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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADASDEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO CURSO DE PEDAGOGIATURNO NOTURNODISCENTE DANIELLA FERREIRA BEZERRA
Análise de um livro didático de História
Esta atividade tem como proposta central a análise de um livro didático de História
do Ensino Fundamental II. Ressaltando e descrevendo os aspectos internos e externos deste
documento (livro didático).
1.0. Análise Externa do Livro Didático de História:
SABER E FAZER HISTÓRIA – HISTÓRIA GERAL E DO BRASIL.
• Autores: Gilberto Cotrim
Jaime Rodrigues
• Editora: Saraiva
• Disciplina: História
• Nível: Ensino Fundamental II
• Série: 5ª série / 6º ano
• ISBN: 978-85-02-06539-0
• Edição: 4ªed . 2007 - 1ª Tiragem
• Formato: 21 cm largura X 28 cm altura
• Peso: 0,43500
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• Páginas: 272
Referência: Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. Coleção Saber e Fazer História. São Paulo: Saraiva, 2007, em 4 volumes, destinados ao ensino fundamental.
• Tipo de Documento Analisado:
Este documento originou-se em São Paulo no ano de 2007 e esta é a sua 4ª edição,
a sua produtora é a editora Saraiva.
A primeira vista pode-se notar que o documento analisado apresenta em sua capa
uma imagem simbólica de fácil compreensão.
O material usado na construção da capa é de boa qualidade e impermeável, o que
consequentemente, irá prolongar o tempo de duração deste documento.
• Organização do Livro Didático Analisado
O livro didático analisado é organizado da seguinte maneira: 15 capítulos distribuídos em
272 páginas. Inicia-se com uma Introdução aos Estudos Históricos. Aborda: Primeiros
Seres Humanos e Primeiros Povos da América; Mesopotâmia; Egito; Sociedade Hebraica,
Fenícia e Persa; Grécia; Roma; Reinos Germânicos e Império Carolíngio; Mundo
Islâmico;Ocidente Medieval; Império Bizantino.
• Biografia dos Autores:
Gilberto Cotrim
Professor de História graduado pela Universidade de São Paulo; advogado inscrito
na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP); mestre em Educação, Arte e História da
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Cultura pela Universidade Mackenzie; estudou filosofia na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) e é autor de livros didáticos.
Obras do Autor:
Coleção Saber e Fazer História – 5 a 8ª séries História Global – volume único Fundamentos da Filosofia História e Filosofia da Educação Direito Fundamental
Jaime Rodrigues
Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre e
doutor em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Ex-
professor de História nas redes pública e particular de ensino. Professor de História da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Autor de livros didáticos.
Obras do Autor:
• De costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao
Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
• O infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos para o Brasil
(1800-1850).
• O tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: 1ª ed., Ática, 1997 (3ª ed.: 1999).
• Coleção Saber e Fazer História (em co-autoria com Gilberto Cotrim). São Paulo: Saraiva,
2007, em 4 volumes, destinados ao ensino fundamental.
• Os Autores no contexto da Época
São autores muito conhecidos com grande bagagem e experiências profissionais.
Ambos se encontram hoje inseridos em um contexto político e econômico estável do país.
Há uma perfeita compreensão dos autores na elaboração desta obra.
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A educação encontra-se em um continuo processo de transformação. É importante
mencionar que os autores possuem uma visão bem contemporânea na autoria da obra , estas
características são de fácil assimilação, pois o documento em análise, tenta encantar o aluno
desde o primeiro momento, graças a sua riqueza em fatos escritos, ilustrações, sugestões
externas de aprendizagem(sugestões de leituras, vídeos e sites ao final do capítulo) e
atividades criativas.
2.0. Análise Interna do Livro Didático de História:
SABER E FAZER HISTÓRIA – HISTÓRIA GERAL E DO BRASIL, dos autores Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues.
A análise deste documento refere-se ao 13º capítulo que se inicia na página 216 até a
página 229, tendo como Título “OCIDENTE MEDIEVAL: SOCIEDADE FEUDAL”.
● Conteúdo
OCIDENTE MEDIEVAL: SOCIEDADE FEUDAL
Mostra que o feudalismo não ocorreu em todas as partes da Europa apenas na
parte ocidental e não foi na mesma época em todos os lugares. No livro Coleção Saber e
Fazer História do 6° ano, não há nenhuma referência de onde ocorreu o feudalismo e de
onde se deu no tempo.
Segundo Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues, havia divisões de poder entre os
senhores feudais e o Rei sendo que o primeiro era uma autoridade administrativa, judicial e
militar. Relata também as origens dos laços de poder, que reunia ducados, condados e
principados, sendo que a ligação entre eles era os laços feudo-vassálicos. Esta ligação se
dava pela concessão de feudos, para isso havia rituais entre susseranos e vassalos. No livro
se traz documentos especificando como eram estes rituais.
Gilberto Cotrim e Rodrigues ensinam que os senhorios eram divididos em três
áreas: os campos abertos, as reservas senhoriais e os mansos servis. Os campos abertos
eram de uso comum, as reservas senhoriais exclusivamente do senhor e os mansos servis
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utilizados pelos servos para seu sustento e informa ainda acerca das pessoas livres que
trabalhavam nos feudos, mas, podiam deixar as terras que recebiam. Eram os vilões.
Também, eles pagavam impostos, porém eram mais leves que os impostos pagos pelos
servos. Diz que houve crescimento da agricultura além de novos instrumentos agrícolas
como a charrua que era uma espécie de arado, a ferradura e o moinho d’agua.
Neste capítulo do livro Saber e Fazer História do 6° ano, é apresentado alguns dados sobre
o aumento populacional ocorrido entre os séculos XI a XIII que foi um período de
expansão das atividades humanas na Europa Ocidental; explica que isto se deve à
ampliação do comércio, ao desenvolvimento de sociedades urbanas e fortalecimento da
burguesia. Em princípio os burgueses pagavam taxas ao senhor feudal pois as cidades
estavam localizadas sobre seus domínios, em troca os burgueses exigiam direitos de livre
comércio, proteção militar e liberdades para os habitantes da cidade, diferentes documentos
trazem esse direitos como forais e cartas de franquia. Para que os burgueses conseguissem
estes direitos foi necessário que se organizassem contra os senhores feudais. Assim, cidades
independentes passaram a eleger magistrados ou prefeitos que ficavam encarregados da
administração e defesa da mesma. Devido ao aumento do comércio várias rotas comerciais
foram traçadas tanto por terra quanto por mar.
• Análise do conteúdo
Ao analisar os respectivos assuntos contidos no referido capítulo
analisado pode-se declarar que há dois conceitos-chave da história, tempo
e espaço, pouco problematizados. Em relação à temporalidade percebe-se
uma manutenção dos marcos tradicionais, com o ano de 476 figurando
como início e 1453, como final do período medieval. Os autores também
fazem uma abordagem do tempo quase teleológica, onde a Idade Média
passa da fragmentação completa de Roma e da integração da cultura
bárbara com a romana, para a ambigüidade do sistema feudal e do
surgimento do capitalismo, dando espaço para o nascimento do mundo
moderno, do capital.
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Acredito que a permanência de uma abordagem antiquada prejudica
uma ampliação do conteúdo sobre a sociedade medieval em sua
diversidade e complexidade.
Neste livro analisado, pode-se perceber que os conteúdos de Idade
Média permanecem envolvidos sob as tradicionais abordagens, seja pelo
discurso positivista, seja pela manutenção de uma abordagem
espaço/tempo que coloca
a França como centro e objeto de análise da sociedade medieval, buscando
encontrar nesse período argumentos lineares para a afirmação do
capitalismo e para a formação das nações européias. Portanto, torna-se
indispensável tanto na relação ensino escolar/ensino acadêmico quanto em
cada uma dessas partes, a defesa de outra Idade Média que deposite suas
especificidades e possibilite que o conhecimento desse período seja
acessível a nossa sociedade atual.
• Analise das Imagens do livro didático: Saber e Fazer História de
Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues
As imagens do referido capítulo analisado do livro didático de história “Saber e
Fazer História”, não são bem legendadas, por isso considero que elas não representam um
instrumento eficaz de leitura. Entre as qualidades do trabalho de impressão, os recursos
gráficos são pontos positivos de destaque. Todos os créditos das imagens encontram-se ao
final do referido livro. Todavia, os autores não transformaram as imagens em fontes de
leitura e informação, ou seja, trataram-se da imagem pela imagem, onde não há uma
problematização da imagem que contextualize o assunto estudado (Feudalismo). Cotrim e
Rodrigues ou os demais responsáveis pela escolha das imagens não expressam o porquê da
escolha destas imagens, o porquê de sua função na temática discutida e assim
sucessivamente. É como se a imagem falasse por se só, todavia, elas não falam. No
presente capítulo do livro analisado, também há a presença de algumas imagens muito
pequenas ou de difícil compreensão.
“Pintura Os cambistas, de Quentn Massys, século XVI. O cambio, ou troca de
moedas realizadas por burgueses, era típico das cidades onde se praticava o comercio.”
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(p.226). Esta imagem é um caso a parte no livro didático “Saber e Fazer História”, ela
vem ilustrada com o século em que foi feita, XVI e também destaca o nome do autor da
pintura. Estas são informações que não estão contidas nas outras imagens do presente
capítulo do livro didático analisado.
• Atividades e Exercícios
As atividades e os exercícios presentes no 13º capítulo que se inicia na página 216
até a página 229, tendo como tema central o Feudalismo, podem ser classificados de quatro
maneiras: atividades que permitem ao aluno aproximar-se dos procedimentos de trabalho
do historiador; atividades de ampliação do conhecimento, levando à conexão presente-
passado; atividades voltadas para construção de conceitos e noções e atividades lúdicas que
buscam motivar uma aprendizagem mais significativa para o discente. Sempre procurando
desenvolver as habilidades de localizar informações, interpretar, refletir sobre o conteúdo
do texto e elaborar argumentos para defender um ponto de vista. Também, apresenta
qualidades eficientes para o desenvolvimento das capacidades e das habilidades vinculadas
ao conhecimento histórico, em particular para o desenvolvimento do pensamento crítico e
autônomo do aluno dentro da sala de aula.
• Fontes históricas e documentos históricos
As fontes textuais, trabalhadas no 13º capítulo que tem como tema central o
Feudalismo, são abundantes, e ocupam um largo espaço neste presente capítulo, sendo
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utilizadas as mais variadas fontes primárias (cartas, diários, pinturas, utensílios, etc) ou as
secundárias produzidas por pesquisadores, poetas e outros profissionais. A inserção de
temas sobre a sociedade medieval e sociedade feudal são pontos positivos da referida obra.
A proposta de desenvolver a História por meio de conceitos leva a um intenso trabalho com
textos, e são várias as estratégias e as técnicas empregadas para incentivar os alunos à
atividade de leitura. Porém, os textos didáticos são longos, e a carga contínua, em alguns
momentos, torna-se muito pesada para a faixa etária em questão. As fontes históricas e os
documentos que constituem o livro “Saber e Fazer História” são elaborados e configurados
a partir da historiografia e metodologia do contexto de seus autores, onde pode-se encontrar
neste documento representações da "história quantitativa", "serial" e "estatística", além da
utilização de cartografias, fotos, telas, poemas, datas comemorativas e etc.
3.0. Conclusão
O livro didático é um instrumento de auxílio do docente em aulas de qualquer nível.
Freqüentemente utilizados pelos professores de todos os níveis de ensino da educação
básica, estes instrumentos didáticos podem facilitar a maneira com que os conteúdos
programáticos são transmitidos, possibilitando uma forma mais clara e, acima de tudo,
ilustrativa. Contudo, é preciso que estes tenham seus conteúdos abordados de forma clara,
objetiva e, acima de tudo, correta. Porém, sabe-se que alguns livros trazem alguns erros
quanto às abordagens históricas, seqüência de conteúdos e o mais grave, conceituais, outros
omitem a explicação de determinados fatos importantes em conteúdos por eles
apresentados. É importante notar que os livros didáticos utilizam quase exclusivamente o
presente do indicativo para veicular seu material, apresentando-se, desse modo, como
verdades que, uma vez estabelecidas, serão sempre verdades. Como nos diz Oliveira (p.24):
“O livro didático é parte do arsenal de instrumentos que compõem a instituição escolar,
parte esta, por sua vez da política educacional, que se insere no contexto histórico social”.
Posso concluir que tenho "pouca" experiência em análise de livro didático, mais pelo
pouco que aprendi ao longo dos meus cinco anos no curso de Pedagogia, tenho certeza que
o livro didático é uma importante ferramenta temática para o auxílio de nosso ofício. O
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docente deve ter o livro didático sempre com um suporte de auxilio para o ensino, pois é da
sua capacidade de atualização e domínio de seus conteúdos que o docente poderá trabalhar
o livro didático como objeto passivo de ensino-aprendizagem.
Referências
FRANCO, Lúcia Helena Pereira & GALO, Marisa Marra C. M. “Livro Didático x Prática
Pedagógica Alternativa: fragilidade e possibilidades.” In O livro didático em discussão.
Rio de Janeiro 1995. pp. 23 a 28.
Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. Coleção Saber e Fazer História. São Paulo: Saraiva,
2007, em 4 volumes, destinados ao ensino fundamental.
MACEDO, José Rivair. “Repensando A Idade Média no Ensino de História.” In
História na Sala de aula, conceitos, práticas e propostas. Editora Contexto. Pp. 109 a 125.
OLIVEIRA, João Batista Araújo, & GUIMARÃES, Sônia Dantas Pinto & BOMENY,
Helena Maria Bousquet. “O Livro Didático e suas Funções”, “A Produção do Livro
Didático no Estado Novo”. In A Política do Livro Didático. 2ª Ed. 1984. pp. 11 a 17 e 69
a 82.
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