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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA GUSTAVO VIANNA RAFFO PROJETO DE DIPLOMAÇÃO ANÁLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA Porto Alegre (2010)

Análise de Corrente de Inrush Em Transformador de Potência

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Correntes de inrush

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    GUSTAVO VIANNA RAFFO

    PROJETO DE DIPLOMAO

    ANLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM TRANSFORMADORES DE POTNCIA

    Porto Alegre

    (2010)

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    ANLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM

    TRANSFORMADORES DE POTNCIA

    Projeto de Diplomao apresentado ao

    Departamento de Engenharia Eltrica da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos

    requisitos para Graduao em Engenharia Eltrica.

    ORIENTADOR: (Prof. Dr. Luiz Tiaraj dos Reis Loureiro)

    Porto Alegre

    (2010)

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    GUSTAVO VIANNA RAFFO

    ANLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM

    TRANSFORMADORES DE POTNCIA

    Este projeto foi julgado adequado para fazer jus aos

    crditos da Disciplina de Projeto de Diplomao, do Departamento de Engenharia Eltrica e aprovado em

    sua forma final pelo Orientador e pela Banca

    Examinadora.

    Orientador: ____________________________________

    Prof. Dr. Luiz Tiaraj dos Reis Loureiro, UFRGS

    Formao Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

    Alegre, Brasil

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Luiz Tiaraj dos Reis Loureiro, UFRGS

    Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil

    Eng. Ito Capinos, Alstom Grid

    Prof. Dr. Roberto Petry Homrich, UFRGS

    Doutor pela Universidade de Campinas Campinas, Brasil

    Porto Alegre, (Dezembro 2010).

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho aos meus pais, em especial pela dedicao e apoio em todos os

    momentos difceis. Por terem se esforado para me dar a melhor criao possvel e uma

    educao de qualidade. Aos meus dois irmos e duas irms por terem sempre estado presente,

    nos bons e nos maus momentos, me apoiando e me servindo como exemplo de pessoas e

    profissionais.

    Por fim, mas no menos importante, eu quero dedicar no somente este trabalho, mas

    tambm a minha formao de engenheiro eletricista, ao meu av. Infelizmente ele no est

    mais presente entre ns, mas segue no meu corao e nos meus pensamentos, me dando fora

    para enfrentar as dificuldades da vida. Ele me serviu como exemplo de ser humano amoroso,

    alegre, honrado, corajoso, enfim, um dolo para mim.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais agradeo pelo amor, dedicao, carinho, afeto, pacincia, e por todo o

    esforo para criar no somente a mim, mas tambm todos os meus irmos e irms, que hoje

    so profissionais formados e com um futuro brilhante pela frente graas a essas duas pessoas

    maravilhosas que nos trouxeram ao mundo. Pai e me, muito obrigado!

    minha famlia e amigos por todas as palavras de apoio, momentos de descontrao

    durante o curso.

    Aos colegas pelo auxlio nas tarefas desenvolvidas durante o curso e pelas muitas

    horas de estudo juntos que nos possibilitou concluir mais esta etapa de nossas vidas e tambm

    ao Mestre em Engenharia Mario Oliveira pelo auxlio nas simulaes no software ATP e

    orientao na anlise e interpretao dos resultados.

    empresa Alstom, por me proporcionar um grande aprendizado e desenvolvimento

    profissional durante o perodo em que estagiei l, agradeo em especial ao especialista em

    clculo eltrico de transformadores, Renato Volpato e ao Engenheiro Eletricista Alexander

    Guilherme Tesche pelo conhecimento transmitido durante o estgio.

    Universidade, a alguns professores que se dedicam ao ensino de fato, como o

    professor Doutor Luiz Tiaraj Loureiro dos Reis, que me orientou neste trabalho de forma

    nica, instigando meus conhecimentos de futuro engenheiro e compartilhando o seu vasto

    conhecimento na rea e aos funcionrios do DELET, que fizeram parte desta fase da minha

    vida.

    minha namorada, que me deu fora para desenvolver este trabalho, abdicando

    muitas vezes de estar comigo para que eu pudesse enfim concluir mais esta etapa da minha

    vida.

  • RESUMO

    Os fenmenos transientes em transformadores de potncia so aspectos importantes a

    ser analisados, a corrente de inrush um destes fenmenos. Este trabalho desenvolve uma

    comparao entre a corrente de inrush e a corrente de curto circuito, utilizando o mesmo

    parmetro para ambas. Esta comparao pertinente devido s duas correntes apresentarem

    amplitudes de pico semelhantes.

    utilizado um circuito simplificado para o ensaio da corrente de inrush no software

    ATP. Nestas simulaes o parmetro que relaciona a reatncia de disperso de enrolamento

    com a resistncia de enrolamento do transformador variado e observa-se a

    representatividade da componente harmnica de segunda ordem em relao de primeira

    ordem da corrente de inrush. Os resultados obtidos mostram que o critrio da

    representatividade da segunda harmnica em relao primeira pode ser utilizado na

    discriminao da ocorrncia de uma energizao de um transformador ou de um curto circuito

    no enrolamento do transformador.

    Palavras-chaves: Engenharia Eltrica. Transformador de Potncia. Corrente de Inrush.

    2 Harmnica, ATP.

  • ABSTRACT

    The transient phenomena in power transformers are important aspects to be analyzed,

    the inrush current is one of them. This paper develops a comparison between inrush current

    and fault current, using the same parameter for both. This comparison is relevant because of

    the two currents present similar peak amplitude.

    It uses a simplified circuit for inrush current testing on the software ATP. In these

    tests, the parameter that relates the winding leakage reactance to the winding resistance of the

    power transformer is varied, the representativeness of the second harmonic component to the

    first harmonic component of the inrush current is observed. The results show that the criterion

    of representativeness of the second harmonic compared to the first can be used to discriminate

    the energization of a transformer or a short circuit in transformer winding.

    Keywords: Electrical Engineering. Power Transformer. Inrush Current. 2nd

    Harmonic,

    ATP.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................................... 12

    2 A CORRENTE DE INRUSH .............................................................................................. 14

    2.1 O Fenmeno .............................................................................................................. 14

    2.2 Caractersticas bsicas .............................................................................................. 16

    2.3 Descrio fsica do fenmeno ................................................................................... 18 2.4 Harmnicas da corrente de inrush .......................................................................... 22

    2.5 Harmnicas da corrente de curto circuito .............................................................. 26

    3 CONDIES INICIAIS NO FENMENO DE INRUSH .............................................. 32

    3.1 Condies de manobra no surgimento do fenmeno de inrush ............................ 33

    3.1.1 Chaveamento com tenso nula e sem magnetismo residual ..................... 33

    3.1.2 Chaveamento com tenso nula e com mximo magnetismo residual de

    polaridade oposta ao fluxo magntico sob condies de tenso normais .......... 35

    3.1.3 Chaveamento com tenso nula e com mximo magnetismo residual de

    mesma polaridade que o fluxo magntico sob condies de tenso normais .... 36

    3.1.4 Chaveamento com tenso mxima e sem magnetismo residual .............. 38

    3.1.5 Chaveamento com tenso mxima e com mximo magnetismo residual de

    polaridade oposta ao fluxo magntico sob condies de tenso normais .......... 38

    3.1.6 Chaveamento com tenso mxima e com mximo magnetismo residual de

    mesma polaridade que o fluxo magntico sob condies de tenso normais .... 39 3.2 Mtodos para a reduo da corrente de inrush ..................................................... 40

    4 SIMULAES E RESULTADOS..................................................................................... 43

    4.1 Metodologia de anlise .............................................................................................. 43

    4.2 Simulaes .................................................................................................................. 46

    4.3 Resultados................................................................................................................... 54

    4.3.1 Resultados obtidos para relao x/r igual a 10 ........................................... 55

    5 CONCLUSES.................................................................................................................... 58

    5.1 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ................................................... 60

    6 REFERNCIAS................................................................................................................... 61

    ANEXO A ................................................................................................................................ 64

    A.1 Resultados obtidos para relao x/r igual a 15 ...................................................... 64

    A.2 Resultados obtidos para relao x/r igual a 20 ..................................................... 66

    A.3 Resultados obtidos para relao x/r igual a 25 ...................................................... 67

    A.4 Resultados obtidos para relao x/r igual a 30 ...................................................... 69

    A.5 Resultados obtidos para relao x/r igual a 35 ...................................................... 71

    A.6 Resultados obtidos para relao x/r igual a 40 ...................................................... 73

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 CURVA DE HISTERESE NA RELAO B-H EM MATERIAIS

    FERROMAGNTICOS ........................................................................................................ 15

    FIGURA 2 CHAVEAMENTO COM INDUO REMANENTE IGUAL BP ............. 19

    FIGURA 3 DISTORO DA CORRENTE DE EXCITAO DEVIDO A

    SATURAO ......................................................................................................................... 21 FIGURA 4 CORRENTE DE INRUSH EM REALAO AO TEMPO

    (NORMALIZADA) PARA X=-0,5 ........................................................................................ 23

    FIGURA 5 CIRCUITO RL PARA MODELAGEM DO TRANSFORMADOR. ............ 26

    FIGURA 6 GRFICO DA CORRENTE DE FALTA NO DOMNIO DO TEMPO. ..... 30

    FIGURA 7 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO COM TENSO NULA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL......... 34

    FIGURA 8 COMPORTAMENTO DA CORRENTE A VAZIO EM RELAO

    INDUO MAGNTICA. .................................................................................................... 34 FIGURA 9 FORMA DE ONDA DA CORRENTE DE INRUSH....................................... 35

    FIGURA 10 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO COM TENSO NULA E MAGNETISMO RESIDUAL COM

    POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNTICO . ................................................... 36

    FIGURA 11 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO . ................................................................................................................ 37

    FIGURA 12 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO PARA A CONDIO BR=BN E COM MESMA POLARIDADE.. . 37

    FIGURA 13 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO COM TENSO MXIMA E COM MXIMO MAGNETISMO

    RESIDUAL COM POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNTICO ..................... 39

    FIGURA 14 COMPORTAMENTO DA INDUO MAGNTICA NO MOMENTO DO

    CHAVEAMENTO COM TENSO MXIMA E COM MXIMO MAGNETISMO

    RESIDUAL DE MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNTICO....................40 FIGURA 15 CORRENTE DE INRUSH AO ENERGIZAR UM TRANSFORMADOR

    DE 20KVA SEM O BANCO DE RESISTORES EM SRIE ............................................ 40 FIGURA 16 CORRENTE DE INRUSH AO ENERGIZAR UM TRANSFORMADOR

    DE 20 KVA COM O BANCO DE RESISTORES EM SRIE .......................................... 41

    FIGURA 17 CURVA DE SATURAO DO TRANSFORMADOR I X V....................... 48 FIGURA 18 CIRCUITO DE ENSAIO DA CORRENTE DE INRUSH ............................ 50

    FIGURA 19 ESQUEMA DE LIGAO DOS ENROLAMENTOS PRIMRIO E

    SECUNDRIO ....................................................................................................................... 51

    FIGURA 20 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DO GERADOR NO ATP ............ 52

    FIGURA 21 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DA CHAVE SECCIONADORA

    NO ATP ................................................................................................................................... 52 FIGURA 22 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DO TRANSFORMADOR

    MONOFSICO NO ATP ...................................................................................................... 53

    FIGURA 23 DADOS DE ENTRADA DA CURVA DE SATURAO DO

    TRANSFORMADOR............................................................................................................. 53

    FIGURA 24 CURVA DE SATURAO DO MODELO DO TRANSFORMADOR ..... 54 FIGURA 25 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=10......... 55

  • FIGURA 26 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=10 ......................................................................................................................................... 55 FIGURA 27 CORRENTE DE INRUSH DAS FASES A, B E C PARA X/R=10 .............. 56

    FIGURA 28 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=10 ......................................................................................................................... 56

    FIGURA 29 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=15......... 64

    FIGURA 30 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=15 ......................................................................................................................................... 65 FIGURA 31 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=15 ......................................................................................................................... 65 FIGURA 32 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=20......... 66

    FIGURA 33 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=20 ......................................................................................................................................... 66 FIGURA 34 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=20 ......................................................................................................................... 67 FIGURA 35 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=25......... 68

    FIGURA 36 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=25 ......................................................................................................................................... 68 FIGURA 37 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=25 ......................................................................................................................... 69 FIGURA 38 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=30......... 69

    FIGURA 39 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=30 ......................................................................................................................................... 70 FIGURA 40 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=30 ......................................................................................................................... 70 FIGURA 41 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=35......... 71

    FIGURA 42 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=35 ......................................................................................................................................... 72 FIGURA 43 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=35 ......................................................................................................................... 72 FIGURA 44 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=40......... 73

    FIGURA 45 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA

    X=40 ......................................................................................................................................... 73 FIGURA 46 AMPLITUDES DAS HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    PARA X/R=40 ......................................................................................................................... 74

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 RELAO DA SEGUNDA COM A PRIMEIRA HARMNICA DA CORRENTE DE INRUSH..................................................................................................... 25

    TABELA 2 COMPARAO DO FATOR K ATRAVS DO MTODO EXATO E DO

    MTODO PARAMETRIZADO ........................................................................................... 29

    TABELA 3 TAXA DA AMPLITUDE DA SEGUNDA HARMNICA PARA A

    FUNDAMENTAL DA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO PARA DIVERSOS

    VALORES DE E V. ............................................................................................................ 31

    QUADRO 1 VALORES DA REATNCIA DE DISPERSO EM FUNO DO

    PARMETRO X/R ................................................................................................................ 47

    QUADRO 2 CARACTERSTICAS DO MODELO DO TRANSFORMADOR DE

    POTNCIA MONOFSICO ................................................................................................ 47

    QUADRO 3 CARACTERSTICAS DO GERADOR DE TENSO TRIFSICO .......... 49

    QUADRO 4 CARACTERSTICAS DA CHAVE SECCIONADORA TRIFSICA....... 50

    QUADRO 5 RESULTADOS DAS COMPONENTES HARMNICAS DE PRIMEIRA

    E DE SEGUNDA ORDEM OBTIDOS PARA VALORES DA RELAO X/R ENTRE 10 E 40 PARA A CORRENTE DE INRUSH ....................................................................... 57

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    ATP: Alternative Transient Program

    FEM: Fora Eletro Motriz

    IEC: International Electrotechnical Comission

    UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

  • 12

    1 INTRODUO

    Um sistema eltrico de potncia tem como objetivo gerar, transmitir e distribuir

    energia eltrica de qualidade para seus consumidores. Os transformadores de potncia fazem

    parte da transmisso e distribuio da energia gerada. A fim de transmitir e distribuir uma

    energia de qualidade, diversos aspectos do transformador de potncia devem ser analisados no

    momento do projeto e execuo do mesmo.

    Os fenmenos que ocorrem no perodo transiente em transformadores de potncia

    provavelmente forneceram, aos projetistas e pesquisadores deste tipo de mquina eltrica, os

    maiores desafios em suas pesquisas e estimularam a evoluo dos mtodos hoje existentes

    para anlise destes fenmenos. A grande dificuldade estava em reproduzir, em laboratrio ou

    sala de testes, as condies idnticas quelas que ocorriam na prtica.

    A insero de uma nova unidade transformadora de potncia no sistema eltrico,

    bem como o desligamento e religamento deste na rede eltrica ocasiona um fenmeno

    transiente chamado de inrush. Este fenmeno causa alguns transtornos para os

    operadores do sistema eltrico e tambm para as mquinas deste sistema. O efeito que

    este trabalho ir analisar a chamada corrente de inrush.

    O fenmeno da corrente de inrush em transformadores de potncia resultado da

    energizao da mquina, ou seja, quando um transformador entra em operao ele precisa ser

    magnetizado, o que por sua vez, resulta em uma corrente de magnetizao de grande

    amplitude e forma de onda distorcida, conhecida como a corrente de inrush.

    Como a corrente de inrush tem, em muitos casos, mesma magnitude que a corrente de

    curto circuito do transformador, este trabalho visa analisar um critrio que diferencie estas

    duas correntes. Este critrio desenvolvido neste trabalho com base na bibliografia existente,

  • 13

    a fim de caracterizar atravs do mesmo parmetro para as duas correntes as diferenas

    encontradas entre estas.

  • 14

    2 A CORRENTE DE INRUSH

    2.1 O FENMENO

    Ao desconectar um transformador de potncia da fonte de energia, ocorre uma

    interrupo da corrente circulante na mquina e a intensidade de campo magntico, bem como

    a fora magnetomotriz de excitao do ncleo vai zero.

    O ncleo feito de um material ferromagntico, que apresenta o fenmeno da

    histerese, que se caracteriza por uma relao no linear entre a intensidade de campo

    magntico e a induo magntica, representada na figura 1 [1]. Quando o transformador

    desenergizado, dependendo do valor de excitao, haver um resduo de induo magntica

    no ncleo, que convencionalmente chamado de induo remanente. Esta induo remanente

    pode representar 50 a 90% da induo mxima de operao da mquina, dependendo do tipo

    de ao-silcio empregado [3].

  • 15

    Figura 1 Curva de histerese na relao B-H em materiais ferromagnticos

    Portanto, ao re-energizar a mquina, pode haver um fluxo remanente de valor

    desconhecido. Dessa forma, dependendo do valor de induo remanente que haja no ncleo e

    do valor da tenso no instante em que o chaveamento ocorre, ser necessrio um aumento

    acima do valor de pico da densidade de fluxo magntico no ncleo para que o transformador

    consiga apresentar suas caractersticas de tenso e corrente nominais.

    Este aumento na induo magntica no ncleo do transformador pode chegar a no

    mximo trs vezes o valor da induo magntica de pico no pior caso, o que de qualquer

    forma gera uma corrente de inrush com amplitude maior que a da corrente nominal.

    Deve-se mencionar que esta corrente de inrush de grande magnitude no era comum

    nos primeiros projetos de transformadores desenvolvidos, visto que a densidade de fluxo

  • 16

    magntico aplicada antigamente era aproximadamente 50 a 75% do valor atualmente

    empregado. Entretanto, com o desenvolvimento e evoluo do material que compe o ncleo

    (ao-silcio e isolantes), as perdas foram reduzidas possibilitando o aumento da induo

    aplicada ao ncleo. Este aumento gerou consequentemente um aumento na corrente de inrush,

    dando grande expresso ao fenmeno antes despercebido.

    2.2 CARACTERSTICAS BSICAS

    A corrente de inrush, descrita no item 2.1, pode apresentar uma amplitude de 8 a 10

    vezes o valor da corrente nominal do transformador de acordo com a referncia [7]. Porm,

    outros autores caracterizam esta relao de uma forma mais detalhista, como, por exemplo

    [3], que afirma que a corrente de inrush de aproximadamente 25 vezes a corrente nominal

    em 0,01s e aproximadamente 12 vezes a corrente nominal em 0,1s.

    Esta corrente de inrush transiente necessria para estabelecer o campo magntico do

    transformador, porm este fenmeno gera muitos efeitos indesejados, j que a amplitude da

    corrente de inrush est na faixa da amplitude da corrente de curto circuito. Este fenmeno

    pode causar diversos danos mquina, como, estresse dinmico nas bobinas do

    transformador, falha da operao da proteo diferencial do transformador, deteriorao do

    isolamento, da estrutura de suporte mecnico dos enrolamentos e reduo na qualidade da

    energia do sistema.

    A durao, amplitude e forma de onda da corrente de inrush dependem de alguns

    parmetros do transformador e do prprio sistema de potncia. A seguir, apresentam-se os

    parmetros referentes aos transformadores:

    Potncia nominal do transformador;

  • 17

    Material usado para fabricar o ncleo do transformador;

    Fluxo residual existente no ncleo magntico antes do chaveamento do

    transformador;

    Fluxo transiente produzido pela integral da fonte de tenso alternada.

    Podem-se citar algumas caractersticas importantes da corrente de inrush, como por

    exemplo:

    Geralmente contm uma componente DC de offset, harmnicos mpares e

    pares de corrente;

    A constante de decaimento geralmente muito maior que a constante de

    decaimento da corrente de falta;

    A componente de segunda harmnica aumenta quanto maior for o decaimento

    da corrente de inrush.

    Inicialmente, tinha-se como parmetro mnimo para a componente de segunda

    harmnica um valor de aproximadamente 17% da fundamental. No entanto, percebeu-se que

    ao energizar transformadores com tenses reduzidas, a corrente gerada na energizao dos

    transformadores continha um percentual inferior de segunda harmnica, em torno de 10% em

    relao fundamental [3].

    2.3 DESCRIO FSICA DO FENMENO

    Quando o transformador re-energizado por uma fonte de tenso, a variao de fluxo

    deve obedecer a Lei de Faraday,

    dt

    dNV

    (1)

  • 18

    Onde V a tenso aplicada, N o nmero de espiras e dt

    d a variao do fluxo

    magntico.

    Sendo assim, o fluxo segue a forma de onda da tenso aplicada,

    )( wtsenp (2)

    Onde o fluxo magntico, p o valor de pico do fluxo magntico, w igual a

    2 f, sendo f a freqncia da rede e o ngulo de fase da senoide. Define-se o fluxo

    magntico pela seguinte expresso,

    BdA (3)

    Onde B a densidade de fluxo magntico e A a rea da seo transversal por onde

    passa o fluxo magntico. Assume-se que a densidade de fluxo magntico uniforme no

    ncleo, visto que a rea da seo transversal do mesmo constante, dessa forma,

    cBA (4)

    Onde cA a rea da seo transversal do ncleo. Ento, pode-se chegar expresso para o

    pico de fluxo magntico substituindo na expresso (4), B por pB , finalmente obtm-se,

    cpp AB (5)

    Onde pB o valor de pico da induo magntica. Agora, pode-se definir a expresso

    para a tenso V como,

    )cos( wtANwBV cp (6)

    E para definir a tenso de pico, utiliza-se o valor mximo para todos os termos integrantes da

    expresso (6), logo,

    cpcp AfBNANwBV 2 (7)

  • 19

    Analisando a expresso acima, pode-se afirmar que a induo magntica, para manter

    a variao de tenso, dever oscilar entre valores de pB por um ciclo. No pior caso, quando a

    induo remanente for de aproximadamente pB e a fonte de tenso for ligada requerendo,

    para a tenso no chaveamento, um valor de induo equivalente a -pB , ser necessria uma

    induo magntica de pB2

    para atingir o valor de tenso de chaveamento, conforme mostra a

    figura 2.

    Figura 2 Chaveamento com induo remanente igual a pB

    Agora para a tenso atingir um valor de operao que corresponda induo de + pB ,

    a induo magntica ir somar mais uma parcela de induo de pico, portanto ter ao final do

    ciclo triplicado seu valor para conseguir colocar a mquina em operao sob as condies

    acima apresentadas.

  • 20

    Sabe-se que em transformadores de potncia, o valor de pB est em torno de 10 a 20%

    abaixo da saturao, ento no caso, o ncleo ser fortemente saturado e por isso precisar de

    uma alta corrente de excitao. Esta a corrente de inrush citada anteriormente.

    Denominando-se a induo magntica remanente no ncleo como rB , que sem perda de

    generalidade, assume-se como sendo positiva. Dessa forma, pode-se dizer que o fluxo

    magntico dado por,

    crr AB (8)

    Onde r o fluxo magntico remanente proveniente da induo magntica remanente.

    a variao de fluxo magntico necessria para trazer a tenso do seu valor

    inicial ao seu valor mximo. Considera-se que uma parte de ser para levar o ncleo at

    a saturao e outra ser o chamado fluxo incremental, a primeira parcela dada por

    aproximadamente,

    crs ABB )( (9)

    Onde sB o valor da induo magntica de saturao do ncleo. Se a variao de

    fluxo magntico for aumentada, ser necessria uma alta corrente de excitao. Como na

    regio de saturao o ncleo, leo e/ou ar tem a mesma permeabilidade, a densidade de fluxo

    incremental ser a mesma atravs do interior da bobina. Calcula-se a rea transversal da

    bobina pelo raio mdio mR , tem-se 2

    mRA , assim a densidade de fluxo incremental dada

    por,

    )( rsinc BBA

    B

    (10)

    O campo magntico incremental no interior da bobina dado pela equao,

    HHB incinc 00 (11)

  • 21

    Esta aproximao possvel visto que o campo necessrio para atingir a saturao

    muito pequeno em relao ao campo magntico total. Assim sabe-se que,

    hNIH / (12)

    Onde h a altura da bobina, pode-se escrever,

    ])([0

    crs ABBA

    hNI

    (13)

    Enquanto a tenso senoidal, a corrente assume uma forma muito distorcida devido,

    principalmente, aos efeitos da saturao. Porm alguma distoro pode ser percebida mesmo

    antes da saturao ser atingida proveniente de caractersticas no lineares da curva B-H. Estas

    situaes podem ser vistas na figura 3 [1].

    Figura 3 Distoro da corrente de excitao devido saturao

  • 22

    2.4 HARMNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

    Como a corrente de inrush pode ser to grande quanto corrente de curto circuito,

    de suma importncia que algumas caractersticas de ambas sejam levantadas para que seja

    possvel discrimin-las. O propsito de saber distinguir uma da outra para que no ocorram

    falsos alarmes, ou ainda pior, o sistema de proteo no identifique corretamente que um

    curto circuito ocorreu e no desarme a mquina.

    Apesar do fato que existem diferentes tipos de harmnicas, deve-se prestar muita

    ateno na segunda harmnica. Esta componente de frequncia est presente em pequenos

    valores nas correntes de falta, ento pode ser usada como teste se a condio de falta

    verdadeira ou se apenas uma condio de magnetizao. Com os sistemas de potncia

    tornando-se cada dia maiores e mais complexos em ambos os lados, capacidade e tenso,

    unidos ao grande uso de cabos no aterrados, tem-se uma gerao de uma quantia

    considervel, porm muito inferior que na corrente de inrush, de segunda harmnica de

    corrente no evento da falta. O contedo desta segunda harmnica pode ser comparado ao

    produzido na corrente de inrush.

    Para evitar isto, faz-se uma anlise dos dois tipos de corrente em relao no domnio

    do tempo. Usando a expresso (2), pode-se escrever,

    ])([)( senwtsenABsenwtsen cppp (14)

    substituindo a expresso (11) na expresso (10) tem-se,

    )]()([)(0

    rpspc BsenBBwtsenBNA

    hAtI

    (15)

    A equao (15) vlida para I(t) positivo e aproximadamente zero para valores negativos

    das indues no lado direito da expresso. Assim I(t) permanecer positivo por um ciclo de

    valores de wt entre,

  • 23

    Xsenwt 11 ,

    wt2 sen1X

    Onde, p

    rps

    B

    BsenBBX

    (16)

    tem-se assim o intervalo

    wt2 wt1 2sen1X , no qual I(t) ser positivo. Agora realizando

    um deslocamento no tempo, onde a origem estar em t1, a expresso (15) ficar,

    0

    ])([)(

    1 XXsenwtsenItI

    p ,

    22

    20

    1

    1

    wtXsen

    Xsenwt (17)

    onde NA

    BhAI

    pc

    p

    0 . Os valores mximos e mnimos de X ocorrero quando sen=1.

    p

    rps

    B

    BsenBB

    X

    )2

    (

    min

    p

    rps

    B

    BsenBB

    X

    )2

    (

    max

    (18)

    p

    rs

    B

    BBX

    )(1min

    p

    rs

    B

    BBX

    )(1max

    (19)

    Ento, X no pode ser menor que -1, j que a induo de saturao ser sempre maior que a

    induo remanente. Se X for maior que 1, isso significa que no h corrente de inrush

    significativa. A figura 4 [1] mostra a corrente de inrush em relao ao tempo para X=-0,5.

    Figura 4 Corrente de inrush em relao ao tempo (normalizada) para X=-0,5

  • 24

    Como o interesse encontrar uma relao da segunda harmnica da corrente de inrush

    e da corrente de curto circuito com a componente fundamental, aplica-se a srie de Fourier

    para analisar o contedo harmnico destas correntes. Para facilitar, reescreve-se a expresso

    (17) como,

    0

    ]cos)(1[)(

    2

    max XwtXwtsenXItI ,

    22

    20

    1

    1

    wtXsen

    Xsenwt (20)

    Agora sim, pode-se expandir I(t) na srie de Fourier e obter os seguintes coeficientes,

    2

    0

    0 )()(2

    1wtdwtIa

    2

    0

    )()cos()(1

    wtdnwtwtIan (21)

    2

    0

    )()()(1

    wtdnwtsenwtIbn

    Desenvolvendo as expresses acima, utilizando a equao (15) no intervalo pertinente, chega-

    se aos seguintes coeficientes para as primeiras componentes harmnicas, assumindo

    Xsen 12 ,

    a0

    Ip

    1

    21 X 2 (1 cos) Xsen X

    Xsen

    senX

    senX

    I

    b

    p

    )4

    2

    2(

    21

    1 221 (22)

    2

    2

    6

    3

    26

    3cos1

    2

    1cos1

    1 22

    senX

    sensenXX

    I

    a

    p

    )2cos1(

    26

    3cos1

    2

    cos1

    6

    3

    21

    1 22

    XX

    sensenX

    I

    b

    p

    Dessa forma, possvel relacionar a amplitude da segunda harmnica (|I2|) com a amplitude

    da primeira (|I1), apresentada na equao (23) a seguir,

  • 25

    | I2 |

    | I1 |a2

    2 b2

    2

    a12 b1

    2 (23)

    Uma tabela para esta relao foi retirada de [1], que apresenta a taxa da segunda

    harmnica em relao a primeira da corrente de inrush para diversos valores do parmetro X.

    Tabela 1 Relao da segunda com a primeira harmnica da corrente de inrush

    A partir destes dados, determina-se o valor mnimo de X praticado na fabricao de

    transformadores de potncia. Assume-se como padro os seguintes valores,

    TBB

    TBB

    TB

    pr

    sp

    s

    53,19,0

    7,185,0

    2

    (24)

    Substituindo estes valores em (16), obtm-se um valor mnimo de X=-0,72. Olhando a tabela

    1 observa-se que o valor correspondente ser de aproximadamente 0,085, ou seja, maior que

    8%. Esta a representatividade mnima da segunda harmnica da corrente de inrush em

    relao componente fundamental.

  • 26

    2.5 HARMNICAS DA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO

    Por motivos de comparao, examina-se a dependncia com o tempo da corrente de

    falta. Deve-se ignorar a corrente de carga no momento da falta e assume-se que o

    transformador repentinamente aterrado em t=0. Pode-se modelar basicamente o

    transformador como um circuito RL srie, com uma fonte de tenso alternada na entrada.

    Neste caso, R ser a resistncia e L a indutncia de disperso do transformador.

    Figura 5 Circuito RL para modelagem do transformador [1]

    A fonte de tenso da entrada dada por,

    )( wtsenVV p (25)

    onde o ngulo de fase. O equacionamento do circuito RL srie dado por,

    0

    )( dt

    dILRI

    wtsenVp , 0

    0

    t

    t (26)

    Para resolver a equao (26) de uma maneira simples utiliza-se a transformada de Laplace,

    no cabe aqui deter-se na resoluo pelo mtodo da transformada de Laplace, visto que este

    no o escopo do trabalho, mas a soluo dada por [5],

  • 27

    ))((

    )cos()(

    22 wsLsR

    wssenVsI

    p

    (27)

    Porm, como o interesse estudar as caractersticas da corrente de curto circuito no

    domnio do tempo, faz-se a transformada inversa da equao (27),

    )()(

    )(1

    )(2

    wtsenesen

    R

    wLR

    VtI

    tL

    Rp

    (28)

    onde )(tan 1

    R

    wL

    Da equao (28) possvel obter a expresso da corrente de pico em regime permanente,

    2)(1

    R

    wLR

    VI

    p

    pcc

    (29)

    Agora para facilitar a representao e manipulao matemtica de (28), realiza-se a seguinte

    substituio de variveis,

    t R

    Lv

    (30)

    Pode-se ento reescrever a equao da corrente de curto circuito como,

    )()()(

    senesenItI vpcc , ou

    senesenItI vpcc )cos()cos)(()( (31)

    Onde )(tan1 v

    Para encontrar o maior valor de (31) para um dado ngulo , deriva-se a corrente em

    relao e iguala-se esta a zero. J para determinar o valor de que causa a maior corrente

    de falta, calcula-se a derivada da corrente em relao ao ngulo e tambm iguala-se a

  • 28

    mesma zero. As expresses que demonstram estes momentos de mximo so apresentadas

    abaixo,

    0cos)cos()(

    senv

    esen

    I v (32)

    0)(cos)cos(

    senseneI

    v (33)

    Ao resolver as equaes, chega-se s seguintes relaes,

    tan)tan( v (34)

    0cos

    vsene v (35)

    Fica claro ento pela equao (34) que o valor do ngulo que gera a maior amplitude

    da corrente de curto circuito igual a zero. Tambm se pode concluir que o momento em que

    este mximo ocorre obtido pela soluo da equao (35), para >0. A partir destas

    concluses, substituem-se as equaes (34) e (35) em (31) e chega-se a,

    senvI

    I

    pcc

    2max 1 (36)

    Este o fator de assimetria do valor de pico da corrente de falta em regime permanente,

    com o parmetro determinado atravs da expresso (35). Como este fator normalmente

    referente ao valor eficaz da corrente em regime permanente, substitui-se Ipcc por 2 Irmscc na

    expresso (36). Com o encontrado atravs da equao (35), se pode expressar a relao da

    impedncia de disperso x com a resistncia r do transformador. Estas grandezas esto

    em p.u.

    senvI

    IK

    rmscc

    )1(2 2max , r

    x

    R

    wLv (37)

    Parametrizando a equao (37), tem-se,

  • 29

    seneK xr

    212 ,

    r

    x1tan e vr

    x (38)

    Esta parametrizao gera um pequeno erro de aproximadamente 0,7% que apresentado

    abaixo na tabela 2 [1] que exibe valores de K utilizando as duas formas de representao de

    do fator de assimetria.

    Tabela 2 Comparao do fator K atravs do mtodo exato e do mtodo parametrizado

    Sabe-se que quando =0 a assimetria mxima, a equao (31) fica,

    senevv

    ItI vrmscc )cos(

    1

    2)(

    2 (40)

    Ento para um valor de x/r=10, pode-se gerar um grfico da corrente de curto circuito no

    domnio do tempo,

  • 30

    Figura 6 Grfico da corrente de falta no domnio do tempo [1]

    Aplicando a serie de Fourier obtm-se os seguintes coeficientes,

    )1(2

    )(

    2

    0 v

    pcc

    ev

    senI

    a

    11)1(

    )(

    2

    2

    1 v

    pcc

    ev

    vsen

    I

    a

    )cos(1)1(

    )(

    2

    2

    2

    1

    v

    pcc

    ev

    vsen

    I

    b (41)

    v

    pcc

    ev

    vsen

    I

    a

    2

    2

    2 1)41(

    )(

    v

    pcc

    ev

    vsen

    I

    b

    2

    2

    2

    2 1)41(

    2)(

    Como no h interesse nos harmnicos de maior ordem que 2, estes no sero

    demonstrados aqui.

  • 31

    A partir dos coeficientes de (41), pode-se obter a relao da amplitude da segunda

    harmnica com a fundamental da corrente de curto circuito, conforme (23). Estas relaes so

    demonstradas na tabela 3, retirada de [1] para diversos valores e v.

    Tabela 3 Taxa da amplitude da segunda harmnica para a fundamental da corrente de curto

    circuito para diversos valores de e v

    Usualmente, transformadores de potncia tem uma relao x/r aproximadamente igual a

    20 [1]. E a partir da tabela 3 possvel ver que a relao da amplitude da segunda harmnica

    com a fundamental aproximadamente 4,5%. Comparando a taxa obtida na tabela 1 para a

    corrente de inrush a partir do parmetro X com a taxa obtida na tabela 3 para a corrente de

    falta a partir do parmetro x/r, percebe-se que h uma grande diferena na

    representatividade da segunda harmnica para estas correntes, podendo ento este ser um

    critrio para distinguir a corrente de inrush da corrente de curto circuito.

  • 32

    3 CONDIES INICIAIS NO FENMENO DE INRUSH

    De acordo com os itens 2.4 e 2.5, pode-se observar que existem semelhanas entre a

    corrente de inrush e a corrente de falta em transformadores de potncia. Estas semelhanas

    podem causar a m operao de rels diferenciais de proteo, que devem atuar em caso de

    curto circuito no barramento ou na mquina e no devido presena da corrente de inrush.

    Os mtodos utilizados atualmente para discriminar estas duas correntes so

    basicamente de dois tipos: os que utilizam as harmnicas para restringir e/ou bloquear a

    mquina e os que utilizam a forma de onda para identificar se h ou no a falta.

    A primeira soluo adotada para resolver este tipo de desvio foi adicionar um tempo

    de atraso na operao dos rels diferenciais. Outra proposta foi a de desensibilizar o rel por

    um curto perodo de tempo para que este no percebesse a presena da corrente de inrush [3].

    Como estas solues no eram as mais apropriadas, visto que deixavam a mquina

    desprotegida por instantes de tempo, percebeu-se, ao analisar o contedo harmnico da

    corrente de inrush, que possvel usar este critrio para diferenciar as duas correntes em

    questo. Ento, Kennedy e Harward propuseram um rel diferencial com restrio de

    harmnicas para a proteo do barramento [18]. Em seguida, Harward [19] e Mathews [20]

    desenvolveram este mtodo adicionando um percentual diferencial de restrio para a

    proteo do transformador. Estes primeiros rels usavam todas as harmnicas como restrio.

    Ento, Sharp e Glassburn apresentaram o conceito de bloqueio de harmnicas, com um rel

    que bloqueava somente a segunda harmnica de corrente [21].

    Atualmente muitos transformadores utilizam este tipo de proteo, o bloqueio de

    harmnicas. Este mtodo garante a proteo para um grande percentual de casos onde a

    corrente de inrush pode ser confundida pelo sistema de proteo com uma corrente de curto

    circuito.

  • 33

    O problema deste mtodo ocorre quando a corrente de operao tem um baixo

    contedo harmnico, podendo ento, passar despercebido pelo sistema de proteo

    diferencial.

    3.1 CONDIES DE MANOBRA NO SURGIMENTO DO FENMENO DE INRUSH

    A seguir apresentam-se as seis principais condies de chaveamento de

    transformadores de potncia. de extrema importncia salientar que estas condies so

    aplicveis a transformadores monofsicos, porm podem-se aplicar os princpios de anlise

    para transformadores polifsicos e/ou bancos de transformadores. Deve-se ter o cuidado de

    considerar o comportamento magntico entre as diferentes fases da mquina.

    3.1.1 CHAVEAMENTO COM TENSO NULA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL

    Sob condies normais de operao, o fluxo magntico no ncleo est defasado 90

    em relao a tenso, assim, o fluxo atingir seu valor mximo quando a senoide da tenso

    passar por zero. Devido a esta defasagem, o fluxo tem de variar entre os extremos, mximo

    em uma direo e o outro mximo na direo oposta, a fim de produzir meio ciclo de onda da

    fora eletromotriz (f.e.m.) no enrolamento. Portanto, o fluxo total circulante durante o

    primeiro meio ciclo equivalente ao dobro da densidade de fluxo magntico mximo.

    No instante do chaveamento, considerando que no h fluxo magntico residual no

    ncleo, o fluxo parte de zero e tem de atingir um valor que corresponda aproximadamente ao

    dobro da densidade de fluxo magntico para manter o nvel de tenso durante o primeiro meio

    ciclo. As formas de onda desta condio so apresentadas na figura 7 [2].

  • 34

    Figura 7 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento com

    tenso nula e sem magnetismo residual

    As linhas pontilhadas, senoide e exponencial, representam a densidade de fluxo

    nominal (Bn) e a componente transiente (B), respectivamente.

    Pode-se explicar a razo pelo surgimento desta corrente de inrush ao analisar

    novamente a curva B-H da figura 8 [2]. Para uma induo duas vezes maior que a induo

    nominal da mquina, a corrente aumenta fora de proporo em relao corrente nominal da

    de operao.

    Figura 8 Comportamento da corrente a vazio em relao induo magntica

  • 35

    A seguir, apresenta-se a figura 9 [2] com a forma de onda da corrente de inrush. Pode-

    se considerar esta forma de onda como a superposio de duas curvas, a primeira a corrente

    nominal a vazio do transformador, com amplitude constante, e a segunda a componente

    transiente, sob a forma de uma exponencial, que surge no chaveamento devido saturao do

    ncleo.

    Figura 9 Forma de onda da corrente de inrush

    3.1.2 CHAVEAMENTO COM TENSO NULA E COM MXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

    POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNTICO SOB CONDIES DE TENSO NORMAIS

    Sob estas condies, no momento do chaveamento, ao invs do fluxo partir de zero,

    este partir do valor correspondente a quantidade de magnetismo residual no ncleo. Neste

    caso a polaridade do magnetismo residual oposta ao sentido que o fluxo magntico tende a

    tomar, dessa forma, o fluxo ter que variar o equivalente a aproximadamente trs vezes a

    induo nominal, o que resulta no surgimento de uma corrente de inrush com amplitude e

    constante de tempo de decaimento ainda maior que no caso do item 3.1.1, porm com a

    mesma forma de onda.

    A figura 10 [2] apresenta o comportamento da induo versus tempo para o caso

    descrito.

  • 36

    Figura 10 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento com

    tenso nula e magnetismo residual com polaridade oposta ao fluxo magntico

    Novamente as linhas pontilhadas, senoide e exponencial, representam a densidade de

    fluxo nominal (Bn) e a componente transiente (B), respectivamente.

    3.1.3 CHAVEAMENTO COM TENSO NULA E COM MXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

    MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNTICO SOB CONDIES DE TENSO

    NORMAIS

    Pode-se dizer que esta uma das condies mais favorveis para o chaveamento de

    transformadores, visto que pelo fato da induo remanente ter a mesma polaridade que a

    variao de fluxo magntico tende a tomar, obtm-se uma diminuio dos valores mximas

    iniciais do fluxo, e consequentemente uma reduo na induo magntica inicial e na corrente

    de inrush. A figura 11 [2] apresenta este caso, onde se percebe que a amplitude da induo

    magntica varia pouco durante os primeiros ciclos.

  • 37

    Figura 11 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento

    A figura 12 [2] apresenta o comportamento da induo no momento do chaveamento

    para o caso em que o magnetismo residual corresponde densidade de fluxo magntico

    nominal. Esta condio evita o surgimento do fenmeno da corrente de inrush j que o fluxo

    magntico segue o seu curso normal.

    Figura 12 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento para a

    condio Br = Bn e com mesma polaridade

  • 38

    Pode-se perceber que a forma de onda da induo apresentada na figura 12 mantm os

    seus valores e amplitude mxima constante nos dois sentidos. Esta constncia verifica que no

    h o surgimento da corrente de inrush no momento do chaveamento devido caracterstica da

    curva B-H.

    3.1.4 CHAVEAMENTO COM TENSO MXIMA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL

    Este caso ainda mais favorvel que o descrito no item 3.1.3. Visto que no h

    magnetismo residual, e devido defasagem da induo em relao tenso ser de 90, o fluxo

    magntico para este caso partir de zero, atingir seu valor mximo em uma direo, passar

    pelo zero novamente, atingir seu valor mximo na outra direo e voltar para zero, tendo a

    onda simtrica em relao ao eixo do tempo.

    Dessa forma, a corrente a vazio no excede sua amplitude nominal no mome nto do

    chaveamento e, portanto, no apresenta o fenmeno de aumento de amplitude conhecido

    como corrente de inrush.

    3.1.5 CHAVEAMENTO COM TENSO MXIMA E COM MXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

    POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNTICO SOB CONDIES DE TENSO NORMAIS

    Neste caso haver a componente transiente da corrente e da induo devido ao

    magnetismo residual no ncleo. Portanto o forma de onda do fluxo ser assimtrica em

    relao ao eixo do tempo para os primeiros ciclos e para o caso em que a induo remanente

    tem o mesmo mdulo que a induo nominal, a variao de fluxo magntico corresponder a

    duas vezes o mdulo da induo magntica nominal. Este caso apresentado na figura 13 [2].

  • 39

    Figura 13 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento com tenso

    mxima e com mximo magnetismo residual com polaridade oposta ao fluxo magntico

    3.1.6 CHAVEAMENTO COM TENSO MXIMA E COM MXIMO MAGNETISMO

    RESIDUAL DE MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNTICO SOB CONDIES

    DE TENSO NORMAIS

    Este caso semelhante ao caso do item 3.1.5, onde o fluxo assimtrico em relao ao

    eixo do tempo. Para mdulos iguais do magnetismo residual e da densidade de fluxo

    magntico nominal, o fluxo total que necessrio para magnetizar o transformador o mesmo

    apresentado no item 3.1.5, ou seja, aproximadamente duas vezes a densidade de fluxo

    magntico nominal. Pode-se diferenciar este dois casos em questo pelo fato da onda de

    induo e corrente de cada caso estar disposta em lados opostos do eixo do tempo. A figura

    14 [2] apresenta as formas de onda da induo nominal, da induo incremental e da

    superposio destas duas ondas, assim como a forma de onda da tenso que est defasada 90

    em relao a induo magntica.

  • 40

    Figura 14 Comportamento da induo magntica no momento do chaveamento com tenso

    mxima e com mximo magnetismo residual de mesma polaridade que o fluxo magntico

    3.2 MTODOS PARA REDUO DA CORRENTE DE INRUSH

    Inicialmente, sistemas de controle que realizavam a proteo dos transformadores de

    potncia utilizavam um banco de resistores e contatos auxiliares com a finalidade de, ao

    conectar esse banco de resistores em srie com o transformador no momento da manobra,

    reduzir o mdulo da corrente de inrush. Este tipo de mtodo atualmente no mais

    empregado, mas para fins acadmicos serve como exemplo de como reduzir o impacto da

    corrente de inrush em transformadores. A seguir, seguem duas figuras retiradas de [2] que

    apresentam o impacto da insero de resistores em srie com o transformador no momento do

    chaveamento.

    Figura 15 Corrente de inrush ao energizar um transformador de 20kVA sem o banco de

    resistores em srie

  • 41

    Figura 16 Corrente de inrush ao energizar um transformador de 20kVA com o banco de

    resistores em srie.

    Observa-se que com o banco de resistores em srie durante a manobra, resistores estes

    que tem uma queda de tenso de 5% da tenso de alimentao a vazio, o pico da corrente de

    inrush reduz e a constante de tempo diminui drasticamente, estabilizando o sistema muito

    rapidamente quando comparado ao chaveamento sem o banco de resistores.

    Outro motivo importante para reduzir a corrente de inrush so os esforos mecnicos

    sofridos pelos enrolamentos no momento da manobra. Estes esforos comprimem e estendem

    os condutores uns contra os outros e o isolamento entre estes condutores individualmente

    pode sofrer avarias, assim como o enrolamento como um todo pode se desalinhar ou criar

    pontos com buracos entre condutores e at mesmo ter condutores adjacentes esmagados.

    Aps inmeras operaes de chaveamento, pode haver um grande risco de falha do

    isolamento entre espiras dos enrolamentos. Por causa dos efeitos indesejados da corrente de

    inrush para o sistema de proteo, estrutura fsica da parte ativa do transformador e impacto

    no prprio sistema de potncia no qual o transformador est inserido, algumas medidas para

    reduzir este fenmeno podem ser tomadas [6]:

    Pr-insero de resistores em srie;

    Fechamento sncrono de disjuntores;

  • 42

    Insero de capacitor;

    Insero de pr-resistor + Insero de capacitor;

    Uso de uma carga auxiliar;

    Uso de uma carga auxiliar + Insero de capacitor;

    Uso de uma carga auxiliar + Insero de capacitor + Insero de pr-resistor.

    Deve-se mencionar que estes mtodos citados no eliminam o efeito da corrente de

    inrush, mas o reduzem consideravelmente. O problema encontrado para alguns destes

    mtodos o custo para a aplicao em campo.

  • 43

    4 SIMULAES E RESULTADOS

    4.1 METODOLOGIA DE ANLISE

    Observa-se que o fenmeno da corrente de inrush est presente em toda e qualquer

    energizao de transformadores de potncia a vazio, ou seja, sem carga. A ocorrncia desta

    corrente inevitvel, porm utiliza-se um sistema de proteo capaz de detectar este

    fenmeno e proteger o transformador de potncia. Ainda possvel, como apresentado no

    captulo anterior, reduzir a magnitude desta corrente.

    Durante dcadas estudou-se este fenmeno de diversas formas, podendo caracteriz-lo

    basicamente de duas maneiras, analiticamente e quantitativamente. A caracterizao analtica

    feita atravs da anlise da forma de onda da corrente de inrush, que visa o estudo do

    comportamento da mesma em relao ao tempo. J a anlise quantitativa tem como foco a

    decomposio desta forma de onda atravs de sries e transformadas [3].

    Dentre os dois tipos de anlises, optou-se desenvolver neste trabalho a anlise

    quantitativa. Porm, como se pode imaginar, uma anlise quantitativa abrange inmeros

    aspectos. A anlise quantitativa pode ser realizada, por exemplo, atravs da Srie de Fourier

    para diversas harmnicas, variando diferentes parmetros do transformador de potncia

    utilizado.

    Como impraticvel para este trabalho abranger todos estes aspectos, decidiu-se por

    analisar a segunda harmnica da corrente de inrush. Porm, ainda existem alguns fatores a

    serem determinados para este estudo. preciso determinar o perodo no qual ser estudada

    esta componente e as caractersticas dos componentes do circuito de ensaio, como o gerador

    de tenso e o transformador de potncia que se deseja estudar. A curva de saturao do

  • 44

    transformador fundamental para o comportamento do fenmeno de inrush, visto que este

    ocorre devido saturao do ncleo do transformador no instante da energizao.

    Primeiramente explica-se o porqu da escolha da segunda harmnica para a anlise

    neste trabalho. Como foi dito anteriormente, existem basicamente duas formas de anlise da

    corrente de inrush, qualitativa e quantitativa. Como de se esperar, os sistemas de proteo

    existentes utilizam estes dois mtodos para caracterizar ou no a ocorrncia deste fenmeno e

    ento atuar, protegendo o transformador de potncia de faltas internas, ou seja, a ocorrncia

    de curto circuito nos enrolamentos do transformador, visto que a corrente de falta tem

    aproximadamente a mesma amplitude da corrente de inrush.

    Utiliza-se principalmente, para a proteo pelo mtodo de anlise quantitativo, o

    critrio de restrio da segunda harmnica, que mensurada atravs do percentual desta em

    relao harmnica fundamental da corrente de inrush. Utiliza-se tambm a

    representatividade das demais harmnicas pares e mpares, assim como o valor da

    componente DC da corrente de inrush. Porm, como a segunda harmnica tem a maior

    representatividade em relao primeira entre as demais harmnicas, escolheu-se esta para

    ser estudada neste trabalho.

    Pode-se utilizar diferentes perodos para a anlise da segunda harmnica, como por

    exemplo, meio ciclo de onda, um ciclo completo, trs ciclos, at o total de ciclos que a

    corrente de inrush percorre at se extinguir. Para a escolha do perodo a ser analisado pode-se

    pensar que este tem de ser igual ao perodo de atuao dos rels diferenciais do sistema de

    proteo do transformador a fim de se obter a relao da segunda harmnica com a

    fundamental para ajustar os parmetros dos rels. Porm, tem-se como foco neste trabalho a

    caracterizao da corrente de inrush e no a implementao de um sistema de proteo. Por

    este motivo, decidiu-se utilizar todo o perodo de ocorrncia da corrente de inrush, do

  • 45

    surgimento extino, para analisar a componente de segunda harmnica, visto que este

    perodo caracteriza toda a corrente de inrush e no somente alguns ciclos de sua ocorrncia.

    Para que se possa realizar a anlise da componente de segunda harmnica da corrente

    de inrush, simula-se no software ATP (Alternative Transient Program) um circuito

    constitudo de uma fonte geradora de tenso trifsica, uma chave seccionadora trifsica e um

    banco de transformadores monofsicos.

    O ATP um programa que realiza simulaes digitais de fenmenos transientes de

    natureza eletromagntica e eletromecnica. Este software pode simular sistemas de rede

    complexas, onde utilizam-se modelos virtuais de mquinas eltricas, de linhas de transmisso,

    de componentes de subestaes, dentre outros, existentes na biblioteca do programa.

    Como foi demonstrado nos itens 2.4 e 2.5 deste trabalho, para a corrente de inrush o

    percentual da componente de segunda harmnica em relao a componente fundamental para

    valores tpicos de induo que compe o parmetro X, ser maior que 8%. J para o caso da

    corrente de curto circuito, foi utilizado o parmetro que a razo da reatncia de disperso do

    enrolamento primrio com a resistncia do enrolamento primrio. Com este parmetro

    observou-se que o percentual da componente de segunda harmnica em relao a componente

    fundamental da corrente de curto circuito no maior que 4,5%, e a medida que se aumenta

    esta relao este percentual diminui.

    Portanto, este trabalho ir simular para diversos valores desta relao, reatncia de

    disperso e resistncia de enrolamento, obtendo-se o percentual da componente de segunda

    harmnica em relao a componente fundamental da corrente de inrush em um banco de

    transformadores monofsicos.

    De acordo com a norma tcnica IEC60067-5 Ability to withstand short circuit 2000

    [24], para o clculo do valor de pico da corrente assimtrica de curto circuito em

    transformadores com potncia nominal at 100MVA utiliza-se uma relao x/r em torno de

  • 46

    14. Como o transformador utilizado nas simulaes tem potncia nominal igual a 41MVA,

    inicialmente utiliza-se a relao x/r igual a 10, porm o parmetro x depende da frequncia de

    operao da mquina e da indutncia do enrolamento. Este ltimo parmetro pode variar

    conforme a escolha do tipo de bobina, altura da bobina, tipo de fio ou cabo de cobre utilizado,

    comprimento de uma espira e nmero de espiras da bobina, portanto assume-se que o valor

    desta relao pode chegar a 40, dependendo da forma construtiva que se adotar no projeto da

    mquina. Dessa forma, foram simuladas para o mesmo circuito de teste a relao de reatncia

    de disperso e resistncia de enrolamento variando na faixa de valores de 10 a 40.

    4.2 SIMULAES

    As simulaes realizadas no software Alternative Transient Program basearam-se na

    metodologia de anlise apresentada no item 4.1. Os parmetros dos elementos que compe o

    circuito de ensaio da corrente de inrush sero apresentados a seguir.

    Os valores da reatncia de disperso do enrolamento primrio foram calculados

    teoricamente a partir das relaes de reatncia de disperso e resistncia de enrolamento

    desejadas para cada simulao realizada, fixando o valor da resistncia de enrolamento . As

    relaes utilizadas e as respectivas reatncias de disperso do enrolamento primrio so

    apresentadas a seguir no quadro 1.

  • 47

    Relao x/r

    Valor da resistncia

    do enrolamento primrio []

    Valor da indutncia

    do enrolamento

    primrio [mH]

    Valor da reatncia e disperso

    []

    10 0,0256 0,68 0,256

    15 0,0256 1,02 0,384

    20 0,0256 1,36 0,512

    25 0,0256 1,7 0,64

    30 0,0256 2,04 0,768

    35 0,0256 2,37 0,897

    40 0,0256 3,39 1,024

    Quadro 1 Valores da reatncia de disperso em funo do parmetro x/r

    Para realizar as simulaes usa-se um modelo de transformador monofsico saturvel

    existente na biblioteca do programa, onde os dados inseridos neste modelo esto apresentados

    no quadro 2, assim como a curva de saturao apresentada na figura 17 a seguir.

    Corrente de

    magnetizao no instante

    de chaveamento

    [A]

    Nvel de tenso no instante do

    chaveamento [kV]

    Resistncia de

    magnetizao

    []

    Resistncia do

    enrolamento primrio

    []

    Resistncia do

    enrolamento secundrio

    []

    Tenso do

    primrio [kV]

    Tenso do

    secundrio [kV]

    0 0 1000000 0,0256 3,96 13,8 132,79

    Quadro 2 Caractersticas do modelo do Transformador de Potncia monofsico

  • 48

    Figura 17 Curva de saturao do transformador IxV

    Os valores de corrente de magnetizao e nvel de tenso no instante do chaveamento

    so iguais a zero, o que significa que no h induo remanente no ncleo do transformador.

    Adotou-se esta premissa a fim de caracterizar a corrente de inrush gerada pelas propriedades

    dos materiais que constituem o transformador, excluindo fatores externos como, por exemplo,

    o magnetismo remanente, que pode existir devido a energizao e posterior desenergizao da

    mquina.

    arbitrado o valor de 1000000 para a resistncia de magnetizao a fim de ilustrar que

    esta muitas vezes maior que a resistncia do enrolamento. J os valores de resistncia do

    enrolamento primrio e secundrio foram fornecidos pelo fabricante desta mquina, bem

    como os nveis das tenses do lado de alta e baixa tenso. O lado de baixa tenso foi projetado

    para conectar o banco de transformadores monofsicos em delta e o lado de alta tenso para

    ser conectado em estrela.

    O modelo de gerador de tenso trifsico utilizado no circuito de ensaio simulado no

    software ATP apresenta as seguintes caractersticas.

  • 49

    Amplitude [kV]

    Frequncia [Hz]

    ngulo de disparo []

    Tempo de incio [s]

    Tempo final [s]

    13,8 60 0 0 1000

    Quadro 3 Caractersticas do gerador de tenso trifsico

    Escolheu-se a amplitude da senoide de tenso com o valor de 13,8kV visto que o

    transformador utilizado ser alimentado no enrolamento primrio pelo gerador e este

    enrolamento primrio opera sob o nvel de tenso nominal igual a 13,8kV. Como o sistema

    eltrico brasileiro opera com uma frequncia de 60Hz e, principalmente, calculou-se o

    transformador utilizado para operar a 60Hz, necessrio que o gerador tambm opere com a

    frequncia de 60Hz.

    Optou-se por um ngulo de disparo igual a 0 porque desta forma observa-se em duas

    fases do transformador o mesmo valor mximo de inrush, porm com sinais opostos. Isto

    possvel porque h uma defasagem de 120 entre cada fase do gerador e tambm do

    transformador, ento se a onda da tenso da fase B, por exemplo, estiver em 0 no momento

    do chaveamento as outras duas fases, A e C, estaro em +120 e -120 em relao a fase B.

    Sabe-se que a onda da induo magntica est 90 defasada em relao a onda da

    tenso. Quando a onda da tenso da fase B atingir seu valor mximo, a induo estar em seu

    valor nominal de operao, o que significa que o ncleo do transformador no ir saturar caso

    no haja magnetismo remanente. J as fases A e C apresentaro a corrente de inrush, visto

    que no momento do chaveamento o valor da tenso ser diferente de zero e o valor da induo

    no ncleo tambm ser, o que acarreta o surgimento da corrente de inrush, mesmo no

    havendo magnetismo residual.

    Este fenmeno facilmente entendido ao analisar a curva de saturao do ncleo do

    transformador utilizado. Esta curva foi anteriormente apresentada na figura 17.

  • 50

    Apresentam-se os parmetros do modelo da chave trifsica que secciona o ramo onde

    se encontra o gerador e os ramos dos transformadores monofsicos, conforme o quadro 4.

    Instante de tempo de fechamento das trs fases [s]

    Instante de tempo de abertura das trs fases [s]

    0,2 1000

    Quadro 4 Caractersticas da chave seccionadora trifsica

    Escolheu-se o tempo de fechamento igual a 0,2 segundos para todas as fases para

    simular a insero de um banco de transformadores monofsicos no sistema. J para o tempo

    de fechamento, escolheu-se o valor de 1000 segundos simplesmente para caracterizar um

    regime permanente e garantir que o perodo transitrio em que ocorre a corrente de inrush

    est extinto.

    Sabendo-se todos os parmetro dos elementos do circuito de ensaio da corrente de

    inrush, pode-se apresentar o circuito final utilizado nas simulaes. O circuito apresentado

    na figura 18 a seguir.

    Figura 18 Circuito de ensaio da corrente de inrush

    O esquema de ligao dos enrolamentos primrio e secundrio do transformador

    apresentado na figura 19 a seguir.

  • 51

    Figura 19 Esquema de ligao dos enrolamentos primrio e secundrio

    Observa-se que o lado denominado 1 est conectado em delta, ou seja, o incio do

    enrolamento de cada fase est conectado no fim do enrolamento da fase subseqente, sem a

    presena de um ponto neutro. O lado denominado 2 est conectado em estrela, ou seja, o fi m

    dos enrolamentos das trs fases esto conectados a um neutro comum, e as outras

    extremidades sero conectadas a linha de transmisso.

    Por ltimo so apresentadas as telas de insero de dados dos modelos dos

    componentes do circuito de ensaio utilizados no software ATP.

  • 52

    Figura 20 Dados de entrada do modelo do gerador no ATP

    Figura 21 Dados de entrada do modelo da chave seccionadora no ATP

  • 53

    Figura 22 Dados de entrada do modelo do transformador monofsico no ATP

    Figura 23 Dados de entrada da curva de saturao do transformador

  • 54

    Figura 24 Curva de saturao do modelo do transformador

    4.3 RESULTADOS

    Mediu-se a corrente de inrush no enrolamento primrio de cada transformador

    monofsico. Observando-se a forma de onda da mesma, o perodo de durao do fenmeno de

    inrush, o valor de pico da corrente, assim como, obtendo-se atravs da opo de anlise por

    srie de Fourier o valor de pico das componentes harmnicas presentes na corrente de inrush.

    Como a metodologia de anlise adotada leva em considerao apenas os valores da

    primeira e segunda harmnica, somente estes sero apresentados nos resultados obtidos. Os

    resultados obtidos para x/r igual a 10 sero apresentados nesta seo, os demais grficos

    obtidos para os valores da relao da reatncia de disperso e a resistncia de enrolamento

    variando de 15 40 sero apresentados no anexo A.

  • 55

    4.3.1 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 10

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 10. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente

    15,5kA e o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 2,8s.

    Figura 25 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=10

    Observa-se em detalhe na figura 26 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 26 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=10

  • 56

    Na figura 27 pode-se ver as curvas da corrente de inrush das fases A, B e C. Como a

    onda de tenso da fase B tem ngulo de disparo igual a 0, esta no apresenta o fenmeno de

    inrush e por ter um valor de aproximadamente 50 vezes menor que a corrente nominal do

    transformador no observada no grfico.

    Figura 27 Corrente de inrush das fases A, B e C para x/r=10

    Por fim, a figura 28 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 2,8s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 28 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=10

  • 57

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 28 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 77,9%.

    No quadro 5 so exibidos todos os valores de primeira e segunda harmnica para todos

    os casos analisados, bem como os percentuais obtidos destas relaes.

    x/r 10 15 20 25 30 35 40

    lI1l 380,7 302,5 260,2 235,9 215,6 195,7 174,8

    lI2l 296,7 232,4 196 173,4 155,4 139,3 124,3

    lI2l/lI1l [%]

    77,9 76,8 75,3 73,5 72,1 71,2 71,1

    Quadro 5 Resultados das componentes harmnicas de primeira e de segunda ordem obtidos

    para os valores da relao x/r entre 10 e 40 para a corrente de inrush

  • 58

    5 CONCLUSES

    Como era esperado, a corrente de inrush obtida nos resultados das simulaes para os

    diversos casos analisados variou na faixa de 6 16 vezes a corrente nominal do

    transformador, que de aproximadamente 990A no enrolamento primrio conectado em delta.

    A partir dos resultados obtidos pode-se observar que h uma grande diferena entre o

    percentual da segunda harmnica em relao primeira da corrente de inrush, comparado ao

    mesmo percentual apresentado na tabela 3 da corrente de curto circuito, para o ngulo =0.

    Estes resultados apenas comprovam, apesar de ter-se usados parmetros diferentes nos itens

    2.4 e 2.5 que a anlise da segunda harmnica da corrente de inrush e da corrente de curto

    circuito um critrio de diferenciao dos dois fenmenos.

    Observou-se tambm que a curva da corrente de inrush para todas as relaes x/r

    estudadas apresentou o comportamento esperado, que uma reduo no seu valor de pico

    medida que se aumenta esta relao. Visto que um aumento nesta relao representa um

    aumento da impedncia do enrolamento, portanto segundo a lei de Ohm o valor da corrente

    depende do valor da tenso e do valor da impedncia do circuito, sendo a primeira constante

    em 13,8kV, a corrente inversamente proporcional a variao da impedncia.

    Outro comportamento esperado com a variao da relao x/r que foi confirmado

    que medida que se aumenta esta relao, a durao do fenmeno de inrush tambm

    aumenta. Isto ocorre, pois a exponencial que se soma a corrente de magnetizao no

    fenmeno de inrush, tem seu fator de decaimento dado por r/x, como este fator o inverso da

    relao estudada, o fator de decaimento da exponencial diminui medida que se aumenta a

    relao x/r.

    Por fim, observa-se tambm que com o aumento da relao x/r o percentual da relao

    da amplitude da segunda harmnica com a primeira diminui lentamente. Isto pode ser

    explicado devido reduo do valor de pico da corrente de inrush e aumento do perodo de

  • 59

    durao deste fenmeno. J que a componente de segunda ordem tem maior amplitude nos

    primeiros ciclos do fenmeno, reduzindo seu valor para perodos mais longos.

    Transformadores de potncia fabricados que atendem a norma IEC 60076-5, que se

    refere suportabilidade ao curto circuito na mquina, devem atender ao seguinte critrio:

    mquinas abaixo de 100MVA devem ter uma relao x/r de aproximadamente 14 e mquinas

    acima de 100MVA devem apresentar esta mesma relao, em torno de 35, ambos a fim de

    atender ao fator de assimetria dado pela norma para estes casos.

    O que pode-se dizer quanto a mquinas fabricadas, que estas atendem os requisitos

    da norma, com uma pequena variao, para mais ou para menos. A pequena oscilao em

    torno dos valores estipulados pela norma, apresentada por cada fabricante, ocorre devido aos

    diferentes mtodos de fabricao, a caracterstica de maior relevncia para esta variao a

    geometria da bobina, em que pode-se citar a altura da bobina, dimenso radial, dimetro

    mdio do enrolamento, comprimento do enrolamento, seo do condutor e o nmero de

    espiras do enrolamento sendo este ltimo o aspecto mais impactante.

  • 60

    5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

    Em trabalhos futuros, simular no software ATP o mesmo transformador com

    diferentes modelos de transformadores da biblioteca do programa e observar as variaes que

    cada modelo apresenta. Pode-se tambm simular diferentes transformadores e analisar, por

    exemplo, o que uma ligao delta ou estrela acarreta no fenmeno de inrush.

    Uma sugesto para enriquecer os dados obtidos simular o fenmeno de inrush com

    diferentes ngulos de chaveamento (), bem como, inserir a condio inicial de magnetismo

    residual no ncleo do transformador e analisar se os resultados so coerentes com a

    bibliografia existente.

  • 61

    6 REFERNCIAS

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    [16] Miri, A.M., Sihler, C., Damping of resonances at energization of power

    transformers in an isolated network, Industry Applications Conference, 2003. 38th IAS

    Annual Meeting. Conference Record of the, vol.2, no., p. 827- 832 vol.2, 12-16 Oct. 2003.

    [17] Feng, X.L.; Tan, J.C., Bo, Z.Q., A New Wavelet Transform Approach to

    Discriminate Magnetizing Inrush Current and Fault Current, Universities Power Engineering

  • 63

    Conference, 2006. UPEC '06. Proceedings of the 41st International, vol.3, no., p.876-880,

    6-8 Sept. 2006.

    [18] Kennedy, L.F., and Hayward, C.D., Harmonic-current-restrained relays for

    differential protection, AIEE Trans., 57, p.262266, 1938.

    [19] Hayward, C.D., Harmonic-current-restrained relays for transformer differential

    protection, AIEE Trans., 60, p.377382, 1941.

    [20] Mathews, C.A., An improved transformer differential relay, AIEE Trans., 73,

    p.645650, 1954.

    [21] Sharp, R.L. and Glassburn, W.E., A transformer differential relay with second-

    harmonic restraint, AIEE Trans., 77, p.913918, 1958.

    [22] OLIVEIRA, M., Proteo Diferencial de Transformadores Trifsicos

    Utilizando a Transformada Wavelet. 2009. 129 p. Dissertao (Mestrado em engenharia)

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica, Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul, Porto Alegre, 2009.

    [23] TESCHE, A. G., Elaborao de Metodologia para Clculo de Esforos

    Mecnicos de Curto Circuito em Transformadores de Potncia. 2006. 108 p. Projeto de

    Diplomao - Graduao em Engenharia Eltrica, Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul, Porto Alegre, 2006.

    [24] IEC 60076-5 Ability to Withstand Short-Circuit - 2000

  • 64

    ANEXO A RESULTADOS OBTIDOS PARA VALORES ENTRE 15 E 40 DA

    RELAO DA REATNCIA DE DISPERSO E RESISTNCIA DE

    ENROLAMENTO

    A seguir sero apresentados os resultados obtidos nas simulaes realizadas no

    software ATP para diversos valores da relao x/r. Estes resultados apresentam o mesmo

    comportamento observado no item 4.3.1, porm agora para os valores de x/r igual 15, 20,

    25, 30, 35 e 40.

    A. 1 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 15

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 15. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente

    11,7kA e o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 3,4s.

    Figura 29 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=15

  • 65

    Observa-se em detalhe na figura 30 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 30 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=15

    Por fim, a figura 31 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 3,4s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 31 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=15

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 31 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 76,8%.

  • 66

    A. 2 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 20

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 20. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente 9,5kA

    e o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 3,8s.

    Figura 32 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=20

    Observa-se em detalhe na figura 33 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 33 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=20

  • 67

    Por fim, a figura 34 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 3,8s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 34 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=20

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 34 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 75,3%.

    A. 3 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 25

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 25. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente 7,9kA

    e o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 4s.

  • 68

    Figura 35 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=25

    Observa-se em detalhe na figura 36 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 36 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=25

    Por fim, a figura 37 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 4s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

  • 69

    Figura 37 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=25

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 37 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 73,5%.

    A. 4 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 30

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 30. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente 6,8kA

    e o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 4,2s.

    Figura 38 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=30

  • 70

    Observa-se em detalhe na figura 39 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 39 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=30

    Por fim, a figura 40 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 4,2s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 40 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=30

  • 71

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 40 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 72,1%.

    A. 5 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 35

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 35. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente 6kA e

    o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 4,5s.

    Figura 41 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=35

    Observa-se em detalhe na figura 42 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

  • 72

    Figura 42 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=35

    Por fim, a figura 43 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 4,5s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 43 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=35

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 43 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 71,2%.

  • 73

    A. 6 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAO X/R IGUAL A 40

    Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

    igual a 40. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush de aproximadamente 6kA e

    o perodo deste fenmeno at a sua extino de aproximadamente 5s.

    Figura 44 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=40

    Observa-se em detalhe na figura 45 a forma da onda da corrente de inrush nos

    primeiros dcimos de segundos da energizao.

    Figura 45 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=40

  • 74

    Por fim, a figura 46 apresenta um grfico de barras das primeiras vinte harmnicas da

    corrente de inrush, considerando o perodo de anlise de 0,2s 5s, j que este o perodo

    observado do surgimento at a extino do fenmeno de inrush.

    Figura 46 Amplitudes das harmnicas da corrente de inrush para x/r=40

    Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 46 para a primeira e segunda

    harmnica, a relao encontrada de aproximadamente 71,1%.