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ANALISE DE UM CONSORCIO DE CARPA (Cyprinus carpio L. 1758, vr. communis) E MARRECO DE PEQUIM (Anas platyrinchus vr. domesticus) NO APROVEITAMENTO DE AREAS AFETADAS POR SAIS NO VALE DO CURU-CEARA* MOIS~S C. S. LEÃO** MOIS~S A. DE OLIVEIRA ** MARCOS A. ESTEVES ARARIPE* RESUMO peixes alimentados em condições naturais. A produti- vidade dos marrecos alcançou um valor médio de 2,248 kg/ha ~ra duas estocagens por viveiro no perrodo de 4 meses, que pode ser considerada acima do referido na literatura (PAPA & PINHEIR04). Os teores de °2 dissolvido, C02 livre e o pH da água dos viveiros apresentaram valores favoráveis aos peixes no perrodo de duração do experimento. O consórcio, como realizado, se mostra uma alternativa viável para a utilização de áreas afetadas pelos sais, desdeque reúnam condições adequadas para a criação de peixes. SUMMARY EVALUATION OF CARP ANO PEQUIM'S TEAL PRODUCTIVITY IN FISH paNOS IN SALINE - SODIC SOl L AT THE FAZENDA EXPERIMENTAL DA UFC - CEARA - BRAZI L. Areas de solo afetadas por sais e de utilização antieconômica para cultivo são de ocorrência comum em regiões áridas e semi-áridasonde se pratica irriga- ção, A criação de peixes consorciada com outros animais é uma alternativa para a reutilização dessas áreas, desde que existam disponibilidade d'água e outras condições favoráveis, Com o objetivo de avaliar os resultados do cultivo consorciado de marreco de Pequim com carpa comum, dois ensaiosforam estabelecidosem viveiros em áreas de solo salino-s6dico da Fazenda Experimental da UFC no Vale do rio Curu, no perfodo de'19 de outu- bro de 1989 a 30 de março de 1990, Cada viveiro, depois de receber adubação básica, foi estocado com 500 alevinos de carpa comum (na proporção de 5000 peixes por hectare) e 40 marrecos de Pequim (na proporção de 400 aves jovens por hectare). As observaçõesno decorrer do trabalho consta- ram da pesagem e medição mensal de amostras dos peixes, e pesagemdos marrecos antes da introdução nos viveiros e antes do abate. Amostragenssistemáticas da água dos viveiros foram realizadas para medição dos teores de oxigênio dissolvido, C02 livre e pH. Os marrecos foram alimentados com ração balanceada para avese os peixes apenas com os alimentos naturais dos viveiros, enriquecidos com os dejetos dos marrecos e restos da ração das aves. Nos cinco meses de cultivo a produtividade da carpa atingiu nos dois viveiros um valor médio de 1.327,38 kg/ha, que pode ser considerada boa para Two fish ponds were settled with common carp (Cyprinus carpio L, vr. communis) and pequim's teals, in the densities of 5000 finger- lings/ha and 400 ducklings/ha, at the Fazenda Experimental da UFC, Ceará, Brazil, to evaluate productivity of the two species and the feasibi- lity of the consortium in the use of a salt affected area. During a period of 5 months, october 1989 to march 1990, samples of the fish were weighted and measured and water analyzed for free CO2' dissolved oxigen and pH. The pequim's teals were weighted before intro- duction and after a period of 2 months, when . Projeto PDCT !CE - 26 .. Professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará. Projeto PDCT!CE - 26. Ciên. Agron.. Fortaleza, 20(1/2): pág. 191-200junho-dezembro/1989 191

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ANALISE DE UM CONSORCIO DE CARPA (Cyprinus carpio L. 1758, vr.communis) E MARRECO DE PEQUIM (Anas platyrinchus vr. domesticus) NO

APROVEITAMENTO DE AREAS AFETADAS POR SAIS NO VALE DOCURU-CEARA*

MOIS~S C. S. LEÃO**MOIS~S A. DE OLIVEIRA **

MARCOS A. ESTEVES ARARIPE*

RESUMO peixes alimentados em condições naturais. A produti-vidade dos marrecos alcançou um valor médio de2,248 kg/ha ~ra duas estocagens por viveiro noperrodo de 4 meses, que pode ser considerada acimado referido na literatura (PAPA & PINHEIR04). Osteores de °2 dissolvido, C02 livre e o pH da água dosviveiros apresentaram valores favoráveis aos peixes noperrodo de duração do experimento.

O consórcio, como realizado, se mostra umaalternativa viável para a utilização de áreas afetadaspelos sais, desde que reúnam condições adequadas paraa criação de peixes.

SUMMARY

EVALUATION OF CARP ANO PEQUIM'STEAL PRODUCTIVITY IN FISH paNOS INSALINE - SODIC SOl L AT THE FAZENDAEXPERIMENTAL DA UFC - CEARA -BRAZI L.

Areas de solo afetadas por sais e de utilizaçãoantieconômica para cultivo são de ocorrência comumem regiões áridas e semi-áridas onde se pratica irriga-ção, A criação de peixes consorciada com outrosanimais é uma alternativa para a reutilização dessasáreas, desde que existam disponibilidade d'água eoutras condições favoráveis,

Com o objetivo de avaliar os resultados do cultivoconsorciado de marreco de Pequim com carpa comum,dois ensaios foram estabelecidos em viveiros em áreasde solo salino-s6dico da Fazenda Experimental daUFC no Vale do rio Curu, no perfodo de'19 de outu-bro de 1989 a 30 de março de 1990, Cada viveiro,depois de receber adubação básica, foi estocado com500 alevinos de carpa comum (na proporção de 5000peixes por hectare) e 40 marrecos de Pequim (naproporção de 400 aves jovens por hectare).

As observações no decorrer do trabalho consta-ram da pesagem e medição mensal de amostras dospeixes, e pesagem dos marrecos antes da introduçãonos viveiros e antes do abate. Amostragens sistemáticasda água dos viveiros foram realizadas para mediçãodos teores de oxigênio dissolvido, C02 livre e pH. Osmarrecos foram alimentados com ração balanceadapara aves e os peixes apenas com os alimentos naturaisdos viveiros, enriquecidos com os dejetos dos marrecose restos da ração das aves.

Nos cinco meses de cultivo a produtividade dacarpa atingiu nos dois viveiros um valor médio de1.327,38 kg/ha, que pode ser considerada boa para

Two fish ponds were settled with commoncarp (Cyprinus carpio L, vr. communis) andpequim's teals, in the densities of 5000 finger-lings/ha and 400 ducklings/ha, at the FazendaExperimental da UFC, Ceará, Brazil, to evaluateproductivity of the two species and the feasibi-lity of the consortium in the use of a saltaffected area.

During a period of 5 months, october 1989to march 1990, samples of the fish wereweighted and measured and water analyzed forfree CO2' dissolved oxigen and pH. Thepequim's teals were weighted before intro-duction and after a period of 2 months, when

. Projeto PDCT !CE - 26

.. Professores do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal do Ceará.Projeto PDCT!CE - 26.

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they were considered apt for consumption.Common chicken food was given to the ducks,whereas the fish used the spontaneous foodgenerated in the ponds and some food not usedentirely by the ducks.

Average fish productivity was 1327,38 kg/ha and duck's productivity reached 2,248 kg/ha, for the experimental período According tothe literature, the fish productivity could beconsidered gODd, whereas the duck productivitycould be considered above average. Conditionsof the water in the ponds during the experi-mental period were considered adequate for thefish, as indicated by the water analysis.

As concluslon, tlle consortium offish withpequim's teals can be considered a good alter-native for the reutilization of areas afected bysalts and inadequate for cultivation withcommercial crops.

PALAVRAS-CHAVE: Piscicultura, consórciopeixe-pato, uso de solos afetados por sais.

INTRODUÇÃO

Este trabalho realizou-se na Fazenda Expe-rimental do Vale do Curu (Pentecoste-Ceará-Brasil), no período de 19 de outubro de 1989 a30 de março de 1990, em uma área de soloafetado por sais, imprópria para cultivo com amaioria das culturas. Tem como objetivo avaliaros resultados de dois ensaios de cultivo consor-ciado de marreco de Pequim (Anas platyrinchusvr. domesticus) e carpa comum (Cyprinuscarpio vr. communis L. 1758) no aproveita-mento de uma área de solo salino-sódico, consi-derada de utilização antieconômica paracultivo com as culturas de uso no Vale dorio Curu.

MATERIAL E M~TODOS

Na realização deste trabalho foram utili-zados dois viveiros escavados em terreno natu-ral, ambos com área de (20 x 50 m), localizadosna Fazenda Experimental do Vale do Curu(Pentecoste - Ceará - Brasil). Os viveiros foramabastecidos a partir de um canal de irrigação,cuja água provém do açude público "GeneralSampaio".

A primeira etapa dos experimentos consis-tiu no esvaziamento e limpeza dos viveiros.Logo após, eles foram cheios até seus níveismáximos de repleção, receberam adubação debase com aplicação de 30 kg de P2 05 (super-fosfato triplo) e, após sete dias, foi iniciado oexperimento.

Concluída a primeira etapa, os dois viveirosforam estocados com quinhentos exemplares decarpa comum, na ordem de 5000/ha, com pesosmédios de 0,0778 g e um comprimento totalmédio de 4,02cm, tendo, assim, uma biomassainicial de 3,89 kg/ha em cada viveiro epovoados com marrecos de Pequim em densi-dade de 400 aves/ha. Os alevinos e os marrecosforam doados pelo Centro de Pesquisa Ictioló-gicas do DNOCS, em Pentecoste-CE.

No decorrer do cultivo, os peixes foramamostrados mensalmente, abrangendo 15% dosexemplares estocados nos viveiros, de acordocom a metodologia adotada por SANTOSet alii5. Para capturá-los, utilizou-se rede dearrasto, medindo 25,0 m de comprimento por2,0 m de altura, de malha de 1 cm (nó a nó),confeccionada com tecido de nylon, consti-tuindo-se, pois, num aparelho não seletivo parapeixes em cultivo. Nestas amostragens obteve-se os dados de comprimento total e de peso dospeixes, para isto, usando-se um ictiômetroadaptado ao próprio prato da balança comcapacidade de 30 kg e divisões de 2 em2 gramas.

Neste trabalho, usou-se um consórciopato x peixe com o marreco de Pequim (Anasplatyrinchus vr. domesticus) e a carpa comum(Cyprinus carpio L, 1758, vr. communis).

O marreco de Pequim, após exaustivaspesquisas, foi considerado pelos estudiosos comua espécie de marreco ideal para ser criado simul-taneamente no mesmo ambiente aquático compeixe. Trata-se de um animal que além de suarusticidade e fácil criação, permite a criação depeixes a custos mais reduzidos, pois os mesmosaproveitam os excrementos dos marrecos dire-tamente ou através da produção de plancton(8001S & ROSA 1 ).

A carpa comum (Cyprinus carpio L. 1758,vr. communis) se constitui na espécie de cipri-nídeo mais importante" para a piscicultura, emfunção de sua rusticidade, crescimento rápido,regime alimentar omnívoro e outras qualidadesdesejáveis (SILVA6).

No Nordeste brasileiro, onde existem exce-lentes condições para cultivo desses ciprin ídeosconsorciados com marrecos, essa exploraçãoressente-se de melhor tecnologia, devidamentetestada na reglâu, principalmente em decor-rência da necessidade constante de marrecos delinhagem selecionada, alimentação artificialdosada com subprodutos da agricultura e aceita-ção do marreco por parte do consumidor local.

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sempre crescentes. Os maiores incrementosforam observados até o 3.0 mês, com umaligeira desacelaração até o final do cultivo paraa repetição 1 do experimento E,. Na repetiçãoE2' observaram-se crescimentos em compri-mento e peso médio menores que em E, emaiores incrementos observados até o 4.0 mêsde cultivo.

(b) Relação peso/comprimento

o peso médio dos alevinos, nas duas repe-tições do experimento, foi de 0,778 g no povoa-mento, chegando a atingir 287,1 g em E, e245,0 g em E2 após cinco meses de cultivo. ATabela 1 mostra os dados de comprimento epesos médios obtidos nas diversas amostragens.

Na Figura 3 acham-se representadas as rela-ções comprimento/peso da carpa comumobtidas nas duas repetições de consórcio commarreco de Pequim. Por essas relações, observa-se que, na repetição E2' os peixes estocadosestavam mais magros que em E,; isso parece tersido decorrente de uma menor fertilidade doviveiro onde se desenvolveu o experimento E2'já que não houve mudança nos tratamentos.Essa diferença ficou evidenciada pela prolifera-ção de "pirrichio", (Hidrotrix gardinerí Hook),no viveiro onde foi conduzido E," Deve-se levarem consideração que os peixes se alimentaramdesse vegetal.

(c) Curva de biomassa

Durante o cultivo, os peixes não foramarraçoados e se alimentaram somente com osalimentos naturais do viveiro, provenientes daadubação com os dejetos do marreco dePequim, bem como dos restos dos aUmentosque caiam dos comedouros destinados aosmarrecos.

Os marrecos, antes de serem introduzidosno cultivo, foram pré-criados com ração parapintos, contendo 22% de proteinas, durantedezoito dias. Após esse período os marrecosforam utilizados no consórcio e alimentadoscom ração de mesmo teor protéico.

Os abrigos, para sombreamento dos marre-cos nos viveiros, foram feitos de madeira cober-tos com palhas de coqueiro. A área de retençãodos marrecos foi cercada de bambus, colocadaàs margens dos viveiros, correspondente a 10%da lâmina d'água dos mesmos. Esta área deacesso aos marrecos foi instalada a barlaventodos viveiros, objetivando uma melhor distribui-ção do esterco dos marrecos nos mesmos.

Durante os experimentos realizaram-seamostragens dos teores de oxigênio dissolvido,C02 livre e pH da água, como medidas preven-tivas de acompanhamento de sua qualidade paraos peixes em determinadas etapas do cultivo.

Ao término do cultivo, elaborou-se, com osdados, tabelas, gráficos e fez-se os cálculosnecessários à análise dos resultados do cultivocom base na metodologia usada por SANTOSet alii5, SANTOS4 e DA SILVA et alii6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após cinco meses de cultivo consorciadoda carpa comum (Cyprinus carpio L. 1758 vr.communisl com marreco de Pequim (Anasplatyrinchus vr. domesticus), obteve-se, emrelação ao desenvolvimento das carpas, osseguintes resultados:

(a) Crescimento em comprimento e peso

As biomassas das carpas estocadas nosviveiros foram de 3.890 g/ha para E, e E2. Essapequena biomassa inicial é explicada pelopequeno peso médio inicial dos alevinos usadosno povoamento do viveiro, que foi 0,778 g.

Na última amostragem a biomassa atin-giu 1.429,76 kg/ha com um incremento de1.425,87 kg/ha em E, e 1.225,0 kg/ha comincremento de 1.221,1 kg/ha em E2.

Observando-se a Tabela i e Figura 4, veri-fica-se que a biomassa foi crescente, alcançan-do-se valores aceitáveis para um tempo decultivo de cinco meses e uma estocagem de5.000 peixes/ha, tanto em E, como em E2' jáque não foi forneci da alimentação artificial aospeixes em ambos experimentos.

Estocadas com comprimentos médiostotais de 4,02 cm nos experimentos ~ 1.. e E2 ascarpas alcançaram, nas duas repetições, compri-mentos respectivos de 275 cm e 256 cm. Ospesos médios aumentaram de 0,778 9, no iníciodo cultivo, para 287,1 9 em El e 245,0 em ~2ao final de cinco meses de cultivo. Nas Figuras1 e 2 encontram-se as representações gráficasdas curvas de comprimento e peso da carpacomum, baseadas no ajuste manual dos pontosobservados. Por elas se observam que as curvasde crescimento em comprimento e peso foram

(!f) Ganho de peso

Analisando-se os dados referentes aosganhos de peso individuais da carpa em g/dia(Tabela 1), observa-se, que nas duas repetiçõesdos experimentos, os melhores resultados

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ocorreram no segundo mês de cultivo em E,.Em E2 essa tendência não foi seguida, poisno quarto mês de cultivo houve um ganho depeso superior ao terceiro mês.

ha em E1 e 1.225,0 kg/ha em E2, com médiade 1.327,38 kg/ha. Essa produtividade médiapode ser considerada boa, levando-se em consi-deração que não foi fornecida ração aos peixese em função do tempo de experimento permitirduas colheitas por ano, o que elevaria essamédia para 2.654,76 kg/ha/ano. Dados técnicosapresentados por PAPA & PINHEIRO3 refe-rem-se a uma produtividade de 3.000 kg/ha/anode carpas alimentadas apenas com restos daração forneci da aos patos e do alimento resul-tante da fertilização da água pelos dejetos d~sreferidas aves.

(e) Taxa de mortalidade

A taxa de mortalidade foi de apenas 0,4%,considerada baixa, talvez devido as condiçõesde cultivo empregadas terem sido adequadasao manejo.

(f) Produtividade

A produtividade da carpa comum alimen-tada direta e indiretamente com dejetos domarreco de Pequim, no presente trabalho,atingiu, em cinco meses de cultivo, 1.429,76kg/

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TEMPO DE CUlTIVO (meses)

FIGURA 1-Curvas representativas dos comprimentos totais médios da carpa comum, Cyprinus carpio L. 1758 vr.com~un!!, em duas repet!cões ( E 1 e E 2 ) ) de consórcio com marreco de Pequim, Anas p/atyrinchus vr.domesticus, na Fazenda Experimental do Vale do Curu (Pentecoste - Ceará- Brasil).

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TEMPO DE CULTIVO (meses)

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COMPRIMENTO TOTAL MÉDIO (cm

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197Ciên. A2ron.. Fortaleza. 20(1/2): Pá2. 191-200 iunho-dezembro/1989

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TEMPO DE CULTIVO (meses)

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1QB Ciên. A2ron.. Fortaleza, 20(1/2): pág. 191-200 junho-dezembro/1989

Concentração de oxigênio dissolvido, gáscarbônico livre e pH da água dos viveiros

Producão de Marrecos

As análises químicas relativas às concentra-ções de °2 dissolvido, C02 livre e pH foramrealizadas em duas ocasiões para verificar se ascondições eram propícias ao crescimento dospeixes, já que a prática do cultivo consorciadode peixes com animais que lançam dejetos orgâ-nicos na água requer observações sistemáticasrelativas aos níveis aceitáveis de oxigênio dissol-vido na água. Pelos dados da Tabela 2, verifi-cou-se que, nas duas amostragens realizadas, aprimeira quando os marrecos eram jovens e asegunda quando eles haviam atingido tamanhocomercial, os teores de C02 livre, °2 dissol-vido e pH se mantiveram em níveis propíciospara piscicultura. De fato, nas duas repetiçõesdo experimento, o °2 dissolvido esteve acimade 5ppm, o C02 livre apresentou-se em níveiscompatíveis com a concentração do oxigêniodissolvido e o pH manteve-se próximo de 8.

CONCLUSÃO

Após 58 dias de cultivo foi realizado oabate do primeiro lote de marrecos nas duasrepetições. Nesse abate os marrecos foram anali-sados quanto ao rendimento da carcaça, tendo-se observado que o peso dos marrecos vivos foida ordem 2,810 kg. Do total, 50% dos marre-cos foram amostrados quanto à perda de pesoapós a depenação e evisceração mais descabe-çamento, tendo-se observado uma quebra nopeso de 2,810 kg, para 2,540 kg (9,7%) após adepenagem, e para 2,120 kg (16,53%) quandoeviscerado e descabeçado. I sso dá aos marrecosum rendimento de carcaça equivalente a73,75%, incluindo-se os miúdos, tais comomoela, f(gado e coração.

Os dados médios do primeiro e segundoabates ocorridos nas duas repetições dos expe-rimentos revelaram um peso médio dos marre-cos correspondente a 2,810 kg de peso vivo eum consumo médio de ração por indiv(duo de10.460 g, mostrando com isso uma conversãoalimentar média de 3,72 kg/kg. Esta pode serconsiderada boa, mesmo tendo sido o abate dosmarrecos realizado na 8.a semana, já que deacordo com BORIS & ROSA', os mesmosdevem ser abatidos entre a 6.a e 7.a semana decultivo, pois dar em diante, segundo essesautores, a conversão alimentar entra em umpatamar economicamente desfavorável.

Os marrecos alcançaram uma produtividademédia de 2.248 kg/ha, para um povoamento de400 marrecos por hectare, em duas safrasobtidas em quatro meses de cultivo por repeti-ção, no consórcio com a carpa estocada emdensidade de 5.000 peixes/ha em cada viveiro.Esse resultado está de acordo com produti-vidades médias de 5.000 kg/ha, apresentadaspor PAPA & PINHEIR03 em cultivos consor-ciados com carpa em densidade de estocagemde 5.000 kg/ha, levando-se em consideraçãoque, em um ano de cultivo, essa produtividadeseria superada.

Dos resultados obtidos na presentepesquisa, concluiu-se o seguinte:

. O crescimento das carpas tanto emcomprimento quanto em peso pode serconsiderado bom nas duas repetições,tendo em vista que as carpas não rece-beram alimentação artificial. Vale salien-tar que os crescimentos em compri-mento e peso nos dois primeiros mesesde cultivo, foram os melhores apresen-tados;

. As relações peso/comprimento, nas repe-tições do experimento, revelaram que ospeixes estavam mais magros na segundarepetição E2' em decorrência da prolife-ração de "pirrichio" (Hidrotrix gardineriHook) no viveiro da repetição E" o qual

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utilização de áreas de uso marginal paraagricultura, principalmente aquelas afe-tadas pelos sais, desde que reúnam outrascondições adequadas para criação depeixes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Fortaleza,41 (1); 145-170, jan./jun., 1983.

serviu como alimento para a carpacomum e pode ser indicativo de maiorfertilidade do viveiro;

. As biomassas das carpas apresentaram noprimeiro mês de cultivo 3.890 g/ha, edurante todo o experimento ocorreu umincremento de 1.425,87 kg/ha em E, e1.221,1 kg/ha em E2' elevando asmesmas para 1.429,75 kg/ha na primeirae 1225,0. kg/ha na segunda repetição,sendo estes valores aceitáveis para otempo de cultivo de cinco meses, comestocagem de 5.000 peixes/ha;

. Os ganhos de peso indiv(duo/dia alcança-ram seus melhores resultados no segundomês de cultivo com 3,12 g/dia em E, e1,97 g/dia em E2' sendo ambos conside-rados bons para o método de cultivousado;

. A produtividade média total de carne,envolvendo as duas repetições deste cul-tivo consorciado de carpa comum emarreco de Pequim, foi 3.575,38 kg/ha,ficando assim distribu(da: carpa comum1.327,38 kg/ha e marreco de Pequim2.248,0 kg/ha, sendo estas duas produti-vidades boas e aceitáveis em relação aotempo de cultivo e ao não fornecimentode ração às carpas e

. O consórcio peixe/pato, como realizado,se mostra uma alternativa viável para a

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