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Análise de filme El Laberinto del Fauno

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Trabalho realizado para a disciplina de AISI.

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Protocolo 1 – Análise de um filme El Laberinto del Fauno

Animação e Integração de Som e Imagem Nicole Freitas

JORNADA DO HERÓI

ACTO 1

MUNDO QUOTIDIANO Durante o período da repressão do pós-guerra Civil espanhola, em 1944, Ofelia viaja com sua mãe, grávida e doente, para Navarra - uma aldeia no Norte de Espanha - de encontro ao seu novo padrasto, para seu desgosto.

Carmen casara-se com Capitão Vidal, um franquista cruel e sádico, que converteu um moinho abandonado num quartel-general, com ordens de, juntamente com os seus soldados, eliminar os rebeldes que se escondiam nas montanhas em redor. A mãe de Ofelia casara-se com Vidal porque sentia-se sozinha depois da morte do pai da menina, um alfaiate que morrera na guerra. Carmen deseja voltar a formar uma família, ao contrário do seu novo marido, cujo único interesse na vinda delas para sua casa é o filho que a mulher espera, a sua descendência.

As pessoas da aldeia, subordinadas ao Capitão e ao seu regime, e revoltadas contra este, servem-no e à sua família, assim como a todos os soldados, sem proferir uma palavra, somente o fazem quando lhe é dirigida. Algumas são aliadas dos rebeldes que, escondidos nas montanhas lutam pela liberdade, tais como, a governanta Mercedes e o Doutor Ferreiro.

Perto do moinho, num jardim velho e abandonado, existe um labirinto antigo, muito mais do que o próprio moinho. Este desperta o interesse de Ofelia, que o descobre ao seguir uma libélula que encontra pela segunda vez. A primeira fora quando, numa paragem da viagem, em que a mãe de Ofelia se sentira mal, a menina encontrou uma pedra, em forma de olho, caída no chão e mais à frente uma estatueta de pedra com um olho em falta. Ao colocar a pedra no sítio, surge magicamente, da boca da estatueta, uma libélula, que a acompanha no resto da viagem.

CHAMADA PARA A AVENTURA Numa noite, Ofelia recebe outra visita da libélula mágica, que se transforma numa fada, tal como nos seus livros de contos de fada. Esta convida-a a segui-la e Ofelia, menina fascinada pelo mundo da magia, segue-a curiosa até ao labirinto. Ao chegar ao centro do jardim velho, há uma espécie de portal. Ofelia desce as escadas em caracol deliciando a sua curiosidade e sem medo do que poderá descobrir, pois o mundo da fantasia é algo que lhe é familiar. Desce à espera de encontrar alguém... Ou algo. No meio, observa uma estatueta enigmática de pedra, semelhante à que encontrara na vinda para a aldeia. Momentos depois, ganha vida uma criatura fascinante, meio-homem e meio-bode, um fauno. Este parecia conhecer bem Ofelia. Afirmava que esta era uma princesa, a princesa Moanna, filha do rei do mundo subterrâneo e que seu pai a esperava á muito tempo. No entanto, para poder voltar ao seu reino, Ofelia tem que comprovar que a sua essência está intacta e que não se tornara uma mortal. Para tal, tem que completar três tarefas antes da lua cheia seguinte. O fauno entrega-lhe um livro, para a guiar na sua aventura, o Livro das Encruzilhadas, que só quando estiver sozinha o poderá abrir, para que este lhe mostre o que deverá fazer para poder completar as tarefas.

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Animação e Integração de Som e Imagem Nicole Freitas

RECUSA DA CHAMADA No momento em que Ofelia conhece o fauno no labirinto, este declara orgulhosamente que a menina é a princesa Moanna, filha do rei do mundo subterrâneo*. Ofelia discorda com o fauno, já assustada, recusando-se a acreditar no que diz, e afirma que seu pai era um alfaiate. Em todo o desenrolar da estória é neste momento em que há uma recusa, pois Ofelia mostra-se reticente àquilo que está a ouvir e hesita em acreditar no que diz o fauno.

O fauno insiste, diz-lhe que não é nascida de um homem mas que a lua lhe dera à luz e que a marca no seu ombro esquerdo o comprovaria. Diz ainda que o seu verdadeiro pai os fez abrir portais em todo o mundo para permitir a sua volta e aquele era o último.

O fauno continua, convincentemente, a sua história, até que lhe propõe o desafio. Ofelia deixa-se a ouvir as palavras do fauno e aceita, silenciosamente, a sua chamada para a aventura.

* Reza a estória do mundo do subterrâneo, um mundo sem mentira nem dor, que vivia uma princesa que sonhava com o mundo humano. Um dia a princesa fugiu e, uma vez cá fora, o sol brilhante a cegou-a e apagou a sua memória, esquecendo-se de quem era e donde vinha. A princesa acabou por morrer ao longo dos anos, devido ao frio, à doença e à dor. O seu pai, o rei, sabia que um dia a alma da princesa havia de voltar, noutro corpo, noutro tempo ou noutro lugar, e que a esperaria até ao seu último suspiro.

ENCONTRO COM O MENTOR No primeiro encontro com o fauno, que lhe conta a sua estória fascinante sobre o mundo subterrâneo, este informa Ofelia o que necessita fazer para comprovar a sua essência e a sua imortalidade e oferece à menina o Livro das Encruzilhadas para a guiar na sua aventura pelo mundo da fantasia.

No entanto, é no momento em que Ofelia se encontra com Mercedes, a governanta da casa por quem se afeiçoou e onde encontrou conforto naquele mundo frio e tenso, e lhe pergunta se esta acredita em fadas. Mercedes nega, mas diz que quando era criança acreditava. Ofelia conta-lhe que conhecera uma, ou mais, e um fauno, também. A governanta surpreendida, sorri e conta que a avó lhe costumava dizer para ter muito cuidado com os faunos. É esta reacção calma por parte de Mercedes em relação ao mundo de fantasia que encoraja Ofelia a partir para o primeiro guardião do limiar.

TRAVESSIA DO PRIMEIRO LIMIAR O livro guia Ofelia até a uma árvore no cimo da colina, perto do moinho. Ilustra a história de um bosque jovem, onde habitavam criaturas mágicas e maravilhosas, estas protegiam-se umas às outras e dormiam juntas à sombra dessa árvore. No entanto, está a morrer, pois um sapo monstruoso acomodou-se nas suas raízes, impedindo-a de se desenvolver. A tarefa de Ofelia é colocar três pedras mágicas dentro da boca do sapo e recuperar a chave dourada que está dentro da sua barriga, só assim a árvore florescerá. A menina tira o vestido que sua mãe lhe oferecera para usar num jantar que o padrasto iria dar essa noite, para não o sujar, e entra no buraco da árvore percorrendo um túnel lamacento repleto de bichos repugnantes, dos quais o sapo se alimentava. Quando, finalmente, encontra o sapo, realmente assustador e asqueroso, consegue enganá-lo a comer as pedras mágicas fingindo serem insectos. O sapo expele o seu estômago, de onde Ofelia retira a chave dourada e termina, assim, a sua primeira tarefa.

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Animação e Integração de Som e Imagem Nicole Freitas

ACTO 2

TESTES, ALIADOS E INIMIGOS

No conto de fadas negro de Ofelia, ela enfrenta novos desafios, faz aliados e luta contra inimigos, aprendendo as regras do mundo mágico.

Os testes que a menina tem de ultrapassar são, basicamente, as três tarefas que lhe foram incutidas pelo fauno:

- Colocar três pedras mágicas dentro da boca de um sapo monstruoso que se acomodara nas raízes de uma árvore de grande importância para o bosque e recuperar a chave dourada que estava dentro da sua barriga;

- Criar uma porta de giz numa parede do seu quarto, iniciar o relógio de areia antes de entrar na porta, na condição de não comer nem beber nada, recuperar o objecto oculto num cofre, que estava a ser guardado por uma criatura horrível, e regressar antes do último grão de areia cair;

- Levar o seu irmão ao labirinto, sem que o seu padrasto se aperceba, para que o fauno possa deitar uma gota do seu sangue inocente no portal e este pudesse finalmente ser aberto.

Os aliados de Ofelia, são:

- Mercedes, a governanta da casa por quem se afeiçoou e onde encontrou conforto maternal. Mercedes ajuda a menina a sobreviver no ambiente hostil que a cerca, pois a sua mãe já frágil, enfraquecera depois da sua chegada ao moinho e ficara confinada à cama, deixando a menina abandonada no mundo de Vidal.

- Libélula/Fada, que a guia até ao Labirinto iniciando a sua viagem mágica e acompanha Ofelia em todo o seu percurso.

- restantes Fadas, que a guiam no conflito com o segundo guardião do limiar.

- fauno, o seu mentor, que deseja mais que tudo que Ofelia cumpra as suas tarefas e comprove a sua essência e imortalidade, de forma a poder voltar ao mundo do subterrâneo.

-Livro das Encruzilhadas, que, quando sozinha, lhe ilustra o futuro e o que deverá fazer para concretizar as tarefas.

Os inimigos de Ofelia são:

- Capitão Vidal, o seu novo padrasto por que m não nutre qualquer sentimento paternal.

- Sapo monstruoso que vive debaixo de uma árvore. (Primeiro guardião do limiar)

- Criatura com a pele caída, os ossos sobressaídos e os olhos colocados nas palmas das suas mãos, que guarda o objecto que Ofelia procura. (Segundo guardião do limiar)

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Animação e Integração de Som e Imagem Nicole Freitas

APROXIMAÇÃO À CAVERNA Depois de ultrapassar o primeiro guardião do limiar , onde recuperou a chave dourada que estava na barriga do sapo, Ofelia tem que seguir para a segunda tarefa. Este momento de aproximação ocorre quando, com o giz que o fauno lhe dera, Ofelia desenha uma porta na parede do seu quarto e, depois de aberta, vai em busca de um objecto que está dentro de um cofre que se encontra na “caverna oculta”, que abrirá com a chave dourada, seguindo as suas amigas fadas. Este é o momento mais aterrador do mundo mágico, pois quando Ofelia entrar na “caverna”, irá de encontro ao segundo guardião do limiar.

A “caverna oculta” é um corredor subterrâneo luxuoso, com uma grande mesa de banquete ao fundo e uma criatura horrenda, que se alimenta de crianças, sentada na ponta da mesa, esperando por alguém que não resista e coma uma das suas delícias, para assim poder ganhar vida.

PROVAÇÃO Numa noite em que o fauno visita Ofelia, disponibiliza-lhe as suas três fadas para a guiarem na sua próxima tarefa, pois terá que ir a um lugar muito perigoso, um lugar onde habita um ser não-humano. Dá-lhe, também, um relógio de areia e uma condição, não poderá comer nem beber nada, pois a sua vida depende disso.

Ofelia, seguindo as instruções do livro, desenha o contorno de uma porta na parede de seu quarto e, assim, a porta abre-se. A menina depara-se com um longo corredor, vira o relógio de areia, pois tem de voltar antes do último grão de areia cair e, com a ajuda de uma cadeira, entra. Ao fundo do corredor, encontra uma mesa deliciosamente preparada, um banquete, e na ponta da mesa uma criatura estática, com a pele caída, os ossos sobressaídos e os olhos dispostos num prato. Ao seu redor, imagens aterradoras da criatura a matar e a comer crianças e, ao fundo, um amontoado de sapatos de criança. Ofelia solta as fadas que a guiam a uma espécie de cofre com três fechaduras, consegue abrir uma delas e retira de lá um punhal. Entretanto, caem os grãos de areia muito rapidamente. Ao ir embora, a menina não consegue resistir àquele banquete e delicia-se com uma uva, embora as fadas já assustadas a tentassem impedir, acordando assim a criatura. Esta coloca os olhos nas palmas das suas mãos e persegue Ofelia. As fadas tentam confundi-la, mas a criatura acaba por comer duas delas e a menina foge. Com o relógio de areia quase a terminar e a criatura a persegui-la, Ofelia vê-se entre a vida e a morte. Quando chega, a porta já se tinha fechado, então muito rapidamente colocou-se em cima da cadeira e redesenha outra no tecto, conseguindo escapar por pouco àquele ser horrível, comedor de crianças.

CONQUISTA Na mesma visita do fauno a Ofelia, este oferece-lhe uma raiz de mandrágora para salvar a vida de sua mãe, de modo a que possa continuar as suas tarefas e completá-las antes da lua cheia. Carmen adoecera gravemente, havia perdido muito sangue, com risco de perder o bebé ou até mesmo morrer, confinada na sua cama em repouso absoluto. A mandrágora era uma planta que sonhava em ser humana.

Na manhã seguinte, após o segundo guardião do limiar, Ofelia coloca a mandrágora dentro de um vaso com leite fresco que, instantaneamente, ganha vida e assume os mesmos gestos de sua mãe, que está deitada na cama. A menina coloca a raiz debaixo de sua cama e deixa cair duas gotas de sangue sobre a mesma, processo que teria que fazer todas as manhãs, tal como indicara o fauno. Carmen rapidamente melhorou e faltava ainda uma última tarefa.

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ACTO 3

REGRESSO Na noite seguinte, o fauno volta a visitar Ofelia, entusiasmado, pois sabia que a mãe da menina melhorara e, assim, esta poderia continuar a sua caminhada. No entanto, Ofelia dá-lhe uma má notícia, diz-lhe que acontecera um acidente e entrega-lhe a caixinha das fadas, de onde só sai uma. O fauno fica furioso quando a fada lhe conta o que acontecera. Diz-lhe que jamais poderá regressar ao mundo subterrâneo, que o espírito dela ficará para sempre entre os homens, envelhecerá com eles e morrerá como eles, a sua memória se desvanecerá e todo o mundo subterrâneo desaparecerá com ela.

Ofelia é, assim, obrigada a voltar ao mundo comum pois não cumprira as regras que o fauno lhe dera, deixando para trás um mundo de fadas, livros mágicos, faunos e criaturas assustadoras, obrigada a seguir um novo caminho.

O padrasto de Ofelia descobre a mandrágora debaixo da cama da sua mãe, e esta, inconsciente de que era a mandrágora que lhe salvara a vida, atira-a para o fogo. Uma vez que era a raiz mágica que lhe dava vida, Carmen começa a sentir dores agoniantes, forçando o nascimento do bebé. O irmão de Ofelia nasce, mas a sua mãe não sobrevive.

Mercedes, é obrigada a fugir pois o seu patrão, Capitão Vidal, suspeita que esta é uma informante dos rebeldes vermelhos e Ofelia pede para fugir com ela. Quando em fuga, ambas são descobertas pelo Capitão. Ofelia é presa no seu próprio quarto sob ameaça de morte se tentar algo e Mercedes é feita refém.

O mundo de Ofelia desmorona-se, está completamente sozinha, sem ninguém do seu mundo real ou do seu mundo mágico.

RESSURREIÇÃO Numa noite, Ofelia devastada com os recentes acontecimentos, recebe uma visita verdadeiramente inesperada, o fauno que diz-lhe que está disposto a dar-lhe uma última oportunidade e a menina corre para seus braços à procura de conforto. O fauno pergunta-lhe se fará tudo o que disser sem o questionar e Ofelia diz que sim. Trata-se da última tarefa, Ofelia terá que levar o seu irmão até ao labirinto o mais rápido possível. O fauno dá à menina outro bocado de giz para poder sair do seu quarto e ir buscar o seu irmão. E assim o faz.

O bebé estava no quarto do Capitão e ele lá estava, a costurar o corte que Mercedes corajosamente fizera no canto da boca, quando se tornara refém do mesmo, conseguindo escapar. O Capitão é chamado por um soldado, pois os rebeldes fizeram-lhes uma emboscada. Ofelia aproveita para colocar na bebida do seu padrasto o mesmo sedativo que era administrado à sua mãe e pega no bebé. O Capitão volta ao quarto, bebe a sua bebida e vê Ofelia com o seu filho nos braços. O sedativo começa a fazer efeito e Ofelia foge para o labirinto, mesmo atordoado, Vidal persegue-a de arma na mão enquanto o seu quartel-general é atacado pelos rebeldes. Já no labirinto, Ofelia não encontra o portal, mas o jardim velho ajuda-a, abrindo o caminho para ela. Vidal vai dar a um caminho sem fim, mas não desiste e continua a procurá-la. Ofelia encontra o fauno, este, apressado, pede-lhe que lho dê, pois a lua já está no alto. A menina hesita quando vê o punhal que o fauno tem na mão e pergunta-lhe para que servia. O fauno diz-lhe que o portal só se abrirá se derramarem sobre este uma gota de sangue de um inocente, era a última tarefa. Ofelia recusa imediatamente, não quer lho entregar o irmão e está disposta a sacrificar o seu reino mágico por ele. O fauno enfurecido com a sua decisão abandona-a à mercê de Vidal, que a encontra a falar para o vazio. O Capitão tira o bebé dos braços de Ofelia e atira na menina. Deitada no chão,

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caiam gotas de sangue, da sua mão ensanguentada, para o portal, abrindo finalmente o último dos portais do mundo subterrâneo, pois o sangue era de um inocente.

PRÉMIO O último portal abre-se e um mundo mágico e colorido surge aos olhos de Ofelia, que reencontra o seu verdadeiro pai feliz, porque a filha cumprira a sua última tarefa, derramar o próprio sangue ao de um inocente. Ofelia dá o seu último suspiro, deixando para trás um mundo de crueldade e a princesa Moanna regressa ao reino do seu pai, onde reinou durante muitos séculos com justiça e bondade, foi amada pelos seus súbitos e deixou para trás lembranças da sua passagem pela terra visíveis apenas para aqueles que sabe onde olhar.

ARQUÉTIPOS

HERÓI Ofelia é a heroína da estória, pois esta desenrola-se através dos seus olhos. É uma menina extremamente doce, sonhadora e completamente apaixonada pelos seus livros de contos de fadas. Estes, são a sua janela para um mundo que desperta inúmeras fantasias e mistérios. Ofelia leva-nos numa viagem por dois mundos, o mundo de fantasia e o mundo dos homens.

É uma heroína maravilhosa, dotada de uma inteligência grandiosa, uma perspicácia surpreendente, uma imperfeição perfeita, uma coragem louvável e uma audácia fantástica para uma menina de onze anos, que lhe permitem sobreviver em ambos os mundos. É incapaz de não partir para a aventura, mesmo quando sabe que deve ter cuidado, daí a não haver uma verdadeira recusa da chamada. Ofelia entra no mundo da magia sem grandes hesitações ou medos, entra no seu mundo. No entanto, outras personagens, tais como Mercedes, o Doutor e os restantes lutadores pela liberdade também são heróis da história, pois possuem atitudes heróicas.

MENTOR O fauno é o mentor de Ofelia, este estimula a menina a partir para a aventura, quando lhe conta a estória mágica do mundo do subterrâneo, no seu primeiro encontro, e a guia durante toda a sua caminhada pelo mundo mágico, com visitas nocturnas frequentes à menina. O fauno oferece-lhe um livro, o Livro das Encruzilhadas, para a guiar na sua jornada. Assume, também, um papel de consciência de Ofelia, pois relembra-lhe constantemente, que se esta não completar as suas tarefas, não poderá regressar ao reino do seu pai.

GUARDIÃO DO LIMIAR Ofelia, ao longo da sua jornada, enfrenta três guardiões do limiar, que são as tarefas que lhe foram dadas pelo fauno. O primeiro guardião do limiar é o sapo monstruoso que se acomodou nas raízes de uma árvore extremamente importante para o bosque mágico, impedindo-a de desenvolver. O segundo guardião do limiar é uma criatura horrível, com a pele caída, os ossos sobressaídos e os olhos dispostos num prato que guarda uma espécie de cofre de onde Ofelia necessita de abrir e retirar de lá um objecto. O terceiro guardião do limiar é o Capitão Vidal, Ofelia precisa de levar o seu irmão ao labirinto até ao fauno, mas o bebé está no quarto do seu padrasto, que dificulta a tarefa da menina.

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ARAUTO É Mercedes quem incentiva Ofelia a partir na aventura, embora que inconscientemente. Acontece no momento em que a menina pergunta-lhe se acredita em fadas e lhe confessa que conhecera umas fadas e um fauno. A reacção da governanta é distinta da de sua mãe, que insiste que o mundo mágico não existe e que Ofelia tem que deixar de ler os seus livros de contos de fada. Mercedes, sorri e conta que quando era pequenina a avó costumava lhe dizer para ter muito cuidado com os faunos. É esta atitude de Mercedes que encoraja Ofelia a ir de encontro ao primeiro guardião do limiar.

CAMALEÃO/PÍCARO O fauno, para além do papel de mentor, assume estes dois arquétipos. É uma criatura meio-homem meio-bode, que imite uns sons chocalhados à medida que se mexe, um ser astuto e misterioso, pois ao longo da estória nem sempre aparenta ser confiável, em momentos aparenta ser seu aliado e protector e noutros seu inimigo, sendo imprevisível nas suas acções, pondo Ofelia em dúvida em relação à estória que conta e à sua fidelidade. Também, quando se apresenta a Ofelia, no seu primeiro encontro, o fauno diz possuir vários nomes velhos que apenas o tempo e as árvores podem pronunciar, diz que é a montanha, a floresta e a terra, apresentando assim as características de camaleão.

O fauno acarreta em si o desejo de mudança de realidade, anseia que Ofelia cumpra as suas tarefas, comprovando a sua essência e a sua imortalidade, de forma que o último dos portais seja aberto e para que possam regressar ao reino do mundo subterrâneo. O fauno traz o alívio cómico depois de uma situação tensa, tal como quando Ofelia vai ao seu encontro depois de enfrentar o primeiro guardião do limiar, mas não necessariamente um alívio cómico tal como o típico Pícaro, pois sendo uma criatura assustadora o seu humor é igualmente sinistro. No entanto, é este quem alerta Ofelia para a realidade dos seus dois mundos, possuindo, assim, algumas características picarescas.

SOMBRA O Capitão Vidal é o inimigo de Ofelia, o seu novo padrasto para seu desagrado. Um franquista cruel e sádico, com ordens para eliminar todos os rebeldes escondidos nas montanhas em redor ao moinho, que convertera num quartel-general. O seu único interesse na vinda de Carmen e da filha para sua casa é o filho que a mulher espera dele, a sua descendência. A existência de Ofelia é apenas um incómodo para si. Vidal acaba por desprezar Ofelia, por esta aborrecer sua mãe, que se encontra num estado frágil de saúde, com a sua paixão pelos contos de fadas, e a sua determinação. No entanto, a menina desenvolve pelo padrasto, um misto de confiança, pois é a este quem recorre quando a sua mãe sente-se mal, e desconfiança, pela sua maldade inata.

No momento em que Ofelia leva o seu irmão para o labirinto, Vidal persegue-a armado e furioso, desejando a sua morte. Quando, finalmente, a encontra, pega no seu filho e atira na menina.

No entanto, é possível identificar algumas características da Sombra no fauno. É este que lhe impõe os desafios, de forma que a menina se fortaleça e consiga cumprir todas as tarefas, comprovando a sua essência e imortalidade, principalmente a última tarefa, que é a mais importante. De certa forma, o fauno deseja a morte física de Ofelia, pois só assim poderá voltar ao reino do seu pai.