Figura 4.10 – Temperatura média de corte em função do espaçamento dendrítico secundário para

a liga Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal....................................................................68

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Composição química dos metais empregados na preparação da liga estudada.........46

Tabela 3.2 – Faixa de posições a partir da interface metal/molde de cada corpo-de-

prova...............................................................................................................................................59

Tabela 5 – Equações experimentais na forma de potência.............................................................70

NOMENCLATURAS

VL – Velocidade da isoterma liquidus............................................................................................16

TR – Taxa de resfriamento..............................................................................................................16

GL – Gradiente de temperatura......................................................................................................16

ASM – American Society of Materials…………………………………………………………..19

HSC – High Speed Cutting…………………...………………………………………………….20

AA – Aluminum Association…………………………………………………………………….24

HSM – High Speed Machining…………………………………………………………………...26

TL - Temperatura liquidus...............................................................................................................31

TV- Temperatura de Vazamento.....................................................................................................31

SRC – Super-resfriamento Constitucional......................................................................................40

GPM – Grupo de pesquisa em metalurgia física e de transformação.............................................53

GPSOL - Grupo de Pesquisa em Solidificação..............................................................................53

TCE – Transição colunar equiaxial................................................................................................55

SIMBOLOGIA

λ1 - Espaçamento dendríticos primários .........................................................................................16

λ2 – Espaçamento dendríticos secundários......................................................................................16

λ2 - Espaçamento dendríticos terciários...........................................................................................16

∆ – Delta.........................................................................................................................................34

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14

1.1 Considerações Iniciais ....................................................................................................................... 14

1.2 Objetivos deste trabalho .................................................................................................................... 18

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................... 19

2.1 Principais Contribuições Científicas ou Tecnológicas ...................................................................... 19

2.1.1 Usinagem e Usinabilidade .......................................................................................................... 19

2.2. Alumínio e suas Ligas ...................................................................................................................... 22

2.3 Cálculo de Temperatura de Usinagem............................................................................................... 24

2.3.1 Aresta Postiça de Alumínio ........................................................................................................ 28

2.4 Varíaveis Térmicas de Solidificação ................................................................................................. 30

2.4.1 Variáveis térmicas e estruturas de solidificação ......................................................................... 33

2.5 Microestruturas de Solidificação e Propriedades Mecânicas ............................................................ 44

3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................................... 45

3.1 Materiais ............................................................................................................................................ 45

3.1.1 A liga do sistema Al-Si............................................................................................................... 45

3.1.2 Equipamentos e Materiais Utilizados ......................................................................................... 46

3.1.3 Descrição do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal ........................................... 49

3.2 Métodos ............................................................................................................................................. 51

3.2.1 Procedimento Experimental Para a Obtenção da Liga Investigada ............................................ 51

3.2.2 Procedimento Experimental para Determinação das Variáveis Térmicas de Solidificação (VL e TR)........................................................................................................................................................ 52

3.2.3 Aspectos Macroestruturais e Microestruturais ........................................................................... 53

3.2.4 Procedimento Experimental Para Determinação da Temperatura de Corte Para Diversas Posições do Lingote............................................................................................................................. 56

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................ 59

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................... 67

5.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros ..................................................................................................... 68

6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................................... 69

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

A exigência do mercado consumidor por tecnologias que conjugassem desempenho

mecânico à elevada eficiência e baixo custo de manutenção conduziu à necessidade de serem

desenvolvidos materiais capazes de satisfazer determinadas propriedades, tais como elevada

resistência mecânica e baixo peso específico. Não obstante a isso, dependendo da aplicação, um

material precisa ter propriedades mecânicas e de fabricação em níveis aceitáveis, elevada

resistência à ação corrosiva e um comportamento tribológico que lhe garanta uma longa vida útil.

Estas características do material interferem na eficiência de uma peça ou equipamento durante

operação. Nesse sentido, diversos sistemas de liga têm sido estudados e desenvolvidos com esse

propósito ao longo dos últimos anos, destacando-se nesse contexto as ligas à base de alumínio

por conta das suas características físico-químicas, ou seja, baixo peso específico, boa resistência à

corrosão, elevadas condutibilidades elétrica e térmica além da capacidade do alumínio em

combinar-se com a maioria dos metais de interesse para a engenharia, possibilitando a obtenção

de características tecnológicas em conformidade com a aplicação do produto final.

Atualmente, são investigadas dezenas de composições diferentes de ligas de alumínio por

meio de diversos processos comerciais de fundição. No mercado comercial de ligas fundidas não-

ferrosas o silício é o principal elemento constituinte das ligas de alumínio. Aproximadamente

90% dos produtos obtidos a partir de ligas de alumínio são originados de ligas binárias Al-Si.

Tais materiais são bastante utilizados na indústria para a fabricação de componentes que são

expostos a condições críticas de desgaste, como peças de motor, pistões, cilindros, blocos e

cabeçotes. Este vasto campo de aplicação pode ser justificado em virtude das ligas Al-Si

apresentarem grande efeito na fundibilidade do alumínio, promovendo fluidez (capacidade para

preencher uma cavidade de molde) ao componente, contribuírem para redução do peso específico

e da expansão térmica, além de fornecerem melhores propriedades mecânicas e maior resistência

à corrosão e à propagação de defeitos, como por exemplo, porosidades e trincas de contração

(CRUZ et al., 2010). De maneira geral, existe uma variação do teor de silício em ligas de

alumínio, mais comumente utilizadas na prática, em função das propriedades mecânicas que

podem ser alcançadas em diferentes processos de fundição. Assim, por exemplo, o teor de silício

15

varia entre 5% e 7% em processos que utilizam moldes refratários (moldes de areia, gesso e cera

perdida), 7% e 9% em moldes metálicos e 8% e 12% em moldes utilizados nos processos de

fundição sob pressão (ROOY, 1998).

A obtenção de estruturas de solidificação compatíveis com as propriedades mecânicas e

de fabricação exigidas é o objetivo fundamental dos estudos realizados no campo da solidificação

de metais e um dos mais importantes da metalurgia física em nossos dias (CHALMERS, 1968;

MORANDO, 1970; OHNO, 1976; DIETER, 1988; O’DELL et al., 1999; QUARESMA et al.,

2000), pois sabe-se que o posterior desempenho das peças obtidas é significativamente

influenciado pela estrutura bruta constituída imediatamente após a solidificação.

No que tange aos processos de fabricação, a usinagem é provavelmente o processo de

fabricação mais amplamente utilizado e os metais e ligas formam o grande percentual de

materiais usinados. Por conta disso, o processo de corte de metais tem sido o foco de muitas

pesquisas e publicações. Desde que o homem começou a usinar metais, muitos problemas

surgiram e muitas idéias e soluções foram propostas. Com isso, tem-se alcançado um grande

progresso com o aumento da taxa de remoção de metal e, consequentemente, redução de custos

(SILVA e WALLBANK, 1999).

Sabe-se que o trabalho realizado no processo de usinagem dos metais é convertido em

calor, por conta das forças de atrito existentes. De forma simplificada, o trabalho total de

usinagem pode ser divido em três partes: trabalho de corte para formação do cavaco e da nova

superfície; trabalho para a retirada do cavaco e trabalho para mover a superfície recém formada

sobre o flanco da ferramenta. O trabalho para retirada do cavaco envolve a dissipação de calor

resultante de fricções internas, enquanto os outros dois são necessários para vencer o atrito entre

a ferramenta e o cavaco ou a peça, o que pode envolver fricções internas por conta do contato

entre as superfícies (SILVA e WALLBANK, 1999).

O trabalho realizado dependerá do material a ser usinado. Ductilidade, dureza e

propriedades térmicas possuem efeito significativo nas forças atuantes, assim como na

temperatura gerada. Essas propriedades, somadas às características do material da ferramenta de

corte e condições do processo de usinagem definirão a força de corte, e consequentemente o calor

gerado.

Como a temperatura de corte é de fundamental importância nos processos de usinagem,

muito tem se estudado no sentido do desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de

16

corte que possam suportar a altas temperaturas, fatores térmicos que afetam a integridade e a vida

da ferramenta e desenvolvimento de fluidos de corte mais eficientes para atuarem como

refrigerante (TRENT, 1984; MACHADO, 1993), por outro lado são bastante escassos na

literatura estudos que avaliem a influência da estrutura da peça de trabalho na temperatura de

corte.

No que se refere à estrutura de peça a ser usinada, a relação entre processamento,

estrutura, propriedades e comportamento de um material é extremamente importante, pois é

sabido que essa estrutura, que depende da maneira como o mesmo é processado, exerce uma

elevada influência nas propriedades dos produtos obtidos e seu desempenho depende diretamente

destas propriedades (GARCIA, 2007). Esse contexto vem motivando pesquisadores a

desenvolverem estudos objetivando a programação prévia da estrutura final de componentes já a

partir da estrutura bruta de solidificação. Analisando-se o processo de solidificação que consiste,

essencialmente, na mudança de estado da fase líquida para a fase sólida com liberação de calor

latente, vê-se que determinadas propriedades da peça, como é o caso da usinabilidade, têm forte

relação com a composição química do material, que associada à condições de resfriamento

empregadas determinam a estrutura final da peça, ou seja, o controle das variáveis térmicas de

solidificação como velocidade de deslocamento da isoterma liquidus (VL), taxa de resfriamento

(TR) e gradiente de temperaturas (GL), ambas frente à interface de solidificação, para determinada

composição química da liga, definirá a estrutura final.

É fato conhecido que a resistência mecânica, dureza e resistência à corrosão são

dependentes, dentre outros aspectos, da composição química, dos métodos de fundição, da taxa

de solidificação, dos tratamentos térmicos e da microestrutura formada após a solidificação

(DOBRZANSKI et al., 2006; CRUZ, 2008; CANTÉ, 2009; GOULART, 2010). O tamanho e a

morfologia dos grãos, aliado aos espaçamentos dendríticos primários (λ1), secundários (λ2) e,

terciários (λ3), distribuição de porosidade, produtos segregados e outras fases definem as

propriedades mecânicas, de resistência à corrosão e, até mesmo, de resistência ao desgaste das

ligas de alumínio (SAMUEL et al., 1994; SOKOLOWSK et al., 1995; QUARESMA, 2000;

OSÓRIO et al, 2000; LI et al., 2004; CRUZ, 2008; OSÓRIO et al, 2009; CANTÉ, 2009;

GOULART, 2010). Espaçamentos menores permitem que a microestrutura seja caracterizada por

uma distribuição mais uniforme da segregação microscópica que existe entre as ramificações

celulares ou dendríticas, favorecendo o comportamento mecânico do produto solidificado. Como

17

o tempo exigido para a homogeneização das diferenças de concentração provocadas por essa

segregação diminui com o decréscimo dos espaçamentos, as condições de resfriamento que

venham favorecer a obtenção de materiais com espaçamentos menores são as mais interessantes

(SANTOS, 2006). Sendo assim, seria de grande interesse dispor de expressões que relacionassem

espaçamentos dendríticos com os parâmetros que quantificam as propriedades mecânicas e de

fabricação, tais como usinabilidade.

Com as crescentes exigências da indústria moderna por materiais com propriedades cada

vez mais elevadas e com melhor facilidade de conformação mecânica, o controle da cinética do

processo de solidificação de metais e ligas metálicas vem a cada dia se consolidando como um

objeto de estudo de extrema importância para a obtenção de materiais com propriedades

homogêneas e cada vez mais adequadas à sua utilização prática. Deste modo, é essencial a

abordagem de algumas metodologias utilizadas no estudo do referido fenômeno destacando-se,

por exemplo, a técnica da solidificação direcional, a qual pode ser aplicada tanto em condições

estacionárias quanto em regime transiente de extração de calor. Vale destacar que a maioria dos

resultados experimentais envolvendo aspectos macro e microestruturais resultantes do processo

de solidificação presentes na literatura (GARCIA, 2007), utilizam condições estacionárias de

troca de calor, entretanto, a maioria dos processos industriais ocorre em condições transitórias de

fluxo de calor. Assim, importantes estudos (CHALMERS, 1964 e 1968; FLEMINGS, 1974;

HUNT, 1979; KURZ e FISHER, 1981, 1992; HUNT e LU, 1996; BOUCHARD e KIRKALDY,

1997; CANTÉ, 2008; ÇARDILLI et al., 2000; DING e TEWAR1, 2002; FERREIRA et al., 2003;

CRUZ; GOULART, 2008, 2010; OZÓRIO, 2000; PEIXOTO, 2009; PERES et. al., 2004;

QUARESMA, 2004; ROCHA, 2003A, 2003B E 2003C, ROSA et al., 2006; SILVA, 2008;

SILVA et al., 2009., 2011; SIQUEIRA, 2002; SPINELLI e GARCIA, 2005; SPINELLI et al.,

2011; MOUTINHO, 2012, GOUVEA, 2012) têm sido realizados nas últimas décadas com o

objetivo de ser estabelecida de forma sistematizada a influência dos diversos parâmetros térmicos

e operacionais envolvidos no fenômeno da solidificação sobre a estrutura resultante, buscando

elevar as propriedades mecânicas e, por conseguinte, o desempenho dos materiais solidificados

por meio de procedimentos experimentais na grande maioria implementados em sistemas de

solidificação direcionais verticais ascendentes e poucos descendentes (SPINELLI e GARCIA,

2005; SPINELLI et al., 2011). Recentemente, estudos têm sido conduzidos visando à verificação

da influência de correntes convectivas sobre o arranjo da estrutura de solidificação, através de

18

experimentos realizados em um dispositivo de solidificação unidirecional horizontal

(MOUTINHO, 2007; MOUTINHO, 2011; NOGUEIRA, 2011), promovendo o contraponto com

a solidificação nos sistemas verticais ascendente e descendente, comparando as três

configurações quando são solidificadas ligas de mesma composição.

1.2 Objetivos deste trabalho

Considerando o exposto bem como a importância da usinagem e das ligas do sistema Al-

Si, o objetivo deste trabalho é a medição da temperatura de corte da liga Al-7%Si e sua respectiva

correlação com os espaçamentos dendríticos. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes

objetivos específicos para este trabalho:

� Revisar a literatura existente sobre o estudo a respeito de usinabilidade, temperatura de

corte e espaçamentos dendríticos em ligas solidificadas unidirecionalmente nos sistemas

verticais ascendente, descendente e horizontal.

� Calcular experimentalmente, as temperaturas de corte para o sangramento da liga Al-

7%Si solidificada em um dispositivo direcional horizontal refrigerado a água em

condições transientes de extração de calor.

� Correlacionar as temperaturas de corte obtidas para os sangramentos feitos ao longo do

lingote com a posição deste a partir da interface metal/molde.

� Correlacionar as variáveis térmicas de solidificação (VL e TR) e os parâmetros

microestruturais experimentais (λ2) obtidos para a liga em questão com as temperaturas de

corte obtidas, determinando equações experimentais.

19

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Principais Contribuições Científicas ou Tecnológicas

2.1.1 Usinagem e Usinabilidade

A grande parte dos produtos que são industrializados, em alguma etapa de sua produção,

sofre algum processo de usinagem. A usinagem está presente na confecção de diversos produtos

de diferentes ramos setoriais.

A usinagem é um processo de fabricação por remoção de cavacos. Sendo assim, todo

processo em que há uma peça bruta que, após ser removido material em forma de cavaco de seu

interior e exterior, formando uma peça com superfícies desejadas, detalhadas e acabadas de forma

que satisfaça plenamente ao cliente, é considerado um processo de usinagem (SANTOS; DIAS,

2010).

O termo usinabilidade pode ser usado para indicar a facilidade ou a dificuldade de se

usinar um material afim de se obter tamanho, forma e acabamento superficial desejado (ASM,

1990). São muitas as variáveis que podem ser consideradas como medidas da usinabilidade de

um material, como por exemplo: o acabamento superficial, a força de corte, a temperatura de

corte, a vida da ferramenta, o controle do cavaco, a produtividade entre outros.

É preciso tomar cuidados especiais na determinação da usinabilidade de um material

específico, pois, em diferentes condições, um grupo de materiais pode não ter a mesma

classificação, ou seja, um material que tenha sido classificado como possuindo uma excelente

usinabilidade, em comparação com outros materiais, quando utilizando uma determinada

variável, pode não ter tão boa classificação quando for obtida considerando-se outra variável.

Assim a usinabilidade é considerada como uma função do teste, e qualquer número de

usinabilidade deve acompanhar uma descrição completa do teste (MACHADO e SILVA, 1993).

Para Farias et al. (2011) a usinabilidade de um material, apesar de não se tratar de uma

propriedade característica por não haver um ensaio específico para a mesma, pode ser analisada,

quantificada e inferida a um determinado material por meio de observações relativas à vida útil

de uma ferramenta de corte, taxa de remoção de material, dinâmica do evento de usinagem

20

(avaliação de forças de corte e vibração do conjunto máquina/ferramenta) e caracterização de

cavaco produzido durante a usinagem.

De acordo com o autor citado acima a usinagem de materiais com ferramentas de corte

ainda hoje não é completamente entendida apesar de ser aplicada constantemente. É dita uma

área restrita à tecnologia, pois na indústria onde é amplamente aplicada não são os engenheiros

que pesquisam e modelam, mas sim os técnicos que executam experimentos, tentando identificar

qual será a melhor condição de ferramenta para o material da peça específica.

Parâmetros de usinagem são funções do processo de usinagem, da máquina ferramenta, do

tipo de material a ser usinado e da ferramenta de corte utilizada. Os parâmetros de corte

relacionados com o processo de usinagem e a máquina ferramenta são a velocidade de corte,

avanço, profundidade de corte e fluido de corte. Para a ferramenta de corte os parâmetros são o

material, a forma e a geometria da ferramenta e para o material a ser usinado a composição

química, dureza e tipo de tratamento superficial (NOGUEIRA, 2002).

Tão importante como as propriedades de desempenho (resistência mecânica, à corrosão,

etc.), as propriedades de fabricação como a soldabilidade e a usinabilidade devem ser sempre

consideradas na seleção de materiais metálicos.

É de conhecimento geral que a usinagem constitui-se num dos mais importantes processos

de fabricação da indústria metal-mecânica. Justamente por este motivo, a preparação de

equipamentos, tanto quanto a aferição dos instrumentos, apresentam-se como fundamentais para

a realização dos processos de usinagem (FAUSTINO et. al., 2007). A melhora na operação de

usinagem está relacionada com a obtenção de componentes com as dimensões desejadas e

qualidade superficial satisfatória. Além disto, podem ser obtidos grandes aumentos de

produtividade. As vantagens econômicas da escolha certa do material a ser usinado, assim como

as ferramentas, fluido de corte, equipamento e condições de usinagem, são consideráveis. Os

custos e tempos de produção podem ser significativamente reduzidos através da escolha certa

desses parâmetros (TESSLER et al., 1993).

A cada dia surge uma nova tecnologia de usinagem, sendo a de altíssimas velocidades de

corte (HSC -High Speed Cutting) a mais aplicada nas indústrias desde seu surgimento na década

de 70.

O estudo dos processos de usinagem com altíssimas velocidades de corte torna-se

estratégico para o desenvolvimento tecnológico do País e das indústrias aqui instaladas,

21

possibilitando a conquista ou manutenção da competitividade em nível internacional. Para isso,

no entanto, é necessário um programa de médio\longo prazo para que a tecnologia possa ser

plenamente desenvolvida e incorporada aos sistemas produtivos.

Atualmente nos países industrializados, o custo com usinagem soma mais de 15% de

todos os processos de fabricação nestes países. Por este motivo, a usinagem, como parte da

ciência da fabricação e tecnologia, é muito importante para as indústrias de manufatura moderna

(DAVIM, 2006). Apenas para ter-se uma idéia da importância do setor de usinagem, tomando-se

como referência os Estados Unidos, em 1989, foram investidos US$100 bilhões nesse setor, o

que mostra a importância não só deste processo na economia de um país (TESSLER et al., 1993),

como também na pesquisa científica envolvida.

Machado e Silva (2004) definem que a usinagem tem ainda a peculiaridade de ser um

processo essencialmente prático, envolvendo um número de variáveis bastante grande. É

praticamente impossível prever o desempenho no corte dos metais. Entretanto, isto não quer dizer

que estudos detalhados dos processos de usinagem não têm valor. Cada ponto fundamental que é

detalhadamente estudado e propriamente interpretado contribui para o entendimento do processo,

e, vale dizer, entendimento é o passo mais próximo da capacidade de prever.

Esse tipo de estudo deve ser mais difundido entre os pesquisadores brasileiros, pois o

Brasil encontra-se em posição de destaque no setor de usinagem. Essa posição privilegiada

começa no próprio aprendizado. A Alemanha, um dos países mais avançados na área de

mecânica, tem como referência o ensino realizado no Brasil pelas escolas SENAI. Um exemplo

da qualidade dos profissionais brasileiros envolvidos em usinagem está no fato de que,

atualmente, estão sendo fabricadas em território nacional (pela própria rede SENAI), vários

componentes para a Estação Espacial Internacional, projeto do qual o Brasil faz parte (COZZA,

2006) .

O melhor desempenho das operações de usinagem almejado pelos profissionais

envolvidos na área (tanto pesquisadores quanto profissionais da própria área de usinagem) pode

ser obtida através de pesquisas envolvendo materiais e suas estruturas, já que o controle destas já

no processo de solidificação reduz significativamente os custos com processamentos posteriores.

22

2.2. Alumínio e suas Ligas

O alumínio é o terceiro metal mais abundante na crosta terrestre e por suas excelentes

propriedades físico-químicas, entre as quais se destacam o baixo peso específico, a alta

condutividade térmica e elétrica e a reciclagem, tornou-se o metal não-ferroso mais consumido

no mundo. É maleável, dúctil e apto para a mecanização e para a fundição (ABAL, 2007).

O alumínio em estado puro apresenta baixas dureza e resistência mecânica, não servindo

para determinadas aplicações, daí a necessidade de combiná-lo com outros metais para aumentar

sua utilidade industrial. De acordo com Callister (2002), as ligas apresentam características

diferentes daquelas apresentadas pelos seus metais constituintes, tais como dureza, ductilidade,

condutividade, entre outras; além disso, as suas propriedades dependem fundamentalmente da

composição, da microestrutura, do tratamento térmico ou mecânico. O alumínio em estado puro é

pouco resistente, assim, o principal objetivo de adicionarem-se elementos de liga no alumínio é

aumentar a resistência mecânica, sem alterar as demais propriedades.

No mercado comercial de ligas fundidas não-ferrosas, mais de 50% das mesmas apresenta

o metal alumínio em sua composição, sendo o silício e o cobre, com destaque ao primeiro, os

principais elementos constituintes das ligas de alumínio. Aproximadamente 90% dos produtos

obtidos a partir dessas ligas, são originados de ligas binárias Al-Si. Tais materiais são bastante

utilizados na indústria para a fabricação de componentes que são expostos a condições críticas de

desgaste, tais como peças de motor, pistões, cilindros, blocos e cabeçotes. Este vasto campo de

aplicação pode ser justificado devido às ligas Al-Si fornecerem melhores propriedades mecânicas

e maior resistência à corrosão e à propagação de defeitos como, por exemplo, porosidades e

trincas de contração, contribuírem para redução do peso específico e da expansão térmica, além

de apresentarem grande efeito na fundibilidade do alumínio, promovendo fluidez (habilidade para

preencher uma cavidade de molde) ao componente.

Um dos aspectos que tornam as ligas de alumínio tão atraentes como materiais de

construção mecânica é fato do alumínio poder combinar-se com a maioria dos metais de

engenharia, chamados de elementos de liga. Com essas associações, é possível obter

características tecnológicas ajustadas de acordo com a aplicação do produto final (Figura 2.1). O

grande alcance das ligas oferece à indústria uma grande variedade de combinações de resistência

23

mecânica, resistência à corrosão e ao ataque de substâncias químicas, condutibilidade elétrica,

usinabilidade, ductibilidade, formabilidade, entre outros benefícios.

Figura 2.1: Usinagem de Alumínio

Fonte: Callister (2002)

A principal limitação do alumínio é a sua baixa temperatura de fusão (660 °C), o que

limita a temperatura de trabalho de suas ligas. Este ponto de fusão é relativamente baixo

comparado ao do aço, que é da ordem de 1570°C.

De acordo Mello et al. (2009) conforme o produto a ser feito, as ligas de alumínio podem

ser divididas em dois grupos:

a) Ligas para trabalho e conformação (wrought alloys) – ligas destinadas à fabricação de

produtos semi-acabados, como laminados planos (placas, chapas e folhas), laminados

não planos (tarugos, barras e arames) perfis extrudados e componentes forjados;

b) Ligas para fundição (cast alloys) – ligas destinadas a fabricação de componentes

fundidos.

Somando-se as ligas conformáveis e as ligas para fundição, existem mais de 600 ligas

reconhecidas industrialmente, porém identificamos algumas combinações na (Figura 2.2).

Estes dois grupos se subdividem em:

1. Ligas não-tratáveis - Não são endurecíveis por meio de tratamento térmico;

2. Ligas tratáveis termicamente – São endurecidas por meio de tratamentos térmicos.

24

Figura 2.2: Principais elementos de liga metálica de alumínio

Fonte: Mello et al. (2009)

As ligas de alumínio, segundo a Aluminum Association (AA), são divididas em nove

classes. Ligas experimentais também utilizam este sistema de classificação, porém, são indicadas

pelo prefixo X.

Nas ligas da série 4xxx, o silício é o principal elemento de liga. Apresentam baixos pontos

de fusão e impossibilidade de tratamento térmico para endurecimento por preciptação. São

utilizadas também como material de adição para solda.

2.3 Cálculo de Temperatura de Usinagem

O fato de que a temperatura de usinagem tem uma influência crítica sobre o desgaste da

ferramenta e vida útil, tem sido bem reconhecido desde o trabalho de Taylor em 1907. Em

particular, a taxa de formação de crateras é muito dependente da ferramenta de interface de

temperatura. O crescimento de desgaste cratera na interface da ferramenta foi encontrado e estar

diretamente regulada pela distribuição da temperatura ao longo da interface. Pelas razões acima o

problema de determinar a temperatura de usinagem tem sido bem pesquisado ao longo dos anos.

Muitas técnicas experimentais foram aplicadas para a medição da temperatura de processamento.

No entanto, uma boa precisão é difícil de conseguir (TRIGGER e CHAO, 1951).

Embora a principal razão para a continuação do trabalho de medição de temperatura é o

de melhorar a qualidade da peça acabada, ele também pode ajudar a prever o desgaste da

ferramenta e ajuda no desenvolvimento de software de modelagem preditiva. Além disso, estudos

25

têm demonstrado que, em processos de remoção de material, fenômeno que pode degradar a

qualidade da peça, seguem frequentemente um modelo de Arrhenius do tipo (exponencial)

implicando que alguns comportamentos de outra forma incompatíveis pode realmente ser

atribuídos às variações de temperatura (DAVIES et al., 2007).

Na usinagem em velocidades normais, os gradientes de temperatura são extremamente

elevados, especialmente nas proximidades do plano de corte e a interface da ferramenta. Isto,

juntamente com o fato de que a espessura da ferramenta é geralmente muito pequena, torna a

tarefa de medir a distribuição da temperatura com precisão extremamente difícil. Qualquer

interferência com o processo de maquinagem, tais como a abertura de furos ou ranhuras na

ferramenta numa tentativa para medir temperaturas é suscetível de ser grave o suficiente para

alterar a distribuição de temperatura que teria sido obtido se não houvesse nenhuma interferência

(TAY, 1993).

O trabalho total realizado pela ferramenta de corte em eliminação de metal pode ser

determinada a partir dos valores dos componentes da força sobre a ferramenta de corte.

Aproximadamente todo este trabalho ou a energia é convertida em calor, o qual é dissipado para

o material da ferramenta e da peça de trabalho, maiores forças sobre a ferramenta, é necessário

mais trabalho na remoção de metal, o que por sua vez afeta a temperatura (SULLIVAN e

COTTERELL, 2001).

Apesar de considerável esforço de pesquisa que foram feitas sobre o problema térmico em

corte de metal, praticamente não há um consenso sobre os princípios básicos. O contato

tribológico, único fenômeno que ocorre em corte de metal, está altamente localizada e não linear,

e ocorre em altas temperaturas, altas pressões e altas cepas. Isso faz com que seja extremamente

dificil de prever de forma precisa, ou mesmo avaliar o desepenho de vários modelos

desenvolvidos para modelagem do processo de usinagem (SULLIVAN e COTTERELL, 2001).

Altas temperaturas de corte influenciam fortemente no desgaste da ferramenta, na vida da

ferramenta, na integridade a superfície da peça, nas ferramentas de mecanismo de formação e

contribui para a deformação térmica da ferramenta de corte, que é considerada, entre outros,

como a maior fonte de erro na processo de usinagem. O aumento da temperatura do material da

peça de trabalho na zona de deformação primária amolece o material, diminuindo assim as forças

de corte e a energia necessária para causar mais cisalhamento. Temperatura em interface da

ferramenta afeta os fenômenos de contato alterando as condições de atrito, o que por sua vez

26

afeta a forma e localização de ambas, as primárias e zonas de deformação secundária, a

temperatura máxima de localização, partição de calor e a difusão do material da ferramenta

(SULLIVAN e COTTERELL, 2001).

O calor é gerado nas zonas primárias e secundárias, devido à deformação plástica no

material. O calor intenso também é gerado ao longo da interface da ferramenta, devido ao atrito.

Se a ferramenta não é afiada, algum calor de fricção também será gerada na interface da

ferramenta de trabalho. A maior parte do calor é dissipado pela ferramenta, enquanto o restante é

conduzido através da ferramenta e conveção através da peça de trabalho. Se nenhum líquido de

arrefecimento é usado a perda de calor para o ar ambiente é desprezável. A equação que rege a

distribuição de temperatura na usinagem é a equação de energia (CHANG, 2007).

Em primeiro lugar, o calor é gerado na zona de deformação primária, devido a obra

plástica feita no plano de cisalhamento. O aquecimento local nesta zona resulta em temperaturas

muito elevadas, e em amolecimento, assim a maior deformação do material. Em segundo lugar, o

calor é gerado na zona de deformação secundária, devido ao trabalho feito em deformação da

ferramenta e para a superação do atrito de deslizamento na zona de interface da ferramenta.

Finalmente, o calor gerado na zona de deformação terciário, na ferramenta interface de peça, é

devido ao trabalho feito para superar fricção, o que ocorre com o contato de fricção entre a

ferramenta rosto flanco e a superfície recém usinada de aquecer a peça de trabalho.

Quanto à usinagem de alta velocidade (HSM), tornou-se uma tecnologia de chave especial

relevância para a indústria aeroespacial, moldes e matrizes e automotivos indústrias. No HSM, a

velocidade de corte tem um efeito predominante em que há temperatura de corte e o mecanismo

de transferência de calor. Conforme aumenta a velocidade de corte, o processo de corte torna-se

mais adiabático e o calor gerado no cisalhamento zona de deformação não pode ser conduzido

para fora durante o tempo de contato muito curto, em que o metal passa através esta zona.

Portanto, parece que, na HSM, onde o processo é quase adiabático, o efeito da térmica fenômeno

deve tornar-se mais importante. O objeto de calor e a distribuição de temperatura no metal corte

tem recebido atenção considerável a partir de pesquisas (SULLIVAN e COTTERELL, 2001).

Uma revisão das técnicas experimentais mais comuns para a temperatura medida em

processos de corte de metal, revela que estas técnicas podem ser classificadas como: condução

direta, radiação indireta e metalográfico. Geralmente, estas técnicas incluem: termopares

27

ferramenta de trabalho, incorporados termopares, pirômetros de radiação, metalográfico técnicas

e um método de utilização de pós de constante ponto de fusão (ABUKHSHIM et al., 2006).

A ferramenta de trabalho técnica de termopar é baseado no fato de que a ferramenta e a

peça de trabalho são dois diferentes materiais. A área de contato entre elas forma uma junção

quente, que produz uma força eletromotriz enquanto a ferramenta ou o material da peça mesmo

formam as junções frias. No entanto, as principais preocupações manifestadas por diferentes

pesquisadores sobre este método são que: apenas dá um valor médio do temperatura ao longo de

toda a interface da ferramenta e alta temperaturas locais, que ocorrem por períodos curtos não

podem ser observados, que dá resultados incorretos se uma vantagem construída é formado por

um líquido de arrefecimento não podendo ser utilizada, tanto a peça de trabalho e ferramenta

deve ser condutores elétricos, a dupla termopar exige uma calibração precisa e produz ruído

significativo no sinal. Na verdade, esta técnica não é adequada para as medições de temperatura,

quando a peça de trabalho do material se derrete (ABUKHSHIM et al., 2006).

Técnica termopar incorporado utiliza termopares, que estão inseridos e montados em

pastilhas de corte para medir a temperatura tanto em um único ponto ou em vários pontos ao

longo da face da ferramenta rake. Este método exige a perfuração de vários furos na ferramenta

ou na peça de trabalho para o termopares para ser inserido. Para uma boa precisão a profundidade

dos furos tem de ser o mais próximo possível da superfície onde a temperatura deve ser medida

(ABUKHSHIM et al., 2006) .

As técnicas de radiação estão sem contato termográfica. São métodos para medir a

temperatura da superfície do corpo com base na sua energia térmica emitida. Ele está disponível

para ambos medição do campo de temperatura (termografia infravermelha) incluindo câmeras

fotográficas com filmes sensíveis ao infravermelho radiação e câmeras de infravermelho, e para

medição do ponto de pirômetro infravermelho. A técnica de radiação tem muitas vantagens sobre

a técnica termo- elétrica, incluindo: resposta rápida, sem efeitos adversos sobre as temperaturas e

matériasprimas, sem contato físico, e permitindo as medições em objetos, que são de difícil

acesso. Esta técnica é provavelmente a mais adequada em aplicações onde a elevada HSM as

temperaturas podem ser facilmente capturadas, como não há direto contato com a fonte de calor.

No entanto, a medição da posição tem de ser seleccionada com cuidado, a precisão pode ser

significativamente afetada pela obstrução. A obstrução da ferramenta também faz com que seja

difícil de medir a temperatura na ferramenta de interface (ABUKHSHIM et al., 2006).

28

Não há um consenso geral sobre os resultados obtidos por diversos autores usando as

várias técnicas de medição de temperatura discutido acima. A complexidade do processo de

maquinagem torna extremamente difícil a comparação dos resultados de diferentes técnicas. Esta

dificuldade é ilustrada pelo fato que os resultados são obtidos diferentes pelo mesmo medidor de

método das experiências, que são realizadas sob as mesmas condições de corte e na mesma

ferramenta e materiais (ABUKHSHIM et al., 2006).

O único método de monitoração da temperatura para alumíniuo fundido é através da

medição com pirômetros sem contato. A medição do ponto de fusão do alumínio no cadinho é de

extrema importância. Para medições válidas, ele precisa ser agitado, de outra forma o filme de

óxido irá influenciar o resultado da medição de uma forma imprevisível.

2.3.1 Aresta Postiça de Alumínio

A aresta postiça é constituída de partículas de material usinado que se acumulam na

superfície de saída da ferramenta. A aresta postiça aderente à aresta de corte se deforma e se

encrua, aumentando sua resistência mecânica e fazendo às vezes de aresta de corte. A aresta

postiça cresce gradualmente até romper-se bruscamente. Parte da aresta postiça que rompe é

carregada com o cavaco e parte adere a peça, prejudicando sensívelmente seu acabamento

superficial. Ao romper-se, a aresta postiça arranca partículas da superfície de folga da ferramenta,

gerando um grande desgate de flanco, mesmo em velocidades muito baixas. Já a superfície de

saída da ferramenta é protegida, pois o cavado atrita com a aresta postiça, fazendo com que o

desgaste de cratera seja mínino (NOGUEIRA, 2002).

À medida que a velocidade de corte aumenta, a temperatura também aumenta. Quando a

temperatura de recristalização do material do cavado ultrapassada, não há mais formação de

aresta postiça, pois com a formação de novos grãos no cavaco não existe mais a possibilidade de

encrumamento no cavaco, principal fator para formação da aresta postiça. A velocidade acima da

qual não ocorre mais aresta postiça, chama-se velocidade crítica, sendo relacionada com diversos

fatores da usinagem.

Todas as variações feitas no processo que aumentam a temperatura de corte, tais aumento

do avanço e da profundidade de usinagem, diminuição dos ângulos de saída e de inclinação da

ferramenta etc, tendem a diminuir a velocidade crítica. Além disso, à medida que a ductibilidade

29

da peça diminui, decresce também a ocorrência da aresta postiça, pois os cavacos quebram mais

facilmente e atritam menos com superfície de saída da ferramenta. É impossível conseguir um

bom acabamento superficial da peça na presença da aresta postiça (NOGUEIRA, 2002).

Com relação à acuracidade dimensional e ao acabamento superficial, a presença da aresta

postiça é sempre maléfica, pois ela geralmente projeta-se na aresta cortante da ferramenta e assim

afeta as tolerâncias dimensionais (especificadas que deveriam ser alcançadas). Além disso a

ponta da aresta postiça é semi-estável e periodicamente se quebra prejudicando o acabamento da

superfície usinada. Por outro lado, a influência da aresta sobre a ferramenta de corte pode ser

maléfica ou benéfica, dependendo das coindições de corte (REIS, 2000).

O processo de formação da aresta postiça de corte é constituído por uma sequência de

eventos que foram descritos por Trent (1984) da seguinte forma:

a) A primeira camada de material que se une à ferramenta através ligações atômicas é

encruada, aumentando assim o seu limite de escoamento, sendo que as tensões de

cisalhamento são insuficientes para quebras essas ligações;

b) As deformações continuam nas camadas adjacentes mais afastadas da interface até que

elas também sejam suficientemente encruadas;

c) Pela repetição desse processo, uma sucessão de camadas formam a aresta postiça de

corte (Figura 2.3).

Figura 2.3- Aresta postiça (B.U.E)

Fonte: (SANDVIK , [200-?])

30

2.4 Estudo de Fenômeno de Solidificação

Estudos têm sido realizados nas últimas décadas com o objetivo de ser estabelecida, de

forma sistematizada, a influência dos diversos parâmetros térmicos e operacionais envolvidos no

processo de solidificação sobre a estrutura resultante buscando elevar as propriedades mecânicas

e, por conseguinte, o desempenho dos materiais solidificados por meio do desenvolvimento de

procedimentos experimentais e métodos matemáticos de caráter analítico e/ou numérico.

Atualmente, sabe-se que as condições impostas durante o processo de transformação

líquido/sólido, aliadas às propriedades termofísicas tanto do material como do molde, afetam

diretamente as propriedades mecânicas dos produtos fundidos, entretanto, novas pesquisas estão

sendo desenvolvidas no sentido de entender os efeitos de agentes externos, como por exemplo a

ação da gravidade, que atuam durante o processo de solidificação e que por isso interferem na

formação das estruturas brutas de solidificação.

A solidificação pode ser definida como o fenômeno de transformação da fase líquida para

a fase sólida, sendo acompanhada pela liberação de calor latente, que decorre da troca de energia

térmica através dos métodos de transferência de calor conhecidos, ou seja, condução, convecção

e radiação bem como da transferência newtoniana. Sendo assim, é essencial a análise desses

modos de transferência de calor durante o processo de solidificação, uma vez que através desta é

possível determinar a distribuição de temperaturas no sistema metal/molde e a cinética de

solidificação (GARCIA, 2007). A Figura 2.4 apresenta um esquema ilustrativo de um elemento

de referência do sistema metal/molde durante a solidificação de um lingote, em que são

mostrados todos os modos de transferência de calor que podem ocorrer ao longo da solidificação

unidirecional, quais sejam: condução térmica no metal e no molde; transferência newtoniana na

interface metal/molde; convecção no metal líquido e na interface molde/ambiente e radiação

térmica do molde para o meio ambiente.

31

Figura 2.4- Elemento de referência representativo do sistema metal/molde

Autor: Meza (2012)

Na prática experimental, usa-se uma temperatura de vazamento (TV) do metal líquido em

moldes acima da temperatura liquidus (TL) a fim de permitir a acomodação do metal à geometria

do molde antes do início da solidificação. O calor sensível proveniente do superaquecimento, que

é a diferença entre a temperatura de vazamento e a temperatura liquidus, (∆TV = TV – TL), e o

calor latente liberado na fronteira sólido/liquido são transferidos através do metal solidificado, da

interface metal/molde e do molde para o meio ambiente.

A sequência dos fenômenos ocorridos durante o processo de solidificação de um metal é

mostrado na Figura 2.4.1. Após estabelecida a composição química da liga a cinética envolvida

na transformação líquido/sólido é que será determinante para as características do produto

solidificado (GARCIA, 2007). A temperatura de vazamento do metal líquido e o molde utilizado

para extração de calor do metal, são fatores que influem diretamente nas taxas de resfriamento.

32

Por outro lado, o processo termodinâmico é responsável pela rejeição de soluto estabelecendo

uma diferença de densidade induzindo assim a transferência de calor por convecção. O referido

efeito de redistribuição de soluto depende diretamente da composição da liga investigada. As

transferências de calor e massa determinam as condições da morfologia de crescimento e,

consequentemente, o arranjo microestrutural do material. Portanto, a microestrutura resultante

define as características mecânicas e químicas do produto final solidificado (GARCIA, 2007).

Figura 2.4.1- Encadeamento de fatores e eventos durante a solidificação de um metal

Fonte: Adaptado de Garcia (2007)

Fundamentalmente, as características mecânicas do material dependem das condições

assumidas no processo de solidificação. O tamanho, orientação preferencial de crescimento e

morfologia dos grãos, os espaçamentos interdendríticos, as heteregeneidades de composição

química, o tamanho, forma e distribuição das inclusões e a presença de porosidade entre outros

fatores, são decisivos na formação da macroestrutura e da microestrutura do material

influenciando e, consequentemente, na determinação das propriedades dos mesmos. Para a

indústria que busca a fabricação em larga escala de produtos com propriedades mecânicas

superlativas, o conhecimento da influência que as variáveis térmicas exercem na formação das

estruturas solidificadas permite um melhor controle dos processos de fundição uma vez que as

33

mesmas determinam a qualidade dos produtos obtidos, ratificando a relevância científica e

tecnológica do fenômeno da solidificação dos materiais metálicos como um importante viés de

investigação do campo industrial.

2.4.1 Variáveis térmicas e estruturas de solidificação

2.4.1.1 Variáveis térmicas

Técnicas de caracterização macroestrutural e microestrutural aliadas ao estudo dos

fenômenos de transferência de calor e massa que ocorrem durante o processo de solidificação

permitem avaliar a influência das variáveis térmicas na definição da morfologia apresentada pelas

estruturas brutas de solidificação, determinantes da qualidade dos produtos desenvolvidos,

permitindo estabelecer métodos de programação prévia da produção. Em suma, as estruturas e

morfologias resultantes do processo de transformação líquido/sólido influenciam as propriedades

do produto final (MOUTINHO, 2012). O conhecimento da influência das variáveis térmicas, tais

como temperatura de vazamento (Tv), velocidade de evolução da isoterma liquidus (VL) e taxa

resfriamento (TR) sobre a formação da estrutura resultante do processo de solidificação é

fundamental para o planejamento dos processos de fundição e lingotamento, uma vez que a

mesma determina a qualidade dos produtos acabados. Dessa forma, um sem número de estudos

teóricos e experimentais têm sido desenvolvidos objetivando o entendimento do processo de

solidificação. No que diz respeito às pesquisas experimentais, a técnica da solidificação

unidirecional tem sido bastante utilizada no estudo de fenômenos relacionados à solidificação. Os

referidos estudos podem ser divididos sob duas abordagens, sendo uma que trata da solidificação

sob condições estacionárias de fluxo de calor e outra que investiga a solidificação em regime

transitório. No primeiro caso, o gradiente de temperatura GL e a velocidade de avanço da

isoterma de transformação, VL, são controlados independentemente e mantidos constantes ao

longo do experimento, como ocorre nos processos que utilizam a técnica Bridgman/Stockbarger.

O estudo em condições estacionárias de fluxo de calor é muito utilizado na determinação das

relações quantitativas entre os aspectos microestruturais e as variáveis térmicas de solidificação,

já que permite analisar a influência de cada uma delas de forma independente, e permite um

mapeamento experimental de parâmetros microestruturais em um espectro mais amplo da

amostra solidificada. Por outro lado, na solidificação em condições transientes de fluxo de calor,

34

o gradiente de temperatura e a velocidade de avanço da isoterma de transformação variam

livremente com o tempo e com a posição no interior do metal. Tendo em vista que este caso

representa o que ocorre na grande maioria dos processos industriais que envolvem a

solidificação, a análise teórica e experimental da influência das variáveis térmicas sobre os

parâmetros da macroestrutura e da microestrutura para os diversos sistemas metálicos assume

características de extrema relevância (ROCHA, 2003), no entanto, apesar de estudos estarem

sendo desenvolvidos de maneira a possibilitar a análise da solidificação em regime transientea

maioria dos resultados experimentais envolvendo aspectos macro e microestruturais resultantes

do processo de solidificação utilizam condições estacionárias de troca de calor.

Na literatura são raros os modelos teóricos que correlacionam parâmetros microestruturais

com as variáveis térmicas da solidificação transitória. Os poucos modelos desenvolvidos e

publicados, como os de Hunt e Lu (1996) e Bouchard e Kirkaldy (1997), ainda não são

amplamente validados por resultados experimentais, o que torna extremamente importante a

avaliação teórico-experimental do efeito das variáveis térmicas (TV, GL, VL e TR) sobre os

parâmetros macroestruturais e microestruturais resultantes do processo de solidificação

unidirecional, para diversos sistemas metálicos binários, e em uma ampla faixa de concentração

de soluto. Vale destacar que esses modelos foram desenvolvidos para sistemas de ligas binárias, o

que não se aplica para a liga estudada neste trabalho. Cabe ainda enfatizar que são escassos os

trabalhos na literatura que abordam sistematicamente a evolução microestrutural de ligas

multicomponentes, o que mostra a necessidade da realização de estudos visando a determinação

das citadas variáveis térmicas e suas correlações com a microestrutura.

2.4.1.2 Análise experimental da solidificação unidirecional em condições transitórias

O fenômeno da transformação líquido/sólido pode ser investigado experimentalmente em

função da direção na qual o fluxo de calor é extraído e do sentido de avanço da frente de

solidificação. Diversos trabalhos publicados avaliam a influência de fatores, como a convecção

natural, decorrentes de condições térmicas e composicionais na formação e nos parâmetros

quantificadores das estruturas de solidificação. Esses estudos têm permitido a obtenção de

informações relevantes a respeito da evolução da cinética do processo de solidificação e sobre a

redistribuição de soluto (macrossegregação e microssegregação) de ligas metálicas binárias

(SIQUEIRA, 2002; OSÓRIO, 2003; ROCHA, 2003; SPINELLI, 2005; ROSA, 2006; SILVA,

35

2008, MOUTINHO, 2007; CANTÉ, 2008; MOUTINHO, 2011; NOGUEIRA, 2011;

CARVALHO, 2013; SILVA et al, 2011) e mais recentemente de ligas multicomponentes

(MOUTINHO, 2012; GOMES, 2012).

2.4.1.3 Solidificação unidirecional vertical

A solidificação unidirecional vertical em condições transitórias pode ser estudada

considerando a direção do fluxo de calor extraído e o sentido de avanço da frente de solidificação

na forma ascendente ou descendente. Na solidificação ascendente, o soluto é rejeitado à frente de

solidificação e, dependendo do par soluto/solvente, pode ocorrer a formação de um líquido

interdendrítico mais denso quando comparado ao restante do volume global de metal líquido,

garantindo assim, do ponto de vista de movimentação de líquido, a estabilidade do processo de

solidificação. Nessa situação, a refrigeração do metal ocorre na parte inferior do dispositivo de

solidificação, o que produz um perfil de temperaturas no líquido crescente em sentido ascendente,

forçando o líquido mais denso a localizar-se junto à fronteira de transformação líquido/sólido,

minimizando as correntes convectivas tanto por diferenças de temperatura quanto por diferenças

de concentração. A transferência de calor ocorre essencialmente por condução térmica

unidirecional; isso permite uma análise experimental e cálculos teóricos isentos desse

complicador (convecção natural).

A Figura 2.4.2 apresenta esquematicamente os modos de transferência de calor que

podem ocorrer ao longo da solidificação unidirecional ascendente com o molde metálico

refrigerado a água, isto é, convecção forçada na água; transferência newtoniana na interface

água/molde; condução no molde; transferência newtoniana na interface molde/metal; condução

térmica no metal sólido; convecção e condução térmica no metal líquido.

36

Figura 2.4.2 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde na solidificação vertical ascendente

Fonte: Gomes (2012) – Adaptado de Rosa (2007)

No caso da frente de solidificação avançar no sentido descendente, devido à ação

gravitacional, a força do próprio peso atua no sentido de deslocar o lingote do contato com a base

refrigerada, provocando mais precocemente uma situação de maior resistência térmica na

interface metal/molde, influenciando na cinética da transformação líquido/sólido. O movimento

convectivo, nesta situação, segundo Spinelli (2005), estará presente uma vez que o perfil de

temperatura no líquido é crescente em direção à base do lingote, que é isolada termicamente.

Dessa forma, se o soluto rejeitado provocar um líquido interdendrítico com densidade maior do

que aquela correspondente a do líquido na concentração nominal da liga, além da convecção por

diferenças de temperaturas, também ocorrerá convecção por diferenças de concentração de

soluto. Este arranjo experimental promove o contraponto com a solidificação ascendente

permitindo a verificação da influência de correntes convectivas sobre a estrutura de solidificação,

mostrando as diferenças entre ambas as configurações quando solidificam-se ligas de mesma

composição. A Figura 2.4.3 mostra o dispositivo de solidificação vertical descendente.

37

Figura 2.4.3 - Representação esquemática do banco experimental do dispositivo de solidificação vertical descendente: 1. Aquisição via computador; 2. Material refratário isolante; 3.Resistências elétricas (sistema de aquecimento); 4. Lingoteira bipartida; 5. Termosensores; 6. Registrador de dados térmicos; 7. Câmara

de refrigeração; 8. Rotâmetro; 9. Controle de potência do forno, 10.Metal líquido

Fonte: Rosa (2007) – Adaptado de Spinelli (2005)

2.4.1.4 Solidificação unidirecional horizontal

No sistema de solidificação unidirecional horizontal o processo de transformação do

líquido em sólido pode ser conduzido de duas maneiras distintas. A primeira forma consiste no

vazamento do metal líquido dentro de molde isolado termicamente, havendo contato apenas em

uma das paredes da lingoteira com um bloco maciço metálico ou com uma câmara de

refrigeração, o que induz a extração de calor somente por esta superfície. Nesse caso, a

turbulência do vazamento induz correntes de convecção forçada que levam algum tempo para se

dissipar e agem com intensidades diferentes ao longo da seção do lingote. O outro método de

solidificação horizontal corresponde a um sistema semelhante ao primeiro, capaz de fundir o

metal em seu interior até que determinada temperatura seja alcançada, isto é, o dispositivo deve

ser dotado de resistências térmicas capazes de promover a fusão total da liga, aquecendo-a até

uma temperatura de superaquecimento previamente estabelecida, se iniciando a partir daí a

solidificação. Nessa situação, garante-se com a fusão do metal dentro do molde, uma maior

estabilidade em relação ao movimento convectivo do metal líquido.

38

Convém ressaltar, no entanto, que as mesmas variáveis térmicas de solidificação não

podem ser asseguradas ao longo de diferentes secções horizontais da base refrigerada à outra

extremidade do lingote, uma vez que instabilidades térmicas e diferenças de massa específica no

líquido irão promover correntes convectivas que serão diferentes ao longo dessas secções. O

perfil térmico da evolução da solidificação deve ser levantado em uma secção horizontal o mais

próximo possível da interface metal/molde, a partir da qual serão retiradas as amostras para

análise da estrutura. (QUARESMA et al, 2000; OSÓRIO, 2003; SILVA, 2008; MOUTINHO

2007; GOULART, 2010). A Figura 3.4.4 mostra diferentes tipos de dispositivos de solidificação

unidirecional horizontal utilizados em trabalhos publicados na literatura.

Figura 2.4.4 - Dispositivo de solidificação unidirecional horizontal (a) refrigerado por bloco de aço (b)

refrigerado a água

(a)

(b)

Fonte: (a) Quaresma (2000); (b) Silva (2007)

A Figura 2.4.5 apresenta, esquematicamente, os modos de transferência de calor que podem ocorrer ao longo da solidificação unidirecional horizontal com o molde metálico refrigerado a água, ou seja, convecção forçada na água, transferência newtoniana na interface água/molde, condução no molde, transferência newtoniana na interface molde/metal, condução térmica no metal sólido, convecção e condução térmica no metal líquido.

39

Figura 2.4.5 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde durante a solidificação horizontal

Fonte: Dias Filho (2012)

2.4.1.5 Microestruturas de solidificação

As microestruturas resultantes do processo de solidificação estão relacionadas à

morfologia da interface sólido/líquido. Em condições ideais essa interface deveria permanecer

plana (metais puros), porém, alterações nos parâmetros constitucionais e térmicos do sistema

metal/molde que ocorrem durante a solidificação provocam a instabilidade da mesma, dando

origem a microestruturas celulares e dendríticas. A instabilidade da frente de solidificação resulta

da termodinâmica do processo que impõe rejeição de soluto à frente da interface sólido/líquido.

Dessa maneira, o soluto rejeitado provoca uma distribuição não uniforme da concentração do

metal líquido segregado nessa interface. O acúmulo de soluto ocorrido à frente da fronteira

sólido/líquido origina um fenômeno que favorece a nucleação, conhecido na literatura como

super-resfriamento constitucional (SRC). Ao perfil de acúmulo de soluto no líquido

corresponderá a um perfil inverso da temperatura liquidus (TL). Consequentemente, TL diminui à

medida que a concentração de soluto rejeitado aumenta, conforme esquema mostrado na Figura

2.4.6, a qual apresenta uma região compreendida entre a temperatura liquidus e a temperatura real

em que o líquido à frente da referida interface encontra-se a temperaturas reais abaixo do perfil

de TL estando, portanto, super-resfriado pelo efeito constitucional.

40

Figura 2.4.6- (a) Gradiente de temperatura da linha liquidus e gradiente de teor de soluto em frente à interface S/L; (b) Perfis de temperatura real e da temperatura liquidus na interface S/L caracterizando a

região de super-resfriamento constitucional

(a)

(b)

Fonte: Santos (2006)

2.4.1.6 Super-resfriamento constitucional (SRC) e estruturas celulares e dendríticas

O tipo de instabilidade que ocorre na frente de solidificação depende do valor do SRC,

isto é, de maneira geral, o aumento do super-resfiamento constitucional altera as condições de

estabilidade da solidificação, caracterizada pela morfologia planar da interface sólido/líquido,

promovendo o surgimento de estruturas celulares e dendríticas.

Quando uma liga binária diluída é solidificada, para baixos valores de super-resfriamento

constitucional, a interface sólido/líquido desenvolve, usualmente, uma morfologia celular. Isto

ocorre devido ao valor do SRC ser apenas suficiente para iniciar o processo de instabilização da

interface, e provoca a formação de uma protuberância que se projeta a partir da interface no

41

líquido super-resfriado até uma distância em que o super-resfriamento é apenas necessário para

manter a força motriz do crescimento. Ao crescer, essa protuberância rejeita o soluto e a sua

concentração lateral é maior do que em qualquer outro ponto do líquido. A protuberância, nessas

condições, adquire uma forma estável que se estende por toda a interface, que passa de uma

forma plana para uma rede de protuberâncias, como ilustra a Figura 2.4.7, conhecida como

estrutura celular.

Figura 2.4.7- (a) Esquema do desenvolvimento de uma interface celular (b) Interface com estrutura tipicamente celular obtida através de MEV

(a) (b) Fonte: (a) Garcia (2007); (b) Goulart (2010)

À medida que a região super-resfriada constitucionalmente torna-se mais espessa, a

configuração da célula, induzida por instabilidades de maior ordem, começa a alterar a

morfologia circular original através do surgimento de braços secundários que caracterizam as

redes dendríticas, passando a apresentar uma estrutura denominada de cruz de malta, conforme

ilustrado na Figura 2.4.8. Nessas condições, os fatores cristalográficos exercem forte influência

na formação das microestruturas que crescem segundo uma direção cristalográfica preferencial

(CHALMERS, 1968; FLEMINGS, 1974; KURZ e FISHER, 1981 e 1992; GARCIA, 2007;

DING e TEWARI, 2002).

42

Figura 2.4.8 – Imagens de estrutura dendrítica (a) de liga do sistema Al-Sn obtida através de MEV (b) da liga Al-5,5%Si-3,0%Cu observada transversalmente à direção de extração

de calor

(a) (b)

Fonte: (a) Osório et al (2009); (b) Gomes (2012)

A Figura 2.4.9 apresenta de forma esquemática a influência da concentração de soluto

(C0), da velocidade de deslocamento da isoterma liquidus (VL), do gradiente térmico (GL) bem

como do SRC para a instabilidade da interface S/L e, consequentemente, para a formação das

microestruturas.

Figura 2.4.9 - Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na formação das microestruturas de solidificação

Fonte: Adaptado de Rosa (2007)

Para se determinar os efeitos das condições de solidificação sobre a microestrutura

formada é necessária a quantificação das distâncias entre centros de células e de ramificações ou

43

braços dendríticos, definidas como espaçamentos intercelulares e interdendríticos,

respectivamente. Na Figura 2.4.10 estão indicadas as possíveis medições realizadas em estruturas

brutas de solidificação com morfologia dendrítica.

Figura 2.4.10 - Espaçamentos interdendríticas primários (λ1), secundários (λ2) e terciários (λ3): (a)Esquema representativo; (b) Imagem em MEV

(a)

(b)

Fonte: (a) Arquivo pessoal; (b) Goulart (2010)

44

2.5 Microestruturas de Solidificação e Propriedades Mecânicas

No que se refere à estrutura de peça a ser usinada, a relação entre processamento,

estrutura, propriedades e comportamento de um material é extremamente importante, pois é

sabido que essa estrutura, que depende da maneira como o mesmo é processado, exerce uma

elevada influência nas propriedades dos produtos obtidos e seu desempenho depende diretamente

destas propriedades. Esse contexto vem motivando pesquisadores a desenvolverem estudos

objetivando a programação prévia da estrutura final de componentes já a partir da estrutura bruta

de solidificação. Analisando-se o processo de solidificação que consiste, essencialmente, na

mudança de estado da fase líquida para a fase sólida com liberação de calor latente, vê-se que

determinadas propriedades da peça, como é o caso da usinabilidade, têm forte relação com a

composição química do material, que associada à condições de resfriamento empregadas

determinam a estrutura final da peça, ou seja, o controle das variáveis térmicas de solidificação

(cinética da transferência de calor) para determinada composição química da liga definirá a

estrutura final. Peças fundidas, portanto, apresentam características mecânicas que dependem de

aspectos descritos da sua estrutura, como tamanho de grão, espaçamentos dendríticos, lamelares

ou fibrosos, e defeitos, como heterogeneidades de composição química, do tamanho e forma das

inclusões, da porosidade, que por sua vez são função das condições de solidificação, e que

afetam, portanto, as suas propriedades mecânicas (GARCIA, 2007).

No que tange ao aspecto da usinabilidade, Taha et. al (2012), estudaram a correlação entre

microestrutura e usinabilidade de ligas de cobre com adição de chumbo e silício, mas até o

presente momento não existem na literatura trabalhos que correlacionem parâmetros estruturais

com propriedades de usinabilidade em ligas de alumínio.

45

3 MATERIAIS E MÉTODOS

No presente trabalho, utilizou-se para as análises o corpo-de-prova resultado do processo

de solidificação direcional horizontal dos trabalhos de De Leon (2013) e Casseb (2014) e cujo

resumo dos materiais e métodos são descritos neste trabalho, entretanto detalhamentos são

encontrados nas referidas literaturas.

3.1 Materiais

3.1.1 A liga do sistema Al-Si

O presente trabalho apresenta como objeto de estudo da liga Al-7%Si. A preparação do

lingote com a composição desejada ocorreu através da utilização de metais comercialmente

puros, cuja análise é mostrada na Tabela 4.1 e o diagrama de fases do sistema com o indicativo da

liga e sua respectiva curva de resfriamento são mostrados na Figura 4.1.1.

Tabela 3.1 - Composição química dos metais empregados na preparação da liga estudada

Metal Al Fe Ni Si P Ca Ti Zn Ga V Cu

Al 99,7 0,18 0,006 0,062 - - 0,009 0,007 0,012 0,01 0,005

Si 0,12 0,32 0,010 99,59 0,010 0,021 0,046 - - - -

Fonte: Peres (2005)

46

Figura 3.1.1 – (a) Diagrama de fases binário do sistema Al-Si e (b) curva de resfriamento da liga Al-7%Si

(a) (b) Fonte: Peres (2005) Fonte: De Leon (2013)

3.1.2 Equipamentos e Materiais Utilizados

A seguir serão apresentados os materiais, os equipamentos e a metodologia utilizada na

realização dos trabalhos experimentais.

Etapa 1

• Balança eletrônica com precisão de 0,01g, utilizada para a pesagem dos componentes da

liga de acordo com a concentração desejada (Figura 3.1.2a).

• Cadinho de carbeto de silício, com capacidade de 1 ℓ, utilizado na fusão dos metais no

interior do forno e realizar o vazamento da liga no dispositivo (Figura 3.1.2b).

• Tenaz ou garra metálica, utilizada no manuseio do cadinho, introduzindo-o e retirando-o

do interior do forno.

• Forno mufla de aquecimento elétrico, marca BRASIMET, com temperatura máxima de

trabalho de 1250ºC, com a finalidade de elevar a temperatura até a total fusão da liga

metálica contida no interior do cadinho (Figura 3.1.2c).

47

Figura 3.1.2 - (a) Balança digital; (b) Cadinho; (c) Forno mufla

Fonte: Costa, 2013

Etapa 2

• Termopares de Chromel-Alumel do tipo K, com diâmetro de 1,5 mm, com faixa de

utilização até 1260°C, utilizado para mapear horizontalmente as temperaturas do metal

durante o processo de solidificação (Figura 3.1.3a).

• Registrador de temperatura tipo ALMEMO, modelo 2290-8, utilizado para permitir a

leitura e aquisição direta das temperaturas medidas pelos termopares em até cinco canais

de entrada. Os registros das temperaturas foram realizados mediante o uso de software

fornecido pelo fabricante do registrador, que digitaliza as medidas dos termopares feitas

em tempo real pelo sistema de aquisição de dados (Figura 3.1.3b).

Figura 3.1.3 –(a) Termopar do tipo K; (b) Registrador de temperatura

Fonte: Costa, 2013

Etapa 3

• Molde em silicone, utilizado para realizar o embutimento das peças cortadas (Figura

3.1.4a).

48

• Lixas d'água para metais de granulometrias diversas, utilizadas para eliminar as ranhuras

decorrentes do corte da peça e permitir a realização do polimento.

• Lixadora e politriz rotativa, utilizada para acoplar as lixas e os panose realizar o

movimento circular que preparará a superfície das peças para o polimento (Figura 3.1.4b).

• Pasta de diamante de 1µm, aplicada sobre o pano para polimento, a fim de auxiliar o

polimento das peças (Figura 3.1.4c).

• Pano para polimento de 1µm, utilizado para polir as peças.

Figura 3.1.4 - (a) Molde de silicone; (b) Lixadora e politriz rotativa; (c) Pasta de diamante

Fonte: Arquivo pessoal

Etapa 4

• Microscópio ótico Olimpus, modelo UC30, acoplado ao software de captura de imagem

Analise Sys, utilizado para obter as imagens das microestruturas de solidificação (Figura

3.1.5a).

• Software Image Tool, utilizado para medir os espaçamentos dendríticos secundários

(Figura 3.1.5b).

• Software OriginPro 8, utilizado para plotagem e ajuste dos gráficos (Figura 3.1.5c).

49

Figura 3.1.5 - (a) Microscópio ótico acoplado ao sistema de aquisição de imagem; (b) Tela de trabalho do

Image Tool (c) Tela de trabalho do OriginPro 8

Fonte: Adaptado de Costa, 2013

Etapa 5

• Torno mecânico convencional NARDINI 300 III, utilizado para realização dos

sangramentos (Figura 3.1.6a).

• Bedames ROCAST HSS 12 com dimensões 3/4” x 1/8” x 6” acoplado em um porta-

bedame Reto STD – ¾ PB- 852, utilizado para realização dos cortes dos sangramentos

(Figura 3.1.6b).

• Termômetro Infravermelho digital de alta temperatura Instrutherm TI-870, utilizado para

medição das temperaturas geradas ao longo de cada processo (Figura 3.1.6c).

Figura 3.1.6 - (a) Torno Mecânico; (b) Ponta do Bedame (c) Termômetro infravermelho

Fonte: Autoria própria

3.1.3 Descrição do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal

Desenvolvido e utilizado pela primeira vez por Silva (2008), o dispositivo de solidificação

empregado nos experimentos, mostrado na Figura 3.1.7, foi projetado de tal maneira que o calor

50

do metal líquido fosse extraído somente através de um sistema refrigerado a água, localizado na

parte frontal do molde, promovendo assim a solidificação unidirecional horizontal. Na Figura

3.1.8 é apresentada uma esquematização do dispositivo utilizado neste trabalho acoplado ao

sistema de aquisição de dados.

Figura 3.1.7 - Imagens ilustrativas do dispositivo de solidificação horizontal refrigerado a água

Fonte: Adaptado de Silva (2007)

Figura 3.1.8 - Esquematização do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal acoplado ao sistema de aquisição de dados utilizados neste trabalho

Fonte: Dias Filho (2013)

51

Constituído de resistências elétricas, o equipamento tem sua potência controlada a fim de

estabilizar os diferentes níveis de superaquecimento no metal líquido. Para garantir um bom

isolamento térmico, o dispositivo é envolvido por elementos refratários, a fim de evitar ao

máximo fugas de calor do sistema metal/molde para o ambiente. Além disso, as superfícies

laterais internas do molde foram revestidas com camadas de alumina e a parte superior isolada

com material refratário para evitar perdas de calor para o ambiente. A lingoteira, confeccionada

de aço inoxidável, possui as seguintes principais dimensões: 3 mm de espessura, 110 mm de

comprimento, 70 mm de largura e 60 mm de altura. Para o monitoramento e o registro térmico

durante a solidificação, o dispositivo possui acoplado a sua estrutura uma haste metálica munida

de cinco orifícios, onde são dispostos os termopares que realizam as medições de temperatura no

metal líquido. A superfície correspondente à interface metal/molde foi lixada a cada

procedimento experimental, a fim de padronizar a condição de contato térmico entre o metal e o

molde. Diversos trabalhos já foram desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Metalurgia Física

e de Transformação – GPM (IFPA) assim como pelo Grupo de Pesquisa em Solidificação –

GPSOL (UFPA), ao longo dos últimos anos utilizando esta metodologia, como os realizados por

Moutinho (2007), Moutinho (2011), Nogueira (2011) e Carvalho (2013).

3.2 Métodos

3.2.1 Procedimento Experimental Para a Obtenção da Liga Investigada

O procedimento experimental adotado para a obtenção da liga analisada seguiu o padrão

comumente adotado para este tipo de estudo, descrito abaixo:

1. Inicialmente, foram realizados os cálculos estequiométricos para a obtenção da

composição desejada;

2. Posteriormente, os elementos (Al e Si) foram e pesados em uma balança eletrônica com

precisão de 0,01g até que fossem alcançadas as proporções da estequiometria;

3. Em seguida, o alumínio (solvente) foi introduzido em um cadinho de carbeto de silício

previamente revestido com camada de material refratário (solução de alumina),

objetivando a preservação do mesmo e a não contaminação das amostras da liga;

52

4. Logo após, o cadinho foi levado ao forno mufla, onde ocorreu a fusão dos materiais

estudados;

5. Em seguida, a liga fundida foi vazada na lingoteira do dispositivo de solidificação. Nessa

etapa, o metal líquido foi introduzido na lingoteira do dispositivo de solidificação, sendo

mantido sob aquecimento até que fosse atingida a temperatura correspondente a 10%

acima de sua temperatura liquidus (TL). Após alcançado o nível de superaquecimento

estabelecido, as resistências elétricas do dispositivo foram então desligadas e

imediatamente acionado o sistema de refrigeração a água. Essa condição de resfriamento

permaneceu até que o processo de solidificação do metal se completasse. Os jatos do

fluido refrigerante (H2O), direcionados tão somente a uma das paredes laterais do molde,

induziram uma extração de calor no sentido longitudinal do mesmo, ou seja, apenas na

direção horizontal. O monitoramento e os registros térmicos foram realizados com auxílio

de termopares posicionados no interior da lingoteira, conectados a um sistema de

aquisição de dados. A escolha dos termopares do tipo K, citado anteriormente, ocorreu em

função da larga faixa de utilização dos mesmos, o que permitiu sua utilização para a liga

investigada.

3.2.2 Procedimento Experimental para Determinação das Variáveis Térmicas de

Solidificação (VL e TR)

Os valores das temperaturas foram medidos durante o processo de solidificação através de

cinco termopares posicionados a partir da superfície de extração de calor, todos conectados por

meio de um cabo coaxial a um registrador de dados interligado a um computador. No registro dos

perfis térmicos foi utilizado o sistema de aquisição de dados, marca ALMEMO, modelo 2290-8,

apresentando uma configuração que permitiu a leitura e aquisição de cinco canais de entrada e

dois canais de saída. Os registros das temperaturas foram realizados mediante o uso de software

fornecido pelo fabricante do registrador, que digitaliza as medidas dos termopares feitas em

tempo real pelo sistema de aquisição de dados.

Inicialmente as leituras dos termopares foram utilizadas para gerar expressões algébricas

de posição, a partir da interface metal/molde, em função do tempo, ou seja, P=f(t),

correspondente à passagem da frente liquidus pelos termopares. Depois de determinadas as

53

expressões algébricas da posição em função do tempo, foram calculadas as velocidades

experimentais da isoterma liquidus (VL) em função da posição obtidas através da derivada da

equação, isto é:

VL=dP/dt

A taxa de resfriamento (TR) para cada posição dos termopares foi obtida

experimentalmente a partir das interseções da reta de temperatura liquidus (TL) com o perfil

térmico em cada posição dos termopares, através do resultado da leitura direta do quociente das

temperaturas imediatamente antes e depois da TL e dos tempos correspondentes, isto é, dTR =

dT/dt. Procedimento semelhante é utilizado por Okamoto e Kishitake (1975).

É importante destacar que para o presente trabalho não foi determinado o gradiente de

temperatura no líquido junto à isoterma liquidus uma vez que as condições impostas durante a

solidificação da liga investigada conferem instabilidade ao citado processo, impossibilitando,

portanto, a utilização do modelo analítico (GARCIA, 2007) para a determinação do referido

parâmetro, visto que o modelo foi concebido para solidificação desenvolvida sob frente plana ou

para transformação líquido/sólido de ligas binárias.

3.2.3 Aspectos Macroestruturais e Microestruturais

Por meio da macroestrutura pode-se aferir a precisão dos experimentos de solidificação

quanto à direcionalidade em que o processo ocorreu. Assim, as microestruturas permitiram

investigar a influência das variáveis de solidificação na constituição estrutural da liga metálica

investigada. Após os procedimentos metalográficos (corte, lixamento e ataque com reagente

apropriado - 5 ml HF, 30 ml HNO3, 60 ml HCl e 5 ml H2O,), a macroestrutura obtida pôde ser

revelada, conforme mostra a Figura 3.2.1, constituída de grãos colunares, grãos equiaxiais e uma

transição colunar equiaxial (TCE) bem definida.

54

Figura 3.2.1 - Representação esquemática da obtenção das amostras para macroestruturas e microestruturas

Fonte: De Leon, 2013

Objetivando a caracterização microestrutural, foram realizados cortes no lingote visando a

obtenção e quantificação dos espaçamentos dendríticos.

Para a obtenção dos valores de λ2 foram efetuados cortes com a utilização de um cut-off

nas posições correspondentes a 5, 10, 15, 20, 30, 40, 50 e 60, pois a partir desta última posição

não foi possível garantir o paralelismo dos braços primários, uma vez que estes encontravam-se

após a TCE, ou seja, na zona equiaxial, na qual inexiste direção preferencial de crescimento dos

grãos, onde, após a realização de prodecimento metalográfico em cada amostra (lixamento,

polimento a ataque químico – 5% de HF em água destilada) a microestrutura pôde ser revelada,

analisada com auxílio do sistema de processamento de imagens Olimpus, modelo UC30,

aclopado ao software de captura de imagem Analise Sys e medida com o auxílio do software

Image Tool. A microestrutura obtida pode ser observada na Figura 3.2.2, na qual a microestrutura

dendrítica pode ser bem visualizada.

55

Figura 3.2.2– Microestruturas dendríticas das posições 10, 30 e 60 mm obtidas para a liga Al-7%Si

Fonte: De Leon (2013)

Depois de obtidos os valores para os espaçamentos dendríticos secundários, os mesmos

foram correlacionados com os parâmetros térmicos de solidificação (VL e TR).

56

3.2.4 Procedimento Experimental Para Determinação da Temperatura de Corte Para

Diversas Posições do Lingote

O objetivo deste trabalho é correlacionar Temperatura de Corte com aspectos

microestruturais da liga Al-7%Si, mais especificamente os espaçamentos dendríticos secundários,

λ2. Como esses valores variam à medida em que há um afastamento da interface metal/molde,

conforme pode ser observado na Figura 3.2.2 acima, foi necessária a realização de diversos

sangramentos ao longo do lingote. Devido às perdas de material que ocorrem durante o processo

de corte, devido à espessura do bedame, vibrações do processo, etc., não é possível realizar o

sangramento nas mesmas posições em que os espaçamentos foram medidos. Sendo assim,

dividiu-se a seção longitudinal do lingote em seis corpos-de-prova, com dimensões da seção a ser

usinada de 14 x 17 mm, conforme mostra a Figura 3.2.3, nas posições mostradas pela Tabela 3.2.

Figura 3.2.3– (a) Macroestrutura da liga Al-7%Si com detalhe esquemático da retirada do corpo-de-prova na zona colunar e (b) corpo-de-prova utilizado no ensaio

Fonte: Autoria própria

57

Tabela 3.2 – Faixa de posições a partir da interface metal/molde de cada corpo-de-prova

Corpo-de-prova Faixa de medida

1 0 a 10 mm

2 11 a 20 mm

3 21 a 30 mm

4 31 a 40 mm

5 41 a 60 mm

6 61 a 80 mm

Fonte: Autoria Própria

Os procedimentos de usinagem foram realizados através de ensaio de sangramento (corte

da amostra em um único passe), executado em um torno convencional da marca NARDINI. A

escolha deste processo se justifica pela sua grande aplicação em escala industrial e também, por

representar uma situação muito próxima do que ocorre dentro das indústrias. Como ferramenta,

utilizou-se um bedame convencional de aço rápido HSS T6, acoplado em um porta-bedame, sem

polimento nem afiação, para que o desgaste pudesse ser verificado.

A medição da temperatura de corte foi feita utilizando-se um termômetro infravermelho

digital, técnica de medição já consolidada na literatura (SILVA e WALLBANK, 1999; DAVIES

et al., 2006; ABUKHSHIM et al., 2006). A utilização da técnica de medição da temperatura foi

desenvolvida para usinagem a seco, portanto não foi utilizado fluido de corte durante o

sangramento. Resultados experimentais de medição de temperatura de corte mostraram que a

utilização de fluido de corte dificulta a realização dos experimentos (SILVA e WALLBANK,

1999). O termômetro foi direcionado manualmente à zona de corte a uma distância de 800 mm,

conforme mostra a Figura 3.2.4.

Parâmetros de usinagem são função do processo de usinagem, da máquina ferramenta, do

tipo de material a ser usinado e da ferramenta de corte utilizada. Os parâmetros de corte

relacionados com processo de usinagem e a máquina ferramenta são a velocidade de corte,

avanço, profundidade de corte e fluido de corte. Para a ferramenta de corte, os parâmetros são o

material, a forma e a geometria da ferramenta e, para o material a ser usinado, a composição

química, dureza e tipo de tratamento superficial. Com a união dos parâmetros (processos de

usinagem, máquina ferramenta, ferramenta de corte, material) avalia-se, em tempo real, como se

58

comporta a operação de usinagem. Para o experimento em questão, além dos parâmetros de

usinagem já relatados, adotou-se o avanço MCFT 1 – 0,1, rotação de 710 rpm e espessura de

corte de 3 mm.

Após os sangramentos, foram coletadas as temperaturas obtidas a cada segundo do

processo para cada sangramento. Um tratamento para eliminação de ruídos decorrentes da

distância e de vibrações do termômetro foi realizado, e assim foi obtido um perfil de Temperatura

de Corte em função do tempo para cada um dos sangramentos. Também com esses valores foi

possível obter as temperaturas máxima e média de corte para cada sangramento.

Figura 3.2.4 – Imagem do experimento de medição de temperatura de corte

Fonte: Autoria própria

Por fim, todo o tratamento e compilação dos dados, consolidados na forma de gráficos e

expressões algébricas desenvolvidos ao longo deste trabalho foram obtidos por meio do software

OriginPro 8®.

59

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Figuras 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4 apresentam os gráficos da Taxa de resfriamento versus

posição, espaçamento dendrítico secundário versus posição, taxa de resfriamento e velocidade de

deslocamento da isoterma liquidus versos λ2, respectivamente. Observa-se que a taxa de

resfriamento diminui à medida em que se afasta da interface metal/molde e que λ2 aumenta com o

distanciamento da base do lingote e diminui com o aumento de TR e VL.

A Figura 4.5 mostra os resultados da temperatura de corte versus tempo para os seis

sangramentos realizados. Observa-se, em todos os casos, um aumento significativo da

temperatura, seguido de um leve decréscimo ao final do processo, além do não estabelecimento

de uma temperatura de regime em nenhum dos resultados obtidos. Tais resultados já são

conhecidos da literatura (HADDAG e NOUARI, 2013) e prováveis justificativas são que próximo

ao final da área de corte uma menor quantidade de calor é dissipada e por conta do aumento

progressivo do desgaste da ferramenta ao longo de cada ensaio (SILVA e WALLBANK, 1999).

Além disso, nota-se também que durante a aquisição da temperatura surgiram pequenas

oscilações no sinal experimental, que podem ser atribuídas ao sistema de aquisição e/ou a fatores

externos. Para tanto, após a eliminação dos ruídos, o ajuste polinomial se torna uma ferramenta

importante, uma vez que este permite a obtenção de uma função que represente os dados

experimentais deste processo, ajuste esse que é observado em diversos trabalhos (SULLT.VAN e

COTTERELL, 2001). Neste trabalho foi obtido um ajuste por um polinômio de grau 4, mas

dependendo dos resultados experimentais obtidos esse polinômio pode variar. Outros graus de

polinômios também foram observados na literatura (CARVALHO, 2013; MELO 2003),

entretanto um mesmo grau encontrado mostra a concordância entre os experimentos realizados,

fato que ratifica as condições estabelecidas na metodologia e permite as comparações seguintes.

Ainda na Figura 4.5, observa-se que nos três primeiros sangramentos o tempo de corte foi

aproximadamente o mesmo, aumentando nos dois sangramentos seguintes e diminuindo no

último.

60

Figura 4.1 - Taxas de resfriamento a partir da interface metal/molde em função da posição

Fonte: De Leon (2013)

Figura 4.2 - Espaçamentos dendríticos secundários em função da posição a partir da interface metal/molde

da liga investigada

0 10 20 30 40 50 60 70 80

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Al- 7% Si

λ2=25,7(P)

0,24

R2=0,83

Espaçam

ento

secundário, λ2 (µ

m)

Posição, P (mm)

Fonte: Casseb (2014)

61

Figura 4.3 - Espaçamentos dendríticos secundários em função da Taxa de Resfriamento para a liga

investigada

1

20

40

60

80

100

Al- 7% Si

λ2=50,59 (T

R)-1/3

R=0,84

Espaçam

ento

secundário, λ

2 (µ

m)

Taxa de resfriamento, TR (oC/s)

Fonte: Casseb (2014)

Figura 4.4 - Espaçamentos dendríticos secundários em função da Velocidade de deslocamento da isoterma liquidus para a liga investigada

0,2 0,4

20

40

60

80

100

Al- 7% Si

λ2=22,34(V

L)-2/3

R2=0,84

Espaçam

ento

secundário, λ2 (µm

)

Velocidade da isoterma liquidus, VL (mm/s) Fonte: Casseb (2014)

62

Figura 4.5 - Resultados da temperatura de corte versus tempo para os seis sangramentos realizados

Fonte: Autoria Própria

A Figura 4.6 apresenta um comparativo entre os resultados encontrados na Figura 4.5,

mostrando os valores de Temperatura de corte x tempo para todos os sangramentos realizados.

Observa-se um aumento significativo da máxima temperatura de corte atingida para posições

mais afastadas da interface metal/molde, com exceção do último sangramento, onde observa-se

um leve decréscimo desta em relação ao sangramento feito para a posição anterior a ela.

0 20 40 60 80

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Al-7% Si (0 a 10 mm)

T = -1x10-5t4+11x10

-4t3-15x10

-3t2-15x10

-2t+33,50

R2=0,97

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

0 10 20 30 40 50 60 70

40

60

80

100

120

140

160

180 Al-7% Si (11 a 20 mm)

T = -6x10-5t4+63x10

-4t3-152x10

-3t2-121x10

-2t+31,02

R2=0,99

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

0 20 40 60 80

40

60

80

100

120

140

160

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

Al-7% Si (21 a 30 mm)

T = -4x10-5t4+55x10

-4t3-208x10

-3t2-278x10

-2t+27,46

R2=0,99

0 20 40 60 80

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

Al-7% Si (31 a 40 mm)

T = -3x10-5t4+40x10

-4t3-124x10

-3t2-103x10

-2t+34,36

R2=0,95

0 20 40 60 80

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

Al-7% Si (41 a 60 mm)

T = -6x10-7t4+3x10

-5t3-192x10

-4t2-264x10

-3t+36,12

R2=0,96

0 20 40 60 80

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(o

C)

Tempo, t (s)

Al-7% Si (61 a 80 mm)

T = -3x10-5t4+55x10

-4t3-277x10

-3t2-465x10

-2t+23,01

R2=0,92

63

Observando-se as Figuras 4.1 e 4.5 nota-se que a diminuição da temperatura de corte máxima no

último sangramento deve-se a esta região compreender parte da TCE que, por ser uma região de

transição de estruturas apresenta comportamento diferenciado e a análise das Figuras 4.1 e 4.6

nos mostra que a temperatura de corte aumenta com a diminuição da taxa de resfriamento ao

longo do lingote, provavelmente devido a maior quantidade de braços formados, conforme figura

4.2.2. Tal resultado pode ser melhor visualizado na Figura 4.7. Além disso, pode ter ocorrido a

segregação de Si para posições mais afastadas da interface metal/molde, que dificulta o processo

de corte, aumentando a temperatura.

As Figuras 4.7 e 4.8 apresentam os resultados da temperatura máxima de corte versus taxa

de resfriamento e velocidade da isoterma liquidus médias para cada sangramento,

respectivamente, para todos os experimentos realizados, ou seja, tomou-se um valor médio de

posição para cada sangramento e calculou-se, para esta posição, a taxa de resfriamento e

velocidade de deslocamento. O comportamento da temperatura de corte com a velocidade é

análogo ao da taxa de resfriamento e os resultados puderam ser expressos por funções do tipo

potência, com expoente de -0,3 para a função representativa da variação da temperatura de corte

com a taxa de resfriamento e -0,63 para a função representativa dessa temperatura com a

velocidade de deslocamento da isoterma liquidus.

Figura 4.6 – Perfil de Temperatura de Corte para cada faixa de posições

0 20 40 60 80

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

Tem

pera

tura

de C

orte, T

(oC)

Tempo, t (s)

Al-7% Si

0 a 10 mm

11 a 20 mm

21 a 30 mm

31 a 40 mm

41 a 60 mm

61 a 80 mm

Fonte: Autoria Própria

64

Figura 4.7 – Temperatura Máxima de corte em função da Taxa de Resfriamento para a liga Al-7%Si

solidificada no dispositivo horizontal

Fonte: Autoria Própria

Figura 4.8 – Temperatura Máxima de corte em função da Velocidade de Deslocamento da Isoterma

liquidus para a liga Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal

Fonte: Autoria Própria

A fim de se estabelecer uma relação entre os espaçamentos dendríticos secundários e a

temperatura de corte, as Figuras 4.9 e 4.10 mostram os gráficos da Temperatura máxima e da

Temperatura média de corte λ2, respectivamente, considerando-se apenas pontos onde a

unidirecionalidade foi observada (zona colunar do lingote). Nota-se em ambos os casos que a

temperatura aumenta com o aumento do espaçamento e podem ser representadas por uma função

do tipo potência, com coeficientes de correlação eficientes para ambos os casos.

65

Estudos mostram que estruturas mais refinadas, ou seja, espaçamentos dendríticos

menores, apresentam propriedades mecânicas como limite de resistência à tração e dureza mais

elevados, diminuindo a usinabilidade de um material, ou seja, aumentando os esforços e

consequentemente e temperatura de corte, entretanto, em seu trabalho, Moutinho (2012), ao

estudar o perfil de segregação do silício em uma liga ternária verificou que para teores acima de

4% há uma tendência de aumento de concentração de Si com a distância da base do lingote. O

silício é um elemento que causa o endurecimento da liga e também a fragilidade do cavaco,

ocasionando sua quebra (HETZNER, 2001). Dessa forma, apesar dos espaçamentos dendríticos

maiores induzirem a uma tendência de redução dos esforços de corte, a presença do silício em

maiores quantidades nas regiões mais distantes da base do lingote resultaram no endurecimento

da liga, aumentando os esforços e, por conseguinte, a temperatura de corte.

Figura 4.9 – Temperatura Máxima de corte em função do Espaçamento Dendrítico Secundário para a liga Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal

Fonte: Autoria Própria

66

Figura 4.10 – Temperatura Média de corte em função do Espaçamento Dendrítico Secundário para a liga

Al-7%Si solidificada no dispositivo horizontal

Fonte: Autoria Própria

67

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A análise dos resultados experimentais obtidos neste trabalho relacionados às medições

das temperaturas de corte ao longo do lingote da solidificação direcional transiente da liga Al-

7%Si em um dispositivo de configuração horizontal permite que sejam extraídas as seguintes

conclusões:

� Em todos os sangramentos realizados, houve um aumento significativo da temperatura de

corte, seguido de um leve decréscimo ao final do processo, além do não estabelecimento

de uma temperatura de regime em nenhum dos resultados obtidos.

� A variação da temperatura de corte com o tempo, em todos os casos, foi representada por

uma função polinomial de grau 4.

� Observou-se um aumento significativo da máxima temperatura de corte atingida para

posições mais afastadas da interface metal/molde, com exceção do último sangramento,

onde, por este ser realizado em uma posição que compreende parte da TCE, observa-se

um leve decréscimo de temperatura em relação ao sangramento feito para a posição

anterior.

� A temperatura de corte aumenta com a diminuição da taxa de resfriamento ao longo do

lingote, provavelmente devido a maior quantidade de braços formados.

� A correlação entre a temperatura máxima de corte com a taxa de resfriamento e com a

velocidade da isoterma liquidus médias para cada sangramento resultou em funções que

puderam ser expressos por funções do tipo potência, Tmax = C(TR,VL)-a com C = 125 e 57

e a = -0,3 e -0,63, respectivamente.

� As temperaturas máxima e média de corte aumentam com o aumento do espaçamento

dendrítico secundário, e estas podem ser representadas por equações experimentais na

forma de potência, conforme é mostrado na tabela 5 a seguir:

68

Tabela 5 - Equações experimentais na forma de potência

LIGA TMAX= f (λ2) TMED= f (λ2)

Al-7%Si TMAX=0,95(λ2)1,2

TMED= 4,43(λ2)0,7

Fonte: Autoria Própria

� O provável aumento da concentração de Si (elemento que causa o endurecimento da liga e

também a fragilidade do cavaco, ocasionando sua quebra) com a distância da base do

lingote é uma das possíveis justificativas do aumento dos esforços de corte e, por

conseguinte, da temperatura de corte.

5.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros

Considerando os resultados obtidos, as discussões realizadas e as conclusões

apresentadas neste trabalho, as principais linhas de pesquisa sugeridas a partir deste são as

seguintes:

1. Realizar experimentos de medição de temperatura de corte em uma liga Al-7%Si

solidificada nos dispositivos vertical ascendente e descendente.

2. Realizar ensaios de macrossegregação e microdureza para ratificar o aumento da

temperatura de corte com o aumento do espaçamento dendrítico secundário.

3. Realizar experimentos de medição de temperatura de corte em outros sistemas de ligas,

binários e ternários, em dispositivos com diferentes configurações de extração de calor.

69

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