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ANÁLISE DE PROPAGAÇÃO ACÚSTICA E MASCARAMENTO SONORO EM ESCRITÓRIO PANORÂMICO Daniela Santos Spiller Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientador: Jules Ghislain Slama Rio de Janeiro Setembro de 2017

ANÁLISE DE PROPAGAÇÃO ACÚSTICA E MASCARAMENTO … · Universidade Federal do Rio de Janeiro, como ... foram analisados os materiais acústicos ideais para ... diferentes sistemas

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ANÁLISE DE PROPAGAÇÃO ACÚSTICA E MASCARAMENTO

SONORO EM ESCRITÓRIO PANORÂMICO

Daniela Santos Spiller

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheira.

Orientador: Jules Ghislain Slama

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO

Departamento de Engenharia

Mecânica DEM/POLI/UFRJ

ANÁLISE DE PROPAGAÇÃO ACÚSTICA E MASCARAMENTO

SONORO EM ESCRITÓRIO PANORÂMICO

Daniela Santos Spiller

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA

POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO

DO GRAU DE ENGENHEIRAMECÂNICA.

Aprovado por:

Prof. Jules Ghislain Slama (Orientador)

Prof. Antonio Carlos Marques Alvim

Prof. Julio Cesar Boscher Torres

RIO DE JANEIRO, RJ –BRASIL

SETEMBRO DE 2017

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i

Spiller, Daniela Santos

Análise de propagação acústica e mascaramento sonoro em

escritório panorâmico/ Daniela Santos Spiller – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2017.

Orientador: Jules Ghislain Slama

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Mecânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p.

1.Propagação Acústica. 2.Mascaramento Sonoro. 3.Escritório

Panorâmico. 4. Ruído. I. Ghislain Slama, Jules.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Programa de Engenharia Mecânica. III. Análise de propagação

acústica e mascaramento sonoro em escritório panorâmico.

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ii

AGRADECIMENTOS

Acredito que nessa vida nada a gente conquista sozinho. Toda batalha precisa de

muitos soldados focados e dedicados para atingir um objetivo que é comum para todos e

individual para cada um.

A conquista desse diploma para mim não podia ser diferente. Percorri um

caminho longo de aprendizados, barreiras e muitas conquistas das quais me orgulho

muito hoje. Cresci, amadureci, fortaleci e nada disso seria possível sem o apoio de

pessoas que estiveram do meu lado durante parte ou todo esse percurso.

Por toda dedicação, perseverança, carinho e positividade, gostaria de agradecer a

minha mãe, Jussara, por essa conquista.

Por todo crédito depositado em mim, apoio e vibração, gostaria de agradecer ao

meu pai, Eduardo, por essa conquista.

Por toda paciência, ajuda, momentos de desabafo e confiança, gostaria de

agradecer aos meus irmãos, Camila e Gabriel, por essa conquista.

Por toda amizade, partilha, empatia, compaixão e união, gostaria de agradecer a

família que a mecânica me deu (Zé, Lucas, Daniel, Raí, Rodrigo, Gustavo, André,

Suellen, João, Diego e a turma de 2011.2) por essa conquista.

Por toda disponibilidade, atenção, ensinamento e dedicação gostaria de

agradecer ao professor Jules Slama por essa conquista.

Sem vocês nada disso seria possível. Obrigada por lutarem ao meu lado e

fazerem parte dessa minha batalha.

“Persistence is the road to accomplishment."

-Charles Chaplin

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iii

Resumo do Projeto de Graduação à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheira

Mecânica.

Análise de propagação acústica e mascaramento sonoro em escritório

panorâmico

Daniela Santos Spiller

Setembro/2017

Orientador: Jules Ghislain Slama

Curso: Engenharia Mecânica

O presente estudo teve como objetivo analisar as técnicas de mascaramento

sonoro em escritórios panorâmicos considerando a necessidade de conforto acústico,

privacidade e concentração, sem dificultar a comunicação entre os trabalhadores,

Para isso, foram analisados os materiais acústicos ideais para escritórios

panorâmicos, seus elementos estruturais específicos e propagação acústica. Além disso,

foi apresentado o objetivo de inteligibilidade e privacidade sonora. Ademais, os

diferentes sistemas de mascaramento sonoro e seus equipamentos foram devidamente

exemplificados. Por fim, cases de sucesso de implementações de sistemas de

mascaramento sonoro foram apresentados.

Nesse trabalho foram considerados somente ruídos internos, principalmente o

som da fala.

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iv

Abstract of Undergraduate Project presented for POLI/UFRJ as a part of

the requirements for obtaining the degree of Mechanical Engineer.

Analysis of sound propagation and sound masking in open office

Daniela Santos Spiller

September/2017

Advisors: Jules Ghislain Slama

Department: Mechanical Engineering

Duo to the need for acoustical comfort, privacy and concentration in open plan

offices, without harming the communication between workers, the present study had the

objective of analyzing the techniques of sound masking.

In order to achieve that, the ideal acoustic materials for open offices, their

specific structural elements and acoustic propagation were analyzed. In addition, the

purpose of intelligibility and sound privacy was presented. Furthermore, the different

sound masking systems and their equipments were duly exemplified. Finally, successful

cases of sound masking implementation were presented.

In this work, only internal noise was considered, mainly the speech level.

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v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Considerações Iniciais .................................................................................................................1

1.2 Contextualização ...........................................................................................................................2

1.3 Objetivos ...........................................................................................................................................3

1.4 Organização do Trabalho ...........................................................................................................3

2 CONCEITOS INICIAIS 5

2.1 Materiais Acústicos .......................................................................................................................5

2.1.1 Materiais Absorventes .................................................................................................................5

2.1.2 Elementos Estruturais .................................................................................................................7

2.1.2.1 Teto.....................................................................................................................................................7

2.1.2.2 Barreiras Acústicas .......................................................................................................................8

2.1.2.2.1 Biombos ............................................................................................................................................................ 10

2.1.2.2.2 Divisória piso-teto ........................................................................................................................................ 15

2.1.2.3 Pisos ................................................................................................................................................ 16

2.1.2.4 Layout ............................................................................................................................................. 17

2.2 Propagação Acústica em Salas ............................................................................................... 18

2.2.1 Propagação Acústica em Ambiente Normal ...................................................................... 18

2.2.1.1 Controle de ruído por aplicação de materiais absorventes ........................................ 21

2.2.1.2 Distância crítica .......................................................................................................................... 22

2.2.1.3 Tempo de Reverberação de uma sala ................................................................................. 22

2.2.2 Propagação Acústica em Salas Panorâmicas .................................................................... 24

2.2.3 Exemplo de Propagação Acústica em Escritório Panorâmico .................................... 27

2.3 Inteligibilidade e Privacidade Sonora ................................................................................ 29

2.3.1 Privacidade em Escritórios Panorâmicos ............................................................................. 32

2.3.2 Perda Ponderada da Fala (SL) ................................................................................................... 33

2.3.3 Perda Ponderada de Fala Efetiva (ESL) .................................................................................. 35

3 MASCARAMENTO SONORO 36

3.1 Mascaramento Sonoro em Escritórios ................................................................................ 36

3.1.1 Ruído em Escritórios ................................................................................................................. 36

3.1.2 Necessidades em Escritório .................................................................................................... 37

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3.1.3 Efeitos dos Ruídos nas Pessoas ............................................................................................. 37

3.1.4 As Vantagens e Desvantagens do Mascaramento Sonoro ............................................ 37

3.1.5 Combinação de Fatores ............................................................................................................ 38

3.1.6 Criar Privacidade com Mascaramento................................................................................ 38

3.2 Nível de Ruído para Conforto Acústico – NBA 10152 .................................................... 39

3.3 Espectro de Mascaramento Sonoro ..................................................................................... 40

3.4 Sistemas de Mascaramento Sonoro ..................................................................................... 41

3.3.1 Sistema Centralizado ................................................................................................................ 41

3.3.2 Sistema Distribuído ................................................................................................................... 42

3.5 Equipamentos e Funcionamento .......................................................................................... 43

3.4.1 Instalação de Alto-falante........................................................................................................ 46

3.4.1.1 Plenum de Teto Suspenso ........................................................................................................ 46

3.4.1.2 Teto Aberto ................................................................................................................................... 47

3.4.1.3 Sob Pisos Elevados ..................................................................................................................... 47

3.4.1.4 Virado para Baixo em Teto Suspenso ................................................................................. 48

3.4.1.5 Topo de Painéis ........................................................................................................................... 49

3.4.1.6 Locais Incomuns ......................................................................................................................... 49

3.4.1.7 Ambientação Acústica .............................................................................................................. 50

3.4.1.8 Projeto ............................................................................................................................................ 50

3.4.2 Exemplos de Equipamentos ................................................................................................... 51

3.4.2.1 Alto-falantes Autocondicionados ......................................................................................... 52

3.4.2.2 Geradores ...................................................................................................................................... 53

3.4.2.2.1 GPN 1200B ....................................................................................................................................................... 53

3.4.2.2.2 MG2500 ............................................................................................................................................................. 54

3.4.2.2.3 MG3001 ............................................................................................................................................................. 54

3.4.2.2.4 ASP-MG24 ........................................................................................................................................................ 55

3.4.2.3 Equalizador .................................................................................................................................. 56

3.4.2.4 Amplificador ................................................................................................................................ 57

3.4.2.4.1 Amplificador para sistemas grandes de mascaramento sonoro ............................................. 58

3.4.2.4.2 Amplificador para sistemas pequenos de mascaramento sonoro .......................................... 59

3.4.2.5 Controle de zona ......................................................................................................................... 60

3.4.2.6 Alto-falantes ................................................................................................................................. 60

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vii

4 EXEMPLOS DE PROJETOS 65

4.1 Casos ............................................................................................................................................... 65

4.1.1 Bank of America National Help Line Call Center ............................................................. 65

4.1.2 RSM – Firma Global de Consultoria ...................................................................................... 66

4.1.3 TieNational, LLC – Empresa de integração tecnológica ................................................ 67

4.1.4 Highwinds – Empresa de Entrega de conteúdo, rede e negócios de serviços

IP baseados na nuvem ............................................................................................................................. 68

5 CONCLUSÃO 69

5.1 Considerações Finais................................................................................................................. 69

5.2 Sugestões para Estudos Futuros ........................................................................................... 69

REFERÊNCIAS 70

SITES CONSULTADOS 73

APÊNDICE A 74

APÊNDICE B 79

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O impacto da qualidade acústica de locais de trabalho sobre os empregados e a

qualidade acústica em ambientes de descanso são tópicos estudados no Brasil há mais

de 30 anos, na busca de soluções para os riscos que a alta exposição em ambientes

ruidosos pode causar.

Nos últimos anos,o aumento da competitividade estimulou muitas empresas a

diminuirem custos com espaços físicos de escritórios, o que implica na redução da

privacidade e da confidencialidade dos mesmos. Diante desse cenário, passou a ser

observado que ruídos em ambientes de trabalho podem provocar efeitos adversos aos

seus usuários. Por mais que esses ruídos não causem surdez, eles podem ser incômodos

e prejudiciais à saúde do trabalhador, de acordo com critérios ergonômicos.

Além do incômodo, a Organização Mundial da Saúde OMS (2009) alerta que

entre os diversos efeitos que o ruído pode causar no trabalhador estão: prejuízos no

desempenho humano, fadiga, nervosismo, reações de estresse, ansiedade, falhas de

memória e irritabilidade. Ela indica ainda, que esses efeitos são frequentemente notados

em atividades que dependem de um maior grau de raciocínio e concentração.

O escritório de uma empresa normalmente é o local onde toda a estratégia,

planejamento e acompanhamento das atividades é desenvolvido. Torna-se evidente a

importância de que esse ambiente seja confortável e propicío para suas atividades,

transformando-o em objeto de preocupação recente de muitas empresas.

A partir daí, surge a necessidade da utilização do mascaramento sonoro como

forma de melhorar as condições de trabalho nesses ambientes, dado que os ruídos de

escritório tais como: o soar de um telefone, o burburinho de uma conversa e os sons do

teclado de computadores, são ruídos que não podem ser evitados ou diminuídos.

A técnica de mascaramento consiste na introdução de um ruído de fundo, de

características estacionárias, que não cause irritação, não possua significado, contido em

um espectro em que se situam as frequências da fala, elevando artificialmente o limiar

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2

de audibilidade, de maneira que para a fala ser identificada e compreendida exige-se

mais empenho ou atenção do receptor.

1.2 Contextualização

Os ruídos em um ambiente de trabalho podem ser classificados em dois tipos: o

ruído interno, proveniente de atividades realizadas dentro do ambiente ou de sistemas

nele instalados, e o ruído externo, oriundo da localização do escritório tais como

proximidade de rua movimentada, estádio de futebol, tráfego e ambientes vizinhos

como casas de máquinas, cafeteria, banheiro e outros.

O tratamento desses dois tipos de ruídos é diferente, dado que ambos possuem

características distintas. Este trabalho aborda especificamente o mascaramento de ruídos

internos em escritórios panorâmicos.

O escritório panorâmico é caracterizado por uma única área ampla, de pé direito

baixo, com dimensões de largura e comprimento muito maiores do que o comprimento

do pé direito e separação em ambientes feita por divisórias parciais ou inteiriças, do piso

ao teto. Os edifícios onde se situam esses escritórios são geralmente formados de

andares corridos com circulação vertical. Esses escritórios oferecem multiplicidade de

usos, permitem fácil adaptação de ambientes e proporcionam facilidade/ rapidez na

comunicação.

Entretanto, a acústica de escritórios panorâmicos é delicada, dado que não

existem separações de estrutura do piso ao teto para bloquear as ondas sonoras entre as

diferentes estações de trabalho. Disto surge a necessidade de tratar a acústica do

ambiente.

A disposição dos setores de trabalho deve ser projetada de acordo com as tarefas

realizadas em cada setor e os ruídos que elas produzem. Por exemplo, um setor de

trabalho que exija muita concentração não deve estar situado ao lado de um setor de

telemarketing.

Sendo assim, a técnica acústica de mascaramento da fala é uma solução capaz de

melhorar a acústica em escritórios panorâmicas. Geralmente associada ao uso de

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3

materiais absorventes e divisórias acústicas, ela torna a fala – principal fonte de

incômodo em escritórios panorâmicos – ininteligível, de modo a ser ouvida1., mas não

entendida.

A partir da técnica de mascaramento sonoro, as falas provenientes de áreas de

trabalho vizinhas deixam de ser um fator de incômodo ou distração na execução das

atividades na área estudada. Desse modo, com a implementação do mascaramento de

ruído pode-se prover áreas de privacidade e de comunicação clara, de acordo com a

exigência de cada atividade desenvolvida.

1.3 Objetivos

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise, a partir de premissas

estabelecidas para escritórios panorâmicos, da implementação da técnica de

mascaramento de ruído para esses ambientes, abrangendo técnicas de projeto de

aplicação do mascaramento de ruído, o uso de materiais acústicos absorventes e

divisórias e o seu funcionamento.

Ademais, uma vez que é escasso na literatura título que abranja o tema abordado

de forma completa, este estudo tem também como objetivo ser uma síntese do assunto,

pondendo, desta forma, vir a ser utilizado para estudos futuros.

1.4 Organização do Trabalho

Este projeto é organizado de acordo com o propósito de apresentar a análise

realizada acerca do tema de maneira clara e explicita,do seguinte modo:

1ouvir remete ao sentido da audição, é aquilo que o ouvido capta. Já o verbo escutar corresponde ao ato

de ouvir com atenção. Ou seja, escutar é entender o que está sendo captado pela audição, mas, além disso,

compreender e processar a informação internamente.

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4

O Cápitulo I contém a introdução, na qual são feitas considerações iníciais sobre

o tema tratado, a contextualização do ambiente escolhido para desenvolver o projeto de

mascaramento acústico e a definição do objetivo a ser atingido por este trabalho.

O Capítulo II explora os conceitos básicos presentes na literatura, referentes às

áreas de conhecimento contempladas no projeto de mascaramento e apresenta uma

análise exemplificada de propagação acústica em escritórios panorâmicos.

O Capítulo III define os conceitos de mascaramento sonoro e aborda as suas

aplicações e equipamentos utilizados.

O Cápitulo IV apresenta exemplos de utilização do mascaramento sonoro,a

partir do conteúdo dos capítulos anteriores.à partir de casos.

O Capítulo VI revela as conclusões da análise e oferece sugestões para a

realização de novos estudos sobre o assunto em tela. Ao final, encontram-se as

referências utilizadas para embasar e fundamentar este estudo.

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5

2 CONCEITOS INICIAIS

2.1 Materiais Acústicos

2.1.1 Materiais Absorventes

Numa sala, o campo sonoro direto, quando o som chega do emissor ao receptor

diretamente através do ar, não depende das propriedades de absorção sonora das paredes

da sala.

O campo reverberante, quando o som atinge o receptor após múltiplas reflexões

nas superfícies (piso, parede, teto ou objetos), constante em toda a sala, pode ser

alterado, se forem modificadas as propriedades de absorção das superfícies internas do

local. Assim, pode-se reduzir o nível de pressão sonora do campo reverberante em uma

sala, por intermédio da aplicação de revestimento absorvente acústico na sala.

Dado uma onda sonora incidente sobre uma determinada superfície, ela será

refletida com certa energia. A partir dessa energia de incidência e de reflexão define-se

o coeficiente de reflexão sonora 𝜌 e o coeficiente de absorção, dado que + 𝜌 = 1

O coeficiente de absorção sonora 𝛼 é característico da superfície sobre a qual a

onda incide. Ele considera a dissipação térmica pelos materiais da superfície e a

transmissão do som atrás da superfície:

Uma janela aberta, por exemplo, tem 𝛼=1 e 𝜌 = 0 .

O coeficiente de absorção sonora varia com a frequência e com o ângulo de

incidência da onda sonora sobre a superfície. Existem duas formas clássicas de medição

do coeficiente de absorção: uma em tubo de impedância para absorção na incidência

normal, e outra em câmara reverberante para diversas incidências combinadas. Este

último coeficiente é utilizado no cálculo do campo difuso numa sala, onde as ondas

sonoras refletidas se propagam em todas as direções. O quadro 1 apresenta um exemplo

de valores do coeficiente de absorção de um material, em função da frequência do som.

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6

FREQ 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000

𝛼 0,01 0,02 0,1 0,15 0,3 0,5 0,7 0,8 0,8

Quadro 1: Tabela exemplo de valores do coeficiente de absorção, em função da frequência

Fonte: Slama (2014).

Existem três tipos de materiais absorventes, cujo comportamento de absorção

acústica é ilustrado na figura 1:

1. Poroso ou dissipativo: porosidade aberta como lã de rocha, lã de vidro,

feltro, espuma de borracha;

2. Membrana;

3. Cavidade.

Figura 1. Gráfico de Frequência em Hz por Coeficiente de Absorção

Fonte: Chanaud (2008).

O coeficiente de redução sonora é um único número que caracteriza a absorção

de um material acústico. Este coeficiente é muito utilizado pelos fornecedores de

materiais acústicos e está relacionado com a redução do campo sonoro reverberante

proveniente da aplicação de materiais absorventes na superfície dos locais.

Coeficiente de absorção

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7

Ele é dado por:

NCR =𝛼250 + 𝛼500 + 𝛼1000 + 𝛼2000

4

(2.1)

Onde NRC é Noise Reduction Coeficient (Coeficiente de Redução de Ruídos)e

𝛼é o Coeficiente de Absorção Sonora por faixas de oitavas.

O coeficiente é obtido a partir da média calculada em quatro frequências: 250,

500, 1000 e 2000 Hz, arredondado como o múltiplo de 0.05.

2.1.2 Elementos Estruturais

2.1.2.1 Teto

O teto é a principal área de reflexão de sons gerados dentro de um ambiente

panoramico. Por esta razão, a escolha do forro acústico utilizado sob o teto é um

elemento primordial.

O forro acústico funciona como uma barreira no interior das edificações, entre a

cobertura e os ambientes. Suas funções são: acabamento interior, absorção sonora,

isolamento térmico, delimitação espacial, ocultação de redes de instalação hidráulica e

elétrica, entre outros (CHAVES, 1999).

Os forros suspensos são os mais utilizados em escritórios, com o objetivo de

cobrimento visual de instalações elétricas, hidráulicas, de ar condicionado, de modo a

criar um espaço entre a laje e o forro – plenum – sem perder o acesso a essas

instalações.

O material utilizado no forro é de extrema importância, pois é ele que absorve o

ruído reduzindo a propagação por reflexao na sala. Os mais empregados atualmente em

escritórios são os do tipo mineral, de fibra ou lã de vidro e de rocha, que apresentam

bons coeficientes de absorção na faixa de frequencia da voz (GROTTA, 2009).

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8

Para atingir o máximo de privacidade acústica em escritorios panoramicos, é

recomendado que os forros possuam o Coeficiente de Redução Sonora (NRC) e índices

de Classe de Articulação (Ac) maior possível.

O Ac mede a habilidade do forro em absorver ruídos em frequências críticas,

principalmente de conversas, que alcançam o forro em ângulos que poderiam causar o

espalhamento das ondas sonoras sobre os divisores do espaço. O Ac aceito para garantir

privacidade normal em escritórios panorâmicos é de no mínimo 170, sendo 190-210 o

ideal, de acordo com Grotta (2009).

Segundo Nogueira (2002), valores de Ac = 170 e NRC = 0,75 apresentam uma

condição ótima, enquanto os valores de Ac = 210 e NRC = 0,95 são as ideais.

2.1.2.2 Barreiras Acústicas

As barreiras acústicas em escritorios panoramicos são utilizadas tanto para

oferecer privacidade visual, quanto para a separação de ambientes, a privacidade

acústica e o controle de ruído.

Nogueira (2002) define as barreiras acústicas como obstáculos sólidos

relativamente opacos ao som. Ao bloquear a linha direta entre a fonte sonora e o

receptor, cria uma sombra acústica.

Barreiras acústicas podem ser classificadas como divisórias e biombos. As

divisórias são barreiras piso-teto e biombos integram o sistema mobiliário, possuindo

alturas que variam de 0,75m a 1,80m. Os biombos são também denominados como

painéis.

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As divisórias e biombos são classificados, conforme o quadro 2:

Quadro 2. Classificação dos Biombos

Fonte: Grotta (2009).

Figura 2. Classificação de divisórias de acordo com a altura - h1: baixa, h2: média, h3: alta, h4:

extra-alta e possibilidades de visualização do espaço.

Fonte: Grotta (2009).

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10

2.1.2.2.1 Biombos

Em escritórios, os biombos são utilizados acoplados ou não ao mobiliário e

devem ser fabricados com materiais e altura suficientes para proporcionar atenuação

sonora entre as estações de trabalho.

Para garantir a privacidade da fala, os biombos devem apresentar altura e

absorção nas suas superfícies com desempenhos adequados para atender as

necessidades de privacidade.

Os ruídos de intrusão podem seguir caminhos diferentes, como demonstra a

figura 3:

Figura 3. Caminhos de propagação sonora entre estações de trabalho e entre ambientes

adjacentes.

Fonte: Nogueira (2002).

O caminho de número 1 é o caminho de propagação sonora através da divisória

(NOGUEIRA, 2002). Para esse caminho, devem ser consideradas as propriedades do

material do biombo (espessura, massa especifica e velocidade de propagação sonora do

material), o ângulo de incidência das ondas e o espectro do ruído. Para caracterizar o

desempenho desse caminho, utiliza-se a Classe de Transmissão Sonora (STC) do painel.

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11

A STC é definida a partir da obtenção de uma cifra que mede a eficiência de

uma estrutura em atuar como barreira ao som em 16 frequências de voz, de 125 a 4000

Hz (procedimento E 1414 da ASTM referente ao método de avaliação). Mede,

portanto,a capacidade de uma parede bloquear o som: A unidade de medida da STC é o

decibél e indica a diferença entre a energia sonora que atinge um lado do painel, e a

energia sonora transmitida para o outro lado do mesmo. Inclui-se nesta medida o som

proveniente de todos os ângulos e em baixas e altas frequências .

Quanto maior a STC, maior o isolamento proporcionado. Os biombos

classificados com STC 20dB ou mais, entre estações vizinhas de um alto-falante para a

estação adjacente, são considerados satisfatórios. A partir de 25dB, a STC passa a ser o

grau de isolamento requerido, quando o alto-falante e o ouvinte estão muito próximos.

Para o caminho 2, indicado na figura 3, de propagação sonora após reflexão na

divisória, os biombos que apresentam NRC de 0,55 a 0,80 são considerados absorventes

e ideais para ambientes corporativos (GROTTA, 2009).

Biombos com boa absorção2 para altas frequências respondem melhor à

privacidade da fala, do que os biombos com absorção para baixa frequência, mesmo

quando possuema mesma classe, segundo a NRC (NOGUEIRA, 2002).

No tocante à difração3 sonora que ocorre acima da barreira, representada no

caminho 3, ainda na figura 3, não é possível obter-se uma medida quantitativamente

precisa. De qualquer maneira, quanto maior o caminho que o som difratado vier a

percorrer, maior será a sua atenuação sonora. Logo, quanto maior a altura do biombo,

maior o caminho a percorrer e, consequentemente, maior a atenuação sonora.

2ABSORCAO: fenomeno acustico que ocorre quando um material absorve grande percentagem

de energia sonora que nele incide, retendo-a e degradando-se em energia mecanica ou calorifica ou transmitindo-se para o outro lado, sendo dele refletida, apenas, uma pequena parcela. (SILVA, 2002).

3DIFRACAO: fenomeno acustico que surge quando uma linha reta entre a fonte sonora e o

receptor e bloqueada por algum obstaculo e as frentes de onda modificam seu caminho de propagacao, curvando-se sobre a barreira em direcao ao observador. (NOGUEIRA, 2002).

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12

O posicionamento geométrico relativo entre a fonte, barreira e receptor define os

caminhos do som direto e difratário (por sobre a barreira). O número de Fresnel (N) é

cálculador por (BELDERRAIN):

𝑁 =2𝛿

𝜆

(2.2)

Onde:

N é o número de Fresnel;

𝛿 = a + b - c;

a+b é o caminho difratado do som [m];

c é o caminho direto do som [m];

𝜆 é o comprimento da onda do som [m];

Figura 4. Caminho entre a fonte e o receptor.

Fonte: Belderrain.

A determinação da altura dos painéis segue o critério escolhido para o projeto. A

altura adequada é considerada igual ou maior a 1,65 m (GROTTA, 2009), entretanto,já

nessa altura ocorre o bloqueio indesejado do fluxo de ar e do campo de visão, sendo

então muito pouco utilizada. Assim, sugere-se que as divisórias tenham no mínimo

altura suficiente para quebrar a linha de visão entre o emissor e o receptor. Neste caso a

atenuação da barreira é da ordem de 5dB

No caso do piso de um ambiente ser revestido por materiais, como carpete de

revestimento resistente e empregados painéis de pelo menos 152cm, a STC do painel

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13

deve ser 20 dB ou mais, o que garante boa eficiência do painel.. A figura 5 apresenta a

influência da altura do painel para diferentes níveis de conversas.

Figura 5: Influencia da altura do painel (Altura do painel em polegadas x Perda

ponderada da fala)

Fonte: Chanaud (2008).

Outro critério para atenuação do som utilizado para o caminho 3 tem relação

com a posição do alto-falantee do ouvinte. As seguintes recomendações são feitas por

NOGUEIRA (2002):

Barreiras próximas ao emissor são mais efetivas, devido ao maior ângulo

formado entre o emissor e o teto, alcançando maior atenuação sonora,

provocada pela difração. A figura 6 retrata tal situação;

Figura 6. Barreiras próximas ao emissor geram um maior angulo do som para alcançar o

ouvinte do lado oposto

Fonte: Grotta (2009).

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14

Quanto maior a altura do painel, maior é o trajeto percorrido pelo som,

maior é o número de Fresnel (N) e maior é a atenuação sonora dada pela

difração do mesmo, como comprova a figura 7;

Figura 7. Altura dos biombos e respectivos caminhos percorridos pelo som

Fonte: GROTTA, 2009.

A atenuação da barreira é dada por:

𝐴 = 10 log10(20𝑁 + 3)

(2.3)

Quanto maior a separação entre as estações de trabalho, maior a atenuação

de ruído. Entretanto, essa solução faz com que haja diminuição no número

de pessoas acomodadas no espaço disponível;

No interior de uma estação de trabalho onde o emissor e o ouvinte exercem

atividades diferentes, o aumento da distância entre eles provocará maior

atenuação do som.

Em função da última recomendação, sugere-se que o layout afaste os espaços

geradores de maiores ruídos daqueles mais silenciosos. O layout que permite o

posicionamento da face do receptor em um ângulo de 180 graus em relação à face do

emissor é o que oferece a melhor condição de privacidade da fala (DUBOC, 1998).

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15

O caminho 4, mostrado na figura 3, ilustra as reflexões4 sonoras nas frestas e no forro.

Assim, devem ser consideradas: as frestas entre as juntas das divisórias; entre o piso e a

parte de inferior das divisórias que mantêm contato com o piso; e a capacidade de

absorção do forro existente (GROTTA, 2002).

2.1.2.2.2 Divisória piso-teto

As divisórias piso-teto são geralmente utilizadas para garantir total privacidade

no interior de ambientes corporativos e são empregadas para criar espaços como salas

de reunião, diretorias, entre outros. Para essas finalidades, devem proporcionar além da

absorção acústica, o isolamento sonoro necessário à privacidade, impedindo que

conversas em uma sala atrapalhem as que ocorrem em outra, tornando os sons

inaudíveis.

Desse modo, as divisórias devem ser classificadas, em termos de sua capacidade

de isolamento, conforme o quadro 3:

4REFLEXAO: e a quantidade de energia da onda sonora (intensidade do som) refletida a partir

de uma superficie lisa e dura. A reflexao sonora pode melhorar a qualidade da transmissao de voz e musica. <http://www.fau.usp.br/arquivos/disciplinas/au/aut0135/04%20-%20Comportamento%20Sonoro.pdf> Acesso em: 09/06/2017.

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16

Quadro 3. Condições de privacidade das divisórias

Fonte: Grotta (2009).

2.1.2.3 Pisos

O piso é a superfície que menos recebe os sons incidentes, devido ao bloqueio

provocado pelo mobiliário. A escolha do tipo do piso deve considerar materiais

adequados para: atenuar ruídos de impactos provenientes da circulação de pessoas e do

movimento de cadeiras ou queda de objetos; reduzir superfícies de geração de ruídos; e

ajudar na redução da transmissão sonora para o pavimento inferior, caso haja.

Dessa maneira, pode-se dizer que carpetes têm pouca influência em melhorar a

privacidade, onde existem sistemas de painéis. Porém, são próprios para diminuir o som

da queda de objetos, e o ruído de passos. O mascaramento de ruídos é pouco efetivo

para cobrir esses ruídos, se não houver carpete em um escritório. De todo modo, na falta

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17

de painéis ou materiais absorventesde ruídos que diminuam a reverberação e criem uma

sensação de quietude, mostram-se úteis.

2.1.2.4 Layout

Segundo as normas da ASID (American Society of Interior Designers) para

alcançar de níveis normais de condição acústica em ambientes de planta livre, Nogueira

(2002) recomenda:

evitar linhas diretas de visão, dado que quando há um caminho direto entre

os trabalhadores, o som pode mais facilmente passar ao longo do caminho;

projetar as estações de trabalho de modo a oferecer o máximo

enclausuramento; e

colocar painéis altos e separar a equipe de acordo com a atividade e nível de

ruído por seus integrantes , assegurando que outros trabalhadores tenham

níveis normais de privacidade em seu local de trabalho.

A figura a seguir apresenta 4 layouts com diferentes soluções para o mesmo

espaço, da privacidade menos até a mais satisfatória, desconsiderando a direcionalidade

da fala:

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18

Figura 8. Diversas soluções para o mesmo espaço.

Fonte: Cordeiro (1996).

2.2 Propagação Acústica em Salas

A propagação acústica em ambientes fechados pode ser analisada para três

situações distintas: espaço muito grande, normal ou muito pequeno. Dado que esse

trabalho trata de escritórios panorâmicos, é abordada a propagação acústica em espaços

normais, ou seja, de porte médio, e mais especificamente para espaços panorâmicos.

2.2.1 Propagação Acústica em Ambiente Normal

Numa sala de dimensões normais, as ondas sonoras são refletidas várias vezes

pelas paredes, apresentando redução da sua intensidade, devido à absorção das

superfícies.

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19

A consequência das reflexões implica um nível sonoro superior àquele

correspondente à propagação do som em campo livre.

De fato, na sala, há dois campos sonoros se superpondo (SLAMA, 2014):

o campo direto, aquele que atinge o ouvinte diretamente a partir do

emissor, da mesma forma que num campo livre, obedece a lei de

propagação em campo livre e decai 6 decibéis, cada vez que a

distância da fonte sonora, ao ouvinte, é duplicada; e

o campo refletido ou reverberante atinge o ouvinte com ondas

provenientes de todas as direções, ou seja omnidirecional.

No campo reverberante, a relação entre intensidade sonora5, e pressão sonora6,

causada por uma onda sonora, não são as mesmas que para uma onda plana (o campo

direto).

Para uma onda plana, o nível de intensidade iguala o nível de pressão sonora: IL

= Lp, enquanto que para o campo reverberante: IL = Lp – 6dB na proximidade de uma

parede.

É importante estimar o nível do ruído em uma sala, em função das condições do

local, a partir de um modelo simples de propagação, como o modelo de campo difuso,

em que as ondas sonoras refletidas se propagam em todas as direções.

Neste modelo, o nível de pressão sonora pode ser expresso pela seguinte fórmula

Podemos escrever também

𝐿𝑃(𝑟, 𝑓) − 𝐿𝑊(𝑓) = 10𝑙𝑜𝑔10 [Q(𝑓)r0

2

4πr2+

4𝑟02

𝑅(𝑓)]

(2.4)

Este campo pode ser decomposto em campo direto e campo reverberante,

calculados de acordo com as seguintes fórmulas:

5Intensidade sonora é a característica que permite caracterizar se um som é forte ou fraco, dependendo da

energia que a onda sonora transfere.

6A pressão sonora corresponde à média quadrática da pressão exercida em um determinado ponto por

intervalo de tempo.

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20

campo direto:

𝐿𝑃𝐷(𝑟, 𝑓) = 𝐿𝑊(𝑓) + 10𝑙𝑜𝑔10 [Q(𝑓)r0

2

4πr2]

(2.5)

campo reverberante:

𝐿𝑃𝑅(𝑟, 𝑓) = 𝐿𝑊(𝑓) + 10𝑙𝑜𝑔10 [4r0

2

R(𝑓)]

(2.6)

onde:

LPD(f) é o nível de pressão sonora direta para uma frequência

determinada;

LPR(f) é o nível de pressão sonora reverberante para uma frequência

determinada, resultante das múltiplas reflexões do som nas paredes

de uma sala;

LW(f) é o nível de potência sonora da fonte;

Q é o coeficiente de direcionalidade da fonte;

r02 é o coeficiente adimensional do logaritmo;

R é a constante da sala, definida por:

𝑅 =𝑆��

1 − ��

(2.7)

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21

em que é o coeficiente de absorção média da sala, calculado conforme a

fórmula:

�� =∑ 𝛼𝑖𝑆𝑖𝑖

∑ 𝑆𝑖𝑖

(2.8)

onde:

𝛼𝑖é o coeficiente de absorção da superfície 𝑆𝑖 na sala

2.2.1.1 Controle de ruído por aplicação de materiais absorventes

O campo sonoro direto de uma sala não depende das propriedades de absorção

do local. Porém, o campo reverberante, constante em toda a sala, pode ser alterado, se

forem modificadas as propriedades de absorção das superfícies internas do local.

Assim, pode-se reduzir o som reverberante em uma sala, a partir da aplicação de

revestimento acústico absorvente. A redução é dada pela fórmula:

𝑅𝑒𝑑𝑢çã𝑜 = 10𝑙𝑜𝑔10 (��2

��1)

(2.9)

onde:

��2é o coeficiente de absorção média após o tratamento;

��1é o coeficiente de absorção média antes do tratamento;

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22

2.2.1.2 Distância crítica

A distância em que o campo reverberante iguala o campo direto é chamada

distância crítica. A aplicação de materiais absorventes em um determinado local

somente poderá modificar o campo sonoro das fontes de ruído para distâncias

superiores à distância crítica, cujo valor é dado por:

𝑑𝑐(𝑓) = √𝑅(𝑓)𝑄

16𝜋

(3.0)

O campo sonoro total na distância crítica é 3dB acima do campo direto.

Na fórmula anterior, a absorção pelo ar na propagação da onda não foi

considerada. Caso necessário, deve-se substituir a absorção média por:

�� + 4𝑚𝑉

𝑆

(3.1)

Onde:

m é a absorção do ar em Neper/m;

V é o volume da sala;

S é a superfície da sala.

2.2.1.3 Tempo de Reverberação de uma sala

Procura-se caracterizar as propriedades absorventes de uma sala, por intermédio

do tempo de reverberação T60, que é o tempo necessário para o nível sonoro, no local,

cair 60 dB, após o desligamento da fonte. A norma NB101 da ABNT (1987) específica

os tempos de reverberação na faixa de 500Hz para vários locais.

Várias fórmulas são propostas para o cálculo do tempo de reverberação, sendo

citadas aqui as três principais:

Fórmula de Sabine:

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23

Sabine (Wallace Clement) apud Neubauer e Kostek (nd), deduziu a fórmula para

o tempo de reverberação de salas, a partir de estudos sobre a qualidade de escuta.

Sabine percebeu a relação existente entre a persistência do som numa sala e a absorção

dos revestimentos e objetos no local, propondo a fórmula a seguir:

𝑇60(𝑓) = 0.161𝑉

𝑎

(3.2)

Esta fórmula é válida para pequenos valores do coeficiente de absorção.

Fórmula de NorrisEyring:

Esta fórmula, proposta mais tarde, mostrou-se mais apropriada para salas mais

absorventes.

𝑇∞(𝑓) = 0.161𝑉

𝑆𝑙𝑜𝑔𝑒(1 − 𝛼)

(3.3)

Fórmula de Millington in: McGraw-Hill (2017):

Esta fórmula foi proposta para locais onde há grande variação de coeficientes de

absorção entre paredes.

𝑇∞(𝑓) = 0.161𝑉

∑ 𝑆𝑖 𝑙𝑜𝑔𝑒(1 − 𝛼𝑖)(𝑓)

(3.4)

onde:

S = superfície da sala;

V = volume da sala;

a = área de absorção da sala; e

( f ) = coeficiente de absorção, médio, da sala.

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24

2.2.2 Propagação Acústica em Salas Panorâmicas

O espaço panorâmico é caracterizado como um espaço onde a altura do teto é

inferior às dimensões transversais de um espaço, de maneira que nesse caso, o campo

reverberante decresce, quando a distância do emissor ao receptor aumenta.

Em uma sala panorâmica, dois campos sonoros se sobrepõem: o campo direto,

aquele que atinge o ouvinte diretamente a partir do emissor, da mesma forma que em

um campo livre; e o campo reverberante, que depende da absorção sonora das paredes

que refletem o som várias vezes reduzindo a sua intensidade.

O campo direto pode ser descrito pela equação:

𝐿𝑃𝐷(𝑟, 𝑓) = 𝐿𝑊(𝑓) + 10𝑙𝑜𝑔10 [Q(f)r0

2

4πr2]

(3.5)

onde:

LPD(r,f) é o nível de pressão sonora direta para uma frequência determinada;

LW(f)é o nível de potência sonora da fonte;

Q é o coeficiente de direcionalidade da fonte;

r02 é o coeficiente adimensional do logaritmo.

O campo sonoro de uma fonte omnidirecional tem as mesmas propriedades em

todas as direções, perto da fonte e longe das paredes. Esse local pode ser caracterizado

pela curva de decréscimo do som, em função da distância:

𝐿𝑃(𝑟, 𝑓) − 𝐿𝑊(𝑓) = 𝜑(𝑟, 𝑓)

(3.6)

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25

Em geral, prefere-se definir o decaimento médio em dB(A) por duplicação da

distância.

Essa curva, apresenta um gráfico característico, composto por três regiões

distintas, à medida em que se afasta da fonte.

Na primeira região, de forte decréscimo do som, a fonte corresponde ao som

direto. O nível sonoro decresce de 6dB/dd (decibéis por duplicação de distância).

A segunda região, de decréscimo nulo ou inferior a 6dB/dd, é característica do

campo refletido pelo teto e pelo chão, havendo pouca influência das paredes

transversais.

A terceira região é aquela onde o som volta a crescer, devido à proximidade das

paredes.

Levantamentos experimentais, como estudos de acústica previsional7, mostram

que a forma da curva, na segunda região, varia de acordo com a absorção do local e, em

particular, a absorção do teto. Essa parte da curva desce e a sua inclinação aumenta,

quando a absorção aumenta.

Thompson propõe uma equação de decaimento do som, em função da distância,

considerando o campo reverberante para salas panorâmicas. Essa equação tem validade

para locais de absorção média e deve ser utilizada para estimar os níveis de ruído em

fábricas.

𝐿𝑃(𝑓) = 𝐿𝑊(𝑓) + 10𝑙𝑜𝑔10 [Q(𝑓)

4πr2+

4𝑀𝐹𝑃

𝑟𝑅(𝑓)]

(3.7)

Onde:

MFP é o livre percurso médio;

7 A acústica previsional tem como finalidade mapear e simular os níveis de ruído gerados em um

ambiente e avaliar a situação acústica atual da área ou modificações de layout, sendo que após análise dos

resultados, serão indicados possíveis tratamentos acústicos das fontes mais críticas, simulando arranjos e

uso de materiais diversos

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26

V é o volume da sala; e

S é a área das superfícies internas da sala.

Na equação de Thompson, o campo reverberante depende da distância da fonte

ao ouvinte.

𝑀𝐹𝑃 =4𝑉

𝑆

(3.8)

Os cálculos dos níveis de pressão sonora podem ser realizados por três modos:

pela fórmula clássica, pela fórmula empírica de Thompson e por simulações numéricas,

obtidas por acústica de raios. Nos três casos, calcula-se o campo sonoro produzido por

uma mesma fonte situada no centro de uma sala, cujas propriedades de absorção são

variáveis.

A fórmula clássica oferece resultados precisos, no caso da absorção da sala ser

pequena. Neste caso, o campo sonoro distante da fonte, é quase todo composto pelo

campo reverberante, constante em toda sala.

A equação de Thompson é mais precisa para ambientes de media absorção [0,3 e

0,5], mas perde precisão em ambientes com baixa ou alta absorção. Nesse caso, o

campo sonoro distante da fonte, decresce 3 dB, cada vez que a distância fonte-ouvinte é

dobrada.

As simulações numéricas mostram que o decréscimo do nível de pressão sonora

aumenta de forma continua com a absorção.

Influências diversas devem ser consideradas, quando é analisada a propagação

sonora em ambientes panorâmicos. Quanto às influências, devem ser analisadas as

fontes de extensão finita e as barreiras acústicas em locais fechados.

Para fontes de extensão finita, o campo reverberante depende unicamente da

potência acústica das fontes e das características do local. Assim, as equações para o

campo reverberante continuam válidas.

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27

2.2.3 Exemplo de Propagação Acústica em Escritório Panorâmico

De maneira a analisar uma sala panorâmica fictícia, uma ferramenta de Excel,

disponível em anexo e elaborada pela autora, foi utilizada para melhor compreensão dos

cálculos de propagação acústica.

A partir da ferramenta, pôde-se analisar a diferença entre a fórmula clássica de

decaimento sonoro e a equação de Thompson, a variação do comprimento de escritório

panorâmico por Thompson com ou sem barreira, a variação da altura de barreira em um

campo direto e a variação da distância entre a fonte e o receptor em um campo direto.

A figura 9 representa a diferença entre a fórmula clássica de decaimento sonoro e

a fórmula proposta por Thompson. Pelo gráfico podemos concluir que a fórmula

clássica apresenta poucas variações para o caso de mudança de comprimento de sala,

enquanto que Thompson apresenta uma grande variação de decaimento com o

comprimento da sala. A fórmula de Thompson apresenta resultados melhores para

ambientes de comprimento muito maior que a altura, nesse caso de 2,5m, como o

escritório panorâmico.

Figura 9. Variação de decaimento acústico pelo comprimento da sala por Thompson e pela

fórmula clássica

Fonte: Ferramenta de Excel desenvolvida pela autora.

Utilizando a fórmula de Thompson para analisar o decaimento sonoro pelo

comprimento da sala para o caso com barreira e sem barreira, podemos ver que para

70

75

80

85

90

5 7 10 12 15 20 30 40 50 60

L AT

[dB

(A)]

Scomprimento [m]

Variação de LAT pelo Scomprimento

LATThompson [DbA]

LATClassica [DbA]

LAT Thomson[dB(A)]LAT Classica[dB(A)]

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28

uma barreira de 1,4m, próxima da fonte, a atenuação sonora é maior e que os melhores

resultados são para o caso de um escritório panorâmico como mostra a figura 10.

Figura 10. Variação de decaimento acústico pelo comprimento da sala por Thompson para o

caso com barreira e sem barreira

Fonte: Ferramenta de Excel desenvolvida pela autora.

Para o caso de um campo direto, quanto maior a distância entre a fonte e o

receptor, maior o decaimento sonoro. A atenuação acústica varia significativamente

com a utilização de barreira acústica de 1,4m próxima da fonte, entretanto, essa

variação é a mesma independente do comprimento da sala como apresenta a figura 11.

Figura 11. Variação de decaimento acústico pela distância entre a fonte e o receptor para um

campo direto com barreira e sem barreira

Fonte: Ferramenta de Excel desenvolvida pela autora.

65

70

75

80

85

90

95

5 7 10 12 15 20 30 40 50 60

L AT

[dB

(A)]

Scomprimento [m]

Variação de LAT pelo Scomprimento

LATcombarreira [DbA]

LATsembarreira [DbA]

LAT com barreira[dB(A)]LAT sem barreira[dB(A)]

40

50

60

70

5 7 20 30 40 50

L AT

[dB

(A)]

d (fonte->receptor)[m]

Variação de LAT pela d(fonte->receptor)

LAT sem barreira [DbA]

LAT com barreira [DbA]

LAT com barreira[dB(A)]LAT sem barreira[dB(A)]

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29

Por fim, pela ferramenta pode-se observar a influência do tamanho da barreira

na atenuação sonora. Utilizando as três alturas de barreiras citadas na literatura

(GROTTA, 2009), de 1,3m, 1,6m e 1,8m pode-se verificar na figura 12 a diferença de

atenuação entre elas, apresentando a barreira de 1,3m o resultado menos satisfatório

para fins acústicos.

Figura 12. Variação de decaimento acústico pela altura da barreira em um campo direto.

Fonte: Ferramenta de Excel desenvolvida pela autora.

2.3 Inteligibilidade e Privacidade Sonora

A perturbação na comunicação sonora pode ocorrer pela presença de sons

estranhos, como o ruído de fundo, no som de interesse. Por conta da presença do ruído

de fundo, ocorre uma perda da percepção auditiva, de modo que para o indivíduo

perceber o som que deseja ouvir, é necessária uma maior energia sonora, elevando

subjetivamente o limiar de audibilidade do som de interesse.

A privacidade na fala é a condição para que não haja comunicação entre as

estações de trabalho. O grau de privacidade depende do tipo de atividade desenvolvida

na sala. Pode-se estabelecer graus de privacidade relacionando-os com o índice de

articulação. O quadro 4 indica o índice de articulação, correspondente ao grau de

privacidade.

55

57

59

61

63

65

1,3 1,6 1,8

L AT

[dB

(]

H barreira[m]

Variação de LAT pela Hbarreira

LAT [DbA]LAT [dB(A)]

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30

Quadro 4. Índice de Articulação por Grau de Privacidade

Fonte: Chanaud (2008).

A inteligibilidade da fala é a capacidade de entender claramente os sons

emitidos na frequência da fala e, a partir daí, decodificar a mensagem sonora. A perda

de inteligibilidade pode ocorrer devido a ruídos estranhos ao som de interesse, causada

pelas próprias reflexões do som de interesse.

A fala humana contém energia nas faixas de 125 a 8.000 Hz. Um jovem sadio

pode ouvir sons de 20 a 20.000Hz. Em escritórios panorâmicos, o som de interesse

corresponde à fala acrescida ao ruído de fundo, de maneira que os sons estejam situados

na faixa de frequência entre 500 e 4.000Hz (CORDEIRO, 1996).

Figura 13. Espectro da frequência da fala

Fonte: Cordeiro (1996).

GRAU DE PRIVACIDADE

OU COMUNICAÇÃO

ÍNDICE DE

ARTICULAÇÃO

Confidencial 0,00 a 0,05

Normal (livre de distrações) 0,05 a 0,20

No limite 0,20 a 0,35

Comunicação moderada 0,35 a 0,50

Boa comunicação 0,50 a 0,65

Excelente comunicação 0,65 a 1,00

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31

A inteligibilidade da fala é expressa pelo Índice de Articulação (AI), o qual é

função da relação sinal sobre o ruído, ponderado pela importância relativa das diferentes

bandas de frequência, em relação à inteligibilidade da conversação. O AI pode ser

obtido graficamente por intermédio de cálculos e medições, ou pode ser inferido

subjetivamente pelo Teste de Articulação8.O quadro 5 expressa a relação entre a AI e a

percentagem de inteligibilidade.

AI

PERCENTAGEM DE INTELIGIBILIDADE

FRASES PALAVRAS

0.05 8% 4%

0.20 58% 22%

0.35 87% 53%

0.50 95% 76%

0.65 98% 87%

0.80 99% 94%

0.95 100% 98%

Quadro 5. Índice de Articulação por Percentagem de Inteligibilidade

Fonte: Duboc (1998).

Outro aspecto importante acerca da propagação do som, além da inteligibilidade,

corresponde à privacidade. Chanaud (2008) classifica os níveis e tipos de privacidade

requeridas,ou Tipo de Privacidade da Fala:

Privacidade Secreta: não pode ser entendida, nem mediante o esforço de

tentar entender;

8 Teste aplicado a grupo de ouvintes com audição normal. O grupo deve escrever as sentenças, palavras,

ou silabas faladas claramente por um emissor, em uma sequência previamente estudada. A

inteligibilidade é dada pela relação entre o número de sentenças, palavras ou silabas entendidas e o

número de sentenças, palavras ou silabas faladas, em porcentagem. Depois de calcular o percentual de

entendimento, ou seja a inteligibilidade, obtém-se o AI através de um ábaco estabelecido para a língua

inglesa. Considera-se satisfatória a compreensão de 95% das sentenças, o que corresponde a um AI maior

ou igual a 0.5 (DUBOC, 1998).

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Privacidade Confidencial: não pode ser entendida por qualquer pessoa;

Privacidade Normal: parcialmente inteligível ou compreensível, para quem

é endereçada;

Privacidade de Transição: conversas que atrapalham, pois podem ser

entendidas até por quem não lhe é endereçada; e

Sem Privacidade: inteligível por todos ao redor.

2.3.1 Privacidade em Escritórios Panorâmicos

As características da voz do emissor são dinâmicas e determinadas: pelo gênero

do emissor; pela amplitude e características de frequência da voz, pelo espectro da

fala; e pelo direcionamento da fala,

A quantidade da fala que é perdida no trajeto até o ouvinte é controlada pelas

propriedades do local.

O nível da intensidade da voz do emissor exerce uma influência significativa

sobre o nível da fala recebido pelo ouvinte. A American Society for Testing and

Materials(ASTM) define dois níveis de fala: normal e elevado, enquanto a American

National Standards Institute (ANSI) define quatro níveis de fala: normal, elevado, alto e

grito. O mais comum em escritórios panorâmicos é o normal. Ocasionalmente, vozes

elevadas ocorrem em discussões.

Para mascaramento sonoro, a voz masculina normal é considerada como

parâmetro adequado de projeto. Mesmo assim, é importante definir se o escritório tem

pessoas que falam alto e identificar as salas usadas para resolver conflitos, onde o nível

elevado de voz seja considerado. Vozes elevadas são 5-7dB mais altas que vozes

normais. Deve-se levar em contao aspecto cultural quando se determina o nível da fala

de um escritório. Pessoas de países na América Latina atingem o nível sonoro da fala

mais elevado do que pessoas de países nórdicos.

A voz humana é muito direcional. A posição em que uma pessoa se situa na sua

área de trabalho é determinada pelo layout da sala. Dessa maneira, o projetista pode

tirar vantagem desse fato para garantir a privacidade do local.

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33

A figura 14 retrata a influência da direcionalidade sobre a perda sonora da fala.

Figura 14: Influência da direcionalidade humana (Ângulo do ouvinte x Perda ponderada da

fala)

Fonte: Chanaud (2008).

2.3.2 Perda Ponderada da Fala (SL)

A SL é uma avaliação da perda da fala entre dois locais. Essa avaliação não é

padronizada. Pode variar de 0 a valores altos e é dada pela:

𝑆𝐿 = ∑ 𝑇𝐿𝑖

5000

𝑖=200× 𝑊3𝑖

(3.9)

Onde:

A TLi é a atenuação de som do emissor da fala para o ouvinte; e

W3i é o fator de ponderação da fala;

i é a frequência;

Ao ser multiplicada a perda SL por 10, obtém-se a Classe de Articulação.

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O quadro 6 apresenta os fatores de ponderação da classificação da articulação.

Frequência W1i (AI) W2i (AC) =

300 *W1i

W3i (SL) =

30 *W1i W4i (SII)

160 0.0000 0.00 0.000 0.0083

200 0.0004 0.12 0.012 0.0095

250 0.0010 0.30 0.030 0.0150

315 0.0010 0.30 0.030 0.0289

400 0.0014 0.42 0.042 0.0440

500 0.0014 0.42 0.042 0.0578

630 0.0020 0.60 0.060 0.0653

800 0.0020 0.60 0.060 0.0711

1000 0.0024 0.72 0.075 0.0818

1250 0.0030 0.90 0.090 0.0844

1600 0.0037 1.11 0.111 0.0882

2000 0.0037 1.14 0.114 0.0898

2500 0.0034 1.02 0.102 0.0868

3150 0.0034 1.02 0.102 0.0844

4000 0.0024 0.72 0.072 0.0771

5000 0.0020 0.60 0.060 0.0512

6300 0.0000 0.00 0.000 0.0364

8000 0.0000 0.00 0.000 0.0185

Soma 0.0333 10.00 1.00 1.00

Quadro 6. Fatores de ponderação para classificações

Fonte: Chanaud (2008).

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35

2.3.3 Perda Ponderada de Fala Efetiva (ESL)

A ESL representa a quantidade de perda de fala, e incorpora o efeito

adicionado de mascaramento sonoro. Ela não é padronizada e pode variar de 0 a valores

altos. Pode ser considerada como a atenuação de uma partição fictícia que permitiria a

mesma privacidade de voz sem mascaramento sonoro que a partição real possibilitaria

com o mascaramento sonoro.

A diferença entre ESL e SL é o efeito benéfico do mascaramento sonoro, em

termos de atenuação sonora. A diferença representa a quantidade a mais de atenuação

acústica da estrutura que seria necessária, se o mascaramento sonoro não fosse usado. A

diferença geralmente é de cerca de 6 dB. Para um escritório fechado, essa diferença

implicaria a necessidade de dobrar a massa da partição. Para um escritório aberto, um

painel de 152 cm de altura teria de ser elevado para 182 cm.

Portanto, é preciso comparar o custo das mudanças estruturais com o custo da

máscara de som. A derivação é:

𝑇𝐿𝑖′ + 𝐵𝑆𝑖 = 𝑇𝐿𝑖 + 𝑀𝑆𝑖

(4.0)

𝑇𝐿𝑖′ = 𝑇𝐿𝑖 + (𝑀𝑆𝑖 − 𝐵𝑆𝑖)

(4.1)

𝐸𝑆𝐿 = ∑ 𝑇5000

𝑖=200𝐿𝑖

′ × 𝑊3𝑖

(4.2)

Onde:

TLi é a atenuação de som real;

TLi'é a atenuação de som fictício;

BSi é o espectro de fundo existente; e

MSi é o espectro de mascaramento sonoro.

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3 MASCARAMENTO SONORO

O mascaramento sonoro é uma técnica utilizada para tornar menos perceptível

um som, com a superposição de outro, de características de volume e espectral

apropriadas, de acordo com o ambiente, de modo que o som inicial perca sua

inteligibilidade e que as condições de conforto acústico sejam asseguradas. Esta técnica

é diferente da técnica de cancelamento ativo de ruído com a qual se procura reintroduzir

um ruído coerente com o ruído a controlar.

3.1 Mascaramento Sonoro em Escritórios

3.1.1 Ruído em Escritórios

As fontes de ruído em grandes escritórios podem ser diversas, como o som de

uma conversa, intermitente e de alta distração, devido ao seu conteudo com significado,

ou da digitação em equipamentos de informática. Também há ruídos provenientes da

rua, como o ruído de trânsito ou de aeronaves em sobrevoo. Outros podem ser

estacionários, contínuos e de longo período de tempo, como o ruído do sistema de ar

condicionado ou de iluminação que, com o tempo,se tornam imperceptíveis ao receptor.

O ruído utilizado no mascaramento sonoro pode ser estacionário, contínuo no

tempo, ou aleatório, com mais energia nas frequências baixas do que altas. Deve ter

uma distribuição uniforme no espaço,de maneira que a sua presença seja o menos

perceptível possível, durante o deslocamento das pessoas. O ruído deve ser ligado antes

dos empregados chegarem, pois a mudança abrupta de ruído é percebida e não é bem

aceita, pois pode mostrar-se incômodo.

O nível sonoro de mascaramento pode ser ajustado ao longo do dia, de maneira

que fique mais alto no horário de pico no escritório e mais baixo no horário de almoço

ou após horário de trabalho. À noite, não deve permanecer ligado para não interferir na

segurança do estabelecimento.

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37

3.1.2 Necessidades em Escritório

A comunicação é de extrema importância no ambiente de trabalho, entretanto, o

excesso deve ser evitado. Dessa maneira, deve-se prevenir que pessoas a quem a fala

não é endereçada a entendam.

A privacidade também é uma necessidade nos escritórios, pois é importante para

diminuir a distração e aumentar a produtividade e proteger conversas sensíveis.

O sentimento de comunidade e de pertencimento a um grupo também é

importante no ambiente de trabalho. Esse sentimento é o que faz o colaborador sentir

que faz parte da firma. Por conta disso, deve-se diferenciar a privacidade do isolamento.

3.1.3 Efeitos dos Ruídos nas Pessoas

Os ruídos causam diferentes efeitos nas pessoas. Os mais frequentes são os

físicos, os fisiológicos e os psicológicos.

3.1.4 As Vantagens e Desvantagens do Mascaramento Sonoro

As vantagens são:

é dinâmico, podendo variar no espaço e no tempo;

é o método mais barato para proporcionar a privacidade;

a uniformidade do som; e

independe do trajeto do som, tomando-se por base o receptor.

E as desvantagens são:

requer a definição correta do espectro e do nível de mascaramento para

cada ambiente;

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impacta pessoas com deficiência auditiva e visual. Aqueles que possuem

deficiência auditiva podem ter maior dificuldade em escutar, a partir da

introdução de um ruído; aqueles que possuem deficiência visual e

possuem uma maior capacidade auditiva, podem perder suas

referências,devido ao mascaramento sonoro.

3.1.5 Combinação de Fatores

Em áreas de trabalho afastadas das paredes,quando os trabalhadores são

posicionados em ângulo reto, é necessário elevara altura do painel para o mínimo de

137 cm e usar NCR de 0,91 em lugar 0,55. Para trabalhadores sentados de frente um

para o outro, a melhora só ocorre, quando o painel é igual ou mais alto que 152 cm.

Em áreas de trabalho contra paredes e janelas, há reflexão do som adicional.

Quando a reflexão ocorreem paredes, exerce grande influência em painéis altos, onde a

contribuição é maior.

3.1.6 Criar Privacidade com Mascaramento

Para proporcionar privacidade com mascaramento, deve-se levar em conta o

nível da fala e o nível do ruído de fundo. O som estacionário, como é o caso do sistema

de ventilação, é insuficiente para permitir a privacidade da fala. Logo, o mascaramento

de ruído é aplicável.

A privacidade normal é o objetivo na maioria dos escritórios abertos. A

privacidade confidencial pode ser alcançada com a adição de painéis elevados, teto com

alta absorção e um espaço generoso a separar os ocupantes. Contudo, em geral, essas

condições são impraticáveis fisicamente e financeiramente.

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3.2 Nível de Ruído para Conforto Acústico – NBA 10152

A norma NBR 10152 fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto

acústico em ambientes diversos. A norma, estabelece os limites para cada finalidade do

ambiente,de acordo com o nível de ruído encontrado em medição normal (em dB(A)),

ou com o uso das curvas NC.

O nível da pressão sonora em dB é dado pela expressão:

𝐿𝑃 = 10𝑙𝑜𝑔10 (𝑃

𝑃0)

2

[𝑑𝐵]

(4.3)

Onde:

P é o valor eficaz da pressão em pascal; e

𝑃0 é o valor da pressão sonora de referência (20µPa).

O nível da pressão sonora em dB(A) é dado pela expressão:

𝐿𝑃𝐴 = 10𝑙𝑜𝑔10 (𝑃𝐴

𝑃0)

2

[𝑑𝐵(𝐴)]

(4.4)

Trabalhos científicos relacionados a ruídos ambientais, demonstram que uma

pessoa só consegue relaxar completamente durante o sono, submetida a níveis de ruído

abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organização Mundial de Saúde estabelece 55 dB(A)

como nível médio de ruído diário para uma pessoa viver bem. Deste modo, ambientes

com ruídos acima dos níveis recomendados necessitam de tratamento acústico.

Acima de 75dB(A), começa a haver desconforto acústico, ou seja, em qualquer

atividade, o ruído passa a causar desconforto. Nessa condição, há uma perda de

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inteligibilidade da linguagem; a comunicação fica prejudicada e passam a ocorrer

distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no trabalho.

Acima de 80dB(A), as pessoas mais sensíveis podem sofrer perda de audição, o

que é generalizado em níveis acima de 85dB(A).

Para escritórios panorâmicos, a faixa sonora para conforto acústico é de 35-45

dB(A) ou 30-40NC. O valor inferior da faixa corresponde ao nível sonoro tido como

confortável e o valor superior representa o limite do nível sonoro aceitável, segundo a

norma NBR 10152.

3.3 Espectro de Mascaramento Sonoro

Figura 15. Espectro de Mascaramento Sonoro

Fonte:<http://soundmaskinglab.com> Acessado em: 04/06/2017.

O mascaramento sonoro é diferente do ruído branco e é representado em uma

parte diferente da curva de som, na mesma região que a fala humana. Esta característica

resulta em dois benefícios: mascara o discurso humano e causa menos incômodo, dado

o costume de ouvir ruídos próximos ao da fala.

O mascaramento sonoro é eficaz em uma faixa de frequência mais confortável

do que o ruído branco, que tem energia igual em todas as frequências. Ademais, pode

ser ajustado para diferentes frequências, igualando à fala humana.

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3.4 Sistemas de Mascaramento Sonoro

Existem dois tipos básicos de sistemas de mascaramento sonoro: centralizado, e

distribuído. Cada um deles é descrito em pormenores nos itens a seguir.

3.3.1 Sistema Centralizado

Todos os componentes, exceto os alto-falantes, em geral, encontram-se reunidos

em um gabinete central. Todas as funções do áudio são geradas e controladas nesse

local. Os sinais do áudio são distribuídos para alto falantes, onde são convertidos em

ruídos de mascaramento. A alimentação do sistema é em corrente alternada, e

normalmente corresponde a um quarto daquela empregada em telefonia ou computação.

As vantagens do sistema centralizado são:

alcançar os padrões estabelecidos pelas normas da American National

Standards Institute (ANSI) e pela International Standards Organization

(ISO);

permitir ao responsável pelo sistema total controle do mesmo;

permitir a equalização do mascaramento com precisão, em uma banda de

um terço de oitava;

poder incorporar música a um preço adicional baixo;

poder conter funções avançadas;

poder baixar as configurações da equalização nos geradores de ruído, para

armazenar os dados para possíveis re-equalizações ou para emprego em

outros projetos;

permitir o zoneamento da operação, permitindo o controle detalhado sobre o

sistema, o que viabiliza a acomodação das preferências, de acordo com cada

grupo de trabalho, sem conflito com os demais;

oferecer maior conveniência para alterações;

facilitar a equalização do sistema, de acordo com as necessidades;

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possibilitar a inspeção e a manutenção direta;

flexibilizar a mudança de localização;

exigir somente uma fonte de corrente alternada .

As desvantagens são:

uma falha do gerador de mascaramento de ruído, implica falhar todo o

sistema. Contudo, na prática, as taxas de falha são mínimas. Se dois ou mais

canais do gerador forem utilizados, um gerador extra deve estar disponível;

o projeto customizado requer um instalador experiente. Atualmente, esta

desvantagem é minimizada com a grande disponibilidade de softwares.

Alguns fornecedores já oferecem programas de treinamento;

a necessidade de maior espaço para os gabinetes. O uso de equipamentos

compactos e engastados na parede minimiza esta desvantagem; e

a expansão do sistema requer a centralização de mais equipamentos.

3.3.2 Sistema Distribuído

Este tipo de sistema é caracterizado pela distribuição de todos os alto-falantes na

área de mascaramento. Cada alto-falante é um sistema completo (gerador, equalizador,

amplificador e alto-falante). Os alto-falantes devem ser alimentados por fontes de

energia em corrente alternada, distribuídas em toda a área de mascaramento, e então

convertidas para corrente contínua, de modo a energizar cada unidade. A fonte central

de música deve distribuir o sinal para cada alto-falante, o que requer um segundo

sistema de cabeamento.

As vantagens do sistema distribuído são:

cada alto-falante pode ser equalizado separadamente, para prover um

sistema de mascaramento sonoro individualizado;

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43

uma falha em um alto-falante afeta somente a pequena área correspondente;

o projeto do sistema é mais simples;

não requer o uso de espaço no piso; e

a expansão é ilimitada.

As desvantagens são:

o responsável pelo sistema não tem controle sobre o sistema como um todo;

cada alto-falante deve ser equalizado individualmente, fazendo com que seja

quase impossível equalizar um sistema de grande porte com diferentes

necessidades de privacidade;

o sistema não segue as configurações-padrão, logo a equalização não é

precisa;

o sistema requer múltiplas fontes de corrente alternada para alimentar

múltiplos conversores CA/CC. A instalação de cabos acarreta um custo

adicional oculto;

se o sistema precisar de música, mais equipamentos e um gabinete de

sistema centralizado devem ser adicionados;

ajustes de nível sonoro devem ser feitos em cada alto-falante e no conjunto.

Se os alto-falantes forem instalados no teto ou embutidos no piso, devem ser

de fácil acesso.

geralmente não possui funções avançadas.

3.5 Equipamentos e Funcionamento

Os sistemas de mascaramento são compostos por vários componentes básicos. O

componente primário é a fonte de um ou mais sinais elétricos aleatórios. Normalmente,

a fonte pode criar ruído branco ou rosa. Esses espectros particulares raramente são

aceitáveis para os ouvintes, quando convertidos em som de mascaramento.

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O ruído branco é definido como um ruído com a mesma amplitude ou

intensidade ao longo de um intervalo de frequências considerado, conforme ilustra a

figura 16. O ruído rosa é caracterizado como um ruído que tem uma amplitude que

diminui ao longo do espectro de frequências (BRAGA, 2014), como apresentado na

figura 17.

Figura 16. Ruído Branco

Fonte: <http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/ingles-para-

eletronica/966-white-noise-and-pink-noise-ing011> Acesso em:

09/06/2017.

Figura 17. Ruído Rosa

Fonte: <http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/ingles-para-

eletronica/966-white-noise-and-pink-noise-ing011> Acesso em:

09/06/2017.

Tendo em vista os ruídos branco e rosa, um equalizador de espectro é necessário

para criar o espectro de som adequado ao ouvinte.

A maioria dos profissionais recomenda a cobertura do equalizador, na faixa de

frequência de voz, em bandas de um terço de oitava, abrangida pela maioria dos

produtos comercializados.

Os sinais auxiliares, tais como paginação e música, podem ser adicionados, a

partir de uma fonte externa. Esses sinais elétricos raramente são adequados, quando

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45

convertidos em som. Portanto, um equalizador de espectro mais limitado deve ser

adicionado.

Todos os sinais são adicionados em um mixer para definir seus níveis relativos

e, em seguida, enviados para um ou mais amplificadores de potência. A partir dos

amplificadores, o sinal misto é enviado para dispositivos que controlam o nível geral,

em várias áreas chamadas zonas, e daí, para alto-falantes ou dispositivos de vibração

para produzirem som.

Muitos sistemas de mascaramento mais recentes encerram todos os componentes

até o amplificador em um gabinete razoavelmente pequeno, que pode ser uma estante,

prateleira ou mesa. Pode haver mais de uma unidade de cada componente em qualquer

sistema, e mais de um sistema em uma instalação grande.

A maioria dos projetos de sistemas recentes incorporara a capacidade de

controlar muitos dos componentes por software, local ou remotamente. A vantagem de

tais controles reside na simplicidade com que as configurações dos vários componentes

podem ser alteradas.

A desvantagem é o custo adicional para aumentar o número desses controles.

Figura 18. Componentes do sistema de mascaramento sonoro

Fonte: Desenho esquemático elaborado pela autora

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3.4.1 Instalação de Alto-falante

3.4.1.1 Plenum de Teto Suspenso

O plenum é o espaço entre o teto suspenso e a laje estrutural acima dele. Uma

vez que a maioria dos escritórios têm tais espaços, alto-falantes de mascaramento

sonoro são comumente instalados naquele espaço. Para escritórios abertos, a

uniformidade do mascaramento sonoro na área habitada é importante e é largamente

determinada pelo espaçamento horizontal dos alto-falantes de mascaramento sonoro

como descrito anteriormente.

As matrizes dos alto-falantes são geralmente retangulares e são instaladas

voltadas para cima, para refletir o som da laje e ampliar a distribuição do som, para criar

um campo sonoro mais uniforme.

Para os escritórios fechados, a uniformidade do nível sonoro não é um

problema. Geralmente, os forros com uma perda de transmissão elevada são

recomendados, aqueles com classe CAC (classe de atenuação de teto) de 30 ou maior, o

que reduz o impacto do som de mascaramento sonoro em áreas abertas adjacentes que

teriam níveis excessivos nesses escritórios.

Não raro, o plenum do teto é usado como duto de retorno do ar condicionado,

o que requer uma grade aberta. Porém, o som do mascaramento no plenum acima de um

escritório fechado pode gerar níveis excessivos.

Existem coberturas de metal simples que são colocados acima da grelha para

reduzir o impacto da boca de insuflamento. As coberturas disponíveis são

suficientemente grandes para não impedir o fluxo de ar.

Se o plenum do teto é raso, é necessário um alto-falante de perfil baixo, o qual

irradia o som horizontalmente, em vez de verticalmente, para melhorar a uniformidade

do mascaramento na área considerada.

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3.4.1.2 Teto Aberto

Em alguns escritórios, particularmente em armazéns que foram convertidos

para uso como espaço de escritório, não há plenum do teto. Alto-falantes de

mascaramento são pendurados de modo semelhante àqueles de tetos suspensos, mas o

espaçamento e a altura dos alto-falantes são diferentes.

Normalmente, os alto-falantes são montados mais alto, e o espaçamento entre

eles é menor. A altura do teto estrutural é um fator importante de espaçamento, assim

como a presença ou ausência de materiais de absorção de som na superfície do teto.

Ainda assim, pode-se obter uma uniformidade de mascaramento de som razoavelmente

boa.

Alguns projetos de escritório empregam o uso de forros dispersos (em

oposição ao contínuo- nuvens). Nestes casos, é necessário um desenho cuidadoso para

conseguir uma uniformidade razoável de mascaramento sonoro.

3.4.1.3 Sob Pisos Elevados

Alto-falantes de mascaramento sonoro podem ser colocados sob pisos

elevados em escritórios que os utilizam. Para suportar o peso acima, o material do piso é

estruturalmente forte e oferece alta atenuação de qualquer som abaixo dele. A

experiência mostra que não só a uniformidade do som acima é excepcionalmente boa,

mas os ocupantes são pressionados a determinar onde a fonte sonora está localizada

para a boa difusão.

Eles devem ser colocados em direções diferentes, sendo uma direção uma

linha entre os alto-falantes; e a outra direção é uma linha lateral para os alto-falantes,

que começa no ponto médio. Se a profundidade da cavidade for suficiente, podem ser

utilizados alto-falantes normais de mascaramento sonoro. Caso contrário, podem ser

utilizados pequenos alto-falantes, que se encaixam em uma cavidade de até5 cm e

irradiam o som horizontalmente. Se a cavidade for usada como condutor de retorno de

ar condicionado, deve-se tomar cuidado para proteger a abertura.

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3.4.1.4 Virado para Baixo em Teto Suspenso

Ao contrário de encobrir os alto-falantes acima de um teto suspenso ou sob um

piso elevado, o mascaramento sonoro de alto-falantes virados para baixo vai

diretamente para o ouvinte, sem o benefício de quaisquer materiais atenuantes de som

intervenientes. Os alto-falantes virados para baixo têm sido, por muitos anos, típicos em

sistemas de avisos sonoros (paging9) e música, mas agora são usados em algumas

aplicações de mascaramento sonoro. Inicialmente, a intenção era minimizar a

visibilidade do alto-falante por ter um teto com forro para atuar como alto-falante de

mascaramento.

Dado que muitos dispositivos penetram os tetos, a invisibilidade deste alto-

falante é atraente para os arquitetos. A dificuldade técnica no desenvolvimento deste

produto foi a de aumentar a difusão do mascaramento para superar a falta de material

interveniente; entretanto, o espectro de mascaramento pode ser ajustado àqueles

recomendados por consultores.

Um desenvolvimento mais recente é a introdução de um mascaramento sonoro

virado para baixo, muito menor do que aqueles usados para sistemas de paginação.

Devido ao pequeno tamanho deste alto-falante, tem-se um espectro de mascaramento

que não está na gama de espectros recomendada pelos consultores. Esses alto-falantes

são frequentemente chamados de alto-falantes de campo direto para distingui-los dos

outros arranjos que irradiam o som indiretamente, através de materiais intermediários.

Um local alternativo para os alto-falantes pequenos é montá-los em uma parede.

9 Paging é um recurso empregado para o mascaramento de som, a partir da emissão de sinais sonoros e

avisos, que disfarçam o ruído ambiental e dispersam a atenção, permitindo, inclusive, maior privacidade,

embora por pouco tempo contínuo. Um exemplo é o saguão de um aeroporto, em que em intervalos de

tempo irregulares, é emitido um som característico que precede um aviso, uma chamada pare embarque

ou outra orientação, atraindo a atenção dos presentes. A alternativa ao paging corresponde à sonorização

de um ambiente com música, que provoca dois efeitos: o relaxamento nervoso, o mascaramento de

ruídos, e a atração da atenção, que deixa de perceber conversas ao redor, incrementando a privacidade. A

música é empregada de modo contínuo, devendo ser observado seu volume, tonalidade e ritmo.

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3.4.1.5 Topo de Painéis

Os alto-falantes de mascaramento sonoro montados no topo de painéis foram

utilizados por muitos anos. A maioria estava associada a sistemas de móveis Herman

Miller.

As primeiras versões tinham uma bola esférica com um alto-falante voltado para

cima montado nela. A bola era colocada em cima de uma vareta curta que era conectada

ao topo de um painel de móveis. O som irradiava para cima e refletia-se no teto. Cada

alto-falante tinha controles de volume e de espectro que eram acessíveis as pessoas em

cada lado do painel. Como a maioria dos escritórios abertos tinha muitos painéis, o

espaçamento adequado do mascaramento não era um problema.

A eficácia do mascaramento era determinada pelas características de absorção

acústica do teto. Este tipo de alto-falante foi substituído posteriormente por um alto-

falante com controles centralizados de volume e do espectro.

3.4.1.6 Locais Incomuns

Em alguns edifícios mais antigos as localizações para instalação de alto-

falantes citadas anteriormente neste estudo não existem. Ainda assim, os alto-falantes

foram aplicados em diversas localidades. Uma aplicação é a utilização em cima de um

teto de placa de gesso. Todo o painel de gesso funciona como um alto-falante.

Os alto-falantes também foram ligados a dutos de alimentação de ar,

irradiando o mascaramento através dos difusores de ar. Em outros casos, os alto-falantes

foram escondidos em cima de dutos de ar em tetos abertos. Alto-falantes de

mascaramento também foram colocados embaixo de mesas, sob as superfícies de

trabalho de escritórios abertos, e atrás de pinturas.

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50

3.4.1.7 Ambientação Acústica

Existem diversas situações onde uma área de mascaramento sonoro é

adjacente a uma área sem mascaramento, como um corredor ou área de espera.

Experiências demonstraram que as mudanças abruptas no nível sonoro de fundo são

perceptíveis para uma pessoa que se desloca de uma área para outra. A aceitabilidade da

transição é melhorada com a aplicação de conceitos de sonorização, em que a mudança

no nível de som de fundo é feita gradual em vez de abrupta. Um exemplo é uma área de

escritório com mascaramento sonoro conectada a um corredor para outros escritórios.

Para minimizar a mudança de nível de mascaramento no ambiente, alto-

falantes adicionais são instalados ao longo do corredor. O nível nos alto-falantes

seguintes é reduzido em 3 dB (uma quantidade quase imperceptível) até o nível do

ambiente alcançado.

3.4.1.8 Projeto

Há duas regras no projeto primeiramente o mascaramento deve ser colocado

pelo ouvinte. Pessoas inexperientes, muitas vezes querem colocar o mascaramento pela

fonte sonora. Isso exige que eles falem mais alto ou mais perto, de maneira a não

mascarar os ouvintes de maneira muito eficaz.

A segunda regra estabelece que o sistema deve ser projetado para mascarar

ruídos de fundo, do ambiente, sem transmitir informações àqueles expostos a ele.

Dois objetivos do projeto são: que o som de mascaramento deve ser aleatório e

incoerente - o som significativo não deve ser usado. Para isso, os sons de alto-falantes

adjacentes não devem ter qualquer correlação entre si.

O alcance deste objetivo pode se dar de duas maneiras: por materiais

intermédios (por exemplo tetos) entre os alto-falantes e ouvintes; ou por alto-falantes

adjacentes, alimentados com o sinal de uma fonte de mascaramento sonoro diferente.

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51

O segundo objetivo é fazer com que o campo sonoro seja o mais difuso

possível, para reduzir a consciência. Os materiais de intervenção ajudam a atingir este

objetivo.

3.4.2 Exemplos de Equipamentos

Alguns exemplos de equipamentos são descritos a seguir, de maneira a explicar

e contextualizar a utilização e a diferença entre equipamentos com funcionalidades

diferentes.

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3.4.2.1 Alto-falantes Autocondicionados

Figura 19. Alto-falante autocondicionado

Fonte: Chanaud (2008).

Esses alto-falantes contêm todos os componentes em um só equipamento, como

mostrado na figura 19. Como resultado, são considerados como um componente de um

sistema distribuído, em que cada alto falante é um sistema separado.

Geralmente os sistemas têm controles acessíveis e alguns são elaborados de

maneira a serem pendurados junto com o alto-falante virado para qualquer direção. Eles

são suficientemente pequenos, de modo a serem usados em aplicações em que a unidade

é simplesmente colocada embaixo ou atrás de algum objeto, a fim de ficar fora de vista

e para criar um campo sonoro mais difuso.

Existem dois tipos de sistemas: um que pode ser conectado direto em um

circuito de 120 volts de tensão, e outro que requer uma fonte de tensão ainda mais

baixa, geralmente de corrente contínua.

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53

3.4.2.2 Geradores

A finalidade de um gerador é criar um sinal elétrico aleatório broadband sobre

a escala das frequências da fala. O gerador pode criar o espectro por meio analógico ou

digital. A qualidade das fontes digitais melhorou até o ponto em que é difícil, senão

impossível, identificar a diferença entre elas. A maioria dos geradores pode criar um

espectro de ruído branco (um aumento de nível de três dB / oitava) ou ruído rosa (um

nível constante em cada oitava).

É vantajoso que o gerador tenha pelo menos dois canais de mascaramento, dado

que existem diversas aplicações em que dois espectros diferentes são requeridos.

Para sistemas grandes, o gerador é colocado no mesmo gabinete que o

equalizador, o mixer, o amplificador elétrico e os painéis de controle.

3.4.2.2.1 GPN 1200B

Figura 20. Gerador GPN 1200B

Fonte: Chanaud (2008).

A unidade GPN 1200B exibido na figura 20, é um gerador básico de

mascaramento que permite que o ruído branco ou rosa seja modificado com um filtro

passa-baixa10 e um controle de volume analógico. Os controles ficam no painel traseiro.

Como esta unidade não possui um equalizador de um terço de oitava,

recomenda-se que a saída desta unidade seja passada para um equalizador externo. Não

há controles para o usuário no painel frontal.

10Filtro passa-baixa é o nome comum dado a um circuito eletrônico que permite a passagem de baixas

frequências sem dificuldades e atenua (ou reduz) a amplitude das frequências maiores que a frequência de

corte. A quantidade de atenuação para cada frequência varia de filtro para filtro.

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3.4.2.2.2 MG2500

Figura 21. Gerador MG2500

Fonte: Chanaud (2008).

A unidade mostrada na figura 21, possui dois canais, sendo que um pode ser

utilizado como input para música e o outro para sinal de mascaramento. Como

resultado, o gerador pode desempenhar duas das três funções de áudio: mascaramento,

música e mascaramento + música. A unidade pode ser montada em uma estante. Possui

um compressor/limitador embutido e incorpora passa baixa, passa-alta11 e filtros passa-

banda12 de um terço de oitava para ambos os canais.

Uma característica desta unidade é que as configurações podem ser salvas e

mais tarde utilizadas, de modo que uma configuração particular pode ser carregada em

uma nova unidade, sem que seja necessário começar desde o início em cada projeto.

3.4.2.2.3 MG3001

Figura 22. Gerador MG3001

Fonte: Chanaud (2008).

A unidade apresentada na figura 22 tem dois canais de mascaramento. Logo, se

for necessário transmitir música ambiente, um mixer pode ser adicionado. A unidade

pode ser montada em uma estante. Ela incorpora passa baixa, passa alta e filtro de passa

banda de um terço de oitava. A unidade dispõe de dois recursos avançados: o controle

11Filtro passa-alta é o nome comum dado a um circuito eletrônico que permite a passagem de altas

frequências sem dificuldades e atenua (ou reduz) a amplitude das frequências abaixo da frequência de

corte. A quantidade de atenuação para cada frequência varia de filtro para filtro

12Um filtro passa-banda (ou passa-faixa) é um dispositivo que permite a passagem das frequências de

uma certa faixa e rejeita (atenua) as frequências fora dessa faixa.

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de nível programável e a função de rampa lenta13. Todos os controles são operados por

intermédio de uma conexão de porta serial, portanto, há apenas indicadores de status no

painel frontal.

3.4.2.2.4 ASP-MG24

Figura 23. Gerador ASP-MG24

Fonte: Chanaud (2008).

A unidade ASP-MG24, mostrada na figura 23, conta com quatro canais de

mascaramento sonoro e dois inputs auxiliares para música. Os canais de mascaramento

podem criar ruído rosa ou branco e ter filtros de passa baixa, passa alta e passa banda de

um terço de oitava.

As entradas auxiliares possuem seis filtros paramétricos. Cada um dos seis sinais

obtidos com os filtros pode ser misturado em quatro saídas, proporcionando

versatilidade no uso das funções de áudio. Um módulo adicional dispõe de vários

recursos avançados, como o controle de nível programado, a função de aceleração lenta

e a função de aceleração rápida. O controle é feito por software operado por intermédio

de uma porta serial ou porta USB do painel frontal. Todas as configurações podem ser

salvas em um arquivo. As medições de espectro são processadas por um programa de

equalização e podem ser baixadas para esta unidade, para que o processo de equalização

possa ser feito em apenas uma etapa.

13 O recurso de rampa lenta é um recurso utilizado para evitar a percepção de um aumento abrupto do

ruído de fundo quando ativado o mascaramento sonoro.

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3.4.2.3 Equalizador

Figura 24. Equalizador externo Atlas Sound EQM131

Fonte: Chanaud (2008).

O objetivo de um equalizador externo como o EQM131, mostrado na figura

24, é definir o espectro acústico correto para o ouvinte. Ele converte o espectro elétrico

de ruído rosa ou branco do gerador para o espectro acústico desejado para o ouvinte.

Embora os equalizadores tenham controles de nível, eles são usados

principalmente para fornecer sinal suficiente para permitir que os amplificadores

funcionem.

A pessoa que equaliza o sistema deve ter feedback das medições acústicas

para ajustar corretamente a unidade. A saída do equalizador é um espectro elétrico cujo

contorno de frequência é enviado para os alto-falantes, mas modificado, em nível geral,

pelos amplificadores, controles de zona ou alto-falante.

O alto-falante converte o espectro elétrico em um espectro acústico nas

proximidades do alto-falante. O contorno desse espectro acústico é determinado em

grande parte pela impedância acústica que o alto-falante recebe em cada frequência.

Uma vez que o alto-falante pode estar em ambientes plenum ou cavidade, o espectro

acústico pode variar fortemente mesmo com a mesma entrada de um espectro elétrico.

A seguir, o espectro acústico no alto-falante precisa ser convertido para o espectro

acústico desejado para o ouvinte.

Deve ser considerado que, a partir destas considerações, para melhor

conversão, o equalizador deve ser um equalizador na faixa de um terço de oitava. Por

esta razão, as normas ASTM recomendam esta unidade.

A experiência mostra que cada banda de um terço de oitava deve ter pelo

menos um intervalo de +/- 12 dB. O dispositivo deve ter um filtro passa-alta (corte

baixo) com uma frequência de corte variável e um rolo de +12 dB / oitava (embora isso

não seja crítico).

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A saída de som de um alto-falante de mascaramento começa a ser reduzida a

partir de frequências abaixo de 160 Hz. Então, este filtro é usado para atenuar

frequências que não são convertidas em som. Deve haver um filtro de passa-baixa (corte

alto) com frequência de corte variável e característica de ordem variável (-6 dB / oitava

e -12 dB / oitava). Esse filtro pode ser usado para manter os filtros de banda de um terço

de oitava dentro de seus limites.

Existem dois tipos de equalizadores: internos e externos. Um exemplo de

equalizador externo é o Atlas Sound EQM131, mostrado na figura 24. Existem diversas

maneiras de controlar um equalizador. Os geradores utilizam a tecnologia DSP e

controlam os ajustes internos do equalizador através de uma porta serial ou porta USB.

Os ajustes são feitos com um cursor na tela do computador.

Em uma unidade, a banda pode ser definida por download do software de

medição. Um analisador de tempo real mede o espectro de mascaramento existente e o

armazena em um arquivo. Esse arquivo é aberto no software de equalização e

comparado com o espectro de mascaramento desejado. As correções necessárias são

salvas em um arquivo, que é aberto pelo software do gerador, para que a equalização

possa ser feita em uma única etapa. Um desenvolvimento recente é conectar o software

do equalizador diretamente no analisador de tempo real, com ou sem fio, não sendo

necessário criar arquivos.

3.4.2.4 Amplificador

O propósito de um amplificador em um sistema de mascaramento é fornecer

energia e definir o nível de base enviado para os controles ajusante.

Não são recomendados amplificadores com saídas de baixa impedância. A

maioria dos sistemas de mascaramento tem amplificadores com saídas de 25 ou 70

volts. Se o sistema tiver vários canais, o uso de um amplificador estéreo reduz o peso e

o tamanho do sistema.

A experiência sugere que algumas características estejam disponíveis nos

amplificadores. Controles de volume analógicos são melhor localizados no painel

traseiro, para reduzir a possibilidade de o proprietário modificar a sintonia do sistema

com um botão giratório aleatório.

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Alguns amplificadores têm controles no painel frontal que tem uma tampa,

que é muitas vezes removida pelo usuário. Qualquer modificação nesse controle

provocará alterações de nível desconhecidas. Da mesma forma, amplificadores com

controles analógicos Baixo e Agudo no painel frontal devem ser evitados sempre que

possível.

Em sistemas pequenos, pode não ser possível usar amplificadores com as

características aqui indicadas, portanto, um gabinete com trava é recomendado.

3.4.2.4.1 Amplificador para sistemas grandes de mascaramento sonoro

Figura 25. Amplificador para grandes sistemas de mascaramento

Fonte: Chanaud (2008).

Para sistemas grandes e de multizonas, recomenda-se que o amplificador tenha

uma potência de centenas de watts sem controles no painel frontal. Um amplificador

adequado para grandes sistemas é mostrado na figura 25. Possui dois canais, um

ventilador de resfriamento e controles de volume analógico, no painel traseiro. Cada

canal suporta até 350 watts e pode ser montado em estantes. Como não é recomendável

que as zonas sejam muito grandes, esses amplificadores são usados para alimentar

controles de zona.

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3.4.2.4.2 Amplificador para sistemas pequenos de mascaramento sonoro

Figura 26. Amplificador para sistemas pequenos de mascaramento

Fonte: Chanaud (2008).

O amplificador mostrado na figura 26 tem seis entradas para fins de mixagem e

controles baixos e agudos. Cada entrada tem um controle de volume separado, bem

como um controle de nível mestre para a saída mista.

Uma vantagem desta unidade é poder ter um módulo de máscara de som

acoplado ao painel traseiro (AA120M). O referido módulo gera um espectro de ruído

rosa ou branco e tem um filtro passa-baixa com frequência de corte variável. Assim, o

sinal de máscara pode ignorar os controles do painel frontal para que o espectro de

máscara possa ser ajustado independentemente dos outros sinais. Quando é desejado o

controle preciso do espectro, o sinal deste módulo pode ser alimentado a um

equalizador gráfico externo e o sinal retorna ao amplificador de potência em seguida.

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3.4.2.5 Controle de zona

Figura 27. Painel de controle de zona Atlas ATPLATE

Fonte: Chanaud (2008)

O objetivo de um controle de zona é ajustar o nível em todos os alto-falantes

conectados a esse controle. Para sistemas pequenos com poucas zonas, o próprio

amplificador é frequentemente usado como controle de zona. Para sistemas grandes, é

rentável usar controles atribuídos a cada zona, em vez de ter um amplificador para cada

zona. Há uma série de vantagens em usar controles de zona. Eles permitem que tanto o

instalador como o usuário ajustem os níveis sem desativar o sistema.

O painel de controle de zona (Atlas ATPLATE), apresentado na figura 27,

pode acomodar até seis controles de nível de zona (Atlas E-408), cada um com a

potência de até 100 watts (tipicamente 100 alto-falantes) e dez níveis de 1,5 dB

permitindo uma ampla gama de controle de nível.

Os controles são relativamente baratos, por isso permitem que o projetista do

sistema crie mais zonas de mascaramento com pouco aumento de custos.

3.4.2.6 Alto-falantes

A finalidade dos alto-falantes para aplicações de mascaramento é converter o

espectro elétrico para um espectro acústico na faixa de frequência desejada para

privacidade. Essa faixa deve ser de 160 Hz a 8000 Hz. Em sistemas distribuídos, os

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alto-falantes estão contidos nos alto-falantes autocondicionados e geralmente têm um

diâmetro menor do que aqueles usados em sistemas centralizados.

Com o avanço da tecnologia acústica, o diâmetro do alto-falante e o volume

da caixa traseira estão se tornando menos importantes. Existem várias características

recomendadas de alto-falantes de mascaramento. Eles devem ter suportes de suspensão

embutidos, em vez de ter que ser configurados com várias correntes.

Os suportes devem ser ajustáveis para que os alto-falantes possam ser

colocados verticalmente para cima, horizontalmente ou verticalmente para baixo.

Devem ter um conector de condução, para projetos que o exijam. Em adição, devem ter

vários valores de ajuste em um interruptor rotativo externo. Valores típicos são 1/4, 1/2,

1, 2 e 4 watts. Há uma série de razões para ter os intervalos de potência: soundscaping,

zoneamento para pequenos projetos e para uso em situações incomuns de teto. Um

recurso benéfico adicional é a posição "Off". Isso pode ser usado em várias situações,

como acomodar uma pessoa com uma perda auditiva; para lidar com queixas locais; e

para instalar alto-falantes onde ainda não são necessários, mas serão, quando as

mudanças de escritório forem feitas.

O ajuste para um watt é recomendado para alto-falantes pendurados em um plenum de

teto ou em um teto aberto. A configuração de dois watts, denominada tap, é

recomendada para aplicações de piso de acesso inferior. Outras configurações de tap

podem ser usadas para soundscaping.

O alto-falante Atlas M1000 (figura 28) pode ser usado em um plenum de teto,

em um teto aberto, ou em uma cavidade de piso elevado de 30 cm ou superior. O alto-

falante Atlas M812(figura 29) pode ser usado em um plenum de teto ligeiramente menor

e pode ser montado diretamente na grade do teto. Na ocasião da instalação, um teto

suspenso deve ser adicionado abaixo de uma laje de concreto ou tábua de gesso, para

reduzir a reverberação.

O espaçamento é geralmente definido perto de 10 cm, para acomodar

luminárias. A altura da cavidade de acesso do piso elevado é, em geral, de cerca de 8

cm. Em ambos os casos, os alto-falantes já indicados aqui não se encaixam. O alto-

falante de baixo perfil Atlas M2000-LP (figura 30) foi projetado para caber em espaços

reduzidos. O conjunto é composto por dois alto-falantes e um radiador do dipolo.

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Figura 28. Alto-falante Atlas M1000

Fonte: Chanaud (2008)

Figura 29. Alto-falante Atlas M812

Fonte: Chanaud (2008)

Figura 30. Alto-falante Atlas M2000-LP

Fonte: Chanaud (2008)

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Características desejáveis dos alto-falantes de plenum

Há uma variedade de alto-falantes de plenum. Algumas das suas características são

oferecidas pelos fabricantes, sejam elas importantes para o mascaramento ou não. O

alto-falante deve gerar som significativo, pelo menos no intervalo de frequências de fala

(160 a 8000 Hz). Os alto-falantes que irradiam em frequências mais baixas, dentro da

faixa indicada, são melhores, uma vez que podem corresponder ao ruído do sistema de

tratamento de ar.

1. Tipo de alto-falante. Existem dois tipos de alto-falantes disponíveis. O tipo mais

comum tem um ou dois alto-falantes fechados em uma caixa para que apenas a parte da

frente do alto-falante seja exposta. O outro tipo contém dois alto-falantes direcionados

em sentidos opostos horizontalmente, montados em uma placa lisa sem caixa traseira.

Contudo, este segundo tipo está deixando de ser empregado.

2. Diâmetro do alto-falante. A maioria dos alto-falantes têm 10, 15 ou 20 cm de

diâmetro, embora o de 20 cm seja mais comum, porque seu grande volume mantém o

custo atraente. Qualquer um destes diâmetros pode ser aceitável, se o deslocamento do

diafragma for suficiente para gerar a gama desejada de frequências.

3. Volume da caixa traseira. Alto-falantes com alto volume de caixa traseira são

frequentemente citados como necessários para melhorar a faixa de frequência baixa de

alto-falantes. Embora grandes volumes sejam melhores, não é crítico, já que a maioria

dos alto-falantes não tem ressonâncias de Helmholtz na faixa relevante. Alto-falantes

típicos têm volumes na faixa de 1200 a 1700 cm3.

4. Absorção Interna. O material absorvente destina-se a reduzir a amplitude de

ressonâncias acústicas ou vibratórias. Como o mascaramento sonoro é aleatório, a

excitação de uma ressonância é mínima. A energia na frequência de ressonância é

transitória. No entanto, isso não é o caso para música e paginação, assim que a absorção

de som interna e amortecimento vibratório é benéfico.

5. Impedância do alto-falante. A maioria dos alto-falantes de mascaramento tem um

transformador de 25V ou 70V, para a impedância de 8 ohms do alto-falante. O

transformador utilizado deve ter várias torneiras como Off, 1/4, 1/2, 1, 2 e 4 Watts.

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Em projetos mais antigos, o comutador de ajuste tinha que ser escolhido pelo

instalador e era cabeado, o que reduzia severamente a flexibilidade e aumentava o

tempo de instalação.

A maioria dos alto-falantes de mascaramento modernos tem transformadores

múltiplos ajustes que são conectados pelo fabricante a um interruptor rotativo externo.

Alto-falantes projetados desta forma são altamente recomendados. Sua única limitação é

que a alteração do comutador de ajuste resulta em uma mudança de nível de cerca de 3

dB. Esta variação é superior à desejada (1,5 dB), razão pela qual, os controles de zona

são fortemente recomendados.

Ter uma posição desligada no comutador rotativo resulta em grande valor,

tanto em termos de conveniência, quanto na economia de custos, quando um espaço é

redesenhado por necessidade de mascaramento. O instalador pode simplesmente girar o

controle para ativar o alto-falante.

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4 EXEMPLOS DE PROJETOS

4.1 Casos

Todos os casos a serem apresentados a seguir são de implantação de

mascaramento sonoro em escritórios panorâmicos, realizados pela empresa americana

Cambridge Sound Masking.

4.1.1 Bank of America National Help Line Call Center

Figura 31. Layout Bank of America

Fonte: Disponível em: <http://cambridgesound.com/wp-

content/uploads/2013/02/Bank_of_America.pdf>. Acesso em:09/06/2017.

Espaço: Escritório panorâmico de 3.530 m2 (figura 31), com separação por

biombos baixos de 106,8 cm, sem paredes e iluminação natural por meio de janelas em

formato de cúpulas.

Objetivo: Criar um ambiente altamente produtivo, com privacidade e

confortável para 200 empregados.

Solução: Instalação de forro acústico de fibra de vidro para absorver o som,

modificação do layout e das barreiras acústicas para bloquear melhor o som e uso de

mascaramento sonoro, distribuído em ambientes de trabalho e corredores para

minimizar o incômodo promovido por conversas e outros ruídos sonoros.

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Resultado: Um espaço esteticamente agradável e produtivo para seus empregados,

livres de distrações, mas com fácil colaboração e interação.

4.1.2 RSM – Firma Global de Consultoria

Figura 32. RSM

Fonte: Disponível em:<http://cambridgesound.com/wp-

content/uploads/2016/12/RSM_CaseStudy_Web.pdf>. Acesso em:09/06/2017

Espaço: Aproximadamente 7.432m2 de escritório panorâmico e escritórios

privados individuais (figura 32).

Objetivo: Criar um ambiente altamente privado.

Solução: Instalação de mascaramento sonoro distribuído com pequenos alto-falantes,

quase imperceptíveis instalados no plenum, tanto na parte de escritório panorâmico

quanto na parte de escritórios individuais. Todos os equipamentos foram interligados e

conectados num controlador disponível na sala de equipamentos.

Resultado: Um espaço de fácil concentração, mantendo as conversações do

escritório panorâmico ininteligíveis.

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4.1.3 TieNational, LLC – Empresa de integração tecnológica

Figura 33. Tie National LLC

Fonte: Disponível em: <http://cambridgesound.com/casestudies/tie-national/>.

Acesso em:09/06/2017.

Espaço: Escritório panorâmico com separação com biombos baixos e luz natural

(figura 33).

Objetivo: Criar um ambiente confortável acusticamente e sem distrações

sonoras.

Solução: Instalação de mascaramento sonoro distribuído com pequenos alto-

falantes, quase imperceptíveis, instalados no plenum, e controle de zona na sala de

computadores, criando múltiplas zonas, de maneira a ajustar o mascaramento sonoro

para cada setor.

Resultado: Um espaço mais produtivo, sem distrações de estações vizinhas, de

modo que cada trabalhador consiga manter foco em sua tarefa e projeto individual.

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4.1.4 Highwinds – Empresa de Entrega de conteúdo, rede e negócios de

serviços IP baseados na nuvem

Figura 34. Highwinds

Fonte: Disponível em <http://cambridgesound.com/casestudies/highwinds/>. Acesso

em:09/06/2017.

Espaço: Escritório panorâmico com separação com biombos baixos e luz natural

(figura 34).

Objetivo: Criar um ambiente confortável acusticamente, com privacidade

adequada e sem distrações sonoras.

Solução: Instalação de mascaramento sonoro distribuído, com pequenos alto-

falantes, quase imperceptíveis instalados entre a cobertura e o teto ortogonal. Os alto-

falantes foram conectados por cabos a um controlador na sala de maquinas.

Resultado: Conversas no escritório panorâmico se tornaram ininteligíveis em

distancias maiores de 4,5 m e conversas em outras áreas como lobby e corredor não

distraem a área de trabalho. Além disso os alto-falantes não interferiram no projeto do

escritório, dado que ficaram escondidos.

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5 CONCLUSÃO

5.1 Considerações Finais

Este estudo tem como objetivo apresentar as características de escritórios

panorâmicos e suas necessidades para configurar um ambiente privativo, acusticamente

confortável e que provoque a mínima distração.

A partir da caracterização apresentada, o estudo apresenta a importância dos

elementos estruturais para prover o maior conforto possível, adequado às necessidades

de cada escritório. Uma vez estabelecidas as premissas do projeto é proposta a técnica

de mascaramento sonoro mais apropriada, como solução final para garantir excelência

em termos de conforto acústico e privacidade.

De maneira a exemplificar a análise, são apresentadas no projeto diferentes tipos

de mascaramento sonoro e os equipamentos adequados a cada situação. Por fim,

apresentam-se casos de sucesso da implantação da técnica.

5.2 Sugestões para Estudos Futuros

Realizar estudos individuais para cada escritório, de acordo com premissas

específicas;

Estender o estudo para a uma análise financeira, a fim de comprovar a vantagem

em custo, em comparação a outras soluções de conforto acústico;

Realizar um estudo para análise de ruídos externos, provenientes de tráfego

rodoviário e aeronáutico.

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70

REFERÊNCIAS

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sonoro em função da distancia e as propriedades de absorção em ambientes

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Únidos, 2017. Disponível em: < http://cambridgesound.com/casestudies/tie-national/>.

Acesso em: 09/06/2017.

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Consulting Firm. Estados Únidos, 2016. Disponível em: <

http://cambridgesound.com/wp-content/uploads/2016/12/RSM_CaseStudy_Web.pdf >.

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content/uploads/2013/02/Bank_of_America.pdf >. Acesso em: 09/06/2017.

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DUBOC, Marilda. Propagação do som em ambiente panorâmico caracterizando os

aspectos de absorção.UFRJ, Rio de Janeiro, 1998.

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Acústico, Arquitetura e Urbanismo. FAUUSP, São Paulo. Disponível em: <

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NOGUEIRA, F. F. Análiseparamétrica do campo acústico de escritórios

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http://www.euro.who.int/en/health-topics/environment-and-health/noise/publications>.

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RIBEIRO, Raslan Oliveira. Acústica previsional aplicada às salas de espetáculo.

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SLAMA, Jules Ghislain. Acústica ambiental. Curso de Acústica Ambiental. UFRJ,

Rio de Janeiro, 2014.

SLAMA, Jules Ghislain. Propagação de som em ambientes fechados. Curso de

Acústica Ambiental. UFRJ, Rio de Janeiro, 2016.

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SITES CONSULTADOS

http://cambridgesound.com

https://www.logison.com/technology/sound-masking

http://www.soundmask.com.au

https://www.speechprivacysystems.com

http://www.softdb.com/sound-masking/

https://acousticalsolutions.com/about-us/

http://www.proacousticsusa.com/about-us

http://www.lencore.com/Products/Spectra-Sound-Masking

http://www.tedelec.fr/Le-masquage-sonore-par-TEDELEC_a245.html

http://www.mascaramentosonoro.com.br

http://www.acusticateoria.com.br/empresa/

http://soundmaskinglab.com

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APÊNDICE A

Trabalho de propagação acústica realizado em Excel

Aba I – Aba Principal

Figura 35. Aba Principal

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora.

Nessa aba são inseridos os valores iniciais para o cálculo, apresenta a figura dos

caminhos e as respostas calculadas por Thompson, pela fórmula clássica, e

considerando o caminho por cima da barreira.

Figura 36. Dados a serem inseridos

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

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Figura 37. Figura dos caminhos do decaimento sonoro

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

Figura 38. Resultados dos cálculos

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

Ainda na Aba Principal rolando a barra deslizante para baixo encontramos o

cálculo para o caminho 1 pela equação de Thompson e pela Fórmula Clássica.

Figura 39. Cálculo para caminho 1 por Thompson

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

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Figura 40. Cálculo para caminho 1 pela Fórmula Clássica

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

No fim da página, encontram-se os valores de atenuação de barreira e os valores

do decaimento de ruído realizados pelas fórmulas de Thompson e clássica mais a

atenuação.

Figura 41. Cálculo para caminho 2 – Atenuação de Barreira

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

Aba II – Diferença entre a Fórmula de Thompson e a Clássica para variação de

comprimento.

A segunda aba apresenta o cálculo de variação de decaimento sonoro por

Thompson e pela fórmula clássica.

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Figura 42. Teste da Fórmula de Thompson e Clássica para variação de comprimento da

sala

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

Aba III – Diferença entre a Fórmula de Thompson para escritório panorâmico com/sem

barreira.

Figura 43. Teste da Fórmula de Thompson para Escritório Panorâmico com/sem Barreira

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

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Aba IV – Teste de Campo Direto variando distância fonte-receptor com/sem barreira

Figura 44. Teste de Campo Direto variando distância fonte-receptor com/sem Barreira

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

Aba V – Teste de Campo Direto variando a altura da barreira

Figura 45. Teste de Campo Direto variando a altura da Barreira

Fonte: Ferramenta elaborada pela autora

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APÊNDICE B

Fabricantes e Fornecedores de mascaramento sonoro.

Abaixo se encontra uma seleção de fabricantes e fornecedores de sistemas de

mascaramento sonoro.

Cambridge Sound Management

É o maior fornecedor de soluções de mascaramento sonoro no mundo, com a

mais extensa seleção de instaladores, além de oferecer o sistema mais eficiente

disponível. Seu sistema produz um baixo impacto de instalação, sendo adequado a

novas construções e construções já existentes.

As soluções são flexíveis, adequadas a qualquer espaço.

Música de fundo, paginação e recursos de mascaramento sonoro são reunidos

em um único alto-falante, além de recursos de rede, visando permitir fácil controle,

personalização e integração de sistemas.

Trata-se de uma opção acessível para projetos de construção de alto custo ou

materiais de bloqueio de som. Seus produtos estão implantados em mais de 40% das

empresas relacionadas na Fortune 100.

Seus sistemas são encontrados em centrais de atendimento, consultórios, salas

de audiência, quartos de hotel, locais de culto religioso, bibliotecas, escritórios abertos,

quartos de pacientes, farmácias, escritórios privativos, laboratórios de pesquisa, bancos,

instalações de segurança, estações termais, salas de espera e delegacia.

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LogiSon

Em busca de garantir o maior conforto e o mascaramento sonoro o mais discreto

possível, a LogiSon usa pequenas zonas de ajuste de um a três alto-falantes e oferece

ajuste fino de volume e frequência.

Mais controles significa que o som será mais eficaz em fornecer mascaramento,

enquanto se mistura facilmente em seu ambiente.

A LogiSon trabalha de modo que os ocupantes da sala com mascaramento

percebem menos o som de mascaramento e desfrutam dos seus benefícios de maneira

homogênea em todo o espaço. Seus projetos são utilizados em escritórios, centrais de

atendimento, hospitais e instalações militares.

Soundmask

O sistema da Soundmask foi desenvolvido para atender as necessidades do

consumidor, empregando a tecnologia “plug and play”, com a qual os consumidores

podem facilmente instalar e ajustar cada sistema.

Seu sistema é eficiente energeticamente, por isso, sua utilização em um prédio

consome menos energia do que um computador de mesa comum.

A Soundmask busca sustentabilidades nos seus equipamentos. Seus alto-falantes

não são feitos de metais pesados e seus fornecedores trabalham ativamente para

diminuir a emissão de carbono na produção. A Soundmask é membro do Green

Building Council na Austrália.

Além da qualidade tecnológica, a Soundmask busca equipamentos com boa

aparência quando expostos ou escondidos. A empresa garante a disponibilidade de seus

consultores, antes, durante e depois da instalação, para esclarecimento de quaisquer

dúvidas. A empresa desenvolveu projetos utilizados em escritórios, bancos,

supermercados, universidades, centrais de atendimento, instalações do governo e

hospitais.

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Speech Privacy Systems

Através do sistema The Voice Arrest, a Speech Privacy Systems introduz no

mercado um sistema inteligente de mascaramento sonoro que se adapta a diversos

ambientes dinâmicos. Utilizado em pequenas empresas e negócios, em ambientes

médicos e hospitais, agências governamentais e militares, colégios, bancos e

organizações financeiras, igrejas, spas, sala de espera e ambientes de pesquisa e

desenvolvimento.

Soft dB

A empresa Soft dB comercializa um sistema que proporciona ajustes adaptáveis

em tempo real, podendo aumentar o mascaramento sonoro durante períodos ativos do

dia e torná-lo mais discreto, quando a atividade é reduzida. A tecnologia SmartSMS-

NET empregada pela empresa, permite um ajuste preciso que se adapta a características

especificas de cada ambiente de trabalho.

Os sistemas comercializados podem ser com fio ou sem fio, simplificando o

controle e reduzindo o custo de instalação. É empregado em empresas financeiras, de

saúde, de seguros, governamentais, institucionais, hotéis, centrais de atendimento,

escritórios de arquitetura e de projetistas, construtoras, empresas de serviços

profissionais e escritórios.

AcousticalSolutions

A AcousticalSolutions opera há mais de 25 anos e dedica-se à solução para

diversos tipos de problemas acústicos, projetos de construção de larga escala e

isolamento de escritórios panorâmicos. Oferecendo um amplo leque de produtos e

serviços de projeto, instalação e testes.

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ProAcoustics

De modo equiparável às demais empresas comercializa produtos acústicos para

estádios, auditórios, lojas de departamentos, residências, lojas, escritórios e restaurantes.

Lencore

Comercializa o sistema denominado Spectra, para mascaramento sonoro visando

alcançar a privacidade da fala e conforto. A Lencore oferece duas soluções diferentes de

mascaramento sonoro: sem rede (indicada para espaços pequenos) e com rede (própria

para grandes espaços).

Tedelec

O mascaramento sonoro da Tedelec visa criar um ambiente acústico adequado

ao trabalho mais produtivo, ao restringir as fontes de distração, preservar a

confidencialidade de conversações, proporcionando o aumento da sensação de conforto,

além de atender as exigências acústicas de pequenos e médios espaços.

Nível-Som

A Nível-Som é especializada em projetos de engenharia acústica para a redução

de ruídos. Desenvolve cabines acústicas para máquinas, portas acústicas metálicas ou

madeira, revestimentos acústicos incombustíveis, denominados NIVELSOUND, para

casas de máquinas, revestimento acústico da marca Sonique, fabricado com espumas

acústicas retardante à chamas para casas de máquinas, estúdios de gravação, centrais de

atendimento telefônico, salas de reuniões etc.

Oferece também, janelas acústicas e janelas termo-acústicas isolantes em

alumínio com vidros duplos, triplos ou multi-estratificados, sem quebra de parede ou

mudança de fachada, além de atenuadores de ruídos para grupos geradores e sistemas de

ar condicionado, abafadores de ruídos para de escape de gases e/ou exaustão e isolantes

acústicos de lã de rocha e lã de vidro e isolantes de ruídos para lajes e pisos.

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Teoria

Empresa especializada no tratamento e de ruídos e isolamento acústico.

Desenvolve desde o projeto até a execução final da obra. Utiliza softwares de

modelagem acústica, equipamentos de análise de precisão e materiais de qualidade,

segundo afirma a empresa.