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ISBN: 978-85-93416-00-2 ANÁLISE DE ERROS NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO E PESQUISA A PARTIR DAS EXPERÊNCIAS DE ESTÁGIO Educação D;N;de Jesus 1 M;G;N;Júnior 2 Instituto Federal da Bahia Campus Eunápolis (IFBA) RESUMO Nesta pesquisa buscou-se analisar os erros cometidos por alunos de 9º ano na resolução de duas questões sobre Potenciação com o objetivo de verificar as deficiências dos estudantes neste tema. A metodologia usada se baseia na proposta de Bardin e os resultados mostraram que os erros cometidos estão relacionados às operações fundamentais, definição e propriedades da potenciação. Palavras-chave: Extensão. Educação. Educação Matemática. 1. Introdução Desde o início do século XX, a análise de erros em Educação Matemática tem se estabelecido como em uma tendência/abordagem de ensino e de pesquisa, que metodologicamente se baseia na análise dos conteúdos (Bardin, 1979). Porém, a prática de investigação dos erros cometidos tem se concebido muitas vezes de maneira tradicional, apenas no sentido de detectar e propor estratégias para eliminar os erros. 1 Professor efetivo do Instituto Federal da Bahia campus Eunápolis, curso de Licenciatura em Matemática. 2 Acadêmico do Instituto Federal de Educação da Bahia, Campus de Eunápolis, curso de Licenciatura em Matemática.

ANÁLISE DE ERROS NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA DE ... · Nesta pesquisa buscou-se analisar os erros cometidos por alunos de 9º ano na resolução ... ensino e aprendizagem

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ISBN: 978-85-93416-00-2

ANÁLISE DE ERROS NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA

PROPOSTA DE ENSINO E PESQUISA A PARTIR DAS

EXPERÊNCIAS DE ESTÁGIO

Educação

D;N;de Jesus1

M;G;N;Júnior2

Instituto Federal da Bahia Campus Eunápolis (IFBA)

RESUMO

Nesta pesquisa buscou-se analisar os erros cometidos por alunos de 9º ano na resolução

de duas questões sobre Potenciação com o objetivo de verificar as deficiências dos

estudantes neste tema. A metodologia usada se baseia na proposta de Bardin e os

resultados mostraram que os erros cometidos estão relacionados às operações

fundamentais, definição e propriedades da potenciação.

Palavras-chave: Extensão. Educação. Educação Matemática.

1. Introdução

Desde o início do século XX, a análise de erros em Educação Matemática tem se

estabelecido como em uma tendência/abordagem de ensino e de pesquisa, que

metodologicamente se baseia na análise dos conteúdos (Bardin, 1979). Porém, a prática

de investigação dos erros cometidos tem se concebido muitas vezes de maneira

tradicional, apenas no sentido de detectar e propor estratégias para eliminar os erros.

1Professor efetivo do Instituto Federal da Bahia campus Eunápolis, curso de Licenciatura em Matemática. 2 Acadêmico do Instituto Federal de Educação da Bahia, Campus de Eunápolis, curso de Licenciatura em

Matemática.

ISBN: 978-85-93416-00-2

Conforme salienta Cury (1995), a maioria dos professores ainda tendem a assumir uma

postura absolutista da Matemática, entendendo-a como o domínio de conhecimentos

incontestáveis e absolutos.

Nessa perspectiva, Borasi (1988, apud Cury, 1995), com base nas ideias apresentadas

por Kuhn, Lakatos, Piaget e Vergnaud, apresenta uma visão construtivista3 da

Matemática e destaca outras possibilidades para o trabalho como a análise de erros.

Segundo Borasi, ao investigar os erros cometidos pelos alunos, os professores têm como

objetivo um dos propósitos: extinguir ou explorar as potencialidades da natureza do

erro. Em qualquer um dos casos, o foco estará no conteúdo-técnico da Matemática,

natureza da Matemática, ou processo de aprendizagem da Matemática.

A análise da produção escrita de estudantes em qualquer nível é uma

possibilidade de trabalho que pode ser considerada sob o ponto de vista da investigação

ou do ensino (Cury et al.). Desta forma, a análise de erros no ensino de Matemática tem

se desenvolvido como uma importante abordagem metodológica de ensino e de

pesquisa em Educação Matemática (Vale et al).

Porém, em âmbitos gerais, os erros cometidos pelos alunos são vistos

frequentemente como uma falha, e algo que caracteriza um fracasso no processo

educativo. Este pensamento originou-se a partir de abordagens como o Behaviorismo4 e

tem se difundido ao longo dos anos, o que corrobora para que a maioria dos professores

de Matemática desempenhe suas atividades no sentido de eliminar os erros encontrados

sem uma reflexão sobre a origem dos mesmos (Cury, 1995).

Nesse sentido, é necessário salientar a importância das atividades desenvolvidas

em torno da formação de professores de Matemática, para que se estruturem numa

perspectiva que vise ressignificar este cenário, apontando outras possibilidades que

busquem, não somente eliminar os erros, mas utilizá-los como um recurso fundamental

a ser explorado durante a construção dos conhecimentos.

3 O Construtivismo é uma perspectiva que apresenta uma visão bem mais aberta que o Behaviorismo,

aceitando os erros cometidos pelos alunos, e até estimulando suas ocorrências. 4 O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta,

comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o

comportamento, dentro da Psicologia.

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Apresentamos neste trabalho uma parte da pesquisa sobre análise de erros no

ensino e aprendizagem de Matemática desenvolvida no ano de 2015/2016, durante a

realização do Estágio Curricular Supervisionado IV, componente curricular do 8º

semestre do curso de Licenciatura em Matemática, ofertado pelo Instituto Federal de

Educação Ciência, e Tecnologia da Bahia. Como atividade prática da disciplina, foi

ofertado um curso de extensão para (nove) professores que lecionam no Ensino Básico

da prefeitura municipal de Eunápolis-BA, sobre a utilização da análise de erros, com o

objetivo de fornecer a esses docentes formação continuada, apresentando, através de

pesquisa, uma metodologia de ensino de Matemática.

Antes da realização do curso, os alunos da disciplina de estágio realizaram

estudos teóricos fundamentados pelas produções de Cury, com base nas ideias de Borasi

(1988), Bardin (1979), Shulman (1986), entre outros, para compreender os diversos

enfoques das pesquisas em análise de erros e, posteriormente, durante a realização do

curso, essa mesma proposta de trabalho foi apresentada para os professores cursistas do

Ensino Básico para serem discutidas. Em seguida, foi produzido um instrumento de

coleta de dados por cada participante do curso e um aluno estagiário, dentro da proposta

teórica apresentada.

Metodologicamente, a proposta da pesquisa se estrutura na análise qualitativa

dos erros seguindo, em linhas gerais, os passos da análise de conteúdo, apresentadas por

Cury (2011) e estruturado conforme as três etapas indicadas por Bardin (1979): pré-

análise, exploração do material e tratamento dos resultados.

O trabalho de campo foi desenvolvido num período de duas semanas e tinha

como objetivo analisar o conhecimento dos alunos sobre potenciação e posteriormente

desenvolver uma proposta de intervenção, tendo como instrumento balizador os dados

coletados, de forma a aplicar as ideias apresentadas por Cury(2011). Os principais

resultados foram obtidos através da análise das soluções apresentadas por estudantes do

9º ano do Ensino Fundamental e, mostrou que os principais erros cometidos por eles

estão relacionados às operações fundamentais da Matemática e ao não domínio da

definição ou das propriedades de potenciação.

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2. Material e métodos

A escola pesquisada localiza-se em uma região periférica da cidade de

Eunápolis-BA e oferece seriação do Ensino Infantil I até o Ensino Fundamental II. A

turma de estágio selecionada foi do 9º ano do Ensino Fundamental, composta por 35

alunos, com idades entre 13 e 17 anos. No período de observação foi possível identificar

algumas dificuldades relacionadas ao conteúdo de potenciação, o que foi importante

para elaboração do instrumento de pesquisa.

O instrumento de coleta5 foi constituído por quatro questões que tinha como

propósito geral viabilizar a análise dos erros cometidos pelos alunos do ensino

fundamental referente ao conteúdo de potenciação. O quadro 1 apresenta o objetivo

específico de cada questão.

Quadro 1: Objetivos específicos das questões do instrumento de pesquisa

Desta forma, esperava-se que pudessem ser identificados os erros mais comuns

apresentados pelos alunos ao operar com expressões que compreendem potência e

verificar a grande dificuldade que geralmente são detectadas nestes discentes na

resolução de situações e problemas relacionados aos conceitos abordados.

5Disponibilizado em anexo.

Questão Objetivo específico

1

Verificar se os alunos sabem transcrever da linguagem natural para linguagem

de potência, se sabem identificar os elementos e calcular corretamente uma

potência.

2 Identificar se os alunos sabem fazer operações que envolvem expoentes e

aplicar corretamente as propriedades de potência.

3 Verificar se os estudantes sabem aplicar os conceitos de potência em situações

práticas.

4 Averiguar se os estudantes sabem resolver situações problemas envolvendo

potências e se conseguem generalizar conceitos a partir de casos particulares.

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Cury (2007) apresenta exemplos de classificação e análise de erros em uma

pesquisa realizada com calouros de cursos superiores, no qual dentre as questões

contidas no teste de pesquisa são escolhidas duas para serem analisadas: as que

apresentaram o maior número de acertos e as que compreenderam o maior número de

erros. A partir da proposta de Cury selecionamos as questões com maior e menor

quantidade de acertos para serem exploradas nesta pesquisa, que respectivamente foram

as seguintes:

Questão 2 - Simplifique as expressões abaixo:

a) 40 – [52 − ( (−2)³ − 5 )]

b) (−2

3)

2

+ (23 − 32)2

Questão 3 – Leia o enunciado a seguir e assinale a resposta correta justificando

sua resposta através dos cálculos.

Um homem tinha sete casas, cada casa tinha sete gatos, para cada gato havia sete

ratos, para cada rato havia sete espigas de milho, e cada espiga tinha sete grãos de

trigo. Quantas coisas ele possuía, Casas, gatos, ratos espigas e grãos de milho?

a) 35

b) 49

c) 2401

d) 16807

e) 70000

Para analisar os dados obtidos a partir das respostas dos alunos, foi utilizada a

metodologia utilizada por Cury (2011) com base no método de análise de erros

empregada por Bardin (1979, apud Cury, 2007), realizada em três etapas básicas: pré-

análise, exploração do material e tratamento dos resultados.

Na pré-analise, as soluções obtidas foram classificadas em corretas, incorretas e

em branco. Os testes respondidos foram identificados e digitalizados, para em seguida

serem extraídas as soluções válidas de cada questão (que não estavam em branco). Este

conjunto de questões formou o corpus, sobre o qual foi realizada a análise das respostas.

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Na segunda fase, o material foi explorado como maior ênfase. Nesta etapa as

respostas incorretas foram classificadas em categorias, com a finalidade de agrupar as

respostas semelhantes.

Já no tratamento dos resultados, foram elaborados os textos que sintetizaram os

dados característicos de cada classe, elucidando de modo geral os erros cometidos que

foram comuns com auxílio de exemplos extraídos do próprio corpus e também foram

determinados o número e a porcentagem de erros de cada categoria.

As categorias de análise da Questão 2 foram construídas fundamentado nos

estudos sobre analise de erros em questões de potenciação realizados por Paias (2009).

Tal pesquisa foi realizada com 30 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e consistiu

na aplicação de um teste diagnóstico contendo nove questões cujo objetivo principal foi

verificar se o aluno consegue resolver atividades sobre potenciação que necessitam de

conhecimento da definição, propriedades, representações e convenções deste objeto

matemático.

Assim, os erros encontrados na Questão 2 foram classificados nas seguintes

categorias:

a) Erros relacionados à da regra de sinais;

b) Erros relacionados à definição ou a propriedades de potenciação;

c) Erros relacionados às quatro operações básicas (adição, subtração, multiplicação e

divisão);

d) Erros relacionados a operações envolvendo frações;

e) Erros relacionados à associação incorreta dos parênteses;

f) Erros em que o aluno apenas copiou o enunciado.

g) O aluno apenas copiou o enunciado.

As respostas incorretas originadas da Questão 3 foram classificadas nas

seguintes categorias:

a) O aluno compreende o enunciado, mas erra ao realizar as operações;

b) Associou o problema a uma multiplicação de 7 por 7;

c) Marca uma das alternativas, sem efetuar os cálculos;

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d) Associou o problema a somas, e não a multiplicações sucessivas;

e) Não é possível compreender o raciocínio utilizado.

3. Resultados e discussões

Como as duas questões utilizadas nesta pesquisa estão relacionadas a conceitos

de potenciação, que geralmente são abordados nas séries iniciais do Ensino fundamental

II, esperava-se que a maioria dos alunos resolvesse corretamente as perguntas, dado que

são pré-estudantes do Ensino Médio. Entretanto, os resultados quantitativos revelaram

que esses estudantes apresentam dificuldades em solucionar exercícios envolvendo

operações fundamentais de potências bem como expressões numéricas, conforme pode

ser verificado no Quadro 2 e na Figura 1.

Quadro 2: Análise quantitativa dos dados. Fonte Autor

Questão Nº de respostas

corretas %

Nº de respostas

incorretas %

Nº de respostas

em branco %

2 - a) 3 10,4 % 19 65,5 % 7 24,1 %

2 - b) 0 0 % 18 62 % 11 38 %

3 11 38 % 16 55,1 % 2 6,9 %

Figura 1: Dados quantitativos. Fonte: Autor.

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A Figura 2 a seguir, traz três soluções corretas da pergunta em que houve o maior

número de acertos (Questão 3), feita pelos alunos A3, A4, A24 que obtiveram como

resposta a alternativa b.

A seguir, são apresentados exemplos e descrições das categorias de erros da

Questão 3. Na categorização desta questão, a resposta de cada aluno foi identificada

numa única categoria.

a) O aluno compreende o enunciado, mas erra ao realizar as operações;

Compõe esta categoria (5 alunos) as respostas dos alunos que entenderam que

deveriam calcular 75 ou multiplicar 7 cinco vezes por ele mesmo, mas demonstram que

não compreendem o conceito de multiplicação. A Figura 3 traz como exemplos as

respostas dos alunos A10 e A11.

Figura 3: Resolução dos alunos A10 e A11.

Figura 2: Exemplo de resoluções corretas da Questão 3, feita pelos alunos A3, A4 e A24.

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b) Associou o problema a uma multiplicação de 𝟕 𝐱 𝟕;

Compreende nesta categoria (3 alunos) as respostas dos alunos que entenderam

que deveriam realizar uma multiplicação de 7 𝑥 7. A Figura 4mostra a resposta do

aluno A5.

c) Marca uma das alternativas, sem efetuar os cálculos;

Dos 6 alunos alocados nesta categoria, 4 assinalaram a resposta correta e 2

assinalaram uma das alternativas incorretas.

d) Associou o problema a somas, e não a multiplicações sucessivas;

Compreende nesta categoria (1 aluno) a resposta do aluno A1, Ele entendeu que

deve operar o sete por ele mesmo cinco vezes, entretanto efetua a adição e não a

multiplicação destes fatores.

e) Não é possível compreender o raciocínio utilizado.

Figura 4: Resolução do aluno A5

Figura 5: Resolução do aluno A1.

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Compõe nesta categoria (1 aluno) a solução do aluno

apresentados por ele foram de difícil identificação, não sendo possível compreender o

raciocínio utilizado. A Figura 6 mostra a resolução desenvolvida por este aluno.

A seguir, são exibidos os dados da pergunta em que houve o menor número de

acertos (Questão 2).

A Figura 7 mostra as três soluções corretas do item a da Questão 2, feita pelos

alunos A1, A25 e A26 , respectivamente.

No item b da Questão dois, não foram obtidas nenhuma solução correta.

Apresentamos abaixo a solução desse item:

(−2

3)

2

+ (23 − 32)2 =4

9+ (8 − 9)2 =

4

9+ (−1)2 =

4

9+ 1 =

4 + 9

9=

13

9∙

Figura 6: Resolução do aluno A7.

Figura 7: Exemplo de resoluções corretas do item a) da Questão 2, feita pelos

alunos A1, A25 e A26.

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Em seguida são apresentados exemplos e descrições das categorias de erros da

Questão dois. É importante ressaltar que para os erros identificados nos itens a e b desta

questão, foram identificadas as mesmas ocorrências e, portanto, serão dispostos nas

mesmas categorias e também que uma mesma resposta apresentada por um aluno pode

ter sido identificada em mais de uma categoria.

a) Erros relacionados à da regra de sinais;

Foram dispostos nesta categoria os alunos que utilizaram a regra de sinais

equivocadamente, confundiram a regra de sinais da adição e subtração com a da

multiplicação e divisão ou em algum momento desconsidera a existência do sinal. Um

exemplo é a solução do aluno A27 mostrada na Figura 8.

b) Erros relacionados à definição ou as propriedades de potenciação;

Nesta categoria foram classificados os alunos que mostraram não dominar a

definição ou as propriedades de potência, por exemplo, o aluno A14 tentou multiplicar a

base pelo expoente e o aluno A17 aplicou a propriedade de expoente de base fracionária

de maneira equivocada. Veja a figura 9 abaixo.

Figura 8: Resolução do aluno A27

Figura 9: Resolução dos alunos A14 e A17

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c) Erros relacionados às quatro operações fundamentais (adição, subtração,

multiplicação e divisão);

Um exemplo deste tipo de erro foi cometido pelo aluno A29, conforme pode ser

verificado na Figura 10.

d) Erros relacionados a operações envolvendo frações;

Um exemplo deste tipo de erro foi cometido pelo aluno A2, conforme ilustra a

Figura 11 a seguir.

e) Erros relacionados à associação incorreta dos parênteses;

Os alunos classificados nesta categoria em algum momento esquecerem ou utilizarem

os parênteses de maneira inadequada, como foi o caso do aluno A23, mostrado na figura

12.

Figura 11: Resolução do aluno A2

Figura 10: Resolução do aluno A29

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f) Erros de difícil identificação;

Compõe nesta categoria a solução dos alunos cujos erros cometidos foram de

difícil identificação, não sendo possível compreender o raciocínio utilizado. A Figura 13

mostra a resolução desenvolvida pelos alunos A12 e A28 .

g) O aluno apenas copiou o enunciado.

A figura 14, a seguir, mostra um dos alunos que apenas copiou o enunciado,

neste caso, o aluno o aluno 𝐴13 apenas reescreveu o enunciado do item b) da Questão 2.

Figura 12: Resolução do aluno A23

Figura 13: Resolução dos alunos A12 e A28.

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Feita essa categorização, ainda na fase de tratamento dos dados, foram determinados o

número e a porcentagem de ocorrências em cada classe de erro, para ambas as questões,

conforme é mostrado através dos Quadros 3 e 4 e das Figuras 15 e 16. Questão 3:

Quadro 3: Quantidade de ocorrências e porcentagem de cada categoria da questão 3.

Fonte: Autor.

Categoria Nº de

ocorrências Porcentagem (%)

a) 5 31,3 %

b) 3 18,8 %

c) 6 37,5 %

d) 1 6,2 %

e) 1 6,2 %

Figura 14: Resolução do aluno 𝐴13.

Figura 15: Porcentagem de ocorrências de cada categoria da Questão 3. Fonte: Autor.

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Quadro 4: Quantidade de ocorrências e porcentagem de cada categoria da questão dois.

Fonte: O Autor.

Categoria Nº de ocorrências Porcentagem (%)

a) 11 37,90%

b) 18 62,10%

c) 4 13,80%

d) 6 20,70%

e) 4 13,80%

f) 4 13,80%

g) 3 10,30%

4. Considerações finais

Nesta pesquisa, procurou-se utilizar a metodologia proposta por Borasi (1988),

centrando a atenção para o processo de aprendizagem da Matemática para explorar os

erros cometidos pelos alunos, considerando o aspecto quantitativo e qualitativo para a

análise dos dados obtidos através do instrumento de coleta. Assim, as soluções

incorretas tornaram-se um importante recurso para se compreender os processos

cognitivos dos estudantes e para apresentar possível diagnóstico para suas causas.

Figura 16: Número de ocorrências de cada categoria da Questão dois. Fonte:

Autor.

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A Questões 3, apesar de apresentar a maior quantidade de acertos, evidenciou

que muitos dos alunos confundem o conceito de potenciação com o de multiplicação, o

que ocasionou a maioria dos erros identificados.

Na Questão 2, os principais erros cometidos estão relacionados as operações

fundamentais e a falta de domínio da definição ou a propriedades de potenciação.

Observou-se que ocorreu uma grande quantidade de erros relacionados a potencias de

base negativa, sendo que por vezes eles desconsideram o sinal da base. Alguns alunos

realizaram o produto da base pelo expoente, e também houve grande índice de erros

relacionados a regra de sinais.

De modo Geral, as principais causas dos erros ocorreram pela não compreensão

do próprio conceito de potenciação ou confusão quanto a seus elementos, bem como a

falta de atenção do próprio aluno que por vezes montou corretamente a estrutura, mas se

atrapalhou com tarefas mais básicas como utilizar a operação errada ou confundir sinais.

Percebemos com este trabalho desenvolvido no curso de extensão e na disciplina

de estágio supervisionado, uma mudança de “olhar” os erros dos estudantes na

disciplina de Matemática, tanto dos professores cursistas, quanto dos alunos estagiários.

Ao considerar o erro como um potencial de aprendizagem, temos a oportunidade de

entender as deficiências de conhecimento dos alunos, e a partir daí propor estratégias

para corrigi-lo, e não apenas desconsiderá-lo como se não fizesse parte do processo de

ensino e aprendizagem.

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5. Referências

CURY, H. N. Retrospectiva histórica e perspectivas atuais da análise de erros em

Educação Matemática. Revista Zetetiké, 1995.

CURY, H. N.; SILVA, P. N. Análise de erros em resolução de problemas: uma

experiência de estágio em um curso de licenciatura em matemática. R.B.E.C.T., vol 1,

núm 1, jan./abr. 2008, p.85 - 97.

CURY, H. N.Análise de conteúdo das Respostas: uma visão da metodologia empregada.

In:______. Análise de Erros: o que podemos aprender com as respostas dos alunos.

Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 61-78.

Cury, H. N.; Ribeiro, A. J.; Müller, T. J. (2011). Explorando erros na resolução de

equações: um caminho para a formação do professor de Matemática. Revista

Iberoamericana de Educación Matemática, nº 28, Dezembro de 2011, p. 143-157.

PAIAS, A. M. Diagnóstico dos erros sobre a Operação Potenciação aplicado a alunos

dos Ensinos Fundamental e Médio. São Paulo, 2009.

VALE, Luísa; FERREIRA, Rosa Antónia; SANTOS, Leonor. O erro como ponte para a

aprendizagem das equações: o caso da maria.

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ANEXO

INSTRUMENTO DE PESQUISA

Questão 1 - Represente na forma de potência, identifique a base e o expoente e

calcule o valor de cada item abaixo:

a) O quadrado de três;

b) O cubo de dois;

c) Quatro elevados a zero;

d) Cinco elevado a um;

e) Oito elevado a menos dois;

f) Três elevado a dois quintos.

Questão 2 - Simplifique ao máximo as expressões abaixo:

a) 40 – [52 − ( (−2)³ − 5 )]

b)(−2

3)

2

+ (23 − 32)2

Questão 3 - Leia o enunciado a seguir e assinale a resposta correta justificando sua

resposta através dos cálculos.

Um homem tinha sete casas, cada casa tinha sete gatos, para cada gato havia sete

ratos, para cada rato havia sete espigas de milho, e cada espiga tinha sete grãos de

trigo. Quantas coisas ele possuía, Casas, gatos, ratos espigas e grãos de milho?

a) 35

b) 49

c) 2401

d) 16807

e) 70000

Questão 4 - Na figura abaixo, a medida do lado do primeiro e menor quadrado é

igual a 𝟐 𝒄𝒎. A medida do lado do segundo quadrado foi obtida dobrando-se a

medida do lado do primeiro quadrado. A medida do lado do terceiro quadrado foi

encontrada dobrando-se a medida do lado segundo, e assim sucessivamente.

ISBN: 978-85-93416-00-2

a) Qual a medida do lado do quarto quadrado da figura?

b) Executando o mesmo procedimento, qual será a área do quinto quadrado?

c) Qual potência determina a medida do lado do 𝑛-ésimo quadrado?

d) Qual potência determina a área do lado do 𝑛-ésimo quadrado?